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  Angela Tsatlogian nis  Direito Internacional Direito Internacional O Dir eito Internacion al é o con ju nto de normas qu e re ge a Sociedade Internacional e divide-se em dois ramos: - Direito Internacional Privado e Direito Internacional Público. DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO É o ramo da Ciência Jurídica que resolve os conflitos de leis no espaço e disciplina os fatos em conexão com leis divergentes e autônomas. Portanto, determina o di reit o aplicável Às relações judi cas de direito pr ivado com elemento internacional. Para exemplificarmos temos contratos celebrados entre sujeitos privados de diferentes Estados soberanos; casamento entre pessoas de diferentes nacionalidades.  Para Irineu Strenger, é “Um complexo de normas e princípios de regulação que, atuando nos diversos ordenamentos legais ou convencionais, estabelece qual o direito aplicável para resolver conflitos de leis ou sistemas, envolvendo relações  jurídicas de natureza privada ou pública, com referências, internacionais ou interlocais”. O objeto do Direito Internacional Privado é o estudo e a solução dos conflitos de leis no espaço. Havendo mais de uma norma a ser aplicada, irá estabelecer critérios para verificar qual vai ser observada. Em regra, é a aplicação do direito nacional, do direito es tr an ge ir o e do confl it o de leis entre dif erentes ordenamentos jurídicos. Fundamentos: Os pr inci pa is fund amento s do Direito Internacional Privad o são: (a ) a mul tipl icidade do fat or estrang eir o, em que se passa a ver ificar o ele men to estran geiro, (b) o orden amento jurídico autônomo s. Em Roma, havia hegemo nia dos cidadãos romanos, não se reconhecia poder de outros grupos. Agora, passa- se a observar as nações-estado, que são soberanas, (c) a benevolência em relação ao estrangeiro. Postulados: a) O mundo é co mposto de ordens judic as inde pendentes.  As ord ens  jurídicas independentes não são derivadas de outras ordens jurídicas (monismo com primado no direito nacional).  b) Surge o conflito de leis no espaço.  O confl ito sur ge do contr ato entr e ordens jurídicas diferentes.

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 Angela Tsatlogiannis Direito Internacional 

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Direito Internacional

O Direito Internacional é o conjunto de normas que rege a Sociedade

Internacional e divide-se em dois ramos: - Direito Internacional Privado e DireitoInternacional Público.

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

É o ramo da Ciência Jurídica que resolve os conflitos de leis no espaço edisciplina os fatos em conexão com leis divergentes e autônomas. Portanto,determina o direito aplicável Às relações jurídicas de direito privado comelemento internacional. Para exemplificarmos temos contratos celebrados entresujeitos privados de diferentes Estados soberanos; casamento entre pessoas de

diferentes nacionalidades.

Para Irineu Strenger, é “Um complexo de normas e princípios de regulação que,atuando nos diversos ordenamentos legais ou convencionais, estabelece qual odireito aplicável para resolver conflitos de leis ou sistemas, envolvendo relações jurídicas de natureza privada ou pública, com referências, internacionais ouinterlocais”.

O objeto do Direito Internacional Privado é o estudo e a solução dos conflitos deleis no espaço. Havendo mais de uma norma a ser aplicada, irá estabelecer critérios para verificar qual vai ser observada. Em regra, é a aplicação do direito

nacional, do direito estrangeiro e do conflito de leis entre diferentesordenamentos jurídicos.

Fundamentos:

Os principais fundamentos do Direito Internacional Privado são: (a) amultiplicidade do fator estrangeiro, em que se passa a verificar o elementoestrangeiro, (b) o ordenamento jurídico autônomos. Em Roma, havia hegemoniados cidadãos romanos, não se reconhecia poder de outros grupos. Agora, passa-se a observar as nações-estado, que são soberanas, (c) a benevolência em

relação ao estrangeiro.

Postulados:

a) O mundo é composto de ordens jurídicas independentes. As ordens jurídicas independentes não são derivadas de outras ordens jurídicas(monismo com primado no direito nacional).

 b) Surge o conflito de leis no espaço. O conflito surge do contrato entreordens jurídicas diferentes.

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O Direito Internacional Privado soluciona o conflito de forma indireta, pois eleapenas indica a norma a ser aplicada de acordo com cada caso concreto em quese envolva um estrangeiro. Ex: o juiz brasileiro em determinados casos pode

aplicar lei estrangeira aqui no Brasil.

Denominação do Direito Internacional Privado:

 A mais antiga denominação é “Conflito de Leis”, que ainda é muito utilizada nospaíses de língua inglesa (“Conflit of Laws”). A atual denominação que é “DireitoInternacional Privado” vem do Direito Francês (“Droit International Prive”).

FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

Lei

Fonte Primária. São as condições e leis internas dos países.No Brasil, a Lei de Introdução ao Código Civil (Decreto-lei nº 4.657, de04/09/1942) contém as regras básicas do Direito Internacional Privado brasileiro.

Tratado Internacional

É um acordo celebrado, por escrito, entre Estados que contêm normas de Direito

Internacional Privado.

Doutrina

Corresponde ao trabalho intelectual dos estudiosos do Direito InternacionalPrivado com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento da Ciência Jurídica.

Jurisprudência

É o conjunto de decisões proferidas pelos tribunais, que exercem importantepapel na formação e no desenvolvimento da Ciência Jurídica.

Costume

Resulta de uma prática geral, reiterada e uniforme, que se prolonga no tempo,transformando-se em uma regra de direito.

Aplicação do Direito Internacional Privado às outras disciplinas jurídicas.

Este só será aplicado se houver algum fator extraterritorial, objetivo ou subjetivo,interferindo no direito doméstico.

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Ex: contrato firmado por brasileiros, para ser executado no Brasil, cujo objeto ésituado no Brasil, aplica-se somente a legislação brasileira.Entretanto, em

havendo fatos extraterritoriais, serão utilizadas as dimensões internacionais sobreo direito que rege cada matéria.

Direito Internacional Público e Direito Internacional Privado

Existem várias correntes doutrinárias que afirmam que o Direito InternacionalPrivado, emana do Direito Internacional Público. Entretanto, um não depende dooutro, mas sim, eles se inteiram.

CONFLITOS

Conflito de Leis - estuda as relações humanas ligadas a dois ou mais sistemas jurídicos cujas normas não coincidem, cabendo-lhe determinar qual dos doissistemas será aplicado.

Conflito de Jurisdições - cuida de definir a competência do Judiciário de cadapaís na solução dos conflitos que envolvem pessoas, coisas ou interesses queextravasam os limites de uma soberania.

Conflitos Interespaciais

Neste caso, o conflito não advém de diferentes soberanias, mas sim, de regimesfederativos que concedem autonomia aos estados para legislar sobrepraticamente todos os ramos do direito, inclusive sobre o Direito InternacionalPrivado. Podemos citar como exemplo os Estados dos Estados Unidos, o Méxicoe os cantões Suíços.

Citamos como exemplo de solução para os conflitos interespaciais, o seguintecaso julgado em 1895:

Um casal que vivia em Massachusetts, cuja legislação considerava a mulher 

casada como civilmente incapaz. A esposa firmou uma garantia a favor de seumarido perante uma empresa americana sediada no Estado de Maine, cujas leistratavam a mulher casada como plenamente capaz.

O marido ficou devendo e a empresa acionou a fiadora (esposa), no foro deMassachusetts pela soma de 560 dólares e doze centavos.

O tribunal de Massachusetts considerou que o contrato se realizara no Estado deMaine, pois quem assina um contrato em Massachusetts e o envia à outra parteem outro Estado, via mensageiro ou via correio, é como se tivesse ido àqueleoutro Estado e lá assinado.

Por isto decidiu a corte que a hipótese era regida pela lei do Estado de Maine,

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 julgando a ação procedente para condenar a esposa ao pagamento da somaacima.

Conflitos Interpessoais

Tratam-se estes, de conflitos onde as etnias, os grupos, as tribos, as castas e asreligiões são as determinantes de certos sistemas jurídicos dentre cujas normas o juiz deverá optar em hipótese de confronto.

Em alguns países, como Israel e países árabes, os casamentos são celebrados eregidos pela religião de cada um, onde o direito matrimonial é de competêncialegislativa e jurisdicional das respectivas religiões.

 A integração dos conflitos acima ao Direito Internacional Privado cria divergênciaentre as doutrinas, entretanto, entendemos que o Direito Internacional Privado,que em suma é o conflito de leis, abrange leis de toda a natureza e de todaorigem: direito privado e direito público, normas estabelecidas por Estadossoberanos e por províncias, cantões ou estados membros de uma federação,bem como regras oriundas de sistemas pessoais, como as etnias e as religiões.

REGRAS DE CONEXÃO

São as normas estatuídas pelo DIP, que indicam o direito aplicável às diversas

situações jurídicas conectadas a mais de um sistema legal.

O primeiro momento é a classificação da situação ou relação jurídica dentro deum rol de qualificações, ex., categorias jurídicas; em seguida localiza a sede jurídica desta situação ou relação e, finalmente, determina a aplicação do direitovigente na respectiva sede.

Para que a classificação ocorra, os elementos serão divididos em direitospessoais e direitos reais.

Conexão: - É o contato, a ligação entre uma situação fática e a norma que vai

reger essa situação.

Elementos de Conexão: - São as circunstâncias presentes nas relações jurídicas que determinam o Direito aplicável a essa relação, Direito Nacional ouDireito Estrangeiro.Principais Elementos de Conexão:

Direitos Pessoais: De família: DomicílioNacionalidadeRaçaReligião

TriboVizinhança

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Origem

Das Obrigações: Lugar da constituição da obrigaçãoLugar da execução do contratoLugar do proponente Autonomia da vontade

Direitos Reais: Lex rei sitae (situação do bem)

Domicílio: É o lugar onde a pessoa estabelece sua residência com ânimodefinitivo;

Nacionalidade: É o vínculo político-jurídico que se estabelece entre o indivíduo eo Estado;

Lugar da constituição da obrigação: Será aplicada a lei do país onde asobrigações se constituíram;

Lugar da execução do contrato: Aplica-se a lei do país onde o contrato tiver deser executado;

Lugar do proponente: domicilio da parte que iniciou a relação jurídica;

Autonomia da vontade: Em uma relação contratual as partes têm a faculdadede escolher a lei a ser aplicada.

Lugar da situação do bem: Aplica-se a lei do país onde estiver situada a coisa.Esse elemento de conexão é aplicado aos imóveis.

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NOME DOELEMENTO

RAMO CRITÉRIO (Útil.Brasil)

Lex Patriae Estatuto Pessoal (D. de Família ePersonalidade) X

Lex Loci Domicili  Estatuto pessoal Lei Domicílio (LICCart 7º)

Lex Loci Celebrationis

Formalidades casamento L. local celebração(7º §2º)

Lex Loci Obligacionis Obrigações L. local const. Obrig.(9º)

Lex Loci Contractus Contratos L. local const. Cont.(9º)

Lex Rei Sitae D. reais – bens imóveis L. da situação do

bemMobília Sequntum

PersonaBens móveis L. domicílio do

proprietárioLex Sucessionis Sucessões L. domicílio falecido

(10º)

APLICAÇÃO DE DIREITO ESTRANGEIRO:

Fato: O direito estrangeiro é considerado como fato, logo, ele não deve ser aplicado, servindo como mera matéria probatória.

Direito: (Brasil) – CPC art. 337 – No Brasil o direito estrangeiro é consideradocomo direito, logo, ele deve ser aplicado.

Se a parte alegar direito estrangeiro, o juiz pode pedir a colaboração das partes(auxílio na prova do teor e vigência do direito). Se a parte não alegar, o juiz devesaber de ofício, ou seja, se a parte não alega direito estrangeiro, o ônus da provaincumbe a quem alegou (CPC art. 337).

Como é feita a prova?

 Através de certidão consular ou parecer de dois advogados estrangeiros.

O Código de Bustamante disciplina a matéria nos arts. 408 a 411.

Diz o código que a parte que alega lei estrangeira poderá provar sua vigência esentido através de uma certidão devidamente legalizada, de dois advogados emexercício no país de cuja legislação se trata.

Se a parte não puder provar ou houver insuficiência de provas, o juiz ou o tribunalpoderá solicitar de ofício, por via diplomática, antes de decidir que o Estado decuja legislação se trata forneça certidão sobre o texto, vigência e sentido dodireito aplicável.

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LIMITES DE APLICAÇÃO DO DIREITO ESTRANGEIRO:

Princípio de ordem pública: São os princípios estruturantes do direito privado.

Esses princípios estão na Constituição Federal, logo, todos eles são princípios deordem pública. Então, direito estrangeiro que fere a ordem pública pode até ser válido, mas é ineficaz no Brasil (LICC art. 17).

Ex 1: Divórcio islâmico: Dá-se pela repudia. O STF não homologa esse tipode sentença, pois fere a ordem pública.Ex 2: Casamento poligâmico: Vale o primeiro casamento, e os demais sãoineficazes para o ordenamento jurídico brasileiro.Ex 3: Casamento de pessoas do mesmo sexo.Ex 4: Dívida de jogo: As decisões têm sido no sentido de que a dívida de jogocontraída no exterior (em países que o jogo é lícito) é exeqüível, pois seentendeu que se está executando uma obrigação e não instituindo a prática

do jogo no Brasil, que aí sim viria a ferir a ordem pública.Ex 5: Direito do consumidor: Contratos celebrados na Internet e contratos de“Time Sharing ”, a eleição do foro no exterior, o CDC é ferido, pois segundo omesmo o foro privilegiado é o do consumidor.

Fraude à Lei:

CIDIP – Convenção Interamericana ratificada pelo Brasil, que estabelece normasgerais de DIPr. Sendo assim, tem força de lei ordinária.

CIDIP art 6º - Alteração dolosa de elemento de conexão afim de fugir daaplicação da lei.

Ex: Troca de domicílio (para fugir da aplicação da lei tributária), alteração denacionalidade.

 A fraude à lei implica em ineficácia do ato.

Instituições desconhecidas:

São institutos desconhecidos no ordenamento jurídico brasileiro, como, por exemplo, o “Trust ”.

Nesses casos, o juiz deve procurar se há algum instituto similar, e havendo,deve-se aplicar esse instituto similar. Não havendo um instituto similar noordenamento jurídico brasileiro, afasta-se a aplicação do direito estrangeiro eaplica-se o direito nacional.

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Questões prévias:

São questões preliminares que resolvem a questão principal (questão de fundo).

 As questões prévias do DIPr são todas aquelas cuja solução condiciona a daação original que forma o tema principal do pleito.

Toda questão, portanto, que surgir no decorrer de uma determinada lide queexige solução própria antes que prossiga o processamento da ação original, éuma questão prévia. Assim ocorre, por exemplo, em um processo sucessório emque é contestada a legitimidade dos filhos ou em uma ação de alimentos em quese contesta a validade do casamento.

Ex: Contrato: Questões prévias = Requisitos de Validade

- Objeto lícito – ordem pública (LICC art. 17);- Capacidade – Lex Loci Domicili (LICC art. 7º);- Forma – Execução do contrato no exterior – Lex Loci Actus (LICC art 9º)

- Execução do contrato no Brasil – Lex Loci Executionis (art 9º §1º).

Toda vez que se tem que aplicar a lei de vários países num mesmo caso, ocorreo desmembramento (Depèçage).

QUALIFICAÇÕES:

Qualificar é atribuir existência jurídica, é definir de acordo com a técnica jurídicade uma legislação. Cada legislação estabelece seus próprios critérios dequalificação, resultando daí diversidade no enquadramento das instituições,conceitos e relações de direito nos diferentes ordenamentos jurídicos.

QUALIFICAR = conceituar + classificar Ex: Domicílio = Brasil – Residência + Animus Alemanha – Registro

Pode ocorrer o conflito de qualificações quando um sistema classifica um mesmoinstituto de maneiras distintas. Esses conflitos podem surgir tanto na área doselementos de conexão do DIPr, tanto no campo do direito material. Na área doselementos de conexão é típico o conflito em matéria de domicílio. É, contudo, nasdivergências encontradas entre direitos materiais dos Estados que se acha onúcleo do problema. A solução vai se dar por um dos elementos de conexãoabaixo:

- Lex Fiori: Lei do foro – LICC art. 7º e art 10, II – utiliza-se no Direito de Família,sucessões e societário.

- Lex Causae: Lei da causa do ato ou negócio jurídico – utiliza-se para os casosque envolvam bens (LICC art. 8º) e obrigações (LICC art. 9º).

O REENVIO

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Trata-se de quando o próprio texto legal, regra de Direito Internacional Privado,envia o foco jurídico para um local diverso.

Regra de envio: Os artigos 7º e 10º da LICC são exemplos claros de uma regrade envio, uma vez que ambos os artigos enviam a solução do problema, ou seja,o seu foco jurídico, para um determinado ordenamento jurídico. Os enunciados,as regras aplicáveis nas relações internacionais são regras de envio.

Noções Preliminares:

- Noção de Conflito de 1º Grau: Situação de conflito entre duas legislaçõesnacionais sobre a mesma matéria ( p. ex: a maioridade, no Brasil, se dá aos 21

anos; na França, aos 18 anos).

- Noção de Conflito de 2º Grau: Como conflitos entre sistemas de solução deconflitos de leis. Positiva – dois sistemas chamam a solução do problema para o seu sistema.Forma Negativa – ambos os sistemas enviam a solução do problema para o outro(situação de reenvio). Espécies:

- Reenvio de 1º Grau:O Código Civil do país A envia para o Código Civil do país BO Código Civil do país B reenvia para o Código Civil do país A.

- Reenvio de Segundo Grau:O Código Civil do país A envia para o Código Civil do país B.O Código Civil do país B reenvia para o Código Civil do país C.

O Brasil no artigo 16 da LICC proíbe a possibilidade de reenvio. Proíbe o reenviode 1º e de 2º graus.

art. 16 LICC: Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-sequalquer remissão por ela feita a outra lei . 

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Exceções à aplicação do direito estrangeiro

a) O pressuposto básico: O pressuposto do direito internacional privado é a ao

aplicabilidade do direito estrangeiro por parte do juiz territorial. Suas regras decerto modo incorporam potencialmente o direito estrangeiro ao direito nacional.Essa incorporação não pode existir sem algumas exceções.

b) Ordem pública: É o conjunto de normas e princípios que, em um momentohistórico determinado, refletem o esquema de valores essenciais, cuja tutelaatende de maneira especial cada ordenamento jurídico concreto. Tem conceitocontrovertido no direito internacional privado, por isso, desde logo se diz que esseconceito nada tem a ver com a lei de ordem pública em direito interno. O direitode família, por exemplo, é de ordem pública interna. Neste caso recomenda-seaplicação sempre da lei de ordem pública com objetivos de impedir sejam feridos

os sentimentos de nacionalidade e defender a orientação política do Estado. Essaexceção de ordem pública é mais rigorosa contra a aquisição do direito noEstado, que contra o gozo de direitos adquiridos fora do Estado. O art. 7o.§6o. daLICC é um caso. O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos oscônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 3 anos dadata da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igualprazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas ascondições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras nopaís. ..............

Gama e Silva acompanhando a opinião de vários autores admite a duplicidadedos efeitos da ordem pública, isto é, a ordem pública tanto pode afastar a leiestrangeira como, afastando-a pode substituí-la pela lex fori. A exceção da ordempública, no nosso caso, é prevista no art. 17 da LICC. As leis , atos e sentençasde outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficáciano Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bonscostumes.

c) Fraude à lei: Caracteriza-se pela utilização das regras de conflito paraobtenção de direito que as regras substanciais territoriais não autorizam.Exemplo: Um brasileiro, querendo divorciar-se e não sendo no sistema jurídicoadmitido o divórcio naturaliza-se em outro país a fim de obtê-lo. Fraude à lei é autilização voluntária de regras de conflito para evitar as conseqüências das

disposições de fundo. Na fraude à lei a doutrina reconhece um elemento objetivo-Corpus - que é o efeito produzido e o animus ( intenção). Não há menção, nodireito brasileiro sobre a Fraude à Lei. Porém a nossa LICC há um dispositivo quepraticamente cerceia esse mecanismo é o art. 17.

d) Reciprocidade: É um princípio ou cláusula que determina que o direito doEstado que se recusasse à aplicação do direto estrangeiro, o juiz territorial nãopoderia aplicar esse direito. Nosso direito ignora totalmente a causa dereciprocidade. O Brasil dá aos estrangeiros o mesmo direito de seus países.

e) Interesse nacional lesado: Autores sustentam que o juiz territorial não

poderia aplicar o direito estrangeiro sempre que o sujeito nacional da relação jurídica fosse , com a aplicação desse direito estrangeiro, prejudicado. Isto é, seda relação jurídica uma das partes fosse nacional, o juiz territorial só poderia

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aplicar o direito estrangeiro se essa relação não viesse a diminuir os direito donacional ou aumentar suas obrigações. Exemplo: Jovem mexicano, de menor,para seduzir moça francesa, adquiriu de um joalheiro fortunas em jóias. Quando

cobrado alegou incapacidade. A lei francesa dizia que seria aplicável a leimexicana. Haveria exceção a esta aplicação da lei francesa. Sim. Interessenacional lesado ou Fraude à Lei. O Brasil, para se preservar desse problema peloseu Decreto n. 2.044/1908, art. 42 diz: Tendo a capacidade pela lei brasileira, oestrangeiro fica obrigado pela declaração de firmar, sem embargo de suaincapacidade, pela lei do Estado a que pertencer. Esta regra, no nosso direitoencontra-se no art. 10 §1o. da LICC : A vocação para suceder em bens deestrangeiro situados no Brasil será regulada pela lei brasileira em benefício docônjuge brasileiro e dos filhos do casal, sempre que não lhe lhes seja maisfavorável a lei do domicílio.

f) Instituições desconhecidas: Nem todas as instituições estão previstas nosordenamentos jurídicos ou estão neles contidas. Exemplo: poligamia ou ocontrato da promessa do matrimônio. Neste caso, a lei estrangeira deve ser postade lado.

Devolução e Renúncia

a) Devolução ou remissão: É o reenvio que consiste na operação oumecanismo utilizado por juiz ou tribunal de alguns países para facilitar a aplicaçãode sua própria lei ou para atender a certos interesses, voltando ao seu própriodireito ou indo a um terceiro, conforme indicação da norma de direitointernacional privado consultada, por ordem do direito internacional privado deseu país. No Brasil, há proibição legal expressa e categórica de retorno oudevolução ou renúncia.

Tipos de conflito - entre nós, o elemento de conexão é o domicílio. Então, discute-se a capacidade de um brasileiro domiciliado na França. Digamos que um casalde brasileiros, com dois filhos, passem a residir e ter domicílio na França. A filhamais velha do casal, com 19 anos, adquire roupas e jóias numa das lojas dafrança. Quando cobrada, alega incapacidade pela lei brasileira. Mas a lei francesadiz que a mulher obtém capacidade negocial aos 18 anos. Qual a saída?

De acordo com a regra do art. 7o. da LICC deve-se aplicar o direito Francês,porque, em matéria de capacidade o elemento de conexão é o domicílio.Todavia, para a mesma matéria, a lei francesa diz que é o direito danacionalidade. Eis aí uma hipótese de reenvio.

Digamos que fosse inverso - um francês com domicílio no Brasil. O caso tambémfosse de discutir capacidade. As duas leis seriam aplicáveis. É um caso típico derenúncia. Na lei Brasileira o art. 16 da LICC regula a matéria. Veja-se comoexemplos o caso Forgo ( p. 471 do Strenger ) e o caso Bigwood ( p.472 doStrenger).

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NACIONALIDADE E CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO

NACIONAIS

“São as pessoas submetidas à autoridade direta de um Estado, às quais estereconhece direitos e poderes e deve proteção, além das suas fronteiras.Nacionalidade é a qualidade inerente a essas pessoas e que lhes dá umasituação capaz de as localizar e identificar, na coletividade”1

Tem-se como direito primordial do homem a escolha de uma nova nacionalidade,seja pela renúncia à de origem, ou pela mudança da nacionalidade, podendodessa forma, escolher a qual Estado quer pertencer.

CIDADANIA 

Embora muitas vezes a lei proceda certa confusão entre os termos“nacionalidade” e “cidadania”, este último não possui uma definição própriaplenamente cristalizada. Entretanto, utiliza-se usualmente o vocábulo para definir o exercício da condição de cidadão, que implica na titularidade de direitos,deveres e obrigações do indivíduo perante o Estado, principalmente naquilo quediz respeito ao seu viés político.

 A cidadania pode ser definida como sendo o exercício pleno dos direitos edeveres das pessoas, num contexto onde os mesmos direitos e deveres são

garantidos e respeitados.

Os conceitos de cidadania, democracia e direitos humanos estão intimamenteligados, um remete ao outro, seus conteúdos interpenetram-se: a cidadania não éconstatável sem a realização dos Direitos Humanos, da mesma forma que osDireitos Humanos não se concretizam sem o exercício da democracia.

1 G. E. do Nascimento e Silva e Hidelbrando Accioly - Manual de Direito Internacional Público - EditoraSaraiva - 13ª edição - 1998, pag. 329.

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N ACIONALIDADE

O direito do homem a uma nacionalidade, de não ser dela privado arbitrariamente

e não ter negado o direito de mudá-la é afirmado na Declaração Universal dosDireitos Humanos das Nações Unidas.

Nacionalidade é o vínculo jurídico que liga uma pessoa a um estado. Por ela, oindivíduo sujeita-se à autoridade do estado, que lhe reconhece direitos políticos ecivis e lhe dá proteção. A nacionalidade situa o indivíduo no âmbito da leiinternacional e lhe dá acesso aos direitos e privilégios conferidos pelos estados aseus nacionais. O estado, por direito reconhecido na norma internacional,estabelece em dispositivos constitucionais e mecanismos legais os critérios paradeterminar quem é seu nacional. A proteção do estado a seus nacionais seestende além de suas fronteiras. Há jurisprudência internacional que garante ao

estado meios de fazer cessar uma injustiça ou obter do estado responsávelreparações por prejuízos causados a um seu nacional.

 A nacionalidade pode ser originária, quando resulta do nascimento, ou adquirida,quando advém de substituição de nacionalidade. Os critérios que determinam anacionalidade de origem são o jus sanguinis, em que a nacionalidade dos filhos édeterminada pela dos pais, independente do local de nascimento; o jus soli, emque prepondera o local de nascimento; e a combinação das duas situações.

Os estados variam no uso dessas normas consuetudináriasdo direito internacional. A nacionalidade adquirida, ou

outorgada, deriva de casamento, naturalização ou benefícioda lei, quando a legislação de um estado prevê suaaquisição automática ou a pedido. A naturalização, de modogeral, proporciona ao estrangeiro que a recebeu o gozo dosmesmos direitos e deveres dos nacionais de origem, comrestrições. A nacionalidade pode ser perdida por mudançano benefício da lei, casamento, naturalização, renúncia,cessões ou anexações territoriais, ato incompatível com osinteresses nacionais e aquisição voluntária de outranacionalidade.

 A nacionalidade é fundamental no direito político porque determina a condição decidadania, da qual é pressuposto necessário, já que apenas os nacionais podemparticipar da vida política plena; no direito civil, por integrar um dos estados dapessoa e condicionar o gozo dos direitos; e nos direitos administrativo, fiscal epenal, nos quais a condição de nacional tem influência decisiva. A questão doapátrida é um dos problemas ainda não resolvidos por divergências de leisnacionais ou ausência de leis ou práticas internacionais.

No Brasil, dispositivo constitucional estabelece que são brasileiros natos os quenasceram no país, mesmo os filhos de estrangeiros que não estejam a serviço desua pátria, e os filhos de pais brasileiros no exterior registrados em repartição

brasileira; e naturalizados os estrangeiros que adquiriram a nacionalidadebrasileira segundo as normas em vigor. Adquiriram nacionalidade brasileira os

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estrangeiros residentes no Brasil em 15 de novembro de 1889 e que nãomanifestaram disposição em contrário até seis meses após a entrada em vigor daconstituição; e os que, entre 1891 e 16 de julho de 1934, possuíram bens imóveis

no Brasil, foram casados com brasileiras ou tiveram filhos brasileiros e nãomanifestaram a intenção de mudar de nacionalidade.

Só o presidente da república pode conceder a naturalização brasileira. Aosportugueses, requer-se apenas idoneidade moral e física e residência no país por um ano ininterrupto. Para outros estrangeiros, há exigências como prazo mínimode residência de quatro anos, capacidade civil, sanidade física, boa conduta,ausência de pronúncia ou condenação judiciais no Brasil, capacidade de ler eescrever em português etc. O período de residência é reduzido em alguns casos,como o de estrangeiro filho de brasileiro ou brasileira; empregado em missãodiplomática brasileira; se tem filho ou cônjuge brasileiro; e se recomendado por 

capacidade artística, profissional ou científica.

FORMAS DE NACIONALIDADE: ORIGINÁRIA , ADQUIRIDA E NATURALIZAÇÃO COLETIVA

Originária é a adquirida pelo nascimento e determinada por três sistemas: jus sanguinis (adquirida pela transmissão por laços familiares de ascendência) jus soli (adquirida pelo nascimento)sistema misto (adquirida tanto pelo nascimento quanto pelos laços familiarescom um nacional do Estado).

Em nosso país, via de regra, o que determina é o  jus soli . Entretanto, existemexceções regidas pela Constituição Federal que determina também o  jussanguinis, conforme artigo 12 da Carta Magna abaixo citado:

“Art. 12 - São brasileiros:I - natos:a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros,desde que estes não estejam a serviço de seu país;b) os nascidos no estrangeiro, de pai e mãe brasileira, desde que qualquer delesesteja a serviço da República Federativa do Brasil;c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde quevenham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira.” 

Adquirida, provém, em sua maioria, do casamento ou da naturalização.Contudo, também pode ocorrer por benefício da Lei, por alterações territoriais epelo jus laboris (direito de trabalhar em país estrangeiro).

Naturalização Coletiva se dá quando um território é anexado ou concedido aoutro, por efeito de cessão pacífica (acordos) ou como imposição consecutiva.Ela ocorre tão somente com relação aos habitantes do território anexado,excluídos os nacionais de qualquer país estrangeiro ali domiciliados.

Naturalização

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(Naturalização: Lei 6.815 de 19.8.1980, arts. 111 e sgs. E Decreto 86.715, de10.12.81, arts. 119 e sgs.

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aosoriginários de países de língua portuguesa apenas residência por um anoininterrupto e idoneidade moral;

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativado Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desdeque requeiram a nacionalidade brasileira;

§1o. - Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor dos brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes aobrasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.

§2o. - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos enaturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.

§3o. - São privativos de brasileiros natos os cargos de:

I - de Presidente e Vice- Presidente da República;

II - de Presidente da Câmara dos Deputados;

III - de Presidente do Senado Federal;

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

V - da carreira diplomática;

VI - de Oficial das Forças Armadas.

§4o. - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I - tiver cancelada sua naturalização por sentença judicial em virtude de atividadenociva ao interesse nacional;

II - Adquirir outra nacionalidade por naturalização voluntária, salvo nos casos:

a) de reconhecimento de nacionalidade pela legislação estrangeira;

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro, residenteem Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território oupara o exercício de direitos civis.

c) art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

.....

XIII - nacionalidade, naturalização e cidadania;

 As regras constitucionais, como de resto são universais, e a base de toda

consideração a respeito de nacionalidade. Houve várias regulamentações por meio de leis ordinárias, mas, no momento o ordenamento básico é a lei 6.815, de

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19 de agosto de 1980, denominado Estatuto do Estrangeiro com prevalência dalei 818/49.

PERDA DA NACIONALIDADE

Em suma, a nacionalidade é perdida pelos meios que correspondem à aquisiçãode outra nacionalidade, como também, quando ela não é substituída por nenhuma outra.

 Assim temos que, a nacionalidade pode ser perdida por:

a) Benefício de Lei - A vontade ou permissão da lei pode determinar aaquisição de nova nacionalidade. Entretanto, o país de origem pode não

aceitar a nova situação criada a seu nacional. Nestes casos, é comum que oindivíduo fique com dupla nacionalidade.b) Casamento - A aquisição de outra nacionalidade pelo casamento, nem

sempre acarreta a perda da nacionalidade originária.c) Naturalização - É um dos meios mais comuns para a perda da nacionalidade.

Mas há alguns Estados que, por princípios, não admitem a aquisição denacionalidade estrangeira.

d) Cessões ou anexações Territoriais - Via de regra, os habitantes doterritório transferido perdem a nacionalidade primitiva.

e) Renúncia pura e simples - Alguns países admitem esse tipo de perda denacionalidade.

f) Perda por incompatibilidade ou como punição - Aceitação de emprego,pensão, ou mesmo participar de guerras estrangeiras sem a permissão préviado poder nacional são causas de perda de nacionalidade.

g) Presunção de renúncia - Se dá pela estada prolongada de um indivíduonaturalizado, em outro país, sem o ânimo de regressar ao que adotou comopátria.

RELAÇÕES DOS ESTADOS COM SEUS NACIONAIS NO EXTERIOR

Jus avocandi

Trata-se do direito que o Estado tem, de chamar seus nacionais residentes noestrangeiro. Pode ocorrer para prestação de serviço militar, atuar na defesa dapátria em caso de conflito e no caso de prática de ato delituoso no exterior.

Proteção Diplomática

É o direito e o dever que o Estado tem de proteger seus nacionais no Exterior.

Ela será dada tanto para os que cometeram delitos em países alienígenas,quanto aos que necessitem auxílio em problemas com órgãos representativos.

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RELAÇÃO DO ESTADO COM OS ESTRANGEIROS NO SEU TERRITÓRIO

Estrangeiros

São estrangeiros aqueles indivíduos que encontram-se em outro território, sejapermanentemente ou temporariamente.

 Aos estrangeiros devem ser proporcionadas garantias de vida, integridade física,o gozo dos direitos civis, com poucas exceções, o exercício do trabalhoremunerado, acessível somente ao estrangeiro residente, etc. Essa proteção édever do Estado, ainda que o estrangeiro esteja em trânsito em seu aeroporto.

São vedados aos estrangeiros os direitos políticos. De forma que, não podemvotar ou ser votado.

CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO

Para melhor entendimento desta matéria, a dividiremos em três partes: 1) aentrada do estrangeiro; 2) os direitos do estrangeiro uma vez admitidos; 3) asaída compulsória.

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1 - A Entrada do Estrangeiro

Em suma, nenhum Estado tem obrigação de admitir estrangeiros em seuterritório. Assim, toda a nação soberana tem o poder inerente à sua soberania eessencial à sua auto preservação, de proibir a entrada de estrangeiros em seusdomínios, ou admiti-los somente em casos e segundo condições que lhe pareçamadequados.

No Brasil, segundo a constituição de 1988, através de seu artigo 5º, “é livre alocomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa,nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”, sendocerto que é competência da União, legislar sobre emigração e imigração, entrada,extradição e expulsão de estrangeiros - artigo 23 da CF.

 Ainda, sobre a mesma matéria, temos no plano internacional a Convenção deHavana de 1928 sobre a Condição dos Estrangeiros, que dispõe em seu artigo 1ºque os Estados tem direito de estabelecer, por meio de leis, as condições deentrada e residência dos estrangeiros em seus territórios.  A lei Brasileira nº 6.815, de 19 de agosto de 1980, rege atualmente, os institutosde admissão e Entrada de Estrangeiros no território nacional. Os vários tipos devistos, a transformação de um em outro, a prorrogação do prazo de estada, acondição de asilo, o registro do estrangeiro, sua saída e seu retorno ao territórionacional, sua documentação para viagem, a Deportação, a Expulsão, a

Extradição, os Direitos e Deveres do Estrangeiro, a Naturalização e a criação doConselho Nacional de Imigração, são regidos pelo Estatuto do Estrangeiro.

 A intenção da atual legislação, é a atender a segurança nacional, à organizaçãoinstitucional e os interesses políticos, socioenonômicos e culturais do Brasil,inclusive na defesa do trabalhador nacional.

São vários os tipos de visto de entrada concedidos, especificados pela lei, comosendo de transito, de turista, temporário, permanente, de cortesia, oficial ediplomático - ver artigos 8º a 13º da lei.

Reciprocidade - artigo 10º - parágrafo único.Existem proibições nessa mesma lei para a concessão de vistos - ver artigo 7º.

 A imigração para a orientação e coordenação das atividades de imigração, oConselho Nacional de Imigração, vinculada ao Ministério do Trabalho e integradopor representantes dos Ministérios do Trabalho, Justiça, Relações Exteriores, Agricultura, Saúde, Indústria e Comércio e do Conselho Nacional doDesenvolvimento Científico e Tecnológico.

O Direito Dos Estrangeiros Admitidos

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Segundo feliz síntese sobre a situação jurídica do estrangeiro em terra alheia deHans Kelsen, O Estado não tem obrigação de admitir estrangeiros em seu

território, entretanto, uma vez admitidos, devem-lhes ser concedidos um mínimode direitos, isto é, uma posição de quase igualdade aos cidadãos do Estado

Os Direitos do Estrangeiro no Brasil.

Na legislação brasileira há dois momentos legislativos que nos dão uma vistapanorâmica da situação do Estrangeiro no Brasil. O artigo 5º da CF, caput, e oart. 3º do Código Civil.

O primeiro diz que: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e àpropriedade.

O segundo diz que “a lei não distingue entre nacionais e estrangeiros quanto àaquisição e ao gozo dos direitos civis.

 Assim, temos que a legislação brasileira, concede ao estrangeiro residente e nãoresidentes no Brasil, os mesmo direitos que a um cidadão brasileiro, ou comnacionalidade brasileira.

Exercício de Atividades Políticas

O artigo 106 do Estatuto de Estrangeiro veda o exercício de atividades denatureza política.

Outras restrições

Tais restrições dizem respeito a cargos públicos onde a carta magna só admitebrasileiros natos.

Outra restrição é a de constituições de algumas modalidades de empresa noBrasil, por estrangeiros.

Registro Profissional de Estrangeiros Temporários.

 Aos estrangeiros que ingressam no Brasil com visto de turista, de trânsito outemporário-estudante é vedado o exercício de atividades remuneradas. - Art. 98.

Existem previsões legais de visto temporário com consequente exercícioprofissional para uma variedade de categorias profissionais - ver artigo 13 e 14.

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Saída Compulsória do Estrangeiro

EXTRADIÇÃO

CONCEITO: ato pelo qual um Estado entrega um indivíduo acusado de ter cometido um crime para processo e julgamento ou, em virtude de já ter sidocondenado, ao Estado que é competente para julgá-lo e/ou puní-lo. A concessãoda extradição encontra seu fundamento na solidariedade que deve reinar entretodos os membros da comunidade internacional, os quais têm necessidade dereprimir os atos delituosos buscando nesse intercâmbio de relações que a pazsocial seja por todos respeitada e mantida. A extradição encontra sua justificativana necessária cooperação entre os Estados, visando o combate ao crime eevitando que o delinqüente encontre, porque fora do alcance da justiça do Estadocuja lei violou, a impunidade desejada.

 ALCANCE: qualquer pessoa - acusado ou já condenado - que procura refúgio emoutro Estado com o objetivo de se livrar da justiça do país onde delinqüiu, emprincípio, pode ser extraditado. Essa regra geral guarda exceções:- Nacionalidade do extraditando:- Quando o extraditando é nacional do Estado requerenteQuando o extraditando é nacional de um terceiro Estado: deve haver, pelomenos, uma comunicação ao Estado a que pertence o extraditando a respeito daextradição.Quando o extraditando é nacional do Estado requerido: via de regra, é negado opedido de extradição (v. arts. 5º LI CF/88 e 7º II b e pgf. 2º do CPB).

REQUISITOS:Especialidade: o indivíduo não pode ser julgado ou castigado por delito diversodo que ensejou o pedidoIdentidade ou Dupla incriminação: não se concederá extradição quando noEstado requerido não se considerar crime o fato que alicerçou a solicitação.Exame prévio da solicitação pelo Supremo Tribunal Federal (102, I, g da CF/88)

CONDIÇÃO PARTICULAR DO EXTRADITANDO: pode vir a impedir a concessãoda medida solicitada. Isso ocorre quando, condenado à morte no Estadorequerente, o refugiado está em país que não admite em sua legislação essa

pena. A praxe seguida é a de ser concedida a extradição, desde que o Estadorequerente assuma o compromisso de não aplicar tal penalidade.

GRAVIDADE DAS INFRAÇÕES: A extradição só se deve aplicar a infrações de"certa" importância, ou seja, contravenções penais não dão lugar à extradição.Duas correntes existem para tentar dirimir a obscuridade e imprecisão dadefinição: a 1ª estabelece que os delitos passíveis de extradição devem estar enumerados nos tratados internacionais que os Estados assinam e a 2ª sópermite a extradição para os indivíduos cujos crimes de que são acusados ouforam por eles condenados são punidos com penas não inferiores a 1 ano dereclusão.

NATUREZA DAS INFRAÇÕES: A doutrina não é uniforme a respeito. Crimes

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políticos, como regra, não geram possibilidade de extradição de seus autores.Isto deve, para maior garantia, vir previsto em tratados internacionais e nalegislação interna (a legislação brasileira vai nesse sentido). Problema existe com

os crimes conexos, em que se verifica a existência simultânea de duas infrações :uma política e outra comum (pilhagem de casas de negócios durante um motimpopular, v.g.), unidas por um mesmo laço de conexidade. Ainda, temos os crimescomplexos, aqueles que embora ferindo a um só tempo a ordem política e odireito comum, constituem ato único e inseparável em seus elementos (regicídio2 

cometido com a finalidade de instaurar o regime republicano, v.g.).

A doutrina do caso BIGGS

 A doutrina no caso Biggs fica explicita em certas condições. Podemos começar pela prescrição do crime, a falha documental comprobatória e pela falta detratados bilaterais de extradição entre Brasil e Inglaterra . Outra condição seencaixa no fato de que a extradição seria inadmitida pelo fato de que na leibrasileira retro-destacada na página anterior, os dispositivos pertinentes a estaproíbem a deportação ou expulsão de um estrangeiro em processo objetivo deextradição, em vistas de cobrir uma lacuna entre o Brasil e Inglaterra face a faltade acordos bilaterias nas matérias extradicionais entre Brasil e Inglaterra. Mesmoos dois países firmando uma acordo em 1997, fez se determinar a impunibilidadedo acusado pela prescrição do crime julgado.

DEPORTAÇÃO ( art. 57 do EE - Estatuto do Estrangeiro lei 6815/80 ) 

 A deportação consiste na saída compulsória do estrangeiro, para o país de suanacionalidade ou procedência, ou para outro que consista em recebê-lo. Adeportação ocorre nas hipóteses de entrada ou estada irregular.

LEI 6.815/80:

"Art. 57. Nos casos de entrada ou estada irregular de estrangeiro, se este não se

retirar voluntariamente do território nacional no prazo fixado em Regulamento,será promovida sua deportação.§ 1.° Será igualmente deportado o estrangeiro que infringir o disposto nos arts.21, § 2.°, 24, 37, § 2 °, 98 a 101, §§ 1 ° ou 2.° do art. 104 ou art. 105.§ 2.° Desde que conveniente aos interesses nacionais, a deportação far-se-áindependentemente da fixação do prazo de que trata o caput deste artigo. Art. 58. A deportação consistirá na saída compulsória do estrangeiro.Parágrafo único. A deportação far-se-á para o país da nacionalidade ou deprocedência do estrangeiro, ou para outro que consinta em recebê-lo. Art. 59. Não sendo apurada a responsabilidade do transportador pelas despesascom a retirada do estrangeiro, nem podendo este ou terceiro por ela responder,

serão as mesmas custeadas pelo Tesouro Nacional.2  Regicida é aquele que mata um rei, rainha ou soberano.

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 Art. 60. O estrangeiro poderá ser dispensado de qualquer penalidade relativa àentrada ou estada irregular no Brasil ou formalidade cujo cumprimento possadificultar a deportação.

 Art. 61. O estrangeiro, enquanto não se efetivar a deportação, poderá ser recolhido à prisão por ordem do Ministro da Justiça, pelo prazo de 60 (sessenta)dias.Parágrafo único. Sempre que não for possível, dentro do prazo previsto nesteartigo, determinar-se a identidade do deportando ou obter-se documento deviagem para promover a sua retirada, a prisão poderá ser prorrogada por igualperíodo, findo o qual será ele posto em liberdade, aplicando-se o disposto no art.73. Art. 62. Não sendo exeqüível a deportação ou quando existirem indícios sérios depericulosidade ou indesejabilidade do estrangeiro, proceder-se-á à sua expulsão. Art. 63. Não se procederá à deportação se implicar em extradição inadmitida pela

lei brasileira. Art. 64. O deportado só poderá reingressar no território nacional se ressarcir oTesouro Nacional, com correção monetária, das despesas com a sua deportaçãoe efetuar, se for o caso, o pagamento da multa devida à época, tambémcorrigida".

EXPULSÃO ( art. 65 do EE - Estatuto do Estrangeiro lei 6815/80 )

Conceito. É a saída coercitiva do estrangeiro quando este atentar contra asegurança nacional, contra a ordem política e social, a tranqüilidade, a

moralidade pública, a economia popular, ou cujo procedimento seja nocivo aconveniência com os interesses nacionais.

 A expulsão é incabível quando implicar em extradição não admitida pela leibrasileira, ou quando o estrangeiro estiver casado com cônjuge brasileiro por mais de cinco anos ou tenha filho brasileiro. ( art. 75 da lei 6815/80 EE ).

 A expulsão se dá por Decreto do Presidente da República e deve decorrer deinquérito administrativo, no qual garantido ao expulsando a ampla defesa. OPresidente da República, pelo Decreto nº 3447, de 5 de maio de 2000, delegoucompetência ao Ministro da Justiça, para decidir sobre a expulsão de estrangeiro

do País e sua revogação. A lei proíbe a subdelegação.

 A expulsão também é cabível no caso de estrangeiro condenado por tráfico deentorpecentes e drogas a fim ( Decreto 98961/90 - 15/02/90 ).Constituição Federal:

"Art. 22 - Compete privativamente à União legislar sobre: XV - emigração eimigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros".

LEI 6.815/80:

"Art. 65. É passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a tranqüilidade ou

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moralidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo àconveniência e aos interesses nacionais.Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estrangeiro que:

a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanência no Brasil;b) havendo entrado no território nacional com infração à lei, dele não se retirar noprazo que lhe for determinado para fazê-lo, não sendo aconselhável adeportação;c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; oud) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para estrangeiro. Art. 66. Caberá exclusivamente ao Presidente da República resolver sobre aconveniência e a oportunidade da expulsão ou de sua revogação. Art. 67. Desde que conveniente ao interesse nacional, a expulsão do estrangeiropoderá efetivar-se, ainda que haja processo ou tenha ocorrido condenação. Art. 68. Os órgãos do Ministério Público remeterão ao Ministério da Justiça, de

ofício, até 30 (trinta) dias após o trânsito em julgado, cópia da sentençacondenatória de estrangeiro autor de crime doloso ou de qualquer crime contra asegurança nacional, a ordem política ou social, a economia popular, a moralidadeou a saúde pública, assim como da folha de antecedentes penais constantes dosautos.Parágrafo único. O Ministro da Justiça, recebidos os documentos mencionadosneste artigo, determinará a instauração de inquérito para a expulsão doestrangeiro. Art. 69. O Ministro da Justiça, a qualquer tempo, poderá determinar a prisão, por 90 (noventa) dias, do estrangeiro submetido a processo de expulsão e, paraconcluir o inquérito ou assegurar a execução da medida, prorrogá-la por igual

prazo.Parágrafo único. Em caso de medida interposta junto ao Poder Judiciário quesuspenda, provisoriamente, a efetivação do ato expulsório, o prazo de prisão deque trata a parte final do caput deste artigo ficará interrompido, até a decisãodefinitiva do tribunal a que estiver submetido o feito. Art. 70. Compete ao Ministro da Justiça, de ofício ou acolhendo solicitaçãofundamentada, determinar a instauração de inquérito para a expulsão doestrangeiro.Parágrafo único. A medida expulsória ou a sua revogação far-se-á por decreto. Art. 71. Nos casos de infração contra a segurança nacional, a ordem política ousocial e a economia popular, assim como nos casos de comércio, posse ou

facilitação de uso indevido de substância entorpecente ou que determinedependência física ou psíquica, ou de desrespeito a proibição especialmenteprevista em lei para estrangeiro, o inquérito será sumário e não excederá o prazode I5 (quinze) dias, dentro do qual fica assegurado ao expulsando o direito dedefesa. Art. 72. Salvo as hipóteses previstas no artigo anterior, caberá pedido dereconsideração no prazo de 10 (dez) dias, a contar da publicação do decreto deexpulsão, no Diário Oficial da União. Art. 73. O estrangeiro, cuja prisão não se torne necessária, ou que tenha o prazodesta vencido, permanecerá em liberdade vigiada, em lugar designado peloMinistro da Justiça, e guardará as normas de comportamento que Ihe forem

estabelecidas.Parágrafo único. Descumprida qualquer das normas fixadas de conformidade

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com o disposto neste artigo ou no seguinte, o Ministro da Justiça, a qualquer tempo poderá determinar a prisão administrativa do estrangeiro, cujo prazo nãoexcederá 90 (noventa) dias.

 Art. 74. O Ministro da Justiça poderá modificar, de ofício ou a pedido, as normasde conduta impostas ao estrangeiro e designar outro lugar para a sua residência. Art. 75. Não se procederá à expulsão:I - se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira; ouII - quando o estrangeiro tiver:a) cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou dedireito, e desde que o casamento tenha sido celebrado há mais de 5 (cinco) anos;oub) filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependaeconomicamente.§ 1.° Não constituem impedimento à expulsão a adoção ou o reconhecimento de

filho brasileiro supervenientes ao fato que a motivar.§ 2.° Verificados o abandono do filho, o divórcio ou a separação, de fato ou dedireito, a expulsão poderá efetivar-se a qualquer tempo".

ASILO POLÍTICO

 Asilo político é o acolhimento pelo Estado, de estrangeiro perseguido alhures –geralmente, mas não necessariamente em seu país patrial.

Os motivos de asilo podem incluir, dissidência política, restrição a liberdade de

opiniões ou por crimes relacionados diretamente ao direito do Estado, não seencaixando em direito penal comun.

Os Estados se beneficiam dos tratados bilaterais sobre a matéria extradicional,em vista a ajuda e reciprocidade nas formulações de pedidos de extradição,porém tais acordos não incluem em casos de criminalidade político, residindo nofato de não reconhecimento universal .

O asilo político consiste em um indivíduo que colocou-se além das fronteiras deum país e consequentemente de sua soberania e solicitou o benefício do asilo,determinado uma forma territorial de se conceder tal benefício a um indivíduo,

que esteja sofrendo algum tipo de coerção arbitrária por outro Estado. (aceitop/todos na D.U.D.H-ONU 1948)

ASILO DIPLOMÁTICO

Trata-se de um asilo político provisório. Este é mais costumeiro na AméricaLatina, por fatos históricos ligados a quebra comum constitucional, verificados emregimes ditadoriais e militares. A diferença entre os países que reconhecem ou

não este tipo de asilo, reside no fato, primeiramente, daqueles que nãoreconheçam devam apenas não adentrar em um estabelecimento institucional

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diplomático que pelas leis de direito internacional diplomático são invioláveis,porém de nenhuma forma abonam o asilo diplomático. Apenas nos países latinoamericanos pode este asilo se estabelecer. Definitivamente o asilo diplimático

não é definitivo , representa apenas um estágio provisório para o asilo territorialou político conforme explicado acima , geralmente no solo da embaixada que orecolheu ou de um Estado que o aceite.

Disciplina do asilo diplomático.

 As condições para o asilo diplomático constituem argumentos de perseguiçãopolítica , entre outras formas, as mesmas condições visualizadas no asilopolítico .

Os locais invioláveis e determinados correspodem a imóveis residenciais

cobertos pela convenção de Viena de 1961 e também navios de guerraacostados ao litoral.

A autoridade que asilará um indivíduo será em vias de regra, um embaixador que analisará o caso e emitirá um salvo-conduto , com que dará ao asilado,condições para que este possa deixar o Estado em segurança.

 A autoridade asilante terá poder unilateral para determinar um asilo , porém teráde exteriorizar o ponto de vista do Estado soberano por ela representado.

Por mais que um embaixador dê seu parecer favorável ao asilo diplomático , caso

o governo deste considere que tal asilo é inadimitido , o asilado temporário deveser entregue as autoridades locais.

Por fim o asilo , é considerado de objetivo humanitário e não exige reciprocidade.Importa que os Estados o aceitem como princípios gerais.

Apátridas e polipátridas

 Apátrida ou heimatlos é o indivíduo que não tem nacionalidade. Alguns autoresafirmam que esse fenômeno se dá pela circunstância do nascimento, o que não é

correto. Diversos fatores podem originar a apatrídia, conflito negativo denacionalidade: a) conflito de legislações entre o  jus soli e o  jus sanguinis; b) oindivíduo se naturaliza nacional de um Estado, perde sua nacionalidade origináriae, posteriormente, a naturalização que lhe foi concedida é retirada; c) fatorespolíticos, como a legislação da revolução comunista, que retirava a nacionalidaderussa dos emigrados. O grande problema deste conflito negativo denacionalidade e que o direito à nacionalidade é direito fundamental do homem,assegurado no artigo XV da Declaração Universal dos Direitos do Homem,tornando-se intolerável esse fenômeno. "O apátrida está submetido à legislaçãodo Estado onde se encontra. Ele é regido pela lei do domicílio; em falta deste,pela da residência. Em 1954, em Nova Iorque, foi concluída uma convenção que

deu aos apátridas os mesmos direitos e tratamento que recebem os estrangeirosno território do Estado."(19)

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Polipátrida é aquele que possui mais de uma nacionalidade. É também conhecidocomo multinacional ou com dupla nacionalidade. A causa principal de ocorrência

desse fenômeno é quando do nascimento do indivíduo duas legislações combase em critérios diferentes: uma soli  e a outra sanguinis, conferem anacionalidade primária (originária) ao indivíduo. O fenômeno jurídico dapolipatrídia, conflito positivo de nacionalidade, traz alguns problemas, comoexercício de direitos políticos, serviço militar, proteção diplomática.

De um modo geral, deve-se considerar o polipátrida como nacional do Estado emque tem seu domicílio, não tendo ele domicílio ou residência deverá ser considerado nacional do Estado que figura em seus documentos. O melhor sistema para se acabar com a polipatrídia é o de obrigar os polipátridas aoptarem por uma nacionalidade, e esta opção teria efeito obrigatório para os

Estados.

Perda da nacionalidade

Perde a nacionalidade o brasileiro que: 1) tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; 2) adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos de : a) reconhecimento de nacionalidadeoriginária pela lei estrangeira; b) imposição de naturalização, pela normaestrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição parapermanência em seu território ou para o exercício dos direitos civis (redação do

art. 12, §4° após a EC – 3/94). Há ainda uma hipótese não expressa naConstituição, pela qual também haverá possibilidade de perda da nacionalidadese essa foi adquirida com fraude à lei, nos termos da legislação civil ordinária.

Em suma, seriam apenas dois casos de perda de nacionalidade: a) cancelamentoda naturalização por sentença judicial, em virtude de atividade nociva aointeresse social (também chamada de perda-punição); b) aquisição de outranacionalidade por naturalização voluntária (perda-mudança).

Para o caso da perda-punição de nacionalidade é prevista uma Ação deCancelamento de Naturalização proposta pelo Ministério Público Federal, e que

uma vez perdida a nacionalidade mediante sentença transitada em julgado destaação, somente será possível readquiri-la por meio de ação rescisória e nunca por novo processo de naturalização.

 A perda da nacionalidade em virtude de perda-mudança, só se dá pelanaturalização voluntária do indivíduo. As exceções constitucionais das alíneas a eb do inciso II do artigo 12, §4°protegem exatamente o constrangimento debrasileiros que, por força de contratos, tinham que exercer atividade profissionalem países que se requer se naturalize para trabalhar em seu território; ou quandonorma de outro Estado impõe a naturalização do brasileiro nele residente, comocondição de permanência em seu território ou do exercício de direitos civis. A

nosso ver, cessando qualquer dessas hipóteses de que tratam as exceçõesconstitucionais, ou seja, findo o contrato de trabalho ou fixado novo domicílio no

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território brasileiro, cessam também a segunda nacionalidade do brasileiro, vistoque não houve voluntariedade para a aquisição dessa nacionalidade.

 A perda da nacionalidade é individual; ela não atinge os filhos, a esposa, etc. É oque está consagrado no art. 5 da Convenção de Montevidéu de 1933.

Reaquisição da nacionalidade

 Aquele que teve a naturalização cancelada nunca poderá recuperar anacionalidade perdida, salvo se o cancelamento for desfeito em ação rescisória.O que a perdeu por naturalização voluntária poderá readquiri-la, por decreto doPresidente da República, se estiver domiciliado no Brasil (Lei 818/49)."

O indivíduo readquire a nacionalidade no mesmo status que possuía antes de

perdê-la: se era brasileiro nato, voltará a ser brasileiro nato; se naturalizado,voltará a ser naturalizado.

http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L6815.htm

ANEXO I 

Legislação:

Competência Internacional - Arts. 88 a 90 do CPC:

"88 - É competente a autoridade judiciária brasileira quando:

I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;III - a ação se originar de fato ocorrido ou de fato praticado no Brasil.

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Parágrafo Único - Para o fim do disposto no nº I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídicaestrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal.

89 - Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:

I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança sejaestrangeiro e tenha residido fora do território nacional.

90 - A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a que aautoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas." 

Lei de Introdução ao Código Civil - LICC.

 "Art. 7 - A lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fimda personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.

Parágrafo primeiro - Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quantoaos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.Parágrafo segundo - O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridadesdiplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes.Parágrafo terceiro - Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade domatrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.Parágrafo quarto - O regime de bens , legal ou convencional, obedece à lei do país em quetiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, à do primeiro domicílio conjugal.Parágrafo quinto - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressaanuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, seapostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos deterceiros e dada esta adoção ao competente registro.Parágrafo sexto - O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem

brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de três anos da data da sentença, salvo sehouver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentençasestrangeiras no país. O Supremo Tribunal Federal, na forma de seu regimento interno, poderáreexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologaçãode sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos osefeitos legais.Parágrafo sétimo - Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende- se aooutro cônjuge e aos filhos não emancipados, e do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda.Parágrafo oitavo - Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar desua residência ou naquele em que se encontre.

 Art. 8 - Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se- á a lei do país em que estiverem situados.Parágrafo primeiro - Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aosbens móveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares.Parágrafo segundo - O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja possese encontre a coisa apenhada.

 Art. 9 - Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.Parágrafo primeiro - Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de formaessencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aosrequisitos extrínsecos do ato.Parágrafo segundo - A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em queresidir o proponente.

 Art. 10 - A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que era domiciliado odefunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.

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Parágrafo primeiro - A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempreque não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus". ( ** Parágrafo com a redação dada pela Lei nº 9.047, de 18.05.95 - DJU 19.05.95).

Parágrafo segundo - A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.

 Art. 11 - As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e asfundações, obedecem à lei do Estado em que se constituírem. Parágrafo primeiro - Não poderão,entretanto, ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos constitutivosaprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira.Parágrafo segundo - Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham constituído, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou suscetíveis de desapropriação.Parágrafo terceiro - Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédiosnecessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares.

 Art. 12 - É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou

aqui tiver de ser cumprida a obrigação.Parágrafo primeiro - Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas aimóveis situados no Brasil.Parágrafo segundo - A autoridade brasileira cumprirá, concedido o "exequatur" e segundo a formaestabelecida pela lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente,observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências.

 Art. 13 - A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quantoao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.

 Art. 14 - Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto eda vigência.

 Art. 15 - Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintesrequisitos:a) haver sido proferida por juiz competente;

b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução nolugar em que foi proferida;d) estar traduzida por intérprete autorizado;e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal.

Parágrafo único. Não dependem de homologação as sentenças meramente declaratórias doestado das pessoas.

 Art. 16 - Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei.

 Art. 17 - As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade,não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bonscostumes.

 Art. 18 - Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras paralhes celebrar o casamento e os mais atos de registro civil e de tabelionato, inclusive o registro denascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do consulado." 

 Art. 19 - Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e celebrados peloscônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que

satisfaçam todos os requisitos legais.Parágrafo único. No caso em que a celebração desses atos tiver sido recusada pelas autoridadesconsulares, com fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado

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renovar o pedido dentro de 90 (noventa) dias contados da data da publicação desta lei.

ANEXO II

VISTOS PARA O BRASIL *

Para entrar no Brasil, o cidadão estrangeiro deve apresentar um documentode viagem (passaporte). Quando for o caso, deve apresentar um CertificadoInternacional de Imunização e um visto de entrada emitido por uma MissãoDiplomática ou Serviço consular brasileiro.

Conforme a finalidade da viagem ao Brasil (por exemplo, turismo, negócios,estudos, apresentações artísticas e/ou esportivas, trabalho temporário, residênciapermanente), diferentes tipos de visto são emitidos pelo Setor Consular daEmbaixada do Brasil em Atenas. Em função do tipo de visto e da nacionalidadedo interessado, correspondem diferentes exigências e pagamento de taxaconsular.

O passaporte deve ter sempre validade igual ou superior a 6 meses acontar da data da entrada no Brasil.O visto para o Brasil não poderá ser concedido a brasileiro, mesmo se

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ele possui outra nacionalidade. Todo cidadão brasileiro deve entrar e sair doterritório brasileiro com o documento de viagem brasileiro, exceto se anacionalidade brasileira foi anulada por decreto publicado no Diário Oficial da

União.O visto de entrada, em qualquer caso, é somente uma expectativa depermissão de entrada. A entrada do cidadão estrangeiro e sua permanência noBrasil poderão ser proibidas por decisão do Ministério da Justiça e executadapela Polícia Federal.

O visto de entrada é individual. Se os filhos menores de 15 anos estãoinscritos no passaporte dos pais, um visto será concedido a cada membro dafamília. A lei brasileira não prevê a emissão de vistos coletivos.

Quando os pedidos de visto não são feitos diretamente pelo titular dopassaporte ou por um familiar direto (filho, pai, mãe, esposo, esposa, irmão, irmã,

avô ou avó) e também quando os pedidos de visto forem encaminhados por agências de viagem ou assemelhados será cobrada a importância de € 20,00euros como taxa suplementar.

Consulte a tabela de emolumentos (taxas) referentes aos vistos e aosdemais serviços consulares no link SERVIÇOS CONSULARES .

TIPOS DE VISTOS EMITIDOS PELA EMBAIXADA DO BRASIL:

1) - VITUR: visto de turismo (viagens de turismo)

Portadores de passaporte grego em viagem ao Brasil NÃO necessitam devisto de turismo.O visto de turista poderá ser concedido ao estrangeiro que viaje ao Brasilpor lazer ou visita, sem intenções de imigração ou exercício de atividaderemunerada. O visto turístico poderá ser concedido também ao estrangeiroque for participar de competições esportivas e concursos artísticos, semremuneração no Brasil e sem bilheteria; e aos participantes nãoremunerados de congressos, conferências e seminários. Cidadãosportadores de passaportes de algumas outras nacionalidades tampoucoprecisam de visto de turista. Consulte a lista abaixo.

2) - VIPER: visto permamente (investidor estrangeiro; visto por casamento;visto para parceiro/a em união estável, inclusive união homoafetiva; vistopor aposentadoria; visto de trabalho; visto por reunião familiar).

3) - VITEM: visto temporárioVITEM I: estudantes no âmbito de programa de intercâmbio

educacional, pesquisadores, professores, estagiários, técnicos, prestadoresde serviço etc que não venham a perceber remuneraçao por fonte no Brasil;  VITEM II: viagem de negócios, jornalistas, cinegrafistas etc que nãovenham a perceber remuneraçao por fonte no Brasil;  VITEM III: artistas e desportitas que viajam ao Brasil para exercer 

atividade profissional remiunerada;  VITEM IV: estudantes, inclusive os de formação religiosa e

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assemelhados com ou sem bolsa de estudos;  VITEM V: tripulantes de barcos fretados por companhias brasileiras,marítimos de embarcaçoes que operem em águas brasileiras, técnicos

ou profissionais etc trabalhando a bordo de embarcações;VITEM VI: correspondentes de jornal, radio, TV etc estrangeiros  VITEM VII: religiosos e assemelhados;

Países cujos cidadãos não necessitam de visto de turismo para o Brasil:

· África do Sul· Alemanha· Andorra· Argentina· Áustria· Bahamas· Barbados· Bélgica· Bolívia· Bulgária· República Checa· Chile· Colômbia· Coréia do Sul· Costa Rica· Croácia· Dinamarca· Equador · Eslováquia· Eslovênia· Espanha· Filipinas· Finlândia· França· Grã-Bretanha - Reino Unido· Grécia· Guatemala· Guiana· Holanda - Países Baixos· Honduras· Hungria· Irlanda· Islândia· Israel· Itália· Liechtenstein· Luxemburgo· Macau· Malásia· Marrocos· Mônaco

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· Namíbia· Noruega· Nova Zelândia

· Ordem de Malta· Panamá· Paraguai· Peru· Polônia· Portugal· Reino Unido· São Marinho· Suécia· Suíça· Suriname

· Tailândia· Trindade e Tobago· Tunísia· Uruguai· Cidade do Vaticano· Venezuela

*https://gestao.abe.mre.gov.br/mundo/europa/republica-helenica/atenas/servicos/vistos-visas/ - visitado em 10/03/2010