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 1 OSG.: 34214/10 ENSINO P-UNIVERSITÁRIO  TC LÍNGUA PORTUGUESA TURNO DATA ALUNO(A) TURMA Nº SÉRIE PROFESSOR(A) TOM DANTAS RUMO AO ITA SEDE ___/___/___ Classes Gramaticais e Semântica Hiponímia Entre vocábulos de uma língua, é a relação que se estabelece com base na maior especificidade do significado de um deles, ou seja, palavra cujo significado está englobado no de outra.  Mesa está numa relação de hiponímia com móvel.  Cavalo está numa relação de hiponímia com animal. Hiperonímia Entre vocábulos de uma língua, é a relação que se estabelece com base na menor especificidade do significado de um deles.  Móvel está numa relação de hiperonímia com mesa.  Animal está numa relação de hiperonímia com cavalo. Paronímia Diz-se das palavras que têm som semelhante ao de outras. Descrição / Discrição Onicolor / Unicolor Vultoso / Vultuoso Antonímia Caráter das palavras antônimas. Sinonímia Fato linguístico que se caracteriza pela existência de palavras sinônimas. Metonímia Associação de termos e ideias relacionados que provoca, às vezes, a substituição de um termo por outro.  Não ter um teto onde morar me incomoda. Casa  Ele não vale um níquel Moeda  Geralmente ele fuma um havana charuto fabricado em Havana Homônimos São vocábulos que têm a mesma pronúncia e grafia, mas significados diferentes. são (v. ser) são (= sadio) são (= santo) Parônimos São vocábulos que têm certa semelhança na pronúncia, mas significados distintos. apoio (subst.) apoio (verbo) tráfego (trânsito) tráfico (negócio) Conceito de classe gramatical No romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, a personagem central (Brás Cubas) narra suas memórias depois de morta. O trecho abaixo foi extraído desse livro. “[...] eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço...” Vamos considerar as duas expressões destacadas: I. autor defunto. II. defunto autor. Observação: Como a inversão da ordem das duas palavras originou sentidos completamente diferentes: I. autor defunto (autor (o escritor) que morreu).  autor: empregada para denominar um ser.  defunto: empregada para atribuir uma caracter í stica ao ser. II. defunto autor (um defunto que escreve)  defunto: palavra que tem por finalidade denominar um ser.  autor: palavra que tem por finalidade exprimir uma caracter í stica do ser. Ou seja, em I e II, as palavras autor e defunto foram empregadas com finalidades diferentes. Dizemos, por isso, que elas pertencem a classes gramaticais diferentes.  Classe gramatical – conjunto formado por todas as palavras que t êm a mesma finalidade. Existem, em português, dez diferentes tipos de palavras, ou seja, dez classes gramaticais, conforme mostra o quadro seguinte.

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1 OSG.: 34214/10 

ENSINO  PRÉ-UNIVERSITÁRIO 

TCLÍNGUA PORTUGUESA TURNO DATA 

ALUNO(A)

TURMA 

Nº 

SÉRIE 

PROFESSOR(A) TOM DANTAS 

RUMO AO ITA

SEDE 

___/___/___

Classes Gramaticais e Semântica

Hiponímia

Entre vocábulos de uma língua, é a relação que seestabelece com base na maior especificidade do significadode um deles, ou seja, palavra cujo significado está englobadono de outra.

•  Mesa está numa relação de hiponímia com móvel.

•  Cavalo está numa relação de hiponímia comanimal.

HiperonímiaEntre vocábulos de uma língua, é a relação que se

estabelece com base na menor especificidade do significadode um deles.

•  Móvel está numa relação de hiperonímia commesa.

•  Animal está numa relação de hiperonímia comcavalo.

ParonímiaDiz-se das palavras que têm som semelhante ao de

outras.

Descrição / Discrição

Onicolor / UnicolorVultoso / Vultuoso

AntonímiaCaráter das palavras antônimas.

SinonímiaFato linguístico que se caracteriza pela existência de

palavras sinônimas.

MetonímiaAssociação de termos e ideias relacionados que

provoca, às vezes, a substituição de um termo por outro.•  Não ter um teto onde morar me incomoda.

Casa

•  Ele não vale um níquel

Moeda

•  Geralmente ele fuma umhavana

↓charuto fabricado em Havana

HomônimosSão vocábulos que têm a mesma pronúncia e grafia,

mas significados diferentes.

são (v. ser)são (= sadio)

são (= santo)

ParônimosSão vocábulos que têm certa semelhança na

pronúncia, mas significados distintos.

apoio (subst.)

apoio (verbo)

tráfego (trânsito)

tráfico (negócio)

Conceito de classe gramaticalNo romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de

Machado de Assis, a personagem central (Brás Cubas) narrasuas memórias depois de morta. O trecho abaixo foi extraídodesse livro.

“[...] eu não sou propriamente um autor defunto, mas umdefunto autor, para quem a campa foi outro berço...”

Vamos considerar as duas expressões destacadas:

I. autor defunto.

II. defunto autor.

Observação:Como a inversão da ordem das duas palavras

originou sentidos completamente diferentes:

I. autor defunto (autor (o escritor) que morreu).

•  autor: empregada para denominar um ser.

•  defunto: empregada para atribuir uma caracterí sticaao ser.

II. defunto autor (um defunto que escreve)

•  defunto: palavra que tem por finalidadedenominar um ser.

•  autor: palavra que tem por finalidade exprimiruma caracterí stica do ser.

Ou seja, em I e II, as palavras autor e defunto foramempregadas com finalidades diferentes. Dizemos, por isso,que elas pertencem a classes gramaticais diferentes.

•  Classe gramatical – conjunto formado por todasas palavras que têm a mesma finalidade.

Existem, em português, dez diferentes tipos depalavras, ou seja, dez classes gramaticais, conforme mostra oquadro seguinte.

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TC – LÍNGUA PORTUGUESA 

2ITA/ IME – PRÉ-UNIVERSITÁRIO 

Texto I

A MARIA LIONÇA

Galafura, vista da terra chã, parece o talefe domundo.

Um talefe encardido pelo tempo, mas de sólidogranito. Com o céu a servir-lhe de telhado e debruçada sobreo Varosa, que corre ao fundo, no abismo, quem quisertomar-lhe o bafo tem de subir por um carreiro torto, a pique,cavado na fraga, polido anos a fio pelos socos do Preguiças, o

moleiro, e pelas ferraduras do macho que leva pela arreata.Duas horas de penitência.

Lá, é uma rua comprida, de casas com craveiros à  janela, duas quelhas menos alegres, o largo, o cruzeiro, aigreja e uma fonte a jorrar água muito fria. Montanha.O berço digno da Maria Lionça.

Fala-se nela e paira logo no ar um respeito silencioso,uma emoção contida, como quando se ouve tocar a Senhorfora. E nem ler sabia! Bens – os seus dons naturais. Maisnada. Nasceu pobre, viveu pobre, morreu pobre, e os que,por parentesco ou mais chegada convivência, lhe herdaram opouco bragal, bem sabiam que a grandeza da herança estavaapenas no íntimo sentido desses panos. Na recatada alvuraque traziam da arca e na regularidade dos fios do linho deque eram feitos, vinha a riqueza duma existência que ia ser alegenda de Galafura.

Miguel Torga

01. Observe o quadro.

A relação correta entre as afirmações e os exemplos estáestabelecida na opção:A) I e II estão corretas.B) Somente III e IV estão corretas.C) Apenas II e V estão corretas.D) Somente IV e V estão corretas.E) Todas as relações estão corretas.

02. Aponte o grupo de palavras que revelam hiponímia.A) Encardido – tempo. B) Janela – casa.C) Viveu – morreu. D) Galafura – casa.E) Macho – ferraduras.

•Texto para as questões 03 e 04.(UFRS)

Pais e adultos, em geral, são incompetentes paraentender o que vai pela cabeça das crianças; estas, por suavez, são incapazes de detectar o que se esconde sob osgestos e as frases dos mais velhos. Na zona cinzenta quereúne essas duas conhecidas limitações, reside o objeto de‘‘Quarto de Menina’’ , estreia literária da psicanalista cariocaLí via Garcia Roza.

Luciana, oito anos, filha única de pais separados, éinteligente, sapeca, sem papas na língua e mora com o pai,intelectual pacato, caladão, professor de filosofia. É ela anarradora do livro. Ao longo de 180 páginas, relata o seucotidiano que se limita, aqui, ao próprio quarto, à bibliotecado pai, à sala e à casa da mãe. [...]

Apesar disso, não se trata de uma obra para crianças.

A construção híbrida da narrativa descarta episódiosmais banais ou preocupações que seriam em tese maiscomuns às crianças, dando destaque para os diálogos, sejaentre Luciana e os pais, seja entre a garota e suas bonecas.

No primeiro caso, Luciana frequentemente nãoentende certas insinuações dos pais, enquanto estes ficamperplexos diante de reações ou perguntas da filha. Já nas“conversas” com seus amigos de quarto, a narradora expõeseu estranhamento, desabafa, chora, faz planos e, ao mesmotempo, revela indireta e inconscientemente a dificuldade decaptar o significado dos eventos que ela mesma narra,significado que nós, eleitores presumivelmente maduros,enxergamos logo de cara.

Nessa capacidade de explicar ao mesmo tempo umahistória e não compreensão dessa mesma história pelo seu

próprio narrador, aí está um dos pontos mais interessantes de“Quarto de Menina”. [...]Ajzenberg B. A. Abissal. Normalidade do cotidiano, Folha de São

Paulo, 15.10.95, p. 5-11 

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TC – LÍNGUA PORTUGUESA 

3ITA/ IME – PRÉ-UNIVERSITÁRIO 

03.  As expressões a seguir poderiam substituir a expressão‘Apesar disso’ (no início do terceiro parágrafo) sem causaralteração essencial no significado da frase, à excessãode:

A) Contudo. B) No entanto.

C) Todavia. D) Portanto.

E) Entretanto.

04. Considere as seguintes propostas de substituições deexpressões do texto.

I. Substituir a palavra ‘O’ (ref. 4) por ‘aquilo’;

II. Substituir a expressão ‘o que’ (ref. 5) por ‘o qual’;

III. Substituir a palavra ‘que’ (ref. 6) por ‘o qual’.

Quais delas poderiam ser realizadas sem acarretar erro?

A) Apenas I. B) Apenas II.

C) Apenas III. D) Apenas I e III.

E) I, II e III.

• Texto para as questões 05 a 07.(Uece)

PARA QUEM QUER APRENDER A GOSTAR

1 “Talvez seja tão simples, tolo e natural que vocênunca tenha parado para pensar: aprenda a fazer bonitoo seu amor.

Ou fazer o seu amor ser ou ficar bonito. Aprenda,apenas, a tão difícil arte de amar bonito. Gostar é tãofácil que ninguém aceita aprender.

2 Tenho visto muito amor por aí. Amores mesmo,bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros,cheios de entrega, doação e dádiva. Mas esbarram nadificuldade de se tornar bonitos. Apenas isso: bonitos,belos ou embelezados tratados com carinho, cuidado eatenção. Amores levados com arte e ternura de mãos jardineiras.

3 Aí esses amores que são verdadeiros, eternos edescomunais de repente se percebem ameaçados apenase tão somente porque não sabem ser bonitos; cobram,exigem; rotinizam; descuidam; reclamam; deixam decompreender, necessitam mais do que oferecem;precisam mais do que atendem; enchem-se de razões.Sim, de razões. Ter razão é o maior perigo do amor.Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) dereivindicar, de exigir justiça, equidade, equiparação, sematinar que o que está sem razão talvez passe por ummomento de sua vida no qual não possa ter razão.

Nem queira. Ter razão é um perigo: em geral, enfeia oamor, pois é invocado com justiça, mas na hora errada.Amar bonito é saber a hora de ter razão.

4 Ponha a mão na consciência. Você tem certeza deque está fazendo o seu amor bonito? De que está tirandodo gesto, da ação, da reação, do olhar, da saudade, daalegria do encontro, da dor do desencontro a maiorbeleza possível? Talvez não.

Cheio ou cheia de razões, você espera do amor apenasaquilo que é exigido por suas partes necessitadas, quando

talvez dele devesse pouco esperar, para valorizar melhortudo de bom que de vez em quando ele pode trazer.

Quem espera mais do que isso sofre, e sofrendo deixa deamar bonito. Sofrendo, deixa de ser alegre, igual, irmão,criança. E sem soltar a criança, nenhum amor é bonito.

5 Não tema o romantismo. Derrube as cercas daopinião alheia. Faça coroas de margaridas e enfeite acabeça de quem você ama. Saia cantando e olhe alegre.Recomendam-se: encabulamentos, ser pego em flagrante

gostando; não se cansar de olhar, e olhar; não atrapalhara convivência com teorizações; adiar sempre, se possívelcom beijos, ‘aquela conversa importante que precisamoster’; arquivar, se possível, as reclamações pela poucaatenção recebida. Para quem ama, toda atenção ésempre pouca. Quem ama feio não sabe que poucaatenção pode ser toda a atenção possível. Quem amabonito não gasta o tempo dessa atenção cobrando a quedeixou de ter.

6 Não teorize sobre o amor (deixe isso para nós,pobres escritores que vemos a vida como a criança denariz encostado na vitrina cheia de brinquedos dos nossossonhos); não teorize sobre o amor; ame. Siga o destinodos sentimentos aqui e agora.

7 Não tenha medo exatamente de tudo o que vocêteme, como: a sinceridade; não dar certo; depois vir asofrer (sofrerá de qualquer jeito); abrir o coração; contar averdade do tamanho do amor que sente.

8 Jogue pro alto todas as jogadas, estratagemas,golpes, espertezas, atitudes sabidamente eficazes (não ésábio ser sabido): seja apenas você no auge de suaemoção e carência, exatamente aquele você que a vidaimpede de ser. Seja você cantando desafinado, mas todasas manhãs. Falando besteiras, mas criando sempre.Gaguejando flores. Sentindo o coração bater como notempo do Natal infantil. Revivendo os carinhos que intuiuem criança. Sem medo de dizer eu quero, eu gosto, euestou com vontade.

9 Talvez aí  você consiga fazer o seu amor bonito, oufazer bonito o seu amor, ou bonitar fazendo o seu amor,ou amar fazendo o seu amor bonito (a ordem das frasesnão altera o produto), sempre que ele seja a maisverdadeira expressão de tudo o que você  é, e nunca:deixaram, conseguiu, soube, pôde, foi possivel, ser.

10 Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto. Não sepreocupe mais com ele e suas definições. Cuide agora daforma. Cuide da voz. Cuide da fala. Cuide do cuidado.Cuide do carinho. Cuide de você. Ame-se o suficiente paraser capaz de gostar do amor e só assim pode começar atentar fazer o outro feliz.’’ 

TÁVOLA, Arthur da. Para quem quer aprender a amar. In. COSTA,Dirce Maura Lucchetti et al. Estudo de texto: estrutura, mensagem,

recriação. Rio: DIMAC, 1987. p. 25-6. 

05. Pertencem à mesma área semântica as palavras:

A) “simples, tolo, natural” parágrafo 1.

B) “descomunais, profundos, sinceros”, parágrafo 2.

C) “entrega, doação, dádiva”, parágrafo 2.

D) “cobram, exigem, rotinizam”, parágrafo 3.

06. Sobre, parágrafo 6, pode ser substituído por:

A) acerca de.

B) a cerca de.

C) há cerca de.

D) por meio de.

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TC – LÍNGUA PORTUGUESA 

4ITA/ IME – PRÉ-UNIVERSITÁRIO 

07.  Conforme o contexto, está classificada corretamente apalavra:

A) “olhar”, parágrafo 4: verbo.

B) “pouca”, parágrafo 5: advérbio.

C) “você”, parágrafo 8: substantivo.

D) “suficiente”, parágrafo 10: adjetivo.

• Texto para as questões de 08 a 10.

UM MERGULHO NO BRASILManaus

Às duas da tarde do verão de 1984, no meio de umlongo engarrafamento no centro da cidade, o motoristaapontou para o carro à frente, e perguntou: ‘O senhor sabepor que aquele Volks está com todos os vidros fechados?’Antes que eu dissesse não, ele respondeu: ‘Para que todospensem que tem ar-condicionado.’

Como aquele motorista, os demais brasileiros

sacrificam demais o conforto possível, para dar a impressãode dispor dos instrumentos do conforto.

Aquele encontro, no meio de engarrafamento,permitiu um conhecimento maior da realidade brasileira doque quadros estatísticos e formulações teóricas da economia.Tomar contato com aquela realidade foi como mergulhar noâmago da lógica da economia brasileira. Um mergulho noBrasil que, para descrever e entender o país, deve começarpelo entendimento da alma do conjunto de sua população.Tem que ser um mergulho na lógica que faz o Brasil mover-se.Não pode-se limitar a ver o Brasil. Tem que entender comoo Brasil vê o Brasil. Como o homem dentro de um carrofechado, no calor sem ar-condicionado, vê a si mesmo, graçasao fato de se ver pelos olhos dos outros. Como gostaria

que os outros o vissem: como o confortado dono de um carrocom ar-condicionado. Pervertendo o processo econômico.Fazendo do ar que deveria ser usado para dominar o calor datarde o símbolo do poder de não sentir calor. Mesmo que àscustas de sofrer um calor maior.

Aquele comportamento era similar ao de toda apopulação brasileira que, em território tropical, se submete auma economia desadaptada a suas necessidades,incompatível com seus recursos, desvinculada de sua cultura,com a finalidade de dar ao mundo a impressão de riqueza.

Não apenas os consumidores se comportam comogostariam de ser vistos. Os cientistas sociais que tentammergulhar na realidade brasileira produzem teorias conformeimaginam que seus colegas desejam. Prendem-se a modelos já preparados, usam linguagens especiais, para que os outros

pensem que eles têm o ar-condicionado do saberacademicamente oficial. Mesmo quando se atrevem adesnudar o real, denunciar que o carro não temar-condicionado e estamos todos morrendo de calor, oscientistas tendem a não expor as ideias que pareçam rompercom o comodismo teórico do consumismo de escolasestabelecidas.

Temem abrir as janelas e demonstrar a todos aincompetência de formulações, teorias e linguagens poucoacuradas. Sobretudo, quando, além de dúvidas, eles não têmteorias alternativas.

Mas um mergulho no caos da consciência coletivabrasileira dificilmente se faz se usarmos o escafandro dasteorias formuladas para explicar, como se tivessem lógica, ocaos e a irracionalidade.

A realidade de um motorista suando para dar aimpressão de que não sente calor não pode ser explicadabuscando uma lógica no seu comportamento, mas sim

mostrando que por trás deste há uma loucura geral. A teoriaeconômica diria que o consumidor obtém, com o carro e as  janelas fechadas, um nível de satisfação maior do que ograu de conforto das janelas abertas.

A inconsequência não é apenas do consumidor.A teoria que se diz científica, trabalhando na inconsequência,influi na divulgação e na legitimação do absurdo.

Mergulhar na realidade do país exige um mergulhonas teorias que mais fortemente vêm influenciando aconsciência dos brasileiros. Para tanto é preciso desvencilhar-sedos preconceitos, tentando usar o sentimento, arriscandoincoerências, aventurando-se, como em qualquer mergulho.

É preciso explicar por que os brasileiros fecham osvidros do país, para dar a impressão do bem-estar doprogresso.”

BUARQUE, Cristovam. A desordem do progresso. 4. ed. São Paulo:Paz e Terra, 1993. p. 5-6. 

08. (UFBA) O texto sugere que “um mergulho no Brasil”:( ) revelaria a distorção das teorias dos sociólogos,

construídas em torno de questões ultrapassadas, o

que constituiria entrave cultural.( ) desvendaria submissão a comportamentos sociaispadronizados, a partir de valores desvinculados dasreais necessidades do indivíduo.

( ) traria à tona subsídios para uma insurreição do povobrasileiro contra teorias sociais acadêmicas emprática na sociedade atual.

( ) implicaria uma avaliação de como o brasileiro age ede como ele se autoavalia, no sentido de apreendera lógica que rege suas ações.

( ) denunciaria o artificialismo das teorias utilizadaspelos cientistas sociais por vaidade intelectual ebusca de prestígio acadêmico.

( ) evidenciaria a necessidade de se promover a

reabilitação das profissões diretamente relacionadascom o desenvolvimento socioeconômico e científicodo país.

( ) subentenderia uma análise criteriosa dos fatores quecontribuem para que se passe uma visão fantasiosado país e dos seus habitantes.

09.  (UFBA) O sentido do enunciado está devidamenteapreendido em:( ) “Para que todos pensem que tem ar-condicionado.”

— A resposta do motorista demonstra seu ponto devista preconceituoso, falso, a respeito do fato queentão se comenta.

( ) “para dar a impressão de dispor dos intrumentos doconforto” e “para que os outros pensem que elestêm o ar-condicionado do saber academicamenteoficial”— Indicam que o objetivo do consumidor e docientista social decorrem de pressões que osmanipulam.

( ) “não sentir calor” e “sofrer um calor maior”— As expressões estão usadas para enfatizar ocontraste existente no comportamento do brasileiro.

( ) “Aquele comportamento era similar ao de toda apopulação brasileira que, em território tropical, sesubmete a uma economia desadaptada a suasnecessidades, incompatível com seus recursos”

— O autor se fundamenta num fato para avaliarcriticamente o comportamento do povo brasileiro noseu todo.

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TC – LÍNGUA PORTUGUESA 

5ITA/ IME – PRÉ-UNIVERSITÁRIO 

( ) “Mas um mergulho no caos da consciência coletivabrasileira dificilmente se faz se usamos o escafandrodas teorias formuladas para explicar, como setivessem lógica, o caos a irracionalidade.”— Isso quer dizer que o “caos e a irracionalidade”são uma consequência do ilogismo das teorias que

se propõem interpretar a índole do povo brasileiro,com argumentos falseadores.

( ) “A teoria econômica diria que o consumidor obtém,com o carro e as janelas fechadas, um nível desatisfação maior que o grau de conforto das janelasabertas.”— Os economistas, dentro da ótica do consumismo,subestimam a aparência em favor da realidade.

( ) “É preciso explicar por que os brasileiros fecham osvidros do país, para dar a impressão do bem-estardo progresso.”

— Isso significa que uma análise da identidade do

povo brasileiro deve fundamentar-se, antes, nodesvendamento dos fatores externos que aconstroem.

10.  (Mackenzie-SP) “A moça não era formosa, talvez nemtivesse graça; os cabelos caí am despenteados, e aslágrimas faziam-lhe encarquilhar os olhos.’’ 

Assinale a alternativa correta em relação ao fragmentoacima.

A) Formosa e graça são, sintaticamente, predicativos dosujeito moça.

B) Na estrutura sintática predomina a subordinação.

C) A anteposição do adjetivo despenteados ao verboalteraria o sentido da oração.

D) O pronome oblí quo refere-se a lágrimas.

E) O ponto e ví rgula estabelece a relação de concessãoentre as orações.

11.  (PUC/Campinas-SP) A revista Veja anunciou-se a simesma, utilizando a seguinte frase:

‘‘Histórias muito mal contadas em reportagens muito bem

escritas’’ Está implícito, nesse anúncio, que a revistaVeja se dispõe a:

A) corrigir a redação confusa de notí cias publicadas emoutros periódicos.

B) contornar as histórias mal contadas, por meio daclareza e da elegância do estilo.

C) denunciar, em estilo preciso, os ví cios de linguagemque costumam prejudicar as reportagens.

D) criticar certas histórias que, por serem mal contadas,redundam em más reportagens.

E) analisar casos nebulosos e apresentá-los em matérias

de redação clara e precisa.

• O texto a seguir servirá de base para as questões de 01 a09.

PELAS NARINASIntervalo de aula em escola pública de Antonina(PR): a molecada, barriga vazia, faz fila para pegar amerenda. Um funcionário do colégio, então, saca umfrasco de perfume do bolso, manda uma borrifada numgaroto e fala: “Hoje é Ralph Lauren, hein. Quero vertodo mundo cheiroso.” A molecada corre, pula, rola nochão, faz aquela algazarra tradicional do intervalo, masvolta perfumada para a sala de aula. Os professores têmadorado.

Em Antonina, é assim, pensa o quê? Segunda-feira, na merenda, em lugar do caldinho, perfumeCalvin Klein, Terça, Christian Dior. Quarta, Dolce &Gabanna. Quinta, Gianni Versace. Sexta, Hugo Boss.Tudo porque Ironaldo Pereira de Deus, ex-prefeito dacidade, gastou o dinheiro do Fundo Nacional deDesenvolvimento da Educação (FNDE), reservado àmerenda, na contratação de uma empresa que vendeperfumes e cosméticos. Bonito. Tá certíssimo. Chega defazer feio nas grandes avaliações mundiais de educação!Nossos estudantes podem não saber tabuada do dois,mas nem os franceses são mais cheirosos. Sem falar queé coerente, num país que trata educação comoperfumaria.

Ironaldo, esse visionário do ensino, é um dosexpoentes do que há de mais moderno na educaçãobrasileira: a pedagogia da ausência. Inspirados nas ideiasdefendidas pelo jornalista Gilberto Dimenstein, de que omundo todo, e não só a escola, é um ambiente de

aprendizado, nossos governantes confundiram umpouco as coisas e deram um passo à frente (ou atrás),sumindo com a própria escola.

Sentindo, lá de Brasília, o agradável cheiro deperfume francês, o Tribunal de Contas da União (TCU)descobre, toda semana, irregularidades no uso dasverbas do FNDE pelo país. Para grande surpresa detodos nós, claro, que nunca desconfiamos de que essetipo de coisa acontecesse. Ainda bem que não fede.

Paulo R. Freire. Educação. São Paulo:

Segmento, ano 28, n. 252, p. 13, abr. 2002.

Observação:

Ralph Lauren, Calvin Klein, Christian Dior, Dolce & Gabanna,Gianni Versace e Hugo Boss são grifes estrangeiras (famosas einternacionais) de perfume.

01. O texto, por suas características, pode ser classificadocomo:A) um artigo.B) uma crônica.C) um conto.D) uma notícia.

02. O objetivo principal do texto é:A) informar, de modo preciso, sobre o descaso com que

se trata a educação no país.B) criticar, de forma sarcástica, o descaso com que se

trata a educação no país.C) convencer os leitores de que há um descaso no trato

da educação no país.D) fazer os leitores rirem do descaso no trato daeducação no país.

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TC – LÍNGUA PORTUGUESA 

6ITA/ IME – PRÉ-UNIVERSITÁRIO 

03. Considere o trecho.“Nossos estudantes podem não saber tabuada do dois,mas nem os franceses são mais cheirosos. Sem falar que écoerente, num país que trata educação comoperfumaria.” (linhas 20 a 23)A frase em destaque revela:A) uma ironia, reforçando a ideia defendida na frase

anterior.B) uma ironia, contradizendo a ideia defendida na fraseanterior.

C) uma explicação, reforçando a ideia defendida na fraseanterior.

D) uma explicação, contradizendo a ideia defendida nafrase anterior.

04. No primeiro parágrafo do texto, predomina:A) descrição de cena rotineira.B) descrição de pessoas simples.C) narração de um fato real.D) narração de um fato fictício.

05. No trecho “Sentindo, lá de Brasília, o agradável cheiro de

perfume francês, o Tribunal de Contas da União (TCU)descobre, toda semana, irregularidades no uso das verbasdo FNDE pelo país” (linhas 32 a 35), o empregoconotativo da linguagem atribui ao TCU uma imagem de:A) atuação repressora.B) controle eventual.C) vigilância constante.D) intervenção eficaz.

06. Considere o trecho.“[...] o Tribunal de Contas da União (TCU) descobre, todasemana, irregularidades no uso das verbas do FNDE pelopaís. Para grande surpresa de todos nós, claro, que nuncadesconfiamos de que esse tipo de coisa acontecesse.Ainda bem que não fede.” (linhas 33 a 37)A forma verbal em destaque encontra-se no singular por:A) não apresentar sujeito.B) não apresentar sujeito determinado.C) concordar com o sujeito pronominal elípticoele.D) concordar com sujeito explicitado em período

anterior.

07. Considere o trecho abaixo.

“[...] Segunda-feira , na merenda , em lugar do caldinho, 

 perfume Calvin Klein . Terça , Christian Dior . Quarta ,

Dolce & Gabanna . Quinta , Gianni Versace . Sexta ,

Hugo Boss.” (linhas 10 a 13)

No que se refere aos sinais de pontuação em destaque notrecho transcrito, é correto afirmar que:A) nenhuma vírgula poderia ser substituída por

travessão.B) todas as vírgulas poderiam ser substituídas por

dois-pontos.C) todos os pontos poderiam ser substituídos por ponto

e vírgula.D) qualquer ponto poderia ser substituído por vírgula.

08. As expressões “todo mundo” (linha 06) e “o mundotodo” (linhas 27 e 28):A) apresentam o mesmo núcleo.

B) desempenham a mesma função sintática.C) retomam informações explicitadas anteriormente.D) mantêm equivalência semântica entre si.

09. Considere o trecho.

“Inspirados nas ideias defendidas pelo jornalista GilbertoDimenstein, de que o mundo todo, e não só a escola, éum ambiente de aprendizado

A oração sublinhada desempenha a mesma funçãosintática da oração destacada em:

, nossos governantesconfundiram um pouco as coisas [...]” (linhas 26 a 30).

A) Educadores têm certeza de que a escola públicaprecisa de mudanças urgentes. 

B) Educadores desconfiam, conforme dizem os jornais,de que houve desvio de verbas do FNDE.

C) A educação, de que o indivíduo necessita paraseu crescimento pessoal, nem sempre está aoalcance de todos. 

D) A educação de que se faz defesa veemente deveser pública e gratuita.

10. (ITA) Leia o seguinte trecho com atenção.

“Iniciamos a jornada, uma jornada sentimental, seguindo

as regras estabelecidas. Os cavalos pisavam tão macio,tão macio que parecia estarem calçados de sapatilhas.A rigor não pisavam. Faziam cafuné com as patasdelicadas ao longo do caminho.”

OLIVEIRA, Raymundo Farias de. Na madrugada do silêncio,

Linguagem Viva, n° 142. São Paulo: jun. 2001, p. 2.

O confronto das frases “Os cavalos pisavam” e “A rigornão pisavam” concretiza:

A) um desmentido. B) uma indecisão.

C) uma ironia. D) uma contradição.

E) um reforço.

• As questões 11 e 12 dizem respeito ao seguinte aforismode Millôr Fernandes:

Beber é mal, mas é muito bom.

FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de São Paulo, 5 ago. 2001, p. 28. 

11. A palavra mal, no caso específico da frase de Millôr, é:

A) adjetivo. B) advérbio.

C) substantivo. D) pronome.

E) preposição.

12. O efeito de sentido da frase de Millôr Fernandes deve-se a

uma relação de:

A) causa. B) semelhança.

C) antecedência. D) concessão.

E) consequência.

Texto

HERANÇA

– Vamos brincar de Brasil?

Mas sou eu quem mandaQuero morar numa casa grande

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TC – LÍNGUA PORTUGUESA 

7ITA/ IME – PRÉ-UNIVERSITÁRIO 

... Começou desse jeito a nossa história.5 Negro fez papel de sombra.

E foram chegando soldados e fradesTrouxeram as leis e os Dez-MandamentosJabuti perguntou:"— Ora é só isso?"

10 Depois vieram as mulheres do próximo

Vieram imigrantes com alma a retalhoBrasil subiu até o 10º andarLitoral riu com os motoresSubúrbio confraternizou com a cidade

15 Negro coçou piano e fez músicaVira-bosta mudou de vidaMaitacas se instalaram no alto dos galhosNo interior o Brasil continua desconfiadoA serra morde as carretas

20 Povo puxa bendito pra vir chuvaNas estradas vaziasCruzes sem nome marcam casos de morteAs vinganças continuamFamílias se entredevoram nas tocaias

25 Há noites de reza e cata-piolho

Nas bandas do cemitérioCachorro magro sem dono uiva sozinhoDe vez em quando a mula sem cabeça sobe a serraver o Brasil como vai

Raul Bopp

13. No poema “Herança”:A) revelam-se as influências dos povos que deram

origem ao brasileiro.B) superestima-se a voz do colonizador português.C) minimiza-se a importância do negro na formação do

povo brasileiro.D) subestima-se a influência do índio em nossa cultura.

14. Considerando-se as formas verbais empregadas nopoema, constata-se que o pretérito perfeito dialoga como presente, de modo a permitir a divisão do texto emduas partes: a primeira parte, do verso 1 ao 17, e asegunda, do verso 18 ao 29. Sobre essas duas partes,podemos afirmar que:A) a primeira retrata a realidade brasileira do tempo da

colonização; a segunda, os primeiros anos do século XX.B) a primeira sugere o processo de formação da cultura

brasileira; a segunda, a manifestação, no presente, devalores do passado.

C) a primeira enfoca o passado numa perspectiva dahistória; a segunda, o presente em contradição com opassado.

D) a primeira focaliza o legado cultural herdado pelopovo brasileiro; a segunda, as marcas de um passadoesquecido.

15. A articulação das duas partes do texto é feita,principalmente, pelo (a):A) notação de lugar, no interior (verso 18).B) significação da forma verbal continua (verso18).C) substantivo Brasil (verso 18).D) uso da quadra, que repete o formato da estrofe

inicial.

16. O cotejo das duas partes do texto sugere-nos, comoideia(s) básica(s) do poema:I. a diversidade cultural brasileira;

II. a precariedade da cultura brasileira;III. a permanência da tradição na cultura brasileira.É correto o que se afirma:A) apenas em I.

B) apenas em III.C) em I e II.D) em I e III.

Gabarito – Exercícios Propostos

01 02 03 04 05 06 07 08

B B A A C D C A09 10 11 12 13 14 15 16

A E A D A D B D

Anotações

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TC – LÍNGUA PORTUGUESA 

8ITA/ IME – PRÉ-UNIVERSITÁRIO OSG.: 3421410 HA 8.7.10 – Rev.: MHC