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Resenha diária - OESC

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS

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Opep: exportação é a mais baixa desde 2010

Resenha ComexData/Agência Anba 26/06/2015

As exportações de petróleo das nações integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) somaram US$ 964,6 bilhões em 2014, segundo o Boletim Estatístico Anual divulgado nesta quarta-feira (24) pela instituição. Foi a primeira vez desde 2010 que o valor ficou abaixo de US$ 1 trilhão. O total é 12,6% inferior ao registrado em 2013.

O desempenho reflete a forte queda nos preços do petróleo durante o ano passado. A cesta de referência da organização, que reúne os valores da commodity produzida pelos diferentes membros, teve preço médio de US$ 96,29 por barril ao longo do ano, contra US$ 105,87 em 2013.

O recuo das cotações nas bolsas de mercadorias foi mais significativo no segundo semestre, de mais de US$ 100 o barril em junho para menos de US$ 60 em dezembro, segundo a agência de notícias Reuters. Mesmo com este cenário, a Opep decidiu não reduzir a produção para tentar segurar os preços.

Todos os 12 países membros da Opep perderam faturamento com as exportações de petróleo em 2014 em comparação com 2013, mas em patamares diferentes. Quem perdeu mais foi a Líbia, mas por razões mais severas do que as flutuações do mercado, afinal há um conflito civil no país.

Mesmo com ajuste fiscal, ministro diz que exportações podem reaquecer economia

Resenha ComexData/Agência Brasil 26/06/2015

As exportações podem ajudar a reanimar a atividade econômica brasileira, na atual fase de "ajuste fiscal severo", na avaliação do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro.

"O comércio exterior é o canal absolutamente prioritário neste momento. Temos oportunidade porque o câmbio está nos favorecendo", disse Monteiro, em audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional no Senado, ontem (25). O ministro disse que a alta do dólar atenua desvantagens e é uma oportunidade para as empresas brasileiras.

O ministro disse também que é preciso fortalecer mecanismos de financiamento, com garantia, para incentivar mais as exportações. "O momento não é de muita euforia. Pelo contrário, as empresas estão confrontadas com um momento muito difícil. Estamos em momento difícil do próprio processo de ajuste. A gente já percebe as dores e ainda não vislumbra os benefícios. Mas não há outro caminho, se não buscar o equilíbrio macroeconômico", acrescentou o ministro.

Na audiência, o ministro reconheceu que o setor industrial sofreu grande impacto com o aumento de preços da energia. "Mas olhando para frente, o Brasil tem que ter uma política de energia para a indústria, com

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custos compatíveis com o que temos no mercado internacional", disse. Monteiro destacou deve ser ampliada a oferta de gás no país.

O ministro disse ainda que a economia brasileira ainda é muito fechada. Segundo ele, atualmente as exportações representam 20% do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país. "Há um espaço imenso para que o Brasil ocupe um lugar de maior protagonismo no comércio mundial."

No dia (24), o ministro lançou o Plano Nacional de Exportações (PNE). O objetivo é incentivar o aumento da participação do Brasil no comércio exterior nos próximos anos.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior informou que o plano tem vigência até 2018, com uma série de ações cujo objetivo é incrementar as vendas externas a partir da ampliação do número de empresas no comércio exterior, inclusive com mais participação das micro, pequenas e médias empresas, e da diversificação da pauta. O foco são os produtos de maior densidade tecnológica, além de medidas para ampliar exportações do agronegócio e para recuperar as exportações de produtos manufaturados.

De acordo com o ministério, o Brasil é a sétima economia do mundo, mas ocupa o 25º lugar no ranking de exportações. Na elaboração do novo plano, o governo listou 32 países considerados prioritários para a ampliação das exportações brasileiras, entre mercados tradicionais - como os Estados Unidos - e emergentes.

Em 2014, de acordo com o governo, as exportações de produtos brasileiros somaram US$ 225,1 bilhões. Este ano, até o dia 22 de junho, segundo dados do ministério, os embarques ao exterior chegaram a US$ 88,331 bilhões e as compras externas, a US$ 87,417 bilhões, com saldo positivo de US$ 914 milhões na balança comercial.

Tarifa de transporte rodoviário terá reajuste de 7,7%

Fonte Portal Economia SC 26 de junho de 2015 às 13h 15

As tarifas de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros será reajustada em 7,7% a partir do dia 1º de julho de 2015. A autorização foi publicada nesta sexta-feira, 26, pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) no Diário Oficial da União.

De acordo com a resolução da ANTT, os novos valores serão aplicados sob a justificativa de “manter o equilíbrio econômico-financeiro das permissionárias (empresas que possuem permissão ou licença, autorizadas pela justiça) e autorizatárias (empresas autorizadas pela ANTT a prestar temporariamente o serviço, ainda que sem a realização de processo licitatório)” desse tipo de transporte. O reajuste não será aplicado para transportes rodoviário interestadual e internacional semiurbano. Nesse caso, as tarifas são determinadas de forma diferenciada por meio de ato específico.

Para definir os novos valores, a agência adotou coeficientes tarifários máximos a partir de cálculos que levam em consideração elementos como itens de custos (instalações, equipamentos, pessoal, depreciação de material, remuneração de capital, combustíveis, lubrificantes, pneus, peças, acessórios e administração), parâmetros operacionais (percurso médio anual, índice de aproveitamento, lotação média da frota e fator redutor de encomendas) e adicionais de incidente (tributos, seguros, gratuidades instituídas por lei).

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Propaganda enganosa

Fonte Jornal Folha de São Paulo 29/06/15

O desapreço do governo petista pelos limites fixados pela lei, ou recomendados pelo bom senso, já é conhecido dos brasileiros. Começa pelas pedaladas fiscais, passa por mentiras eleitorais e chega à corrupção generalizada.

Agora, temos mais uma demonstração de como, sem constrangimento, o governo financia com recursos públicos a divulgação de mentiras.

Basta ver a milionária propaganda que foi ao ar para tentar justificar o ajuste fiscal. Ela deixou de prestar contas ou informar à população, transformando-se em mera peça partidária que alterna opinião, autoelogio, dados questionáveis e mentira pura e simples.

Transcrevo os principais trechos do comercial levado a milhões de brasileiros. "("¦) O mundo passa por uma crise cujos efeitos no Brasil foram amenizados com ações do governo federal ("¦) O governo manteve o crescimento do emprego e da renda (...) e a ampliação dos créditos subsidiados ao acesso à educação. Conquistas garantidas. (...) Os direitos trabalhistas e benefícios conquistados estão todos assegurados (...) As tarifas de energia tiveram que ser aumentadas em função da seca."

A propaganda fere a lei e a verdade. Fere a lei pois deixa de informar para opinar (ações do governo amenizaram a crise, por exemplo). Agride a verdade quando diz que o crescimento do emprego e a ampliação dos créditos subsidiados para a educação estão mantidos. Ou quando afirma que os direitos trabalhistas estão todos assegurados e que as tarifas de energia aumentaram por causa da seca.

Ao contrário do que diz o governo, dados oficiais evidenciam o aumento do desemprego e a diminuição dos investimentos na educação. Direitos trabalhistas foram reduzidos. E chegamos ao absurdo de ver a seca responsabilizada pela crise sem precedentes que atingiu o setor elétrico.

Semana passada, o juiz federal Ricardo Coelho Borelli, da 20ª Vara do TRF da 1ª Região, determinou a suspensão da campanha, afirmando que "a publicidade feita pelo governo federal ofende diretamente os princípios basilares da boa administração pública, trazendo inconsistências entre sua divulgação e o efetivamente ocorrido".

Diante da gravidade desse fato, é justo que se indague quem, agora, informará à população que ela foi enganada.

É para responder a esse tipo de abuso que apresentei, no Senado, projeto de lei que responsabiliza gestores públicos pela divulgação de informações não confirmadas por fontes confiáveis e obriga governos, quando for o caso, a pagarem pelo esclarecimento.

Hoje o Brasil sabe que o PT mentiu para vencer as eleições. E agora percebe que ele continua mentindo. Só que com o nosso dinheiro.

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Sem crescimento, ajuste não dá certo

Fonte Jornal Folha de São Paulo 29/06/15

Nos últimos dez anos, dois incentivos fiscais à inovação tecnológica foram criados: a subvenção econômica e a renúncia fiscal. O único em uso no Brasil, porém, é a Lei do Bem, de 2005, que assegura a renúncia do Imposto de Renda e da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) como contrapartida para investimentos em inovações.

Como essa renúncia fiscal é restrita e tem um valor muito pequeno, sua influência no crescimento do PIB é modesta, longe das taxas de crescimento de coreanos, indianos e chineses.

Estamos diante de um ajuste fiscal para equilibrar receitas e despesas. Mas sem um simultâneo programa de crescimento, o ajuste pode ficar comprometido, pois a atividade econômica se reduz em face do menor investimento, a renda empresarial diminui, a arrecadação cai, o desemprego aumenta e o consumo se retrai. Ou seja, estamos em um ciclo negativo, regredindo, ao invés de avançar, como a Grécia.

Para o ajuste fiscal ser eficaz, portanto, é necessário que haja crescimento, para que a receita tributária cumpra as metas propostas no ajuste e possa até supera-las, dando espaço para mais investimento. E para termos crescimento é indispensável restabelecer a confiança da sociedade para manter seu padrão de consumo e a dos empresários para retomarem os investimentos e ampliarem receita e emprego.

Só cresceremos se formos competitivos, e isso passa por elevarmos a produtividade da indústria, em queda há uma década, pela agregação de inovações tecnológicas. É indispensável, no entanto, que a mobilização conte com a participação de milhares de empresas. Como na Coreia do Sul, com quase 34 mil empresas e 311 mil pesquisadores mobilizados, segundo a Associação Coreana de Tecnologia Industrial.

Além da participação das grandes indústrias inovadoras beneficiárias da Lei do Bem, precisamos universalizar a mobilização pelo compartilhamento do risco tecnológico entre Estado e todo o setor produtivo por meio da subvenção econômica, prevista no artigo 19 da Lei de Inovação, de 2004.

Outra possibilidade é o compartilhamento usando a Sociedade em Conta de Participação. Em paralelo, é essencial reduzir o custo Brasil.

Os incentivos fiscais jamais ultrapassaram R$ 1,5 bilhão, que significa menos que 0,03% do PIB, apenas 1/20 do montante de recursos públicos que investem os competidores asiáticos no compartilhamento do risco tecnológico para que seus países disputem o mercado. Como na Índia, cujo governo eleito em 2014 incentivou ainda mais os investimentos e cresce mais que 7% ao ano, mais do que a China.

A resposta das indústrias aos estímulos da Lei do Bem é muito positiva. Apesar do pequeno valor, o compartilhamento do risco tecnológico pela renúncia fiscal levou ao maior desenvolvimento de inovações pelas empresas. Entre 2009 e 2014 fomos de 103 para 334 patentes por ano, um crescimento inédito de 224%, somente abaixo da Arábia Saudita, Índia e China. Isso demoliu o mito da "inapetência à inovação" associado aos empresários.

O investimento em inovações tecnológicas é relativamente pequeno (3% a 5% do faturamento da indústria), de rápida resposta, baixo risco (pois são inovações já conhecidas) e do mais alto retorno para o Estado e a empresa, em relação ao valor investido. É preciso abolir a arrogância de pretender inovar apenas com ineditismo.

É essencial ao país ter uma política ousada de fomento à inovação tecnológica aplicando as leis já existentes.

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IGP-M avança para 0,67% em junho, diz FGV

Fonte Portal Economia SC 29 de junho de 2015 às 08h 36

O IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) variou 0,67%, em junho. Em maio, o índice variou 0,41%. Em junho de 2014, a variação foi de -0,74%. A variação acumulada em 2015, até junho, é de 4,33%. Em 12 meses, o IGP-M registrou alta de 5,59%. O IGP-M é calculado com base nos preços coletados entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) apresentou taxa de variação de 0,41%. No mês anterior, a taxa foi de 0,30%. O índice relativo aos Bens Finais variou 0,60%, em junho. Em maio, este grupo de produtos mostrou variação de 0,50%. Contribuiu para este avanço o subgrupo alimentos in natura, cuja taxa de variação passou de -2,62% para 1,80%. Excluindo-se os subgrupos alimentos in natura e combustíveis, o índice de Bens Finais (ex) registrou variação de 0,51%. Em maio, a taxa foi de 0,95%.

O índice referente ao grupo Bens Intermediários variou 0,36%. Em maio, a taxa foi de 0,81%. O principal responsável por este movimento foi o subgrupo materiais e componentes para a manufatura, cuja taxa de variação passou de 0,92% para 0,30%. O índice de Bens Intermediários (ex), calculado após a exclusão do subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, variou 0,39%, ante 0,79%, em maio.

No estágio inicial da produção, o índice do grupo Matérias-Primas Brutas variou 0,24%, em junho. Em maio, o índice registrou variação de -0,60%. Os itens que mais contribuíram para este movimento foram:soja (em grão) (-4,07% para -0,44%), aves (-3,60% para 0,98%) e suínos (-6,18% para 6,98%). Em sentido oposto, destacam-se: cana-de-açúcar (1,10% para -0,72%), bovinos (0,87% para -0,26%) e algodão (em caroço) (11,53% para 1,95%).

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registrou variação de 0,83%, em junho, ante 0,68%, em maio. Cinco das oito classes de despesa componentes do índice registraram acréscimo em suas taxas de variação. A principal contribuição partiu do grupo Despesas Diversas (0,87% para 5,47%). Nesta classe de despesa, vale citar o comportamento do item jogo lotérico, cuja taxa passou de 2,76% para 49,37%.

Também apresentaram acréscimo em suas taxas de variação os grupos Alimentação (0,67% para 0,98%); Transportes (0,14% para 0,28%); Educação, Leitura e Recreação (0,44% para 0,82%); e Comunicação (-0,04% para 0,25%). Nestas classes de despesa, os destaques foram: frutas (-5,24% para -2,31%), gasolina (-0,61% para 0,30%), passagem aérea (-2,47% para 12,67%) e tarifa de telefone residencial (-0,86% para -0,04%), respectivamente.

Em contrapartida, apresentaram decréscimo em suas taxas de variação os grupos: Saúde e Cuidados Pessoais (1,48% para 0,79%), Vestuário (1,17% para 0,37%) e Habitação (0,75% para 0,70%). Nestas classes de despesa, destacaram-se: medicamentos em geral (3,35% para 0,42%), roupas(1,29% para 0,41%) e tarifa de eletricidade residencial (1,78% para 0,49%), respectivamente.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou, em junho, variação de 1,87%, acima do resultado de maio, de 0,45%. O índice relativo a Materiais, Equipamentos e Serviços registrou variação de 0,47%. No mês anterior, a taxa havia sido de 0,67%. O índice que representa o custo da Mão de Obra registrou variação de 3,16%. No mês anterior, este índice registrou taxa de 0,24%.

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Anatel lança aplicativo para registro de reclamações

Fonte Portal Economia SC 26 de junho de 2015 às 14h 08

A Anatel lançou nesta sexta-feira, 26, o aplicativo “Anatel Consumidor”, que permite ao consumidor registrar e acompanhar, em celulares e tablets, reclamações contra as prestadoras de telecomunicações. A ferramenta também permite o registro e o acompanhamento de sugestões e pedidos de informação e conta com uma seção destinada a tirar as principais dúvidas sobre direitos do consumidor por meio de perguntas frequentes.

O app está disponível para os sistemas Android, iOS (Apple iPhone) e Windows Phone e pode ser baixado nas lojas de aplicativos de forma gratuita. Este é o segundo aplicativo oficial da Anatel. O primeiro foi o “Anatel Serviço Móvel”. “Trata-se de mais uma iniciativa para permitir que o consumidor exerça seus direitos com maior praticidade e rapidez. A nossa intenção é que a internet seja, nos próximo anos, o principal canal de atendimento da Anatel”, diz o presidente da Agência, Central de Atendimento Telefônico da Agência

No ano passado, os consumidores de telecomunicações registraram cerca de 2,8 milhões de reclamações contra suas prestadoras de telecomunicações na Anatel. Em 2015, até o final de maio, este número chega pouco mais de 1,5 milhão de reclamações, sendo que 63% delas são registradas pela Central de Atendimento Telefônico da Agência (telefone 1331) e 37% pela internet, no sistema Fale Conosco (disponível em www.anatel.gov.br/consumidor).

Com o aplicativo, a Anatel espera não apenas tornar o registro de reclamações mais intuitivo e fácil para o consumidor, como também se adequar às novas tendências de atendimento, que indicam que consumidor tende a substituir os canais tradicionais, como call centers, por meios digitais.

Quando um consumidor registra uma reclamação na Anatel, ela é encaminhada para a prestadora que está sendo reclamada. A empresa tem, então, cinco dias úteis para dar uma resposta ao consumidor. Embora não trate de forma individual as reclamações, a Anatel cobra das prestadoras o cumprimento dos prazos e analisa, por meio de amostras selecionadas aleatoriamente e estatisticamente válidas, a qualidade das respostas das prestadoras. Em geral, mais de 70% das reclamações registradas na Anatel são respondidas dentro do prazo de cinco dias úteis.

Além de acompanhar como as prestadoras atendem ao consumidor, a Anatel também monitora quais são as principais razões que levam o consumidor a buscar seus canais de atendimento. Com base nessas informações, planeja ações de fiscalização, acompanhamento e controle, e até mesmo mudanças nas regras do setor.

BNDES não poderá mais conceder empréstimos para a Petrobrás

Fonte VINICIUS NEDER e IRANY TEREZA - O ESTADO DE S. PAULO 26 Junho 2015 às 20h 06

Resolução do Banco Central deu três anos para o BNDES se enquadrar nos limites de prudência que impedem o banco de comprometer 25% do seu patrimônio com um único cliente

A Petrobrás não poderá contar com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar investimentos. Uma resolução do Banco Central (BC) aprovada na quinta-feira, 25, deu três anos para o BNDES se enquadrar nos limites de prudência e impediu novos financiamentos e aportes em participação nas empresas nas quais o banco tenha excesso de recursos comprometidos, caso da Petrobrás.

Pelas regras, nenhum banco pode comprometer com um único cliente mais do que 25% do patrimônio de referência, um indicador financeiro. No caso do BNDES, esse limite é de R$ 24,112 bilhões, conforme dados do primeiro trimestre. Na conta entram tanto empréstimos ainda devidos quanto a participação acionária.

O problema é que o BNDES terminou 2014 com cerca de R$ 64 bilhões comprometidos com a Petrobrás, conforme um cruzamento de dados revelado pelo Estado no fim de abril. Considerando holding e subsidiárias, são cerca de R$ 42 bilhões em crédito e R$ 22 bilhões em participação acionária, muito acima do limite.

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Uma fonte ouvida sob condição de anonimato pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, confirmou que o valor comprometido pelo BNDES com a Petrobrás está acima 50% do patrimônio de referência. Em nota, o banco confirmou que a exposição à Petrobrás excede o limite.

Exceções. Há cerca de 15 anos, por meio de resoluções do Conselho Monetário Nacional (CMN), o BC abria exceções ao BNDES na hora de calcular o comprometimento com a Petrobrás. Uma das exceções - que permite ao BNDES excluir as participações acionárias do cálculo do limite de 25% - acabará no próximo dia 30.

Pela resolução, a partir de 1º de julho, o BNDES terá que reduzir os excessos até 2024. Até lá, o fato de os valores passarem do limite “implica o impedimento da contratação de novas operações”. De 2016 a 2018, será preciso cortar o excedente em 20%. Na nota, o banco garantiu que a exigência “não terá impacto sobre a carteira atual de financiamentos” e que não será preciso vender ações para reduzir os excessos: “Até 2018, estão previstas amortizações de financiamentos, o que resultará em redução da exposição”.

As mudanças não mexeram com outra exceção, que permite ao banco considerar, no cálculo, cada subsidiária da Petrobrás como um único cliente - ou seja, o limite de R$ 24,112 bilhões vale para cada empresa do sistema Petrobrás.

Segundo o economista Fabio Klein, especialista em finanças públicas da consultoria Tendências, o excesso de recursos na Petrobrás pode afetar o lucro do BNDES caso a petroleira passe por problemas, mas é remota a possibilidade de um calote, que obrigasse o Tesouro a aportar recursos. “A Petrobrás fará de tudo para não fazer isso, porque o rating dela já está ruim”, disse Klein.

Mercado consolida previsão de 9% para a inflação em 2015

Fonte VICTOR MARTINS - O ESTADO DE S. PAULO 29 Junho 2015 às 09h 27

Analistas consultados pelo Banco Central também aumentaram projeções para a queda do PIB em 2015

BRASÍLIA - O mercado voltou a elevar as expectativas para a inflação e para a retração da economia em 2015. Além disso, economistas também ajustaram a previsão para a alta dos juros em 2015: de 14,25% ao ano na semana passada para 14,50% esta semana. As projeções foram divulgadas no Relatório de Mercado Focus nesta segunda-feira, 29.

Depois dos resultados surpreendentes do IPCA de maio e do IPCA-15 de junho, ambos acima das estimativas, analistas consultados pelo Banco Central para o Relatório de Mercado Focus elevaram mais uma vez suas previsões para o índice. Pela 11ª rodada consecutiva, a estimativa para o indicador deste ano avançou de 8,97% da semana anterior para 9,00% agora. Há um mês, essa projeção estava em 8,39%. A projeção do Focus para 2015 é também a mesma do BC no último Relatório Trimestral de Inflação (RTI) que trouxe 9% de previsão no cenário de referência e 9,1% usando os parâmetros de mercado.

Para o fim de 2016, que é o foco de atuação do BC neste momento, a mediana das projeções para o IPCA se mantém inalterada há seis semanas consecutivas em 5,50% - número superior que as previsões da autoridade monetária mais recentes: 4,8% no cenário de referência e 5,1% no de mercado.

No Top 5, grupo dos economistas que mais acertam as estimativas, também não houve refresco nas projeções para a inflação. Para este ano, a mediana das estimativas de 8,83% para 8,92%. Está maior do que a taxa aguardada há um mês, de 8,79%. No caso de 2016, houve estabilidade da previsão em 5,21%, menor do que a mediana apontada na pesquisa geral, de 5,50%. Quatro edições atrás, estava em 6,00%.

PIB. Com mais uma semana de ajustes negativos nas planilhas, analistas passaram a estimar que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2015 deve ter retração de 1,49%. A projeção está pior do que a taxa de 1,45% calculada na semana passada - essa foi a sexta piora consecutiva. Há quatro semanas, a mediana era de -1,27%. Para 2016, a mediana das previsões passou de 0,70% para 0,50%. Um mês antes, estava em 1,00%.

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O BC, apesar de também ter revisado para pior sua projeção, de queda de 0,6% para retração de 1,1%, segue mais otimista que o mercado. No RTI, a instituição informou que a mudança ocorreu em função de piora nas perspectivas para a indústria, cuja expectativa de PIB recuou de -2,3% para -3,0%.

A projeção para a produção industrial passou de queda de 3,65% em 2015 para baixa de 4,00%. Quatro edições da pesquisa atrás, a mediana das previsões para o setor fabril era de uma retração de 2,80%. Já para 2016, a mediana das estimativas seguem estáveis em 1,50%.

Juros. Depois de algumas semanas sem alterações, o Relatório de Mercado Focus revelou a mudança já sinalizada individualmente pelos economistas para o comportamento da Selic este ano. A mediana das projeções aponta que a taxa básica de juros vai encerrar 2015 em 14,50% ao ano ante taxa de 14,25% vista até a semana passada. Há um mês, a estimativa observada no boletim era de que a Selic encerrasse 2015 em 14,00% ao ano.

A alteração reflete também o tom mais duro adotado pelo BC no último RTI, quando o diretor de Política Econômica da instituição, Luiz Awazu Pereira, afirmou que o aperto na política monetária, até o momento, ainda não foi suficiente.

Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano. Com a mudança, a taxa média para 2015 passou de 13,63% ao ano para 13,72% aa. Quatro semanas antes, essa taxa média estava em 13,50% ao ano. No caso do fim de 2016, a mediana das projeções permaneceu em 12,00% ao ano pela quinta semana seguida.

Entre os economistas que mais acertam as projeções para o rumo da taxa básica de juros, o Top 5 no médio prazo, não houve mudança para 2015: a Selic vai encerrar em 14,25% ao ano. Um mês antes eles projetavam 13,75%. Para 2016, a mediana subiu de 11,56% ao ano para 11,75% aa. Quatro semanas atrás a expectativa era de 12%.

Rumor faz aposentados correrem para agências bancárias na Grécia

Fonte AGÊNCIAS INTERNACIONAIS 29 Junho 2015 às 10h 13

Apesar do feriado bancário, aposentados correram para os bancos com a expectativa de brechas para pagamento de pensões

Aposentados correram para as portas dos bancos na Grécia nesta segunda-feira, 29, com a expectativa de receber o benefício mesmo após o país ter decretado feriado bancário.

Entre os idosos que se amontoavam em frente às agências bancárias, circulavam rumores de que haveria brechas para os pagamentos de pensões. Segundo um fotógrafo da Reuters, isso não se confirmou.

"Eu trabalhei a minha vida inteira só para acordar um dia e ver um desastre como esse", disse um comerciante, que estava em frente a uma agência do Banco Nacional da Grécia para receber a aposentadoria de sua mulher. Muitos aposentados na Grécia não têm cartões bancários e precisam fazer saques nos caixas, por isso muitas pessoas estão completamente sem dinheiro.

Apesar do caos bancário, parte da vida diária dos gregos continua normal, com lojas, farmácias e supermercados abertos. Gregos se encontram em cafés e restaurantes para discutir o futuro do país, enquanto turistas se reúnem normalmente do lado de fora do Parlamento para ver a troca da guarda presidencial.

Sem acordo, a Europa congelou os recursos para a Grécia e obrigou Atenas a fechar seus bancos e bolsas por um tempo indeterminado e a impor um controle de capital para evitar um colapso de sua economia.

Não há previsão sobre a reabertura dos bancos. O primeiro ministro grego, Alexis Tspiras, porém, apelou à população por “calma”, enquanto milhares de pessoas faziam filas em caixas eletrônicos pelo país. Segundo ele, os depósitos estão garantidos.

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O governo estabeleceu limites de transferências bancárias e saques em caixas - que ficarão restritos a € 60 por pessoa -, além de dezenas de outras medidas. Cobrar cheques também estaria limitado. Por Atenas, policiais foram enviados a diferentes pontos da cidade e principalmente perto de caixas eletrônicas para evitar violência. Muitas pessoas já relatam não encontrar nem a cota diária nos caixas eletrônicos do país.

Capitalismo companheiro

fonte O Estado de S. Paulo, Gustavo H. B. Franco 28 Junho 2015 às 03h 00

Seria de uma pretensão sem tamanho imaginar que o Brasil inventou a malversação, ou uma nova forma de capitalismo acinzentado. Temos nossas contribuições, é verdade, mas não se pode perder de vista que estamos diante de um dos grandes temas de nosso tempo, quem sabe uma epidemia global, todavia, já plenamente identificada na literatura especializada, sobre a qual vale se debruçar para melhor entender o que se passa conosco.

A palavra “cronismo” não existe em português, mas temo que em pouco tempo será um desses neologismos que aborrecem o Senador Aldo Rebelo e que, não obstante, adornam e enriquecem o idioma.

A palavra “crony” surge na Inglaterra no século XVII, vinda do grego “khronios” (nesse caso, um estrangeirismo isento de tributação), significando “de longa duração”, e progressivamente se tornou uma gíria para designar amigos, afilhados, capangas, comparsas, apaniguados, membros de uma quadrilha ou irmãos no crime.

A referência ao “cronismo”, e mais ainda a um capitalismo “crony”, de ampla utilização na literatura econômica e sociológica, é bem mais recente e cresceu em alusão a regimes onde as formas de organização das trocas econômicas são tais que pouca coisa importante pode ocorrer sem alguma forma de favoritismo, arbitrariedade ou corrupção. Não há predominância dos mercados, senão na aparência, mas um “controle social” das transações e mercantilização da ação do Estado.

A primeira onda de estudos sobre “cronismo” veio com a crise da Ásia e com a percepção que este tinha sido o fator a desarrumar muitos dos países outrora designados como “tigres”, mas que tinham retroagido a políticas mais protecionistas, mercantilistas e amistosas demais a grandes grupos nacionais familiares.

Em seguida, e não por acidente, o “cronismo” se tornou um grande tema nos regimes que sucederam o socialismo na Rússia e na China, onde os velhos aparelhos repressivos se privatizaram em relações nebulosas com o governo formando uma espécie de capitalismo mais selvagem que os do Ocidente e particularmente afetado por esquemas pessoais, clientelismo, nepotismo e corrupção.

Depois de duas décadas do sepultamento do socialismo é certo dizer que esta nova forma de capitalismo dirigido, desregrado, exagerado e deturpado, onde existe um pântano envolvendo as relações entre o público e o privado, espalhou-se em muitos lugares, embora em variados graus, e ameaça a economia e a política através de ângulos inusitados.

É claro que os elementos constitutivos do “cronismo” sempre existiram – como as máfias, as bruxas, a corrupção e o favoritismo, para não falar dos inúmeros formatos para a alocação de recursos através de relações pessoais, seletivas, corporativas, familiares, relacionais e em oposição às relações de mercado.

O que é novo, entretanto, é a hegemonia do “cronismo” sobre os Estados nacionais, a ponto de estabelecer as agendas de políticas públicas e os andamentos maiores da economia, e pior, a “monetização” da intervenção do Estado. Esse capitalismo de quadrilhas, comparsas, gangues, máfias, laços ou companheiros, assume variadas vestimentas ideológicas, conforme o contexto, meros disfarces, sua lógica é simples: a pilhagem.

Sem conhecer o Brasil, esteve aqui faz duas semanas o professor Luigi Zingales (da Universidade de Chicago), com o propósito de lançar seu novo livro (intitulado “capitalismo para o povo”), onde estabelece uma disjuntiva que procura explicar os modelos econômicos que se organizaram depois da Queda do Muro. Seu foco reside sobre a natureza do relacionamento entre o público e o privado, onde ele distingue dois regimes ideais, os que designa como “pró-negócio” e os “pró-mercado”.

“Pró-negócio”, é o regime do “cronismo”, onde o público e o privado se embaralham, mais ou menos como na velha boutade entre Bernard Shaw e a bela bailarina que lhe propôs um filho com a beleza dela e a inteligência

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dele. Pois os regimes “pró-negócio” são aqueles onde os objetivos são os privados e a eficiência é a pública, o pior dos dois mundos, a verdadeira pirataria.

O regime “pró-negócio” está longe de ser anticapitalista. Talvez se possa dizer o exato oposto: é a privatização do Estado e o capitalismo degenerado.

O regime “pró-mercado” é fundado na competição e na impessoalidade, o velho capitalismo, como a democracia, o melhor de todos os regimes ruins. Não se trata de Estado mínimo, nem de qualquer visão romântica sobre o modo como o capitalismo funciona. Mas de trabalhar as virtudes do sistema, que deve enfatizar a democracia e a horizontalidade, enquanto o “cronismo” procura sempre a seletividade e a arbitrariedade. Em vez de competição, meritocracia e impessoalidade, o regime do “cronismo” estabelece a discricionariedade para escolher seus “campeões” com bases em prioridades ad hoc e, às vezes, buscando apoio no nacionalismo ou no politicamente correto.

É claro que Singales fala de coisas familiares: a oposição entre seus dois regimes se sobrepõe a antigos dilemas nossos, por exemplo, entre a casa e a rua (do antropólogo Roberto Da Matta), ou entre o patrimonialismo e o mercado, entre o nepotismo e o concurso, o favoritismo e a licitação, os campeões nacionais e as empresas comuns.

O “cronismo” desembarcou no Brasil pelas mãos do PT, que, em 2008, passa de uma postura passiva e envergonhada para outra de extroversão, onde parecia atacar cada um dos pressupostos dos consensos internacionais em políticas públicas. Na ocasião, o ministro Guido Mantega proclamou: “O capitalismo precisa ser sempre reinventado. Onde está dando mais certo? Nos países que adotaram o capitalismo de Estado”.

E lá fomos nós procurando ser “chineses”, ou ganhar o Nobel em economia, através de várias “opções estratégicas”, como as escolhas para o petróleo, e mais genericamente em todas as frentes de políticas públicas onde se buscou confrontar as soluções de mercado pois, segundo se dizia, o “capitalismo não regulado” havia fracassado no mundo inteiro.

Seis anos e muitos escândalos depois, passando por prejuízos bilionários, heterodoxias, pedaladas, e outras tantas coisas horríveis que cabem muito bem dentro do figurino internacional do “cronismo”, é bastante claro que essa nova matriz não apenas fracassou no tocante ao desempenho da economia, como desandou em um oceano de irregularidades e crimes.

É um fracasso histórico da maior importância, e que traz, como boa notícia, a demonstração que o Brasil possui anticorpos poderosos contra o “cronismo” (nos órgãos de controle, no Judiciário e na mídia).

Fará muito bem ao país identificar e punir os crimes cometidos, bem como reforçar instituições que evitem que ideias extravagantes sobre a economia tornem o Brasil mais vulnerável ao “cronismo”.

Um roteiro estratégico para o agronegócio brasileiro

Fonte O Estado de S. Paulo, José Roberto Mendonça de Barros 28 Junho 2015 às 03h 00

No começo de março escrevi neste espaço um artigo intitulado “O agronegócio do lado do sol”. De lá para cá, só se configurou a posição única do setor na economia brasileira. A agropecuária deverá crescer 3% neste ano, enquanto o PIB brasileiro deverá encolher algo entre 1,5% e 2%. Nossas projeções para 2016 sugerem mais um ano de PIB negativo e outro de crescimento da agropecuária, se o clima não atrapalhar. Teremos, portanto, uma situação absolutamente inusitada: de 2013 a 2016 a variação acumulada do PIB não será maior do que 1,3%, enquanto que o crescimento da agropecuária será da ordem de 15%!

Como temos insistido nos últimos anos, tal resultado não depende apenas da farta disponibilidade de recursos naturais mas é, antes de tudo, uma construção assentada na cooperação de empresários, trabalhadores, pesquisadores e políticas públicas bem desenhadas, que permitiram um sistemático crescimento da produtividade e da competitividade.

Em trabalho recente, o economista Claudio Frischtak calculou que entre 1995 e 2009/2010 a produtividade da agropecuária cresceu 20,6%, a da indústria de transformação 2,2%, a da construção civil caiu 17% e a de comércio e serviços (um setor reconhecidamente heterogêneo), também se reduziu em 22%.

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E ainda há economistas que pedem a taxação de produtos agrícolas na exportação para melhorar o desempenho da economia brasileira!

Apesar deste sucesso, é indispensável continuar avançando, pois o mundo não para. Com a ajuda de meu filho, Alexandre Mendonça de Barros, imaginamos que o setor deveria construir uma agenda estratégica dividida em pelo menos quatro áreas:

1) Avanços necessários numa agenda velha:

Existe uma lista de coisas amplamente conhecida, mas que não se resolve colocando custos e impedindo o progresso do setor. Essa agenda inclui a precariedade da infraestrutura de transportes e portuária; a precariedade e a falta de recursos para uma eficiente defesa sanitária; a limitação e modéstia de nossos esforços em negociações comerciais e de abertura de mercados; o enfrentamento da oposição ideológica e, por vezes, totalmente ignorante (como no caso da destruição de centros de pesquisa), frente ao avanço da ciência no desenvolvimento de organismos geneticamente modificados; a demora excessiva dos órgãos públicos na análise e liberação de novas tecnologias; as dificuldades e lentidão na implantação do Cadastro Rural (CAR) e do Código Florestal.

2) Desafio estratégico 1:

Avanços tecnológicos no sistema de produção: a agricultura de precisão é o item mais relevante a ser considerado. Essa denominação abarca um conjunto de técnicas que estão em constante desenvolvimento na área de pesquisa, mas que já são utilizadas por um número crescente de agricultores. O resultado é uma elevação expressiva da produtividade.

Essas técnicas incluem: análise detalhada de solo que permite aplicação de fertilizantes e corretivos a taxas variadas. Também o plantio se faz de acordo com o potencial produtivo de cada área, tanto quanto acompanhamento e mapeamento de pragas e doenças, que permitem aplicação localizada de defensivos agrícolas.

Todas essas tecnologias, em conjunto, resultam em substancial redução de custos com materiais. A colheita se faz com máquinas equipadas com sensores de produtividade que produzem informações on line. O resultado é sempre notável.

Sistemas integrados também são crescentemente utilizados na pecuária de corte e de leite, o que permite tratamento individualizado, animal a animal, com efeito sobre produtividade e rentabilidade.

É estratégica a continuidade do desenvolvimento da integração de sistemas produtivos (agricultura, pecuária e florestas), que têm permitido duas ou três safras na mesma área. Também nessa área estão evoluindo sistemas de rastreabilidade e novos instrumentos de gestão, que permitem melhorar a qualidade e o resultado da produção.

É uma verdadeira revolução num setor que já é vencedor.

3) Desafio estratégico 2:

Existe uma gama enorme de novos produtos que deveriam ser mais desenvolvidos de forma a criar uma integração maior com a indústria. Falo aqui de biocombustíveis de novas gerações, da alcoolquímica (especialmente na linha dos plásticos biodegradáveis), da nano celulose e de alimentos nutracêuticos.

Além disso, é indispensável mais atenção em investimentos na gestão de água, na elevação dos serviços ambientais e em novas linhas de sustentabilidade da produção.

4) Desafio estratégico 3:

Ao lado do desenvolvimento de novos produtos industriais, acima mencionados, é indispensável que na pauta de exportações tenhamos mais produtos industrializados que matérias primas. Parte disso acontecerá por meio da elevação da venda de carnes, às expensas de grãos, o que deverá ocorrer especialmente com a China.

Haverá também a venda de produtos de melhor qualidade, como o café verde de origem controlada, como ocorre com muitos produtos europeus, de vinhos e outros alimentos. A denominação de origem do Café do Cerrado foi aceita pelo INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial e lançada oficialmente na maior feira de cafés especiais do mundo, a da Associação Americana dos Cafés Especiais, que aconteceu em Seattle, em abril passado.

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Entretanto, o desafio maior é o de produzir e exportar produtos tecnicamente mais avançados e diferentes do passado. Existe uma revolução em curso pelo crescente consumo do produto em cápsulas e sachês, expansão facilitada pelo vencimento de patentes e barateamento das máquinas.

Para se ter uma ideia da agregação de valor, um quilo do produto torrado e moído no varejo custa R$ 15, enquanto o equivalente em cápsulas vale R$ 250. Duas fábricas estão sendo construídas em Montes Claros, MG, por grandes grupos internacionais, o que permitirá a produção em larga escala e a exportação do produto.

Outra operação fabril em Ribeirão Preto, SP, produz as cápsulas em séries pequenas, que permite que mais de 60 empresas disputem o mercado brasileiro. Outros grandes investimentos e associações estão em curso no setor (agradeço Nathan Herszkowicz pelas informações aqui expostas).

Esse tema merece ser mais desenvolvido em outro momento, mas parte da exportação de matérias-primas será trocada por produtos de maior valor, após passar por processos industriais.

A cadeia do agronegócio continuará a crescer.

Dilma barrou Mercadante para não "transportar" crise aos EUA

Fonte Revista Exame Rafael Moraes Moura e Tânia Monteiro, do Estadão Conteúdo 29/06/2015 07h 18

Brasília e Nova York - A presidente Dilma Rousseff iniciou neste domingo, 28, sua viagem oficial aos Estados Unidos com a preocupação de não deixar que a principal aposta de sua agenda internacional este ano seja contaminada pela citação dos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Edinho Silva (Comunicação Social) na delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC.

Dilma se encontra hoje com investidores americanos e o presidente Barack Obama.

A decisão de manter Mercadante em Brasília foi tomada na reunião emergencial convocada na sexta-feira à noite, no Palácio da Alvorada, justamente para evitar que a crise embarcasse junto com a comitiva presidencial.

A medida, acreditam auxiliares da presidente, serviu para proteger o governo do escândalo e deixá-lo circunscrito ao território nacional e minimizar o desconforto com o episódio.

Em um momento considerado crucial para a agenda positiva do governo, o Planalto quis evitar que um dos ministros mais próximos de Dilma fosse obrigado a dar novas explicações à imprensa nos Estados Unidos, enquanto as atenções estão voltadas à atração de novos investidores e no resgate da credibilidade da economia perante a comunidade internacional.

"A viagem vai servir para dizer que o governo não está afogado em uma série de notícias negativas circunstanciais", comentou um integrante da comitiva presidencial à reportagem.

Com a revelação do teor da delação, uma ala do governo passou a defender internamente o afastamento de Mercadante e de Edinho, mas por ora Dilma mantém o voto de confiança nos ministros e não cogita mudanças.

Para essa ala, a nomeação de Edinho Silva para a Secretaria de Comunicação Social (Secom) arrastou a crise para as proximidades do gabinete da presidente.

Ricardo Pessoa entregou à Procuradoria-Geral da República planilha intitulada "Pagamentos de caixa dois ao PT" na qual lista repasse de R$ 250 mil à campanha de Mercadante ao governo de São Paulo, em 2010.

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O empresário acusa Edinho de tê-lo pressionado para doar R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma em 2014, sob o risco de perder contratos na Petrobras, segundo a revista Veja. Os dois ministros negam as acusações e dizem que as doações foram legais.

Defesa

Pessoas próximas a Mercadante admitem que o petista permaneceu no País não apenas pela gestão da Casa Civil e a articulação de votações no Congresso, mas também para articular a defesa do governo junto com Edinho e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai aproveitar a viagem da presidente Dilma aos Estados Unidos para negociar com líderes do Congresso saídas para a crise política. Hoje, em Brasília, Lula terá conversas reservadas com parlamentares do PT.

Aliados do ex-presidente esperam uma nova rodada de críticas a Dilma no encontro. Lula considera o governo "letárgico" e "apático" diante das recentes denúncias de irregularidades.

Segundo ele, o partido não pode ter a mesma postura. A estratégia do ex-presidente, no entanto, enfrenta resistências, uma vez que aliados não querem se desgastar perante a opinião pública, já refratária ao partido.

Outro ponto que tem incomodado o ex-presidente é o fato de Dilma ter limitado a influência dos ministros Jaques Wagner (Defesa) e Ricardo Berzoini (Comunicações) no núcleo duro de tomada de decisões do Planalto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Centenária Hering em "crise de identidade"

Fonte Revista Exame Mônica Scaramuzzo, do Estadão Conteúdo 29/06/2015 às 08h 12

São Paulo - Depois de crescer vertiginosamente entre 2007 e o início de 2012, período marcado por uma ampla reestruturação de seus negócios, que incluiu lançamento e reposicionamento de marcas, diversificação de produtos e abertura de lojas, a Cia. Hering tem passado por um momento desafiador, que vai além da desaceleração do cenário macroeconômico.

A estratégia de uma das maiores varejistas do País tem sido colocada em xeque pelo mercado, que aponta resultados financeiros considerados frustrantes, relação estremecida com seus franqueados e até mau gerenciamento de estoques. Diante de todos esses desafios, analistas e especialistas do setor têm tentado responder a uma pergunta: qual é a proposta de valor da Hering?

"Ainda não entendemos se a companhia é voltada para moda básica ou para moda fashion. Isso está muito nebuloso", diz Tales Paes, analista do Banco Fator. Os níveis de estoque da companhia também vêm sendo questionados. "Os estoques da Hering acumulam 130 dias (quando a média no varejo é de 80 dias). Com isso, ao desovarem coleções que não decolaram para queima de estoque, a empresa acaba perdendo margem", afirma uma fonte.

Quando, em 2007, a companhia - conhecida por suas camisetas básicas - se reposicionou, com coleção diversificada, como jeans e roupas de esportes, por exemplo, as vendas da Hering explodiram, impulsionadas pelo consumo da nova classe média. Esse movimento foi aplaudido pelo mercado: o valor da companhia saltou de cerca de R$ 600 milhões, em 2007, atingindo o pico, de R$ 8 bilhões, em março de 2012. Depois disso, o valor de mercado da Hering despencou e é avaliado atualmente em aproximadamente R$ 2 bilhões.

"No período do boom da economia esses problemas não ficavam tão claros", observa Guilherme de Assis, do Brasil Plural, que também vê problema no direcionamento da marca. "Mas, nos últimos anos, desafios de

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gestão e com sua coleção, além da canibalização entre franqueados e lojas de multimarcas, se tornaram evidentes. Sem contar que concorrentes, como Renner e Riachuelo, se reposicionaram e avançaram. Hoje, a Renner, sem dúvida, destoa (em eficiência ) neste setor."

Poder da marca

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Fábio Hering, presidente da varejista, diz que o mercado tem uma imagem equivocada da companhia. "A marca Hering é uma das mais valiosas do Brasil (ficou em 15º lugar em 2014, segundo a Interbrands). Nossa moda é um estilo casual e nossa marca é democrática, atendendo todas as classes sociais", diz. "Lançamos seis coleções por ano."

De fato, ninguém discorda do poder da marca Hering e da tradição da empresa, fundada há 135 anos. Mas só a marca não tem sido capaz de gerar bons resultados. Há pelo menos três anos a empresa registra queda de margens brutas: de 44,5%, no quarto trimestre de 2007, foi para 36,9% no primeiro trimestre de 2015. "Essas margens já ficaram acima de 50% (a Renner encerrou o primeiro trimestre com 54,4%, a Riachuelo com 54,6% e Lojas Marisa, com 49,4%)", diz Assis.

Neste primeiro trimestre, a receita líquida da Hering caiu 12%, para R$ 394,4 milhões. As vendas das mesmas lojas recuaram 1,9% no período (abertas há mais de 12 meses). Na comparação com outras varejistas de capital aberto e que atuam nas classes A, B e C, as vendas das mesmas lojas da Renner subiram 16,5% em igual período, enquanto a Riachuelo avançou 5,8%. Já a Lojas Marisa, com apelo mais popular, recuou 4,8%.

O caso da Hering difere das demais por ter em sua estrutura franqueados - a companhia conta com cerca de 830 lojas, das quais apenas 60 são próprias. Esse modelo, se bem gerenciado, não traz problemas ao controlador, de acordo com o consultor Marcelo Cherto, um dos maiores especialistas em franquias do País. "O que torna a estrutura frágil é a falta de diálogo entre as empresas e seus franqueados."

De acordo com fontes, a Hering tem enfrentado problemas com parte de seus franqueados. Segundo Paes, do Fator, a empresa enfrenta uma espécie de círculo vicioso. "A companhia diz que os franqueados não compram suas coleções. Já os franqueados argumentam que não conseguem desovar produtos de coleções defasadas. É preciso fazer ajustes." Para Cherto, não se vive o varejo com planilhas. "Tem de ter conversa com o chão de loja, saber das necessidades."

A Hering nega problemas com os franqueados. "Fazemos encontros anuais com todos e pesquisa de satisfação, além de uma boa relação há 20 anos." Em 2013, a empresa fez uma mudança na sua estrutura de gestão, segregando executivos por marcas. Nos últimos meses, tem reforçado reposicionamento de marcas.

Os investimentos para este ano estão previstos em R$ 101,2 milhões. Desse total, R$ 29,85 milhões serão destinados a lojas e R$ 30,1 milhões, em tecnologia da informação. Hering reconhece que o varejo está retraído, mas diz que a companhia tem trabalhado para entregar bons resultados. Já o mercado ainda está cético em relação às mudanças e espera os próximos resultados para cobrar as promessas da Hering. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.