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2 a edição | Nead - UPE 2009

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2a edição | Nead - UPE 2009

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)Núcleo de Educação à Distância - Universidade de Pernambuco - Recife

Silva, Francisca Núbia Bezerra eHistória da língua portuguesa / Francisca Núbia Bezerra e Silva. – Recife:

UPE/NEAD, 2009. 66 p.: il. – (Letras). ISBN 978-85-7856-015-7

Conteúdo: fasc. 1 – Origem e estrutura da língua portuguesa; fasc. 2 – Formação da língua portuguesa; fasc. 3 – Forma da língua e história da língua portuguesanoBrasil;fasc.4–ContributosdoTupi-Guaraniesuainfluência novernáculoportuguês.

1. Língua portuguesa - história 2. Tupi-Guarani 3. Educação a distância

I. Universidade de Pernambuco, Núcleo de Educação a Distância II. Título CDU 806.90(09)

S586h

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Impresso no Brasil - Tiragem 150 exemplaresAv. Agamenon Magalhães, s/n - Santo AmaroRecife - Pernambuco - CEP: 50103-010Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664

Coordenador Geral

Coordenador Adjunto

Assessora da Coordenação Geral

Coordenação de Curso

Coordenação Pedagógica

Coordenação de Revisão Gramatical

Administração do Ambiente

Coordenação de Design e Produção

Equipe de design

Coordenação de Suporte

EDIção 2009

Reitor

Vice-Reitor

Pró-Reitor Administrativo

Pró-Reitor de Planejamento

Pró-Reitor de Graduação

Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa

Pró-Reitor de Extensão e Cultura

Prof. Carlos Fernando de Araújo Calado

Prof. Reginaldo Inojosa Carneiro Campello

Prof. Paulo Roberto Rio da Cunha

Prof. Béda Barkokébas Jr.

Prof.ª Izabel Cristina de Avelar Silva

Prof.ª Viviane Colares S. de Andrade Amorim

Prof. Álvaro Antônio Cabral Vieira de Melo

UNIVERSIDADE DE PERNAmbUCo - UPE

Prof. Renato Medeiros de Moraes

Prof. Walmir Soares da Silva Júnior

Prof.ª Waldete Arantes

Prof.ª Silvania Núbia Chagas

Prof.ª Maria Vitória Ribas de Oliveira LimaProf.ª Patrícia Lídia do Couto Soares LopesProf. Walmir Soares da Silva Júnior

Prof.ª Angela Maria Borges CavalcantiProf.ª Eveline Mendes Costa LopesProf.ª Célia Barbosa da Silva Oliveira .

José Alexandro Viana Fonseca

Prof. Marcos Leite Anita SousaRafael EfremRodrigo SoteroRomeu SantosSusiane Santos

Adonis DutraAfonso BioneProf. Jáuvaro Carneiro Leão

NEAD - NÚCLEo DE EDUCAção A DISTÂNCIA

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Históriada Língua

PortuguesaProfa. Francisca Núbia bezerra e Silva

Carga Horária | 60 horas

ementa

Estudo das origens da Língua Portuguesa, do conteúdo variável e da linearida-de de sua evolução: do latim clássico para o latim vulgar até nossos dias. A Língua Portuguesa é estudada na sua História na variação de cada indivíduo, na sociedade, no espaço e no tempo. Os processos serão contemplados através da fonologia, da morfossintaxe, dos aspectos semânticos, lexicais e das variações linguísticas que vão do lusitano a estruturas vigentes.

objetivo geraL

Refletir sobre a origem e a história da Língua Portuguesa com a compreensão de quanto o latim clássico e vulgar influenciou o conhecimento científico que a longo do tempo definiu nossos contatos e saberes da Língua Portuguesa no contexto do processo histórico.

aPresentação da disciPLina

A disciplina História da Língua Portuguesa contempla não só o conhecimento dessa história e dessa língua mas também pretende envolver o estudante de tal forma que se sinta compelido a aprender e manejar seu idioma e suas variações, com o enlevo a que essa língua nos conduz por sua riqueza vocabular.

De início, veremos, neste primeiro momento, aspectos bastante significativos para uma perfeita compreensão dessa história, tais como: origem, evolução e for-mação desse idioma, assuntos vitais para um perfeito entendimento do tema em pauta e, em seguida, a história da língua em todas as suas dimensões e variedades.

Conhecer para dominar é esse o intento dessa disciplina no Curso de Letras e para o que precisamos saber de “de onde vem essa língua”, “como foi formada,” e acima de tudo, como chegou até nossos dias – tais informações viabilizarão uma série de saberes para além dessa história.

Trabalharemos com leituras, fóruns, webquest, pesquisas em links, desafios ad-vindos no próprio texto.

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7Fascículo 1

a origem e estrutura da

Língua Portuguesa Eixo Temático | A Leitura no Contexto Universitário

Profa. Francisca Núbia bezerra e Silva Carga Horária | 15 horas

objetivos esPecíficos

Discutir as dificuldades de acesso e o manejo do nosso próprio idioma através do conhecimento da história da Língua Portuguesa;

Refletir sobre a história do seu idioma, fundamentado em variados vieses;

Perceber, através do conhecimento da origem, evolução e formação, modos de apropriação do idioma português.

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8 Fascículo 1

1. origem da Língua Portuguesa

Neste momento, nós pretendemos responder o primeiro questionamento sobre a formação histó-rica da Língua Portuguesa, uma vez que este assun-to nos dará o aporte necessário para adentrar ao universo da formação desse idioma. Esse trajeto será feito do início do século III, fixando, assim, a rota que estabelece a Língua Portuguesa em sua origem e o itinerário posterior desse organismo vivo em franca expansão – a Língua Portuguesa. Para isso, temos como questão para reflexão um pensamento de Leonor Buescu:“A língua é ou faz parte do aparelho ideológico, comunicativo e es-tético da sociedade que a própria língua define e individualiza.” Este fascículo traz informações interessantes sobre o Português que vem do Latim Vulgar.

Não podemos nos esquecer de que, quando fala-mos em “língua portuguesa”, “idioma português”, ou “português”, repetimos as mesmas expressões. Logo, de início, procuraremos responder os três questionamentos:

De onde vem a nossa língua? Como chegou até nós?

Como se formou?

1.1. formação Histórica

Há um elemento vital que concorre para a forma-ção da Língua Portuguesa: o domínio romano, que conseguiu reduzir a um denominador comum as várias culturas da Península Ibérica. O português, língua neolatina, resultado da mistura do latim

vulgar, mais a influência árabe e das tribos que viviam na região, consolidou-se nesse idioma rico que temos até hoje, falado por 196 milhões de indi-víduos que a utilizam como língua materna. O por-tuguês é o próprio latim modificado; é o idioma falado pelo povo romano, que continua vivendo transformado nas línguas românicas.

Os fatos, que pertencem à história geral da Península, estão intimamente ligados às circunstâncias históri-cas, em que se criou e desenvolveu o nosso idioma.

No séc. III, antes da nossa era, os romanos ocu-param a Península Ibérica a qual foi incorporada ao império no ano 197 a.C. Temos dificuldades de conhecer a língua da Península Ibérica antes de os romanos dela se apoderarem. Pouco é o que se sabe a respeito dos povos que habitavam o solo peninsular antes da invasão romana. (sec. III a.C.) Dentre esses povos, citamos os mais importantes: celtas, iberos, gregos, fenícios, cartagineses.

Com esses filmes, você poderá observar a maneira de viver desses povos e seus valores.

Podemos dizer que os iberos – povo pacífico e agrícola e os mais antigos de que se tem conheci-mento - foram invadidos, em seu território, pelos Celtas – povos turbulentos, de instinto bélico. Pos-

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SAIBA MAIS!

gLadiador

Depois de escapar da morte, Maximus só con-

segue sobreviver, tornando-se escravo e passa

a treinar para ser gladiador na arena, onde sua

fama cresce. Maximus aprendeu que o único po-

der mais forte que o do Imperador é o desejo do

povo, e ele sabe que só pode realizar sua vingan-

ça, tornando-se o maior herói de todo o Império.

Fonte: www.leitematerno.org/livros_recomendados.htm

SAIBA MAIS!

fiLmes Youtube

http://br.youtube.com/watch?v=fvSh21mVrL8

http://br.youtube.com/watch?v=rUWqQZMyK7M

http://br.youtube.com/watch?v=i6ScnDb_P1A

Museu da Língua Portuguesa

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9Fascículo 1

teriormente, outros povos – os fenícios, os gregos e os cartagineses – fizeram suas colônias comerciais em vários pontos da Península. Quando os carta-gineses decidiram apropriar-se dela, por ocasião do cerco de Sagunto (http://pt.wikipedia.org/wiki/Sagunto), os Celtiberos pediram ajuda aos Romanos que os atenderam de imediato, o que vem confirmar a importância dessa região para a miscigenação do povo português e a contribuição para suas constantes aculturações. Roma, paralela-mente à sua conquista territorial, ia realizando a conquista linguística, impondo aos povos vencidos a sua língua: o Latim.

atividade | Observando esses filmes, registre suas impressões sobre o povo romano e leve para o nosso fórum.

O que determinava o espírito guerreirodos romanos? Qual a política vigente?

O que essas conquistas interferiram na língua deste povo?

O que sabemos é que Roma era habitada por gen-te muito ambiciosa, que queria dominar o mundo todo. Para dominar outros povos, os romanos ti-nham que vencê-los na guerra, pela força. Como tinham um exército muito bem preparado, con-quistaram muitas cidades.

Assim, cada cidade conquistada pelos romanos fala-va uma língua diferente do latim. Roma conquistou tantos povos que formou o grande Império Roma-no. Os países que hoje conhecemos como Portu-gal, Espanha, França, Itália eram, naquela época, regiões dominadas por Roma; eram parte do im-pério romano. O latim era a língua falada em todo o império. Depois, com o tempo, esse império foi perdendo sua grande força, até que foi destruído completamente. E o latim foi falado por toda aque-la gente durante vários séculos. Mas Roma foi ven-cida, perdeu seu domínio naquela parte do mundo.

Na região central da atual Itália, o Lácio, um povo que falava Latim aí estava estabelecido, onde pos-teriormente foi fundada a cidade de Roma que a cada conquista anexava terras novas aos seus do-mínios e a cada uma dessas conquistas impunha aos vencidos hábitos e costumes, como é de praxe entre vencido e vencedores.

Entretanto, não se pode desprezar por completo

a influência exercida pelas diversas línguas faladas na região antes do domínio romano sobre o latim vulgar, mais aberto a transformações e diversifica-ções. Assim é que o latim vai vivenciando uma fase de transição, modificado pelos falares regionais, dando origem a vários dialetos, que recebem a de-nominação genérica de romanço (do latim roma-nice, que significa ‘falar à maneira dos romanos’) (http://acd.ufrj.br/~pead/tema05/ponto22.html).

Vamos nos deter agora, nas modalidades do Latim existentes àquela época: o Latim Vulgar (sermo vul-garis, rusticus, plebeius) e Latim Clássico (sermo litera-rium, eruditus, urbanus). O Latim Vulgar – é objeto aqui de nossa atenção - era a língua falada no cotidiano, usado pelo povo inculto da região central da atual Itália e das pro-víncias: soldados, marinheiros, artífices, agriculto-res, barbeiros, escravos etc. Era a língua coloquial, sujeita, pois, a alterações frequentes, apresentando variações as mais diversas. Essas variações decor-rem dos povos vencidos, de sua diversidade e da di-ferença de seus falares. Daí porque o Latim Vulgar sofreu distintas transformações, resultando no sur-gimento dos diferentes romanços e, posteriormen-te, nas diferentes línguas neolatinas ou românicas.

O Latim Clássico era a língua falada e escrita, apu-rada, artificial, rígida e era o instrumento literário, usada pelos grandes poetas, prosadores, filósofos, retóricos. Se observarmos, através da história, não foi o Latim visto nas obras dos grandes escritores latinos, como Cícero, César, Horácio, etc., co-nhecido como o Latim Clássico, que foi levado à Península Ibérica, mas o Latim usado pelo povo no trato comum, chamado Latim Vulgar. Porque, como diz Serafim da Silva Neto,

uma língua tem dois empregos distintos: o literário, quase sempre escrito, usado pelos artistas da palavra e pela socie-dade culta, difundido nas escolas e nas academias e o popu-lar, falado quase sempre pelo povo despreocupado e inculto.

1.2. Processo de romanização Invadindo a Península Ibérica no sec. II a.C., os romanos iniciaram o seu processo de romanização como consequência de suas políticas, dando assim expansão em quase todo o mundo ao Império Ro-mano, que cresceu devido à organização, ao domí-nio bélico e à cultural de Roma.

Este é o mapa que mostra a expansão do Império

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10 Fascículo 1

No séc. III, a Península Ibérica foi invadida pelos romanos, o que contribuiu para expandir a romanização da Península - era o domínio do território e da cultura – que, no decorrer do século, firmou-se através da construção de estradas que levaram o Cristianismo aos nativos e que ligava a colônia à metrópole. A romanização é o momento em que as forças de unificação predominam sobre as de dispersão, e a fragmen-tação, quando se observava o predomínio da diversificação sobre a concentração. Na origem do português, a romanização é consequência da força política de Roma no processo de expansão do seu Império, e a fragmentação ocorre no contexto das invasões dos bárbaros, do seccionamento das províncias e da perda progressiva do poder romano sobre as regiões conquistadas.

Quando falamos da romanização e da fragmentação, estamos falando de processos distintos que atuam no processo de variação e mudança linguística: uma força centrípeta, de conservação, da unificação, fato que se realiza via instituições e mecanismos sociais de poder, e, então, falamos da força centrífuga, de inovação, de diversificação, que ocorre via mudanças culturais, uso cotidiano e interação com as outras culturas. O que discutimos hoje nos deu uma visão clara de que o português, proveniente do latim vulgar, é uma língua rica de informações, com uma bonita história de sua origem e da biogeografia em que esses fatos ocorrem, o que lhe dá uma visão panorâmica situacional, permitindo que, através dessa leitura, você entre de mente aberta, no mundo em que tal fato ocorreu. Na próxima aula, estudaremos um assunto que dará continuidade a essa origem e estrutura que nos permitirá desenvolver o estudo geolinguístico.

Consulte os links a seguir e leve seus questionamentos para o nosso fórum.

Romano no séc.II a.C.

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11Fascículo 1

atividade | Após o estudo do texto, acrescen-tando-se os conhecimentos aprofundados atra-vés dos links, realize com seus colegas uma dis-cussão crítica/reflexiva no fórum temático com o objetivo de aprofundar-se no estudo sobre a Origem e Estrutura da Língua Portuguesa: for-mação histórica. Vamos nos encontrar lá!

2. do Latim ao Português

2.1. estudo geoLinguístico da Língua Portuguesa

Hoje veremos o fluxo geolinguístico no qual está definido a extensão da Língua Portuguesa, que atinge 4 continentes, 7 países e, também, peque-nas comunidades. Essas constatações nos obri-gam a ressignificar a importância de um idioma de tamanha abrangência e nos levam a refletir sobre o seu alcance na comunidade nacional e internacional, inclusive por representar um ins-trumento de poder e por suas visíveis conota-ções, também, dignas de análises.

Várias causas contribuíram para a modificação do latim:• a língua falada pelos soldados romanos não

era o latim culto, erudito; era o latim popu-

lar, uma língua por isso mesmo em constante evolução;

• as conquistas romanas ocorreram em épocas diferentes e numa vasta extensão geográfica.

Você sabia que a língua portuguesa é uma das cinco línguas mais faladas no mundo?

É a língua nacional de Portugal (incluindo Açores e Madeira) e do Brasil, a língua oficial de vários pa-íses africanos - Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe - onde convive com múltiplas línguas nacionais.

O português é também falado em pequenas comu-nidades, reflexo de povoamentos portugueses data-dos do século XVI, como é o caso de:

• Macau (ex-possessão portuguesa encravada na China)

• Goa, Diu, Damão (na Índia) • Málaca (na Malásia) • Timor Leste (na Indonésia) que tem, além do

português, o idioma tétum como oficial. • Zanzibar (na Tanzânia, costa oriental da África)

Este mapa nos ajudará a fixar a relação dos países onde a língua portuguesa é falada. A Língua Portuguesa, parte constituinte das lín-guas românicas, cuja origem data do sec. II a.C.

aproximadamente, deriva do latim, língua falada pelos romanos que a impuseram aos vencidos no período das suas múltiplas conquistas. Assim, a Língua Portuguesa decorre das línguas românicas pela implantação do latim na Península Ibérica, constituindo fator decisivo para a sua formação. Após longas lutas, as legiões de Roma conquistam a Hispânia no século III a.C. e impõem a sua civiliza-

SAIBA MAIS!

SAIBA MAIS!

http://pt .wikipedia.org/wiki/Pen%C3%ADnsula_

Ib%C3%A9rica

http://www.visiteurope.com/ccm/where_to_go/region/

detail/?nav_cat=2414033&lang=pt_BR&item_url=/ETC/

pan-european/celtic-countries.es

http://peninsulaiberica.blogs.sapo.pt/48411.html

http://www.brasilescola.com/historiag/gregos.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Sagunto

http://acd.ufrj.br/~pead/tema05/ponto22.html

http://www.enciclopedia.com.pt/readarticle.php?article_

id=305

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12 Fascículo 1

Após refletirmos sobre a História da Língua Portu-guesa, da Península Ibérica, onde passamos, obvia-mente, pela romanização e adentramos ao Latim

como língua dos povos invasores, chegamos até a Língua Portuguesa quando da sua formação e de todos os processos envolvidos nesse percurso que se realizaram ao longo dos séculos. Esses estudos abrirão as portas para que os próximos estudos se-jam absolutamente compreensíveis e sequenciados com sucesso.

Você já percebeu que a Língua Portuguesaderiva do Latim?

atividade | Agora terá a oportunidade de traçar,

com suas palavras, a trajetória que vai do latim vulgar até chegar à Língua Portuguesa. Para isso,

ção e a sua cultura, língua, hábitos, valores a todos os povos conquistados mas também receberam in-fluências desses povos, principalmente dos gregos.

No século III, o latim falado nas diferentes regi-ões do Império Romano apresentava uma realida-de tão diversificada que a unidade linguística do império já não existia. Uma das principais causas da transformação do latim nas línguas românicas é essa imensa diferenciação dialetal, explicada por vários fatores, segundo Mattoso Câmara:

• O fator cronológico – as regiões foram roma-nizadas em momentos diferentes, recebendo, portanto, o latim em diversos momentos da sua evolução.

• O contato entre a cultura romana e as diferen-tes culturas dos povos conquistados.

• A grande diversidade sócio-econômica das regi-ões conquistadas.

O citado autor explica muito bem o processo de dialetação, quando afirma que

a diferenciação dialetal explica-se, sempre, em parte, pela história cultural e política e pelos movimentos de popula-ção e, de outra parte, pelas próprias forças centrífugas da linguagem humana, que tendem a cristalizar as variações e criar dialetação em qualquer território, relativamente am-plo e na medida direta do maior ou menor isolamento das áreas regionais em referência ao centro linguístico irradia-dor (Mattoso Câmara, 1979, p. 11).

O mundo lusófono (que fala português) é avaliado hoje entre 190 e 230 milhões de pessoas. O portu-guês é a oitava língua mais falada do planeta, ter-ceira entre as línguas ocidentais, após o inglês e o castelhano.

O português é a língua oficial em oito países de qua-tro continentes:

• Angola (10,9 milhões de habitantes) • Brasil (185 milhões) • Cabo Verde (415 mil) • Guiné Bissau (1,4 milhão) • Moçambique (18,8 milhões) • Portugal (10,5 milhões) • São Tomé e Príncipe (182 mil) • Timor Leste (800 mil)

Aqui vemos os quatro continentes, onde a Língua Portuguesa é falada, perfazendo um total de 230 milhões de usuários, o que a torna a oitava língua mais falada do mundo.

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SAIBA MAIS!

http://assisbrasil.org/acores.html

http://www.brasilescola.com/geografia/angola.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cabo_Verde

http://www.guineabissau-government.com/portuguese/

index-portuguese.php?id=2

http://www.ahm.uem.mz/perfil/arquivo.htm

http://www.sao-tome.com/portuguese.html

http://www.labeurb.unicamp.br/elb/historia_nocoes/

dialeta%C3%A7%C3%A3o.htm

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necessita passear por todos os países que fa-lam português. De posse desse conhecimento sobre seu idioma, você não terá nenhuma difi-culdade em debater com seus colegas, através da WEBQUEST sobre os processos dialetais e as particularidades que você descobrir.

3. o Português na euroPa

Nesta etapa, você vai penetrar no mundo euro-peu onde o português dominava. São quatro conti-nentes a seu dispor e a oportunidade de visualizar a maneira diferenciada do uso do português como língua materna ou segundo idioma. Seja bem-vin-do e boa viagem!

Para melhor compreensão, apresentamos o mapa dos dialetos em Portugal e Galiza.

O galego e o português são falados atualmente, na faixa ocidental da Península Ibérica, onde an-teriormente se falava o galego-português. A dife-rença desses falares aponta para a fonética, prin-

cipalmente nas diferenças entre os sons sibilantes (sibilantes: utilização ou não do mesmo fonema em meSa, miSSa ou na fonética diferenciada ou não entre Cinto, Seio etc). Essas diferenças fonéti-cas levam o galego e o português a serem classifica-dos em três grandes grupos: 1. Dialetos galegos; 2. Dialetos portugueses setentrionais; e 3. Dialetos portugueses centro-meridionais.

A fronteira entre os dialetos portugueses seten-trionais e centro-meridionais atravessa Portugal de Noroeste a Sudeste. Merecem atenção especial algumas regiões do país que apresentam caracterís-ticas fonéticas peculiares: a região setentrional que abrange parte do Minho e do Douro Litoral, uma extensa área da Beira-Baixa e do Alto-Alentejo, principalmente centro-meridional, e o Ocidente do Algarve, também Centro-meridional.

O Português do Norte, ou galego, Português Cen-tral, Português do Sul (incluindo o dialeto de Lisboa) e o Português Insular (o brasileiro e o da ilha de Madeira) são os quatro maiores grupos de

dialetos. Há, sem dúvida, uma analogia fonética entre o es-panhol e o português, mesmo com diferenças na fonologia, na gramática e no vocabulário.

Sem dúvida, os dialetos falados nos arquipélagos dos açorianos e madeirenses representam um prolongamento dos dialetos portugueses continentais, o que inclui este grupo no centro-me-ridional. Constituem exceções a ilha de São Miguel e da Madei-ra - independentemente uma da outra, por se afastarem do que se pode chamar a norma centro--meridional e por acrescentar--lhe um certo número de traços muito peculiares (alguns dos quais igualmente encontrados em dialetos continentais).3.1. o gaLego A maioria dos linguistas e in-telectuais defende a unidade linguística do galego-português até a atualidade. Segundo esse

Dialetos galegos G- Galego ocidentalF - Galego oriental Dialetos portugueses setentrionais E - Dialetos trans-montanos e alto-mi-nhotosC - Dialetos baixo-minhotos, durienses e beirões Dialetos portugueses centro-meridionais D - Dialetos do cen-tro-litoralB - Dialetos do cen-tro-interior e do sul A - Limite de região subdialectal com ca-racterísticas peculia-res bem diferenciadas

Classificação dos Dialetos Galego-Po http://colunas.g1.com.br/zecacamargo/2008/10/27/e-por-isso-que-eu-viajo/ tugueses na Europa

Baseado na Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Costa

www.linguaportuguesa.ufrn.br

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14 Fascículo 1

ponto de vista, o galego e o português moderno seriam parte de um mesmo sistema linguístico com diferentes normas escritas (situação similar à exis-tente entre o Brasil e Portugal, ou entre os Estados Unidos e a Inglaterra, onde algumas palavras têm ortografias distintas). A posição oficial na Galiza, entretanto, é considerar o português e o galego como línguas autônomas, embora compartilhando algumas características.

Após essa “invasão” ao mundo do domínio portu-guês, esperamos que você tenha encontrado tudo o que foi visto nessa aula e aporte nesse evento cheio de conhecimentos sobre seu idioma. ar nesse e em outros percursos. Se tiver dúvida, estamos aqui para ajudá-lo(a) nesse e em outros percursos.

atividade | Faça uma pesquisa que lhe garanta um conhecimento razoável sobre a Língua Portu-guesa na Europa, que contemple as formas dife-

renciadas de uso dessas. Essa pesquisa deve ser feita em forma de texto e enviado para a devida correção.Nesta etapa, apresentaremos o modo de apli-cação da Língua Portuguesa nos seus diversos aspectos, em diferentes continentes: África, Ásia, Oceania e América. Observaremos que

se apresentará uma forma de utilização da língua de maneira diferenciada e analisaremos qual ou quais elemento(s) foi/foram determinante(s) para a origem da evolução da Língua Portuguesa em cada região aqui tratada.

4. o Português na África Em Angola e Moçambique, onde o português se

implantou mais fortemente como língua falada, ao lado de numerosas línguas indígenas, fala-se um português bastante puro, embora com alguns tra-ços próprios, em geral arcaísmos ou dialetalismos lusitanos semelhantes aos encontrados no Brasil. A influência das línguas negras sobre o português de Angola e Moçambique foi muito leve, podendo dizer-se que abrange somente o léxico local.

Nos demais países africanos de língua oficial por-tuguesa, o português é utilizado na administração, no ensino, na imprensa e nas relações internacio-nais. Nas situações da vida cotidiana, são utilizadas também línguas nacionais ou crioulos de origem portuguesa. Em alguns países, verificou-se o surgi-mento de mais de um crioulo, sendo eles, entretan-to, compreensíveis entre si.

Essa convivência com línguas locais vem causando um distanciamento entre o português regional des-ses países e a língua portuguesa falada na Europa, aproximando-se, em muitos casos, do português falado no Brasil.

4.1. angoLa Em 1983, 60% dos moradores declararam que o português era sua língua materna. A língua oficial convive com várias outras línguas nacionais, como o quicongo, o quimbundo, o umbundu, o chocue, o mbundo (ou ovimbundo) e o oxikuanyama.

4.2. cabo verde Fala-se crioulo, que mescla o português arcaico e as línguas africanas. Os crioulos dividem-se em dois grandes grupos: os das ilhas de Barlavento, ao norte, e os das ilhas de Sotavento, ao sul. 4.3. guiné bissau Em 1983, 44% da população falava crioulos de base portuguesa, 11%, o português, e o restante, inúmeras línguas africanas. O crioulo da Guiné--Bissau possui dois dialetos, o de Bissau e o de Ca-cheu no norte do país. 4.4. moçambique O português é a língua oficial falada por 25% da população, mas apenas 1,2% a considera como lín-gua materna. A maioria da população fala línguas do grupo banto.

SAIBA MAIS!

http://pt.wikipedia.org/wiki/Douro_Litoral

http://brasiliavirtual.info/tudo-sobre/beira-baixa

http://alentejo.no.sapo.pt/altoalentejo.html

http://www.regiao-sul.pt/algarve/

http://www.di.ufpe.br/~rac2/portugues/dialept.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Minho

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15Fascículo 1

sido largamente utilizado nos portos da Índia e su-deste da Ásia, atualmente ele só sobrevive na sua forma padrão em alguns pontos isolados:

• em Macau, território chinês sob administração portuguesa até 1999, o português é uma das lín-guas oficiais, ao lado do chinês, mas só é utili-zado pela administração e falado por uma parte minoritária da população;

• no estado indiano de Goa, possessão portugue-sa até 1961, onde vem sendo substituído pelo konkani (língua oficial) e pelo inglês.

• no Timor leste, território sob administração portuguesa até 1975, quando foi invadido e ane-xado ilegalmente pela Indonésia. A língua local é o tetum, embora uma parcela da população domine o português.

Dos crioulos da Ásia e Oceania, outrora bastante numerosos, subsistem apenas os de Damão, Jaipur e Diu, na Índia; de Málaca, na Malásia; do Timor; de Macau; do Sri-Lanka; e de Java, na Indonésia (em algumas dessas cidades ou regiões, há também grupos que utilizam o português).

5.2. o Português na américa

O português brasileiro, como veremos no estudo da língua no Brasil, foi desenvolvido basicamente, no século XVI, pelos dialetos falados de Lisboa a Coimbra. O português brasileiro difere do portu-guês padrão em vários aspectos, como sintaxe, fo-nologia, colocação pronominal, etc...

Pudemos concluir, após a análise da forma de uti-lização da Língua Portuguesa nesses voários conti-nentes, que há uma perceptível variação dessa lín-gua em diferentes aspectos (fonologia, fonética...) e que tal diferenciação se dá em função da maior ou menor miscigenação do Português “puro” com as línguas primitivas locais.

atividade | Verificando as viagens de Zeca Camargo e de Regina Casé em países da Língua Portuguesa e com o apoio de suas aulas sobre “

4.5. são tomé e PrínciPe Em São Tomé, fala-se o forro e o moncó (línguas locais), além do português. O forro era a língua fa-lada pela população mestiça e livre das cidades. No século XVI, naufragou perto da ilha um barco de escravos angolanos, muitos dos quais conseguiram nadar até a ilha e formar um grupo étnico à parte. Este grupo fala o moncó, um outro crioulo de base portuguesa, mas com mais termos de origem ban-ta. Há cerca de 78% de semelhanças entre o forro (ou são-tomense) e o moncó (ou angolar).

Existe também o português de São Tomé, que guar-da muitos traços do português arcaico na pronún-cia, no léxico e, até, na construção sintática. Era a língua falada pela população culta, pela classe média e pelos donos de propriedades. Atualmen-te, é o português falado pela população em geral, enquanto que a classe política e a alta sociedade utilizam o português europeu padrão, muitas vezes aprendido durante os estudos feitos em Portugal.

A ilha do Príncipe fala o principense, um outro crioulo de base portuguesa, que se pode considerar como um dialeto do crioulo são-tomense.

5. outras regiões A influência portuguesa na África deu-se também em algumas outras regiões isoladas, muitas vezes levando à aparição de crioulos de base portuguesa:

Ano Bom, na Guiné EquatorialEm Ano Bom, uma ilha a 400 km ao sul de São Tomé, fala-se o ano-bonense, bastante similar ao são-tomense. Tal fato explica-se por haver sido a ilha povoada por escravos vindos de São Tomé. Casamança, no SenegalO crioulo de Casamança só se fala na capital, Zi-guinchor, uma cidade fundada por portugueses (seu nome deriva da expressão portuguesa cheguei e chorei). Está na órbita lexical do crioulo de Ca-cheu, na Guiné-Bissau.

5.1. o Português na Ásia e oceania Embora nos séculos XVI e XVII o português tenha

SAIBA MAIS!

http://colunas.g1.com.br/zecacamargo/2008/10/27/e-

por-isso-que-eu-viajo

http://leonardonakahara.blogspot.com/2007_12_01_

archive.html

http://macua.blogs.com/mocambique _para_

todos/2008/02/tv-galiza-produ.html

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16 Fascículo 1

o português em diferentes continentes”, elabo-re um roteiro das visitas desses dois jornalistas, falando sobre as semelhanças e diferenças bási-cas entre a língua falada por esses povos e a nos-sa língua no atual estágio. Fale também sobre os aspectos que mais lhe chamaram a atenção na cultura dessas nações de Língua Portuguesa e leve para o nosso fórum.

Vamos lá, precisamos conhecer esta rota, com cer-teza!

6. a evoLução da Língua Portuguesa

A evolução da Língua Portuguesa vivencia várias etapas, vários momentos bastante ricos em nar-rativa de seus eventos, o que torna esse estudo fascinante. É uma evolução que se dá em níveis e movimentos peculiares, porque vão do domínio romano à formação de dialetos, à simbiose do do-mínio árabe com a chegada do castelhano e poste-rior evolução linguística para o galego português e para o catalão.

Paralelo a esse estudo, entramos no mundo que registra os primeiros documentos em português, as músicas e seus cancioneiros.

É a oportunidade de se verificarem os impasses, as discussões, que surgem quando nos debruçamos sobre o estudo das línguas.

Há elementos decisivos na formação e na evolu-ção da Língua Portuguesa: o domínio do Império Romano e as influências das mais diversas línguas faladas antes do domínio romano sobre o latim vulgar. Esse domínio romano passou por diversifi-cações tão significativas que daí se derivaram diale-tos que se denominavam romanço ( do latim roma-nice que significava falar à maneira dos romanos).

Os árabes e os bárbaros, chamados de mouros pe-los habitantes da península, invadem a Península Ibérica; era o séc. VIII.

Então o árabe era a língua, e a religião, o Islamis-mo. A língua era a língua oficial, e não houve im-posição, o latim era a língua de uso.

Os séculos XII, XIV e XV são marcantes para a definição de influência de falares e a delimitação dos espaços geográficos onde ocorreram. O Gale-go-Português era a língua limitada a todo Ocidente da península que compreendia os territórios da Galiza e de Portugal. As diferenças entre o galego e o português aumentavam, evidenciando, assim, a influência dos falares do sul; era a entrada do séc. XIV. Já entre os séculos XII e XV, aparece o galego, que era a língua dos documentos oficiais na região da Galiza e das obras poéticas.

6.1. o gaLego-Português O séc. XII presencia uma fase da evolução linguís-tica digna de nota, quando três grupos definem-se: o galego-português, o catalão e o castelhano. Aqui fica clara a origem do português, que se originou do galego – português medieval levado ao sul no período da Reconquista. Esse grupo linguístico iniciou-se no Norte, foi-se expandindo para o Sul e foi, por isso, o romanço mais ocidental da penínsu-la. A literatura permite contemplar todo esse rumo do galego–português ao apresentar uma grande literatura lírica, inspirada na literatura provençal, porém com características autóctones. Essa língua foi usada durante séculos, em ambos os lados do Minho, recebendo contribuições de poetas de outras penínsulas, excetuando-se a parte oriental, área onde predominava o catalão, mais ligada lin-guisticamente à França.

A recuperação de antigos domínios feita pelos cris-tãos no século XI, quando os árabes são expulsos para o sul da península, faz surgir, então, os diale-tos moçárabes a partir do contato com o latim.

Com a Reconquista, os grupos populacionais do Norte foram-se instalando mais a Sul, dando assim origem ao território português, da mesma forma que, mais a Leste, na Península Ibérica, os leoneses e os castelhanos também foram progredindo para o Sul e ocupando as terras que, após alguns anos, viriam a se tornar o território do Estado espanhol.

Com o início da reconquista cristã da Península Ibérica, o galego-português consolida-se como lín-gua falada e escrita da Lusitânia. Em galego-portu-guês, são escritos os primeiros documentos oficiais e textos literários não latinos da região, como os cancioneiros (coletâneas de poemas medievais):• Cancioneiro da Ajuda - copiado (na época ain-

da não havia imprensa) em Portugal, em fins do século XIII ou princípios do século XIV.

SAIBA MAIS!

http://www.tiosam.com/w/?q=Quicongo

http://pt.wikipedia.org/wiki/Quimbundo

http://pt.wikipedia.org/wiki/Galiza

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Encontra-se na Biblioteca da Ajuda, em Lisboa. Das suas 310 cantigas, quase todas são de amor.

• Cancioneiro da Vaticana - trata-se do códice 4.803 da biblioteca Vaticana, copiado na Itália, em fins do século XV ou princípios do século XVI. Entre as suas 1.205 cantigas, há composi-ções de todos os gêneros.

• Cancioneiro Colocci-Brancutti - copiado na Itália, em fins do século XV ou princípios do século XVI. Descoberto em 1878, na biblioteca do conde Paulo Brancutti do Cagli, em Anco-na, foi adquirido pela Biblioteca Nacional de Lisboa, onde se encontra desde 1924. Entre as suas 1.664 cantigas, há composições de todos os gêneros.

No século VIII, os povos muçulmanos invadiram a Península Ibérica. Compreendiam os árabes e os

berberes e eram chamados de mouros pelos habitan-tes da Península, que foi totalmente dominada. O árabe era a sua língua de cultura, e a sua religião, o Islamismo. Tanto a língua como a religião eram mui-to diferentes da língua fa-lada na região, não haven-do imposição de uma ou outra. A língua árabe era a oficial, embora o latim fosse a língua de uso.

Você teve agora a opor-tunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre os elementos decisivos na formação e evolução da Língua Portuguesa.

As atividades pertinentes a este estudo serão dadas após o estudo da evolu-ção de outras línguas para que você possa estabele-cer as semelhanças.

SAIBA MAIS! http://pt.wikipedia.org/wiki/Galiza

http://www.infopedia.pt/$os-mocarabes

http://gl.wikipedia.org/wiki/Cancioneiro_da_Ajuda

http://www.linguaportuguesa.ufrn.br/pt_2.3.php

7. evoLução de outras Línguas

Continuando o estudo evolutivo da Língua Portu-guesa, vejamos como evoluem outras línguas.

7.1. cataLão O catalão é objeto de várias discussões por parte de vários autores no que diz respeito a sua origem no meado do séc. VIII quando foi introduzido na Pe-nínsula Ibérica. Embora Grieraii tente demonstrar que o catalão se afasta dos demais ibero-românicas, e se aproxima do grupo galo-românicos, embora o considere uma língua independente e não dialeto provençal. O catalão foi a língua dos trovadores provençais e se estendeu até os limites do sul da França. Alguns classificam o catalão como língua ou dialeto galo-românico, como Meyer-Lubke e Griera; outros tendem a provar sua filiação ao grupo ibero-românico, entre este Menéndez Pidal e seu discípulo Amado Alonso.

Mapa da reconquista cristã do território

de Portugalpt

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Os sete territórios por onde se estende a língua catalã são exibidos neste mapa,

em três estados europeus.

A língua catalã se estende por sete territórios divididos entre três estados europeus. A maior parte de seus falantes se encontra nas comuni-dades autônomas de Catalunha, Ilhas Baleares e Comunidade Valenciana, onde a língua rece-be a denominação legal e popular de “valen-ciano,” e dentro da Espanha também é falada na chamada “Franja” de Aragão, que corres-ponde ao território da comunidade autônoma aragonesa adjacente à Catalunha, povoado desde a Idade Média por falantes de catalão.

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Vimos o catalão enquanto objeto de discussão dos linguístas e, consequentemente, os territórios de sua abrangência. Esperamos ter, com esse estudo, deixado claro que o catalão não é um simples diale-to, indo bem além. O castelhano, também, dispen-sa comentários. Então – vamos adelante! Vamos, Dale.

atividade | Ampliando os horizontes sobre a evolução da Língua Portuguesa, propomos pro-curar examinar as semelhanças desses idiomas no que concerne a sua origem. Encontradas es-sas conclusões, este será o assunto de debate do seu próximo fórum temático.

SUCESSO! VOCÊ SERÁ CAPAZ!!!

8. as Línguas românicas

Quando realizamos um estudo sério sobre a Histó-ria da Língua Portuguesa, vemos alguns dedicados às línguas românicas, sem o que esse estudo estaria incompleto. Aqui vocês têm o ensejo de constatar quando as línguas românicas se tornaram reais, factíveis e seu apogeu.

Quando nos aprofundamos nos estudos das lín-guas românicas, não parece que os romanos impu-nham diretamente a língua latina, mas, por serem eles os conquistadores, esse fato era predetermi-nante sobre as demais línguas dos conquistados e acabavam sendo absorvidas.

Tal absorção se deu num contexto de conse-quên-cias diferenciadoras e igual ao que ocorre a qual-quer língua por uma coletividade estrangeira; o latim não fugiu à regra, alterou-se na medida das necessidades regionais, dos hábitos fonéticos do povo conquistado e da época da romanização da província.

A unidade política e a influência conservadora das escolas permitiram que as alterações se infiltras-sem de forma discreta, rompida com a invasão dos Bárbaros no séc. V. Assim, acentuam-se as di-ferenças regionais, e o latim abalado curvou-se ao crescente prestígio das novas formas de expressão, fragmentando-se, assim, em diversas línguas.

As línguas românicas ou neolatinas são aquelas

SAIBA MAIS! http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_catal%C3%A3

euro

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po.p

t

Castelhano (castellano) ou espanhol (español) são os nomes atribuídos a uma língua români-ca originária da Espanha e que hoje é a língua mais falada das Américas. O idioma castelhano tem essa denominação por ser originário da re-gião de Castela. Junto com o inglês, é a língua ocidental que possui mais falantes.

Mas uma solução para esse impasse de origem do catalão foi apresentada por T. H. Maurer que, após estudos aprofundados, declarou textualmente:

Espero que estas páginas sejam suficientes para mostrar o erro de se tomar o catalão como simples dialeto do proven-çal ou mesmo dialeto fundamentalmente galo-românico, pois que ele tem feições, muitas vezes, transparentemente ibéricas. Visto também que se desvia frequentemente do grupo peninsular, aproximando-se incontestavelmente das línguas transpirenaicas, creio ser mais razoável e acorde com os fatos não forçar a sua inclusão em qualquer dos dois grupos, reconhecendo o seu caráter de zona linguísti-ca intermediária entre os dois grupos dialetais românicos mais claramente definidos e opostos.

7.2. casteLHano O castelhano originou-se no centro-norte da pe-nínsula (Castela), quando já existiam outros ro-mances, todos se expandindo do Norte para o Sul, acompanhando o avanço dos reinos cristãos em di-reção ao Sul, na lenta reconquista do território pe-ninsular aos árabes. A expansão do castelhano foi relativamente rápida e avassaladora, sobrepondo-se a diversos romanços e dialetos dos territórios vizi-nhos. Por motivos políticos (casamento dos Reis Católicos), que motivaram a união dos reinos da Castela e Aragão, escolheu-se a língua de Castela como oficial para toda a Espanha, motivo pelo qual é conhecida também como espanhol, língua difundida no vasto império, que, a partir de então, (séc. XVI) foi implantada.

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fala

boni

to.w

ordp

ress

.com

formadas a partir do latim, com o qual possui ab-soluta afinidade. As línguas românicas vivas são: francês, português, italiano, espanhol, catalão, ro-meno, sardo, provençal e reto-românico. Assim são chamadas por serem uma continuação do latim fa-lado na România, nome que designava o conjunto de territórios ocupados pelos romanos e onde se falava o latim.

O Império Romano por 700 anos, entre os séculos III a.C. e V d.C., expandiu-se pela Europa, África e Oriente Próximo, e suas ocupações possuíam um caráter político-econômico, ajudando a difundir o latim, a arte e a cultura romana.

Não podemos esquecer a grande quantidade de idiomas usados por um menor número de falan-tes, fato que não diminui o seu valor: o Galego (moderno), língua occitana (de Provença, França), o sardo e de igual maneira o romanche, (um dos idiomas oficiais da Suíça hoje), também e de igual maneira dialectos (Língua aragonesa aragonês, Lín-gua asturiana asturiano, Língua valenciana valen-ciano, e da mesma forma muitos outros espalha-dos pela Europa Central e de igual maneira pela América Latina).

Com a queda do Império Romano do Ocidente, no séc.V, com as invasões bárbaras, o aparecimen-to de vários dialetos aumentam e transformam-se em línguas diferentes de onde surgiram o latim, já que o latim era a língua de Roma, a língua roma-na, e isso justifica dizer que as línguas românicas ou neolatinas são assim chamadas por virem exata-mente do latim.

São dez as línguas neolatinas e estão assim distribuídas geograficamente:

O Português é falado em Portugal, no Brasil, na Ilha da Madeira, nos Açores e nas an-tigas colônias portuguesas (Angola, Guiné--Bissau, Moçambique, Cabo Verde, Timor, São Tomé, etc.)

O Francês é falado na França, na Suíça, na Argélia, na Bélgica, no Principado de Mônaco, no Haiti, no Canadá, na Luisiânia (Estados Unidos da Amé-rica do Norte), em regiões da Ásia, África e Ocea-nia e também na Guiana Francesa.

O Provençal: seu nome é “provençal”, porque foi a língua falada em Provença, região sul da França. Depois o Francês se impôs, e o provençal pratica-mente desapareceu.

O Espanhol é falado na Espanha, no México, nas Antilhas, nas Filipinas, nas antigas colônias espa-nholas na África e, na América do Sul, só no Bra-sil; nas Guianas, não se fala o espanhol.

O Italiano é falado na Itália, nas antigas colônias italianas na África e Ásia, na Sicília, na Córsega, em São Marinho.

O Catalão é falado na Catalunha, em Valência, em Andorra, nas Ilhas Baleares.

Rético ou ladino ou reto-romano é falado na Su-íça oriental (cantão dos Grisões), no Tirol ociden-tal e no Friul.

O Dalmático foi falado na Dalmácia, mas hoje é uma língua extinta, uma língua que desapareceu.

O Romeno ou Valáquio é falado na Romênia.

O Sardo é falado na Sardenha.

Estudamos oportunamente fatos pertinentes à evo-lução da Língua Portuguesa, quando observamos vários aspectos de como seus eventos são narrados ao longo do tempo pelos estudiosos.

Observamos algumas peculiaridades dessa evolu-ção e do trajeto do tempo em que esses fatos ocor-rem, tentando chegar até às línguas românicas, já que falamos de uma língua em franca expansão. E o mundo dos primeiros documentos na sua forma mais original, o que permite traçar uma linha clara dessa evolução.

Assim, quando você chegar no momento da forma-ção da Língua Portuguesa, desse magnífico idioma, irá se sentir “em casa”.

atividade | Sugerimos algo bem animador: crie uma palavra cruzada que contemple as lín-guas românicas e uma palavra escrita em cada idioma dessas línguas vivas. Feito isso, envie para seus colegas e peça sugestões de como me-lhorar essa atividade.

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A romanização é, pois, o movimento de homoge-neização cultural, linguística e política dos povos nativos da Península Ibérica.

Alguns fatores foram determinantes para a unifica-ção do Império Romano: recrutamento militar dos jovens provincianos, o sistema rodoviário romano, o direito de cidadania romana concedido aos po-vos que habitavam a região e o Cristianismo.

10. fases de evoLução da Língua Portuguesa

O português, desde a consolidação da autonomia política e, mais tarde, com a dilatação do império luso, consagra-se como língua oficial de uma nação.

Na evolução da língua portuguesa, Leite de Vas-concelos reconhece três períodos: pré-histórico, proto-histórico e histórico.

1. Pré-histórico: das origens ao século IX. Esse período é caracterizado pela ausência de do-cumentos.

2. Proto-histórico: do século IX ao século XII. Os documentos existentes são escritos em Latim Bárbaro (latim dos tabeliães). Neles, porém, de quando em quando, se encontram palavras portuguesas, o que prova a evidência de que o dialeto galaico-português já existia nesse tempo. Portanto a língua já era falada, mas não era escrita.

3. Histórico: inicia-se no século XII, em que os textos ou documentos aparecem inteiramente redigidos em português.

Período Histórico

O período histórico pode ser dividido em duas fases:

fase arcaica: do sécuLo Xii ao sécuLo Xvi • No século XII, aparece o primeiro texto intei-

ramente redigido em português – “Cantiga da Ribeirinha” – poesia escrita por Paio Soares de Taveirós dedicada à D. Maria Paes Ribeiro.

• A grande filóloga Dra. Carolina Michaelis de Vasconcelos datou este documento da Língua Portuguesa de 1189.

• A partir de então, aparecem textos em poesia e, mais tarde, em prosa.

9. a formação da Língua Portuguesa

Buscaremos entender como a Língua Portuguesa nasceu de acordo com sua evolução, que se deu em três grandes períodos: o pré-histórico, caracterizado pela ausência de documentos; o proto-histórico, no qual os documentos são escritos em latim bár-baro, mas já com algumas palavras em português, e o histórico, em que os textos aparecem escritos inteiramente nesse idioma. Veremos que esse últi-mo período, por sua vez, é dividido em duas fases: a fase arcaica, que vai do século XII ao XVII, e a moderna que começa a partir do século XVI.

Passaremos agora a responder o terceiro questio-namento sobre a formação da Língua Portuguesa, quando da conquista romana da Península Ibérica, da invasão dos bárbaros germanos, da constituição dos impérios bárbaros – como visigótico – do do-mínio árabe na Península, da luta da reconquista cristã, da constituição do reino de Portugal e do crescimento ultramarino.

Portugal, país situado ao lado da Espanha, era ha-bitado por povos primitivos; foi alvo da cobiça de muitos outros povos, como os iberos, originários do norte da África, que, no séc. VI a.C., saíram de lá, cruzaram o estreito de Gibraltar e adentraram ao território pelo Sul. Daí ter surgido a denomi-nação Península Ibérica. Para lá migraram outros povos, como os celtas no início do séc. VIII a.C. e os romanos no ano 218 a.C.

SAIBA MAIS! http://www.grupoescolar.com/materia/a_origem_da_lin-

gua_portuguesa.html

h t tp : / /pt .w ik iped ia .org/wik i /L%C3%ADnguas_

rom%C3%A2nicas

SAIBA MAIS!

Youtube - os visigodos

Com esse filme, você poderá compreender

melhor o que era essa constituição dos impé-

rios bárbaros.

http://br.youtube.com/watch?v=7CA25mWJgtU

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• Podemos conhecer o Português Arcaico através das poesias trovadorescas que estão reunidas em “Can-cioneiros” e, ainda, na prosa de cronistas, como Fernão Lopes, Gomes Eanes Zurara, Rui de Pina.

• Em 1290, D. Dinis, o Rei Trovador, torna obri-gatório o uso da Língua Portuguesa e funda, em Coimbra, a primeira Universidade.

O primeiro texto inteiramente redigido em portu-guês data do século XII. Pensou-se durante muito tempo tratar-se da Cantiga da Guarvaya, também chamada “Cantiga da Ribeirinha”, porque era de-dicada à Dona Maria Paes Ribeiro, a «Ribeirinha», amante de Dom Sancho I:

“No mundo non me sei parelha, mentre me for’ como me uay ca ia moiro por uos e ay! mha senhor branca e uermelha, queredes que uos retraya quando uos eu ui en saya! Mao dia me leuantei, que uos enton non ui fea! E, mha senhor, des aquel di’ ay! me foi a mi muyn mal, e uos, filha de don Paay Moniz, e ben uus semelha d’ auer eu por uos guaruaya pois eu, mha senhor, d’ alfaya nunca de uos ouue nem eiualia d’ üa correa.”

(colocamos o ü por não dispormos de meios para grafar u com til.)

fase moderna: do sécuLo Xvi em diante

No século XVI, sob influência dos humanistas do Renascimento, houve um processo de aperfeiçoa-mento e enriquecimento linguísticos, voltando-se os escritores à imitação dos modelos latinos, procuran-do aproximar a Língua Portuguesa da língua mãe.

Como a coroar esse processo, aparece, em 1572, a obra de Luís de Camões, “Os Lusíadas”, marcan-do a história do nosso idioma com o maior monu-mento literário e linguístico.

É ainda no século XVI que se inicia a gramatica-lização do idioma com a publicação, em 1536, da primeira gramática da Língua Portuguesa, escrita pelo Pe. Fernão de Oliveira, “Gramática da Lingoa-gem Portugueza”.Em 1540, João de Barros escreve

a segunda com o mesmo título da primeira.

Quanto à atuação dos humanistas no Renascimen-to, o séc. XV foi marcado por um aperfeiçoamento e enriquecimento linguístico. Ao mesmo tempo em que se procurava, em nível das artes e das le-tras, imitar os modelos latinos, igualmente se ten-tava uma aproximação entre a Língua Portuguesa e a língua mãe.O português é a Língua de Camões em sua obra épica “Os Lusíadas”, é “A última flor do Lácio, do soneto do escritor brasileiro Olavo Bilac, e o célebre autor espanhol Miguel de Cer-vantes, que a considerava doce e agradável.

A partir do século XV, através da expansão maríti-ma, os portugueses descobrem novas terras e a elas levam a sua língua, estendendo deste modo o es-paço geográfico em que a Língua Portuguesa serve, com mais ou menos alterações, em relação ao povo que a divulgou, como a língua de comunicação de várias nações do mundo.

Estamos encerrando o fascículo I no qual aborda-mos aspectos vitais que reportam desde invasões até períodos dessa evolução. Então entramos no pré, proto e no real histórico das fases evolutivas de nosso idioma, chegando até o século XVI e à redação das primeiras gramáticas: Pe. Fernão de Oliveira e João de Barros agradecem seu interesse por suas obras que abriram o cenário gramatical português.

atividade | Você teve a oportunidade de ob-servar as fases da Língua Portuguesa. Consulte a webquest e enriqueça seus conhecimentos so-bre esse assunto. Toda novidade, neste campo, será bem-vinda. Então, mãos à obra, porque as-sunto não falta, e o limite você estabelece.

referências Autor: Desconhecido. Origem da Língua Por-tuguesa. Disponível em: http://www.grupoes-colar.com/materia/a_origem_da_lingua_por-tuguesa.html em 27. 10. 2008.

Camillo Cavalcanti. Disponível em: http://www.filologia.org.br/ixcnlf/5/15.htm 11/11/2008.

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1973, p. 46 - 57.

CUNHA, Celso; COSTA, Lindley. Nova Gramá-tica do Português Contemporâneo. Disponível em: http://www.di.ufpe.br/~rac2/portugues/dialept.html. 10/11/2008.

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formação da Língua Portuguesa

Eixo Temático | A Leitura no Contexto UniversitárioProfa. Francisca Núbia bezerra e Silva

Carga Horária | 15 horas

objetivos esPecíficos

Desenvolver, no educando, capacidades perceptivas para um perfeito entrosa-mento com aspectos do seu idioma, tais como a formação da língua portugue-sa em suas várias etapas; Considerar os aspectos da romanização da Península Ibérica e suas implicações na construção das línguas daquele período e posterior elo que se estabeleceu, quando da invasão dos bárbaros, cujos reflexos serão sentidos na imposição das línguas advindas dos vencedores; Formar um consenso entre os educandos das questões pertinentes à formação do léxico da língua portuguesa em toda sua extensão e nas diferenças verna-culares existentes entre o Português e o Latim e quanto esse conhecimento contribui para um aprofundamento linguístico.

1. romanização da PenínsuLa ibérica

O presente mapa pretende situá-lo dentro da história e do contexto deste texto.

A romanização da Península não se deu de maneira uniforme, mas, pouco a pou-co, o latim foi se impondo, fazendo praticamente desaparecer as línguas nativas. Os povos que habitavam a Península eram numerosos e apresentavam língua e

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Agora, nós vamos sentir o contexto em que se deu a romanização da Península Ibérica. Não foi de maneira uniforme, mas foi pouco a pouco que o latim se fez presente. Você compreenderá, através da população mais antiga, a ordem dos fatos e terá uma visão sobre as formas e os modos que os celtas e iberos se reu-niram nessa mistura ética consolidadora de um quadro linguístico tão importante para a nossa língua mãe - o latim.

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cultura bastante diversificadas. Havia duas cama-das de população muito diferenciadas: a mais an-tiga - Ibérica - e outra mais recente - os Celtas, que tinham seu centro de expansão nas Gálias. Muito pouco se conservou das línguas pré-romanas. Há resquícios, apenas, na área do vocabulário.

Quando se deu a queda do Império Romano, a Pe-nínsula Ibérica estava totalmente latinizada. Nesse quadro de mistura étnica, o latim apresentava fei-ções particulares, mesclado de elementos celtas e ibéricos, basicamente no vocabulário.

2. invasões de bÁrbaros e Árabes – o romanço Português

No século V, a Península é invadida por bárbaros germano-suevos, vândalos, alanos e visigodos. Com o domínio visigótico que, rompendo a unidade ro-mana, acaba por romanizar-se, esses povos adota-ram o Cristianismo e assimilaram o latim vulgar, fazendo com que o século V tenha como marco o início do Romanço – que por sua vez se estende até o século IX, em que ocorre a grande diferencia-ção do latim em uma multiciplicidade de falares.

Os muçulmanos invadem a Península no século VIII depois de Cristo e impõem como religião o Islamis-mo e como língua, o árabe. Os povos ibéricos cha-mam esses povos do Norte africanos de “mouros”.

A reação forte dos cristãos no século XI, através de estratégias bélicas e políticas, apoiadas pela Igreja, expulsa os invasores. É o período da Reconquista Cristã ou Guerra Santa. A dominação árabe du-rou sete séculos, deixando suas colaborações no campo linguístico, logicamente.

A invasão muçulmana e a Reconquista Cristã são fatos determinantes para o surgimento do galego-português a Oeste, o castelhano no Centro e o catalão, a Oeste.

Vimos que o Século XVI foi especial para a Lín-gua Portuguesa, visto que nessa época, houve o seu aperfeiçoamento e o alcance de sua maturidade, graças também a influências geradas pelo Renas-cimento e pela Gramaticalização da língua, com a publicação da primeira Gramática. Além disso, pudemos constatar que com a Romanização da Península Ibérica, o latim foi se impondo, tanto que, na queda do Império Romano, essa Península já estava totalmente latinizada. Do mesmo modo, averiguamos que a invasão mulçumana e a recon-quista cristã foram fatores determinantes para o nascimento do Português, já que foi a partir daí que D. Afonso Henrique iniciou o processo de unificação do português.

atividade | Percorrendo a Europa dos povos bárbaros com suas culturas, faça uma reflexão que contemple o percurso das invasões, na me-dida que concorrem para a romanização da Pe-nínsula Ibérica e aproveite para aprofundar este conteúdo com suas pesquisas on line.

3. os Primeiros documentos

em Português

SAIBA MAIS! http://www.historiadetudo.com/portugues.html

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HGP5/107b%C3%A1rbaros/barbaros.htm

Coube a D. Afonso Henrique iniciar a nacionalidade portuguesa como primeiro rei de Portugal, reconhe-cido por Afonso Henrique VII, rei de Leão e pelo papa Alexandre III. E através das lutas contra os árabes, com a conquista de Algarve, fixa os limites do Portu-gal atual. É nesse contexto de relativa unidade e de muita variedade que nasce o galego e o português.

Falaremos sobre a trajetória da institucionaliza-ção da Língua Portuguesa no Brasil como língua

oficial, desde os primeiros textos, cujas datas e autores ainda hoje são discutidos, passando por sua fase clássica, em 1550, até o final do século XVI, quando acontece a sua maturi-

dade. Ratificaremos a importância da Língua Portuguesa, que é uma das grandes línguas da comunicação mundial, visto que é falada em cinco continentes por mais de 200 milhões de pessoas e é a língua oficial de oito Estados.

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Os documentários primitivos em prosa, preserva-dos pela oralidade, textos não literários, datam do final do século XII e são, sobretudo, de natureza notarial (vieram de cartórios) - notícias de dívidas, de agravos, de doações e de testamentos.

Os textos poéticos mais antigos em língua portugue-sa, com o que começaria a literatura portuguesa es-crita - ainda se discutem hoje problemas de priorida-de, de autores e de poemas - remontariam ao começo do século XII (António J. Saraiva) ou ao final do mesmo século (Rodrigues Lapa e G. Tavani), ou até mesmo, segundo outros, ao princípio do século XIII.

O aportuguesamento da documentação oficial ocor-reu no contexto do impulso dos reis de Portugal, e, de um modo especial, D. Dinis, ele próprio o mais famo-so dos trovadores portugueses, quando o português torna-se língua obrigatória do Estado. Anteriormen-te, seu pai, o rei D. Afonso III, começara o movimen-to de aportuguesar a documentação oficial até então escrita em latim bárbaro, isto é, uma mistura de latim e português. Com D. Dinis, essa prática instituciona-lizou-se e tornou-se obrigatória e, assim, todos os do-cumentos emitidos pela chancelaria deveriam ser es-critos em língua portuguesa. Posteriormente, a partir de 1385, o exemplo dado pelos escritores da casa de Avis, os reis D. João I (Livro de Montaria) e D. Duar-te (O Leal Conselheiro e A Arte de Bem Cavalgar em toda a Sela) e o príncipe D. Pedro de Coimbra (A Vir-tuosa Benfeitoria), o cuidado da língua é proposto ao país como obra digna de reis e de príncipes, portanto, como tarefa nobre a que a aristocracia era convidada. Conquanto a corte e a nobreza não tivessem dado continuidade às preocupações da casa Avis, uma e outra puseram, no entanto, a posteriori, os cronistas e historiadores ao seu serviço para lhes cantarem os feitos e perpetuarem as façanhas. A literatura histó-rica começa, então, a sua época de ouro através da produção de textos (crônicas) que glorificam os feitos dos reis, dos nobres e do país, todos envolvidos desde 1415, ano da conquista de Ceuta, na gesta da con-quista e das descobertas marítimas (1420 é o ano da descoberta da ilha da Madeira) - propósito nacional que o retábulo de S. Vicente, obra-prima da pintura portuguesa do século XV, espelharia, conforme o his-toriador José Hermano Saraiva. O teatro tem, nesse período, o seu momento mais alto com Gil Vicente, em cujas obras, é possível detectar a marcha da língua para a sua maturidade por meio de textos em que se atesta a diferença dos falares provinciais que soam aí como algo de arcaico, face o português falado em Lisboa e nos meios cultos da corte.

Coincide estas com o momento mais alto da sua história; o português atinge, em 1550, a sua fase clássica. Camões publica, em 1572, Os Lusíadas, obra cujo contributo para a criação do português moderno é assinalável. O movimento humanista en-riquece a língua com um considerável número de vo-cábulos novos, vazados diretamente no português, na sua forma latinizada - preocupação que é clara em Antônio Ferreira e em João de Barros. Surgem, assim, as primeiras gramáticas do português em 1536 (Fernão de Oliveira) e em 1539 e 1540 (João de Barros) que deram uma contribuição inequívoca para a estabilização e regularização da língua.

No final do século XVI, a língua portuguesa atinge a sua maturidade, e a evolução posterior não alte-ra significativamente a perspectiva fonética nem a morfossintática.

Ao longo dos séculos seguintes, não pode, no entanto, deixar de se referir à importância determinante da obra de algumas personalidades marcantes, cujo contributo para a modernização, estabilização, regularização e aperfei-çoamento da língua foi fundamental. As obras do Padre Antônio Vieira (“Imperador da língua portuguesa” lhe chama Fernando Pessoa), de Almeida Garrett e de Eça de Queiroz são, sob essa perspectiva, marcos assinaláveis. Falado hoje em cinco continentes por mais de duzen-tos milhões de pessoas, língua oficial de oito estados: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Lorosae - o português é, seguramente, uma das grandes línguas de comunicação mundial, sendo a terceira língua eu-ropeia em número de falantes no mundo contempo-râneo, a seguir ao inglês e ao espanhol.

Texto 1

cantiga d’amor, de afonso X, o sÁbio

Par Deus (1), senhor (2), enquant’ eu ffor (3)

de vós tam alongado (4), nunc(a) en mayor coyta (5) d’amor,

nen atam (6) coytado foy (7) eno mundo por sa (8) senhor

homen que fosse nado (9), penado, penado

Se[n] nulha ren (10), sen vosso ben,

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que tant’ ey desejado que já o ssem (11) perdi por em (12), e viv’ atormentado,

ssem vosso bem, de morrer en

ced’ é muy guisado (13), penado, penado.

Ca (14), log’aly hu (15) vos eu vy,

fuy d’amor afficado (16) tam muyt’ en mi que non dormi,

nen ouve gasalhado (17) e, sse m’ este mal

durar assy, eu nunca fosse nado,

penado, penado.

(José Joaquim Nunes, Cantigas d’amor, XXVII, p. 57-9)

Esta cantiga, naturalmente de meados ou da segunda metade do século XIII, é de autoria de Afonso X, o Sábio, rei de Leão e Castela. Tal era o prestígio do galego-português como verbo poético na Península Ibérica que este rei trovador dele se serviu para a ex-pressão de seus sentimentos líricos, de suas sátiras e da poesia sacra do Cancioneiro mariano, As canti-gas de Santa Maria. Dada a variedade de metros e da rima, esse tipo de poesia se denominava “descordo”, imitação do descordo provençal. Trata-se de um can-tar d’amor, em que o trovador, distante da mulher amada, vive atormentado sem a sua companhia afetu-osa (gasalhado, dos versos finais), preferindo a morte a continuar nesse sofrimento (eu nunca fosse nado, fórmula execratória muito frequente nessa poesia).

Texto 2

teXto em Prosa

O rato, a rã e o minhoto], de um fabulário esópico anônimo [C]comta-sse (1) que h u (2) rrato (3), amdando sseu cami-nho para emderençar (4) sseus neguoçios, ueo arriba (5) de h a augua (6), a quall ell nom podia passar. E estamdo

assy cuydadoso (7) arriba da augua, veo a ell h ua rrãa e disse-lhe:

- Sse te prouuer, eu te ajudarey a passar esta augua. E o rrato rrespomdeo que lhe prazia e que lho agradeçia

muyto. E a rrãa fazia esto pera emganar o rrato, e disse-lhe: - Amiguo, legemos (8) h a linha no pee (9) teu e meu e

ssube (10) em cyma de mym. E o rrato feze-o (11) assy. E, depois que forom no meo (12)

da augua, a rrãa disse ao rrato: - Dom velhaco, aqui morredes maa (13) morte.

E a rrãa tiraua (14) pera fundo, pera afoguá-lo de so (15) a augua, e ho rrato tiraua pera çima. E, estando em esta batalha , vios (16) h u minhoto (17) que andaua voamdo

pello aar e tomou-os com as hunhas e comeos (18) ambos. Em aquesta hestoria este doutor rreprehemde os hom es, os quaes com boas palauras e doçes de querer fazer proll (19) e homra a sseu proximo, (e) emganosamente lhes

fazem maas obras, porque all (20) dizem com as limguoas e all teem nos sseus corações.

E esto sse demostra per a rrãa, a quall dizia que queria passar o rrato e tijnha no sseu coraçom preposito de ho

afoguar e matar, como dicto he em cima.

(Conf. Transcrição de José Joaquim Nunes, Crestomatia arcaica, Lisboa,

Clássica Ed., 1943, p.72-3)

Esta é uma das sessenta e três fábulas feitas ao gosto de Esopo, constantes de um fabulário português em livro manuscrito que José Leite de Vasconcelos en-controu na Biblioteca Palatina de Viena da Áustria, em 1900, cujo título reza: Fabulae Aesopi en lingua lusitana (ver Revista Lusitana, 8 : 99-151). O manus-crito foi publicado pela primeira vez, nessa Revista, pelo próprio filólogo que o encontrou; vazado em letra que pode ser datada do século XV, a sua reda-ção parece ser do século anterior. José Joaquim Nu-nes reproduz seis dessas fábulas na sua Crestomatia arcaica - como se foram do século XIV.

Texto 3

trecHo da carta de Pero vaz de caminHa

“Asy falauã e traziam muitos arcos e contjnhas daque-las ja ditas e rresgatauã. Por qualqr cousa em tal ma-

neira que trouueram daly peraas naaos mujtos arcos e seetas e contas e entam tornouse o capitam aaquem do

rrio e logo acodirã mujtos aabeira dele aly verjees ga-lantes pimtados de preto e vermelho e quartejados asy pelos corpos como pelas pernas.” (fol. 6v/7, 1.38-01) “... aos qaaes mãdou dar senhas camisas nouas e se-nhas carapuças vermelhas e dous rrosairos de contas

brancas doso ...” (fol. 3v, 1.12-4)

Pudemos constatar, em linhas gerais, o percurso do surgimento da Língua Portuguesa até chegar ao português falado no século XVI, classificado como

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português clássico. Vimos, também, que, no século XVI, com o aparecimento das primeiras gramáti-cas que definem a morfologia e a sintaxe, a língua entra na sua fase moderna. Assim, o português, nessa época, tanto na estrutura da frase quanto na morfologia, torna-se muito próximo do atual. A partir daí, a língua terá mudanças menores, apenas com atribuições e aperfeiçoamentos.

atividade | Você viu como os primeiros docu-mentos da Língua Portuguesa são interessantes? Foram preservados pela oralidade. Você é capaz de criar um texto como esse hoje? Siga “seus mais nobres impulsos” e redija um semelhante – pode ser em prosa ou em verso.

Você vai se orgulhar depois de pronto. Reúna--se com seus colegas. Que tal pensar em um caderno com “nossos primeiros documentos acadêmicos”? É viável e factível através do fó-rum temático. Revele seu lado de escritor. Se for necessário, pode entrar no mundo virtual para pesquisar esse assunto, porque, ao termi-nar, você vai debater com seus colegas “como somos capazes quando queremos”.

Mãos-à-obra, gente!!!

4. a formação do LéXico Português

O léxico pode ser definido como o acervo de palavras de um determinado idioma ou como o conjunto das unidades que formam a língua. Vamos apresentar uma reflexão acerca da formação do léxico português e, hoje, veremos que a fonte principal do léxico no caso da Língua Portuguesa é o Latim. Porém, não so-mente de vocábulos de origem latina é constituído o nosso léxico. Conheceremos, portanto, outras contri-buições para o patrimônio linguístico português.

Léxico - designa o conjunto das unidades que for-mam a língua de uma comunidade, de uma ativi-dade humana, de um locutor, etc. O léxico de uma língua é o conjunto das palavras dessa língua: é o seu vocabulário, o seu dicionário.

A língua portuguesa, sendo um estado evolutivo do idioma latino, tem, como fonte principal do seu léxico, o Latim. É ele, portanto, que contri-bui com a maior parte dos vocábulos pertencentes, hoje, ao patrimônio linguístico português.

Mas, não só de vocábulos de origem latina é consti-tuído o nosso léxico. Existem, ao lado deles, outras palavras de procedências diversas.

4.1. PaLavras HereditÁrias

São as que já pertenciam à língua portuguesa quan-do ela começou a adquirir fisionomia própria, isto é, de suas origens até o século XII.

a) Pré-Latinas

Substrato linguístico

Designa toda língua falada que, numa região deter-minada, por várias razões, foi substituída por outra

SAIBA MAIS!

http://www.mardeletras.pt/Pdf/Livro%20de%20Montaria.pdf.

em: 11.10. 2008

http://herdeirodeaecio.blogspot.com/2005/11/arte-de-

bem-cavalgar-toda-sela-por-el.html em 30.02.2008.

http://porfiriosilva.blogspot.com/2004/07/da-virtuosa-benfei-

toria-ria.html em 30.10.2008

Wikipédia A enciclopédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Con-

quista_de_Ceuta em 30.02.08

Sem autor http://publicacoesmaitreya.pt/produto_deta-

lhe.php?pr=135 em 30.02.08

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língua, buscando considerar a influência que a língua anterior pôde ter sobre a língua que a suce-deu: os falares célticos utilizados na Gália antes da conquista romana são substratos do galo-romano. Vamos considerar os elementos formadores que ti-veram influência no latim antes da dominação da Península Ibérica pelos romanos.

Na contribuição pré-latinas, destacam-se vocábulos de:

Contribuições: dos celtiberos (iberos e celtas) dos fenícios dos gregos dos cartagineses Contribuições: vocábulos pré-latinos80% do latim / 15% do grego e 5% das outras línguas

Ibéricos – são poucos e de origens discutidas: cama, sapo, sarna, baía, abóbora, barro, bezerro, garra, lou-ça, manteiga, seara, esquerdo, morro, balsa, bizarro etc.e os sufixos: arra, erro, orro (bocarra, naviarra).

Celtas – a influência celta na língua portuguesa se dá mais na fonética que no vocábulo: brio, Bragan-ça, camisa, caminho, bico, cabana, cerveja, gato, lé-gua, peça, touca, carro, grama, raio, Coimbra etc. Fenícios e Cartagineses – os dois povos falavam a mesma língua. Quase nada legaram ao português. Não há muita clareza quanto à sua origem: barca, saco, mapa, saco, malha e mata.

Gregos – da época anterior aos romanos, temos: governar, bola, cola, etc. Com o advento do Cris-tianismo, várias palavras gregas se difundiram: anjo, diabo, paróquia, bispo, etc. A partir do séc. XVI, os eruditos recorrem à formação de neologismos téc-nicos e científicos. São os chamados Helenismos: telefone, fonema, homeopata, etc.

Hebreu – aleluia, ámen, sábado; Abraão, Judite, etc.

b) Latinas

Estrato linguístico

(o termo estrato é utilizado na linguística norte--americana como sinônimo de nível ==> posição) Vamos considerar os elementos formadores que tiveram influência dos próprios vocábulos latinos – corre com mais de 80% dos vocábulos que fazem

parte do nosso léxico. (Antenor Nascentes)

Contribuições: vocábulos populares vocábulos eruditos

Contribuições: vocábulos latinos

Vocábulos Populares – sofreram todas as transfor-mações fonéticas próprias da língua popular.

malha: macula>macla>malha

A passagem do grupo CL e LH denuncia a sua origem popular.

Semi-Eruditas - as que entraram na língua nos primórdios da época literária, acabando por sofrer leves alterações, ao entrarem no circuito da lingua-gem comum: humanitate > humanidade; etc.

Vocábulos Eruditos – são palavras que entraram para o português trazidas diretamente do latim clássico com o Renascimento. As que passaram para o Português não sofreram transformações fo-néticas, a não ser ligeira acomodação à língua. solitário : solitariu>solitário flama: flamma>flama

Vimos os percentuais atribuídos aos vários pro-cessos que contribuem para a formação do léxico português. Palavras que já pertenciam à língua portuguesa das origens até o século XII. Passamos pela família dos pré-latinos, pelas contribuições de vários povos como os iberos e celtas, que se tor-naram celtiberos. O Cristianismo que nos trouxe muitas palavras pertinentes, na sua maioria, para a religião. Dos latinos, fomos do estrato linguístico aos vocábulos eruditos.

Vamos continuar na próxima aula para que você conheça mais sobre os pós-latinos.

atividade | Observe o processo de formação das palavras e veja de quantas maneiras se agru-pam e se formam. É algo realmente maravilho-so! Agora você poderá responder a muitas ques-tões em percentuais e ter dados concretos sobre vários temas dentro do mesmo assunto.

Então, mãos à obra: léxico – encontre con-ceitos diferentes para essa palavra. Aproveite,

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então, para uma investigação virtual sobre as contribuições dadas pelos iberos, celtas, gregos e cartagineses e as contribuições cristãs dadas para o latim. Agora, reúna-se com seus colegas e via webquest enriqueça mais esses saberes.

Na aula anterior, vimos a criação vocabular pré--latina. Agora, veremos os pós-latinos. Em seguida, veremos o adstrato linguístico. Essas contribui-ções, quer seja de natureza idiomática ou dialetal, provêm de vários povos – são elementos com sig-nificativa influência após o domínio romano. São tantos os povos que acrescentaram algo ao nosso idioma que foram agrupados de forma particular e de acordo com sua representatividade. Temos, in-clusive, empréstimos de palavras e estrangeirismos – nossas vaidades linguísticas desde o século XVII e como somos capazes de criar novos vocábulos, te-mos uma formação vernacular muito rica e ímpar.

c) Pós-Latinos

Superstrato linguístico

Designa toda língua que é introduzida largamente na área de outra língua, mas sem substituí-la, poden-do desaparecer finalmente e deixando alguns traços.

Adstrato linguístico

Denomina-se a língua ou o dialeto falado numa região vizinha daquela em que se fala a língua to-mada como referência – do castelhano no galego/do francês nos falares meridionais da França/do castelhano da Argentina sobre o português do Rio Grande do Sul, na região fronteiriça. Vamos consi-derar os elementos formadores que tiveram influ-ência depois do domínio romano.

Contribuições

Germânicos – superstrato Árabes – adstrato

Contribuições: vocábulos pós-latinos

Germânicos – os germanismos são, em geral, refe-rentes à arte militar, utensílios, etc.

Arreio, guerra, marechal, adubar, banco, canivete, etc. Os quatro pontos cardeais: Norte, Sul, Leste e Oeste. Alguns nomes próprios: Rui, Godofredo, etc.

Árabes – a influência árabe se manifesta em voca-bulário bastante numeroso: arroz, café, zero, álgebra, etc.

Provençais - algumas palavras deste idioma entra-ram no português arcaico por influência da poesia provençal (poesia trovadoresca): anel, alegre, assaz, jogral, trovador; etc.

Franceses - a língua francesa é que mais tem in-fluído na língua portuguesa, desde o século XVII, sobretudo pela grande influência que as letras francesas exerceram sobre a cultura portuguesa. São inúmeros os francesismos (ou galicismos): abat-jour, ancestral, apartamento, assassinato, ate-lier, avalanche, avenida, banal, bicicleta, blague, bouquet, cabine, chance, chauffeur (chofer), co-mitê, detalhe, elite, envelope, feérico, felicitar, feti-chismo, flanar, governante, greve, maquete, menu, nuance, omelete, reclame, restaurante, revanche, silhueta, toilette, tricot (tricô), vitrina; etc.

Espanhóis - também é representativo o número de vocábulos espanhóis no nosso idioma: bolero, castanhola, cavalheiro, colcha, cordilheira, faça-nha, fandango, frente, hediondo, lhana, mantilha, neblina, novilho, pandeiro, pastilha, picaresco, re-alejo, rebelde, redondilha, sainete, trecho, etc.

Italianos - a maioria dos vocábulos oriundos da Itália dizem respeito à arte (pintura, música, poe-sia, teatro): adágio, aguarela, ária, bandolim, cama-rim, cenário, concerto, dueto, maestro, madrigal, piano, serenata, solfejo, soneto, soprano, tenor, violoncelo. São também de origem italiana: aler-ta, arlequim, balcão, banquete, boletim, carnaval, confete, festim, fiasco, gazeta, macarrão, mortade-la, palhaço, pastel, piloto, poltrona, salame, salsi-cha, sentinela, talharim, tômbola; etc.

Ingleses - os anglicismos também são em número bastante elevado, graças às relações comerciais e políticas: bar, basquetebol, bife, clube, dólar, fu-tebol, gim, grogue, iate, jóquei, júri, macadame, panfleto, piquenique, pudim, recital, repórter, re-vólver, sanduíche, teste, túnel, turfe, etc.

De outras origens:

Alemão: bismuto, cobalto, gás, manganês, vagão, valsa, vermute, zinco.Russo: bolchevique, czar, czarina, escorbuto, este-pe, rublo, vodca.

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Polonês: mazurca, polca. Turco: casaca, caviar, cossaco, gaita, horta, paxá, sandália. Holandês: escuma, quermesse. Africano: banana, banjo, girafa, macaco, moleque, zebra; mandinga, macumba, muamba; cachaça, cuscuz, jiló, marimbombo, maxixe, batuque, be-rimbau etc. Americanos: • Antilhas: canoa, colibri, furacão, tabaco. • Chile: abacate, cacau. • México: tomate, batata. • Peru: alpaca, charque, mate, vicunha. • Brasil: na fauna: araponga, arara, tatu, urubu,

etc; na flora: abacaxi, mandioca, sapé, etc; ali-mentos, utensílios, crenças, etc.: caipira, curu-pira, piracema, etc.; topônimos: Guanabara, Pará; etc.; antropônimos: Araci, Iracema, Jure-ma, Jandira, etc.

Pérsia: bazar, divã, paraíso, tafetá, tulipa, turbante, anil, azul, jasmim. Malásia: bule, bambu, catre, jangada, manga, pires.

Japão: biombo, gueixa, leque, quimono.

China: chá, chávena, ganga, tufão.

Sânscrito: avatar, jambo, sândalo, suarabáctil.

De acordo com a origem das palavras, consideram--se, por um lado, as provenientes do Latim, e, por outro, as de origem diversa. Quanto às segundas, é costume agruparem-se em três categorias:

4.2. PaLavras de emPréstimos

São vocábulos que, entre os séculos XII e XVI, fo-ram acrescentados ao léxico português para suprir as deficiências do idioma que, apesar de já forma-do, era ainda incipiente.

4.3. estrangeirismos

São palavras de outras línguas que entraram para o português já na fase moderna, isto é, a partir do século XVI (vaidade linguística).

Os estrangeirismos de maior número na língua portuguesa são os galicismos (empréstimo de pro-cedência francesa), os espanholismos, os italianis-mos e os anglicismos.

4.4. formações vernÁcuLas

São criações da própria língua portuguesa.

4.4.1. Composição: justaposição e aglutinação 4.4.2. Derivação: própria e imprópria • Derivação própria: regressiva e progressiva • Derivação própria regressiva = também chama-

da deverbal • Derivação progressiva = prefixal, sufixal e pre-

fixal e sufixal 4.4.3. Hibridismo 4.4.4. Sigla 4.4.5. Onomatopeia 4.4.6. Abreviação vocabular/redução 4.4.7. Interação silábica

Do que deixamos dito, conclui-se que três são as fontes do nosso léxico:

1. a derivação latina; 2. a criação ou formação vernácula; 3. a importação estrangeira.

Pudemos constatar que a história do léxico por-tuguês - basicamente de origem latina - reflete a história da língua portuguesa e os contatos de seus falantes com as mais diferentes realidades linguís-ticas. Vimos, portanto, que a Língua Portuguesa é rica de atribuições linguísticas, advindas das mais diversificadas fontes.

atividade | Nós já vimos vários assuntos da História da Língua Portuguesa. Passaremos ago-ra à formação do léxico.

Pesquise o termo e use quatro dos seus senti-dos encontrados no dicionário e/ou no mundo virtual. De posse desses dados, use seus signifi-cados para redigir um texto sobre a formação lexical portuguesa. Observe as várias contribui-ções que ela recebeu para seu desenvolvimento, sua construção vocabular tão ampla. Verifique o quanto seu texto irá acrescentar ao de seus co-legas, o nível de compreensão que exibe e faça, então, um bom esquema de como você apresen-tará seu texto.

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31Fascículo 2

5. quais são as diferenças entre o Português e o Latim?

características eXPLícitas na Passagem do Latim à Língua Portuguesa

Diminuição da quantidade do acento

As vogais longas conservaram sua identidade: ā,ē,ī,ō,ū em Português se tornaram a,ê,i,ô,u, de tonicidade fechada, a que se pode somar a vogal ăbreve em par com sua longa. A contraposição das vogais breves ĕ e ŏ frente às respectivas longas foi marcada pelo acento aberto do Português. Entre-tanto, as vogais breves ĭ e ŭ somaram-se às vogais fechadas ê e ô do Português. Desse modo: a (ā,ă) , é (ĕ) , ê (ē,ĭ) , i (ī) , ó (ŏ) , ô (ō, ŭ) , u (ū). Termina, assim, a distinção entre sílabas longas e breves. As 5 declinações do Latim caem

O sistema declinatório do Latim agrupava as pala-vras de acordo com suas terminações. A primeira declinação agregava grande número de palavras de gênero feminino, a segunda declinação continha muitas palavras de gênero masculino.

A desinência da 1ª declinação era “-ae”, a 2ª“-i”, a 3ª declinação “-is”, como dolor, -is, já a 4ª declina-ção possuía a terminação “-us”, a exemplo de spiri-tus, -us e a declinação que possuía poucas palavras era a 5ª “-er” como dies, -ei.

As transformações históricas direcionaram-se para o Português, e, assim, as declinações foram extin-tas, cedendo lugar ao gênero.

A 1ª e a 5ª declinação se alinharam por falarem do gênero feminino, em confronto com a 2ª e a 4ª de-clinação nas quais predominava o gênero mascu-lino. Já a 3ª declinação abrigava os gêneros masculino, feminino e neutro, sem que nenhum predominas-se, enquanto o gênero neutro caiu, quase sempre em favor do masculino.

Assim a organização em declinações foi recusada em favor da organização realizada pela distinção entre os gêneros masculino e feminino.

Extinção dos casos de marcação sintática(nominativo, acusativo, ablativo, dativo, etc.)

Os casos de marcação sintática advindas do uso do nominativo, acusativo, ablativo e vocativo foram extintos. Assim, não é de espantar que a utiliza-ção de casos na distinção das funções sintáticas se reduzem aos casos mais genéricos, habituais e de uso mais corrente. Vale lembrar que houve, em pri-meira instância, a função do nominativo e depois a função do acusativo e ablativo, como nos exem-plos: (erectus, nom. > erecto, abl. > ereto, port.); (vita, nom > vitas, ac. > vidas, port.), extinguindo--se, assim, os morfemas de marcação sintática.

Gênero neutro dissolve-se em masculino ou feminino

O gênero masculino absorveu o gênero neutro quando as palavras eram, com frequência, usadas no singular. Já as palavras que sempre eram usadas no plural foram adicionadas ao gênero feminino. Ex.: (templum, neutro > templo, masc.); (olivum > oliva); (diarium > diária).

A Língua Portuguesa, no que concerne à questão de gênero, com raríssimas exceções (ex. lápis, sim-ples), usa uma única forma para o singular (mascu-lino ou feminino) e outra para o plural, além de algumas flexões pela desinência “-a”.

Convergência entre 2ª e 3ª conjugações verbais do Latim e as reduções

Havia, no Latim, 4 conjugações, mas, por ques-tões de tonicidade entre o breve e o longo que não atingiram a diferenciação necessária para o seu uso contínuo, passaram então, a ser três conjugações motivadas por funções: (amāre > amar); (debēre/

Vamos falar sobre as di-ferenças entre o latim e o português bem como as características na passa-gem de um para o outro, tais como: diminuição na quantidade de acentos, extinção das declinações, quebra do gênero neutro

para masculino e feminino e redução das con-jugações. Veremos, também, que, nessa trans-posição, alguns tempos verbais foram preser-vados e alguns termos foram substituídos por uma nova construção perifrástica; alguns ter-mos caíram em desuso, outros se fundiram com termos semelhantes.

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32 Fascículo 2

vendĕre) > (dever/vender); (punīre > punir).

Alterações dos modos-temporais dos verbos

Tempos preservados do Latim Clássico ao Português:

• presente e imperfeito do indicativo: (amo > amo); (debeo > devo); (vendo > vendo); (punio > puno)

• pretérito perfeito do indicativo: (amavi > amai > amei); (debui > debei > devi); (vendedi > vendei > vendi); (punivi > punii > puni)

• pretérito mais-que-perfeito: (amavĕram > ama-ram > amara)

• presente do subjuntivo: (amem > ame); (debe-am > devam > deva)

• imperativo presente: (ama > ama); (debe > deve); (venda > vende); (puni > pune).

Tempos substituídos por nova construção perifrástica:

• futuro imperfeito (amabo, debebo, vendam, puniam) foi substituído por uma perífrase de infinitivo + habere no presente (amare habeo) , (debere habeo) , (vendere habeo), (punire ha-beo). Através de elisões (metaplasmo por que-da), a perífrase transformou-se no futuro do presente (amarei, deverei, venderei, punirei);

• futuro perfeito (perfectum) foi substituído por uma perífrase de infinitivo + habere no imper-feito do indicativo, que expressava o futuro do pretérito: (amāre habēbam > amaria).

Tempos que se fundiram com outro semelhante:

• imperfeito do subjuntivo caiu em favor do mais-que-perfeito do subjuntivo (no Português, o “imperfeito do subjuntivo” derivou do mais--que-perfeito do subjuntivo)

• futuro perfeito do indicativo confundiu-se com o perfeito do subjuntivo, resultando no futu-ro do subjuntivo: (amavĕro > amaro > amar); (debuĕro > debero > dever); (vendidĕro > ven-dero > vender); (punivĕro > puniro > punir)

• particípio presente tornou-se adjetivo (amantis > amante), enquanto o gerúndio o substituiu: amando

• imperfeito do subjuntivo foi substituído pelo mais-que-perfeito do subjuntivo, dando origem ao imperfeito do subjuntivo e ao infinitivo fle-xionado simultaneamente

Tempos que caíram em desuso:

• infinitivo perfeito (perfectum); • imperativo futuro (infectum); • particípio do futuro ativo (algumas formas per-

maneceram, mas em caráter nominal: “nasce-douro”, “vindouro”, “bebedouro”);

• gerundivo (algumas formas permaneceram, mas em caráter nominal: merenda, oferenda, graduando).

Formas verbais como a voz passiva sintética termi-nadas em “-r”: amor, amabar, amabor (presente, imperfeito e futuro do indicativo); amer, amarer (presente e imperfeito do subjuntivo). No impera-tivo (amare, amamini), no infinitivo (amari), no gerúndio (amandus, -a, -um) e no particípio passa-do (amatus, -a, -um), as formas não se restringem à terminação em “-r”. Todas estas formas caíram em desuso — exceto o particípio passado (amatus > amado) — e foram substituídas por perífrases (amor > amatus sum); (amabar > amatus eram); (amabor > amatus ero); (amer > amatus sim); (amatus essem > amarer). Mais tarde, ocorreram algumas modifi-cações (amatus sum > amatus fui); (amatus eram > amatus fueram). Palatalização dos encontros consonantais “pl”, “cl”, “fl” para “ch” [š]

Exemplos: (pluva > chuva); (clave > chave); (flam-ma > chama).

Palavras mais eruditas mudaram para “pr”, “cr”, “fr”: (placere > prazer) , (clavu > cravo) , flaccu > fraco); adicionamos ainda “bl” para “br”: (blandu > brando)

Síncopes intervocálicas

• L Exemplos: (salire > sair); (dolore > door > dor); (voluntade > vountade > vontade)

• N Exemplos: (manu > mão); (luna > lũa); (lana > lãa > lã); (bonu > bõo)

Dêiticos

Advindos do quadro pronominal de origem Gale-go-português, ressaltamos a oposição entre adjeti-vo (este/aqueste, esse/aquel) e advérbio (aqui/ali, acá/alá, acó, aló). Caíram em desuso “aqueste” e acó”. Já “aló” sobrevive, ainda, como saudação ou chamamento.

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Artigo A evolução do pronome demonstrativo “ille” re-sultou em ARTIGO na Língua Portuguesa após AFÉRESE, sofreu alteração fonética de “le” (con-servado no Francês) para “lo” (conservado no Cas-telhano ao lado de “el”). Finalmente, a partícula ainda perdeu a consoante líquida, logrando a for-ma atual “o”.

concLusão Pudemos conhecer as peculiaridades que per-mearam o processo de mudança do latim para o português num processo natural de evolução. Ve-rificamos consideráveis mudanças regulares, deter-minadas por um contexto progressivo.

atividade | No que concerne aos tempos ver-bais, relate o entendimento de como ocorreu essa transposição e, em especial, a questão do gênero neutro. Alguns estudiosos advogam que o neutro deveria ser preservado, como ocorre em outros idiomas. Argumente contra ou a favor dessa constatação e sobre as novas cons-truções perifrásticas, criadas a partir dessa ótica linguística. Para realizar essa discussão, você po-derá recorrer à ajuda da webquest. Ser contra ou a favor dessa neutralidade requer reflexão(ões).

6. estrutura da Língua Portuguesa

6.1. conceito do termo estrutura Originário da Arquitetura, o termo “ESTRUTU-RA” é hoje empregado, entre outras ciências, na

linguística, e tem variado de acepções, tornando-o polissêmico.

A estrutura é um conjunto cujas partes são unidas por uma relação de solidariedade e dependência, não podendo separar uma parte sem alterar as outras.

A estrutura específica de uma determinada língua decorre das categorias gramaticais que a língua possua e do número de invariantes que entram em cada uma delas.

Atualmente, o importante é compreender que nada se poderá saber da estrutura de uma língua, se não se tomar constantemente em apreço a in-teração entre dois planos. Tanto o estudo do con-teúdo como o da expressão há de ser o estudo da relação entre a expressão e o conteúdo.

6.2. constituição da Língua Portuguesa A língua portuguesa pode ser estudada estrutural-mente de formas diferentes, no que diz respeito a sua morfologia.

A gramática está dividida em três partes:

Fonética - Morfologia - Sintaxe

A Fonética é a parte da gramática, que estuda a realização dos sons da linguagem, considerando os fonemas linguísticos em suas variações da língua.

A Fonética pode ser: Histórica – acompanha a evolução dos fonemas;Descritiva – trata da formação e classificação dos fonemas;Sintática – estuda as alterações dos fonemas de vo-cábulos, quando na oração.

Estuda-se na fonética:

a. classificação dos fonemas (vogais – semivogais – consoantes);

b. a exata acentuação das palavras (prosódia);c. a correta pronúncia das palavras (ortoépia);d. o modo da representação gráfica das palavras

(ortografia).

A disciplina que estuda minuciosamente os sons da fala em suas múltiplas realizações chama-se Fonética.

A parte da gramática que estuda o comportamento

Aqui, veremos a Estrutura da Língua Portuguesa, suas partes, relação e interação entre essas mesmas partes, porque é sabido por todos que, sem interação, nenhu-ma relação funciona. Assim a relação entre expressão e conteúdo passa, logica-mente, pela constituição

do idioma português. Agora é o espaço para ampliação de conhecimento da fonética, da morfologia e da sintaxe. Roman Jakobson não poderia deixar de ser citado, por ser um pro-fundo conhecedor das propriedades fônicas das palavras. Uma boa aula, então!

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dos fonemas numa língua, isto é, que estuda os sons que têm a função de distinguir significações, de-nomina-se Fonologia (Fonemâtica ou Fonêmica) Essa peculiaridade serve para distinguir, numa lín-gua, sons vocais elementares uns dos outros. As-sim, cada conjunto de certos traços distintivos se opõe entre as formas da língua, que o possuem, em fase de outras formas, que não o possuem, ou pos-suem em seu lugar outro fonema. Por exemplo: ala, vala, vela, vê-la, vila; saco, soco, suco; pelas, belas, selas, belas, zelas, telas; mala, sala; amo, ano, etc.

Jakobson (1962, 231) define fonema a partir dessa concepção: “as propriedades fônicas concorrentes que se usam numa dada língua para distinguir vo-cábulos de significações diferentes.”

O fonema é um conceito da língua oral e não se confunde com a letra na língua escrita.

Nós nos focamos na Estrutura da Língua Portugue-sa e nos seus pilares: a fonética, a morfologia e a sintaxe. Sem esses pilares, quaisquer estudos não terão a necessária consistência que lhes garanta a continuidade do processo.

As atividades pertinentes a esta aula você encontra-rá na aula 7. Vimos os sons na fonética, enquanto aguardamos o estudo da morfologia e o estudo da ordem de significado e importância das palavras de acordo com a sintaxe.

Então, vamos prosseguir para uma melhor compre-ensão.

7. o estudo da síLaba

A fala é composta de unidades fonêmicas, tão divi-namente harmonizadas, que viabilizam a compre-ensão das palavras e dos sons mínimos que emi-timos. Essas unidades mínimas são chamadas de sílabas com natureza pré-vocálica e pós-vocálica.

Veremos as configurações da estrutura silábica do português e do que depende seu ÁPICE ou centro.

Para uma compreensão mais clara, veremos, tam-bém, os tipos silábicos, as posições ocupadas por seu ápice, aclive e declive e as questões relativas ao fato de as sílabas serem classificadas como crescen-tes e decrescentes e compreenderemos como ocor-rem esses mecanismos fonéticos. Entre, então, no

mundo dos sons, é uma “estrada longa e sonora...”

Sílaba - é o fonema ou grupo de fonemas emitido numa só emissão de voz. “Ela é a estrutura fonêmi-ca elementar” (Jakobson, 1976, 133). Centro ou ápice (V) – sem o que não haverá síla-ba. Os elementos marginais (C) tornam a sílaba pré-vocálica ou pós-vocálica. Quando aparecem elementos pós-vocálicos, temos uma sílaba travada ou fechada – senão a sílaba é livre ou aberta.

O centro da sílaba é sempre uma vogal aberta em português. Algumas poucas podem ser pós-vocáli-cas, havendo o predomínio das sílabas livres sobre as travadas.

As configurações seguintes das sílabas são apresen-tadas na estrutura silábica do português:

V = a VSv = eu CV = pá VSvC = rituAIS VC = ar CVSv = pai CVC = paz CVSvC = pais CCV = cru CSvV = séRIE CVCC = SUBStantivo CSvVC = séRIES CCVC = crer CSvVSv = saGUÃO CSvVSvC = saGUÃOS

A estrutura da sílaba depende do ápice, ou centro, e do possível aparecimento da fase crescente, ou da fase decrescente, ou de uma e outra em volta dele.

Tipos silábicos: V (sílaba simples), CV (sílaba com-plexa crescente) VC ( sílaba complexa crescente--decrescente). Conforme ausência ou a presença ( ou seja, V e CV, de um lado, e, de outro lado, VC e CVC), temos a sílaba aberta, ou melhor, livre, e a sílaba fechada, travada.

Existem, na estrutura silábica, três posições: o ápi-ce ou centro da sílaba – sempre ocupado por vogal - e as encostas ou laterais: o aclive, a encosta em que se situa o fonema ou fonemas que antecedem a vogal, e o declive, encosta em que se localiza o fo-nema ou fonemas que a seguem. Porém nem todas as sílabas possuem fonemas nessas três posições: há sílabas que têm fonema no aclive e ápice (“pa”, em “ca-pa”); outras, no ápice e declive (“ar”, em “ar--co”), e outras, só no ápice (“a”, em “a-mor”).

Veja exemplos de fonemas cuja estrutura da sílaba

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apresenta elementos nas três posições. Tomemos, nas palavras “bo-lor”, “fil-tro” e “de-mais”, as síla-bas “lor”, “fil” e “mais”. No alfabeto fonético (que representa tecnicamente os fonemas), elas são es-critas /lor/, /fil/ e /mays/.

O último exemplo com – /mays/ –contém ditongo ay. A vogal tônica do ditongo está sempre no ápice ou centro da sílaba, e as semivogais ( /y/ = “i” ou /w/ = “u”), no aclive e declive.

Veja a posição, na estrutura da sílaba, dos fonemas que compõem os ditongos nas palavras: “co-meu”, “i-gual” e “gló-rias”. No alfabeto fonético, as síla-bas assinaladas são escritas desse modo: /poys/ - /mew/ - /gwal/ - /ryas/.

Na sílaba 1, o ditongo é /oy/ = oi; na 2, é /ew/ = eu; na 3, /wa/ = ua e na 4, /ya/ = ia.

Tudo o que você viu até agora tem a finalidade de facilitar seu entendimento definitivo sobre o que é ditongo crescente e decrescente.

Ao observarmos os diagramas, constatamos que, nas sílabas 1 e 2, a semivogal está no declive, por-tanto, depois da vogal que está no ápice. Então, da posição em que estão as vogais /o/ e /e/ até o de-clive, onde se encontram as semivogais /y/ e /w/, há decréscimo, ou seja, descemos.

Já nas sílabas 3 e 4, vemos que as semivogais estão no aclive, portanto, antes da vogal que está no ápi-ce. Da posição em que se localizam as semivogais /w/ e /y/ até o ápice, onde está a vogal /a/, há subida, isto é, crescimento. Vejamos, o ditongo é crescente quando a semivogal está no aclive, antes da vogal e, portanto, cresce-se da encosta (aclive) para o topo (ápice) da sílaba. Ele é decrescente, quando a semivogal situa-se no declive, depois da vogal e desse modo decresce-se do ápice para a encosta (declive) da sílaba. Você pode ainda per-guntar: cresce e decresce o quê? A intensidade da emissão sonora: da semivogal (fraca) para a vogal (forte), há crescimento da intensidade do som vo-cal. Isso se refere à emissão sonora da vogal e de sua intensidade fraca ou forte.

Exemplos de mais palavras que contêm ditongos crescentes: “á-gua”, “ân-sia”, “lí-rio”, “qua-se”, “sa--gui”, etc.

Palavras em que há ditongos decrescentes: “boi”,

“con-tei”, “fu-giu”, “rou-pa”, “sau-da-de”, etc.

Ao entender esses mecanismos fonéticos, você também entenderá, com maior facilidade, uma das regras de acentuação gráfica mais precisamente das paroxítonas terminadas em ditongo crescente que são sempre acentuadas, como vimos acima.

Estudamos as sílabas. Quem vai a algum lugar sem conhecer as sílabas? Elas são poderosas e ocupam um espaço bem largo no estudo de qualquer IDIOMA. Agora que você já viu esse assunto, nós lhe adian-tamos que não é tudo e que nada lhe impede de aprofundar esse conhecimento no mundo virtual.

atividade | Essa é a atividade relativa às au-las 6 e 7, conforme combinamos. Você viu três pilares da gramática: a fonética, a morfologia e a sintaxe.Como voltaremos a falar dos dois últi-mos oportunamente, vamos dedicar a atenção às questões da fonética. Investigue as formas que melhor se adequem ao caso e forme pa-lavras a partir das sílabas fonéticas. O fonema realiza-se ao constituir palavras. Não se esqueça desse dado. Junte-se aos seus colegas para deba-ter esse exercício no fórum temático. Aumente seu vocabulário e faça-se entender!

8. morfoLogia da Língua Portuguesa

O mundo da morfologia chegou até nós, nesta aula. É a distribuição das palavras em relação ao universo de outras ordens de palavra que atendem às exigências gramaticais. É o mundo que permite as classificações, flexões e adentra às questões es-truturais e da formação. A NGB agrupa as palavras com 10 classes e cada classe representa, em si, uma ideia. Observe que a ordem da palavra modifica, quem pode ser modificada e quem exerce o poder para ligar todas sem comprometer a compreensão. Tudo passa por um grau de complexidade ou não seria morfologia e não necessitaria conhecer mais ainda sobre gênero. Vamos lá, gente!

Morfologia – estudo da distribuição das palavras em classes, atendendo à significação, forma e flexão.

Trata a Morfologia: 1. da classificação das palavras; 2. das suas flexões;

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3. da sua estrutura e formação. Hoje, a gramática da língua portuguesa apresenta as palavras distribuídas em 10 classes, cada classe representando uma ideia. De acordo com NGB, dentro das classes variáveis, têm-se: • Substantivo – representa o ser; • Adjetivo – qualifica o ser; • Artigo – determina o ser; • Numeral – quantifica e ordenar o ser; • Pronome – representa a pessoa do discurso; • Verbo – indica ação, estado ou fenômeno da

natureza. E dentro das classes invariáveis, têm-se: • Advérbio – indica circunstância;• Preposição – liga vocábulos;• Conjunção – liga orações; • Interjeição – indica emoção/admiração.

Por outro lado, do ponto de vista das relações sin-tagmáticas, a classificação das palavras na língua portuguesa obedece a três tipos, a saber:

1. Palavras Modificadas • substantivo • verbo

2. Palavras Modificadoras • artigo • adjetivo • numeral adjetivo • pronome adjetivo • advérbio 3. Palavras de Ligação • preposição • conjunção

9. das fLeXões fLeXão é a variação de forma

O paradigma flexional dos nomes portugueses é sempre estabelecido por oposições desinenciais. O feminino se caracteriza por um (-a) que contrasta com a ausência de desinência do masculino. O plu-ral é marcado por um (-s) que não aparece no sin-gular. A marca da flexão é sempre uma desinência. Assim sendo, a rigor, na língua portuguesa, só há

flexão de gênero e número. O grau deve ser enten-dido de forma diferente, uma vez que sua forma-ção obedece a processos inteiramente diversos.

Entretanto, é comum nas gramáticas da língua portuguesa o grau ser considerado como uma fle-xão, daí ser possível a flexão dos nomes em portu-guês, como: • substantivo: gênero - número - (grau) • artigo: gênero - número • adjetivo: gênero - número - (grau) • numeral: gênero - número • pronome: gênero - número - pessoa • verbo: modo - tempo - número - pessoa - voz A categoria de GÊNERO em português se resume em uma desinência {-a} para o feminino, oposta a uma desinência ∅ para o masculino.

Em outros substantivos, não há flexão de gênero.

O caráter masculino ou feminino da palavra está ima-nente na palavra e é de natureza lexical, não flexional.

Em resumo, o feminino se enquadra numa regra úni-ca: adjunção da desinência (-a) com a supressão da vogal temática, se esta estiver presente no masculino.

Ex. aluno + a = alunoa - aluna Juiz + a = juíza O + a = ao - a (A raiz do artigo definido é zero (∅), e a análise mórfica aponta os seguintes elementos:

T (R + VT) + SF (DG + DN). Assim: Masculino singular ∅√+o+∅ + ∅ Feminino singular ∅√+∅ + a + ∅ Masculino plural ∅√+o+∅ + s Feminino plural ∅√+∅+ a + s

Do ponto de vista morfológico, a complexidade do gênero é também grande em português, como de regra nas línguas românicas. A redução do nome à forma única do acusativo, que tornou a morfologia do número eminentemente simples (morfema ∅, para o singular: morfema (-s) para o plural), não produziu o mesmo efeito na morfologia do gênero.

O padrão morfológico é dado por uma série de adjetivos, inclusive o artigo, em que o masculino apresenta um tema em (-o), que é suprimido no feminino para o acréscimo da desinência (-a).

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Em grande número de substantivos, de tema em (-o) ou não, esse mecanismo se repete: lobo:loba, mestre:mestra (aí suprimiu-se a vogal (-e) do tema), autor: autora (aí na ausência de vogal no tema, acrescentou-se a desinência (-a) diretamente à úl-tima consoante.

Podemos afirmar que, em certos nomes, a alomor-fia no radical funciona como um traço redundante na distinção entre masculino e feminino. Mesmo nestes casos, a flexão se opera pela desinência.

Há substantivos masculinos que não têm feminino correspondente em termos morfológicos. Ex. mu-lher não é feminino de homem; é apenas uma pa-lavra privativamente feminina que supre a falta da flexão de homem. Igualmente, com outros nomes para a formação do gênero, apela-se para o proces-so supletivo, ou seja, a heteronímia. As gramáticas portuguesas dividem os substantivos quanto ao gênero. Além de masculinos e femini-nos, sobrecomuns, comuns de dois gêneros e epi-cenos. Analisando-se a flexão de gênero por este ângulo, pode-se dizer que os nomes portugueses se diversificam em três grupos a saber

• nomes de gênero único Ex.: (a) tribo (a) flor (o) cadáver (a) vítima. • nomes de dois gêneros não marcados por fle-

xão Ex.: (o, a) estudante (o, a) cliente (o, a) dentista • nomes de dois gêneros marcados por flexão Ex.: (o) leão - (a) leoa (o) filho - (a) filha

atividade | Estrutura – recorra a diferentes dicionários e dê significados para esse vocábulo tão importante. Encontre conceitos estruturais para morfologia. Sugerimos uma consulta à gramática Estrutura morfossintática do portu-guês de João Macambira. Logo após, examine outras gramáticas e estabeleça o que há em co-mum nas definições dos escritores pesquisados – você descobrirá realidades muito significati-vas a essa altura do seu curso, que farão uma enorme diferença de saberes do seu idioma, aplicável a outros também. É hora de você redi-gir sobre todo esse conhecimento e enviar para nós através de um trabalho científico.

Parabéns, você venceu!

referências

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Autor: Desconhecido. História da Língua Portu-guesa. http://acd.ufrj.br/~pead/tema05/por-tm05.html em 13/11/2008.

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Disponível em http://lportuguesa.malha.net/content/view/16/44/ em: 23. 10. 2008 FERRO, António M. Portugal http://www.clpic-constanta.ro/pt/portugalia.php?m=menu_gen&c=gen_form em 28. 10. 2008

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História da Língua Portuguesa

no brasiL Eixo Temático | A Leitura no Contexto Universitário

Profa. Francisca Núbia bezerra e Silva Carga Horária | 15 horas

objetivos esPecíficos

Identificar, por meio do estudo da estrutura da língua portuguesa, formas práticas, enriquecedoras linguisticamente por meio de padrões e dos meca-nismos que o idioma permite e viabiliza; Fatos e realidades da História da Língua Portuguesa desde os seus primórdios que lhes permitam ampliar seus conhecimentos e argumentos pertinentes a este vasto assunto; Perceber o percurso da formação histórica da língua portuguesa no Brasil e a riqueza de fatos em que essa formação se consolida ao longo do tempo e do qual nós também participamos no momento atual.

Dando continuidade à morfologia da língua portuguesa, falaremos sobre a estru-tura flexional de número, de pessoa e de verbo.

1. a estrutura fLeXionaL de número Em português, a flexão de número está resumida em uma única regra: O acréscimo do (-s) ao singular. O (-s) é a marca do plural, oposta ao vazio do singular. (-o )

2. a estrutura fLeXionaL de Pessoa Podemos afirmar que, em certos nomes, a alomorfia no radical funciona como um traço redundante na distinção entre masculino e feminino. Mesmo nesses casos, a flexão se opera pela desinência.

Há substantivos masculinos que não têm feminino correspondente em termos morfológicos. Ex. mulher não é feminino de homem; é apenas uma palavra privativamente feminina que supre a falta da flexão de homem. Igualmente, com outros nomes para a formação do gênero, apela-se para o processo supletivo, ou seja, a heteronímia. São três as pessoas gramaticais, conforme designem o falante, o ouvinte ou o assunto. As oposições sempre se efetivam por meio de radicais diferentes.

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Primeira pessoa – campo do falante; referência ao que pertence a quem fala. Segunda pessoa – campo do ouvinte; referência ao que se situa próximo com quem se fala. Terceira pessoa – campo do assunto; referência ao que se coloca distante do falante e do ouvinte. Além da significação dêitica ou indicativa, os pro-nomes podem referir-se a algo que foi dito (empre-go anafórico) ou ainda vá ser expresso (emprego catafórico).

O pronome, na língua portuguesa, assume a condi-ção de substituto linguístico em sua função principal, que é a de ser substituto de uma palavra ou um gru-po de palavras, que eles representam ou substituem.

• A flexão de gênero e de número se realiza com os mesmos traços de estrutura nominal, mas a distribuição paradigmática não engloba todos os pronomes.

• Há três categorias inexistentes na estrutura nominal: a categoria de caso, de pessoa e de neutro. A indicação é sempre feita por meio do processo supletivo.

• Os nomes valem como símbolos: apresentam as ideias. Os pronomes valem como sinais: ape-nas indicam uma situação espacial.

• Além de indicar a posição no espaço / tempo (significado dêitico), os pronomes são usados como referência ao que foi dito (anáfora) ou ao que vai ser dito (catáfora).

• Dentro do mecanismo sintático, o pronome apresenta dupla situação, concorda em pessoa com o seu antecedente e em gênero e número com o termo consequente.

3. a estrutura fLeXionaL do verbo O verbo em português apresenta a seguinte estru-tura morfológica:

V = T (Rd. + VT) + SF (DMT + DNP) Considerando a forma nominal do particípio AMADO, temos as seguintes estruturas:

Estrutura verbal + estrutura nominal = estrutura verbo-nominal

V = T (Rd + VT) + SF (DMT) (AM + A) + DO

N = T (R + SD + VT) + SF (DG + DN) (AM + A + DO ) + (∅ + ∅)

VN = TN (TV (Rd + VT) + FV (DMT) + Vt) + FN (DG + DN)

concLusão Pudemos ver que a estrutura flexional de número na Língua Portuguesa está resumida basicamente no acréscimo do -S à forma singular. Na estrutura flexional de pessoa, vimos que a distinção entre masculino e feminino acontece por alomorfia (va-riação de um morfema sem mudança no seu signi-ficado no radical), em que a flexão acontece pela desinência ou por heteronímia, por um processo supletivo. No que diz respeito à estrutura prono-minal, falamos sobre as três disposições no campo do falante, do ouvinte e também do assunto. Ain-da nesse âmbito, vimos que o pronome, na nossa língua, assume o papel de substituto linguístico de palavras que eles possam vir a representar. Assim, a estrutura pronominal, de acordo com o que discu-timos, baseia-se entre outras características, no se-guinte mecanismo: concorda em pessoa com o seu antecedente e em grau e número com o termo conse-quente. Quanto à estrutura flexional verbal, vimos que o verbo, na Língua Portuguesa, apresenta uma estrutura morfológica baseada na seguinte fórmula:

V=T (Rd.+VT) + SF (DMT+DNP)

atividade | Neste momento, você tem um es-paço e razões para estudar esse assunto, porque em relação à atividade pertinente a esse estu-do, você encontrará mais adiante. SIGA SEM-PRE EM FRENTE!

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Em síntese, a estrutura pronominal apresenta as seguintes características:

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4. Padrões frasais em Português Falaremos sobre os padrões frasais na Língua Portuguesa. Do mesmo modo, conheceremos e analisaremos suas formas básicas, compostas por justaposição e suas possíveis variações. Além disso, apontaremos o que a sintaxe estuda e quais são os seus mecanismos. A Língua Portuguesa conservou o padrão frasal do latim, que consiste num nexo entre o sujeito e o predicado.

Sujeito é um substantivo (nome ou pronome) que serve de tema. Predicado, que é a essência da comunicação, é um verbo ou um nome (substantivo ou adjetivo).

Assim, de acordo com a natureza do predicado – verbo ou nome – a frase portuguesa pode ser ver-bal ou nominal. Padrões Frasais Básicos a. Padrão I: S+VI ± (AADV)

Elas saíram. b. Padrão II: S+VT+OD± (AADV)

Ela falou isto na reunião. c. Padrão III: S+VT+OI± (AADV)

Nós obedecemos às ordens hoje. d. Padrão IV: S+VT+OD+OI± (AADV)

Ele ofereceu um presente ao rei hoje. e. Padrão V: S+VL+PS± (AADV)

Elas estão tristes hoje. Ela permaneceu assusta-da na reunião.

Padrões Frasais Compostos por Superposição f. Padrão I + Padrão V = S+VI+PS± (AADV)

Elas saíram tranquilas hoje. g. Padrão II (ou III ou IV) + Padrão V =

S+VT+OD/OI+PS ± (AADV)Ela falou isto assustada na reunião.

Variações nos Padrões Frasais h. Padrão I: S+VI± (AP) ± (AADV)

Elas foram mortas pelo assaltante hoje. i. Padrão III: S+VT+CA± (AADV)

Nós moramos na mata. j. Padrão IV: S+VT+OD+CA± (AADV)

Ele pôs o carro na garagem. k. Padrão II + Padrão V =

S+VT+OD+PO± (AADV) O juiz declarou o réu inocente.

Obs.: A rigor, o predicativo do objeto da gramática

tradicional inexiste, porque corresponde ao predi-cativo do sujeito, como se pode constatar no exem-plo referido, em que “inocente” é predicativo do sujeito de uma oração em que verbo e conjunção encontram-se elípticos (que o réu é inocente).

Vamos observar os MECANISMOS SINTÁTI-COS A sintaxe estuda:

1. a estrutura da oração e do período; 2. o valor funcional das palavras como partes da

oração;3. as relações de dependência das palavras e ora-

ções, e a colocação de umas e outras. Daí, os mecanismos sintáticos são:

a) Concordância - há na oração dependência das palavras entre si, sujeitando-se umas às outras quanto ao GÊNERO, NÚMERO e PESSOA. • Concordância Nominal - é aquela que se refe-

re à concordância do adjetivo com o substanti-vo (NOME: substantivo e adjetivo);

• Concordância Verbal - estuda a dependência do verbo com o sujeito.

b) Regência - as palavras se acomodam na oração para transmitirem ideia e em ordem tal, que pode haver entre elas a palavra REGENTE, isto é, di-rigente, a que possui outra em subordinação, e a palavra REGIDA, se refere à que se subordina, a que depende, a que completa o sentido. De acordo com o termo regente, tem-se:

• Regência Nominal - é aquela que se refere à regência do substantivo e do adjetivo;

• Regência Verbal - é aquela que se refere à regên-cia do verbo.

c) Colocação - é o estudo da ordem, da disposição das palavras na oração e das orações no período. concLusão Vimos que a Língua Portuguesa preservou os pa-drões frasais do latim, os quais giram em torno do sujeito (o tema) e do predicado (o sentido). O sujei-to pode ser nome ou pronome. Já o predicado, um verbo e/ou um nome (substantivo ou adjetivo), o

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que, de acordo com o que discutimos, vai definir se a frase é verbal ou nominal. Pudemos conhe-cer ainda os padrões frasais básicos e seus devidos posicionamentos numa frase, os padrões frasais compostos por justaposição e, ainda, as variações nos padrões frasais. Constatamos que a sintaxe es-tuda: a estrutura da oração e do período; o valor funcional das palavras como partes da oração e as relações de dependência das palavras e orações. E, finalmente, discutimos sobre os mecanismos sintá-ticos, que são concordância, regência e colocação.

atividade | Elabore exemplos a partir da es-trutura flexional de número, de pessoa, de ver-bo, de padrões frasais em português, dos me-canismos sintáticos e sociabilize esses exemplos com seus colegas por meio da webquest.

5. História da Língua Portuguesa

no brasiL Discutiremos sobre a História da Língua Portugue-sa e sobre a sua implantação definitiva no Brasil, dando ênfase ao fato de que a nação portuguesa vivenciou uma longa trajetória de contato com ou-tros povos que influenciaram diretamente a língua portuguesa e contribuíram para a sua construção.

No início da colonização portuguesa, o tupinam-bá, língua litorânea, tornou-se junto ao português as línguas usadas como “língua-geral” da colônia. O Tupi foi vetado em 1757 por uma Provisão Real, já que esse idioma, com a chegada dos imigrantes à colônia, tornou-se suplantado. Em 1759, os jesu-ítas foram expulsos, e o português foi fixado como idioma brasileiro, ficando do Tupi nomes ligados

à fauna e à flora que permanecem até hoje como também nomes próprios e geográficos.

O fluxo de escravos chegados da África deu à lín-gua da colônia acréscimos significativos através do Yorubá – vocabulário direcionado à religião e à cozinha afro-brasileiras – e do quimbundo angola-na, idiomas esses respectivamente da Nigéria e de Angola, os quais muito enriqueceram o português.

Esses fatos característicos evidenciam as mudanças históricas, linguísticas e sociais que permeiam a origem do português popular do Brasil. Essa posi-ção se resume na frase: confluência de motivos ou seja – a atração de forças de diversas origens que juntas se reforçaram para produzir o português po-pular. Hoje esse discernimento é consensual, em-bora apresente, é claro, diferenças no foco. A chegada dos imigrantes, por ocasião da inde-pendência, deu sua contribuição para que certas modalidades de pronúncia e algumas mudanças superficiais de léxico existente em regiões do Brasil acontecessem.

6. argumentação Histórica

e a imPLantação do Português brasiLeiro

A nação portuguesa tem uma longa história de con-tato com povos que não dominaram sua língua. Do século VIII até o séc. XI, uma parte do país era ocupada por califados árabes e a presença dos árabes que permaneceram por um longo tempo, depois da saída dos seus governantes. Acrescente-mos que, durante a Idade Média, os portugueses participaram das famosas Cruzadas, e isso implica-va contatar diretamente diversos povos europeus da Europa, do Norte da áfrica e do Oriente Médio, chegando, assim, a conquistar diversas cidades do Norte da África, onde estabeleceram colônias que, posteriormente, se estenderam à África Ocidental, abaixo do Saara.

Não se sabe muito a respeito da forma de comuni-cação entre os portugueses e outros povos que não chegaram a dominar o português durante séculos. Fala-se do sabir, que seria um sistema verbal pre-dominantemente de base lexical românica, usado para contato tanto no Oriente Médio como no Norte da África. Sistema este de flexibilidade ex-

Mapa do Brasil no século XVI

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trema, o que permitia a adição de itens lexicais de diversas línguas românicas ou até árabe, facilitado por seus mecanismos sintáticos bastante variáveis de lugar para lugar, de momento para momento. No cômputo geral, podemos distinguir o sabir ocidental usado no Mediterrâneo ocidental e no norte da África do sabir oriental usado no Orien-te Médio, embora saibamos que no início do séc. XVI, época do primeiro contato dos portugueses com o Brasil, já existia, portanto, em Portugal, es-tratégias de comunicabilidade com estrangeiros. Esse sistema tem uma variedade de riqueza docu-mental atestada por autoridades em que se sagrou Serafim Silva Neto (1986) em introdução ao estudo da língua portuguesa no Brasil, devido à qualida-de de sua narrativa. A grande maioria das citações dessa época baseiam-se em estudos advindos desse autor, cuja primeira edição data de 1950.

É a partir daí que sabemos que tribos europeias e africanas – todos os grupos étnicos – sabiam se comunicar, usando esse sistema de comunicação, conforme as circunstâncias de cada um, já que as línguas, segundo alguns autores, “se constituíram em condições de contacto” , mas “absolutamente distinta daquelas que se formaram os pidgins e as línguas crioulas” , o que significa dizer na perspec-tiva sociolinguística que “não houve, em nenhum momento, interrupção da transmissão dessas lín-guas, isto é, não ocorreu mudança de língua (lan-guage shift) nos descendentes mestiços europeus e dos índios tupis – guarani.”

As mudanças dos próximos séculos estão, em cer-to sentido, prefiguradas em certas tendências não perceptíveis do presente.

Acrescentamos que a nossa língua é um organismo

vivo e que como tal vive em constante evolução, fato que corrobora as constatações acima.

Se desejarmos mergulhar no mar de informações sobre a História da Língua Portuguesa no Brasil, há uma riqueza imensa a ser garimpada.

Embora escassas, as evidências documentárias es-pecíficas quanto aos portugueses ou outras línguas faladas pelos africanos no Brasil, há breves men-ções de africanos que não dominavam o português, mas apenas a língua geral tupi ou línguas africa-nas. O que nos traz aos dias atuais: ontem e hoje, os observadores – nativos ou estrangeiros – não conseguem reconhecer qualquer traço linguístico associado exclusivamente à etnia afro-brasileira. Não temos, pois, um “português negro”, critério adotado pelos EUA ao denominar uma atividade linguística de “Black English” – Atualmente AAVE – (African American Vernacular English). Nossas diferenças étnicas nessa questão – traços étnicos vocais – são tão sutis que não fazem diferença aos ouvidos do observador mais atento.

Isso não implica dizer que os falantes nativos te-nham uma língua portuguesa com fluência na-tiva ou que nativos portugueses não introduziram traços africanos, indígenas, pidginizantes ou não.

Pe. Antônio Vieira nos diz que várias nações da Ásia falavam cada uma do seu jeito. Assim sabe-mos que as línguas se influenciavam principalmen-te por meio do aprendizado de segundas línguas por falantes não-nativos adultos.

Desse período, temos apenas um texto de 1620, quando então 20% da população brasileira era de origem africana.

O menor número de africanos nos deixa certos de que não influenciaram diretamente os índios, no início do século XVI, é provável que os portugueses tenham contribuído para a transferência do pidgin da Europa para a América.

Para completar esse quadro linguístico dos primei-ros séculos do Brasil, o qual predominou o pidgin-tupi nos termos de Silva Neto(1986), ou da língua geral paulista, nos termos de Rodrigues (1996), observamos então a influência mútua das diversas línguas no contexto de aprendizado do português, da língua geral e outras línguas como segundas línguas e dos demais elementos vindos da Europa.

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Neste estudo, assumire-mos a conhecida noção de deriva linguística de Sapir (1949/1921: 145 – 170). Segundo o autor, “ a

língua se move ao longo do tempo num curso que lhe é próprio.Tem uma deriva”. (p.150). À p.

115, o autor argumenta que embora não perce-bamos “nossa língua tem uma inclinação” [...]

Edward Sapir, 1913.

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concLusão Pudemos conhecer um pouco da história da nossa língua. Vimos, por exemplo, que o tupi foi vetado em 1557 e que, dois anos mais tarde, os jesuítas foram expulsos, e o português foi adotado como idioma oficial da colônia. No que diz respeito às mudanças históricas, linguísticas e sociais que per-meiam a origem do português popular do Brasil, constatamos que diversos povos deram suas con-tribuições, que juntas, reforçaram a produção do português popular. Os escravos da África, por exemplo, deram à língua da colônia acréscimos significativos, direcionados à religião e à cozinha afro-brasileiras. Historicamente falando, vimos que ainda hoje não se sabe como os portugueses se comunicavam com outros povos que não che-garam a dominar o português durante séculos, po-rém vimos que o SAPIR era o sistema verbal usado para conectar os povos. Decorre ainda que citações dessa época baseiam-se em estudos advindos de Se-rafim Silva Neto, cuja primeira edição foi em 1950. Por meio dela, pudemos concluir que todos os gru-pos étnicos se comunicavam usando esse sistema de comunicação. Discutimos, por fim, que em relação ao quadro linguístico dos primeiros séculos do Bra-sil, percebe-se que células foram sendo acrescenta-das a sua forma geral, mas que até hoje a língua está propícia a mudanças, já que é um organismo vivo e que, como tal, vive em constante evolução.

atividade | Você percebeu um assunto que ampliou, de forma significativa, seus conheci-mentos sobre a História da Língua Portuguesa do Brasil. Agora é a hora de você participar de uma videoconferência com seus colegas e três professores convidados, para juntos debater-mos esse assunto vital para a construção do seu conhecimento em língua portuguesa. Até que enfim vamos nos encontrar!

7. o Português do brasiL e no brasiL

Discutiremos a importância da Língua Portuguesa do Brasil e no Brasil, já que somos colaboradores diretos e definitivos para fazer do português uma língua com importância internacional. Além dis-so, localizaremos, historicamente, o decorrer da evolução do português no nosso país, o qual incor-porou empréstimos de termos não só das línguas indígenas e africanas mas também de outras diver-sas línguas. Com um enorme território de mais de 8 milhões e meio de quilômetros quadrados e uma população de 183.900 milhões de habitantes (dados de 2007), o Brasil não está em proporção com Portugal, que ocupa uma área de 92.000 Km2 e com uma ex-pressiva população de 10.595.848 milhões de ha-bitantes (dados de 2007).

A língua deste país-continente é o português. Somos, pois, também lusófonos e contribuímos decididamente, em pleno séc. XXI, para fazer do português uma língua com importância in-ternacional, já que é falada por 230 milhões de pessoas, em diversos continentes, fato que ele-va a autoestima e nos instiga a conhecer mais sobre a história desse idioma tão rico.

8. Historicizando a Língua Portuguesa

Abril, 22 de 1500, Pedro Álvares Cabral chega às costas do Brasil e toma posse em nome do rei D. Manuel de Portugal embora a colonização só te-nha se iniciado em 1532, com a atribuição das capitanias hereditárias. Não iremos, aqui, adentrar a esses fatos da história, mas iremos nos ater na exposição das ocorrências que nos interessam no que concerne à implantação da língua portuguesa no Brasil, em seus vieses mais significativos. O período colonial – da chegada de D. João VI (1808) até ... ... ...

Os portugueses se instalaram no Brasil, um país povoado por índios e que importou da África uma população de escravos. Nota-se aqui a junção do eu-ropeu, do índio e do negro, que constituem neste pe-ríodo a tríade básica da população brasileira, porém no que concerne à cultura, a contribuição do portu-guês foi, sem sombra de dúvidas, a mais importante. ht

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O início da colonização é litorânea, e, com a funda-ção da cidade de São Paulo, abre-se uma porta para o interior. No século XVIII, outro fator determinan-te foi a exploração do ouro no território do atual estado de Minas Gerais. Esse é um período nitida-mente rural, quando então o Brasil possui suas duas capitais: primeiro, Salvador e, a partir de 1763, Rio de Janeiro. Havia, nessa região, algumas vilas com média importância que preenchiam, tão somente, funções políticas, administrativas – enquanto que

papéis culturais e intelectuais eram limitados. Não havia universidade nem tipografia. Nossos jovens estudavam em Coimbra, e isso constituía a diferença básica entre a América portuguesa e a América espanhola. Em síntese: “os colonos” por-tugueses falam português europeu, com seus traços específicos que com o tempo irão adquirir traços definitivos. As populações de origem indígena, africana ou mestiça aprendem o português, embo-ra o manejem com imperfeição. É o tupi, agora, a língua geral, língua costeira, um tupi simplificado e gramaticizado pelos jesuítas, e por isso, tornou--se a língua comum. Temos uma língua travada, porque os indígenas conservaram seus idiomas particulares. Assim a convivência linguística entre o português e o tupi foi uma realidade tão forte que os bandeirantes usaram essas duas línguas em suas expedições.

concLusão Pudemos conhecer um pouco mais da nossa Lín-gua Portuguesa no Brasil e a sua importância para o mundo na história e na atualidade. Vimos tam-bém que somos lusófonos, ou seja, usamos a lín-gua portuguesa como língua materna e também, por isso, colaboramos para a relevância da Língua Portuguesa no mundo. Conhecemos também um pouco da história do Português no Brasil, desde a

instalação dos portugueses no nosso país, passan-do pelo processo de colonização, até a realidade que se deu com a convivência linguística entre o português e o tupi, fazendo com que os bandeiran-tes usassem essas duas línguas em suas expedições.

atividade | Agora que você já assistiu ao fil-me e estudou o texto de referência, você precisa está apto para o aprofundamento por meio da webquest. Em seguida, faça as suas interações e abra uma grande discussão com seus colegas. Sucesso!

9. a imPosição do Português

como Língua nacionaL Nesta aula, você verá que o português no Brasil vi-venciou um processo de imposição, inclusive mar-cado por data. Por sua brasilidade e pelas circunstância sócio-po-líticas em que o fato ocorreu, o Brasil se “relusita-nizou” em 1822. Você pode acompanhar o trajeto e o contexto em que tudo ocorreu e observar as contribuições dos jesuítas e da “língua geral” para a formação do nosso léxico. A língua geral entra em franca decadência com o início do garimpo de ouro e diamantes, que coinci-de com a chegada do Diretório criado pelo marquês de Pombal, cujas decisões adotadas, de início no Pará e no Maranhão, estendem-se, em 17 de agosto de 1758, a todo o Brasil. A língua geral foi proibida, e a língua portuguesa, adotada como obrigatória.

Segue, em 1759, a expulsão dos jesuítas, proteto-res da língua geral. Esse afastamento corrobora a eliminação dessa língua comum, restando apenas um certo número de palavras integradas ao voca-bulário local a mais alguns topônimos.

Os traços específicos do português são citados vá-rias vezes por sua brasilidade.

Desde o início, nosso português brasileiro tem

SAIBA MAIS!

Youtube

Para melhor contextualização da história da

língua portuguesa, é necessário conhecer

como se deu todo esse processo da acultu-

ração brasileira. Tenho certeza de que você

vai adorar!

http://br.youtube.com/watch?v=qOrgka-jmQc

SAIBA MAIS!

http://www.suapesquisa.com/historiadobrasi l/

capitanias-hereditarias.htm

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seus traços característicos considerados por D. Je-rônimo Contador de Argote como típico dos diale-tos ultramarinos ou arcaico devido a seus traços fo-néticos: não fazendo distinção entre as pré-tônicas abertas (ex.: padeiro, pregar, corar) e as fechadas (ex.: cadeira, pregar, morar), possibilitando que numerosas palavras possuam dois acentos, ou seja, além do acento tônico normal, apresentam uma vogal pré-tônica aberta (ex.: aquècer, bèsteiro, crìa-dar, càveira, còrar, sàdio, vàdio).

Também está registrado, desde 1822, que dizemos minino, mi deu, mas escrevemos (me deu, menino) e também falamos com chiados implosivos (misté-rio, fasto, livros novos). Tal fato é bem definido pelos personagens nas peças “O Miserável Engana-do”, “O Periquito no Ar” ou “O Velho Usurário” de Manoel Rodrigues Maia – comédia registrada e transmitida por um manuscrito da Biblioteca Na-cional de Paris, copiado em 1818, baseado na lín-gua da personagem quando senhorinho é emprega-

do por você, me diga por diga-me e di-lá por de-lá. O Brasil vivencia um “relusitanizar” com a chegada do príncipe regente ao Brasil em 1822 com 15.000 portugueses e transferindo para o Rio de Janeiro a capital da monarquia de Bragança. Abre-se o Brasil ao mundo exterior que irá acelerar o seu progresso material e cultural.

Cada um de nós, ao se debruçar sobre a História da Língua Portuguesa, irá contemplar um universo de formas de abordagens, e isso, em si, já se consti-tui uma das riquezas do nosso idioma, já que esse leque de leituras nos permite uma gama de conhe-cimento ímpar.

Então, ao comparar vários textos, veremos sem-pre que a língua “geral” é uma língua de base tupi, para a qual os jesuítas contribuíram de for-ma eficaz para seu estabelecimento, embora o Pe. Manuel da Nóbrega, por ser gago, não tenha sido bem sucedido em sua aprendizagem e deixou suas

inserções nesta área. Numa carta datada de 1549, escreveu “trabalhamos de saber a língua deles, e nisto o Padre Navarro nos leva vantagem a todos. Temos determinado de ir viver às aldeias, quando estivermos mais assentados e seguros e aprender com eles a língua e il-los (sic), doutrinando pou-co a pouco. Trabalhei por tirar em sua língua as orações e algumas práticas de Nosso Senhor e não posso achar língua (intérprete) que m’o saiba dizer, porque são eles tão brutos que nem vocábulos têm. Espero de as tirar o melhor que puder com um homem (Diogo Álvares, o Caramuru), que nesta terra se criou de moço.”

Logicamente algumas pessoas aprenderam a lín-gua “geral” de base tupi apenas pelo convívio, sem sistematizações, como ocorre hoje com qualquer pessoa que aprenda uma outra língua apenas por convivência, aprendizagem que se estendeu às lín-guas da época – o africano, o indígena. concLusão Nesta aula, ficou claro que a “língua geral” entrou em decadência assim como todas as implicações advindas deste fato, como a expulsão dos jesuítas e a percepção dos traços típicos do nosso português. O “reluzitanizar” se deu em razão da chegada do príncipe regente ao Brasil com toda a sua corte. É um período ímpar da história de nosso idioma. Você adquiriu uma soma de conhecimentos. Siga-mos adiante, pois!

atividade | Acesse o YOUTUBE! Há várias sinopses de filmes que você pode ver: Caramu-ru ou Pe. Anchieta ou, ainda, Pe. Manuel da Nóbrega. Você escolhe de acordo com sua pre-ferência. Sente-se, assista e depois contate com dois de seus colegas que assistiram a fil-mes diferentes e jun-tos discutam a impor-tância de cada filme e quanto contribuíram para compreensão do

SAIBA MAIS!

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assunto dado.

10. a enorme variedade Linguística Nós fomos agraciados com uma enorme variedade linguística que enriquece, sobremodo, nossa fala. Desde a descoberta, esses fatos são registrados por vários autores em seus trabalhos. Você verá, nessa aula, alguns desses registros e terá oportunidade de comparar esses textos redigidos a bastante tempo que corroboram esse evento - de Fernão Cardim até Rosa Virgínea Matos e Silva em seus artigos sócio-históricos. Havia aqui uma enorme variedade linguística, conforme registrado em várias oportunidades, em função das diferentes nações indígenas existentes. Confirmando essa diversidade, lemos em Pero de Magalhães Gândavo, 1575:

a língua de que usam, toda pela costa é uma, ainda que em certos vocábulos difere n’algumas partes, mas não de maneira que deixem uns aos outros de entender, e isto até altura de vinte e sete graus, que daí por diante há outra gentilidade, de que nós não temos tanta notícia, que falam já outra língua. Esta de que trato, que é geral pela costa, é muito branda, e a qualquer nação fácil de tomar.

(PeroM.Gândavo,“HistóriadaProvínciadeSantaCruz”Ed.no

Annuario do Brasil, Rio de Janeiro, 1931, p.73.) Fernão Cardim foi o primeiro a descrever a diversi-dade de nações e língua:

em toda esta província, há muitas e várias nações de dife-rentes línguas, porém uma é a principal que compreende algumas dez nações de índios; estes vivem na costa do mar, e em uma grande corda do sertão, porém são todos estes de uma só língua, ainda que em algumas palavras discre-pam e esta é a que entendem os portugueses; é fácil, e ele-gante, e suave, e copiosa, a dificuldade está em ter muitas composições. (...) Eram tantos os desta casta que parecia impossível poderem-se extinguir, mas os portugueses tanto os têm combatido que quase todos são mortos, e lhes têm tal medo que despovoam a costa e fogem pelo sertão aden-tro até trezentas ou quatrocentas léguas. (Do princípio e origem dos índios do Brasil e de seus costumes, adoração e cerimônias.

(in Tratado da terra e da gente do Brasil. São Paulo,

Companhia Editora Nacional, 1939).

Esse tupi litorâneo, foi, na sua maioria, subjugado e aculturado pelos portugueses que o tomaram como língua tapuia, ou seja, “inimigo” em tupi, estabelecendo uma dicotomia tupi –tapuia, que constituiu uma divisão étnico-linguística. Os me-ninos índios do Brasil eram bilíngues, falavam seu

idioma e o português, que pertencia ao conjunto das 76 nações daquela época, muito bem definida por Rosa Virgínia Matos e Silva (1995) em seu arti-go sócio-histórico.

Sabe-se que no Brasil se usavam para mais de mil línguas autóctones, de vários grupos linguísticos, no início da co-lonização. Cálculo recente leva o Prof. Aryon Rodrigues (1993:91) a propor 1.175 línguas, das quais 85% foram di-zimadas no período colonial, depois deste continuam a desaparecer porque isso aconteceu com seus falantes -- dos cinco milhões em 1500, variados culturalmente e linguis-ticamente em mais de 1500 povos, calculam-se 800.000 indivíduos no final da colonização, talvez 300.000 no fim do império, cerca de 262.000 hoje, falantes de cerca de 180 línguas.

(Rosa V.M. e Silva, (1995) “A sócio-história do Brasil e a heterogenei-

dadedoportuguêsbrasileiro:algumasreflexões”).

Anchieta, em várias oportunidades confirma a língua geral de origem tupi que dominou o litoral brasileiro do início da colonização até meados do

séc. XVIII, que, por seus depoimentos, necessita-vam de intérpretes por não falar português.

11. o Português e as Línguas africanas

No início do séc. XVIII, o tráfico de escravos au-mentou significativamente, e a presença negra distribuiu-se pelos grandes latifúndios e pelos cen-tros urbanos. A cultura negra foi muito importan-te para o processo de aculturação da colônia por várias razões, mas duas são básicas:

• Entre o negro e seu senhor, havia um tipo de convivência mais direta, o que não ocorria com o índio;

Aldeia missionária – As missões eram povoa-dos, em que se reuniam populações indíge-

nas sob a direção de religiosos.

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• O caráter mais específico, que parte do pres-suposto de que sendo os negros originários de colônias portuguesas, teriam já contactado a língua dos brancos.

atividade | Veja que beleza! Esse filme é uma luz a mais que vai guiá-lo durante muito tempo e ajudá--lo a fixar a importância das línguas africanas para o português. Sente-se, assista a esse filme documentário e faça seus registros! Aí você terá o substrato para uma pesquisa sociolinguística.

Chegaram ao Brasil negros de diferentes etnias, já que era propósito dos portugueses dificultar a unidade desses povos para mantê-los submissos, e isso contribui para uma diversidade de línguas de partes diferentes da África, fato que induziu os es-cravos a adotarem a língua portuguesa.

Isso se constitui em um estudo sobre a influência do africano na língua portuguesa – do nagô ou iorubá na Bahia; o quimbundo ou congolesa do

norte ao sul desse país que permanece até os dias atuais com maiores evidências do que nunca. concLusão Viu como é enorme nossa variedade linguística?

Tudo está registrado devidamente - influência indí-gena, africana. Fernão Cardim foi muito feliz em seus registros. Vimos que nossos meninos índios eram muito inteligentes ao assimilarem a língua

dos brancos e a Rosa Virgínia Matos (1995), que amplia esse conhecimento de forma magistral em seu artigo. Foi mais um passo, gente!

12. a Língua Portuguesa no brasiL Nesta aula, você verá algumas normas a serem obser-vadas por todos os estudiosos da língua portuguesa.

São questões que tipificam o português falado no Brasil e o torna distinto de outros países. Essas questões transitam pela fonologia - a nossa é espe-cial - e pelas questões de morfologia e de sintaxe.

A morfologia diz dos aspectos categoriais do nos-so idioma, já a sintaxe diz da harmonia dada pela ordem em como organizamos nossas falas, nossas sentenças. É um assunto, como você verá, bastante recorrente, sempre precisamos voltar a ele. A língua portuguesa no Brasil não foi implanta-da aqui em um único momento; essa ocorrência se deu ao longo de vários anos nos quais manteve constantes relações com outros idiomas durante todo o período de colonização quando incorpo-rou, também, variedades do próprio português. O português do Brasil vai mostrar uma riqueza imensa, não encontrável, em geral, no português de Portugal ou de outras regiões do mundo, devido às razões apresentadas anteriormente; tal constatação não nos impede de observar que a língua escrita é factível de similaridade com suas origens dado a questões pertinentes à normatização efetivada em gramáticas, dicionários e outros instrumentos re-guladores das implantações de idiomas.

O português brasileiro possui um conjunto das ca-racterísticas que o torna peculiar e que se dá tanto em nível regional como no contexto social e histórico.

Vejamos, de forma breve, algumas dessas diferen-ças de ordem fonético-fonológicas quanto ao nível morfossintático e ao nível do léxico.

13. características fonético-fonoLógicas

Quando comparamos os níveis fonéticos e fonoló-gicos de Portugal e do Brasil, percebemos que nos-so sistema vocálico é especialmente nosso. SAIBA MAIS!

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Podemos avaliar essa comparação quando é neces-sário fazer uma distinção entre a vogal tônica (da sílaba com acento de intensidade), a vogal na posi-ção átona final (como o /a/ de fuga) e a vogal na posição pretônica (como o /a/ de até).

Posições ocuPadas Por vogais no brasiL a) Posição tônica – no Brasil, o português apresenta 7 vogais, assim exemplificadas: /a/ (entrada); /é/ (deve), /ê/ (medo), /i/ (viga); /ó/ (avó), /ô/ (avô), /u/ (urubu). Note-se que a vogal /a/ é pronunciada com timbre aberto, com a língua em repouso em-baixo, na boca; que as vogais /é/, /ê/, /i/ são ante-riores, elas são pronunciadas com um movimento da língua para frente; e as vogais /ó/, /ô/, /u/ são posteriores, pronunciadas com um movimento da língua para trás. Portugal abriga além desses sons vocálicos, um /ä/, que não é aberto como o /a/. Este /ä/ é pronunciado com uma certa elevação da língua, diferentemente do /a/ aberto pronuncia-do com língua em repouso, embaixo na boca. Na língua falada, distingue-se /falämos/, presente do indicativo, de /falamos/ passado perfeito. b) Posição átona final, do português do Brasil, de modo geral, tem três vogais /a/ (casa), /i/ (bar-bante, pronunciado [barbãti]), /u/ (menino, pro-nunciado [meninu] e mesmo [mininu]). Também Portugal apresenta três vogais, /ä/, /ë/ e /u/. De forma diferente do Brasil, a pronúncia realiza-se com a língua mais alta para /ä/, e o som é fechado ë/ é pronunciado fechado, mas numa posição mais posterior do que o /ê/ do Brasil. Já /u/ tem as mesmas características fonéticas do /u/ brasileiro.

c) Posição pretônica - temos 5 vogais: /a/, /ê/, /i/, /ô/, e /u/. Portugal apresenta e mantém as 8 vogais da posição tônica, com a diferença de que o /ê/ passa a /ë/, numa pronúncia mais central: /a/, /ä/; /é/, /ë/, /i/; /ó/, /ô/, e /u/.

14. características morfoLógicas e sintÁticas

Sintaticamente, o Brasil possui uma característica geral no português, no que concerne ao funciona-mento dos pronomes átonos (me, te, se, lhe, o, a, etc) tende, sempre, ao uso da próclise, o que não ocorre no português lusitano, por exemplo, João se levantou tão comum no Brasil. Isto faz com que toda a colocação de pronomes átonos no Brasil

seja bastante diferente da de Portugal. Essa carac-terística sintática tem a ver com o fato de que as diferenças fonético-fonológicas, já citadas antes, conduz a um outro ritmo da frasal, e, portanto, uma diferença de tonicidade nesses pronomes.

No Brasil, temos também, uma forma peculiar de usar o gerúndio (está escrevendo), que não é co-mum em Portugal – dizemos: está na janela, che-gou no Brasil. Em Portugal temos - está à janela, chegou ao Brasil. São também comum no Brasil expressões com a preposição em, que em Portugal são com a preposição a.

A característica principal, que é marcante do por-tuguês do Brasil, é de ser uma língua de tópico, diferente do português de Portugal e das demais línguas latinas.

concLusão Nesta aula, nós tivemos a oportunidade de con-tactar com algumas realidades muito significativas sobre a língua portuguesa no Brasil no âmbito da fonética e iniciamos nossa entrada no perfil mor-fológico e sintático dessa língua. Tudo isso é só o início; com certeza, esse é mais um assunto inesgo-tável desse lindo idioma. Após o 15º tópico, virá a atividade, tendo em vista a continuidade do assunto.

15. questões sintÁticas e nominais Sem uma visão das questões sintáticas e nominais, não poderíamos ir adiante. Temos essa oportuni-dade nesta aula, porque são muito importantes e basais para um conhecimento de nossa língua.

Temos questões de ordem sintagmática que per-mitem sentir a estrutura do português brasileiro e suas diferenças do português lusitano. Precisamos nos deter nas construções das questões tópicas do português no Brasil para uma melhor compreensão do que, de fato, ocorre aqui. Usare-mos as abreviações SN e V para Sintagma Nominal e Verbo. Sintagma é um elemento linguístico de ní-vel inferior ao da frase e que possui, na sua forma, elemento linguístico de nível sintático ainda mais baixo, que, em geral, combina dois elementos. No caso do SN (sintagma nominal), este se constitui,

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pelo menos, de um nome e tem, geralmente, pelo menos, um determinante para este nome – exem-plo: o menino = menino é o nome → o é o determi-nante, e o menino é o SN. A noção de verbo que nos interessa aqui é a que conhecemos usualmente.

Assim a nossa estrutura do português brasileiro é [SN V] diferente de Portugal e demais línguas latinas em geral, cuja estrutura frasal obedece ao cânone SN [ V ( SN ). Aqui o colchete separa o que se apresenta, como o que se diz do primeiro SN. Considere com atenção estas duas frases para en-tender melhor como funciona a estrutura sintática do português:

a. João fez o trabalho. b. João, ele fez o trabalho. Na frase a, a palavra João refere-se a alguém (João) e predica-se dele algo, fez o trabalho. Nessa frase, João referencia uma pessoa e é também o sujeito da frase.

Na frase b, João referencia alguém, depois tem-se como sujeito o pronome ele, que retoma e anaforiza João, do qual se predica algo, fez o trabalho. Aqui João é o tópico, aquilo sobre o que se vai dizer algo. Diferentemente, na primeira frase, aquilo sobre o que se vai dizer algo é diretamente o sujeito da frase. Esta característica explica, pois, segundo alguns autores – importantes aspectos próprios do portu-guês brasileiro. Acrescentemos mais algumas carac-terísticas que diferenciam o português do Brasil do português de Portugal:

a. ele como objeto

Não existe em Portugal esta construção. É comum no Brasil frases como Encontrei ele ontem; esse rapaz, eu conheci ele no trem; esse rapaz aí que eu encontrei ele no trem. Nestas frases, ele é comple-mento da frase, diferentemente de Portugal onde esta construção, normalmente, não aparece já que a terminação verbal é a mesma entre a primeira e a terceira pessoa do verbo ou ainda como recurso para estabelecer um contraste. b. ele como sujeito No Brasil, dizemos, por exemplo: eu tinha uma empregada que ela respondia ao telefone e dizia..., preferencialmente temos um sujeito nulo em Por-

tugal, (eu tinha uma empregada que respondia ao telefone e dizia...), o que corresponde a um su-jeito oculto no Brasil. Aqui há o que chamamos de marca de concordância – já que a terminação verbal é a mesma. Para Galves, esta diferença diz respeito a que no português do Brasil o ele aparece preferencialmente ao sujeito nulo (que na escola conhecemos como sujeito oculto), diferentemen-te do português de Portugal, onde aparece prefe-rencialmente o sujeito nulo e onde o ele aparece quando é necessário marcar a concordância, já que a terminação verbal é a mesma entre a primeira e a terceira pessoa, ou para estabelecer um contraste.

c. ele como objeto de preposição

No Brasil, a construção comum é: André, que eu gosto dele, é mais bonito. Em Portugal, ele diz: o André, de quem eu gosto, é mais bonito. Esse uso do pronome Ele está ligado ao crescimento no por-tuguês do Brasil, do uso daquilo que chamamos de relativa cortadora, e também a presença do prono-me lembrete instalada aqui desde 1880, aprofun-dando-se, então, a partir daí, conforme afirmam estudos de vários linguistas.

O uso do pronome se e seu funcionamento é con-templado em vários momentos, por vários linguis-tas em suas buscas. O se pode não aparecer nas formas finitas – ex.: Nos nossos dias, não usa mais saia. Em Portugal, só há frase como: Não se usa mais saia. Em contrapartida, em frase com infi-nitivo, no Brasil, aparece, de modo consistente, o se como forma de indeterminar: É impossível se achar lugar aqui. Em Portugal haveria apenas: É impossível achar lugar aqui.

Isso nos reporta ao fato de sermos uma língua de tópico, cuja diferença na estrutura frasal está tam-bém ligada a uma estrutura sintática diferente, que está ligada, por sua vez, a um aspecto de natureza semântica fundamental e da forma como faz refe-rência a quem se fala. Aqui, concluímos que, em outras palavras, esta estrutura da frase articula-se a um modo de funcionamento semântico-enuncia-tivo, outros diriam semântico-pragmático, do por-tuguês no Brasil – uma questão a ser estudada no multilinguismo brasileiro.

16. características do LéXico As diferenças entre o português do Brasil e de Por-

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tugal são estudadas desde o início do século XIX com Marquês de Pedra Branca. São diferenças per-tinentes ao significado e sentido de palavras que tornaram ou foram incorporadas ao português das línguas indígenas e africanas com as quais o português esteve e está em relação sempre. Paul Teyssier (1997) cita, em seus estudos, alguns exemplos:

PORTUGAL BRASIL

comboio trem

autocarro ônibus

eléctrico bonde

hospedeira aeromoça

caneta de tinta permanente caneta-tinteiro

corta-papeles pátula

fato terno

metro metrô

Por outro lado, há, no Brasil, um conjunto impor-tante de palavras de origem indígena, comumente o tupi, assim como, de origem africana, os exem-plos são também tirados de Teyssier (idem).

Exemplos de palavras de origem indígena: capim, cupim, caatinga, curumim, guri, buriti, carnaúba, mandacaru, capivara, curió, sucuri, piranha, uru-bu, mingau, moqueca, abacaxi, caju, Tijuca, etc. São, em geral, palavras relativas à designação da flo-ra, da fauna, de alimentos, assim como de lugares.

Exemplos de palavras de origem africana: caçula, cafuné, molambo, moleque; orixá, vatapá, abará, acarajé; banguê; senzala, mocambo, maxixe, sam-ba. São, em geral, palavras que designam elementos do candomblé, da cozinha de influência africana, do universo das plantações de cana, do universo de vida dos escravos, e mesmo outros de aspecto mais geral. Grandes listas de palavras dessas línguas que se incorporaram ao português podem ser encon-tradas em diversos livros de linguística histórica do português como Silva Neto (1950), Bueno (1946, 1950) e Coutinho (1936).

Por fim, reiteramos que o português brasilei-ro apresenta um conjunto de características tão peculiares que o tornam objeto de pesquisa de vários estudiosos, que este idioma constitui-se de uma língua de tópicos – diferentemente do português lusófono e das demais línguas lati-nas, fato explicado por Galvez também, que, em

seus estudos sintagmáticos e nos referidos deter-minantes – viabiliza um conhecer amplo que envolve várias classes gramaticais, cuja nomen-clatura explicita muito bem o português que fa-lamos, desde que observado sob essa perspectiva. concLusão Nesta aula, você percebeu como questões sintáticas e nominais precisam ser conhecidas por todos que desejam saber mais acerca do nosso idioma e domí-nio sobre as construções canônicas de nossas ora-ções. A nossa língua apresenta características que a diferem do português de qualquer outra nação que fale a mesma língua, o que não é de estranhar que nosso léxico, também, possua características pecualiares.

atividade | Após o estudo dos sons, das ques-tões morfológicas e sintáticas, nada mais justo do que trabalharmos agora sobre o léxico. Pes-quise sobre as contribuições na formação do lé-xico português, advindas das línguas indígenas e africanas que vieram enriquecer o português do Brasil. Prepare agora um trabalho científico para nota: introdução, desenvolvimento, con-clusão e referências.

Terminamos este fascículo, gente!

gLossÁrio

sabir - qualquer língua mista, originada do atendimento a necessidades fundamentais de comunicação, que possui uma gramática simplificada. Obs.: cf. crioulo epidgin

referências

Autor desconhecido. Disponível em: http://acd.ufrj.br/~pead /tema05/imposicaoportugues.html - 22/11/2008.

Autor desconhecido. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugu%C3%AAs_brasileiro – 20/11/2008

Autor desconhecido. Disponívrl em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugu%C3%AAs_brasileiro 23/11/2008

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CÂMARA JR. J., M. Estrutura da língua portu-guesa. 5. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1975.

______. História e Estrutura da Língua Portugue-sa. Rio de Janeiro: Padrão, 1985.

______. Dicionário de linguística e gramática. Petrópolis, Vozes, 1996.

DUBOIS, Jean el ali. Dicionário de Linguística. São Paulo: Cultrix, 1998.

FIORIN, José Luís; POTTER Margarida. A África no Brasil: a formação da Língua portuguesa. São Paulo: Contexto, 2008.

GUIMARÃES, Eduardo. A língua portuguesa no Brasil. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S000967252005000200015&script=sci_arttext – 24/11/2008.

NARO, Anthony Julius; SCHERRE, Maria Marta Pereira. Origens do Português Brasileiro. São Paulo: Parábola, 2007.

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VILLALVA, A. Estruturas Morfológicas – Uni-dades e hierarquias nas palavras do portu-guês. Braga: Dinalivro / Fundação Calouste Gulbenkian, 2000. TEYSSIER, Paul. História da Língua Portuguesa; Tradução: Celso Cunha. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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contributos dotuPi-guarani

e sua infLuência no vernÁcuLo Português

Eixo Temático | A Leitura no Contexto UniversitárioProfa. Francisca Núbia bezerra e Silva

Carga Horária | 15 horas

objetivos esPecíficos

Identificar, no valor e no teor da contribuição do Tupi para o léxico portu-guês, a grandeza das muitas nações indígenas que se perpetuam por meio dos séculos, enriquecendo nosso patrimônio vocabular; Observar por meio de leituras do dia-a-dia e do contato com as pessoas ao seu redor o quanto de “brasileirismos” se constitui a nossa riqueza linguística que pode ser avaliada por meio dos vários troncos linguísticos indígenas que existem e como os contatos se realizavam; Ampliar seus conhecimentos sobre a riqueza vernacular do português brasilei-ro, com as variedades dialetais e entrar em contacto com alguns dados sobre as diferenças lexicais existentes entre o português do Brasil e de Portugal por meio de dados sociolinguísticos do Brasil.

1. contribuição do tuPi Para o LéXico Português Falaremos sobre a contribuição do tupi para o Português, tendo em vista que os dois conviveram juntos por muito tempo, na nossa história. Também discutire-mos sobre as contribuições dos africanos para o nosso vocabulário e ainda sobre a imposição da Língua Portuguesa, via Romantismo, que se estendeu até o ano de 1870. O português e o tupi conviveram, como já vimos, por um longo tempo; os ban-deirantes usaram o tupi em 1694: “as famílias dos portugueses e índios em São Paulo estão ligadas hoje umas às outras, que as mulheres e os filhos se criam mística e domesticamente, e a língua que nas ditas famílias se fala é a dos índios, e a portuguesa a vão os meninos aprender à escola”, essas são constatações de Pe. Antônio Vieira.

Souza Oliveira diz que a nossa língua nacional é, em substância, o português, modificado na pronúncia, com leves e pouco numerosas alterações sintáticas, mas copiosamente opulenta no léxico pelas contribuições indígenas e africanas e pelos produtos da criação interna.

Fascículo 4

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A densidade demográfica e a diversidade cultural exerceram e exercem uma influência muito gran-de na formação da língua portuguesa, isso é cabal-mente demonstrado quando da análise de certas palavras usadas no dia-a-dia. No que concerne ao tupi, a maioria de suas palavras se realizam no âmbito da fauna: araponga, arara, capivara, curió, gambá, jacaré, lambari, saracura, sucuri, taman-duá, tatu, urubu, capivara, quati, sagui, caninana, piranha, curiango, sem esquecer o harmonioso sabiá e as personagens espectrais e inquietantes:

O tupi também alcança as locuções familiares: an-dar na pindaíba, estar de tocaia, cair na arataca; na toponímia tipicamente brasileira – Aracaju, Gua-nabara, carioca, Tijuca; na antroponímia: Araci, Iracema, Guacira, Peri, Jurema, Ubirajara, Jandira etc; na flora: abacaxi, carnaúba, cipó, guabiroba, ipê, jabuticaba, mandioca, sapé, jacarandá etc. Te-mos ainda alimentos, utensílios, crenças, fenôme-nos como: arapuca, caipira, curupira jacá, pirace-ma, pororoca, moleque, saci etc. Todos fazem a velha língua geral sobreviver.

Já o vocabulário brasileiro de origem africana apre-senta uma complexidade quando certas palavras entraram no português de Portugal, sem transitar pelo Brasil, e, posteriormente foram introduzidas aqui pelos portugueses. Veja o caso de INHAME, palavra africana, registrada no Diário de Cristóvão Colombo (1492) – ñame e sob a forma portugue-sa na carta do descobrimento do Brasil ao rei D. Manoel. Dado que os africanos que aqui chegaram pertenceram às mais variadas etnias. Verificamos, aí, a razão para seu vocabulário ser tão diversifi-cado. Mas duas línguas africanas se sobressaem particularmente: o IORUBÁ (língua atual da Ni-géria) e o QUIMBUNDO (falado em Angola). O iorubá constitui a base de um vocabulário próprio da Bahia, relativo às cerimônias do candomblé (ex.: orixá) ou a cozinha afro-brasileira (ex.: vatapá, abará, acará, acarajé). O quimbundo nos deu um

vocabulário mais geral, sempre integrado à língua comum (ex.: caçula, cafuné, molambo, moleque.

O nosso vocabulário português é considerável, cer-tos dicionários explicam e registram esse fato, em especial o de Aurélio Buarque de Holanda e de An-tônio Houssais em suas últimas edições.

A questão da língua não se constitui apenas de con-trovérsia gramatical, antes é um problema nacional da mais alta importância e significação, porque, após a Independência, muitos brasileiros acredita-ram ser impossível haver uma nação original com cultura e com literatura própria, sem uma língua original, pensamento esse compartilhado pelas novas nações americanas, fato que seria objeto de preocupação particular entre escritores e filólogos.

E é via escritores brasileiros, mais exatamente, via o Romantismo que no Brasil se estende até 1870, que a língua portuguesa se impõe. José de Alen-car, ao publicar Iracema em 1865, recebe críticas severas do escritor português Pinheiro Chagas e de outros censores que o acusam de escrever numa língua incorreta, ao que ele responde:

que sem jamais querer distanciar-se do português europeu, reivindica o direito à originalidade e recusa o purismo mesquinho e estéril, mostra a sua necessidade de encontrar uma expressão nova, autêntica e viva do português.

atividade | Para melhor compreender a lin-guagem de José de Alencar no seu livro Irace-ma, sugerimos assistir aos FILMES: 1, 2 “ Ira-cema”, fazer um comentário sobre a resposta dada pelo referido autor, e, por meio do fórum temático, comentar com seus colegas. http://br.youtube.com/watch?v=YHeEsNT8vcg http://br.youtube.com/watch?v=qVLKaXR4sA4

Após essa querela, as questões pertinentes ao idio-ma entram num período de calmaria que se esten-de aos demais escritores. Vimos que as contribuições do tupi para o Portu-guês são muitas. Elas giram também em torno de palavras relacionadas à fauna (como, por exemplo, arara, sucuri, tamanduá, tatu, urubu, capivara) e à flora (como por exemplo, abacaxi, carnaúba, cipó, jabuticaba, mandioca). Conferimos que também podemos encontrar influências do tupi em expres-sões, tais como “andar na pindaíba” e “estar de

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tocaia”; em toponímia brasileira (Aracaju, Guana-bara, carioca, Tijuca) e em antroponímia (Iracema, Peri, Jurema, Ubirajara). Já em relação ao voca-bulário brasileiro de origem africana, vimos que duas línguas se sobressaem nesse sentido: o ioru-bá, relativo às cerimônias do candomblé (orixá) ou à cozinha afro-brasileira (vatapá, abará, acará) e o quimbundo, o qual nos deu um vocabulário mais geral, agregando à língua comum (caçula, cafuné, moleque). Pudemos conhecer também que foi por meio do Romantismo que a língua portuguesa se impôs, subsidiada por um discurso no qual a lín-gua teria encontrado a sua autenticidade e a sua originalidade.

2. Línguas indígenas, Língua tuPi Falaremos sobre a Língua Tupi e, em especial, so-bre os tupinismos - traços linguísticos do portu-guês do Brasil, oriundos de empréstimos tomados ao tupi. E ainda debateremos sobre as primeiras influências que a língua portuguesa recebeu no Brasil, que eram fontes do contato entre os índios de diferentes tribos.

O Marquês de Pombal instituiu o portu-guês como a língua oficial do Brasil,

proibindo o uso da língua geral.

SAIBA MAIS!

http://pt .wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_

iorub%C3%A1

http://pt.wikipedia.org/wiki/Quimbundo

faLando sobre os tuPinismos Chamamos de “brasileirismos” as palavras que derivam diretamente do tupi ou que foram in-fluenciadas , como ocorre com alguns sufixos que, segundo alguns autores, funcionam mais como ad-jetivos do que como sufixos, já que não alteram, em nada, a constituição morfológica e fonética da palavra a que se ligam. Como exemplos, temos o sufixo –açu (grande), -guacu (grande) e –mirim (pe-queno) nas palavras arapaçu (pássaro de bico gran-de), babaçu ( palmeira grande), mandiguaçu (peixe grande), abatimirim (arroz moído) ou mesa-mirim (mesa pequena). Existem, entretanto, sufixos ver-dadeiros, como –rana (parecido com) e –oara (va-lor gentílico), nas palavras BIBIRANA (planta da família das anonáceas), brancarana (mulata clara) ou paroara (natural do Pará e marajoara (natural da Ilha de Marajó, Pará).

Cabe-nos acrescer que, antes de os portugueses aqui aportarem, estima-se que eram faladas cerca de 1.500 línguas diferentes neste território que veio a ser o Brasil. Essas línguas passaram por um agru-pamento em famílias e foram classificadas como pertencentes aos troncos Tupi, Macro-Jê e Arua-que. Entretanto, algumas dessas famílias não pu-deram passar por esses agrupamentos; é o caso dos Karib, Pano, Maku, Yanomami, Mura, Tukano, Katukina, Txapakura, Nambikwara e Guaikuru.

O fato de duas sociedades indígenas falarem lín-guas pertencentes a mesma família não implica, necessariamente, que o nível de comunicação des-ses grupos seja melhor.

A maioria da população falava a língua em geral. Era a língua do contato entre índios de diferentes tribos, entre índios e portugueses e seus descen-dentes. A língua geral era assim uma língua franca. Essa foi a primeira influência que a língua portu-guesa recebeu no Brasil e que deixou fortes marcas no vocabulário popular falado atualmente no país. A língua geral possuía duas variantes:

• A Língua Geral Paulista: originária da língua dos índios Tupi de São Vicente e do alto rio Tietê, passa a ser falada pelos bandeirantes no século XVII. Dessa forma, ouve-se tal idioma em locais em que esses índios jamais estiveram, influenciando o modo de falar dos brasileiros.

• O Nheengatu (ie’engatú = “língua boa”) é uma língua tupi-guarani falada no Brasil e países li-

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mítrofes. O Nheengatu é uma língua de comér-cio que foi desenvolvida ou como que compila-da pelos jesuítas portugueses nos séculos XVII e XVIII, tendo como fundamentos o vocabulá-rio e a pronúncia tupinambá e como referência a gramática da língua portuguesa, tendo sido o vocabulário enriquecido com palavras do por-tuguês e do castelhano.

concLusão

Constatamos que, antes de os portugueses anco-rarem aqui no Brasil, cerca de 1.500 línguas dife-rentes eram faladas nessas terras, mas a maioria da população falava em língua geral, que, de acordo com o que discutimos, era a língua de relação en-tre os índios de diferentes tribos e entre índios e portugueses. Assim, decorremos que a língua geral foi a primeira influência que a língua portuguesa recebeu no Brasil e que ela possuía duas vertentes: a língua geral paulista (a qual passou a ser falada pelos bandeirantes no Século XVII) e o Nheenga-tu (uma língua de comércio que foi desenvolvida ou como que compilada pelos jesuítas portugueses nos séculos XVII e XVIII).

atividade | ATENÇÃO! Para conhecer um povo, é preciso conhecer a sua cultura e a sua língua; essa é a oportuni-dade que você tem agora de adentrar ao mun-do indígena documentado por Darcy Ribeiro. Agora, é sua hora de fazer um relato escrito da trajetória do filme e aproveite para investigar as contribuições do TUPI ao léxico Português. http://br.youtube.com/watch?v=5Xz9pfxErQE

3. diaLetos do Português brasiLeiro

Existe uma variedade considerável de dialetos na língua portuguesa. Muitos desses dialetos apresen-tam significativas diferenças lexicais que os distan-ciam do português patrão do Brasil e de Portugal, sem, entretanto, comprometer a inteligibilidade dos locutores desses dialetos diferentes.

Datam do século XX os estudos realizados por Leite de Vasconcelos sobre os dialetos do Português europeu, podendo esses sons dialetais ser encon-trados nos dialetos do Brasil.

O português santomense tem muito em comum com o português do Brasil, já os dialetos “meridio-nais” aproximam-se muito com o falar brasileiro pelo uso comum que fazem do gerúndio (e.g falan-do, escrevendo etc.).

Analisando a quantidade de dialetos existentes, suas origens e os dialetos já desaparecidos, ou quase de-saparecidos, chegamos ao consenso de que o portu-

SAIBA MAIS!

http://pt.wikipedia.org/wiki/Tupi

http://pt.wikipedia.org/wiki/Macro-J%C3%AA

http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_aruaques

http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_Geral_

Paulista

http://pt.wikipedia.org/wiki/Nheengatu

http://pt.wikipedia.org/wiki/Tupinamb%C3%A1

Você verá agora uma questão bas-tante significativa no contexto do Português Brasi-leiro: a varieda-de considerável de dialetos que enriquecem nos-so idioma. Esses sons diferentes,

como você poderá perceber, não nos afastam de outros países com o mesmo idioma. Longe disso, aguça nossa curiosidade, no sentido de sabermos como se constituem esses dialetos. Junte-se às entradas, às bandeiras e aos tro-peiros e viaje com eles pelo Brasil.

SAIBA MAIS!

Youtube - brasiL caiPira

Por exemplo, vejamos o caipira paulistano que

é tão bem retratado no FILME “Brasil Caipira”

de Darcy Ribeiro.

http://br.youtube.com/watch?v=PjhHip8NUbs

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guês possui apenas dois dialetos: o europeu e o bra-sileiro. O dialeto preferido por Portugal e que deu origem à norma-padrão é o de Lisboa, também cha-mado de Coimbra, por ser falado na Universidade de Coimbra, mas não é falado no resto dessa região. O dialeto culto é o mais falado no Brasil, difundido na mídia pelas populações do Rio de Janeiro e de São Paulo, ambos inteligíveis, e nenhum pode ser considerado melhor ou mais correto que o outro.

Não é muito precisa a divisão dialetal brasileira, mas temos dialetos estabelecidos, tais como: o dialeto caipira, reconhecido por linguistas do porte de Amadeu Amaral. Entretanto, a maioria dos diale-tos não possuem muitos estudos registrados, assim a classificação do filósofo Antenor Nascentes e de alguns outros, dignos de credibilidade, dão-nos o aporte necessário.

Os paulistas tomaram várias direções. Esse fato é fá-cil de constatar quando se observam os mapas que retratam os movimentos de entradas, bandeiras e tropeiros, que percorrem variadas direções para o Sul, para MG, SP e Goiás. Tudo isso era parte inte-grante da Capitania de São Paulo. Em direção ao Vale do Paraíba, o português paulista chegou até Macaé, no estado do Rio de Janeiro. Em 1806, isso mudou, quando D. João VI chegou com cerca de 16 mil portugueses, vindo da Corte, com tal prestígio que alterou a língua local. Os ca-riocas começaram a falar “chiando” como os por-tugueses falavam então. O português paulista no século XVI não foi levado ao Nordeste nem ao Norte do Brasil, e a primeira célula do português brasileiro surge em Minas Gerais, no período de exploração de pedras preciosas por bandeirantes paulistas, escravos, índios e europeus que criaram um jeito de pronunciar tão interessante que se es-palhou pelo país, por meio do comércio e de todas as outras formas usuais àquele período. 1. Caipira - parte do interior do estado de São

Paulo e de Goiás, parte do norte do Paraná, parte do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, sul de Minas Gerais e Triângulo Mineiro

2. Cearense - Ceará 3. Baiano - região da Bahia 4. Carioca - Rio de Janeiro (Capital) 5. Fluminense (ouvir) - Estado do Rio de Janeiro

(a cidade do Rio de Janeiro tem um falar pró-prio)

6. Gaúcho - Rio Grande do Sul (a cidade de Por-

to Alegre possui um jeito de falar próprio) 7. Mineiro - Minas Gerais (a cidade de Belo Ho-

rizonte possui um jeito de falar próprio) 8. Nordestino (ouvir) - estados do nordeste brasi-

leiro (alguns estados como Ceará, Pernambuco e Piauí possuem diferenças linguísticas entre a capital e o interior)

9. Nortista - estados da bacia do Amazonas, O estado de Tocantins tem um falar próprio, se-melhante ao nordestino.

10. Paranaense - Paraná - também é falado em al-gumas cidades de Santa Catarina e São Paulo que fazem divisa com o Paraná; e em partes do Rio Grande do Sul, pois tem grande influên-cia no Paraná

11. Paulistano - cidade de São Paulo 12. Sertanejo - estados de Goiás e Mato Grosso,

apesar de o dialeto ter evoluído por causa da imigração forte em Mato Grosso; apenas Goi-ás permaneceu com esse dialeto

13. Sulista - Estados do Paraná e Santa Catarina (a cidade de Curitiba tem um falar próprio; há ainda um pequeno dialeto no litoral catarinen-se, próximo ao açoriano); o oeste e a serra cata-rinense sofrem influência do gaúcho, o norte catarinense e o vale do Itajaí falam um dialeto com influências alemãs, e o sul catarinense (mais precisamente em Criciúma) possui um falar bem parecido com o Italiano, chegando a ser quase incompreendível em algumas regiões

14. “Manezinho da Ilha” - Cidade de Florianópo-lis (próximo ao açoriano)

15. “Brasiliense” - Cidade de Brasília - a cidade desenvolveu uma maneira própria de falar, gra-ças às várias ondas de migração.

Obs: Algumas regiões do interior do estado de São Paulo tem um modo próprio de falar, exemplifi-cando algumas cidades como Campinas e algumas da RMC, um modo diferente de se falar, diferen-temente do Caipira que é bem intenso no municí-pio de Piracicaba e do Paulistano, mais falado na região da cidade de São Paulo. concLusão Acabamos de cruzar o Brasil com os vários movi-mentos que fazem parte da nossa história, inclusive da Língua Portuguesa. Afinal, é uma boa caminhada que leva ao aprofundamento de um saber essencial para todos que desejam, como você, ser bem sucedi-do na cultura dialetal que faz parte da nossa cultura.

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atividade | Fique Atento! Faça uma pesquisa que contemple os falares das regiões citadas. Você ficará encantado com a riqueza desses falares.

4. diferenças entre o Português

do brasiL e o de PortugaL

Passamos pela assumida presença dialetal no nosso idioma. Agora que tal descobrir essas diferenças? Não são tão fortes que comprometam nosso en-tendimento. E em questão apenas de sonoridade, algumas vezes, têm aspectos conservadores, mas também têm aspectos inovadores. Sinta como é fá-cil lidar com as diferenças lusófonas. Assim, como já disse o célebre poeta Fernando Pessoa, “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”.

Vamos adiante!

O português brasileiro segue as características do português europeu do Centro Sul.

Observando as inovações fonéticas e conservado-ras brasileiras, temos: asPectos conservadores Na maior parte do Brasil, os –s e –z em final de palavra diante de consoantes surdas são realizados como [s] (como em “atrás” ou “uma vez”) ou como

[z] diante de consoante sonora (“desde”), em vez de [ʃ] e [ʒ] como em Portugal.

Vogais átonas permanecem abertas, perpetuando “mais uma vez a pronúncia de Portugal antes das grandes mutações fonéticas do século XVIII”. Entretanto, certas inovações fonéticas ocorridas no português europeu, no século XIX foram ignoradas no Brasil: manteve-se a pronúncia [ej] em ditongos como do “ei” em “primeiro”, versus a pronúncia [ɐj]; a pronúncia do “e” tônico como [e], versus [ɐ], em palavras como “espelho” ou “vejo” [5]. asPectos inovadores A desaparição entre timbre aberto e fechado nas vogais tônicas a, e e o seguidas de consoante nasal (ex: “vênia” vs. “vénia”, “Antônio” vs. “António”); o mesmo fenômeno verifica-se nas vogais das sí-labas pretônicas (ex: o primeiro “a” de cadeira, pronunciado /a/ no Brasil e /ɐ/ em Portugal). A vocalização do “l” velar, como em “animal”, pro-nunciado [ãnimaw]. morfoLogia e sintaXe Domina no Brasil, o uso do gerúndio, versus a construção estar + a + infinitivo dominante no português europeu, entretanto, nas classes popula-res do Sul de Portugal, das ilhas da Madeira e Aço-res, falam igual ao Brasil (ex: “estou escrevendo” vs. “estou a escrever”);

O uso do pronome possessivo precedido de artigo é bem típico de Portugal e, no Brasil, há flexibili-dade de uso (ex: “meu computador” vs. “o meu computador”). Apenas na fala, há uma diferença entre a colocação dos pronomes oblíquos átonos, já que na escrita obedece às mesmas regras. A próclise e a ênclise são sempre usadas, já a me-sóclise, quase nunca.

Dizendo: “Me diga uma coisa” (Brasil), vs. “Diga--me uma coisa” (Portugal), “Pode me dizer” (Brasil) vs. “Pode dizer-me” (Portugal). o sistema fonético vocÁLico Os fonemas usados no português do Brasil diferem, quase sempre, daqueles usados no português euro-peu, ou seja, a mesma palavra tem notação fonética

SAIBA MAIS!

http://pt.wiktionary.org/wiki/Santomense

http://pt.wikipedia.org/wiki/Meridional

http://www.brasilescola.com/historiab/entradas-bandeiras.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Tropeiro

http://verblogando.files.wordpress.com

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diferente aqui o que torna diferente dos outros países lusófonos. É bom que, quando nos aprofun-darmos no estudo do português brasileiro e do euro-peu, descubramos que existe, dentro dessas línguas, vários dialetos que compartilham as mesmas pecu-liaridades básicos no que concerne à fonologia. Temos 34 fonemas no português brasileiro, sendo treze vogais, dezenove consoantes e duas semivogais.

Vamos ver as vogais:

o sistema fonético consonantaL

fenômenos fonoLógicos do Português brasiLeiro Temos fenômenos fonológicos não ocorridos na variedade europeia. São fenômenos tupinólogos, provas evidenciais da influência tupi ou dos africa-nistas por influência dos escravos. Tal fato é contes-tado por alguns autores que preferem olhar essas mudanças fonéticas sob a ótica do desenvolvimen-to ou da realização de tendências latentes, embrio-nárias ou incipientes na “língua-tronco”, portanto tais fenômenos são factíveis nas línguas neolatinas.

• ensurdecimento e queda do r final: ocorre, também, em francês, provençal, andaluz, etc;

• ieísmo(e.g.*muierpormulherou*trabaioportrabalho): no francês, em espanhol, no galego, em Portugal, em dialetos crioulos portugueses;

• reduçãodendannosgerúndios(e.g.*anda-no em vez de andando): efetuou-se no catalão antigo, aragonês, italiano central e meridional;

• algunscasosdeepêntese(e.g.,*fulôporflorou*quelaroporclaro): aparecem na evolução do latim nas diversas línguas românicas;

• terminaçãoverbalátonadesnasalizada(e.g.*amaropor amaram): ocorre o mesmo em alguns falares do Norte de Portugal, como o do Baixo Minho;

• quedaouvocalizaçãodolfinal(e.g.*finawemvez

O português brasileiro utiliza 34 ...

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Consoantes e duas semivogais.

SAIBA MAIS!

http://www.lusanova.com.br/tabela/europa_

mediterraneo2008/portugal_e_espanha/

suldeportugal_madeira.pdf

http://www.girafamania.com.br/africano/territorio_

portugal.html

http://www.lusanova.com.br/tabela/europa_

mediterraneo2008/portugal_e_espanha/

suldeportugal_madeira.pdf

http://www.girafamania.com.br/africano/

territorio_portugal.html

http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ie%

C3%ADsmo&action=edit&redlink=1

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ger%C3%BAndio

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ep%C3%AAntese

http://pt.wikipedia.org/wiki/Norte_de_Portugal

h t t p : / / p t . w i k i p e d i a . o r g / w i k i / B a i x o _ M i n h o _

(prov%C3%ADncia)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Alto_Minho

http://pt.wikipedia.org/wiki/Norte_de_Portugal

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de final): possível de ouvir também em algumas zonas do Alto Minho, no Norte de Portugal.

Nota: o asterisco (*) marca as palavras ortografica-mente incorretas. concLusão Você viu que as diferenças, longe de nos separar, muito mais nos unem? Isso é muito bom e torna um idioma forte, poderoso, vibrante. Do mesmo modo, sua colaboração ao lidar com esses dados e assimilar essas verdades torna tudo isso factível.

atividade | Pesquise três textos com o portu-guês de Portugal e, em seguida, escreva-os em português brasileiro. Faça uma interação de correção entre você e seus colegas, por meio do FÓRUM TEMÁTICO.

5. o Português vernacuLar do brasiL

“Olha que coisa mais linda e mais cheia de graça” é esse assunto: O Português Vernacular do Brasil – o PVB. Você terá assunto para conversar com seus co-legas por muito tempo. Ele abriga uma enorme ri-queza quando permite a criatividade e comparações com outros idiomas e, também, com usuários da nossa língua. Os dados sócio-linguísticos mostram isso desde a nossa colonização. Assim, penetre nes-se mundo do PVB e amplie seu vocabulário mais ainda. Aplausos para sua nova conscientização!

Este fascículo pretende viabilizar a melhor intera-ção possível entre você e o vernáculo brasileiro, por todas as razões e motivos, inclusive por se tra-tar de um idioma que abriga uma imensa riqueza advinda de outros povos e que nos concede, por isso, adentrar em vários outros mundos. Esse estudo nos permite comparar, em termos culturais, sociais e geolinguísticos, os fatores que influenciam a formação do português brasileiro, objetivando entender até que ponto os processos, sejam quais forem, levaram à formação vernacular que chega até nossos dias, e é a língua de cerca de 230 milhões de pessoas neste planeta que perpas-sa, por seu valor e força, como sabemos, quatro continentes e que aqui se fixa e se amplia.

dados socioLinguísticos O Brasil é o maior país usuário da língua portu-guesa no mundo. Do quantitativo de 150 línguas ameríndias que sobreviveram, só uma pequena percentagem é unilíngue. A história sociolinguísti-ca do Brasil foi, desde os primeiros momentos da colonização, bastante diferente da colonização de outros países. Os portugueses que aqui chegaram rapidamente subjugaram e aculturaram os nativos que aqui se encontravam. Não houve oposição dos nativos a essa colonização, como ocorreu em ou-tras terras, como Angola, por exemplo.

Até o século XVIII, portugueses, nativos e demais descendentes tiveram a predominação linguística de base tupi; era a situação de monolinguismo maio-ritário. Alteraria essa situação a chegada de um nú-mero de escravos africanos a partir do século XVI e de portugueses, a partir do século XIX. Os africa-nos que aqui chegaram nem todos falavam línguas inteligíveis, utilizavam a língua geral, fato que dis-pensava a criação de uma variedade reestruturada.

A presença de africanos nas plantações, o desapa-recimento gradual da população nativa, o fato de muitos virem de regiões onde crioulos portugueses haviam se formado; a sobrevivência de variedades reestruturadas do português em comunidades ne-gras isoladas, a língua dos Pretos Velhos – todos es-ses fatos juntos levam-nos a crer que o português é resultante de um processo de “transmissão linguu-ística irregular” que dá origem a uma variedade sin-cronizada do português vernáculo brasileiro (PVB).

A difusão do PVB por todo o Brasil se deve à pene-tração africana no interior, quando da descoberta de ouro em Minas Gerais, no século XVIII, e com a abolição da escravatura em 1888. Os portugueses que aqui chegaram vinham em torno de 15.000 aproximadamente, constituindo, assim, a maioria populacional, já que a corte portuguesa aqui se fi-xou em 1808, o que contribuiu para que o portu-guês passasse por “ drásticas alterações.”

Essas alterações no PVB (português vernáculo bra-sileiro – só para lembrar !?) são encontradas até nossos dias, porque é, exatamente, na língua falada sem preocupações ou em como será escrita, que se realiza o português vernacular.

A língua falada é o momento em que a atenção é mínima, é o veículo linguístico de comunicação

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usado em situações naturais de interações sociais, da comunicação face a face. É a língua da roda de ami-gos, dos corredores, dos pátios das escolas e onde o material básico da análise sociolinguística surge, onde os fatos ocorrem, e a evolução sedimenta-se, fazendo sua história.

Há, na história da evolução linguística do Brasil, um fenômeno que nem filólogos nem professores reacionários podem obliterar. São fatos linguísti-cos gritantes e de grande significação, é claro – que se atêm apenas às áreas vocabular e fonética, mas, além dessas áreas, alcançam, por extensão, o cam-po da sintaxe – onde esse fato fala mais alto dessa tendência diferenciadora que fica ou torna-se cada dia mais consistente.

Com os holandeses, aconteceu um fato idêntico, quando se afastaram do idioma materno – o ale-mão – decidiram batizar a própria língua como holandesa e hoje não aceitam que se diga que eles falam alemão. Aqui, também, não está tão longe as-sim o tempo para adotar a denominação de língua brasileira, e, então, o processo de descolonização estará solicitado e teremos vencido o sentimenta-lismo e saudosismo que ainda nos prende. Como exemplo, podemos ver a poesia de Oswald de An-drade - Pronominais:

Ao nos depararmos com construções deste nível : “ eu vou lhe visitar” ou “eu lhe convido para jan-tar”, “há muito não lhe vejo” etc. , reconhecemos estar diante de um fenômeno linguístico corrente em todo o país, igual a muitos outros, e nenhu-

ma gramática normativa tradicionalista jamais irá corrigir, porque a língua falada é o vernáculo.

O que permite o surgimento desse fenômeno e seu domínio neste país é o curso natural de nossa sensibilidade, ritmo e modo de vida. Assim, esses fatos e muitos outros formarão nossa gramática, o registro factual da língua de um povo. Seria, pois, injusto exigir que este povo, constituído de 183.900 milhões de pessoas, em franca explosão demográfica, tenha que sujeitar-se às normas tra-dicionais de outro povo, por maiores que sejam os laços de subordinação. É deveras animador saber que a coragem de ser-mos brasileiros nos direciona para uma crescente comprovação e conscientização de que estamos nos libertando dos laços arcaizantes em nosso mundo linguístico. Esse fato é contemplável em todas as manifestações de nossa alma – na música popular, na literatura – tudo evidencia nossa con-dição de civilização nova, passível como todo jo-vem de atenções, mas com qualidades tão impor-tantes que refletem nosso caráter. Nossa música e nossa literatura são as maiores e mais expressivas de toda a América, e nada devemos a Europa no âmbito de influência dominante. É incontestável que, num mundo cada vez mais unido, somos mantenedores de várias relações e recebemos, também, contribuições bastante válidas - porém não somos dominados nem dependentes.

Temos a nossa vida com todas as suas peculiari-dades, mas com características inconfundíveis, traduzidas de formas tão fortes e originais que se traduzem na fala, nos sons musicais, na redação dos nossos escritores e no nosso falar cotidiano. Para melhor compreensão do que foi falado aqui, observe a música de Luiz Gonzaga.

asa branca Luíz Gonzaga

Composição: Luiz Gonzaga /

Humberto Teixeira

Quando olhei a terra ardendo

Qual fogueira de São JoãoEu preguntei a Deus do céu, uai

Por que tamanha judiaçãoHoje longe muitas léguas

Numa triste solidãoEspero a chuva cair de novo

Para eu voltar pro meu sertão

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Quando o verde dos teus olhos

Se espalhar na prantaçãoEu te asseguro não chore não, viu

Que eu voltarei, viuMeu coração

Que braseiro, que fornaiaNem um pé de prantação

Por farta d’água perdi meu gadoMorreu de sede meu alazão Que braseiro, que fornaiaNem um pé de prantação

Por farta d’água perdi meu gadoMorreu de sede meu alazão

Inté mesmo a asa brancaBateu asas do sertão

“Intonce” eu disse adeus RosinhaGuarda contigo meu coração

concLusão Você viu o PVB, que nos permite alargar nossos horizontes lexicais. Isso é maravilhoso, quando se deseja ser realmente entendido por todos – e você quer isso, claro. Você viu também como se difun-de o PVB por todo o Brasil. Aprimore seu falar e libere aquele acervo vocabular que você armazena no seu cérebro. Libere o seu vernáculo! “Não es-pere a chuva cair de novo, volte logo pro Sertão”.

atividade | Dicionarize as palavras típicas de sua região. Observe os diferentes vernáculos de acordo com o significado que cada palavra ad-quiriu ao ser pronunciada. Após a realização da pesquisa, vamos reunir to-das as palavras e formar um único documento; então você se orgulhará de sua contribuição. Parabéns!

6. as origens do Português PoPuLar brasiLeiro

Nesta aula de hoje, você vai contactar com um dos assuntos mais dinâmicos e relevantes da língua por-tuguesa – as origens do português popular brasilei-ro. Nesse assunto, você é também ator, todos nós somos. Essa é a hora e o momento de você se enri-quecer com o máximo de conhecimento que essa disciplina permite. Abra sua mente e aproveite a oportunidade de tornar-se senhor do seu idioma . As línguas (claro) passam por influências de ordem política, comercial e cultural já que servem a vastas comunidades e são usadas intensivamente na TV, na política, na imprensa, na ciência, na literatura.

O Brasil possui duas línguas: uma que se escreve (que recebe o nome de “português”), e a outra que se fala (é tão desprezada que nem tem nome). A língua que aprendemos com nossos pais, irmãos e avós é a mesma que falamos, mas não é a que escre-vemos. Existem profundas diferenças, tão significa-tivas a ponto de impedir a comunicação (uma crian-ça entenderia ”dar-lhe-ei”, “empresta-lho”, amá-lo?

Vamos prosseguir então: o verbo falado difere do verbo escrito: “vem cá”, mas para escrever usare-mos “venha cá”; substituímos “nós” por “a gente” e quando falamos “a gente vai” e “nós vamos”. Temos toda liberdade com o pronome oblíquo no início da frase: “me alegrei quando li esse caso”, mas escrevo: “alegrei-me quando li esse caso”). Existe um português aprendido na escola, do qual precisamos nos apropriar para acessar o mundo – inclusive o linguístico; para dominá-lo, serão ne-cessários alguns esforços, por isso a maior parte da população pode ter alguma dificuldade. Assim o português que é falado pelo povo (o vernáculo) é português popular brasileiro, é a nossa língua. Quando dizemos, esse é o português que se fala no Brasil, isso significa dizer: (volto a reiterar) que não se fala em Portugal nem na África, só aqui.

Português e vernáculo são parecidos, mas não são idênticos em absoluto, então, vernáculo é a forma “incorreta” de falar português.

A língua falada, a popular e a escrita têm seus do-mínios próprios na prática, não interferem uma na outra. O vernáculo se usa, em geral, na fala infor-

SAIBA MAIS!

http://pt.wikipedia.org/wiki/Preto-velho

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mal e em textos para o teatro, em que o realismo é importante. Assim, “o certo” (isto é, aceito pelas convenções sociais) é escrever o português e falar o vernáculo, e não pode haver troca; é “errado” escrever vernáculo e é, também, “errado” falar por-tuguês. Esse é um fato deveras arraigado em nossa cultura e temos, portanto, de conviver com ele.

O vernáculo é o popular – isso faz do vernáculo uma língua ágrafa – com toda probabilidade de ser a maior língua ágrafa do mundo. Mário de Andrade utilizava uma linguagem mais próxima do vernáculo do que o português escrito atual. É perceptível que o português, pelo menos no Brasil, é uma língua escrita.

Quando pesquisamos, a opinião dos escritores bra-sileiros sobre o assunto, vemos definição como a de Mário Perini que afirma ser:

o ‘português’ e o ‘vernáculo’ (a língua falada pelos brasilei-ros) muito parecidas. Mas não são em absoluto idênticas. Ninguém nunca tentou fazer uma avaliação abrangente de suas diferenças, mas eu suspeito que são tão diferen-tes quanto o português e o espanhol ou quanto o dina-marquês e o norueguês. Isto é, poderiam ser consideradas línguas distintas, se ambas fossem línguas de civilização e oficialmente reconhecidas.

Assim, ao falar, você está praticando e usando a ri-queza vernacular do nosso português, esse idioma lindo, forte, que ultrapassa limites, mares e fron-teiras, que lhe dá um universo de palavras para ex-pressar a maioria de suas emoções e que lhe deixa à vontade para praticá-lo na total amplitude do al-cance dos seus conhecimentos.

Amplie seus horizontes linguísticos através do uso “pleno” do português e do vernáculo – é possível e está ao seu alcance apropriar-se do maior e melhor conhecimento que um idioma pode presentear aos seus usuários dada a sua vastidão. concLusão Este é um assunto para o resto de nossas vidas. In-vestigue, aprofunde-se e domine seu idioma daqui por diante. Essa é uma questão política, cultural e social, mas é você quem decide.

VÁ EM FRENTE!

atividade | Você acabou de estudar no uni-verso das origens do PPB – português popular

brasileiro - Assista agora Ariano Suassuna: O MOVIMENTO ARMORIAL e faça um comen-tário, por escrito, sobre a obra e o seu conteúdo.

7. faLando da origem criouLa

do Português brasiLeiro

Nós resgatamos a história linguística desse país nesta aula, para você participar dessa

história e também ser consciente disso.

É incontestável a influência positiva

da origem crioula do português brasileiro, pois sem ela não teria essa garra, essa força. Veja quantas pessoas estudam para confirmar, de forma categórica, essa evidência. Não levantamos aqui nenhu-ma questão sobre esse assunto nem temos variáveis que interfiram nesse fato, porém,

vale a pena aprofundar-se no assunto.

A origem crioula do português brasileiro compre-ende duas etapas obrigatoriamente: o resgate de sua história, tanto interna (linguística) quanto ex-terna (social). A história externa frequentemente evidencia, de forma positiva, a hipótese crioula, enquanto a história linguística não encaminha para evidência direta.

A agenda de alguns linguistas atesta a origem crioula do português brasileiro (agora PB) há bastante tem-po, desde 1880, com estudos de Adolpho Coelho e um estudo mais recente; um trabalho original de

SAIBA MAIS!

Youtube - brasiL criouLo

Observe as circunstâncias nas quais ocorreram a criou-

lização na língua portuguesa. Após assistirmos ao filme

“ Brasil Crioulo” na obra de Darcy Ribeiro, poderemos

pensar em uma grande explosão de ideias e as discuti-

remos através de uma vídeoconferência.

http://www.youtube.com/view_play_list?p=434EF28B251F2252

&search_query=brasil+crioulo

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http://www.moderna.com.br/acordo/guia_acordo.pdf

Guy de 1981 em que agrupa o PB com os crioulos afro-portugueses, ambos definidos como dialetos do português europeu (agora PE). Em 1982, p.117, de maneira especial, Coelho enfatiza: diversas particu-laridades, características de dialetos crioulos repe-tem-se no Brasil; tal a tendência para a supressão das formas do plural, manifestada aqui, que, quan-do se seguem artigo e substantivo, adjetivo e subs-tantivo etc.... que deviam concordar, só um toma o sinal do plural. Ex.: “Os menino” “ Belas moça”.

Damos o nome de crioulos a saberes ou pidgins que por motivos diversos, de ordem histórica ou sociocultural, tornaram-se línguas maternas de toda uma comunidade, estamos apenas relem-brando o porquê desse estudo.

Guy (1981, p.309) testa duas hipóteses e trabalha com duas evidências: história social do Brasil e a feição linguística do PB quando comparada com as situações de línguas pidgins em outras áreas onde circunstâncias sociais semelhantes se verificam. Guy, baseando-se na história social do Brasil, ar-gumenta que “o Brasil deveria ser um candidato preeminente para crioulização”, alegando, assim, o absurdo da hipótese não crioula: “Como seria possível ter evitado a crioulização?”

Quando Guy examina os elementos formadores do crioulo, do latiniano, do jamaicano e do guia-no, conclui que “...a história social do Brasil é exa-tamente a que deveria ter sido para que ocorresse a formação de um crioulo”. E também afirma que o PB emergiu de um pidgin anterior.

Guy deriva sua análise de duas variáveis fonológi-cas: apagamento do –S final e desnasalização de vogais finais; e duas variáveis morfossintáticas: con-cordância do Sintagma Nominal e a concordância Sujeito–Verbo. Essas são as quatro variáveis, que dão a Guy o suporte para responder aos questio-namentos relativos ao PB e sua formação crioula.

E esses fatos levam a concluir que há “ ‘na história de qualquer língua românica’ e ‘do ponto de vista da origem crioula’ (...) essas hierarquias de saliên-cia seriam inteiramente esperadas” (Guy.295-6).

Conforme Tarallo (1983), um profundo estudioso do crioulo, em seus resultados sobre a sintaxe fa-lada do português de São Paulo, levanta questões pertinentes as origens do PB, leva-o para a hipótese

crioula do PB não mais crucial, podendo, assim, muito bem, ser colocada entre os processos de con-tato linguístico que ocorreram no Brasil colonial. Crioulo ou não, o PB merece análises sintáticas do maior interesse; a história do PB não é tão clara e transparente. Então o ônus da prova cabe ao defen-sor da origem crioula do PB e não, ao defensor de uma evolução linguística natural para o PB popular.

Qualquer pessoa que deseje se aprofundar nesse assunto certamente encontrará páginas e páginas que irão satisfazer seus desejos de conhecer um dos assuntos mais marcantes da história da formação do português brasileiro.

concLusão Você percebeu, nessa aula, a comprovação, de na-tureza linguística, que nossa língua tem uma gran-de influência crioula. O Português Brasileiro (PB) fez por merecer ser objeto de estudos de linguistas preeminentes. Você agora vai pertencer a esse gru-po e adquirir subsídios para adentrar no mundo dos conhecedores da formação de seu idioma.

8. ortografia

Olha o assunto dessa aula: ortografia, acordos ortográficos antigos e atuais. Além de tudo, é um assunto pontualíssimo, afinal

precisamos saber o porquê dessas mudanças para nos apropriarmos mais de nossa língua.

De posse desse saber, teremos muito mais segurança para falar sobre os mais variados assuntos com pessoas que desejem abordar

esse assunto. Segurança linguística será sem-pre muito bem recebida.

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seja bem-vindo ao mundo ortogrÁfico

Luso-brasiLeiro!

Em 1986, o Acordo Ortográfico, moderado, repre-sentou um passo considerável e significativo a cami-nho da reunificação entre o Brasil e Portugal. Mas fatos históricos levaram esse acordo a ser desconsi-derado e, então, a possibilidade de uma nova ten-tativa estava aberta. Mas vejamos em traços rápidos o que levou a citada reforma a não ser concluída.

a. O acordo ortográfico de 1986 desejava alterar o indispensável para conseguir a quase unificação da ortografia nos países de língua portuguesa.

b. Em questões ortográficas, o Brasil sempre cede às carências linguísticas de Portugal.

c. Reforma ortográfica não é reformar uma lín-gua. Todas as palavras continuarão a ser pro-nunciadas, (mal ou bem) como eram antes, e a sintaxe continuará, sem mudança, sujeita às mesmas regras de antes.

d. Mudar a ortografia não implica mudar, rapida-mente, todos os livros de estudo nem mesmo os dicionários. Qualquer mudança será gradu-al e ocorrerá ao longo dos anos.

e. A evolução ortográfica se dará sempre, de cima para baixo, elaborada por especialistas e, quase sempre, por decreto ou portaria.

f. Houve e continuará a haver reformas ortográ-ficas em numerosos países, incluindo Portu-gal, algumas delas muito mais radicais do que as tímidas propostas atuais.

As questões ortográficas do Brasil se arrastam há séculos, e não há a menor expectativa de acabar nos próximos anos.

A língua portuguesa, ao ser escrita, procurava representar foneticamente os sons da fala. Essa representação nunca foi satisfatória. Não havia norma, e, em certos casos, a ortografia mostrou-se antiquada em relação à evolução da pronúncia das palavras. Documentos antigos nos deixam evidên-cias de que a procura era no sentido de uma grafia fonética. Mas a influência do latim mudou esse ce-nário linguístico, porque começa o aparecimento dos grupos ph, ch, th, Rh que antes não era usa-do. Esse período é chamado de pseudoetiológico. J.J. Nunes diz que o fato de se recuarem bastantes séculos e por fazer ressurgir o que era remoto, a história do próprio idioma ficava de lado. Várias reações de natureza simplificativa ocorreram.

Começamos por Duarte Nunes Leão, um dos pri-meiros gramáticos a reprovar a pseudo-etimologia nascente, em 1576 com a obra ”Ortografia da Lín-gua Portuguesa”. Já Álvaro Ferreira Vieira, em seu livro “Ortografia ou a arte para escrever certo na Língua Portuguesa”, em 1633, se opôs à ortografia complicada. O século XVII assiste a D. Francisco de Melo escrever sua obra “Segundas três musas do melodino” e utilizar uma ortografia simplificada, quase sem consoantes.

Luís Centório Verney, no século XVIII, também utiliza uma proposta simplificada em sua grande obra” O verdadeiro método de estudar”.

No início do século XIX, Garret defendia a sim-plificação das grafias e surgem os “simplificadores desabilitados”.

Em 01 de setembro de 1911, por meio de portaria, foi oficializada a nova ortografia que acabava com o despotismo da etimologia, e foram introduzidos acentos. Depois, via portaria, ocorreram vários ajus-tes de 1920, 1929, 1931. E veio a grande reforma Bra-sil-Portugal de 1945, alterada por decreto em 1971.

Esse acordo de 1971 é mais uma cedência do Bra-sil; foi oficializado, mas apresentava, ainda, algu-mas diferenças nas grafias. A reforma de 1973 não foi confirmada pelo fato de as “circunstâncias adversas de várias ordens” não permitirem. A reforma de 1986, quando então, o presidente Sar-ney pretendeu fechar a questão ortográfica, reunin-do os sete países de língua portuguesa, não obteve sucesso devido aos adversários da união ortográfica vinda de Portugal e ao acordo ter sido suspenso.

concLusão Como você observou, não foi difícil aprender e apreender em quais contextos as reformas orto-

SAIBA MAIS!

E agora? Agora é o momento de rever o Guia

do Novo Acordo Ortográfico através do site

http://www.moderna.com.br/acordo/guia_acordo.pdf

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gráficas ocorreram no Brasil e em Portugal, com extensão para os demais países da Língua Portu-guesa. E não garantimos que essa foi a última re-forma, quando se trata de um idioma em absoluta expansão. Quem sabe você possa contribuir e opi-nar quando da proxima reforma! Nós apostamos nisso! Acredite!

atividade | Vamos ter a oportunidade de fa-zer uma análise crítica sobre as reformas atuais da língua portuguesa: pontos positivos e negati-vos na sua percepção. Em seguida, interaja, por meio da WEBQUEST, com seus colegas.

gLossÁrio Desnasalização - desanalação é um metaplasmo por per-muta que consiste na troca de um fonema nasal para oral. ex.: luna > lua, avena > avea > aveia

espectrais - espectro – figura imaginária; fantasma.

Filólogos - estudiosos ou conhecedores da filologia; fi-lologista.

obliterar - fazer desaparecer ou desaparecer pouco a pouco; apagar(-se)

referências

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Autor desconhecido. Diferenças entre o Por-tuguês do Brasil e de Portugal. Disponível em: http://www.malhanga.com/curiosidades/diferencas.html 19/11/2008.

Autor desconhecido. A formação do léxico. Dis-ponível em: http://acd.ufrj.br/~pead/tema05/formacaolexico.html 23/11/2008. Autor desconhecudo. Português brasileiro. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/

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INVERNO, Liliana. Português vernáculo do Brasil e Português vernáculo de Angola. Dis-ponível em: http://www.udc.es/dep/lx/acblpe/comunicaciones/Inverno.htm 20/11/2008.

LEITE, Manuela Ferreira. História da orto-grafia portuguesa. Disponível em: http://estadodoestado.blogspot.com/2008/05/histriaou-da-ortografia-do-portugusouhtml 25/11/2008

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TEYSSIER, Paul. História da Língua Portuguesa; Tradução: Celso Cunha. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.