4. a implantação do liberalismo em portugal

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4. A Implantação do Liberalismo em Portugal 4.1. Antecedentes e Conjuntura (1807-1820) No início do século XIX, Portugal parecia escapar aos ventos do Liberalismo que sopravam fortemente na França revolucionária e dela irradiavam para o restante continente. Na verdade, o príncipe D. João (futuro D. João VI), que o estado de loucura de sua mãe, D. Maria I, fizera regente, governava o país profundamente arreigado ao Antigo Regime. As actividades primárias predominavam. Pesadas obrigações senhoriais condenavam o campesinato à miséria. 1 11º Ano Prof. Alberto Telmo de Araújo

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4. A Implantação do Liberalismo em Portugal

4.1. Antecedentes e Conjuntura (1807-1820)

No início do século XIX, Portugal parecia escapar aos ventos do Liberalismo que sopravam fortemente na França revolucionária e dela irradiavam para o restante continente. Na verdade, o príncipe D. João (futuro D. João VI), que o estado de loucura de sua mãe, D. Maria I, fizera regente, governava o país profundamente arreigado ao Antigo Regime. As actividades primárias predominavam. Pesadas obrigações senhoriais condenavam o campesinato à miséria.

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4. A Implantação do Liberalismo em Portugal

4.1. Nascimento de uma nação sob a égide dos ideais iluministas (Cont.)

O Absolutismo estava para durar, tanto mais que se escudava na acção repressiva da Inquisição, da Real Mesa Censória e da Intendência-Geral da Polícia (Nota 1). Todavia, nos principais centros urbanos, uma burguesia comercial, ligada aos tráficos com o Brasil, ansiava pela mudança, assim como muitos intelectuais. Uns e outros constituíam terreno fértil para a propagação dos ideais da LiberdadeLiberdade, da IgualdadeIgualdade e da FraternidadeFraternidade provenientes da França. Muitos deles filiavam-se em …

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4. A Implantação do Liberalismo em Portugal

4.1. Nascimento de uma nação sob a égide dos ideais iluministas (Cont.)

…lojas maçónicas e pugnavam pelo exercício da liberdade política e económica, pelo fim dos privilégios sociais, dos constrangimentos religiosos, do fanatismo, em suma, da tirania.

Uma conjuntura favorável, ditada por acontecimentos tão extraordinários quanto inesperados. Iria lançar em breve o país na senda das transformações liberais, permitindo materializar as aspirações de aspirações de mudançamudança. Referimo-nos, ao impacto que as Invasões Francesas Invasões Francesas tiveram em Portugal.

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4. A Implantação do Liberalismo em Portugal

4.1.1. As Invasões Francesas e a Dominação Inglesa em Portugal.

Decidido a acabar com o poderio da Inglaterra, Napoleão Bonaparte decretou, em finais de 1806, o Bloqueio Continental, nos termos do qual nenhuma nação europeia deveria comerciar com as Ilhas Britânicas.

Fiel á sua velha aliada, mas com algumas hesitações e ambiguidades (Nota 1), Portugal acabou por não se subordinar aos ditames do Bloqueio. A decisão custou-lhe, de 1807 a 1811, o flagelo de três invasões napoleónicas, comandadas, sucessivamente, pelo …

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Mapa das Invasões Francesas

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4. A Implantação do Liberalismo em Portugal

4.1.1. As Invasões Francesas e a Dominação Inglesa em Portugal(Cont.)

… general Junotgeneral Junot, pelo marechal Soult marechal Soult e pelo marechal marechal MassenaMassena (ver mapa).

O embarque da família real para o Brasil, que de colónia passou a sede de Governo, permitiu a Portugal manter a independência do Estado (Doc. 2). O preço a pagar revelar-se-ia, porém, bem alto. Não só pela devastaçãodevastação e pela destruiçãodestruição que as invasões causaram, mas, especialmente, pelo domínio político e económico domínio político e económico que a InglaterraInglaterra exerceu, a partir daí, entre nós.

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4. A Implantação do Liberalismo em Portugal

4.1.1. As Invasões Francesas e a Dominação Inglesa em Portugal (Cont.)

Quatro anos de guerra com a França deixaram o país na miséria. A região a norte do Tejo ficou particularmente destruída pelos combates e pelas crueldades dos soldados. A agricultura, o comércio e a indústria foram profundamente afectados e o património nacional sofreu importantes perdas em consequência do saque de mosteiros, igrejas e palácios.

Além disso, Portugal viveu, de 1808 a 1821, na dupla condição de protectorado inglês e de colónia brasileira.

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4. A Implantação do Liberalismo em Portugal

4.1.1. As Invasões Francesas e a Dominação Inglesa em Portugal (Cont.)

D. João VI teimava em permanecer no Brasil, proclamado reino em 1815, para grande descontentamento dos Portugueses, que sofriam a humilhação da presença inglesa. O marechal marechal BeresfordBeresford, incumbido de reestruturar o exército e organizar a defesa do Reino contra os Franceses, tornou-se generalíssimo das tropas portuguesas, nas quais os britânicos ocupavam as mais altas patentes. Os seus poderes chegaram, inclusive, a sobrepor-se aos da Regência.

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4. A Implantação do Liberalismo em Portugal

4.1.1. As Invasões Francesas e a Dominação Inglesa em Portugal (Cont.)

Beresford exerceu um rigoroso controlo sobre o funcionalismo e a economia, reactivou a Inquisição e encheu as prisões de suspeitos de jacobinismo(extremismo). A repressão de Beresford atingiu laivos particularmente cruéis em 1817, quando o general Gomes Freire de Andrade e mais 11 oficiais do exército foram executados, por suspeita de envolvimento numa conspiração (Doc.4).

Entretanto, a situação económica e financeira situação económica e financeira assumia…

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4. A Implantação do Liberalismo em Portugal

4.1.1. As Invasões Francesas e a Dominação Inglesa em Portugal (Cont.)

… contornos deploráveis. Conforme relato da Junta Governativa em 1820, as despesas ultrapassavam as receitas, a agricultura definhava e o comércio decrescia (doc. 5-A). Para esta situação muito contribuíram a abertura dos portos do Brasilabertura dos portos do Brasil, em 1808, ao comércio internacional, assim como o tratado de comércio de 1810 com a Grã-Bretanha. Este tratado é considerado uma espécie de confirmação do Tratado de Methuen Tratado de Methuen pois, ao abrigo das suas cláusulas, e em nome da recíproca …

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4. A Implantação do Liberalismo em Portugal

4.1.1. As Invasões Francesas e a Dominação Inglesa em Portugal (Cont.)

… liberdade de comércio e navegação, as mercadorias britânicas, nomeadamente as manufacturas, entravam com grandes facilidades em Portugal e seus domínios.

A perda do exclusivo comercial com o Brasil revelou-se particularmente desestruturante para a economia portuguesa. Ao abrigo do pacto colonial, a grande colónia brasileira abastecia, a bom preço, a metrópole de alimentos (arroz, café, açúcar) e matérias-primas (algodão, peles, couros, tabaco, madeira), muitos deles

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4. A Implantação do Liberalismo em Portugal

4.1.1. As Invasões Francesas e a Dominação Inglesa em Portugal (Cont.)

… depois, reexportados; constituía, ao mesmo tempo, um mercado garantido de escoamento para a produção manufactureira nacional.

Privada de importantes tráficos, em consequência da conjuntura atrás referida, a burguesia portuguesa sofreu, naturalmente, sérios prejuízos.

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4. A Implantação do Liberalismo em Portugal

4.1.1. As Invasões Francesas e a Dominação Inglesa em Portugal (Cont.)

… depois, reexportados; constituía, ao mesmo tempo, um mercado garantido de escoamento para a produção manufactureira nacional.

Privada de importantes tráficos, em consequência da conjuntura atrás referida, a burguesia portuguesa sofreu, naturalmente, sérios prejuízos.

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4. A Implantação do Liberalismo em Portugal

A rebelião em marchaA rebelião em marchaNão espanta, portanto, que a agitação agitação

revolucionária revolucionária lavrasse no seio da burguesiaburguesia. A ela se ficou a dever a preparação da rebelião.

No Porto, notável centro de actividade mercantil, Manuel Fernandes Tomás, desembargador da Relação, fundava, em 1817, uma associação secreta com o nome de SinédrioSinédrio, cujos membros pertenciam , na quase totalidade, à Maçonaria. Atento à marcha dos sucessos políticos, o Sinédrio propunha-se intervir logo que a situação se revelasse propícia, o que veio a acontecer em 1820.

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4. A Implantação do Liberalismo em Portugal

A rebelião em marcha (Cont.)A rebelião em marcha (Cont.)Em Janeiro deste ano, na vizinha Espanha, uma

revolução liberal restaurou a Constituição de 1812Constituição de 1812, que deixara de funcionar após a reacção absolutista de 1814. A Espanha tornou-se, então, centro de uma vasta rede de agitação política e Portugal passou a receber muita propaganda liberal, que compreendia panfletos, pasquins e edições traduzidas da Constituição espanhola.

Depois, em Março, Beresford embarcou para o Rio de Janeiro, a fim de solicitar ao rei dinheiro para pagamento das despesas militares, além de mais amplos poderes …

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4. A Implantação do Liberalismo em Portugal

A rebelião em marcha (Cont.)A rebelião em marcha (Cont.)… … para reprimir a crescente onda de agitação.A ausência do temido marechal favoreceu a acção

do Sinédrio, cujos membros se lançaram com entusiasmo no aliciamento de figuras militares capazes de consumar a tão desejada revolução. Esta viria a ocorrer em 24 de Agosto de 1820.24 de Agosto de 1820.

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.1. O Vintismo O triunfo da Revolução vintistaO movimento ocorrido no Porto, a 24 de Agosto de 24 de Agosto de

18201820, foi essencialmente um pronunciamento militarpronunciamento militar, com larga participação de negociantes, de magistrados e até de proprietários fundiários de ascendência aristocrática (Doc. 6-A). Esta ampla união de interesses permitiu o sucesso do acontecimento e poderá explicar-se pelo facto de o ressentimento contra a presença britânica tanto afectar os militares portugueses, preteridos nas promoções, como a burguesia comercial e os …

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.1. O Vintismo O triunfo da Revolução vintista (cont.)… proprietários, dependentes do tráfico e do

escoamento do vinho e de outras produções.Entre os dirigentes da revolução, contam-se os

nomes do brigadeiro António da Silveira, dos coronéis Cabreira e Sepúlveda e dos burgueses Manuel Fernandes Tomás, José Ferreira Borges e José da Silva Carvalho. Todos eles vieram a fazer parte da Junta Provisional do Supremo Governo do Junta Provisional do Supremo Governo do ReinoReino.

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.1. O Vintismo O triunfo da Revolução vintista (cont.)A Manuel Fernandes Tomás coube a redacção do

“Manifesto aos Portugueses”, no qual se davam a conhecer os objectivos do movimento (Doc. 6-B). Mais do que revolucionários, os homens de 1820 veiculavam um profundo nacionalismo e respeito pela monarquia e pelo catolicismo. Apelavam à aliança do rei com as forças sociais representadas nas Cortes, assembleia que o Absolutismo deixara há muito de reunir. Da convocação de umas novas Cortes esperavam – como

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.1. O Vintismo O triunfo da Revolução vintista (cont.)… liberais que eram – uma sábia Constituição,

defensora da autoridade régia e dos direitos dos Portugueses. Nela se escudaria uma governação justa e eficaz.

Por todo o país, a Revolução de 24 de Agosto encontrou adesão imediata. Em Lisboa, a 15 de Setembro, um movimento autónomo de oficiais subalternos apoiados por burgueses e populares, expulsou os regentes e constituiu um governo interino.

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.1. O Vintismo O triunfo da Revolução vintista (cont.) A 28 de Setembro, os governos do Porto e de Lisboa

fundiram-se numa nova Junta Provisional do Supremo Junta Provisional do Supremo Governo do ReinoGoverno do Reino, com Freire de Andrade (principal decano da Sé de Lisboa e parente do general morto em 1817) na presidência, António da Silveira na vice-presidência e, entre outros, Manuel Fernandes Tomás como encarregado dos negócios do Reino e Fazenda.

O novo Governo exerceu funções durante quatro meses

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.1. O Vintismo O triunfo da Revolução vintista (cont.) … conquistando a unanimidade do país e até do

Brasil. Teve, como principal tarefa, a organização de eleições para as Cortes Constituintes, que, solenemente, iniciaram os seus trabalhos a 24 de Janeiro de 1821.

Como reconhece o historiador Oliveira Marques, a Revolução vintista triunfou sem derramamento de sangue!.

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.1. O Vintismo A Constituição de 1822Coube às Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes Coube às Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes

da Nação Portuguesa da Nação Portuguesa (Doc.7), reunidas desde Janeiro de 1821, a elaboração do mais antigo texto constitucional português, assinado pelos deputados em 23 de Setembro de 1822 e jurado pelo rei D. João VI a 1 de Outubro deste mesmo ano (Doc.9).

A Constituição de 1822 Constituição de 1822 é um longo documento de 240 artigos, baseado na Constituição espanhola de 1812 e nas Constituições francesas de 1791, 1793 e 1795 …

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.1. O Vintismo A Constituição de 1822 (Cont.)(Doc.8). Reconhece os direitos e os deveres do

indivíduo, garantindo a liberdade, a segurança, a propriedade e a igualdade perante a lei; afirma a soberania da Nação, cabendo aos varões maiores de 25 anos, que soubessem ler e escrever, a eleição directa dos deputados; e aceita a independência dos poderes legislativo, executivo e judicial. Em contrapartida, não reconhece qualquer prerrogativa à nobreza e ao clero e submete o poder real à supremacia das Cortes …

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.1. O Vintismo A Constituição de 1822 (Cont.)… Legislativas.Demasiado progressista para o seu tempo, a

Constituição de 1822 foi fruto da facção mais radical dos deputados presentes às Cortes Constituintes, cuja acção se projectou no chamado vintismo. Efectivamente, desde o início da reunião da assembleia, tornou-se clara a existência de uma tendência moderada, impregnada de respeito pela instituição monárquica e pela religião católica e que se inclinava para a adopção de uma …

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.1. O Vintismo A Constituição de 1822 (Cont.)… Constituição conservadora, e de uma tendência

radicalista, democrática, cujos principais líderes eram Fernandes Tomás, Ferreira Borges e Borges Carneiro . Violentas e azedas polémicas desencadearam-se em torno da questão religiosa, da estrutura das câmaras e da natureza do veto régio.

No que se refere á religião, os deputados conservadores entendiam que o catolicismo deveria ser a única religião permitida no Reino, ao mesmo tempo que advogavam …

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.1. O Vintismo A Constituição de 1822 (Cont.)… uma censura prévia aos escritos eclesiásticos. Esta

opinião viu-se, porém, ultrapassada pela facção radical que fez vigorar o princípio de que a religião católica era a religião oficial dos Portugueses e não consentiu a censura aos escritos eclesiásticos.

Apesar de ainda não estar consagrada na lei a liberdade religiosa (para os Portugueses), a verdade é que os estrangeiros podiam realizar livremente os respectivos cultos, pelo que a religião católica acabou por não …

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.1. O Vintismo A Constituição de 1822 (Cont.)… por não ser a única no reino. Sobre o funcionamento das Cortes LegislativasCortes Legislativas, os

deputados conservadores defenderam o sistema inglês bicamaral: uma Câmara de Deputados do Povo e uma Câmara Alta, que representaria as classes superiores. Mas a ala radical presente nas Constituintes impôs a solução oposta – Câmara única.

O mesmo aconteceu com o problema do veto, solucionado a contento dos radicais: quando não …

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.1. O Vintismo A Constituição de 1822 (Cont.)… concordasse com uma lei, o monarca poderia

remetê-la ao Congresso para efeito de uma segunda votação, mas esta seria definitiva e de aceitação obrigatória para o rei. No fundo a verdadeira soberania residia nas Cortes, representativas da Nação.

Todavia, se vencedor destas polémicas questões numa primeira fase, o radicalismo vintista haveria fatalmente de se ressentir, de futuro, das tensões encontradas …

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.1. O Vintismo A Constituição de 1822 (Cont.)…e das oposições criadas. Por exemplo, ao atacar e

eliminar privilégios de cariz económico e espiritual, nos quais se escudava a ordem nobiliárquica-eclesiástica, suscitou, naturalmente, os ódios dos «grandes» da nação que, de futuro, engrossaram as fileiras da contra-revolução absolutista.

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.1. O Vintismo Precariedade da legislação vintista de

carácter socioeconómicoEmbora a elaboração da Constituição e a instauração

do primeiro sistema de governo parlamentar tenha sido a sua fundamental incumbência, as Cortes legislaram em muitos outros domínios, propondo grandes reformas para eliminar as estruturas do Antigo Regime.

Entre as medidasmedidas mais significativas que as Cortes que as Cortes tomaramtomaram, contam-se: a extinção da Inquisição e da censura prévia; a instituição da liberdade de imprensa …

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.1. O Vintismo Precariedade da legislação vintista de

carácter socioeconómico (Cont.)… e da liberdade de ensino (primário); a fundação do

primeiro banco português, o Banco de Lisboa; a transformação dos bens da Coroa em bens nacionais; a suspensão dos noviciados nas ordens regulares e o encerramento de numerosos mosteiros e conventos considerados injustificáveis; a supressão do pagamento da dízima à Igreja, a eliminação das justiças privadas, bem como dos privilégios de foro quanto a assuntos …

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.1. O Vintismo Precariedade da legislação vintista de carácter

socioeconómico (Cont.)… criminais e civis; e reforma dos forais (direitos, deveres,

liberdades e garantias), e das prestações fundiárias.A reforma dos foraisreforma dos forais adquiriu uma particular relevância

no contexto da libertação dos camponeses relativamente a vínculos de cariz senhorial. Na verdade, e uma vez que a ordem social do Antigo Regime repousava na propriedade da terra por parte de uma minoria privilegiada, havia que desembaraçar a agricultura de …

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.1. O Vintismo Precariedade da legislação vintista de

carácter socioeconómico (Cont.)… obstáculos que impediam o campesinato de

aceder mais plenamente aos seus frutos. Para o conseguir, os deputados das Cortes suprimiram, em 1821, todo um conjunto de direitos e de tributos pessoais.

(Ver atentamente pág.94)

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.2. A desagregação do Império Atlântico:

A independência do BrasilDe 1807 a 1821, D. João VI e a corte residiram no

Brasil. Transformada em sede da monarquia portuguesa e elevada a reino em 1815, a antiga colónia acusou um extraordinário progresso económico, extraordinário progresso económico, político e culturalpolítico e cultural. (ver pormenores pág. 95)

Se ao desenvolvimento enunciado acrescentarmos a influência do profundo sentimento de liberdade colectiva . Compreenderemos, os anseios anseios autonomistas autonomistas dos brasileiros. Já em 1789, ocorrera uma rebelião …

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.2. A desagregação do Império

Atlântico: A independência do Brasil (Cont.)

… nacionalista em Vila Rica (actual Ouro Preto), dirigida por estudantes e homens esclarecidos que chegaram a projectar a independência de Minas Gerais e a formação de um governo republicano. A revolta ficou conhecida por Inconfidência Mineira Inconfidência Mineira e teve em José da Silva Xavier, o TiradenteTiradentes, um dentista ex-militar, único condenado à morte, o grande herói da libertação nacional.

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.2. A desagregação do Império

Atlântico: A independência do Brasil (Cont.)

* * A actuação das Cortes ConstituintesA actuação das Cortes ConstituintesA Revolução Liberal de 24 de Agosto de 1820 forçou o

regresso de D. João VI a Portugal, onde chegou a 3 de Julho de 1821. Pressionado pela opinião pública brasileira a manter-se na América, o monarca sentiu a inevitabilidade de uma independência próxima, a qual se veio a verificar em 7 de Setembro de 1822 e teve, como motivos próximos, a política antibrasileira a política antibrasileira das Cortes Constituintes de Portugaldas Cortes Constituintes de Portugal (doc. 12).

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.2. A desagregação do Império

Atlântico: A independência do Brasil• A actuação das Cortes Constituintes (Cont.)A actuação das Cortes Constituintes (Cont.)• A maioria dos deputados queria, efectivamente,

restituir o Brasil à condição de colónia, rejeitando o estatuto de “Reino Unido” de que usufruía. Com esse objectivo, legislaram no sentido de anular os benefícios comerciais atribuídos ao Brasil, ao longo da permanência de D. João VI, e de o subordinar administrativa, judicial e militarmente a Lisboa. Golpe profundo no patriotismo brasileiro foi dado com a ordem de regresso a Lisboa,

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.2. A desagregação do Império

Atlântico: A independência do Brasil• A actuação das Cortes Constituintes (Cont.)A actuação das Cortes Constituintes (Cont.)… em Setembro de 1821, do príncipe regente D. Pedro,

a pretexto de concluir a sua educação na Europa.Instado a desobedecer, D. Pedro permaneceu no

Brasil num ambiente de elevada tensão e animosidade contra as Cortes Constituintes (Doc. 13). Chegou-se ao ponto, inclusive, de serem consideradas inimigas as tropas portuguesas que desembarcassem no Brasil. A independênciindependência declarada por D. Pedro nas margens do

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.2. A desagregação do Império

Atlântico: A independência do Brasil• A actuação das Cortes Constituintes (Cont.)A actuação das Cortes Constituintes (Cont.)… Ipiranga, em São Paulo, a 7 de Setembro de 1822, só

viria a ser reconhecida por Portugal em 1825, tendo, para o efeito, contribuído o esforço da diplomacia britânica, sinceramente empenhada no domínio do mercado americano após ter perdido as suas colónias da América do Norte.

Para Portugal, a separação do Brasil representou, especialmente, um rude golpe para os revolucionários …

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.2. A desagregação do Império

Atlântico: A independência do Brasil• A actuação das Cortes Constituintes (Cont.)A actuação das Cortes Constituintes (Cont.)… vintistas. Não só pôs em causa os seus interesses

comerciais e industriais, como comprometeu a recuperação financeira do país, fazendo crescer o descontentamento e a oposição. Para o historiador, Manuel Villaverde Cabral a independência do Brasil é considerada como o grande fracasso da revolução vintista.

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.3. A Resistência ao LiberalismoA conjuntura externa desfavorável e a

oposição absolutista.Não foram fáceis os caminhos da Revolução de 1820,

tendo acontecido num tempo em que as grandes potências procuravam eliminar os vestígios da Revolução Francesa.

Efectivamente, em 1815, constituíra-se a Santa Santa Aliança Aliança entre a Rússia, a Áustria e a Prússia. Destinava-se a, manter a ordem política estabelecida na Europa após o Congresso de Viena, isto é, a evitar a disseminação dos

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.3. A Resistência ao LiberalismoA conjuntura externa desfavorável e a

oposição absolutista (Cont.)… ideais de liberdade e igualdade individuais e dos

povos.. Foi, logo a seguir, completada pela Quádrupla Quádrupla AliançaAliança, que contou com a participação da Inglaterra e, mais tarde, da França, servindo uma e outra para reprimir vários movimentos liberais e nacionalistas.

O ambiente hostil com que os revolucionários vintistas se depararam ficou patente, nas tentativas de bloqueio comercial ao nosso país, na recusa de passaportes para

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.3. A Resistência ao LiberalismoA conjuntura externa desfavorável e a

oposição absolutista (Cont.)… para portugueses e, especialmente, no apoio

fornecido aos opositores absolutistas.Na verdade, apesar de os vintistas terem declarado

que não pretendiam subverter as instituições-base do país (monarquia e religião católica), a nobreza e o clero mais conservadores encetaram a contra-contra-revolução absolutistarevolução absolutista.

Descontentes com o radicalismo da Constituição e …

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.3. A Resistência ao LiberalismoA conjuntura externa desfavorável e a

oposição absolutista (Cont.)… prejudicados pela abolição de antigos privilégios

senhoriais, encontraram um declarado apoio por parte da rainha D. Carlota Joaquina e do seu filho mais novo, o infante D. Miguel (Doc. 15).

A contra-revolução veio a eclodir em 1823, animada pela intervenção estrangeira na vizinha Espanha, onde a monarquia absolutista fora restaurada na pessoa de Fernando VII, irmão da rainha Carlota Joaquina.

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.3. A Resistência ao LiberalismoA conjuntura externa desfavorável e a

oposição absolutista (Cont.)Dois regimentos de Lisboa, mandados para defender a

fronteira de um eventual ataque, revoltaram-se em Vila Franca, tendo-se-lhes juntado o infante D. Miguel, que assumiu a direcção do movimento e dirigiu um manifesto aos Portugueses (Doc. 15-B1). A revolta terminou quando o rei D. João VI intimou o filho para se lhe apresentar e retomou o comando da situação. Ao mesmo tempo remodelou o governo, entregando-o a …

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.3. A Resistência ao LiberalismoA conjuntura externa desfavorável e a

oposição absolutista (Cont.)… liberais moderados, e propôs-se a alterar a

Constituição.Esta tentativa de debelar os excessos doutrinários do

vintismo, contra os quais D. Miguel se havia insurgido, não serenou, todavia, os ânimos. Assim em Abril de 1824, os partidários de D. Miguel prenderam os membros do governo e semearam a confusão em Lisboa, no sentido de levar o rei a abdicar e a confiar …

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.3. A Resistência ao LiberalismoA conjuntura externa desfavorável e a

oposição absolutista (Cont.)… a regência á sua esposa (Doc. 15-B2). Auxiliado

pelo corpo diplomático, D João VI conseguiu, mais uma vez, debelar o golpe, conhecido por Abrilada Abrilada, e disciplinar o filho rebelde, a quem apontou o caminho do exílio.

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.3. A Resistência ao LiberalismoA Carta Constitucional e a tentativa de

apaziguamento político-socialO falecimento de D. João VI em Março de 1826,

proporcionou uma nova eclosão às tensões que destabilizavam a cena política dos últimos anos. O problema delicado da sucessão (o filho mais velho, D. Pedro, era imperador do Brasil; o mais novo, D. Miguel, identificava-se com o Absolutismo e estava exilado em Viena de Áustria) não chegou a ser resolvido pelo monarca falecido, que o remeteu para um Conselho deConselho de…

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.3. A Resistência ao LiberalismoA Carta Constitucional e a tentativa de

apaziguamento político-social (Cont.)… Regência Regência provisório, presidido pela sua filha a infanta

D. Isabel Maria (nota 1).O primeiro acto da Regência foi enviar ao Brasil uma

delegação para esclarecer o assunto da sucessão. D. D. PedroPedro considerou-se legítimo herdeiro legítimo herdeiro da Coroa portuguesa e tomou um conjunto de medidas conciliatórias. A 26 de Abril, confirmou a regência provisória da infanta D. Isabel Maria. No dia 29, outorgou

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.3. A Resistência ao LiberalismoA Carta Constitucional e a tentativa de

apaziguamento político-social (Cont.)… um novo diploma constitucional, mais moderado e

conservador – a Carta Constitucional Carta Constitucional (Doc.16).Em 2 de Maio, abdicou dos seus direitos à Coroa

portuguesa na filha mais velha, princesa D. Maria da Glória, de 7 anos de idade. Esta deveria casar com seu tio, o infante D. Miguel, que, ao regressar a Portugal, juraria o cumprimento da Carta Constitucional e, de imediato, assumiria a regência do reino de Portugal e …

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.3. A Resistência ao LiberalismoA Carta Constitucional e a tentativa de

apaziguamento político-social (Cont.)… a função de lugar-tenente de D. Pedro.Sendo a Carta Constitucional um documento

outorgado pelos governantes, ao contrário das Constituições, que são aprovadas pelos representantes do povo, obviamente seria de esperar uma recuperação do poder real e dos privilégios da nobreza. Na verdade, a Carta de 1826 introduzia um número grande de inovações antidemocráticas.

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.3. A Resistência ao LiberalismoA Carta Constitucional e a tentativa de

apaziguamento político-social (Cont.)Para começar, as Cortes compunham-se de duas duas

câmarascâmaras, sendo a Câmara dos Deputados Câmara dos Deputados eleita através do sufrágio indirecto, por indivíduos do sexo masculino, que tivessem, pelo menos, 100$00 reis de renda líquida anual; quanto à Câmara dos Câmara dos ParesPares, os seus membros, em que se incluíam a alta nobreza, o alto clero, o príncipe real e os infantes, eram nomeados a título vitalício e hereditário.

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.3. A Resistência ao LiberalismoA Carta Constitucional e a tentativa de

apaziguamento político-social (Cont.)Depois, através do poder moderador, considerado a

«chave de toda a organização política», a figura real engrandecida, pois podia nomear os Pares, convocar as Cortes e dissolver a Câmara dos Deputados, nomear e demitir o Governo, suspender os magistrados, conceder amnistias e perdões e vetar, a título definitivo, as resoluções das Cortes.

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.3. A Resistência ao LiberalismoA Carta Constitucional e a tentativa de

apaziguamento político-social (Cont.)Ao contrário das Constituições mais radicais, os direitos

do indivíduo eram relegados para o fim do diploma.Ao ampliar os poderes reais, ao salvaguardar a alta

nobreza e a alta hierarquia religiosa, com assento vitalício e hereditário nas Cortes, a Carta Constitucional representava um manifesto retrocesso relativamente à Constituição de 1822. No entanto a contra-revolução liderada por D. Miguel não se vai fazer esperar.

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.3. A Resistência ao LiberalismoA guerra civilDando cumprimento ao estipulado por D. Pedro, D. D.

MiguelMiguel regressou a Portugal em 1828 (doc.189. A sua adesão ao Liberalismo vir-se-ia a revelar falsa, uma vez que se fez aclamar rei absoluto por umas Cortes convocadas à maneira tradicional, isto é, por ordens. E, de imediato, também se abateu uma repressão sem limites sobre os simpatizantes do Liberalismo.

Milhares de liberais fugiram para França e Inglaterra e, no meio de uma vida precária, organizaram a resistência

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.3. A Resistência ao LiberalismoA guerra civil (cont.)A partir de 1831, contaram com o apoio de D. Pedro,

que abandonou o trono brasileiro e veio lutar pela restituição à filha do trono português (docs. 19 e 20). Dirigiu-se à Ilha Terceira, que se revoltara, entretanto, contra o domínio absolutista, e assumiu a chefia da Regência liberal, disposto a aniquilar, pela força das armas, a ilegalidade que seu irmão impusera ao país.

Mobilizando influências diplomáticas nas cortes europeias, D. Pedro conseguiu dinheiro, navios e …

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.3. A Resistência ao LiberalismoA guerra civil (cont.)… técnicos com que levantou um pequeno exército

constituído pelos emigrados, voluntários, recrutas dos Açores e contratados no estrangeiro: ao todo 7500 homens. O desembarque das forças liberais deu-se, em 1832, no Mindelo, a que se seguiu a ocupação fácil da cidade do Porto, contrariando as expectativas do exército de D. Miguel, concentrado nas proximidades de Lisboa. Mas, cercada a cidade do Norte pelas forças absolutistas, viveu-se o episódio mais dramático da …

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.3. A Resistência ao LiberalismoA guerra civil (cont.)… guerra civil guerra civil entre liberais e absolutistas – O Cerco O Cerco

do Portodo Porto. A luta durou, ainda, dois longos anos, no decorrer dos

quais os exércitos de D. Pedro organizaram uma expedição ao Algarve, destroçaram a esquadra miguelista e tomaram Lisboa. Desmoralizados pelas deserções nas suas fileiras, pela perda de apoio dos populares e pela conjuntura externa disposta a favorecer a causa liberal na Península Ibérica, os absolutistas não

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O Cerco do Porto

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Batalha da Serra do Pilar, Cerco do Porto

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A Guerra Civil (1832-34)

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4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da Ordem

Liberal (1820-1834)4.2.3. A Resistência ao LiberalismoA guerra civil (cont.)… encontraram mais forças para continuarem os

combates. As batalhas de AlmosterAlmoster e Asseiceira Asseiceira confirmaram a derrota de D. Miguel, que depôs as armas, assinou a Convenção de Évora-Monte Convenção de Évora-Monte e partiu, definitivamente para o exílio. Era a vitória definitiva do Liberalismo.

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Page 63: 4. A Implantação do Liberalismo em Portugal

4.3. O Novo Ordenamento Político e Socioeconómico (1832/34-1851)

4.3.1. A acção reformadora da regência de D. Pedro

Desde que assumiu a Regência liberal nos Açores, a 3 de Março de 1832, D. Pedro não se poupou a esforços para que o cartismo triunfasse à sua sombra se construísse o Portugal Novo

Ao mesmo tempo que os seus fiéis se batiam contra os absolutistas nas frentes militares, o primeiro Ministério liberal promulgava as adequadas reformas económicas e sociais, administrativas, judiciais e fiscais. A José Xavier José Xavier Mouzinho da SilveiraMouzinho da Silveira, ministro da Fazenda e da Justiça, coube a autoria das grandes reformas legislativas que consolidaram o Liberalismo.

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4.3. O Novo Ordenamento Político e Socioeconómico (1832/34-1851)

4.3.1. A acção reformadora da regência de D. Pedro

Importância da legislação de Mouzinho da Importância da legislação de Mouzinho da SilveiraSilveira

Num dos seus escritos, Mouzinho da Silveira afirmou que “sem terra livre em vão se invoca a liberdade política”. Por isso, muitas das suas leis destinaram-se a colmatar as incoerências e fragilidades da legislação vintista de carácter socioeconómico (nota1). Foi o caso daquelas que aboliram de vez os pequenos morgadios, os forais e os dízimos e extinguiram os bens da coroa e respectivas doações. Com estas medidas pretendia-se

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4.3. O Novo Ordenamento Político e Socioeconómico (1832/34-1851)

4.3.1. A acção reformadora da regência de D. Pedro

Importância da legislação de Mouzinho Importância da legislação de Mouzinho da Silveira (Cont.)da Silveira (Cont.)

… disponibilizar mais terra e trabalho para as massa rurais.

A libertação da terra libertação da terra fez-se acompanhar da libertação do comérciolibertação do comércio e, de um modo geral, da eliminação de situações de privilégio na eliminação de situações de privilégio na organização das actividades organização das actividades económicas. Extinguiram-se as portagens e demais …

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4.3. O Novo Ordenamento Político e Socioeconómico (1832/34-1851)

4.3.1. A acção reformadora da regência de D. Pedro

Importância da legislação de Mouzinho da Importância da legislação de Mouzinho da Silveira (Cont.)Silveira (Cont.)

… encargos sobre a circulação interna de mercadorias e, no que respeita ao comércio externo, diminuíram-se os direitos de exportação. Suprimiram-se, também, os monopólios do sabão e do vinho do Porto.

Outras medidas de Mouzinho da Silveira permitiram lançar as bases de uma nova organização nova organização administrativaadministrativa

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4.3. O Novo Ordenamento Político e Socioeconómico (1832/34-1851)

4.3.1. A acção reformadora da regência de D. Pedro

Importância da legislação de Mouzinho Importância da legislação de Mouzinho da Silveira (Cont.)da Silveira (Cont.)

… de índole centralizadora. O país ficou dividido em provínciasprovíncias, comarcascomarcas e concelhosconcelhos, chefiados, respectivamente, por prefeitos, subprefeitos e provedores, todos eles funcionários de nomeação régia (nota1).

Quanto à instituição do Registo Civil, teve, como …

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4.3. O Novo Ordenamento Político e Socioeconómico (1832/34-1851)

4.3.1. A acção reformadora da regência de D. Pedro

Importância da legislação de Mouzinho Importância da legislação de Mouzinho da Silveira (Cont.)da Silveira (Cont.)

…objectivo, enquadrar civilmente os cidadãos na administração eclesiástica. Estava criada a figura do cidadão como membro político da Nação.

Não menos ousadas se revelaram as reformas reformas judiciaisjudiciais, que se prolongaram até 1835. Introduziu-se o princípio do júri. Dividiu-se o país em círculos judiciais, estes em

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4.3. O Novo Ordenamento Político e Socioeconómico (1832/34-1851)

4.3.1. A acção reformadora da regência de D. Pedro

Importância da legislação de Mouzinho Importância da legislação de Mouzinho da Silveira (Cont.)da Silveira (Cont.)

… comarcas, por sua vez divididas em julgadosjulgados e estes últimos em freguesiasfreguesias. Uma hierarquia de juízes nestas circunscrições, sendo os dos círculos e das comarcas nomeados pelo rei e os restantes escolhidos por eleição. No cume da pirâmide judicial, erguia-se o Supremo Tribunal da Justiça, instalado em Lisboa.

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4.3. O Novo Ordenamento Político e Socioeconómico (1832/34-1851)

4.3.1. A acção reformadora da regência de D. Pedro

Importância da legislação de Mouzinho Importância da legislação de Mouzinho da Silveira (Cont.)da Silveira (Cont.)

As finanças finanças mereceram a Mouzinho da Silveira uma especial atenção. As suas reformas implicaram a eliminação do secular sistema de tributação local, através do qual grande parte dos impostos revertia a favor da nobreza e do clero. Em seu lugar, surgiria um sistema de tributação nacional devidamente centralizado.

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4.3. O Novo Ordenamento Político e Socioeconómico (1832/34-1851)

4.3.1. A acção reformadora da regência de D. Pedro

Importância da legislação de Mouzinho da Importância da legislação de Mouzinho da Silveira (Cont.)Silveira (Cont.)

Criou-se o Tribunal do Tesouro PúblicoTribunal do Tesouro Público, que substituiu o antigo Erário RégioErário Régio, para efeito de arrecadação de impostos e contabilização dos fundos do Estado. Para centralizar as receitas e pagar as despesas, existia em cada província um recebedor-recebedor-geralgeral e, na comarca, um delegadodelegado, prevendo-se a criação de subdelegadossubdelegados onde fosse necessário.

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4.3. O Novo Ordenamento Político e Socioeconómico (1832/34-1851)

4.3.1. A acção reformadora da regência de D. Pedro

Importância da legislação de Mouzinho da Importância da legislação de Mouzinho da Silveira (Cont.)Silveira (Cont.)

Mouzinho da Silveira Mouzinho da Silveira foi considerado, por Alexandre Herculano, o único homem público do século XIX, a par de D. Pedro, que deixou um legado duradoiro em Portugal. Na verdade, se o Rei destruiu o Absolutismo com a força das armas, o ministro acabou com os privilégios do Antigo Regime, ajudando à construção à construção do Estado e da sociedade verdadeiramente do Estado e da sociedade verdadeiramente modernosmodernos.

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4.3. O Novo Ordenamento Político e Socioeconómico (1832/34-1851)

4.3.1. A acção reformadora da regência de D. Pedro

Outras reformasOutras reformasD. Pedro dedicou, também, um cuidado particular

à organização do comércioorganização do comércio. Para o efeito, aboliu os monopólios e privilégios, as portagens, as sisas e as corporações.

Em 1833 surgiu o primeiro Código ComercialCódigo Comercial, e não deixou, naturalmente, de reflectir os princípios da livre circulação e da livre distribuição dos produtos, isto é, do liberalismo económico.

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4.3. O Novo Ordenamento Político e Socioeconómico (1832/34-1851)

4.3.1. A acção reformadora da regência de D. Pedro

Outras reformasOutras reformas… … Teve, como autor, Ferreira BorgesFerreira Borges..A questão religiosa constituiu, talvez, o mais

melindroso assunto com que se debateu o liberalismo português. Sabemos que o vintismo legislou contra o clero e, em particular, contra as ordens religiosas. Do ponto de vista político, quer a Constituição de 1822, quer a Carta Constitucional de 1826 negaram ao clero regular os direitos de representação em Cortes e de votante nas …

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4.3. O Novo Ordenamento Político e Socioeconómico (1832/34-1851)

4.3.1. A acção reformadora da regência de D. Pedro

Outras reformas (Cont.)Outras reformas (Cont.)… eleições. Claro que, com tais medidas, os primeiros

governos liberais promoveram a hostilidade do clero, o que ficou patente na adesão prestada aos golpes da Vila-Francada e da Abrilada e, depois, ao restauro do Absolutismo com D. Miguel.

O facto de muitos mosteiros terem apoiado activamente o absolutismo miguelista permitiu ao Ministério de D. Pedro efectivar uma série de medidas tendentes á …

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4.3. O Novo Ordenamento Político e Socioeconómico (1832/34-1851)

4.3.1. A acção reformadora da regência de D. Pedro

Outras reformas (Cont.)Outras reformas (Cont.)… à eliminação do clero regular. Expulsaram-se os

Jesuítas, que d. Miguel acolhera devotamente em 1829. Proibiram-se os noviciados em qualquer mosteiro. Finalmente, por decreto de 1834, da autoria de Joaquim António de Aguiar, o novo ministro da Justiça, extinguiram-se todos os conventos, mosteiros, colégios e hospícios das ordens religiosas masculinas (nota1), cujos bens foram confiscados e incorporados na …

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4.3. O Novo Ordenamento Político e Socioeconómico (1832/34-1851)

4.3.1. A acção reformadora da regência de D. Pedro

Outras reformas (Cont.)Outras reformas (Cont.)… Fazenda Nacional.Em 1834-35, o Estado liberal procedeu á venda dos venda dos

bens nacionais em hasta públicabens nacionais em hasta pública. Isto permitiu a Silva Carvalho, o novo ministro da Fazenda, pagar as dívidas contraídas, evitando recorrer a um impopular aumento de impostos. Todavia, só uma maioria de burgueses endinheirados beneficiou dessa venda, o que gerou um descontentamento em amplas franjas sociais. (doc.24-A)

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4.3.2. Os Projectos Setembrista e Cabralista

A Revolução de Setembro de 1836A Revolução de Setembro de 1836A vitória definitiva do Liberalismo, em 1834, não

significou a estabilidade por que o país há tanto ansiava. Volvidos dois anos, a Revolução de Setembro viria alterar, mais uma vez, a nossa agitada cena política.

O movimento ocorreu em Lisboa (Doc. 25-A) e, ao contrário do sucedido noutras ocasiões (Revolução de 1820, Vila-Francada, Abrilada), teve um carácter eminentemente civil, verificando-se, depois, a adesão militar.

Perpetrada pela pequena e média burguesias e com …

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4.3.2. Os Projectos Setembrista e Cabralista

A Revolução de Setembro de 1836 (Cont.)A Revolução de Setembro de 1836 (Cont.)… largo apoio nas camadas populares, a Revolução de

Setembro reagiu tanto aos excessos de misériaexcessos de miséria, em que a guerra civil mergulhara o país, como à actuação actuação do Governo cartistado Governo cartista. Este, sobretudo, era acusado de corrupção e de apenas defender os interesses da alta burguesia, enriquecida com os bens nacionais, vendidos em hasta pública, e cumulada de títulos de nobreza.

Em lugar da Carta Constitucional, os organizadores do movimento propunham o regresso da Constituição de 1822, à sombra da qual se ergueria um governo mais …

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4.3.2. Os Projectos Setembrista e Cabralista

A Revolução de Setembro de 1836 A Revolução de Setembro de 1836 (Cont.)(Cont.)

… democrático. Os acontecimentos precipitaram-se em 9 e 10 de Setembro de 1836, aquando da chegada a Lisboa dos deputados eleitos no Norte para as Cortes. Ouviram-se “vivas” à Constituição e “morras” ao Governo.

Sentindo faltar-lhe o apoio do povo e perante o comprometimento da Guarda Nacional e do Exército com os revoltosos, a rainha D. Maria II acabou por entregar o poder aos radicais.

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4.3.2. Os Projectos Setembrista e Cabralista

Actuação do Governo setembristaActuação do Governo setembristaO novo Governo, onde sobressaíam as figuras do

visconde de Sá da Bandeiravisconde de Sá da Bandeira, um dos heróis do Cerco do PortoCerco do Porto, e do parlamentar Manuel da Silva Passos (Passos ManuelPassos Manuel) declarou-se mais democrático, empenhando-se em valorizar a soberania da Nação e, inversamente, reduzir a intervenção régia.

Para o efeito, preparou-se um novo diploma constitucional, a Constituição de 1838Constituição de 1838, que funcionou como um compromisso entre o espírito monárquico da Carta de 1826 e o radicalismo democrático da …

8111º Ano Prof. Alberto Telmo de Araújo

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4.3.2. Os Projectos Setembrista e Cabralista

Actuação do Governo setembrista (Cont.)Actuação do Governo setembrista (Cont.)… Constituição de 1822 (Nota:1). De facto, embora o

monarca pudesse sancionar e votar em definitivo as leis saídas das Cortes, a verdade é que perdeu o poder moderador.

Entre outros princípios fundamentais da nova Constituição, destacam-se: o maior relevo conferido aos direitos individuais, a definição da soberania da Nação como base democrática do poder; o bicameralismo electivo e temporário através de eleições directas; a consagração do voto censitário.

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4.3.2. Os Projectos Setembrista e Cabralista

Actuação do Governo setembrista (Cont.)Actuação do Governo setembrista (Cont.)Por sua vez, a orientação económica do

setembrismo setembrismo procurou corresponder aos propósitos de desenvolvimento nacional da pequena e média burguesias, decididas a libertar o país da tutela estrangeira, ou seja, da Inglaterra. A pauta A pauta proteccionista, de 10 de Janeiro de 1837, proteccionista, de 10 de Janeiro de 1837, marcou o verdadeiro arranque da marcou o verdadeiro arranque da industrialização portuguesaindustrialização portuguesa. Obrigava ao pagamento de direitos todos os produtos que entrassem nas alfândegas da metrópole e ilhas adjacentes.

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Actuação do Governo setembrista (Cont.)Actuação do Governo setembrista (Cont.)Especialmente onerados ficaram os antigos industriais

que faziam concorrência ao fabrico nacional. Saliente-se que este nacionalismo económico, atribuído exclusivamente aos dirigentes setembristassetembristas,(ver ver conceito pág. 116conceito pág. 116) vinha sendo, preparado pelas últimas administrações cartistas.

Fomentou-se o associativismo empresarial com a criação de associações de agricultura, de comércio e de indústria. O Estado, contudo, não se comprometeu a ajudá-las.

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Actuação do Governo setembrista (Cont.)Actuação do Governo setembrista (Cont.)A perda do mercado brasileiro suscitou aos dirigentes

setembristas a busca da adequada alternativa económica. As atenções viraram-se para a exploração exploração colonial em Áfricacolonial em África. Para atrair o investimento de capitais para outras áreas mais produtivas, proibiu-se o tráfico de escravos nas colónias a sul do equador.

Preocupado com a formação de elites qualificadas – políticas, jurídicas e técnicas – e com a instrução de amplas camadas da população, o setembrismo promoveu uma ampla reforma do ensinoreforma do ensino.

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Actuação do Governo setembrista (Cont.)Actuação do Governo setembrista (Cont.)Abrangeu a instrução primária, secundária e

superior. Criaram-se Escolas Médico-CirúrgicasEscolas Médico-Cirúrgicas, Escolas Politécnicas no Porto e em LisboaEscolas Politécnicas no Porto e em Lisboa, os Conservatórios de Artes e OfíciosConservatórios de Artes e Ofícios, reformou-se a Universidade e inaugurou-se o ensino licealensino liceal, onde as humanidades se complementavam com os estudos científicos e matemáticos. Os liceus, nos quais Passos Manuel se empenhou particularmente, correspondiam á necessidade de um ensino moderno e europeu que preparasse os filhos da burguesia para a prossecução de estudos superiores.

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Actuação do Governo setembrista (Cont.)Actuação do Governo setembrista (Cont.)Não tiveram, de imediato, o sucesso pretendido, dada

a falta de professores preparados, mas com o tempo vão-se transformar em instituições prestigiadas do ensino público português.

Um certo fracasso caracterizacerto fracasso caracteriza, igualmente, a política económica setembristapolítica económica setembrista. Nos domínios fiscal e operário, não se atreveu a abolir taxas gravosas para os pequenos agricultores, nem penalizou com impostos os grandes proprietários. Até no plano industrial, apesar do proteccionismo adoptado, os resultados ficaram aquém do pretendido.

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Para o fracasso económico do setembrismo, aponta-se a falta de capitais e de vias de comunicação, bem como a permanente instabilidade política.

O cabralismo e o regresso à Carta O cabralismo e o regresso à Carta ConstitucionalConstitucional

Com efeito, o Governo setembrista enfrentou constantes tentativas da restauração da Carta Constitucional. Em Fevereiro de 1842, num golpe de Estado pacífico, foi o próprio ministro da Justiça, António Bernardo da Costa Cabral quem, finalmente, pôs termo à Constituição de 1838.

O nova governação, conhecida por cabralismo …

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O cabralismo e o regresso à Carta O cabralismo e o regresso à Carta Constitucional (cont.)Constitucional (cont.)

… (ver conceito pág.117)

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