3º SIMULADO MODELO ENEM - 20193ª SÉRIE e PRÉ-VESTIBULAR

Ciências Humanas e suas Tecnologias

1º

DIA

Redação, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Sábado: das 13h às 18h30min.

90 Questões

Duração: 5h30min.

Dia: 30 de junho

2019 - 3º SIMULADO ENEM

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Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (Opção Inglês)

QUESTÃO 1

Após a abertura das ações, o Facebook vive o seu momento mais crítico. Apesar de contar com uma base de usuários colossal – são 955 milhões de perfis ativos –, o valor das ações vem caindo constantemente. De acordo com o cartum, a expressão a bucket list (encontrada acima em sua forma plural) designa uma lista de a) resoluções de ano novo através das quais as pessoas

promovem mudanças em suas vidas. b) coisas que as pessoas querem ter a chance de fazer

antes de chegarem ao fim de suas vidas. c) decisões infelizes das quais as pessoas se

arrependem amargamente por toda a existência. d) atitudes a serem cultivadas pelas pessoas que desejam alcançar a longevidade com saúde. e) situações constrangedoras das quais as pessoas idosas se recordam com muito bom humor. Gabarito: B Resolução/Comentário: A questão tem como objetivo avaliar a habilidade do aluno de compreender, mediante a análise do contexto, o sentido de uma expressão idiomática da língua inglesa, a saber, a bucket list. A expressão remete a uma lista de coisas que o indivíduo deseja fazer antes de morrer. No cartum, é possível perceber a presença de três idosos. Cada um deles diz algo que quer fazer antes de morrer. Os dois homens desejam fazer coisas muito arriscadas: pular de paraquedas e praticar bungee jumping. A ironia do cartum reside no fato de que a mulher planeja comprar ações do Facebook, algo que também pode ser visto como muito arriscado, tendo em vista a queda do valor das ações desde que a empresa anunciou a sua entrada na Bolsa de Valores em maio de 2012. QUESTÃO 2

MY WAGE I bargained with Life for a penny, And Life would pay no more, However I begged at evening When I counted my scanty store;

For Life is a just employer, He gives you what you ask, But once you have set the wages, Why, you must bear the task. I worked for a menial’s hire, Only to learn, dismayed, That any wage I had asked of Life, Life would have paid.

RITTENHOUSE, Jessie B. My wage. Disponível em: <http://theinvisiblementor.com>. Acesso em: 22 mar. 2015.

Jessie Belle Rittenhouse foi poeta e crítica literária. Em 1930, ela foi condecorada com a medalha Robert Frost pela contribuição literária ao longo de sua vida. Com base no poema anterior, o eu lírico a) denuncia a cruel exploração sofrida pelos trabalhadores por parte de empresários gananciosos que visam

somente o lucro. b) percebe que, se tivesse realmente desejado ir mais longe do que foi, a vida se encarregaria de recompensá-

lo devidamente. c) admite que o receio de perder o emprego fez com que ele se conformasse em viver uma vida destituída de

grandes metas. d) confessa que não colocou sua vida profissional em primeiro plano, o que fez com que ele levasse uma

vida miserável. e) recorda, com tristeza, o impacto provocado em sua vida pela escolha profissional equivocada que ele fez em

sua juventude. Gabarito: B Resolução/Comentário: A questão avalia a habilidade do aluno de usar a língua inglesa para compreender um produto cultural específico, no caso, um poema. Nos dois primeiros versos da segunda estrofe, o eu lírico declara que \"a Vida é apenas um empregador, que vai dar a você exatamente aquilo que você pedir\". Em outras palavras, sem grandes aspirações, se leva uma vida sem grandes realizações.

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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QUESTÃO 3

Disponível em: <www.commonsenseevaluation.com>. Acesso em: 21 maio 2013.

O atentado à bomba na Maratona de Boston matou três pessoas e deixou mais de 200 feridos. Dois irmãos de origem chechena, Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev, são os principais suspeitos de terem promovido os ataques. Um deles morreu em tiroteio com a polícia, o outro está sob custódia. Com base na imagem anterior, ao fazer uso do vocábulo welfare, o cartunista a) revela toda a sua indignação quanto à política de assistência social praticada pelo governo americano. b) clama pela necessidade de repensar as políticas governamentais de concessão de bolsas de estudo. c) exige a reforma imediata do sistema carcerário, além da suspensão dos benefícios concedidos aos detentos. d) questiona a inoperância das autoridades policiais, que não conseguem garantir a segurança da sociedade. e) defende a inocência dos irmãos Tsarnaev, atribuindo a culpa dos atentados à ineficácia do governo. Gabarito: A Resolução/Comentário: A questão tem como objetivo avaliar a habilidade do aluno para compreender, mediante a análise do contexto, o sentido de um vocábulo da língua inglesa, a saber, welfare. Segundo o dicionário Oxford on-line, o termo designa \"o suporte financeiro concedido àqueles que estão desempregados ou que, de alguma forma, necessitam de ajuda do governo\". Na visão do cartunista, três fatores concorreram para os atentados de Boston: a filosofia do politicamente correto, as iniciativas de assistência social e as políticas de imigração. QUESTÃO 4

Disponível em: <www.nydailynews.com>. Acesso em: 21 maio 2013.

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Chris Holmes é um britânico criativo que encontrou uma forma diferente de pedir sua demissão. Holmes trabalhava no controle de imigração do Aeroporto de Stansted, em Londres. No dia em que completou 31 anos, decidiu tomar uma atitude e mudar o rumo da sua carreira. Com base em seu "comunicado comestível" reproduzido na imagem anterior, pode-se dizer que Holmes a) queixa-se da atitude de seus colegas de trabalho que frequentemente o criticavam por causa de sua

dedicação intensa ao trabalho de confeiteiro. b) justifica a sua saída da empresa pelo fato de ter sido convidado por uma confeitaria para trabalhar com a

decoração de bolos especiais. c) explica que o nascimento do filho foi um fator que pesou na decisão de deixar o emprego para dedicar-se à

família e ao seu negócio de bolos. d) aproveita para tentar convencer os funcionários da empresa da qual ele se demitiu a adquirir os bolos que ele

produz para eventos especiais. e) comunica que os bolos que ele cria estão expostos em um site na internet, mas que os pedidos devem ser

feitos por telefone ou pessoalmente. Gabarito: C Resolução/Comentário: No texto, redigido na superfície de um bolo, Holmes comunica à empresa na qual trabalha que, em função de seu aniversário de 31 anos e do nascimento de seu filho, ele está desligando-se da firma para dedicar seu tempo e sua energia à sua família e para fazer aquilo que gosta. QUESTÃO 5

De fato, as redes sociais ultrapassaram a sua função original de entreter e articular relações pessoais para se tornar um dos principais instrumentos de cobrança de posturas éticas do poder público e de empresas privadas, de organização de manifestações de cunho político, cultural e social, ou simplesmente de divulgação e/ou posicionamento contra determinadas práticas. A imagem acima tem como propósito a) criticar aqueles que se omitem de tentar ajudar alguém que está em perigo em virtude da violência urbana. b) mostrar o poder que as redes sociais têm para combater a epidemia de violência urbana que toma conta

das cidades. c) sensibilizar o leitor a aderir a campanhas institucionais que defendem as mulheres contra a

violência doméstica. d) divulgar algumas iniciativas nas quais o internauta pode participar como uma forma de fazer a diferença

no mundo. e) convidar as pessoas a refletirem sobre a necessidade de deixar o apoio virtual de lado e agir de

forma concreta. Gabarito: E Resolução/Comentário: A questão verifica se o aluno tem a habilidade de reconhecer a função de um texto. O cartum em questão convida o leitor a refletir criticamente sobre a tendência de desenvolver campanhas de mobilização na internet em contraste com a incapacidade de promover ações concretas para ajudar alguém que necessita.

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Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (Opção Espanhol)

QUESTÃO 1

A palavra “altruista” presente na tirinha de Mafalda, quando traduzida para a língua portuguesa, teria como sinônimo: a) interessante. b) filantropo. c) significativo. d) sigiloso. e) ardiloso. Gabarito: B Resolução/Comentário: O vocabulário altruista, da língua espanhola, também significa altruísta na língua portuguesa. Note que em espanhol não leva o acento agudo. Logo altruista, assim como na língua portuguesa, pode ter como sinônimo a palavra filantropo. QUESTÃO 2

El Everest, al límite: el mayor atasco de su historia provoca dos muertos

Las colas en la cima del Everest, el pasado miércoles.

Miren la fotografía y piensen en el ser humano. La ambición del individuo: el techo del mundo, bajo mis

pies. La ambición de la especie: la Tierra, para nuestro consumo. Un año más el Everest como símbolo. El pasado miércoles 22 fue un día de récord: más de 200 personas alcanzaron la cima de la montaña

más alta del planeta, la mayor cifra jamás vista allá arriba. Aunque por la vertiente norte (China) aún se estaban colocando los últimos tramos de cuerda fija, por la vertiente sur (Nepal) se repitieron las colas durante toda la mañana hasta completar el registro único. Gracias a la ayuda de los sherpas, al oxígeno embotellado y a las rutas marcadas con cuerdas y escaleras, por unos 60.000 euros casi cualquiera puede hollar el Everest y realmente cualquiera lo hace. Cada temporada, los escaladores expertos, que buscan rescatar la montaña, se quejan de la cantidad de novatos que intentan la subida. Y nadie les hace caso. Y deberían.

Porque miren la fotografía y piensen en los riesgos. Decenas de personas agolpadas en un lugar inhabitable. Decenas de personas exponiéndose a la muerte. Un año más el Everest como cementerio.

https://www.elmundo.es/deportes/nieve O texto faz um relato sobre um fato ocorrido no monte Everest. Podemos perceber tanto na imagem quanto no texto algo que foi um dos destaques desse acontecimento, que no texto está descrito como las colas. A alternativa que melhor traduz esse fato destacado seria: a) a altura impressionante do Everest. b) as filas humanas. c) a cortina de neve. d) o forte vento que causava perigo. e) os novatos despreparados para a escalada. Gabarito: B Resolução/Comentário: A resposta correta é a letra B, las colas, vocabulário espanhol que, quando traduzido para a língua portuguesa, carrega como significado “as filas”.

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QUESTÃO 3

Matan a una anciana en su vivienda en Fuenlabrada para robarle Mercedes V., de 84 años, fue hallada muerta el miércoles por la mañana en su casa situada en el bajo del número

6 de la calle de Los Ángeles de Fuenlabrada.

La anciana murió tras ser golpeada durante un robo, según las primeras pesquisas policiales. Los agentes encontraron la casa revuelta y desordenada y en la misma faltaba algún objeto de valor, de acuerdo a fuentes policiales.

Fue la asistenta de la octogenaria la que el miércoles por la mañana acudió a la casa de Mercedes pero nadie le abrió la puerta. La mujer avisó a un vecino y a un hermano de la inquilina.

Finalmente, un vecino del piso bajo entró sobre las 16.15 horas en la casa y halló a la mujer junto a un gran charco de sangre. Avisaron de inmediato a la Policía y a los médicos de emergencias para que atendieran a la mujer.

La casa tenía claros indicios de que se había producido un robo en su interior, por lo que las primeras hipótesis apuntan a que los ladrones la asesinaron. Los residentes aseguran que no vieron nada raro en la finca durante el miércoles por la mañana. No obstante, señalan que hay inseguridad en la zona por robos de los que suelen ser víctimas los ancianos.

adaptadodehttps://www.elmundo.es/madrid

O texto relata sobre um assassinato de uma anciã. De acordo com o texto, o responsável pelo assassinato a) ainda não foi descoberto, embora haja suspeitas. b) suspeita-se que seja um de seus vizinhos. c) seguramente foi um vizinho. d) seguramente foi um ladrão. e) suspeita-se que tenha sido sua assistente. Gabarito: A Resolução/Comentário: Ao final do texto, é confirmada a forte suspeita de que sejam ladrões os assassinos, mas o texto não confirma o caso solucionado. Logo, alternativa A. QUESTÃO 4

https://www.unidadvictimas.gov.co/es/banners/todos-contra-el-derroche

O texto abordado representa uma campanha do governo da Colômbia, que destaca o termo “ahorro”. Esse vocabulário da língua espanhola remete à(ao) a) preservação. b) ecologia. c) economia. d) desperdício. e) energia. Gabarito: C Resolução/Comentário: A palavra espanhola Ahorro, quando traduzia para a língua portuguesa, significa economia, logo, alternativa C.

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QUESTÃO 5

Na tirinha de Condorito, seus sobrinhos têm uma dúvida. No terceiro quadrinho, o sobrinho confronta o tio dizendo: “Déja de chistes malos”. Com isso, o menino quer dizer que o tio deixe de a) conselhos ruins. b) pensamentos ruins.

c) enrolação. d) comparações ruins.

e) piadas ruins.

Gabarito: E Resolução/Comentário: Quando o sobrinho diz: “Déja de chistes malos”. Ele quer dizer ao tio para deixar de fazer piadas ruins. Portanto, temos a letra E como alternativa correta.

Questões de 06 a 45 Texto para as próximas duas questões:

“Meu xará, carioca da Tijuca, foi ao Pará surfar a pororoca, em um rio infestado de piranhas e jacarés. Nas margens, viu jaguares, quatis e capivaras. No céu, sobrevoavam araras, tucanos e urubus. Enquanto estava lá, bebeu suco de caju e de maracujá. Comeu pipoca, mandioca, carne de tatu e de paca. Visitou uma taba amazônica e foi cutucado por um curumim curioso. Dormiu em uma oca cheia de cupim e ficou com o corpo coberto de perebas. Foi atendido por um pajé.”

O texto acima é fictício e pode até ter informações inexatas, mas serve para mostrar como a língua usada no dia a dia no Brasil recebeu grande influência do idioma tupi, amplamente falado no país quando os primeiros portugueses chegaram aqui no século 16. Nada menos que 26 palavras de origem indígena (que estão grifadas em itálico) foram usadas no parágrafo. O tupi antigo foi, durante as primeiras décadas de ocupação portuguesa, a principal língua de comunicação entre índios, europeus e uma geração de brasileiros mestiços que começava a povoar o território nacional; acabou perdendo importância a partir de meados do século 18, quando o então primeiro-ministro português, Marquês de Pombal, proibiu o uso e o ensino do tupi no Brasil e decretou o português língua oficial. O objetivo de Pombal era enfraquecer a Igreja Católica e os jesuítas, que utilizavam a língua indígena para se aproximar e catequizar os nativos brasileiros. Apesar disso, a língua se manteve viva, principalmente, por meio de palavras do português falado no Brasil. Segundo o filólogo Evanildo Bechara, organizador do Dicionário da Academia Brasileira de Letras (ABL), a contribuição do tupi se deu principalmente no vocabulário, já que não houve influências importantes na gramática do português (na pronúncia, na fonética ou na sintaxe). “Desde cedo, a língua portuguesa entrou em contato com essas línguas [indígenas]. Então é natural que, do ponto de vista do vocabulário, os portugueses tenham encontrado nomes de plantas e animais que não eram conhecidos [até então]. O vocabulário da língua portuguesa está repleto de palavras indígenas, porque os portugueses encontraram aqui um novo mundo da fauna e da flora”, explica.

Adaptado de http://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2014-12/tupi-deu-importantes- contribuicoes-ao-portugues. Acesso em 27/05/2019.

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QUESTÃO 6 A partir desse breve histórico sobre a influência do tupi na formação da língua portuguesa falada no Brasil, entende-se que a manutenção de traços da língua indígena, na composição do idioma nacional, contribuiu para a) a ressignificação de ideias da cultura portuguesa manifestadas desde o período colonial. b) a identificação e a referência a valores ambientais e culturais característicos do território. c) a distinção, para os colonos portugueses, dos variados grupos que ocupavam o território à época de

sua chegada. d) a formação de aspectos estruturalistas relacionados à fonética e à sintaxe da norma padrão. e) o apagamento dos valores culturais reproduzidos pelos povos que historicamente ocupavam o território. Gabarito: B Resolução/Comentário: Nas palavras de Evanildo Bechara, apresentadas pelo texto, “O vocabulário da língua portuguesa está repleto de palavras indígenas, porque os portugueses encontraram aqui um novo mundo da fauna e da flora”. Por meio dessa perspectiva de fala, já é possível entender o potencial do tupi, aos colonos portugueses, em identificar e referenciar valores ambientais característicos do território. A isso, somam-se referências também a aspectos culturais como visto em curumim, pajé e pindaíba.

QUESTÃO 7 Expressões como Tijuca, pororoca, piranhas, caju, pipoca e mandioca são substantivos empregados no texto em perspectiva literal e representam uma manifestação de linguagem em caráter a) regionalista, na medida em que as palavras foram projetadas para a comunicação de pessoas pertencentes a

um grupo de determinada região. b) formal, uma vez que essas estruturas lexicais são reconhecidas como referências possíveis a registros denotativos. c) técnico, visto o grau de especificidade dos termos, o que faz problematizar a comunicação como interação cotidiana. d) coloquial, uma vez que nesse conjunto de palavras predominam referências de valor conotativo. e) erudito, pela utilização de palavras que são entendidas como alegóricas e rebuscadas, incompatíveis com

enunciações espontâneas. Gabarito: B Resolução/Comentário: No texto, ainda que Tijuca, pororoca, piranhas, caju, pipoca e mandioca sejam vistas como expressões advindas do tupi, no resultado da enunciação, são também compreendidas como expressões aplicadas em perspectiva formal, já significam ideias coerentes a valores denotativos.

QUESTÃO 8

Texto I Texto II Texto III

https://www.pinterest.pt/pin/501166264767467481/?lp=true

Um texto serve para a composição de outro, e a ele dá-se o nome de texto base ou texto fonte, presente nos diversos gêneros literários. Nas criações em geral, as novas referências, implícitas ou explícitas, dilatam uma cadeia complexa de enunciados. Nos trabalhos acima, ocorre intertextualidade explícita, porque a) coube ao leitor recuperar, na memória, o sentido do texto usado para a reprodução. b) oferecem elementos que rememoram o texto fonte, mas causam digressão com a sugestão cinematográfica

(Texto II). c) ficou clara a fonte sob os quais os textos foram criados, e isso aconteceu de maneira intencional. d) fundamentado na memória coletiva, o texto fonte não esclarece o elemento autoral. e) a nova referência, quando expressão ou registro de fato cotidiano (Texto III), submerge a

composição do texto base e deprecia o valor intangível desse texto fonte. Gabarito: C Resolução/Comentário: O texto fonte, usado como base para a construção das paródias, é Mona Lisa, ou A Gioconda, a mais notável e conhecida obra de Leonardo da Vinci, eminente artista do Renascimento italiano.

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QUESTÃO 9

O hip hop tem sua filosofia própria, com valores construídos pela condição das experiências vividas nas periferias de muitas cidades. Colocando-se como um contraponto à miséria, às drogas, ao crime e à violência, o hip hop busca interpretar a realidade social. Seu objetivo é justamente encontrar saídas e fornecer uma alternativa à população excluída.

SOUZA, J.; FIALHO, V. M.; ARALDI, J. Hip hop: da rua para a escola. Porto Alegre: Sulina, 2008.

As autoras abordam no texto um movimento cultural que também tem características reconhecidas nos(nas) a) traços e formas que representam personagens de olhos desproporcionalmente maiores e expressivos,

conhecidos como mangá. b) formas de se vestir e de cortar os cabelos com objetivos contestadores à ordem social, próprios do

movimento punk. c) frases e dizeres de qualquer espécie, rabiscados sobre fachadas de edifícios, que marcam a pichação. d) movimentos leves e sincronizados com os pés que deslocam o dançarino, denominados moonwalk. e) declamações rápidas e ritmadas de um texto, com alturas aproximadas, características do rap. Gabarito: E Resolução/Comentário: As principais características do hip hop e do rap são as declamações rápidas e ritmadas, enfocando problemas sociais urbanos. QUESTÃO 10

Samba – Di Cavalcanti

Disponível em http://www.elfikurten.com.br/2013/05/emiliano-di-cavalcanti-reminiscencias.html “Cercavam-lhe homens, mulheres e crianças; todos queriam novas dela. Não vinha em traje de domingo; trazia casaquinho branco, uma saia que lhe deixava ver o pé sem meia num chinelo de polimento com enfeites de marroquim de diversas cores. No seu farto cabelo, crespo e reluzente, puxado sobre a nuca, havia um molho de manjericão e um pedaço de baunilha espetado por um gancho. E toda ela respirava o asseio das brasileiras e um odor sensual de trevos e plantas aromáticas. Irrequieta, saracoteando o atrevido e rijo quadril baiano, respondia para a direita e para a esquerda, pondo à mostra um fio de dentes claros e brilhantes que enriqueciam a sua fisionomia com um realce fascinador.”

AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. Rio de Janeiro: Ática, 1975 A observação dos textos, acerca da pluralidade de grupos sociais no Brasil, propõe que a) a tela modernista revela o mesmo ingrediente feminino exposto no texto naturalista, e já esboça o que se

confirmaria nos tempos atuais: a negritude como elemento estético. b) a tela modernista contradiz o trecho literário por sugerir a mulher como objeto de desejo – e não como figura

independente do alicerce masculino. c) o texto e a tela dissociam-se a partir da temática. Naquele, a mulher é celebrada; neste, é

apenas contemplada. d) a forma de ambos – texto e tela – não traz qualquer similaridade, já que no texto, ao contrário do que acontece

com a pintura, há uma preocupação formal evidente. e) somente o trecho explora o ideal estético da herança africana no habitante brasileiro do século passado. Gabarito: A Resolução/Comentário: Tanto o texto naturalista quanto a tela de Di Cavalcanti exploram a sensualidade e a beleza da mulher negra.

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QUESTÃO 11

CAMPOS, Augusto de. Amortemor.

In: Vivavaia. São Paulo: Perspectiva, 2007

Poemas visuais não são uma prerrogativa do século XX, embora tenham sido mais explorados a partir da segunda metade desse mesmo século. Exigindo do leitor uma nova forma de consumo estético e um olhar menos discursivo para o objeto artístico, o poema propõe a(o) a) conexão inevitável entre amor e morte, conquanto tal ligação não seja

expressa na realidade. b) exploração sintática e fonética entre termos opostos. c) destituição das conformidades linguísticas d) consumo da arte pelas linguagens verbal e não-verbal. e) expressão fragmentada de estéticas literárias passadas. Gabarito: D Resolução/Comentário: A geometria e a linguagem verbal (termos que se fundem ou que se expressam isoladamente) conectam-se para propor a ideia de que o triângulo amoroso pode possuir desfecho trágico: a morte. Expressões como temor, te amo, amor e morte comprovam essa ideia.

QUESTÃO 12

A escultura do artista construtivista Amílcar de Castro é representativa da arte contemporânea brasileira e tem o traço estrutural marcado por elementos como a) o corte e a dobra. b) a força e a visualidade. c) o adereço e a expressão. d) o rompimento e a inércia. e) a decomposição e a articulação. Gabarito: A Resolução/Comentário: Na arte construtivista, os objetos destacam a noção de estrutura e movimento no espaço e são construídos de materiais preexistentes e usados junto às técnicas disponíveis na criação de novas sínteses e aplicáveis a todos os domínios para a realização de uma nova sociedade e de uma nova realidade; os elementos desta construção artística remetem ao trabalho industrial de cortar e dobrar. QUESTÃO 13

Texto I Texto II Liberada, judoca árabe faz história nos Jogos Olímpicos de Londres. Aos 16 anos de idade, a judoca Wojdan Ali Seraj Shaherkani, da categoria pesado (acima de 78 kg), fez história nos Jogos Olímpicos de Londres. Ela se tornou a primeira mulher da Arábia Saudita a disputar uma Olimpíada. Isso depois de superar não só o preconceito em seu país como também o quase veto da Federação Internacional de Judô (FIJ), que não queria permitir que a atleta competisse vestindo o hijab, o tradicional véu islâmico.

No âmbito do esporte de alto rendimento, o uso do véu pela lutadora saudita durante os jogos Olímpicos de Londres 2012 representa o(a) a) descumprimento da regra oficial do judô. b) risco para a integridade física das atletas adversárias. c) vantagem para a atleta saudita na competição de judô. d) influência de aspectos culturais e religiosos no esporte. e) dificuldade da mulher islâmica para vencer preconceitos. Gabarito: D Resolução/Comentário: Por meio de comunicado oficial, a Federação Internacional anunciou que havia chegado a um acordo com o Comitê Olímpico da Arábia Saudita. Informou que, ao lado do Comitê Internacional, trabalhou numa proposta que agradasse a todas as partes: “A solução garante um bom equilíbrio entre a segurança e as considerações culturais”, demonstrando a influência de aspectos culturais e religiosos no esporte.

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QUESTÃO 14

Durante a produção textual, muitos recursos são utilizados, para expressar algum sentido além do óbvio; podem ser construídos de muitas maneiras, exigindo diversas competências do leitor.

Nessa peça publicitária, é responsável pelos efeitos de sentido: a) reflexão – o creme dental é o único a assumir a higiene bucal, essencial à saúde, ao hálito puro, aos

dentes saudáveis. b) metáfora – ocorre um jogo de palavras entre 12 x 24: mecanismo das horas que mantêm o PH bucal. c) criticidade – pesquisas que refletem a realidade brasileira demonstram que produtos de higiene

são supérfluos. d) ironia – a produção linguística textual não alcança a massa popular, desinformada e com graves

problemas dentários. e) duplo sentido – a escolha do adjetivo “prudente” remete à expressão “para o dente”, responsável pelo efeito

de humor. Gabarito: E Resolução/Comentário: Diversas unidades linguísticas apresentam a mesma sonoridade e podem significar coisas diferentes, admitir mais de uma leitura ou interpretação. Na peça publicitária, isso ocorre com o adjetivo “prudente” e a expressão “para o dente”. Textos para as próximas duas questões:

Texto I

Mandioca man·di·o·ca

1. BOT. Planta arbustiva perene (Manihot esculenta), da família das euforbiáceas, originária da América do Sul, podendo alcançar até 5 m de altura, de folhas inferiores palmatilobadas e superiores, às vezes inteiras, longipecioladas, flores em cachos axilares e frutos capsulares ovoides; é muito cultivada por suas raízes tuberosas, de casca pardacenta e massa esbranquiçada, contendo um suco leitoso, acre, mais ou menos venenoso, conforme o teor de ácido cianídrico presente. Depois de tratadas a alta temperatura, que as faz perder a toxidade, as raízes são usadas na produção de farinha, tapioca, fécula e ração animal; castelinha.

Michaelis, dicionário on-line. Texto disponível em http://michaelis.uol.com.br/busca?id=qOPq1.

Texto II

ONU declara a mandioca como o alimento do século XXI Eleita pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o alimento mais importante do século, a

mandioca é utilizada para consumo humano, animal e industrial; nesse último caso, é fundamental para diferentes segmentos, como os setores de papel e celulose, panificação, têxtil, indústria farmacêutica e de cosméticos, fertilizantes, aplicação em campos de petróleo e siderurgia e na alimentação, servindo como base para a produção de alimentos sem glúten, lactose e funcionais. Atualmente, a produção da mandioca está concentrada em alguns países, como a Nigéria, Tailândia, Indonésia, Brasil, República Democrática do Congo e Gana. Segundo o último levantamento divulgado pela ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a produção mundial de raiz de mandioca correspondeu a 270,28 milhões de toneladas em 2014, estando o Brasil na quarta posição com uma produção de 23,24 milhões de toneladas. O país concentra três grandes centros produtivos: o Pará (alimentício), a região Sul (industrial) e o Mato Grosso. Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram que o Paraná foi responsável por 70% do total de fécula de mandioca produzida no país em 2015 – número que é mantido a cada safra, sendo a região de Paranavaí (PR) uma referência mundial em produtividade e qualidade.

Disponível em https://nordesterural.com.br/onu-declara-a-mandioca-como-o-alimento-do-seculo-xxi/. Acesso em 27/05/2019.

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QUESTÃO 15 Apesar de se relacionarem com o mesmo conceito, os textos I e II diferenciam-se por pertencerem a gêneros textuais que cumprem, respectivamente, a função social de a) resumir e avaliar. b) analisar e reportar.

c) definir e informar. d) comentar e explanar.

e) discutir e conscientizar.

Gabarito: C Resolução/Comentário: Os textos de verbete e reportagem são composições de caráter expositivo e correspondem, respectivamente, às funções de definir um conceito e de informar sobre a perspectiva social relacionada a uma ideia. QUESTÃO 16 Na estruturação do texto II, é possível identificar o emprego de dados numéricos que se constituem como componentes de uma estratégica discursiva para a) referenciar conceitos relativos a práticas alimentares pelo mundo. b) expor informações específicas a respeito da produção agrícola no Brasil. c) especificar noções sobre o processo produtivo de mandioca nos estados brasileiros. d) conferir veracidade à ideia de que a mandioca deve ser reconhecida como importante alimento no século XXI. e) problematizar os impactos relacionados ao plantio de mandioca. Gabarito: D Resolução/Comentário: Em textos expositivos de caráter informativo, dados numéricos são comumente usados enquanto estratégia para comprovar uma ideia apresentada. QUESTÃO 17

O sedutor médio Vamos juntar Nossas rendas e expectativas de vida querida,

o que me dizes? Ter 2, 3 filhos e ser meio felizes?

VERISSIMO, L. F. Poesia numa hora dessas?! Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.

No poema “O sedutor médio”, é possível reconhecer a presença de posições críticas a) nos três primeiros versos, em que “juntar expectativas de vida” significa que, juntos, os cônjuges poderiam viver mais, o

que faz do casamento uma convenção benéfica. b) na mensagem veiculada pelo poema, em que os valores da sociedade são ironizados, o que é acentuado pelo uso do

adjetivo “médio” no título e do advérbio “meio” no verso final. c) no verso “e ser meio felizes?”, em que “meio” é sinônimo de metade, ou seja, no casamento, apenas um dos cônjuges

se sentiria realizado. d) nos dois primeiros versos, em que “juntar rendas” indica que o sujeito poético passa por dificuldades financeiras e

almeja os rendimentos da mulher. e) no título, em que o adjetivo “médio” qualifica o sujeito poético como desinteressante ao sexo oposto e inábil em termos

de conquistas amorosas. Gabarito: E Resolução/Comentário: Uma das características da obra de Veríssimo é o uso de ironias, que fazem uma crítica social. No poema “O Sedutor Médio”, essa ironia é caracterizada pelo adjetivo “médio” e o advérbio “meio”, utilizada para criticar o matrimônio. QUESTÃO 18

Soneto Já da morte o palor me cobre o rosto, Nos lábios meus o alento desfalece, Surda agonia o coração fenece, E devora meu ser mortal desgosto! Do leito embalde no macio encosto Tento o sono reter!… já esmorece O corpo exausto que o repouso esquece… Eis o estado em que a mágoa me tem posto!

O adeus, o teu adeus, minha saudade, Fazem que insano do viver me prive E tenha os olhos meus na escuridade. Dá-me a esperança com que o ser mantive! Volve ao amante os olhos por piedade, Olhos por quem viveu quem já não vive!

(AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000)

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O núcleo temático do soneto citado é típico da segunda geração romântica, porém configura um lirismo que o projeta para além desse momento específico. O fundamento desse lirismo é a(o) a) angústia alimentada pela constatação da irreversibilidade da morte. b) melancolia que frustra a possibilidade de reação diante da perda. c) descontrole das emoções provocado pela autopiedade. d) desejo de morrer como alívio para a desilusão amorosa. e) gosto pela escuridão como solução para o sofrimento. Gabarito: B Resolução/Comentário: Esse lirismo melancólico, uma das principais características da poesia de Álvares de Azevedo, pode ser encontrado nos versos “Do leito embalde no macio encosto/ Tento o sono reter!... já esmorece/ O corpo exausto que o repouso esquece.../ Eis o estado em que a mágoa me tem posto!”. QUESTÃO 19

Texto I

https://focusfoto.com.br/fotomontagens/

Texto II

https://zupi.pixelshow.co/fotomontagens-de-hannah-hoch/

A arte dadaísta apresentada, exemplos de fotomontagem, foi criada pelos artistas Max Ernst (Texto I) e Hannah Höch (Texto II) com a utilização de fotografias originais, fotos de jornais e de revistas. A técnica remete à sobreposição de elementos para criar uma realidade nonsense, ou seja, sem sentido, expressão desse grupo de artistas diante dos horrores da Primeira Guerra Mundial.

As fotomontagens acima são responsáveis pela criação de um impacto visual imediato e ilustram ideias por meio de a) destruição da forma e de apelo estético. b) justaposições incomuns, absurdas ou satíricas. c) valorização do belo e de estruturas discretas. d) preenchimento de formas com elementos circenses. e) depravações e de imagens pervertidas. Gabarito: B Resolução/Comentário: A arte dadaísta expressa a decepção de um grupo de artistas em relação à incapacidade da ciência, da religião e da filosofia, que se revelaram pouco eficazes em evitar a destruição da Europa e de tantas vidas. Os artistas, que elaboravam seus trabalhos com fotomontagens, faziam justaposições incomuns, absurdas ou satíricas.

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QUESTÃO 20 Figuras são recursos linguísticos, num sentido não convencional. A anáfora é a repetição da mesma palavra ou grupo de palavras ou versos consecutivos, muito usada em quadrinhos, música e em literatura em geral. É possível avaliar o recurso anáfora em qual imagem a seguir? a)

b)

c)

d)

e)

Gabarito: D Resolução/Comentário: A anáfora, figura pleonástica, caracteriza-se por uma repetição ou redundância de termos. No quadro, observa-se a repetição de um mesmo indivíduo, ou seja, de uma mesma estrutura. Os demais quadros apresentam: a) antítese; b) metáfora; c) ironia; e) personificação.

QUESTÃO 21

Capítulo LIV — A pêndula Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estirei-me na cama, é certo, mas foi o mesmo que nada. Ouvi

as horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula fazia-me muito mal; esse tiquetaque soturno, vagaroso e seco parecia dizer a cada golpe que eu ia ter um instante menos de vida. Imaginava então um velho diabo, sentado entre dois sacos, o da vida e o da morte, e a contá-las assim:

— Outra de menos… — Outra de menos… — Outra de menos… — Outra de menos… O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-lhe corda, para que ele não deixasse de bater nunca, e

eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos. Invenções há, que se transformam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que morre.

Naquela noite não padeci essa triste sensação de enfado, mas outra, e deleitosa. As fantasias tumultuavam-me cá dentro, vinham umas sobre outras, à semelhança de devotas que se abalroam para ver o anjo-cantor das procissões. Não ouvia os instantes perdidos, mas os minutos ganhados.

ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992 (fragmento).

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O capítulo apresenta o instante em que Brás Cubas revive a sensação do beijo trocado com Virgília, casada com Lobo Neves. Nesse contexto, a metáfora do relógio desconstrói certos paradigmas românticos, porque a) o narrador e Virgília não têm percepção do tempo em seus encontros adúlteros. b) como “defunto autor”, Brás Cubas reconhece a inutilidade de tentar acompanhar o fluxo do tempo. c) na contagem das horas, o narrador metaforiza o desejo de triunfar e acumular riquezas. d) o relógio representa a materialização do tempo e redireciona o comportamento idealista de Brás Cubas. e) o narrador compara a duração do sabor do beijo à perpetuidade do relógio. Gabarito: D Resolução/Comentário: As batidas do relógio desconstroem uma possível idealização romântica, pois evidenciam a preocupação de Brás Cubas com o tempo e a sua materialização. QUESTÃO 22

Texto I

Eu falo de amor à vida, você de medo da morte Eu falo da força do acaso e você, de azar ou sorte Eu ando num labirinto e você, numa estrada em linha reta Te chamo pra festa mas você só quer atingir sua meta Sua meta é a seta no alvo Mas o alvo, na certa não te espera Eu olho pro infinito e você, de óculos escuros Eu digo: "Te amo" e você só acredita quando eu juro Eu lanço minha alma no espaço, você pisa os pés na terra. Eu experimento o futuro e você só lamenta não ser o que era E o que era? Era a seta no alvo Mas o alvo, na certa não te espera

https://www.vagalume.com.br/paulinho-moska/a-seta-e-o-alvo.html

Texto II

O trecho da canção de Paulinho Moska e a tirinha assemelham-se no uso de uma linguagem pautada no emprego de figuras bem específicas, com o uso de a) uma linguagem denotativa sobre a vida e o romance entre casais. b) ideias paradoxais e de hipérbatos sobre a vida e os relacionamentos. c) uma linguagem conotativa carregada de antíteses e paradoxos que permeiam os relacionamentos e a vida. d) hipérbatos que justificam o contraponto e a inversão das ações na vida e nos relacionamentos. e) uma linguagem plurissignificativa tão comum nas relações e na vida. Gabarito: C Resolução/Comentário: Os textos são carregados de antíteses e paradoxos. Trazem a reflexão da dualidade da vida.

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QUESTÃO 23

Gênero dramático é aquele em que o artista usa como intermediária entre si e o público a representação. A palavra vem do grego drao (fazer) e quer dizer ação. A peça teatral é, pois, uma composição literária destinada à apresentação por atores em um palco, atuando e dialogando entre si. O texto dramático é complementado pela atuação dos atores no espetáculo teatral e possui uma estrutura específica, caracterizada: 1) pela presença de personagens que devem estar ligados com lógica uns aos outros e à ação; 2) pela ação dramática (trama, enredo), que é o conjunto de atos dramáticos, maneiras de ser e de agir das personagens encadeadas à unidade do efeito e segundo uma ordem composta de exposição, conflito, complicação, clímax e desfecho; 3) pela situação ou ambiente, que é o conjunto de circunstâncias físicas, sociais, espirituais em que se situa a ação; 4) pelo tema, ou seja, a ideia que o autor (dramaturgo) deseja expor, ou sua interpretação real por meio da representação.

COUTINHO, A. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973 (adaptado). Considerando o texto e analisando os elementos que constituem um espetáculo teatral, conclui-se que a(o) a) criação do espetáculo teatral apresenta-se como um fenômeno de ordem individual, pois não é possível

sua concepção de forma coletiva. b) cenário onde se desenrola a ação cênica é concebido e construído pelo cenógrafo de modo autônomo e

independente do tema da peça e do trabalho interpretativo dos atores. c) texto cênico pode originar-se dos mais variados gêneros textuais, como contos, lendas, romances, poesias,

crônicas, notícias, imagens e fragmentos textuais, entre outros. d) corpo do ator na cena tem pouca importância na comunicação teatral, visto que o mais importante é

a expressão verbal, base da comunicação cênica em toda a trajetória do teatro até os dias atuais. e) iluminação e o som de um espetáculo cênico independem do processo de produção/recepção do espetáculo

teatral, já que se trata de linguagens artísticas diferentes, agregadas posteriormente à cena teatral. Gabarito: C Resolução/Comentário: Como menciona o trecho de Afrânio Coutinho, o espetáculo teatral é uma composição literária, cujo texto dramático possui uma estrutura específica, sendo caracterizado de maneira geral pela forma como é contado (pela ação e diálogo dos personagens, e não por um narrador), e não por seu conteúdo, que pode ser oriundo de diversas fontes. QUESTÃO 24

O Chat e sua linguagem virtual O significado da palavra chat vem do inglês e quer dizer “conversa”. Essa conversa acontece em tempo

real, e, para isso, é necessário que duas ou mais pessoas estejam conectadas ao mesmo tempo, o que chamamos de comunicação síncrona. São muitos os sites que oferecem a opção de bate-papo na internet, basta escolher a sala que deseja “entrar”, salas são divididas por assuntos, como educação, cinema, esporte, música, sexo, entre outros. Para entrar, é necessário escolher um nick, uma espécie de apelido que identificará o participante durante a conversa. Algumas salas restringem a idade, mas não existe nenhum controle para verificar se a idade informada é realmente a idade de quem está acessando, facilitando que crianças e adolescentes acessem salas com conteúdos inadequados para sua faixa etária. Segundo o texto, o chat proporciona a ocorrência de diálogos instantâneos com linguagem específica, uma vez que, nesses ambientes interativos, faz-se uso de protocolos diferenciados de interação. O chat, nessa perspectiva, cria uma nova forma de comunicação porque a) possibilita que ocorra diálogo sem a exposição da identidade real dos indivíduos, que podem recorrer a

apelidos fictícios sem comprometer o fluxo da comunicação em tempo real. b) disponibiliza salas de bate-papo sobre diferentes assuntos com pessoas pré-selecionadas por meio de um

sistema de busca monitorado e atualizado por autoridades no assunto. c) seleciona previamente conteúdos adequados à faixa etária dos usuários que serão distribuídos nas faixas de

idade organizadas pelo site que disponibiliza a ferramenta. d) garante a gravação das conversas, o que possibilita que um diálogo permaneça aberto, independente da

disposição de cada participante. e) limita a quantidade de participantes conectados nas salas de bate-papo, a fim de garantir qualidade e

eficiência dos diálogos, evitando mal-entendidos. Gabarito: A Resolução/Comentário: Essa nova forma de comunicação possibilita que ocorra diálogo sem a expressão de identidade real dos indivíduos. Por ser um chat, é necessário escolher um nickname, ou seja, um apelido. Logo, tem-se um diálogo sem comprometer o fluxo da comunicação em tempo real conforme indica a opção correta.

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QUESTÃO 25

O voleibol é um dos esportes mais praticados na atualidade e está presente nas competições esportivas, nos jogos escolares e na recreação. Nesse esporte, os praticantes usam alguns movimentos específicos, como saque, manchete, bloqueio, levantamento, toque, entre outros. Na imagem acima, identificam-se os movimentos de a) sacar e colocar a bola em jogo, defender a bola, e realizar uma cortada como forma de ataque. b) arremessar a bola, tocar para passar a bola para o levantador, e bloquear como forma de ataque. c) tocar e colocar a bola em jogo, cortar para defender, e levantar a bola para atacar. d) passar a bola e iniciar a partida, lançar a bola ao levantador, e realizar a manchete para defender. e) cortar como forma de ataque, passar para defender, e bloquear como forma de ataque. Gabarito: A Resolução/Comentário: A figura 1 representa o movimento de saque, que representa o início do jogo. Já a figura 2 mostra o movimento de manchete, com a função de recepcionar a bola que vem do saque ou então de um ataque. A última figura simula o movimento de ataque e de bloqueio. QUESTÃO 26

A ironia é a figura de linguagem que consiste no emprego de uma palavra ou expressão de forma que ela tenha um sentido diferente do habitual e produza um humor sutil. Para que a ironia funcione, esse jogo com as palavras deve ser feito com elegância, de uma maneira que não deixe transparecer imediatamente a intenção. A ironia pode ser identificada em: a)

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b)

c)

d)

e)

Gabarito: D Resolução/Comentário: A figura predominante na tirinha é a ironia, que se repete no item d. Temos metonímia, aliteração, onomatopeia e, por fim, a antítese, na letra e.

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QUESTÃO 27

É consenso que a obesidade infantil vem aumentando de forma significativa e que ela determina várias complicações na infância e na idade adulta. Na infância, o manejo pode ser ainda mais difícil do que na fase adulta, pois está relacionado a mudanças de hábitos e disponibilidade dos pais, além de uma falta de entendimento da criança quanto aos danos da obesidade.

Mello ED et alii. Jornal de Pediatria - Vol. 80, Nº3, 2004

O aumento da obesidade infantil está ligada a) à classe econômica em que o indivíduo está inserido. b) ao sexo, à idade e à maturidade sexual. c) aos hábitos alimentares e ao estilo de vida familiar.

d) ao nível de escolaridade da população. e) à genética e ao sistema fisiológico e metabólico.

Gabarito: C Resolução/Comentário: Tem-se observado um aumento da prevalência de obesidade, o qual está estritamente relacionado com mudanças no estilo de vida (outros tipos de brincadeiras, mais tempo frente à televisão e jogos de computadores, maior dificuldade de brincar na rua pela falta de segurança) e nos hábitos alimentares (maior apelo comercial pelos produtos ricos em carboidratos simples, gorduras e calorias, maior facilidade de fazer preparações ricas em gorduras e calorias e menor custo de produtos de padaria.) QUESTÃO 28

Texto I

https://veja.abril.com.br/entretenimento/apresentada-a-gemea-da-mona-lisa-pintada-lado-a-lado-com-da-vinci/

Texto II

“Segundo um artigo da The Century Magazine, assinado por Walter Littlefield, mais outra versão, a recém-restaurada Gioconda Velata, do Museu do Prado (Madri), teria sido adquirida por Carlos I de Espanha apenas para competir com Francisco I da França – e a sua “original”. Essa pintura era tida como autêntica à época, mas toda a glamourização e mística em torno da de Paris foram gradativamente “embaçando” sua importância e legitimidade. Seja como for, a atribuição mais aceita agora à Velata paira sobre os nomes de Salaino ou Francesco Melzi, assistentes de Leonardo. Ora, todo o fundo da obra – antes negro – fora removido revelando um cenário análogo àquele do Louvre quando um ou outro teria imediatamente preparado uma cópia a partir da “Mona Lisa. Entretanto, já surgem afirmações da possibilidade dessas duas modelos serem, na verdade, uma única e jovem mulher (seguindo-se a versão da Espanha, em melhor estado). E mais: para sustentar a tese, teria, então, ocorrido um equívoco a respeito da idade da personagem da versão clássica devido a vernizes e craquelês – que a teriam tornado uma mulher de meia-idade.”

http://leiturasdahistoria.com.br/misterios-da-mona-lisa/ Mesmo antes de ser finalizada em 1502, a obra de arte mais célebre do mundo, a Mona Lisa, já gozava de certa popularidade na Europa; Hoje, a obra está envolvida em polêmicas, porque há, aproximadamente, 60 pretensas “Mona Lisas” – ou “Giocondas” – pelo mundo, espalhadas pela Europa, Estados Unidos e Japão, o que implica questões de a) fama, pois todas elas são parte do acervo do Louvre, o maior do mundo. b) juízo crítico, uma vez que especialistas em arte não testificam a versão clássica. c) valoração, caso sejam leiloadas. d) atualização, porque todas são poderosas incógnitas, estão em profundo segredo. e) autenticidade, porque se reivindica a autoria de cada uma delas. Gabarito: E Resolução/Comentário: A maioria dos especialistas afirma que a única certeza sobre autorias em Arte – com raras exceções – é a de que não existem “certezas absolutas”; e inclui-se, aí, boa parte das obras que podem ser admiradas nos mais importantes museus e coleções do mundo. Espera-se que, ao menos, estudos e análises resolvam o mistério entre a Mona Lisa de Madri e a versão clássica.

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QUESTÃO 29

Texto I

Denúncia de·nún·ci·a / sf 1. Ato ou efeito de denunciar; revelação. 2. Revelação de algo ilegal que era secreto: “Recebemos uma denúncia. Importa-se se revistarmos seu quarto? […] – Que denúncia? – Tráfico de drogas” (LA3). 3. Acusação de crime ou de qualquer atitude ilegal feita a uma autoridade. 4. JUR Exposição escrita que revela o autor de uma ação criminosa e solicita ao juiz criminal pena prescrita em lei; denunciação. 5. Exposição pela qual uma das partes de um contrato comunica à outra a intenção de rescindi-lo e o prazo para a sua realização.

http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=den%C3%BAncia

Texto II https://grandesnomesdapropaganda.com.br/agencias/campanha-da-leo-burnett-destaca-importancia-da-denuncia-anonima-no-combate-criminalidade/

Os diferentes gêneros textuais podem, a partir de funções comunicativas distintas, abordar o mesmo tema, conforme verificado nos textos acima.

Comparando os dois textos, constata-se que o texto II distancia-se do I quanto à a) intenção de provocar uma atitude, mudança comportamental, em seu interlocutor. b) seleção lexical, de modo a evidenciar o detalhamento das informações. c) finalidade instrucional, pautada na descrição de elementos. d) utilização de linguagem não-verbal, cuja finalidade é destacar fatos cronológicos. e) temática abordada, haja vista a imperativa presença masculina na campanha. Gabarito: A Resolução/Comentário: O texto II, a partir de sua finalidade comunicativa, procura levar seu interlocutor a uma mudança de postura, de modo a estimular a prática de denúncias. QUESTÃO 30

Conceitos e importância das lutas Antes de se tornarem esportes, as lutas ou as artes marciais tiveram duas conotações principais: eram

praticadas com o objetivo guerreiro ou tinham um apelo filosófico como concepção de vida bastante significativa. Atualmente, nos deparamos com a grande expansão das artes marciais em nível mundial. As raízes

orientais foram se disseminando, ora pela necessidade de luta pela sobrevivência ou para a “defesa pessoal”, ora pela possibilidade de ter as artes marciais como própria filosofia de vida.

CARREIRO, E. A. Educação Física na escola: Implicações para prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008 (fragmento).

Com base no texto, o verdadeiro objetivo da aprendizagem na prática de lutas foi mal compreendido, afinal, elas a) se tornaram um esporte, mas eram praticadas com o objetivo guerreiro, a fim de garantir a sobrevivência. b) apresentam a possibilidade de desenvolver o autocontrole, o respeito ao outro e a formação do caráter. c) possuem como objetivo principal a “defesa pessoal” por meio de golpes agressivos sobre o adversário. d) sofreram transformações em seus princípios filosóficos em razão da sua disseminação sobre o mundo. e) se disseminaram pela necessidade de luta pela sobrevivência ou como filosofia pessoal de vida. Gabarito: E Resolução/Comentário: O texto afirma que o verdadeiro objetivo da aprendizagem das lutas foi mal compreendido porque, inicialmente, não se aplicava a brigas e confrontos de torcidas organizadas; conforme o primeiro parágrafo afirma, as lutas “se disseminaram pela necessidade de luta pela sobrevivência ou como filosofia pessoal de vida”.

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QUESTÃO 31

Gêneros textuais Os gêneros textuais são um modo de classificar os textos.

Os textos, sejam eles escritos ou orais, embora sejam diferentes entre si, podem apresentar diversos pontos em comum. Quando eles apresentam um conjunto de características semelhantes, podem ser classificados em determinado gênero textual. Dessa maneira, os gêneros textuais podem ser compreendidos como as diferentes formas de linguagem empregadas nos textos, configurando-se como manifestações socialmente reconhecidas que procuram alcançar intenções comunicativas semelhantes, exercendo funções sociais específicas. Cada gênero textual tem o seu próprio estilo e pode ser diferenciado dos demais por meio das suas características. Algumas das características que determinam o gênero textual são o assunto, o papel dos interlocutores e a situação. Graças à sua natureza, torna-se impossível definir a quantidade de gêneros textuais existentes na língua portuguesa.

https://www.estudopratico.com.br/generos-textuais/

Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como práticas de linguagem, assumindo funções específicas, formais e de conteúdo. Considerando as informações presentes no texto acima, o objetivo básico do texto é a) definir regras na construção de textos diversos a partir do contexto de circulação. b) esclarecer que, apesar de características diversas, os variados textos têm a mesma função comunicativa. c) instruir quanto à variedade existente de gêneros textuais, a partir de sua natureza múltipla. d) questionar a quantidade de gêneros textuais existentes na língua portuguesa. e) descrever a intenção comunicativa dos gêneros textuais mais comuns na comunicação. Gabarito: C Resolução/Comentário: O texto acima procura instruir quanto às múltiplas formas assumidas por um gênero textual, ou seja, há uma variedade de gêneros que atuam a partir da intenção do assunto, do papel dos interlocutores e da situação na qual está inserido.

QUESTÃO 32

O efeito cômico, na estrutura acima, ocorre em virtude da(e) a) ironia, criada a partir da utilização da palavra cabeça. b) paradoxo, já que é inconcebível abrir a cabeça de alguém. c) antítese, pois se observa uma ideia antagônica entre abrir a cabeça de

alguém e ler um bom livro. d) ambiguidade, uma vez que a expressão “usar um machado” tem

duplo sentido. e) eufemismo, porque a intenção foi informar um ato agressivo de

maneira suave. Gabarito: D Resolução/Comentário: A palavra “machado” pode ser interpretada como substantivo próprio (sobrenome do escrito) como substantivo comum (objeto usado como corte).

QUESTÃO 33

(Laerte. “Piratas do Tietê”. Folha de S.Paulo, 20.09.2016)

No quadrinho, no contexto em que foi citada, a estrutura “Anda vendo muito filme, cidadão” indica que a) o personagem não deveria ser raptado. b) os raptores, na verdade, não são aliens. c) o rapto está sendo feito de forma não programada. d) a concepção de abdução no cinema aconteceria de maneira incomum. e) o raptado está sonhando e pode-se dizer que se considera ator de um filme. Gabarito: D Resolução/Comentário: Ordinariamente, nos filmes em que se apresenta o tema invasão de alienígenas, ela se dá de maneira espetacular, fantástica, incomum.

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QUESTÃO 34

Texto I Texto II

Ultracrepidário Para entender sua etimologia, não basta identificar

os dois vocábulos latinos de onde ela deriva - ultra e crepidam, que significam "além" e "sandália", respectivamente. Essas duas palavras fazem parte da famosa máxima latina Ne sutor ultra crepidam ("não vá o sapateiro além da sandália"), alusão a um célebre incidente que, segundo Plínio, o Velho (XXXV, 10, 36) teria ocorrido com Apeles, o famoso pintor da Grécia antiga. Conta-se que Apeles, que costumava expor suas pinturas na porta do ateliê para observar as reações dos passantes, viu um sapateiro que examinava detalhada e demoradamente o pé de uma suas figuras. Ao indagar-lhe, curioso, o que tanto atraía sua atenção, foi informado de que o desenho da fivela da sandália estava equivocado. Apeles agradeceu a informação e apressou-se a retocar o quadro, corrigindo o erro. No dia seguinte, no entanto, o sapateiro, depois de constatar, com satisfação, que sua opinião havia sido acatada, apresentou nova crítica ao quadro, dessa vez quanto ao movimento da mão da personagem retratada - momento em que Apeles, então, o teria escorraçado, pronunciando a frase que se tornou lendária: "não vá o sapateiro além da sandália". No Brasil,esse dito popular é conhecido sob a forma de "não vá o sapateiro além da chinela"

https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/noticia/2013/09/claudio-moreno.

É possível associar, semanticamente, o provérbio descrito a: a) “Cada macaco no seu galho.” b) “Filho de peixe, peixinho é.” c) “É dando que se recebe.” d) “Quem com ferro fere, com ferro, será ferido.” e) “Gato escaldado tem medo de água fria.” Gabarito: A Resolução/Comentário: Do dito popular, citado no enunciado da questão, para explicar a expressão ultracrepidário, entende-se aquele que, presunçoso ou imprudente, vai além do limite do seu conhecimento, dando opinião sobre algo que não é sua especialidade orienta o ouvinte a ocupar o seu espaço. Essa compreensão se associa semanticamente ao dito da opção A. QUESTÃO 35 Acerca da estrutura acima, entende-se que a) o valor das expressões falanges, rádio e fíbula é

passivo. b) o substantivo rádio, independentemente do contexto,

pertence ao gênero masculino. c) há palavras utilizadas intencionalmente com duplo

sentido. d) as expressões “sempre” é “a todo momento” possuem

valores semânticos diferentes. e) a ambiguidade que se observa nesse contexto foi

casual, ou seja, não houve esse propósito. Gabarito: C Resolução/Comentário: As expressões: “posso contar”, “estar ao meu lado” e “por apoiar-me” possuem duplo sentido.

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QUESTÃO 36

A concordância verbal que se observa na tirinha acima explicita que sujeito no plural exige verbo no plural; sujeito no singular, verbo no singular. No entanto, às vezes, o verbo está no plural, e o seu sujeito referência pode ser apenas um elemento, como ocorre em:

a)

b)

c)

d)

e)

Gabarito: D Resolução/Comentário: Em “levaram tudo” o sujeito é indeterminado, ou seja, a quantidade de núcleos pode variar de um a infinito.

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QUESTÃO 37

“Eu urrava nos poliedros da Justiça meu momento abatido na extrema Paliçada os professores falavam da vontade de dominar e da luta pela vida as senhoras católicas são piedosas os comunistas são piedosos os comerciantes são piedosos só eu não sou piedoso se eu fosse piedoso meu sexo seria dócil e só se ergueria aos sábados à noite eu seria um bom filho meus colegas me chamariam cu-de-ferro e me fariam perguntas: por que navio boia? por que prego afunda? eu deixaria proliferar uma úlcera e admiraria as estátuas de fortes dentaduras iria a bailes onde eu não poderia levar meus amigos pederastas ou barbudos eu me universalizaria no senso comum e eles diriam que tenho todas as virtudes (...)”

PIVA, Roberto. A Piedade. In: Coxas. Rio de Janeiro: Codecri, 1972

Roberto Piva é um dos mais celebrados poetas da geração chamada Poesia Jovem, típica do início dos anos 1970, no Brasil. No poema A Piedade, o autor combina duas ideias: a hipótese e a ironia, de modo a criar uma realidade que a) abdica de todos as possibilidades de rebeldia, posto que a visão do eu lírico aborda o fato de ele participar de

um modelo social aceitável. b) se mantém inalterada por expressar o poder de moldar o indivíduo. c) une duas ideias antagônicas: ser piedoso e ser bom filho, condições que exprimem o que há de mais

contraditório na formação do caráter de um homem. d) critica o senso comum, embora opte por poupar o eu lírico apresentando-o como uma figura heroica capaz de

se libertar das amarras sociais. e) expressa a renúncia do eu lírico à normatização, que o torna um componente de uma sociedade que pouco

tem a oferecer como criatividade e que cede aos preconceitos e à imposição das regras. Gabarito: E Resolução/Comentário: A hipótese, marcada pela conjunção “se” iniciando vários versos, está combinada com a contradição do poeta, que não se diz piedoso. Caso fosse, estaria normatizado, mas foge a isso, rebelando-se.

QUESTÃO 38

“A cegueira nos illude: mesmo em casa, me appavora, não havendo quem me adjude, caminhar, confesso agora. Sempre assumo uma atitude precavida: si estou fora, temo o piso, arisco e rude; si estou dentro, o que me escora.

Sensação tenho de estar, sem appoio, em mau local ou suspenso, num logar escurissimo e abyssal! Como, em sonho, a gente pisa num boeiro ou lodaçal, num buraco e affunda, bisa, accordado: é tudo egual!”

GLAUCO MATTOSO. Bathofobia. Disponível em https://www.poesiaprimata.com/category/glauco-mattoso/

Glauco Mattoso é o pseudônimo de Pedro José Ferreira da Silva, poeta que fez parte da Geração Marginal, no início dos anos 1970. A forma transgressora de fazer uso da língua é um das marcas de sua poética, tão original quanto comprometida com a realidade social contemporânea. Tal transgressão pode ser interpretada como a) uma reação estética à forma e à pronúncia das palavras, criando, de maneira satírica, uma crítica às reformas

sofridas pela língua portuguesa através dos anos. b) um apelo estético à licença poética, condição fundamental para que se crie o verdadeiro texto literário. c) a valorização da musicalidade, gerada a partir das modificações silábicas e fonêmicas de alguns vocábulos. d) a retomada de uma poética típica do século XVIII, neoclássica, que privilegia o vocábulo (significante) em

detrimento do seu símbolo (significado). e) um aprofundamento da proposta universal de que literatura é basicamente linguagem, de modo que o texto

literário obrigatoriamente necessita dessa atitude para sobreviver. Gabarito: A Resolução/Comentário: Ao dobrar as consoantes ou embutir fonemas vocálicos onde não deveriam existir, Glauco Mattoso elabora uma crítica bem humorada às transformações de que as palavras foram “vítimas’ através dos tempos. As constantes reformas são seu alvo.

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QUESTÃO 39

“Caía a tarde. No pequeno jardim da casa do Paquequer, uma linda moça se embalançava indolentemente numa rede de palha presa aos ramos de uma acácia silvestre, que estremecendo deixava cair algumas de suas flores miúdas e perfumadas. Os grandes olhos azuis, meio cerrados, às vezes se abriam languidamente como para se embeberem de luz, e abaixavam de novo as pálpebras rosadas. Os lábios vermelhos e úmidos pareciam uma flor da gardênia dos nossos campos, orvalhada pelo sereno da noite; o hálito doce e ligeiro exalava-se formando um sorriso. Sua tez alva e pura como um froco de algodão, tingia-se nas faces de uns longes cor-de-rosa, que iam, desmaiando, morrer no colo de linhas suaves e delicadas. O seu trajo era do gosto o mais mimoso e o mais original que é possível conceber; mistura de luxo e de simplicidade (...)”

ALENCAR, José de. O Guarani. São Paulo: Ática, 1977 Uma das diretrizes da prosa romântica brasileira foi a adjetivação excessiva e, junto a esse fator, como consequência, o sentimentalismo acentuado. No trecho de José de Alencar, o mais expressivo prosador dessa estética, tais elementos podem ser observados, o que caracteriza o trecho a) um exemplo do gênero crônica, considerando que, independentemente da linguagem, o texto explora

fatos quotidianos. b) como um texto dramático, já que sua estrutura privilegia a descrição de uma personagem típica das

peças teatrais. c) como poema em prosa, ou prosa poética, que consiste na estrutura narrativa aliada ao alto grau

de subjetividade. d) um típico modelo de fusão entre texto literário e texto não-literário, já que não conta uma história, embora

mantenha características descritivas de personagens. e) como um paradigma de um texto literário lírico, por conta das figuras de linguagem exploradas pelo autor. Gabarito: C Resolução/Comentário: Embora o excerto pertença a um texto narrativo por excelência, a adjetivação excessiva e a ausência imediata de um enredo que solidifique a trama geram um caráter poético ao trecho. Como sua estrutura é narrativa (linear), é possível considerá-lo poema em prosa ou prosa poética. QUESTÃO 40

“Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol Quando você entrou em mim como um sol num quintal Aí um analista amigo meu disse que desse jeito Não vou ser feliz direito Porque o amor é uma coisa mais profunda que um encontro casual Aí um analista amigo meu disse que desse jeito Não vou viver satisfeito Porque o amor é uma coisa mais profunda que uma transa sensual Deixando a profundidade de lado Eu quero é ficar colado à pele dela noite e dia Fazendo tudo e de novo dizendo sim à paixão, morando na filosofia Deixando a profundidade de lado Quero gozar no seu céu, pode ser no seu inferno Viver a divina comédia humana onde nada é eterno Quero gozar no seu céu, pode ser no seu inferno Viver a divina comédia humana onde nada é eterno Ora direis, ouvir estrelas, certo perdeste o senso E eu vos direi no entanto: Enquanto houver espaço, corpo, tempo e algum modo de dizer não eu canto Ora direis, ouvir estrelas, certo perdeste o senso E eu vos direi no entanto: Enquanto houver espaço, corpo, tempo e algum modo de dizer não eu canto.”

BELCHIOR. Divina Comédia Humana. Rio de Janeiro: Phillips, 1977

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O texto pode ser analisado sob duas perspectivas que se associam: a ideia subjetiva, expressa pela visão particular do eu lírico, e aquela que dialoga com outros textos literários, por meio da intertextualidade. Em ambas as situações, o produtor do texto possui um objetivo específico. Ao explorar a intertextualidade, o autor a) homenageia a música popular brasileira, a literatura europeia e a poesia parnasiana brasileira. b) propõe um diálogo entre as diversas estéticas literárias do século XIX, no Brasil. c) mantém-se fiel ao referencial romântico, que consiste em unir as diversas faces da poesia, mantendo como

linha mestra o sentimentalismo. d) evoca, de maneira satírica, o prazer e a dor, tão explorados na dualidade presente na poesia barroca. e) vale-se do teor contestatório do poema, expresso no último verso, que expressa a intensidade do

sentimentalismo do poeta. Gabarito: A Resolução/Comentário: O texto do compositor cearense mescla referência à MPB, com a expressão “morando na filosofia”, do compositor Monsueto; a fusão entre os textos “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, e “A Comédia Humana”, de Willian Saroyan, e o trecho parnasiano “Ora direis, ouvir estrelas, certo perdeste o senso, e eu vos direi, no entanto”, presente no soneto Via Láctea, de Olavo Bilac. QUESTÃO 41 .

“Dizem-se clássicos aqueles livros que constituem uma riqueza para quem os tenha lido e amado; mas constituem uma riqueza não menor para quem se reserva a sorte de lê-los pela primeira vez nas melhores condições para apreciá-los.

De fato, as leituras da juventude podem ser pouco profícuas pela impaciência, distração, inexperiência das instruções para o uso, inexperiência da vida. Podem ser (talvez ao mesmo tempo) formativas no sentido de que dão uma forma às experiências futuras, fornecendo modelos, recipientes, termos de comparação, esquemas de classificação, escalas de valores, paradigmas de beleza: todas, coisas que continuam a valer mesmo que nos recordemos pouco ou nada do livro lido na juventude. Relendo o livro na idade madura, acontece reencontrar aquelas constantes que já fazem parte de nossos mecanismos interiores e cuja origem havíamos esquecido. Existe uma força particular da obra que consegue fazer-se esquecer enquanto tal, mas que deixa sua semente. A definição que dela podemos dar então será:

Os clássicos são livros que exercem uma influência particular quando se impõem como inesquecíveis e também quando se ocultam nas dobras da memória, mimetizando-se como inconsciente coletivo ou individual.

Por isso, deveria existir um tempo na vida adulta dedicado a revisitar as leituras mais importantes da juventude. Se os livros permaneceram os mesmos (mas também eles mudam, à luz de uma perspectiva histórica diferente), nós com certeza mudamos, e o encontro é um acontecimento totalmente novo (...)”

CALVINO, Ítalo. Por que ler os Clássicos. São Paulo: Cia. Das Letras, 2000 Ítalo Calvino, aventurou-se no terreno da não-ficção, criando textos curtos que trazem à discussão o fazer literário, o papel do autor, a função da literatura e as abordagens linguísticas distintas no ato da criação. Num de seus livros mais importantes nessa vertente, discute a necessidade de o leitor ter contato com a literatura canônica. Baseando-se na ideia central do texto, conclui-se que a) os livros sempre serão os mesmos, enquanto os leitores modificam-se com o passar do tempo. b) os livros, orgânicos em seu significado, modificam-se no tempo, assim como as pessoas. c) reler o livro na idade madura não implica uma leitura completamente nova. d) não se deve ler certos livros quando se é jovem, por conta do risco de serem mal interpretados. e) as experiências pessoais em nada implicam a releitura de um clássico, mas sim o arcabouço intelectual que o

leitor precisa ter para compreendê-los. Gabarito: B Resolução/Comentário: A percepção da literatura é tão modificada pelo leitor quanto o livro, como um organismo vivo, também o faz. Livros que são lidos na adolescência são percebidos de uma forma; na maturidade, de outra – ou seja: eles também se tornam distintos, outros.

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QUESTÃO 42

“Uma lata existe para conter algo Mas quando o poeta diz: ‘Lata’ Pode estar querendo dizer o incontível

Uma meta existe para ser um alvo Mas quando o poeta diz: ‘Meta’ Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso, não se meta a exigir do poeta Que determine o conteúdo em sua lata Na lata do poeta tudonada cabe

Pois ao poeta cabe fazer Com que na lata venha caber O incabível

Deixe a meta do poeta, não discuta Deixe a sua meta fora da disputa Meta dentro e fora, lata absoluta Deixe-a simplesmente metáfora.”

GIL, Gilberto. Metáfora. In: UmBandaUm. Rio de Janeiro: Phillips, 1985

Gilberto Gil é um dos mais importantes compositores da MPB. Consagrado, foi um dos pais do Tropicalismo e sempre marcou sua obra por um apego à palavra escrita, o que faz de seus textos, muitas vezes, exemplo de alta literatura. O texto Metáfora propõe que a) o ideal metafórico permite à sentença (verso, parágrafo, frase) adquirir novos significados – o que corrobora a

ideia contida na primeira estrofe. b) a expressão “tudonada” revela, além da licença poética, permitida aos artistas, a ideia de que a visão do leitor

é excluída da sobrevivência textual. c) o primeiro verso da última estrofe não é reveladora quanto a superioridade intelectual do poeta em relação ao leitor. d) ao poeta cabe a função de criar – mas em condições favoráveis ao ato da criação. e) há um certo desprezo em relação à precisão linguística no texto. O poeta opta por um jogo de palavras para

caracterizar a relação autor/texto/leitor. Gabarito: A Resolução/Comentário: A ideia de metáfora é confirmada logo na primeira estrofe, na qual se afirma que o poeta pode querer dizer algo diferente do que está escrito.

QUESTÃO 43

“Nas horas de folga, no serviço, chovesse ou caísse fogo em brasa do céu, ninguém lhe tirava da imaginação o petiz: era uma perseguição de todos os instantes, uma ideia fixa e tenaz, um relaxamento da vontade irresistivelmente dominada pelo desejo de unir-se ao marujo como se ele fora o outro sexo, de possuí-lo, de tê-lo junto a si, de amá-lo, de gozá-lo. Ao pensar nisso, Bom-Crioulo transfigurava-se de um modo incrível, sentindo ferroar-lhe a carne, como a ponta de um aguilhão, como espinhos de urtiga brava, esse desejo veemente uma sede tantálica de gozo proibido, que parecia queimar-lhe por dentro as vísceras e os nervos. (...) Depois de um silêncio cauteloso e rápido, Bom-Crioulo, aconchegando-se ao grumete, disse-lhe qualquer cousa no ouvido. Aleixo conservou-se imóvel, sem respirar. Encolhido, as pálpebras cerrando-se instintivamente de sono, ouvindo, com o ouvido pegado ao convés, o marulhar das ondas na proa, não teve ânimo de murmurar uma palavra. Viu passarem, como em sonho, as mil e uma promessas de Bom-Crioulo: o quartinho da Rua da Misericórdia no Rio de Janeiro, os teatros, os passeios...; lembrou-se do castigo que o negro sofrera por sua causa; mas não disse nada. Uma sensação de ventura infinita espalhava-se-lhe em todo o corpo. Começava a sentir no próprio sangue impulsos nunca experimentados, uma como vontade ingênita de ceder aos caprichos do negro, de abandonar-se-lhe para o que ele quisesse uma vaga distensão dos nervos, um prurido de passividade...

– Ande logo! Murmurou apressadamente, voltando-se. E consumou-se o delito contra a natureza.”

CAMINHA, Adolfo. Bom-Crioulo. São Paulo: Martins Fontes, 2006

Pode-se considerar a corrente naturalista um apêndice do que se costuma chamar Realismo. Enquanto este sobrevive na ausência daquele, a recíproca mostra-se impossível, impraticável. Não há registro de uma sociedade literária que tenha realizado o Naturalismo sem que houvesse produzido, também, textos realistas. No trecho do romance Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha, é possível compreendê-lo como naturalista porque a) formas verbais como “queimar”, “ferroar” e “espalhar” ligam-se a estados de alma em que a personagem se

encontra, mostrando a inevitabilidade do desejo carnal. b) expressa, de forma natural, o relacionamento entre homens e ambiente, até o desfecho do trecho, que

acentua tal relação. c) sugere que ao sonho e a realidade fundem-se na memória da personagem, apresentando a ele uma

realidade fugidia. d) evidencia que o delito contra a natureza é a consequência do relacionamento entre dois homens, algo proibido

pela igreja e pela sociedade. e) explora o comportamento como consequência do instinto, como algo animalesco que não pode ser contido

pela racionalidade. Gabarito: E Resolução/Comentário: O trecho explora o comportamento sexual não como algo sensual ou fantasioso, mas orgânico, incontrolado, animalesco, instintivo. Essa é uma das características do Naturalismo, estética dependente da literatura realista, influenciada pelas ideias evolucionistas e pelo Determinismo.

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QUESTÃO 44

“Não estava lendo, nem conhecia a Revista; mas, no dia seguinte, pediu ao marido que a assinasse; leu o romance, leu os que saíram depois, e falava de todos os que lera ou ia lendo. Abertas as folhas daquele número, e acabada uma novela, Sofia recolheu-se ao quarto e atirou-se à cama. Passara mal a noite, não lhe custou pegar no sono, - profundo, largo e sem sonhos, - exceto para o fim, em que teve um pesadelo. Estava diante da mesma parede de cerração daquele dia, mas no mar, à proa de uma lancha, deitada de bruços, escrevendo com o dedo na água um nome - Carlos Maria. E as letras ficavam gravadas, e para maior nitidez, tinham os sulcos de espuma. Até aqui nada havia que atordoasse, a não ser o mistério; mas sabido que os mistérios dos sonhos parecem fatos naturais. Eis que a parede da cerração se rasga, e nada menos que o próprio dono do nome aparece aos olhos de Sofia, caminha para ela, toma-a nos braços e diz-lhe muitas palavras de ternura, análogas às que ela, alguns meses antes, ouvira ao Rubião. E não a afligiram, como as deste; ao contrário, escutou-as com prazer, meio caída para trás, como se desmaiasse. Já não era lancha, mas carruagem, aonde ela se ia com o primo, mãos presas, namorada de uma linguagem de ouro e sândalo. Também aqui não há que aterre. O terror veio quando a carruagem parou, muitos vultos mascarados a cercaram, mataram o cocheiro, arrancaram as portinholas, apunhalaram Carlos Maria e deitaram o cadáver ao chão. Depois, um deles, que parecia ser o chefe de todos, tomou o lugar do defunto, tirou a máscara e disse a Sofia que se não assustasse, que ele a amava cem mil vezes mais que o outro. Logo em seguida, pegou-lhe nos pulsos e deu-lhe um beijo, mas um beijo úmido de sangue, cheirando a sangue. Sofia soltou um grito de horror e acordou. Tinha ao pé do leito o marido.”

ASSIS, Machado de. Quincas Borba. Rio de Janeiro: Ática, 1978 Dotado de um senso arguto de observação do comportamento humano, aliado a uma capacidade quase ilimitada de criar atmosferas dúbias, Machado de Assis legou-nos uma obra para ser lida, estudada, pensada. O trecho pertence a seu livro mais bem escrito, Quincas Borba, e revela a) a influência romântica na caracterização da personagem, já que se retoma características como idealização e

fantasia – além do escapismo onírico –, elementos comuns àquela estética. b) o caráter dual da personagem feminina Sofia, posto que, mesmo em sonho, ela se mostra adúltera ao desejar

outro homem que não seu marido. c) a caracterização ultrarromântica da personagem por expor a negatividade (defunto, máscara, desmaios) a que

se submete Sofia tanto em sonho quanto em realidade. d) a onisciência do narrador, por ser capaz de expor as camadas mais profundas do pensamento e do desejo da

personagem feminina Sofia. O sonho é o exemplo máximo. e) a perfeita caracterização realista na concepção do ambiente: o espaço urbano e o rural em comunhão para

criar a verossimilhança, elemento que tanto prezam os autores dessa estética. Gabarito: D Resolução/Comentário: Os narradores machadianos são, via de regra, oniscientes – e, justamente por isso, exploram as camadas mais obscuras e escondidas das personagens. A exploração do sonho, revelando quem é a personagem, é uma demonstração desse poder diegético.

QUESTÃO 45 .

Quando eu tinha seis anos Ganhei um porquinho-da-índia. Que dor de coração me dava Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão! Levava ele pra sala Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos Ele não gostava: Queria era estar debaixo do fogão. Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...

– O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.

BANDEIRA, Manuel. Porquinho-da-Índia. In: Libertinagem. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000

No poema de Manuel Bandeira, o eu lírico expressa uma cena da infância por meio da(o) a) linguagem coloquial aliada ao tom confessional. b) fusão entre o real e o imaginário, marcado pelas dúvidas memoriais. c) fantasia, que torna o animal de estimação o primeiro amor. d) romantismo imposto pela ideia de amor e sofrimento. e) transgressão à razão, levando o poeta a confundir elementos temporais. Gabarito: A Resolução/Comentário: O retorno à infância, grosso modo, provoca o tom confessional, no qual se ligam o aspecto sentimental e memorial. O texto é criado a partir da linguagem da infância, usando a oralidade como instrumento ara a comunicação com o leitor.

Questões de 46 a 90

QUESTÃO 46

Mulher Você vai fritar Um montão de torresmo pra acompanhar Arroz branco, farofa e a malagueta A laranja-bahia ou da seleta Jogue o paio, a carne seca Toucinho no caldeirão E vamos botar água no feijão.

BUARQUE, Chico. Feijoada completa. Álbum Feijoada Completa, 1978. Disponível em: <www.letras.com.br/chico_buarque/feijoada-completa>. Acesso em: 11 mar. 2012.

A composição de Chico Buarque recorre à receita da feijoada. Considerada um prato típico da culinária brasileira, que remete ao período colonial, a feijoada representa a) o processo de miscigenação cultural. b) um patrimônio histórico material do Brasil. c) uma gastronomia de raízes exclusivamente africanas. d) a cultura patriarcal do Brasil, manifestada na submissão da mulher. e) a deficiência alimentar dos escravos, que se saciavam com as sobras. Gabarito: A Resolução/Comentário: A receita da feijoada mistura vários ingredientes, oriundos de diversas culturas. No contexto do mundo colonial, diante das condições impostas pelo cativeiro, os escravizados incorporavam ao seu regime os alimentos que estavam à disposição. Essa incorporação revela o contato e a fusão de diferentes culturas, tendo como eixo a cultura escrava – exemplificada na culinária. Nesse sentido, a “feijoada completa” não é apenas um prato típico da cultura brasileira, mas expressa também a vitalidade da miscigenação étnica e cultural do Brasil, desde o período colonial. Registre-se também que a técnica de mistura de alimentos já se encontrava disseminada na Europa, em pratos como o cassoulet francês, o cocido espanhol e a escudella da Catalunha que, por sua vez, se remete à olla podrida medieval. Como lembra Câmara Cascudo, “O que chamamos 'feijoada' é uma solução europeia elaborada no Brasil. Técnica portuguesa com material brasileiro”. QUESTÃO 47

Disponível em: http://sys2.sbgf.org.br. Acesso em: 13 maio 2013 (adaptado).

A preservação da sustentabilidade do recurso natural exposto pressupõe a) impedir a perfuração de poços. b) coibir o uso pelo setor residencial. c) substituir as leis ambientais vigentes. d) reduzir o contingente populacional na área. e) introduzir a gestão participativa entre os municípios. Gabarito: E Resolução/Comentário: Nessa questão, a água é trata enquanto um recurso estratégico disponível em uma formação que armazena água subterrânea, o aquífero Alter do Chão que se estende por diversos estados da região norte do Brasil e por sua vez por vários municípios. A questão indaga qual a estratégia mais adequada para que este recurso seja preservado. Neste sentido, uma gestão participativa entre os municípios pelos quais o aquífero passa é a alternativa mais adequada.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

QUESTÃO 48

(Disponível em: <http://complexowill.blogspot.com/2010/08/precisamos-aprender-novosconceitos.html&gt;. Acesso em: 24 out. 2010.)

Com base na charge e nos conhecimentos sobre a teoria de Marx, é possível afirmar que as relações de trabalho se dão a partir a) da mínima participação do Estado na regulamentação do trabalho e garantia de salários justos.b) da distribuição justa e igualitária na participação dos lucros na produção da riqueza.c) da exploração do trabalho pela mais valia e uma alienação do trabalho coisifica o operário.d) da transformação dos trabalhadores em escravos, enquanto não despertarem uma consciência de classe.e) de uma ética religiosa que valoriza o trabalho e um espírito capitalista que prioriza a prática da poupança. Gabarito: CResolução/Comentário:Para Marx, um dos elementos constitutivos da acumulação capitalista é a mais-valia, que consiste em pagar ao trabalhador menos do que ele produziu em uma jornada de trabalho. Além disso, ele defende que o trabalho é a forma máxima de alienação do trabalhador, pois faz com que o trabalhador não se reconheça no produto de seu trabalho. Logo, não percebendo a sua condição de explorado.

QUESTÃO 49

Distribuição das Precipitações Conforme as Latitudes

Jurandyr Ross, Geografia do Brasil

De acordo com as informações do gráfico, pode-se concluir que a) regiões com altas latitudes (entre 80º e 90º) tendem a ter um maior índice pluviométrico, devido à grande

concentração de umidade. b) não há relação entre a latitude e a temperatura; há, sim, entre a pressão e a quantidade de chuva de um lugar. c) as regiões de baixas latitudes (entre 0° e 10º) são regiões onde se encontram desertos como o Atacama e o

Saara. d) regiões de altas latitudes (entre 80º e 90º) são regiões de baixa pressão e atraem massas de ar úmidas que

avançam em direção aos polos. e) a região com maior precipitação está próxima à linha do Equador, onde existe uma zona de baixa pressão. Gabarito: E Resolução/Comentário: As regiões de baixa pressão, onde se localiza a zona equatorial, são áreas de atração de ventos alísios, trazendo umidade dos trópicos em direção ao Equador. QUESTÃO 50

Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades, sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa influência poderosa, que os leva a se censurarem. E, sobretudo, a esses jovens, muitos quase crianças, que ele tenta imprimir sua orientação.

BRÉHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977.

O texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na a) contemplação da tradição mítica. b) sustentação do método dialético. c) relativização do saber verdadeiro. d) valorização da argumentação retórica. e) investigação dos fundamentos da natureza. Gabarito: B Resolução/Comentário: O método socrático é também conhecido como método dialético. Fazendo perguntas a seu interlocutor, Sócrates tinha a intenção que de que este chegasse a um estado de aporia, para depois poder gerar às suas próprias ideias das coisas. QUESTÃO 51

João Grilo Mas Chicó, e o rio São Francisco? Chicó Só podia estar seco nesse tempo, porque não me lembro quando passei... E nesse tempo todo o cavalo ali comigo, sem reclamar nada! [...] Palhaço [...] nas cenas seguintes, dois demônios vestidos de vaqueiro, pois isso decorre de uma crença comum no sertão do Nordeste

SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014, p. 23 e 117.

O sertão, principal cenário da obra de Suassuna, a) presente em partes das regiões Sudeste e Nordeste, apresenta-se com chuvas concentradas em poucos

meses do ano, abrindo uma margem para longos períodos de seca, com predomínio de rios intermitentes. Tais condições o classificam como clima tropical semiárido.

b) aparece exclusivamente na região Nordeste, apresenta-se com chuvas concentradas no verão, sendo o restante do ano com longas secas, com predomínio de rios temporários. Tais condições o classificam como clima tropical alternadamente úmido e seco.

c) presente em partes das regiões Norte e Nordeste, apresenta-se com chuvas bem distribuídas, abrindo uma margem para o desenvolvimento agrícola na região, com predomínio de rios permanentes. Tais condições o classificam como clima tropical semiúmido.

d) aparece exclusivamente na região Nordeste, apresenta-se com chuvas concentradas no inverno, abrindo uma margem para longos períodos de seca, com predomínio de rios perenes. Tais condições o classificam como clima desértico.

e) presente em partes das regiões Sudeste e Sul, apresenta-se com chuvas concentradas nas quatro estações do ano, apresentando problemas de constantes alagamentos, com predomínio de rios intermitentes. Tais condições o classificam como clima tropical úmido.

Gabarito: A Resolução/Comentário: O Sertão predomina na região Nordeste, mas também atinge o norte do Sudeste (MG). Tem como principais caraterísticas o baixo índice pluviométrico em boa parte do ano, sendo seus rios predominantemente temporários e com clima tropical semiárido. QUESTÃO 52

Embaixadores do Reino de Daomé deram ao Príncipe Regente D. João VI, em 1811, o trono do Rei Adandozan (1797-1818). A peça, provavelmente da passagem do século XVIII ao XIX, foi incorporada ao acervo do Museu Nacional em 1818 e se tornou uma de suas principais raridades. Segundo o diretor do museu, o paleontólogo Alexander Kellner: “É uma das primeiras peças que chegou para o acervo, antes mesmo de o museu ser criado. Esse presente foi uma iniciativa para melhorar as relações diplomáticas entre o país que hoje se chama Benin e o Reino de Portugal e Brasil”.

Adaptado de oglobo.globo.com.

Na época da reportagem, o objeto destacado fazia parte do patrimônio histórico e cultural originário do antigo reino de Daomé, atual Benin, em exibição fora do continente africano. Com o incêndio do Museu Nacional, em setembro de 2018, o trono de Adandozan foi destruído. O principal vínculo econômico entre Daomé e Portugal, no começo do século XIX, que explica a iniciativa dos embaixadores do reino africano em 1811, era o tráfico de escravizados. A interpretação dos fatos em questão permite concluir que a(o) a) submissão dos africanos ao Império Português é evidente. b) tráfico negreiro intercontinental estava chegando ao fim, no período tratado. c) Museu Nacional foi criado para demonstrar a superioridade portuguesa sobre a África. d) escravização e o tráfico de pessoas não beneficiavam, economicamente, apenas os europeus. e) representação de Daomé em um museu no Brasil simbolizou uma reparação histórica pela escravização. Gabarito: D Resolução/Comentário: O tráfico negreiro envolvendo os europeus iniciou-se no século XV, quando os portugueses instalaram feitorias pelo litoral do continente africano. Nessas feitorias, os portugueses mantinham contato com os reinos africanos, estabelecendo relações diplomáticas que os possibilitavam manter comércio, ao qual se incluía a venda de seres humanos. Com o tempo, outras nações europeias começaram a envolver-se com essa atividade e não apenas os portugueses. Entre as principais feitorias portuguesas na costa africana está a construída em Luanda, localizada em Angola. O historiador Roquinaldo Ferreira afirma que Luanda cumpriu “papel fundamental como centro de formulação e execução de operações militares contra reinos africanos, e como base de intensa diplomacia entre europeus e africanos”. Os escravos eram conseguidos por traficantes que obtinham os prisioneiros comprando-os, caso fossem prisioneiros de guerra, ou por meio de emboscadas realizadas pelos próprios traficantes. Os africanos, após terem sido feitos prisioneiros, eram levados a pé até os portos onde seriam revendidos para os portugueses (ou outros europeus). Nesses portos, os africanos eram marcados com ferro quente para identificá-los de qual comerciante eram. Nesses portos, os africanos prisioneiros eram trocados por alguma mercadoria valiosa, que poderia ser tabaco, cachaça, pólvora, entre outros. Observa-se, assim, que o modelo escravagista moderno gerava divisas econômicas em na Europa, nas Américas e na própria África.

QUESTÃO 53

Você sabe o quanto eu, sinceramente, detesto o tráfico de escravos, o quanto acredito ser ele prejudicial ao país, o quanto desejo sua total cessão, embora isso não possa ser feito imediatamente. As pessoas não estão preparadas para isso, e até que seja feito, colocaria em risco a existência do governo, se tentarmos fazê-lo repentinamente.

Correspondência de José Bonifácio ao enviado britânico Henry Chamberlain, 1823. Citada em: MAXWELL, Kenneth. Por que o Brasil foi diferente? O contexto da independência. In: MOTA, Carlos Guilherme (org.). Viagem incompleta. A experiência brasileira (1500-2000).

Formação: histórias. São Paulo: Editora Senac, 2000, p.192 (adaptado) A emancipação política do Brasil não significou uma ruptura total com a ordem socioeconômica anterior, o que pode ser demonstrado pela permanência da escravidão. De acordo com José Bonifácio, um dos mais importantes mentores da Independência do Brasil, o fim do tráfico de escravizados ameaçaria a própria existência do governo, uma vez que a(o) a) elite brasileira, extremamente dependente do escravismo, poderia se voltar contra o governo. b) Brasil estaria cedendo às pressões da Inglaterra, enfraquecendo o movimento nacionalista. c) indígena passaria a ser escravizado e se revoltaria contra o rei. d) tráfico negreiro era a principal atividade econômica do país. e) população afro-brasileira, livre, tenderia a tomar o poder. Gabarito: A Resolução/Comentário: Para Bonifácio, o fim imediato do tráfico de escravizados era uma ameaça porque a diminuição da mão de obra escrava geraria uma crise econômica no país. Além disso, a elite brasileira, que ainda no século XIX manifestava comportamento econômico mercantilista e, assim, mantinha-se extremamente dependente dos escravos, poderia se rebelar contra o governo recém-constituído.

QUESTÃO 54

Crise pode prolongar-se por tempo indeterminado Cientistas advertem para necessidade de “estar preparado”. Medidas preventivas como reuso não foram adotadas

e floresta amazônica, responsável pela formação das chuvas no Sudeste, continua ameaçada. CAPAZZOLI, U. Scientific American Brasil. Ed. Especial Água, nº 63. Ediouro-Duetto Editorial, 2015. p.06.

A relação citada no trecho acima entre a floresta amazônica e as chuvas no Sudeste acontece por meio do(a) a) deslocamento das massas de ar seco do Sudeste para a região Norte. b) abastecimento do Oceano Atlântico pelo Rio Amazonas. c) atuação dos “rios voadores” da Amazônia por todo o Brasil. d) aumento das temperaturas provocado pela queima da floresta. e) deslocamento da massa de ar proveniente da Cordilheira dos Andes. Gabarito: C Resolução/Comentário: As chuvas do Sudeste, em certa medida, são originadas na floresta amazônica. Essa floresta produz uma grande quantidade de umidade que se desloca por meio das massas de ar para todo o continente sul-americano, incluindo a região Sudeste do Brasil.

QUESTÃO 55

O mundo atual vem enfrentando uma “Guerra Comercial” entre EUA e China, principalmente devido aos aumentos dos impostos referentes ao processo de importação. Essas mudanças causam impactos no mercado financeiro mundial, principalmente nas Bolsas de Valores espalhadas pelo mundo. Sabe-se que o mercado financeiro mundial funciona 24 horas por dia. As bolsas de valores estão articuladas, mesmo abrindo e fechando em diferentes horários, como ocorre com as bolsas de Nova Iorque (GMT -5), Frankfurt (GMT +1), Tóquio (GMT +9) e São Paulo (GMT -3). Todas as pessoas que, por exemplo, estão envolvidas com exportações e importações de mercadorias precisam conhecer os fusos horários para fazer o melhor uso dessas informações.

Considerando que as bolsas de valores começam a funcionar às 09h da manhã e que um investidor mora em São Paulo, pode-se afirmar que os horários em que ele deve consultar as bolsas e a sequência em que as informações são obtidas estão corretos na alternativa: a) Tóquio (21h), Nova Iorque (07h) e Frankfurt (13h) b) Nova Iorque (07h), Frankfurt (13h) e Tóquio (21h) c) Tóquio (21h), Frankfurt (13h) e Nova Iorque (07h)

d) Nova Iorque (07h), Frankfurt (13h), Tóquio (21h) e) Nova Iorque (07h), Tóquio (21h), Frankfurt (13h)

Gabarito: C Resolução/Comentário: Sendo 9h em São Paulo, ao mesmo tempo em Nova Iorque será 7h, em Frankfurt será 13h, e em Tóquio será 21h. O indivíduo em São Paulo necessita das informações da Bolsa, que abre às 9h, sendo assim, as primeiras informações que ele terá serão de Tóquio, onde já são 21h (a bolsa de valores local já funcionou nesse dia); a de Frankfurt (13h) está em funcionamento, e a de Nova Iorque ainda não abriu (7h). A sequência que ele deve observar será Tóquio, Frankfurt e Nova Iorque.

QUESTÃO 56

O enriquecimento da vida cultural do Rio de Janeiro, e até mesmo do país, após 1808, decorreu, sobretudo, das necessidades da elite dominante. No ambiente acanhado da sociedade americana, a novidade dos procedimentos característicos do círculo real exerceram extraordinário fascínio, produzindo um poderoso efeito “civilizador” em relação à cidade. Em contrapartida, a Coroa não deixou de adotar também medidas de controle mais eficientes. Após a tormenta da Revolução Francesa e ainda vivendo o turbilhão do período napoleônico, era o medo dos princípios difundidos pelo século das Luzes, especialmente as “perniciosas” ideias francesas, que ditava essas cautelas.

NEVES, Lúcia M. P. das e MACHADO, Humberto F. Adaptado de O império do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

O texto aborda um duplo movimento provocado pela presença da Corte portuguesa no Brasil: o estímulo às atividades culturais na colônia e, concomitantemente, o controle conservador sobre essas atividades. Uma importante instituição que representou tal ambivalência foi o(a) a) Museu Imperial. b) Imprensa Régia.

c) Academia Real Militar. d) Academia de Belas Artes.

e) Academia Médico-Cirúrgica.

Gabarito: B Resolução/Comentário: O ano de 1808 marca a chegada da corte ao Rio de Janeiro que, na prática, tornou-se a sede do Estado português. A corte foi responsável direta pelo incremento das atividades culturais e artísticas e, ao mesmo tempo, pelo controle e censura das mesmas. A Imprensa Régia, órgão do Estado português, agora sediado no Brasil, exercia a função de fiscalizar e censurar todos os impressos, inclusive os importados, que aqui fossem publicados sob a justificativa de cuidar da moral, da religião e dos bons costumes. QUESTÃO 57

A Amazônia, até o Terciário Médio, comportava-se como um paleogolfão da fachada pacífica do continente, intercalado entre os terrenos do escudo guianense e o escudo brasileiro. Era uma espécie de mediterrâneo de “boca larga”, voltada para o oeste. Quando se processou o desdobramento e soerguimento das Cordilheiras Andinas, restou um largo espaço no centro da Amazônia, exposto à sedimentação flúvio-lacustre e fluvial extensiva.

Aziz Nacib Ab’ Saber (1924-2012) Escritos Ecológicos – São Paulo:Lazuli Editora, 2006- paginas 130-131. Adaptado Glossário: Paleogolfão: ampla reentrância da costa, com grande abertura, constituindo em amplas baías, constatada em antiga era geológica. As características atuais do domínio morfoclimático amazônico têm sua origem na dinâmica dos processos naturais que ocorreram no passado, conforme explica o geógrafo Aziz Ab ́Saber. Os processos mencionados a) contribuíram para a formação das planícies e das cadeias de montanhas na Amazônia Legal. b) favoreceram a gênese da bacia sedimentar na região amazônica. c) alteraram a direção da drenagem, de leste para oeste da Amazônia. d) atenuaram as características do clima tropical semiúmido regional. e) provocaram a expansão do cerrado sobre a floresta e à redução da biodiversidade. Gabarito: B Resolução/Comentário: As bacias sedimentares são áreas formadas pelo acúmulo de sedimentos. Devido à característica da formação da região Amazônica, onde a depressão formada possibilitou a sedimentação flúvio-lacustre e fluvial extensiva.

QUESTÃO 58

Texto I

Relato do Império Asteca O império Asteca se estendia do norte do México até a Guatemala, e do Oceano Pacífico até o Atlântico. A população era de aproximadamente 12 milhões de habitantes e sua capital era Tenochtitlán fundada em 1325. Baseada na cultura do milho, feijão, tomate e tabaco, a agricultura era amparada por um sofisticado sistema de irrigação, em uma pequena ilha artificial nas margens pantanosas dos lagos.

Adaptado de Todorov, Tzevetan. “A conquista da América (a questão do outro).” São Paulo: Martins Fontes, 1988, p. 91

Texto II

Relatos dos indígenas brasileiros Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de encobrir ou mostrar as suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto […]

Pero Vaz de Caminha, 1500. […] Os mantimentos que plantavam em suas roças, como se sustentam são mandioca e milho. Além disso, ajudam-se da carne de muitos animais que matam. […] Também se sustentam de muito marisco e peixes que vão pescar pela costa em jangadas.

Pero de Magalhães Gândavo, 1576. Os relatos anteriores narram um pouco de como viviam os habitantes da América antes da chegada do colonizador europeu. Segundo os textos, os astecas e os indígenas brasileiros se diferem quanto à(ao) a) estrutura social, fruto da condição histórica e geográfica, tendo em vista a maior adequação do indígena

brasileiro às condições da natureza. b) desenvolvimento econômico, sendo o sistema agrário desenvolvido pelos indígenas brasileiros mais simples e

interligado à caça, pesca e coleta. c) clima e vegetação, historicamente modificado por ambos os grupos que realizaram amplo desenvolvimento do

trabalho para garantir suas sobrevivências. d) organização política, sendo o chefe político dos Astecas considerado um deus vivo e, para os indígenas

brasileiros, um representante dos deuses animistas. e) vestuário, ficando os indígenas brasileiros com um menor conjunto de indumentárias e os astecas com um

vestuário mais complexo, visto a proximidade com o Norte. Gabarito: B Resolução/Comentário: Antes do processo colonizador europeu na América, existiram diversos modelos de apropriação do meio ambiente para a prática agrícola, desenvolvidos pelas populações ameríndias. Os fragmentos de texto mostram que os astecas organizaram um sistema complexo de irrigação, ambientando-se às condições que o espaço geográfico apresentava, e produzindo em grande escala, enquanto os indígenas brasileiros faziam uma produção de subsistência, complementar às atividades de caça e pesca.

QUESTÃO 59

São verdades incontestáveis para nós: todos os homens nascem iguais; o Criador lhes conferiu certos direitos inalienáveis, entre os quais os de vida, o de liberdade e o de buscar a felicidade; para assegurar esses direitos se constituíram homens-Governo cujos poderes justos emanam do consentimento dos governados; sempre que qualquer forma de governo tenda a destruir esses fins, assiste ao povo o direito de mudá-la ou aboli-la, instituindo um novo governo cujos princípios básicos e organização de poderes obedeçam às normas que lhes pareçam mais próprias para promover a segurança e a felicidade gerais.

(Trecho da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, 1776.)

A Declaração de Independência dos Estados Unidos da América de 1776 está inserida em um processo revolucionário abrangente, que pode ser caracterizado como a) ampliação dos direitos da burguesia, estabelecimento de democracias e declínio do liberalismo. b) decadência da aristocracia feudal, fim do poder monárquico e redemocratização dos Estados. c) ascensão política da burguesia, declínio do poder absolutista e difusão do Iluminismo. d) igualdade de direitos para todos, fim das monarquias e fortalecimento do liberalismo. e) fim dos privilégios da nobreza, organização de repúblicas e difusão do positivismo.

Gabarito: C Resolução/Comentário: A Declaração de Independência dos Estados Unidos se encontra no rol de documentos que se inserem no contexto das chamadas Revoluções Burguesas, tais como a Declaração de Direitos (“Bill of Rights”), da Revolução Gloriosa de 1688, e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, da Revolução Francesa de 1789. Esses documentos são influenciados pelas ideias iluministas e afirmam os interesses políticos da burguesia frente a um declinante sistema monárquico absolutista.

QUESTÃO 60

Um dos grandes projetos de irrigação do Sertão Nordestino prevê a transposição das águas do rio São Francisco. Isso quer dizer que parte das águas desse rio seria usada para abastecer rios intermitentes das bacias hidrográficas nordestinas, o que vem gerando muita polêmica.

Em relação à realidade natural e socioeconômica que envolve a transposição do rio São Francisco, pode-se concluir que a) aqueles que são contrários ao projeto afirmam que os principais beneficiados serão as empresas e os donos

das grandes propriedades que produzem para a exportação, e não a população mais pobre do Sertão. b) a chamada revitalização do rio São Francisco é a condição primeira defendida pelos latifundiários e pelo governo

federal, pois a agricultura de subsistência deverá ser a grande beneficiada, exatamente para se evitar o êxodo rural. c) a quantidade de água, que será utilizada no processo de transposição do rio São Francisco, garantirá tanto a

geração de energia quanto a irrigação dos minifúndios, especificamente do chamado Meio-Norte, onde se encontram os mais pobres da região.

d) a vazão do rio São Francisco não será comprometida, pois as matas ciliares, responsáveis pelo abastecimento do rio, se mantêm intactas desde o início das explorações comerciais.

e) a vertente mais ocidental da Região Nordeste, conhecida como Zona da Mata, é a que mais se beneficiará com a transposição do rio São Francisco, pois ganhará um novo impulso em sua agropecuária, atividade que compõe o eixo da economia desta sub-região.

Gabarito: A Resolução/Comentário: A transposição do São Francisco é uma obra que teve início em 1985, que tem a finalidade de reduzir os impactos da falta de água no Sertão. Mas apresenta algumas críticas, como: os principais beneficiados serão as empresas e os donos das grandes propriedades que produzem para a exportação, e não a população mais pobre do Sertão.

QUESTÃO 61

A classificação dos seres vivos de Aristóteles é a primeira investigação detalhada sobre o mundo natural. Ela origina-se da observação geral das características compartilhadas por todos os animais e, então, subdivide-se em categorias mais específicas.

(O Livro da Filosofia, Mundo Antigo – pg. 61)

Para Aristóteles, tudo no mundo era explicado por quatro causas, que são: a) Material; Formal; Eficiente e Final. b) Material; Estrutural; Formal e Final. c) Formal; Eficiente; Estrutural e Total.

d) Estrutural; Material; Eficiente e Final. e) Estrutural; Material; Eficiente e Total.

Gabarito: A Resolução/Comentário: Na teoria metafísica aristotélica destaca-se o que chamamos de Teoria das Quatro Causas. São elas as causas: material, formal, eficiente e final. As duas primeiras objetivam explicar a constituição dos seres, das substâncias. As últimas surgem com a finalidade de explicar a mudança, a transformação, ou seja, como ocorre a passagem do ato à potência e vice-versa. QUESTÃO 62

Fonte: MARTINELLI, M. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo.

São Paulo: Moderna, 1998. p. 75.

O tipo climático representado e suas características estão corretamente indicados em: a) Clima temperado, com temperaturas acima de

30ºC no verão e abaixo de 10ºC no inverno, com chuvas regulares durante o ano.

b) Clima semiárido, com chuvas abaixo de 20 mm durante todo o ano.

c) Clima tropical, com verão chuvoso e inverno seco com temperaturas mais amenas.

d) Clima equatorial, com temperaturas elevadas, durante todo o ano, e precipitações regulares.

e) Clima subtropical com inverno chuvoso e temperaturas amenas, verão seco com temperaturas acima de 20ºC.

Gabarito: C Resolução/Comentário: O gráfico representa o climograma do clima tropical (típico), que possui duas estações bem marcantes (verão chuvoso e inverno seco). O verão com temperaturas mais elevadas que o inverno.

QUESTÃO 63

O trecho abaixo foi extraído do vídeo “A História das Coisas”, produzido por Annie Leonard.

Onde eu vivo, nos Estados Unidos, resta-nos menos de 4% da nossa floresta original, 40% dos cursos de água estão impróprios para o consumo. E o nosso problema não é apenas estarmos utilizando demasiados recursos, mas o fato de estarmos utilizando mais do que a nossa parte. Temos 5% da população mundial, mas usamos 30% dos recursos mundiais. Se todos consumissem ao ritmo dos Estados Unidos, precisaríamos de 3 a 5 planetas. E sabe de uma coisa: só temos um!

Fonte: A História das Coisas. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v= 7qFiGMSnNjw>.

Acesso em: 17 set. 2013.

Sobre o padrão de consumo de países como os Estados Unidos e sua relação com a exploração da natureza, pode-se afirmar que a) os Estados Unidos possuem recursos próprios em quantidade suficiente para atender suas necessidades, o

que torna o padrão de consumo estadunidense sustentável.b) o modelo de consumo estadunidense não impacta os recursos mundiais, uma vez que existem países que não

têm esse mesmo padrão de consumo.c) o padrão de consumo estadunidense, para atingir uma economia sustentável, deve ser disseminado entre os

diferentes povos.d) o padrão de consumo estadunidense evidencia uma relação socioambiental de uso predatório da natureza,

tornando-se insustentável.e) os países em desenvolvimento podem alcançar o atual padrão estadunidense sem riscos ao ambiente.Gabarito: DResolução/Comentário:Os Estados Unidos são a nação mais consumista do planeta, o que evidencia uma relação socioambiental de usopredatório da natureza, tornando-se insustentável.

QUESTÃO 64

Na América do Sul, o que impressiona é a diferença essencial que existe entre a colonização espanhola e a portuguesa. Desde início, a Coroa de Castela encoraja a imigração de mulheres que, com suas criadas, contribuem para a expansão da civilização espanhola na América. As leis de sucessão dão-lhes direito à herança, o que aumenta sua autoridade quando são filhas únicas. Os casamentos inter-raciais são raros e a preocupaçãocom a limpeza de sangue é fundamental, inclusive para o acesso aos mais altos cargos. Adaptado de Marc Ferro, História das Colonizações: das conquistas às independências. São Paulo, Cia. das Letras, 1996, p. 135. A “limpeza de sangue” mencionada no texto, que se insere no contexto de colonização da América espanhola, era praticada com a finalidade de a) incentivar o casamento entre espanhóis e mulheres nativas como estratégia de dominação colonial.b) evitar a miscigenação étnica e cultural entre colonizadores e povos colonizados, como indígenas e negros.c) reconhecer os filhos nascidos de relações inter-raciais na intenção de dar estabilidade e evitar os

conflitos sociais.d) dar importância à mulher no papel de progenitora de novos colonos que expandiriam o projeto dominador

no continente.e) fortalecer a presença feminina nas colônias como forma de manutenção das tradições ancestrais

dos dominados.Gabarito: B Resolução/Comentário: A mulher contribuiria para a expansão da civilização espanhola, isto é, dos ideais da cultura hispânica, principalmente através do casamento, garantindo, assim, não apenas a reprodução dos colonizadores, mas a sua limpeza de sangue. Além disso, gozam de certa autoridade por possuírem direito à herança. A política de limpeza de sangue consistia no incentivo ao casamento apenas entre espanhóis ou descendentes diretos, mantendo-se, assim, o sangue limpo de miscigenação (fosse com indígenas, negros, judeus ou mouros), e, quando esta ocorria, não se reconheciam os filhos inter-raciais.

QUESTÃO 65

A queda abismal da população indígena durante o século XVI teve os caracteres de uma catástrofe sem precedentes da história da humanidade. Vejamos as cifras (…) para a América central:

1519 – 25.300.000 habitantes 1523 – 16.800.000 habitantes 1548 – 6.300.000 1568 – 2.600.000 1580 – 1.900.000 1606 – 1.000.000 BRUIT, Hector Hernan. Bartolomé de Las Casas e a simulação dos vencidos. Campinas-SP, Unicamp, 1995. p. 44

Entre os motivos da dizimação das populações nativas da América, pode-se citar a a) ausência de técnicas agrícolas sofisticadas por parte das populações nativas. b) imposição do regime de escravidão aos nativos na extração de metais preciosos. c) incapacidade das populações indígenas em se adaptarem aos padrões culturais europeus. d) passividade dos povos nativos frente a dominação, decorrente de suas tradições religiosas. e) série de alianças estabelecidas entre espanhóis e inimigos das grandes civilizações pré-colombianas. Gabarito: E Resolução/Comentário: Entre as estratégias adotadas pelos espanhóis durante as disputas pelo domínio da América, é possível identificar: uso de cavalos, armas de fogo, disseminação de epidemias e, sobretudo, alianças com povos nativos adversários dos impérios pré-colombianos. Como os indígenas eram superiores numericamente e desenvolveram estratégias de combate sofisticadas, como armadilhas como fossas profundas nas quais espetavam paus em que as montarias eram empaladas, canoas “encouraçadas” resistentes às armas de fogo e ataques noturnos ou em terreno coberto, uma forma que os espanhóis encontraram para reduzir os impactos dessas vantagens foi a de se aliar às nações indígenas rivais dos grandes impérios, como o Asteca.

QUESTÃO 66

Charge polêmica publicada pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten Uma série de charges publicadas em setembro de 2007 no jornal dinamarquês "Jyllands-Posten" provocaram uma verdadeira onda de protestos, agressões e distúrbios no mundo islâmico e Europa. A mais polêmica das charges (abaixo) mostra o profeta Maomé com um turbante explosivo e prestes a detonar. As charges foram publicadas sem maiores repercussões em setembro daquele ano, e somente uma reportagem sobre o caso na TV árabe Al-Jazeera despertou a atenção e ira dos muçulmanos. A crença muçulmana impede a reprodução de imagens, e, em muitos países de maioria islâmica, é recomendado até mesmo evitar fotografar onde há aglomerados humanos, para evitar reações agressivas de possíveis fotografados involuntários.

Sobre a questão exposta, pode-se afirmar que a) a fé islâmica é inadequada ao mundo ocidental. b) os jornais não deveriam, de nenhuma forma, abordar temáticas religiosas. c) apenas a ala xiita do Islã não permite a reprodução das imagens do profeta Maomé. d) se trata de uma consequência do radicalismo presente em todas as vertentes do Islamismo. e) provoca a reflexão sobre os estereótipos etnocêntricos que cercam a cultura islâmica, associando-a, de forma

genérica, ao extremismo. Gabarito: E Resolução/Comentário: A fé islâmica é a que mais cresce pelo mundo e, segundo alguns órgãos de pesquisa, já supera o Cristianismo em número de adeptos. Todavia, é recorrente no Ocidente a manutenção de estereótipos, pautados no etnocentrismo, que relaciona o Islã como um todo aos movimentos extremistas, sem levar em conta de que são minoritários, o que reproduz o racismo, xenofobia e intolerância religiosa.

QUESTÃO 67

As figuras abaixo representam as alterações nos volumes de balanço hídrico entre um cenário sem urbanização e um urbanizado no Brasil.

Considerando os efeitos da urbanização na dinâmica do balanço hídrico, pode-se concluir que a) a infiltração no solo é reduzida, mantendo estável o nível do lençol freático. b) a maior impermeabilização do solo reduz a infiltração e recarga das água subterrâneas. c) as perdas por evapotranspiração são mais intensas no cenário urbanizado. d) o escoamento superficial reduz devido à impermeabilização do solo pelo uso de concreto e asfalto. e) a evapotranspiração não sofre alteração independente do cenário urbanizado. Gabarito: B Resolução/Comentário: A impermeabilização (asfalto e concreto) do solo reduz, e o volume de escoamento superficial aumenta. QUESTÃO 68

O PAMPA VIROU AREIA: AGRONEGÓCIO INTENSIFICA PROCESSOS DE EROSÃO NO BIOMA GAÚCHO Disponível em:

https://www.brasildefato.com.br/2017/01/24/o-pampa-virou- areia-agronegocio-intensifica-processos-de-erosao-no-bioma-gaucho/

A arenização consiste no processo de formação de bancos de areia no solo, em um fenômeno equivalente à desertificação, diferenciando-se desta por manifestar-se em áreas de clima úmido e relativamente chuvoso, além de ser comum em solos de composição previamente arenosa. O processo citado acima é decorrente, inicialmente, da a) laterização dos solos. b) formação de voçorocas.

c) compactação dos solos. d) acidificação dos solos.

e) salinização dos solos.

Gabarito: C Resolução/Comentário: O agronegócio intensifica o processo de arenização devido à compactação do solo com o uso de máquinas pesadas e a pecuária extensiva. QUESTÃO 69

Uma cratera em um terreno no Bairro Cidade Jardim em Uberlândia preocupa os moradores da região. O problema é causado por uma erosão que ameaça a estrutura de algumas casas na Rua dos Jasmins e é agravado com a proximidade do Córrego do Óleo (...). A Prefeitura de Uberlândia informou que um estudo foi feito para solucionar o problema.

A causa provável do problema ambiental apresentado, conforme as informações disponíveis na reportagem, está associada a uma combinação entre a) ocupação de encostas e saturação do solo. b) intemperismo superficial e intensidade das chuvas. c) urbanização de reservas ambientais e ação erosiva dos ventos. d) remoção da cobertura vegetal e erosão fluvial. e) assoreamento do córrego e acúmulo de poluentes. Gabarito: D Resolução/Comentário: A combinação entre remoção da cobertura vegetal e erosão fluvial é a provável causa do problema ambiental citado no texto, pois, sem a cobertura vegetal, o rio passa agir com maior intensidade no processo erosivo.

QUESTÃO 70

O mapa em questão representa a divisão do reino franco entre os três netos de Carlos Magno, com o Tratado de Verdun (843). Tal divisão acarretou no aprofundamento da fragmentação do poder real, que caracterizava a Europa Ocidental na Idade Média. Sobre a descentralização e o enfraquecimento do poder real, temos como ponto fundamental a(o) a) tradição romana do colonato. b) tradição romana do comitatus. c) Corpus Juris Civile de Justiniano. d) Cisma do Oriente ocorrido no Império Bizantino. e) tradição da Suserania e Vassalagem, estabelecida por

Carlos Magno. Gabarito: E Resolução/Comentário: Vassalagem e suserania formavam um sistema socioeconômico da Idade Média entre um vassalo e seu suserano. Nessa relação de reciprocidade, o vassalo recebia terra, objetos materiais ou até mesmo um castelo de seu suserano. Em troca, o vassalo devia oferecer fidelidade absoluta e proteção ao seu suserano.

QUESTÃO 71

No Espírito Santo, há comunidades de descendentes de pomeranos nas regiões Serrana e Noroeste. Os municípios foram colonizados por imigrantes que vieram da Pomerânia, na segunda metade do século XIX, em 1859. A região não existe mais, mas ficava localizada ao norte da Polônia e da Alemanha.

A língua pomerana também é considerada morta atualmente, mas nas tradicionais comunidades no estado, os descendentes ainda se comunicam por meio dela. Para manter a cultura, além do ensino nas escolas, a língua é falada dentro de casa, entre os membros das famílias.

Há várias tentativas de explicar o uso do preto pela noiva. Segundo o professor e doutor Ismael Tressmann, a vestimenta negra simboliza morte social e a separação da noiva de sua família, pois quem se desloca de sua rede de parentesco é a mulher.

Segundo o sociólogo Jorge Kuster Jacob, no período medieval, quando um casal de servos se casava, a primeira noite da mulher era do senhor feudal e, em forma de protesto, ela se vestia de preto durante a celebração do matrimônio.

De acordo com o pesquisador Helmar Rölke, em seu livro ‘Raízes da Imigração Alemã’, a tradição da cor tem a ver com os costumes na Alemanha.

Disponível em <http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2016/12/noivas-casam-de-vestido preto-na-tradicao-pomerana-no-es.html.> Acesso em 25 de maio/2019.

O Direito da Prima Nocte, ou Direito da Primeira Noite, era considerado um direito natural do senhor feudal sobre a noite de núpcias de uma camponesa. Ainda que não haja prova documental abastada, vários cantos, trovas e poemas relatam a violência sofrida pela mulher no ato de seu casamento. Isso demonstra a a) rígida execução da dogmática católica. b) confiança dos servos em seus senhores. c) estremecida relação entre nobres e clero. d) completa submissão dos camponeses aos mandamentos católicos. e) contraditória relação entre o discurso cristão e a prática consuetudinária. Gabarito: E Resolução/Comentário: Direito da primeira noite (Latim: jus primae noctis), também conhecido como direito do senhor ou direito da pernada, refere-se a uma suposta instituição que teria vigorado na Idade Média e que permitiria ao Senhor Feudal, no âmbito de seus domínios, desvirginar uma noiva na sua noite de núpcias. Entretanto, não existe prova documental acerca da existência real de tal direito, que é citado em alguns contos e trovas. Na Europa existiu, contudo, em certos lugares, um direito feudal que obrigava o noivo a pagar algumas moedas ao seu senhor quando a noiva era oriunda de outro feudo, o que deixou pensar a alguns autores dos séculos XVIII e XIX que poderia ter existido algum direito da primeira noite. Nesses séculos, muitos autores aproveitaram para utilizar a hipotética existência desse direito para questionar a contradição entre tal prática e a dogmática católica, tal como a omissão da Igreja ante esta violência.

QUESTÃO 72

Criado em 1985, o Espaço de Schengen é formado por países que fazem parte da União Europeia e países que não participam do bloco. Esse acordo promoveu dentro da Europa mudanças, que, dentre elas, podemos citar a) fortalecimento da união aduaneira com uma mesma taxa de importação para todos os países da

União Europeia. b) maior circulação de mercadorias dentro da Europa, permitindo a implantação de uma zona de livre comércio. c) permite a livre circulação de pessoas dentro dos países signatários, sem a necessidade de apresentação de

passaporte nas fronteiras. d) introdução de uma união econômica e monetária, com a implantação de uma moeda única para todos os

países. e) fechamento das fronteiras para a circulação de pessoas, obrigando a utilização constante do passaporte. Gabarito: C Resolução/Comentário: Introdução de um novo Título no Tratado relativo aos vistos, ao asilo, à imigração e às outras políticas ligadas à liberdade de circulação de pessoas e de outro novo Título dedicado à cooperação policial e judiciária em matéria penal e às condições da integração do acervo de Schengen no quadro jurídico da UE. QUESTÃO 73

A POLUIÇÃO DOS RIOS BRASILEIROS: UMA SÉRIA CONSEQUÊNCIA PARA O MEIO AMBIENTE

Em muitas cidades, o sistema sanitário é precário (falta adequada de planejamento urbano), e o esgoto doméstico é jogado diretamente nos rios sem receber o devido tratamento, como também os produtos químicos lançados pelas indústrias. Embora essas práticas promovam grandes impactos ambientais no Brasil, ainda é muito comum, principalmente em locais onde a fiscalização do poder público não existe ou é ineficiente.

(Fonte: Morte Social dos Rios / Mauro Leonel) Sobre tamanho impacto, podemos afirmar que a) apenas uma pequena parte dos rios é afetada no Brasil, pois correm sobre planaltos, áreas menos habitadas

no território nacional. b) rios como o Tietê e o Pinheiros, que cortam trechos urbanos, apesar de poluídos, não possuem ocupações

irregulares em suas margens. c) as bacias hidrográficas que drenam áreas de maior urbanização sofrem com maior frequência esses impactos. d) o processo de despoluição da maioria dos rios brasileiros tem se mostrado bem eficientes na redução

desses impactos. e) os recentes desastres provocados pelo rompimento de barragens no Brasil são fatos isolados que afetaram

especificamente áreas fracamente urbanizadas. Gabarito: C Resolução/Comentário: A maior concentração populacional no Brasil também está associada à grande poluição dos rios, devido à falta de tratamento dos esgotos e a poluição industrial, que é lançada sem tratamento nos rios.

QUESTÃO 74

A importância econômica e geopolítica dos mares e oceanos reflete-se nas disputas que muitas nações travam entre si para poder exercer sua soberania sobre o território marítimo. As águas marítimas são amplamente exploradas para a pesca, o extrativismo mineral, o turismo e as rotas comerciais. Por isso, o controle dessas regiões é visto como uma forma de os países projetarem poder econômico e político. A dificuldade em estabelecer as faixas oceânicas a que cada país tem direito deu origem à Convenção Das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. Ela determina os limites do mar territorial, ou seja, as águas que fazem parte do território nacional de cada país.

Limites da jurisdição brasileira no Oceano Atlântico, a

partir da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito

do Mar (ZEE + PC = Amazônia Azul)

Sobre a “Amazônia Azul”, podemos afirmar que a) corresponde a uma região que o Brasil possui

soberania absoluta (econômica e Militar), representando uma extensão do território.

b) é uma área oceânica considerada semelhante à floresta Amazônica e rica em recursos, da qual o Brasil busca a ampliação.

c) desde 2004, o Brasil reivindica à ONU uma redução da área, visando facilitar o controle sobre suas águas oceânicas.

d) o seu baixo potencial natural inviabiliza sua exploração econômica e o controle de suas fronteiras.

e) o reduzido potencial de hidrocarbonetos faz com que essa área fique livre de possíveis impactos ambientais.

Gabarito: B Resolução/Comentário: A Amazônia Azul ou território marítimo brasileiro é a zona econômica exclusiva (ZEE) do Brasil, cuja área corresponde a aproximadamente 3,6 milhões de quilômetros quadrados - equivalente à superfície da floresta Amazônica. QUESTÃO 75

“Muitos membros da elite mineira circulavam pelo mundo e estudavam na Europa. Em 1787, dentre os dezenove estudantes brasileiros matriculados na Universidade de Coimbra, dez eram de Minas. (...) Por exemplo, um ex-estudante de Coimbra, José Joaquim da Maia, ingressou na Faculdade de Medicina de Montpellier na Franca, em 1786. Naquele ano e no ano seguinte teve contatos com Thomas Jefferson, então embaixador dos Estados Unidos na Franca (...)”.

Flávio de Campos & Regina Claro. Oficina da História. São Paulo: Leya, 2015. Sobre as conjurações ocorridas no Brasil Colonial com influências estrangeiras, sabe-se que o(a) a) maior influência sobre a Inconfidência Mineira foi a Revolução Francesa, com destaque especial para a Fase

do Terror. b) desejo de independência, mesmo que regional, foi a principal motivação para o movimento separatista mineiro

de 1789. c) barroco mineiro foi a principal influência que ajudou a formar, na sociedade local, um projeto explícito de

emancipação política. d) Independência dos Estados Unidos da América repercutiu profundamente sobre os conjurados baianos, mas

não sobre os mineiros. e) Liberalismo Econômico, divulgado principalmente pelo pensador escocês Adam Smith, pouca influência teve

sobre as conjurações no Brasil. Gabarito: B Resolução/Comentário: Sabe-se que o barroco brasileiro foi muito mais uma manifestação artística do que uma mobilizadora ideologia, portanto, não contribuiu para a crise do sistema colonial. A Independência dos Estados Unidos da América e o liberalismo econômico repercutiram sobre ambas as conjurações, mas a Revolução Francesa só sobre a Conjuração Baiana.

QUESTÃO 76

O Brasil é um país privilegiado no que diz respeito à quantidade de água. Tem a maior reserva de água doce da Terra, ou seja, 12% do total mundial. Sua distribuição, porém, não é uniforme em todo o território nacional. A Amazônia, por exemplo, é uma região que detém a maior bacia fluvial do mundo. O volume de água do rio Amazonas é o maior de todos os rios do globo, sendo considerado um rio essencial para o planeta.

Fonte: <http://riosvoadores.com.br/>. Acesso em: 30 ago. 2017.

Sobre a região hidrográfica amazônica, pode-se concluir que a) o ecoturismo é a principal atividade econômica da região e colabora para a preservação desse rico

patrimônio ambiental. b) as chuvas orográficas são provocadas pela intensa evapotranspiração de superfícies úmidas e aquecidas. c) o garimpo e a mineração geram contaminação por metais pesados e assoreamento, sem oferecer riscos à

qualidade da água. d) a expansão das áreas urbanas sobre as áreas das planícies de inundação gera poucos impactos ambientais. e) a região abrange principalmente o Norte do Brasil e ultrapassa nossas fronteiras, drenando outros países da

América do Sul. Gabarito: E Resolução/Comentário: A bacia Amazônica é a maior do mundo, drenando uma extensa área brasileira, ultrapassando nossas fronteiras e chegando a outros países da América do Sul.

QUESTÃO 77

“Na loja maçônica Cavaleiros da Luz, da qual faziam parte membros da elite baiana, como o renomado médico Cipriano Barata, vários componentes defendiam o rompimento com Portugal, sem, entretanto, contemplar as demandas mais abrangentes das camadas populares”.

Freitas Neto & Ricardo Tasínafo. História Geral e do Brasil. São Paulo: HARBRA, 2016. Os principais conflitos entre as reivindicações das elites e as demandas populares na Conjuração Baiana de 1798 traduzem-se no(a) a) início de um projeto político e social de transição paulatina do trabalho escravo para o assalariado, nos moldes

do sistema capitalista nascente. b) desejo de emancipação política regional, com o rompimento dos laços coloniais, porém sem a libertação dos

escravos e a repartição dos latifúndios. c) revisão na relação entre a metrópole e a colônia, no sentido de promover maior cooperação entre ambas,

conforme os preceitos do despotismo esclarecido. d) rompimento político entre a capitania da Bahia e o governo de Portugal, prevendo, entretanto, a manutenção

do monopólio lusitano sobre o comércio local. e) debate entre dois projetos antagônicos, a adoção de uma república na qual os governantes seriam escolhidos

pelo voto ou de uma monarquia nos moldes europeus. Gabarito: B Resolução/Comentário: A elite colonial brasileira que se deixara influenciar pelos ideais do Iluminismo e do Liberalismo Econômico tinha uma visão pragmática sobre o assunto. Era iluminista e liberal até onde lhe convinha, mas sem muito rigor na adesão a concepções ideológicas. Por isso, opunha-se às concessões de cunho social às camadas mais humildes da população.

QUESTÃO 78

O QUE A INDÚSTRIA DE CALCÁRIO PROPÕE AO GOVERNO PARA AMPLIAR A PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA

Sugestões envolvem ações que vão desde a difusão da prática de calagem até um novo treinamento para os técnicos governamentais

A associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal) há anos busca sensibilizar o governo federal sobre a importância da correção do solo para o país. Durante o encontro nacional do segmento, realizado em Curitiba (PR), a associação entregou ao secretário de Políticas Agrícolas do Ministério da Agricultura, Neri Geller, documento contendo cinco ações de iniciativa governamental que incentivariam a calagem do solo.

Notícias Terra

Significativa parcela dos solos do Cerrado necessita de correção para que possa ser utilizada para o cultivo de gêneros agrícolas. Que característica desse tipo de solo ocasiona essa necessidade? a) Intensa acidez b) Grande índice de infiltração

c) Deficiência de nutrientes d) Elevada profundidade

e) Alta porosidade

Gabarito: A Resolução/Comentário: Os solos do Cerrado apresentam acidez elevada, o que por muito tempo comprometeu a atividade agrícola nessas terras. A infertilidade dos solos do Cerrado foi resolvida na agricultura por intermédio da aplicação de técnicas específicas, como a calagem (correção da acidez por meio do calcário), a adubação fosfatada, a adubação potássica e outras.

QUESTÃO 79

"[...] a coerção é menos violenta; mas não deixa de existir. Se não me submeto às convenções mundanas; se, ao me vestir, não levo em consideração os usos seguidos em meu país e na minha classe, o risco que provoco, o afastamento em que os outros me conservam, produzem, embora de maneira mais atenuada, os mesmos efeitos que uma pena propriamente dita."

RODRIGUES, José Albertino (Org.). Durkheim. São Paulo: Ática, 1981. p. 47. O texto acima, de Émilie Durkheim, é uma característica presente no conceito de a) consciência coletiva. b) fato social.

c) solidariedade mecânica. d) solidariedade orgânica.

e) anomia social.

Gabarito: B Resolução/Comentário: Para Durkheim, os fatos sociais distinguem-se dos fatos orgânicos ou psicológicos por se imporem ao indivíduo com uma poderosa força coercitiva à qual ele deve, obrigatoriamente, se submeter. A adoção de um idioma, a organização familiar e o sentimento de pertencer a uma nação são manifestações do comportamento humano dotadas dessa força impositiva sobre o indivíduo, força, essa, que Durkheim denominou coerção social.

QUESTÃO 80

Tudo quanto vive, vive porque muda; muda porque passa; e, porque passa, morre. Tudo quanto vive perpetuamente se torna outra coisa, constantemente se nega, se furta à vida.

PESSOA, F. Livro do Desassossego, por Bernardo Soares. Vol. II. Mem Martins: Europa-América, 1986. A citação filosófica que mais se aproxima da ideia do texto acima é: a) “A vida não examinada não vale a pena ser vivida”. (Sócrates) b) “É impossível banhar-se no mesmo rio por duas vezes”. (Heráclito) c) “Nunca existiu uma grande inteligência sem uma veia de loucura”. (Aristóteles) d) “Não há nada que dominemos inteiramente a não ser os nossos pensamentos”. (René Descartes) e) “Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser”. (Santo Agostinho) Gabarito: B Resolução/Comentário: O mundo, segundo Heráclito, é um fluxo permanente em que nada permanece idêntico a si mesmo. Tudo se transforma no seu contrário. “A guerra é mãe e rainha de todas as coisas”. É da luta entre os contrários, ou seja, do devir, do tornar-se, do vir-a-ser, que eles se harmonizam numa unidade. O lógos (razão, discurso sobre o ser) é mudança e contradição. Isso significa que a verdade é dialética, isto é, as palavras dizem as coisas em sua eterna transformação. O texto de Fernando Pessoa aposta na ideia de uma vida de transformações, um ciclo constante. QUESTÃO 81

A existência em Jerusalém de um hospital voltado para o alojamento e o cuidado dos peregrinos, assim como daqueles entre eles que estavam cansados ou doentes, fortaleceu o elo entre a obra de assistência e de caridade e a Terra Santa. Ao fazer, em 1113, do Hospital de Jerusalém um estabelecimento central da ordem, Pascoal II estimulava a filiação dos hospitalários do Ocidente a ele, sobretudo daqueles que estavam ligados à peregrinação na Terra Santa ou em outro lugar. A militarização do Hospital de Jerusalém não diminuiu a vocação caritativa primitiva, mas a fortaleceu.

DEMURGER, A. Os Cavaleiros de Cristo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002 (adaptado).

O acontecimento descrito vincula-se ao fenômeno ocidental da(o) a) descentralização do poder eclesiástico, produzida pelo feudalismo. b) surgimento do monasticismo guerreiro, ocasionado pelas cruzadas. c) alastramento da peste bubônica, provocado pela expansão comercial. d) afirmação da fraternidade mendicante, estimulada pela reforma espiritual. e) criação das faculdades de medicina, promovida pelo renascimento urbano. Gabarito: B Resolução/Comentário: As Cruzadas, guerra santa deflagrada pela Igreja Católica contra os muçulmanos pelo domínio de Jerusalém, obrigou monges de várias ordens a mesclar funções religiosas com funções militares. Dentre tais ordens, pode-se citar a dos Hospitalários, a dos Templários e a dos Teutônicos.

QUESTÃO 82

Nos últimos decênios, o território conhece grandes mudanças em função de acréscimos técnicos que renovam a sua materialidade, como resultado e condição, ao mesmo tempo, dos processos econômicos e sociais em curso. SANTOS, M.; SILVEIRA; M. L. O Brasil: território e sociedade do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2004 (adaptado). A partir da última década, verifica-se a ocorrência no Brasil de alterações significativas no território, ocasionando impactos sociais, culturais e econômicos sobre comunidades locais, e com maior intensidade, na Amazônia Legal, com a a) reforma e ampliação de aeroportos nas capitais dos estados. b) ampliação de estádios de futebol para a realização de eventos esportivos. c) construção de usinas hidrelétricas sobre os rios Tocantins, Xingu e Madeira. d) instalação de cabos para a formação de uma rede informatizada de comunicação. e) formação de uma infraestrutura de torres que permitem a comunicação móvel na região. Gabarito: C Resolução/Comentário: Nos últimos anos, a fronteira econômica avançou sobre a Amazônia Legal no que diz respeito aos meios energéticos. Com a construção de gigantescas hidrelétricas, diversos hectares são destruídos pelos alagamentos das áreas de barragem, já que os rios da Amazônia não são caudalosos, necessitando da técnica para transformar as paisagens do norte do Brasil e o melhor aproveitamento energético das usinas. QUESTÃO 83

A interface clima/sociedade pode ser considerada em termos de ajustamento à extensão e aos modos como as sociedades funcionam em uma relação harmônica com seu clima. O homem e suas sociedades são vulneráveis às variações climáticas. A vulnerabilidade é a medida pela qual uma sociedade é suscetível de sofrer por causas climáticas.

AYOADE, J. O. Introdução à climatologia para os trópicos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010 (adaptado). Considerando o tipo de relação entre ser humano e condição climática apresentado no texto, uma sociedade torna-se mais vulnerável quando a) concentra suas atividades no setor primário. b) apresenta estoques elevados de alimentos. c) possui um sistema de transportes articulado. d) diversifica a matriz de geração de energia. e) introduz tecnologias à produção agrícola. Gabarito: A Resolução/Comentário: O setor primário é dependente das condições climáticas, sendo assim, podemos relacionar a vulnerabilidade social à falta de alimentos gerados por problemas de seca ou chuvas intensas, pois diminuiria drasticamente a oferta de alimentos, acarretando numa crise alimentícia que iria atingir diretamente tanto a população rural como também a urbana. QUESTÃO 84

O instituto popular, de acordo com o exame da razão, fez da figura do alferes Xavier o principal dos Inconfidentes, e colocou os seus parceiros a meia ração de glória. Merecem, decerto, a nossa estima aqueles outros; eram patriotas. Mas o que se ofereceu a carregar com os pecadores de Israel, o que chorou de alegria quando viu comutada a pena de morte dos seus companheiros, pena que só ia ser executada nele, o enforcado, o esquartejado, o decapitado, esse tem de receber o prêmio na proporção do martírio, e ganhar por todos, visto que pagou por todos.

ASSIS, M. Gazeta de Notícias, n. 114, 24 abr. 1892. No processo de transição para a República, a narrativa machadiana sobre a Inconfidência Mineira associa a) redenção cristã e cultura cívica. b) apologia aos protestantes e culto ufanista. c) veneração aos santos e radicalismo militar. d) tradição messiânica e tendência regionalista. e) representação eclesiástica e dogmatismo ideológico. Gabarito: A Resolução/Comentário: Os agentes proclamadores da República buscaram forjar novos heróis nacionais para legitimar o novo regime. Dentre os heróis escolhidos estava Tiradentes, cuja figura, para ser exaltada, foi aproximada da imagem de Cristo e colocada como defensora da soberania nacional.

QUESTÃO 85

A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém, a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade.

ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010. Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como a) plenitude espiritual a ascese pessoal. b) finalidade das ações e condutas humanas. c) busca por bens materiais e títulos de nobreza. d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas. e) expressão do sucesso individual e reconhecimento público. Gabarito: B Resolução/Comentário: Aristóteles parte do senso comum para afirmar que todas as atividades humanas, pragmáticas ou teóricas, miram um bem qualquer, de modo que o bem pode ser definido como aquilo a que todas as ações tendem. Todavia, nem todas as atividades do homem tendem para o bem da mesma maneira, pois algumas ações são seus próprios fins e outras são meios através dos quais se atinge alguma finalidade desejada. O homem é capaz de muitas atividades e, por conseguinte, é capaz de atingir muitos fins. Alguns destes fins estão subordinados a outros – por exemplo, a finalidade da agricultura é a alimentação – e, consequentemente, se não podemos dizer que cultivamos apenas por cultivarmos, ao contrário podemos dizer que nos alimentamos apenas por nos alimentarmos. Entretanto, a questão é que poderíamos considerar todas as nossas atividades, até a alimentação, em função de outras, e o fim visado pela primeira tornar-se-ia o começo da segunda. Se assim considerássemos, a sequência seguiria infinitamente, nos fazendo transitar de uma ação para outra nunca nos tranquilizando. Ora, a atividade humana deve visar o bem tendo em vista aquela atividade mais excelente, o sumo bem. Conhecer tal sumo é, então, de grande importância, pois afetaria a maneira como agimos e facilitaria a realização da nossa felicidade nos dando um bom termo para nossas ações. Segundo o filósofo grego, a política é a arte mestra, pois é decisiva para a determinação dos conteúdos de todas as ciências, isto é, todos os conhecimentos se subordinam à finalidade da política; se considerarmos que o bem é a felicidade e o sumo bem é a felicidade de todos, então a política se torna a mais decisiva das ciências por ser a atividade que realiza o último fim, o sumo bem. Portanto, se a felicidade é a atividade da alma em conformidade com a virtude perfeita, e esta virtude perfeita é adquirida através de um bom hábito dirigido pela ciência política, então a felicidade é algo divino, pois ela é o que de melhor existe no mundo, ou seja, ela é a felicidade de todos os cidadãos atingida pela boa direção da alma de cada um. QUESTÃO 86

México, Colômbia, Peru e Chile decidiram seguir um caminho mais curto para a integração regional. Os quatro países, em meados de 2012, criaram a Aliança do Pacífico e eliminaram, em 2013, as tarifas aduaneiras de 90% do total de produtos comercializados entre suas fronteiras.

OLIVEIRA, E. Aliança do Pacífico se fortalece, e Mercosul fica à sua sombra. O Globo, 24 fev. 2013 (adaptado)

O acordo descrito no texto teve como objetivo econômico para os países-membros a) promover a livre circulação de trabalhadores. b) fomentar a competitividade no mercado externo. c) restringir investimentos de empresas multinacionais. d) adotar medidas cambiais para subsidiar o setor agrícola. e) intensificar a fiscalização alfandegária para incentivar o consumo. Gabarito: B Resolução/Comentário: A Aliança do Pacífico tem como objetivo gerar uma maior integração econômica entre países reduzindo os entraves fiscais que encarecem ou dificultam a circulação de mercadorias. Assim, sem esses obstáculos, é alcançada também uma maior competitividade no mercado externo, já que o país que conseguir oferecer a produção mais barata terá vantagem significativa.

QUESTÃO 87

A linhagem dos primeiros críticos ambientais brasileiros não praticou o elogio laudatório da beleza e da grandeza do meio natural brasileiro. O meio natural foi elogiado por sua riqueza e potencial econômico, sendo sua destruição interpretada como um signo de atraso, ignorância e falta de cuidado.

PADUA, J. A. Um sopro de destruição: pensamento político e crítica ambiental no Brasil escravista (1786-1888). Rio de Janeiro: Zahar, 2002 (adaptado).

Descrevendo a posição dos críticos ambientais brasileiros dos séculos XVIII e XIX, o autor demonstra que, via de regra, eles viam o meio natural como a) ferramenta essencial para o avanço da nação. b) dádiva divina para o desenvolvimento industrial. c) paisagem privilegiada para a

valorização fundiária.

d) limitação topográfica para a promoção da urbanização.

e) obstáculo climático para o estabelecimento da civilização.

Gabarito: A Resolução/Comentário: Quando, no texto, é dito que “o meio natural foi elogiado por sua riqueza e potencial econômico” fica clara a associação entre a natureza brasileira e seu uso para o progresso econômico da Nação.

QUESTÃO 88

Narciso - Michelangelo Merisi Caravaggio

(1571-1610) – Adaptado

A imagem em questão estabelece relação com as práticas sofistas da Grécia antiga, quando a) promove o entendimento da figura humana como

um modelo de homem ideal, coerente e confiável. b) sinaliza a intensa prática de investigação e

preocupação com os demais interesses e referencias sociais.

c) demonstra a contemplação do homem para o conhecimento, que sinaliza o caminha pelo para a felicidade.

d) indica a disponibilização de meios de comunicação e pesquisa necessários para a busca de verdade absoluta.

e) evidencia que a moeda de troca e fonte de prazer estariam ligados ao ego inflado e o poder de sua verbosidade.

Gabarito: E Resolução/Comentário: Na Grécia Antiga, os sofistas eram profissionais do discurso e eram contratados para convencer pessoas sobre uma determinada opinião. Nem sempre acreditavam naquilo que defendiam, mas defendiam seus argumentos de maneira entranhável, porque eram pagos para isso. A imagem em questão provoca, contudo, uma reflexão sobre os sofistas da atualidade, que não são remunerados para refletir nem opinar, acreditam no que defendem, e têm como moeda de troca e fonte de prazer o ego inflado pelas “curtidas” nas redes sociais na internet, manifestando um tipo de narcisismo cibernético.

QUESTÃO 89

“Um dado importante da Revolução de 1817 se encontra no fato de que ela passou do Recife para o sertão, estendendo-se a Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. O desfavorecimento regional, acompanhado de um forte antilusitanismo, foi o denominador comum dessa espécie de revolta geral de toda a área nordestina. Não devemos imaginar, porém, que os diferentes grupos tivessem os mesmos objetivos”.

Mendes Júnior, Roncari e Maranhão. Brasil História, texto e consulta – Império. Rio de Janeiro. Brasilense, 1979.

Apesar das divergências entre os atores sociais envolvidos na Revolução Pernambucana de 1817, destaca-se como objetivo comum dos revoltosos o(a) a) fato de se oporem aos altos impostos que a Corte, instalada no Rio de Janeiro, impunha sobre a região. b) combate ao federalismo, de inspiração norte-americana, que poderia trazer o desregramento jurídico por meio

de legislações específicas para cada região do país. c) defesa intransigente da libertação dos trabalhadores cativos, da extinção do escravismo e da inclusão das

massas populares no processo decisório por meio do voto universal. d) rejeição à proposta de implantação do socialismo científico pelos grupos mais radicais, tendo como ponto de

partida a divisão das terras dos latifundiários entre os camponeses. e) insatisfação dos nordestinos com a exploração que sacrificava sua região, poupando as outras regiões do

Brasil, como Grão-Pará, Centro-Oeste, Sul e Sudeste do mesmo destino. Gabarito: A Resolução/Comentário: A Revolução Pernambucana de 1817, de caráter separatista, apresentava como suas principais reivindicações o fim da pesada carga tributária, aumentada com a instalação da Corte Portuguesa no Brasil, e também o desejo de autonomia regional, inspirado no federalismo norte-americano.

QUESTÃO 90

O Malleus Maleficarum traz inúmeras e exageradas descrições e, até certo ponto, apelativas e incoerentes. O livro divide-se em três partes distintas, sendo que cada parte subdivide-se em capítulos chamados de Questões. A primeira parte, que contém dezoito questões, ensina a reconhecer bruxas em seus múltiplos disfarces e atitudes. A segunda parte traz apenas duas questões, mas a primeira está subdividida em dezesseis capítulos e a segunda em oito capítulos. Esta segunda parte expõe os tipos de malefícios, classificando-os e explicando-os detalhadamente, e os métodos para desfazê-los. A terceira e última parte, que contém uma introdução geral e trinta e cinco questões subdivididas, condiciona as formalidades para agir "legalmente" contra as bruxas, demonstrando como inquiri-las e condená-las, tanto nos tribunais civis como eclesiásticos.

Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Malleus_Maleficarum> Acesso em 25 de maio/2019. O Livro em questão trazia um manual detalhado de identificação das bruxas. Traduzido como O Martelo das Feiticeiras, tal obra foi amplamente utilizado para justificar a inquisição, mesmo depois de colocado no Index católico como livro proibido. A Inquisição católica medieval a) não demostrou muita eficácia, vide às sólidas instituições feudais alicerçadas no direito consuetudinário, que

garantiam a liberdade religiosa e de pensamento a todos os cidadãos da Europa. b) voltava-se, exclusivamente, contra pessoas que se confessavam como vinculadas aos rituais ocultistas,

condenados na Idade Média. c) foi um tribunal localizado na Itália, para o qual os hereges eram enviados sempre que eram dissonantes das

ordens dos senhores feudais e do clero. Seguia linhas laicas e flertava com a isonomia durante o rito de instrução das penas.

d) era um instrumento católico fundamental para a manutenção da ordem social, uma vez que as mulheres e indivíduos de outras religiões representavam um obstáculo ao desenvolvimento econômico por se rebelarem constantemente.

e) voltou-se principalmente contra as mulheres, em virtude do patriarcalismo pujante e das retóricas que associavam o pecado original à mulher e que, consequentemente, vinha arraigado do moralismo mais radical, como forma de padronizar os comportamentos e ações.

Gabarito: E Resolução/Comentário: No início do século IX, havia a crença popular sobre existência de bruxos que, através de artifícios sobrenaturais, eram capazes de provocar discórdia, doenças e morte. Por sua vez, a Igreja não aceitava a existência de bruxos e ainda, baseado no Conselho eclesiástico de São Patrício (St. Patrick), afirmava que "um cristão que acreditasse em vampiros, era o mesmo que declarar-se bruxo, confesso ao demônio" e "pessoas com crenças não poderiam ser aceitas pela Igreja a menos que revogue com suas palavras o crime que cometeu". Na segunda metade do século X já havia penalidades severas para quem fizesse uso de artes mágicas. No século XIV (1326) a Igreja autoriza a Inquisição a investigar os casos de bruxaria. Pouco mais de cem anos depois, em 1430, teólogos cristãos começam a escrever livros que "provam" a existência de bruxos. O livro Formicarius, escrito por Thomas de Brabant, em 1480, aborda a relação entre o homem e a bruxaria. Em uma sociedade na qual a religiosidade, política, sexualidade e artes estavam interligadas e sob o domínio da Igreja, transgredir as normas de conduta em apenas um desses campos, acarretaria, por consequência, numa transgressão generalizada e direta sobre o poder do clero. Dessa forma, sob o papado de Inocêncio VIII, o Malleus Maleficarum nasceu da necessidade que a Igreja Católica tinha de organizar e legitimar suas práticas, principalmente quando relacionadas à Santa Inquisição, que já atuava desde o final do século XII. Até aquele momento, não havia uma referência oficial que abordasse a questão da bruxaria. Fazia-se necessário um documento escrito, aprovado pelo corpo eclesiástico, que tivesse valor legal e determinasse com maior precisão possível, as práticas de feitiçaria e suas respectivas punições. Heinrich Kramer e James Sprenger, através de uma bula de Inocêncio VIII, foram nomeados inquisidores para que investigassem as práticas de bruxaria nas províncias do norte da Alemanha e incumbidos de produzir a obra que institucionaliza-se e legitima-se a ação da Igreja. Por aproximadamente dois anos, encarregaram-se da produção do espesso trabalho de mais de quatrocentas páginas. Por fim, o Formicarius foi acoplado e passou a fazer parte do tratado eclesiástico intitulado Malleus Maleficarum. A imprensa, recém-surgida, facilitou a divulgação da campanha movida pela Igreja contra as feiticeiras.