28, 29 e 30 de novembro de 2012 araraquara, sp · exercícios propostos pela professora feitos...

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CADERNO DE RESUMOS 28, 29 e 30 de novembro de 2012 Araraquara, SP

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CADERNO DE RESUMOS

28, 29 e 30 de novembro de 2012

Araraquara, SP

Encontro sobre a Linguagem da Criança (2. : 2012 : Araraquara, SP)

Sentido, corpo e discurso : caderno de resumos / II Encontro sobre a Linguagem da

Criança, I Colóquio sobre Alfabetização do Núcleo de Ensino de Araraquara, Araraquara, 29-

30 novembro 2012 (Brasil). – Documento eletrônico. - Araraquara : FCL - UNESP, 2012. –

Modo de acesso: http://www.fclar.unesp.br/#!/pos-graduacao/stricto-sensu/linguistica-e-

lingua-portuguesa/eventos/ii-encontro-sobre-a-linguagem-da-crianca---i-coloquio-sobre-

alfabetizacao/

ISBN 978-85-87361-89-9

1. Crianças - Linguagem -- Congressos. 2. Alfabetização. 3. Ensino. I. Colóquio sobre

Alfabetização do Núcleo de Ensino de Araraquara (1. : 2012 : Araraquara, SP).

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da FCLAr – UNESP.

Comissão Organizadora:

Alessandra Del Ré

Márcia Romero Lopes

Francisco José Carvalho Mazzeu

Eliza Maria Barbosa

Alunos:

Alessandra J. Vieira

Amanda Oliveira

Andressa S. Mogno

Anna Carolina Mroczinski

Francine Veríssimo

Heitor Quimello

Isabela Antunes de Oliveira

Juliana Ferreira

Laís Giovanna Paschoal

Lucas Henrique da Silva

Mara Nunes Nogueira Couto

Marcela Miranda Morandini

Maria Carolina Portero

Nádia dos Santos Alves.

Patrícia Falasca

Patrícia Fernanda de Souza

Paula Fernanda F. Carvalho

Paula Bullio

Rafaela Giacomin Bueno

Rosângela Nogarini Hilário

Roseli Vasconcellos

Thaís Carolina Dias

Thaís Rocha Barbieri Vatanabe.

Verônica Leonardo

Colaboradores:

CAPES

Programa de Pós-Graduação em Linguística e Língua Portuguesa – FCLAr-

UNESP, campus Araraquara;

Programa de Pós-Graduação em Educação e Saúde na Infância e na

Adolescência - Universidade Federal de São Paulo, campus Guarulhos;

Núcleo de Ensino de Araraquara.

Sumário

CONTRIBUIÇÕES DE UMA ABORDAGEM DIALÓGICA PARA O ESTUDO

DA PRODUÇÃO DE ENUNCIADOS HUMORÍSTICOS POR CRIANÇAS

PEQUENAS - ALESSANDRA DEL RÉ (FCLAR-UNESP) .................................... 8

OS CRITÉRIOS UTILIZADOS PELO PROFESSOR NA ESCOLHA DE

TEXTOS - ALINE C. P. DE SOUZA (FCLAR-UNESP), MARCELA M.

MORANDINI(FCLAR-UNESP), THAIS CAROLINA DIAS(FCLAR-UNESP).. 8

COMO A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA INTERFERE NA AQUISIÇÃO DA

LÍNGUA ESCRITA E POSSÍVEIS MÉTODOS DE INTERVENÇÃO -

ANDERSON DE LIMA SILVA(FCLAR-UNESP), ÉRICA PEREIRA (FCLAR-

UNESP) ......................................................................................................................... 9

A CONSTITUIÇÃO DE NOVAS IDENTIDADES NA APRENDIZAGEM DE

LÍNGUA ESTRANGEIRA: UM ESTUDO SOBRE CRIANÇAS BRASILEIRAS

APRENDIZES DE INGLÊS - AMANDA DE OLIVEIRA SILVA (FCLAR-

UNESP) ......................................................................................................................... 9

DA FALA DA CRIANÇA AO FATO ENUNCIATIVO DE LINGUAGEM -

CARMEM LUCI DA COSTA SILVA (UFRGS) .................................................... 10

ALUNO COPISTA - CAROLINE CORBARI SERRA(FCLAR-UNESP),

RAFAELA JARINA OLIVEIRA (FCLAR-UNESP), SUELEN

BARDASI(FCLAR-UNESP) ..................................................................................... 10

AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM, AQUISIÇÃO DE ESCRITA: IMPLICAÇÕES

MÚTUAS - CLAUDEMIR BELINTANE (FE-USP) ............................................. 11

ORALIDADE QUE LEVA À ESCRITA - CRISTIANE JESUS

NASCIMENTO(FCLAR-UNESP), MUSLIM PAULINO E

GONÇALVES(FCLAR-UNESP) ............................................................................. 11

O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM E A METODOLOGIA

DIALÉTICA DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ESCOLAR PARA

AS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL - ELIZA MARIA BARBOSA

(UNESP-FCLAR) ....................................................................................................... 12

A SELEÇÃO DE TEXTOS PARA A ALFABETIZAÇÃO E OS INTERESSES

DAS CRIANÇAS - FRANCINE VERÍSSIMO (FCLAR-UNESP/BAAE III),

VERONICA LEONARDO (FCLAR-UNESP/BAAE III) ...................................... 13

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS COMENTÁRIOS DO PROFESSOR APÓS

LEITURA EM SALA DE AULA - GISLENE RODRIGUES FERREIRA

(FCLAR-UNESP) ....................................................................................................... 13

A CRIANÇA E A PRODUÇÃO DE ENUNCIADOS IRÔNICOS:

PRECOCIDADE? - HEITOR QUIMELLO (FCLAR-UNESP/PIBIC) ............... 13

INSTÂNCIAS DA LÍNGUA NA FALA DA CRIANÇA - IRANI RODRIGUES

MALDONADE (IEL/UNICAMP) ............................................................................ 14

DIAGNÓSTICO DE ORALIDADE: DIFICULDADES DE ALUNOS DO 1º

ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL I - ISADORA REBELLO JOAQUIM

(FE-USP). .................................................................................................................... 14

ANÁLISE SOBRE O IMPACTO DO PROGRAMA BOLSA

ALFABETIZAÇÃO NA FORMAÇÃO DE LICENCIANDOS DA

FCL/UNESP/ARARAQUARA - JULIANA FERREIRA (BOLSISTA DO

NE/PROGRAD) ......................................................................................................... 15

SONDAGEM AMPLIADA: SUBJETIVIDADE E HETEROGENEIDADE NA

ALFABETIZAÇÃO - LAURA BATTAGLIA (FE-USP) ...................................... 15

ALFABETIZANDO: O INTERESSE DOS ALUNOS PELA LEITURA FEITA

PELA PROFESSORA - LUCAS HENRIQUE DA SILVA (FCLAR-UNESP),

MARIA CAROLINE APARECIDA PORTERO (FCLAR-UNESP), PATRÍCIA

FERNANDA DE SOUZA (FCLAR-UNESP) .......................................................... 16

UM OLHAR DIFERENTE SOBRE A ALFABETIZAÇÃO - LUIZ CARLOS

CAGLIARI (FCLAR-UNESP) ................................................................................. 16

INFLUÊNCIAS DA LÍNGUA ORAL NO APRENDIZADO DA LÍNGUA

ESCRITA - MAIARA HELENA DA SILVA PUGLIESI(FCLAR-UNESP),

MONICA MARTINS OLIVEIRA(FCLAR-UNESP) ........................................... 17

UM NOVO OLHAR SOBRE A UNIDADE LINGUÍSTICA: UMA PROPOSTA

ENUNCIATIVA PARA OS ESTUDOS EM AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM -

MÁRCIA CRISTINA ROMERO LOPES (EFLCH – UNIFESP) ........................ 18

REDAÇÃO COOPERATIVA: A IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO NA

AQUISIÇÃO DA ESCRITA - MÔNICALEITE DE ARAUJO(FCLAR-UNESP)

...................................................................................................................................... 18

PRODUÇÃO DE TEXTOS NA ALFABETIZAÇÃO - NAIARA CRISTIANE

CUNHA(FCLAR-UNESP), ISABELA ANTUNES DE OLIVEIRA (FCLAR-

UNESP) ....................................................................................................................... 19

ATIVIDADES RELACIONADAS À LEITURA EM SALA DE AULA E SUA

RELAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DO ALUNO LEITOR - RAÍRA DE

AZEVEDO(FCLAR-UNESP), CINTIA CRISTINA FERREIRA(FCLAR-

UNESP) ....................................................................................................................... 19

O HOMEM NÃO NASCE NA NATUREZA, MAS NA CULTURA: ASSIM

FALA UMA CRIANÇA - VALDIR DO NASCIMENTO FLORES (UFRGS) ... 20

DIALOGISMO E MEMÓRIA EM PROCESSOS DE ESCRITURA EM ATO -

EDUARDO CALIL (UFAL/NALINGUA) .............................................................. 20

CONTRIBUIÇÕES DA PERSPECTIVA MULTIMODAL PARA A

AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM - MARIANNE CARVALHO BEZERRA

CAVALCANTE (UFPB) ........................................................................................... 21

A CONTRIBUIÇÃO DO ESTUDO DOS SISTEMAS E DA HISTÓRIA DA

ESCRITA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO - GLADIS MASSINI-

CAGLIARI (UNESP-FCLAR/NALINGUA ............................................................ 21

INTERAÇÃO ENTRE PAIS E FILHOS POR MEIO DA FALA: VISÃO

FONOAUDIOLÓGICA - ZELITA CALDEIRA FERREIRA GUEDES

(UNIFESP) .................................................................................................................. 21

O PAPEL DA CRIANÇA NO INSTITUTO ORATORIA DE QUINTILIANO -

MARLY DE BARI MATOS (PPGL-USP) .............................................................. 22

CONTRIBUIÇÃO DA EXPERIÊNCIA PRÁTICA NA APRENDIZAGEM DA

DOCÊNCIA: A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA BOLSA

ALFABETIZAÇÃO - ROSELI A. PARIZZI (UNESP-FCLAR) ......................... 22

AQUISIÇÃO DA ESCRITA E ESTILO - NATÁLIA GRECCO (UNESP-

FCLAR), MARINA CÉLIA MENDONÇA (UNESP-FCLAR) ............................. 23

A LÍNGUA ESTRANGEIRA E O APRENDIZ: CONSIDERAÇÕES SOBRE

SUBJETIVIDADE, IDENTIDADE E DESLOCAMENTOS - RAFAELA

GIACOMIN BUENO (UNESP-FCLAR), PATÍCIA FALASCA (UNESP-

FCLAR) ...................................................................................................................... 24

MEMÓRIA E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA

ALFABETIZAÇÃO - LARISSA DE PAULA FERREIRA (BOLSISTA

PEJA/PIBID), JACQUELINE MICHELLE DE ASSIS BALMANT (BOLSISTA

PEJA/PROEX) ........................................................................................................... 24

INTRODUÇÃO E USO DA LETRA CURSIVA NA ALFABETIZAÇÃ -

CAMILA LARIANE GONÇALVES BELGAMO ( PROJETO BOLSA-

ALFABETIZAÇÃO) ................................................................................................. 25

INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E

ADULTOS - CASSIA REGINA DOS SANTOS (BOLSISTA PEJA/PROEX) ... 25

A RELAÇÃO ENTRE A COMPREENSÃO E A MEMORIZAÇÃO NO

PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO - IZAC TRINDADE COELHO

(BOLSISTA FUNDUNESP) ...................................................................................... 26

O QUE ACONTECE COM AS CRIANÇAS QUANDO ELAS PRECISAM

ESCREVER POR CONTA PRÓPRIA? - CAMILA QUADRE PEREZ

(PROJETO BOLSA-ALFABETIZAÇÃO), CAROLINE DE LIRA MAURI

(PROJETO BOLSA-ALFABETIZAÇÃO) ............................................................. 26

CONTRIBUIÇÕES DA VISÃO HISTÓRICO-CULTURAL PARA OS

ESTUDOS SOBRE ALFABETIZAÇÃO - FRANCISCO JOSÉ CARVALHO

MAZZEU (UNESP-FCLAR) .................................................................................... 27

O IRROMPER DE CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL NA ESCRITA

ALFABÉTICA - ROSELI VASCONCELLOS (UNESP-FCLAR) ...................... 28

A INTERAÇÃO DINÂMICA ENTRE DISCURSOS: UMA ANÁLISE DA

RETOMADA DA FALA DA CRIANÇA PELOS PAIS - PAULA CRISTINA

BULLIO (UNESP-FCLAR) - ROSÂNGELA NOGARINI HILÁRIO (UNESP-

FCLAR -FAPESP) ..................................................................................................... 28

8

CONTRIBUIÇÕES DE UMA ABORDAGEM DIALÓGICA PARA O

ESTUDO DA PRODUÇÃO DE ENUNCIADOS HUMORÍSTICOS POR

CRIANÇAS PEQUENAS

Alessandra Del Ré (FCLAR-UNESP)

O presente trabalho pretende mostrar as contribuições de se adotar uma abordagem

dialógica para o estudo da produção de enunciados humorísticos por

criançaspequenas. Ele se ancora nos trabalhos de Bakhtin e do Círculo (Bakhtin,

1981, 1991, 1992, 1997), levando em conta reflexões sobre a formação socio-histórica

da linguagem, o dialogismo, o sujeito e os gêneros do discurso, e em autores do

âmbito da Aquisição da Linguagem com os quais se pode estabelecer um diálogo, a

saber, Vygotsky (2005, 2007), Bruner (2004a, 2004b) e François (1994, 2004,

2006).Em pesquisa anterior (Del Ré, 2003), propusemos uma tipologia do discurso

humorístico baseada em adultos que riam de enunciados produzidos pelas crianças, e

de crianças (4-6 anos) que riam de enunciados produzidos por elas mesmas, por

outras crianças e, às vezes, também por adultos. Pudemos verificar, entre outras

constatações, a partir dessa pesquisa que, ao contrário do que sustentavam alguns

autores (Reddy, 1991; Behne, Carpenter, Call&Tomasello, 2005), é possível

encontrar contra-exemplos que confirmam nossa hipótese de uma precocidade

envolvendo o discurso humorístico. Assim, dando continuidade ao estudo, passamos a

dirigir nossa atenção ao que se passa na linguagem infantil antes dos 4anos (G. 1;8-

4;0 anos). Neste trabalho, apresentaremos resultados preliminares dessa pesquisa.

OS CRITÉRIOS UTILIZADOS PELO PROFESSOR NA ESCOLHA DE

TEXTOS

Aline C. P. de Souza (FCLAR-UNESP)

Marcela M. Morandini(FCLAR-UNESP)

Thais Carolina Dias(FCLAR-UNESP)

Orientadora: Eliza Maria Barbosa

O objetivo da pesquisa é analisar os critérios utilizados pelo professor do segundo ano

do ensino fundamental para escolha dos textos a serem trabalhados em sala de aula,

sendo esta pesquisa inserida dentro do tema “Leitura” do Projeto Bolsa Alfabetização.

Nosso objeto de pesquisa resulta de um dos quatro eixos do Ler e Escrever que é:

a oralidade com destino escrito. Temos como objetivo, analisar o conjunto de ações

desenvolvidas entre professor e aluno, durante as atividades de leitura, visando

identificar as concepções que orientam as escolhas das professoras quanto ao material

trabalhado.Para fins de análise, tomamos como referência as contribuições da

Psicologia Histórico Cultural e do Materialismo Dialético. Os dados que serão

apresentados resultam de análises de questionário entregue a três professores do

segundo ano do ensino fundamental da rede estadual da cidade de Araraquara/Matão

e anotações do diário de campo. A pesquisa está em andamento e por essa razão os

dados serão apresentados mais formalmente na apresentação deste trabalho.

9

COMO A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA INTERFERE NA AQUISIÇÃO DA

LÍNGUA ESCRITA E POSSÍVEIS MÉTODOS DE INTERVENÇÃO

Anderson de Lima Silva(FCLAR-UNESP)

Érica Pereira (FCLAR-UNESP)

Orientadores: Eliza Maria Barbosa

Luiz Carlos Cagliari

O nosso objeto de pesquisa se situa no eixo da oralidade e ortografia, tendo como

foco identificar como a variação linguística interfere na escrita das crianças. Temos

como objetivo apresentar os recursos e elementos que temos mobilizado no sentido de

fazer as crianças compreenderem as bases do funcionamento do sistema da língua e

como ele está intrinsecamente ligado a fatores culturais, para então fazer intervenções

no sentido de encaminhá-las na direção do domínio da variedade lingüística mais

prestigiada, tanto no campo da fala quanto no da escrita. A metodologia utilizada foi o

levantamento de dados por meio de fotos de produções de textos escritos e respostas a

exercícios propostos pela professora feitos pelas crianças em classe; além de coleta de

imagem e som de 10 crianças que representavam o quadro geral da sala - conversas

informais entre os pesquisadores e as crianças, por dois dias, 10 minutos por dia com

5 alunos, fora das aulas. Os resultados obtidos até o momento são parciais, já que a

pesquisa ainda está em desenvolvimento. Os dados e as intervenções estão sendo

pensados a partir das contribuições da teoria Histórico-Cultural e do Materialismo

Dialético e pelas contribuições da sociolinguística e da fonética/ fonologia.

A CONSTITUIÇÃO DE NOVAS IDENTIDADES NA APRENDIZAGEM DE

LÍNGUA ESTRANGEIRA: UM ESTUDO SOBRE CRIANÇAS

BRASILEIRAS APRENDIZES DE INGLÊS

Amanda de Oliveira Silva(FCLAR-UNESP)

Orientadora: Alessandra Del Ré

O objetivo principal do projeto é investigar a aprendizagem de LE por crianças

pequenas de 4 a 5 anos de idade, observando como aprendizes tão jovens lidam com a

nova realidade ideológica apresentada pela LE. O projeto tentará encontrar marcas

lingüísticas e discursivas do deslocamento identitário vivenciado por esses sujeitos.

Além disso, verificar-se-á quais podem ser essas possíveis marcas. Uma hipótese é o

uso de constante entoação diferente para a LM e a LE. O trabalho utiliza como base

teórica Bakhtin (1926; 1999), Bauman (2005), Geraldi (2010), Marchenkova (2005),

Revuz (1998), entre outros. Para que os objetivos sejam alcançados, foram realizadas

filmagens em uma sala de aula de inglês, totalizando 13 sessões coletadas de 50

minutos cada. Partir-se-á da análise das filmagens para que a investigação do projeto

possa ser desenvolvida. No momento, as análises ainda encontram-se em estágio

inicial. Constatou-se, até agora, o uso de constante entoação diferente de uma das

alunas observadas, a mais jovem (4 anos). Ela sempre pronunciava as palavras em

inglês (LE) em tom muito baixo, mostrando certa instabilidade, enquanto que ao falar

em português (LM) ela sempre falava em tom mais elevado, evidenciando certo

conforto ao falar na LM.

10

DA FALA DA CRIANÇA AO FATO ENUNCIATIVO DE LINGUAGEM

Carmem Luci da Costa Silva (UFRGS)

O campo Aquisição da Linguagem tem a sua gênese marcada pela heterogeneidade

teórica e pelo compromisso com o empírico - a fala da criança. Ferdinand de Saussure

(1916/2000) priorizou, como uma das tarefas da Linguística, a delimitação e a

definição de si própria, elegendo, nessa delimitação, a língua como o seu objeto no

conjunto heteróclito dos fatos da linguagem. Embora reconheça a necessidade de

estudo do que nomeia aprendizagem da língua pelo indivíduo (SAUSSURE, op. cit.,

p. 22), a fala da criança está ligada ao conjunto heteróclito de fatos da linguagem.

Émile Benveniste, filiado a Saussure, destaca que estudar com espírito científico um

objeto como a linguagem impõe ao pesquisador delimitar o que considera fato de

linguagem a partir de critérios que o definam como tal (BENVENISTE, 1966/1995).

A necessidade de estudo no campo aquisição da linguagem requer que se assuma dois

compromissos: com o teórico e com o empírico. O primeiro compromisso permite ao

pesquisador criar e adotar critérios para assumir o segundo compromisso, a fala da

criança. A passagem do dado a fato de linguagem implica considerar a natureza do

observável e o ponto de vista a ser adotado para descrevê-lo e para explicá-lo. No

caso do observável falado, o ponto de vista direciona a coleta, a transcrição e a

análise. Essas questões apontam para a necessidade de o pesquisador considerar as

instâncias teórica e metodológica como interdependentes. Considerando as questões

elencadas, este estudo pretende tratar dos critérios a serem eleitos para a constituição

de um fato enunciativo de linguagem de criança. Para isso, abordará os princípios

teórico-metodolológicos implicados na forma de abordagem da oralidade pelo viés

linguístico-enunciativo de Émile Benveniste. Como a enunciação é um ato que está na

dependência daquele que é seu responsável, então todos os passos do processo de

investigação - coleta,transcrição e análise – são concebidos como atos de

enunciação.

ALUNO COPISTA

Caroline Corbari Serra(FCLAR-UNESP)

Rafaela Jarina Oliveira (FCLAR-UNESP)

Suelen Bardasi(FCLAR-UNESP)

Orientador: Francisco Mazzeu

O objetivo do trabalho é compreender as características dos alunos “copista” e buscar

caminhos para melhorar seu domínio da leitura. Estão sendo utilizados para a

pesquisa a análise de vídeos com atividades realizadas por 5 alunos que aparentam ser

“copistas” de três escolas da rede estadual da cidade de Araraquara, além de

observações realizadas nas salas de aula. A pesquisa faz parte do projeto Bolsa

Alfabetização (Convenio FCL/SEE/FDE).

[...] um fenômeno presente no dia-a-dia do processo de

aquisição da linguagem escrita das crianças das séries iniciais

[...]. Trata-se do “aluno copista”, ou seja, aquele aluno que

11

somente copia as atividades de escrita sem, no entanto,

compreender de fato o sentido do que está escrevendo. Os

alunos copistas são aqueles que não aprenderam a escrever,

mas desenvolveram a habilidade de copiar as atividades da

lousa, dos livros e dos cadernos dos colegas, entretanto não

resolvem os problemas nem conseguem ler aquilo que

copiaram.

Foi observado que, entre os alunos analisados, nenhum deles conseguiu ler com

autonomia. Eles copiam frases e palavras, porém não leem o que “escreveram”. Caso

haja intervenção apontando e circulando sílabas, algumas vezes conseguem ler essas

sílabas ou pequenas palavras com sílabas simples. Esses dados preliminares indicam a

necessidade de um acompanhamento mais próximo desses alunos e um apoio por

meio de atividades que promovam a leitura compreensiva de palavras e textos.

AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM, AQUISIÇÃO DE ESCRITA:

IMPLICAÇÕES MÚTUAS

Claudemir Belintane (FE-USP)

A partir de vários registros das interações entre adultos e uma criança em fase de

aquisição da linguagem (GUS, 2 anos) e de registros obtidos no atendimento a uma

criança (MAR, 6,5 anos) que já frequenta o primeiro ano do ensino fundamental, (em

pleno processo de entrada na escrita alfabética) pretende-se estabelecer comparações

com o objetivo de sustentar a hipótese básica do pesquisador: a ambiência de entrada

na linguagem constitui um processo complexo no qual podem ser localizados traços

importantes que fundam as bases de entrada da criança na escrita. Além da análise

dos dois casos e respectivas comparações, o pesquisador pretende também tecer

algumas considerações teóricas sobre o encontro desses dois processos, sobretudo

evidenciar a importância de se ampliar a visão para além do foco estrito que tenta

reunir os elementos da língua. A abordagem procura discernir diversas modalidades

de linguagem durante a análise dos corpus e ainda põe em relevo questões

importantes da relação corpo-linguagem.

ORALIDADE QUE LEVA A ESCRITA

Cristiane Jesus Nascimento(FCLAR-UNESP)

Muslim Paulino e Gonçalves(FCLAR-UNESP)

Orientadora: Eliza Barbosa

Como bolsistas do projeto Bolsa Alfabetização, vinculado ao programa Ler e

Escrever da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, desenvolvemos uma

pesquisa que tem por objetivo, discutir a produção de lista de palavras apresentadas

pelo professor, pertencendo ao eixo “Oralidade que leva a escrita”. O objetivo da

pesquisa é identificar os recursos e critérios utilizados pelas professoras na escolha

das palavras que comporão a lista, entendendo-os como algo que favorece ou

imprimem dificuldades às aprendizagens das crianças. Os dados são coletados por

meio de observação dos elementos presentes na realização das atividades de produção

12

de listas de palavras, realizando uma análise das estratégias adotadas pela professora,

bem como a reação e desempenho dos alunos durante as atividades. As análises serão

realizadas pelas contribuições da teoria Histórico – Cultural e princípios do

materialismo dialético, aplicados à produção do conhecimento. Parcialmente o que

podemos dizer dos resultados observados, é que: há carência de materiais no que diz

respeito à produção das atividades relacionadas às listas; que as parcerias entre a

professora e aluno-pesquisador promoveram um aprendizado mútuo e houveram

melhorias no que diz respeito ao ensino/aprendizagem de determinados alunos. O

trabalho se encaixa no eixo Oralidade e Ortografia deste evento.

O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM E A METODOLOGIA

DIALÉTICA DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ESCOLAR PARA

AS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Eliza Maria Barbosa (UNESP-FCLAR)

Refletimos a partir das contribuições da Psicologia Histórico-Cultural e do

Materialismo dialético à compreensão sobre a construção do conhecimento humano.

Compreendida por autores como Vigotski e Leontiev, a interação é o processo que

assegura aos homens, a passagem das funções psicológicas em seu estado elementar

para um nível de desenvolvimento superior. Discutimos alguns pressupostos teóricos

indicadores de que a via da humanização das crianças e de seu desenvolvimento

psíquico, é a apropriação cultural dos saberes que as condições de vida e educacionais

ajudam-nas a realizar. Desta compreensão, deriva-se outra específica sobre a relação

entre o ensino e aprendizagem das crianças pré-escolares, demonstrada na segunda

parte da discussão que apresenta a experiência das ações de extensão desenvolvidas

junto às professoras de dois Centros de Recreação de um município do interior

paulista. Os conteúdos das atividades apresentadas e discutidas compreendem

aspectos da aquisição da linguagem escrita e do uso voluntário da memória, por

crianças de quatro e cinco anos de idade. Os referidos Centros atendem crianças de

zero a seis anos e o objetivo principal daquelas ações, é oferecer às professoras uma

experiência de formação/reflexão de seus fundamentos da relação entre o ensino e a

aprendizagem, contrastando-os com algumas implicações pedagógicas decorrentes da

teoria Histórico-Cultural, especialmente sobre o papel da educação no processo de

desenvolvimento da criança. Discutimos ainda os elementos que caracterizam as

relações pedagógicas observadas. Tais elementos nos permitem qualificar as

mediações e interações estabelecidas durante as atividades com as crianças.

Esperamos que a discussão revele e reafirme uma vez a compreensão de que os

conhecimentos espontâneos com as quais as crianças chegam a escola ou aprendem

por meio de experiências basicamente empíricas foram suficientes para conduzi-las

até ali, mas não serão igualmente suficientes para fazerem avançar para fases

posteriores de seu processo de apropriação de conhecimentos significativos,

especialmente os que se referem ao processo de apropriação da linguagem escrita.

A SELEÇÃO DE TEXTOS PARA A ALFABETIZAÇÃO E OS

INTERESSES DAS CRIANÇAS

Francine Veríssimo (FCLAR-UNESP/BAAE III)

13

Veronica Leonardo (FCLAR-UNESP/BAAE III)

Orientador: Francisco José Carvalho Mazzeu.

Pretendemos com este trabalho, discutir o processo de seleção de textos para uso na

alfabetização, buscando melhorias para esse processo. Embora existam controvérsias

importantes, diversos autores têm defendido o uso de textos desde o início da

alfabetização e essa tem sido a orientação oficial fornecida para as escolas estaduais

de São Paulo. A metodologia utilizada nossa pesquisa baseou-se na realização de

entrevistas com seis crianças e três professoras do segundo ano do ensino

fundamental de uma escola pública de Araraquara, sendo que as entrevistas com as

professoras foram feitas no formato de Grupo Focal. Buscamos constatar com as

entrevistas o ponto de vista das professoras em relação ao material proposto pela

Secretaria Estadual da Educação de São Paulo, que faz parte do programa Ler e

Escrever. Como resultado, pudemos perceber dois pontos relevantes: a) existe

interesse das crianças pela leitura, em especial pelo gênero textual contos de fadas,

que foi o mais mencionado por elas; b) as crianças apresentaram particular interesse

pelas histórias em quadrinhos e por personagens de televisão, o que demonstra a

importante relação da escrita com a imagem, algo que poderia ser melhor trabalhado

nos livros do Programa Ler e Escrever, de forma a enriquecer o material.

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS COMENTÁRIOS DO PROFESSOR APÓS

LEITURA EM SALA DE AULA

Gislene Rodrigues Ferreira (FCLAR-UNESP)

Orientador: Roseli Parizzi

Tem se discutido bastante a importância do diálogo após o texto lido/ ouvido para a

alfabetização de alunos no ciclo inicial, tendo em vista que esta prática pode favorecer

tanto o ensino da oralidade como o da escrita. A presente pesquisa motivada pela

minha participação no Projeto Ler e Escrever, visa acompanhar como o professor

trabalha os comentários após a leiturande textos em uma sala do 5º ano C, em uma

escola publica do interior de São Paulo. Será utilizado como referencial teórico, entre

outros, Lerner ( 2002), Gastaldi (2002). O trabalho caracteriza-se como uma pesquisa

qualitativa, partindo de uma pesquisa bibliográfica sobre o tema e observações sobre

as atividades de leitura realizadas pela professora em sala de aula. Pretende-se com

este estudo identificar a importância do dialogo construído após a leitura com os

alunos na construção de significados e na facilitação da compreensão e reescrita do

aluno em diferentes gêneros de textos.

A CRIANÇA E A PRODUÇÃO DE ENUNCIADOS IRÔNICOS:

PRECOCIDADE?

Heitor Quimello (FCLAR-UNESP/PIBIC)

Orientadora: Alessandra Del Ré

Este trabalho tem como objetivo analisar os dados de fala de uma criança (G.) em

busca das primeiras produções de enunciados irônicos. Para tanto, pretendemos

desenvolver um estudo longitudinal de cunho qualitativo. Trabalhos anteriores nos

14

mostraram que a ironia está presente na fala da criança por volta dos seus 4 anos,

sendo assim, buscamos olhar para os dados de (G.), num período anterior a essa

idade. A partir dos trabalhos de Bakhtin e do Círculo, tentamos entender as relações

dialógicas, assim como, os movimentos discursivos responsáveis pelo

desencadeamento dos enunciados produzidos pela criança. Os trabalhos de Vygotsky,

Bruner e François guiam nossas reflexões quanto ao processo de Aquisição da

Linguagem. Os primeiros resultados obtidos mostraram que, ao tratar da ironia na fala

da criança, necessitamos de uma análise mais ampla, que leve em conta relações

como ironia-humor, ironia-zombaria, considerando ainda a entoação, o gestual e o

contexto. Como considerações parciais, pudemos encontrar, na fala da criança (por

volta dos 3 anos de idade), a produção de enunciados com características próprias à

ironia, o que abre um caminho ainda maior a percorrer, em busca da categorização e

da definição do que seria ou não de fato, na fala da criança, um enunciado irônico.

INSTÂNCIAS DA LÍNGUA NA FALA DA CRIANÇA

Irani Rodrigues Maldonade (IEL/Unicamp)

O trabalho tem como objetivo refletir, mais de perto, sobre as instâncias da língua na

fala da criança. De acordo com a proposta das três posições da criança no processo de

aquisição da linguagem (v. De Lemos, 2002), a terceira posição corresponderia ao

que, na literatura em aquisição da linguagem, aparece relacionado à “capacidade

metalinguística” da criança. Neste sentido, as (auto)correções e as modificações que

acontecem na fala da criança tornam-se dados preciosos para análise, uma vez que é a

própria criança que ao escutar-se, reconhece uma diferença entre a fala do outro e sua

própria fala, interferindo na sua relação com a língua. Em etapa anterior da pesquisa,

em 2012, duas situações em que a língua foi colocada em destaque na fala de uma

criança brasileira foram analisadas: 1) aquela em que a mensagem se refere à própria

mensagem e 2) aquela em que a mensagem se refere ao código, nos termos de

Jakobson (1974). Essas duas situações estão relacionadas ao deslocamento do sujeito

no processo de aquisição da linguagem, porém de formas diferentes. Na primeira

situação, a análise de dados mostrou que a criança se encontra frequentemente, na

primeira posição da criança no processo de aquisição da linguagem de acordo com a

proposta de De Lemos (2002), enquanto que na segunda situação, a criança se

encontra na segunda ou terceira posição em seu trajeto de aquisição da linguagem.

Tais considerações permitem problematizar, em alguns aspectos, a proposta teórica

apesar de concordar que esta continua sendo uma alternativa à noção de

desenvolvimento na área de aquisição da linguagem.

DIAGNÓSTICO DE ORALIDADE: DIFICULDADES DE ALUNOS DO 1º

ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL I

Isadora Rebello Joaquim (FE-USP).

Orientador: Claudemir Belintane

O presente trabalho tem como objetivo apresentar os recursos e elementos de análise

para diagnosticar crianças no processo de alfabetização, utilizados no projeto “O

15

desafio de ensinar a leitura e a escrita no contexto do Ensino Fundamental de nove

anos”, a fim de encaminha-las a ações pautadas nas suas dificuldades.

Compreendemos a necessidade de trabalhar a língua sem isolá-la de seu universo

literário, e para isso procuramos inserir as crianças na leitura e escrita através da

oralidade, de narrativas da tradição oral, de parlendas, cantigas, brincadeiras de roda,

etc. Logo, as sondagens que aplicamos são norteadas por esta concepção, na qual se

enxerga um melhor desenvolvimento na aquisição da linguagem oral e escrita quando

a criança está imersa no campo da oralidade. Neste processo, algumas crianças

passam por entraves e são acompanhadas mais de perto. A dinâmica de atendimentos

particulares aos alunos com dificuldade também será relatada no trabalho em questão,

apontando um caso específico, no qual o aluno em foco apresenta afasias e

complicações na aquisição da fala.

ANÁLISE SOBRE O IMPACTO DO PROGRAMA BOLSA

ALFABETIZAÇÃO NA FORMAÇÃO DE LICENCIANDOS DA

FCL/UNESP/ARARAQUARA

Juliana Ferreira (Bolsista do NE/PROGRAD)

Orientador: Francisco José Carvalho Mazzeu

O presente trabalho tem o intuito analisar o impacto do Programa Bolsa Alfabetização

na formação dos licenciandos. O programa criado em 2007 pela Secretaria da

Educação do Estado de São Paulo, tem como um de seus objetivos aprimorar a

formação inicial dos estudantes dos cursos de Pedagogia e de Letras, possibilitando-

lhes atuar como docentes da rede pública. Os licenciandos apoiam os professores no

sentido de garantir que as crianças do 2º ano sejam alfabetizadas. A Faculdade de

Ciências e Letras de Araraquara/UNESP é conveniada ao programa desde 2011e

conta com a participação de 39 estudantes bolsistas, que atuam em 12 escolas do

município de Araraquara e 06 escolas do município de Matão. Os estudantes,

denominados alunos pesquisadores (APs), uma vez inseridos na escola têm a

oportunidade de conhecer a realidade escolar e, de forma continua, construir saberes

que permitem a estes resolver problemas de suas praticas pedagógicas. As análises e

as reflexões deste estudo apoiam-se em uma ampla pesquisa bibliográfica sobre o

processo de tornar-se professor e também em entrevistas com um grupo de 08 APs.

Os resultados iniciais desses dados indicam um impacto bastante positivo do

programa na formação inicial destes alunos.

SONDAGEM AMPLIADA: SUBJETIVIDADE E HETEROGENEIDADE

NA ALFABETIZAÇÃO

Laura Battaglia (FE-USP)

Orientador: Claudemir Belintane

Pretende-se discutir importância e amplitude da sondagem no processo de

alfabetização infantil como elemento fundamental na decisão dos manejos e

planejamentos das atividades alfabetizadoras subsequentes, que ponderam

heterogeneidade e subjetividade na aprendizagem. Pressupostos teóricos

16

psicanalíticos consideram: 1) remanescentes mnêmicos subjetivos são elementos

fundamentais para identidade grupal (reconhecimento e pertencimento sócio-cultural)

e individual; 2) memória subjetiva, particular e intransferível, determina

particularidades na apropriação e interpretação de textos orais e escritos,

determinantes do modo de alfabetização. Alfabetização é mais que função e domínio

particular de leitura e escrita: é também meio de troca e constituição social. Casos

explicitam que sondagem diagnóstica da alfabetização infantil não pode envolver

somente leitura e escrita (senão que também oralidade, atividades gráficas,

capacidades relacionais) e não se inicia e se esgota no início do 1º. ano do EFI,

abarcando análise de material da EI e estendendo-se permanentemente pelos dois

primeiros anos letivos. Sondagem ampliada em tempo e variedade de elementos,

permite atentar para a heterogeneidade grupal e para a subjetividade dos modos de

aprendizagem, garantindo rendimento escolar sólido e interessado.

ALFABETIZANDO: O INTERESSE DOS ALUNOS PELA LEITURA

FEITA PELA PROFESSORA

Lucas Henrique da Silva (FCLAR-UNESP)

Maria Caroline Aparecida Portero (FCLAR-UNESP)

Patrícia Fernanda de Souza (FCLAR-UNESP)

Orientadora: Eliza Maria Barbosa

Este trabalho é resultado da pesquisa realizada em turmas do 2º ano do ensino

fundamental da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Como bolsistas do

programa Bolsa Alfabetização do projeto “Ler e Escrever” recortamos para estudos

uma das situações didáticas que devem conter na rotina escolar que é a Leitura

realizada pelo(a) professor(a) O objetivo é apresentar e discutir o interesse dos

alunos pela leitura feita pela professora avaliando a pertinência pedagógica dos

recursos utilizados pela mesma no sentido de formar leitores eficientes e conscientes,

bem como indivíduos que fazem uso pleno do sistema de leitura e escrita. Os dados

estão sendo coletados por meio de dois questionários, sendo um aplicado às

professoras regentes e outro, aos alunos do 2º ano. Secundariamente, serão também

utilizadas as anotações do caderno de bordo, observações nas salas de aula e materiais

produzidos pelos alunos. Nossas primeiras observações e análises indicam

parcialmente, que a atuação do professor possui papel determinante na definição do

interesse do aluno pela leitura.

UM OLHAR DIFERENTE SOBRE A ALFABETIZAÇÃO

Luiz Carlos Cagliari (FCLAR-UNESP)

Durante muitos anos, tenho falado, escrito e discutido questões importantes sobre o

processo de alfabetização. O foco principal sempre foi as questões linguísticas e,

eventualmente, também a questão mais abrangente da Educação no Brasil. Na minha

comunicação, não há nada de novo que eu já não tenha tratado antes. Porém, partindo

das questões linguísticas mais importantes, irei discutir, de um ponto de vista

cognitivo, o processo de ensino e de aprendizagem. A questão linguística mais

17

importante na alfabetização é, sem dúvida, a variação linguística, em todas as suas

dimensões sociolinguísticas e também relativas à natureza, função e uso dos sistemas

de escrita. A variação é imponderável na mente do aprendiz. À semelhança do gato de

Schrödinger, é impossível dizer o que acontece. Somente através de resultados de

outra natureza, pode-se fazer um julgamento exato do que aconteceu. A alfabetização

sempre privilegiou o ensino. Considerações relativas à aprendizagem costumam

também estar ligadas ao ensino, porque o ensino é a medida do que se aprende, na

escola. Uma visão cognitiva do processo de aprendizagem, começa com a noção de

entropia. O desarranjo causado por qualquer ideia nova precisa voltar a uma situação

de equilíbrio, para que o caos se torne um elemento aprendido e operacional. Esse

olhar diferente sobre a alfabetização, certamente, necessita de elementos novos

educacionais para sua implementação. No momento, estamos ainda olhando a mente

do aprendiz, como quem está diante da caixa de Schrödinger. Nos últimos 30 anos, a

linguística cognitiva, em particular a semântica cognitiva, tem desenvolvido uma

teoria, cada vez mais sólida e adequada para explicar a linguagem na mente das

pessoas. As noções de sistema complexo e de categorização são um bom começo para

se entender como a mente funciona. Mas, há outras questões importantes e

fundamentais. O cérebro não é a mente. O cérebro recebe as informações vindas dos

sentidos e as processa. Por exemplo, a cor roxa não existe na natureza, porque não há

nenhuma frequência de onda simples ou composta que a gere. Porém, o cérebro

resolveu "criar" uma cor, a partir de certos estímulos luminosos. O fato de o cérebro

criar interpretações é a função da mente. Portanto, o processo de aprendizagem não

exatamente o que algumas pessoas acham que é. Está na hora de o processo de ensino

e de aprendizagem se aproveitarem desses conhecimentos em benefício da Educação

e, em particular, do processo de alfabetização.

INFLUÊNCIAS DA LÍNGUA ORAL NO APRENDIZADO DA LÍNGUA

ESCRITA

Maiara Helena da Silva Pugliesi(FCLAR-UNESP)

Monica Martins Oliveira(FCLAR-UNESP)

Orientadora: Roseli A. Parizzi

Partindo da compreensão da diferença existente entre língua oral e língua escrita e de

sua importância no processo de alfabetização, e tendo também a oportunidade de

vivenciar o cotidiano de duas turmas de 2º ano do Ensino Fundamental, como

bolsistas do Programa Bolsa Alfabetização, definimos, como objetivo de

investigação, a identificação das características da escrita desses alunos. Tomamos

como ponto de partida para as análises as produções escritas de sala de aula no gênero

“bilhete”. O referencial teórico utilizado é sobretudo o do projeto “Ler e Escrever”,

implementado na rede estadual, mas usamos também outros textos relacionados ao

tema. Desenvolvemos uma investigação didática, na qual estão envolvidos o aluno

alfabetizando, o professor e o aluno pesquisador. Desse modo, temos a possibilidade

de coletar os dados no decorrer da situação real do processo de ensino e de

aprendizagem na sala de aula. Os dados preliminares apontam a existência da

hipossegmentação (junção de palavras) na escrita, o que pode indicar que os alunos

ainda não compreendem que a lingua escrita não é igual à lingua falada.

18

UM NOVO OLHAR SOBRE A UNIDADE LINGUÍSTICA: UMA

PROPOSTA ENUNCIATIVA PARA OS ESTUDOS EM AQUISIÇÃO DA

LINGUAGEM

Márcia Cristina Romero Lopes (EFLCH – UNIFESP)

De muito a questão sobre quais categorias considerar na análise das produções

linguísticas da criança vem sendo discutida. Que não se deve tomar a gramática do

adulto como parâmetro para o estabelecimento de tais categorias, isso já é um

consenso. Contudo, há ainda um aspecto que, a nosso ver,merece reflexão, embora

essa discussão já possa ter sido efetuada em outras circunstâncias: se a recusa da

gramática do adulto por parâmetro é fato atestado, qual gramática – e, mais

precisamente, qual concepção de língua – entra em seu lugar, sobretudo quando o que

está em jogo, no tratamento dos dados, é a aquisição de marcas léxico-gramaticais do

ponto de vista de seu funcionamento semântico? Para dar um único exemplo

relacionado a unidades ditas gramaticais, posto que as análises mais usuais do

pretérito perfeito trazidas por diferentes referenciais teóricos não são suficientes para

explicar sequer o que é observado na gramática do adulto, o estudioso da linguagem

da criança depara-se, de saída, com uma falta, visto não existir uma concepção

plausível do funcionamento deste tempo verbal na qual se fundamentar. Com efeito,

se se propuser a analisar as produções linguísticas das crianças a partir da definição

usual de pretérito perfeito, a tendência será a de tomar por parâmetro o sentido de

base que lhe é comumente atribuído – o de “fato do passado” –, o que está longe de

explicar até os valores semânticos observados nos usos; se, por outro lado, se se

propuser a fazer a sua análise a partir de valores já descritos nos usos, volta-se ao

impasse inicial, já que muitas produções infantis – aliás, como outras produções – não

são por eles abarcadas. Esses questionamentos iniciais permitem delinear o objeto

deste trabalho: se, nas línguas, lidamos com fenômenos de grande complexidade,

“uma complexidade em que não se pode separar a reflexão sobre o signo da reflexão

sobre o sentido” (CULIOLI, 2003, p.138), ou se há, nos empregos da língua,

necessariamente variação semântica, nota-se a necessidade de se estabelecer um novo

olhar sobre o que funda, semanticamente, a unidade linguística no que concerne o

sistema linguístico. Essa discussão far-se-á tomando por ilustração os empregos

referentes ao uso do pretérito perfeito observados nas interações das quais G. (2;10-

26, Banco de dados NALíngua, UNESP-FCLAR) participa e ajuda a construir.

REDAÇÃO COOPERATIVA: A IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO NA

AQUISIÇÃO DA ESCRITA

MônicaLeite de Araujo(FCLAR-UNESP)

Orientadora: Alessandra Del Ré

Para um escritor principiante, a complexidade das atividades que devem ser realizadas

conjuntamente para produzir um texto cria uma verdadeira dificuldade que pode

conduzi-lo a um impasse, cujos efeitos inibidores podem ser nefastos. Parece-nos

fundamental, portanto, ressaltar a importância do contexto de comunicação na

aquisição da escrita, através do qual se cria um espaço onde a criança pode se

19

exprimir, criar, explorar, questionar e construir um texto do qual se orgulha. Partindo

dessa hipótese, observamos crianças de 9 anos de idade, escrevendo em pares uma

história de terror, sem rascunho, diretamente no computador. O procedimento

utilizado foi o indutivo. Autores como Bakhtin (1984), Vygotsky (1985) e De

Gaulmyn (1994), nos forneceram respaldo teórico. Os métodos descritivos se

inspiraram na análise do diálogo, na gramática do texto e na aquisição da linguagem.

O objetivo é colocar em evidência a dinâmica da produção escrita, tornando visíveis

alguns dos diferentes procedimentos implicados no processo redacional e as

estratégias de escrita adotadas. Esse trabalho interativo solicita a busca de soluções

partilhadas e leva as crianças a níveis mais elevados de funcionamento interpsíquico,

uma vez que chamadas a uma reflexão sobre o próprio discurso, no nível da coerência

(local e global) e das regras gramaticais.

PRODUÇÃO DE TEXTOS NA ALFABETIZAÇÃO

Naiara Cristiane Cunha(FCLAR-UNESP)

Isabela Antunes de Oliveira (FCLAR-UNESP)

Orientador: Francisco José Carvalho Mazzeu

Este resumo tem por objetivo, apresentar os resultados dos estudos e das atividades

desenvolvidas em uma sala de aula no 2º Ano do Ensino Fundamental por meio do

projeto Bolsa Alfabetização, que é uma parceria entre a UNESP Araraquara e a rede

estadual de ensino.O desenvolvimento das atividades ocorreu mediante a seleção de

textos para serem usados na alfabetização. Foram trabalhados textos de diferentes

gêneros, tais como: histórias em quadrinhos, parlendas e fábulas. O objetivo foi fazer

com que esses alunos vivenciassem momentos de leitura e escrita e, através desse

processo, desenvolvessem sua criatividade e imaginação para produzirem seus

próprios textos narrativos. A partir da aplicação dessas atividades em sala de aulafoi

possível notar as dificuldades encontradas por essas crianças na produção desse tipo

de texto. Para melhorar a capacidade das crianças para explorar as inúmeras

possibilidades de uma narrativa estão sendo estudadas as técnicas sugeridas por

RODARI no livro Gramática da Fantasia (1982). Os resultados obtidos no decorrer

das atividades propostas em sala de aula mostram que as crianças se envolvem com as

histórias quando são estimuladas participar e a trabalhar modificando os textos. Com

isso de pode perceber uma mudança positiva na rotina escolar desses alunos.

ATIVIDADES RELACIONADAS À LEITURA EM SALA DE AULA E SUA

RELAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DO ALUNO LEITOR

Raíra de Azevedo(FCLAR-UNESP)

Cintia Cristina Ferreira(FCLAR-UNESP)

Orientador: Roseli A. Parizzi

As atividades que envolvem a prática da leitura, tanto pelo professor quanto pelo

aluno, realizadas em sala de aula são de extrema importância para o desenvolvimento

do aluno leitor. Na escola deve-se ler para as crianças todos os dias e incentivar a

leitura dentro e fora do ambiente escolar, a fim de se criar um hábito positivo.

20

Partindo de nossa experiência como alunas pesquisadoras do projeto Bolsa

Alfabetização em duas salas de 2º Ano do ensino fundamental de escolas de uma

cidade do interior paulista, desenvolveremos uma pesquisa qualitativa, iniciando

umlevantamento dos diferentes livros utilizados em sala de aula, observando as

atividades desenvolvidas pela professora referentes à leitura e realizaremos uma

entrevista semi-estruturada com os alunos para identificar as preferências de gêneros

textuais nesta fase de escolaridade. Nosso trabalho será fundamentado pelo livro de

Maria Alice Faria “Como usar a literatura infantil em sala de aula”, pelo artigo de

Giane C. Cardoso e Rita C.B. Pelozo “A importância da leitura na formação do

indivíduo” e pelo material do Ler e Escrever.

O HOMEM NÃO NASCE NA NATUREZA, MAS NA CULTURA: ASSIM

FALA UMA CRIANÇA

Valdir do Nascimento Flores (UFRGS)

Este trabalho busca desenvolver uma reflexão a respeito da linguagem da criança a

partir da relação homem, linguagem e cultura. Para tanto, eleva à condição de axioma

a afirmação de Émile Benveniste, que serve de título a esta Conferência, presente em

entrevista de 1968, transcrita em Problèmes de linguistiqueGènèrale II (1974),

“Structuralisme et linguistique”: o homem não nasce na natureza, mas na cultura. A

proposta é, enfim, sustentar que na língua se manifesta a condição do homem como

ser falante e que essa condição é uma função essencial desse homem, do homem que

fala, o que a torna objeto de uma antropologia: uma antropologia da linguagem que

implica uma antropologia da enunciação.

DIALOGISMO E MEMÓRIA EM PROCESSOS DE ESCRITURA EM ATO

Eduardo Calil (UFAL/NALingua)

Este trabalho tem por objetivo discutir a relação entre dialogismo e memória,

considerando como objeto de investigação o processo de escritura em ato.

Caracterizado enquanto um estudo de caráter etnolinguístico, propomos uma

articulação entre as noções de “memória semântica” e “memória do objeto”. A

articulação proposta tem como referência teórica a Genética de Textos e a Linguística

da Enunciação, defendendo a hipótese de que a condição dialógica e intersubjetiva do

escrevente perfaz o conteúdo ativado durante a geração e formulação de uma ideia.

Para tal, analisamos os minutos iniciais de um processo de escritura de uma história

inventada, efetivado (e filmado) em contexto escolar, do qual participam duas alunas

recém-alfabetizadas (6 anos). O resgate desta dinâmica revelou não apenas o modo

como o título foi gerado e a importância do contexto letrado, mas principalmente, o

papel do acaso e do imprevisível para a compreensão de seu funcionamento.

CONTRIBUIÇÕES DA PERSPECTIVA MULTIMODAL PARA A

AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

21

Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante (UFPB)

Buscamos neste trabalho apresentar o papel da perspectiva multimodal para a

compreensão do processo aquisisicional da linguagem. Para isso, partimos da visão de

que gesto e fala compõem uma mesma matriz significativa (KENDON, 1989;

McNEILL, 2000) e defendemos a necessidade desse olhar quando nos debruçamos

para os processos aquisicionais. Para demonstrar tal funcionamento trazemos dados

de interação diversos: mãe-bebê entre 0 e 48 meses mãe-criança autista; mãe criança

com síndrome de moebius; mãe criança cega. Buscamos com este mosaico de dados

ilustrar como se dá a dinâmica interacional compartilhada por estas díades e como

olhar os dados aliando gesto e fala permite uma compreensão diferenciada da

aquisição da linguagem.

A CONTRIBUIÇÃO DO ESTUDO DOS SISTEMAS E DA HISTÓRIA DA

ESCRITA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Gladis Massini-Cagliari (UNESP-FCLAr/NALingua)

Esta apresentação volta-se para questões relacionadas aos sistemas de escrita no

processo da alfabetização. Embora o alfabético seja o sistema de escrita que mais

usamos no nosso dia a dia, inseridos no nosso mundo de letramento, utilizamos

também muitas formas de escrita ideográfica, como os números, os sinais de trânsito,

os ícones de variados tipos, etc. Por este motivo, são imprescindíveis trabalhos de

diferenciação dos diversos tipos de escrita que nos rodeiam. Além disso, faz-se

necessária a distinção entre os tipos de escrita fonográfica: silábica, consonantal,

alfabética e ortográfica. A complexidade do mundo da escrita é, ainda, intensificada

pelo uso de diversos estilos de letras, o que torna a categorização gráfica dos

caracteres por vezes muito complicada para o aprendiz, no momento da alfabetização

– o que pode complicar seu processo de categorização funcional das letras,

fundamental para o processo de leitura.

INTERAÇÃO ENTRE PAIS E FILHOS POR MEIO DA FALA: VISÃO

FONOAUDIOLÓGICA

Zelita Caldeira Ferreira Guedes (UNIFESP)

A comunicação é a característica mais importante do ser humano. Desde os primeiros

momentos da vida, a criança se comunica com sua mãe por meio do olhar, do choro e

do riso, para posteriormente fazê-lo pela fala e linguagem. Bruner (1998) afirma que

antes da fala, a criança expressa sua comunicação por meio de gestos e outras formas,

geralmente demonstradas pela mímica facial. A criança adquire a linguagem com o

auxílio da percepção, com o uso da motricidade, e os conceitos sociais e da

linguagem, assim como as regras gramaticais e lingüísticas são aprendidas por meio

da interação social. Joanna Ryan (1974) explora o fato de que a mãe normalmente

decifra as vocalizações de seus filhos, por meio de interpretação, comentário,

devolutiva, repetição e finalmente confirma o que a criança falou. Esta interação

proporciona o desenvolvimento da linguagem por meio do diálogo, da troca de turnos,

22

que inicialmente é realizada por sons e imagens. Este é um importante período na vida

do bebê, em que a musculatura da língua, dos lábios, das bochechas; os movimentos

mandibulares; a percepção auditiva e visual para a fala é estimulada, para que em

alguns meses, este bebê seja capaz de expressar as primeiras palavras com

significado. A partir dos 2 anos as estruturas primárias passam a ter uma

representação interna – as palavras passam a ter significados e conceitos. (Fernandes,

2008) Todo o processo dialógico que agora ocorre tem como propósito a

comunicação, mas acaba favorecendo o desenvolvimento da linguagem e favorece a

correção dos padrões incorretos que, por ventura a criança vier a realizar. Trocas,

omissões e distorções dos sons da fala podem ocorrer por diferentes motivos e será do

adulto a responsabilidade de conduzir o alinhamento da produção de acordo com a

Língua. A observação do desenvolvimento da fala é um excelente instrumento para a

verificação se o mesmo ocorre com desenvoltura, ou se há necessidade de

interferência. Os processos fonológicos tem o seu período para o aparecimento e sua

correção, dependendo da dificuldade motora exigida para essa manifestação.

Normalmente será o fonoaudiólogo, o profissional que se encarregará de avaliar e

criar condições de acerto para aquelas crianças que apresentarem um padrão

inadequado, favorecendo a qualidade da execução da fala.

O PAPEL DA CRIANÇA NO INSTITUTO ORATORIA DE QUINTILIANO

Marly de Bari Matos (PPGL-USP)

Ao longo dos séculos I e II d.C., importantes obras da literatura latina destinaram a

passagens extensas considerações sobre a formação recebida pelos pueri romanos. Em

geral, os autores focalizaram a educação escolar ministrada aos meninos a partir do

ensino do grammaticus, desconsiderando a etapa preliminar dos estudos gerida, via de

regra, pela mãe, pelas amas e pelo litterator. Nesse contexto, a Institutio Oratoria de

Quintiliano surge com uma inovação apontada pelo autor no prefácio da obra: tratar

da fase que seria a mais significativa da formação do cidadão romano, a infância. Nos

livros I e II, portanto, Quintiliano dedica-se a apresentar os meios pelos quais as amas

e, posteriormente, o litterator deveriam introduzir o puer às primeiras letras e

palavras, corrigindo-lhes os erros de dicção, escrita e leitura, deixando ver o papel da

criança no processo de aquisição da linguagem. Levando em consideração alguns dos

dados coletados pelo grupo, faremos, aqui, uma leitura crítica de algumas passagens

dessa obra, buscando traçar um contraponto, entre as concepções antiga e moderna,

do papel assumido pela criança dentro de tal.

CONTRIBUIÇÃO DA EXPERIÊNCIA PRÁTICA NA APRENDIZAGEM

DA DOCÊNCIA: A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA BOLSA

ALFABETIZAÇÃO

Roseli A. Parizzi (UNESP-FCLAr)

Muitos autores apontam que tornar-se professor pode ser considerado um processo

complexo, uma vez que, aprender a ensinar depende de experiências e conhecimentos

diversos, que têm inicio antes da escolarização formal e prolonga-se por toda a vida

23

profissional. A partir da premissa que a formação inicial deva ser valorizada não

podemos deixar de considerar a importância de algumas necessidades não supridas

durante esse período. De alguma forma os professores constroem seus saberes no

decorrer de sua carreira docente. Acreditamos, de um lado, que a formação básica

pode fornecer alguns elementos que favoreçam tal processo. De outro lado, essa

formação está associada a um conjunto de fatores relacionados ao cotidiano escolar

(Parizzi, 2000). A possibilidade dos alunos vivenciarem diariamente as experiências

da sala de aula, proporcionada pelo Programa Bolsa Alfabetização, nos remeteu,

enquanto orientadora, a um questionamento (mais contundente) sobre o papel e o

lugar da formação básica oferecida nos cursos de licenciatura para o exercício docente

na educação básica. Na tentativa de interpretar essa experiência, aproximando a

formação básica recebida na universidade às rotinas e culturas escolares vivenciadas

nas escolas parceiras, optamos pelo referencial de como a formação de professores

pode ser construída dentro da profissão docente (Nóvoa, 2003) e sua influência na

formação dos alunos estagiários.

AQUISIÇÃO DA ESCRITA E ESTILO

Natália Grecco (UNESP-FCLAr)

Marina Célia Mendonça (UNESP-FCLAr)

Trabalhos que tratam de questões relacionadas ao estilo, geralmente, atêm-se às

marcas próprias de determinado autor em textos literários. Relacionar o estilo a textos

de estudantes não é uma tarefa fácil; porém tem sido explorada no Brasil,

principalmente a partir dos anos noventa. Exemplo é a pesquisa de Abaurre, Fiad e

Mayrink-Sabinson. O trabalho das autoras é inovador ao propor uma metodologia

diferenciada das existentes na época, que visavam os dados homogêneos, os quais

demonstravam regularidades. Elas, por sua vez, adotaram a proposta de análise

indiciária proposta por Ginzburg. Aplicando esse paradigma à aquisição da escrita, as

autoras propuseram um método de análise baseado no dado único, no singular. A

partir dessa metodologia, propuseram um conceito de estilo que consiste em

considerar marcas de estilísticas aquelas que revelam o trabalho do sujeito com a

linguagem, uma escolha do escrevente. Ressaltam que essa escolha não é totalmente

livre, estando, por exemplo, no campo de definição dada pelos gêneros do discurso.

Considerando que, na esfera escolar, as crianças são levadas a produzir determinados

gêneros, segundo determinados parâmetros de linguagem e textualidade, as autoras

denominaram a homogeneidade exigida pela instituição de ensino como estilo escolar.

A partir das pesquisas das autoras, nossa proposta é aprofundar a reflexão sobre

alguns postulados bakhtinianos que interferem na questão do estilo. Temos como

objetivo refletir sobre como a esfera de atividade (em nosso caso, a escolar) interfere

nos gêneros do discurso produzidos pela criança. Ao mesmo tempo, também podemos

perceber a emergência de um estilo individual que é revelado nos pequenos

movimentos realizados pelas crianças dentro do gênero imposto pela escola.

A LÍNGUA ESTRANGEIRA E O APRENDIZ: CONSIDERAÇÕES SOBRE

SUBJETIVIDADE, IDENTIDADE E DESLOCAMENTOS

24

Rafaela Giacomin Bueno (UNESP-FCLAr)

Patícia Falasca (UNESP-FCLAr)

O presente trabalho busca mostrar uma aproximação das pesquisas em

aquisição/aprendizagem de Língua Estrangeira (LE) com a perspectiva bakhtiniana de

estudos. Para tanto, trazemos dados de dois grupos de aprendizes de LE e buscamos

pensar suas produções com base nos estudos de Bakhtin e dos demais estudiosos que

compuseram as reflexões do chamado círculo bakhtiniano. Pensamos que, encarando

a língua como algo dinâmico e as contruções dos significados estando em

reorganização nos discursos e sempre em relação com os demais discursos presentes

numa sociedade, a LE emerge no aprendiz a medida que ele deixa-se tomar por tal

língua, colocando-se em contato com ela e com o recorte da realidade por ela trazido.

A língua, nesse ponto de vista, existe a partir de uma sociedade de indivíduos

organizados, capazes de compartilhar signos ideológicos, sendo a própria língua,

ideológica por natureza (BAKHTIN/VOLOSHINOV, 2006, 1976). Ao mesmo tempo,

a língua é essencialmente dialógica, à medida que todos os enunciados fazem parte de

uma cadeia de enunciados já ditos anteriormente e que suscitam outros diálogos,

futuros. Nesse contexto, adquirir a língua materna (LM) é também adentrar na

corrente de diálogos presentes na sociedade e, por meio da linguagem, a criança

constitui-se enquanto sujeito no mundo. Assim, a LM é a base para a subjetividade e

as organizações psíquicas da criança. Tal subjetividade está em constante

reformulação ao longo da vida do sujeito, permitindo a ele a emergência de diferentes

facetas, de acordo com os diálogos com os quais toma contato. Acreditamos que

adquirir/aprender uma LE seja entrar em contato com novos recortes da realidade

trazidos pela nova língua e pela corrente de discursos diferenciada, existente em sua

sociedade falante nativa. Assim, tomando a noção de subjetividade – formada na e

pela LM – e a reorganização proposta pela LE, consideramos que seja necessária uma

série de deslocamentos (FRANÇOIS, 2006, 1993) do aprendiz para que ele se

coloque na língua que deseja aprender. Desta forma, obervamos, partindo da

perspectiva bakhtiniana de estudos, como se dão tais deslocamentos, pensando

também na subjetividade e identidade de aprendizes brasileiros adultos de inglês

como LE e de uma criança brasileira aprendiz de espanhol em escola bilíngue.

Pensando na relação dos sujeitos com a LE e nas implicações trazidas por ela,

buscamos também pensar de que maneira a perspectiva bakhtiniana nos auxilia a

entender os processos de aquisição/aprendizagem de línguas.

MEMÓRIA E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA

ALFABETIZAÇÃO

Larissa de Paula Ferreira (bolsista PEJA/PIBID)

Jacqueline Michelle de Assis Balmant (bolsista PEJA/PROEX)

Orientador : Prof. Dr. Francisco José Carvalho Mazzeu

Na alfabetização, o aprendizado da leitura e da escrita é um processo muito complexo,

pois exige uma superposição de conceitos e habilidades motoras e cognitivas, tais

como: a memorização e o conhecimento profundo das diferenças entre a oralidade e a

linguagem escrita. Observa-se que a memória é um fator essencial para o

aprendizado. Segundo Luria (1991), a memória pode ser entendida como “o registro,

a conservação e a reprodução dos vestígios da experiência anterior, registro esse que

25

dá ao homem a possibilidade de acumular informação e operar com os vestígios da

experiência anterior após o desaparecimento dos fenômenos que provocaram tais

vestígios”. Na experiência de alfabetização do PEJA – Programa de Educação de

Jovens e Adultos, observamos que os educandos apresentam grande dificuldade para

memorizar a relação dos fonemas com os grafemas. Para tentar superar essa

dificuldade estão sendo realizadas atividades que tragam um sentido para essas

relações. Também estão sendo utilizadas atividades que ativam a memória visual e

atividades envolvendo música, que estimulam a memória auditiva. Conclui-se que o

trabalho de reforçar a memória das relações fonema-grafema é fator importante no

desenvolvimento da alfabetização, levando os educandos a compreenderem melhor a

leitura e o uso social da linguagem escrita.

INTRODUÇÃO E USO DA LETRA CURSIVA NA ALFABETIZAÇÃO

Camila Lariane Gonçalves Belgamo ( Projeto Bolsa-Alfabetização)

Orientador: Prof. Dr. Francisco José Carvalho Mazzeu

Na alfabetização, o aprendizado da leitura e da escrita é um processo muito complexo,

pois exige uma superposição de conceitos e habilidades motoras e cognitivas, tais

como: a memorização e o conhecimento profundo das diferenças entre a oralidade e a

linguagem escrita. Observa-se que a memória é um fator essencial para o

aprendizado. Segundo Luria (1991), a memória pode ser entendida como “o registro,

a conservação e a reprodução dos vestígios da experiência anterior, registro esse que

dá ao homem a possibilidade de acumular informação e operar com os vestígios da

experiência anterior após o desaparecimento dos fenômenos que provocaram tais

vestígios”. Na experiência de alfabetização do PEJA – Programa de Educação de

Jovens e Adultos, observamos que os educandos apresentam grande dificuldade para

memorizar a relação dos fonemas com os grafemas. Para tentar superar essa

dificuldade estão sendo realizadas atividades que tragam um sentido para essas

relações. Também estão sendo utilizadas atividades que ativam a memória visual e

atividades envolvendo música, que estimulam a memória auditiva. Conclui-se que o

trabalho de reforçar a memória das relações fonema-grafema é fator importante no

desenvolvimento da alfabetização, levando os educandos a compreenderem melhor a

leitura e o uso social da linguagem escrita.

INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS

E ADULTOS

Cássia Regina dos Santos (bolsista PEJA/PROEX)

Orientador: Prof. Dr. Francisco José Carvalho Mazzeu

O presente trabalho busca apresentar uma reflexão sobre um instrumento de avaliação

da alfabetização de jovens e adultos utilizado no âmbito do Programa Brasil

Alfabetizado (PBA) em Araraquara. Para a elaboração desse instrumento foram

tomadas como referências: as Matrizes de Avaliação do PBA/MEC, a última edição

da “Provinha Brasil” usada para verificar a alfabetização de crianças, bem como as

sugestões dos(as) alfabetizadores(as) que se reuniram com o propósito de debater essa

avaliação. Um dos elementos também considerado foi o próprio conceito de

26

Alfabetização. De acordo com a definição da UNESCO, adotada por órgãos como o

IBGE, uma pessoa alfabetizada deve ser capaz de ler e escrever pelo menos um

bilhete simples no idioma que conhece. Com base nesse conceito foi elaborada uma

prova, envolvendo questões de múltipla escolha e questões dissertativas a ser

realizada pelos adultos inscritos no PBA. Com a aplicação do instrumento será

possível verificar se uma avaliação baseada na leitura, escrita e interpretação de

bilhetes, bem como em outras atividades relacionadas à prática social dos educandos

adultos fornece informações adequadas para a identificação do sucesso desse processo

de ensino e dos pontos a serem revistos e aprofundados no caso dos alfabetizandos

que não atingiram os resultados esperados.

A RELAÇÃO ENTRE A COMPREENSÃO E A MEMORIZAÇÃO NO

PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Izac Trindade Coelho (Bolsista FUNDUNESP)

Orientador: Prof. Dr. Francisco José Carvalho Mazzeu

O presente trabalho busca apresentar uma reflexão sobre um instrumento de avaliação

da alfabetização de jovens e adultos utilizado no âmbito do Programa Brasil

Alfabetizado (PBA) em Araraquara. Para a elaboração desse instrumento foram

tomadas como referências: as Matrizes de Avaliação do PBA/MEC, a última edição

da “Provinha Brasil” usada para verificar a alfabetização de crianças, bem como as

sugestões dos(as) alfabetizadores(as) que se reuniram com o propósito de debater essa

avaliação. Um dos elementos também considerado foi o próprio conceito de

Alfabetização. De acordo com a definição da UNESCO, adotada por órgãos como o

IBGE, uma pessoa alfabetizada deve ser capaz de ler e escrever pelo menos um

bilhete simples no idioma que conhece. Com base nesse conceito foi elaborada uma

prova, envolvendo questões de múltipla escolha e questões dissertativas a ser

realizada pelos adultos inscritos no PBA. Com a aplicação do instrumento será

possível verificar se uma avaliação baseada na leitura, escrita e interpretação de

bilhetes, bem como em outras atividades relacionadas à prática social dos educandos

adultos fornece informações adequadas para a identificação do sucesso desse processo

de ensino e dos pontos a serem revistos e aprofundados no caso dos alfabetizandos

que não atingiram os resultados esperados.

O QUE ACONTECE COM AS CRIANÇAS QUANDO ELAS PRECISAM

ESCREVER POR CONTA PRÓPRIA?

Camila Quadre Perez (Projeto Bolsa-Alfabetização)

Caroline de Lira Mauri (Projeto Bolsa-Alfabetização)

Orientador: Prof. Dr. Francisco José Carvalho Mazzeu

O presente trabalho tem o intuito de analisar situações didáticas do cotidiano da sala

de aula, focando especificamente o processo de produção de pequenos textos ser

realizado de forma independente pelos alunos. Por meio do projeto Bolsa-

Alfabetização, realizado através de convenio entre a FCL e a Secretaria Estadual da

Educação veem sendo feitas observações em salas de alfabetização do 2º. ano (1ª.

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série) do ensino fundamental. Foi possível contatar que, quando os alunos são

solicitados pela professora a “escrever por conta própria” algum texto, surgem

diversas reações negativas desde choro até a falta de interesse em concluir a atividade

proposta. Após a identificação de tais dificuldades foram elaboradas e apresentadas

atividades específicas de construção de frases, que possam auxiliar os alunos e

também o próprio professor nesse processo, de modo que as complexas operações

necessárias para produzir um texto possam ser internalizadas pelas crianças e tornem-

se algo mais natural e possível de ser realizado por elas. Conclui-se pela importância

de realizar atividades específicas de construção de frases para uma melhor

compreensão e fixação das estruturas próprias da escrita por parte das crianças, que se

sentem ainda bastante inseguras quando se deparam com situações de produção de

textos.

CONTRIBUIÇÕES DA VISÃO HISTÓRICO-CULTURAL PARA OS

ESTUDOS SOBRE ALFABETIZAÇÃO

Francisco José Carvalho Mazzeu (UNESP-FCLAr)

A abordagem histórico-cultural possui diversos representantes e vertentes que não

formam um bloco monolítico. No entanto, apresenta uma sólida base comum

sustentada pela concepção marxiana de mundo. Inspirados por essas ideias, autores

como: Vigotsky, Bakhtin, Lucaks, Saviani, dentre outros, tem procurado aplicar essa

concepção a campos específicos da atividade humana (psicologia, linguagem,

filosofia, educação, etc.) constituindo escolas e círculos de colaboradores. Nesses

campos específicos, correntes como: o comportamentalismo e o construtivismo, o

objetivismo abstrato e o subjetivismo idealista, a pedagogia tradicional e o

escolanovismo, o materialismo mecanicista e o idealismo têm alimentado embates e

debates intermináveis e provocado muitas vezes um “movimento pendular” nos

estudos e nas práticas. A concepção histórico-cultural, por sua vez, procura superar

essas polarizações, bem como as dicotomias e dilemas teórico-práticos que delas

decorrem. No terreno da alfabetização, uma das decorrências dessa abordagem é que

não se pode separar a aprendizagem do ensino da língua. Conceber a aquisição da

linguagem, especialmente da escrita, como um processo individual de descoberta, no

qual a sociedade apenas fornece um ambiente favorável, pode ser tão unilateral

quanto defender a ideia de que o conhecimento sobre a linguagem é passado às novas

gerações apenas através do treino e da associação de estímulos. Portanto, se o

educador não é aquele que transmite uma linguagem estática e acabada, com suas

regras bem estabelecidas, tampouco é um mero facilitador da atividade de uma

criança (ou adulto) que pesquisa a linguagem formulando hipóteses para descobrir seu

funcionamento. A chave para compreender a dialética desse processo de ensino-

aprendizagem está em desenvolver conceitos como a mediação social, entendendo

que a atividade individual se desenvolve por meio da internalização das práticas

sociais, as quais cada indivíduo, por sua vez, refrata e reelabora a partir do seu

sistema de motivos e de sua biografia. Como o educador tem um papel ativo nesse

processo, não cabe rejeitar os métodos de alfabetização (como faz o construtivismo),

mas buscar novos métodos que não caiam no formalismo abstrato das propostas

tradicionais. Diversos exemplos desse esforço podem ser apontados: a busca de

instrumentos de avaliação baseados no conceito de Zona de Desenvolvimento

Proximal, que superem a sondagem construtivista que se disseminou em muitas

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escolas, a busca de formas adequadas para inserir Textos na alfabetização sem

descuidar do ensino sistemático das relações entre fonemas e letras, entre outros

desafios teórico-práticos.

O IRROMPER DE CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL NA

ESCRITA ALFABÉTICA

Roseli Vasconcellos (UNESP-FCLAr)

Proponho-me, neste trabalho, a focalizar a aquisição da escrita por crianças com

paralisia cerebral (PC), por mim atendidas na área de Fonoaudiologia em uma clínica-

escola integrada, na cidade de São Paulo. Esclareço que entre as quatro crianças

selecionadas para a pesquisa, apenas uma oralizava. Além do atendimento clínico,

esse grupo de crianças frequentava a sala de alfabetização da instituição, que

acompanhei em uma atividade semanal de uma hora de duração, com a proposta de

investir em práticas de leitura e reprodução dos textos lidos. Essa proposta surgiu de

uma inquietação minha diante das dificuldades que uma dessas crianças, em especial,

apresentava em relação à aquisição da escrita, principalmente no que tocava à sua

leitura e das queixas que a professora a mim dirigia. Observando as práticas

desenvolvidas em sala de aula e as pequenas produções de textos solicitadas aos

alunos, chamou a minha atenção o fato que eles eram pouco familiarizados com

textos escritos e que não tinham acesso aos textos escritos lidos pelo professor. Diante

do que pude observar, fiz uma proposta de atuação na sala de aula, com o objetivo de

colocar essas crianças diante da escrita, naquilo que ela tem de particular. Esse

trabalho se estendeu por três anos e rendeu resultados bastante surpreendentes, além

de ter modificado a relação das crianças com os textos propostos e suas produções

escritas. Minha filiação teórica ao Interacionismo Brasileiro em Aquisição da

Linguagem tal como proposto por Cláudia De Lemos e a linha de pesquisa Aquisição,

Patologias e Clínica de linguagem sob a coordenação de Maria Francisca Lier-

DeVitto, que integro, levaram-me ao trabalho de Mota intitulado O quebra-cabeça da

escrita (IEL/Unicamp,1995), em que me inspirei do ponto de vista teórico, para

realizar o projeto com minhas crianças com PC. Em minha exposição oral analisarei

dados de produções escritas dessas crianças em diferentes momentos da intervenção

proposta. Antecipo que em suas produções iniciais, chamam a atenção os cruzamentos

entre fala e escrita, escrita e escrita e escrita e símbolos de sistemas gráfico-visuais

implementados no atendimento clínico fonoaudiológico junto às crianças que não

oralizam. É nesses cruzamentos - que produzem erros - que essas crianças aparecem

como sujeitos: sujeitos que falam uma fala-escrita.

A INTERAÇÃO DINÂMICA ENTRE DISCURSOS: UMA ANÁLISE DA

RETOMADA DA FALA DA CRIANÇA PELOS PAIS

Paula Cristina Bullio (UNESP-FCLAr)

Rosângela Nogarini Hilário (UNESP-FCLAr -FAPESP)

Este trabalho tem como objetivo refletir acerca da retomada do discurso de outrem no

interior do diálogo, sendo este “outrem” a criança pequena, tendo seu discurso

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retomado pelos pais. Para isto, fundamentamo-nos nas reflexões propostas por

Bakhtin e seu Círculo, em especial na obra Marxismo e Filosofia da Linguagem

(VOLOSHINOV, 2006). Para tanto, serão utilizados os dados de uma criança

brasileira monolíngue (G.), dos 18 aos 36 meses de idade, gravados em situações

naturais de interação entre os pais e a criança. Nesse sentido, partimos da ideia de que

a interação entre pais e criança revela muito sobre a constituição da subjetividade,

uma vez que a criança retoma, em seu discurso, características linguísticas da fala do

adulto com quem interage, quais sejam, pronomes, verbos, frases feitas, entonação

etc. Mas também o adulto interage com a criança colocando-se, muitas vezes, como

ela, seja pela entonação, seja pelo uso dos pronomes em terceira pessoa. Nesse

processo, cumpre refletir sobre essas retomadas e “encenações” como parte da

interação verbal, em que os sujeitos ora se confundem com o outro, ora se distanciam,

tomando-o em sua alteridade. Em Bakhtin (2003), o desenvolvimento da

subjetividade se dá pelas relações com as palavras dos outros, em uma incorporação

dessas palavras, que de alheias, passam a próprias-alheias e, finalmente, a palavras

próprias. O que se percebe na aquisição da linguagem é esse movimento entre o que é

palavra do outro e o que é palavra própria, na perspectiva da criança. Interessante

também é esse processo na fala do adulto, sobre o qual temos por objetivo refletir.