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UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO - PROFESSOR JOSÉ DE SOUZA HERDY
CSA - ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS
LOG 004 – GESTÃO DE ESTOQUES
3 A DINÂMICA DOS ESTOQUES
Entender a dinâmica dos estoques, ou seja, como os estes funcionam, seus objetivos, problemas e principais conceitos de aplicação é fundamental para o seu gerenciamento eficaz. O primeiro passo é entender porque os estoques existem, quais as razões para se manter estoques?
3.1 GRÁFICO DE ESTOQUE (CURVA DENTE DE SERRA)
A representação da movimentação (entrada e saída) de uma peça dentro de um sistema de estoque pode ser feita por um gráfico em que a abscissa é o tempo decorrido (t), para o consumo, normalmente em meses, e a ordenada é a quantidade em unidades(q) desta peça em estoque no intervalo do tempo (t). Este gráfico é chamado dente de serra.
Figura 1 – Gráfico Dente de Serra.
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Onde:
Demanda (D); Estoque Médio (EM); Estoque de Segurança (ES); Intervalo de Ressuprimento (IR); Nível Operacional (NO); Nível de Ressuprimento (NR); Ponto de Ressuprimento (PR); Quantidade de Ressuprimento (QR); Ruptura de Estoque (Ruptura); Tempo de Ressuprimento (TR);
3.2 ELEMENTOS DE RESSUPRIMENTO
• Quantidade de material consumida em um determinado período de tempo. Demanda é o mesmo que consumo em um determinado período.
Demanda (D)
• Quantidade teórica equivalente a um determinado período de tempo que, após vários ciclos de ressuprimento, corresponderá ao valor médio de quantidade, acrescido ao Estoque de Segurança (ES).
Estoque Médio (EM)
• Quantidade de material destinada a evitar ou a reduzir os efeitos causados por alterações nos tempos de ressuprimento ou nas demandas. Trata-se de uma reserva técnica atribuída pelos gerentes de planejamento de estoques. Pode ser atribuído em tempos ou em quantidades.
Estoque de Segurança (ES)
• Quantidade de tempo entre duas datas sucessivas de ressuprimento. É um período de tempo que corresponde, aproximadamente, ao intervalo de tempo decorrido entre duas quantidades consecutivas de ressuprimento. Também conhecido como Ciclo de Ressuprimento.
Intervalo de Ressuprimento (IR)
• Quantidade disponível, normalmente, para atender à Demanda, atingindo seu ponto máximo em cada ressuprimento. É o mesmo que Estoque Operacional (EO).
Nível Operacional (NO)
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3.3 SISTEMAS DE REPOSIÇÃO DE ESTOQUES
a) Sistema Duas Gavetas: Esse método é o mais simples para controlar os estoques. Pela sua simplicidade é recomendável a utilização para as peças classe “C”. Estoque equivalente ao consumo previsto no período Estoque para não interromper o ciclo de atendimento. Vantagem: Redução do processo burocrático de reposição de material. O Sistema de Duas Gavetas consiste em duas caixas de diferentes tamanhos, onde a menor tem uma quantidade de material suficiente para atender ao consumo durante o tempo de reposição,
• Quantidade de material em estoque e em encomenda, ou seja, estoque potencial. É a quantidade máxima permissível em estoque. Também conhecido como Estoque Máximo, ou, ainda Limite Máximo.
Nível de Ressuprimento (NR)
• Quantidade de material que, ao ser atingida pelo estoque em declínio, determina a emissão de um pedido de ressuprimento. Também conhecido como Ponto de Reposição, ou, ainda, como Estoque Mínimo.
Ponto de Ressuprimento (PR)
• Quantidade de material destinada a recompletar o Nível Operacional e a ser consumida no Intervalo de Ressuprimento. Deve atender à Demanda prevista em determinado intervalo de tempo.
Quantidade de Ressuprimento (QR)
• Quantidade de estoque de valor igual a 0 (zero) gerando, a partir desse ponto, faltas ao estoque. O Ponto de Ruptura (ou ruptura de estoque) ocorre após Ter sido utilizado, inclusive, o Estoque de Segurança.
Ruptura de Estoque (Ponto de Ruptura)
• Espaço de tempo decorrido enter a data em que um determinado material é solicitado, e aquele que é recebido em condições de utilização, e integrado aos estoques e à disposição dos usuários. È o tempo médio que os fornecedores levam, em condições normais, para atender a um pedido.
Tempo de Ressuprimento (TR)
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mais o estoque de segurança, enquanto que a caixa maior possui um estoque equivalente ao consumo previsto no período. Este sistema é bastante prático e muito utilizado pelo comércio varejista de autopeças e por outros de pequeno porte.
Figura 2 – Sistema de Duas Gavetas. b) Sistema de Máximos e Mínimos (Revisão Contínua): Este sistema parte da premissa de analisar o nível de estoque continuamente, ou seja, a cada retirada ou cada dia, por exemplo, sendo de maneira manual, eletrônica, entre outras. E assim que o estoque chega ao seu nível de segurança, ou na sua quantidade mínima, é feita uma recolocação seguindo o lote econômico de compra pré-determinado anteriormente. Sendo assim, este sistema de revisão tem o período de tempo variável e o tamanho do lote invariável. Ou ainda o sistema de revisão contínua, que também pode ser chamado de ponto de recolocação do pedido, “acompanha o estoque remanescente de um item cada vez que uma retirada é feita, a fim de determinar a necessidade de reposição” (RITZMAN, 2004, pg. 305). Basicamente o sistema consiste em:
Determinar o consumo previsto;
Fixar o período de consumo;
Calcular o Ponto de Pedido;
Calcular os Estoques Máximo e Mínimo;
Calcular o Lote de Compra;
Figura 3 – Sistema de Revisão Contínua.
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c) Sistema das Revisões Periódicas: Por esse sistema o material é reposto, periodicamente, em ciclos de tempo iguais, chamados de período de revisão. A quantidade pedida será a necessidade da demanda do próximo período. Considera-se, também, um estoque mínimo ou de segurança, que deve ser dimensionado de forma que previna o consumo acima do normal e os atrasos de entrega durante o período de revisão e o tempo de reposição. Nesse sistema são programadas as datas em que deverão ser realizados as reposições de material e os intervalos são iguais. O Sistema de Revisão Periódica atenta para a reposição do material em ciclos de tempos iguais ou períodos de revisão, levando-se em consideração um estoque mínimo ou de segurança, o qual deve ser dimensionado de forma que previna o consumo acima do normal e os atrasos de entrega durante o período de revisão e tempo de reposição. Alguns itens poderão apresentar maior consumo do que outros, portanto torna-se conclusiva a ideia de que a revisão deverá ser realizada para cada item em particular.
Figura 4 – Sistema de Revisão Periódica.
Além desses sistemas básicos temos ainda outros modelos de reposição como MRP I e MRP II que por se relacionarem diretamente com a função dos estoques no apoio ao processo produtivo, serão abordados mais adiante.
3.4 ESTOQUES E O EFEITO CHICOTE
Eventuais oscilações de demanda aliadas à problemas logísticos e
falhas no processo produtivo podem impactar significativamente a cadeia de suprimentos e gerar falta do produto, o que de acordo com a lei da oferta e da procura poderá acarretar a alta dos preços no setor fazendo com que uma empresa perca diferenciais competitivos perante as outras.
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Figura 5 – Representação Gráfica da Lei da oferta e da Procura.
Como podemos observar o mercado funciona como uma gangorra onde de um lado temos a quantidade de produtos produzida e do outro o preço desses produtos, determinado pelos fatores de produção aplicados no seu processo de concepção. Nota-se que à medida que reduzimos a quantidade de produtos estocados tendenciosamente vamos aumentar o preço dos produtos existentes no mercado. Esse conceito que você acaba de compreender rege a Economia como conhecemos e é um dos principais fatores para a necessidade de gerenciamento eficaz dos estoques.
As atividades de Produção e Estocagem devem acompanhar a forma com que a empresa se adapta a demanda e busca atender as especificações de seus clientes. Variações de demanda ao longo da cadeia precisam ser percebidas e absorvidas o mais rápido possível a fim de evitar transtornos e prejuízos.
Um desses transtornos é o chamado Efeito Chicote que se dá em toda a cadeia de abastecimento devido a flutuações na demanda que surgem no final da cadeia (consumidor), sentida com maior intensidade no início da cadeia (fornecedores de matéria-prima). Nesse ponto o gerenciamento eficaz de estoques surge como um elemento fundamental para responder a essas variações equalizando os níveis de produtos.
Figura 6 – Efeito Chicote na Cadeia de Suprimentos.
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REFERÊNCIAS
BALLOU, Ronald H.. Marketing Empresarial: transporte, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 2001.
BERTAGLIA, Paulo Roberto. Marketing e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
BOWERSOX, Donald J.; Closs, David J.. Marketing Empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001.
FLEURY, Paulo Fernando; Wanke, Peter,; Figueiredo, Kleber Fossati. Marketing Empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000.
FOSSATI, Kleber/Paulo Fernando Fleury/Peter Wenk. Marketing e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
AGRADECIMENTOS:
Aos Professores Luiz Moura e Pablo de Barros que cederam parte desse material.