3º seminÁrio de relaÇÕes internacionais …... 1 3º seminÁrio de relaÇÕes internacionais...
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3º SEMINÁRIO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO
29 E 30 DE SETEMBRO DE 2016, FLORIANÓPOLIS
INSTITUIÇÕES E REGIMES INTERNACIONAIS
O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES SECUNDÁRIAS NA ORGANIZAÇÃO CHINESA DA
SOCIEDADE INTERNACIONAL ASIÁTICA: CATALISADOR OU RETARDADOR DA
ATUAÇÃO INTERNACIONAL DA CHINA?
GUILHERME HENRIQUE LIMA DE MATTOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
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RESUMO
A Escola Inglesa analisa macroestruturas para o entendimento de estudos regionais.
A China age regionalmente para a estabilidade regional cara à manutenção da política de
desenvolvimento pacífico. Esse modo de análise permite alcançar explicações da
configuração asiática que a China elabora. Destarte, vale a análise da região a partir deste
"framework" analítico do exame das instituições da sociedade internacional asiática (SIA).
O “consenso de Beijing” é um termo que se refere ao modelo chinês de planejamento,
defendido pela China, contrário às premissas neoliberais do Consenso de Washington. O
modelo chinês acompanha instituições defendidas pela China, o que permitiria o
desenvolvimento de um modelo de cooperação alternativo ao ocidental. Destarte, essa
pesquisa se constrói a partir da atuação regional internacional chinesa por meio das
instituições e se questiona sobre como a República Popular da China sustenta
regionalmente o modelo chinês de cooperação e as instituições primárias da SIA.
A hipótese dessa pesquisa constrói-se nas instituições secundárias e nas características
próprias do modelo chinês de cooperação. As instituições secundárias permitiriam a
vinculação dos Estados membros da SIA às instituições primárias defendidas pela China.
Além disso, o modelo chinês seria mais atrativo para os Estados por não demandar o
cumprimento de orientações, como se dá nas instituições secundárias do Consenso de
Washington.
Logo, o artigo constrói-se em: Primeiramente revisando a teoria da Escola Inglesa e
do papel das instituições que ela assume. Posteriormente, passa-se à identificação das
instituições primárias da SIA e a análise do modelo chinês de cooperação. Por fim, abrange-
se a análise de documentos da Organização da Cooperação de Xangai e da Associação de
Nações do Sudeste Asiático e a análise da identificação do modelo chinês com o conteúdo
deles. Assim, ter-se-ia uma conclusão da atuação regional chinesa e suas diferenças ao
modelo ocidental.
PALAVRAS-CHAVE: #SociedadeInternacionalAsiática, #RepúblicaPopulardaChina,
#Cooperação, #Instituições, #ModeloChinêsdeCooperação
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INTRODUÇÃO
Essa pesquisa busca entender como se consolida a influência da China no modo de
se exercerem as relações internacionais da região asiática. Para isso, levantou-se a
hipótese, que se sustenta na perspectiva da Escola Inglesa das Relações Internacionais, de
que essa influência se consolida em um movimento de sustentação e, concomitantemente,
construção das instituições primárias da sociedade internacional do nível regional asiático,
ou sociedade internacional asiática, a partir da atuação nas instituições secundárias
regionais, isto é, as organizações internacionais asiáticas.
A fim de verificar essa hipótese e analisar o contexto, o artigo se estrutura da
seguinte maneira: Primeiramente, uma seção constrói a ferramenta teórica da Escola
Inglesa e estabelece os critérios que serão utilizados para analisar a questão. Nesse
primeiro momento, serão exploradas as contribuições de grandes teóricos da Escola
Inglesa, como Hedley Bull e Barry Buzan. No segundo momento, o artigo passa a explorar a
história da atuação internacional chinesa, a partir das análises feitas por analistas da Escola
Inglesa e de analistas de política externa e história da região sobre o Estado chinês. Nesse
momento o objetivo é identificar junto aos autores e à história as instituições que foram
responsáveis por orientar o comportamento da China nos diferentes momentos.
Primeiramente a China imperial, com base na instituição do sistema tributário, organizador
das relações chinesas com os países do Leste Asiático; em segundo lugar, a China
republicana socialista com os governos de Mao Zedong e Deng Xiaoping, apontando como
o Estado chinês lidava com a situação regional, a inserção internacional, a dicotomia entre
Estados Unidos da América (EUA) e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e
a aproximação chinesa com o Terceiro Mundo durante a Guerra Fria (GF); então, se passa
para o período recente e o entendimento do que seria o atual esforço de inserção
internacional da China e quais seriam as instituições do chamado Consenso de Pequim e
como elas orientam o modelo de relações internacionais desse Estado.
Em seguida, passada a exploração teórica e histórica, passa-se à análise de
documentos das organizações internacionais da região consideradas como relevantes para
os assuntos regionais: a Organização da Cooperação de Xangai (OCX) e a Associação das
Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Nesse sentido, foram selecionados oito documentos
que expressam normas de condutas das nações que compõem essas organizações, pois a
teoria aponta que as instituições secundárias têm influência organizacional na conduta e na
legitimidade das ações dos seus membros. Assim, se faz uma análise acerca da quantidade
de menções das instituições encontradas na análise histórica, a fim de compreender se
existe um condicionamento indutivo e vinculante acerca do que se vê como norma nas
organizações e nas instituições primárias observadas.
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1 A ESCOLA INGLESA E AS INSTITUIÇÕES
A estrutura teórica da Escola Inglesa das Relações Internacionais defende que uma
sociedade internacional é construída em torno das crenças, normas e regras sob as quais
existe uma relação social entre os Estados, atores unitários, porém não exclusivos, da
política internacional. Tal convergência desponta na construção de instituições primárias que
regerão o modo de socialização dos atores em questão. Por meio delas seria possível
entender qual a constituição da ordem de determinadas sociedades internacionais (BULL,
2001). Assim, construiremos aqui o arcabouço da Escola Inglesa, com foco na construção
da sociedade internacional e na variável das instituições, que são elementos centrais para
que ela exista.
Primeiramente é necessário pontuar que análises pela estrutura teórica da Escola
Inglesa têm como base uma revisão histórica da situação tratada. Isso, pois, como Wight
(2002) defende, a história permite a observação da dinâmica dos processos internacionais e
uma análise inserida no contexto do objeto da pesquisa (BUZAN, 2004). E, nesse sentido,
será necessário se construir uma breve análise histórica do que vem sendo defendido pelo
Estado chinês em termos de política externa, para entender a identificação das instituições
com o que o Estado defende. Ainda, também, será preciso entender as dinâmicas
internacionais das sociedades chinesas antigas, o que será posteriormente desenvolvido.
Para Bull, o ator central a ser analisado são os Estados, porém eles não são os
atores exclusivos da sociedade internacional. Ela é configurada de diversos atores que
podem alterar as circunstâncias e as situações em que ela pode estar envolvida. Porém, os
Estados seriam os agentes principais, pois possuem soberania, elemento necessário para a
socialização entre eles (BULL, 2001).
Assim, partindo da ótica da socialização, Bull traz seu enfoque para o que suporta a
socialização no meio internacional e como ela afeta e é afetada pelos seus componentes. É
nesse sentido que Bull defende que as instituições seriam capazes de balizar as relações de
poder, estabelecer as características dos atores que a compõem e as regras que os
orientarão. A escolha pela variável das instituições se deu a partir do papel que elas teriam
na sustentação das sociedades internacionais. Segundo Hedley Bull,
Elas manifestam o elemento de colaboração entre os estados no desempenho da sua função política, e constituem, ao mesmo tempo, um meio para sustentar tal colaboração. Essas instituições servem para simbolizar a existência de uma sociedade internacional que representa mais do que a soma dos seus participantes, para dar substância e permanência à colaboração dos estados no exercício das funções políticas da sociedade internacional e para moderar a sua tendência de perder de vista os interesses comuns (2001, p. 89).
Nesse sentido, a instituição é um elemento essencial para a existência de
sociedades internacionais. Além disso, são as responsáveis por derivar o comportamento
dos seus membros e configurar os interesses compartilhados entre eles. Logo, a análise de
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instituições demonstra tanto o modo de organização de uma sociedade como também seu
modelo posterior de socialização, o que serve de base para conseguir sanar a questão base
desta pesquisa.
A Escola Inglesa ainda permite compreender o elemento China amplamente, pois
não se considera somente os aspectos materiais, como ressaltam algumas análises, mas
também os elementos normativos dos atores. A ordem da sociedade internacional é uma
consequência da combinação do senso de interesses comuns nos objetivos da vida social,
das regras que orientam o comportamento para alcançar esses objetivos e das instituições
que ajudam a manter essas regras funcionando (BULL, 2001, p. 63).
Para Bull (2001), são os Estados que fazem as regras e sustentam as instituições da
sociedade internacional e o fazem por meio de pronunciamentos oficiais, respeitando o
conceito de soberania, e por meio de suas ações, legitimando, ou não, determinada regra.
Logo, diferentemente de reafirmar a ideia da anarquia no meio internacional, a Escola
Inglesa revela-se defensora do argumento da ordem internacional por meio de regras,
normas e valores que orientam os interesses comuns dos Estados e, assim, definem
modelos de atuação (WIGHT, 2002).
A atuação das instituições no nível regional tem sido objeto de pesquisa de alguns
pesquisadores da Escola Inglesa como Barry Buzan, do qual se parte as definições que
serão utilizadas no decorrer dessa pesquisa. Nesse sentido, as instituições primárias são
tidas como a base da sociedade internacional e são constituídas como os princípios e
normas. As instituições secundárias seriam as organizações internacionais (BUZAN, 2004).
E ainda, segundo Krasner (1989), existem conexões que podem ser observadas entre os
dois tipos de instituições: a construção de instituições secundárias tem o poder de fixar
normas e princípios, já que se pode estabelecer a ilegalidade de ações de membros que
estejam contrárias às normas, princípios e valores das instituições secundárias. Assim, as
instituições secundárias tem um papel importante na sustentação das instituições primárias
defendidas por seus membros e também na estratégia que os Estados utilizam no que
Martin Wight chama de jogo de poder. É nessa estrutura que esta pesquisa se debruça para
analisar a existência de instituições primárias na sociedade internacional asiática e
compará-las ao ocidentalmente cunhado Consenso de Pequim.
2 REVISITANDO A ATUAÇÃO INTERNACIONAL DO ESTADO CHINÊS
2.1 A China imperial
Constituindo não só uma nação, mas uma civilização, a China tem uma atuação
internacional histórica orientada por perspectivas diferentes da estrutura de balança de
poder que o Ocidente identifica. As relações internacionais do período imperial da China
estão cercadas pela perspectiva do sistema tributário do Leste Asiático (FAIRBANK;
GOLDMAN, 2006). Nesse período, as relações na região eram estabelecidas com equilíbrio
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e harmonia pela orientação confucionista que o império seguia. Essa estrutura permitia à
China uma hegemonia incompleta, pois permitia a atuação de saída ou entrada no sistema
tributário, o que promoveu a deferência como estratégia de resposta ao poder chinês na
época (ZHANG, 2015b).
A orientação de Confúcio que denota a ideia de ordem é estabelecida pelo conceito
de tian xia. Esse conceito está vinculado com a concepção de uma ordem moral e política
ideal que não tem limites, ou seja, ela seria aplicada a toda a vivência dos indivíduos no
mundo (CHENG, 2008). A referência moral mostra a qualidade da harmonia e da moralidade
necessárias em todas as relações sociais entre os indivíduos. Logo, o Estado estaria sobre
esse propósito moral assim como a sociedade subordinada a ele (ZHANG; BUZAN, 2012).
Ainda, a estrutura de organização da sociedade estaria, segundo Zhang (2001),
constituída por três pilares institucionais: a harmonia (devido à necessidade moral de
promover a harmonia cósmica e social), a desigualdade ordenada (devido aos princípios das
relações sociais em uma hierarquia de soberano e subordinado) e a justiça ritual (devido à
necessidade da atuação ética postulada pela racionalidade moral, pois a política serviria à
promoção do mais alto bem moral no âmbito particular e no social) (ZHANG, 2001; ZHANG
2015a). Assim estaria constituída a estrutura do sistema tributário que é todo como
responsável pela organização social da região do Leste Asiático e tido como balizador da
política internacional chinesa na época imperial.
Ainda, é necessário pontuar que, apesar de dificuldades que o sistema possa ser
enfrentado, ele foi mantido até meados do século XIX. Isso, pois, concomitantemente ao
ideal hierárquico que o sistema de desigualdade soberana ordenada performava, os
Estados membros do corpo do sistema tributário mantinham sua soberania e suas decisões
na conduta dos negócios internacionais. Mais claramente, isso quer dizer que a China
imperial não agia no meio internacional pelo sistema tributário como uma relação de
suserano e vassalo, mas sim como uma hegemonia (BUZAN; ZHANG, 2012).
Resumidamente, a atuação internacional da China imperial está conectada com a
ideia do sistema tributário, no qual também estavam contidos outros países do Leste
Asiático. Nesse sistema, a orientação moral confucionista contribui com uma característica
integrativa de necessidade de harmonia em todos os âmbitos e da política de servidão,
respeito e fidelidade entre aqueles que fazem parte das decisões políticas e aqueles
constituintes da sociedade de indivíduos.
Contudo, isso se altera a partir do republicanismo e da revolução que explodem em
meados do século XX, após já o início do declínio desse sistema em meados do século XIX.
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2.2 A China de Mao Zedong e Deng Xiaoping
Os três diferentes momentos da política externa chinesa (PECh), segundo a literatura
foram: em 1950, “lean to one side”1(LOS); nos anos 1960, “two united fronts”2; no final dos
anos 1960, “one united front”3 (CHENG; ZHANG, 1998).
A maioria da população chinesa encontrava-se no campo, durante o governo de
Mao, o que atraiu a política para tais regiões e as utilizou para o exercício do poder. Isso
trouxe às massas centralidade na política chinesa de ideologia comunista (MEISNER, 1971).
O comunismo implantado na China traz a identidade revolucionária ao país e ao povo, já
que aqueles que não aderiam à revolução não eram considerados parte do povo
(MEISNER, 1971). Constrói-se assim a identificação de estranho e inimigo aplicada em
todas as instâncias da sociedade chinesa maoísta (MEISNER, 1971) e se fortalece a
identidade nacional chinesa.
Com isso, passamos à análise dos estágios. Originada com a criação da RPC, a
LOS era a expressão do combate ao imperialismo, aproximando-se dos soviéticos. Este é o
primeiro momento em que o anseio chinês pela autonomia é expresso, ao mesmo tempo em
que confere o pragmatismo para alcançar seus objetivos. Segundo Mao Zedong :
Até agora, a principal e fundamental experiência ganha pelo povo chinês é dupla: (1) Internamente, despertar as massas do povo. Isto é, unir a classe operária, o campesinato, a pequena burguesia urbana e a burguesia nacional, formar uma frente unida nacional, sob a liderança da classe trabalhadora, e avançar a partir desta para o estabelecimento de um Estado que é uma ditadura popular democrática sob a liderança da classe trabalhadora e baseado na aliança entre operários e camponeses. (2) Externamente, se unir em uma luta comum com as nações do mundo que nos tratam como iguais e unir-se com os povos de todos os países. Ou seja, nos aliar com a União Soviética, com democracias populares e com o proletariado e as amplas massas do povo em todos os outros países, e formar uma frente unida internacional
4 (MAO, 1961, p. 415, tradução nossa).
Destarte, a RPC estaria se aliando à URSS, contra a ameaça do imperialismo
estadunidense. No entanto, a LOS trazia ressalvas de independência e afirmava a
autonomia chinesa, contra qualquer tipo de ameaça imperialista (MAO, 1961, p. 407). Ainda,
outra diretriz cunhava que as relações diplomáticas da China seriam feitas conforme os
1 No português: pender para um lado.
2 No português: duas frentes unidas.
3 No português: uma frente unida.
4 Do original: “Up to now the principal and fundamental experience the Chinese people have gained is twofold:
(1) Internally, arouse the masses of the people. That is, unite the working class, the peasantry, the urban
petty bourgeoisie and the national bourgeoisie, form a domestic united front under the leadership of the
working class, and advance from this to the establishment of a state which is a people's democratic
dictatorship under the leadership of the working class and based on the alliance of workers and
peasants.
(2) Externally, unite in a common struggle with those nations of the world which treat us as equals and
unite with the peoples of all countries. That is, ally ourselves with the Soviet Union, with the People's
Democracies and with the proletariat and the broad masses of the people in all other countries, and
form an international united front”.
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princípios de igualdade, benefício e respeito mútuo da soberania (KAU, 1986, p.11). Tais
princípios tornaram-se base para a PECh. Assim, a LOS era construída visando interesses
estratégicos domésticos chineses para a autonomia e os princípios acompanham a PECh,
desde então (NIU, 2012).
Nos anos 1960, a PECh do governo de Mao entra no estágio da orientação “two
united fronts”, orientada contra duas frentes: os EUA e a URSS (CHENG; ZHANG, 1998).
Contraria aos polos da Guerra Fria (GF), a China projeta-se como uma alternativa ao
alinhamento aos polos de poder da GF (CHEN, 2001). Essa identificação constrói-se com a
participação chinesa nas conferências dos anos 1950 como direcionadora e defensora da
paz e do auxílio às nações menos favorecidas do Terceiro Mundo: característica que parece
se fixar na PECh, a partir de então.
A soma da crise interna do governo de Mao com a crise externa com o antigo
parceiro soviético adiciona à participação da China no Terceiro Mundo: uma das tendências
da primeira metade da década de 1960 (CHEN, 2001). A China buscava por alianças fora
dos dois polos da GF: por meio do discurso de duas zonas intermediárias, Mao Zedong
buscava desmistificar a necessidade de alinhamento do Terceiro Mundo aos polos. Para
isso, Mao suportava a orientação de autonomia a esses Estados, relembrando que
possuíam a capacidade necessária para isso (MAO, 1964).
No início dos anos 1970, a PECh se altera substancialmente. A PE consagrada no 9º
Congresso Nacional do PCCh, em meio à Revolução Cultural fica estabelecido o
(...) suporte à luta revolucionária dos povos de todos os países, os cinco princípios para a coexistência pacífica com países com sistemas sociais diferentes, e a chamada pela formação de uma extensa frente unida de povos e países contra o imperialismo dos EUA e o revisionismo soviético.”5 (MLM REVOLUTIONARY STUDY GROUP IN THE U.S., 2007, p. 28, tradução nossa).
Nesse interim, os EUA decide pela alternativa de conter o avanço nuclear soviético, o
que a China entende como uma oportunidade para reafirmar sua independência e
autonomia (SUTYAGIN, 1996). Os sinais diplomáticos, conhecidos como política de ping-
pong, desde 1969 foram discutidos e, aos poucos, pelos esforços de Zhou Enlai,
implementados na PECh e se inicia o período de relações abertas com o Ocidente e
principalmente com os EUA (CHENG; ZHANG, 1998) (MLM REVOLUTIONARY STUDY
GROUP IN THE U.S., 2007). O processo de reidentificação da PECh faciltou a inserção
internacional da RPC: em 1971, apoiada por 100 Estados, Pequim foi admitida nas reuniões
da Organização das Nações Unidas, ainda com o apoio aos grupos do movimento
comunista dispersos em outros países (MLM REVOLUTIONARY STUDY GROUP IN THE
5 Do original: “(…) support for the revolutionary struggles of the people of all countries, the five principles for
peaceful coexistence with countries with different social systems, and called for the formation of a broad united
front of peoples and countries against U.S. imperialism and Soviet revisionism.”
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U.S., 2007). Além de retomar a política de desenvolvimento do país, que sofreu
desaceleração com o distanciamento da URSS.
A era de Deng Xiaoping no poder trouxe aparatos diferentes para a condução
internacional do Estado. A China deixava a orientação da revolução e passava a ser inserida
no contexto do desenvolvimento e da paz. Além disso, o que se observa também é o
enfoque interno, pois o país teria que se reconstituir devido à crise passada e se ampara no
desenvolvimento econômico para isso (CHENG; ZHANG, 1998).
Nesse momento, os cinco princípios da coexistência pacífica tomaram forma e foram
completamente incorporados pelo Estado. A orientação para o meio interno construiu a ideia
de que a China deveria ser pacífica e se desenvolver sem, no entanto, deixar que fosse
ofendida por outros Estados. Nesse sentido, a estratégia do Estado se monta na
reconstrução de boas condições para que o povo pudesse viver em condições melhores e a
China pudesse se reerguer como uma grande potência (CHENG; ZHANG, 1998).
Assim, pode-se observar que a atuação internacional chinesa passa de uma
perspectiva voltada para o meio internacional, como era na era imperial, e passa a atender
interesses de um moderno Estado soberano e se orientar para atender a interesses
internos. Além disso, também se observa a atuação da China para com países menores em
ambos os períodos, o que permite uma conexão entre eles e reforça a orientação
confucionista de servir à harmonia auxiliando os menos favorecidos. Recentemente, a China
tem alcançado um desenvolvimento significante no âmbito econômico e uma atuação
internacional cada vez mais essencial para as decisões políticas no mundo. E, nesse
sentido, tem representado um modelo alternativo ao ocidental nos assuntos de relações
internacionais e no modo de como elas são feitas. Esse novo modo foi analisado
primeiramente por Ramo (2004) que analisa um chamado Consenso de Pequim. Assim,
passaremos a analisar os aspectos políticos dessa estrutura proposta por esse modelo,
vinculando-o à atuação internacional mais recente da China.
2.3 Consenso de Pequim e período recente da política internacional chinesa
Buzan (2010) traz uma análise histórica da China, passando pelo período imperial,
colonização, revolução maoísta e 1970 em diante. Desde a década de 1970, a época de
Deng Xiaoping, a China desenvolve laços políticos e econômicos internacionais e não mais
o discurso revolucionário. Para Buzan, a China, hoje, luta pela estabilidade regional e
internacional, pois estabelece o desenvolvimento como prioridade em seus objetivos. No
entanto, o Estado chinês não aceita se ocidentalizar, o que o dirige a moldar as relações às
características chinesas. Buzan discute que o objetivo de desenvolvimento como prioritário
fez com que a China aceitasse o status quo e desenvolver uma aceitação do ideacional da
sociedade internacional. Ainda, a RPC desenvolve as instituições westfalianas com seus
vizinhos, apesar dos valores confucionistas perpetrados no Leste Asiático, que levam à
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hierarquia, não ao jogo de equilíbrio de poder, o que possibilita a argumentação em torno de
uma sociedade internacional asiática (BUZAN, 2010).
A atuação atual chinesa não se apresenta como um posicionamento contra a
potência dos EUA. À China não seria possível exercer uma ofensiva contra os EUA no
âmbito militar, devido às suas capacidades (BROOKS; WOLFORTH, 2015). A capacidade
econômica chinesa é grande, porém ainda vulnerável e dependente do meio externo
(BECKLEY, 2011). Porém, a China, segundo Buzan (2010), não se adequa a todas as
instituições durante seu processo de inserção na sociedade internacional contemporânea, e,
logo, o autor a localiza como reformista no meio internacional, pois, nas temáticas sobre as
quais existem discordâncias, o Estado chinês atua afirmando sua soberania e construindo
as características chinesas na questão. Caso exista uma contestação chinesa no meio
internacional ao Ocidente, ela ocorre no nível ideológico e normativo. É nesse sentido que a
ideia do Consenso de Pequim se constrói no argumento de Ramo (2004), em torno da
característica da atuação normativa e ideológica reformista da China.
O Consenso de Pequim é um modelo cunhado como alternativo ao modelo do
Consenso de Washington sem, no entanto, reconhecimento chinês sobre seus parâmetros.
Como o objetivo desta pesquisa não é analisar o Consenso de Washington será feita uma
breve menção que sustente seu conceito, a fim de poder posicionar a versão chinesa. O
Consenso de Washington é a representação das demandas neoliberais que atuaram
verticalmente dos países mais ricos para os países mais pobres, aplicando políticas
reformistas nas economias para a sobrevivência dos países à crise dos anos 1980. Dentre
essas, estão as seguintes: disciplina fiscal, reforma nos impostos a fim de reduzir custos
marginais, liberalização da taxa de juros, flutuação da taxa de câmbio, livre comércio,
abertura dos mercados ao investimento direto externo, privatizações, desregulamentação
(MARANGOS, 2009). Essas diretrizes econômicas eram direcionadas ao terceiro mundo,
países em desenvolvimento, como elementos necessários a serem aplicados à sociedade,
para que fossem concedidos créditos com objetivo de tentativa de estabilização da
economia. As exigências feitas pelas instituições creditícias de Bretton Woods faziam com
que todos os Estados afetados pela crise que recorressem ao crédito externo para a
sustentação da economia, tivessem necessariamente que abrir sua economia e reduzir a
atuação do Estado nas decisões econômicas e, consequentemente, na regulação do
mercado. Isso abria as nações para a exploração de grandes corporações e, mais
amplamente, ao interesse dos Estados centrais que se colocavam como credores do meio
internacional (MARANGOS, 2009).
Segundo Ramo (2004), contrário isto nasce o Consenso de Pequim. A versão
chinesa prevê três elementos segundo o autor: i) a flexibilidade e o improviso das decisões
econômicas aos países, bastante atrelado à ideia chinesa da implementação baseada na
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prática e naquilo que funcione; ii) a ausência do foco no PIB para a definição da situação
econômica, tomando outros parâmetros como base analítica; iii) autodeterminação das
nações em suas decisões internas, o que infere na ausência das exigências como é o caso
das instituições do Consenso de Washington. Ainda, outras características deste modelo
seriam a interferência do Estado na economia a fim de regulá-la, corporações vinculadas ao
Estado que seguem políticas indicadas por ele almejando ao desenvolvimento da nação,
largos recursos econômicos da China e planejamento de longo prazo pelo Estado chinês
(BENNHOLD, 2011). Dessa maneira, o principal ponto de divergência entre o Consenso de
Washington e o de Pequim é a autodeterminação das nações, que respeita as decisões dos
outros Estados e não aparece como a interferência observada pelas condições impostas
pelas instituições ocidentais.
Esse elemento retoma a estrutura do sistema tributário antigo, respeitosa das
decisões dos outros Estados partes desse sistema e a atuação internacional da China
maoísta na política independente e próxima ao terceiro mundo durante os anos 1950 e
1960. Assim, apesar das alterações que a sociedade internacional impacta no processo de
desenvolvimento do Estado chinês, existem elementos importantes que podem ser
observados historicamente na atuação internacional da China (ZHANG, 1998). Assim, o que
interessa a essa pesquisa é entender, a partir da verificação histórica paralela à verificação
de documentos oficiais das organizações internacionais daquilo que a China defende
regionalmente e internacionalmente. Desse modo, passamos à próxima seção que trará os
documentos analisados e os resultados dos pontos observados.
3 AS INSTITUIÇÕES PRIMÁRIAS DA SIA NAS INSTITUIÇÕES SECUNDÁRIAS
ASIÁTICAS
Entre as instituições secundárias asiáticas escolhidas para esta análise foram a
Organização da Cooperação de Xangai (OCX) e a Associação de Nações do Sudeste
Asiático (ASEAN). A escolha dessas instituições não foi arbitrária; partiu de critérios
normativos como participação da China nas reuniões principais, preocupação das reuniões
com assuntos asiáticos, preocupação com a cooperação entre os países da região e
importância internacional da organização. Os documentos escolhidos foram as cartas e
declarações de construção das organizações e documentos, que exprimissem conceitos
gerais a serem usados pelos membros das organizações em situações específicas e que
tivessem conteúdo voltado para cooperação e relações de vizinhança. A análise feita nesses
documentos foi feita a partir do conteúdo normativo desses documentos e a importância das
ideias e valores foi tomada pela quantidade de menções que recebem no documento. Para
isso, procuraram-se ideais de que estivessem caracterizados como parte da atuação
internacional chinesa analisada nas seções anteriores: respeito à soberania e harmonia.
Desse modo, passaremos aos documentos e suas expressões daquilo que organiza as
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relações da sociedade internacional asiática, como tratado na primeira seção. Para isso,
também se teve o foco de encontrar dispositivos que expressam códigos de conduta,
princípios e objetivos, uma vez que seriam os responsáveis por gerar a legitimidade ou
ilegalidade das ações dos atores envolvidos.
A partir da seleção das menções feita para esta pesquisa, pode-se observar a
seguinte relação dos ideais que se consolidam nos documentos:
Tabela 1 - Quantificação de menções nos documentos das organizações internacionais
Nome do Documento Equality
Self-
determination Harmony
Declaration on the Establishment of the Shanghai
Cooperation Organization (2001) 2 1 2
Charter of the Shanghai Cooperation Organization
(2002) 2 2 2
Concept of Cooperation Between SCO Member States
in Combating Terrorism, Separatism, and Extremism
(2005) 1 1 1
Treaty on Long-Term Good-Neighborliness, Friendship
and Cooperation Between the Member States of the
Shanghai Cooperation Organization (2007) 0 3 1
Declaration on the conduct of parties in the South China
Sea (2012) 0 0 1
Joint Declaration of the Heads os State/Government of
the Association of Southeast Asian Nations and the
People’s Republic of China on Strategic partnership for
Peace and Prosperity (2003) 1 1 1
Chairman’s Statement of the 10th East Asia Summit
(2015a) 1 0 1
Chairman’s Statement of the 18th ASEAN-China
Summit (2015b) 1 0 1
TOTAL 8 8 10
FONTE: Elaboração própria a partir das pesquisas dos documentos das organizações.
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A partir da análise dos documentos pode-se observar a presença dos princípios
defendidos pelo Estado chinês nas organizações internacionais asiáticas. Existe nas
declarações um caráter que aponta para a normatização da conduta de harmonia e de
respeito à soberania e autodeterminação. Além disso, existe uma aproximação com
interesses mútuos e benefícios mútuos entre nações que se consideram iguais
juridicamente, o que suporta a defesa da igualdade como principio ordenador e a harmonia,
sendo essa próxima ao benefício mútuo e o ganho de todas as partes, como observado na
segunda seção deste artigo.
Contudo, a partir desses dados não se pode afirmar que exista um modelo de
atuação internacional chinês que está sendo exportado para a região asiática. Pode-se
somente apontar que os princípios e as normas que regem a China têm influenciado a
região e as instituições regionais. Ainda, pela conexão das instituições secundárias com as
instituições primárias e a atuação internacional dos países, pode-se inferir que a criação de
normas de regimento e de conduta nas organizações internacionais influi no comportamento
dos atores estabelecendo que a atuação, no caso, em defesa da harmonia e do beneficio
mútuo se torna a norma para os atores da região.
Ainda, os documentos apontam para uma grande quantidade de acordos de
cooperação e da construção da manutenção da estabilidade regional, o que reafirma a
possibilidade de inserção dos princípios de política internacional da China no modo de
conduzir de outros atores da região. Porém, isso ainda não está equalizado com a
hegemonia incompleta do sistema tributário, por exemplo, mas aponta para a criação de um
modelo de condução internacional baseado em harmonia e no respeito à soberania dos
Estados, concomitantemente, representa a liberdade de ação dos mesmos sem um
cerceamento explícito das condições nas quais essas decisões devem ser tomadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa pesquisa se deu ao esforço de conduzir uma resposta ao questionamento de
como a República Popular da China sustenta regionalmente o modelo chinês de cooperação
e as instituições primárias da SIA. A hipótese de que isso se constrói a partir da atuação
internacional da China nas instituições secundárias, pautadas pelos princípios de política
internacional observados no que se refere como Consenso de Pequim, sendo esse um
reflexo do modelo chinês de atuação internacional, foi parcialmente verificada. Esse
resultado se afirma dessa maneira, pois existe uma influência da China nas normas e no
modo de conduzir a cooperação regional no âmbito dessas organizações. Isso foi analisado
a partir de uma visão histórica da atuação internacional chinesa, desde a era imperial até o
período recente, e se observaram continuidades que se apresentam nesse recorte. Essas
continuidades claramente tem relação com a cultura chinesa confucionista e apontam para a
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defesa das relações harmônicas, num nível mais particular, entre os indivíduos, que se
expande à atuação e coordenação política internacional.
Por fim, ainda restam questões a serem analisadas nessa temática, como o
questionamento da presença do modelo de atuação de outros Estados da região que
também influenciam nas relações regionais, por exemplo, o Japão, a Rússia e a Índia. Ou
então, o questionamento sobre qual seria o foco desse modelo organizacional, uma vez que
ainda se tem muito que trabalhar em torno da compreensão do que seria a harmonia
chinesa. Ainda também, é importante se questionar sobre qual seriam as consequências do
estabelecimento de um modelo alternativo para as relações internacionais entre as grandes
potências, já que muito se compreende nesse âmbito historicamente pelo jogo de equilíbrio
de poder.
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