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Quinta da Confusão – O nascimento de um império 265 iriam. A este o Douro estava limitado por uma barragem, mas e a oeste? Como seria o rio para lá da Quinta do Douro? O grupo decidiu descobrir. Mantendo a caldeira sempre abastecida de carvão e água, os animais passaram pela Quinta do Douro tão depressa como um cavalo no seu galope mais veloz. A reacção dos animais da quinta, porém, espantou-os. Estes começaram a gesticular e a tentar alertá-los para algo, e o ruído das pás deixou escapar a palavra «cascata 23 » para os animais do navio. Estes, porém, ignoraram os avisos. Nenhum deles sabia o que era uma cascata, e de qualquer forma podia ser que não fosse nada. Mas era. Meio km a oeste da Quinta do Douro, o rio Douro terminava abruptamente. Os animais viram com horror as águas desaparecerem, e reaparecem à frente dezenas de metros mais abaixo para continuarem o seu curso rumo ao mar. Tornou- se óbvio para eles o que era uma cascata, pelo que o capitão do navio tentou inverter a marcha. Mas era tarde demais para isso, pois um navio a 60 km\h não se parava em meia dúzia de metros e além disso a corrente junto à cascata ainda o acelerava mais. Sem hipótese de pararem a tempo, os animais encostaram o navio à margem e saltaram borda fora. O navio ia tão depressa que os animais até rebolaram pela margem, mas estes conseguiram parar e levantar-se ilesos. Logo a seguir, o navio alcançou a cascata e desapareceu ao cair. O grupo aproximou-se da borda do penhasco e viu a embarcação a rebolar pelas rochas, despedaçando-se à medida que ia caindo, até que o que restou dela alcançou o rio e se afundou. Um dos animais comentou então «Bem, agora já sabemos o que é uma cascata». O grupo regressou em seguida para o império, fazendo novos mapas em que a cascata descoberta por eles aparecia representada. 18:00 Habitantes: 640 Uma hora e meia depois do recomeço da construção da Linha Azul, os trabalhadores da obra conseguiram concluir 700 metros de linha-férrea. Também a N1 já ia num estado de progresso avançado, com 0,8 em 3 km construídos ao fim de 3 horas. Mas, como os animais sabiam, ainda havia muito trabalho pela frente. A Linha Azul precisaria de mais 1,8 km para alcançar a Quinta da Confusão, e a N1 2,2 km. Mas, enquanto a Linha Azul estaria pronta no Dia 10, a N1 só seria acabada muito mais tarde… 23 A cascata citada é fictícia. Na verdade, é possível navegar no Douro até Barca de Alva, no início do Douro Internacional, no chamado Canal de Navegação do Douro, com 200 km de extensão.

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Páginas 265 a 273

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Quinta da Confusão – O nascimento de um império

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iriam. A este o Douro estava limitado por uma barragem, mas e a oeste? Como seria o rio para lá da Quinta do Douro? O grupo decidiu descobrir. Mantendo a caldeira sempre abastecida de carvão e água, os animais passaram pela Quinta do Douro tão depressa como um cavalo no seu galope mais veloz. A reacção dos animais da quinta, porém, espantou-os. Estes começaram a gesticular e a tentar alertá-los para algo, e o ruído das pás deixou escapar a palavra «cascata23» para os animais do navio. Estes, porém, ignoraram os avisos. Nenhum deles sabia o que era uma cascata, e de qualquer forma podia ser que não fosse nada. Mas era. Meio km a oeste da Quinta do Douro, o rio Douro terminava abruptamente. Os animais viram com horror as águas desaparecerem, e reaparecem à frente dezenas de metros mais abaixo para continuarem o seu curso rumo ao mar. Tornou-se óbvio para eles o que era uma cascata, pelo que o capitão do navio tentou inverter a marcha. Mas era tarde demais para isso, pois um navio a 60 km\h não se parava em meia dúzia de metros e além disso a corrente junto à cascata ainda o acelerava mais. Sem hipótese de pararem a tempo, os animais encostaram o navio à margem e saltaram borda fora. O navio ia tão depressa que os animais até rebolaram pela margem, mas estes conseguiram parar e levantar-se ilesos. Logo a seguir, o navio alcançou a cascata e desapareceu ao cair. O grupo aproximou-se da borda do penhasco e viu a embarcação a rebolar pelas rochas, despedaçando-se à medida que ia caindo, até que o que restou dela alcançou o rio e se afundou. Um dos animais comentou então «Bem, agora já sabemos o que é uma cascata». O grupo regressou em seguida para o império, fazendo novos mapas em que a cascata descoberta por eles aparecia representada.

18:00 Habitantes: 640

Uma hora e meia depois do recomeço da construção da Linha Azul, os trabalhadores da obra conseguiram concluir 700 metros de linha-férrea. Também a N1 já ia num estado de progresso avançado, com 0,8 em 3 km construídos ao fim de 3 horas. Mas, como os animais sabiam, ainda havia muito trabalho pela frente. A Linha Azul precisaria de mais 1,8 km para alcançar a Quinta da Confusão, e a N1 2,2 km. Mas, enquanto a Linha Azul estaria pronta no Dia 10, a N1 só seria acabada muito mais tarde…

23

A cascata citada é fictícia. Na verdade, é possível navegar no Douro até Barca de

Alva, no início do Douro Internacional, no chamado Canal de Navegação do Douro,

com 200 km de extensão.

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Depois da euforia inicial com a inauguração da Linha Azul, em que mais de 100 animais tinham viajado no comboio só para experimentarem o novo meio de transporte, o número de passageiros do comboio hipomóvel descaíra bastante. O director da TFQC, que de vez em quando deixava a construção da Linha Azul para perguntar aos empregados quantos passageiros o comboio tinha levado, viu que para além de alguns passageiros ocasionais os únicos animais que usavam a Linha Azul eram os mineiros da Mina de Ferro da Quinta da Perfeição. O comboio, que passava pela estação de Quinta da Perfeição – Mina de Ferro de 5 em 5 minutos, levava às vezes o minério da mina para a Quinta da Perfeição. Mas, ainda assim, a afluência não era muita porque a feira da quinta ficava a meio km da estação, pelo que era preferível fazer a viagem toda de carroça. O director da TFQC tinha esperança em como a situação iria mudar quando a Linha Azul alcançasse a Quinta da Confusão, mas mesmo assim dizia «Estes primeiros tempos não serão, decerto, os melhores da TFQC».

Duas horas depois do começo das pesquisas sobre o novo peitoral das Forças Armadas, os cientistas conseguiram por fim criar um que resistia aos tiros das espingardas dos soldados. Este era composto por duas camadas de ferro soldadas nas pontas com uma terceira no interior. Mas, como uma bala disparada de perto podia perfurar o peitoral, os cientistas tinham concebido outro para se envergar por cima do primeiro, de forma a formar uma camada de metal verdadeiramente à prova de bala. Os dois peitorais eram pesados, mas era um peso que salvaria vidas no campo de batalha. Assim, os dois peitorais foram levados ao local onde os soldados estavam a fazer exercícios militares, e logo dois disparos contra o metal comprovaram a eficácia dos peitorais. Assim, os comandantes agradeceram aos cientistas os seus esforços, e regressaram aos quartéis com as suas tropas. Depois, os soldados começaram a fazer peitorais para si, usando os altos-fornos para fundirem os antigos e fazerem com eles os novos (juntando barras de metal novas, por o metal dos antigos peitorais não chegar). Em breve, as Forças Armadas da Quinta da Confusão estariam convenientemente armadas e defendidas, e prontas para a guerra.

19:30

Quatro horas e meia após o começo da construção da N1, os animais da obra conseguiram empedrar 1,1 km de caminho. Estavam já perto da metade da estrada, marco esse que por sua vez já fora ultrapassado pela Linha Azul. Dos 2,5 km de linha em construção 1,3 estavam prontos, cerca de metade do troço. Enquanto isso, o director da TFQC pensou na hora de encerramento da Linha Azul. Em momento algum fora definida uma hora de encerramento da linha, pelo que o animal começou a pensar na hora de

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encerramento das outras empresas do império. Todas encerravam às 22 horas, pelo que o director da TFQC estabeleceu também que o comboio fosse da Estação da Quinta da Perfeição à estação de Quinta da Perfeição – Mina de Ferro pela última vez às 22:00. E qual seria a hora de abertura da linha? De novo as outras empresas do império deram a solução: 8 da manhã. O director da TFQC transmitiu então a informação aos seus empregados, viajando no comboio para alcançar os que estavam na Quinta da Perfeição, e logo voltou para junto dos compatriotas que prolongavam a Linha Azul para a capital. Faltavam 2 horas e meia para o encerramento da linha, e nessa altura logo se veria como correra o dia para a TFQC.

Após 1 hora e meia de trabalho, os soldados das Forças Armadas da Quinta da Confusão conseguiram acabar os seus novos peitorais, à prova de bala. Estes tinham o dobro do peso dos seus antecessores, mas ainda assim eram fáceis de carregar. Assim, como os peitorais antigos tinham sido fundidos para fazer os novos, não foi preciso guardar peitorais nas caves da pólvora e do armamento obsoleto. No seu lugar foram guardados os altos-fornos, e por fim os soldados foram dispensados. Até à hora de deitar estariam livres para trabalhar no que faziam antes de se alistarem.

20:30

Um dia e 1 hora depois do começo das pesquisas, os cientistas da Quinta da Perfeição conseguiram resolver o problema das tochas, que facilmente podiam provocar um incêndio. O problema foi solucionado criando-se o candeeiro e a vela.

Índice de Tecnologia:

Militar -6 (cinto de ferro, bainha de couro, bicicleta de guerra, peitoral, pólvora, espingarda) Transportes-13 (Aéreos-0) (Marítimos -3) (barco a remos de Modelo 1 e de Modelo 2, navio a vapor) (Terrestres-10) (carroça de 2 rodas, carroça de 4 rodas, carruagem, bicicleta, estrada de terra batida, ponte, comboio hipomóvel, linha ferroviária, travões, velocímetro) Civil -38 (arado, foice, madeira, caixa de madeira, ferro, pregos, balde, escada, botijas de ar, machado, banheira, canalizações, corda, argola de couro, vidro, janela, tapete rolante, engrenagens, ouro, papel de couro, mapa, ponteiro, tinteiro, fogão, espátula, prato, garfo, faca, régua, compasso, transferidor, esquadro, relógios, picareta, máquina a vapor, carimbo, candeeiro, vela)

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Construções-8 (estufas, abrigo nocturno, Casa da Moeda, feira, altos-fornos, indústria, quartel, estação ferroviária)

O candeeiro era simplesmente um hexágono de ferro com paredes de vidro e uma tampa de enroscar, com 10 cm de comprimento e largura e 20 de altura. A tampa tinha uma pega para que o candeeiro pudesse ser levado para onde quer que fosse preciso, como uma tocha, e buracos no topo para o fumo da combustão sair. Já a vela era constituída por resina misturada com pólvora para arder com mais intensidade e com uma pequena corda no meio a fazer de pavio, vela essa que tinha metade da altura do candeeiro. Era a primeira vez que se usava resina no império, e logo várias velas e candeeiros foram feitos para substituir as antigas e perigosas tochas. Os candeeiros davam uma luz forte, melhor do que a das tochas, o que contribuiu ainda mais para a sua aceitação. Uma invenção bem sucedida, que no espaço de poucas horas substituiria por completo as tochas no império e que já se via nos campos, nas construções e nos veículos. Até o comboio da Linha Azul rapidamente arranjou candeeiros para iluminar as carruagens e o caminho à sua frente, assim como as estações ferroviárias.

21:00

A uma hora do encerramento da Linha Azul, o maquinista que guiava o único comboio da linha aproximou-se da estação de Quinta da Perfeição – Mina de Ferro. Desde a abertura da linha, às 16:30, que os dois maquinistas da TFQC tinham feito no total mais de 100 travessias da linha, mais de 50 km. Assim, o que guiava o comboio naquele momento parou na estação. Não havia nenhum passageiro nem no comboio nem na plataforma junto à linha onde estava a composição, pelo que o maquinista fez avançar um pouco os cavalos para a agulha de mudança de linha. De seguida, o outro maquinista da empresa, que esperava sentado na outra plataforma de embarque, levantou-se e foi desatrelar a carruagem das mercadorias do resto do comboio, para que este se pudesse posicionar na outra linha. Qual não foi o seu espanto quando este não só não viu a carruagem das mercadorias atrelada ao comboio como também a viu segundos depois a passar pela linha a grande velocidade, tão depressa ou mais como se fosse puxada por cavalos. Porque motivo a carruagem das mercadorias aparecia desatrelada do comboio e a andar velozmente em direcção às obras da Linha Azul? Se tal acontecera era porque, numa das mudanças de linha, a carruagem fora mal atrelada à dos passageiros, e o pino de metal acabara por se soltar na viagem. As duas cordas que ligavam as carruagens não suportaram a força e acabaram por se romper, soltando a carruagem das mercadorias do resto do comboio e deixando-a a andar sozinha. Mas esta, em vez de parar, ainda acelerou mais em virtude de estar numa descida

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quase imperceptível, mas suficiente para o efeito. Os dois animais que iam a bordo da carruagem não se tinham apercebido de que se soltaram do resto do comboio, e só perceberam a sua situação quando viram passar a estação de Quinta da Perfeição – Mina de Ferro com o resto do comboio na agulha.

Não havia nada a fazer senão deixar o comboio andar sozinho, pois a carruagem não estava equipada com travões. A descida que acelerava o comboio eventualmente acabou, mas era tarde. Após dois minutos de viagem desgovernada, a carruagem alcançou as obras da Linha Azul. Os trabalhadores, a princípio, não perceberam o que poderiam ser as luzes que viam ao fundo da linha, que se assemelhavam em tudo com as do comboio da Linha Azul. Era suposto a composição estar a dois km dali, a circular entre a Quinta da Perfeição e a sua mina de ferro. Mas, quando a carruagem se aproximou, os animais viram que realmente estava ali a carruagem das mercadorias da composição, o que era ainda mais estranho. Os dois animais a bordo, ao verem os candeeiros a iluminar as obras, abriram a porta da frente e gritaram «Saiam da frente, não temos travões!». Os trabalhadores da linha saltaram para fora do caminho quase no último momento, e logo a seguir a carruagem passou como uma bala por eles. Nem o fim da linha-férrea deteve a carruagem, que continuou a andar a uma velocidade estonteante para quem não tinha motor ou cavalos. Esta começou a abanar imenso, fruto das irregularidades do terreno, e começou a deslizar de lado imparável como antes. Foi então que os dois animais a bordo olharam para as janelas e viram com horror uma grande árvore, mesmo no caminho da estrutura de madeira. Foi o que bastou para abrirem as janelas do outro lado da carruagem e atirarem-se do veículo, rebolando pelo chão até conseguirem parar. A carruagem, por sua vez, embateu na árvore e partiu-se em duas. As duas metades caíram ao chão, e deslizaram pela terra até pararem. Os dois empregados da TFQC levantaram-se entretanto, ilesos tal como os três animais que descobriram a cascata, e viram a carruagem onde estiveram segundos antes começar a arder devido aos candeeiros que se tinham partido e deixado a chama das velas incendiar a madeira. Logo a seguir, apareceram os trabalhadores da Linha Azul mais os dois maquinistas da TFQC, montados nos cavalos descansados da empresa (a TFQC tinha duas parelhas de cavalos, que se revezavam a cada volta na linha a puxar o comboio). Os animais garantiram que estavam bem, para alívio dos que tinham visto a carruagem despedaçar-se de encontro à árvore. Aí, o director da TFQC disse «Bem, parece que por hoje a actividade da linha pode parar. Sem carruagem das mercadorias não vale a pena continuar». Terminava assim o primeiro dia de serviço da Linha Azul.

Quatro animais da Quinta da Confusão decidiram fazer uma corrida de navio. Assim, estes subiram para os seus cavalos e foram à Herdade dos Ovos, onde arranjaram carvão para pôr nas caldeiras. Em seguida,

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dirigiram-se ao porto da quinta e dividiram-se em dois grupos, um por navio. Puseram três candeeiros acesos à frente para iluminar o caminho e outro no porão, e arrancaram mal a pressão permitiu grandes velocidades. A meta seria no começo da Quinta do Douro, a 7,25 km do porto. Os quatro animais rapidamente puxaram pelas embarcações ao máximo, esforçando-se para serem os primeiros a chegar à Quinta do Douro. As pás faziam um grande ruído, atirando tanta água para trás que um dos animais comentou «Caramba, se tivéssemos uma máquina destas na Mina de Ferro da Quinta da Confusão quando esta se inundou, tirávamos a água toda da mina num segundo». A corrida, porém, não durou muito mais tempo. Os candeeiros dos navios não estavam bem presos ao convés, e estes acabaram por cair à água quase ao mesmo tempo. Sem visibilidade, lançados a 60 km\h, os navios acabaram por embater uma na outra, e isso foi um aviso aos capitães para travarem antes que acontecesse algum desastre mais grave. Estes acabaram por parar, e regressaram à Herdade dos Ovos iluminados pelos candeeiros do porão (agarrados pelos animais para não caírem à água). Mas, como o grupo pensou, «logo voltaremos à água»…

22:30 Habitantes: 660

Chegou ao fim mais um dia de trabalho na Quinta da Confusão. Pela 9ª vez consecutiva, os animais recolheram aos abrigos nocturnos ou às suas carruagens e lá se deitaram. Era o final da Dezena de 0, o equivalente à Década de 024 do calendário cristão. Os soldados do Exército do império foram dormir aos seus quartéis, assim como os seus comandantes, e os trabalhadores da Linha Azul e da N1 dormiram nos próprios locais das construções, ao relento. Já que no dia seguinte teriam que ir para ali novamente, mais valia dormir ali e começar a trabalhar assim que se acordasse, para as obras acabarem mais cedo. A Linha Azul tinha já 2,2 km de linha construídos, faltando apenas 300 metros até à Quinta da Confusão, enquanto que a N1 ainda estava a 1,1 km da capital. Mil e novecentos metros de estrada estavam feitos, mas ainda havia muito a fazer.

23:00

Enquanto os compatriotas dormiam, os quatro animais que duas horas antes tinham disputado uma corrida de navio no rio Douro deixaram a

24

A Década de 0 existe mesmo, indo do ano 1 ao ano 9. Como não existe o ano zero no

calendário cristão, a década tem apenas 9 anos.

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capital do império para a repetirem. Na tentativa anterior ninguém ganhara por terem perdido os candeeiros, mas agora isso não ia acontecer porque estes seriam atados a paus cravados na dianteira do convés. Com as luzes convenientemente presas ao navio, os animais arrancaram de novo do Porto da Herdade dos Ovos, nos mesmos navios de antes. Com carvão suficiente para a ida e a volta, as duas embarcações posicionaram-se lado a lado ao pé do porto, viradas para a foz do Douro. Depois, um dos animais contou «Cinco, quatro, três, dois, um… ZERO!» Os capitães empurraram de imediato as alavancas da velocidade ao máximo, e os navios logo arrancaram velozmente em direcção à Quinta do Douro. Os desempenhos das embarcações eram muito semelhantes, e durante 7 km nenhum navio se distanciou mais do que uns metros do outro. Até que, no fim do trajecto da corrida, as cercas da Quinta do Douro e da Quinta do Douro da Margem Sul apareceram ao fundo, iluminadas pelos candeeiros dos navios. Os capitães, na esperança de ganharem, empurraram ao máximo a alavanca da velocidade como se isso os fizesse andar mais depressa. Mas o navio que ia à frente manteve-se firma na sua posição, e foi o primeiro entre os dois a entrar no troço do Douro ladeado pela Quinta do Douro e pela Quinta do Douro da Margem Sul. Aí, os dois animais a bordo foram para a dianteira do convés e gritaram «Ganháááááááááámoooooooooos!!!». Mas o facto de não haver ninguém nos comandos foi fatal para o navio. De repente, a embarcação embateu a 60 km\h noutra atracada no Porto da Quinta do Douro, e os dois perdedores da corrida viram os companheiros literalmente levantar voo. Estes voaram em arco por cima do porto, e aterraram de cabeça na água. Enquanto isso, o navio abalroado afundou-se em segundos, gravemente atingido de lado, e o que causara o acidente ficou com aberturas na dianteira que deixaram entrar água. Esta apagou a caldeira e foi enchendo o porão, pelo que à medida que as pás iam parando o navio também se ia afundando. O que perdera a corrida voltou atrás quando conseguiu parar e recolheu os companheiros, que subiram ao convés pela cobertura das pás, e todos juntos deixaram a Quinta do Douro. Os habitantes da quinta, quando acordaram, apenas viram um dos seus navios afundado. Do causador do desastre, nem sinais.

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Saldo do Dia 9

População e densidade populacional

Saldo da população: +195 habitantes Saldo da densidade populacional: +130 hab.\km2

465

590 615 640 660

0

100

200

300

400

500

600

700

6:30 14:30 15:00 18:00 22:30

População

310

393 410 427 440

050

100150200250300350400450500

6:30

14:3

015

:00

18:0

022

:30

Densidadepopulacional

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Saldo da Dezena de 0

Evolução do território

Vermelho – Território antes do Dia 6; Laranja – Conquistas no Dia 6 (Quinta da Perfeição); Amarelo – Conquistas no Dia 8 (Herdade dos Ovos); Verde – Quinta do Douro; Cinzento – escuro – Restante território português; Cinzento – claro – Espanha

Área (km2) e número de quintas

0,5 0,5 0,5 0,5 0,5

1 1

1,5 1,5

1 1 1 1 1

2 2

3 3

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Dia 6 Dia 7 Dia 8 Dia 9

Cima – Número de quintas; Baixo – Área