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A REVISÃO CONTRATUAL NO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR
Adriana Almeida Rodrigues
RESUMO
Descreve a evolução histórica do Código de Defesa do Consumidor no Brasil e no mundo, bem como os princípios norteadores do Código como o da boa-fé objetiva, da vulnerabilidade do consumidor e do equilíbrio contratual, dentre outros. Menciona os limites impostos à liberdade de contratar, como também a relatividade da força obrigatória dos contratos. Analisa o conceito de consumidor, ou seja, os entes que figuram na relação jurídica de consumo. Dispõe sobre a teoria finalista e maximalista, e os motivos que levaram o ordenamento jurídico a adotar somente uma delas. Trata da revisão contratual no Código de Defesa do Consumidor, com foco no artigo 6o, V, 2a parte. Demonstra em que casos é possível pleitear a revisão, para a qual é pressuposto a ocorrência de excessiva onerosidade por motivos supervenientes à contratação com o fim de preservar o contrato com o restabelecimento do equilíbrio e do vínculo contratual rompidos.
Palavras-chave: Consumidor. Consumo. Defesa do consumidor. Contrato. Revisão contratual.
ABSTRACT
It describes the historic evolution of the Consumer Protection Code in Brazil and in the world, as well as the main principles of the Code such as objective good faith, consumer vulnerability, equity in contracts and other ones. It mentions the limits to the freadom of contracting and also the relativity of the contract mandatory power. It analyses the concept of consumer. In other words, the entity that are part of a consumer juridical relation. It discusses the finalist and maximalist theories and the reasons that influenced the juridical system in adopting only one of them. It talks about the contract review in the Consumer Protection Code, focusing on article 6th , V, 2nd part. It shows situations when it is possible ask for a review. In these cases, it is presupposed the occurence of excessive onerosity in events that took place after the contracting in order to preserve the original contract, reestablishing the broken balance and link of it.
Keywords: Consumer. Consumption. Consumer protection. Contract. Contract review.
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1 INTRODUÇÃO
Desde o seu surgimento, o contrato foi utilizado como meio de circulação de
riquezas e como instrumento de operações econômicas. O contrato, entretanto, está sujeito às
situações e aos acontecimentos que o envolvem desde sua formação até a execução da
obrigação a que se propôs.
Diante da nova ordem contratual, contudo, em que não só o momento da
manifestação da vontade importa, mas também os efeitos do contrato na sociedade, busca-se o
equilíbrio contratual em que a lei assuma o papel de limitar a autonomia da vontade,
protegendo os interesses sociais.
O Estado, ao legislar sobre a proteção contratual no Código do Consumidor,
procurou resguardar o equilíbrio da relação contratual ao proteger o consumidor, considerado
como a parte vulnerável, pois o objetivo desse diploma legal é garantir o tratamento justo na
relação contratual, principalmente em decorrência de contratos que se tornaram onerosos ou
possuem cláusulas desproporcionais aos interesses pactuados pelos consumidores.
O presente trabalho aborda, a intervenção estatal nas relações de consumo e a revisão
contratual prevista no Código de Defesa do Consumidor que permitem, desse modo, a
intervenção do Poder Judiciário para imposição do equilíbrio contratual com o fim de
proteger os interesses dos consumidores.
Assim, pode-se dizer que este trabalho tem por escopo demonstrar que o princípio de
que o contrato não pode ser revisado vem sendo mitigado em face dos dispositivos do Código
de Defesa do Consumidor que permitem a revisão contratual e procuram, por meio desta,
restabelecer o equilíbrio contratual com a preservação do vínculo contratual.
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
A Revolução Industrial originada na Inglaterra no século XIX acarretou mudanças
sociais muito significativas, pois foi com o surgimento desta que nasceu a sociedade de
produção e consumo em massa do século XX. Nessa época desenvolveu-se a necessidade de
estratégias de vendas mais agressivas, sem que houve ainda alguma proteção às relações de
consumo.
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Tudo isso era justificado pela produção dos países desenvolvidos, aliados ao
capitalismo, que, associado às novas tecnologias, revolucionou o processo de fabricação com
a produção em grande escala e abriu novos mercados consumidores capazes de absorver
produtos e gerar lucros.
Nesse contexto a sociedade capitalista apresentava-se competitiva e levada por um
consumismo exagerado. As pessoas, assim como os contratos, perdem sua individualidade,
que estava presente na concepção tradicional do contrato, e passam elas mesmas a servir
apenas como potenciais consumidoras do anseio capitalista.
Com relação à evolução das relações de consumo, salienta João Batista de Almeida:
É de fato inegável que as relações de consumo evoluíram enormemente nos últimos tempos. Das operações de simples troca de mercadoria e das incipientes operações mercantis chegou-se progressivamente às sofisticadas operações de compra e venda. Os bens de consumo passaram a ser produzidos em série, para um numero cada vez maior de consumidores. Os serviços se ampliaram em grande medida. O comércio experimentou extraordinário desenvolvimento, intensificando a utilização da publicidade como meio de divulgação dos produtos e atração de novos consumidores. A produção e o consumo em massa geraram a sociedade de massa, sofisticada e complexa (ALMEIDA, 2002, p. 2)
Muito embora tenha o desenvolvimento tecnológico e científico desencadeado o
desenvolvimento da sociedade de consumo, esta permanecia sem o amparo legal para defesa
de seus direitos, ou seja, necessitava da proteção do ordenamento jurídico.
Assim, em 1930, nos Estados Unidos, surgia a Consumer Union, uma organização
que realizava testes comparativos entre produtos e divulgava seus resultados. Pode-se dizer
que aquela foi uma iniciativa grandiosa para a época.
Em 1962, também nos Estados Unidos, o presidente John Kennedy enfatizava a
necessidade de promover a defesa do consumidor. Logo após sua posse, em sua primeira
mensagem ao Congresso definira quatro direitos fundamentais dos consumidores: direito à
segurança, direito à informação, direito de escolha e direito de ser ouvido. Assim, pode-se
dizer que essa atitude originou o desenvolvimento do direito do consumidor como realização
de política pública mundial.
Em 1973, a Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas reconheceu os
princípios anunciados por Kennedy como direitos fundamentais e universais do consumidor.
No entanto, somente em 1985, com a Resolução no 39/248, a ONU recomendou a adoção de
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direitos políticos de proteção ao consumidor, declarando a existência de desequilíbrio
econômico nas relações de consumo bem como a vulnerabilidade do consumidor, que
necessitava, portanto, de um sistema jurídico eficaz que o tutelasse.
2.1. A Legislação Consumerista no Brasil
O Código Comercial de 1850 e os Códigos Penais de 1840 e 1940, assim como o
Código Civil de 1916, disciplinavam as relações de consumo mas não coibiam os abusos e os
danos à parte fraca das relações jurídicas. O Código Civil de 1916, por exemplo, privilegiava
a autonomia da vontade nas relações jurídicas e a não-intervenção estatal.
A primeira Constituição a ceder espaço à ordem social e econômica foi a de 1934, ao
reconhecer os direitos sociais e econômicos do homem. A Lei no 1.521, de 26 de dezembro
de 1951 (BRASIL, 1951), que modificou a legislação contra crimes de economia popular,
dirigiu sua tutela ao consumidor. Verifica-se, portanto, que o legislador já demonstrava
alguma consciência em relação ao consumidor.
Já a Lei Delegada no 4, de setembro de 1962 (BRASIL, 1962), concedia a
possibilidade de intervenção do domínio econômico para assegurar a livre distribuição de
produtos necessários ao consumidor. É por isso que, a partir de 1980, inúmeros diplomas
legais buscaram de forma direta ou indireta a proteção do consumidor.
O ano de 1985 foi marcado por importantes conquistas para os consumidores. A Lei
no 7.347, de 24 de julho daquele ano (BRASIL, 1985), que regulamentou a Ação Civil
Pública, tinha por objetivo proteger os interesses dos consumidores e possibilitar ação de
responsabilidade por dano causado aos consumidores, legitimando para a ação o Ministério
Público estadual e federal, as autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista,
fundações e associações de classe.
Outro diploma legal daquele mesmo ano, e da mesma data, foi o Decreto Federal no
91.469, posteriormente alterado pelo Decreto Federal no 94.508, de 23 de junho de 1987, que
criou o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor, de assessoria ao Presidente da
República na formulação e condução da política nacional de defesa ao consumidor. Esse
Conselho foi extinto no Governo Collor e substituído pelo Departamento Nacional de Defesa
do Consumidor.
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Não obstante a diversidade das normas criadas na tentativa de defender os interesses
do consumidor, o desequilíbrio nas relações de consumo permanecia, pois não existia
previsão legal para a proteção dos consumidores nos contratos de adesão, como também o
consumidor, na defesa de seus direitos, era obrigado a provar o dano, tornando-se quase
impossível a prova do nexo de causalidade entre o dano e o evento danoso em razão não
apenas da ausência de informações técnicas, como também de recursos econômicos.
E foi assim que a atual Constituição, promulgada em 5 de outubro de 1988, sensível
às necessidades sociais e às tendências modernas de direito, garantiu proteção ao consumidor
e prescreveu entre os direitos individuais e coletivos no inciso XXXII do artigo 5o que o “O
Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor” (BRASIL, 1988), dispondo
claramente que é responsabilidade do Estado promover a defesa do consumidor. Assim, a
Constituição Federal tornou a defesa do consumidor uma norma de ordem pública.
Da mesma forma, o legislador no artigo 170, inciso V1 da mesma Constituição
dispõe sobre a defesa do consumidor como diretriz da ordem econômica e financeira, visando
com isso regulamentar a matéria de consumo.
Em seu artigo 24, inciso VII2, que trata da competência concorrente da União dos
Estados e Distrito Federal, faculta a estes entes a possibilidade de legislarem sobre a
responsabilidade por dano ao consumidor. Com esse dispositivo, o legislador quis ampliar o
campo de defesa dos consumidores proporcionando amplitude e flexibilidade aos Estados-
membros e ao Distrito Federal. Ao proteger os interesses econômicos dos cidadãos, o
legislador quis assegurar uma contratação justa baseada na boa-fé, a fim de reduzir o elevado
número de práticas abusivas no mercado de consumo.
Assim, surge a Política Nacional de Relações de Consumo, que consiste na ação
finalista do Estado que, por meio da repressão de abusos e do incentivo às práticas leais e
eficientes, visa harmonizar os interesses de consumidores e fornecedores na busca de um
mercado pautado na eqüidade e na boa-fé.
Assim, em decorrência do fato de que a defesa o consumidor é preceito
constitucional, o consumidor possui maior estabilidade normativa, pois qualquer lei que
1 Artigo 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observando os seguintes princípios: V- a defesa do consumidor. (BRASIL, 1988)
2 Artigo 24 - Compete a União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: V- produção e consumo.. (BRASIL, 1988)
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venha a excluir a sua proteção será tida como ineficaz, uma vez que será ofensiva à norma
constitucional.
Em 11 de setembro de 1990, o presidente da República sancionava a Lei no 8.078
(BRASIL, 1990), que instituiu o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, o qual entrou
em vigor em 11 de março do ano seguinte e apresentou conceitos, definições e medidas que
tinham por escopo assegurar os direitos básicos do consumidor e a Política Nacional de
Relações de Consumo. Assim, o referido código foi criado com o intuito de assegurar a
efetiva equiparação entre as partes da relação jurídica de consumo, que em princípio seriam
desiguais, pois o consumidor seria hipossuficiente.
3 PRINCIPIOLOGIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Os fundamentos do atual direito contratual não são mais os referenciados pela
concepção tradicional do contrato, os quais estavam relacionados à autonomia da vontade. A
teoria contratual clássica, após inúmeras transformações, que alcançaram seu ponto
culminante com a elaboração do Código de Defesa de Consumidor com a imposição de
normas imperativas, viu suas bases contratuais abaladas pela massificação das relações
contratuais, pois necessitava renovar-se para os novos ideais que a sociedade almejava.
O contrato, na sua concepção clássica, foi construído com base na liberdade de
contratar e na soberania da vontade individual dos contratantes. No entanto, as renovações
sofridas pelo direito contratual à vista da intensidade das relações contratual e do surgimento
de uma economia industrial e capitalista, concentradora de riquezas e de poder, acarretaram o
surgimento de uma sociedade de consumo que passou a demonstrar insatisfação pelo
desequilíbrio contratual em razão da desigualdade formal econômica.
Assim, a nova teoria contratual fornece suporte para a elaboração de normas que
demarcam o novo conceito e os limites da autonomia da vontade com o fim de assegurar que
o contrato cumpra sua nova função de assegurar o equilíbrio das relações contratuais,
atendendo à sua função social aliada à boa-fé objetiva. Desse modo, sendo o Código de
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Defesa do Consumidor instituído como norma de ordem pública3, tem como fim disciplinar às
relações contratuais postuladas na nova ordem contratual.
Pode-se dizer, então, que a nova idéia de contrato origina-se de uma concepção
social em que não apenas o momento da manifestação da vontade importa, mas também os
efeitos do contrato na sociedade, e por isso atribui importância à condição social e econômica
das partes envolvidas.
Nesse sentido, a socialização dos contratos redescobre o papel da lei e passa esta a
ter como objetivo a proteção de determinados interesses sociais bem como a servir como
instrumento limitador do poder da vontade. Assim, o direito desenvolve uma teoria contratual
que reconhece a influência do social (costumes, moralidade, harmonia e tradição) nas relações
de consumo.
Para tanto, a teoria contratual do Código de Defesa do Consumidor necessitou
introduzir nova concepção sobre a concepção tradicional do contrato ao reconhecer a
limitação da liberdade de contratar, a relatividade da força obrigatória dos contratos e a
proteção intervencionista dos interesses dos consumidores.
Pode-se, portanto, dizer que o Código de Defesa do Consumidor, diante das novas
relações contratuais de consumo, da socialização da teoria contratual e do advento de uma
sociedade massificada e complexa, tornou necessária a imposição do princípio da boa-fé
objetiva, uma vez que este princípio valoriza os interesses legítimos que levam cada uma das
partes a contratar.
Assim, Claudia Lima Marques (2002, p. 181) assevera:
Boa-fé objetiva significa, portanto, uma atuação “refletida”, uma atuação refletindo, pensando no outro, no parceiro contratual, respeitando-o, respeitando seus interesses legítimos, suas expectativas razoáveis, seus direitos, agindo com lealdade, sem abuso, sem obstrução,s em causar lesão ou desvantagem excessiva, cooperando para atingir o bom fim das obrigações. A imposição, pela nova teoria contratual, do principio da boa-fé objetiva na formação e execução das obrigações obteve com primeiro resultado – e, talvez ainda o menos conhecido e aceito pelos juristas, a modificação no modo de visualizar esteticamente a relação contratual.
Diante da complexidade das relações contratuais, verifica-se que é na fase da
execução ou formação contratual que o dever de informar, ou seja, o da boa-fé, da cooperação 3 Artigo 1o O presente Código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e
interesse social, nos termos dos arts. 5o, inciso XXXII, 170, inciso, V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias (BRASIL, 1990).
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e lealdade valorizam-se e tornam-se realmente essenciais para a harmonia das relações de
consumo, assim como também, na fase pós-contratual, em decorrência dos riscos descobertos
posteriormente há necessidade de informação da massa de consumidores, ou seja, deve ser a
boa-fé imposta à conduta dos contraentes.
O princípio da boa-fé objetiva limita o princípio da autonomia da vontade assim
como é elemento criador de novos deveres contratuais, o qual para sua maior efetividade deve
contar com previsão legal específica. Dessa forma, o Estado utilizará o instrumento de que
dispõe, ou seja, o poder de regular a conduta dos consumidores mediante lei, limitando assim
a autonomia da vontade.
Pode-se pois afirmar que, à vista da concepção social dos contratos, as leis passam a
ser mais concretas para solucionar os problemas advindos da nova realidade social, com a
utilização dos valores e princípios normatizados pelo Código de Defesa do Consumidor para
alcançar a solução justa ao caso concreto.
3.1 Princípio da Vulnerabilidade do Consumidor e do Equilíbrio Contratual
Diante do desequilíbrio entre consumidores e fornecedores, o Código de Defesa do
Consumidor consagrou a vulnerabilidade do consumidor como princípio normativo. Senso
então o consumidor considerado hipossuficiente, justifica-se a sua proteção pelo sistema
normativo.
O princípio da vulnerabilidade do consumidor, arrolado no art. 4o, inciso I, do
referido Código4, menciona que a vulnerabilidade do consumidor pode ser técnica, jurídica ou
fática.
A vulnerabilidade técnica ocorre quando o consumidor não dispõe de conhecimentos
específicos sobre o objeto que está adquirindo, circunstância que pode provocar enganos
sobre a utilidade do bem ou de suas características.
A vulnerabilidade jurídica ou cientifica diz respeito à falta de conhecimentos
jurídicos, contábeis ou econômicos específicos. Na legislação consumerista essa
4 Artigo 4o A Política Nacional das Relações de Consumo tem como objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito á sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; [...]. (BRASIL, 1990).
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vulnerabilidade é considerada presumida nos casos de pessoa física, o que não ocorre nos caso
de pessoa jurídica.
Pode ainda haver a vulnerabilidade fática ou econômica, caracterizada quando o
fornecedor ou prestador de serviços, em decorrência de sua posição de monopólio, fático ou
jurídico, ou por seu grande poder econômico ou em razão da essencialidade do serviço
prestado impõe sua superioridade a todos que com ele contratam.
Nesse contexto assim dispõe Adalberto Pasqualotto (1993, p. 36):
A vulnerabilidade do consumidor localiza-se não apenas no plano econômico, estendendo-se ao domínio técnico-profissional. Nesse campo, o consumidor é vulnerável porque não dispõe dos conhecimentos técnicos necessários para a elaboração dos produtos ou para a prestação dos serviços de mercado. Por esta razão, o consumidor não está em condições de avaliar, corretamente, o grau de perfeição dos produtos e dos serviços.
A fragilidade do consumidor manifesta-se nos três momentos principais de sua
existência no mercado: antes, durante e após a contratação, ou seja, toda a vulnerabilidade do
consumidor decorre direta ou indiretamente do empreendimento contratual, e toda a proteção
é dirigida ao contrato e ao consumidor.
Diante, portanto, dos apelos da sociedade por mais justiça social e contratual, o
Estado interveio na relação contratual a fim de preservar o equilíbrio dessa relação, hipótese
decorrente do art. 4o, III5, que abriga o princípio do equilíbrio contratual juntamente com o da
boa-fé.
O Estado Liberal exigia uma separação entre Estado e sociedade, mas não intervinha
nas relações contratuais formadas pela autonomia da vontade enquanto a lei possuía função
supletiva. O intervencionismo do Estado decorreu da falência daquele modelo nas situações
em que haveria necessidade de proteger aqueles que o liberalismo não podia tutelar.
5 Artigo 4o A Política Nacional das Relações de Consumo tem como objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito á sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: III- harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (artigo 170 da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e no equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores; [...]. (BRASIL, 1988)
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Desse modo, a conscientização sobre a desigualdade entre as partes na relação de
consumo provocou questionamentos acerca da amplitude da autonomia da vontade e da
obrigatoriedade dos contratos.
Nesse contexto, o intervencionismo estatal evoluiu ao promover leis limitadoras com
poder de auto-regular determinadas cláusulas, bem como de determinar o conteúdo de alguns
contratos, para que, dessa forma, pudesse tutelar os interesses do consumidor, considerado
hipossuficiente na relação contratual.
Com a renovação da teoria contratual, como também pela influência de tendências
sociais em decorrência da realidade da sociedade de massas, o Estado começa a intervir nas
relações contratuais e passa, assim, a proteger o consumidor, considerado a parte
hipossuficiente dessas relações, até mesmo para viabilizar a sustentação do modelo
econômico atual.
Neste passo mostra-se pertinente a afirmação de Claudia Lima Marques (2002, p.
101):
À procura do equilíbrio contratual, na sociedade de consumo moderna, o direito destacará o papel da lei como limitadora e como verdadeira legitimadora da autonomia da vontade. A lei passará a proteger determinados interesses sociais, valorizando a confiança depositada no vínculo, as expectativas e a boa-fé das partes contraentes.
Para assegurar o princípio do equilíbrio, bem como a justiça contratual, mesmo em
face dos métodos unilaterais de contratação em massa, o consumidor vale-se da interpretação
judicial do contrato. Constatada a vulnerabilidade do consumidor em uma relação jurídica,
esse desequilíbrio de forças entre os contratantes é a justificativa para a ocorrência de
tratamento diferenciado e direcionado para o consumidor, que é a parte mais fraca desta
relação, por meio da tutela do Código de Defesa do Consumidor, já que o Código tem como
objetivo restabelecer o equilíbrio contratual ao compensar a vulnerabilidade do consumidor.
4 LIMITES À LIBERDADE DE CONTRATAR
Na teoria contratual clássica a liberdade contratual era o reflexo da autonomia da
vontade, pois o contraente era livre para contratar, para definir o conteúdo do contrato e para
escolher o parceiro contratual. No entanto, por força da proliferação dos contratos de massa, a
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liberdade contratual ficou limitada. A decadência da liberdade contratual, postulada pela
concepção tradicional do contrato, tornou-se um fato na sociedade de consumo.
Com o surgimento dos contratos em massa, em regra por adesão, a liberdade de
escolha do contraente permanece, porém a de determinar o conteúdo do contrato não mais
prevalece e em algumas circunstâncias, como por exemplo, em alguns serviços
imprescindíveis, como água, luz e transporte, ocorre a verdadeira obrigação de contratar.
Os limites impostos à liberdade contratual, por conseguinte, possibilitam que
obrigações não-advindas da vontade declarada dos contraentes possam ser introduzidas no
contrato em decorrência da lei ou da interpretação dos juízes, fato que elucida a importância
da lei em relação à liberdade contratual na nova concepção de contrato.
5 RELATIVIDADE DA FORÇA OBRIGATÓRIA DOS CONTRATOS
A força obrigatória do contrato, na sua concepção tradicional, estava ligada à
vontade das partes, pois, quando manifestada, esta vontade dava origem a um vínculo entre os
contraentes e produzia obrigações para ambos. Entretanto, a nova concepção de contrato
focaliza a lei, como parte principal no âmbito contratual, mas guarda espaço para a autonomia
da vontade e resguarda, portanto, os interesses dos contraentes.
O princípio de que o contrato não pode ser modificado senão pela da vontade de
ambas as partes vem sofrendo mitigações. Muito embora a vontade permaneça importante
para a formação do vínculo contratual, não mais é ela a única fonte de interpretação
contratual, pois em alguns casos novas obrigações não-decorrentes da vontade dos contraentes
podem ser inseridas no contrato em virtude da lei, como também da interpretação judicial,
quando então ocorre o que se denomina de relativização da força obrigatória dos contratos.
Como conseqüência dessa nova realidade contratual faz-se necessário reconhecer a
relatividade dos efeitos dos contratos, pois essa relatividade permite às partes exercer
oponibilidade contra terceiros que possam inviabilizar a satisfação de seus interesses.
Graças ao intervencionismo estatal, com a elaboração de leis que protegem o
consumidor e intervêm na relação contratual, podem os juízes, por exemplo, controlar o
conteúdo do contrato caso forem constatadas cláusulas abusivas que coloquem o fornecedor
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em posição privilegiada, conforme estabelecido no Código de Defesa do Consumidor – artigo
6o, inciso V, e art. 516.
Assim, em decorrência das tendências sociais do contrato, a força obrigatória deste
sofreu modificações, de modo que a lei, aplicada pelo poder judiciário, passa a efetivar a
justiça contratual ao restringir a autonomia da vontade e a força obrigatória dos contratos,
assim como a relatividade de seus efeitos.
6 CONCEITO JURÍDICO DE CONSUMIDOR
Cumpre esclarecer que o direito de requerer a revisão ou modificação judicial,
disposto no artigo 6o, V, do Código de Defesa do Consumidor, é um direto restrito ao
consumidor, uma vez que, no caput o referido artigo dispõe que são direitos básicos do
consumidor, visto que o Código visa à proteção da parte mais fraca na relação de consumo.
Neste sentido, pode-se afirmar que o “artigo 6o do CDC instituiu direitos básicos apenas para
o consumidor” (MARQUES, 2002, p. 783).
O Código de Defesa do Consumidor, portanto, equipara algumas pessoas ao
consumidor, para efeitos legais, com intuito de protegê-las. Sendo assim, o conceito do
consumidor padrão encontra-se exposto no artigo 2o, segundo o qual “consumidor é toda
pessoa física ou jurídica que adquire produto ou serviço como destinatário final”. Já no
parágrafo único desse mesmo artigo, o Código equipara ao consumidor, para que possa ser
tutelada pelo mesmo Código, “a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja
intervindo nas relações de consumo”.
O artigo 17 equipara ao consumidor as vítimas de acidentes de consumo: “Para os
efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vitimas”. A seção a que se refere
o artigo é a Seção III, que trata da responsabilidade por vício do produto ou do serviço.
A quarta equiparação ao consumidor feita pelo Código está contida no artigo 29, que
dispõe: “Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as
pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas”. O Capítulo mencionado
trata das práticas comerciais; o seguinte, da proteção contratual.
6 Artigo 6o São direitos básicos do consumidor: V – a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem onerosas; Art. São nulas de pleno direito, entre outras as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: [...]. (BRASIL, 1990)
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A expressão “destinatário final”, contida no conceito do artigo 2o, possui
interpretações diversas de acordo com duas correntes doutrinárias que se manifestam quanto à
sua definição na área de aplicação do Código: os finalistas e os maximalistas.
Para os primeiros, final é aquele destinatário fático e econômico do bem ou serviço,
seja ele pessoa física ou jurídica. Por isso, não basta que o adquirente retire o produto de
circulação: faz-se necessário que o adquirente seja destinatário final econômico do bem, isto
é, que este não se destine a atividades profissionais ou à revenda, mas sim para uso pessoal ou
familiar. Assim, a destinação final, do produto ou serviço, exigida pela teoria finalista é a
destinação final econômica.
Já para os maximalistas a visão de consumidor é diferenciada, pois para eles o
destinatário final diz respeito à destinação fática dada ao produto ou ao serviço. Para os
maximalistas, basta que alguém retire o produto do mercado e este seja utilizado para que a
pessoa seja considerada consumidor, sendo desnecessário saber a finalidade que se dará a esse
produto; ou seja, esta corrente de pensamento não leva em consideração a destinação
econômica que será dada ao produto.
O Código de Defesa do Consumidor adotou a teoria finalista, pois o Código tem
como objetivo proteger as pessoas que se encontram vulneráveis e dar-lhes proteção. Assim,
por meio das normas não pode o Código proteger aquele que adquire ou utiliza um produto ou
serviço para obter benefícios econômicos, pois estaria privilegiando o fornecedor, que não é a
parte vulnerável da relação jurídica.
Se a proteção ao destinatário final fosse baseada na teoria maximalista, o consumidor
poderia ser onerado, já que o fornecedor teria a proteção do ordenamento, pois, como
destinatário fático final do produto, teria sido considerado consumidor.
A corrente finalista mostra-se mais adequada, pois esta visa proteger a parte mais
fraca na relação de consumo, ou seja, a que se encontra vulnerável em face do fornecedor. O
Código de Defesa do Consumidor considera, então, como consumidor stricto sensu aquele
cuja concepção é defendida pelos finalistas.
Salienta-se, no entanto, que, sendo o consumidor pessoa que adquire ou utiliza o
produto ou serviço como destinatário final econômico, pode o juiz, diante de caso concreto
em que seja constatada a vulnerabilidade de um empresário ou profissional, considerar este
apto a pleitear a revisão contratual por excessiva onerosidade posterior à contratação por
entender a equiparação de sua condição à do consumidor por stricto sensu.
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Já o parágrafo único do artigo 2o do Código de Defesa do Consumidor7 confere
status de consumidor à coletividade de consumidores. O legislador, com tal equiparação,
pretendeu alcançar a coletividade de pessoas cujos interesses ou direitos são atingidos pelo
desrespeito – mediante atitudes e procedimentos adotados pelo fornecedor de produtos e
serviços – de normas contidas no Código.
Em verdade, o legislador tutela o conjunto de consumidores de produtos e serviços, o
grupo, a classe ou a categoria de consumidores, assegurando-lhes a possibilidade de defender
seus direitos de forma conjunta.
Assim, a coletividade de pessoas está apta a ingressar judicialmente com pedido de
revisão contratual se for destinatária final econômica do produto ou serviço.
Quanto ao artigo 17o do Código de Defesa do Consumidor8, este se refere à
equiparação nos casos em que o produto ou serviço defeituoso provoque evento danoso, ou
seja, equipara aos consumidores não somente as pessoas que adquiriram o produto e foram
prejudicadas pelas atividades dos fornecedores, mas também terceiros que não participaram
da relação jurídica mas também foram prejudicados. Nesse contexto dispõe Marco Antonio
Zanellato (2003, p. 174):
Com efeito, as vítimas de um acidente de consumo, que não contrataram com o fornecedor (fabricante, importador, comerciante, etc.) a aquisição do produto ou serviço, nem fizeram uso deles, sendo pessoas estranhas ao negócio jurídico de venda do produto ou do serviço e não tendo feito uso deles, não são passiveis de enquadramento no conceito padrão de consumidor do art. 2o, caput, antes referido. São consumidores, todavia, por força da equiparação do precitado art. 17.
Assim, o consumidor equiparado nos termos no disposto no art. 17 não pode pleitear
revisão contratual por excessiva onerosidade, pois se equipara ao consumidor apenas para
reclamar a devida responsabilidade do fornecedor por vício do produto ou do serviço.
A equiparação de pessoas à categoria de consumidor disposta no artigo 29 do Código
de Defesa do Consumidor9 somente se aplica às disposições dos Capítulos V e VI do Código.
O Capítulo V se refere às práticas comerciais; o Capítulo VI, da proteção contratual.
7 Art.2o Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equiparam-se a consumidores a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. (BRASIL, 1990)
8 Artigo 17-Para os eventos desta Seção equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento (BRASIL, 1990)
9 Art.29 – Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas (BRASIL, 1990).
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Não obstante a importância dos demais conceitos de consumidor elaborados na lei
consumerista, entende-se ser a norma mais importante da aplicação extensiva da lei
consumerista, pois o Código considera consumidor toda pessoa física que esteja exposta às
disposições previstas nos Capítulos V e VI.
Nesse contexto, Claudia Lima Marques (2002, p. 294) faz algumas considerações:
Parece-nos que, para harmonizar os interesses presentes no mercado de consumo, para reprimir eficazmente os abusos do poder econômico, para proteger os interesses econômicos dos consumidores-finais, o legislador concedeu um poderoso instrumento nas mãos daquelas pessoas (mesmo agentes econômicos) expostas às praticas abusivas. Estas, mesmo não sendo consumidores stricto sensu, poderão utilizar as normas de responsabilidade social no mercado de sua nova ordem publica, para combater as praticas comercias abusivas.
Sendo, por conseguinte, a revisão judicial do contrato por excessiva onerosidade
superveniente um direito conferido ao consumidor no art. 6o do Código de Defesa do
Consumidor, entende-se, em princípio, que este direito diz respeito apenas ao consumidor
previsto no artigo 2o deste Código e em seu respectivo parágrafo único. No entanto,
constatada a vulnerabilidade das pessoas referidas no artigo 29, o juiz poderá conceder-lhes
também direito de pleitear em juízo a revisão contratual.
7 CONSIDERAÇÕES ACERCA DO ARTIGO 6O, V, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
O Código de Defesa do Consumidor, reflexo da nova concepção do contrato, tem o
objetivo de garantir a justiça contratual bem como a operabilidade do princípio da eqüidade
contratual, que tem por objetivo assegurar o equilíbrio das prestações. Desse modo, instituiu
como direito básico do consumidor a modificação e a revisão das cláusulas pelo Poder
Judiciário.
Esse dispositivo modificou o direito contratual clássico, que já se encontrava
distanciado da realidade atual. Assim, o modelo contratual que considerava vinculantes as
manifestações e condutas das partes no momento em que este fora feito sem considerar as
ocorrências que poderiam afetá-lo durante o lapso temporal decorrido entre a manifestação
inicial e o momento da execução revelou-se insuficiente. O dogma da autonomia da vontade e
da obrigatoriedade dos contratos foi perdendo força diante da possibilidade de modificar e
revisar os contratos.
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Dispõe o Código de Defesa do Consumidor, no art. 6o, que:
São direitos básicos do consumidor: V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou a revisão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
Pode-se observar que, em qualquer das hipóteses acima descritas, tanto quando a lei
se refere à modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações
desproporcionais, como também quanto à revisão contratual das prestações em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas, o objetivo da lei é a conservação
desse contrato.
A despeito do tema, assim discorre Cláudia Lima Marques (2002, p. 781):
O art. 6o do CDC traz uma novidade na proteção contratual do consumidor. Em seu inciso V, o referido artigo permite que o Poder Judiciário modifique as cláusulas referentes ao preço, ou qualquer outra prestação a cargo do consumidor, se “desproporcionais”, isto é, se acatarem o desequilíbrio do contrato, o desequilíbrio de direitos e obrigações entre as partes contraentes, a lesão. O Poder Judiciário, o Estado, em última análise, intervém na relação contratual de consumo, para sobrepor-se à vontade das partes, para modificar uma manifestação livre de vontade, para impor um equilíbrio contratual. Mais do que nunca este novo direito contratual do consumidor caracteriza as normas do CDC como intervenção estatal no espaço do consumidor antes reservado para a autonomia da vontade, de acordo com os postulados sociais da nova teoria contratual do Estado de direito.
O referido artigo menciona dois institutos distintos: a lesão e a excessiva
onerosidade posterior à contratação, que possuem em comum o objetivo de modificar e
revisar o conteúdo contratual e a finalidade de preservar o contrato, uma vez que ambos se
baseiam na vulnerabilidade do consumidor, na boa-fé objetiva e no equilíbrio contratual.
8 A LESÃO E A POSSIBILIDADE DE MODIFICAÇÃO DO CONTRATO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Relata-se que a lesão remonta ao Direito Romano. Utilizava-se um critério objetivo
para verificar a ocorrência da laesio enormis, segundo a qual se uma venda fosse realizada por
quantia menor que a metade do valor do bem, estaria configurada a lesão, que concedia ao
lesado direito de rescindir o contrato. Por sua vez os canonistas, na Idade Média, criaram a
laesio enormissima, segundo a qual se a vantagem obtida com a lesão da outra parte
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ultrapassava dois terços do valor do bem, permitia, também, à parte lesada o direito de
rescindir o contrato. Foi na Idade Moderna, contudo, que o Código de Napoleão acolheu a
lesão como vício de consentimento.
No Brasil, muito embora a lesão tenha constado nas Ordenações do Reino, muitos
códigos, em decorrência do princípio da autonomia da vontade, suprimiram-na. Atualmente,
todavia, a lesão encontra-se no artigo 157 do Código Civil, que dispõe que “ocorre lesão
quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação
manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta” (BRASIL, 2002).
Segundo Anelise Becker (2000, p. 87),
lesão é a exagerada desproporção de valor entre as prestações de um contrato bilateral, concomitante à sua formação, resultado do aproveitamento, por parte do contratante beneficiado, de uma situação de inferioridade em que então se encontrava o prejudicado Em primeiro lugar, importa fixar que para ser submisso no conceito de lesão e, por conseguinte, submetido aos efeitos engendrados por este instituto, o desequilíbrio deve verificar-se no momento da formação do contrato. Em segundo lugar, observa-se que a relevância jurídica supõe negócio de natureza que pressuponha relação de equivalência entes as prestações.
Acerca da lesão, Caio Mario da Silva Pereira dispõe: “Apurar-se-á objetivamente a
lesão na proporção evidente e anormal das prestações, quando um dos contraentes aufere ou
tem possibilidade de auferir do contrato um lucro desabusadamente maior do que a
contraprestação a que se obrigou” (PEREIRA, 2001, p. 187).
Muito embora esteja a lesão positivada no Código de Defesa do Consumidor, art. 6o,
primeira parte, o qual concede ao consumidor lesado o direito de modificar as cláusulas
contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais, a lesão não está estabelecida; em
decorrência, contudo, da interpretação do artigo, sua incidência é indiscutível.
Pode-se pois dizer que a lesão ocorre no momento da celebração ou formação do
contrato, ou seja, no momento em que são estabelecidas prestações desproporcionais e estas
acabam por onerar excessivamente o consumidor. Ou seja, caso a lesão não seja identificada
no momento da formação do contrato, não poderá ser caracterizada posteriormente.
Em razão da lesão, o consumidor tem direito a pleitear modificação contratual apenas
nesse momento do contrato, configurado pela incidência de cláusulas desproporcionais. Sendo
assim, circunstâncias posteriores à contratação que onerem excessivamente o consumidor não
concedem a este o direito de modificação contratual, pois não se configurou a lesão. Podendo
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o consumidor, neste caso, pleitear a revisão contratual, que se dá quando condições
posteriores à celebração do contrato tornam-se excessivamente onerosas.
9 REVISÃO CONTRATUAL NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
O Código de Defesa do Consumidor possui princípios específicos como o da
proteção ao vulnerável, da boa-fé objetiva e da preservação do equilíbrio das prestações entre
os contraentes no decorrer da relação contratual. Dessa forma, os referidos princípios são
relacionados aos preceitos constitucionais da tutela da dignidade da pessoa humana, da justiça
social e da defesa do consumidor.
Diante da proteção ao equilíbrio contratual que norteia o Código de Defesa do
Consumidor, o art. 6o, V, 2a parte, confere ao consumidor o direito de revisão contratual por
excessiva onerosidade superveniente à contratação.
Conforme o exposto, existem dois requisitos importantes que configuram a revisão
contratual: os fatos supervenientes e a onerosidade excessiva.
Os fatos supervenientes demonstram uma questão situacional, de tempestividade da
ocorrência do fato, que torne a prestação demasiadamente onerosa ao consumidor, face ao
desequilíbrio na base econômica do contrato. Poderá haver incidência dos fatos
supervenientes somente se o contrato for projetado para o futuro, pois é nesse intervalo
temporal entre a vinculação e a execução contratual que incidirão fatos capazes de alterar a
base negocial do contrato.
Com relação à onerosidade, pode-se afirmar que o acontecimento que incidiu sobre o
contrato deve ser apto a proporcionar desequilíbrio entre as prestações capaz de deslocar ônus
excessivo ao consumidor, a ponto de lhe causar prejuízos caso o contrato seja cumprido. A
onerosidade excessiva está diretamente ligada à base do negócio jurídico, ou seja, à base
negocial econômica do contrato. O consumidor, ao exercer sua liberdade de contratar e de se
vincular a determinado contrato, estará subordinando-se ao estado fático vigente à época da
pactuação. Assim, advindo algum fato que altere essa normalidade e onere o consumidor além
do estabelecido, poderá aquele se utilizar da revisão contratual.
Acerca da onerosidade excessiva conclui Orlando Gomes (1998, p. 179) que:
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Há enfim onerosidade excessiva quando a prestação relativa a uma obrigação contratual torna-se, no momento da execução, bem mais gravosa do que era no momento em que surgiu.
Assim, para que ocorra revisão contratual por excessiva onerosidade superveniente à
contratação nos moldes previstos pelo Código de Defesa do Consumidor são necessários
alguns requisitos que a configurem, ou seja, a prestação deve ser duradoura ou periódica e
deve haver bilateralidade dos contratos.
As prestações duradouras podem ser classificadas em divididas ou fracionadas, e seu
cumprimento realiza-se em momentos distintos, pois estão elas divididas em parcelas;
entretanto, podem também as prestações duradouras ser contínuas, ou continuativas quando
elas se prolongam continuamente.
Já as prestações periódicas, também chamadas de reiteradas ou repetitivas, são
aquelas que, apesar de seu conteúdo apresentar-se em parte como uma prestação dividida ou
fracionada, não se resume a uma única prestação dividida. Assim, as prestações periódicas
relacionam-se a uma mesma relação obrigacional, composta por diversas prestações.
Em decorrência dessa classificação, somente as prestações que se enquadrarem nas
acima mencionadas poderão pleitear revisão contratual por excessiva onerosidade decorrente
de circunstâncias posteriores à formação contratual, já que as obrigações instantâneas não
apresentam excessiva onerosidade por motivos supervenientes.
A bilateralidade é outro requisito necessário à revisão contratual, pois o contrato cria
obrigações para ambas as partes, ou seja, há comutatividade entre as prestações dos
contraentes.
Pode-se dizer também que, mesmo em caso de contratos aleatórios, se forem eles
provenientes de relação de consumo e as prestações se tornarem excessivamente onerosas
para o consumidor por motivos posteriores à contratação, com conseqüente e profundo
desequilíbrio contratual, poderá ser pleiteada a revisão contratual.
Por isso, a interpretação do art. 6o, V, 2a parte, do Código de Defesa do Consumidor,
não deve ser restritiva a este dispositivo legal, o qual possui a finalidade de tornar efetivo o
direito constitucional de defesa do consumidor previsto nos arts. 5o, XXXII, e 170, V, da
Constituição Federal10.
10Artigo – 5. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direto relativo à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXII- o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
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Saliente-se também que o consumidor que pleiteia a revisão contratual não pode
ensejar ou ser o causador da excessiva onerosidade superveniente à contratação, pois dessa
forma não se poderia conceder privilégios ao consumidor, já que este não estaria respeitando
os preceitos legais, como a boa-fé objetiva.
Verifica-se também que não é permitido ao consumidor que esteja em mora requerer
a revisão contratual por excessiva onerosidade superveniente à contratação, pois a obrigação
estabelecida entre as partes deve ser cumprida. Para o consumidor em mora requerer a
referida revisão deve fazê-lo antes de constituir-se a inadimplência ou realizar depósito
judicial referente à prestação que entende devida para afastar aquela.
Se, contudo, o consumidor que se constitui em mora justificar tal situação, o juiz
poderá examinar o caso e poderá ser concedida a revisão contratual, apesar de o reclamante
encontrar-se em tal estado porque existem situações em que é justificável, em decorrência da
excessiva onerosidade, que o consumidor não tenha conseguido efetivar a revisão antes de
constituir-se em mora. Em outros casos a onerosidade é tão excessiva que o consumidor não
tem condições de consignar a quantia para pleitear a revisão contratual.
Para se configurar a onerosidade excessiva, não se exige, pois, a impossibilidade do
cumprimento da obrigação conforme inicialmente pactuada, já que para tal é suficiente a
extrema dificuldade de cumprimento da prestação, uma vez que a impossibilidade de adimplir
não se confunde com a onerosidade excessiva, dado que na hipótese de onerosidade excessiva
a prestação é possível, mas a superveniência da circunstância torna o adimplemento oneroso
ao consumidor. Nesse sentido dispõem o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.
(BRASIL, 2004).
A apreciação da onerosidade excessiva apresentada pelo consumidor, porém, ficará a
critério do juiz, que se pautará na Constituição Federal e no Código de Defesa do
Consumidor, considerando o princípio da vulnerabilidade do consumidor, da boa-fé objetiva e
do equilíbrio contratual das prestações, todos aliados ao objetivo de preservação do contrato.
Se o inadimplemento da obrigação provocar prejuízos de grande relevância para o
consumidor e ferir sua dignidade, bem como se as dificuldades o levarem à situação extrema
de dificuldade, certamente ele se encontrará numa situação de excessiva onerosidade.
consumidor; Artigo 170. A ordem econômica, fundamentada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: V- a defesa do consumidor; [...] (BRASIL, 1988).
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Não se faz necessário que a excessiva onerosidade superveniente para o consumidor
represente necessariamente a extrema vantagem para o fornecedor. O Código Civil dispõe, no
art. 47811, que o devedor poderá pedir a resolução do contrato caso sua prestação se torne
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra parte, embora esta não seja
opção a mais adequada pois não conserva o vínculo contratual; ao contrário, extingue-o.
A revisão contratual no Código de Defesa do Consumidor visa preservar o vínculo
contratual, que em muitos casos necessita de adaptações para continuar figurar entre as partes
e concretizar as expectativas dos contratantes.
Relativamente aos acontecimentos supervenientes que tornaram a prestação pactuada
onerosa, não se faz necessário que sejam acontecimentos anormais, imprevisíveis ou
extraordinários: a própria excessiva onerosidade superveniente em decorrência dos próprios
termos contratados é suficiente para ensejar a revisão contratual. Nesse sentido manifesta-se o
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (BRASIL, 2004)
A onerosidade excessiva como elemento suficiente para a revisão do contrato, ao
dispensar o requisito da imprevisibilidade do fato superveniente, protege o consumidor, pois
não exige dele a prova de sua extraordinariedade para que seja revisto o contrato.
Nesse contexto afirma Cláudia Lima Marques (2002, p. 783):
A norma do art. 6o do CDC avança ao não exigir que o fato superveniente seja imprescindível ou irresistível, apenas exige a quebra da base objetiva do negocio, a quebra do seu equilíbrio intrínseco, a destruição da relação de equivalência entre as prestações, ao desaparecimento do fim essencial do contrato. Em outras palavras, o elemento autorizador da ação modificadora do Judiciário é o resultado objetivo da engenharia contratual, que gora apresenta a mencionada onerosidade excessiva para o consumidor, resultado de simples fato superveniente, fato que não necessita ser extraordinário, irresistível, fato que podia ser previsto e não foi.
10 CONCLUSÃO
O direito contratual, por força das novas realidades econômicas, políticas e sociais,
como também da massificação das relações comerciais, teve de se adaptar e ganhar nova
função: a de procurar a realização da justiça e do equilíbrio contratual. O direito contratual
11Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que decretar retroagirão à data da citação (BRASIL, 2002).
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passou a ter uma concepção mais social, pois tenta dirimir a desigualdade entre as partes na
relação contratual.
Sendo assim, pode-se dizer que o Código de Defesa do Consumidor é reflexo dessa
concepção mais social do contrato, segundo a qual a autonomia da vontade não é mais a única
fonte legitimadora das obrigações contratuais, mas concorre com a lei, já que o Código
também tem como escopo garantir a eqüidade social.
As normas do Código de Defesa do Consumidor que orientarão as partes nas relações
contratuais de consumo valorizam tanto a vontade do consumidor como a boa-fé, a segurança,
o equilíbrio, a lealdade e o respeito nas relações de consumo, uma vez que a finalidade dessas
normas é trazer maior transparência às relações de consumo e proteger o vínculo contratual.
À vista disso, o Código de Defesa do Consumidor, para garantir a operabilidade do
princípio do equilíbrio contratual, instituiu como direito do consumidor a revisão das
cláusulas pelo Poder Judiciário. Esse dispositivo modificou o direito contratual clássico, que
já se encontrava distanciado da realidade atual.
O modelo que considerava vinculantes as manifestações e condutas das partes no
momento em que o contrato fora feito – sem considerar as ocorrências que poderiam afetá-lo
durante o lapso temporal decorrido entre a manifestação inicial e o momento da execução –
revelou-se insuficiente. A autonomia da vontade e a obrigatoriedade dos contratos foram
perdendo força diante da possibilidade de revisão dos contratos.
A proteção do equilíbrio contratual que norteia o Código de Defesa do Consumidor,
no art. 6o, V, 2a parte, confere o direito de revisão contratual por excessiva onerosidade
superveniente à contratação, sendo este um direito exclusivo do consumidor.
A revisão contratual por excessiva onerosidade superveniente à contratação ocorre
em virtude de circunstâncias posteriores à formação do contrato que acabaram por tornar as
prestações contratadas excessivamente onerosas para o consumidor, não se fazendo necessário
que as circunstâncias supervenientes sejam imprevisíveis e inesperadas, mas apenas que estas
onerem o consumidor.
Assim, o presente trabalho procurou demonstrar que o Código de Defesa do
Consumidor, ao adotar esse critério de revisão qual a força obrigatória dos contratos, aliada à
autonomia da vontade, não permitia que estes pudessem ser revistos.
Conclui-se que a revisão do contrato positivada no Código de Defesa do
Consumidor, por excessiva onerosidade por fatos supervenientes à contratação, tem como
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objetivo restabelecer o equilíbrio contratual e conservar os elementos objetivos presentes na
formação do contrato, os quais, ausentes em um momento futuro em decorrência de situações
novas, fazem o contrato perder seu equilíbrio ou sua finalidade. Assim, o contrato não se
extingue, mas é restabelecido em outras condições que o tornem possível, pois com a revisão
contratual preservam-se as expectativas dos pactuantes por meio da conservação do vínculo
contratual e atende-se ao bem comum e à função social, que devem ser inerentes a todo
relacionamento negocial.
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