3 - teses.usp.br · resumo as ervas e especiarias são fontes de antioxidantes. essa capacidade...
TRANSCRIPT
/ BIBLIOTECA Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Universidade de São P<lu19
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos Área de Nutrição Experimental
Efeito dos compostos fenólicos presentes no alecrim (Rosmarinus
officinalis L.) sobre as enzimas antioxidantes e os parâmetros
bioquímicos de ratos diabéticos induzidos por estreptozotocina
Ana Mara de Oliveira e Silva
Dissertação para obtenção do grau de MESTRE
Orientador: Praf. Tit. Jorge Mancini Filho
São Paulo 2008
../3 It.JJ
DEDALUS - Acervo - CQ
1: ~IIII ·IIIIIIII~ ·II~I·IIIIIIIIIIIII'IIIIIIIIIIIII~, III.~1I 30100013537
Ficha Catalográfica Elaborada pela Divisão de Biblioteca e
Documentação do Conjunto das Químicas da USP.
') Silva, Ana Mara de Oliveira e S586e Efei to dos compostos fenólicos pres en tes no ai ec rim (Rosmarinus
officinalis L.) sobre as enzimas antioxidantes e os parâmetros bi oq u í mi cos de ratos diabéti cos i nduzi dos por estreptozotoc i na / Ana Mara de Oliveira e Silva. -- São Paulo , 2008.
83p.
Dissertação (mestrado) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental.
Orientador: Mancini Filho, Jorge
1. Nutrição experimental : Ciência dos alimentos 2. Alimentos funcionais: Ciência dos alimentos 3. Antioxidante: Ciência dos alimentos 4. Diabetes M e llitus I. T. II Mancini Filho, Jorge, orientador.
641.1 CDD
moam. —sels!nbuoo `sapepninpodo `soB!we
`cume' equiw `eppx equiw 313 e oSapeffie --aoalemoi aw e apod opn4 anb wa `snaa v
.oss! oprn weznpe4 anb seineled wa}s!xe oeN .sewn!"aldwas Soluawow
sesioa sewe} Jod Jessed ap spdap 'inbe soweBalp a oc5enpea6-sqd ep oquos olad soweini
a SOWeillaljUG `oc,5!AnN ap os.Ing op so!Bc4sa solad sowessed •oc5enpeJ6 eu nopm as anb
cappepian apez!we a owswauuedwoo ap eBuol cuqls!q ewn •••cau! `e6!we ewn 'euen y
oc5eJog naw ou scoon oBeJ .BSOJOWC a esoquueo `ep!un oimw sew
`cuanbad eniwel ewn ••-sowud rso4 `sove 'euuppew Soclui! `aew equiw ep aBuoi Jeo4
I alpo 3 'dom a ()Apeou! `e5Jo4 el!nw nap aw aldwas aweTs!!) owsaw anb e!!!we4 equiw v
iV0V512:180 •oss! .10d lancsuodsai apuei6 o a `oined `,900A 3
•Jel wn ap oBauguoge ou oms aw scoon woo -oined oes wa !nbe !auue6 anb e!!!we enou v
.oluemuloge a o!ode `ouuueo olad oined ocs ap sale!!!wei snaw soy
aTsap oe5ezfleal e eied weJinquwoo esoquueo a eis!ww eauol ap anb
`ouepd!o B!L1ÇA e epuewad 'euen `eJeqicE! `ewo 'euen iepadsa we `SOB!We SO SOPOT V
•alueTsuoa aidwas oA4ueou! e oiode olad !ne!d op leaapad apep!sian!un ep seJossajoid sv
.espq ap OESSGOU00 elad bdNO ov
.apez!we `opm ap ewpe
a apewon eoq epnw opuciisuowap Saivasaid weJaniisa as adwas oulegen aisa aweinp
anb SoTuaw!iv sop epucn ap ewei6oJd op so lepadsa wa `dsnind ep sopcuopunj soy
.on!A u! soluawpadxe so aweinp opdc ()Rd dsn/co!wino ap opmisul op a seopcoewied
sepuclo ap apepinged ep oe5cluewuedx3 a ocánpom ap ouc4o!8 op soucuopuni. soy
.s!e}uawpadxa so!esue ap oc5ez!leal a soluewed!nba
ap osn ou oe5eJoqeloo a ezapue6 elad dSfl/düd ep efflopled ap offleJoqei op o6o!G
a co!wino ap oinmsul op sogien sopuenpeJ6-sqd soe a emoono cpueloi eJossei.oad v
•ouleqe4 a;sau s!eluawcpunj sao5cluapo a sagisa6ns sesomen selad oueosewca c!!6cN
EJOSSGIOJd e uno !nd Jossai.om `e6uepa8 e!AMS CJOSS040Jd lep!A s!xciv Jossai.cud ov
•e!ip e eip op soa!auuedwoo
•••o6opp ap soluawow a oquueo 'apez!we elad osJno e ougneJoqel ap se6aloa soy
.ou!sue
ap !negai; olad dsnidod ep soluawlly sop ep1.910 ap eweJBoJd op saJossajoad soy
'es!nbsad ap a
copapeoe ep!A equiw eu 0A4UGOU! e e5LIC41100 `ocõeluapo elad !upuen 96.10r JOSS04.0.1d OV
SOIN3IN133aVaDV
SILVA, AM.O. Efeito dos compostos fenólicos presentes no alecrim (Rosmarinus officinalis L.) sobre as enzimas antioxidantes e os parâmetros bioquímicos de ratos diabéticos induzidos por estreptozotocina. São Paulo, 2008. 83p. Dissertação de Mestrado - Faculdade de Ciências Farmacêuticas - Universidade de São Paulo.
Resumo
As ervas e especiarias são fontes de antioxidantes. Essa capacidade antioxidante está relacionada aos compostos fenólicos que apresentam papel importante nos processos de inibição da peroxidação e podem atuar sobre o estresse oxidativo, relacionado com diversas patologias, inclusive o diabetes. O alecrim é bastante apreciado por seu aroma e sabor, tendo como constituintes os seguintes compostos fenólicos: ácido carnósico, carnosol, ácido rosmarínico, ácido caféico e éster do ácido hidroxicinâmico. Objetivou-se avaliar a capacidade antioxidante in vitro de extratos e frações de ácidos fenólicos obtidos das folhas de alecrim e seu efeito sobre ratos diabéticos induzidos por estreptozotocina. Constatou-se que tanto os extratos como as frações apresentaram altos teores de compostos fenólicos totais e expressiva atividade antioxidante in vitro nos três métodos utilizados: ~caroteno/ácido linoléico, varredura do radical DPPH e ORAC. No ensaio in vivo, foi utilizado modelo de diabetes tipo 1, apresentando as características principais: poliúria, polifagia, polidipsia e perda de peso. Observaram-se alterações na atividade das enzimas antioxidantes, nos parâmetros bioquímicos do sangue e aumento significativo (p<0,05) da glicemia, no percentual de hemoglobina glicosilada (Hb-G), nos níveis de triglicérides, de colesterol total, de creatinina, de AL T e de AST. O extrato aquoso de alecrim administrado por 30 dias na concentração de 50 mg/Kg aumentou a atividade das enzimas CAT e GPx, no fígado, e da SOD no cérebro de ratos diabéticos, diminuindo também o percentual de Hb-G. A mesma dose, quando administrada por 60 dias, reduziu o percentual de Hb-G, nos lipídios circulantes, na creatinina, na atividade das enzimas SOD e GPx dos tecidos avaliados e manteve os valores normais das enzimas de função hepática AL T e AST. Não foi observado efeito dose resposta nos parâmetros analisados, sugerindo que a maior dose (100mg/Kg) apresentou níveis de toxicidade que devem ser melhor caracterizados. Portanto, o extrato aquoso de alecrim apresentou capacidade antioxidante in vitro significativa e quando administrado na concentração de 50 mg/Kg pode ter papel importante sobre o estresse oxidativo presente no diabetes experimental.
Palavras-chave: antioxidantes naturais; compostos fenólicos; alecrim; estresse oxidativo; diabetes
SILVA, A.M.O. Efeito dos compostos fenólicos presentes no alecrim (Rosmarinus officinalis L.) sobre as enzimas antioxidantes e os parâmetros bioquímicas de ratos diabéticos induzidos por estreptozotocina. São Paulo, 2008. 83p. Dissertação de Mestrado - Faculdade de Ciências Farmacêuticas - Universidade de São Paulo.
Abstract
Herbs and spices are potential sources of antioxidants. This antioxidant capacity is related to the presence of phenolic compounds that play an important role in the peroxidation inhibition processes, that can act on the oxidative stress, which is related to various diseases, including the diabetes. Rosemary is much appreciated due to its aroma and flavor properties, and has the following constituents as phenolic compounds: carnosic acid, carnosol, rosmannlc acid, cafeic · acid , and hydroxycinnamic ester. This study aimed to evaluate the in vitro antioxidant capacity of the extracts and fractions of phenolic acids obtained from the leaves of rosemary and its effect on diabetic rats induced by streptozotocin. The results showed that both extract and fractions contains high leveis of total phenolic compounds, and a significant in vitro antioxidative activity evaluated by three methods: ~-carotene / Linoleic acid system, DPPH radical scavenging and ORAC. For in vivo tests, it was used a type 1 diabetes model, which presented the main clinicai features : polyuria, polyfagia, polydipsia, and weight loss. It was also observed the following changes in biochemical markers: an altered antioxidant enzymatic activity; a significant increase (p<0.05) of blood glucose, percentage of glycosylated hemoglobin (Hb-G), triglycerides, total cholesterol, creatinine, and enzymes AL T and AST. The aqueous extract of rosemary administered daily for 30 days at dose of 50 mg/kg increased the activity of enzymes CAT and GPx in the liver and SOD in the brain of diabetic rats, also decreased the percentage of Hb-G. The same dose, when administered for 60 days, led to a reduction of percentage of Hb-G, circulating lipids, and creatinine, also reducing the activity of enzymes SOD and GPx in the analyzed tissues, and maintaining the normal function of liver enzymes AL T and AST. There was no doseresponse effect on the studied parameters. Some toxic effect was observed when higher doses were used (100 mg/kg) but this effect must be better characterized. Therefore, aqueous extracts of rosemary at dose of 50 mg/kg presented a significant in vitro antioxidant capacity that can be an important role on the oxidative stress in experimental diabetes.
Keywords: natural antioxidants; phenolic compounds; rosemary; oxidative stress; diabetes
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
1. INTRODUÇÃO 1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3
2.1 Diabetes mellitus 3
2.2 O papel da hiperglicemia no estresse oxidativo do diabetes 5
2.3 Glicosilação de proteínas e formação dos AGE 9
2.4 Modelo de diabetes experimental 12
2.5 Antioxidantes no diabetes 13
2.6 Compostos fenólicos 15
2.7 Alecrim 17
3. OBJETIVOS 20
4. MATERIAL E MÉTODOS 21
4.1 Material 21
4.1.1 Amostras 21
4.1.2 Animais 21
4.2 Métodos 21
4.2.1 Preparação dos extratos etéreo, alcoólico e aquoso 21
4.2.2 Extração e hidrólise de ácidos fenólicos 22
4.2.3 Compostos fenólicos 24
4.2.4 Identificação dos ácidos fenólicos 25
4.2.5 Atividade antioxidante em sistema modelo [3-caroteno/ácido linoléico 26
4.2.6 Atividade antioxidante em sistema de varredura de radicais livres (DPPHo) 27
4.2.7 Atividade antioxidante pelo método ORAC 28
4.2.8 Avaliação da atividade antioxidante in vivo 29
4.2.8.1 Efeito da administração do extrato aquoso de alecrim por 30 dias em
ratos diabéticos 29
4.2.8.2 Indução do diabetes 29
4.2.8.3 Separação do fígado e cérebro 30
4.2.8.4 Preparo dos homogeneizados dos tecidos cerebral e hepático 31
4.2.8.5 Determinação das atividades das enzimas antioxidantes 31
4.2.9 Efeito da administração do extrato aquoso de alecrim por 60 dias em
ratos diabéticos 33
4.3 Análise estatística
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Caracterização química
5.2 Atividade antioxidante in vitro
5.2.1 Sistema (3-caroteno/ácido linoléico
5.2.2 Sistema de varredura do radical DPPH·
5.2.3 Atividade antioxidante pelo método ORAC
5.3 Atividade antioxidante in vivo
34
35
35
36
37
38
41
44
5.3.1 Efeito da administração do extrato aquoso de alecrim por 30 dias em 44
ratos diabéticos
5.3.1.1 Efeito do extrato aquoso de alecrim sobre as enzimas antioxidantes 47
nos tecidos hepático e cerebral
5.3.2 Efeito da administração do extrato aquoso de alecrim por 60 dias em 51
ratos diabéticos
5.3.2.1 Efeito do extrato aquoso de alecrim sobre os parâmetros de função
renal 54
5.3.2.2 Efeito do extrato aquoso de alecrim sobre os lipídios circulantes 56
5.3.2.3 Efeito do extrato aquoso de alecrim sobre as enzimas
transaminases glutâmico piruvato (AL T) e glutâmico oxalacética (AST) 58
5.3.2.4 Efeito do extrato aquoso de alecrim sobre as enzimas antioxidantes
nos tecidos hepático, renal e cerebral
6. CONCLUSÕES
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
8. ANEXOS
59
64
65
76
LISTA DE ABREVIATURAS
AAPH
AFL
AFS
AFI
AGE
ALT
AST
BSA
CAT
0-H20
0-25
O-50
0-100
OM
OPPH
EA
EAI
EEt
GPx
GR
GSH
GSSH
H20 2
HbA1c
ORAC
PKC
SOO
STZ
THF
2,2'-azobis (2-amidinopropane) dihydrochloride
Ácidos fenólicos livres
Ácidos fenólicos solúveis
Ácidos fenólicos insolúveis
Produtos de glicação avançada
Aminotransferase de alanina
Aminotransferase de aspartato
N, O-Bis (trimetilsilil)-acetamina
Catalase
Animais diabéticos tratados com água
Animais diabéticos tratados com extrato aquoso na dose de 25 mg/Kg
Animais diabéticos tratados com extrato aquoso na dose de 50 mg/Kg
Animais diabéticos tratados com extrato aquoso na dose de 100 mg/Kg
Diabetes mellitus
2,2 difenil-1-pricril-hidrazil
Extrato aquoso de alecrim
Extrato alcoólico de alecrim
Extrato etéreo de alecrim
Glutationa peroxidase
Glutationa redutase
Glutationa reduzida
Glutationa oxidada
Peróxido de hidrogênio
Hemoglobina glicosilada
Oxigen radical absorbance capacity assay
Proteína quinase C
Superóxido dismutase
Estreptozotocina
Tetraidrofurano
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Tabela 2
Tabela 3
Tabela 4
Tabela 5
Tabela 6
Tabela 7
Tabela 8
Tabela 9
Tabela 10
Quantidade de fenólicos totais de extratos e frações de ácidos
fenólicos obtidos das folhas de alecrim expressa por mg de
equivalente de ácido gálico.
Teor de ácidos fenólicos livres e de esterificados solúveis e
insolúveis individuais presentes na amostra de alecrim.
Atividade antioxidante dos extratos aquoso e alcoólico e das
frações AFL, AFS e AFI obtidos das folhas de alecrim em sistema
f3-caroteno/ácido linoléico.
Resultados de atividade antioxidante de extratos e frações de
ácidos fenólicos de alecrim expresso em micromoles equivalentes
de Trolox®/ g de peso seco do material.
Controle de peso (g) de ratos controle e diabéticos tratados com
água ou extrato aquoso de alecrim por 30 dias.
Consumo de ração (g/dia) e ingestão de água (mUdia) de ratos
controle e diabéticos tratados com água ou extrato aquoso de
alecrim por 30 dias.
Determinação da glicemia de ratos controle e diabéticos tratados
com água ou extrato aquoso de alecrim por 30 dias.
Controle de peso (g) de ratos controle e diabéticos tratados com
água ou extrato aquoso de alecrim por 60 dias.
Consumo de ração (g/dia) e ingestão de água (mUdia) de ratos
controle e diabéticos tratados com água ou extrato aquoso de
alecrim por 60 dias.
Determinação da glicemia de ratos controle e diabéticos tratados
com água ou extrato aquoso de alecrim por 60 dias.
35
36
38
42
44
45
46
52
52
53
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8
'Figura 9
Figura 10
Figura 11
Figura 12
Figura 13
Figura 14
Figura 15
Figura 16
Geração das espécies reativas de oxigênio e ativação das
principais vias induzidas pela hiperglicemia 5
Produção dos precursores dos produtos de glicação avançada
e suas conseqüências 6
Esquema simplificado do envolvimento da oxidação e glicação
na neuropatia periférica e doença vascular do diabetes 8
Estágios da glicação não-enzimática das proteínas 9
Percentual de hemoglobina glicosilada e risco relativo de
complicações microvasculares
Mecanismo simplificado envolvendo a hiperglicemia
Biossíntese dos compostos fenólicos
Fluxograma da obtenção dos extratos de alecrim
Fluxograma de obtenção das frações de ácidos fenólicos
Distribuição dos grupos experimentais
Atividade antioxidante e valores de IC50 dos extratos etéreo,
alcoólico e aquoso e frações de ácidos fenólicos livres,
solúveis e insolúveis obtidos das folhas de alecrim em sistema
10
12
16
22
24
30
de varredura do radical DPPH· 40
Correlação entre os três métodos: f3-caroteno/ácido linoléico,
DPPH e ORAC dos extratos e frações de ácidos fenólicos
obtidos das folhas de alecrim
Dosagem de Hemoglobina glicosilada (HbA1c) de ratos
controle e diabéticos tratados com água ou extrato aquoso de
alecrim por 30 dias
Determinação da atividade das enzimas antioxidantes no
tecido hepático de animais controle e diabéticos tratados com
43
47
água ou extrato aquoso de alecrim nas concentrações 30 dias 48
Determinação da atividade das enzimas antioxidantes no
tecido cerebral de animais controle e diabéticos tratados com
água ou extrato aquoso de alecrim por 30 dias 49
Dosagem de hemoglobina glicada (HbA 1c) de ratos controle e
diabéticos tratados com água ou extrato aquoso de alecrim por
60 dias 54
Figura 17
Figura 18
Figura 19
Figura 20
Figura 21
Figura 22
Determinação da creatinina, uréia, proteínas totais e albumina
sérica de ratos controle e diabéticos tratados com água ou
extrato aquoso de alecrim por 60 dias 55
Determinação de triglicérides, colesterol total e colesterol HDL
sérico de ratos controle e diabéticos tratados com água ou
extrato aquoso de alecrim por 60 dias
Determinação das enzimas marcadoras de dano hepático de
ratos controle e diabéticos tratados com água ou extrato
aquoso de alecrim por 60 dias
Determinação da atividade das enzimas antioxidantes no
tecido hepático de animais controle e diabéticos tratados com
água ou extrato aquoso de alecrim por 60 dias
Determinação da atividade das enzimas antioxidantes no
tecido renal de animais controle e diabéticos tratados com
57
59
60
água ou extrato aquoso de alecrim por 60 dias 61
Determinação da atividade das enzimas antioxidantes no tecido
cerebral de animais controle e diabéticos tratados com água ou
extrato aquoso de alecrim por 60 dias 62
1. INTRODUÇÃO
Diabetes mellitus (DM) é um dos principais problemas de saúde pública no
mundo. Estima-se que cerca de 143 milhões de pessoas em todo o mundo sofram de
diabetes e acredita-se que esse número possa dobrar até 2030 (WILD et aI., 2004;
ROCHA et aI., 2006). O Brasil estaria entre os 10 países com a maior taxa de
prevalência.
O diabetes é um distúrbio endócrino no qual o metabolismo da glicose está
alterado devido à liberação ou à perda total de insulina após destruição das células J3
pancreáticas responsáveis pela produção e liberação desse hormônio. É, também, uma
insensibilidade à insulina pelos tecidos alvos (ROCHA et aI., 2006) .
Descobertas recentes sobre a fisiopatologia do diabetes mostram que o
desequilíbrio no metabolismo de carboidratos propicia um quadro de hiperglicemia,
associado ao aumento na produção de radicais livres e à depleção nos sistemas
fisiológicos de defesa antioxidante (estresse oxidativo). Os danos oxidativos
hiperglicêmicos podem favorecer o desenvolvimento de enfermidades, tais como:
catarata, microangiopatias, nefropatias, aterosclerose, infecções e alterações
neurológicas (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1999).
Além disso, a hiperglicemia induz à ativação das isoformas da proteína
quinase C (PKC), ao aumento na formação dos precursores dos produtos de glicação
avançada (AGE); também estimula a elevação no fluxo de glicose na via das aldose
redutases, resultando em acúmulo de sorbitol e ativação da via da hexosamina
(BROWNLEE, 2001; PACKER; KRAEMER; RIMBACH, 2001; BROWNLEE, 2005;
ROCHA et aI., 2006; ROLO e PALMEIRA, 2006). Esses são os principais mecanismos
metabólicos pelos quais a hiperglicemia causa as complicações do diabetes com lesão
tecidual.
Estudos mostram que, além do aumento na formação de radicais livres, os
sistemas fisiológicos de defesa antioxidante encontram-se depletados no diabetes. Por
esta razão, vários pesquisadores têm usado modelos de animais diabéticos, pacientes
diabéticos ou cultura de células vasculares para avaliar o efeito de antioxidantes
2
clássicos , como as vitaminas C e E, o l3-caroteno, o ácido lipóico, entre outros, na
prevenção e no tratamento das complicações do diabetes (ZHAO, 2001) .
Alguns compostos obtidos de fontes naturais podem atuar na inibição da
patogenicidade multifatorial do diabetes, através do controle do metabolismo de
carboidratos, na prevenção e restauração da integridade e função das células 13
pancreáticas, no estímulo à liberação de insulina, na melhora da captação e utilização
da glicose e por suas propriedades antioxidantes (ROCHA et ai., 2006).
As ervas e especiarias são fontes desses compostos naturais e o alecrim
(Rosmarinus officinalis L.), pertencente à família Labiatae, tem sido muito estudado por
suas propriedades aromáticas, antioxidante, antimicrobiana e antitumoral (ALMELA et
a/., 2006) .
Cintra (1998) demonstrou que os extratos de alecrim apresentaram potencial
antioxidante no sistema l3-caroteno/ácido linoléico, em homogeneizado de cérebro e na
fração microssomal hepática in vitro. O extrato aquoso dessa especiaria também
preveniu hepatoxicidade induzida por azatioprine em ratos , reduzindo o estresse
oxidativo (AMIN e HAMZA, 2005). Da mesma forma, foi observado efeito hepatoprotetor
contra a lesão aguda provocada pelo tetracloreto de carbono, via aumento na atividade
do sistema de desintoxicação dependente da glutationa S-transferase (SOTELO-FÉLlX
et aI. , 2002) .
3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Diabetes mel/itus
Diabetes é uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina
e/ou da incapacidade desta de exercer adequadamente seus efeitos. Caracteriza-se por
hiperglicemia crônica, freqüentemente acompanhada de dislipidemia, hipertensão
arterial e disfunção endotelial (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1999). É
considerada uma doença metabólica crônica, que interfere no metabolismo dos
carboidratos, lipídios e proteínas (DUCKWORTH, 2001).
O diabetes é considerado um problema de importância crescente em saúde
pública; cujas incidência e prevalência aumentam cada vez mais e alcançam
proporções epidêmicas. Um estudo recente da Organização Mundial de Saúde estimou
que a prevalência mundial de diabetes em 2002 foi de 170 milhões de casos, com
projeção de crescimento para 366 milhões de pessoas acometidas pela doença em
2030. O Brasil, de acordo com esse estudo, ocupará a sexta posição, com 11,3 milhões
de casos estimados (WILD et aI., 2004).
As conseqüências, a longo prazo, decorrem de alterações micro e
macrovasculares que proporcionam disfunção, dano ou falência de vários órgãos
(DUCKWORTH, 2001). As complicações crônicas incluem: nefropatia, retinopatia ,
neuropatia, artropatia de Charcot e manifestações de disfunção autonômica, incluindo
disfunção sexual. Além do mais, indivíduos diabéticos apresentam risco maior de
doença vascular aterosclerótica, como doença coronariana, doença arterial periférica e
doença vascular cerebral (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1999).
O diabetes está associado a complicações que comprometem a qualidade de
vida e a sobrevida dos indivíduos. Além disso, acarreta elevados custos para o controle
metabólico e o tratamento de suas complicações. Aparece como a sexta causa mais
freqüente em internação hospitalar e participa de forma significativa (30% a 50%) de
outras enfermidades, como cardiopatia isquêmica, insuficiência cardíaca,
colecistopatias, acidente vascular cerebral (AVC) e hipertensão arterial. Também é a
principal causa de amputações de membros inferiores e de cegueira adquirida. Cerca
4
de 26% dos pacientes que ingressam em programas de diálise são diabéticos
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2003).
A classificação atualmente recomendada incorpora o conceito de estágios
clínicos do DM, desde a normalidade, passando para a tolerância à glicose diminuída
e/ou glicemia de jejum alterada, até o DM propriamente dito. A nova classificação
baseia-se na etiologia do DM, eliminando os termos diabetes melito insulinodependente
(IDDM) e não-insulinodependente (NIDDM). Essa classificação inclui: diabetes tipo 1,
tipo 2, diabetes gestacional e a categoria de outros tipos específicos, contendo várias
formas de DM decorrentes de defeitos genéticos associados com outras doenças ou
com uso de fármacos diabetogênicos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES,
2003).
O diabetes tipo I resulta primariamente da destruição das células beta
pancreáticas e tem tendência à cetoacidose. Inclui casos decorrentes de doença auto
imune e aqueles nos quais a causa da destruição das células beta não é conhecida.
Corresponde a 5% a 10% do total de casos. A forma rapidamente progressiva é co
mumente observada em crianças e adolescentes, porém pode ocorrer também em
adultos. A forma lentamente progressiva ocorre geralmente em adultos e é referida
como diabetes latente auto-imune do adulto (LADA). Já o DM do tipo 2 resulta, em
geral, de graus variáveis de resistência à insulina e deficiência relativa de secreção de
insulina. A maioria dos pacientes tem excesso de peso e a cetoacidose ocorre apenas
em situações especiais, como durante infecções graves. O diagnóstico, na maioria dos
casos, é feito a partir dos 40 anos de idade, embora possa ocorrer mais cedo, mais
raramente em adolescentes. Abrange de 85% a 90% do total de casos. É importante
ressaltar que, nos últimos anos, a incidência de diabetes do tipo 2 vem crescendo entre
crianças e jovens nos Estados Unidos, em associação ao aumento da obesidade
(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1999).
Os principais sintomas no DM tipo 1 são: polidipsia, poliúria, perda de peso,
polifagia , visão comprometida, infecções repetidas na pele ou mucosas, fadiga e dores
nas pernas. Em alguns casos não há sintomas. Isto ocorre com maior freqüência no
diabetes tipo 2. Neste caso, o diagnóstico pode demorar muitos meses, às vezes anos.
5
Os sintomas muitas vezes são vagos, como formigamento nas mãos e pés
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2007).
O quadro de hiperglicemia crônica e persistente nos dois tipos de diabetes
leva ao aparecimento do estresse oxidativo e diminuição no potencial antioxidante. As
espécies reativas formadas no diabetes estão envolvidas com peroxidação lipídica,
glicação de proteínas, inativação de enzimas e alteração nas estruturas celulares e,
conseqüentemente, com danos ao organismo (PACKER; KRAEMER; RIMBACH , 2001 ;
ROLO e PALMEIRA, 2006).
2.2 O papel da hiperglicemia no estresse oxidativo do diabetes
O estresse oxidativo no diabetes com aumento das espécies reativas na
mitocôndria está associado a vários mecanismos envolvendo a hiperglicemia como fator
principal , que resulta na estimulação de quatro vias principais : via do poliol , produção
intracelular dos precursores dos AGE, ativação da proteína quinase C (PKC) e ativação
da via da hexosamina (BROWNLEE, 2001; PACKER; KRAEMER; RIMBACH, 2001;
BROWNLEE, 2005; LAPOLLA; FEDELE; TRALDI, 2005; ROLO e PALMEIRA, 2006).
Essas vias estão apresentadas na Figura 1.
t Glucose NAD, ~IADP+ NAD+
~ .•. ~.. q t S~rbi tol ";;~Ioooooo~ t Glucose-6-P ]111 VIa do polrol ! ! ··-·---GFAT-- m
------- -----••• ••• - - ••••
NADH NAD+
t DHAP \, <1 t a:-Glycerol-P + t DAG+ t PKC
t Glyceralclellyde-3-P ~ Via da PKC
N::'~IGAPDH~ ~,_ 1.3-Diphosphoglycerate
t Meul ylglyoxal-+t AGEs
Via dos AGE
i Fatores de transcrição
i i expressão de genes
pró-inflamatórios
Figura 1 - Geração das espécies reativas de oxigênio e ativação das principais vias induzidas pela hiperglicemia (BROWNLEE, 2001).
6
A via do poliol foca na enzima aldose redutase, que tem a função de reduzir
aldeídos téxicos a álcoois inativos nas células. Mas em altas concentrações de glicose
essa enzima converte a glicose em sorbitol, que depois será oxidado à frutose. Nessa
reação, a aldose redutase consume NADPH, que é também um cofator essencial para
regenerar a glutationa, um antioxidante intracelular, aumentando a susceptibilidade ao
estresse oxidativo intracelular (BROWNLEE, 2005).
A produção intracelular dos precursores dos produtos finais de glicação
avançada (AGE) pode causar dano celular por três mecanismos (ilustrados na Figura
2).
Glicose
Matriz
Integrinas
Receptorde AGE
Fatores decrescimento e
citocinas
Macrófago ecélulas
mesangiais
Figura 2 - Produção dos precursores dos produtos de glicação avançada e suasconseqüências (BROWNLEE, 2001).
o primeiro mecanismo demonstrado numa célula endotelial é a modificação
de proteínas intracelulares, incluindo principalmente proteínas envolvidas na regulação
de transcrição de genes. O segundo está associado à capacidade destes precursores
se difundirem na célula e modificarem moléculas da matriz extracelular, alterando a
sinalização entre a matriz e a célula e, assim, causando disfunção celular. Estes
7
precursores, uma vez atingido o espaço extracelular, podem modificar também
proteínas sanguíneas como a albumina. Essas proteínas modificadas podem então se
ligar aos receptores dos AGE e ativá-los. Quando ativados, esses receptores sinalizam
uma série de reações de produção de citocinas inflamatórias e fatores de crescimento,
ocorrendo as complicações vasculares (BROWNLEE, 2005).
A hiperglicemia aumenta a síntese celular do diacilglicerol (DAG), que é um
cofator para ativação das isoformas da PKC. Quando essa proteína é ativada pela
hiperglicemia celular, ocorre uma variedade de eventos como: inibição da expressão da
enzima óxido nítrico sintase tipo endotelial, aumento na expressão do NF-KB, aumento
na atividade das enzimas NADPH oxidases e na expressão do fator de crescimento
endotelial vascular (VEGF) - aumento que está associado ao processo de
angiogênese e permeabilidade vascular, entre outros. A inibição da PKC previne,
portanto, alterações na retina e rins de animais diabéticos que têm associação com as
alterações micro e macrovasculares (BROWNLEE, 2005).
A via da hexosamina está relacionada com a formação da UDP N-acetil
glicosamina (UDP-GlcNAc) a partir de um intermediário da via glicolítica, a frutose 6-
fosfato. Essa glicosamina tem papel importante, tanto nas alterações da expressão
gênica em células glomerulares, como na disfunção de cardiomiócitos em cultura
celular, ambas induzidas pela hiperglicemia (BROWNLEE, 2005).
No entanto, outros eventos também contribuem para o aumento do estresse
oxidativo no diabetes, tais como: produção excessiva de radicais livres, pela
autoxidação da glicose e via cadeia transportadora de elétrons mitocondrial;
estimulação da via do citocromo P-450, pelo excesso de NADPH produzido a partir do
metabolismo da glicose; alteração na taxa NADPH:NADP; redução da atividade das
enzimas antioxidantes, que limita sua capacidade de eliminar as espécies reativas; e
ativação das NADPH oxidases (DICKINSON et aI. , 2002; JAIN, 2006). A produção das
espécies reativas de oxigênio associadas à NADPH oxidase pode alterar parâmetros de
tradução de sinal , secreção de insulina, ação da insulina e proliferação e morte celular,
sendo, portanto, uma via estratégica de intervenção para reverter o impacto negativo da
toxicidade dessas espécies reativas no diabetes (NEWSHOLME et aI., 2007) .
8
Esses eventos estão associados com o aparecimento das complicações
crônicas, entre elas a neuropatia periférica e a doença vascular, como são mostrados
na Figura 3.
Durante o desenvolvimento do diabetes, inúmeros fatores fisiológicos e
bioquímicos resultam em disfunção endotelial e inflamação vascular. A disfunção
endotelial é causada pela exposição crônica ao estresse oxidativo e modificação da
lipoproteína de baixa densidade (colesterol LDL), entre outros processos que
promovem menor disponibilidade de óxido nítrico (NO), pelo desacoplamento da enzima
óxido nítrico sintase endotelial e/ou formação de peroxinitrito, e inflamação crônica. A
inflamação vascular aumentada, incluindo acréscimo na expressão da interleucina-6 (IL-
6) e moléculas de adesão celular vascular (VCAM), também contribui com a diminuição
do fator de relaxamento endotelial (NO). A hiperglicemia persistente no diabetes
compromete a função endotelial ligada à formação dos AGE. Em contrapartida, a
inibição da síntese destes produtos previne a depleção de NO (HARTGE; UNGER;
KINTSCHER, 2007).
(
t Autoxidação da glicose Desacoplamento
da eNOS E S i Respiração mitocondrial T
~ ~~:~:~~:::::~dente de p~~.?.~ ................ ~....... . .. , i NADH/NADPH oxidase . t produção de radicais i S
! E livres intra/extra celular; ~
t Superóxido 'O HIPERGLICEMIA 7"ãO t Peroxinitrito
•........................................................ ~
i Glicação protéica/formação dos AGE
X I D A
i Ligação dos receptores dos AGE
t Glicação de HDL e albumina / i
v O
Depleção da
defesa antioxidante
• Oxidação da LDL
• Peroxidação lipídica
• t Fluxo sanguíneo
endoneural
~
• Disfunção
periférica neural
• Disfunção
vascular
Figura 3 - Esquema simplificado do envolvimento da oxidação e glicação na neuropatia periférica e doença vascular do diabetes (DICKINSON et a/. , 2002).
9
2.3 Glicosilação de proteínas e formação dos produtos de glicação avançada
A glicosilação não-enzimática de proteínas ocorre numa reação direta entre
os açúcares e o grupo amino das proteínas, formando a base de Schíff, seguida de um
rearranjo de Amadori (Figura 4). Nessa reação, a lisina aparece como a principal amina
primária intracelular, sendo as glicosilaminas e frutosaminas os principais intermediários
da cascata de glicação não-enzimática (SZWERGOLD; HOWELL; BEISSWENGER,
2002; BEM e KUNDE, 2006). Estes, por sua vez, podem levar à formação dos AGE, que
depois participam de reações bioquímicas (PENCKOFER; SCHWERTZ; FLORCZA,
2002) e, também, podem acumular-se nos tecidos diabéticos, causando danos
especialmente às proteínas de vida longa, como as proteínas do cristalino, proteínas
dos eritrócitos, albumina, colágeno, mielina, entre outras, produzindo efeitos
indesejáveis à função celular (ASGARY et ai. , 1999; SZWERGOLD; HOWELL;
BEISSWENGER, 2002).
NH2
~ +
o OH
~\ I C-C- R
/ I H H
1 r OH I
- N = CH - CH-R
l i o II
- NH - CH"- C - R "'-
n f
(Açúcar)
(Base de Schiff)
(Produto de Amadorr)
Produtos Finais de Glicação Avançada (AGEs)
Figura 4 - Estágios da glicação não-enzimática das proteínas (BEM e KUNDE, 2006).
10
A hemoglobina glicosilada (A 1 c) é formada pela reação irreversível entre a
glicose sanguínea e a hemoglobina, como resultado do processo de glicação, que liga a
glicose sanguínea a muitas proteínas do corpo. Este é o mesmo processo de glicação,
relacionado ao desenvolvimento das complicações crônicas, mencionado
anteriormente.
A glicação não-enzimática da hemoglobina (HbA1c) já é bem definida e, no
diabetes, encontra-se significativamente aumentada (GOLDSTEIN, 1995; ASGARY et
aI., 1999; SENGUPTA e SWENSON, 2005; SHIMADA et aI., 2005). Por se tratar de
uma reação oxidativa, os antioxidantes seriam capazes de prevenir a glicosilação das
proteínas.
A hemoglobina glicosilada (A 1 c) deve ser medida rotineiramente nos
pacientes com diabetes mellitus para documentar o grau de controle glicêmico. As
metas de tratamento devem ser baseadas em resultados de estudos clínicos
prospectivos e randomizados, tais como o Diabetes Control and Complications Trial
(DCCT) e o United Kingdom Prospective Diabetes Study (UKPDS). Esses estudos
mostraram correlação entre o controle glicêmico, quantificado por determinações
seriadas de A 1 c, e os riscos de desenvolvimento e progressão das complicações
crônicas do diabetes (GRUPO INTERDISCIPLINAR DE PADRONIZAÇÃO DA
HEMOGLOBINA GLlCOSILADA - A1c, 2004), como mostra a Figura 5 .
20
15
13
Aic (%) 1i 12
..... Retinopatía
...... Nefropatia
-4- Neuropatia
- Microalbuminúria
Figura 5 - Percentual de hemoglobina glicosilada e risco relativo de complicações microvasculares (Grupo Interdisciplinar de Padronização da Hemoglobina Glicosilada -A1c, 2004).
1 I
A hemoglobina glicosilada funciona como um marcador do controle glicêmico,
assim como a dislipidemia para doenças cardiovasculares.
Muitos estudos têm demonstrado a ação dos antioxidantes na glicação
protéica. Asgary et aI. (1999) observaram o efeito antioxidante dos flavonóides
quercetina, rutina e canferol na glicação da hemoglobina. Bae e Lee (2004) também
verificaram efeito protetor de extratos de ginseng na glicação da hemoglobina; tal efeito
foi atribuído à sua capacidade antioxidante. Um estudo mais recente avaliou in vitro o
potencial antioxidante de substâncias naturais de plantas, incluindo os compostos
fenólicos, usando como modelo a glicoxidação de proteína (BOUSOVÁ et aI., 2005).
O processo de glicoxidação leva à produção de carbonilas extremamente
reativas. Uma vez formados, os AGE podem ser oxidados, levando à formação de
dicarbonilas, tais como metil glioxal (MG), glioxal e 3-deoxiglicosona, bem como diacetil
e piruvaldeído. Este processo ocorre quando há excesso de glicose e altos níveis de
moléculas oxidantes, um problema particular no diabetes. MG e glioxal podem ser
formados através de outros mecanismos, como no fluxo glicolítico aumentado; e como
estes compostos reagem com proteínas, por fim , aumentam a taxa de formação dos
AGE. Os produtos de glicoxidação podem exacerbar várias condições patológicas. Em
ratos diabéticos, níveis aumentados de MG e glioxal levam à carbonilação de proteínas,
contribuindo para a formação da catarata, além de contribuir para o desenvolvimento
das complicações vasculares em diabéticos (ELLlS, 2007).
No entanto, esses compostos podem ser metabolizados a compostos menos
tóxicos através de reações de oxidação/redução (fase I) ou conjugação (fase 11). As
enzimas envolvidas nessa metabolização incluem a glutationa S-transferase, aldeído
deidrogenases, citocromo P450, aldoceto redutases e álcool desidrogenases (ELLlS,
2007). Compostos que atuam nessas vias, tanto inibindo a glicoxidação ou ativando as
enzimas responsáveis pela metabolização dos produtos de glicoxidação, podem atuar
de forma efetiva sobre o diabetes.
Os mecanismos envolvendo a hiperglicemia, sua relação com o estresse
oxidativo e, assim, o aparecimento das complicações crônicas, já discutidos
anteriormente, podem ser resumidos na Figura 6.
Hiperglicemia
l Estresse oxidativo
l Complicações crônicas
Doença vascular
Catarata Retinopatia Neuropatia
Figura 6 - Mecanismo simplificado envolvendo a hiperglicemia.
2.4 Modelo de diabetes experimental
12
Nefropatia
Tanto o diabetes em humanos como em modelos experimentais guardam
estreita relação com o estresse oxidativo (BAYNES e THORPE, 1996). Tais modelos
experimentais incluem o diabetes induzido por aloxana ou estreptozotocina (COSKUN
et aI., 2004) .
A estreptozotocina (STZ) , produzida pelo Streptomyces achromogenes, é um
antibiótico comum utilizado no diabetes experimental, identificado no século passado,
no período de 1950, e aprovado pelo Food and Orug Administration (FDA) no
tratamento do câncer metatástico de células das ilhotas pancreáticas, reduzindo os
sintomas, especialmente a hipoglicemia, devido à secreção excessiva de insulina pelos
insulinomas (BRENT JENS e SALTZ, 2001).
O mecanismo pela qual a STZ destrói as células ~ do pâncreas, induzindo o
diabetes tipo I com quadro de hiperglicemia e estresse oxidativo, não está bem
esclarecido (BAYNES e THORPE, 1996). Uma das ações que pode ser atribuída à STZ
é a depleção intracelular de NAD nas células das ilhotas pancreáticas (SCHEIN et a/. ,
1973).
Por ser uma glicosamina pertencente à classe das nitrosuréias, é tóxica à
célula causando dano ao DNA. Além disso, a molécula de STZ apresenta similaridade
13
com a glicose, sendo transportada para a célula pelo GLUT2, proteína transportadora
de glicose, não sendo reconhecida por outras proteínas transportadoras de glicose. Isso
explica sua toxicidade específica às células 13 pancreáticas, pois estas células têm
níveis relativamente elevados de GLUT2 (SCHNEOL et aI., 1994; WANG e
GLEICHMANN, 1998).
O modelo de diabetes experimental induzido por STZ é um modelo
interessante de diabetes tipo 1 e permite investigar vários eventos e mecanismos de
ação de substâncias envolvendo o estresse oxidativo e as complicações crônicas, como
retinopatia, nefropatia, neuropatia e complicações vasculares. Nos animais também se
observa claramente a tríade do diabetes: poliúria, polifagia e polidipsia, além da perda
de peso.
2.5 Antioxidantes no diabetes
A exposição aos radicais livres por uma variedade de vias de formação
propiciou ao organismo desenvolver uma série de mecanismos de defesa contra o
estresse oxidativo induzido por espécies reativas: preventivos, reparadores e de
defesas antioxidantes (VALKO et aI., 2006). As defesas antioxidantes enzimáticas
incluem quatro enzimas principais responsáveis pela remoção do excesso,
principalmente de ânion superóxido e peróxido de hidrogênio (H20 2) nas células, e são:
superóxido dismutase (SOO), catalase (CAT) , glutationa peroxidase (GPx) e glutationa
redutase (GR) (HALLlWELL, 1994). Os antioxidantes não enzimáticos são
representados pelo ácido ascórbico, o-tocoferol , glutationa, moléculas endógenas
quelantes de metais, além dos antioxidantes obtidos a partir da dieta (carotenóides,
minerais , compostos fenólicos, entre outros) (VALKO et a/. , 2006).
O comportamento das enzimas antioxidantes frente ao estresse oxidativo no
diabetes ainda é bem controverso.
A GPx e a GR são enzimas encontradas no citoplasma, na mitocôndria e no
núcleo. A GPx converte o peróxido de hidrogênio em água utilizando a glutationa
reduzida como doador de hidrogênio. A molécula de glutationa oxidada formada é
regenerada pela GR usando o NADPH como cofator (HALLlWELL, 1994). Várias
investigações sobre a atividade dessas enzimas em tecidos de diabéticos são
14
encontradas na literatura. No entanto, não existe consenso sobre a atividade das
mesmas frente a uma terapia antioxidante (MARITIM; SANDERS; WATKINS, 2003). Foi
observada atividade aumentada da GPx em fígado, rins, aorta, pâncreas e células
sanguíneas e atividade reduzida em coração e retina de ratos. As alterações induzidas
pelo diabetes foram revertidas pelo tratamento com vitaminas C e E, quercetina e
outras substâncias antioxidantes (MARITIM; SANDERS; WATKINS, 2003).
A catalase, localizada nos peroxissomos, decompõe H20 2 em água e
oxigênio. Mudanças também na atividade desta enzima são documentadas em ratos
diabéticos. Atividade aumentada ou diminuída já foi determinada no fígado e nos rins,
respectivamente, desses animais (MARITIM; SANOERS; WATKINS, 2003).
Nesse mesmo trabalho, os autores fizeram um apanhado dos principais
estudos com diabetes, estresse oxidativo e antioxidantes. Nele também é citado o papel
da dismutação do ânion superóxido pela SOD, inibindo a interação desse ânion com o
óxido nítrico e, conseqüentemente, a formação do peroxinitrito, uma molécula mais
reativa. Contudo, o efeito do diabetes na atividade da SOO também é controverso e
varia de acordo com a espécie animal estudada, a duração do diabetes e o tecido
avaliado.
Estudos mais recentes (SINDHUN e KOO, 2004; AKSOY et aI., 2005)
demonstraram que há depleção no mecanismo de defesa antioxidante no diabetes, com
alterações na atividade das enzimas antioxidantes. Com isso, crescem as investigações
sobre o efeito de substâncias com propriedades antioxidantes, uma vez que as defesas
antioxidantes endógenas não são suficientes para manter os níveis normais de
espécies reativas no diabetes. Nesse contexto, ganham importância os estudos com
compostos fenólicos (BALASUBASHINI et aI., 2004; COSKUN et aI., 2005).
Dois estudos publicados pelos autores YEH e YEN (2006a ,b) sustentam a
hipótese de que os compostos fenólicos, especialmente os ácidos fenólicos: gentíssico,
gálico, ferúlico e p-cumárico, induzem a atividade e a expressão das enzimas
antioxidantes (SOO, CAT e GPx) e das enzimas de fase 11, as fenol sulfotransferases,
em fígado de ratos, desenvolvendo papel importante contra os efeitos adversos
relacionados com mutagenicidade e dano oxidativo.
15
2.6 Compostos fenólicos
Os compostos fenólicos são compostos fitoquímicos que estruturalmente
possuem um anel aromático com uma ou mais hidroxila e, freqüentemente, apresentam
propriedades antioxidantes. Podem se apresentar na natureza na forma livre ou ligados
a açúcares e proteínas; estando divididos em dois grandes grupos: os flavonóides e
derivados e os ácidos fenólicos (ácidos benzóicos, cinâmico e seus derivados) e
cumarinas (SOARES, 2002). Todos os compostos fenólicos são derivados de uma via
de biossíntesse comum (Figura 7), incorporando precursores tanto da via do ácido
chiquímico como da via do acetato-malonato (VATTEM e SHETTY, 2005).
Inúmeros compostos fenólicos são encontrados em vegetais, principalmente
ervas, especiarias e frutas . Essas substâncias influenciam a qualidade e a estabilidade
de alimentos por agirem como flavours, corantes e antioxidantes (CRAIG, 1999).
Os compostos fenólicos exibem grande diversidade de efeitos biológicos e
podem ser divididos em duas categorias. A primeira está associada com a relação
estrutura-atividade, devido à presença do anel fenólico e hidroxilas, atuando como
antioxidantes efetivos no seqüestro de radicais livres e na inibição da oxidação em
cascata e, dessa forma , inibindo reações oxidativas desses radicais com moléculas
biológicas como: lipídios, carboidratos, proteínas e ONA (VATTEM e SHETTY, 2005).
O segundo e mais significativo mecanismo de ação é uma conseqüência de
sua habilidade em modular a fisiologia celular em ambos: em níveis moleculares e
bioquímicos/fisiológicos. Por causa da sua estrutura similar a várias moléculas
biológicas sinalizadoras e efetoras, são capazes de participar nos processos de
repressão/indução da expressão gênica ou na ativação/desativação de proteínas,
enzimas e fatores de transcrição de vias metabólicas (LUSINI et ai., 2001; OROGE,
2002; YEH e YEN, 2006a; YEH e YEN, 2006b
) .
Alguns desses mecanismos de sinalização celular foram evidenciados no
artigo publicado por Soobrattee e colaboladores (2005) , estes incluem a regulação de
enzimas antioxidantes desintoxicantes de fase 11 , supressão de enzimas pró
inflamatórias (COX-2 e iNOS) e, por fim , ativação e/ou aumento na expressão das
enzimas antioxidantes: SOO, CAT, GPx (YEH e YEN, 2006a) , bem como modulam
vários genes envolvidos no ciclo celular.
UDP-Glicose ~ ~ Metabolismo Nucleotídeo
Metabolismo Carboidrato
Metabolismo Aminoâcido
Glicose
~Il ~ Glicose-6-fosfato
~ H Metabolismo
ç
/~~ S-Adenosilmetionina
Glicosilação de fenóis
~ Metilação de fenóis
Via Pentose
V Glicólíse =
fosfato
H NADPH2 Fosfatos de açúcar Via do ç shiquimato
Malonil CoA
Piruvato
~ Acetil CoA
ij ~ ~
Fenilalanina
/' ~ Ciclo do ácido citrico
Defesa
Estrutura celular
Pigmento defesa
Biossíntese Cumarinas
Biossíntese ligninas
Biossíntese Flavona
{} ~ ATP,NADPH
Via do tenil .L?- propanóide ~
/ " .. L~ Flavanóis glicosídicos
Pigmento Proteção UV
Biossintese Estilbenos
Biossíntese Taninos
Biossintese antocianinas
Defesa
Flavour Pigmento
defesa
Pigmento
Figura 7 - Biossíntese dos compostos fenólicos (VATTEM e SHETTY, 2005).
16
Scott et aI. (1993) avaliaram a atividade antioxidante de alguns compostos
fenólicos (ácido ferúlico e catequinas) em sistemas in vitro, mostrando maior eficiência
destes compostos quando comparados com as propriedades de antioxidantes mais
conhecidos, como as vitaminas C e E.
Singh et ai. (2005), estudando diabetes em modelo experimental induzido por
STZ, observaram a atenuação da hiperglicemia e dos parâmetros bioquímicos
associados ao estresse oxidativo nos ratos diabéticos suplementados com uma dieta
rica em compostos polifenólicos.
Muitas ervas e especiarias, utilizadas como ingredientes ou temperos, são
excelentes fontes de compostos fenólicos e foram reportadas por mostrar elevada
atividade antioxidante (RICE-EVANS; MILLER; PAGANGA, 1996; ZHENG e WANG,
2001).
17
Em contrapartida, nos estudos com compostos fenólicos, um ponto
importante diz respeito à sua segurança. Muitas ervas ou seus subprodutos podem ser
seguros para o consumo e conter compostos com efeitos fisiológicos benéficos; por
outro lado, outras podem não apresentar a mesma segurança. O FDA tem classificado
várias ervas como inseguras. Estudos com a raiz da espécie G/ycyrrhiza g/abra
mostraram ser eficiente em pequenas quantidades no tratamento de úlcera gástrica e
duodenal. Mas, em concentrações elevadas causam hipocalemia, aumento na pressão
sanguínea e falência cardíaca. Já a espécie Teucrium scordium pode ocasionar
hepatite fatal. Outras são permitidas em quantidades modestas, mas podem apresentar
efeitos tóxicos em altas doses. Existem algumas ervas que são reconhecidas por serem
letais (CRAIG, 1999); é o caso de ervas chinesas que contêm altas concentrações de
alcalóides tóxicos, tais como a aconitina, que leva a distúrbios gastrointestinais,
cardiovasculares e neurológicos, podendo resultar em morte (CHAN et a/. , 1993).
Galati e O'brien (2004) citam em sua revisão o potencial tóxico de flavonóides
e outros fenólicos obtidos da dieta, atribuído às suas propriedades quimiopreventiva e
anticâncer (YU et a/., 2005; AGGARWAL e SHISHODIA, 2006). Suas propriedades
antioxidante, antiinflamatória, antimicrobiana, entre outras , são amplamente
reconhecidas. No entanto, poucos estudos são realizados para investigar sua eficácia e
seu potencial tóxico, relacionado à sua atividade pró-oxidante (na presença de metais
de transição e peroxidases), toxicidade mitocondrial (propriedade indutora de apoptose)
e interações com enzimas que metabolizam xenobióticos, tornando-os potencialmente
tóxicos.
2.7 Alecrim
O alecrim, nome científico Rosmarinus officinalis L. (Lamiaceae) , pertence à
família Labiatae e nos últimos anos tem sido bastante utilizado na indústria de
alimentos, muito apreciado por suas propriedades aromáticas, antioxidante,
antimicrobiana e antitumoral (ALMELA et aI. , 2006) .
Nos extratos de alecrim podem ser encontrados três grupos de compostos
fenólicos: diterpenos fenólicos, flavonóides e ácidos fenólicos. Ácido carnósico,
carnosol , diterpenos e ácido rosmarínico, um éster do ácido hidroxicinâmico, são os
18
principais compostos antioxidantes presentes nessa especiaria (HARAGUCHI et a/. ,
1994). Essas substâncias, juntamente com outros isoprenóides (esteróis, isopreno,
mono e diterpenos, tocoferóis e carotenóides) , desenvolvem papel fotoprotetor e são
considerados constituintes bioativos. A quantidade desses compostos varia
dependendo das condições do ambiente, como água e altas temperaturas, que podem
reduzir a fixação do CO2 . Sob essas condições, o conteúdo de antioxidantes no vegetal
aumenta oferendo proteção contra a oxidação causada pelo oxigênio sing/et e radicais
peroxil e superóxido (ALMELA et a/., 2006) .
No Laboratório de Lípides da FCF/USP, Cintra (1998) verificou, em estudos
anteriores, que os extratos de alecrim e outras especiarias apresentaram capacidade
antioxidante no sistema f3-caroteno/ácido linoléico. Além desses efeitos, observou
atividade antioxidante destas especiarias em homogenato de cérebro e fração
microssomal hepática in vitro.
A presença significativa desses compostos também em outras especiarias
levou Moreira e Mancini-Filho (2004) a avaliarem a atividade antioxidante de uma
mistura de mostarda, canela e erva-doce sobre o metabolismo dos ácidos graxos das
séries (03 e (06; sugerindo, portanto, a partir dos resultados obtidos, efeito antioxidante
das substâncias fenólicas identificadas na mistura das especiarias.
Mancini-Filho et aI. (1998) estudaram a atividade antioxidante em canela
(Cinnamon zey/anicum, Breyne) que se apresentou expressiva; isto se deveu ao fato de
estar relacionada com a presença de compostos fenólicos. Em um outro estudo, foi
averiguado que uma determinada fração, obtida também do extrato aquoso da canela,
além de demonstrar significativa ação antioxidante, inibiu a replicação do vírus influenza
em culturas de células MDCK (Madin Oarby Canine) e VERO (African Green Monkey)
(MANCINI et a/., 1999) .
Considerando seu elevado conteúdo de fenólicos, o extrato aquoso de
alecrim apresentou efeito hepatoprotetor na toxicidade induzida por azatioprine em
ratos, reduzindo os níveis de malonaldeído provocado pelo estresse e diminuindo o
efeito inibitório do azatioprine sobre a atividade das enzimas: SOD, CAT e GPx (AMIN e
HAMZA, 2005).
19
Sotelo-Félix et aI. (2002), estudando o efeito do extrato de alecrim
administrado na concentração de 200 mg/kg, p.o., correspondente a 6,04 mg/kg de
carnosol , em ratos, durante cinco dias, observaram efeito hepatoprotetor contra a lesão
ag.uda provocada por tetracloreto de carbono, pelo qual o alecrim atuou como
antioxidante, eliminando os radicais triclorometilperoxil formados pela metabolização
hepática do agente químico agressor, e aumentou a atividade do sistema de
desintoxicação dependente da glutationa S-transferase (GST).
Estudos com extratos de plantas, usados como antioxidantes, testaram doses
entre 50 e 100 mg/Kg. A dose de 200 mg/Kg utilizada por Sotelo-Félix et aI. (2002) foi
efetiva no modelo estudado. Por outro lado, os próprios autores relatam que em doses
mais elevadas pode não ser observado o efeito protetor, mas pode induzir efeitos
tóxicos. Estudos dose-resposta são necessários para se obter a concentração que
produza o melhor resultado sem demonstrar reações adversas e, assim, uma avaliação
toxicológica faz-se necessária para atingir tal objetivo.
Considerando o alecrim como uma fonte potencial de compostos fenólicos
com propriedades biológicas já bem relatadas na literatura, a hipótese desse trabalho
foi de que os compostos fenólicos presentes no alecrim podem atuar sobre o estresse
oxidativo e parâmetros bioquímicos de ratos diabéticos induzidos por estreptozotocina
(STZ), retardando o aparecimento ou a progressão das complicações crônicas do
diabetes; e que parte desses efeitos é atribuída às suas propriedades antioxidantes.
20
3. OBJETIVOS
Geral:
./ Estudar o efeito dos compostos fenólicos presentes no alecrim (Rosmarinus
officinalis L.) sobre as enzimas antioxidantes e os parâmetros bioquímicas do
sangue de ratos diabéticos induzidos por estreptozotocina (STZ).
Específicos:
./ Caracterizar a amostra a ser estudada e identificar os ácidos fenólicos presentes no
alecrim (Rosmarinus officinalis L.) .
./ Avaliar in vitro a atividade antioxidante dos extratos e frações obtidos das folhas de
alecrim nos sistemas modelos: !)-caroteno/ácido linoléico, varredura do radical
DPPH e ORAC .
./ Avaliar o efeito do extrato aquoso de alecrim administrado durante 30 e 60 dias
sobre as enzimas antioxidantes de ratos diabéticos induzidos por estreptozotocina .
./ Avaliar o efeito do extrato aquoso administrado durante 60 dias sobre parâmetros
bioquímicos de ratos diabéticos induzidos por estreptozotocina.
21
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Material
4.1.1 Amostras
As amostras de alecrim (Rosmarinus officinalis L.) foram adquiridas no
comércio local da cidade de São Paulo/SP. As amostras foram trituradas em moinho
analítico (modelo I KA A 11 basic, Wilmington, USA) à temperatura ambiente, passadas
por tamis 32 mesh e mantidas em freezer a -20°C até posteriores análises.
4.1.2 Animais
Foram utilizados ratos (Rattus novergicus, var. albinus) machos da linhagem
"Wistar", com 45 dias de vida, pesando entre 220 e 240g, provenientes do Biotério de
Produção e Experimentação da Faculdade de Ciências Farmacêuticas e do Instituto de
Química/USP.
4.2 Métodos
4.2.1 Preparação dos extratos etéreo, alcoólico e aquoso
Os extratos de alecrim foram obtidos pelo método de extração seqüencial
com solventes de diferentes polaridades a partir da amostra triturada, segundo Moreira
e Mancini-Filho (2003).
A Figura 8 mostra o fluxograma de obtenção dos extratos. Inicialmente, foi
feita extração com éter etílico na proporção de 1:5 (g da amostra:solvente) durante 1 h
em agitador magnético (modelo R015 power, IKA®, Staufen, Alemanha), à temperatura
ambiente. A solução foi filtrada a vácuo em funil Büchner, obtendo-se o extrato etéreo
(EEt), e o resíduo recuperado (após secagem à temperatura ambiente) foi extraído com
álcool etílico, na mesma proporção de 1 :5, também sob agitação por 1 h e depois
filtrado a vácuo para se obter o extrato alcoólico (EAI). Por fim, o resíduo formado foi
seco e extraído, desta vez com água destilada, sob as mesmas condições dos extratos
anteriores; obtendo, assim, o extrato aquoso (EA).
~ 20 9 amostra J 100 mL éter etílico (1 :5) 1 h de agitação Filtração a vácuo
Sobrenadante
EEt
Sobrenadante
EAI
Sobrenadante
EA
Figura 8 - Fluxograma da obtenção dos extratos de alecrim.
4.2.2 Extração e hidrólise de ácidos fenólicos
I
I
I
Resíduo J Álco( 1 h d Filtra
I etílico (1 :5) e agitação ção a vácuo
Resíduo J Águc 1 h d Cent Filtra
(1 :5) e agitação fugação
ção a vácuo
Resíduo J
22
Um grama de amostra de alecrim previamente desengordurada foi extraído 6 vezes
em Ultra-Turrax (modelo DI 25 basic, IKA® , Staufen, Alemanha) por 1 minuto com 20 mL
de tetraidrofurano (THF), à temperatura ambiente, e protegido da luz (Figura 9). As frações
obtidas foram combinadas, desidratadas com sulfato de sódio anidro e o solvente existente
foi evaporado em evaporador rotativo (B525, Micronal, São Paulo, Brasil) sob vácuo, a
30°C. O concentrado foi ressuspenso em 5 mL de metanol e transferido para frasco âmbar.
Esta fração foi analisada para os ácidos fenólicos livres (AFL).
O resíduo restante foi novamente extraído 6 vezes em Ultra-Turrax com uma
solução de metanol:acetona:água (1:1 :1), à temperatura ambiente; em seguida as frações
obtidas foram filtradas. Os filtrados combinados foram evaporados em evaporador rotativo
sob vácuo a 40°C até a fase aquosa. A suspensão aquosa e novamente o resíduo
23
formado foram hidrolisados com volume igual e 20 mL de NaOH 4 N, respectivamente, por
4 h sob fluxo de nitrogênio, à temperatura ambiente, e protegidos da luz. Posteriormente, o
pH das soluções foi ajustado com HCI 6 N para 2. Após a acidificação, os sobrenadantes
foram extraídos 5 vezes com hexano com a finalidade de remover ácidos graxos livres e
outros lipídios contaminantes. Os ácidos fenólicos liberados da fração solúvel e insolúvel
foram, então, re-extraídos separadamente 6 vezes com éter etílico:acetato de etila:THF
(1:1 :1). Ao final de cada extração, as frações foram combinadas, desidratadas com sulfato
de sódio anidro, filtradas, evaporadas em evaporador rotativo sob vácuo a 40°C e, em
seguida, ressuspensas em 5 mL de metanol, as quais foram analisadas para ácidos
fenólicos liberados das frações de ésteres solúveis (AFS) e de insolúveis (AFI).
Todas as frações permaneceram em freezer (-20°C) até posteriores análises
cromatográficas e determinação da atividade antioxidante.
Amostra desengordurada
Ext ro,;ã:; c em THF (t et rdl idrofurmo)
ISOBRENA.DANTE I RESíDUO I I I
Exi rCIJ;OO cem rnet aro L ocet m a e ágUJ. ce:nt r ifugooo
[ __ ........ 1 ................ _______ .... SOBRE~,I.A.DANTE I
Cm cent raç,"ib h ti rói ise alool in acid if iooç0o
: FASE A QUÓS:4j J &1 ,~oo ~m h e~o ext rat os : FA ~E 4QUOS 4)
... ; .• ~ I . I !
E~;TOJ
Des id rat cção sulfolo sódio cnidro
ÁCIDOS FEt~ÓLICOS
LIVRES
'~~:_. ]~~·~ •. ~~.~···~E/~.ITH F
! EX TPv4.T Os i , ! i DE/EA/THF! , ................. _._ ... _ .... .1
Desid rol cção su lfat o de sód io on idro
ÁCIDOS
, :EE~~~;! SOLÚVEIS j
I RESíDUO I ,
hid r ólise alcol irrJ. oc idifk:cção ce:nt r ifiJgcção
SOBREt'L4.DANTE I Resíduo ,
Ext ro:;oo rorn he >:JXlO
FASE AQUOSA I hex.om ... Ext ro.ção E/ EAITH F
EXT RATO sl DE/ EAlTHFI ,
Desidrol cção su lfato s.:.::tio ond ro
ÁCIDOS FENÓLICOS LIGAt~TES
INSOLÚVEIS
Figura 9 - Fluxograma de obtenção das frações de ácidos fenólicos.
4.2.3 Compostos fenólicos
24
Os fenólicos totais foram determinados seguindo a metodologia descrita por
Swain e Hills (1959) .
Após a obtenção dos extratos (EEt, EAI e EA) e das frações (AFL, AFS e AFI)
de alecrim , foram tomados 0,5 mL de cada, adicionados 8 mL de H20 destilada e 0,5 mL
de reagente Folin Ciocateau. A solução foi homogeneizada e, após 3 minutos, foi
acrescentado 1 mL de solução saturada de NaC03. Decorrida 1 h de repouso da
solução, foram realizadas as leituras das absorbâncias em espectrofotômetro
SPECTRONIC ® 20 GENESYS ™ (Rochester, USA) a 720 nm. Paralelamente, foi feita
../ li ti l. C. i ~ ," 1-ij •. llllJfi:, .1r. l~ AI I. . ;"i' L..:I":' .1 \. ~1.I1. . 1 ..
" l.Ir,)~·~ · ~ ':": .;~ -,'-; \.~ ~,1~ ?A' ... IO 25
uma CUNa padrão com ácido gálico, nas concentrações de 2; 5; 10; 15 e 20 ~lg . Os
resultados das amostras foram expressos em equivalente de ácido gálico.
4.2.4 Identificação dos ácidos fenólicos
Os ácidos fenólicos livres, ésteres solúveis e ligantes insolúveis de ácidos
fenólicos foram identificados por cromatografia a gás (CG), empregando-se a
metodologia descrita por Orabrowski e Sosulski (1984), com modificações descritas por
Moreira e Mancini-Filho (2003).
4.2.4.1 Derivatização
Os ácidos fenólicos liberados das frações obtidas (0,25 mL) foram
transferidos para frascos contendo 0,1 mL de padrão interno (éster metila de ácido
heptadecanóico) e o metanol foi evaporado com nitrogênio, antes do processo de
sililação realizado pela adição de 0,2 mL de BSA (N , O-Bis (trimetilsilil)-acetamina). Este
processo de derivatização fez-se necessário a fim de esterificar os ácidos fenólicos para
melhor separação por cromatografia gasosa. Para a completa sililação, a solução foi
incubada a 60°C por 30 min; obtendo-se, portanto, as amostras prontas para serem
injetadas no cromatógrafo.
4.2.4.2 Equipamentos
As determinações cromatográficas foram realizadas em cromatógrafo a gás
(modelo GC 17 A, Shimadzu, Kyoto, Japão), equipado com detector de ionização de
chama.
A separação foi feita em coluna capilar de sílica fundida J&W - (OB5 - 5 %
fenil-metilpolisiloxano - 30 m x 0,25 mm x 0,25 ~lm) . x 0,25 ~lm, USA).
26
4.2.4.3 Condições cromatográficas
As condições para a identificação dos ácidos fenólicos obedeceram a
seguinte programação:
- Gradiente de temperatura: iniciou-se com 150°C, permanecendo isotérmica
durante 3 mino Finalizado este período, a temperatura foi programada para aumentar,
aquecendo 5 °C/min., até 300°C, permanecendo isotérmica, nesta mesma temperatura,
por mais 3 mino
- Temperatura da câmara injetora: 310°C
- Temperatura do detector: 320 °C
- Gás de arraste: He
- Fluxo: 1 mUmin.
- Razão de divisão da amostra no injetor (Split): 1/50
- Volume de injeção: 1 JlL
As áreas dos picos foram calculadas por um integrador GC Wortkstation Class
GC-10 (Shimadzu).
4.2.4.4 Identificação dos picos
As áreas dos picos foram calculadas por um integrador modelo GC
Wortkstation Class-GC-10 (Shimadzu, Kyoto, Japão) . Os ácidos fenólicos foram
identificados comparando os tempos de retenção com padrões da marca Sigma
(caféico, cinâmico, clorogênico, elágico, ferúlico, gálico, gentíssico, o-cumárico, p
cumárico, pirogálico, protocatequínico, quínico, salicilico, sináptico, t-cinâmico e
vanílico), baseando-se no padrão interno.
4.2.5 Atividade antioxidante em sistema modelo p-caroteno/ácido linoléico
Os procedimentos de análise foram realizados de acordo com o método
descrito por Miller (1971), adaptado por Moreira e Mancini-Filho (2003). Neste método,
os produtos de degradação do ácido linoléico pela oxidação, devido a diferentes
indutores (oxigênio, luz, calor), são medidos indiretamente pela taxa de destruição
oxidativa do p-caroteno, determinada por espectometria a 450-470 nm. A queda na
27
leitura da densidade óptica das amostras é correlacionada com o controle (sem
antioxidante) , considerado como 100% de oxidação.
Para o preparo do meio emulsionado, adicionaram-se 0,02 mL de solução (3-
caroteno (20 mg/mL de clorofórmio) , 0,04 mL de ácido linoléico, 530 mg de
emulsificador Tween 40 e 1 mL de clorofórmio. Posteriormente, o clorofórmio foi
totalmente evaporado com nitrogênio gasoso. Por fim, foram acrescidos 100 mL de
água destilada previamente saturada com oxigênio num período de 30 minutos,
agitando-se vigorosamente. O meio apresentou-se límpido, com absorbância entre 0,6
e 0,7 em 470 nm. Alíquotas de 5 mL desta emulsão foram transferidas para tubos
espectrofotométricos contendo os extratos (EA e EAI) ou as frações (AFL, AFS e AFI)
obtidos das folhas de alecrim , em diferentes concentrações. O BHT foi utilizado como
padrão, na concentração de 10 mg/100 mL MeOH. Todas as determinações foram
feitas em triplicata e acompanhadas de um controle sem antioxidante. Os valores da
densidade óptica foram obtidos no período de 120 minutos a intervalos de 15 minutos,
enquanto as amostras eram mantidas em banho-maria a 50°, em espectrofotômetro
(modelo SPECTRONIC ® 20, GENESYS TM , Rochester, USA). Os resultados foram
expressos em percentual de inibição da oxidação, dados pelo seguinte cálculo: o
decaimento da densidade óptica do controle (Absco - Abscf) foi considerado como 100 %
de oxidação. A partir desta relação, o decréscimo na leitura da absorbância das
amostras foi correlacionado com o controle; estabelecendo-se, deste modo, o
percentual de inibição da oxidação das amostras antioxidantes pela equação:
% de Oxidação = (Abs amostra X 100)/ Abs controle
% de Inibição da oxidação = 100 - % de Oxidação
4.2.6 Atividade antioxidante em sistema de varredura de radicais livres (DPPH-)
A atividade antioxidante dos extratos e das frações de alecrim foi também
avaliada pelo ensaio DPPH·, segundo Blois (1958) e Brand-Willians et aI. (1995) , que
tem por base a redução do radical 2,2 difenil-1-pricril-hidrazil (DPPH·). Ao fixar um H·,
removido do antioxidante em estudo, observou-se diminuição da absorbância, o que
28
permitiu calcular, após o estabelecimento do equilíbrio da reação, a quantidade de
antioxidante gasta para reduzir 50% do radical. Uma alíquota de 0,5 mL de amostra,
contendo diferentes concentrações de extratos ou frações, foi adicionada a 1,5 mL de
solução metanólica de DPPH· 6x10-5 moi/L. Todas as determinações foram
acompanhadas de um controle sem antioxidante e comparadas ao antioxidante
sintético BHT. A redução do radical DPPH· foi medida a 515 nm em espectrofotômetro
(SPECTRONIC ® 20 GENESYS TM, Rochester, USA) após 30 minutos de repouso. O
decréscimo nos valores de densidade óptica das amostras foi correlacionado com os do
controle e estabelecido o percentual de descoloração do radical DPPH·, expresso pela
equação:
% de proteção = (Abscontrole - Absamostra) / Abscontrole x 100
4.2.7 Atividade antioxidante pelo método ORAC
As amostras de alecrim também foram avaliadas pelo método ORAC (Oxigen
radical absorbance capacity assay) , desenvolvido por Cao e colaboradores (1993), que
determina por fluorescência o potencial antioxidante de um composto. Esse método
consiste na análise de soluções de amostras ou padrões misturados com uma solução
de fluoresceína , adicionado por uma solução de AAPH (2,2'-azobis (2-amidinopropane)
dihydrochloride) , gerador de radical livre que reage com a fluoresceína . Através da
medida de intensidade de fluoresceína, obtêm-se a capacidade antioxidante da
amostra, sendo que, na presença de compostos antioxidantes, o decaimento da
fluorescência é inibido (CAO; ALESSIO; CULTER, 1993).
Para a realização do ensaio foram adicionados, em cada cavidade da placa
(Fisher Scientific, Hanover Park, IL), 25 ~lL de padrão (Trolox® 1 00 ~lM) ou amostra, em
concentrações diferentes, e 150 ~lL de fluoresceína 40 nM, incubados a 3rC, por 30
minutos. Em seguida, colocaram-se 25 ~lL de AAPH 153 mM nas cavidades do controle,
que continha apenas tampão fosfato 75 mM pH 7,0, do padrão e das amostras. Após a
adição do AAPH foi agitado por 10 segundos com intensidade máxima e realizada a
leitura a cada 1 minuto, por 1 hora, em Leitor de Placas (Multi - Detection microplate
29
reader Synergy - BIOTEK), excitação em 493 nm (filtro 485/20) e emissão em 515 nm
(filtro 528/20) .
O valor final foi calculado através da equação de regressão entre a
concentração de Trolox® e a área sob a curva de decaimento de fluorescência (AUC),
sendo expresso o resultado em micromoles equivalentes de Trolox®/ g da amostra. A
interpretação dos resultados é feita conforme a intensidade de fluorescência é mantida,
ou seja, quanto maior o tempo de decaimento da fluoresceína pela presença da
amostra, maior é a capacidade antioxidante da mesma.
4.2.8 Avaliação da atividade antioxidante in vivo
4.2.8.1: Efeito da administração do extrato aquoso de alecrim por 30 dias em ratos
diabéticos
4.2.8.2 Indução do diabetes
O estudo utilizando animais de laboratório foi previamente aprovado pela
Comissão de Ética em Experimentação Animal (Anexo 6) da Faculdade de Ciências
Farmacêuticas/USP.
Foram utilizados ratos (Rattus novergicus, var. albinus) machos da linhagem
"Wistar", com um mês e 15 dias de vida , pesando entre 220 e 240g, provenientes do
Biotério de Produção e Experimentação da Faculdade de Ciências Farmacêuticas e do
Instituto de Química/USP, submetidos ao jejum por 16h, recebendo água ad libitum. O
diabetes foi induzido pela injeção de estreptozotocina marca Sigma (STZ, 40mg/Kg de
peso, por via endovenosa) , dissolvida em tampão citrato 0,01 M, pH 4,5. Os animais
controle receberam o mesmo volume apenas do tampão citrato. A glicemia foi avaliada
após 72h, sendo considerados diabéticos os animais que apresentaram glicemia de
jejum igualou superior a 250 mg/dL. O sangue foi coletado na veia da cauda e a
glicemia foi determinada com o uso de glicosímetro Accu-Check Go (Rache Diagnostics
GmbH, D-68298 Mannheim, Germany).
Os animais controle e diabéticos foram mantidos em gaiolas individuais, à
temperatura de 22 a 25°C, em ciclo claro/escuro de 12 h, tendo acesso livre à água e à
30
ração comercial peletizada Nuvilab CR-1 irradiada (as especificações da ração
oferecida aos animais encontram-se no Anexo 1).
Os animais foram distribuídos da forma apresentada na Figura 10:
Grupos
(n:40 animais)
! J ! ! Controle 0-H 2O 0-25 O-50 0-100
água água 25 mg/Kg 50 mg/Kg 100 mg/Kg
Figura 10 - Distribuição dos grupos experimentais.
Após administração, tanto no grupo de animais saudáveis (Controle) como
nos diabéticos (D-H20), que receberam água, por via oral (v.o.), ou nos diabéticos
tratados com extrato aquoso de alecrim nas concentrações 25 mg/Kg (0-25) , 50 mg/Kg
(O-50) ou 100 mg/Kg (0-100) (n= 8 animais/grupo) , durante 30 dias, os animais foram
sacrificados e, então, foi coletado o sangue para a determinação da hemoglobina
glicada pelo método de troca iônica, utilizando kit comercial (Labtest®). O fígado e
cérebro foram coletados para a análise da atividade das enzimas antioxidantes.
4.2.8.3 Separação do fígado e cérebro
Os animais foram anestesiados com injeção intraperitonial de uma mistura de
cetamina (90 mg/Kg) e xilazina (10 mg/Kg), dose recomendada pelo Biotério de
Produção e Experimentação da Faculdade de Ciências Farmacêuticas e do Instituto de
Química/USP.
O sangue foi coletado para a determinação da hemoglobina glicada e, em
seguida, o cérebro e fígado foram perfundidos com solução NaCI 0,9 %. Tanto o tecido
cerebral quanto o hepático foram separados para a quantificação da atividade
enzimática.
31
4.2.8.4 Preparo dos homogeneizados dos tecidos cerebral e hepático
O cérebro foi homogeneizado, em homogeneizador tipo Potter-Elvehjem, com
um volume de tampão fosfato de potássio 0,1 M pH 7,0 igual a quatro vezes o valor
absoluto da massa da amostra. O homogeneizado foi centrifugado a 1.010 x g por 20
min à temperatura de 4°C. 1 mL do sobrenadante foi novamente centrifugado a 11 .000
x g por 15 min a 4°C, empregando-se o novo sobrenadante para a determinação da
atividade enzimática da SOO, GPx e GR.
Fragmentos do fígado perfundido foram então homogeneizados com tampão
fosfato de potássio 0,1 M pH 7,0 igual a três vezes o valor absoluto da massa da
amostra. O homogeneizado foi centrifugado também a 1.010 x g por 20 mino à
temperatura de 4°C. Em seguida, foi tomado 1 mL do sobrenadante e, novamente,
centrifugado a 11 .200 x g por 20 mino a 4°C. O novo sobrenadante obtido foi agora
centrifugado em ultracentrífuga a 105.000 x g por 60 mino a 4°C, obtendo-se a fração
citosólica para a determinação da atividade das enzimas antioxidantes: SOO, CAT, GPx
eGR.
4.2.8.5 Determinação da atividade das enzimas antioxidantes
Superóxido Dismutase (SOD)
A atividade da SOO citoplasmática foi avaliada de acordo com a metodologia
de McCord e Fridovich (1969) , que verifica a produção dos ânions peróxidos produzidos
pela xantina oxidase em presença da xantina. O ânion superóxido produzido reduziu o
citocromo c e esta redução foi medida pelo aumento da densidade óptica a 550 nm
numa temperatura de 25°C. O volume de xantina oxidase que foi utilizado na reação foi
determinado em um branco, na ausência da SOO; obtendo-se, desta, uma variação na
absorbância, a 500 nm, entre 0,0250 e 0,0300/min. O meio de reação foi composto por
citocromo c 1 00 ~lM , xantina 500 ~lM, EOTA 1 mM e KCN 200 ~lM em tampão fosfato de
potássio 0,05 M pH 7,8. A 1 mL do meio, em cu beta de vidro, foram adicionados xantina
oxidase (volume encontrado no branco) e 15 ~lL da fração citosólica de cada tecido. A
medição foi feita em duplicata. Os resultados foram expressos em U/mg de proteína.
32
Entendeu-se por uma unidade (U) a atividade da enzima que promoveu 50 %
de inibição da reação da xantina a 25°C em pH 7,8.
Catalase (CAT)
A CAT propicia a oxidação do peróxido de hidrogênio a H20 e O2. A
metodologia empregada foi descrita por Beutler (1975) , quantificando a velocidade de
decomposição do peróxido de hidrogênio pela enzima, mediante o decréscimo da
densidade óptica a 230 nm (coeficiente de extensão molar 0,0071 nM-1.cm-1) a 37°C. O
meio de reação foi composto por H20 2 10 mM (10 ~lL de peridrol 30 % em 10 mL de
H20 miliQ) e tampão Tris HCI 1 M EDT A 5 mM pH 8,0. Para a reação, foram utilizadas
duas diluições, ou seja , 15 ~lL do homogeneizado mais 985 ~lL do meio e 20 ~lL também
do homogeneizado adicionados a 980 ~lL do meio. As amostras (frações citosólicas)
foram incubadas a 37°C e realizadas leituras das absorbâncias a cada um minuto
durante 6 mino Os resultados foram expressos em U/mg de proteína.
Uma unidade (U) da catalase correspondeu a atividade da enzima que
realizou a hidrólise de 1 ~lmol de H20 2 por minuto a 37°C em pH 8,0.
Glutationa Peroxidase (GPx)
A atividade da GPx na fração citosólica foi determinada pela metodologia
padronizada por Sies (1979) . Este método fundamenta-se na medição do decaimento
da densidade óptica, a 340 nm, promovido pela oxidação do NADPH a 30 °C
(coeficiente de extinção molar igual a 6,22 nM-1.cm- 1) durante a redução da glutationa
oxidada (GSSG) catalisada pela glutationa redutase. O meio de reação contém
glutationa 1 mM, GR 0,1 U/mL, NADPH 20 mM, EDTA 5 mM pH 7,0 e tampão fosfato
de potássio 0,1 M pH 7,0. Inicialmente, tomou-se 1 mL deste meio, acrescentando-se
1 ° ~lL de cada amostra (fração citosólica) , em triplicata, incubando esta solução a 30 °C
durante um minuto. Após este tempo, foram adicionados à solução 1 ° ~lL de peróxido
de terc-butila 0,5 mM (apenas em duas cubetas), novamente a solução foi incubada e
as leituras realizadas a cada minuto num período de 6 mino Os resultados foram
expressos em U/mg de proteína.
33
Uma unidade (U) da enzima foi definida como atividade da enzima que oxidou
1 ~lmol de NADPH por minuto a 30 °C em pH 7,0.
Glutationa Redutase (GR)
A GR catalisa a redução da GSSG pela oxidação do NADPH, medição feita
em espectrofotômetro a 340 nm em 37°C (coeficiente de extinção molar 6,22 nM-1.cm-
1) (SIES, 1979). O meio de reação foi composto tampão fosfato de potássio 0,1 M pH
7,0, EDTA 5 Mm, GSSG 0,1M e NADPH 20 Mm. O ensaio foi realizado em duplicata,
foram tomados 50 ~lL da amostra e adicionados a 970 ~lL de meio, incubados a 30 °C e
realizadas leituras a cada minuto durante seis minutos. Os resultados foram expressos
em U/mg de proteína.
Uma unidade (U) de enzima foi definida como a atividade da enzima que
oxidou 1 ~lmol de NADPH por minuto, em pH 7,0.
Quantificação de proteínas nos tecidos
A determinação do conteúdo de proteínas presente nos tecidos cerebral e
hepático foi realizada segundo o método de Bradford (1985). Foi feita uma curva padrão
de proteína com solução padrão de albumina.
4.2.9 Efeito da administração do extrato aquoso de alecrim por 60 dias em ratos
diabéticos
O segundo ensaio foi realizado nas mesmas condições empregadas no
primeiro ensaio (item 4.2.8.1), mantendo-se as concentrações do extrato aquoso (EA)
de alecrim administradas aos animais (25, 50 e 100 mg/Kg), todavia , os ratos foram
expostos ao diabetes por 60 dias.
Além da avaliação das enzimas antioxidantes nos tecidos hepático e cerebral,
foi feita também a determinação no tecido renal. Os rins foram coletados e o
homogeneizado foi preparado nas mesmas condições do cérebro (item 4.2.8.4).
Para investigar melhor os efeitos do EA de alecrim sobre o metabolismo dos
animais diabéticos, foram realizadas as seguintes análises bioquímicas no soro desses
animais: determinação de creatinina, uréia, proteínas totais, albumina, triglicérides,
34
colesterol total, colesterol HOL e das enzimas hepáticas amino transferases (AST e
AL T). Todas as determinações foram feitas utilizando kit comercial (Labtest®).
4.3 Análise estatística
Para o tratamento estatístico dos dados foi utilizada a análise de variância
(ANOVA), seguida do teste Tukey, usando-se o software Prism 4.0 (GraphPad) . Os
dados foram expressos como média e desvio padrão, adotando um nível de
significância de p<O,05.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Caracterização química
BIBLIOTECA Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Universidade de São Paulo 35
As especiarias são reconhecidas como fontes potenciais de compostos
fenólicos. Estes compostos foram quantificados nos extratos etéreo, alcoólico e aquoso
como também nas frações de ácidos fenólicos (AFL, AFS e AFI) obtidos das folhas de
alecrim. Os resultados apresentados na Tabela 1 mostram que o alecrim contém uma
quantidade expressiva desses constituintes, um dado já bem estabelecido para
algumas especiarias e essencial na avaliação do potencial antioxidante.
Os resultados encontrados neste trabalho estão de acordo com os valores
obtidos no laboratório de Lípides da FCF/USP (CINTRA, 1999) e mostram que o extrato
aquoso apresenta quantidade de fenólicos totais (30,70 mg/g de amostra) superior aos
demais extratos. Uma quantidade significativa também pode ser observada nas frações
de ácidos fenólicos. Dados aproximados foram encontrados por Ninfali et a/o (2005)
quando avaliaram a quantidade de fenólicos totais e a capacidade antioxidante de
vegetais e especiarias.
Tabela 1 - Quantidade de fenólicos totais de extratos e frações de ácidos fenólicos
obtidos das folhas de alecrim expressa por mg de equivalente de ácido gálico.
Extratos e Frações
Etéreo (EEt)
Alcoólico (EAI)
Aquoso (EA)
Ácidos fenólicos livres (AFL)
Ácidos fenólicos solúveis (AFS)
Ácidos fenólicos insolúveis (AFI)
Os dados representam média e desvio padrão.
mg/g de amostra
16,68 ± 0,03
11 ,44 ± 0,01
30,70 ± 0,02
19,15 ± 0,02
23,90 ± 0,05
10,14 ± 0,03
A classe dos compostos fenólicos tem sido muito estudada devido sua
influência na qualidade dos alimentos, como também das suas propriedades em
sistemas biológicos. Englobam grande quantidade de substâncias, entre elas os ácidos
fenólicos (SOARES, 2002).
36
A atividade antioxidante de extratos de plantas, como já citada anteriormente,
está associada a esses compostos. Extratos de alecrim apresentam três grupos
principais: diterpenos fenólicos, flavonóides e ácidos fenólicos. O ácido carnósico, o
carnosol e o ácido rosmarínico, um éster do ácido hidroxicinâmico, são os principais
compostos antioxidantes presentes no alecrim (ALMELA et ai., 2006), além dos ácidos
caféico e ferúlico.
Dessa forma, o alecrim, pertencente à família Lamiaceae, é visto por ser uma
fonte rica e promissora de antioxidantes naturais. A Tabela 2 traz o teor de ácidos
fenólicos das frações de alecrim. Os cromatogramas (Anexos 2, 3 e 4) mostram os
picos cromatográficos dos ácidos fenólicos identificados em cada fração (AFL, AFS e
AFI) , entre eles: ácido salicílico, protocatecuíco, quínico, elágico, ferúlico e caféico.
Tabela 2 - Teor de ácidos fenólicos livres e de esterificados solúveis e insolúveis
individuais presentes na amostra de alecrim.
Ácidos fenólicos AFL AFS AFI
Salicílico 890 460 436
Protocatecuíco 63 32
Quínico 23,5
Elágico 30,2
Ferúlico 224 67
Caféico 109 31
* Resultados expressos em mg/100g de amostra seca.
5.2 Atividade antioxidante in vitro
A atividade antioxidante dos extratos de alecrim depende da sua composição
de fenólicos e tem sido determinada por vários métodos em diferentes sistemas: lipídico
e aquoso, para avaliar os diversos mecanismos de ação, desde o potencial antirradical,
como quelantes de metais ou pelo rompimento de cadeia (DEL BANO et aI., 2006) .
Neste estudo, os extratos e frações foram avaliados em dois sistemas:
sistema j3-caroteno/ácido linoléico e varredura do radical DPPH.
37
5.2.1 Sistema f3-caroteno/ácido Iinoléico
A capacidade em inibir a oxidação do f3-caroteno no sistema pelos extratos e
frações de alecrim é apresentada na Tabela 3.
Pelos resultados pôde-se identificar que tanto o extrato alcoólico como o
extrato aquoso agiram como antioxidantes, inibindo a oxidação, e, quando comparados
ao antioxidante sintético BHT (10 e 20 ~Lg) , apresentaram o mesmo percentual de
proteção, em torno de 70% e 80% na menor (500 ~Lg) e maior (1 .000 ~Lg) concentração,
respectivamente. Os mesmos resultados foram obtidos por Cintra (1999) quando
investigou o efeito antioxidante das especiarias: salsa, cebolinha verde, orégano e
alecrim, no mesmo sistema. Esses dados refletem a utilização de antioxidantes obtidos
de fontes naturais em substituição aos sintéticos.
Proteção ainda maior foi observada no estudo com as frações (AFL, AFS e
AFI) . Em quantidades bem menores, apenas cinco vezes maior do que as
concentrações utilizadas de BHT (10 e 20 ~Lg), a fração AFI (tanto com 50 como 100 ~Lg)
apresentou os melhores resultados de proteção, mesmo assim , vale ressaltar que as
demais frações na maior concentração (1 00 ~Lg) obtiveram valores de proteção acima
de 50%. Isso se deve à sua composição em ácidos fenólicos, ficando clara a correlação
existente entre a quantidade de substâncias fenólicas e sua atividade antioxidante. É
exatamente isso que caracteriza um antioxidante, segundo Halliwell e Gutteridge
(1989) : substâncias que, quando presentes em baixas concentrações em relação ao
substrato oxidável , retardam ou inibem significativamente a oxidação daquele substrato.
38
Tabela 3 - Atividade antioxidante dos extratos aquoso e alcoólico e das frações AFL,
AFS e AFI obtidos das folhas de alecrim em sistema /3-caroteno/ácido linoléico.
Extratos 500 Jl9 1.000 Jl9
EA 69,94 ± 0,80 80,93 ± 0,60
EAI 69,17 ± 1,90 81,50 ± 0,40
Frações 50 Jl9 100 Jl9
AFL 64,32 ± 0,05 70,55 ± 0,60
AFS 41,01 ± 0,40 53,85 ± 0,30
AFI 81,53 ± 0,80 88,76 ± 1,00
Antioxidante sintético 10 Jl9 20 Jl9
BHT 83,53 ± 0,40 88,94 ± 0,30
Análises realizadas em triplicata e resultados expressos em média e desvio padrão.
5.2.2 Sistema de varredura do radical DPPH·
A maioria dos métodos para avaliação da atividade antioxidante in vitro de
compostos fenólicos é baseada na capacidade destes em varrer radicais livres do meio
pela rápida doação de um átomo de hidrogênio para estes radicais (GIADA e MANCINI
FILHO, 2004).
A capacidade antirradical dos extratos e frações de alecrim foi determinada pelo
método de varredura do radical DPPH, que consiste na transferência de elétrons de um
composto antioxidante para o radical, sendo um método interessante para investigar
substâncias antioxidantes com propriedade antirradical. Num estudo realizado por Brand
Williams et aI. (1995), os ácidos caféico, gentíssico e gálico demonstraram elevada
atividade antirradical com estequiometria de 4-6 moléculas de DPPH reduzido por cada
molécula de antioxidante.
Os resultados obtidos, tanto para os extratos como para as frações, encontram
se na Figura 11. A partir de uma curva construída utilizando seis concentrações distintas
(2,5; 5; 10; 20; 40 e 80 ~Lg) de cada extrato e fração foi calculado o IC5o, que corresponde à
quantidade de antioxidante requerida para um decréscimo de 50% na concentração inicial
do radical DPPH.
39
Os resultados demonstram que o alecrim contém constituintes com
propriedade antioxidante e, por isso, justifica-se seu crescente uso na indústria de
alimentos e o interesse em se investigar mais outras propriedades ligadas à sua
capacidade antioxidante.
Almela et aI. (2006), analisando amostras de alecrim com diferentes formas
de tratamento por HPLC e pelo método do DPPH, observaram que a amostra fresca
apresentou atividade antioxidante idêntica ao ó-tocoferol e mais elevada do que o BHT,
com resultados obtidos a partir do cálculo de IC50 similares aos encontrados no
presente estudo, no qual os extratos e frações apresentaram valores de IC50 próximos
ao BHT (8,8 ~lg); merecendo destaque a fração de ácidos fenólicos insolúveis (AFI),
com valor de IC50 igual a 7,3 ~lg, mais eficiente do que o próprio BHT.
Nem sempre é possível fazer correlação entre os diversos métodos de
avaliação do potencial antioxidante, entretanto, a fração de AFI também apresentou a
melhor proteção no sistema l3-caroteno/ácido linoléico.
40
100
~~---:I: a. a. 75 O iii (.)
'õ ~ O
"C 50
~ :::l
"C
ê
"1 11 ICso
<11 > Q) --EEt 15,93
"C
~ ···-- EAI 16,38 Q
--EA 17,47
0.J --BHT 8,80
i i i i i I I I I O 10 20 30 40 50 60 70 80
Concentração (J.lg)
100
I ------=:::4 m
:I: a. a. O 75
iii (.)
'õ ~ o -o 50
~ :::l
rll í "C ICso ê <11
25
1 , --AFL 11 ,35 > Q)
-o --AFS 13,96 cft. '" --AFI 7,30
--BHT 8,80 O
I I I I I I I I I o 10 20 30 40 50 60 70 80
Concentração (J.lg)
Figura 11 - Atividade antioxidante e valores de IC50 dos extratos etéreo, alcoólico e aquoso e frações de ácidos fenólicos livres, solúveis e insolúveis obtidos das folhas de alecrim em sistema de varredura do radical OPPH·,
41
5.2.3 Atividade antioxidante pelo método ORAC
O método ORAC (ensaio de capacidade de absorbância do radical oxigênio)
também é um método que se baseia na capacidade de varredura de radicais livres e,
portanto, vem sendo bastante utilizado nos estudos de atividade antioxidante (GIADA e
MANCINI-FILHO, 2004), inclusive para ervas e especiarias.
Avaliando os extratos e frações de alecrim (Tabela 4) , foi observado que esta
especiaria apresenta altos valores de ORAC, que variou de 2.562,86 ± 211 ,56, para o
extrato aquoso, a 8.230,65 ± 260,81 ~lmoles equivalentes de Trolox®/ 9 de peso seco,
para a fração AFI. Este resultado mostra que o sinergismo entre os compostos
presentes nessa fração e na AFS apresenta capacidade antioxidante maior do que o
Trolox, que é de 4.000 ~Lmoles nessas condições de ensaio. A fração AFI apresentou
os melhores resultados em relação às demais, tanto no sistema j3-caroteno/ácido
linoléico (88,76% de inibição à oxidação), como também o menor valor de ICso (7,30 ~lg)
no sistema de varredura do radical DPPH, mesmo comparada ao BHT (ICso : 8,80 ~Lg).
No estudo de Ninfali e colaboradores (2005) , foi investigada a capacidade
antioxidante pelo método ORAC de vegetais, ervas, especiarias e bebidas. Nas especiarias
avaliadas, a sálvia e o alecrim estavam entre aquelas que apresentaram os maiores
valores de ORAC. Esta capacidade foi correlacionada com o alto teor de compostos
fenólicos presentes nessas ervas aromáticas, como também por serem fontes de ácido
rosmarínico, um potente antioxidante natural. O mesmo potencial de atividade antioxidante
foi observado por Dorman e colaboradores (2003) quando analisaram extrato aquoso de
alecrim e de outras espécies da família Lamiaceae nos modelos de varredura do radical
DPPH, capacidade de redução de ferro, ABTS, atividade de varredura do radical hidroxila e
de inibição da oxidação da LOL.
Zheng e Wang (2001) também observaram correlação positiva entre a atividade
antioxidante do alecrim, pelo método ORAC, com seu conteúdo em compostos fenólicos.
42
Tabela 4 - Resultados de atividade antioxidante de extratos e frações de ácidos
fenólicos de alecrim expresso em micromoles equivalentes de Trolox®1 g de peso seco
do material.
Extratos e Frações
Alcoólico (EAI)
Aquoso (EA)
Ácidos fenólicos livres (AFL)
Ácidos fenólicos solúveis (AFS)
Ácidos fenólicos insolúveis (AFI)
Os dados representam média e desvio padrão.
~moles/g de peso seco
3.393,78 ± 223,65
2.562,86 ± 211,56
2.679,76 ± 144,49
4.146,94 ± 166,07
8.230,65 ± 260,81
Vale ressaltar que mesmo sendo o ORAC um método bastante utilizado nos
estudos de atividade antioxidante, ele não pode ser considerado um ensaio de atividade
antioxidante total, pois avalia apenas a capacidade de varredura de radical peroxila (OU;
HAMPSCH-WOODILL e PRIOR, 2001). É necessário, portanto, o desenvolvimento e
utilização de outros métodos para melhor caracterizar tal potencial antioxidante.
Outro ponto a ser considerado é a correlação entre os métodos avaliados. Os
resultados da atividade antioxidante dos extratos e frações de alecrim nos três métodos (f3-
caroteno/ácido linoléico, DPPH e ORAC) mostraram que tanto os extratos como as frações
de ácidos fenólicos apresentaram expressiva atividade antioxidante sem, no entanto,
apresentar correlação entre os métodos, como mostra a Figura 12.
Os mesmos resultados foram encontrados por Ou e colaboradores (2002)
que, ao analisarem amostras de vários vegetais pelos métodos ORAC e FRAP,
encontraram potencial antioxidante diferente entre as amostras e correlação positiva
entre esses dois métodos apenas para as amostras de beterraba, cebolas (roxa e
branca) e cenoura. Diferentemente desse trabalho, houve correlação positiva (r=0,91)
na capacidade antioxidante de frações de aveia avaliadas pelo ORAC e inibição da
oxidação da LDL (PRIOR e CAO, 2000).
43
20
• RZ =0,6364 16 • 12
l:PPH
8[ 4 -
O ~ O 2 4 6 8 10
ORAC
j3-caroteno
100 ,
• 80 • • ..-60 ,
• I
40
20 l RZ = 0,1451
O
O 2 4 ORAC 6 8 10
j3-caroteno
100
• 80 • •
• 60
• 40
20 I RZ = 0,0377 ,
0 1 ~--
O 5 10 15 20 DPPH
Figura 12 - Correlação entre os três métodos: 13-caroteno/ácido linoléico, DPPH e ORAC dos extratos e frações de ácidos fenólicos obtidos das folhas de alecrim.
44
A partir da caracterização da amostra de alecrim estudada no que diz respeito
ao seu conteúdo de fenólicos totais, dos ácidos fenólicos presentes nas frações AFL, AFS
e AFI e do seu potencial antioxidante in vitro, já bem consistente na literatura e com
resultados reproduzidos no presente estudo, foi proposta a investigação da propriedade
antioxidante do alecrim in vivo, sugerindo a hipótese de que o extrato aquoso de alecrim
pode atuar de forma positiva no estresse oxidativo causado pelo quadro de hiperglicemia
crônica em ratos diabéticos induzidos por estreptozotocina e que esta proteção está
associada aos seus constituintes químicos.
5.3 Atividade antioxidante in vivo
5.3.1 Efeito da administração do extrato aquoso de alecrim por 30 dias em ratos
diabéticos
Os ratos diabéticos induzidos com estreptozotocina (STZ: 40mg/Kg, e.v.)
expostos à doença por 30 dias apresentaram quadro típico de diabetes mellitus tipo I. A
destruição das células beta do pâncreas pela STZ mimetizou o estado diabético
dependente de insulina, que se caracterizou por quadro hiperglicêmico, ganho de peso
reduzido, demonstrando sinais de polidpsia e polifagia quando comparados aos animais
controle (Tabela 5). O peso corporal basal no começo do estudo foi similar em todos os
grupos. No entanto, os animais diabéticos tratados com extrato aquoso de alecrim, nas
três concentrações (25, 50 e 100 mg/Kg), não tiveram esses marcadores do estado
diabético atenuados com o tratamento.
Tabela 5 - Controle de peso (g) de ratos controle e diabéticos tratados com água ou
extrato aquoso de alecrim por 30 dias.
Grupos Peso Inicial (g)
Controle 287,02 ± 14,28
0-H2O 288,36 ± 15,98
0-25 286,64 ± 22,58
O-50 285,31 ± 19,94
0-100 286,91 ± 12,89
Média e desvio padrão, *p<O,05 vs Controle.
Peso final (g)
373,70 ± 25,40
315,91 ± 23,10
318,89 ± 32,77
308,86 ± 33,94
301,17 ± 24,18
Ganho de peso (g)
96,61 ± 12,26
31,94 ± 14,75*
35,08 ± 10,61*
34,15 ± 15,48*
23,18 ± 9,30*
45
Na tabela 6 são apresentados os resultados de consumo de ração (g/dia) e
ingestão de água (mUdia) dos grupos. Os animais diabéticos consumiram maior
quantidade de ração e de água, mostrando claramente as complicações agudas que o
diabetes promove, além do quadro de poliúria observado nesses animais.
Tabela 6 - Consumo de ração (g/dia) e ingestão de água (mLldia) de ratos controle e
diabéticos tratados com água ou extrato aquoso de alecrim por 30 dias.
Grupos Consumo de ração (g/dia) Ingestão de água (mLldia)
Controle 28,83 ± 1,21 34,5 ± 5,7
D-H2O 42,48 ± 4,04* 148,7 ± 12,5*
0-25 45,38 ± 4,66* 150,7 ± 21,7*
O-50 42,44 ± 5,50* 150,1 ± 26,1*
0 -100 45,17 ± 3,83* 162,9 ± 13,1*
Média e desvio padrão, *p<O,05 vs Controle.
Em relação ao tratamento do diabetes do tipo 11, o estudo mais importante
nesta linha é o United Kingdom Prospective Diabetes Study (UKPDS), que analisou se
o controle rigoroso da hiperglicemia e da hipertensão arterial era capaz de reduzir as
complicações do diabetes e a mortalidade (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES,
2003) e, com isso, mostrou que o controle da glicemia é um marcador importante.
Os sintomas decorrentes de hiperglicemia acentuada, como já foram citados,
incluem perda inexplicável de peso, poliúria, polidipsia e infecções. Mesmo em
indivíduos assintomáticos poderá haver hiperglicemia discreta, porém em grau
suficiente para causar alterações funcionais ou morfológicas por um longo período
antes que o diagnóstico seja estabelecido (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE,
1999).
Foram incluídos no estudo os animais que apresentavam glicemia maior que
300 mg/dL. A dose de STZ empregada foi suficiente para induzir o modelo de diabetes
moderado, apresentando o quadro hiperglicêmico desejável, sem levar à cetoacidose e
à posterior morte desses animais.
Os valores de glicemia inicial e final (após 30 dias) dos animais controle e
diabéticos tratados com EA estão demonstrados na Tabela 7. Os dados indicam que o
46
EA de alecrim não apresenta efeito hipoglicemiante nessas condições, ou seja, por um
período de 30 dias de tratamento. Os valores glicêmicos dos animais diabéticos diferem
estatisticamente dos animais controle.
Tabela 7 - Determinação da glicemia de ratos controle e diabéticos tratados com água
ou extrato aquoso de alecrim por 30 dias.
Grupos Glicemia Inicial (mg/dL) Glicemia Final (mg/dL)
Controle 108,67 ± 10,56 109,75±12,16
D-H2O 379,00 ± 30,32* 404,80 ± 35,18*
0-25 380,40 ± 48,42* 393,25 ± 43,31 *
O-50 374,75 ± 28,76* 416,75 ± 49,93*
0-100 353,50 ± 8,96* 403,00 ± 31,11 *
Média e desvio padrão, *p <0,05 vs Controle.
A hemoglobina glicada, também denominada hemoglobina glicosilada ou
glico-hemoglobina, embora seja utilizada desde 1958 como uma ferramenta de
diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos, passou a ser
cada vez mais empregada e aceita pela comunidade científica após 1993, depois de ter
sido validada pelos dois estudos clínicos mais importantes sobre a avaliação do
impacto do controle glicêmico nas complicações crônicas do diabetes: os estudos
DCCT - Diabetes Control and Complications Trial (1993) e o UKPDS (1998) (GRUPO
INTERDISCIPLINAR DE PADRONIZAÇÃO DA HEMOGLOBINA GLlCADA, 2004) .
Estes estudos mostraram também correlação entre o controle glicêmico,
quantificado por determinações seriadas da hemoglobina glicosilada e os riscos de
desenvolvimento e progressão das complicações crônicas do diabetes. Daí ser a
hemoglobina glicada um parâmetro que deve ser constantemente monitorado em
pacientes diabéticos. Foi observado que os animais diabéticos tratados com o EA de
alecrim na dose de 50 mg/Kg apresentaram redução da hemoglobina glicosilada, sem
demonstrar efeito hipoglicemiante. Entretanto, nas doses de 25 e 100 mg/Kg não foi
observado este efeito (Figura 13).
47
6.0. * * *I #
ro-o 4.5ro.~
<5roc.o.2 3.0CloE(J)
I(J)
1.5-o~
0.0
Controle O-HzO 0-25 O-50 0-100
Figura 13 - Dosagem de Hemoglobina glicosilada (HbA1c) de ratos controle ediabéticos tratados com água ou extrato aquoso de alecrim por 30 dias. Resultadosexpressos em média e desvio padrão, *p<O,OS vs Controle; #p<O,OS vs D-H20.
5.3.1.1 Efeito do extrato aquoso de alecrim sobre as enzimas antioxidantes nos
tecidos hepático e cerebral
O diabetes é uma condição patológica que resulta em alterações metabólicas
graves em muitos tecidos nos quais o estresse oxidativo desenvolve papel importante
nessa etiologia. Os modelos experimentais de diabetes exibem valores elevados de
estresse oxidativo devido à hiperglicemia crônica e persistente, depreciando a atividade
do sistema de defesa antioxidante e, assim, promovendo a geração de radicais livres,
como também a citotoxicidade e a disfunção tecidual (BAYNES e THORPE, 1999).
Tais modelos incluem o diabetes induzido por estreptozotocina, um antibiótico
bastante comum empregado no diabetes experimental e específico para as células beta
pancreáticas, propiciando menor produção de insulina por estas células.
Já está bem descrito na literatura o quadro de estresse oxidativo no diabetes
causado pela hiperglicemia crônica. Os principais eventos que contribuem com esse
estresse e que envolvem a glicemia elevada são estimulação da via do poliol, formação
dos produtos de glicação avançada e formação subseqüente das espécies reativas
(PACKER; KRAEMER; RIMBACH, 2001).
48
75, 250Superóxido DisrnJtase I ~ Catalase
"[
60
J • i 200
·"O45 ~ 150
ª-
I*
IJ I**
o*
o3
o30" - é* i 100
o ~·"O15" - · 50"O.,;ji
O
Controle D-H2O 0-25 0-50 0-100 Controle O-H,O 0-25 0-50 0-100
1.5 Glutationa Peroxidase O. 125 l Glutationa Redutase
"[ c
]; ];0.100
~1.2 ~. * ·"O "O
D * ~ 0.075E 0.0
ª- ª-3 u
~ 0.6 I. ~ 0.050
~ ~. ·~"O
0.3 "O 0.025.. ..;ji ;ji
0.0 - 0.000
Controle O-H2O 0-25 O-50 D-100 Controle D-H2O D-25 0-50 0-100
Figura 14 - Determinação da atividade das enzimas antioxidantes no tecido hepático deanimais controle e diabéticos tratados com água ou extrato aquoso de alecrim nasconcentrações 30 dias. Resultados expressos em média e desvio padrão, *p<0,05 vsControle; #p<0,05 vs D-H20.
Na figura 14 encontra-se a avaliação da atividade das enzimas SOD, CAT,
GPx e GR no tecido hepático dos animais experimentais. Nesta figura pode-se observar
que os animais diabéticos mostraram valores normais para a atividade da enzima GR
no homogeneizado de fígado, todavia com redução significativa das enzimas SOD, CAT
e GPx, quando comparadas aos controle. Resultados semelhantes foram encontrados
por outros pesquisadores ao estudar o estresse oxidativo em animais diabéticos
expostos à doença num período de 15 a 45 dias (BALASUBASHINI et aI., 2004;
SINDHUN e KOO, 2004).
Já nos animais tratados com EA de alecrim na dose de 50 mg/Kg,
normalizou-se a atividade das enzimas CAT e GPx, sem no entanto, observar aumento
na atividade enzimática da SOD. Os mesmos resultados não foram observados nas
outras concentrações estudadas. Isso mostra que, em menor quantidade (25 mg/Kg), o
EA de alecrim não teve efeito sobre esses marcadores. No que diz respeito à maior
49
dose (100 mg/Kg), os animais diabéticos, mesmo submetidos à concentração mais
elevada de compostos antioxidantes presentes no extrato, não tiveram a atividade das
enzimas antioxidantes aumentada, como se esperava, uma vez que a hipótese deste
trabalho previa efeito também dose-resposta.
Glutationa Peroxidase
0.12
009~ ... ** * .-~ ri *
0.06~ - I
n..
;';-'0.031 - I I - -..
O.OO.J - ~ ~ -Controle D-H,D 0.25 0.50 0-100
#
**
25
Controle D-H,D 0.25 D-SO D-100
Glutationa Redutase0.036
~
I 0.027·..~ê.3 0.018
~Nli· 0.009..·...,~
0.000
Controle D-H,D 0.25 0.50 0.100
cI 20
·..mE 15~o
t 10
~·..·...,~
Superóxido Dismutase
Figura 15 - Determinação da atividade das enzimas antioxidantes no tecido cerebral deanimais controle e diabéticos tratados com água ou extrato aquoso de alecrim por30 dias. Resultados expressos em média e desvio padrão, *p<0,05 vs Controle;#p<0,05 vs D-H20.
o mesmo comportamento foi observado no tecido cerebral (Figura 15), com
redução significativa na atividade das enzimas SOD e GPx. E, ao contrário dos
resultados no homogenato de fígado, a dose de 50 mg/Kg elevou significativamente a
atividade da SOD. Essa resposta enzimática é importante, uma vez que o aumento na
atividade da SOD pode, de certa forma, proteger as enzimas CAT e GPx dos efeitos
deletérios do ânion superóxido.
../ BIBLIOTECA Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Univer5idade de São Paulo 50
Embora seja claro o papel do estresse oxidativo no diabetes, os efeitos dos
antioxidantes na expressão protéica e atividade das enzimas antioxidantes não têm
sido claramente estabelecidos, principalmente no que diz respeito a estas enzimas,
quando se investigam o tempo de exposição à doença, a dose oferecida e o tecido
analisado.
Vários trabalhos na literatura mostram redução na atividade dessas enzimas
em resposta ao quadro de estresse exacerbado relacionado principalmente à formação
elevada do ânion superóxido no diabetes e à glicação não-enzimática das enzimas
antioxidantes, segundo Sindhun e Koo (2004) . Esses mesmos pesquisadores
investigaram o efeito da combinação das vitaminas E e C e/ou associado à
administração de insulina em animais diabéticos tratados por 4 semanas. A terapia
antioxidante normalizou a expressão protéica das enzimas SOO e GPx e quando
associada à insulina, tanto a expressão como a atividade dessas enzimas, foram
aumentadas, concluindo-se que a terapia antioxidante pode contribuir com a redução
do estresse oxidativo causado pela hiperglicemia e pelo aumento da atividade do
sistema de defesa enzimático.
A mesma proteção foi observada na administração de ácido ferúlico a ratos
diabéticos por 45 dias. A suplementação resultou na diminuição dos níveis circulantes
de glicose, das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico, hidroperóxidos, aumento
nos níveis de glutationa reduzida e aumento na atividade da SOO, CAT e GPx. O efeito,
sobretudo, foi mais pronunciado com a dose menor de ácido ferúlico (10 mg/Kg)
(BALASUBASHINI et ai. , 2004). O resultado obtido por estes autores com o ácido
ferúlico pode se relacionar com os resultados obtidos neste trabalho, no qual se pode
observar o efeito protetor na dose de 50 mg/Kg do EA de alecrim ; no entanto, na maior
dose (100 mg/Kg), não se observou o efeito esperado.
A partir de evidências e controvérsias acerca do efeito de substâncias
naturais sobre o metabolismo e o estresse oxidativo de animais diabéticos e, ainda,
diante dos resultados obtidos no primeiro ensaio biológico, no qual foi observado um
comportamento diferente nos animais tratados com EA de alecrim na maior
concentração, inclusive no menor ganho de peso, embora não seja diferente
estatisticamente em relação aos demais grupos diabéticos, buscou-se investigar o
51
efeito do EA de alecrim no modelo de diabetes também induzido por estreptozotocina,
contudo, por um período mais prolongado (60 dias).
5.3.2 Efeito da administração do extrato aquoso de alecrim por 60 dias em ratos
diabéticos
Da mesma forma que no primeiro ensaio, nesse segundo momento também
foi feito o acompanhamento do ganho de peso, do consumo de ração e da ingestão de
água. Todos os grupos iniciaram o estudo com o mesmo peso basal , demonstrado na
Tabela 8. Os animais controle, como era esperado, mantiveram seu ganho de peso
normal (105,1 Og) , já os diabéticos não apresentaram o mesmo comportamento. Os
diabéticos não tratados tiveram ganho de peso final de 37,11 g e, mais uma vez, foi
observado ganho menor (31,41 g) para os animais diabéticos tratados com a maior dose
do EA de alecrim (100 mg/Kg).
De acordo com os resultados obtidos no primeiro ensaio (Tabela 5), pode-se
observar ganho de peso de apenas 23,18 g para os animais diabéticos que receberam
100 mg/Kg de extrato aquoso de alecrim, inferior ao grupo diabético não tratado (0-
H20), que apresentou ganho de peso de 31 ,94 g. Neste segundo ensaio, nota-se a
mesma tendência , na qual o grupo 0-100 mostrou ganho de peso de 31,41 g, inferior
aos animais diabéticos que receberam apenas água, com ganho de peso de 37,11 g
(Tabela 8). Estes resultados são sugestivos de algum efeito prejudicial que deve ser
melhor caracterizado. O ganho de peso pode ser considerado um marcador importante
do controle metabólico e deve ser monitorado no modelo de diabetes experimental ,
podendo dar alguns indícios de como está o controle glicêmico, além de refletir o efeito
da suplementação ou da dieta que está sendo oferecida a esses animais .
52
Tabela 8 - Controle de peso (g) de ratos controle e diabéticos tratados com água ou
extrato aquoso de alecrim por 60 dias.
Grupos Peso Inicial (g) Peso Final (g) Ganho de peso (g)
Controle 248,49 ± 18,66 371 ,86 ± 28,57 105,10±6,39
0-H20 259,33 ± 10,94 295,97 ± 24,60 37,11±13,93*
0-25 265,31 ± 13,86 326,94 ± 28,13 46,64 ± 17,29*
O-50 257,24 ± 10,76 304,92 ± 15,39 42,20 ± 11,65*
0-100 259,01 ± 10,94 288,34 ± 21 ,81 31,41 ± 5,99*
Média e desvio padrão, *p<O,05 vs Controle.
Não obstante, houve diferença estatística tanto no consumo de ração como na
ingestão de água dos animais tratados com a dose intermediária, quando comparados
aos diabéticos não tratados. Isso mostra o efeito dos compostos presentes no EA de
alecrim sobre o controle metabólico desses animais. Isso se torna relevante a partir do
momento em que também foi verificada redução nos níveis glicêmicos nesse mesmo
grupo (O-50), indicando que o menor consumo de ração e a menor ingestão de água se
deva ao melhor controle glicêmico por um período de tratamento de 60 dias, nesta
concentração (Tabela 9).
Tabela 9 - Consumo de ração (g/dia) e ingestão de água (mLldia) de ratos controle e
diabéticos tratados com água ou extrato aquoso de alecrim por 60 dias.
Grupos Consumo de ração (g/dia) Ingestão de água (mLldia)
Controle 26,01 ±1 ,90 40,00 ± 13,90
0-H2O 45,81 ± 3,20* 182,00 ± 30,20*
0 -25 48,21 ± 5,60* 188,00 ± 22,70*
O-50 40,31 ± 4,20# 141 ,00 ± 22,40#
0-100 44,57 ± 2,90* 177,00 ± 16,30*
Média e desvio padrão, *p <0,05 vs Controle; #p<0,05 vs D-H20 .
Vale ressaltar que o extrato aquoso de alecrim, nessas condições, apresentou
efeito hipoglicemiante, mas que os valores de glicemia (365 mg/dL) dos animais tratados
•sooilage!p solei ap sodni6 siewep soe sopeJedwoo opuenb salaqe!p op seopgio
saMeolldwoo sep oessaffloJd ç e ojuemnionuesap oe OOSIJ JOUGLIJ we conclui! oss!
.(91, e-1116!d) 001,-CI e 9Z-CI `Ozito sodra sou enb op Jouaw (90`0>d) aluaweo!isneise
(%L'9) og-a odni6 ou oe5npai `wpciweT `epeoupen !od .%L`c ap seuede !oj oe5ea!!6 e
`eras no `alailuoo s!emue soe sopeJedwoo opuenb (0/°£`z) openala epeon6 eumofflowaq
ap ienTueoJed weieluesaide soo!TNello s!ew!ue so `o!esua al!ewpd ou owo3
.(9002 `A3CIV1VV\JVAHS !VHIIEIVS seuewas os enb
awainp apian ÇLIO ap 6)4/6w 00£ woo sopeieJT weJoi `eáueop ep oe5npu! ep seuewas
sias sode `soo!pcieno s!ew!ue opuenb opemasqo °piai\ çijo op alue!wao!lbod!Li (neje
olad s!ançsuodsaa sowspeoew sop sun6le oes sass3 -aseu96oeuoo0 e welailuoo
anb saue6 ap oessaidxe e wanumno wNwei owoo `o!p9s ap awapuedep asoom6
ap Jopepodsue4 e!A asoon6 ap leu4saiu! oe5Josqe e wacpu! seuinbajeoole6!de se
`ossuo w?le .s!ewiou s!emue wa asoo!!6 ç epuçJaloT e weinew waqwel °piai\ ?Lio op
sioualuod so !! od!I owoo 1 od!' soo!iNe!p s!ew!ue wa loquei asooll6 ap s!aniu so Aznpal
Jod sopemai op!s wal owsaw ou saluasaid seu!nbaTeo se a apJan ?Lio O
"Oz1-1-0 Sn 90‘0>d# !G10.11U00 SA 90'0› d, 'o?iped clAsep e el139V11
4,17L‘9£ T- 09‘£917 *H7‘9£ -T 9Z`I-LC 00 L-CI
#t79`ZE T- 09`99£ *6Z`ZE -T- OZ`617£ 09-4
2£`81, T- 9Z` 1.6£ aZ`61. -T 00' I-LE 9Z-GI
21/9£ -T ££`6£t7 28`0£ T £8`69E 03H-GI
179`L T- 00'86 00'9 :1-- 00' LOL elaquoo
(IP/Bw) leuLd e!Lueo!19 (IP/Bw) leP!ul e!wao!10 sodna5
.seio 09 Jod wpoale ap osonbe oleJixe no
enfie woo sopeleal soowcieno a alaquoo solei ap e!weall6 ep oeõeu!wJelea - 0 I, elege".
*(0
eleger s!ewaou s!aniu eied e!wao!!6 e Aznpai ap zedeo !ol oeu v3 o 'Os no `(ip/Ow
86) spAçpnes s!ew!ue sop soe s!en6! oes oeu (6w6w 09) epç!pauwaiu! asop e woo
£S
54
10
ctl"t:lctl 8
.!:!actl
6s::..coC)
o 4E(I)
:::c(I) 2"t:l
~o
o
*
IControle 0-H20
*
0-25
#
O-50
*
0-100
Figura 16 - Dosagem de hemoglobina glicada (HbA1c) de ratos controle e diabéticostratados com água ou extrato aquoso de alecrim por 60 dias. Resultados expressosem média e desvio padrão, *p<O,OS vs Controle; #p<O,OS vs D-H20.
5.3.2.1 Efeito do extrato aquoso de alecrim sobre os parâmetros de função renal
Uma das complicações crônicas vista no diabetes é a nefropatia, bastante
associada ao estresse oxidativo. Tem sido observado em ratos diabéticos aumento
nos níveis de uréia sanguínea que indica maior mobilização de proteínas pelo
organismo, em detrimento à não utilização adequada da glicose pela insulina, bem
como níveis aumentados de creatinina, indicando dano renal progressivo, visto como
um índice de taxa de filtração glomerular (TFG) alterada. A TFG diminuída está
associada com a formação de espécies reativas de oxigênio. Essas espécies podem
acarretar a formação e a liberação de uma variedade de mediadores vasoativos que
afetam as funções renais, por promover vasoconstricção e diminuição no coeficiente
de ultrafiltração capilar glomerular e, assim, reduzir a TFG (SHARMA; KULKARNI;
CHOPRA, 2006).
Sharma, Kulkarni e Chopra (2006), investigando o efeito da cúrcuma
(açafrão) sobre a nefropatia de ratos diabéticos após quatro semanas da indução com
STZ, quando os animais foram tratados com este composto nas concentrações de 15
e 30 mg/Kg ao dia durante duas semanas, notaram efeito nefroprotetor assegurado
pela melhora nos marcadores de função renal (creatinina, uréia, clearance de
55
creatinina e uréia e excreção de albumina urinária). Outras determinações foram
realizadas, como: malonaldeído do tecido renal, glutationa reduzida e atividade das
enzimas antioxidantes SOO e CAT, observando-se atenuação do estresse oxidativo
por meio destes marcadores.
0.75
0.60:J''ti
~ 0.45
lOc~ 0.30lO
I!!o 0.15
0.00 I* *
#
*100
75
:J':gDl
~ 50lO:e::>
25 I* *
Controle 0-1-1,0 0-25 O-50 0-100
3.0
Controle 0-H20 0-25 O-50 0-100
:J':!2 6E!<li
J!.g 4<li
'"cãie 2D.
*
o*
2.5
~ 2.0E!~ 1.5'Ê::J~ 1.0
0.5
0.0
* *
Controle 0-1-1,0 0-25 O-50 0-100 Controle 0-H20 0-25 O-50 0-100
Figura 17 - Determinação da creatinina, uréia, proteínas totais e albumina sérica deratos controle e diabéticos tratados com água ou extrato aquoso de alecrim por 60dias. Resultados expressos em média e desvio padrão, *p<0,05 vs Controle; #p<0,05vs 0-H20.
No presente estudo também foi demonstrado que os animais submetidos à
indução com STZ apresentam quadro de nefropatia após 60 dias de exposição à
doença, com valores aumentados de creatinina e uréia sérica.
Assim como a cúrcuma, o extrato aquoso de alecrim reduziu os valores de
creatinina de 0,65 mg/dL, nos diabéticos não tratados, a 0,49 mg/dL no grupo O-50,
retornando ao valor encontrado para os animais controle (0,44 mg/dL), como mostra
os dados apresentados na Figura 17.
56
Esse quadro de lesão renal progressiva normalmente é acompanhado por
proteinúria e microalbuminúria, observada neste estudo pelos níveis reduzidos de
proteínas totais e albumina circulantes nos animais diabéticos, também ilustrados na
Figura 15.
O efeito protetor da curcumina foi atribuído às suas propriedades
antioxidantes, como seqüestradora de radicais hidroxilas, ânion superóxido e oxigênio
singlet, como quelante de metais, além de inibir as principais fontes de produção de
espécies reativas: xantina oxidase e NADPH oxidase (SHARMA; KULKARNI;
CHOPRA, 2006).
Haraguchi et aI. (1994) isolaram os quatro principais diterpenóides (ácido
carnósico, carnosol, rosmanol e epirosmanol) das folhas do alecrim e verificaram que
esses diterpenóides inibiram a produção do ânion superóxido no sistema da xantina
oxidase e foram capazes de inibir a peroxidação lipídica mitocondrial e microssomal
induzida pela oxidação do NADH ou NADPH, mostrando sua efetividade na proteção
dos sistemas biológicos contra o estresse oxidativo. Portanto, o efeito nefroprotetor do
EA de alecrim, verificado na dose de 50 mg/Kg, pode ser atribuído ao seu potencial
antioxidante.
Estudos in vitro com células mesangiais têm revelado o efeito tóxico da
glicose em concentrações elevadas, tanto pela reação não enzimática com proteínas
e subseqüente formação dos AGE, como pelo metabolismo exacerbado favorecendo o
aumento do estresse oxidativo e a ativação da proteína quinase C (PKC) e da proteína
quinase ativadora de mitógeno (MPKC), ambas ativadas por concentrações elevadas
de glicose, resultando na produção elevada de citocinas (COOPER, 2001).
5.3.2.2 Efeito do extrato aquoso de alecrim sobre os lipídios circulantes
A dislipidemia é um dos principais fatores de risco para doença
cardiovascular em pacientes diabéticos, cuja influência é maior que os demais. As
alterações lipídicas mais freqüentes na população diabética são hipertrigliceridemia,
colesterol HDL baixo e alterações qualitativas nas lipoproteínas, tais como a formação
de partículas de colesterol LDL pequenas e densas. O colesterol LDL denso é mais
freqüente na circulação quanto mais elevados forem os níveis de triglicérides, sendo
57
mais aterogênico do que as demais partículas lipídicas que são maiores e menos
densas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2003).
No presente estudo, os animais diabéticos apresentaram níveis aumentados
de triglicérides e de colesterol total e colesterol HDL reduzido, quando comparados aos
animais saudáveis. Porém, o tratamento com extrato aquoso de alecrim no grupo O-50
foi capaz de reduzir os níveis de triglicérides e de colesterol total, sem aumentar o
colesterol HDL, que é um fator de proteção maior para os eventos cardiovasculares. Os
dados são apresentados na Figura 18. Apesar desta dose (50 mg/Kg) não apresentar
efeito sobre o colesterol HDL, destacam-se os valores de 91,50 mg/dL, obtidos para os
triglicérides, e de 51,66 mg/dL, para o colesterol total, sendo estes iguais aos valores
encontrados no grupo de animais controle.
240
20'1*::r ~ *~ *.§. 160
lJlQl
12'j#"ti.;:
I'Ql.!:! 80 ~
Õl ,.;:
•I- 40
O...J
Controle 0-H2O 0-25 O-50 0-100
75 * * * 60
:J' 60 :J' 50"O #
"Oa, a,
40 I - * * ...... *.§. .§.g 45 ..J,. o.B J: 30
"ê 30 "ês l· '" 20li) êii'" '"Õ 15 Õ
<.J <.J 10
o O
-Controle O-H,O 0-25 O-50 0-100 Controle O-H,O 0-25 O-50 0-100
Figura 18 - Determinação de triglicérides, colesterol total e colesterol HDL sérico deratos controle e diabéticos tratados com água ou extrato aquoso de alecrim por 60dias. Resultados expressos em média e desvio padrão, *p<0,05 vs Controle; #p<0,05vs D-H20.
58
Alterações no metabolismo lipídico também foram verificadas em uma
pesquisa na qual se administrou a animais diabéticos extrato de chá verde (300 mg/kg)
por via oral durante 4 semanas. A redução dos valores de triglicérides e de colesterol
LOL e o aumento do colesterol HOL foram atribuídos às propriedades hipolipemiantes já
observadas em estudos anteriores, nos quais se preveniu a hipertrigliceridemia induzida
em ratos suplementados com dieta rica em açúcar e se diminuiu as concentrações de
triglicérides em hamsters alimentados com ração contendo alto teor de gordura (BABU;
SABITHA; SHYAMALAOEVI , 2006).
5.3.2.3 Efeito do extrato aquoso de alecrim sobre as enzimas transaminases
glutâmico piruvato (AL T) e glutâmico oxalacética (AST)
A avaliação do efeito do EA de alecrim sobre as transaminases (AL T e AST),
enzimas marcadoras de dano hepático, foi realizada visando avaliar o extravasamento
destas para a corrente sanguínea, situação característica de injúria do tecido hepático
(SANMUGAPRIYA e VENKATARAMAN, 2006; ANORAOE-WARTHA, 2007).
Os resultados obtidos no grupo de animais diabéticos tratado com uma
quantidade bem maior de antioxidantes (100 mg/kg) levantaram a suspeita de uma
possível agressão ao tecido hepático pela metabolização de uma sobrecarga dessas
substâncias fenólicas presentes em grande quantidade no EA de alecrim . Esta
observação se relaciona com os dados apresentados na Figura 19, os quais
apresentaram valores mais elevados no grupo 0-100, tanto para AL T como AST. Os
valores destas enzimas amino-transferases nesse grupo exibiram as maiores
alterações, ou seja, aumento significativo (p<0,05) no soro desses animais quando
comparados tanto aos animais saudáveis como aos animais diabéticos, que receberam
apenas água ou aqueles tratados com menores concentrações do EA de alecrim.
Verificou-se, por conseguinte, valores normais encontrados para os animais do grupo
O-50 em ambas amino transferases e também apenas da AST para os animais tratados
com 25 mg/kg/dia de EA de alecrim durante 60 dias.
59
SOl*# 120
* 9J*#
*60 *r c
:J :J~ E~ 40 :5 60I- I--I li)c( }. c(
20 . 30,
O O
Controle 0-H2O 0-25 O-50 0-100 Controle 0-H2O 0-25 O-50 0-100
Figura 19 - Determinação das enzimas marcadoras de dano hepático de ratos controlee diabéticos tratados com água ou extrato aquoso de alecrim por 60 dias. Resultadosexpressos em média e desvio padrão, *p<0,05 vs Controle; #p<0,05 vs D-H20.
5.3.2.4 Efeito do extrato aquoso de alecrim sobre as enzimas antioxidantes nos
tecidos hepático, renal e cerebral
A atividade das enzimas SOD, CAT, GPX e GR foi determinada nos tecidos
hepático, renal e cerebral de ratos controle e diabéticos. Os resultados demonstram que
a atividade das enzimas SOD, GPx e GR de animais diabéticos não-tratados foi maior
quando comparada aos animais controle (Figuras 20,21 e 22). Com isso, evidencia-se
que o estresse oxidativo desenvolve papel importante na toxicidade induzida pela
estreptozotocina, corroborado pelo aumento compensatório do mecanismo de defesa
antioxidante, também observado por Yilmaz et aI. (2004), Okutan, Ozcelik e Yilmaz
(2005) e Babu, Sabitha e Shyamaladevi (2006). Em suma, o aumento na expressão e
na atividade dessas enzimas indica que o organismo está respondendo ao estresse
oxidativo induzido pelo diabetes e, como forma de defesa, tenta se proteger.
O aumento na atividade da SOD em animais diabéticos é possivelmente
devido à dismutação aumentada do ânion superóxido a oxigênio molecular e peróxido
de hidrogênio, como uma resposta adaptativa ao estresse oxidativo, o que, com isso,
protegeria a CAT e a GPx contra a inativação pelo ânion superóxido, já reportado na
literatura (BABU; SABITHA; SHYAMALADEVI, 2006).
Tanto o acréscimo como a redução na atividade das enzimas antioxidantes já
foram discutidos na literatura, não havendo consenso nos níveis dessas enzimas em
vários tecidos de animais diabéticos. Yilmaz et aI. (2004), Okutan, Ozcelik e Yilmaz
60
(200S) e Babu, Sabitha e Shyamaladevi (2006), investigando o efeito de compostos
com propriedades antioxidantes em animais diabéticos, mostraram a elevação da
atividade da CAT. Esse aumento pronunciado sugere também uma resposta
compensatória frente à progressão da produção de H20 2 endógeno; desta forma, a
CAT protege contra níveis de peróxido altos.
*
*
u#
*
*
**
Glutationa Redutase
Catalase
*
uControle 0-H20 0-25 O-50 0-100
I
..c: 800]ilO!c-~ 600O>E2-g 400
'E'N; 200..il.">::(
..
.~ 0.24
~cal" 0.18
~2-~ 0.12
~EN; 0.06
ai
il."
~ 0.00..:
~"k#
O-50 0-100
**
**
Glutationa Peroxidase
Superóxido dismutase
Controle 0-H 20 0-25
I..c: 120]ilO!c-~ 90O>
~~ 60
~N; 3D..il.".:;
~
~ 4a;ecal."
~2-~ 2
~EN~ 1..."..."
:~~
Controle 0-H20 0-25 O-50 0-100 Controle 0-H20 0-25 O-50 0-100
Figura 20 - Determinação da atividade das enzimas antioxidantes no tecido hepático deanimais controle e diabéticos tratados com água ou extrato aquoso de alecrim por 60dias. Resultados expressos em média e desvio padrão, *p<O,OS vs Controle; #p<O,OSvs D-H20.
Ao contrário desses pesquisadores, no presente estudo foi verificado
comportamento diferente na atividade da CAT frente ao modelo de diabetes
experimental induzido por estreptozotocina (Figuras 20 e 21). Os animais diabéticos
apresentaram níveis reduzidos na atividade dessa enzima. Por outro lado, aumento nos
níveis de GPx foi bem caracterizado nos três tecidos analisados: hepático, renal e
cerebral. A GPx é bastante sensível a pequenas concentrações de peróxido, sendo a
principal enzima responsável pela remoção do H202 em células de mamíferos
61
(HALLlWELL, 1994). Isso pode justificar decréscimo compensatório na atividade da
CAT que também tem a mesma função no organismo. Os mesmos resultados foram
obtidos para a enzima GR, mostrando que as reações envolvendo a glutationa podem
ajudar na melhora contra o dano causado pelas espécies reativas.
CatalaseSuperóxido Dismutase .. 240.. c:
c: 10.0 ]i1 oe i:i 2DDD. * .... 7.5 * * "." * OI 160, - * - *ai ~ E *E 2-:;-
I.. 120· 5.0 I ~u
E Ê 80N N
c:c: 2.5 ...... I.. 40.., "· ..
." "'> 0.0'>
:i :iControle O-H,O 0-25 O-50 0-100 Controle O-H,O 0-25 O-50 0-100
Glutationa PeroxidaseGlutationa Redutase
I. 0.35
O••c:
1 *i I *e * e ...,. *D. *# D. 0.28.... *# "" -~ OI
ai 0.6 EE 2- 0.21
I2-
I· .u "~
.-, ~ 0.14, ..,...," E
'H 0.3 'Hc: :.i: c:.. ! OI 0.07OI OI.., .. -g·.., "'> 0.0 '> 0.00~ :i
Controle O-H,O 0-25 O-50 0-100 Controle O-H,O 0-25 O-50 0-100
Figura 21 - Determinação da atividade das enzimas antioxidantes no tecido renal deanimais controle e diabéticos tratados com água ou extrato aquoso de alecrim por 60dias. Resultados expressos em média e desvio padrão, *p<0,05 vs Controle; #p<0,05vs D-H20.
De acordo com alguns achados e sugestões encontrados na literatura, é
proposto que as enzimas antioxidantes de ratos diabéticos não sejam suficientes e
eficazes e necessitem de um mecanismo antioxidante adicional para reduzir o estresse
oxidativo. Nesse sentido, vem sendo cada vez maior a busca por compostos de fontes
naturais que auxiliem nesses mecanismos de defesa, muitos deles associados à sua
capacidade de varredura de radicais livres, como quelantes de metais, como indutores
da expressão e/ou atividade das enzimas antioxidantes ou como inibidores das
principais vias formadoras de radicais livres.
62
.. Superóxido DisrrutaseGlutationa Peroxidase
40..
r::r:: 0.08
]i * *]i
e e0.06 1Q.
o. *#.. 30.. *
" ~[t'l "OI
C>
E E
2- :f 2-OI 20 .. 0.04
"~ ":gE
"t" '. EN
'.:=\.'1",
r:: 10N.. r:: 0.02.. ..
"..
OI ""
...:; ":i o ;;
0.00~
Controle O-H,O 0-25 O-50 0-100
Glutationa Redutase.. o.oar::
~ I * *o...0.06
"C>E2-.. 0.04
";jENr:: 0.02...."..";; 0.00:i
Controle O-HiO 0-25 O-50 0-100
Controle D-H,O 0-25 O-50 0-100
Figura 22 - Determinação da atividade das enzimas antioxidantes no tecido cerebralde animais controle e diabéticos tratados com água ou ou extrato aquoso de alecrimpor 60 dias. Resultados expressos em média e desvio padrão, *p<0,05 vs Controle;#p<0,05 vs D-H20.
Frente a essas observações, foi proposta, nesse estudo, a hipótese de que
os compostos presentes no alecrim, uma especiaria com potencial antioxidante bem
reconhecido e fonte de constituintes fenólicos com tais propriedades, poderiam atuar
de forma positiva sobre o estresse oxidativo causado pela hiperglicemia crônica e
persistente de ratos diabéticos.
Essa hipótese foi sustentada por vários trabalhos, entre eles o trabalho de
Okutan, Ozcelik e Yilmaz (2005), mostrando que um éster do ácido caféico inibe a
peroxidação lipídica e regula a atividade das enzimas antioxidantes na aorta e coração
de ratos diabéticos - e que esses efeitos estão associados às suas propriedades
antioxidantes. Yilmaz et aI. (1994) também verificaram a mesma proteção frente à
redução das enzimas antioxidantes no tecido hepático, de ratos diabéticos, após
tratamento com o ácido caféico.
63
Os dados obtidos mostraram que o tratamento com EA de alecrim na dose
de 50 mg/kg preveniu o aumento na atividade da SOD tanto no tecido hepático como
no cérebro de animais diabéticos (Figuras 20 e 22). Foi notada relação dose-resposta
no fígado; quanto maior a dose de EA administrada menor foi a atividade da SOD.
Ainda, foi observada redução dose-dependente na atividade tanto da GPx
como GR nos rins dos animais diabéticos tratados com as maiores concentrações do
extrato aquoso, além de aumento na atividade da CA T na dose de 50 mg/kg (Figura
22); esse mesmo comportamento na atividade da CAT foi visto no tecido hepático
(Figuras 20) .
O efeito de substâncias fenólicas sobre as enzimas antioxidantes,
prevenindo sua elevação, foi avaliado igualmente quando o extrato de chá verde e/ou
um éster do ácido caféico foram administrados durante 8 semanas a ratos diabéticos
(YILMAZ et aI., 2004; OKUTAN; OZCELlK; YILMAZ, 2005; BABU; SABITHA;
SHYAMALADEVI, 2006) , sugerindo que essas substâncias possam, de forma direta,
agir como atenuadores das espécies reativas e, com isso, manter os níveis de
atividade enzimática normais.
Os resultados obtidos nos ensaios realizados com o extrato aquoso de
alecrim são promissores, pois abrem a perspectiva de se ter mais estudos sobre os
compostos presentes no alecrim que possam, por um lado, focalizar compostos
adjuvantes no tratamento do diabetes e, por outro, equacionar os efeitos
antifisiológicos de teores elevados de antioxidantes fenólicos.
64
6. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos, tanto nos ensaios em in vitra como in vivo, permitiram
as seguintes conclusões:
• O alecrim apresenta potencial antioxidante elevado in vitra, observado tanto pelos
extratos como pelas frações de ácidos fenólicos nos três sistemas: promovendo a
varredura do radical OPPH, inibindo a lipoperoxidação em cascata e atuando no
método ORAC.
• O potencial antioxidante está associado aos seus constituintes químicos, pois é
fonte de compostos fenólicos, inclusive de ácidos fenólicos (caféico, ferúlico,
elágico, protocatecuíco, quínico e salicílico).
• O extrato aquoso de alecrim, especificamente na dose de 50 mg/Kg e nas
condições estudadas, apresentou efeito sobre as enzimas antioxidantes (800, CAT
e GPx) e sobre parâmetros bioquímicos de animais submetidos ao diabetes
experimental.
• Esta proteção está intimamente relacionada com a dose de antioxidantes
administrada, ficando claro que hem sempre a quantidade maior oferecida, como
observado na dose de 100 mg/Kg, apresentará os melhores efeitos frente ao
modelo de estresse oxidativo estudado.
65
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABDOLLAHI, M.; RANJBAR, A ; SHADNIA, S.; NIKFAR, S. ; REZAIEE, A Pesticides and oxidative stress: a review. Medicai Science Monitor: International Medicai Journal of Experimental and Clinicai Research, v.10, n.6, p.144-147, 2004.
AGGARWAL, B.B.; SHISHODIA, S. Molecular targets of dietary agents for prevention and therapy ofcâncer. Biochemical Pharmacology, v.71 , p.1397-1421, 2006.
AKSOY, N.; VURAL, H.; SABUNCU, T. ; ARSLAN, O.; AKSOY, S. Beneficiai effects of vitamins C and E against oxidative stress in diabetic rats . Nutrition Research, v.25, p.625-630, 2005.
ALMELA, L. ; SÁNCHEZ-MUNOZ, B.; FERNÁNDEZ-LÓPEZ, J.A ; ROCA, M.J.; RABE, V. Liquid chromatograpic-mass spectrometric analysis of phenolics and free radical scavenging activity of rosemary extract from different raw material. Journal of Chromatography A , v.1120, n.1, p.221-229, 2006.
AMIN, A ; HAMZA, AA Hepatoprotective effects of Hibiscus, Rosmarinus and Salvia onazathioprine-induced toxicity in rats. Life Sciences, v.77, n.3, p.266-278, 2005.
ANDRADE-WARTHA, E.R.S . Propriedades antioxidantes de clones do pedúnculo de caju (Anacardium occidentale L.): efeito sobre a lipoperoxidação e enzimas participantes do sistema antioxidante de defesa do organismo animal. São Paulo, 2007. 116p. Tese de Doutorado - Faculdade de Ciências Farmacêuticas - Universidade de São Paulo.
ASGARY, S.; NADERI, G.H. ; SARRAFZADEGAN, N.; GHASSEMI , N. ; BOSHTAM, M.; RAFIE, M.; REFIAN, A Anti-oxidant effect of flavonoids on hemoglobin glycosylation. Pharmaceutica Acta Helvetiae, v.73, n.5, p.223-226, 1999.
BABU, P.v.A; SABITHA, K.E.; SHYAMALADEVI, C.S. Green tea extract impedes dyslipidaemia and development of cardiac dysfunction in streptozotocin-diabetic rats. Clinicai and Experimental Pharmacology and Physiology, v.33, p.1184-1189, 2006.
66
BAE, J.W.; LEE, M.H. Effect and putative mechanism of action of ginseng on the formation of glycated hemoglobin in vitro. Journal of Ethnopharmacology, v.91, p.137-140,2004.
BALASUBASHINI, M.S.; RUKKUMANI, R.; VISWANATHAN, P.; MENON, V.P. Ferulic acid alleviates lipid peroxidation in diabetic rats. Phytotherapy Research, v.18, p.310-314,2004.
BAYNES, J.W.; THORPE, S.R. The role of oxidative stress in diabetes complications: a new perspective on an old paradigm. Diabetes, v.48, n.1, p.1-9, 1999.
BEM, AF.; KUNDE, J. A importância da determinação da hemoglobina glicada no monitoramento das complicações crônicas do diabetes mellitus. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v.42, n.3, p.185-191, 2006.
BEUTLER, E. Red cell metabolism: a manual of biochemical methods. 2.ed. New York, London: Grune & Stratton, 1975. p.89-90.
BLOIS, M.S. Antioxidant determinations by the use of a stable free radical. Nature, v.181, n.26, p.1199-1200, 1958.
BOUSOVÁ, 1.; MARTIN, J.; JAHODÁR, L.; DUSEK, J.; PALlCKA, V.; DRSATA, J. Evaluation of in vitro effects of natural substances of plant origin using a model of protein glycoxidation. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis, v.37, p.957-962, 2005.
BRADFORD, M.M. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram quantities of protein utilizing the principie of protein-dye binding. Analytical Biochemistry, v.72, p.677-685, 1985.
BRAND-WILLlANS, W.; CUVELlER, M.E.; BREST, C. Use of free radical method evaluate antioxidant activity. LWT - Food Science and Technology, v.28, p.25-30, 1995.
67
BRENT JENS, R.; SALTZ, L. Islet cell tumors of the pancreas: the medicai oncologist's perspective. Surgical Clinics of North America, v.81, n.3, p.527-542, 2001 .
BROWNLEE, M. The pathobiology of diabetic complications: A unifying mechanism. Diabetes, v.54, p.1615-1625, 2005.
BROWNLEE, M. Biochemistry and molecular cell biology of diabetic complications. Nature, v.414, p.813-820, 2001.
CAO, G.; ALESSIO, H.M. ; CUL TER, R. Oxygen-radical absorbance capacity assay for antioxidants. Free Radical Biology & Medicine, v.14, p.303-311 , 1993.
CAPECKA, E.; MARECZECK, A ; LEJA, M. Antioxidant activity of fresh and dry herbs of some Lamiaceae species. Food Chemistry, v.93, p.223-226, 2005.
CHAN, T.Y.K.; CHAN, J.C.N.; TANLlNSON, B.; CRITCHLEY, J.A Chinese herbal medicines revisited : a Hong Kong perspective. Lancet, v.342 , p.1532-1534, 1993.
CINTRA, R.M .G.C. Efeito antioxidante de especiarias: avaliação da salsa (Petroselium sativum Hoffm) , cebolinha verde (Allium shoenoprasum L.), orégano (Origanum vulgare L.) e alecrim (Rosmarinus officinalis L.). São Paulo, 1998. 152p. Tese de Doutorado - Faculdade de Ciências Farmacêuticas - Universidade de São Paulo.
COOPER, M.E. Interaction of metabolic and homodynamic factors in mediating experimental diabetic nephropathy. Diabetologia, v.44, p.1957-1972, 2001 .
COSKUN , O.; KANTER, M. ; KORKMAZ, A; OTER, S. Quercetin , a flavonoid antioxidant, prevents and protects streptozotocin-induced oxidative stress and f3-cell damage in rat pancreas. Pharmacological Research, v.51 , p.117-123, 2004.
68
CRAIG, W.J. Health-promoting properties of common herbs. American Journal Clinicai of Nutrition, v.70, p.491-499, 1999.
DEL BANO, M.J .; CASTILLO, J.; BENAVENTE-GARCIA, O.; LORENTE, J.; MARTíANGIL, R.; ACEVEDO, C.; ALCARAZ, M. Radioprotective-antimutagenic effects of rosemary phenolics against chromosomal damage induced in human Iymphocytes by yrays. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.54, p.2064-2068, 2006.
DICKINSON, P.J .; CARRINGTON, A.L.; FROST, G.S.; BOUL TON, A.J .M. Neurovascular disease, antioxidants and glycation in diabete. Diabetes/Metabolism Research and Reviews, v.18, p.260-272, 2002.
DRABROWSKI, K.J.; SOSULSKI, F.W. Quantification of free and hydrolysable phenolic acids in seeds by capillary gas-liquid chromatography. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.32, p.123-127, 1984.
DROGE, W. Free radicais in the physiological control of cell function. Physiological Reviews, v.82, p.47-95, 2002.
DUCKWORTH, W.C. Hyperglycemia and cardiovascular disease. Current Atherosclerosis Reports, v.3, p.383-391, 2001.
ELLlS, E.M. Reactive carbonyls and oxidative stress: potential for therapeutic intervention. Pharmacology & Therapeutics, v.115, p.13-24, 2007.
GALATI, G.; O'BRIEN, P.J. Potential toxicity of flavonoids and other dietary phenolics: significance for their chemopreventive and anticancer properties. Free Radical Biology & Medicine, v.37, n.3, p.287 -303, 2004.
GIADA, M.L.R.; MANCINI-FILHO, J. Avaliação da atividade antioxidante in vitro de compostos fenólicos de alimentos. Nutrire: Revista da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, v.28, p.91-107, 2004.
69
GOLDSTEIN, D.E. How much do you know about glycated hemoglobin testing . Clinicai Diabetes, v.13, ptA, p.60-63, 1995.
GRUPO INTERDISCIPLINAR DE PADRONIZAÇÃO DA HEMOGLOBINA GLlCADA -A1c. A importância da hemoglobina glicada (A1c) para a avaliação do controle glicêmico em pacientes com Diabetes mellitus: aspectos clínicos e laboratoriais. São Paulo, Posicionamento 2004.
HALLlWELL, B. Free radicais and antioxidants: a personal view. Nutrition Reviews, v.52, n.8, p.253-265, 1994.
HARAGUCHI, H.; SAlTO, T.; OKAMURA, N. ; YAGI, A. Inhibition of lipid peroxidation and superoxide generation by diterpenoids from Rosmarinus officinalis. Planta Medica, v.61 , p.333-336, 1995.
HARTGE, M.M.; UNGER, T.; KINTSCHER, U. The endothelium and vascular inflammation in diabetes. Diabetes and Vascular Disease Research, vA, p.84-88, 2007.
JAIN, S.K. Superoxide dismutase overexpression and cellular oxidative damage in diabetes: A commentary on "Overexpression of mitochondrial superoxide dismutase in mice protects the retina from diabetes-induced oxidative stress" . Free Radical Biology & Medicine, vA1, p.1187-1190, 2006.
KIRITOSHI, S.; NISHIKAWA, T. ; SONODA, K.; KUKIDOME, O.; SENOKUCHI , T.; MATSUO, T.; MATSUMURA, T.; TOKUNAGA, H. ; BROWNLEE, M.; ARAKI , E. Reactive oxygen species from mitochondria induce Cyclooxygenase-2 gene expression in human mesangial cells: potential role in diabetic nephropathy. Diabetes, v.52, p.2570-2577, 2003.
KRYGIER, K.; SOSULSKI , F.; HOGGER, L. Free, sterified, and insoluble-bound phenolic acids. 1. Extraction and purification procedure. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.30, n.2, p.330-334, 1982.
70
LAPOLLA, A; FEDELE, D.; TRALDI, P. Glyco-oxidation in diabetes and related diseases. Clinica Chimica Acta, v.357, p.236-250, 2005.
LEMHADRI, A; ZEGGWAGH, N.A; MAGHRANI, M.; JOUAD H.; EOOOUKS, M. Antihyperglycaemic activity of the aqueous extract of Origanum vu/gare growing wild in Tafilalet region. Journal of Ethnopharmacology, v.92, p.251-256, 2004.
LlU, F.; NG, T.B. Antioxidative and free radical scavenging activities of selected medicinal herbs. Life Sciences, v.66, p.725-735, 2000.
LUSINI, L.; TRIPOOI, S.A; ROSSI, R.; GIANNERINI, F.; GIUSTARINI, O.; DEL VECCHIO, M.T.; BARBANTI, G.; CINTORINO, M.; TOSI, P.; DI SIMPLlCIO, P. Altered glutathione anti-oxidant metabolism during tumor progression in human renal-cell carcinoma. International Journal of Cancer, v.91, p.55-59, 2001.
MARIANI, E.; POLlDORI, M.C.; CHERUBINI, A; MECOCCI, P. Oxidative stress in brain aging, neurodegenerative and vascular diseases: an overview. Journal of Chromatography: B, Analytical Technologies in the Biomedical and Life Sciences, v.827, n.1, p.65-75, 2005.
MANCINI, O.AP.; DIAS, AL.F.; PINTO, J.R.; MANCINI-FILHO, J. Antioxidantes do extrato aquoso da canela (Cinnamomum zey/anicum, Bluma) como inibidores do vírus influenza. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v.35, n.1, p.155-160, 1999.
MANCINI FILHO, J.; VAN-KOIIJ, A; MANCINI, O.AP.; COZZOLlNO, F.F.; TORRES, R.P. Antioxidant activity of cinnamon (Cinnamomum Zey/anicum, Breyne) extracts. BolleUino Chimico Farmaceutico, v.137, n.11, p.443-447, 1998.
MARITIM, AC.; SANOERS, R.A; WATKINS 111, J.B. Diabetes, oxidative stress, and antioxidants: a review. Journal of Biochemical and Molecular Toxicology, v.17, n.1, p.24-38, 2003.
MARTíN-GALLÁN, P.; CARRASCOSA, A; GUSSINYÉ, M.; OOMíNGUEZ, C. Biomarkers of diabetes-associated oxidative stress and antioxidant status in young diabetic patients with or without subclinical complications. Free Radical Biology & Medicine, v.34, n.12, p.1563-1574, 2003.
71
MC CORO, J.M.; FRIOOVICH, I. Superoxide dismutase, an enzyme function for erythrhrocuprein (hemocuprein). Journal of Biological Chemistry, v.244, p.6049-6055, 1969.
MILLER, H.E. Simplified method for evaluation of antioxidants. Journal of American Oil Chemists' Society, v.48, n.2, p.91 , 1971 .
MOREIRA, A.V.B. ; MANCINI FILHO, J. Atividade antioxidante das especiarias mostarda, canela e erva-doce, em sistemas aquoso e lipídico (CN 136). Nutrire: Revista da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, v.25, p.45-60, 2003.
MOREIRA, A.V.B.; MANCINI FILHO, J. Influência dos compostos fenólicos de especiarias sobre a lipoperoxidação e o perfil lipídico de tecidos de ratos. Revista de Nutrição da PUCCAMP, v.17, n.4, p.411-424, 2004.
NAZIROGiLU , M.; BUTTERWORTH, P. Protective effects of moderate exercise with dietary vitamin C and E on blood antioxidative defense mechanism in rats with streptozotocin-induced diabetes. Canadian Journal of Applied Physiology, v.30, n.2, p.172-185,2005.
NEWSHOLME, P.; HABER, E.P. ; HIRABARA, S.M.; REBELATO, E.; PROCOPIO, J.; MORGAN, O.; OLlVEIRA-EMILlO, H.R. ; CARPINELLI, A.R. ; CURI, R. Diabetes associated cell stress and dysfunction: role of mitochondrial and non-mitochondrial ROS production and activity. Journal of Physiology, v.583, p.9-24, 2007.
NINFALI, P. ; MEA, G.; GIORGINI , S.; ROCCHI, M.; BACCHIOCCAL, M. Antioxidant capacity of vegetables, spices and dressings relevant to nutrition. British Journal of Nutrition , v.93, p.257-266, 2005.
NISHIKAWA, T. ; KUKIOOME, O.; SONOOA, K. ; FUJISAWA, K.; MATSUHISA, T. ; MOTOSHIMA, H.; MATSUMURA, T.; ARAKI, E. Impact of mitochondrial ROS production on diabetic vascular complications. Diabetes Research and Clinicai Practice, v.77, suppl.1, p.S41-S45, 2007.
72
OKUTAN, H.; OZCELlK, N.; YILMAZ, H.R; UZ, E. Effects of caffeic acid phenethyl ester on lipid peroxidation and antioxidant enzymes in diabetic rat heart. Clinicai Biochemistry, v.38, p.191-196, 2005.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Definição, Diagnóstico, e Classificação do Diabetes Mellitus e suas complicações. Parte 1: Diagnóstico e Classificação, 1999.
OU, B.; HAMPSCH-WOODILL, M.; PRIOR, RL. Development and validation of am improved oxygem radical absorbance capacity assay using fluoescein as the fluorescent probe. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.49, p.4619-4626, 2001 .
OU, B.; HUANG, D. ; HAMPSCH-WOODILL, M.; FLANAGAN, J.A; DEEMER, E.K. Analysis of antioxidant activities of common vegetables employing Oxygen Radical Absorbance Capacity (ORAC) and Ferric Reducing Antioxidant Power (FRAP) assays: a comparative study. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.50, p.3122-3128, 2002.
PACKER, L.; KRAEMER, K.; RIMBACH , G. Molecular aspects of lipoic acid in the prevention of diabetes complications. Nutrition, v.17, p.888-895, 2001 .
PENCKOFER, S.; SCHWERTZ, D. ; FLORCZAK, K. Oxidative stress and cardiovascular disease in type 2 diabetes: the role of antioxidants and prooxidants. Journal of Cardiovascular Nursing, v.16. n.2. p.68-85, 2002.
PEPATO, M.T. ; MIGLlORINI, RH.; GOLDBERG, AL. ; KETTELHUT, I.C. Role of different proteolytic pathways in degradation of muscle protein from streptozotocindiabetic rats . American Journal of Physiology, v.271, p.340-347, 1996.
PRIOR, RL. ; CAO, G. Analysis of botanicals and dietary supplements for antioxidant capacity: a review. Journal of AOAC International , v.83, n.4, p.950-956, 2000.
RICE-EVANS, C.; MILLER, N.; PAGANGA, G. Structure-antioxidant activity relationships of flavonoids and phenolic acids. Free Radical Biology & Medicine, v.20, p.933-956, 1996.
73
ROCHA, F.D.; TEIXEIRA, V.L.; PEREIRA, R.C.; KAPLAN, M.AC. Diabetes mellitus e estresse oxidativo: produtos naturais como alvo de novos modelos terapêuticos. Revista Brasileira de Farmácia, v.87, n.2, p.49-54, 2006.
ROLO, AP.; PALMEIRA, C.M. Diabetes and mitochondrial function: role of hyperglycemia and oxidative stress. Toxicology and Applied Pharmacology, v.212, p.167-178,2006.
SANMUGAPRIYA, E.; VENKATARAMAN, S. Studies on hepatoprotective and antioxidant actions of Strychnos potatorum Linn. seeds on CCL4-induced acute hepatic injury in experimental rats. Journal of Ethnopharmacology, v.105, p.154-160, 2006.
SCHEIN, P.S.; COONEY, D.A; MCMENAMIN, M.G. ; ANDERSON , T. Streptozotocin diabetes-further studies on the mechanism of depression of nicotinamide adenine dinucleotide concentrations in mouse pancreatic islets and liver. Biochemical and Pharmacology, v.22, p.2625-2631 , 1973.
SCHNEDL, W.J.; FERBER, S.; JOHNSON, J.H.; NEWGARD, C.8. STZ transport and cytotoxicity: specific enhancement in GLUT2-expressing cells . Diabetes, v.43, p.11, p.1326-1333, 1994.
SCOTT, B.C. ; BUTLER, J.; HALLlWELL, B.; ARUOMA, 0 .1. Evaluation of the antioxidant actions of ferulic acid and catechins. Free Radical Research Communications, v.19, p.241-253, 1993.
SENGUPTA, 8. ; SWENSON, J. Properties of normal and glycated human hemoglobin in presence and absence of antioxidant. Biochemical and Biophysical Research Communications, v.334, p.954-959, 2005.
SHARMA, S. ; KULKARNI, S.K.; CHOPRA, K. Curcumin, the active principie of turmeric (Curcuma longa), ameliorates diabetic nephropathy in rats. Clinicai and Experimental Pharmacology and Physiology, v.33, p.940-945, 2006.
74
SHIMADA, S. ; TANAKA, Y.; OHMURA, C.; TAMURA, Y.; SHIMIZU, T. ; UCHINO, H.; WATADA, H.; HIROSE, 1.; NAKANIWA, 1.; MIWA, S.; KAWAMORI , R N(carboxymethyl)valine residues in hemoglobin (CMV-Hb) reflect accumulation of oxidative stress in diabetic patients. Diabetes Research and Clinicai Practice, v.69, n.3, p.272-278, 2005.
SIES, H.; KOCH, O.R; MARTINO, E.; BOVERIS, A Increased biliary glutathione disulfide release in chronically ethanol treated rats. FEBS Letters , v.103, p.287-290, 1979.
SINGH, N.; KAMATH, V.; RAJINI , P.S. Attenuation of hyperglycemia and associated biochemical parameters in STZ-induced diabetic rats by dietary supplementation of potato peel powder. Clinica Chimica Acta, v.353, p.165-175, 2005.
SOARES, S.E. Ácidos fenólicos como antioxidantes. Revista de Nutrição da PUCCAMP, v.15, n.1, p.71-81, 2002.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Consenso Brasileiro sobre Diabetes 2002: diagnóstico e classificação do diabetes melito e tratamento do diabetes melito do tipo 2. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2003. 40p. Disponível em: http://neu.saude.sc.gov.br/arquivos/consenso diabetes sbd 2002.pdf. Acesso em: 25.out.2005.
SOOBRATTEE, M.A ; NEERGHEEN, V.S. ; LUXIMON-RAMMA, A ; ARUOMA, 0 .1. ; BAHORUN, 1. Phenolics as potential antioxidant therapeutic agents: mechanism and actions. Mutation Research, v.579, p.200-213, 2005.
SOTELO-FÉLlX, J.I.; MARTINEZ-FONG, D.; MURIEL, P. ; SANTILLÁN, RL.; CASTILLO, D.; YAHUACA, P. Evaluation of the effectiveness of Rosmarinus officinalis (Lamiaceae) in the alleviation of carbon tetrachloride-induced acute hepatotoxicity in the rat. Journal of Ethnopharmacology, v.81, p.145-154, 2002.
SWAIN, T. ; HILLS, W.E. The phenolic constituents of Punnus domestica. I-quantitative analysis of phenolic constituents. Journal of the Science of Food and Agriculture, v.19, p.63-68, 1959.
75
SZWERGOLO, 8.S.; HOWELL, S.K.; 8EISSWENGER, P.J. Nonenzymatic glycation/enzymatic deglycation: a novel hypothesis on the etiology of diabetic complications. International Congress Series, v.1245, p.143-152, 2002.
VALKO, M.; LEI8FRITZ, O.; MONCOL, J.; CRONIN, M.T.O.; MAZUR, M.; TELSER, J. Free radicais and antioxidants in normal physiological functions and human disease. International Journal of Biochemistry & Cell Biology, v.39, p.44-84, 2007.
VATTEM, O.A ; SHETTY, K. 8iological functionality of ellagic acid: a review. Journal of Food Biochemistry, v.29, p.234-266, 2005.
WANG, Z.; GLEICHMANN, H. GLUT2 in pancreatic islets: crucial target molecule in diabetes induced with multiple low doses of streptozotocin in mice. Diabetes, v.47, n.1, p.50-56, 1998.
WILO, S.; ROGLlC, G.; GREEN, A; SICREE, R. ; KING, H. Global prevalence of diabetes: estimates for the year 2000 and projections for 2030. Diabetes Care, v.27, p.1 047-1053, 2004.
YEH, C.; YEN, G. Induction of hepatic antioxidant enzymes by phenolic acids in rats is accompanied by increased leveis of multidrug resistance-associated protein 3 mRNA expression . Journal of Nutrition, v.136, p.11-15, 2006a.
YEH, C.; YEN, G. Modulation of hepatic phase II phenol sulfotransferase and antioxidant status by phenolic acids in rats. Journal of Nutritional Biochemistry, v.17, n.8, p.561-569, 2006b .
YILMAZ, H.R.; UZ, E.; YUCEL, N.; ALTUNTAS, 1.; OZCELlK, N. Protective effect of caffeic acid phenethyl ester (CAPE) on lipid peroxidation and antioxidant enzymes in diabetic rat liver. Journal of Biochemistry and Molecular Toxicology, v.18, n.4, p.234-238, 2004.
76
YU, Y.; CHANG, W.; WU, C.; CHIANG, S. Reduction of oxidative stress and apoptosis in hyperlipidemic rabbits by ellagic acid. Journal of Nutritional Biochemistry, v.16, p.675-681, 2005.
ZHAO, L. Effects of free radicais in diabetes. Free Radical Biology & Medicine, v.77, p.222, 2001.
ZHENG, W.; WANG, S. Antioxidant activity and phenolic composition in selected herbs. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.49, p.5165-5170, 2001 .
SOX3N'v' "S
LL
Anexo 1 - Especificações da ração oferecida aos animais
I', ·;~;;~~~U Ital ~gwraAça ,,,n Nd n cc() ;\" 1'<:11
.. ~._ .. ,-._--,------ -
INICIAL " SUINOS " NUVI LAB CR 11RRADIAOA
NuvHab CR-1 Irradiada
78
I ~ U
Composição básica do produto: Milho integral moldo, fareio de soja, farelo S de trigo, carbonato de cá tôo , fosfato bicà lcico, cloreto de sódio, gordura
vegetaL premix vitamín:co mineral e aminoácidos,
PA)j~~hl, ", )?:t~~'YJ'!!; jl
~~~~W4~t~:~'L~~~:'
Níveis de garantia por quilograma do produtQ:
Umidade (máx) Proteína Bruta (min) Extrato Etéreo (mio) Matérta Minera! rnax) Matéria Fibrosa (máx) Cálcio (máx) Fósforo (min)
Enriquecimento vor quilograma do produto:
12,50 22,00 5,00 10,00 8,00 1,40
0,80
% % O/h
"lo % % %
Vnaminas: Vitamna A 13000,00 U~ : vitamina D3 2000,00 UI: vitamina 81 5,00 mg; vrtamlna B12 22,00 mcg; vitamina 82 6,00 mg: vitamina B6 7,00 mg vitamina E 34 ,00 mg; vitamina K3 3,00 mg; nrélcina 60,00 mg tnotina 0,05 mg; àcido fólico1.0Q mg; acido p<JntotêniCO 21 ,00 mg: colina 650,00 mg Microeiemenlos Minerais: Cobre 10.00 mg; cobalto 1,50 mg, ferro 50,00 mg; lodo 2,00 n1g , manganes 60.00 mg: selênio 0,05 mg, zinco 60.00 mg,
.',I,~i'lliiE,a Arl'l1l!oa,cidos: USlnaiOQ,QO mg, mettonma 300,00 mg Aditivos : AntiOxtdante 100,00 mg,
;;/) H ;, Indicação: Alimento irradiado para camundongos e ralos de labofEltófÍos
~58~;,::mbt,).~. ~<.~~ .. ~
1 2345678 9 10 11 12 13 14 15 16 1/ 18 19 20 :z 1 22 23 24 25 26 27 28 29 i 30
Uso: Administraçao à vontade através de comedouros suspensos. Apresentação: Peletilada, (extrusada ou fare!ada sob consulta),
,~.
'.
79
Anexo 2 - Cromatograma característico da fração de ácidos fenólicos livres (AFL) obtida
das folhas de alecrim (Rosmarinus officinalis L.) rnV
~ I d a 30
b
20
c
~
I 10
I
o IJ, I I J.. ..... 1 1 ~UJ~L ~ l ~. J\ JL r
~ o 10 20 30 40rmn
a- bsa; b- ácido salicílico; c- protocatecuíco; d- C17 (padrão interno).
80
Anexo 3 - Cromatograma característico da fração de ácidos fenólicos solúveis (AFS)
obtida das folhas de alecrim (Rosmarinus officinalis L.) mV ~~------~-----
a 30
e b
20
d
f -
10
l1l.J~~... ~~~LlJ ~-01-
g
o 10 20 30 40rnln
a- bsa; b- ácido salicílico; c- quínico; d- C17 (padrão interno) ; e- ferúlico; f- caféico; g- elágico.
8]
Anexo 4 - Cromatograma característico da fração de ácidos fenólicos insolúveis (AFI)
obtida das folhas de alecrim (Rosmarinus officinalis L.) mV
A
15 d -
a b
10 e
5 f
o ~ J, ,I LLtL_, I"I~ ~
-
O 10 20 30 40mln
a- bsa; b- ácido salicílico; c- protocatecuíco; d- C17 (padrão interno) ; e- ferúlico; f- caféico.
Anexo 5 - Informações para os Membros de Bancas Julgadoras de Mestrado
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Secretaria de Pós-Graduação
Informações para os Membros de Bancas Julgadoras de Mestrado / Doutorado
1. O candidato fará uma apresentação oral do seu trabalho, com duração máxima de trinta minutos.
2. Os membros da banca farão a argulçao oral. Cada examinador disporá, no máximo, de trinta minutos para argüir o candidato, exclusivamente sobre o tema do trabalho apresentado, e o candidato disporá de trinta minutos para sua resposta.
2.1 Com a devida anuência das partes (examinador e candidato), é facultada a argüição na forma de diálogo em até sessenta minutos por examinador.
3. A sessão de defesa será abelta ao público.
4. Terminada a argüição por todos os membros da banca, a mesma se reunira reservadamente e expressará na ata (relatório de defesa) a aprovação ou reprovação do candidato, baseando-se no trabalho escrito e na argüição.
4.1 Caso algum membro da banca reprove o candidato, a Comissão Julgadora deverá emitir um parecer a ser escrito em campo exclusivamente indicado na ata.
4.2 Será considerado aprovado o aluno que obtiver aprovação por unanimidade ou pela maioria da banca.
5. Dúvidas poderão ser esclarecidas junto à Secretaria de PósGraduação: [email protected], (11) 30913621.
São Paulo, 18 de março de 2005.
Profa. Dra. Bernadette D. G. M. Franco Presidente da CPG/FCF/USP
Av . Prol. Lineu Prestes. 580. Bloco 13 A - Cid"", Universitária - CEP 055il8-900 - São Paulo - SP Fone: (11 ) 3091362 1 - Fax (11 ) 3091 3 141 - . -mail : [email protected],
82
Anexo 6 - Parecer da Comissão de Ética em Experimentação Animal
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Ofício CEEA n° 10/2006
IImo(a) 5r(a). Ana Mara de Oliveira e Silva Orientador: Prof. Jorge Mancini Filho FBA
Prezado(a) Senhor(a)
Faculdade de Ciências Farmacêutícas Comissão de Ét.ca !!fi' E~penrnel1laç!ic Ammal
São Paulo. 16 de março de 2006
A Comissa<:> de Ética em Experimentação Animal da FCF/USP, em reunião realizada
em 13 de março, APROVOU o projete "Efeito anticxidaT1te dos compostos fenólicQs
do orégano (Origanum vulgare L.) '8 alecrim (Rosmarinus officinalls L) sobre a
gllcaçãc protéica e enz.imas antloxidantes de ratos diat)etlcos induzidos por
estrepto.2:otoclna ' (Protocolo CEEA nO 96) , apresentado por Vossa Senhoria.
Sendo o que nos cumpre , reiteramos protestos àe estima e consideração.
Atenciosamente,
~· .l /~. /~/ ./:>-"'-i-, ~ I ~)
Profa Dra Li~ia Ferreira Gomes Coordenadora do Comitê de Ética em Experimentação Anin,al
Av. P,õl~Un"u P~:;'1e.: 500 -8Íacc;1~A-. Ci<lQ~Ü;;;i::;.r;;itifi .. :c~P055~:~õPa'ü,;; : si' Forte: !11 130St:l617 I fel(; !'1 13e1S-<;o~3 • ""maU! :t"9o@u~P.\>r
83