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ORDEM DOS ARQUITECTOS 2008 José Aguiar, Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa ORDEM DOS ARQUITECTOS CICLO 3R´s 2008 PATRIMÓNIO CULTURAL E OS PARADIGMAS DA CONSERVAÇÃO E DA REABILITAÇÃO: ONTÉM! José Aguiar ([email protected] ), com o apoio de Ana Pinho (LNEC) Professor Associado da FAUTL - Presidente do ICOMOS-PORTUGAL

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ORDEM DOS ARQUITECTOS 2008

José Aguiar, Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa

ORDEM DOS ARQUITECTOS CICLO 3R´s 2008

PATRIMÓNIO CULTURAL E OS PARADIGMAS DA CONSERVAÇÃO E DA REABILITAÇÃO: ONTÉM!

José Aguiar([email protected]), com o apoio de Ana Pinho (LNEC)Professor Associado da FAUTL - Presidente do ICOMOS-PORTUGAL

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José Aguiar, Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa

como nasce e se estabelece uma cultura de “conservação”?

TAXIONOMIAS: de ANTIQUALHAS a PATRIMÓNIO CULTURAL

Período (Séc.) Descrição Taxionomias

VI-XV Idade Média Edifícios Antigos

XV-XVIII Renascimento/Barroco Antiguidades (antiqualhas)

XVIII-XIX Historicismo e Nacionalismo

Monumento Histórico

XX (antes IGG) Arquitectura Menor Conjuntos e Sítios, Cidade Histórica e Artística

XX (inter-guerras) Edificação e Ambiente Património Urbano

XX (depois 2GG) Os Saberes, Arquitectura e Território

Património Paisagístico e Intangível

XXI Era da Globalização Património Cultural

Adaptado de: Ana Roders, Re-architecture. Lifespan rehabilitation of built heritage. Eindhoven, TUe, 2007, p. 81. Com base em: Francoise Choay, The invention of the historic monument. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.

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O que é PATRIMÓNIO?

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Para nós, património é tanto a «obra-de-arte» a ruína, o objecto-construção, aarquitectura de um edifício (o monumento clássico), como o lugar-ambiente, osnúcleos urbanos a que (mal) chamamos “centros históricos”, ou seja, a cidade antiga e a cidade consolidada. É património o território e a paisagem humanizada, enquanto arquitecturas de vasta escala, ou seja, organizações voluntárias do espaço feitas por (e portadoras dos valores dos) homens. É também património (intangível) o saber que permitiu projectar, construir, manter ou alterar!

Uma explosão no que consideramos PATRIMÓNIO!

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A conservação funda-se na gestão dos valores (éticos, estéticos, históricos,funcionais, ambientais, identitários, de significado, etc.). RIEGL, A. - Le culte moderne desmonuments, Son essence et sa genèse (Tradução do original de 1903). Paris : Éditions du Seuil, 1984.

CATEGORIAS DE VALORES DOS MONUMENTOS RIEGL 1902(denkmalkultus)

Valores Memoriais(«Erinnerungswerte»)

Valores Contemporâneos(«Gegenwartswerte»)

Valor de lembrança (ou rememorativo)(só aplicáv el ao monumento intencional)

Valor de uso(aplicáv eis ao monumento intencional e monumento histórico)

Valor histórico(só aplicáv el ao monumento histórico)

Valor artístico relativo(aplicáv el ao monumento histórico)

Valor para a história da arte(implícitos na definição de monumento histórico)

Valor de novidade (valor artístico novo) (aplicáv el ao monumento intencional e ao monumento histórico)

Valor de idade, ou de “Antiguidade” («Alterswert») (só aplicáv el ao monumento histórico)

CONSERVAÇÃO: AVALIAÇÃO DOS VALORES

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LIPE, 1984Valores Económicos EstéticosAssociativo-simbólicosInformativosBURRA CHARTER, 1998Valores EconómicosHistóricosCientíficosSociais (incluindo os “espirituais,políticos, nacionais e outrosde natureza cultural”)English Heritage, 1997Valores CulturaisEducacionais e AcadémicosEconómicosRecursosRecreativos

Estéticos

CRITÉRIOS DA AVALIAÇÃO DOS VALORES PATRIMONIAIS

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OS NOVOS DESAFIOS

Ana Pereira Roders – Re-Architecture, TU/eindhoven

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OS NOVOS DESAFIOS

Ana Pereira Roders – Re-Architecture, TU/eindhoven

http://www.re-architecture.eu

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Lei quadro da política e do regime de protecção e valorização do património cultural (Lei 107/2001)

Artigo 2.º, Conceito e âmbito do património cultural1 – (...) integram o património cultural todos os bens que, sendo testemunhos com valor de civilização ou de cultura portadores de interesse cultural relevante, devam ser objecto de especial protecção e valorização. 3 - O interesse cultural relevante, designadamente histórico, paleontológico, arqueológico, arquitectónico, linguístico, documental, artístico, etnográfico, científico, social, industrial ou técnico, dos bens que integram o património cultural reflectirá valores de memória, antiguidade, autenticidade, originalidade, raridade, singularidade ou exemplaridade.

PORTUGAL: Lei n.º 107/2001 de 8 de Setembro

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como nasce a nossa cultura de “conservação”?

OS IMPACTOS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

As tradições são postas em causa pela revolução industrial, mas, no momento em que se anuncia um mundo novo, (re)descobre-se o valor do que se perde. Dessa nova consciência histórica, nascerá a necessidade de manter contacto com os testemunhos culturais do passado.

A luta pela salvaguarda patrimonial coexistirá intimamente com o advento da própria modernidade, surgindo, como esclareceu Choay, a «consagração» de um novo tipo de culto: o dos MONUMENTOS (F. Choay, L´Allégorie du Patrimoine. Paris: Ed. Du Seuil, 1992)

Violet-le-Duc, Entretiens…Galerie des Machines, 1889

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como nasce uma cultura de “conservação”?

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como nasce uma cultura de “conservação”?

«L´INDUSTRIE REPLACE L ´ART»

« À quoi servent ces monuments ? disent-ils. Cela coûte des frais d’entretien, et voilà tout. Jetez-les à terre, et vendez les matériaux.C’est toujours cela de gagné.Depuis quand ose-t-on, en pleine civilisation, questionner l’art sur son utilité?Malheur à vous si vous ne savez pas à quoi l’art sert ! »

«Para que servem os monumentos? Dizem eles. Para pagar os custos de os manter, e eis tudo. Mandem-nos por terra, e vendam os materiais. É sempre a ganhar.Desde quando ousamos, em plena civilização, questionar a arte sobre a sua utilidade?Desgraçados de vós se não sabem para que serve a arte!»

Victor Hugo: «Guerre au démolisseurs», em Revue de Paris, 1829 e 1832:

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como nasce uma cultura de “conservação”?

RESTAURO VERSUS CONSERVAÇÃO

A procura de aproximações teóricas ao início dos sobressaltos da necessidade de salvaguarda, conduzirá à gradual definição de uma nova disciplina a que os continentais (sobretudo os Italianos e os Franceses) chamarão Restauro e os Ingleses de Conservação.

Diferença e disputa conceptual que ultrapassará em muito o século e a vida dos seus protagonistas: John Ruskin e Viollet-le-Duc.

John RuskinViolet-le-Duc

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como nasce uma cultura de “conservação”?

O RESTAURO

No início do segundo quartel do século XIX, em França, restaurar um monumento significa proceder à sua reconstrução integral, ou à reintegração de partes em falta, tendo por referência a hipótese de um (seu?) estilo original.Ludovic Vitet e Prosper Mérimée defendem o completamento “em estilo”, através da produção de cópias de motivos ou partes análogas às existentes no próprio edifício ou em construções similares da mesma região, época e estilo. Surge assim o RESTAURO ESTILÍSTICO através do MÉTODO ANALÓGICO ainda defendido por alguns …mesmo no século XXI.

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como nasce a “conservação”?

O RESTAURO ESTILÍSTICO E O MÉTODO ANALÓGICO

«Restaurer un édifice, ce n´est pas l´entretenir, le réparer ou le refaire, c´est le rétablir dans un état complet qui peut n’avoir jamais existé à un moment donné».Eugène Viollet-le-Duc, Restauration, em Dictionnaire Raisonné de L´Architecture Française du XIe au XIIe Siècle, Tomo 8, Paris, A. Morel Éditeur, 1866, p.14.

As tradições construtivas pré-industriais tinham uma morte anunciada mas, naquele momento histórico, ainda estavam disponíveis. Tirando partido dessa tradição construtiva, ainda viva, e privilegiando o uso, como a melhor garantia de um futuro Viollet-le-Duc reclamava para o restauro um rigor a uma fidelidade estilística absoluta, sem lugar para criatividades, idiossincrasias ou opiniões pessoais.

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como nasce uma cultura de “conservação”?

A CONSERVAÇÃO (ESTRITA)

«Restoration, so called, is the worst manner of Destruction.[...] Do not let us deceive ourselves in this important matter; it is impossible, as impossibleas to raise the dead, to restore anything that has ever been great or beautiful in architecture».

«Take proper care of your monuments, and you will not need to restore them». (...) «But, it is said, there may come a necessity for restoration! Granted. Look the necessity full in the face, and understand ít on its own terms. lt is a necessity for destruction. (...) The principle of modern times (...) is to neglect buildings first, and restore them afterwards».

J. Ruskin, The seven lamps of architecture. Kent: George Allen, 1880. Consulte-se, em particular, o capítulo designado “The Lamp of Memory”.

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como nasce uma cultura de “conservação”?

DA AMPLIAÇÃO DO CONCEITO DE “MONUMENTO”

Nas concepções de Ruskin (bem como nas de Morris), as marcas do tempo faziam parte da essência do monumento; sob o ponto de vista ético: «We have no right whatever to touch them [os monumentos]. They are not ours. They belong partly to those who built them, and partly to all the generations of mankind who are to follow us (...)». J. Ruskin, ob. cit, p.197.

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como nasce uma cultura de “conservação”?

DA AMPLIAÇÃO DO CONCEITO DE “MONUMENTO”

William Morris, manifesto da Society for the Protection of Ancient Buildings (SPAB), as bases da noção de “património vernacular”: «If, for the rest, it be asked us to specify what kind of amount of art, style, or other interest in a building, makes it worth protecting, we ansewer, anything which can be looked on as artistic, picturesque, historical, antique, or substantial: any work, in short, over which educated, artistic people would think it worth while to argue at all».Cf. W. Morris, manifesto da Society for the Protection of Ancient Buildings, Londres, SPAB, 1877.

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da invenção do conceito de PATRIMÓNIO URBANO

UM NOVO CONCEITO: “PATRIMÓNIO URBANO”

Como nos esclareceu Choay, o conceito de“Património Urbano” surge quatro séculos depois do conceito de “património histórico” e é um contributo específico da cultura europeia! Ocorre em contra-corrente às transformações da revolução industrial, no confronto com o inevitável processo de urbanização moderna.Ao surgir o “urbanismo” como disciplina surge também, por contraste e diferença, um novo olhar sobre a arquitectura da cidade pré-industrial.Hoje acrescentamos à cidade-património, a paisagem, os territórios humanizados e património intangível (dos saberes).F. Choay, L´Allégorie du Patrimoine, Ed. Du Seuil, Paris, 1992.

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da invenção do conceito de PATRIMÓNIO URBANO

PATRIMÓNIO URBANO 1

J. Ruskin: A CIDADE MEMORIAL

A cidade histórica como repositório das ligações “memoriais” com as gerações precedentes, com as quais Ruskin defende estreitas ligações de identificação cultural, não só no espaço como no tempo, contra as transformações radicais do momento histórico que vive.

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da invenção do conceito de PATRIMÓNIO URBANO

PATRIMÓNIO URBANO 2Camillo Sittte: A CIDADE HISTÓRICO-ARTÍSTICA

Sitte é o primeiro dos «morfólogos urbanos»: estuda, in situ, dezenas de cidades antigas. Mas, para Sitte a cidade histórica era desadequada para os novos usos que a cidade moderna tinha de resolver, reserva-lhe o papel de museu, de contentor da cultura histórica e do prazer estético: a visão da cidade como facto artístico, induz, como escreve Choay o tema da “cidade-museu”, “cidade-morta” ou ainda a noção, ambivalente, de “ville d´art”».Camillo Sitte, A construção da cidade segundo seus princípios artísticos, Editora Ática, 1889 (tradução brasileira de 1992, com base na tradução francesa).F. Choay, ob. cit, (1992b) p.6.

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da invenção do conceito de PATRIMÓNIO URBANO

PATRIMÓNIO URBANO 3

GIOVANNONI: A CIDADE HISTÓRICA INTEGRADA NO PLANEAMENTO MODERNO

Giovannoni adivinha o «desurbanismo», reclamando para os antigos núcleos históricos valores de uso actualizados, inserindo-os nas novas teias de organização territorial.

O papel da cidade histórica deveria ser compatível e complementar das novas estruturas e escalas do planeamento moderno.

Uma nova concepção que transfere os valores do património urbano do espaço do museu para o espaço do quotidiano, atribuindo-lhes valor de uso.Consulte-se G. Giovannoni, Città vecchia ed edilizia nuova, em Nuova Antologia, Milão, 1913 (reeditado por Unione Tipografico-editrice, Turim, 1931).

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PATRIMÓNIO URBANO: uma teoria “integradora”

Condições (de Giovannoni) para que a CONSERVAÇÃO e a REAPROPRIAÇÃO dos centros históricos seja possível:

1. a renúncia a uma vocação de centralidade única dos CH no contexto territorial, ou, no mínimo, inclusão dos CH´s na lógica de um sistema urbanístico polinuclear;

2. a compatibilidade dos usos atribuídos para os CH com as características específicas da sua morfo-tipologia, escala e capacidades do seu parcelamento,propondo funções vocacionados à modicidade da escala dos C.H., à complexidade e riqueza morfológica dos seus tecidos (exp: lugares de utilização diversificada, convivial e de permanência, funções de proximidade e de encontro);

3. a supressão de edificações ou construções “parasitas” como intervenções cirúrgicas e de oportunidade para revitalizar os tecidos e o funcionamento da cidade histórica (diridamento);

4. na introdução de novas edificações, o respeito absoluto pela tipologia cadastrale pelos condicionamentos (volumetrias, escala, etc.) da morfologia preexistente.

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CARTA DE ATENAS DO RESTAURO, 1931

CARTA DE ATENAS DO RESTAURO, 1931

Os monumentos são considerados bens públicos, na sua gestão defende-se

a primazia do interesse colectivo sobre o privado(art. III);

Recomenda uma utilização funcional (programa) adequada às características dos monumentos (art. II).

Evitar as restituições integrais em favor da conservação estrita através da manutenção regular dos monumentos (art. II), e preservar os vestígios das diversas épocas históricas representadas (art. II, 2º parágrafo).

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CARTA DE ATENAS DO URBANISMO 1933 cidade histórica:« tabula rasa»

IV congresso do CIAM, Novembro de 1933:Redacção do Grupo CIAM-France em 1941. Paris, Annales Techniques, 1945 (tradução livre):

O património arquitectónico [i.e. os monumentos] deveria ser salvaguardado:- SE o seu valor arquitectónico correspondesse a um interesse geral;- SE a sua conservação não provocasse o sacrifício das populações mantidas em condições insalubres;- SE fosse possível remediar a sua presença prejudicial por medidas radicais: por exemplo o desvio de elementos vitais da circulação...)»Recomenda-se ainda: «(...) a destruição de acrescentos e construções de menor importância em torno dos monumentos o que permitiria [sic] criar superfícies verdes>>.

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Da aversão do MODERNO à cidade histórica: TABULA RASA

Le Corbusier, legenda: como lidar com o “problema” dos centros históricos!Em: Maneiras de Pensar o Urbanismo. Lisboa: Europa-América, 1977

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Wassily Luckardt: An die Freude, 1919

O MODERNO E SONHO DAS CIDADES-TORRES

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Mies Van der Rohe, Torre de cristal, 1919 e 1921

ARRANHA CÉUS DE CRISTAL

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A RENOVAÇÃO DEPOIS DA II GRANDE GUERRA: TABULA RASA

A necessidade de recuperar rapidamente as cidades europeias, para realojarmilhões de pessoas e permitir o relançamento da sua economia, obrigou aactuações de extrema urgência e à aplicação de métodos expeditos de reconstruçãode monumentos (Montecassino), ou de cidades históricas destruídas pela guerra(Varsóvia, Génova, Colónia, Bruxelas, Nápoles, etc.). Daqui resulta, na prática, oabandono dos métodos de restauro anteriores à guerra e a primazia daRENOVAÇÃO URBANA.

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WelfareState e Baby Bum!

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O NOVO CONSUMISMORichard Hamilton Just what is it that makes today's homes so different, so appealing,Exhibition, ICA, London, 1956

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GIGANTISME: Red Road Flats, Glasgow, 1964-66

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B. Fuller, “6000 pounds home”

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Jungman, Dyoden, 1968

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Frei Otto, et al., Pavilhão Alemão, Expo Montreal, 1965-67. Olimpíadas, Munique, anos 70.

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Nils Lund Future of Architecture, 1979 Ao fundo: Leicester University, Engineering Building, de Stirling

(Prémio Pritzker, 1981)

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Chelmsley estate, junto a Solihull. Demolido em 1989

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CENOGRAFIAS POP Venturi: Learning with Las Vegas

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OU PASSADO COMO UM IDEAL (MITIFICADO)Leon Krier, Echternach, 1970

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ARQUITECTURAS REACIONÁRIAS OU ANTI-MODERNAS?

Quinlan Terry, The Howard Building, Downing College, Cambridge

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A REINVENÇÃO (FACHADISTA) DE VARSÓVIA

A reconstrução de Varsóvia foi uma necessidade política e psicológica, reinstituindo a cidade histórica como o monumento referencial de uma nação cuja cultura foi intencionalmente atingida. Manteve-se a morfologia urbana anterior, mas a correspondência das novas construções para com as antigas é apenas exterior, os interiores foram significativamente modernizados.O inventivo modelo nova-cidade-cópia-da-antiga-cidade levantava interrogações incómodas tanto no campo da conservação urbana, como para a nova disciplina do urbanismo.

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RENOVAÇÃO, Piano & Rogers, Pompidou Paris,

1977A contestação da perda de cidade

histórica (Les Alles, etc.).

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A LEI MALRAUX DE 1962

“Secteurs Sauvegardés”, “Plan de sauvegarde et mise en valeur”, POS –Planos de Ocupação do Solo. Operações-modelo de preservação de espaços urbanos de grande valor, considerados como património nacional da França, intervindo com grande profundidade e vasto suporte financeiro, debaixo de um forte controlo por parte do Estado central. Políticas restritivas à reconstrução, demolição e alteração do existente, promovendo o RESTAURO URBANO!

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INGLATERRA: cerca 10 000 Conservation Areas!

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ANOS 60: O RESTAURO CRÍTICO E A TEORIA DO RESTAURO DE CESARE BRANDI

O reconhecimento, ou a possibilidade de ler e proceder a esse reconhecimento de obra de arte, de acordo com um processo analítico rigoroso, torna-se o principal imperativo moral da conservação: «o restauro constitui o momento metodológico do reconhecimento da obra de arte, na sua consistência física e na sua dupla polaridade estética e histórica, com vista à sua transmissão ao futuro».

TEORIAS DA CONSERVAÇÃO CONTEMPORÂNEA

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O RESTAURO CRÍTICO E A TEORIA DE CESARE BRANDI

Contestação aos projectos cópia e à renovação, pelo grupo italiano (Carlo Argan, Renato Bonelli, Roberto Pane e Cesare Brandi), torna-o protagonista de uma nova escola de pensamento da qual resultou (quase directamente) uma nova carta internacional de restauro, ainda hoje válida - a Carta de Veneza de 1964 - e uma nova carta italiana, a Carta del Restauro de 1972.

Cesare Brandi, Teoria del Restauro. Turim: Piccola Biblioteca Einaudi, 1963«A qualidade do restauro depende directamente do juízo crítico da artisticidade do objecto sobre o qual incide»

Segundo a teoria de Brandi - e este princípio é aplicável à arquitectura ou a qualquer outra arte -, quando deparamos com uma obra de arte, o seu lado funcional não representa mais do que um lado concomitante ou secundário, face a outros aspectos tomados como primordiais, respeitantes a essa obra enquanto obra de arte. Assim, o restauro, estará sempre estreitamente ligado à avaliação crítica da própria artisticidade do objecto sobre o qual incide.

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«o restauro deve permitir o restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, sem produzir um falso histórico ou um falso artístico e sem anular os traços da passagem da obra de arte pelo tempo»

Esculturas to templo de Aphaia em Aegina, depois da eliminação dos restauros de Thorvaldsen, era impossível deixar as esculturasnum puro “estado arqueológico”, o escudo, o pescoço e o joelho são interpretações modernas para permitir a sua “apresentação” e leitura. Fonte: Paul PHILIPOT, Restoration from the Perspective of the Humanities. Getty, 1996.

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RESTAURO CRÍTICO E TEORIA DO RESTAURO DE CESARE BRANDI«...a conservação dos acrescentos deve considerar-se regular e excepcional a [sua] remoção»

Um acrescento constitui sempre um novo testemunho do fazer humano, portanto da própria história. A remoção de um acrescento (o que constitui também um acto histórico), resultará sempre na «...destruição de um documento que não se documenta a si mesma», pelo que pode conduzir à obliteração de uma importante etapa histórica. A distinção entre acrescento e reconstrução esclarece-se ao considerar-se que o objectivo da reconstrução, ao contrário do acrescento - que se documenta sempre a si próprio -, é abolir um lapso de tempo.O processo de abolição do tempo, através das reconstruções, pode ocorrer, segundo Brandi, de acordo com os seguintes modelos: (i) simular o processo criativo original, refundindo o velho e o novo de uma forma tal que não permite sequer distinguir os dois momentos, do que resulta o falso histórico, eticamente inadmissível; (ii) ou absorver a obra pré-existente, usando-a para criar uma nova entidade, no que será sempre um testemunho do presente em que ocorre. Deste processo resultará algo que, no futuro, poderá até constituir-se como monumento, mas que, como prática, não pertence sequer ao campo do restauro, ou da conservação do património.

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O RESTAURO CRÍTICO

Na Teoria de Brandi, o Restauro resolve-se num processo metodológico, que se centra numa cuidadosa análise crítica, de base filológica e científica, do seu próprio objecto, de que resulta o esclarecimento da autenticidade com que a imagem da obra de arte foi transmitida e qual o estado da matéria da qual essa imagem resulta.

São os resultados desse processo analítico que suportam a tomada de decisões (O PROJECTO). A especificidade do método, ou seja a sua fundamentação num processo de análise crítica, justificou a classificação desta teoria como de Restauro Crítico.

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CARTA DE VENEZA , Carta Internacional sobre a Conservação e o Restauro de Monumentos e Sítios (1964)

Maio de 1964, Veneza, II Congresso Internacional de Arquitectos e Técnicos dos Monumentos Históricos. UNESCO, Conselho da Europa, ICCROM e ICOM, com 61 países da Europa, América, África, Ásia e Oceania. Na mesma reunião funda-se o ICOMOS.

Clara influência italiana: Piero Gazzola, dirigiu os trabalhos; Roberto Pane representa a Itália, propondo o modelo da Carta Italiana do Restauro de 1932 como a matriz (influência directa de Cesare Brandi e do Restauro Crítico).

Determina-se como objectivo essencial do restauro arquitectónico «(...) a preservação dos valores estéticos e históricos do monumento ... [e que] o restauro... deve terminar no ponto em que as conjecturas comecem»(art. 9).

RENOVAÇÃO DA DOUTRINA

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Avanço disciplinar na definição do conceito de património, englobando «(...) não só as criações arquitectónicas isoladamente, mas também os sítios, urbanos ou rurais (...)» (art. 1);

preocupação com a necessidade de qualificação e de preservação das envolventes (art. 6); considera-se que «(...) um monumento é inseparável da história de que é testemunho e do meio em que está inserido», pelo que se recusam as remoções do todo ou de parte do monumento excepto por exigências de conservação (art. 7) defendendo a reconhecibilidade e reversibilidade dos acrescentos;

no importante problema da reutilização funcional, opta-se claramente por adequar o programa ao monumento, recusando implicitamente o seu inverso, ou seja, a alteração do monumento para responder aos programas;

realça-se de novo a essencialidade da manutenção para a conservaçãodos monumentos (art. 4). O RESTAURO dos RESTAUROS!

CARTA DE VENEZA , Carta Internacional sobre a Conservação e o Restauro de Monumentos e Sítios (1964)

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CARTAS ESSENCIAS PARA A CONSERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO E URBANO1877, SPAB, Manifesto1883, Boito Primeira Carta italiana do Restauro1931, ICOM, Carta de Atenas do Restauro1933, CIAM, Carta de Atenas do Urbanismo1932, I Carta Italiana do Restauro1964, ICOMOS Carta de Veneza1972, II Carta Italiana do Restauro1972, UNESCO/ICOMOS, Convenção para a Protecção do Património Cultural e Natural da Humanidade1975, COE, Carta Europeia do Património Arquitectónico e Declaração de Amsterdão para a Conservação Integrada1976, UNESCO, Recomendação sobre a Salvaguarda dos Conjuntos Históricos ou Tradicionais e do seu contributo para a vida contemporânea, Nairobi1981, ICOMOS, Carta de Florença, ou dos Jardins Históricos1985, COE, Convenção para a Salvaguarda do Património Arquitectónico Europeu1987, ICOMOS, Carta Internacional para a Salvaguarda das Cidades Históricas1992, UNESCO, Convenção do Património Mundial1999, ICOMOS, Carta do Património Vernacular, México2000, ICOMOS, Carta de Kracóvia2000, COE, Convenção Europeia da Paisagem2003, ICOMOS, Recomendações para a Análise, Conservação e Restauro Estrutural2003, CEU, Nova Carta de Atenas (do Urbanismo)2007, Carta de Leipzig, Carta Europeia das Cidades Sustentáveis2008, ICOMOS, Carta das Rotas Culturais2008, ICOMOS, Carta sobre Interpretação e Apresentação

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http://icomos.fa.utl.pt/

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CARTAS OPERACIONAIS:A CARTA ITALIANA DO RESTAURO DE 1972

Anexos:

Instruções para a Salvaguarda e o Restauro das Antiguidades

Instruções para Proceder a Restauros Arquitectónicos

Instruções para a Execução de Restauros Pictóricos e Escultóricos

Instruções para a Tutela dos «Centros Históricos»

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faculdade de arquitectura, recuperação e reabilitação arquitectónica

o que se entende hoje por CONSERVAÇÃO?

Conservação é o «(...) conjunto de actuações de prevenção e de salvaguarda dirigidas para o assegurar de uma duração, que se pretende ilimitada, da configuração material do objecto considerado».

Redacção proposta pela (não promulgada) Carta Italiana de Conservação e Restauro dos Objectos de Arte e Cultura, em: Maria Justicia - Antología de textos sobre restauración, Jaén, ed. Universidade de Jaén, 1996, p.166.

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faculdade de arquitectura, recuperação e reabilitação arquitectónica

o que se entende hoje por prevenção?Prevenção «(...) constitui o conjunto de actuações de conservação, no mais amplo prazo possível, motivadas por conhecimentos prospectivos sobre o objecto considerado e sobre as condições do seu contexto ambiental.» [1][1] Maria Justicia - Antología (…). Idem, ibidem

o que se entende hoje por salvaguarda?

Salvaguarda é «...qualquer medida de conservação e prevenção que não implique intervenções directas sobre o objecto considerado».[1][1] Idem, ibidem, p. 196. Por exemplo, a classificação como património nacional e o estabelecimento de medidas preventivas quanto à capacidade dos indivíduos afectarem o valor histórico e estético de um obra de arte é uma medida de salvaguarda!

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faculdade de arquitectura, recuperação e reabilitação arquitectónica

O restauro visa preservar para o futuro a unidade material, as mensagens históricas, culturais e estéticas e os valores que a história adicionou aos objectos, avaliando criticamente os acrescentos e as modificações introduzidas pelo tempo. Assim entende-se por Restauro «(...) qualquer intervenção que, respeitando os princípios da conservação e fundamentando-se num cuidadoso conhecimento prévio, se dirija a restituir ao objecto, nos limites do possível, uma relativa legibilidade e, donde seja necessário, o uso».

«(...) constatando que a conservação e o restauro podem não ocorrer simultaneamente, esclarece-se que estas operações são absolutamente complementares, declarando que um programa de restauro não pode prescindir de um adequado programa de salvaguarda, manutenção e de prevenção (Art. 3)». Carta Italiana de Conservação e Restauro dos Objectos de Arte e Cultura, em: Cesare BRANDI, Teoria do Restauro. Su Álvaro Pires; A passo d´uomo: Portogallo, O Manuelino. Lisboa: Ed. Orion, 2006. (tradução J. Aguiar; D. Rodrigues; N. Proença; C.v Prats). Tb. Maria Justicia - Antología de textos sobre restauración, Jaén, ed. Universidade de Jaén, 1996, p.166.

o que se entende hoje por restauro?

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faculdade de arquitectura, recuperação e reabilitação arquitectónica

José AguiarArq., Professor Associado, FAUT

o que se entende por restauro?

Roma, Leone di Pietra (arte chinesa) antes da RECOMPOSIÇÃO (col. Gualino).

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faculdade de arquitectura, recuperação e reabilitação arquitectónica

José AguiarArq., Professor Associado, FAUT

o que se entende por restauro?

Roma, Leone di Pietra (arte chinesa) depois durante a RECOMPOSIÇÃO E REINTEGRAÇÃO de lacunae.

Roma, Leone di Pietra (arte chinesa), após restauro.

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faculdade de arquitectura, recuperação e reabilitação arquitectónica

José AguiarArq., Professor Associado, FAUT

o que se entende por restauro?

Lorenzo Viterbo, Capela Mazzosta, Sposalizio dell Vergine. Pormenor dos fragmentos depois da RECOMPOSIÇÃO.

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faculdade de arquitectura, recuperação e reabilitação arquitectónica

José AguiarArq., Professor Associado, FAUT

o que se entende por restauro?

Lorenzo Viterbo, Capela Mazzosta, Sposalizio dell Vergine. Pormenor dos fragmentos depois da REINTEGRAçÃO das lacunae.

«(...) o Restauro constitui o momento metodológico do reconhecimento da obra de arte, na sua consistência física e na sua dúplice polaridade estética e histórica, com vista à sua transmissão para o futuro».

Cesare Brandi, Teoria del Restauro. Turim: Picola Biblioteca Einaudi, 1963 (2ª ed. de 1977), p1 a p.6. Aguiar, J.; Rodrigues, D.; Proença, N. Prats, C., Tradução dos textos de Cesare Brandi, Teoria do Restauro. Su Álvaro Pires; A passo d´uomo: Portogallo, O Manuelino. Lisboa: Ed. Orion, 2006.

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CONSERVAR: O QUE É?

Conjunto de acções CONTEMPORÂNEAS, consubstanciadas numa materialidade existente, com consciência das implicações futuras!

Fazer no presente (agora)!Analisando o passado (antes)!Pensando no futuro (depois)!Implica uma consciência (e uma sólida capacidade) crítica: para avaliar o VALOR: informando o PROGRAMA e o PROJECTO; uma ampla capacidade executiva, de OBRA;com registos precisos, a DOCUMENTAÇÃO: e planeando o futuro, a MANUTENÇÃO e os PROGRAMAS DE INSPECÇÃO!

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METODOLOGIA DA CONSERVAÇÃO CONTEMPORÂNEA

- IDENTIFICAÇÃO- COMPREENSÃO - INTERPRETAÇÃO- PROJECTAR (A TRANSFORMAÇÃO)- APRESENTAR (interpretar para dar a ver)

Levantamento e registo: inspecção e documentação do bem patrimonial; da sua implantação histórica; estudo do seu contexto físico e cultural.

Definição e valor: estudo histórico-crítico e avaliação do significado do recurso patrimonial no seu contexto, tendo em conta os aspectos culturais, económicos e sociais, também o seu significado espiritual.

Análise e diagnóstico: exame do recurso utilizando métodos científicos; diagnóstico da sua consistência física, material, estrutural, suas condicionantes, riscos e vulnerabilidades.

Estratégia/conceito/PROJECTO: definição de projectos e planos de curto e longo prazo; estabelecimento de programas para a conservação e gestão da mudança; programas de monitorização, de inspecção regular, de manutenção cíclica e de controlo ambiental.Controlo a posteriori: programas de inspecção e de manutenção.

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CONSERVAÇÃO E PROJECTOPrincípios orientadores e critérios essenciais das intervenções de conservação, com implicação nas escolhas quanto a materiais e técnicas construtivas a utilizar em PROJECTO e OBRA.

Autenticidade

Conhecimento do objecto

Intervenção mínima e pouco intrusiva

Diferenciação

Reversibilidade

Compatibilidade

Durabilidade

Repetibilidade e eficácia dos tratamentos, reaplicabilidade, nocividades

Manutenção futura

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José Aguiar, Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa José Aguiar

Arq., Professor Associado, FAUTL

o que se entende por REABILITAÇÃO?

Reabilitação é o conjunto de operações dirigidas à conservação e restauro das partes significativas – em termos históricos e estéticos - de arquitecturas, incluindo a sua beneficiação geral, de forma a permitir satisfazer níveis de desempenho e exigências funcionais actualizadas.

A reabilitação participa de uma intenção ecológica, ou seja, integrando a reutilização de bens materiais disponíveis evita a demolição, com consequente substituição de partes já existentes, que implica sempre o dispêndio de mais amplas energias e matérias fósseis.

A reabilitação urbana pressupõe uma actuação “integrada”, i.e. combinando-se com a revitalização da vida, da cultura, das dimensões sociais, e a regeneração das actividades económicas locais. A r. urbana, eminentemente física, realizada conjuntamente com a revitalização funcional das actividades sociais, habitacionais e culturais, planeada e executada de forma sustentada, é habitualmente designada de REBILITAÇÃO INTEGRADA articulando-se com o conjunto de operações de gestão urbana por vezes designado de requalificação urbana.

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TEMPO DE NOVOS PARADIGMAS: O “CEU” TEM UMA NOVA CARTA!

NOVA CARTA DE ATENAS 2003Contradição estrutural: a cidade de amanhã já existe hoje!

A Nova Carta de Atenas 2003, A visão do C.E.U. sobre as Cidades do séc. XXI. Lisboa, 20 de Novembro de 2003. Tradução portuguesa: Professor Paulo Correia (coordenador do Grupo de Trabalho da Carta); e Dr.ª Isabel Costa Lobo.

O C.E.U. apresentou para o novo Milénio, e cito: «(…) uma Visão de uma rede de cidades em que estas: Conservarão a sua riqueza cultural e a sua diversidade, resultantes da sua longa história; (…) Contribuirão de maneira decisive para o bem-estar dos seus habitantes e, num sentido mais lato, de todos os que as utilizam»; (Introdução – 2 dos 4 pontos -, p. 5). «O planeamento estratégico do território e do urbanismo são indispensáveis para garantir um Desenvolvimento Sustentável hoje entendido como a gestão prudente do espaço comum, que é um recurso crítico, de oferta limitada e com procura crescente nos locais onde se concentra a civilização.» (Introdução, p.6).

A visão futura: uma cidade coerente no tempo! «A cidade de amanhã já existe hoje».

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1933 ESTADO NOVO: “Deus, Pátria, Família” .....Autoridade!

Restauração: a primeira palavra de ordem do regime!

Paralelo entre a recuperação de valores histórico-ideológicos e nacionalistas e os critérios de

intervenção no património ...”na medida em que os monumentos são o espelho vivo desses valores,

influenciando a filosofia do restauro a utilizar” Maria João Neto, p.143.

A CULTURA DA CONSERVAÇÃO E DA REABILITAÇÃO EM PORTUGAL?

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Fotos: Paço de Sousa, antes e depois do restauro. Fonte: Boletim DGEMN 17.

E PORTUGAL?

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Fotos: Guimarães, Paço do Duques de Guimarães entes e depois do restauro, Boletim DGEMN 20Fonte: Boletim DGEMN 20.

E PORTUGAL?

depoisantes

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E PORTUGAL?

Edição:

Intervenções de Restauro Estilístico:

São Tiago,Coimbra

depois

antes

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E PORTUGAL?

PÓS II GUERRA: RENOVAÇÃO!

Congresso Nacional de Arquitectura, 1948, apelo a uma Renovação Urbana “Moderna”.

Duarte Pacheco1934 – Planos Gerais de Urbanização(tutela: DGEMN)

Divulgação da Carta de Atenas (NTP, IST, 1941?)

1945 – Criam-se as “Zonas de protecção aos monumentos” (desde 1932 existia o “raio de 50m”).

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E PORTUGAL?

1954: “Planos de Embelezamento” e “Planos de Melhoramento”, novas atitudes (Arantes e Oliveira - Ministro MOP)

Lisboa, Alfama, anos 40 e 50, intervenções do Arq.º Veloso Reis Carmelo, mais tarde forma-se (em 1954) uma “Comissão do Plano de Melhoramento de Alfama”, pretendia-se o desafogo perspectivo a eixo dos grandes Monumentos, acompanhadas de intervenções estruturais em redes e equipamentos, desenvolvendo-se um plano de saneamento.

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E PORTUGAL?

Anos 50 e o despontar de novas atitudesPaulino Montês (vogal da JNE), em 1954: Propõe a classificação da Baixa pombalina ..”como imóvel de interesse público”!

Desenvolve uma Proposta de Classificação como imóvel de interesse público do conjunto constituído pela Avenida da Liberdade e pelas praças dos Restauradores e do Marquês de Pombal. Propostas CONTESTADAS PELA CML argumentando com incapacidade do poder central de “gerir” a “dinâmica construtiva” da cidade, ressalvando a capacidade técnica da autarquia para lidar com, e assegurar, a “protecção” desse conjunto!

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E PORTUGAL?

Anos 50: MELHORAMENTOS E BENEFICIAMENTOS

GUIMARÃESFrancisco Azeredo nomeado em 1955, por Arantes e Oliveira, responsável pelo “Arranjo da zona antiga de Guimarães”. Em 1957 propõe a classificação da zona antiga de Guimarães como imóvel de interesse público.ÓBIDOSRestauro das fortificações iniciada em 1932, complementada em 1946, com o projecto da instalação de uma pousada na Álcaçova, prevendo-se outras intervenções urbanas: calcetamento de ruas e largos, reconstrução do alpendre do Largo do Pelourinho, acentuado o carácter “pitoresco e tradicional” perseguido pelo Município (antes e hoje). CHAVESIntervenções da DGEMN desde 1961 a 1972! Demolições do Largo da Lapa, restauro da torre de menagem, execução de arruamentos e de ajardinamentos nos baluartes, início dos estudos de adaptação do Convento São Francisco a pousada.

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E PORTUGAL:? A OPOSIÇÃO DOS MODERNOS À CIDADE HISTÓRICA!

A OPOSIÇÃO DOS MODERNOS À CIDADE HISTÓRICA!

PORTO:Planos de renovação urbana dos anos 50 e 60 propondo a DEMOLIÇÃO da Ribeira-Barredo, hoje inscrita na Lista do Património Mundial da Unesco.

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E PORTUGAL? ANOS 60

INQUÉRITO À ARQUITECTURA POPULAR

Ministro Arantes e Oliveira apoia a realização do Inquérito à Arquitectura Portuguesaproposto pelo Sindicado dos Arquitectos (realizado entre 1955-60).AAVV Arquitectura Popular em Portugal, Sindicato Nacional dos Arquitectos, Lisboa, 1961.

Orlando Ribeiro, reedita nos anos 60 o fundamental Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico, da Coimbra Editora, 1945.2ª e 3ª edições revistas e actualizadas em edição da Livraria Sá da Costa, Lisboa, 1963 e 1967.

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PORTUGAL: O DESPONTAR DE UMA NOVA ATITUDE

1968 –DGSU, Serviço de Defesa e Recuperação da Paisagem Urbana e do Serviços de Ordenamento da Paisagem Rural

DGSU - Estudo de Prospecção e Defesa da Paisagem Urbana do Algarve (1966-1970)

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A DIMENSÃO SOCIAL DA REABILITAÇÃO: ANOS 70 FERNANDO TÁVORA

1969: Fernando Távora, Estudo de Renovação Urbana do Barredo, CM Porto (Direcção Serviços de Habitação)Integra pioneiramente os contributos das ciências sociais (apoia-se nos estudos de alunas do Instituto de Serviço Social e nos levantamentos feitos por alunos da ESBAP), propõe a salvaguarda e recuperação da zona da Ribeira com base no estudo de uma área piloto, o Barredo. O valor patrimonial do Barredo não se restringe ao espaço físico, mas engloba a comunidade que o habita. Estudo percursor do conceito contemporâneo de uma Reabilitação Urbana Integrada!

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A DIMENSÃO SOCIAL DA REABILITAÇÃO: FERNANDO TÁVORAF

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«Entre 557 famílias estudadas na zona, 112 (20,14%) são saudáveis, 339 (60,95%) têm pessoas doentes e sobre 106 (18,96%) não foi obtida qualquer indicação. Entre os doentes figuram 108 casos de tuberculose pulmonar».F, Távora, 1969, p.15

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A DIMENSÃO SOCIAL DA REABILITAÇÃO: FERNANDO TÁVORAF

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A DIMENSÃO SOCIAL DA REABILITAÇÃO: FERNANDO TÁVORAT

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9«Quem me dera juntar dinheiro, cinco contos. Comprava cimento, cal e tijolo e começava a construir uma casa só para mim, com um jardim para ter flores, sempre admirei a natureza…, e depois ter um quarto meu, onde eu pudesse rir à vontade sem ninguém me ver, pensar, ler e sorrir de coisas…chorar é feio, mas num quarto assim se quisesse podia chorar, ninguém via, e fazer caretas e macacadas sozinho, Assim chamavam-me logo maluco, mas eu sei que não é ser maluco». Relatório Távora, citando estudo: As condições sociais do Barredo, p.19.

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A DIMENSÃO SOCIAL DA REABILITAÇÃO: O CRUARB

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A DIMENSÃO SOCIAL DA REABILITAÇÃO: O CRUARB

DEPOIS DE 1974: DESCENTRALIZAÇÃO E O NOVO PODER DOS MUNICÍPIOSA maior relevância dos poderes e políticas locais reforçando a democracia e aproximando as decisões do cidadão.

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PORTUGAL: “PAZ, PÃO HABITAÇÃO”. O PROCESSO SAALSurgimento de nomes de referência da nova arquitectura portuguesa: Álvaro Siza Vieira, Vítor Figueiredo, Eduardo Souto de Moura, Gonçalo Byrne, José Gigante, Sérgio Fernandez, Manuel Tainha, Nuno Portas. A procura de «formas alternativas que desbloqueassem a produção de habitação social, substituindo formas estatizadas ou estatizantes» (Portas, 1986). Sobre o tema: J. Bandeirinha, O Processo SAAL e a Arquitectura no 25 de Abril de 1974.Coimbra. DARQ. 2001

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da invenção do conceito de REABILITAÇÃO URBANA INTEGRADA

1975, COE, Carta Europeia do Património Arquitectónico, e Declaração de Amsterdão para a Conservação Integrada

Surgimento do conceito de “conservação integrada”, ainda hoje central para a reabilitação urbana, resultando de um processo de alargamento do conceito de património (abrangendo já, não só, os monumentos isolados mas também o património urbano e as construções vernaculares que «tenham adquirido significado cultural com o passar do tempo»); e da constatação do seu gradual desaparecimento ou da ocorrência de dramáticas alterações havidas na cidade histórica.

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da invenção do conceito de REABILITAÇÃO URBANA INTEGRADA

1976, Resolução 28 do Comité de Ministros do Conselho da Europa

A primeira definição de “reabilitação”, tomada como o processo pelo qual se procede à integração dos monumentos e edifícios antigos (em especial os habitacionais) no ambiente físico da sociedade actual, «(...) através da renovação e adaptação da sua estrutura interna às necessidades da vida contemporânea, preservando ao mesmo tempo, cuidadosamente, os elementos de interesse cultural». A reabilitação deveria ser realizada segundo os princípios da conservação integrada e constituir um dos aspectos fundamentais a ter em conta no planeamento regional e urbano.

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A DIMENSÃO SOCIAL DA REABILITAÇÃO: O PORTO (e o CRUARB)

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ANOS 80: O REGRESSO À CIDADE CONSOLIDADA, AS OPHA´s, FRANÇA

PARIS: OPHA GOUTTE D´OR

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EUROPA ANOS 70 e 80: O REGRESSO À CIDADE CONSOLIDADA

PARIS: LE MARAIS

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ANOS 80 E 90: A REABILITAÇÃO URBANA NA EUROPA

REABILITAÇÃO URBANA INTEGRADANo último quartel do século XX, na Europa constata-se que a Reabilitação Urbana se tornou a mais corrente taxionomia da cultura dos “R´s”.

Pressupõe uma actuação integrada articulando as políticas físicas com a melhoria dos processos sócio-económicos de revitalização e regeneração urbanas.

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José Aguiar, Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa

PORTUGAL - Programa de Reabilitação Urbana – PRU 1985

ACTUAÇÃO CONVICTA E LOCAL: DUAS DÉCADAS DE GTL´SVontade política para abordar a temática da reabilitação urbana, consagrando-a a nível nacional.Um novo tipo de actuação concertada da Administração Central com a Administração Local, na base do respeito da autonomia e das DISTINTAS competências.

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PORTUGAL - PRU 1985 e PRAUD 1987

Programa de Reabilitação Urbana (PRU 1985) e Programa de Recuperação de Áreas Urbanas Degradadas (PRAUD 1987), OS GTL´S:Possibilitaram às autarquias contarem com um apoio técnico multidisciplinar e especializado, essencial para a concretização de políticas locais de salvaguarda e reabilitação.

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CONCLUSÕES DO PROCESSO (MAS FALTA A SUA ANÁLISE)

Aprendemos, em duas décadas de reabilitação, algo que hoje parecemos alienar (em alguns processos SRU´s):Que a reabilitação urbana só é bem sucedida quando é realizada com a população e para a população!

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GUIMARÃES: O EXEMPLO DE REFERÊNCIA EM PORTUGAL

O GTL de GUIMARÃES: acção social versus conservação do património urbano.(i) uma reabilitação para e pelas pessoas, contra a segregação; (ii) a conservação estrita dos valores identitários e de autenticidade patrimonial, preservando as qualidades referenciais existentes na arquitectura da cidade histórica, prolongando-as para o território; (iii) a garantia da continuidade das permanências essenciais de longo prazo (a cidade enquanto monumento, na estrutura da sua morfologia e tipologia fundiária), conservando as qualidades formais já sedimentadas (a arquitectura erudita e vernácula que construiu, no tempo, este “Centro Histórico”).

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GUIMARÃES: O EXEMPLO DE REFERÊNCIA

Guimarães:Conservar a cidade histórica é trabalhar com (e para) a sua população

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GUIMARÃES: O EXEMPLO DE REFERÊNCIA

Guimarães:Conservar a cidade histórica é trabalhar com (e para) a sua população

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GUIMARÃES: O EXEMPLO DE REFERÊNCIA

Guimarães:A requalificação dos espaços públicos como motor do (re)interesse privado

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GUIMARÃES: O EXEMPLO DE REFERÊNCIA

Guimarães:A requalificação dos espaços públicos como motor do (re)interesse privado

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GUIMARÃES: O EXEMPLO DE REFERÊNCIA

Guimarães:Intervenções modelares de responsabilidade municipal e a solidariedade institucional

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GUIMARÃES: O EXEMPLO DE REFERÊNCIA

Guimarães:Apoio e controlo técnico das intervenções particulares

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GUIMARÃES: O EXEMPLO DE REFERÊNCIA

Guimarães:Recusa do fachadismo e preferência de intervenções de impacto mínimo.

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GUIMARÃES: O EXEMPLO DE REFERÊNCIA

Guimarães:O exemplo vem de cima (ESTADO e AUTARQUIA), as obras públicas deveriam garantir a máxima exemplaridade!

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GUIMARÃES: O EXEMPLO DE REFERÊNCIA

Guimarães: programa de formação PAGUS 2006«Dieu est dans le détail»

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GUIMARÃES: O EXEMPLO DE REFERÊNCIA?

2007: O Projecto GTL de Guimarães termina, o GTL foi extinto e alguns dos seus técnicos foram integrados no Departamento de Urbanismo da CMG. A sede do GTL, o Prémio Nostra de Fernando Távora, foi ocupado por um outro serviço municipal; uma nova, diferente, etapa inicia-se.

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Évora (um planeamento operacional, GTL e PDM)

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Évora: PDM e Gabinete de Centro Histórico

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APOIO DOCUMENTAL:

2008 – Parque EXPO, Évora, Recuperar o processo histórico. Fonte: CME (site)

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APOIO DOCUMENTAL:

2008 – Parque EXPO, Évora, Recuperar o processo histórico. Fonte: CME (site)

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APOIO DOCUMENTAL:

2007 - Évora, classificação como “Monumento Nacional” e zona de protecção. Repare-se na limitadíssima Buffer Zone!

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E PORTUGAL HOJE?

PORTUGAL: Uma desadequada ideia de DESENVOLVIMENTO, onde o cerco asfixiante das novas urbanizações periféricas é tomado como desejável “progresso”!

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E PORTUGAL HOJE?

Álvaro Domingues, Cidade e Democracia. Fotos de Filipe Lopes. A nossa cidade, as suas formas urbanas dependem hoje da sobreposição de diversas (i)racionalidades, de tempos e objectivos diversos, do que resultam formas dificilmente explicáveis ou planeadas …à luz de uma Razão. O fim do planeamento e do projecto físico?

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E PORTUGAL NAS ÚLTIMAS DÉCADAS?

Investimos em cidades de periferia feitas sem desenho, ou no apressado traçado dos todo poderosos engenheiros de tráfego, nem sempre, como em outros países, com suficiente sensibilidade urbana ou estética. E, depois de destruídas as periferias, descobrimos um tardio e rápido apetite pelo centro histórico.

Foto: Portugal visto do céu, Filipe LopesFoto: Holanda, auto-estrada Amesterdão – Eindhoven.

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E PORTUGAL?

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PORTUGAL ANOS 90: NOVAS LUTAS SOCIAIS

AVENIDA SIM!VIADUTO NÃO!

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OS NOVOS DESAFIOS: A SUSTENTABILIDADE

The “Case” of Lisbon Adrian Atkinson - Local Agenda 21 and Future Reality in Europe, in: http://mestrado-reabilitacao.fa.utl.pt/

Uma ARQUITECTURA ecologicamente inconsciente e uma extrema dependência de transportes particulares, num país que importa mais de 4/5 da energia que consome.

O nosso planeamento urbano não está a conseguir atingir a redução dos tempos e distâncias na translação casa-trabalho, que as novas realidades ecológicas exigem!

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O DESPONTAR DE UMA NOVA ATITUDE: PAISAGENS CULTURAIS

Foto: Versalhes, do autor.

1992 – UNESCO, WORLD HERITAGE CONVENTION

INSTITUCIONALIZAÇÃO DO CONCEITO DE PAISAGENS CULTURAIS E NOVOS CRITÉRIOS PARA A SUA INSCRIÇÃO NA LISTA DO PATRIMÓNIO MUNDIAL

Novos critérios e três categorias (parágrafos 35 a 39):

1. Paisagens desenhadas e criadas intencionalmente pelo Homem -compreendendo jardins e parques construídos, muitas vezes associados a edifícios monumentais ou religiosos e a conjuntos.

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O DESPONTAR DE UMA NOVA ATITUDE: PAISAGENS CULTURAIS

Fotos: IPA/DGEM; e Arq. Nuno Lopes

1992 – UNESCO, WORLD HERITAGE CONVENTION2. Paisagens que evoluíram organicamente - resultado de imperativos sócio-económicos,

administrativos e/ou religiosos e que desenvolveram a sua forma actual em resposta ao ambiente natural. Paisagens que reflectem o processo evolutivo através da sua forma e dos componentes que integram. Distinguindo: Paisagem fóssil ou relíquia - aquela na qual o processo evolutivo chegou ao fim numa determinada altura do passado, de forma abrupta, ou durante um período. As distintas componentes que a caracterizam continuam visíveis e materializadas. Paisagem em continuidade - aquela que mantém um papel social activo na sociedade contemporânea, estreitamente associado a modos de vida tradicionais e cujo processo evolutivo se encontra ainda em curso. Exibe evidências do seu processo evolutivo ao longo do tempo.

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Fotos: Uluru Kata Tjuta, Austrália; Tongariro, Nova Zelândia; Sukur, Nigéria

1992 – UNESCO, WORLD HERITAGE CONVENTIONTipologias:3. Paisagem cultural associativa – na existência de fortes valores relacionados com

associações religiosas, artísticas ou culturais a elementos naturais.

O DESPONTAR DE UMA NOVA ATITUDE: PAISAGENS CULTURAIS

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PATRIMÓNIO PAISAGISTICO: OS CAMINHOS DA TRANSVERSALIDADE, APAP 2007

A NOSSA EVOLUÇÃO:

1975, criação do Serviço Nacional de Parques, Reservas e Património Paisagístico (SNPRPP), integrado numa Secretaria de Estado do Ambiente, assumindo as responsabilidade das políticas da conservação da natureza

1983, o SNRPP passa a designar-se por Serviço Nacional de Parques, Reservas e Conservação da Natureza (SNPRCN) e é tutelado por um Ministério do Equipamento Social e do Ambiente.

1993, criação do actual Instituto da Conservação da Natureza (ICN).

2005, aprovada em Portugal pelo Decreto nº 4 de 14 de Fevereiro

da Convenção Europeia da Paisagem (2000).

Consulte-se: A. Cancela de Abreu - Paisagem enquanto Património. Em: Património e Ambiente,

Revista Pedra & Cal, nº 34. Lisboa: GECORPA, 2007.

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PORTUGAL: TERRITORIAL dimension of the problems

POLÍTICAS ECONÓMICAS DESADEQUADAS À GESTÃO DE PAISAGENS CULTURAIS

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PORTUGAL: TERRITORIAL dimension of the problems

POLÍTICAS ECONÓMICAS DESADEQUADAS À GESTÃO DE PAISAGENS CULTURAIS

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E PORTUGAL HOJE? A DIMENSÃO TERRITORIAL DOS NOSSOS PROBLEMAS

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PORTUGAL HOJE? A FUNDAMENTAL DIMENSÃO ECONÓMICA DOS PROBLEMAS

Fotografias de António Pedro Ferreira Expresso

MORALIDADE DE GEOMETRIA VARIÁVEL NA CONSERVAÇÃO?Um (de já demasiados) exemplo(s), a Quinta da Bacalhoa e alguns títulos de jornais: Publico 2001: «Como Se Transforma Um Laranjal em Vinha»«Ippar Dá Mais "Um Mês" para Remediar Atentado ao Património na Quinta da Bacalhoa» (em 2001)Expresso 2003: «O jardim de Berardo»!

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PORTUGAL HOJE: RENOVAÇÃO EM VEZ DE REABILITAÇÃO

Para a ARQUITECTURA as grandes controvérsias resumem-se a Ghery or not Ghery?

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E A ARQUITECTURA?

Crise disciplinar na arquitectura: a crítica e os lobbies predominantes da nossa cultura arquitectónica privilegiam um pluralismo consumista, o hedonismo, a (pseudo)ruptura e a deconstrução ...quando se constrói no (ou com o) construído!

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E A ARQUITECTURA?

A crítica de arquitectura exalta o que a crítica da conservação

condena: os lobbies da cultura arquitectónica descuram a

conservação, preferem o “fazer património de hoje” de acordo

com um pluralismo consumista, hedonista, ou a (pseudo)ruptura

da deconstrução!

EM PLENA CRISE ... PROJECTAR NA CIDADE HISTÓRICA E CONSTRUIR NO CONSTRUÍDO SURGE COMO UMA OPORTUNIDADE MILAGREIRA!

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O FACHADISMO COMO O “EXEMPLO” A SEGUIR

EM VEZ DE CONSERVAÇÃO URBANA: A RENOVAÇÃO E O FACHADISMO INSTAURARAM-SE COMO O PARADIGMA A SEGUIR!O património urbano tornou-se um campo florescente de rápidos oportunismos políticos e disciplinares!

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PORTUGAL: a CIDADE HISTÓRICA É PROBLEMA OU OPORTUNIDADE?

Transfomou-se a cidade histórica num bem de consumo, onde explode a vulgata do kitsch, dos «fast food´s», das lojas do atroz produto “típico”; a extrema

banalização do que era único e essencial! Como o criador do Frankenstein perguntamos: Meu Deus, o que fizemos?

NO SUCESSO DOS (mal “ditos”) CENTROS HISTÓRICOS O GERMEN DA SUA DESTRUIÇÃO IDENTITÁRIA!

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PORTUGAL: A HISTÓRIA É UM PROBLEMA OU UMA OPORTUNIDADE?

A HISTÓRIA: PROBLEMA OU OPORTUNIDADE?

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-E HOJE?DESINVESTIMENTO DO ESTADO; DESMANTELAMENTO DE

ESTRUTURAS COM 70 ANOS DE VIDA (DGEMN) E DE UMA PRAXIS DE CONSERVAÇÃO BASEADA EM EXPERIÊNCIAS DE DÉCADAS (SEM ALTERNATIVA CREDÍVEL), COM O SABER ADQUIRIDO EM RISCO DE SE PERDER (levar-nos-á 20 anos para formar a geração que hoje alienamos); A NECESSIDADES DE REVISÃO URGENTE DOS PROCESSOS SRU´s.

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PORTUGAL: PROBLEMAS GRAVES NA CONSERVAÇÃO

XVII Governo Constitucional: Processo de Reorganização da Administração Central do Estado – PRACE: tornar o Estado mais eficiente, menos produtor (de serviços) e mais capaz de regular e fiscalizar.

Reduzir o número de organismos públicos, evitar pulverização de unidades orgânicas (e chefias), extinguir organismos demasiado reduzidos, uniformizar serviços desconcertados e regionais da administração central (submetendo-os ao modelo das NUTS II: Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve), partilhar serviços nos ministérios (funções de suporte, racionalizar meios e libertar os organismos da sua lógica mais burocrática, (re)organizar – minimalistamente - cada Ministério, por exemplo instituindo para cada um só órgão consultivo).

O PRACE no Ministério da Cultura: processo legislativo arrastado, sinuoso e opaco; orientado sem a consideração (ou conhecimento) das realidades (pré)existentes na Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico

(ignorando as lições da história).

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PORTUGAL: PROBLEMAS GRAVES NA CONSERVAÇÃO

O PRACE no Ministério da Cultura:As Leis Orgânicas do IGESPAR e das DRC’S incoerentes entre si, relevam omissões, sobreposições de competências, excessivas contradições, normativa incompreensível e impraticável, conduzindo a interpretações antagónicas.Exemplo: o e-government preconizado no SIMPLEX, da Estratégia de Lisboa e do Choque Tecnológico, é hoje de pior qualidade nas áreas da conservação do património era há dois anos atrás.Gestão dos recursos humanos: quatros técnicos de elevadíssimo valor (por exemplo arquitectos, arqueólogos, engenheiros, historiadores especialistas em conservação do património) lançados no limbo (exp. extinção da DGEMN)! Funcionários sem enquadramento funcional (estrutura do Estado de enquadramento, quadro único ou na mobilidade, com que estatuto?); por solucionar a contratação de técnicos com vínculo precário (os especializados oriundos do ex-IPA, ou da ex-DGEMN).Consequências? Baixa produtividade, falta de motivação, degradação das relações cidadãos-utentes, explosão nas aprovações tácitas de projectos(faltam recursos que permitam a rápida resolução técnica das apreciações de propostas de alteração …de monumentos nacionais, ou em ZEP´s).

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PORTUGAL: PROBLEMAS GRAVES NA CONSERVAÇÃO

O PRACE e o MC: Problemas na gestão de informação

A base da política de conservação assenta na capacidade de avaliar o valor dos bens classificados ou classificáveis, em função disso estabelecem-se as políticas de salvaguarda e de controlo dos processos de mudança.É fundamental um excelente sistema de inventariação e de gestão de informação!

Ficou fora do Ministério da Cultura (e do IGESPAR) serviços excelentes como o SIPA - Sistema de Informação criado pela ex-DGEMN, o Arquivo do Forte de Sacavém (importante fundo documental do património arquitectónico português); que foi, pasme-se, entregue ao Ministério do Ambiente.

Aspecto preocupante pela sua implicação nos processos de licenciamento; agudiza-se na necessidade de acompanhamento de obras em imóveis classificados e respectivas zonas de protecção; extrema-se nas dificuldade da avaliação de impactes de grandes empreendimentos sobre o património cultural; e dificulta o acompanhamento à elaboração e/ou revisão dos principais instrumentos de ordenamento do território, níveis absolutamente fulcrais para o enquadramento da conservação de património imóvel (da arquitectura, dos lugares e cidades, dos territórios e paisagens históricas).

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PORTUGAL: PROBLEMAS GRAVES NA CONSERVAÇÃO

A Gestão do Património foi politizada a um nível inadmissível (só comparável ao que sucedeu no ESTADO NOVO):

os circuitos de decisão não funcionando, tornam-se incompreensíveis acabando por resultar numa fundamentação excessivamente política das decisões patrimoniais (em vez de assentarem em justificações culturais e científicas, de clara fundamentação técnica, o que é particularmente grave em conservação)!

Situação preocupante quando se inicia um processo de alienação de património público de que não havia memória desde a privatização dos bens do clero e da igreja, nos século XIX e no início da República.

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PORTUGAL: PROBLEMAS GRAVES NA CONSERVAÇÃO

O PRACE e o MC: ProblemasEm Santa Clara finaliza-se um dos mais importante projectos de sempre da conservação em Portugal, com um belíssimo projecto de um centro interpretativo e de apoio à investigação dos Professores Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez …mas ninguém parece hoje poder garantir que, após a inauguração, o almejado e longamente discutido centro possa abrir e funcionar (com que quadro de investigadores, técnicos e funcionários)?

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PORTUGAL: PROBLEMAS GRAVES NA CONSERVAÇÃO

O PRACE e o MC: Problemas de GestãoDivisão do Convento de Cristo: a Charola e grande parte do conjunto Monumental ficou a cargo do IGESPAR; o Castelo e a Capela de Nª Senhora da Conceição aos cuidados da Direcção Regional da Cultura de Lisboa e Vale do Tejo; a Mata envolvente do monumento nas mãos do Instituto da Conservação da Natureza.

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-E HOJE? (08-10-2008)

-O INÍCIO DE UM PROCESSO VASTÍSSIMO DE ALIENAÇÃO PARA INTERESSES PRIVADOS DE PATRIMÓNIO NACIONAL. FORTE DE PENICHE: POUSADA?

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-E HOJE? (08-10-2008)

-UM VASTO PROCESSO DE ALIENAÇÃO PARA PRIVADOS DE PATRIMÓNIO NACIONAL http://www.oesteonline.pt/noticias/noticia.asp?nid=19241

(…) O presidente da Câmara de Alcobaça exaltou os campos de golfe previstos para São Martinho e Pataias como a maior luta e prioridade do concelho, que no entanto não foram contemplados no Plano Regional de Ordenamento do Território de Lisboa e Vale do Tejo (PROT-LVT). “A abertura de espaços para golfe ainda está muito condicionada, mas pensamos que tudo ficará resolvido na fase de reclamações. O Governo e a Comissão de Coordenação do Desnvolvimento Regional têm que optar em São Martinho entre as vacas, os porcos e o turismo, e o que tem que vingar ali é o turismo”, apontou.

Num encontro onde foi discutida a nova legislação do sector, Gonçalves Sapinho falou ainda dos “novos investimentos para o concelho”, sem que nada de realmente novo tenha

sido apresentado. O desejo de criar no Mosteiro de Alcobaça um hotel de charme, a criação da Área de Localização Empresarial da Benedita e a requalificação de São Martinho do Porto, bem como o complexo Nova Alcobaça foram os projectos, já tantas vezes debatidos, destacados pelo edil.

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PORTUGAL: PROBLEMAS GRAVES NA CONSERVAÇÃO

16 de Outubro:Lançamento da PP-CUTLT

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REABILITAÇÃO OU RENOVAÇÃO FACHADISTA?

Giovannoni:A compatibilidade dos usos atribuídos para os CH com as características específicas da sua morfo-tipologia, escala e capacidades do seu parcelamento!

Na verdade também a conservação material do património cultural e o social …estão a desaparecer das preocupações da reabilitação em Portugal!

Jornal Global, entrevista a Pedro Seabra (imobiliária CB Richard Ellis), 10 de Outubro, Imobiliário, p.3:«Para mim, o maior empecilho que existe é reabilitar realmente, criando condições de habitabilidade e de conforto e, para tal, é preciso poder pôr elevadores, fazer estacionamento, etc. Para isso é preciso mexer até determinado ponto e, como tal, uma casinha não basta, é preciso um quarteirão. Mas, para isso, é preciso ter poder para retirar os inquilinos que lá estão e que têm direitos e podem impedir que isso aconteça. Enquanto isso não for enquadrado de alguma forma, vai ser muito difícil que a reabilitação aconteça como deve ser».

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PATRIMÓNIO DE SABERES

A EXCELÊNCIA DE ALGUNS PROJECTOS URBANOS:

A CANDIDATURA DA UNIVER(SC)IDADE DE COIMBRA A PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE. Adequação dos planos e das metodologias adoptadas. Rigor na execução. Qualidade irrepreensível dos processos de análise, diagnóstico, planeamento e projecto! Excelência nos processos de diálogo, comunicação e informação!

Intangible Cultural Heritage

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PATRIMÓNIO DE SABERES

A EXCELÊNCIA DE PROCESSOS: A CANDIDATURA DA UNIVER(Sc)IDADE DE COIMBRA A PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE

Adequação dos planos de diversa escala.

Intangible Cultural Heritage

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PATRIMÓNIO DE SABERES

A EXCELÊNCIA DO PROCESSO DE COIMBRA:

Qualidade irrepreensível dos projectos (G. Byrne)!

Intangible Cultural Heritage

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PATRIMÓNIO DE SABERES

A EXCELÊNCIA DO PROCESSO DE CANDIDATURA DA UNIVER(Sc)IDADE DE COIMBRA A PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE

Qualidade irrepreensível dos processos de projecto (J. Mendes Ribeiro)!

Intangible Cultural Heritage

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PATRIMÓNIO DE SABERES

SOBRE A EXEMPLARIDADE DO PROCESSO DE COIMBRA:

Notável qualidade dos estudos científicos, assim como da investigação e análises prévias ao rigor dos diagnósticos avançados!

Intangible Cultural Heritage

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NOVOS PATRIMÓNIOS: O INTANGÍVEL

AS CULTURAS E OS SABERES COMO PATRIMÓNIO

CONVENÇÕES DA UNESCO1972, World Heritage2003, Intangible Cultural Heritage2005, Cultural Diversity

J. Jokilehto, Brandi in the World of Today. Lisboa, LNEC, Maio de 2006

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PATRIMÓNIO DOS SABERES

PADERNE, MITR, 2006:

Aperfeiçoamento em Técnicas de Construção Tradicional

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PATRIMÓNIO DOS SABERES

PADERNE, MITR, 2006:

Aperfeiçoamento em Técnicas de Construção Tradicional

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PATRIMÓNIO DOS SABERES

GUIMARÃES, CMG-PAGUS, 2006:

Prática reflectida de reabilitação urbana

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PATRIMÓNIO DOS SABERES

MÉRTOLA, CMM-MITR, 2007:

Reabilitação urbana: práticas concertadas!

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ORDEM DOS ARQUITECTOS 2008

José Aguiar, Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa

PATRIMÓNIO DE SABERES

CM BEJA, 2007: Oficina Técnicas Tradicionais Revestimento

Intangible Cultural Heritage

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José Aguiar, Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa

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José Aguiar, Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa

ALGUM APOIO DOCUMENTAL:

http://http://mestrado-reabilitacao.fa.utl.pt

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José Aguiar, Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa

ALGUM APOIO DOCUMENTAL:

http://icomos.fa.utl.pt/

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José Aguiar, Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa

PARA TERMINAR, EM CONTRACICLO

“Afigura-se-me que há duas formas de olhar para as rápidas transformações por que o mundo passa. Muitos vêem sobretudo o que muda, outros procuram surpreender o que, a despeito delas permanece”.

Orlando Ribeiro, 1945