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QUARTA-FEIRA, 29 de julho de 2020 FELIPE SAMUEL . O impacto provocado pelo novo coronavírus na economia do Rio Gran- de do Sul atingiu em cheio três setores: comércio, ser- viços e indústria. Dados do Ca- dastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulga- dos ontem pelo Ministério da Eco- nomia apontam a extinção de postos de trabalho pelo quarto mês consecutivo no Estado. Em junho, embora a queda tenha si- do menos expressiva do que em meses anteriores, houve mais desligamentos (-58.191) do que admissões (53.340). No primeiro semestre, o RS perdeu 94.490 postos de trabalho com carteira assinada, o que representa a dife- rença entre 448.292 contratações e 542.782 demissões. As demissões foram puxadas pelo comércio (35.038), serviços (33.841) e indústria (21.283), que somados correspondem a 90.162 postos de trabalho fechados. Ape- sar do aumento do desemprego no Estado, o número de empre- sas extintas no primeiro semes- tre foi inferior ao mesmo período do ano passado. De acordo com dados da Junta Comercial, Indus- trial e Serviços do Rio Grande do Sul (JucisRS), no primeiro semes- tre houve fechamento de 32.709 empresas, enquanto no mesmo período do ano passado foram ex- tintas 37.162. Para o presidente da JucisRS, Flávio Koch, os da- dos surpreendem, uma vez que o Estado enfrenta o pior momento da crise econômica por conta do novo coronavírus. “É uma notícia boa nesse momento que a gente só vê notícia ruim e muitas difi- culdades. Nos surpreendeu”, afir- ma o dirigente da Junta. Em reuniões semanais com es- pecialistas da área econômica, Koch garante que existem duas correntes. “É uma incógnita, não sabemos. Existe uma corrente da economia do Governo Federal que acha que vai permanecer igual. E tem outra que acha que vai ser problemático e que vai au- mentar extinção de empresas”, observa. Na avaliação de Koch, o começo do ano apresentava boa perspectiva para o Estado, em termos econômicos, mas a pande- mia atingiu em cheio a econo- mia. Atualmente, 30% das empre- sas seguem ativas no RS, o que representa aumento de 5% em dois meses, quando o índice era de 25%. “Estamos trabalhando forte com isso na Junta para não deixar a peteca cair”, explica. Apesar da melhora, o número de empresas constituídas no semes- tre (84.652) é inferior ao mesmo período do ano passado, quando foram abertas 92.747. O dirigente ressalta que o in- verno seria um momento positi- vo, de desenvolvimento e criação de postos de trabalho, mas a dis- seminação da Covid-19 deixa um rastro de prejuízos. “Estamos tra- balhando e torcendo para que empresários possam achar fór- mulas para sair da crise e a cole- tividade se cuidar, se preservar mais, acreditar nas recomenda- ções das autoridades de saúde. Muitas vezes, em qualquer aber- tura dada, o pessoal 'avança o si- nal’, não usa máscara, se junta, faz festinhas. Isso tudo aumenta possibilidade de transformar o problema numa situação mais sé- ria”, adverte. Koch acredita que a economia deve apresentar si- nais de melhora no final do ano. “Antes de outubro não vamos ter números muito positivos para nosso lado. Essa pandemia ainda vai ter um pequeno crescimento no RS em agosto”, aponta. Na avaliação do coordenador do curso de Economia da Ufrgs, Maurício Weiss, os dados do mer- cado de trabalho no primeiro se- mestre de 2020 acompanharam a piora observada no país. “En- quanto no Brasil, ao longo do se- mestre houve uma 'perda líquida' de 1.198.363 de postos de traba- lho, no RS a perda observada foi de 94.490”, assinala. Para Weiss, a dinâmica econômica foi atingi- da pela Covid-19. “Ao fazer uma análise atenta para o RS, obser- va-se que os dois primeiros me- ses apresentaram números positi- vos em termos líquidos de contra- tação. Em janeiro houve contrata- ção de 13.126; em fevereiro 23.305”, destaca. A disseminação do novo coro- navírus, no entanto, derrubou a economia. “Todos os demais me- ses subsequentes apresentaram uma queda, sendo que a mais NÚMEROS P Com esperança de dias melho- res após a eleição de 2018 e a expectativa de um cenário econô- mico promissor, o empresário Fabiano Rheinheimer abando- nou a ideia de morar na Califór- nia, nos EUA, após 26 anos de atuação no ramo de vestuário na Capital. Em 2019, ele decidiu apostar em um novo negócio, uma cafeteria ao estilo america- no, com espaço multifuncional que reúne barbearia, bar, moda e espaço destinado a animais. Mas quando o “Cafeína e Gasoli- na” começava a 'decolar', surgiu a pandemia da Covid-19. O impacto da doença no co- mércio, que há quatro meses con- vive com decretos municipais que ora ampliam restrições de circula- ção, ora flexibilizam as ativida- des econômicas, também virou pesadelo para Rheinheimer. Por conta da queda no faturamento, que chegou a 90%, o espaço mul- tifuncional deixou de receber a clientela fiel e passou a acumular dívidas. Para sair do sufoco, o empresário tomou atitude drásti- ca: vendeu o apartamento. “Não consegui honrar meus compro- missos. Tinha um apartamento que não estava quitado ainda e vendi. Com isso consegui liquidar com todas as dívidas. Não vai so- brar um centavo sequer”, afirma. Aos 45 anos, Rheinheimer ex- plica que negociou as dívidas com os credores, que aceitaram as condições oferecidas e que so- mavam exatamente o valor do apartamento. Mesmo com todas as dificuldades, a comemoração de um ano de instalação do negó- cio, celebrado em 5 de julho, foi marcada por uma mudança na decoração da loja, que agora apresenta um adesivo de segu- rança na entrada com pontos tu- rísticos da Capital, como a Usina do Gasômetro e o Parcão. Após negociar as condições de paga- mento do aluguel do espaço, no bairro Floresta, ele achou que te- ria fôlego para tocar o negócio. Só não esperava uma sequência tão longa de decretos e restrição do comércio, que já duram mais de cem dias. “Chegou um ponto que não tem de onde tirar, não tem nem para vender. Aluguei um aparta- mento próximo da minha loja pa- ra morar”, desabafa. Os oito cola- boradores que trabalhavam no lo- cal diariamente foram reduzidos a menos da metade: três. “O ne- gócio estava crescendo em média 20% ao mês. Começou entrar de- cretos e a expectativa sempre era pelos próximos 15 dias. Es- tou três meses ouvindo a mesma desculpa e o meu faturamento despencou 90%”, lamenta. Pandemia já levou 94 Pandemia do novo coronavírus atingiu em cheio os setores de serviços, comér GER Porto Alegre é, depois de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, 29,2% foi o aumento nos pedidos de seguro-desemprego no Estado de janeiro a junho, na comparação com 2020. São Paulo (SP) Sant -126.052 -112.136 -39.398 -25.835 -23.387 -22.264 -22.262 -21.242 -19.810 -18.322 Rio de Janeiro (RJ) Belo Horizonte (MG) Brasília (DF) Porto Alegre (RS) Fortaleza (CE) Curitiba (PR) Salvador (BA) Recife (PE) Guarulhos (SP) Mais perderam vagas em 2020: Fabiano Rheinheimer Empresário [Com a venda do imóvel] consegui liquidar com todas as dívidas. Não vai sobrar um centavo sequer. Editores: Jonathas Costa, Paulo Mendes, Carlos Corrêa e Simone Lopes Editora assistente: Anália Köhler Crise leva empresário a vender o apartamento CENÁRIO COMPLICADO Rheinheimer havia inaugurado o novo negócio em julho do ano passado RICARDO GIUSTI Para a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Rio Grande do Sul (Abrasel-RS), o cenário tem ficado mais “caótico a cada dia”. A presidente da Abrasel-RS, Maria Fernanda Tartoni, afirma que é uma situa- ção muito difícil. “O clima é de tensão, de desapontamento e de desânimo. Fizemos uma pesqui- sa com os associados que confir- mou o que prevíamos para o fu- turo do setor, uma segunda on- da de fechamentos em definitivo e mais demissões”, destaca. Conforme a entidade, a esti- mativa é que nos próximos 60 dias mais de 30% dos associa- dos fechem as portas e que mais de 19 mil pessoas percam empre- gos. “Isso é um reflexo econômi- co e social da instabilidade na to- mada de decisões do Executivo Municipal e Estadual e das incer- tezas quanto à retomada”, com- pleta. A Abrasel-RS reforça que os estabelecimentos têm condi- ções de operar de forma segura, mas que não podem esperar pa- ra retomar as atividades. Cenário ‘caótico’ para os bares DESAPONTAMENTO

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Page 1: ,29dejulho de 2020 JonathasCosta,PauloMendes ...€¦ · da pela Covid-19. “Ao fazer uma análise atentapara oRS, obser-va-se que os dois primeiros me-ses apresentaram números

QUARTA-FEIRA,29 de julho de 2020 CORREIO DO POVO

FELIPE SAMUEL.

Oimpacto provocado pelonovo coronavírus naeconomia do Rio Gran-de do Sul atingiu em

cheio três setores: comércio, ser-viços e indústria. Dados do Ca-dastro Geral de Empregados eDesempregados (Caged) divulga-dos ontem pelo Ministério da Eco-nomia apontam a extinção depostos de trabalho pelo quartomês consecutivo no Estado. Emjunho, embora a queda tenha si-do menos expressiva do que emmeses anteriores, houve maisdesligamentos (-58.191) do queadmissões (53.340). No primeirosemestre, o RS perdeu 94.490postos de trabalho com carteiraassinada, o que representa a dife-rença entre 448.292 contrataçõese 542.782 demissões.

As demissões foram puxadaspelo comércio (35.038), serviços(33.841) e indústria (21.283), quesomados correspondem a 90.162postos de trabalho fechados. Ape-sar do aumento do desempregono Estado, o número de empre-sas extintas no primeiro semes-tre foi inferior ao mesmo períododo ano passado. De acordo comdados da Junta Comercial, Indus-trial e Serviços do Rio Grande doSul (JucisRS), no primeiro semes-tre houve fechamento de 32.709empresas, enquanto no mesmoperíodo do ano passado foram ex-tintas 37.162. Para o presidenteda JucisRS, Flávio Koch, os da-dos surpreendem, uma vez que oEstado enfrenta o pior momentoda crise econômica por conta donovo coronavírus. “É uma notíciaboa nesse momento que a gentesó vê notícia ruim e muitas difi-culdades. Nos surpreendeu”, afir-ma o dirigente da Junta.

Em reuniões semanais com es-pecialistas da área econômica,Koch garante que existem duascorrentes. “É uma incógnita, nãosabemos. Existe uma correnteda economia do Governo Federalque acha que vai permanecerigual. E tem outra que acha quevai ser problemático e que vai au-mentar extinção de empresas”,observa. Na avaliação de Koch, ocomeço do ano apresentava boaperspectiva para o Estado, emtermos econômicos, mas a pande-mia atingiu em cheio a econo-mia. Atualmente, 30% das empre-sas seguem ativas no RS, o querepresenta aumento de 5% emdois meses, quando o índice erade 25%. “Estamos trabalhandoforte com isso na Junta para nãodeixar a peteca cair”, explica.Apesar da melhora, o número deempresas constituídas no semes-tre (84.652) é inferior ao mesmoperíodo do ano passado, quandoforam abertas 92.747.

O dirigente ressalta que o in-verno seria um momento positi-vo, de desenvolvimento e criaçãode postos de trabalho, mas a dis-seminação da Covid-19 deixa um

rastro de prejuízos. “Estamos tra-balhando e torcendo para queempresários possam achar fór-mulas para sair da crise e a cole-tividade se cuidar, se preservarmais, acreditar nas recomenda-ções das autoridades de saúde.Muitas vezes, em qualquer aber-tura dada, o pessoal 'avança o si-nal’, não usa máscara, se junta,faz festinhas. Isso tudo aumentapossibilidade de transformar oproblema numa situação mais sé-ria”, adverte. Koch acredita quea economia deve apresentar si-nais de melhora no final do ano.“Antes de outubro não vamos ternúmeros muito positivos paranosso lado. Essa pandemia aindavai ter um pequeno crescimentono RS em agosto”, aponta.

Na avaliação do coordenadordo curso de Economia da Ufrgs,Maurício Weiss, os dados do mer-cado de trabalho no primeiro se-mestre de 2020 acompanharam apiora observada no país. “En-quanto no Brasil, ao longo do se-

mestre houve uma 'perda líquida'de 1.198.363 de postos de traba-lho, no RS a perda observada foide 94.490”, assinala. Para Weiss,a dinâmica econômica foi atingi-da pela Covid-19. “Ao fazer umaanálise atenta para o RS, obser-va-se que os dois primeiros me-ses apresentaram números positi-vos em termos líquidos de contra-tação. Em janeiro houve contrata-ção de 13.126; em fevereiro23.305”, destaca.

A disseminação do novo coro-navírus, no entanto, derrubou aeconomia. “Todos os demais me-ses subsequentes apresentaramuma queda, sendo que a mais

NÚMEROS POR CIDADES

Com esperança de dias melho-res após a eleição de 2018 e aexpectativa de um cenário econô-mico promissor, o empresárioFabiano Rheinheimer abando-nou a ideia de morar na Califór-nia, nos EUA, após 26 anos deatuação no ramo de vestuáriona Capital. Em 2019, ele decidiuapostar em um novo negócio,uma cafeteria ao estilo america-no, com espaço multifuncionalque reúne barbearia, bar, modae espaço destinado a animais.Mas quando o “Cafeína e Gasoli-na” começava a 'decolar', surgiua pandemia da Covid-19.

O impacto da doença no co-mércio, que há quatro meses con-vive com decretos municipais queora ampliam restrições de circula-ção, ora flexibilizam as ativida-des econômicas, também viroupesadelo para Rheinheimer. Porconta da queda no faturamento,que chegou a 90%, o espaço mul-tifuncional deixou de receber aclientela fiel e passou a acumulardívidas. Para sair do sufoco, oempresário tomou atitude drásti-ca: vendeu o apartamento. “Nãoconsegui honrar meus compro-missos. Tinha um apartamentoque não estava quitado ainda evendi. Com isso consegui liquidarcom todas as dívidas. Não vai so-brar um centavo sequer”, afirma.

Aos 45 anos, Rheinheimer ex-plica que negociou as dívidascom os credores, que aceitaramas condições oferecidas e que so-mavam exatamente o valor doapartamento. Mesmo com todas

as dificuldades, a comemoraçãode um ano de instalação do negó-cio, celebrado em 5 de julho, foimarcada por uma mudança nadecoração da loja, que agoraapresenta um adesivo de segu-rança na entrada com pontos tu-rísticos da Capital, como a Usinado Gasômetro e o Parcão. Apósnegociar as condições de paga-mento do aluguel do espaço, nobairro Floresta, ele achou que te-ria fôlego para tocar o negócio.Só não esperava uma sequênciatão longa de decretos e restriçãodo comércio, que já duram maisde cem dias.

“Chegou um ponto que nãotem de onde tirar, não tem nempara vender. Aluguei um aparta-mento próximo da minha loja pa-ra morar”, desabafa. Os oito cola-boradores que trabalhavam no lo-cal diariamente foram reduzidosa menos da metade: três. “O ne-gócio estava crescendo em média20% ao mês. Começou entrar de-cretos e a expectativa sempreera pelos próximos 15 dias. Es-tou três meses ouvindo a mesmadesculpa e o meu faturamentodespencou 90%”, lamenta.

Pandemia já levou94milempregosnoRSPandemiadonovocoronavírusatingiuemcheioossetoresdeserviços,comércioeindústria.Dadosindicamquartomêscomextinçãodepostosdetrabalho

GERAL

Porto Alegre é, depois de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, a capital que mais registrou cortes de empregos após o início da pandemia

29,2%foioaumentonospedidosdeseguro-desempregonoEstadodejaneiroajunho,

nacomparaçãocom2020.

São Paulo(SP)

Venâncio Aires(RS)

Parauapebas(PA)

Santa Cruz do Sul(RS)

Pontal(SP)

Rio Verde(GO)

Matelândia(PR)

Chapecó(SC)

São F. de Itabapoana(RJ)

Goianésia(GO)

Santa R. do Passa Quatro(SP)

-126.052

-112.136

-39.398

-25.835

-23.387

-22.264

-22.262

-21.242

-19.810

-18.322

Rio de Janeiro(RJ)

Belo Horizonte(MG)

Brasília(DF)

Porto Alegre(RS)

Fortaleza(CE)

Curitiba(PR)

Salvador(BA)

Recife(PE)

Guarulhos(SP)

Mais perderam vagas em 2020:

FabianoRheinheimer

Empresário

[Comavendadoimóvel]

consegui liquidarcomtodas

asdívidas.Nãovaisobrar

umcentavosequer.

Editores:JonathasCosta,PauloMendes,CarlosCorrêaeSimoneLopesEditoraassistente:AnáliaKöhler [email protected]

Crise leva empresárioavendero apartamento

CENÁRIO COMPLICADO

Rheinheimer havia inaugurado o novo negócio em julho do ano passado

RICARDO GIUSTI

Como‘novonormal’distante,negóciosmigramparaodigital

Para a Associação Brasileirade Bares e Restaurantes no RioGrande do Sul (Abrasel-RS), ocenário tem ficado mais “caóticoa cada dia”. A presidente daAbrasel-RS, Maria FernandaTartoni, afirma que é uma situa-ção muito difícil. “O clima é detensão, de desapontamento e dedesânimo. Fizemos uma pesqui-sa com os associados que confir-mou o que prevíamos para o fu-turo do setor, uma segunda on-da de fechamentos em definitivoe mais demissões”, destaca.

Conforme a entidade, a esti-mativa é que nos próximos 60dias mais de 30% dos associa-dos fechem as portas e que maisde 19 mil pessoas percam empre-gos. “Isso é um reflexo econômi-co e social da instabilidade na to-mada de decisões do ExecutivoMunicipal e Estadual e das incer-tezas quanto à retomada”, com-pleta. A Abrasel-RS reforça queos estabelecimentos têm condi-ções de operar de forma segura,mas que não podem esperar pa-ra retomar as atividades.

Cenário ‘caótico’ para os bares

DESAPONTAMENTO

Page 2: ,29dejulho de 2020 JonathasCosta,PauloMendes ...€¦ · da pela Covid-19. “Ao fazer uma análise atentapara oRS, obser-va-se que os dois primeiros me-ses apresentaram números

QUARTA-FEIRA,29 de julho de 2020 CORREIO DO POVO

PREGÕES ELETRÔNICOS

OBJETO: Registro de preços vestuário/uniformes (exceto vestuário de segurança);

equipamentos/materiais/limpeza/higiene (uso geral); materiais p/decoração de interiores;

equipamentos/materiais médico-hospitalares/enfermagem; produtos químicos de limpeza/higiene (diversos).

ABERTURA: 05/08/2020, às 9h EDITAL: 0492/2020 PROCESSO: 20/1300-0004391-2

OBJETO: Registro de preços vestuário/uniformes (exceto vestuário de segurança);

equipamentos/materiais/limpeza/higiene (uso geral); materiais p/decoração de interiores;

equipamentos/materiais médico-hospitalares/enfermagem; produtos químicos de limpeza/higiene (diversos).

ABERTURA: 05/08/2020, às 14h EDITAL: 0493/2020 PROCESSO: 20/1300-0004387-4

OBJETO: Registro de preços vestuário/uniformes (exceto vestuário de segurança);

equipamentos/materiais/limpeza/higiene (uso geral); materiais p/decoração de interiores;

equipamentos/materiais médico-hospitalares/enfermagem; produtos químicos (diversos).

ABERTURA: 06/08/2020, às 9h EDITAL: 0494/2020 PROCESSO: 20/1300-0004390-4

OBJETO: Registro de preços vestuário/uniformes (exceto vestuário de segurança);

equipamentos/materiais/limpeza/higiene (uso geral); materiais p/decoração de interiores;

equipamentos/materiais médico-hospitalares/enfermagem; produtos químicos (diversos).

ABERTURA: 06/08/2020, às 14h EDITAL: 0495/2020 PROCESSO: 20/1300-0004394-7

OBJETO: Registro de preços vestuário/uniformes (exceto vestuário de segurança);

equipamentos/materiais/limpeza/higiene (uso geral); materiais p/decoração de interiores;

equipamentos/materiais médico-hospitalares/enfermagem; produtos químicos (diversos).

ABERTURA: 07/08/2020, às 14h EDITAL: 0496/2020 PROCESSO: 20/1300-0004373-4

OBJETO: Serviço de renovação do Certificado Médico Aeronáutico (CMA) de 1ª Classe para os pilotos do

Batalhão de Aviação da Brigada Militar (BAvBM) BM.

ABERTURA: 10/08/2020, às 9h EDITAL: 9181/2020 PROCESSO: 20/1203-0009675-5

ABERTURAS DE ENVELOPES

Convite n° 0010/2020 Processo Administrativo nº 17/1203-0019515-3

A Comissão Permanente de Licitações da Subsecretaria da Administração Central de Licitações - CELIC,

designada pela Portaria nº 318/2019, informa que fica marcada para o dia 29/07/2020, às 10h00min, a

Sessão de Abertura do Envelope 02 (Proposta) dos licitantes, referente ao processo em epígrafe.

Convite n° 0011/2020 Processo Administrativo nº 19/1203-0019880-3

A Comissão Permanente de Licitações da Subsecretaria da Administração Central de Licitações - CELIC,

designada pela Portaria nº 318/2019, informa que fica marcada para o dia 29/07/2020, às 10h30min, a

Sessão de Abertura do Envelope 02 (Proposta) dos licitantes, referente ao processo em epígrafe.

Convite n° 0020/2020 Processo Administrativo nº 19/1203-0021146-0

A Comissão Permanente de Licitações da Subsecretaria da Administração Central de Licitações - CELIC,

designada pela Portaria nº 318/2019, informa que fica marcada para o dia 29/07/2020, às 10h50min, a

Sessão de Abertura do Envelope 02 (Proposta) dos licitantes, referente ao processo em epígrafe.

Tomada de Preços n° 0014/2020 Processo Administrativo nº 20/1950-0000218-8

A Comissão Permanente de Licitações da Subsecretaria da Administração Central de Licitações - CELIC,

designada pela Portaria nº 318/2019, informa que fica marcada para o dia 29/07/2020, às 9h30min, a Sessão

de Abertura do Envelope 02 (Proposta) dos licitantes, referente ao processo em epígrafe.

A Subsecretaria da Administração Central de Licitações – CELIC localiza-se na Av. Borges de Medeiros, n°

1501, 2° andar – Porto Alegre – RS. Os dados necessários das referidas licitações e Atas de Registro de

Preços estão disponíveis nos sites www.celic.rs.gov.br e/ou www.compras.rs.gov.br.

Amilton Santos Calovi

Subsecretário CELIC/SEPLAG

SECRETARIA DE PLANEJAMENTO,ORÇAMENTO E GESTÃO

acentuada se observou no mêsde abril, com uma queda de77.927 (postos de trabalho)”,acrescenta. Conforme Weiss, omercado de trabalho no país,mesmo antes da pandemia, já de-monstrava sinais de piora. NoRS, ele explica isso se reflete em9,7% da taxa de desocupação,conforme dados da PNAD Covid-19. “lsso ainda pode estar sendominimizado, pois um contingenteimportante de pessoas pode sim-plesmente não estar procurandoemprego porque os negócios es-tão fechados”, acrescenta.

Weiss avalia ainda que um as-pecto que pode ter postergado

processo de fechamento das em-presas é de que há um entendi-mento geral por parte dos forne-cedores que a situação é grave.“Nesse período não houve finan-ciamento suficiente por parte dosetor financeiro e auxílio do go-verno. A expectativa que venhasurgir esse auxilio também poderefletir numa postergação dos pe-didos de fechamento das empre-sas”, observa. O economista des-taca que enquanto outros esta-dos ensaiam reabertura gradualdas atividades econômicas, o RSenfrenta restrição do comércioem diversos municípios. “Issotambém pode estar contribuindopara um processo mais lento dese observar no fechamento dasempresas”, observa.

NAS CIDADES. Conforme o Ca-ged, as cidades que mais corta-ram empregos são: São Paulo (-126.052), Rio de Janeiro (-112.136), Belo Horizonte (-39.398), Brasília (-25.835) e Por-

to Alegre (-23.387). Juntas, ascinco capitais somam 326,8 milpostos de trabalho fechados en-tre janeiro e junho, o que repre-senta 27% dos 1.198.363 postosde trabalho eliminados no perío-do. A Secretaria Municipal de De-senvolvimento Econômico (SM-DE) avalia que Porto Alegreacompanhou o ritmo de desaque-cimento da economia e de quedado PIB por conta da pandemiado novo coronavírus.

O secretário de Desenvolvi-mento Econômico, LeonardoHoff, afirma que os 23.387 postosde trabalho eliminados no perío-do equivalem a 1,95% do total re-gistrado no país. Hoff cita os últi-mos dados divulgados pela Pes-quisa Nacional por Amostra deDomicílios Contínua (PNAD Con-tínua), do primeiro trimestre,que apontam que Porto Alegre éa sexta capital com menor taxade desocupação, com 10% de de-sempregados. Ele reforça que'qualquer emprego é importante'e destaca que o pior momento daeconomia ocorreu em abril, quan-do a cidade atingiu pico de pos-tos de trabalho fechados: 13.293."Porto Alegre estava numa reto-mada antes da pandemia, comboas chances de aumentar em-prego. A curva ficou descendentepara todos e Porto Alegre acom-panhou ritmo de desaquecimen-to”, observa.

Ao reconhecer que 2020 é umano 'muito difícil', Hoff aponta ain-da crescimento de 21,42% nos pe-didos de seguro-desemprego, quesaltaram de 41.214 no primeirosemestre do ano passado para50.041 no mesmo período desteano. “Se não tivéssemos pande-mia, não teríamos esse desempre-go”, completa. E avalia que as so-licitações podem aumentar a par-tir de agosto por conta do fim doauxílio do governo federal a em-presas. Estamos sem previsãoainda. A expectativa é acompa-nhar indicadores da área da saú-de. Existe movimentação muitoforte no sentido da cobrança porreabertura das atividades econô-micas, muito embora as entida-des estejam entendendo o mo-mento e também queiram algumsinal de retomada”, destaca.

SEGURO-DESEMPREGO. Os re-flexos da pandemia no mercadode trabalho também podem serobservados a partir dos dados re-ferentes aos pedidos de seguro-desemprego. De acordo com a Se-cretaria de Trabalho e Assistên-cia Social, o Rio Grande do Sulcontabilizou 255.097 solicitaçõesdo benefício do seguro-desempre-go, de janeiro a junho de 2020. Oíndice representa aumento de29,2% em relação ao mesmo pe-ríodo de 2019. No primeiro se-mestre de 2020, 90,6% dos traba-lhadores (231.189) foram habilita-dos a receber o benefício e forampagas 645.210 parcelas, que equi-valem a R$ 863.194.218.

NÚMEROS POR CIDADES

Pandemia já levou94milempregosnoRSPandemiadonovocoronavírusatingiuemcheioossetoresdeserviços,comércioeindústria.Dadosindicamquartomêscomextinçãodepostosdetrabalho

Sem sinais de que a atual cri-se sanitária esteja perto do fim,empresários têm migrado para oambiente digital em busca demanter em funcionamento os ne-gócios, cada vez mais afetadospela queda de movimento e ren-da. Foi o que fez Ana CláudiaBestetti, proprietária de uma ca-feteria na área residencial do Mo-inhos de Vento. Após 25 anos deatividades, o Café do Porto anun-ciou o fim do atendimento presen-cial na rua Padre Chagas e a mu-dança para o sistema digital. “En-tendi que o ‘normal conhecido’não voltaria tão cedo. E o novonormal vai demorar muito, poisestamos há quatro meses fecha-dos e com perspectiva bem som-bria”, avalia Ana Cláudia.

Além dos efeitos da doença nocomércio, ela afirma que outrosfatores − como a necessidade deficar mais tempo com a família −contribuíram para a decisão deencerrar as atividades na loja físi-ca e manter atendimento apenasem canais digitais. “Isso (pande-mia) acabou pesando para queeu tomasse uma decisão que eunão tomava. Algumas coisas ha-viam amadurecido, mas não to-mava a atitude de mudar. Atéque veio pandemia, e isso serviude fator externo e resolveu umproblema para mim”, observa,acrescentado que vai sentir faltada presença da clientela que fre-quentava a cafeteria desde 1995.

Apesar de fechar a unidade

física, Ana Cláudia assinala queno ano passado fez um “movi-mento de redução”, com fecha-mento da outra unidade do Cafédo Porto e demissões de funcio-nários. Ela destaca que “esse no-vo mundo” será uma oportunida-de para descobrir outras formasde negócios. A empresária obser-va que existe mudança no com-portamento e na maneira daspessoas se relacionarem com osprodutos, com transformaçõesno varejo e na prestação de servi-ço. “Vai ser necessário trabalharo mesmo produto de maneira di-ferente”, afirma.

Ela reconhece que a criseprovocada pela Covid-19 atingiumuitos empresários e que osefeitos não podem ser minimiza-dos, mas alerta que é precisobuscar alternativas, reinventaro negócio e “enxergar o mundo”de outro prisma. "As coisas nãovoltarão tão cedo", assinala.Mesmo sem experiência de ven-das pela Internet, ela garanteque a ferramenta possibilita ala-vancar o negócio.

GERAL

Porto Alegre é, depois de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, a capital que mais registrou cortes de empregos após o início da pandemia

MAURO SCHAEFER

São Paulo(SP)

Venâncio Aires(RS)

Parauapebas(PA)

Santa Cruz do Sul(RS)

Pontal(SP)

Rio Verde(GO)

Matelândia(PR)

Chapecó(SC)

São F. de Itabapoana(RJ)

Goianésia(GO)

Santa R. do Passa Quatro(SP)

3.778

3.141

2.847

2.253

1.868

1.822

1.725

1.605

1.488

1.473

Mais criaram vagas em 2020:

AnaClaudiaBestetti

ProprietáriadoCafédoPorto

Onovonormalvaidemorar

muito,poisestamoshá

quatromesesfechadose

comperspectivasombria.

Editores:JonathasCosta,PauloMendes,CarlosCorrêaeSimoneLopesEditoraassistente:AnáliaKöhler [email protected]

RICARDO GIUSTI

Como‘novonormal’distante,negóciosmigramparaodigital

EM BUSCA DE ALTERNATIVAS

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quintomaiornúmeroentre

ascapitaisbrasileiras.