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O SURGIMENTO DA FILOSOFIA CRISTÃ HISTÓRIA DA FILOSOFIA Os períodos da História da Filosofia 1º. Filosofia Antiga - A filosofia surge na Antiga Grécia, aproximadamente no século IV a.C. até o século VI d. C., quando o pensamento mítico-religioso é substituído pelo filosófico-científico. A principal característica dessa nova forma de pensamento é a atitude crítica, representada pela oposição entre explicações baseadas em mitos e baseadas na razão. Há dentro deste período três tendências de pensamento que abragem as fases da Grécia Antiga que são: a da Arcaica – Período pré-socrático ou cosmológico, a da Clássica – Período socrático ou antropológico, e Helenística –Período pós-socrático ou ético, sendo a) Período sistemático (aristotélico); b) Período helenístico (greco-romano). Destes períodos podem-se destacar os filósofos mais influentes: Sócrates (470 - 399 a.C.) - Fundou a Filosofia Humanista. Criou a maiêutica (parto das ideias), método de reflexão que consiste em multiplicar as perguntas para obter, a partir da indução de casos particulares, um conceito geral do objetivo. Para Sócrates, a virtude era uma ciência que se podia aprender. Uma voz interior, daimon, indicaria o caminho do bem. Irônico, hábil em confundir o interlocutor, cercado de discípulos extravagantes, como Alcebíades, atraiu muitos inimigos. O julgamento de Sócrates (469-399 a.C.) foi um dos fatos históricos mais importantes da Grécia Antiga e até hoje inspira escritores, artistas e filósofos. Em 399 a.C., Atenas estava se recompondo após a derrota para Esparta na Guerra do Peloponeso, tentando consolidar o ainda frágil regime democrático. O posicionamento crítico de Sócrates pareceu uma afronta aos costumes da cidade e ele foi incriminado, julgado e condenado à morte por envenenamento sob as acusações de não cultuar os deuses da cidade, tentar introduzir novas divindades e corromper a juventude com suas ideias. As acusações não intimidaram o pensador, que decidiu conduzir a própria defesa, dando origem aos textos Êutifron, ‘Apologia de Sócrates’ e Críton. São obras que partem da discussão filosófica, mas assumem ramificações religiosas, políticas e éticas, mostrando por que Sócrates passou para a História como fundador da tradição filosófica ocidental. Platão (427 - 347 a.C.) - Principal discípulo de Sócrates, nascido em Atenas, foi profundo admirador de seu mestre Sócrates. Seu verdadeiro nome era Aristoclés, em uma homenagem ao seu avô. Depois da morte por envenenamento de Sócrates, desiludiu-se de vez com a democracia ateniense e partiu em peregrinação pelo mundo. Peregrinou durante doze anos, quando retornou a Atenas com quarenta anos.

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O SURGIMENTO DA FILOSOFIA CRISTÃHISTÓRIA DA FILOSOFIA

Os períodos da História da Filosofia1º. Filosofia Antiga - A filosofia surge na Antiga Grécia, aproximadamente no século IV a.C. até

o século VI d. C., quando o pensamento mítico-religioso é substituído pelo filosófico-científico. A principal característica dessa nova forma de pensamento é a atitude crítica, representada pela oposição entre explicações baseadas em mitos e baseadas na razão. Há dentro deste período três tendências de pensamento que abragem as fases da Grécia Antiga que são: a da Arcaica – Período pré-socrático ou cosmológico, a da Clássica – Período socrático ou antropológico, e Helenística –Período pós-socrático ou ético, sendo a) Período sistemático (aristotélico); b) Período helenístico (greco-romano).

Destes períodos podem-se destacar os filósofos mais influentes:Sócrates (470 - 399 a.C.) - Fundou a Filosofia Humanista. Criou a maiêutica (parto das ideias),

método de reflexão que consiste em multiplicar as perguntas para obter, a partir da indução de casos particulares, um conceito geral do objetivo. Para Sócrates, a virtude era uma ciência que se podia aprender. Uma voz interior, daimon, indicaria o caminho do bem. Irônico, hábil em confundir o interlocutor, cercado de discípulos extravagantes, como Alcebíades, atraiu muitos inimigos.

O julgamento de Sócrates (469-399 a.C.) foi um dos fatos históricos mais importantes da Grécia Antiga e até hoje inspira escritores, artistas e filósofos. Em 399 a.C., Atenas estava se recompondo após a derrota para Esparta na Guerra do Peloponeso, tentando consolidar o ainda frágil regime democrático. O posicionamento crítico de Sócrates pareceu uma afronta aos costumes da cidade e ele foi incriminado, julgado e condenado à morte por envenenamento sob as acusações de não cultuar os deuses da cidade, tentar introduzir novas divindades e corromper a juventude com suas ideias. As acusações não intimidaram o pensador, que decidiu conduzir a própria defesa, dando origem aos textos Êutifron, ‘Apologia de Sócrates’ e Críton. São obras que partem da discussão filosófica, mas assumem ramificações religiosas, políticas e éticas, mostrando por que Sócrates passou para a História como fundador da tradição filosófica ocidental.

Platão (427 - 347 a.C.) -  Principal discípulo de Sócrates, nascido em Atenas, foi profundo admirador de seu mestre Sócrates. Seu verdadeiro nome era Aristoclés, em uma homenagem ao seu avô. Depois da morte por envenenamento de Sócrates, desiludiu-se de vez com a democracia ateniense e partiu em peregrinação pelo mundo. Peregrinou durante doze anos, quando retornou a Atenas com quarenta anos.

Para Platão o conhecimento humano vêm de três fontes principais: o desejo, a emoção, e o conhecimento, que fluem do baixo ventre, coração e cabeça, respectivamente. Essas fontes seriam forças presentes em diferentes graus de distribuição nos indivíduos.

Platão acredita que a cidade justa é aquela onde o filosofo governa, o militar defende e a econômica proveem da sociedade. A razão que governa. Para Platão a democracia, tem como essência a injustiça.

Platão divide a realidade em dois setores: o mundo sensível e o inteligível. O mundo sensível é o mundo em que vivemos e que conhecemos através dos sentidos. Tudo o que faz parte da natureza, como também tudo o que é fabricado pelo homem, faz parte do mundo sensível: os animais, as plantas, os utensílios, os homens. Mas, além do mundo sensível (imperfeito e finito), há também o mundo inteligível, onde estão as ideias (essências eternas e perfeitas) ou formas tanto das coisas corpóreas como também das incorpóreas, que nós podemos conhecer através do intelecto.

Aristóteles (384 - 322 a. C.) - Considerado por muitos como o maior filósofo de todos os tempos. Abarcou todos os conhecimentos de seu tempo - Lógica, Física, Metafísica, Moral, Política, Retórica e Poética. Sua Metafísica estuda o “ser enquanto ser” e investiga os “primeiros princípios” e as “causas primeiras do ser”. Na metafísica, Aristóteles admite a necessidade de um motor que esteja em ato. Todo movimento supondo um motor faz a física desemborcar numa teologia: de causa em causa, é preciso parar numa primeira causa, num primeiro motor. Em sua Teologia, Aristóteles procura demonstrar racionalmente a existência de Deus, o “primeiro motor móvel”, o “não-vir-a-ser”, o “ato puro”.

O dualismo platônico – o mundo da inteligência separado do mundo das coisas sensíveis – visava antes de tudo salvar a ciência, estabelecendo a coerência necessária entre o conceito e seu objeto. O realismo de Aristóteles procura restabelecer essa coerência sem abandonar o mundo sensível: explora a experiência, e nela mesma insere o dualismo entre o inteligível e o sensível.

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2º. Filosofia Medieval - A filosofia medieval corresponde aproximadamente ao período compreendido entre o séc. IV (queda do Império Romano) e os sécs. XV-XVI (Renascimento, descobrimento da América, Revolução Científica) e consiste tanto na sua origem quanto na obra de seus principais autores, em uma síntese da filosofia grega com o pensamento cristão. O problema principal da filosofia na Idade Média era a tentativa de conciliar a razão e a fé, sendo que, quando tal conciliação não era possível, a fé tinha a última palavra. A filosofia medieval é muitas vezes denominada filosofia cristã.

Na Idade Média não existia uma Filosofia, mas correntes de opiniões, doutrinas e teorias, denominadas de Escolástica. Santo Tomás de Aquino e Santo Agostinho são seus principais representantes. O método utilizado é o da disputa: baseando-se no silogismo aristotélico, partiam de uma intuição primária e, através da controvérsia, caminhavam até às últimas consequências do tema proposto. A finalidade era o desenvolvimento do raciocínio lógico.

3º. Filosofia moderna - A filosofia moderna surge no contexto das grandes transformações sofridas pelo mundo europeu nos sécs. XV-XVI. Dentre essas transformações, merece destaque a Revolução Científica, que alterou profundamente o modo de conceber o mundo ao substituir o modelo geocêntrico pelo heliocêntrico. 

Pode-se afirmar que a filosofia moderna nasce na esteira da ciência moderna e se caracteriza principalmente pela centralidade e importância do papel atribuído à razão humana e por um acentuado otimismo nas realizações da ciência.

A idade moderna é caracterizada pelo desenvolvimento do método científico. Até então, o conhecimento era dogmático. A partir do século XVI, transforma-se em conhecimento teórico-experimental, ou seja, toda a teoria deve passar pela experiência, no sentido de se aceitar ou rejeitar a hipótese levantada. Por exemplo, o metal, seu conhecimento pode ser: Conhecimento dogmático: o calor dilata o metal; conhecimento teórico-experimental: colocando-se o metal no fogo, ele se dilatará, contudo, somente com a experiência (observando o aumento de calor) é que poderemos dizer até que grau de temperatura ele se dilata ou se derrete.

4º. Filosofia contemporânea - A filosofia contemporânea confunde-se com a chamada crise da razão (a razão humana possuía uma posição privilegiada, no centro do questionamento filosófico). A mesma razão que fundamentava o otimismo moderno nas realizações da ciência construiu as armas que dizimaram milhões de pessoas nas duas grandes guerras, inventou a bomba atômica e promoveu o holocausto.

O traço central do pensamento contemporâneo é o questionamento da razão humana como ponto de partida para uma fundamentação do conhecimento e da ética. A sua origem encontra-se, sobretudo nas obras de Marx, Freud e Darwin, que datam da segunda metade do séc. XIX. A obra de Nietzsche, com sua crítica radical aos valores da sociedade europeia do fim do séc. XIX pode ser considerada como um prenúncio do que estava por vir. Seus principais ensinamentos levaram ao: Positivismo – Comte, ao Materialismo dialético e histórico – Marx, ao Existencialismo - Heidegger, Kierkegaard, Sartre e outros, e a Fenomenologia - Hegel, Kant, Husserl.

PERÍODO HELÊNICOPeríodo da História da Grécia e de parte do Oriente Médio. No final do século IV a.C., iniciou-se

a decadência das Cidades-estados até a perda total de autonomia. A cultura helenística, no entanto, se funde com as civilizações que as dominam, formando o helenismo.

Período de urbanização; Desenvolvimento das cidades portuárias; A urbanização atinge o mundo judaico; Há o predomínio da língua grega; A dominação foi mantida até o começo do século I a.C., data que Roma conquistou o

território grego; Houve a conquista de terras por Alexandre Magno. Ocorre a perda da autonomia política, e o sentido da vida para o homem grego; A organização da pólis estava sob o controle da Império de Alexandre; Agora, o que prevalece é uma ética mais intimista , onde prevalecem os valores mais

pessoais e subjetivos, posto que o cidadão não tem mais o direito de se pronunciar nas assembléias e decidir pelo Estado.

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Ocorre a difusão da cultura grega; A expansão do pensamento grego; O desenvolvimento das ciências; A fundação de várias cidades; No período helenístico, a antiga Paidéia (sistema de educação e formação ética da cultura grega)

torna-se uma enciclopédia , ou seja, educação geral que consiste na ampla gama de conhecimento exigidos para a formação do homem culto.

As questões metafísicas e políticas, são substituídas pelos temas éticos.

AS PRINCIPAIS ESCOLAS FILOSÓFICAS DO PERÍODO HELENÍSTICO Todas as escolas procuravam, estabelecer um conjunto de preceitos racionais para dirigir a vida de

cada um, e, através da ausência do sofrimento (autarquia – busca de si mesmo e ataraxia – tranquilidade obtida através do autocontrole e da ausência de prazeres que viciam e perturbam a alma), chegar à felicidade e ao bem estar.

ESCOLA CÍNICAA palavra cinismo tem a sua origem no grego kunikos, que significa "que diz respeito ao cão“; Corrente filosófica fundada por um discípulo de Sócrates, chamado Antístenes, e cujo maior nome

foi Diógenes de Sínope, por volta de 400 a.C., que pregava essencialmente o desapego aos bens materiais e externos. Ou seja, sua filosofia partia do princípio de que a felicidade não depende de nada externo à própria pessoa, ou seja, coisas materiais, reconhecimento alheio e mesmo a preocupação com a saúde, o sofrimento e a morte, nada disso pode trazer a felicidade. Segundo os Cínicos, é justamente a libertação de todas essas coisas que pode trazer a felicidade que, uma vez obtida, nunca mais poderia ser perdida. Esta escola pode ser apresentada como aquela que caracteriza a decadência moral da sociedade grega e macedônica.

O termo passou à posteridade como caraterização pejorativa de pessoas sem pudor, indiferentes ao sofrimento alheio. Supostamente, o pensamento cínico teve origem numa passagem da vida de Sócrates, estando este a passar pelo mercado de Atenas, teria exarado o comentário: “Vejam de quantas coisas precisa o ateniense para viver”. Ao mesmo tempo demonstrava que de nada daquilo dependia. De fato, o que o filósofo propunha era a busca interna da felicidade, que não tem causas externas - aspecto ao qual os cínicos passaram a defender, não somente com palavras, mas pelo modo de vida adotado.

Ao contrário da acepção moderna e vulgar da palavra para o cinismo, o objetivo essencial da vida era a conquista da virtude moral, que somente seria obtida eliminando-se da vontade todo o supérfluo, tudo aquilo que fosse exterior. Defendiam um retorno à vida da natureza, errante e instintiva, como a dos cães. Afirmavam que dispunha o homem de tudo que necessitava para viver, independente dos bens materiais. Além dos cínicos, esta foi uma proposição também defendida pelos estóicos. Desacredita nas conquistas da civilização, e suas estruturas jurídicas, religiosas e sociais - elas não trariam qualquer benefício ao homem. Sendo auto-suficiente, tudo aquilo que naturalmente não é dado ao homem pelo nascimento (como o instinto), não pode servir de base para a conceituação da ética. Este pensamento pode ser encontrado no mito do "bom selvagem", de Rousseau.

Os cínicos, assim como Sócrates, nada de escrito deixaram. O que se sabe sobre eles foi narrado por outros, em geral críticos de suas idéias.

O mais importante representante dessa corrente foi um discípulo de Antístenes chamado Diógenes. Ele vivia dentro de um barril e possuía apenas sua túnica, um cajado e uma sacola de pão. Conta-se que um dia Alexandre Magno parou em frente ao filósofo e ofereceu-lhe, como uma prova do respeito que nutria por ele, a realização de um desejo, qualquer que fosse, caso tivesse algum. Diógenes respondeu: "Desejo apenas que te afastes do meu Sol". Essa resposta ilustra bem o pensamento cínico: Diógenes não desejava nada a mais do que tinha e estava feliz assim (apenas, no momento, gostaria que seu sol fosse desbloqueado).

O Sol também pode ser entendido como a Sabedoria ou a fonte do Conhecimento. Platão usou a metáfora do sol em seu mito da caverna, significando a presença do Conhecimento e da Verdade que ilumina. Assim, Diógenes, quando pede para Alexandre Magno não se interpor entre ele e o Sol, aponta para o fato de que o Filósofo não necessita de nenhum poder situado entre ele e o Conhecimento.

Assim como a preocupação com o próprio sofrimento, a saúde, e a morte, a preocupação com a saúde, a morte e o sofrimento dos outros também era algo do qual os cínicos desejavam libertar-se. Por

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isso que a palavra cinismo adquiriu a conotação que tem hoje em dia, de indiferença e insensibilidade ao sentir e ao sofrer dos outros.

EPICURISMOSistema filosófico ensinado por Epicuro de Samos, filósofo ateniense do século IV a.C., e seguido

depois por outros filósofos. Esta escola pode ser colocada no extremo oposto ao estoicismo. Foi uma escola de pensamento muito proeminente por um período de sete séculos depois da morte do fundador. Posteriormente, quase relegou-se ao esquecimento devido ao início da Idade Média, período em que se perderam a maioria dos escritos deste filósofo grego.

Epicuro propunha uma vida de contínuo prazer como chave para a felicidade, esse era o objetivo de seus ensinamentos morais. Para Epicuro, a presença do prazer era sinônimo de ausência de dor, ou de qualquer tipo de aflição: a fome, a abstenção sexual, o aborrecimento, etc. A finalidade da vida é a busca da felicidade obtida ao se atingir a ataraxia, “a ausência de distúrbios” e “a tranquilidade da alma”. Para tanto, é necessário se livrar de todas as ansiedades, inclusive o medo dos deuses e da morte.

A finalidade da filosofia de Epicuro não era teórica, mas sim bastante prática. Buscava sobretudo encontrar o sossego necessário para uma vida feliz e aprazível, na qual os temores perante o destino, os deuses ou a morte estavam definitivamente eliminados. Para isso fundamentava-se em uma teoria do conhecimento empirista, em uma física atomista e em uma ética hedonista.

Os epicuristas eram influenciados pelo atomismo.A idéia que Epicuro tinha, era que para ser feliz o homem necessitava de três coisas: Liberdade,

Amizade e Tempo para meditar. Na Grécia antiga existia uma cidade na qual, em um muro na frente de um mercado, tinha escrito toda a filosofia da felicidade de Epicuro, procurando conscientizar as pessoas que comprar não as tornaria mais felizes como elas acreditavam.

Ela se caracteriza pela ideia de que o homem deve buscar o prazer, entendido como "ausência da dor e não como satisfação das paixões". Desfrutar do prazer é virtude, portanto é um bem, enquanto a dor é um mal. O supremo prazer é o saber que pode ser obtido quando se superam as paixões que são a causa da degradação social. Diz Epicuro "Quando dizemos que o prazer é o bem supremo não queremos referir-nos aos prazeres do homem corrompido, que pensa só em comer, em beber e nas mulheres"

ESTOICISMOA escola estóica foi fundada no século III a.C. por Zenão de Cítio Foi bastante influenciada pelas

doutrinas cínica e epicurista, além da clara influência de Sócrates. O estoicismo é uma doutrina filosófica que afirma que todo o universo é corpóreo e governado por um Logos divino (noção que os estóicos tomam de Heráclito e desenvolvem). A alma está identificada com este princípio divino, como parte de um todo ao qual pertence. Este lógos (ou razão universal) ordena todas as coisas: tudo surge a partir dele e de acordo com ele, graças a ele o mundo é um kosmos (harmonia). Sendo a razão aquilo por meio do que o homem torna-se livre e feliz, o homem sábio não apreende o seu verdadeiro bem nos objetos externos, mas bem usando estes objetos através de uma sabedoria pela qual não se deixa escravizar pelas paixões e pelas coisas externas. Esta escola caracteriza-se pelo espírito de completa austeridade física e moral. Ou seja, o Homem deve suportar os sofrimentos, fugir dos prazeres fáceis e afastar-se das permissividades e licenciosidades. A sabedoria consiste em manter uma vida austera. A prática da virtude "consiste na apatia ou indiferença (apátheia), isto é, na anulação das paixões".

Essa corrente filosófica influenciou profundamente o cristianismo, marcando-o até nossos dias, como, por exemplo, a prática da penitência. Um outro aspecto notável do estoicismo foi sua crença na igualdade de todos os seres humanos, civilizados ou bárbaros, livres ou escravos, idéia tão avessa ao mundo antigo e que haveria de ser difundida, posteriormente, pelo Cristianismo.

TUDO TEM UM MOTIVO PARA OS ESTOICOS Esse "bem viver" dos estoicos está longe de ser uma busca insaciável de prazer, como é o ideal

das sociedades de consumo contemporâneas; Para os estoicos, enquanto o animal é guiado pelo instinto, o homem é guiado pela razão. O

mundo que a razão apresenta ao homem é a Natureza, e não existe nada superior a ela. Deus, portanto, não está fora da Natureza, mas impregnado nela.

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CETICISMOEscola filosófica fundada pelo grego Pirro (360 a.C.-272 a.C.) que questiona as bases do

conhecimento metafísico, científico, moral e, especialmente, religioso. Nega a possibilidade de se conhecer com certeza qualquer verdade e recusa toda afirmação dogmática - aquela que é aceita como verdadeira, sem provas. Ele não deixou nenhum escrito filosófico.

O Ceticismo se caracteriza pela postura de constante busca do conhecimento. Para os céticos a sabedoria não "não é o conhecimento da verdade, mas sua procura". Ensinava que o homem deve desistir das infrutíferas cogitações sobre a verdade absoluta, e deixar de preocupar-se meditando sobre o bem e o mal: só assim alcançará a equanimidade da alma (ataraxia) que é a única felicidade que a vida pode oferecer. Para eles: “O homem sábio duvida de tudo”.

Ceticismo Filosófico - postura filosófica em que pessoas escolhem examinar de forma crítica, se o conhecimento e a percepção que possuem, são realmente verdadeiros e se alguém pode ou não, dizer se possui o conhecimento absolutamente verdadeiro;

O Ceticismo filosófico originou-se a partir da filosofia grega. Uma de suas primeiras propostas foi feita por Pirro de Élis (360-275 a.C.), que viajou até a Índia numa das campanhas de Alexandre “o Grande”, para aprofundar seus estudos e, propor a adoção do ceticismo "prático”.

O ceticismo filosófico procura não a verdade absoluta, mas o valor de perguntas inteligentes. Eles acreditam que essa busca da verdade absoluta causa sofrimento no homem. Opõem-se ao dogmatismo em que é possível conhecer a verdade absoluta.

No ceticismo dogmático o objetivo não é investigar e obter conhecimento, mas unicamente desacreditar alguma idéia que contrarie um conjunto de crenças pré-estabelecidas. Na vigência do ceticismo dogmático, nenhuma nova idéia pode florescer. Por exemplo, Galileu Galilei foi obrigado a negar a sua descoberta de que a Terra é que gira ao redor do Sol. Quando solicitou aos Inquisitores que olhassem pela luneta, estes simplesmente se negaram, alegando que ela estaria adulterada ou que satanás estivesse a produzir ilusões de ótica para desvirtuar o homem do caminho da verdade.

O primeiro filósofo a ter retomado os gregos e a ter, de algum modo, vivido de novo a experiência da dúvida foi Santo Agostinho.

O termo ceticismo terminou por designar atualmente, na linguagem comum, uma atitude negativa do pensamento. O cético é visto, freqüentemente, não somente como um espírito hesitante ou tímido, que não se pronuncia sobre nada, mas como aquele que, sobre qualquer coisa que é avançada, ou sobre qualquer coisa que possa dizer, se refugia na crítica. Da mesma forma, acredita-se ainda que o ceticismo é a escola da recusa e da negação categórica.

O ECLÉTISMONome dado à tendência de selecionar (em grego eklégein) dentre as opiniões de várias escolas

filosóficas, aquelas que se considera verdadeiras, de modo a incorporá-las a um corpo doutrinário próprio. O primeiro a empregar este termo foi Diógenes Laércio, referindo-se a Potamão de Alexandria, afirmando que este, ao selecionar o melhor de cada filosofia com as quais tivera contato, iniciou uma escola eclética. Esta tendência manifestou-se com freqüência durante o período chamado helenístico-romano, que abrange os séculos IV a.C. a III d.C.

Na política e nas artes, ecletismo pode ser simplesmente a liberdade de escolha sobre aquilo que se julga melhor, sem se a apegação a uma determinada marca, estilo ou preconceito. Pode ser considerado também uma reunião de elementos doutrinários de origens diversas que não chegam a se articular em uma unidade sistemática consistente. Esta escola desenvolve-se em oposição aos céticos.

Afirmavam os ecléticos que a verdade não se limita a um sistema filosófico e, portanto, deve ser complementada por elementos das diversas escolas. Para eles, o desacordo dos filósofos deve-se ao fato de que, não podendo a fraca ente humana abarcar toda a verdade com um só olhar, um filósofo limita a sua investigação a um aspecto e outro filósofo a outro aspecto. Assim, estudando aspectos diferentes da realidade é natural que cheguem a conclusões diferentes. Por isso, para se chegar a uma compreensão adequada das coisas, não se deve confiar em um só filósofo, mas é necessário reunir as conclusões das pesquisas dos melhores entre eles. A postura eclética pode ser apresentada como um dos elementos centrais da cultura romana. Seu exército se fez poderoso por que foi capaz de, entre outras coisas, assimilar valores dos povos e exércitos vencidos.

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Os ecléticos, como todos os outros pensadores do período helenista não foram criadores de sistemas, mas assimiladores, releitores e divulgadores do pensamento grego, com algumas variantes e acréscimos. O pragmatismo eclético foi favorecido pelo contato do pensamento grego com a romanidade dominante, inteiramente voltada para a prática e para a ação.

Os primórdios do pensamento cristão foram também marcados por forte assimilação do pensamento grego. Neste sentido, pode-se citar São Clemente e Santo Agostinho como filósofos de tendência eclética. A filosofia renascentista igualmente pode ser considerada eclética, especialmente nos autores que, de alguma forma, intentaram conciliar as principais escolas de pensamento antigas, como as de Platão, Aristóteles e dos estóicos. No século XIX, a filosofia de Victor Cousin, se autodenomina espiritualismo eclético, emprestando a esta tendência características de conciliação e moderação próprias de uma vertente do pensamento neste século.

FILOSOFIA MEDIEVAL - corresponde aproximadamente ao período compreendido entre o séc. IV (queda do Império Romano) e os sécs. XV-XVI (Renascimento, descobrimento da América, Revolução Científica) e consiste tanto na sua origem quanto na obra de seus principais autores, em uma síntese da filosofia grega com o pensamento cristão. O problema principal da filosofia na Idade Média era a tentativa de conciliar a razão e a fé, sendo que, quando tal conciliação não era possível, a fé tinha a última palavra. A filosofia medieval é muitas vezes denominada filosofia cristã.

Conhecer e entender os fatores fundamentais que permitiram a formação do Mundo Ocidental.

Analisar a relação entre a Filosofia Grega pagã e o Cristianismo. Definir e conceituar as bases da filosofia de Santo Agostinho. Compreender a aproximação entre o cristianismo e o platonismo.Caracterização da Filosofia MedievalÉ um período histórico que vai do final do helenismo (séc. IV – V) até o Renascimento (final do

séc. XV e séc. XVI). A imagem negativa da Idade Média se entende pela transição entre os clássicos e os novos tempos, movimento que culmina no humanismo renascentista, procurando recuperar as glórias da antiguidade Greco-Romana. A fase final da filosofia medieval (sécs. XI a XV), equivale ao desenvolvimento da escolástica e a criação das universidades.

As origens da Filosofia CristãA religião cristã originária do judaísmo surge e se desenvolve no contexto do helenismo; O

helenismo permitiu a aproximação entre a cultura judaica e a filosofia grega que tornará possível mais tarde, o surgimento de uma filosofia cristã. A cultura ocidental da qual somos herdeiros até hoje é a síntese entre o judaísmo, o cristianismo e a cultura grega. Alexandria como uma cidade cosmopolita (diferentes culturas); Em Alexandria as culturas convivem e se integram e há uma grande tolerância religiosa (sincretismo religioso). O primeiro representante significativo dessa tradição que se inicia é Fílon, para ele Deus cria o cosmos; Fílon abre caminho para a síntese (união) do cristianismo e filosofia grega. Nessa época encontra-se uma aproximação entre a cosmologia platônica e a narrativa da criação do mundo. A difusão do cristianismo – São Paulo; A concepção de religião Universal; A concepção do helenismo: pois só havia uma língua comum; Havia uma cultura hegemônica.

Inicialmente o cristianismo não se distinguia claramente do judaísmo e era visto como uma seita reformista dentro da religião e da cultura judaica.

São Paulo defende a concepção de uma religião universal (esta é uma diferença básica em relação ao judaísmo e as demais religiões da época).

Podemos dizer que a cultura de língua grega hegemônica permitiu a concepção de uma religião universal e que corresponde no plano espiritual e religioso a concepção de império no plano político e militar.

Consolidou-se com o imperador Constantino batizado em 337 e sua institucionalização como religião oficial.

Entretanto não havia ainda uma unidade no cristianismo, mas a filosofia grega terá uma importância fundamental nesse processo, quando as discussões levaram a formulação de uma unidade doutrinária hegemônica, ortodoxa.

Os primeiros representantes pertencem a escola neoplatônica cristã de Alexandria.

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Uma questão que acompanhará todo o pensamento medieval é um foco permanente de tensão que ficou conhecido como o conflito entre razão e fé.

Os Concílios fixaram a doutrina considerada legítima e condenaram os que não aceitavam esses dogmas expulsando-os da Igreja.

Podemos dizer que a filosofia grega é incorporada de maneira definitiva à tradição cristã. Exemplos:

1- A lógica e a retórica fornecem meios de argumentação. 2- A metafísica de Platão e de Aristóteles fornecem conceitos chaves (substâncias, essências e

etc.), em função dos quais questões teológicas serão discutidas. Filosofia Patrística (séc. I ao VII)Inicia-se com as Epístolas de São Paulo e o Evangelho de São João.Foi obra não só desses dois apóstolos , mas também dos Padres da Igreja – primeiros dirigentes

espirituais e políticos do Cristianismo.Tem como tarefa religiosa a evangelização e a defesa da religião contra os ataques teóricos e

morais que recebia dos antigos. Ideias introduzidas pela Patrística Criação do mundo a partir do nada Pecado original do homem Deus como Trindade Uma Encarnação e morte de Deus Juízo Final ou de fim dos tempos Ressurreição dos mortosExemplo de questão enfrentada pela PatrísticaComo o mal pode existir no mundo já que foi criado por Deus, que é pura perfeição e bondade?Santo Agostinho e Boécio introduziram a ideia de “homem interior”, isto é, da consciência moral

e do livre-arbítrio da vontade (ou o poder da vontade para escolher entre alternativas opostas igualmente possíveis), pelo qual o homem, por ser dotado de liberdade para escolher entre o bem e o mal, é o responsável pela existência do mal no mundo.

Para impor as ideias cristãs, os Padres da Igreja criaram os dogmas (verdades reveladas por Deus).Com isto, surge a distinção entre verdades reveladas ou da fé e verdades da razão ou humanas.Isto é, entre verdades sobrenaturais (o conhecimento é recebido por uma graça divina, superior ao

simples conhecimento racional) e verdades naturais (elaboradas pela razão).O grande tema de toda a Filosofia Patrística é o da possibilidade ou impossibilidade de conciliar

razão e fé, e, a esse respeito, haviam três posições principais:1- Os que julgavam fé e razão irreconciliáveis e a fé superior à razão (diziam eles: “Creio por que

é absurdo”.).2- Os que julgavam fé e razão conciliáveis, mas subordinavam a razão à fé (diziam eles: “Creio

para compreender”.).3- Os que julgavam razão e fé inconciliáveis, mas afirmavam que cada uma delas tem seu campo

próprio de conhecimento e não devem misturar-se (a razão se refere a tudo o que concerne à vida temporal dos homens e do mundo; a fé, a tudo o que se refere à salvação da alma e à vida eterna futura).

Santo Agostinho e o Platonismo CristãoSua influência filosófica e teológica estendeu-se até o período moderno.Destacamos três aspectos fundamentais de sua contribuição ao desenvolvimento da filosofia:1- Sua formulação das relações entre teologia e filosofia, entre a razão e a fé.2- Sua teoria do conhecimento com ênfase na questão da subjetividade e na noção de

interioridade.3- Sua teoria da história elaborada na monumental cidade de Deus.Santo Agostinho - Considerado o primeiro pensador a desenvolver uma noção de uma

interioridade que prenuncia o conceito de subjetividade do pensamento moderno. Encontramos em seu pensamento a oposição interior/exterior e a concepção de que a interioridade

é o lugar da verdade. É olhando para a sua interioridade que o homem descobre a verdade pela iluminação divina.

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A teoria da iluminação divina vem substituir a teoria platônica, explicando o ponto de partida do processo do conhecimento e abrindo o caminho para a fé.

Essa concepção terá uma grande influência no desenvolvimento da noção ocidental de tempo histórico, raiz da visão hegeliana.

Santo Agostinho mostra que os eventos históricos devem ser interpretados à luz da revelação, que a cidade divina prevalecerá, já que a história tem uma direção.

O desenvolvimento da EscolásticaAlém de Santo Agostinho, é necessário mencionar Boécio (470-525), como um pensador

fundamental para a mediação entre a filosofia antiga e a filosofia cristã medieval. As culturas bárbaras que se estabelecem na Europa Ocidental não tinham conhecimento e

interesse pela Filosofia. Só a partir do século IX, cinco séculos após a morte de Santo Agostinho, a situação começa a

mudar. Em 529, São Bento fundou na Itália a ordem monástica beneditina, diferente das ordens monásticas das igrejas orientais exclusivamente contemplativas. Graça aos monges copistas foram preservados os textos da antiguidade clássica grego-romana, nas bibliotecas. Progressivamente o mundo europeu ocidental começa a se reestruturar – a primeira grande tentativa foi no natal do ano 800. O papa Leão III, convidou Carlos Magno a ir à Roma e lá foi sagrado imperador do sacro império romano germânico. Após a morte de Carlos Magno, seu império foi dividido entre o seu filho e os sucessores deste, levando a uma nova fragmentação política e gerando grandes conflitos.

É, portanto, em torno dos séculos XI e XII que vamos assistir o surgimento da chamada Escolástica. Esse termo designa todos aqueles que pertencem a uma escola ou que se vinculam a uma determinada escola de pensamento e de ensino. É neste contexto que aparece a famosa querela entre a razão e a fé que percorre toda a filosofia medieval. No entanto, o desenvolvimento da filosofia torna-se possível devido a consolidação das escolas nos mosteiros e catedrais.

Santo Anselmo e o desenvolvimento da EscolásticaConsiderado o primeiro grande pensador da escolástica elaborando a sua filosofia a partir da

articulação entre a razão e a revelação, ou seja, a fé e o entendimento.Deu a sua principal contribuição à Filosofia na formulação do famoso argumento ou prova

ontológica. Trata-se de um dos argumentos mais clássico da tradição filosófica, tendo sido questionado por

outros filósofos na Idade Média, dentre eles São Tomás de Aquino. A questão passa a discutir se Deus existe apenas no intelecto ou que pode ser pensado na realidade

como algo existente. A conclusão de Santo Anselmo é que não se pode pensar a inexistência de um ser do qual nada

maior pode ser pensado sem contradição; desse modo fica provada a existência de Deus. Em outras palavras: a ideia é que a própria noção de Deus implica que Deus existe. Essa prova concilia razão e fé, aquilo que a fé nos ensina pode ser entendido pela razão e a

filosofia nos ajuda a argumentar em favor disso e caracteriza bem o estilo da escolástica. Agostinho escreve: “O entendimento é dom da fé. Não queiras entender para crer, mas crer para

entender”. Diz Anselmo: “crer para compreender. Efetivamente creio, porque, se não cresse, não conseguiria

compreender”.ConclusãoNão havia uma unidade entre os cristãos, pois tinham diferentes formas de praticar e interpretar a

religião. Assim, era necessário a instituição de uma doutrina comum. Os primeiros representantes da Filosofia Cristã elaboraram uma síntese entre o platonismo e os ensinamentos cristãos. As leituras realizadas que os primeiros pensadores cristãos fazem da filosofia grega é seletiva, tomando aquilo que consideram compatível com o cristianismo enquanto religião revelada.

Portanto, o critério de adoção de doutrinas e conceitos filosóficos é via de regra, determinado por sua relação com os ensinamentos da religião.