3. o ensino secundário na ram de 1997 a 2004 3.1. população … · 2008-07-17 · se o critério...

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423 3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004 3.1. População Jovem na RAM Dentro da população residente na RAM, 9% representam os jovens 1 em idade de frequência no ensino secundário (dos 15 aos 20 anos 2 ). Das diversas faixas etárias que preenchem a população da RAM podemos observar no, Gráfico 1, os diversos grupos por ordem crescente (a nível de idades). Decompondo os resultados, obtivemos 7% de crianças dos 0 aos 5 anos. As crianças em idade de frequência de 1º ciclo figuram 5%. São 6.052 as crianças em idade de frequência de 2º ciclo que correspondem a um total de 2% da população. Os chamados pré-adolescentes, 3º ciclo, ocupam 4%. Os alunos em frequência de ensino secundário correspondem a 9% da população residente na RAM. A grande fatia pertence à população activa, dos 21 aos 65 anos, que ocupam 61%. Em particular 30.353 indivíduos têm mais de 65 anos e preenchem 12% do total da população residente na RAM 3 . Existe aqui outra leitura: é clara a significativa renovação da população quando temos uma faixa dos 0 aos 5 anos superior às crianças existentes tanto dos 6-9 anos, como dos 10-11 anos e dos 12-14 anos. 2% de indivíduos separam a faixa das crianças dos 0-5 anos da faixa dos adolescentes em idade de frequência do ensino secundário. Uma especial chamada de atenção para a população com mais de 65 anos que é a segunda maior faixa etária da RAM. A população activa, indivíduos entre os 21 e os 65 anos, como nos indica o Gráfico 2 representa a maior faixa etária da Madeira com 61%. (147.723 indivíduos) 4 . Tendo em atenção que os jovens representam cerca de 9% (21.442 jovens dos 15 aos 20 anos) de uma população residente de 244.286 pessoas 5 , provavelmente iremos ter uma percentagem elevada de trabalhadores sem ensino secundário 6 e, portanto, sem qualificações exigíveis numa sociedade cada vez mais 1 Fonte: INE 2 Fonte: DRPRE 3 Fonte: INE 4 Idem 5 Idem 6 Num aparte, parece-nos que ao contrário do que diz o senso comum, não temos excesso de professores. O que temos são alunos que nunca chegaram, nem chegarão a pisar uma escola secundária. Esta nota é corroborada pelos dados da DRPRE

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Page 1: 3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004 3.1. População … · 2008-07-17 · Se o critério de análise for a média das datas de nascimento de todos os alunos inscritos no

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3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004

3.1. População Jovem na RAM

Dentro da população residente na RAM, 9% representam os jovens1 em idade de

frequência no ensino secundário (dos 15 aos 20 anos2). Das diversas faixas etárias que

preenchem a população da RAM podemos observar no, Gráfico 1, os diversos grupos

por ordem crescente (a nível de idades). Decompondo os resultados, obtivemos 7% de

crianças dos 0 aos 5 anos.

As crianças em idade de frequência de 1º ciclo figuram 5%. São 6.052 as crianças em

idade de frequência de 2º ciclo que correspondem a um total de 2% da população. Os

chamados pré-adolescentes, 3º ciclo, ocupam 4%. Os alunos em frequência de ensino

secundário correspondem a 9% da população residente na RAM. A grande fatia

pertence à população activa, dos 21 aos 65 anos, que ocupam 61%. Em particular

30.353 indivíduos têm mais de 65 anos e preenchem 12% do total da população

residente na RAM3.

Existe aqui outra leitura: é clara a significativa renovação da população quando temos

uma faixa dos 0 aos 5 anos superior às crianças existentes tanto dos 6-9 anos, como dos

10-11 anos e dos 12-14 anos. 2% de indivíduos separam a faixa das crianças dos 0-5

anos da faixa dos adolescentes em idade de frequência do ensino secundário.

Uma especial chamada de atenção para a população com mais de 65 anos que é a

segunda maior faixa etária da RAM. A população activa, indivíduos entre os 21 e os 65

anos, como nos indica o Gráfico 2 representa a maior faixa etária da Madeira com 61%.

(147.723 indivíduos)4. Tendo em atenção que os jovens representam cerca de 9%

(21.442 jovens dos 15 aos 20 anos) de uma população residente de 244.286 pessoas5,

provavelmente iremos ter uma percentagem elevada de trabalhadores sem ensino

secundário6 e, portanto, sem qualificações exigíveis numa sociedade cada vez mais

1 Fonte: INE 2 Fonte: DRPRE 3 Fonte: INE 4 Idem 5 Idem 6 Num aparte, parece-nos que ao contrário do que diz o senso comum, não temos excesso de professores. O que temos são alunos que nunca chegaram, nem chegarão a pisar uma escola secundária. Esta nota é corroborada pelos dados da DRPRE

Page 2: 3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004 3.1. População … · 2008-07-17 · Se o critério de análise for a média das datas de nascimento de todos os alunos inscritos no

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12%

61%

2%7%

9%4% 5%

População dos 0-5 anos População dos 6-9 anos

População dos 10-11 anos População dos 12-14 anos

População dos 15-20 anos População dos 21-65 anos

População + 65 anos

61%

39%

População Activa dos 21 aos 65 anos da RAM

População Não Activa da RAM

orientada para o progresso técnico e para os saberes que prescrevem, naturalmente,

habilitações médias e superiores.

A população não activa: crianças, jovens e idosos, perfazem um total de 39% (96.563

indivíduos) como podemos observar no Gráfico 27.

3.2. Jovens com ensino secundário na RAM de 1997 a 2004

O cruzamento entre o número de jovens em idade de frequência no ensino secundário na

RAM, que é dos 15 aos 20 anos8, e o número de jovens que efectivamente se

inscreveram nas escolas secundárias da RAM entre 1997 e 20049, encontra-se

representado no Gráfico 3. A opção de alargar até aos 20 anos deveu-se ao facto de na

7 Fonte: INE 8 Fonte: DRPRE. Ver Tabela 3 a propósito dos critérios possíveis para definir a idade de frequência no ensino secundário na RAM. 9 Fonte: DRPRE

Gráfico 1: Análise da população da RAM

Gráfico 2: Comparação entre a População Activa e Não Activa da RAM

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RAM a média de idades com que os alunos terminam o ensino secundário é

precisamente de 20 anos10. Um atraso bastante expressivo, já que a entrada dá-se por

volta dos 15 anos e a saída deveria ser aos 18 anos. De salientar que os dados referentes

ao Gráfico 3 encontravam-se na página Web da DRPRE e que não coincidem na

totalidade com os dados que me foram enviados em 2005 pela DRPRE. Sendo uma

margem mínima servem para nos ilustrar o panorama geral da situação de alunos

inscritos nas escolas secundárias da RAM.

Tabela 1: Média de idades com que os alunos terminam o Ensino Secundário

O insucesso dos alunos tem implicado que à saída (e muitas vezes, à entrada) da escola

sejam já adultos. Se a média de idades da maioria dos alunos inscritos for o critério,

10 Idem

Critérios

Ensino

Secundário

Regular

2002/03

Ensino

Secundário

Regular

2003/04

Ensino

Secundário

Profissional

2002/03

Ensino

Secundário

Profissional

2003/04

Data de

nascimento da

maioria dos

alunos inscritos

18/19 anos (1985)

18/19 anos (1986)

20/21 anos (1984)

20/21 anos (1985)

Média de data

de nascimento

de todos os

alunos inscritos

22/23 anos (1980)

23/24 anos (1982)

29/30 anos (1973)

23/24 anos (1980)

Gráfico 3: Cruzamento dos jovens com idade de frequência no Ensino Secundário com jovens estudantes

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temos 18/19 anos no ensino geral e 20/21 anos no ensino profissional (aqui não estão

contabilizados os alunos do ensino nocturno)11.

Se o critério de análise for a média das datas de nascimento de todos os alunos inscritos

no ensino secundário temos para o ensino geral 1981, ou seja, 22/23 anos e para o

ensino técnico-profissional 1973, portanto 29/30 anos no ano lectivo 2002/2003. No ano

lectivo seguinte, 2003/2004, os alunos terminaram os seus cursos com 23/24 anos. Isto

significa que a procura pelo ensino técnico-profissional dá-se cada vez mais cedo12.

Julgamos que o primeiro critério é o mais rigoroso, pois a maioria não perfaz a

totalidade, isto é, a média de idades da maioria dos alunos inscritos nos respectivos

cursos não poderá ser a norma. Na RAM apenas 51% dos jovens em idade de frequência

(15-20 anos) no ensino secundário procederam às inscrições possíveis [aqui incluímos o

ensino regular13 (cursos gerais e tecnológicos), ensino nocturno e técnico-profissional],

durante o período de 1997 a 2004, em todos os níveis (10º, 11º e 12º anos).

Num universo de 82.881 jovens (totalidade de casos de inscrições possíveis) que desde

1997 a 2004 frequentaram o ensino secundário14, 58% dos alunos terminam os

respectivos estudos. 42% deixaram as escolas15. Nesta leitura estão englobados todos os

cursos e níveis do ensino secundário. Sem procederem às inscrições em todos os níveis

e modalidades no ensino secundário ficaram 34.263 jovens durante esse período (ver

Gráfico 4)16.

Gráfico 4: Conclusões no ensino secundário na RAM desde 1997 a 2004

11 Idem 12 Idem 13 Ensino regular – são as actividades de ensino ministradas no âmbito da estrutura educativa estabelecida pela Lei de Bases do Sistema Educativo e que se destinam à maioria dos alunos que frequentam o sistema de ensino dentro dos limites etários previstos na Lei: até aos 14 anos para a escolaridade obrigatória e até aos 17 para o ensino secundário (ME). 14 Fonte: DRPRE 15 Idem 16 Idem

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Como podemos observar pelo Gráfico 5 apenas 29% dos jovens da RAM terminaram o

ensino secundário com sucesso, precisamente porque 34.263 jovens não procederam às

inscrições em todos os níveis e modalidades no ensino secundário, ou não tiveram

sucesso na escola entre os anos de 1997 a 2004 e porque 79.911 casos de possíveis

inscrições em todos os níveis e modalidades no ensino secundário 17 nunca se realizaram

nas escolas secundárias da RAM18. Se juntarmos os alunos que não obtiveram sucesso

aos que nunca se inscreveram na escola durante este período teremos um total de

114.174 jovens que nunca se inscreveram em todos os níveis e modalidades possíveis

no ensino secundário19, portanto, 71% (Gráfico 5).

Gráfico 5: Jovens com Ensino Secundário na RAM desde 1997 a 2004

Desse total de 82.881 inscrições possíveis em todos os níveis e modalidades no ensino

secundário entre os anos de 1997 a 2004, 67% matricularam-se nos cursos gerais do

ensino regular, 11% nos cursos tecnológicos, 14% no ensino nocturno e 8% no ensino

técnico-profissional diurno e nocturno20, como observamos no Gráfico 6.

17 Fontes: INE e DRPRE 18 Fonte: DRPRE 19 Fontes: DRPRE e INE 20 Fonte: DRPRE

Gráfico 6: Ensino Secundário na RAM de 1997 a 2004

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Fazemos uma particular chamada de atenção para o Ensino Nocturno. Como podemos

observar pelo Gráfico 7, apenas 15% dos alunos inscritos terminaram o ensino

secundário, ou seja de 11.418 inscrições possíveis, em todos os níveis e modalidades, no

ensino nocturno, apenas 1.720 de alunos inscritos, em todos os níveis e modalidades,

tiveram aproveitamento21. Ainda é de referir que cerca de 3.605 de casos possíveis se

encontram em “frequência”. A expressão é da DRPRE e significa “número de alunos

em que não é possível referir a situação de sucesso ou insucesso, por estarem a

frequentar cursos de unidades capitalizáveis”22. Ou seja, não sabemos exactamente onde

andam estes alunos, ou o que lhes aconteceu.

Gráfico 7: Conclusões Ensino Secundário Nocturno na RAM de 1997 a 2004

Em relação ao ensino técnico-profissional, como podemos observar pelo Gráfico 8,

apenas 8% (inscrições possíveis, em todos os níveis e modalidades) dos jovens

madeirenses optaram por esta via de estudos. A esmagadora maioria, 92% (inscrições

possíveis, em todos os níveis e modalidades) optou, respectivamente, pelos cursos de

carácter geral, tecnológico, ou nocturno.

Gráfico 8: Ensino Secundário Regular Nocturno e Ensino Secundário Profissional na RAM desde 1997 a 2004

21 Idem 22 Esclarecimento cordialmente dado pela Direcção Regional de Recursos e Planeamento Educativos. Ver rodapé da base de dados da DRPRE

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É claríssimo o maior aproveitamento dos alunos do ensino secundário técnico-

profissional sobre o ensino secundário regular23 (comparar Gráficos 10, 11 e 12).

Assim, no total de alunos que na RAM detêm o ensino secundário, 13% são alunos

oriundos dos cursos técnico-profissionais (inscrições possíveis, em todos os níveis e

modalidades neste tipo de ensino) e 87% são alunos dos cursos gerais [inscrições

possíveis, em todos os níveis e modalidades]. Ver Gráfico 924. O que demonstra que

existe uma franca falta de quadros médios na RAM.

Gráfico 9: Conclusões no Ensino Secundário Regular e Nocturno e no Ensino Profissional na RAM desde 1997 a 2004

Dos 75.943 de inscrições possíveis, em todos os níveis e modalidades no ensino

secundário regular e nocturno, 41.616 de casos possíveis concluíram com sucesso o

ensino secundário25. Dos 6.938 de casos possíveis que se inscreveram no ensino

secundário técnico-profissional, 6.002 garantiram a equivalência ao 12º ano e a

certificação profissional nível III26. Fica claro o sucesso escolar desta modalidade

especial de ensino. Um indicador fundamental refere-se ao facto do currículo técnico-

profissional estar ligado à vida de todos os dias e às próprias motivações experienciais

dos alunos.

23 Fonte: DRPRE 24 Idem 25 Idem 26 Idem

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Gráfico 10: Inscrições e Conclusões no ensino Secundário Regular e Nocturno e no ensino Secundário Profissional na RAM de 1997 a 2004

Dos alunos que frequentaram o ensino regular e o ensino nocturno apenas 55% dos

alunos concluíram os cursos que frequentaram (inscrições possíveis, em todos os níveis

e modalidades). 45% destes alunos não terminaram os seus estudos (Gráfico 11)27.

Gráfico 11: Conclusões no Ensino Secundário Regular e Nocturno na RAM de 1997 a 2004

Por oposição à leitura Gráfico 12 uma larga maioria de alunos do ensino secundário

profissional, 87%, concluiu os cursos técnico-profissionais. Ficaram para trás cerca de

13% dos alunos. Dos 6.938 inscrições possíveis, em todos os níveis e modalidades neste

tipo de ensino, 936 não concluíram o ensino secundário técnico-profissional. Isto

significa que a estes 87% correspondem 6.002 inscrições possíveis, em todos os níveis e

modalidades, do ensino secundário técnico-profissional (Gráfico 12)28.

27 Idem 28 Idem

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Gráfico 12: Conclusões no Ensino Secundário Profissional na RAM de 1997 a 2004

3.3. Análise da evolução do ensino secundário na RAM por vias de ensino entre

1997 a 2004

É com algum ânimo que verificamos, a partir de 2003/04, uma ligeira subida dos alunos

que frequentam o ensino secundário (ver Gráfico 13)29.

Gráfico 13: Evolução do ensino secundário na RAM de 1997 a 2004

Entre os anos lectivos 1997/98 e 1998/99 dá-se uma maior procura pelo ensino

secundário. No ano lectivo 1999/00 ocorre uma ligeira subida. Em 2000/01 esta procura

decresce, com menos 1.169 alunos do que no ano lectivo anterior (não conseguimos

apurar exactamente o porquê, mas deixamos algumas possibilidades: emancipação da

mulher como consequência da Revolução de Abril e diminuição da taxa de natalidade).

Em 2001/02 o ensino secundário da RAM perde mais de 20 alunos e só dois anos

depois, no ano lectivo 2003/04, é que atingimos 11.513 alunos inscritos no ensino

secundário, mais 48 alunos do que em 2002/0330. Indicador favorável à procura e à

29 Idem 30 Idem

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necessidade do ensino secundário. O que significa maior procura de conhecimento

especializado.

Mas fica em aberto o decréscimo abrupto no ano lectivo 2000/01. Altura a partir da qual

se estabiliza a procura pelo ensino secundário na RAM. Esta procura dá-se

essencialmente no ensino regular (cursos gerais e tecnológicos). Uma curiosidade

assenta no facto do ensino nocturno ser mais procurado que o ensino tecnológico.

Deduz-se daqui que as ofertas curriculares do ensino tecnológico na escola pública não

se revelaram atractivas para centenas de jovens na RAM. Os jovens com ensino

secundário geral e tecnológico representam 16% (39.896 de inscrições possíveis, em

todos os níveis e modalidades) da população total de jovens em idade de frequência no

ensino secundário31.

As áreas de estudo de ensino secundário na RAM têm a máxima expressão nos cursos

científico-humanísticos e uma expressão mínima nos cursos técnico-profissionais nível

III (Gráfico 6)32.

67% dos jovens estudantes da RAM optaram pelo ensino geral (inscrições possíveis, em

todos os níveis e modalidades no período de 1997 a 2004). Como já havíamos referido o

ensino nocturno tem maior expressão do que o ensino tecnológico, 14% (inscrições

possíveis, em todos os níveis e modalidades no período de 1997 a 2004) contra os 11%

(inscrições possíveis, em todos os níveis e modalidades no período de 1997 a 2004) dos

cursos de carácter tecnológico. O ensino técnico-profissional nível III é o que tem

menor expressão com apenas 8% (inscrições possíveis, em todos os níveis e

modalidades no período de 1997 a 2004) de alunos a preferirem esta via de estudos33.

Há praticamente uma coincidência entre o número de inscrições e o número de

conclusões no ensino técnico-profissional, o mesmo não se passando com o ensino

geral. O claro aproveitamento no ensino técnico-profissional de 87% contra os 55% do

ensino regular é um indicador fundamental para que esta via de estudos venha a ser uma

oferta real nas escolas secundárias de Portugal, particularmente na RAM que apresenta

índices elevadíssimos de não inscrição e de insucesso escolar no ensino secundário,

provavelmente por ser pós-obrigatório e portanto, dispensável. Referimos mais uma vez

31 Idem 32 Idem 33 Idem

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que dos 75.947 (inscrições possíveis, em todos os níveis e modalidades no período de

1997 a 2004) que se inscreveram nos cursos gerais (inclusive o ensino nocturno), na

RAM, apenas 41.616 (inscrições possíveis, em todos os níveis e modalidades no

período de 1997 a 2004) terminaram o ensino secundário no mesmo período que o

ensino técnico-profissional34.

3.4. Análise do ensino secundário na RAM por agrupamentos de 1997 a 2004

A partir de 200/001 dá-se uma quebra acentuada na procura do agrupamento I. O

agrupamento II sofre uma quebra ligeira em 2002/03. No ano lectivo de 2000/01

começa a decrescer a procura do agrupamento III e depois mantém-se a regularidade da

procura. O agrupamento IV é o mais sacrificado: desde 2002 que entrou em queda, isto

é, tem uma fraca procura. O ensino profissional tem uma procura equilibrada, sendo

visível maior ascensão em 2001/02, tal como o ensino nocturno35.

Daqui decorre a quantificação percentual total dos alunos que frequentam as vias

tradicionais de ensino, também chamado ensino regular (incluímos aqui o ensino

nocturno tendo consciência que ele é especial36) e a via escolar profissional. 43% dos

alunos madeirenses não acabaram o ensino secundário e 57% terminaram numa das vias

possíveis previstas na LBSE.

34 Idem 35 Idem 36 LBSE

Gráfico 14: Evolução do Ensino Secundário na RAM por agrupamentos de 1997 a 2004

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As disciplinas dos cursos do ensino secundário estão organizadas segundo uma

dominante do conhecimento científico, em quatro agrupamentos: Científico-natural

(Agrupamento I), Artes (Agrupamento II), Económico-social (Agrupamento III) e

Humanidades (Agrupamento IV)37.

3.4.1.Cursos de carácter geral

Os cursos gerais do ensino secundário têm uma duração de três anos lectivos – 10.º, 11.º

e 12.º anos de escolaridade, existente em escolas com ensino secundário, que se

organiza em agrupamentos de disciplinas, correspondentes às grandes áreas do

conhecimento, com as seguintes dominantes: Científica e Natural, Artes, Económica e

Social, Humanidades. Tem como objectivo a preparação para a continuação de estudos

no ensino superior. Confere um diploma de estudos secundários38.

3.4.1.1. Agrupamento I – Curso geral Científico-natural

Curso com a duração de três anos lectivos – 10.º, 11.º e 12.º anos de escolaridade,

existente em escolas com ensino secundário, cujo plano curricular inclui o agrupamento

de disciplinas com dominante científico-natural (agrupamento I), tendo como objectivo

37 Fonte: http://www.min-edu.pt/ 38 Idem

Gráfico 15: Conclusões no ensino secundário geral, tecnológico e nocturno e no ensino secundário profissional

na RAM de 1997 a 2004

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a preparação para a prossecução de estudos no ensino superior nesta área do

conhecimento39.

O agrupamento I dos cursos de carácter geral teve, de 1997 a 2004, uma procura de

cerca de 29.690 pelos alunos residentes na RAM. Curioso é o facto de no final do ano

haver muitas mais inscrições do que no início do ano. Os anos lectivos de 1998/99 e

1999/00 mostram vincadamente a procura por este agrupamento e é também neste ano

lectivo que ocorrem maior número de conclusões neste agrupamento. A menor procura

ocorre em 2003/04 com 3.823 alunos inscritos. Apenas 18.930 terminaram os cursos do

agrupamento I40.

Gráfico 16: Evolução dos cursos gerais - agrupamento I de 1997 a 2004

Assim, apenas 64% dos alunos inscritos neste agrupamento dos cursos gerais

concluíram com sucesso o 12ºano.

Gráfico 17: Conclusões dos cursos gerais- agrupamento I de 1997 a 2004

39 Idem 40 Fonte: DRPRE – Anexo 20

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436

3.4.1.2. Agrupamento II – Curso geral de Artes

Curso com a duração de três anos lectivos – 10.º, 11.º e 12.º anos de escolaridade -

existente em escolas de ensino secundário, cujo plano curricular inclui o agrupamento

de disciplinas com dominante Artes (agrupamento II) tendo como objectivo a

preparação para a continuação de estudos no ensino superior nesta área do

conhecimento41.

O agrupamento II dos cursos gerais contavam com 4.595 alunos inscritos entre 1997 e

2004, mas no fim de cada ano lectivo tinham mais alunos do que aqueles que se haviam

inscrito nos prazos normais, isto é, tinham no total 5.102 alunos, dos quais apenas 3.379

terminaram com sucesso o 12º ano. Apenas no ano lectivo de 2003/04 temos a diferença

de 1 aluno entre o início e o final do ano. A maior procura situa-se entre os anos de

1998 e 2000 e a menor procura por estes cursos ocorre em 200242.

Gráfico 18: Evolução dos cursos gerais- agrupamento II de 1997 a 2004

Deste modo temos 66% dos alunos do agrupamento II dos cursos gerais a concluírem o

ensino secundário, enquanto que 34% não terminou os estudos secundários neste

agrupamento (Gráfico 19)43.

41 Fonte: http://www.min-edu.pt/ 42 Fonte: DRPRE – Anexo 20 43 Idem

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Gráfico 19: Conclusões dos cursos gerais -agrupamento II de 1997 a 2004

3.4.1.3. Agrupamento III – Curso geral Económico-social

Curso com a duração de três anos lectivos – 10.º, 11.º e 12.º anos de escolaridade -

existente em escolas com ensino secundário, cujo plano curricular inclui o agrupamento

de disciplinas com dominante Económico-social (agrupamento III) tendo como

objectivo a preparação para o prosseguimento de estudos no ensino superior nesta área

do conhecimento44.

Nestes cursos inscreveram-se 7.901 alunos e terminaram o ensino secundário 4.783. Isto

significa que 3.118 jovens não terminaram os seus estudos secundários. Tal como nos

cursos anteriores o número de alunos inscritos no início dos anos lectivos é inferior ao

número de alunos no final dos anos lectivos45.

A maior procura por este agrupamento ocorre entre os anos de 1997 e 1999, seguindo-se

uma queda na procura que se mantém até o ano lectivo 2001/02. É visível um aumento

ligeiro, cerca de mais 20 alunos que no ano lectivo anterior, de procura por estes cursos

já em 2002/03. Em 2003/04 é já bem mais claro que os alunos se interessam por esta via

de ensino, com mais 134 alunos inscritos46.

44 Fonte: http://www.min-edu.pt/ 45 Fonte: DRPRE – Anexo 20 46 Idem

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438

Gráfico 20: Evolução dos cursos gerais -agrupamento III de 1997 a 2004

Temos então 61% de conclusões nos cursos gerais do agrupamento III e 39% de alunos

que não concluíram estes cursos neste agrupamento (Gráfico 21).

Gráfico 21: Conclusões dos cursos gerais -agrupamento III de 1997 a 2004

3.4.1.4. Agrupamento IV – curso geral de Humanidades

Curso com a duração de três anos lectivos – 10.º, 11.º e 12.º anos de escolaridade –

existente em escolas com ensino secundário, cujo plano curricular inclui o agrupamento

de disciplinas com dominante Humanidades (agrupamento 4) tendo como objectivo a

preparação para a continuação de estudos no ensino superior nesta área do

conhecimento47.

O agrupamento IV dos cursos gerais do ensino secundário tem um total de 12.541

alunos inscritos e concluíram os cursos deste agrupamento 8.462 alunos. Daí se infere

que 4.089 não concluíram o ensino secundário neste agrupamento. É notória a menor

procura por estes cursos de forma sempre acentuada. Em 2003/04 é francamente visível

47 Fonte: http://www.min-edu.pt/

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439

a perca de cerca de 1.081 alunos por comparação a 1997/98. A maior procura por este

agrupamento é em 1999/00 e desde então os cursos ditos humanísticos não têm sido

uma prioridade nas escolhas dos alunos madeirenses (Gráfico 22)48.

Gráfico 22: Evolução dos cursos gerais -agrupamento IV de 1997 a 2004

Temos então 67% dos alunos do agrupamento IV dos cursos gerais a terminarem os

seus cursos. 33% dos alunos não terminaram o ensino secundário neste agrupamento

(Gráfico 23)49.

Gráfico 23: Conclusões dos cursos gerais- agrupamento IV de 1997 a 2004

Assim, temos no Gráfico 25 o total de alunos que frequentaram os cursos de carácter

geral por agrupamentos, o que significa um total de inscrições de 55.234. Desses alunos,

35.554 concluíram o ensino secundário nos agrupamentos dos cursos gerais, enquanto

que 19.680 não terminaram os estudos do ensino secundário nos cursos gerais. A maior

48 Fonte: DRPRE – Anexo 20 49 Idem

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440

procura é visivelmente os cursos do agrupamento I, segue-se o agrupamento IV, depois

o agrupamento III e por fim o agrupamento II50.

Também é claro o maior sucesso do agrupamento IV, 67%. Em segundo lugar aparece o

agrupamento II (o menos procurado) com 66%. Depois temos o agrupamento I, que

sendo o mais procurado não é o que tem maior sucesso, com 64% de alunos a

concluírem os cursos de ensino secundário. Por fim, o agrupamento III é o agrupamento

que apresenta menor taxa de conclusões, 61%51.

Gráfico 24: Relação entre o número de inscrições e o número de conclusões no ensino geral de 1997 a 2004

A percentagem de alunos que terminam o ensino secundário nos agrupamentos dos

cursos gerais é de 64%. A taxa de alunos sem conclusões nestes cursos de carácter geral

é de 36% o que de algum modo revela o fracasso do ensino liceal ainda que seja o mais

procurado devido ao status que carrega. É a crença na via nobre do conhecimento que

produz maior prestígio a quem acenar socialmente com um diploma de matriz liceal.

3.4.2. Cursos de carácter tecnológico

Os cursos do ensino secundário de carácter tecnológico têm uma duração de três anos

lectivos – 10.º, 11.º e 12.º anos de escolaridade - e destinam-se aos jovens que desejam

50 Idem 51 Idem

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441

ingressar no mundo do trabalho após o 12.º ano de escolaridade tendo, no entanto, a

possibilidade de ingresso no ensino superior. Organiza-se em agrupamentos de

disciplinas com dominante: Científica e Natural, Artes, Económica e Social,

Humanidades. Compreende a possibilidade de desenvolvimento de seminários ou de

estágios. Confere um diploma de qualificação profissional de nível III e um diploma de

estudos secundários52.

3.4.2.1. Agrupamento I – Científico-natural

Os cursos de carácter tecnológico do agrupamento I têm um total de 4.954 alunos

inscritos no final do ano lectivo. Deste total 2.747 tiveram sucesso na conclusão dos

seus cursos. Por outro lado, 2.207 alunos não concluíram os cursos. A partir do gráfico

26 é possível ler a visível e ascendente procura por estes cursos, atingindo o seu auge

em 2003/04. Por outro lado é também possível ler o fraco sucesso destes cursos,

particularmente a partir de 1998/99. A maior taxa de insucesso dá-se em 2003/04

quando ultrapassa a fasquia dos 500 alunos (para os 942 inscritos) que não têm sucesso

no agrupamento I dos cursos tecnológicos53.

Gráfico 25: Evolução dos cursos tecnológicos -agrupamento I de 1997 a 2004

52 Fonte: http://www.min-edu.pt/ 53 Fonte: DRPRE – Anexo 20

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442

De 1997 a 2004 55% dos alunos inscritos neste agrupamento obtiveram sucesso nos

cursos tecnológicos, enquanto que 45% dos alunos não concluíram os seus cursos

(Gráfico 26)54.

Gráfico 26: Conclusões dos cursos tecnológicos- agrupamento I de 1997 a 2004

3.4.2.2. Agrupamento II – Artes

Nos cursos tecnológicos do agrupamento II temos um total de 750 alunos inscritos e um

total de conclusões de 454 casos. É visível uma maior procura a partir de 1998/99 e uma

queda abrupta em 2003/04. A maior procura dá-se em 200/01 com 127 alunos inscritos

no ensino tecnológico do agrupamento II, conforme o Gráfico 2755.

Com um aproveitamento de 61%, estes cursos têm uma percentagem de não conclusão

de 39% (Gráfico 28)56.

54 Idem 55 Idem 56 Idem

Gráfico 27: Evolução dos cursos tecnológicos -agrupamento II de 1997 a 2004

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443

Gráfico 28: Conclusões dos cursos tecnológicos - agrupamento II de 1997 a 2004

3.4.2.3. Agrupamento III – Económico-social

Um total de 3.043 alunos inscreveram-se nesta oferta curricular, mas apenas 1793

concluíram com sucesso esta via de ensino. Por concluir estes cursos ficaram 1250

alunos. O agrupamento III dos cursos tecnológicos em 2001/02 tem uma quebra na

procura e é no ano lectivo 1999/00 que é bastante procurado (492 alunos)57.

Gráfico 29: Evolução dos cursos tecnológicos- agrupamento III de 1997 a 2004

De 1997 a 2004 59% dos alunos concluíram os cursos tecnológicos do agrupamento III,

enquanto que 41% não terminou com sucesso esta via de estudos (ver Gráfico 30)58.

57 Idem 58 Idem

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444

Gráfico 30: Conclusões dos cursos tecnológicos -agrupamento III de 1997 a 2004

3.4.3.4. Agrupamento IV – Humanidades

Este agrupamento é o que menos alunos tem no seu percurso histórico de 1997 a 2004.

Aliás, no ano lectivo 2003/04 o curso está completamente encerrado tendo 0 alunos. No

ano lectivo anterior tem apenas 10 alunos e somente metade (5 alunos) terminam o

curso tecnológico do agrupamento IV. Em 1997/98 tem 201 alunos inscritos e três anos

lectivos depois tem apenas 51 inscrições59.

Gráfico 31: Evolução dos cursos tecnológicos- agrupamento IV de 1997 a 2004

É um curso que tem uma percentagem de sucesso na ordem dos 64%, contra 36% de

alunos que não concluíram o curso nesta via de ensino (Gráfico 32)60.

59 Idem 60 Idem

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445

Gráfico 32: Conclusões dos cursos tecnológicos- agrupamento IV de 1997 a 2004

O total de alunos inscritos nos diversos agrupamentos do ensino tecnológico entre os

anos de 1997 e 2004 é de 9.291. Sem conclusões neste tipo de ensino ficaram 3.949.

Assim, 5.342 conseguiram concluir o ensino tecnológico nos diversos agrupamentos. A

maior procura dá-se dentro do ensino tecnológico no agrupamento I, seguido do

agrupamento III, II e por fim o agrupamento IV61. Aliás sentimos alguma dificuldade

em perceber a aplicação de um curso tecnológico de humanidades.

Curiosamente o agrupamento mais procurado, agrupamento I, é o que menos sucesso

tem: apenas 55% dos alunos que frequentaram estes cursos concluíram com sucesso o

ensino secundário nos cursos tecnológicos. Outro dado curioso é que o agrupamento

menos procurado, o agrupamento IV é o que maior sucesso tem: 64% de conclusões.O

agrupamento II tem uma percentagem de conclusões na ordem dos 61% e o

agrupamento III, o segundo mais procurado, tem a segunda maior taxa de insucesso:

59%62.

Não sabemos se será legítimo chamar a este tipo de ensino o “engana meninos” como

nos referiu uma das entrevistadas do GETAP63, mas de facto a sua procura e o seu

sucesso andam longe da visão optimista de João (outro entrevistado do GETAP e com

responsabilidades a nível de administração na Região Norte de Portugal64. Em geral os

professores entrevistados mostraram-se muito reticentes quanto a esta via de ensino

61 Idem 62 Idem 63 Ver Anexo 10 – leitura vertical da entrevista a Ana 64 Ver Anexo 10 – leitura vertical da entrevista a João

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446

acusando-a de ser mais do mesmo, isto é, uma versão do ensino geral que tem uma

matriz liceal65.

Assim, temos como escolhas dos alunos do ensino tecnológico e por ordem decrescente

as ciências, as economias, as artes e por fim as humanidades. Ainda é possível inferir

que 57% dos alunos que se inscreveram nos cursos tecnológicos na RAM a concluírem

o ensino secundário e 43% sem conclusões66.

3.5. Síntese da análise do ensino secundário por agrupamentos na RAM de 1997 a

2004

Em relação aos agrupamentos, optámos por reunir os agrupamentos dos cursos gerais e

tecnológicos num só, já que ambos têm praticamente currículos idênticos (as

componentes sociocultural e científica são comuns a todos os cursos). A variação em

relação à componente técnica, na prática, não faz do ensino tecnológico um ensino que

escape à matriz liceal do ensino regular.

O agrupamento IV, Humanidades, é o que melhor aproveitamento tem (67%). 33% dos

alunos não chegam a concluir os seus estudos, pelo menos nesta área (gráfico 34)67.

65 Ver Anexo 15 66 Fonte: DRPRE – Anexo 20 67 Idem

Gráfico 33: Relação entre o número de inscritos e o número de conclusões no ensino tecnológico de 1997 a 2004

Page 25: 3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004 3.1. População … · 2008-07-17 · Se o critério de análise for a média das datas de nascimento de todos os alunos inscritos no

447

Gráfico 34: Conclusões dos cursos tecnológicos e gerais- agrupamento IV de 1997 a 2004

Segue-se o agrupamento II como o segundo agrupamento com melhor aproveitamento.

Cerca de 35% dos seus alunos não conseguem terminar os seus estudos, enquanto que

65% dos alunos terminam os seus estudos (Gráfico 35)68.

Gráfico 35: Conclusões dos cursos tecnológicos e gerais -agrupamento II de 1997 a 2004

Sucedem-se os alunos dos cursos do agrupamento I onde 37% dos alunos não terminam

os seus estudos. 63% dos alunos do agrupamento I acabam o ensino secundário (Gráfico

36)69.

68 Idem 69 Idem

Gráfico 36: Conclusões dos cursos tecnológicos e gerais- agrupamento I de 1997 a 2004

Page 26: 3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004 3.1. População … · 2008-07-17 · Se o critério de análise for a média das datas de nascimento de todos os alunos inscritos no

448

O agrupamento III é o que detém menos aproveitamento. 40% dos seus alunos não

terminam o ensino secundário, sendo a sua taxa de sucesso de 60% (Gráfico 37)70.

Gráfico 37: Conclusões dos cursos tecnológicos e gerais- agrupamento III de 1997 a 2004

Temos assim um total por agrupamentos dos cursos gerais e tecnológicos, nos anos de

1997 e 2004, de 64.525 alunos dos quais 39.896 concluíram o ensino secundário. Sem

conclusões ficaram 23.629 casos.Podemos verificar que de facto o agrupamento I é o

mais procurado, tanto nos cursos gerais como nos cursos tecnológicos. Temos depois o

agrupamento IV, seguido do agrupamento III e por fim, o agrupamento II71.

O panorama não é dos melhores quando se atende ao insucesso. No ensino regular

(cursos gerais e cursos tecnológicos) apenas 63% dos jovens madeirenses finalizaram os

seus estudos, o que significa que 37% deles deixaram o ensino secundário. Entre as

ciências, artes, economia e humanidades podemos verificar que a procura pelas ciências

não corresponde ao efectivo sucesso destes cursos72. 12.967 alunos não obtiveram

sucesso tanto no agrupamento I (37%). No agrupamento II 2.019 alunos (35%) também

não obtiveram sucesso. Mas os cursos menos sucedidos são os do agrupamento III com

apenas 40% de insucesso. As humanidades são os cursos que têm uma menor

percentagem de insucesso com o valor percentual de 33%73.

70 Idem 71 Idem 72 Idem 73 Idem

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449

Gráfico 38: Relação entre o número de inscritos e o número de conclusões no ensino tecnológico e geral de 1997 a 2004

Como já vimos não são as Humanidades, agrupamento IV, o mais procurado nas escolas

da RAM apesar de ter uma taxa de sucesso maior que nos restantes agrupamentos (ver

Gráficos 34 e 38). Os alunos preferem as Ciências. Assim temos que desde 1997 a 2004

54% dos alunos se inscreveram nas ciências, 20% nas humanidades e 17% nas áreas de

economia e 9% nas artes (Gráfico 39)74.

Gráfico 39: Inscrições por áreas científicas na RAM (cursos tecnológicos e gerais)

74 Idem

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450

3.6. Ensino Nocturno/Recorrente

O ensino nocturno/recorrente é uma modalidade de ensino a que têm acesso todos os

indivíduos que ultrapassaram a idade normal de frequência do Ensino Básico e do

Ensino Secundário, respectivamente 15 e 18 anos, sem terem tido oportunidade de se

enquadrarem no sistema de ensino regular ou sem terem obtido qualquer certificação,

por insucesso ou abandono precoce do ensino regular75.

O ensino nocturno via ensino desaparece no ano lectivo 2000/01. De 825 alunos

inscritos apenas 329, isto é, 40% terminaram o ensino secundário (Gráfico 40)76.

Gráfico 40: Conclusões no ensino nocturno via ensino

na RAM de 1997 a 2004 (extinto em 2001)

No caso dos alunos do ensino nocturno pós-laboral, que também foi extinto no ano

lectivo 200/01, dos 201 alunos inscritos apenas 51 concluíram os seus estudos. O que

demonstra a incapacidade desta via de ensino, tanto do ponto de vista estrutural como

motivacional em formar alunos que não se enquadram no ensino regular e no ensino

profissional. Por consequência 74% destes alunos ficaram sem concluir os respectivos

cursos (ver gráfico 41)77.

75 Fonte: http://www.min-edu.pt/ 76 Fonte: DRPRE – Anexo 20 77 Idem

Page 29: 3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004 3.1. População … · 2008-07-17 · Se o critério de análise for a média das datas de nascimento de todos os alunos inscritos no

451

Gráfico 41: Conclusões no ensino nocturno pós-laboral na RAM de 1997 a 2004 (extinto em 2001)

O ensino recorrente teve uma enorme procura, sempre ascendente, desde 1997 a 2004,

mas e como já foi referido atrás, o sucesso escolar destes alunos é de facto muito pobre.

Dos 10.399 alunos inscritos, 1.338 concluíram o ensino secundário. A sua procura não

corresponde ao seu sucesso.

Gráfico 42: Conclusões no ensino recorrente na RAM de 1997 a 2004

3.7. O ensino profissional nível III na RAM de 1997 a 2004

Aqui fizemos a análise do Ensino Profissional Nível III em geral, público e privado. A

distinção entre os dois tipos de ensino, público e privado, irá aparecer no capítulo

dedicado ao “Caso de E2”. Iniciámos este capítulo com as diversas ofertas curriculares

do ensino profissional em Portugal (Quadro 5)78.

78 Ver Anexo 2 – Áreas de formação do ensino profissional em Portugal

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452

Quadro 1: Ofertas curriculares do EP nível III em Portugal

Artes do Espectáculo Indústrias Alimentares Audiovisuais e produção dos Media Têxtil, Vestuário, Calçado e Couro

Design Materiais (madeira, cortiça, etc.) Artesanato Indústrias Extractivas

Filosofia, História e Ciências afins Arquitectura e Urbanismo Jornalismo Construção Civil

Biblioteconomia, Arquivo e Documentação (BAD)

Produção Agrícola e Animal

Comércio Floricultura e Jardinagem Marketing e Publicidade Silvicultura e Caça

Finanças, Banca e Seguros Pescas Contabilidade e Fiscalidade Serviços de Saúde

Gestão e Administração Ciências Dentárias Secretariado e Trabalho Administrativo Serviço de Apoio a Crianças e Jovens

Enquadramento na Organização/ Empresa Trabalho Social e Orientação Ciências Informáticas Hotelaria e Restauração

Metalurgia e Metalomecânica Turismo e Lazer Electricidade e Energia Protecção do Ambiente

Electrónica e Automação Protecção de Pessoas e Bens Engenharia Química Segurança e Higiene no Trabalho

Construção e Reparação de Veículos a Motor

Embora as ofertas curriculares em Portugal tenham preocupações e objectivos amplos,

dados aos recursos e necessidades de mercado do País, como sintetizado no Quadro 5

podemos confrontar com o Gráfico 4479 a fim de saber se as ofertas curriculares do EP

na RAM têm seguido trajectos análogos.

Como podemos observar pelo Gráfico 44 as ofertas curriculares do EP III na RAM

incidiu particularmente na área de Gestão e Administração (dezasseis cursos), seguido

de Hotelaria e Restauração (onze cursos) e de Serviços de Apoio a crianças e Jovens

(dez cursos). Turismo e Lazer (oito cursos) aparecem em 4º lugar e segue-lhe

Secretariado e Trabalho Administrativo (sete cursos). Trabalho Social e Orientação

(cinco cursos) e Biblioteca, Arquivo e Documentação (quatro cursos) surgem em 6º e 7º

lugares, respectivamente, como os cursos mais procurados pelos alunos do EP na RAM.

Em últimos lugares surgem Jornalismo (dois cursos), Indústrias Alimentares e Filosofia,

História e Ciências Afins com um curso aberto (ainda que este conceito de Ciências

Afins não seja claro para nós)80.

79 Fonte: E1 – Anexo 16 80 Idem

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453

Isto significa, comparando com as ofertas nacionais, que as prioridades na RAM sofrem

apostas diferentes por áreas já que são parcas as vias oferecidas nesta modalidade de

ensino e as que existem parecem deixar de parte, em alguns casos porque a correlação

positiva que existe entre o nível de instrução de uma sociedade e o seu nível de vida.

Neste caso, será fundamental apurar que apostas curriculares não foram e não são

alcançadas no contexto regional da RAM (observado no Quadro 6) e talvez reflectir

porque razão, estas mesmas ofertas não fazem parte81 da estratégia do Plano de

Desenvolvimento Económico e Social da RAM já que os cursos profissionais requerem

a autorização da SREC para poderem funcionar nas escolas, tanto privadas como

públicas.

Quadro 2:Ofertas curriculares EP nível III não efectivadas na RAM

81 Idem

Artes do Espectáculo Engenharia Química Audiovisuais e produção dos Media Construção e Reparação de Veículos a

Motor Design Têxtil, Vestuário, Calçado e Couro Artesanato Materiais (madeira, cortiça, etc.) Comércio Indústrias Extractivas Marketing e Publicidade Arquitectura e Urbanismo Finanças, Banca e Seguros Construção Civil Contabilidade e Fiscalidade Produção Agrícola e Animal Enquadramento na Organização/ Empresa Floricultura e Jardinagem Ciências Informáticas Silvicultura e Caça

Metalurgia e Metalomecânica Pescas Electricidade e Energia Serviços de Saúde Electrónica e Automação Ciências Dentárias Protecção de Pessoas e Bens Protecção do Ambiente Segurança e Higiene no Trabalho

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

Ofertas curriculares do EP na RAM

Número de ofertas

curriculares do EP na RAM

Filosofia, História e Ciências afins Jornalismo

Biblioteconomia, Arquivo e Documentação (BAD) Gestão e Administração

Secretariado e Trabalho Administrativo Indústrias Alimentares

Serviço de Apoio a Crianças e Jovens Trabalho Social e Orientação

Hotelaria e Restauração Turismo e Lazer

Gráfico 43: Ofertas Curriculares do EP III na E1 de 1997 a 2004

Page 32: 3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004 3.1. População … · 2008-07-17 · Se o critério de análise for a média das datas de nascimento de todos os alunos inscritos no

454

Ora, alguns cursos parecem-nos fundamentais no enquadramento da realidade regional

madeirense. São exemplos os cursos de Comércio, cursos de Floricultura e Jardinagem,

cursos de Pescas, cursos de Arquitectura e Urbanismo e principalmente os cursos na

área de Protecção do Ambiente e de energias.

A captação de investimento directo e a atracção de competências que visam o turismo

são sem dúvida duas medidas de importância vital para esta região insular, a par do

auxílio e aproveitamento dos recursos naturais da RAM. Julgamos que alguns cursos

profissionais devem ser integrados o mais rapidamente possível nas escolas secundárias

da RAM de modo a promover antes de mais a diversidade dos saberes e a

empregabilidade sustentada no contexto específico da RAM.

Os cursos profissionais nível III são ministrado, em geral, nas Escolas Profissionais,

com a duração de três anos lectivos, após o 9.º ano de escolaridade, que confere, no

final da formação, um diploma de qualificação profissional de nível 3 e também um

certificado de equivalência ao 12.º ano de escolaridade. O ensino profissional nível III

aparece em 1997 na RAM82, mas o seu arranque dá-se em 1998 com 525 alunos. Em

2003/04 temos 1.086 inscrições. A sua maior procura dá-se em 2002/03 com 1.243

inscrições83.

É visível o sucesso destes alunos, com 88% a concluírem o ensino secundário nesta via

de ensino. 12% não concluíram o ensino secundário profissional nível III (Gráfico 44)84.

82 Fonte: DRPRE – Anexo 20 e E1 – Anexo 16 83 Fonte: DRPRE – Anexo 20 84 Idem

Page 33: 3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004 3.1. População … · 2008-07-17 · Se o critério de análise for a média das datas de nascimento de todos os alunos inscritos no

455

Nos cursos de aprendizagem nível III nocturno, que surge no ano de 2003/04 de 179

inscrições, 142 alunos concluíram este nível de ensino. O sucesso desta via de ensino,

79%, é um indicador valioso sobre o que pretendem os estudantes que optam pelo

ensino pós-laboral (Gráfico 45)85.

Na RAM diversos foram aqueles que procuraram no ensino pós- laboral a possibilidade

de se qualificarem com o ensino nocturno, considerado como uma modalidade especial

de ensino pela LSBE, sem que no entanto tivesssem obtido sucesso escolar nas escolas

secundárias da RAM. Isto tanto serve para o ensino nocturno como para o ensino

recorrente.

É óbvio pela leitura do Gráfico 45 que a oferta dos cursos profissionais nocturnos nas

escolas públicas da RAM poderiam diminuir o insucesso e abandono escolares do tipo

de ensino nocturno/recorrente caduco oferecido aos alunos e que estruturalmente

inquina qualquer possibilidade e até mesmo de boa vontade por parte dos professores

para levar a cabo uma verdadeira aprendizagem para aqueles que não puderam

frequentar outras vias de ensino secundário.

Gráfico 45: Conclusões no ensino profissional noturno nível III na RAM de 1997 a 2004

85 Idem

Gráfico 44: Conclusões no ensino profissional nível III na RAM de 1997 a 2004

Page 34: 3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004 3.1. População … · 2008-07-17 · Se o critério de análise for a média das datas de nascimento de todos os alunos inscritos no

456

O mesmo sucede com os cursos de qualificação nível III que apareceram em1998/99. A

maior procura por esta via de ensino ocorre em 1999/00 com 86 alunos e no ano de

2002/03 tem uma parca procura: apenas 21 alunos. Curiosamente, desses 21 todos

concluíram os cursos de qualificação nível III. A percentagem de conclusões nesta via

de ensino é de 94%. No total de 355 alunos inscritos apenas 21 alunos não conseguiram

concluir os seus estudos, isto é, 6% dos alunos (Gráfico 46)86.

Optámos por verificar os resultados do 13ºano profissionalizante. Este tipo de ensino

surge em 1998/99 e tem uma expressão mais clara em 2002/03 com 160 inscrições. Este

complemento pós-secundário parece que de algum modo falhou, quando por exemplo,

em 200/01 dos 126 alunos inscritos apenas 34 concluíram com sucesso este ensino. Em

2003/04 pouco mais de metade dos alunos obtiveram os seus certificados de conclusões

(de 61 alunos terminaram 35). A percentagem de conclusões no 13º ano

profissionalizante é de 68% contra os 23% de alunos que não obtiveram sucesso

(Gráfico 47)87. De algum modo, esta via complementar pós-secundário está muito

aquém dos resultados gerais do ensino profissional. Até porque não é propriamente,

nem o poderia ser num ano, ensino escolar profissional nível III.

86 Idem 87 Idem

Gráfico 46: Conclusões no curso de qualificação nível III na RAM de 1997 a 2004

Page 35: 3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004 3.1. População … · 2008-07-17 · Se o critério de análise for a média das datas de nascimento de todos os alunos inscritos no

457

Gráfico 47: Conclusões no 13ºano profissionalizante

na RAM de 1997 a 2004

É manifesto o sucesso escolar do ensino profissional, particularmente o ensino

profissional nível III (nosso objecto de estudo). Temos 87% de conclusões no ensino

profissional (com todas as suas modalidades) de 1997 a 2004 (Gráfico 48)88.

Gráfico 48: Conclusões do Ensino Profissional na RAM de 1997 a 2004

Os 55% de conclusões no ensino geral (com todas as suas modalidades)89 criam um

abismo entre sucesso e insucesso escolar (se aqui o reduzirmos à conclusão do ensino

secundário). É neste fosso que podemos ler alguns indicadores, particularmente no

ensino nocturno. Talvez fosse bom a escola pública repensar as suas ofertas

curriculares. Talvez devesse diversificar, já que outras experiências, nomeadamente a

nível de ensino profissional particular evidenciam por si sós o que é possível fazer.

Com ou sem cegueira política há uma evidência inexorável: é elevado o número de

alunos que não terminam o ensino secundário na RAM, seja ele do ensino regular e, de

forma menos agravada, no ensino profissional. Poderemos então questionar porque

abandonam os alunos tanto o ensino regular como o profissional? O que estão estes

88 Idem 89 Idem

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458

alunos a fazer fora da escola? Porque não consegue a escola mantê-los nas suas salas? O

que os desmotiva? Quais as expectativas dos professores em relação aos alunos? Será

que apenas uma ínfima parte dos nossos jovens têm capacidade para frequentarem o

ensino secundário? Como compreender estes dados face ao resto da Europa?

Ou será que as representações que temos (professores, alunos, encarregados de

educação e comunidade educativa em geral) acerca do currículo interferem na

integração e inclusão, portanto, no sucesso escolar dos nossos alunos?

3.8. Análise do ensino secundário na E2

São essencialmente três as vias de ensino existentes na E2 entre os anos de 2002 e

200590. O tradicional ensino regular, com os cursos gerais, conta com 121 alunos. O

ensino profissional nível III em 2005 tem 48 alunos e o ensino tecnológico tem 20

alunos. Assim, o ensino regular conta com 64% da população estudantil da E2 no

ensino secundário. O ensino profissional nível III cobre 25% e o ensino tecnológico

conta 11% dos alunos da E291.

Gráfico 49: Tipos de ensino na E2 de 2002 a 2005

Em 2002/03 a oferta curricular restringia-se a três vias: agrupamento I – Ciências,

agrupamento IV – Humanidades e curso Técnico-Profissional de Hotelaria – Recepção

e Atendimento, TPHRA (Gráfico 50)92.

90 Fonte: Alunos matriculados na E2 de 2002 a 2005 – Anexo 21 91 Idem 92 Idem

Page 37: 3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004 3.1. População … · 2008-07-17 · Se o critério de análise for a média das datas de nascimento de todos os alunos inscritos no

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Gráfico 50: Ofertas Curriculares na E2 em 2002/03

No ano lectivo 2002/03 36% dos alunos são da área das Ciências, 35% das

Humanidades e 29% são alunos do Ensino Profissional nível II (Gráfico 51). Em

2003/04 o curso TPHRA é fechado e é aberto o curso técnicoprofissional de Biblioteca,

Arquivo e Documentação(TPBAD). Mantêm-se as mesmas ofertas dos cursos gerais

(Gráfico 51)93.

Gráfico 51: Ofertas Curriculares na E2 em 2003/04

Ao contrário do ano lectivo anterior aparece um desequilíbrio entre a procura das

Ciências e das Humanidades. Agora mais de metade dos alunos (56%) desta escola

frequentam os cursos das Ciências e as Humanidades têm 23% dos alunos nos seus

cursos (perde, portanto, 10% dos alunos em relação ao ano lectivo anterior). O curso

profissional de TPBAD ocupa 21% do total de alunos do ensino secundário94.

No ano lectivo 2004/05, a E2 oferece dois cursos tecnológicos: Informática com 7

alunos inscritos e Desporto com 13 inscrições. É aberto o curso profissional de Auxiliar

93 Idem 94 Idem

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460

de Infância com 14 alunos. As Humanidades desaparecem como oferta curricular, bem

como TPBAD.

As Ciências continuam a ser a grande fatia a nível de procura, com 39%. Segue-se o

ensino profissional com o curso de TPAI, 25%. O curso tecnológico de Desporto

representa 25% da população estudantil do ensino secundário e o curso tecnológico de

Informática ocupa 13% (gráfico 52)95.

Gráfico 52: Ofertas Curriculares na E2 em 2004/2005

Quando solicitamos a explicação do fecho das Humanidades, foi-nos dito que apenas 4

alunos se matricularam neste agrupamento e que não se justificava abrir uma turma com

4 elementos, até porque a SREC exige um mínimo de 15 alunos. Curiosamente a turma

de Informática, 7 alunos, teve outro critério que não o número de alunos no que diz

respeito à abertura deste curso. A direcção executiva não nos soube clarificar sobre qual

teria sido este outro critério. Neste momento, fim do 10º ano, são apenas 4 alunos que

frequentam o curso tecnológico de Informática. No curso tecnológico de Desporto dos

13 inscritos (sendo 3 repetentes) chegaram ao fim do 10º ano apenas 8 alunos. Quantos

serão daqui a dois anos, altura em que deverão terminar o 12º ano?

95 Idem

Page 39: 3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004 3.1. População … · 2008-07-17 · Se o critério de análise for a média das datas de nascimento de todos os alunos inscritos no

461

Gráfico 53: Número de alunos inscritos nas diferentes ofertas curriculares de 2002 a 2005 na E2 - Ensino Regular e Ensino Profissional

É clara a aposta da E2 no ensino tecnológico e profissional. Por cada curso que abriu de

2002 a 2005 tiveram o cuidado de não oferecer o mesmo curso profissional nos dois

anos lectivos seguintes96. O ensino regular, onde incluímos os cursos tecnológicos,

ocupa 75% da oferta curricular na E2. O ensino técnico-profissional nível III representa

25%. 141 alunos optaram pelos cursos de carácter geral e 48 encontram-se a frequentar

o ensino profissional nível III (Gráfico 54)97.

Gráfico 54: Número de Alunos inscritos no ensino regular e no ensino profissional na E2

De 2002 a 2005 na E2 as Ciências são as mais procuradas, sendo o ponto mais alto da

procura em 2003/04. Esta área de estudos tem sempre mais de vinte alunos no início de

cada ano lectivo. As Humanidades vão perdendo alunos e em apenas dois anos o curso é

fechado. Este fechamento coincide com a abertura dos cursos tecnológicos de

Informática e de Desporto que surge nesse mesmo ano lectivo. Quanto ao ensino

96 Idem 97 Idem

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profissional nível III, a sua procura é clara em 2002/03 com o curso de TPHRA. No ano

lectivo seguinte apenas doze alunos constituem a turma de TPBAD e em 2004/05 volta

a subir de forma muito discreta o número de alunos interessados neste tipo de ensino

através do curso de TPAI (apenas mais dois alunos do que no ano lectivo anterior)98.

O gráfico 55 é elucidativo do crescimento do EP e do ET, da queda das Humanidades e

da estabilidade razoável das Ciências. De 2002 a 2005 na E2, o total percentual por

cursos na E2 é a seguinte: Ciências 43%, Humanidades 21%, TPHRA 12%, TPAI e

Desporto 7%, TPBAD 6% e Informática 4%99.

A E2 continua a ser dominada pelo ensino regular, mas há um dado que deve ser tido

em atenção: os alunos procuram de facto o ensino profissional nível III e isso é visível

quando a escola oferece dois cursos tecnológicos e um profissional em simultâneo e o

maior número de alunos acaba por se inscrever no TPAI.

3.8.1. Análise da turma TPHRA na E2 de 2002 a 2005

O curso TPHRA surge no ano lectivo 2002/03 com um protocolo celebrado entre a E2

(escola secundária pública) e a E1 (escola profissional privada) com 22 alunos inscritos

no 1º ano100 (que corresponde ao 10º ano de escolaridade) e com o conhecimento e

autorização da SREC.

98 Idem 99 Idem 100 Idem

Gráfico 55: Alunos inscritos por áreas científicas de 2002 a 2005 na E2

Page 41: 3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004 3.1. População … · 2008-07-17 · Se o critério de análise for a média das datas de nascimento de todos os alunos inscritos no

463

São três as turmas de 10º ano existentes nesse ano lectivo: uma do agrupamento I com

28 alunos, outra do agrupamento IV com 27 alunos dos cursos gerais e a turma-alvo,

TPHRA com 22 alunos (Gráfico 56)101.

Gráfico 56: Alunos inscritos no 10º ano na E2- 2002/2003

No ano lectivo seguinte, 2º ano do curso TPHRA, portanto o equivalente ao11º ano, a

turma de Ciências perde 5 alunos. A de Humanidades fica reduzida a 15 alunos e a de

TPHRA a 13 alunos (Gráfico 57)102.

Gráfico 57: Alunos inscritos no 11º anona E2- 2003/2004

No ano lectivo 2004/05, 3º ano de curso TPHRA (com equivalência ao12º ano) temos

25 alunos nas Ciências (mais 2 alunos porque ficaram retidos no 12º ano), as

Humanidades conta com menos 1 aluno (14 alunos) e o TPHRA tem apenas 9 alunos.

Desde o 1º ano o curso TPHRA perdeu 13 alunos (gráfico 58)103.

101 Idem 102 Idem 103 Idem

Page 42: 3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004 3.1. População … · 2008-07-17 · Se o critério de análise for a média das datas de nascimento de todos os alunos inscritos no

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Gráfico 58: Alunos inscritos no 12º ano na E2- 2004/2005

Assim, em termos de progressão por cursos nas três áreas de formação de ensino

secundário as Ciências são as que menos perdem alunos, depois são as Humanidades e

por fim temos o curso TPHRA que sofre maior perada de alunos. Este curso perde mais

de metade dos seus alunos entre o 1º e o 3º ano.

Gráfico 59: Progressão por áreas de ensino secundário na E2

A nível de inscrições e conclusões do ensino secundário (ver Gráfico 60) na E2

Humanidades e TPHRA são os mais sacrificados mas por razões diferentes. De

qualquer maneira, o curso TPHRA constitui um caso gritante já que apenas 32% dos

seus alunos concluíram o curso. Chamamos a atenção para o facto de dois alunos

(Carlos e Rogério) ainda não terem terminado a avaliação modular104. Factor pelo qual

se constituem como alunos em avaliação.

104 Ver Anexo 6 – Acta 14 na E2

Page 43: 3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004 3.1. População … · 2008-07-17 · Se o critério de análise for a média das datas de nascimento de todos os alunos inscritos no

465

Gráfico 60: Inscrições e Conclusões por áreas de ensino secundário na E2

Em relação à escola alvo, E2, temos 89% de conclusões dos alunos de S. Vicente na

área das Ciências que em 2002/03 se inscreveram no 10º ano. 11% não terminaram o

Curso do agrupamento I (Gráfico 61)105.

Gráfico 61: Conclusões na área das Ciências na E2

Dos alunos na área das Humanidades apenas 52% terminaram o 12º ano em 2004/05.

48% não concluíram o curso do agrupamento IV. De 27 alunos num 10º ano passamos a

ter 15 no 11º ano e 14 alunos no 12º ano. Novamente a E2 revela-se divergente em

relação ao panorama escolar regional das humanidades que tem uma taxa de sucesso de

67% (ver Gráfico 34). O que nos incomoda particularmente é a tendência é a

expurgação das ciências humanas. Um sinal muito preocupante que se agudiza em

2004/05 com o desaparecimento das humanidades como oferta curricular na E2.

Podemos aqui ler que o sacrifício se deu ao nível das Humanidades (agrupamento IV)

que desaparecem completamente da E2 num espaço de um ano106.

105 Fonte: Alunos matriculados na E2 de 2002 a 2005 – Anexo 21 106 Idem

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466

Gráfico 62: Conclusões na área das Humanidades na E2

Quanto melhor conhecermos o funcionamento da democracia, quanto mais for

partilhado esse conhecimento, mais probabilidades teremos de participar e aceitar

uma prática democrática. (…) O aprofundamento prático da democracia puxa pelo

desenvolvimento do conhecimento nas ciências Humanas107.

Em relação à turma do curso TPHRA tem um fraco aproveitamento: dos 22 alunos que

se matricularam apenas 7 terminaram o seu curso (Gráfico 63)108. Contrariando, assim e

mais uma vez, a tendência geral do ensino profissional na RAM (Gráfico 48).

Gráfico 63: Conclusões no TPHRA na E2

Curiosamente, na E2, são os alunos de Ciências que mais reprovam ao longo dos três

anos de ensino secundário: no 12º ano 52% e no 11º ano 17%. 31% é a percentagem de

reprovações no 10ºano. As transferências, anulação de matrícula e exclusão por faltas

ocorrem mais claramente no 10º ano (13 casos109).

107 GIL, José, Portugal, Hoje – O Medo de Existir, pp. 36 e 37 108 Fonte: Alunos matriculados na E2 de 2002 a 2005 – Anexo 21 109 Idem

Page 45: 3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004 3.1. População … · 2008-07-17 · Se o critério de análise for a média das datas de nascimento de todos os alunos inscritos no

467

Gráfico 64: Índices de reprovação nas Ciências

As Humanidades têm uma taxa de reprovação de 43% no 10ºano, 0% no 11º e 57% no

12º ano (Gráfico 66). As transferências, anulação de matrícula e exclusão por faltas

ocorrem no 10º ano com 8 casos, 11º com 2 casos e 12º ano com 4 casos110.

Gráfico 65: Índices de reprovação nas Humanidades

O ensino profissional, no curso TPHRA, tem 100% de sucesso escolar, quer dizer, não

ocorrem reprovações. O seu desastre está no abandono (4 alunos), exclusão por faltas (3

alunos), anulação de matrículas (3 alunos) que, na totalidade, rondam os 75% no 1º ano

de curso e 25% no 2º ano. No terceiro ano não se registam estes indicadores. Em relação

às transferências elas ocorrem apenas no 1º ano com duas transferências (ver gráfico

66)111.

110 Idem 111 Idem

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Gráfico 66: Índices de Transferências, Anulação de Matrícula, Exclusão Por Faltas e Reprovação no Curso TPHRA de 2002 a 2005

É no 10º ano que se dão os maiores índices de transferências, anulações de matrícula,

exclusões por faltas e reprovações em todos os cursos abertos na E2. No 11º ano

abranda novamente em todos os cursos, mas no 12º ano disparam as transferências,

anulações de matrícula, exclusões por faltas e reprovações nas Ciências e nas

Humanidades. A excepção está no curso TPHRA com 0 casos de transferências,

anulações de matrícula, exclusões por faltas e reprovações112. Isto significa que o 10º

ano na E2 não é suficientemente cativante para os alunos de modo a os manter na escola

(Gráfico 67).

Gráfico 67: Índices de Transferência, Anulação de Matrícula, Exclusão

Por Faltas e Reprovação na E2 de 2002 a 2005

A partir do Gráfico 67 podemos verificar que a procura das Ciências não corresponde ao

seu aproveitamento. De 76 alunos inscritos, entre os anos de 2002 a 2005, 23 alunos

reprovaram nesta área de estudos. 7 casos pertencem à categoria Transferências,

Anulação de Matrícula e Exclusão por Faltas. Na área das Humanidades de 56 alunos 7

112 Idem

Page 47: 3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004 3.1. População … · 2008-07-17 · Se o critério de análise for a média das datas de nascimento de todos os alunos inscritos no

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reprovaram e outros 7 encontram-se na situação de Transferências, Anulação de

Matrícula e Exclusão por Faltas. O curso TPHRA tem 0 reprovações entre 44 inscrições

e 8 casos de Transferências, Anulação de Matrícula e Exclusão por Faltas (Gráfico

68)113.

No total temos 77% dos alunos das Ciências a reprovarem na E2, 23% nas

Humanidades e, como já foi referido, 0% no curso TPHRA. É na categoria de

Transferências, Anulação de Matrícula e Exclusão por Faltas que o ensino profissional

ultrapassa todos os outros cursos com uma percentagem de 36% contra os 32% tanto

nas Ciências como nas Humanidades114.

O que fez estes alunos abandonarem o curso TPHRA? Porque anularam as matrículas?

Porque ocorre a exclusão por faltas? Não havendo reprovações, não encontramos as

tradicionais fugas às áreas de ensino: o fugir à Matemática, ou à língua materna. Não

nos é evidente, à partida uma resposta. Ponderamos a qualidade do ensino, a formação

dos professores ou se as expectativas dos alunos foram defraudadas. Pressupomos

encontrar uma resposta no cruzamento destes dados com as entrevistas.

A partir das entrevistas foi-nos possível compreender que a parca formação de

professores nesta área de ensino, bem como as vagas orientações programáticas e

curriculares do Ministério da Educação e as práticas pedagógicas tradicionais num

ensino que que quer divergente foram factores determinantes no abandono escolar dos

alunos do curso TPHRA. Acrescentamos a pobreza dos planos anuais de actividades

113 Idem 114 Idem

Gráfico 68: Procura, Reprovação, Transferências, Anulação de Matrículas e Exclusão por faltas na E2 de 2002 a 2005

Page 48: 3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004 3.1. População … · 2008-07-17 · Se o critério de análise for a média das datas de nascimento de todos os alunos inscritos no

470

que só por serem mencionados nas actas se adivinham que existiam. As poucas

actividades que foram realizadas não se mostraram interessantes e de modo algum

mereceram o apreço dos alunos115.

3.9. Análise do caso de E1 e os pólos públicos na RAM entre 1997 e 2004

Entre os anos de 1997 e 2004 matricularam-se na E1116 (escola profissional privada)

584 alunos dos quais 384 concluíram os respectivos cursos (66%). 34% (199 casos) dos

alunos desta escola não concluíram os cursos que se propuseram a realizar. Aqui

contabilizámos os alunos dos pólos públicos porque que são, do ponto de vista

institucional, alunos da E1. Os pólos do ensino profissional nível III funcionam como

barrigas de aluguer da E1.

Gráfico 69: Conclusões na E1 de 1997 a 2004

Até 2004 eram seis os pólos da E1 espalhados pela RAM em todos os sentidos da rosa-

dos-ventos. Foram abertos três cursos ligados à área da hotelaria e outros três de

Técnico-Profissional de Auxiliar de Infância. No curso Técnico-Profissional de Turismo

– Animação Turística inscreveram-se 20 alunos e concluíram 18. Os cursos de Técnico-

Profissional de Auxiliar de Infância tiveram um total de 48 inscrições e apenas 2 alunos

não concluíram os cursos. O curso Técnico-Profissional de Turismo – Recepção e

Atendimento de 20 alunos inscritos terminaram 6. Por fim, o curso Técnico-Profissional

de Turismo – Organização e Controlo teve 13 inscrições e terminaram 7 alunos117.

São neste últimos dois cursos que é bastante visível o insucesso se os compararmos com

o curso profissional de auxiliar de infância e com o curso de animação turística.

115 Ver Anexo 14 – entrevistas aos alunos da RAM 116 Ver Anexo 16 – Alunos matriculados na E1 e nos pólos públicos de 1997 a 2004 117 Idem

Page 49: 3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004 3.1. População … · 2008-07-17 · Se o critério de análise for a média das datas de nascimento de todos os alunos inscritos no

471

Chamamos a atenção para a segunda coluna do gráfico 71 em que o número de

inscrições quase que corresponde ao número de conclusões. A terceira coluna representa

um caso em que mais de metade dos alunos inscritos no 1º ano não chegaram ao 3º ano

de curso118.

Gráfico 70: Inscrições e Conclusões do EP privado (E1) nos pólos públicos de 1997 a 2004

No total, temos 101 alunos inscritos da E1 nos pólos públicos. 76% desses alunos

terminaram os cursos. 24%, portanto, 24 casos, não concluíram os estudos que dariam

equivalência ao 12º ano.

Gráfico 71: Conclusões nos pólos públicos da E1 de 1997 a 2004

Na E1, desde 1997 a 2004 inscreveram-se 483 alunos. Terminaram os cursos

profissionais 307 alunos (65%) e por concluir ficaram 176 casos, portanto, 36% (ver

Gráfico 72)119.

118 Idem 119 Idem

Page 50: 3. O ensino secundário na RAM de 1997 a 2004 3.1. População … · 2008-07-17 · Se o critério de análise for a média das datas de nascimento de todos os alunos inscritos no

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Gráfico 72: Conclusões na E1 de 1997 a 2004

Estes são dados curiosos, porque isto significa que há mais sucesso do ensino

profissional nível III nas escolas públicas (através dos pólos públicos) do que nas

escolas privadas, mesmo que esses cursos estejam a ser tutelados pela E1 e

supervisionados pela SREC. Mais 12% dos alunos terminaram os cursos nos pólos

públicos do que na escola profissional privada120.

Ainda que seja um indicador importante, seria bom questionarmos o que é que muda

entre o espaço privado e o espaço público em termos escolares. Os professores das

componentes sociocultural e científica são os mesmos, isto é, são docentes recrutados à

SREC e, portanto, são professores profissionalizados com a devida formação

pedagógica (normalmente na área dos cursos gerais). A componente técnica é

assegurada em ambas as escolas por formadores especializados. Os grandes problemas

disciplinares ocorreram nos pólos públicos e no entanto é na E1 que o sucesso é menor.

Deixamos em aberto a possibilidade dada por Petra (directora pedagógica da E1)

quando afirmava que as representações negativas sobre o ensino profissional nível III

são mais visíveis no ensino privado121, ainda que os restantes entrevistados tenham uma

opinião diferente. Naturalmente que outros indicadores nos ajudaram a determinaram e

a explicitar os dados aqui apresentados.

120 Idem 121 Ver Anexo 15