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APOSTILA DE ARTE SÉRIE – ENSINO MÉDIO 2021

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APOSTILA DE ARTE

1ª SÉRIE – ENSINO MÉDIO2021

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2021 – APOSTILA DE ARTE – 1ª SÉRIE

ÍNDICE

1. A linguagem da Arte

Mas afinal, o que é arte?

Manifestações artísticas

Experiência estética

Arte e beleza

Arte ao longo do tempo

História da arte

Gêneros artísticos

Técnicas e materiais artísticos

Ler o mundo

Como se lê uma obra de arte?

Olhar investigativo

2. Arte como registro da história

Os movimentos artísticos do século XIX

Arte Acadêmica no Brasil

A tradição das academias de Belas Artes

3. Arte Moderna

A ruptura com a tradição acadêmica

Édouard Manet

Impressionismo

Claude Monet

Trajetórias Pós-impressionistas

4. Vanguardas Europeias

Expressionismo Alemão

Die Brucke ou A Ponte

Grandes clássicos do cinema

Arte degenerada

Edvard Munch

Fauvismo

Henri Matisse

Cubismo

Les demoiselles d’Avignon

As fases do cubismo

Abstracionismo

Suprematismo

Neoplasticismo

Dadaísmo

Marcel Duchamp

Manifesto Surrealista

Grandes nomes do surrealismo

5. Modernismo Brasileiro

A polêmica exposição de Anita Malfatti

A Semana de Arte Moderna de 1922

Manifesto Antropófago

Grandes nomes da arte brasileira

6. A especificidade da arte brasileira

Arte e cultura popular

As variações da cultura indígena

Ancestralidade africana

Regionalismos

Arte Naif

7. Arte Contemporânea

Sociedade de consumo

Objetos cotidianos

Ocupações ambientais

O corpo como suporte

8. Novas linguagens

Reinvenção do espaço comum

O vídeo e a fotografia como linguagens

Arte e Política

Arte e tecnologias digitais

9. Intervenções urbanas

Street art

O palco é a cidade

O movimento Hip-hop

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A LINGUAGEM DA ARTE

Mas afinal, o que é arte?

“A arte existe porque a vida não basta.” Ferreira Gullar

O artista tem capacidade de transformar a realidade, criando alternativas para compreendermos o mundo, o outro e a nós mesmos. Ao olharmos uma obra de arte, nos deparamos com algo que nunca esgota a capacidade de promover a construção de novos sentidos para quem a observa. O objeto artístico, seja ele uma música, um desenho ou um espetáculo cênico, traz a possibilidade de nos deslocar do cotidiano comum, e, por um instante, mergulharmos em um estado de contemplação da obra.

Para muitas pessoas, arte é aquilo que só quem tem habilidade é capaz de fazer, ou seja, está relacionado ao desenvolvimento de uma capacidade técnica de (re)produzir algo. Nesse sentido, boa parte daquilo que é produzido e apresentado como arte na atualidade seria desprezado.

Para outras pessoas, no entanto, para algo ser validado como arte, deveria possuir uma significação clara e objetiva, de maneira que não tivéssemos que decifrar enigmas para compreender a mensagem do autor. Assim, toda vez que uma obra não consiste em reproduzir um objeto ou cena, e deixa de ser descritiva ou narrativa, deixaria de ser considerada obra de arte.

Os conservadores defendem que os objetos e criações humanas só podem ser considerados arte quando baseados em referenciais históricos, estabelecidos como “belo” pela cultura clássica ocidental. Tal parâmetro de análise foi abandonado e desconstruído pelos artistas modernos e as vanguardas artísticas europeias durante o século XX.

Os valores que determinam o que consideramos o que é arte, e o que é belo, têm variado ao longo da história e para cada cultura, portanto, torna-se impossível definir um conceito de arte único.

“Arte é tudo o que eu disser que é arte.” Marcel Duchamp

O fato é que não conseguimos estabelecer uma definição concreta ou conceito que delimite o que é arte, mas reconhecemos em diferentes manifestações artísticas, criativas e expressivas uma condição estética, crítica ou poética que determinam a sua contemplação.

Manifestações artísticas

Manifestações artísticas são as formas que o ser humano possui para expressar suas emoções, ideias e pensamentos. Consideramos manifestações artísticas:

⇒ Dança: A dança é um tipo de manifestação artística que utiliza o corpo como instrumento criativo. Na dança, as pessoas realizam movimentos ritmados, seguindo uma cadência improvisada ou coreografada, originando movimentos corporais.

⇒ Teatro: O termo teatro deriva do grego theatrón, que significa “lugar para contemplar”. O teatro é um dos ramos da arte cênica (performativa), relacionado com a atuação/interpretação, através do qual são representadas histórias na presença de um público. Esta forma de arte combina o discurso, gestos, sons, música e cenografia.

⇒ Música: Mousikē é um conceito grego que significa “a arte das musas”. E, deste, deriva a palavra música, que define a arte de organizar sensível e logicamente uma combinação coerente de sons e silêncios. Para isso, são usados os princípios fundamentais da melodia, a harmonia e o ritmo.

⇒ Artes plásticas: Do latim ars, a arte diz respeito às criações do ser humano que procuram expressar uma visão sensível do mundo real ou imaginário. Este ramo artístico abrange trabalhos das áreas da pintura, da escultura e da arquitetura, entre outras linguagens.

⇒ Cinema: O termo sétima arte, usado para designar o cinema, foi estabelecido por Ricciotto Canudo no “Manifesto das Sete Artes”, em 1912 (publicado apenas em 1923). O intelectual italiano radicado na França, escreveu o manifesto e definiu o cinema como a sétima arte por ser uma arte em movimento e congregar todas as outras artes em uma só.

⇒ Artesanato e arte popular: A produção artesanal resulta do próprio trabalho manual do artesão. Já a arte popular é fruto da criação do artista e reflete com expressividade as crenças e tradições de um povo

Experiência estética

A criação de uma obra artística é uma experiência estética, ou seja, envolve no processo vários elementos, como a percepção, o sensório, o imaginário, a razão, o corpo e a memória. A confluência de todos esses elementos influencia o processo de criação, culminando na concepção de uma obra de arte.

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“a experiência estética [...] é vista como inerentemente ligada à experiência de criar.” John Dewey

A apreciação de uma obra de arte torna-se uma experiência estética, a partir do momento em que o

observador se entrega ao movimento de fruição e cria novos sentidos para o próprio olhar. É importante lembrarmos que tanto o conceito de Arte quanto o de estética não existem necessariamente em

todos os povos e culturas, como é o caso dos diversos povos indígenas brasileiros, que não apresentam o conceito de arte, como o consideramos, na cultura deles.

Arte e beleza

Uma das mais importantes características da arte é o fato de despertar, o sentimento de apreciar o belo.

“para distinguir se algo é belo ou não, referimos a representação, não pelo entendimento ao objeto em vista do conhecimento, mas pela faculdade da imaginação (talvez ligada ao entendimento) ao sujeito e ao seu sentimento de prazer ou desprazer. O juízo de gosto não é, pois, nenhum juízo de conhecimento, por conseguinte não é lógico e sim estético, pelo qual se entende aquilo cujo fundamento de determinação não pode ser senão subjetivo.”

KANT. Crítica da faculdade do juízo.

Esse prazer do belo é chamado, pela Filosofia, de prazer estético e tem acompanhado as relações do homem

com as diversas formas de manifestação artística ao longo da história. O prazer do belo dialoga com a experiência estética do sujeito ao se relacionar com a obra de arte e é,

portanto, uma vivência subjetiva, individual. A experiência de fruição com o objeto artístico pode provocar um deslocamento do cotidiano e, em alguns casos, se tornar uma experiência que ultrapassa o belo e se torna sublime.

Ao apreciarmos uma obra, fazemos uso de nosso aparato sensório, nossa percepção, nossos conhecimentos prévios, nosso imaginário, nosso pensamento e nossas experiências anteriores. O fato de “não gostarmos” de uma obra de arte não impossibilita que possamos apreciá-la e, de alguma maneira, construirmos saberes novos a partir dessa experiência. Quanto mais estudamos, experimentamos e desfrutamos de manifestações artísticas variadas, mais nos preparamos para acolher e nos tornamos capazes de contemplar obras que nos causam desagrado, angústia e desconforto.

Assim como o conceito de Arte, o de beleza também não é universal. O que é belo para um, pode não ser para outro. Assim, concluímos que o prazer estético pode ser traduzido por obras que não necessariamente apresentam as qualidades mais objetivas da beleza (formas perfeitas, equilíbrio de cores e expressões harmônicas e graciosas), mas que despertam em cada sujeito um estado diferenciado de sensações e deleite.

Arte ao longo do tempo

O estudo da arte ao longo do tempo revela como a obra se relaciona com o contexto histórico, social e cultural de cada época. As características expressivas de uma obra dialogam com a forma de pensar, o conceito de beleza e o meio cultural em que foi produzida. Dessa forma, podemos apreciar com embasamento uma obra de arte se nos propusermos a investigar como ela dialoga com o contexto da época em que foi criada.

Compreender esse contexto, no entanto, é uma tarefa que exige estudo, criticidade e pode colaborar na vivência de uma experiência de contemplação plena com o objeto. Também podemos dizer que uma obra de arte tem autonomia, ou seja, pode ser apreciada de forma intensa sem que necessariamente saibamos o contexto histórico, político, social e cultural.

História da arte

A História da Arte acompanha todo o desenvolvimento do ser humano. Sendo assim, ela está dividida em

vários períodos, nos quais se verificam as formas de produção artística de inúmeras civilizações ao longo da

história humana.

O que reúne as obras dentro de categorias são as características semelhantes que encontramos na produção

de determinada época ou relacionadas a uma região.

Para cada época e lugar, a sociedade reconhece como arte alguns objetos e outros, não. Isso porque, em

diferentes momentos, se elaboram formas de demonstrar o que se valoriza como artístico, o que varia de acordo

com a cultura da sociedade em questão.

Hoje em dia, a atividade artística se faz de maneira individualizada e cada artista, ou pequenos coletivos,

desenvolvem trabalhos com fortes características próprias que dificultam a classificação das obras em um

único estilo.

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Podemos organizar a história da arte ocidental da seguinte maneira:

⇒ Arte como registro: Arte Rupestre.

⇒ Mitologia e monumentos arquitetônicos: Arte Grega e Arte Romana.

⇒ Arte Cristã: Arte Bizantina e Arte Gótica.

⇒ Arte e representação: Renascimento / Arte Barroca.

⇒ Arte como narrativa histórica: Neoclassicismo / Romantismo.

⇒ Arte como experimentação criativa: Arte moderna.

⇒ Arte e atualidades: Arte contemporânea. Gêneros artísticos

Na história da arte encontra-se todo tipo de imagem, com os mais diversos conteúdos. No que se refere a

esses conteúdos, as obras fazem parte de algumas categorias, ou gêneros artísticos. São os principais:

⇒ Arte Sacra: compreende a produção artística relacionada a representações religiosas.

⇒ Gênero mitológico: compreende temas relativos à mitologia grega e romana, ou de outros civilizações.

⇒ Retrato: trata-se das representações dos indivíduos, pode ser individual ou coletivo.

⇒ Cenas históricas: compreende a interpretação de fatos e acontecimentos reais.

⇒ Cenas da vida cotidiana: geralmente retratam cenas da vida comum, o ambiente é retrato junto

aos personagens.

⇒ Natureza-morta: tem como tema a retratação de objetos, flores e frutas. Tornou-se comum o exercício de

composição e estudo da forma e da cor.

⇒ Paisagem: retratação da natureza.

⇒ Abstração: composição pura não representativa. Técnicas e materiais artísticos

Os materiais escolhidos para a criação de uma obra se diferenciam do uso cotidiano, pois adquirem qualidades que se relacionam com a emoção, os sentidos e as possibilidades de construção expressiva, dialogando com o contexto histórico, cultural, social e político, com o ambiente e o processo de criação do artista.

Além disso, a escolha dos materiais associa-se ao emprego das técnicas adequadas, a fim de alcançar os objetivos desejados.

Nas artes plásticas, as técnicas tradicionais para a criação artística são:

⇒ Desenho: As técnicas mais conhecidas são desenho a carvão, desenho a giz, aguada, pastel, ponta de metal, desenho a lápis e desenho com bico de pena.

⇒ Pintura: As técnicas antigas e tradicionais incluem aquarela, guache, têmpera, pintura a óleo, encáustica e afresco. Entre as técnicas modernas, estão aquelas que empregam materiais cuja produção só foi possível depois do avanço da industrialização, tais como o esmalte e a tinta acrílica.

⇒ Gravura: As técnicas de gravura variam de acordo com a matriz utilizada. A matriz é o suporte no qual a imagem será gravada, para depois ser reproduzida em papel ou em outro material.

As técnicas mais conhecidas são a gravura em metal, a litografia (cuja matriz é a pedra), a xilografia (que usa a madeira), o linóleo (matriz feita com placas de borracha) e a serigrafia (que usa uma tela de náilon como matriz).

⇒ Escultura: Para os diferentes tipos de escultura os artistas desenvolveram técnicas de acordo com o tipo de material usado. Entre as mais tradicionais, podemos mencionar a modelagem para o gesso, argila ou resina; a fundição, para esculturas em metal; e o entalhe, para trabalhos em madeira e pedra.

As diferentes técnicas aplicadas nas artes visuais demonstram a capacidade investigativa do ser humano, sempre buscando novas maneiras de alcançar a forma desejada e a expressão de suas ideias e sentimentos.

Na arte contemporânea, os artistas exploram novos materiais e suportes na realização dos trabalhos artísticos. Nesse contexto, extrapolam a ideia convencional do que consideramos arte por muito tempo. Alguns artistas trabalham o corpo como suporte, outros reciclam materiais descartados e outros fazem trabalhos onde há interação entre arte e tecnologia.

Ler o mundo

A fruição da obra pode ocorrer independentemente de conhecimento prévio sobre as artes visuais, o artista e

o contexto. No entanto, quando estudamos os elementos que constituem as artes visuais, aliados ao processo de

criação do artista e os contextos histórico, político, cultural e social, temos possibilidades de interagir melhor com a

obra e construir questionamentos, observações e sentidos para nossa experiência.

Ao conhecermos e investigarmos os elementos de uma obra, estabelecemos um processo de apreciação que

nos permite compreender alguns dos aspectos formais, conceituais e interpretativos do objeto, e experimentar a

percepção, a emoção e o afeto.

Dentre os elementos que enriquecem o processo de apreciação de uma obra de arte podemos identificar:

autor, tema, estilo, suporte e técnica e contexto histórico, político, social e cultural da obra.

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Como se lê uma obra de arte?

A leitura de uma obra de arte e pode ser realizada em determinadas etapas:

⇒ Leitura descritiva: o que se vê: inserção da obra em seu contexto histórico e cultural: decodificação do conteúdo simbólico.

⇒ Análise comparativa: referência a modelos precedentes na história da arte: referências aos trabalhos de outros artistas da mesma geração.

⇒ Leitura interpretativa do tema: análise da composição: leitura da estrutura expressiva e da linguagem formal do artista: leitura da mensagem.

Olhar investigativo

A leitura e a apreciação de uma obra de arte são processos que requerem sensibilidade, além de método e domínio de um vocabulário adequado. O conhecimento da história da Arte pode auxiliar nessa tarefa, considerando-se que as obras sempre dialogam com o passado e, como um exercício arqueológico, a observação de uma obra deve ser um longo e cuidadoso processo de investigação que reúne um estudo sobre os elementos formais, o tema, o contexto, as características expressivas, emoções e questionamentos do artista.

ARTE COMO REGISTRO DA HISTÓRIA

Os movimentos artísticos do século XIX

O século XIX foi palco de grandes mudanças políticas, econômicas e sociais, além das revoluções e o surgimento de grandes invenções científicas. Napoleão Bonaparte foi derrotado, Simon Bolívar liderou revoluções na América Latina, Darwin publicou a Origem das Espécies, Beethoven terminou a Nona Sinfonia, Freud desenvolveu a psicanálise e o primeiro carro foi fabricado. O século XIX presenciou o fim de monarquias e o surgimento de democracias.

Nesse contexto, no mundo artístico, surgiam novos movimentos que refletiam na pintura as transformações vividas pela sociedade e que representavam o sujeito desse novo mundo. Até então, na história da Arte, cada estilo e fase artística tinha durado séculos. Os novos movimentos aconteceram quase que paralelos uns aos outros e foram de breve duração. Sobrepuseram novos modos de pensar que refletiram diretamente nos temas abordados pelos artistas e no modo como as telas foram preenchidas de cor e forma. Os estilos do século XIX foram: o Neoclassicismo, o Romantismo e o Realismo.

Ao estudarmos os conceitos de beleza relacionados aos movimentos artísticos percebemos que qualquer tipo de obra estabelece uma relação com o espectador, uma troca de sentido e significado, um testemunho histórico, social, cultural e religioso. Dessa forma, ao apreciar uma obra de arte é importante saber analisar os elementos presentes nela para que ocorra essa troca da melhor maneira possível e o espectador compreenda, então, o que o artista quis transmitir.

Então, como analisar uma obra de Arte?

Uma mesma obra pode despertar diferentes sensações em cada pessoa. Então não existe uma receita de como ler uma obra de arte. Mas é possível levar em consideração a época, a técnica, o tema e os recursos usados pelo artista para melhor compreender sua função. É possível seguir alguns passos básicos para analisar uma obra:

- Leia as informações que acompanham a obra (os créditos): título, autor, época, dimensão e técnica. O título quase sempre já é uma indicação do tema da obra.

- Analise o objetivo da execução da obra (sua função). Para isso, busque informações sobre o artista, sua época e características do seu trabalho.

- Perceba os elementos que a compõem - as cores, linhas, texturas, etc. Sabemos que esses elementos são capazes de comunicar sentimentos, e isso ajuda na interpretação da obra.

Muitas pinturas continuam atuais por simplesmente ser um quadro humano. Humano no sentido em que nos toca, pois em algum momento das nossas vidas nos sentimos como os personagens. Isso ajuda a explicar por que suas obras têm uma influência tão duradoura em tempos tão diferentes, mesmo a gente vivendo em uma era digital.

Arte Acadêmica no Brasil

O século XIX no Brasil presencia mudanças profundas na história das artes plásticas em relação aos séculos anteriores, cujo sentido não pode ser compreendido sem referência à chamada Missão Artística Francesa. Em 26 de março de 1816 aporta no Rio de Janeiro um grupo de artistas franceses, liderados por Joachim Lebreton (1760-1819), secretário recém-destituído do Institut de France. Acompanham-no o pintor histórico Debret (1768-1848), o paisagista Nicolas Antoine Taunay (1755-1830) e seu irmão, o escultor Auguste-Marie Taunay (1768-1824), o arquiteto Grandjean de Montigny (1776-1850) e o gravador de medalhas Charles-Simon Pradier (1783-1847). O objetivo é fundar a primeira Academia de Arte no Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

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Há duas versões sobre a origem da Missão. A primeira afirma que, por sugestão do conde da Barca, o príncipe Dom João (1767-1826) requer ao marquês de Marialva, então representante do governo português na França, a contratação de um grupo de artistas capaz de lançar as bases de uma instituição de ensino em artes visuais na nova capital do reino. Aconselhado pelo naturalista Alexander von Humboldt (1769-1859), Marialva chega a Lebreton, que se encarrega de formar o grupo. A outra versão afirma que os integrantes da Missão vêm por iniciativa própria, oferecendo seus serviços à corte portuguesa. Formados no ambiente neoclássico e partidários de Napoleão Bonaparte, os artistas se sentem prejudicados com a volta dos Bourbon ao poder. Decidem vir para o Brasil e são acolhidos por D. João, esperançoso de que possam ajudar nos processos de renovação do Rio de Janeiro e de afirmação da corte no país. Recentemente historiadores buscaram um meio termo entre as duas versões, que parece a mais plausível. Fala-se em casamento de interesses: por um lado, o rei teria se mostrado receptivo à criação da academia; a par dessa informação, Lebreton, com o intuito de sair da França, teria oferecido seus serviços, arregimentando artistas dispostos a se refugiar em outro país.

Não foram poucas as dificuldades encontradas pelo grupo para realização da missão. A Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios foi criada por decreto no dia 12 de agosto de 1816, estabelecendo pelo período de seis anos pensão aos artistas franceses. No entanto, ela não passa de uma medida formal, pois não chega a funcionar, devido a causas políticas e sociais: a resistência de membros lusitanos do governo à presença francesa; as dificuldades impostas pelo representante da monarquia francesa, o cônsul-geral coronel Maler; o atraso de ordem material e estrutural no qual se encontrava o Rio de Janeiro; o desprezo da sociedade por assuntos relativos às artes. A escola abre as portas somente em 5 de novembro de 1826, passando por dois outros decretos, o de 12 de outubro de 1820, que institui a Real Academia de Desenho, Pintura e Arquitetura Civil, e o derradeiro, de 25 de novembro do mesmo ano, que anuncia a criação de uma escola de ensino unicamente artístico com a denominação Academia e Escola Real.

Durante o longo tempo de espera, os franceses seguem com suas atividades. Notadamente Debret e Grandjean de Montigny aceitam encomendas oficiais. O primeiro realiza diversas telas para a família real e o último é responsável pelo edifício da Academia Imperial de Belas Artes (Aiba) e outras obras públicas, como o prédio da Alfândega (atual Casa França-Brasil). Por ocasião das festas comemorativas da coroação de Dom João VI, em 1818, ambos idealizam, com Auguste Taunay, a ornamentação da cidade. Debret também se dedica ao ensino de desenho e pintura num espaço alugado, enquanto realiza as aquarelas que marcariam sua obra da fase brasileira. No Rio de Janeiro, Nicolas Taunay segue como pintor de paisagem encantado com a natureza tropical.

A situação torna-se difícil com a morte de Lebreton em 1819, e a nomeação, em 1820 do pintor português Hernique José da Silva (1772-1834) para a direção da Academia Real. Nicolas Taunay decide voltar para França em 1821 e é substituído pelo filho Félix Taunay (1795-1881). Os outros tentam adaptar-se à realidade de uma academia distante de seus planos originais. Com a chegada de reforços franceses, os irmãos Marc Ferrez (1788-1850) e Zepherin Ferrez (1797-1851), escultor e gravador, respectivamente, os remanescentes da Missão procuram resistir às adversidades criadas pelo novo diretor. Debret não aguenta por muito tempo e retorna à França em 1831, levando seu aluno preferido, Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879).

Historicamente, além da importância da Missão Artística Francesa como fundadora do ensino formal de artes no Brasil, pode-se dizer que durante o tempo em que esses artistas permanecem no país, dentro ou não da Academia, eles ajudam a fixar a imagem do artista como homem livre numa sociedade de cunho burguês e da arte como ação cultural leiga no lugar da figura do artista-artesão, submetido à Igreja e seus temas, posição predominante nos séculos anteriores.

Na primeira metade do século XIX, a produção artística em território brasileiro se deu através dos relatos visuais produzidos principalmente pelos artistas viajantes, a exemplo da Missão Francesa. Os artistas estrangeiros foram responsáveis por criar um imaginário pitoresco e exótico ao retratar a paisagem e a vida cotidiana brasileira. Através da pintura e relatos escritos, buscaram propiciar informações sobre como a cidade funcionava: os portos, as edificações e os modos de vida.

Em meados do século XIX, o Império Brasileiro atingiu grande prosperidade econômica proporcionada pelo café e certa estabilidade política, depois que Dom Pedro II assumiu o governo e dominou as rebeliões que agitaram o Brasil até 1848. Além disso, o próprio imperador procurou dar ao país um desenvolvimento cultural mais sólido, incentivando as letras, as ciências e as artes. Estas ganharam um impulso de tendência nitidamente conservadora, que refletia os modelos europeus.

No Brasil, o academicismo teve início com a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios fundada por Dom João VI em 1816, por incentivo da Missão Artística Francesa, floresceu com a Academia Imperial de Belas Artes e o mecenato de Dom Pedro II e encerrou-se com a incorporação de sua sucessora republicana, a Escola Nacional de Belas Artes, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1931.

Coube à Academia Imperial de Belas Artes a produção de pinturas e esculturas, principalmente de temática histórica e indianista, além dos retratos. A adesão da produção da Academia ao projeto político do Império pode ser verificada nas obras de vários artistas, sobretudo no campo da pintura histórica e dos retratos oficiais, o que justificou os grandes investimentos nos prêmios de viagens e nas encomendas oficiais aos principais artistas da época.

O sucesso dessa política cultural pode ser medido pela reação popular das obras da época, não só naquela época, mas também da permanência dessas imagens nos livros didáticos de história nacional. Outra característica importante do projeto de uma identidade cultural nacionalista para o Brasil foi a idealização do índio, amplamente representado na pintura e na literatura da época como um personagem mitológico.

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Portanto, quando analisamos a arte produzida em meados do século XIX, no Brasil, podemos identificar a atuação de instituições oficiais e estabelecimentos privados que receberam o apoio do Estado, a fim de que contribuíssem para o projeto político de construção de uma identidade artística e cultural brasileira naquele momento.

Da primeira geração de artistas brasileiros formados pela Academia Imperial de Belas Artes, destacam-se Pedro Américo de Figueiredo e Melo, Victor Meirelles de Lima e José Ferraz de Almeida Júnior.

A tradição das academias de Belas Artes

Uma das características gerais da arte acadêmica era seguir os padrões de beleza clássica, ou seja, o artista não deveria imitar a realidade, mas tentar recriar a beleza ideal em suas obras, por meio da imitação dos modelos já consagrados, principalmente os gregos e romanos, na arquitetura e escultura e dos renascentistas, na pintura.

Na História da Arte Brasileira, o termo academismo se aplica mais comumente à produção artística pertinente ao século XIX. Acadêmico não é um estilo, mas um modo específico de ensino e produção artística, caracterizados pelo respeito a um sistema determinado de normas, é um método de ensino artístico profissionalizante de nível superior equivalente ao ensino universitário. No Brasil, tal sistema foi introduzido no período de vigência do Neoclassicismo na Europa, e depois absorveu as influências estéticas românticas e realistas.

As chamadas academias de Belas Artes pregavam que a boa arte estava relacionada ao compromisso fundamental do artista com uma concepção idealizada da arte – por mais variada que ela pudesse se apresentar quanto aos aspectos formais e temáticos da obra. Assim, a teoria acadêmica estava relacionada a uma arte narrativa. Por este motivo, a longa duração das academias correspondeu à arte clássica. Quando este conceito começou a ser desconstruído, a partir do século XIX, as academias passaram a ser crescentemente questionadas até serem vistas como arcaicas e decadentes de uma tradição esvaziada, gradativamente, seus conceitos foram substituídos pelos ideais das vanguardas modernas.

ARTE MODERNA

A ruptura com a tradição acadêmica

As transformações do mundo desde as revoluções Industrial e Francesa e o surgimento da fotografia na segunda década do século XIX, ocasionaram um grande impacto na arte.

O aparecimento de uma forma mecânica de registrar a realidade provocou os princípios de criação artística e fez com que os artistas investigassem ainda mais a essência da Arte, buscando validar os elementos constituintes, investindo na identidade expressiva e na valorização da Arte por ela mesma.

Desde o Realismo, as pinturas realizadas como estudos de composição tornaram-se cada vez mais comuns e abriram espaço para uma produção artística despretensiosa. A vida cotidiana assumiu o posto até então restrito à retratação dos heróis, às grandes narrativas históricas e figuras mitológicas. Gradativamente, os considerados grandes temas da pintura, foram substituídos por estudos de natureza-morta, pinturas de paisagens e retratos ao ar livre.

Na década de 1860, o Realismo francês renunciou às temáticas rurais e privilegiou os temas urbanos. Talvez movidos pelas reformas urbanísticas então em curso, que fizeram de Paris o grande centro da modernidade, os artistas desejavam expressar, ao mesmo tempo, a exuberância e a artificialidade da vida metropolitana moderna, com enfoque na classe média urbana.

Édouard Manet

Édouard Manet foi o principal artista desse período de transição. As pinturas iniciais do artista unem temas modernos e referências aos grandes mestres do passado, submetidos a uma maneira de pintar absolutamente inovadora. Manet destaca as pinceladas e executa contrastes acentuados e recortes pouco comuns na arte da pintura até aquele momento. A moderna técnica da fotografia também influenciou essa renovação, uma vez que o olhar de Manet, muitas vezes, assemelhava-se ao do fotógrafo que capta um instante do real, isolado de todo o resto. As cenas são, por vezes, recortadas segundo uma lógica que em nada se aproxima das tradicionais composições pictóricas, como na tela O baile de máscaras da ópera.

“Pintor da vida moderna”, como definiram alguns especialistas, Manet levou para as telas locais, hábitos, personagens e eventos típicos da vida em sociedade na Paris dos anos 1860-1870, retratados com uma técnica arrojada que faria dele um modelo para os futuros impressionistas e, ao mesmo tempo, renderia-lhe severas reprovações do público e dos críticos da época.

Uma das obras mais polêmicas do artista foi Almoço sobre a relva, exibida no Salão dos Recusados, organizado em paralelo ao Salão Oficial, no qual foram expostas as obras recusadas pelo júri do evento. A presença de uma mulher nua entre os homens vestidos não é justificada por precedentes mitológicos e alegóricos. Isto lhe rendeu a estranheza da cena irreal e obscena aos olhos do público. O estilo e tratamento de Manet foram considerados muito chocantes. Ele não fez nenhuma transição entre os elementos leves e escuros da imagem, abandonando as gradações habituais em favor de contrastes brutais. E os personagens parecem se encaixar

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desconfortavelmente em segundo plano esboçado na floresta a partir do qual Manet excluiu deliberadamente a profundidade e a perspectiva. Almoço sobre a Relva é um testemunho da recusa de Manet em seguir a convenção acadêmica, possibilitando a liberdade de temas tradicionais e modos de representação, talvez essa obra possa ser considerada o ponto de partida para a Arte Moderna.

Impressionismo

A história do movimento impressionista tem início em 1874, quando um grupo de jovens artistas se reuniu para organizar exposições independentes do Salão. Faziam parte desse grupo Claude Monet, Pierre-Auguste Renoir, Camille Pissarro, Alfred Sisley, Edgar Degas, Paul Cézanne e Berthe Morisot. Entre 1874 e 1886, organizaram oito exposições, ao longo das quais foram evidentes os caminhos individuais seguidos pelos membros do grupo.

A revolução impressionista começou ainda em 1869, quando Monet e Renoir, trabalhando ao ar livre, às margens do Sena, puderam perceber a ação da luz sobre os objetos, bem como os diferentes efeitos luminosos produzidos em diferentes horas do dia ou em diferentes condições climáticas. A luz é, portanto, o elemento-chave da pintura impressionista. A fim de melhor explorar as mutações luminosas sobre os objetos, esses dois artistas revolucionaram também os procedimentos técnicos da pintura impressionista, passando a aplicar pinceladas de cores puras sobre a tela. Dessa maneira, os pintores não precisavam mais misturar os pigmentos com bases solúveis, mas usavam a tinta diretamente dos tubos. A presença explícita das pinceladas na tela é uma das marcas registradas da pintura impressionista, ainda que não seja uma característica comum a todos os artistas do grupo.

Os pintores impressionistas expressavam-se com contrastes de cor arrojados, traços pouco precisos e esquemas compositivos capazes de sugerir uma experiência direta e instantânea do real.

Estabeleceram, assim, uma nova linguagem visual, na qual as formas e os efeitos plásticos são construídos pela própria cor, aplicadas diretamente sobre a tela; os procedimentos formais pouco ortodoxos, submetidos aos efeitos variáveis da luz, da cor e da atmosfera, dividiram os críticos e até mesmo os artistas da época.

De fundamental importância para o Impressionismo foram a fotografia e as estampas japonesas. Da primeira, os impressionistas absorveram o gosto pela cena fortuita e pelo ângulo inesperado. A fotografia ao mesmo tempo que causou uma “crise” na Arte, por causa do registro mecânico e instantâneo da realidade, provocou também pesquisas sobre a função e a essência da própria Arte, abrindo, no caso do Impressionismo, uma investigação sobre os princípios e a finalidade da pintura. Já as gravuras japonesas apresentam cenas casuais e objetivas. Com elas, os artistas ocidentais perceberam que a pintura não precisava ter a pretensão de representar uma cena em sua totalidade, mas poderia se dedicar ao estudo de um instante.

O Impressionismo não se limitou à França, mas influenciou artistas nas diversas partes do mundo, motivados pelas novidades estéticas e formais da nova pintura, como os americanos Mary Cassatt e James Whistler.

Importante destacar que, com os impressionistas, tem início uma prática que seria fundamental para as futuras vanguardas: o hábito da reunião dos artistas em grupos e dos debates em torno das novas ideias e práticas artísticas.

Além das paisagens, os pintores impressionistas interessavam-se pelos aspectos mais espontâneos da vida cotidiana.

Claude Monet

Claude Monet traduz com precisão essa opção dos impressionistas pela percepção visual dos objetos, tendo realizado em várias obras todas as mudanças de luz no ambiente, do alvorecer ao pôr do sol e em diversas estações do ano. Monet pintou paisagens urbanas e campestres, nas quais as pinceladas são percebidas em primeiro lugar, cabendo ao espectador a iniciativa de afastar-se do quadro para melhor definir as formas que se originam das impressões cromáticas organizadas pelo artista na tela.

Monet realizou várias séries de pinturas, interessado em acompanhar a mudança da percepção visual dos objetos e dos cenários, de acordo com as diferentes horas do dia e sob a ação atmosférica das distintas estações do ano. O que importava para Monet era perceber e traduzir visualmente esses efeitos luminosos e cromáticos.

Trajetórias pós-impressionistas

O período chamado de pós-impressionismo coincide com a chamada Belle Époque em Paris, momento marcado pela estabilidade econômica, e desenvolvimento tecnológico, artístico e cultural francês. Na época, Paris se tornou uma espécie de capital cosmopolita do mundo, reunindo não só artistas, mas músicos e intelectuais de diversas áreas. A vida urbana e os novos costumes burgueses anunciavam as novas tendências da moda e as transformações culturais da virada do século, repercutindo em uma produção artística e intelectual livre e moderna.

O termo pós-Impressionismo não identifica um movimento nem mesmo um estilo que possa ser identificado por características comuns. O termo foi criado pelo crítico de arte inglês Peter Fry, em 1910, por ocasião de uma exposição que reunia obras produzidas entre os anos 1880 e 1905. Na mostra, os artistas apresentaram pinturas com características declaradamente antiacadêmicas e que já não correspondiam à estética impressionista. Entre os artistas que se destacaram nesse período estão os franceses Paul Gauguin, Paul Cézanne e Henri de Toulouse-Lautrec e o holandês Vincent van Gogh.

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⇒ Cézanne direcionou seus estudos para a representação dos planos e as formas geométricas; o artista não estava preocupado com como o sol altera a percepção da paisagem, mas sim como se percebe de fato a paisagem e os elementos que a constituem. Para Cézanne, o que importava era a representação dos objetos em sua síntese, sua pesquisa vai ser fundamental para o desenvolvimento do Cubismo.

⇒ Van Gogh direcionou-se à representação das emoções; sua pintura é considerada extremamente vigorosa. O trabalho do artista é muito característico, as pinceladas salpicadas e marcadas por uma tinta densa, ressaltam a materialidade da pintura e criam movimento sobre as telas. O artista vai ser uma grande inspiração para os artistas expressionistas.

⇒ Gauguin elaborou uma série de pinturas de temática primitiva e cores fortes. O artista viveu durante alguns anos no Taiti, e a influência da cultura nativa foi de extrema importância para o seu trabalho. No geral, suas pinturas apresentam formas amplas, preenchidas com cores puras e contrastes fortes. O trabalho do artista pode ser considerado uma referência para o Primitivismo, na arte moderna.

⇒ Toulouse-Lautrec: sua pintura é uma clara expressão da vida cotidiana; o artista é amplamente reconhecido pelas pinturas que retratam a vida boêmia parisiense de sua época. Além disso, o artista foi extremamente importante para o desenvolvimento do design gráfico, produzindo uma série de cartazes publicitários na época e inaugurando o estilo artístico Art Nouveau.

VANGUARDAS EUROPEIAS

Os movimentos artísticos do final do século XIX e no início do século XX refletem o contexto modernista, pois

acompanham a ideia do progresso, do avanço tecnológico e do crescimento das cidades. Nesse período, os

variados movimentos artísticos que surgiram foram intitulados de vanguarda, pois questionavam a função e a

finalidade da arte. Os artistas envolvidos renunciaram à tradição acadêmica, buscando criar obras que

dialogassem com a vida moderna. De modo geral, as vanguardas reforçaram a ideia de que a prática artística

precisava renovar as formas, estilos e práticas correntes no mundo da arte.

Gradativamente, os adjetivos relacionados às habilidades técnicas de representação figurativa foram

substituídos pela criatividade expressiva dos artistas. Foi inevitável reconhecer que a arte cria um mundo paralelo,

isto é, em vez de representar o real, passou a apresentar o mundo recriado por ela mesma, por vezes totalmente

desconectado de qualquer referência à realidade objetiva.

Expressionismo Alemão

O termo Expressionismo foi empregado para designar uma tendência artística moderna, desenvolvida em

terras alemãs entre os anos de 1905 e 1914. Em linhas gerais, podemos dizer que a atitude expressionista está

presente quando a personalidade do artista é fator determinante numa obra de arte. Por esse motivo, mais do que

um movimento com regras e programas claramente estabelecidos, o Expressionismo é uma postura presente na

produção artística.

O termo surgiu em 1911, na revista alemã Der Sturm (A Tempestade), para qualificar a produção de

Cézanne, Van Gogh e Matisse, mas já havia antes sido empregado para identificar a pintura do norueguês Edvard

Munch, a fim de diferenciá-la dos trabalhos impressionistas. Die Brücke ou A Ponte

Em 1905, organizou-se na cidade de Dresden, na Alemanha, o grupo artístico intitulado Die Brücke. Fundado

por Fritz Bley e Ernst Ludwig Kirchner, o grupo logo recebeu a adesão de outros artistas, como Max Pechstein e

Emil Nolde.

Os artistas do Die Brücke desejavam expressar os sentimentos diretamente e sem dissimulação. Entre 1905

e 1913, o grupo realizou setenta exposições, na Alemanha e fora dela. Os artistas do grupo tinham grande

interesse pela arte primitiva, o que lhes inspirou os contornos marcados, as feições semelhantes a máscaras, os

traços angulosos e a pose viva dos personagens nos quadros. Trabalhavam frequentemente com cores brilhantes

e contrastantes, pinceladas vigorosas, figuras deformadas e formas primitivas. Interessavam-se por temas do

cotidiano, com ênfase dramática e algumas obsessões temáticas, como a morte.

São notáveis os trabalhos de ilustrações de livros realizados nessa época por artistas expressionistas,

assinalando o desenvolvimento da arte gráfica, principalmente a xilogravura.

Em 1913, o grupo comunicou sua dissolução. Nesse momento, as obras expressionistas estavam sendo

atacadas pelos conservadores como ameaças à juventude alemã. A cor foi, para os artistas expressionistas, o

elemento fundamental do processo criativo.

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Grandes clássicos do cinema

A estética expressionista influenciou também o cinema alemão após a Primeira Guerra Mundial. A postura adotada nas artes plásticas se fez ver nos filmes pelo emprego de lentes que distorcem as cenas, ângulos violentos, figuras gigantescas e fora de escala, bem como na ênfase nos contrastes de claro-escuro, valorizando as cenas por meio de intensos jogos de luz e tons. Em grande maioria, os filmes enquadraram-se nos temas de suspense, horror e ficção científica.

Arte degenerada

As tendências expressionistas na arte despertaram a oposição do governo alemão. A ascensão do nazismo e de Hitler justificaram a perseguição aos artistas modernos. Para o nazismo, os trabalhos de arte moderna apresentavam sinais de confusão mental em seus criadores. A ofensiva à arte moderna teria, então, um caráter higienizador, para além das discussões raciais.

Em 1933, com a ascensão de Hitler ao poder, foram organizadas as exposições intituladas “Arte degenerada”, que incluíam os trabalhos das vanguardas artísticas modernas, em especial as obras expressionistas. A ideia era mostrar à população que aquela arte era uma degeneração intelectual do homem e, por isso, deveria ser exterminada. Depois de expostas, as obras foram destruídas. Em paralelo, Hitler ordenou a compra de obras clássicas e estimulou a produção de uma arte alemã, totalmente inspirada na tradição acadêmica.

Edvard Munch

Munch é considerado um artista precursor do expressionismo alemão. Seu estilo pictórico é considerado profundamente expressivo. A primeira grande exposição do artista aconteceu em Berlim, no ano de 1893, provocou grande escândalo e foi fechada. Os temas das pinturas giraram em torno da vida e da morte, do amor, do medo e do desespero. O artista representou em seus quadros as próprias experiências traumáticas. Sua obra mais conhecida é sem dúvidas, O Grito (1893), interpretada como a personificação do pânico pela vida e pela solidão do homem moderno.

Fauvismo

O fauvismo foi um movimento artístico do começo do século XX. Teve início em 1901, embora tenha ganhado

esta denominação somente em 1905. A palavra tem origem no vocábulo francês fauves, que significa feras.

Com a afirmação das tendências modernistas, a cor foi ganhando autonomia como elemento formal e impôs

sua importância na pintura. A primeira grande atitude vanguardista no século XX em relação ao tratamento da cor

ocorreu entre os chamados fauves, que a empregaram de forma absolutamente diferente dos

artistas antecessores.

As pinturas realizadas por esse grupo, que atuou em Paris nos primeiros anos do século, apresentam traços

comuns e configuram um estilo característico. Os temas preferidos – paisagens e figuras isoladas – eram

convencionais, mas não o tratamento que lhes deram. A maior característica das pinturas fauves é o tratamento

arrojado e livre da cor, geralmente aplicada pura direto de tubos de tinta industrializados, evidenciando o caráter

plano da superfície da tela, sem efeitos ilusionistas de claro-escuro. As pinceladas evidentes constroem espaços

arbitrários de cor, sem qualquer preocupação com a verossimilhança da imagem.

Algumas referências foram importantes para os fauves, como o uso da cor por Van Gogh e o primitivismo de

Gauguin, cujos trabalhos foram expostos em mostras retrospectivas realizadas entre 1901 e 1906, aproximando

as obras e os adeptos do Fauvismo.

O Fauvismo, como outros movimentos artísticos anteriores, enfatizava a expressão e oferecia ao espectador

um espetáculo de sensações cujos efeitos eram, essencialmente, decorativos. Defendiam uma pintura genuína

convencidos de que não precisavam de outra justificativa para a pintura que faziam senão o mero prazer visual

proporcionado pela cor pura. A arte fauvista busca levar o ser humano ao seu estado natural por meio de uma

estética primitivista, tal qual o estado de pureza dos desenhos infantis. Henri Matisse

Henri-Émile Benoît Matisse foi um destacado pintor, escultor e artista gráfico francês. Formou-se em Direito,

em 1887, mas não exerceu a função pois achava as leis um assunto um tanto entediante. Aos 22 anos, mudou-se

para Paris para estudar arte e matriculou-se na Académie Julian.

Depois de anos de estudos, entre 1900 e 1905 participou da mostra Salão dos Independentes e Salão de

Outono, em Paris, e integrou o grupo dos pintores fauvistas. Henri Matisse, foi considerado o grande líder do

movimento, elegeu a cor, a luz, os cenários decorativos e a expressão de alegria nos quadros que pintava,

marcando a diferença entre os fauves e os expressionistas alemães, a quem, todavia, trabalharam paralelamente.

As pinturas do artista, "Harmonia em Vermelho" (1908), "A Dança" (1909) e "A Música" (1910), se destacam

pelo uso de cores fortes, movimento e linhas. Matisse criou um estilo simplificado em que o uso da cor chapada,

sem nuances, é limitado pelo traço e desaparecem os volumes e a perspectiva.

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Cubismo

Compreender a Arte como uma possibilidade de se criarem novas realidades significa também situá-la como

um campo de construção de novos sentidos e conhecimentos para a humanidade. A não necessidade de

fidelidade ao real abre diversas possibilidades de pesquisas artísticas. O artista pode se dedicar às questões que

o movem e à expressão da própria identidade criadora. A procura pelas essências que formam o objeto artístico,

pela investigação dos elementos constituintes da obra reafirmam o valor e a função da Arte por ela mesma.

O sujeito passava a ter a identidade expressiva reconhecida como a maior potência artística. No movimento

de olhar o mundo e olhar para si, nasciam a maioria dos movimentos de vanguarda, sendo alguns mais engajados

com as questões ideológicas e sociais e outros voltados para as questões formais da composição da obra.

Entre os movimentos considerados emblemáticos dessa revisão do papel e da natureza da arte, o Cubismo

e o Abstracionismo são fundamentais para que possamos compreender os efeitos da crise da representação e o

percurso da autonomia da forma artística.

Para muitos estudiosos, o Cubismo começou com Paul Cézanne, com os estudos sobre a geometrização das

formas naturais. Ao estudar dedicadamente as formas plásticas, Cézanne transformou a ênfase visual

impressionista em um enfoque intelectualizado, que tratava os objetos como formas modeladas pela cor. Para ele,

tudo na natureza podia ser traduzido por meio de três formas fundamentais: a esfera, o cone e o cilindro. A pintura

desse artista, no início, apresentava matriz fortemente figurativa, passando a uma simplificação notável, em que

se percebia um esquema compositivo baseado em sólidos geométricos.

Os precursores do Cubismo, Pablo Picasso e Georges Braque, intencionalmente interpretaram a realidade de

modo plástico, através de uma “lente geometrizante”. O termo tem origem na palavra francesa cube, e a ideia dos

artistas engajados era que nenhuma forma real seria transportada para as telas cubistas tal como poderiam ser

percebidas pela visão, mas como formas concebidas pela mente e arranjadas em um novo espaço, sem

profundidade ou efeitos de claro-escuro. O espaço explora a planificação dos objetos e a desarticulação em

planos soltos, impondo a multivisão do objeto, em oposição à visão unifocal da perspectiva renascentista. A

pintura volta a respeitar a superfície plana da tela, e, mesmo nas obras em que os cubistas misturaram objetos à

pintura, o caráter bidimensional continuou sendo cultivado nas representações pictóricas.

Cronologicamente, o Cubismo foi contemporâneo dos movimentos expressionistas e de outras estéticas. As

novas proposições estéticas eram crescentes na Europa durante as primeiras décadas do século XX, partindo de

alguns centros como Paris, Milão, Roma e Moscou, chegando à América Latina e aos Estados Unidos. A Primeira

Guerra Mundial mobilizou os artistas vanguardistas, muitas vezes levados a migrar para outras cidades,

mesmo que distantes. Dessa forma, e também pela circulação de artistas estadunidenses na Europa, as

vanguardas chegaram às Américas, onde teriam um impacto significativo sobre o desenvolvimento dos principais

centros artísticos locais.

Em 1913, o poeta Guillaume Apollinaire publicou Les peintres cubistes, uma espécie de manifesto do

movimento. Nele, Apollinaire afirma que “a geometria está para as artes plásticas assim como a gramática está

para a arte de escrever”. Além de Picasso e Braque, outros artistas aderiram aos questionamentos cubistas, entre

eles, podemos citar Juan Gris, Robert Delaunay, Fernand Léger e Gino Severini. Les demoiselles d’Avignon

A aparição dessa obra no cenário parisiense, em 1907, causou impacto de intensidade tão revolucionária que

se costuma atribuir a ela o despertar de um novo momento na história da arte ocidental e, especificamente, o

momento inicial do movimento cubista. Foi por causa da reação a essa obra que Braque se aproximou das

pesquisas de Picasso e aderiu às novas propostas plásticas, desenvolvendo com ele os pressupostos da

nova estética.

O Cubismo é considerado a primeira pesquisa analítica feita sobre a estrutura funcional da obra de arte.

Apesar de ainda não se encaixar nos preceitos da arte cubista, Les demoiselles inaugura uma linguagem

artística contemporânea, rompe com a tradição e abre um campo novo à prática artística, que seriam depois

incorporados pelos cubistas, como a representação de formas tridimensionais em espaços bidimensionais e a

modelagem dos objetos por meio da cor ou de variações tonais. A partir dessa obra, define-se o Cubismo como

uma revolução formal, voltada à reavaliação e à reinvenção de procedimentos e valores pictóricos.

Altamente intelectualizada, a arte cubista é essencialmente reflexiva, resultando em diferentes estágios de

investigação e soluções plásticas.

Pablo Picasso foi um dos mais influentes artistas do século XX. A técnica do cubismo desenvolvida por ele

revolucionou a Arte Moderna. Além disso, foi escultor e desenhista.

O pintor buscava diferentes técnicas e estilos para aperfeiçoar o trabalho desenvolvido. Assim, com o intuito

de inovar nas técnicas que praticava, Picasso passou por diferentes fases de trabalho. As fases demonstravam

sentimentos e períodos da vida do pintor. Não é à toa que Picasso foi um dos maiores pintores reconhecidos

no mundo.

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As fases do cubismo

Na fase inicial, as experimentações de Picasso e Braque resultaram em telas praticamente monocromáticas, com tonalidades apagadas, para que nada interferisse na exploração dos efeitos intrínsecos às próprias formas, que são dispostas como sólidos geométricos, na ausência total de perspectiva. A esse período de investigações iniciais seguem-se as duas fases reconhecidas pelos estudiosos, batizadas nos escritos de Juan Gris, outro importante artista cubista: a primeira delas ficou conhecida como Cubismo analítico e a segunda como Cubismo sintético.

O Cubismo Analítico (1909) foi caracterizado pela desestruturação da obra em todos os seus elementos. Decompondo a obra em partes, o artista registra todos os seus elementos em planos sucessivos e superpostos, procurando a visão total da figura, examinando-a em todos os ângulos no mesmo instante, através da fragmentação dela. Essa fragmentação dos seres foi tão grande, que se tornou impossível o reconhecimento de qualquer figura nas pinturas cubistas. As obras eram predominantemente monocromáticas.

O Cubismo Sintético (1911) reagiu à excessiva fragmentação dos objetos e à destruição de sua estrutura. Basicamente, essa tendência procurou tornar as figuras novamente reconhecíveis. Sua grande inovação se deu pela técnica de colagem. Os artistas passaram a inserir letras, palavras, números, pedaços de madeira, vidro, metal e até objetos inteiros nas pinturas. Os artistas pretendiam criar efeitos plásticos e ultrapassar os limites das sensações visuais que a pintura sugere, despertando também no observador as sensações táteis.

Como legado, o Cubismo pôs fim ao espaço ilusionista do Renascimento e mostrou que a representação do mundo exterior se esgotava. Além disso, mostrou que era possível criar uma linguagem pictórica expressiva, sem que fosse preciso representar a realidade exterior.

Abstracionismo

As vanguardas do início do século XX consolidaram a proposição de rompimento com a tradição acadêmica e

o fortalecimento da autonomia da obra de Arte. As inovações das proposições estéticas do Fauvismo, do

Expressionismo e do Cubismo abriram campo para o desenvolvimento de investigações formais e conceituais

levando à abstração.

Especificamente no que se referia à pintura, estava claro, para todos aqueles conectados com as

transformações da arte, que ela deveria ser respeitada como uma entidade absoluta, sem nenhuma relação com

os objetos do mundo visível, composta de formas abstratas que teriam origem única e exclusivamente na mente

humana. Assim, explorando os meios específicos da arte pictórica – cor, linha e espaço –, artistas identificados

com a linguagem abstrata imprimiram um novo e definitivo rumo para a criação visual.

Foi em Moscou que surgiram as propostas mais radicais. Em contato com as vanguardas europeias, os

artistas russos absorveram as principais propostas cubistas, fauvistas e futuristas.

O Abstracionismo, ou arte abstrata, é um estilo artístico moderno das artes visuais que prioriza as formas

abstratas em detrimento das figuras que representam algo da nossa própria realidade. Caracterizada pela “não

representação”, essa vertente buscou apresentar um novo estilo de arte, em que as formas, cores, linhas e

texturas eram os objetos de pesquisa dos artistas. Dessa forma, podemos dizer que esse tipo de arte é uma obra

“não representacional”, ao contrário da arte figurativa, expressa por meio de figuras que retratam a natureza.

O pintor russo Wassily Kandinsky é considerado o precursor da arte abstrata com suas obras “Primeira

Aquarela Abstrata” (1910) e a série “Improvisações” (1909- 1914). Suprematismo

O suprematismo (em russo, Супрематизм) foi um movimento artístico russo, centrado em formas

geométricas básicas, considerado a primeira escola de pintura abstrata do movimento moderno.

Entre os artistas russos do início do século XX, Kazimir Malevich traduziu nas pinturas o diálogo com as cores

radicais dos fauves, com os métodos de composição cubista e com a inspiração futurista na máquina e na

industrialização. Já em 1913, porém, mostrava seu pioneirismo ao lançar o suprematismo, movimento de arte

abstrata cujo emblema inicial foi a tela “Quadrado negro sobre fundo branco”.

Malevich sustentava que o artista moderno deveria aspirar a uma arte liberada de fins práticos e estéticos,

buscando apenas alcançar a pura sensibilidade plástica. Trata-se de romper com a ideia de imitação da natureza,

com as formas ilusionistas, com a luz e cor naturalistas e com qualquer referência ao mundo objetivo que o

cubismo de certa forma, ainda alimentava.

As obras suprematistas foram vistas pela primeira vez na exposição coletiva A Última Exposição de Quadros

Futuristas 0.10 (Zero. Dez), realizada em dezembro de 1915, em São Petersburgo, na Rússia, evidenciam a nova

proposta pictórica: formas geométricas básicas - quadrado, retângulo, círculo, cruz e triângulo - associadas a uma

pequena gama de cores. Neoplasticismo

Em Amsterdã, organizou-se, em 1917, o grupo De Stijl (O Estilo), cujos integrantes mais ativos foram Piet

Mondrian e Theo van Doesburg. Nessa ocasião fundaram uma revista do mesmo nome, e, das experiências

artísticas e teóricas, configurou-se o movimento do Neoplasticismo.

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De Stijl foi o mais puro e idealista dos movimentos de vanguarda. As propostas para uma arte puramente abstrata alcançaram a arquitetura, a escultura, a pintura e o urbanismo, em uma corrente que se manteve influente até os dias de hoje, desempenhando importante papel na arte contemporânea. Os membros acreditavam que havia uma harmonia universal da qual o homem poderia partilhar, desde que estivesse subordinado a ela. Segundo eles, essa harmonia residia fora da matéria e mesmo do indivíduo, no “reino do espírito puro”. Traduzidas para o campo da pintura, essas ideias reduziram os meios plásticos aos elementos constitutivos da linha, do espaço e da cor, dispostos de maneira absolutamente elementar nas composições.

O Neoplasticismo extrapolou o campo da pintura e invadiu a arquitetura, inspirando muitos designers nas propostas de decoração (móveis, tapeçarias, tecidos em geral, etc.). Mondrian viveu grande parte de sua vida em Paris, em contato com as vanguardas e, especialmente, com o Cubismo de Picasso, que estimulou o caminho rumo à abstração. Sua pintura neoplástica baseia-se em linhas e formas geométricas, especificamente quadrados e retângulos. Para ele, as linhas verticais representam vitalidade, e as horizontais, tranquilidade. Afirmando que a linha reta não existe na natureza, Mondrian resolveu empregá-la para criar uma arte em que devem imperar a ordem e a harmonia ausentes do mundo concreto em que viviam. A contribuição dele para o mundo da arte é reconhecida até os dias de hoje, sendo um dos mais referidos artistas nos movimentos de arte moderna.

Em um artigo escrito em 1942, intitulado “Rumo à verdadeira visão da realidade”, Mondrian utiliza conceitos matemáticos para apresentar os fundamentos do Neoplasticismo escrevendo: "Conclui que o ângulo reto é única relação constante e que, por meio das proporções da dimensão, se podia dar movimento à sua expressão constante, quer dizer, dar-lhe vida. Exclui cada vez mais das minhas pinturas as linhas curvas, até que finalmente minhas composições consiste unicamente em linhas horizontais e verticais que formam cruzes, cada uma separada e destacada das outras. Observando o mar, o céu e as estrelas busquei definir a função plástica por meio de uma multiplicidade de verticais e horizontais que se cruzavam. Ao mesmo tempo, estava completamente convencido que a expansão visível da natureza é ao mesmo tempo sua limitação; as linhas verticais e horizontais são expressão de duas forças em oposição; isto existe em todas as partes e domina a tudo; sua ação recíproca tudo domina. Comecei a determinar formas: as verticais e horizontais converteram-se em retângulos. Era evidente que os retângulos de todas as formas, tratam de prevalecer uma sobre as outras e devem ser neutralizadas por meio da composição. Em definitivo, os retângulos nunca são um fim em si mesmo, mas uma consequência lógica de suas linhas determinantes que são contínuas no espaço e aparecem espontaneamente ao efetuar-se a cruz de linhas verticais e horizontais. Mais tarde, a fim de suprimir as manifestações de planos como retângulos, reduzi a cor e acentuei as linhas que os limitavam cruzando-as.”

O artista deixa claro, em suas palavras, sua intencionalidade em fazer uso desses conceitos para conseguir seu objetivo, que era o de representar o mundo por meio da Matemática e Arte. Para isso, cria uma abstração que rompe a ligação com a pintura figurativa.

Theo van Doesburg, pintor, arquiteto e teórico holandês, deu um importante impulso teórico ao movimento, dirigindo a revista publicada pelo grupo De Stijl e proferindo conferências em cidades como Paris e Berlim, para divulgar os ideais neoplásticos de “beleza exata”, absolutamente anti-individual e antiemocional. Com uma arte predominantemente abstrata, o artista evoluiu para uma simplificação geométrica que fez com ele se identificasse com as propostas de Mondrian.

A partir de 1925, Mondrian e Van Doesburg distanciam-se do grupo, mas o neoplasticismo torna-se um componente importante dos grupos franceses de tendência abstrata, de abrangência internacional. Além de estar na origem das articulações fundamentais da pintura abstrata contemporânea, esse movimento contribuiu de forma decisiva para a definição de uma nova linguagem arquitetônica entre 1920 e 1940.

Dadaísmo

No século XIX, como vimos, a imaginação criadora e subjetiva havia inspirado românticos e adeptos de uma arte anti-idealizada, promovendo uma revolução na escolha dos temas e propósitos da arte. No fim desse mesmo século, algumas tendências modernistas surgiram favorecendo as experimentações mais radicais do início do século seguinte. Tais transformações no mundo da arte estavam relacionadas com as mudanças históricas ocorridas nas últimas décadas nas esferas social, política, cultural, intelectual e científica. Podemos dizer, assim, que os artistas das vanguardas do século XX, contavam com um panorama favorável às rupturas, tanto no plano estético como no plano histórico e cultural.

Foi nesse ambiente que artistas de várias nacionalidades, movidos por interesses nem sempre comuns, porém unidos pelo caráter contestador e revolucionário, formaram as vanguardas desse período.

Tomados pelo ímpeto contestador e pela aversão às convenções conservadoras e, sobretudo, movidos pelo desejo de instituir novos objetivos e sentidos para a arte, esses artistas produziram diversos manifestos e programas, estabeleceram um diálogo constante com poetas, músicos e dramaturgos, circularam por cidades e países diversos, participaram de diferentes movimentos, modificaram a arte e seguiram o fluxo dos acontecimentos com uma liberdade inconcebível antes disso.

O Dadaísmo, ou simplesmente Dadá, significou o ponto de partida para a adesão ao irracional entre as vanguardas artísticas e literárias do início do século. Os artistas revoltaram-se contra os horrores da guerra, além de dirigirem uma crítica muito consciente à sociedade da época, que não reconhecia as mudanças ocorridas na arte de vanguarda.

Os dadaístas mantiveram uma postura política na medida em que propunham novas atitudes e revolucionários códigos de comportamento, negando o passado e as imposições do presente.

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O movimento dadaísta, que nunca se reconheceu como um grupo organizado, com um líder e programa definidos, teve início na cidade suíça de Zurique, sob a iniciativa de um grupo de jovens franceses e alemães emigrados. Entre os simpatizantes e fundadores, vários poetas e artistas já haviam se envolvido com os movimentos artísticos de vanguarda, especialmente o Expressionismo e o Cubismo.

Estabeleceu-se a sede do movimento no Cabaré Voltaire, uma casa musical noturna em Zurique que promovia espetáculos de variedades dos quais participavam os artistas, poetas e atores. A fundação do Dadaísmo foi uma iniciativa do ator e dramaturgo alemão Hugo Ball, que dirigia a casa, com seu compatriota Richard Huelsenbeck, com os romenos Tristan Tzara e Marcel Janco e com o francês Jean Arp.

O movimento também contou com a imprensa para difundir suas ideias, como era prática entre as vanguardas. As revistas Cabaret Voltaire e Dadá divulgavam artigos revolucionários de teóricos futuristas e intelectuais franceses, além daqueles elaborados pelos próprios dadaístas.

A natureza do Dadaísmo era internacional. Não se poderia conceber tamanha pretensão de mudança restrita a um só grupo ou cidade, o que explica sua rápida difusão pela Europa, a partir do final da Primeira Guerra Mundial. Berlim, Hannover e Colônia, na Alemanha, e Paris, na França, foram importantes centros de produção dadaísta. Nova York foi a porta de entrada da proposta Dadá no território americano.

As propostas desse movimento deram origem a uma arte realmente “novíssima” e descomprometida com tudo o que até então poderia ser considerado arte de acordo com as convenções da história da arte.

Contrários a todos os argumentos a favor da lógica da guerra e da esperança que esta poderia significar para a renovação da sociedade, os dadaístas de Zurique reafirmaram continuamente seus objetivos; por isso, esse grupo enfrentou a razão com ironia e irracionalidade exacerbadas, investindo no efeito de choque das manifestações literárias e pictóricas que destruíram toda a estrutura formal do passado. Investiram na novidade de produções que reuniam dança, arte, teatro, música e literatura.

Em Nova York, ao contrário do que aconteceu em Zurique, o papel principal não coube aos poetas, mas aos artistas dadaístas. A produção visual de Duchamp e Picabia e do fotógrafo

e pintor Man Ray afirmaria o Dadá na cidade e introduziria elementos de grande importância para o desenvolvimento da arte estadunidense ao longo do século XX.

Em Paris, último reduto do movimento Dadá, o foco seria também literário, com destaque para as diversas revistas publicadas para divulgar as ideias dos seguidores. Apesar de subsistir como atitude mental, o Dadá foi cedendo espaço às especulações surrealistas, dirigidas pelo escritor André Breton, a partir de 1920.

Marcel Duchamp

É consenso entre os estudiosos da arte contemporânea que poucos artistas foram tão importantes para os destinos da arte a partir do século XX como o francês Marcel Duchamp. Criador dos ready-mades, novo gênero artístico que transformava objetos utilitários e industrializados em obras de arte, Duchamp revolucionou a hierarquia dos suportes artísticos, pondo fim ao domínio da pintura sobre a escultura, o que fez com que os artistas de sua geração e aqueles que lhe seguiram refletissem e questionassem a respeito da arte e de seu papel.

Para ele, as possibilidades da pintura tradicional haviam se esgotado, mas muito restava a explorar no que diz respeito à arte. Duchamp demonstrou essa ideia em “A fonte”, realizada em 1917, quando o artista residia em Nova York. Com esta e outras obras igualmente concebidas, o precursor do Dadaísmo declarava que qualquer objeto pode ser considerado arte se possuir os atributos característicos de uma obra de arte: possuir data e assinatura de um artista e ser exposto ao público em local consagrado a exposições de arte. Ao reconhecer essa condição, Duchamp chamava a atenção do espectador para a importância que possuía o contexto para a definição e a avaliação da obra de arte, uma vez que seu valor não estava dado a princípio, mas precisava ser reconhecido pelas instâncias que avaliam a arte em cada situação e momento específicos.

Se, por um lado, a atitude de Duchamp desmistificava os padrões artísticos e o mito romântico do artista como gênio, por outro, incentivava e reforçava a importância do artista, uma vez que é ele que detém o poder de transformar um simples objeto em obra de arte. Tal percepção foi fundamental para os movimentos de arte da segunda metade do século XX e ainda para a atualidade.

Manifesto Surrealista

De imediato, os adeptos do Surrealismo diferenciavam-se dos dadaístas quanto à organização e à conduta: os artistas se apresentaram como um grupo fechado e fiel a teorias que definiam os rumos de suas experimentações.

Eram, em geral, adeptos das teorias científicas, sobretudo aquelas relacionadas à psicologia, a partir das quais pretendiam estimular a mente a liberar o acervo de seu subconsciente, repleto de imagens fantásticas e oníricas. Acreditavam, assim, que a criação artística e literária seria, de fato, original e revolucionária e transformadora. Defendiam, portanto, uma estreita relação entre a arte que propunham e os elementos revolucionários da sociedade, motivo pelo qual investiram fortemente na publicação de manifestos, textos programáticos, folhetos de propaganda, ensaios, artigos e romances, difundidos amplamente em muitos países.

Em 1924, após o lançamento do Manifesto do Surrealismo, redigido pelo poeta André Breton, ex-dadaístas que se identificavam com as ideias formaram um grupo fechado de intelectuais e artistas. À diferença do Dadá, o movimento surrealista iniciou-se de maneira mais organizada, em torno da liderança pessoal e intelectual de Breton, cujos pensamentos se inspiravam na interpretação das experiências de Sigmund Freud no campo da

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psicanálise. Baseados nas teorias freudianas, mas não apenas nelas, Breton e os seguidores do movimento desejavam alcançar a imaginação em seu estado de pureza, o que acreditavam encontrar com a exploração dos sonhos e com a prática do automatismo. A intenção era fazer com que consciente e subconsciente atuassem em conjunto, para que toda a capacidade criadora alcançasse uma espécie de realidade absoluta, mais completa do que aquela com a qual tinham lidado até aquele momento. Dessa realidade surgiria, então, a imagem surrealista.

O princípio do automatismo foi defendido pelos surrealistas como caminho para alcançar a livre expressão dos sentimentos e das vontades humanas, revelando sua verdadeira natureza.

O espírito revolucionário que marcou a formação do Surrealismo instituiu como tarefa primordial abolir todas as convenções ainda vigentes no campo das artes. A preocupação maior era, portanto, permitir o livre acesso às fantasias que habitavam o subconsciente, a fim de alcançar verdades mais honestas e consistentes, inalcançáveis por meios racionais.

Grandes nomes do surrealismo

O pintor espanhol Joan Miró foi considerado por André Breton “o mais surrealista de todos nós”, pela inocência e pela simplicidade naturais. Movido pelo desejo surrealista de atingir níveis mais profundos da criação artística, Miró movia o pincel livremente sobre a tela, inventando formas que funcionavam como signos dos elementos da natureza. Desenvolveu, assim, um vocabulário de formas cada vez mais simples e abstratas, resguardando, porém, uma proximidade com os objetos reais.

Entre os espanhóis que aderiram ao Surrealismo, destaca-se também Salvador Dalí, nascido nos arredores de Barcelona e dotado de uma personalidade complexa e marcante. Anarquista desde jovem e obcecado por imagens de sua infância e sua mocidade agitadas, Dalí transportava essas lembranças para a pintura. Antes de ir para Paris, em 1929, e conhecer os surrealistas, já se deixava influenciar pelas correntes irracionais das vanguardas.

Foi em Paris, porém, que a veia surrealista se destacou, e, já no ano da chegada do artista à cidade, realizou com Luís Buñuel o primeiro filme surrealista, Um cão andaluz, clássico do cinema experimental. No ano seguinte, realizaria também A idade de ouro, em parceria com o mesmo cineasta.

Dalí estudou os procedimentos de Freud para trabalhar com os sonhos e as próprias experiências, desenvolvendo um método de criação que denominou método paranoico crítico. Extremamente revolucionário, Dalí propunha, com esse método, um estado de espírito permanentemente fora de sintonia com o mundo exterior. O resultado foi uma pintura ilusionista, baseada em uma intensa concentração de imagens associadas a obsessões e temas excêntricos. Em 1930, a pintura desse artista passou a seguir um realismo fortemente acadêmico, acompanhado pela tendência a um delírio deformador e às vezes macabro.

Pouco antes de Dali, chegava a Paris o artista belga René Magritte, levando na bagagem contatos com as vanguardas. O artista inseria em seus quadros objetos do cotidiano em locais inusitados, representados com acentuado realismo.

Magritte queria fazer da pintura um instrumento para aprofundar nosso conhecimento do mundo, porém um conhecimento que reconhecesse o mistério que o envolve. Para isso, rompeu com toda lógica e estabilidade, apegando-se à figuração.

Frida Kahlo, artista mexicana, surpreendeu o líder surrealista André Breton, pois ela havia desabrochado sem jamais ter entrado em contato com o grupo surrealista na França. Frida incorporava livremente as experiências de seu cotidiano, mescladas às tradições mexicanas, que inseria em seus trabalhos com notável sofisticação. Buscava inspiração na tradição religiosa de seu país, em imagens populares locais e também em dicionários médicos, fonte que certamente está associada ao trágico acidente que marcou sua existência.

A pintura de Frida é livre, original e revolucionária. A liberação do subconsciente parece, para ela, uma prática natural e incorporada sem dificuldade ou subterfúgios. A obra de Frida é extremamente subjetiva e autobiográfica, e, apesar de ser considerada por alguns artistas e estudiosos como surrealista, a artista não se reconhecia como tal.

MODERNISMO BRASILEIRO

A polêmica exposição de Anita Malfatti

A exposição de Anita Malfatti, realizada em São Paulo, em dezembro de 1917, é considerada um marco na história da arte moderna no Brasil. Anita Malfatti expôs 53 trabalhos, incluindo Tropical, A Estudante Russa, O Japonês, O Homem Amarelo e A Mulher de Cabelos Verdes.

Tendo estudado em Berlim e nos Estados Unidos, a pintora exibiu um percurso distinto. O impacto das telas causou espanto devido ao aspecto expressionista, novo para os padrões da arte brasileira. Nas obras expostas, foram incorporados procedimentos modernos: a pincelada livre, cores fortes e a liberdade de composição.

O caráter de precursora do modernismo foi atribuído à artista pelos críticos e participantes da Semana de Arte Moderna de 1922. A imediata incorporação da pintora recém-chegada pelos jovens modernistas pode ser constatada pelo destaque a ela concedido na programação da Semana de Arte Moderna: Anita foi a maior representação individual na exposição com doze pinturas, oito gravuras e desenhos.

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Além do sucesso da exposição, a polêmica em função da crítica feita por Monteiro Lobato em O Estado de São Paulo, assombrou Anita ao longo dos anos.

Com o título “Paranoia ou mistificação?”, os argumentos críticos de Lobato giram em torno dos supostos equívocos da arte moderna. As palavras de desaprovação do crítico convocaram jovens poetas e escritores em defesa da artista.

Além de desqualificado como crítico de arte, Lobato foi responsabilizado, pelos modernistas, pelo recuo de Anitta em relação às vanguardas. Se entre 1915 e 1917, a artista realizou as obras mais importantes de sua carreira, nos anos seguintes nota-se o seu distanciamento à radicalidade vanguardista, flagrada na mostra de 1917.

A Semana de Arte Moderna de 1922

O modernismo no Brasil tem como marco simbólico a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, no ano de 1922. O evento foi organizado por um grupo de intelectuais e artistas por ocasião do Centenário da Independência e declarou o rompimento com o tradicionalismo cultural associado às correntes literárias e artísticas anteriores. A defesa de um novo ponto de vista estético e o compromisso com a independência cultural do país fizeram do modernismo sinônimo de "estilo novo".

Heitor Villa-Lobos na música; Mário de Andrade e Oswald de Andrade, na literatura; Victor Brecheret, na escultura; Anita Malfatti e Di Cavalcanti, na pintura, são alguns dos participantes da Semana, realçando sua abrangência e heterogeneidade.

Consideramos o período de 1922 a 1930, como a fase em que se evidencia um compromisso dos artistas com a renovação estética, beneficiada pelo contato estreito com as vanguardas europeias (cubismo, futurismo, surrealismo etc.).

Manifesto Antropófago

"Tupy, or not tupy that is the question. (...) Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago"

Abaporu foi feito por Tarsila em janeiro de 1928 e oferecido ao escritor Oswald de Andrade como um

presente de aniversário. Os elementos que constam na tela, especialmente a inusitada figura ao centro, despertaram no poeta a ideia da criação do Movimento Antropofágico.

O Manifesto Antropófago, escrito por Oswald de Andrade, foi publicado em maio de 1928, no primeiro número da recém-fundada Revista de Antropofagia, veículo de difusão do movimento antropofágico brasileiro. Em linguagem metafórica cheia de aforismos poéticos repletos de humor, o texto tornou-se o cerne teórico do movimento que pretendia repensar a questão da dependência cultural no Brasil e a sua relação com o estrangeirismo. O título recuperava a crença indígena: os índios antropófagos comiam o inimigo, supondo que assim estavam assimilando suas qualidades.

Como o autor observou em depoimento posterior, a antropofagia foi um divisor de águas no modernismo brasileiro.

Grandes nomes da arte brasileira

Durante as primeiras décadas do século XX, várias exposições coletivas internacionais movimentaram o meio artístico brasileiro de maneira inédita. Durante os anos 1930, mediante o modernismo, vários artistas brasileiros buscaram caminhos alternativos para a criação artística, conscientes da urgência de atualização da linguagem plástica.

Tarsila do Amaral, não participou da Semana de 1922, pois estava em Paris. Retornou em 1923, e durante sua breve passagem pelo Brasil, aproximou-se dos modernistas de São Paulo. Ao longo da vida, teve acesso às novidades das vanguardas artísticas europeias, mostrando-se particularmente atraída pelas experimentações cubistas, surrealistas e expressionistas. Em suas pinturas, destacam-se os personagens folclóricos, paisagens e a temática social.

Inquestionavelmente modernista foi a carreira do carioca Di Cavalcanti, tendo sido o principal organizador da Semana de 1922. A partir dos anos 1930, adotou uma temática nacionalista, de forte acento social.

Artista russo, radicado no Brasil, Lasar Segall incorporou-se ao nascente movimento modernista brasileiro, sendo um de seus expoentes. O artista ofereceu grande contribuição para o desenvolvimento da cultura no país. Durante a sua trajetória artística, escreveu e publicou textos, proferiu conferências e, sobretudo, pintou, gravou e esculpiu incessantemente, buscando sempre manter-se fiel aos ideais estéticos modernos. O artista teve cerca de 49 obras confiscadas pelo regime nazista, integrou a exposição Arte Degenerada, em 1937, e, além de tudo, sofreu ataques da imprensa brasileira, que o acusavam de produzir obras deformadas.

Cândido Portinari foi outro importante artista ligado ao Modernismo brasileiro. Assim como vários outros artistas, parte de sua formação foi na Europa e, ao regressar ao Brasil em 1931, contatou as tendências estéticas do Modernismo.

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O trabalho do artista Alfredo Volpi é reconhecido pela valorização da temática popular nas pinturas de bandeirinhas e fachadas de casas, que remetem às cidades nordestinas do país e festas populares.

Oswaldo Goeldi foi um pintor, desenhista, professor, ilustrador e gravador brasileiro do século XX. É considerado um dos grandes nomes do Modernismo brasileiro nas Artes Plásticas. Grande parte de suas obras mostram pessoas, com destaque para os sentimentos e expressões. Há também obras retratando cenas da natureza e animais. Uma das principais técnicas utilizadas pelo artista foi a xilogravura.

Destacam-se ainda os trabalhos de Ismael Nery. O artista paraense, diferente dos modernistas brasileiros, embora partidário da mesma linguagem, não buscava uma identidade nacional e nem se preocupou com o refinamento técnico, mas procurava em suas pinturas, da mesma forma que com sua poesia, exteriorizar seus ideais filosóficos, com liberdade e sentimento. Em seus trabalhos mais conhecidos, notam-se referências à estética surrealista.

A ESPECIFICIDADE DA ARTE BRASILEIRA

Arte e cultura popular

A cultura brasileira se constituiu de uma forma singular. Mistura a herança de diversas culturas devido ao processo de colonização do território nacional.

Como referência para a formação da identidade cultural brasileira, podemos citar os resquícios da cultura indígena (destacando-se o Tupi-Guarani, os Kaiapós, Ticunas, Macuxis, etc.), a cultura europeia investida pelos colonizadores, e a cultura africana - os Bantos e os Sudaneses, à mercê do processo de escravidão. Mais tarde, a chegada de asiáticos, árabes e judeus contribuiu na formação cultural brasileira.

O termo arte popular nomeia as produções artísticas (pintura, literatura, escultura, etc.) com relevante valor para uma comunidade. Os artistas se inspiram em sua regionalidade, crenças, lendas e costumes típicos de sua cultura.

Destacam-se dentre os artistas populares do Brasil: Mestre Vitalino, Zé Caboclo de Caruaru, Heitor dos Prazeres do Rio de Janeiro, Severino de Iracunhaem, Manezinho Araújo de Pernambuco, Cizin do Ceará, Maria Auxiliadora da Silva de São Paulo.

No geral, os artistas retratam em suas obras: cangaceiros, santos, baianas, bonecas, personagens folclóricos, a fauna e flora. Grande parte das composições é voltada para os temas religiosos e as festas populares.

As variações da cultura indígena

Estima-se que cerca de oito milhões de indígenas viviam aqui em 1500. O número não é exato, mas é um consenso entre os historiadores. Desse total, 5 milhões estavam na Amazônia (incluindo áreas da floresta hoje pertencentes ao Peru, Equador e outros países).

Os índios brasileiros estavam divididos em tribos, de acordo com o tronco linguístico ao qual pertenciam: tupi-guaranis (região do litoral), macro-jê ou tapuias (região do Planalto Central), aruaques ou aruak (Amazônia) e caraíbas ou karib (Amazônia).

Atualmente, calcula-se que apenas 800 mil índios ocupam o território brasileiro, principalmente em reservas indígenas demarcadas. São cerca de 305 etnias indígenas e 274 línguas. Porém, muitas delas não vivem mais como antes da chegada dos portugueses. O contato com o homem branco fez com que muitas tribos perdessem sua identidade cultural.

O desenvolvimento da arte indígena brasileira acontece de várias formas, pois cada etnia de índios no Brasil é detentora de comportamentos diferentes e de costumes próprios, o que leva cada tribo a desenvolver a sua arte de forma única e inédita.

É assim porque os índios produzem a sua arte não para ser admirada e comparada com outras artes em galerias, mas para refletir suas crenças, seus hábitos, suas regras, suas concepções de vida e de mundo e para perpetuar as suas tradições.

Tudo o que chamamos de arte indígena, para os índios são utensílios e representações. A grande maioria das tribos indígenas desenvolve a cerâmica e a cestaria, sendo estas as artes mais desenvolvidas pelos índios brasileiros. Além disso, as pinturas corporais e adereços, a dança e a música, compõem o seu repertório cultural.

A cestaria é, em sua grande maioria, produzida a partir de folhas de palmeiras e os cestos são usados para guardar alimentos.

Já na cerâmica, são produzidos vasos (às vezes, zoomórficos) e panelas através do barro modelado. Toda a produção de cerâmica, cestaria, adereços e pinturas corporais evidenciam os padrões gráficos.

Ancestralidade africana

Denomina-se cultura afro-brasileira o conjunto de manifestações culturais do Brasil que sofreram influência da cultura africana desde os tempos do Brasil colônia até a atualidade. Tal referencial pode ser encontrado nas mais diversas linguagens artísticas, e ao longo da história da arte brasileira.

No contexto do modernismo brasileiro, destacam-se os artistas Mestre Didi, Rubem Valentim e Heitor dos Prazeres. Esses artistas incorporaram signos e tradições ao representar suas memórias.

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Os altares de Valentim assumiram a linguagem concreta atrelada aos signos e às cores do candomblé.

Mestre Didi se apropriou desses símbolos e construiu seus objetos com materiais, tais como, a palha e os búzios.

Heitor dos Prazeres, além de compositor e sambista, foi um importante pintor brasileiro.

Atualmente, é perceptível o processo de investigação, resgate e valorização de artistas plásticos que ao

longo da história da arte brasileira tiveram seus trabalhos negligenciados, assim como, há investimentos em criar

espaços de visibilidade para artistas contemporâneos brasileiros que abordam questões relacionadas à negritude.

O grande marco que demonstrou a potencialidade para essa arte foi a exposição “A Mão Afro-Brasileira”

(1988) que consagrou o núcleo central dos artistas considerados hoje clássicos dentro dessa temática: Wilson

Tibério José de Dome , Rubem Valentim, Hélio Oliveira , Ronaldo Rêgo, Edival Ramosa , Izidório Cavalcanti, entre

outros, e, posteriormente, o próprio Museu Afro Brasil – primeiro museu brasileiro com foco em artes plásticas e

com ênfase naquelas produzidas por artistas negros.

Outro exemplo pontual de grande envergadura foi a criação do módulo “Arte Afro-Brasileira” da Exposição

Brasil 500 anos, e “Negro de Corpo e Alma” (2000). Nesses módulos, lançaram personagens importantíssimos

para a história da arte afro-brasileira, desde ali entendida como a arte de herança africana no Brasil manifestada

por artistas negros e não negros, Pedro Paulo Leal, Heitor dos Prazeres , Niobe Xandó. Mestre Didi, Rubem

Valentim, Agnaldo Manoel dos Santos, Ronaldo Rêgo, Emanoel Araujo e Rosana Paulino.

O que é hoje chamado de arte afro-brasileira não está diretamente relacionado à arte popular, mas refere-se

a objetos artísticos produzidos no circuito dos museus de arte moderna e contemporânea. Sendo assim, a antiga

terminologia que buscava a generalidade de um conceito de arte negra teve de ser desconstruída, abrindo espaço

para os novos sentidos do ser afro-brasileiro e do reconhecimento de sua arte.

Regionalismos

A multiplicidade da arte e da cultura popular brasileira torna evidente a construção de uma identidade

nacional plural, determinada pelo processo de colonização. Dentre as inúmeras referências, notamos que tal

diversidade deriva dos processos históricos, assim como, da ocupação do território brasileiro, o que distingue a

produção cultural de cada região do país.

Entre as manifestações culturais da região Nordeste estão danças e festas como o bumba meu boi, maracatu,

caboclinhos, carnaval, ciranda, coco, terno de zabumba, marujada, reisado, frevo, cavalhada e capoeira. Algumas

manifestações religiosas são a festa de Iemanjá e a lavagem das escadarias do Bonfim. A literatura de Cordel é

outro elemento forte da cultura nordestina. O artesanato é representado pelos trabalhos de rendas.

A quantidade de eventos culturais do Norte é imensa. As duas maiores festas populares do Norte são o Círio

de Nazaré, em Belém (PA); e o Festival de Parintins, a mais conhecida festa do boi-bumbá do país, que ocorre em

junho, no Amazonas. Outros elementos culturais da região Norte são: o carimbó, o congo ou congada, a folia de

reis e a festa do divino.

A cultura do Centro-Oeste brasileiro é bem diversificada, recebendo contribuições principalmente dos

indígenas, paulistas, mineiros, gaúchos, bolivianos e paraguaios. São manifestações culturais típicas da região: a

cavalhada e o fogaréu, no estado de Goiás; e o cururu, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Os principais elementos da cultura regional no Sudeste são a festa do divino, festejos da páscoa e dos santos

padroeiros, congada, cavalhadas, bumba meu boi, carnaval, peão de boiadeiro, dança de velhos, batuque, samba

de lenço, festa de Iemanjá, folia de reis, caiapó.

O Sul apresenta aspectos culturais dos imigrantes portugueses, espanhóis e, principalmente, alemães e

italianos. As festas típicas são: a Festa da Uva (italiana) e a Oktoberfest (alemã). Também integram a cultura

sulista: o fandango de influência portuguesa, a tirana e o anuo de origem espanhola, a festa de Nossa Senhora

dos Navegantes, a congada, o boi-de-mamão, a dança de fitas, boi na vara.

Arte Naif

O termo arte naif aparece no vocabulário artístico, em geral, como sinônimo de arte ingênua, produzida por

autodidatas que não têm formação acadêmica no campo das artes.

A pintura naif se caracteriza pela ausência das técnicas usuais de representação - uso científico da

perspectiva, formas convencionais de composição e de utilização das cores. As cores fortes, a simplificação dos

elementos decorativos, o gosto pela descrição narrativa, a visão idealizada da natureza e a presença de

elementos da cultura popular são alguns dos traços considerados típicos dessa modalidade artística.

Djanira é uma das artistas mais representativas da arte modernista e destacadamente da arte naif brasileira.

Destaca-se, também, por ser um autêntico ícone na expressão artística do imaginário popular brasileiro.

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ARTE CONTEMPORÂNEA

Nomeamos de Arte Contemporânea a tendência artística que se construiu no período do pós-modernismo,

apresentando expressões e técnicas artísticas inovadoras, que incentivam a reflexão crítica e subjetiva das obras. Na arte contemporânea os artistas priorizam a ideia, o conceito, a atitude, acima do objeto artístico final. Nesse contexto, observa-se a reunião de uma notável diversidade de estilos, movimentos e técnicas.

A Arte Contemporânea rompeu com alguns aspectos da Arte Moderna e desdobrou-se a partir de outros. Ela abandonou diversos paradigmas e trouxe valores para a constituição de uma nova mentalidade. Destacam-se as inovações e experimentações artísticas bem como a diluição de fronteiras entre as formas artísticas.

Consideramos que o movimento surgiu na segunda metade do século XX, mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial, por isso é denominada de arte do pós-guerra. A Arte Contemporânea se prolonga até aos dias atuais.

Sociedade de consumo

Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), um novo panorama é caracterizado pelo avanço da globalização, cultura de massa e o desenvolvimento das novas tecnologias e mídias. Em outras palavras, a mudança da era industrial (moderna) para a era tecnológica da Informação e Comunicação (contemporânea), proporcionou mudanças significativas no campo da cultura e das artes.

O surgimento da Pop Art está diretamente relacionado a esses novos valores, é um movimento artístico que se caracteriza pela reprodução de temas relacionados ao consumo, publicidade e estilo de vida americano (american way of life). Os artistas dessa corrente trabalhavam com cores vivas, inusitadas e massificadas pela publicidade. Elegeram imagens pictóricas e símbolos de natureza popular.

Andy Warhol é considerado um dos artistas mais notáveis do movimento, de forma polêmica, intitulou seu atêlie de “Fábrica”.

Esses símbolos eram ironizados de modo a constituir uma crítica subjetiva ao excesso de consumo da sociedade capitalista. Isso porque o capitalismo é incentivado de forma abundante pela dimensão publicitária, cinematográfica, etc. A Pop Art recusa a separação entre arte e vida.

Paralelo à Pop Art, o Neodadaísmo é um movimento artístico que retoma os temas e estilos dadaístas, principalmente o conceito “ready-made”. O movimento negou abertamente os conceitos tradicionais de estética.

Surgiu nos Estados Unidos a partir da década de 50. Artistas como Robert Rauschenberg e Jasper Johns retomam certas orientações do movimento dadaísta, sobretudo ao uso que os dadaístas fazem de objetos e temas derivados do mundo diário, da mídia e da publicidade. Reabilita procedimentos como a utilização de objetos extra-artísticos nos trabalhos de arte. A utilização de assemblages é outra característica destes artistas. Os assemblages dizem respeito à justaposição de elementos, em que é possível identificar cada peça no interior do arranjo mais amplo. Alguns críticos de arte incluem a arte pop no interior do movimento neodadá; outros classificam Rauschenberg e Johns como artistas ligados à Pop Art.

Hiper-realismo é um gênero de pintura e escultura que tem um efeito semelhante ao da fotografia de alta resolução. O termo foi usado para designar um movimento artístico que nasceu nos Estados Unidos e na Europa em torno de 1968.

Menos que um recuo à tradição realista do século XIX, o novo realismo finca raízes na cena contemporânea, dizem os seus adeptos, e se beneficia da vida moderna em todas as suas dimensões: é ela que fornece a matéria (temas) e os meios (materiais e técnicas) de que se valem os artistas.

O mundo cotidiano retratado pelos hiper-realistas, em geral, refere-se aos aspectos banais, às cenas e atitudes familiares, aos detalhes captados pela observação precisa.

A Pop Art volta-se preferencialmente para os objetos estandardizados da sociedade de massas e para os ícones do mundo da mídia, como as imagens da Marilyn Monroe trabalhadas por Andy Warhol. O Hiper-realismo faz uso de clichês, de imagens pré-fabricadas e de elementos do cotidiano, mas em sentido inverso: buscando conferir a eles o valor de obras particulares. Retira, assim, a imagem massificada do seu circuito habitual, recuperando-a como objeto de arte único. A figura humana, por exemplo, menos que um ícone ou sujeito anônimo, tem características específicas, minuciosamente registradas pelo artista.

Objetos cotidianos

O Minimalismo foi um movimento artístico que fez uso de elementos fundamentais como base de expressão. O movimento surgiu em Nova York, entre o fim dos anos de 1950 e início da década de 1960.

Os artistas privilegiram as formas geométricas simples, puras, simétricas e repetitivas, reduzindo os objetos aos seus aspectos de reprodução em série para que eles fossem percebidos em seu próprio contexto. As estruturas minimalistas suportam uma bi ou tridimensionalidade que lhe permite vencer os conceitos tradicionais, acerca do suporte que limitava a pintura e escultura aos seus respectivos campos de ação. O uso da abstração geométrica se relaciona à busca de uma linguagem universal para expressão artística. Quanto aos aspectos poéticos, é comum a ausência de emotividade.

Nessa corrente, destacam-se os trabalhos de Sol LeWitt, Frank Stella e Donald Judd.

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A Arte Conceitual é uma tendência contemporânea que surgiu nos anos 60 e 70 na Europa e nos Estados Unidos. O movimento artístico critica o formalismo e propõe a autonomia da obra artística.

O termo “arte conceitual” foi utilizado pela primeira vez pelo artista, escritor e filósofo estadunidense Henry Flynt, em 1961, durante as práticas do Grupo Fluxus. O grupo reuniu artistas em todo o mundo e tinha como base fazer oposição à comercialização da arte. Eles trouxeram novas definições à prática artística, dissipando os limites da arte e mesclando diversos conceitos, com grande influência do dadaísmo.

A grande questão da arte conceitual era definir os limites e fronteiras do fazer artístico, ou seja, ela é baseada na indagação: O que é arte?

O termo Arte Povera foi cunhado pelo crítico e historiador da arte italiano Germano Celant, em 1967, no catálogo da exposição “Arte povera – Im Spazio”, ocorrida em Veneza. O movimento povera se destacou na pintura, escultura, instalação e performance. Sua ideia era, de fato, propor uma nova reflexão estética sobre o produto artístico ao empobrecer a arte e trazer à tona sua efemeridade através da utilização de materiais simples, orgânicos e perecíveis. O movimento tem muitos aspectos em comum com a Arte Conceitual, a Arte Povera foi uma das mais importantes correntes artísticas italianas do século XX.

Ocupações ambientais

O termo Land Art, corresponde à arte da terra e tem como principal característica a utilização de recursos da própria natureza para o desenvolvimento do projeto artístico.

Os artistas desse movimento utilizavam, dentre outros materiais, folhas, madeira, galhos, areia, rocha, sal e daí sua aproximação com a arte povera.

O intuito era chamar atenção para a grandiosidade da natureza como local central de experimentação artística, bem como para a ocorrência da efemeridade dessa arte.

Importante destacar que, ao contrário da arte exposta nos museus, a Land Art propõe ultrapassar as limitações do espaço tradicional ao sair deles. Assim, a obra é realizada ao ar livre, na paisagem natural, devido a suas grandes dimensões, só é possível conhecê-las dentro de um museu por meio de fotografias.

O corpo como suporte

A Body Art é uma tendência artística contemporânea que surgiu na década de 1960, nos Estados Unidos e na Europa, sendo sua principal característica o uso do corpo como suporte e intervenção para a realização do trabalho artístico.

A body art é uma vertente da arte contemporânea que questiona os limites do conceito e o modo de fazer arte, paralela a reflexão sobre a Arte Conceitual bem como a relação do sujeito com o mundo.

A Performance é uma modalidade artística híbrida, isto é, que pode mesclar diversas linguagens como teatro, música e artes visuais. Está relacionada também ao Happening, há uma pequena diferença entre os dois tipos de manifestação artística.

A performance seria quando o artista realiza uma ação, podendo convocar a participação do público ou não; já no Happening, a ação é coletiva, o público executa a obra com o artista.

No universo das artes, esse tipo de fazer artístico surge a partir da segunda metade do século XX, contudo, pode-se dizer que a performance tem relações com movimentos modernistas anteriores, como o Dadaísmo e a Escola Bauhaus.

NOVAS LINGUAGENS

No que se refere às novas linguagens artísticas, surgem na história da arte ao longo do último século,

variadas formas de arte e questões que concernem à cultura contemporânea. Dessa forma, observamos manifestações artísticas que refletem as mudanças da arte e da cultura no processo da criação contemporânea.

Nesse contexto, os artistas exploram linguagens como vídeo, instalação, fotografia, bordado, projeto, livro de artista, assim como outros meios híbridos.

O uso de novas mídias nas obras artísticas cresce continuamente e acompanha o desenvolvimento de novas tecnologias.

Reinvenção do espaço comum

O termo Instalação foi incorporado ao vocabulário das artes visuais na década de 1960, designado assemblage ou ambiente construído em espaços de galerias e museus. As instalações configuram uma das mais relevantes tendências da atualidade.

Inicia-se com as primeiras experimentações modernistas estabelecidas por Kurt Schwitters (Merzbau, 1923) e Marcel Duchamp (16 milhas de fio, 1942). No mundo contemporâneo, sua força expressiva tomou forma com as linguagens da Land Art, Minimal Art, Work in Progress e Intervenções Urbanas.

A Instalação é uma forma de arte que interfere em ambientes que são transformados em cenários, o artista cria um novo lugar, a obra estabelece uma relação entre os objetos e a arquitetura, ou os objetos e a paisagem.

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Pintura, escultura e outros materiais são usados conjuntamente para ativar o espaço arquitetônico. O espectador participa ativamente da obra e, portanto, não se comporta somente como apreciador. Para a apreensão da obra é preciso percorrê-la, caminhar entre as peças, corredores, cores e objetos.

A obra pode ter um caráter efêmero (só existir na hora da exposição) ou pode ser desmontada e recriada em outro local. Uma instalação pode ser multimídia e provocar sensações: táteis, térmicas, odoríferas, auditivas, visuais entre outras.

O conceito, a intenção do artista ao formular seu trabalho é em grande parte a essência da própria obra. Enquanto poética artística, permite uma grande possibilidade de suportes, em sua realização pode integrar recursos de multimeios, por exemplo, videoarte, caracterizando-se em uma videoinstalação.

O vídeo e a fotografia como linguagens

A produção artística contemporânea utiliza-se de novos meios e suportes, contestando as questões artísticas tradicionais e inovando no uso das novas tecnologias. Nesse contexto, a fotografia e o vídeo aparecem como documentação de obras provisórias ou como resultado de projetos artísticos pensados especificamente para a sua realização.

O investimento dos artistas em ambas as linguagens possibilitou a inserção desses trabalhos em museus e galerias. Os trabalhos variam desde pesquisas poéticas relacionadas à narrativa das imagens, até trabalhos experimentais e processos alternativos que investigam os recursos plásticos de cada linguagem.

Chamamos de videoarte a forma de expressão artística que utiliza a tecnologia do vídeo em artes visuais. Além disso, o vídeo assumiu outras formas de exibição: projeções e monitores podem se acumular em simultaneidade e produzir instalações que criam outras relações entre imagens, espaços e sons. As instalações produzidas a partir de vídeos são intituladas de videoinstalação.

Arte e Política

Desde meados da década de 1960, o aparecimento das performances, happenings e da body art anunciavam o surgimento de uma nova relação entre arte e política.

Não que em algum momento da História da Arte a produção artística tenha estado de todo à margem dos acontecimentos políticos do seu tempo, muito pelo contrário. Mas é na arte contemporânea, diante do conceito de aproximação entre arte e vida, público e privado, que a discursiva política conquista independência dentro do contexto da arte. Desde então, as novas linguagens artísticas impulsionaram não só um experimentalismo radical, como adquiriram poéticas biográficas, políticas e ativistas em alguns casos declarados. Nesse sentido, muitas obras e experimentações artísticas contemporâneas se apropriam não só de novas linguagens artísticas, outras possíveis materialidades, como assumem uma poética crítica, diretamente atuante.

Tornam-se comuns os trabalhos artísticos relacionados aos movimentos sociais e as minorias, a desigualdade social, as questões ambientais, geopolíticas e outros temas que fazem parte da cotidianidade contemporânea.

Arte e tecnologias digitais

Com o passar dos anos e com o desenvolvimento tecnológico contínuo, os artistas começaram a utilizar as combinações de várias linguagens disponíveis para surpreender, e envolver seus públicos.

A fusão entre arte e tecnologias digitais permite novos e interessantes formatos para a criação e divulgação artísticas. O desenvolvimento tecnológico, em especial os computadores, permitiu o surgimento de criações artísticas que antes não eram possíveis.

A utilização do computador como parte dos instrumentos e mídias de criação em arte é muito recente, data das duas últimas décadas do século XX.

Através dos recursos tecnológicos os artistas aumentam sua capacidade de expressão: transportam o espectador para dentro de ambientes virtuais e apresentam obras imateriais.

Grande parte das obras produzidas no contexto da tecnologia propõem relações interativas para os espectadores.

INTERVENÇÕES URBANAS

Street art

O termo é utilizado para designar os movimentos artísticos relacionados às intervenções artísticas e visuais realizadas em espaços públicos.

A intervenção lança no espaço público questões que provocam discussões em toda a população. De uma maneira ou de outra, ela faz com que as pessoas parem sua rotina por alguns minutos, seja para questionar, criticar ou simplesmente contemplar a arte. Sua finalidade é provocar o público para questões políticas, sociais, ideológicas e estéticas.

No Brasil, no final de 1970, ela surgiu como forma de expressão artística que fosse além dos muros dos

museus, galerias ou de outro espaço tradicional de exposição. Muitos artistas acreditavam que essas instituições

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restringiam o acesso à arte para pessoas que não estavam diretamente ligadas a ela. No final da década de 1990,

a arte urbana ganhou força com a atuação dos coletivos artísticos em diferentes espaços.

Algumas intervenções artísticas são planejadas com o intuito de restauração ou requalificação de espaços

públicos, como as conhecidas revitalizações de centros históricos, outras objetivam transformações nas dinâmicas

socioespaciais, redefinindo funções e projetando novas experiências.

Como prática artística no espaço urbano, a intervenção pode ser considerada uma vertente da arte urbana,

arte ambiental ou arte pública, direcionada a interferir sobre uma dada situação para promover alguma

transformação ou reação do público.

Os projetos de intervenção são um dos caminhos explorados por um universo bastante diverso de artistas

interessados em se aproximar da vida cotidiana, se inserir na cidade, abrir novas frentes de atuação e dar

visibilidade para os trabalhos de arte fora dos espaços consagrados de atuação, torná-la mais acessível ao

público. Tal tendência, marcante da arte contemporânea, é geradora de uma multiplicidade de experimentações

artísticas, pesquisas e propostas conceituais baseadas em questões ligadas às linguagens artísticas, ao circuito

da arte ou ao contexto sociopolítico.

Diferentes trabalhos de arte podem ser qualificados como intervenção. Existem intervenções urbanas em

várias linguagens, indo desde pequenas inserções até grandes instalações artísticas. As linguagens, técnicas e

táticas empregadas nesses trabalhos são bastante heterogêneas. Intervenções podem ser ações efêmeras,

eventos participativos em espaços abertos, trabalhos que convidam à interação com o público; inserções na

paisagem; ocupações de edifícios ou áreas livres, envolvendo oficinas e debates; performances; instalações;

vídeos; trabalhos que se valem de estratégias do campo das artes cênicas para criar uma determinada cena,

situação ou relação entre as pessoas, ou da comunicação e da publicidade, como panfletos, cartazes, adesivos

(stickers), lambe-lambes; interferências em placas de sinalização de trânsito ou materiais publicitários,

diretamente, ou apropriação desses códigos para criação de uma outra linguagem; manifestações de arte de rua,

como o graffiti. O palco é a cidade

A proliferação de grupos de artistas é hoje um fenômeno manifesto em quase todas as regiões do Brasil.

As intervenções desses grupos se dão em rede e atuam sobre aspectos institucionais da arte para colocá-

los em pane, para questioná-los em suas entranhas, pô-los em curto-circuito, ainda que por instantes.

COCCHIARALE, Fernando, A (out ra) Arte Contemporânea Brasileira: *intervenções urbanas micropolíticas.

A dança, a música e o teatro, também podem fazer parte de uma intervenção artística urbana. Pode ser

pela falta de portas abertas nos palcos tradicionais aos que não são conhecidos do grande público. Pode ser só

um desejo de levar arte às pessoas à moda antiga, como sempre se fez em todos os tempos: subindo a um

caixote e cantando, tocando, recitando, interpretando, dançando. Apresentações artísticas na rua não perdem a

capacidade de atrair e encantar, ainda que pequenas plateias, às vezes ficando nisso, sem formalização, sem

recebimento de direitos autorais, sem gravação ou ganhos fixos.

Há músicos de rua com as mais variadas especialidades, desde aqueles que tocam música clássica no

violino até os que cantam hits de sucesso, acompanhados de guitarra ou violão.

A dança de rua originou-se nos Estados Unidos, em 1929, época da quebra da bolsa de Nova York e da

grande crise econômica. Músicos e dançarinos dos cabarés americanos urbanos, desempregados como

consequência da crise, passaram a realizar suas performances nas ruas para arrecadar alguns trocados.

O teatro de rua é produzido em espaços exteriores ao edifício teatral, preferencialmente públicos, tais como

ruas ou praças. Designa espetáculos com textos elaborados especialmente para representação na rua e

adaptação de textos originalmente criados para ser apresentados em outros locais, bem como manifestações

cênicas improvisadas ou performáticas (incluindo-se aí performances que dialogam com o universo das artes

plásticas e números ligados à tradição da comédia popular ou do circo).

O teatro de rua se baseia em certas técnicas – como a amplificação da atuação com uso de máscaras,

bonecos e adereços gigantes e grande participação da música – que trabalham para atrair a atenção dos

espectadores em espaços abertos (mais “dispersivos” e menos favoráveis à manutenção da concentração do que

os espaços teatrais tradicionais).

As origens do teatro de rua remontam à Antiguidade clássica: na Grécia, aos cortejos e às celebrações

dionisíacas; e, em Roma, às trupes de artistas populares (mímicos, músicos, cômicos etc.).

No Brasil, o teatro de rua tem como importantes referências às grandes manifestações culturais populares,

como Carnaval, bumba-meu-boi, maracatu, reisado e todos os folguedos que contam com algum tipo de

teatralidade. E há importantes apresentações de grupos de teatro de rua, assim como, a realização de festivais

municipais e até nacionais.

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O movimento Hip-hop

Hip-hop é uma cultura de rua, uma forma de arte e de atitude que conquistou o mundo. É um estilo de vida, de se afirmar como sujeito social, de demarcar um território, valorizar uma identidade cultural e ocupar espaços públicos. O movimento que faz arte como forma de protesto social, mistura o novo e antigo, o popular e o erudito. O Hip-hop é uma estratégia de sobrevivência da cultura popular, é uma forma de visibilidade de grupos excluídos das possibilidades. É uma ação política que acontece a partir do corpo que dança, desenha, pensa, fala, reflete, sobre os problemas que reverberam nas estruturas sociais em que estes corpos coabitam.

O Rap (Rhythm And Poetry) tem sua origem nos “Sound Systems” da Jamaica, muito utilizados por lá na década de 1960, uma espécie de carro de som onde o “toaster” (como o MC atual) discursava sobre os problemas socioculturais e políticos do seu povo. Em busca de trabalho, na década de 1970, esses toasters migraram para os Estados Unidos, e lá contribuíram para o surgimento do Rap. A linguagem do Rap possibilitou aparecer novos cantores, grupos musicais e mestres de cerimônia, os MCs, importantíssimos nos “bailes blacks”.

A Breakdance é a linguagem artística dentro do hip-hop praticada pelos b-boys e b-girls. O estilo de dança surgiu com a quebra da bolsa de valores dos Estados Unidos, em 1929, quando aconteceu o desemprego em massa. Os artistas dos cabarés americanos foram para as ruas fazerem seus números de música e dança, em busca de dinheiro. Daí surge a “Street Dance” (Dança de Rua). A breakdance baseia-se na performance do dançarino, na sua capacidade de travar e quebrar os movimentos leves e contínuos. Possui característica de “batalha”, protesto e/ou performance em grupo.

Outra expressão artística marcante no movimento hip-hop é o Graffitti, que em parte tem a ver com a pichação, isto porque no surgimento do hip-hop o graffiti servia para demarcar becos, muros e trens nas grandes metrópoles.

O estilo apareceu em de maio de 1968, quando, no contexto de revolução política e cultural, os muros de Paris foram tomados por inscrições de caráter poético-político. Com a essência do movimento hip-hop, nos anos 1980, essas demarcações foram se transformando em verdadeiros murais de obras de arte, tornou-se popular e adquiriu forma nas ruas de Nova York. No Brasil, apareceu em meados da década de 1970 na cidade de São Paulo. Primeiro através das pichações poéticas e depois com a stencil art (com reprodução seriada). Já nos anos 90, o graffiti ampliou sua presença nas periferias no rastro do movimento hip-hop. Hoje, está incorporado de tal forma na vida urbana que já faz parte da identidade das cidades.

Atualmente, a definição e reconhecimento dessa nova modalidade artística impõem o estabelecimento de distinções entre graffiti e pichação, corroboradas por boa parte dos praticantes. Apesar de partilharem um mesmo espírito transgressor, a pichação aparece nos discursos críticos associada a uma produção essencialmente anônima.

O conceito de muralismo compreende qualquer tipo de pintura de painel realizada em parede ou muro. O muralismo pode ser observado nas paredes das cidades onde as imagens artísticas de diferentes temas são representadas, mas ele existe desde da antiguidade. Podemos citar como exemplo afrescos renascentistas, além de grandes pinturas realizadas durante o Modernismo em países como o México. Os artistas mexicanos viram no muralismo o melhor caminho para expressar suas idéias sobre uma arte nacional popular, engajada no movimento revolucionário.

A pintura mural é previamente encomendada, enquanto o graffiti se apresenta como uma expressão artística e estética radical que ocupa o ambiente urbano discutindo temas do cotidiano de forma crítica.

A diferença estabelecida entre graffiti e pichação (street art e graffiti) é determinada por diferentes parâmetros de compreensão se comparados ao Sistema da Arte e o Sistema Jurídico. No âmbito da legislação brasileira, tal diferenciação é determinada pela lei que segue:

LEI Nº 12.408, DE 25 DE MAIO DE 2011: Altera o art. 65 da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, para descriminalizar o ato de grafitar, e dispõe sobre a proibição de comercialização de tintas em embalagens do tipo aerossol a menores de 18 (dezoito) anos. “Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. § 1º Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa. § 2º Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional.” (NR)

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