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PROJETO INSTRUTIVO PARALOJAS DE PERFEIÇÃO

RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO

GRAUS 4 A 14

http://mestredoimaginario.blogspot.com/

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PROGRAMA

INTRODUÇÃO

O CANDIDATO Á INICIAÇÃO SEGUNDO OSWALD WIRTHO CÁLICE DA AMARGURA

O FOGO SAGRADOA MAGNA OBRA

RESUMO DOS TRÊS GRAUS SIMBÓLICOS SEGUNDO ANDRES CASSARD

OS MISTÉRIOS DA ARTE REAL:UMA VISÃO DE OSWALD WIRTH

OS MISTÉRIOS DA ARTE REALPRÓLOGO

ESTUDO SOBRE O RITUALISMO INICIÁTICO DAS CONTRATERNIDADES DE CONSTRUTORES

A SERPENTE DO GÊNESEA INICIAÇÃO

AS PRÁTICAS MALFAZEJASAS INICIAÇÕES PROFISSIONAIS

O SACERDÓCIOA INICIAÇÃO FILOSÓFICA

O GRAU DE MESTRE MAÇOM

ESTÁGIO I – O RETORNO AO PONTO DE PARTIDAESTÁGIO II – A CÂMARA DO MEIO

ESTÁGIO III – O MESTRE DOS MESTRESESTÁGIO IV – OS ASSASSINOS DE HIRAMESTÁGIO V – O CADÁVER DA TRADIÇÃOESTÁGIO VI – O TÚMULO DE HIRAM

ESTÁGIO VII – O MESTRADOESTÁGIO VIII – OS SUPERIORES DESCONHECIDOSESTÁGIO IX – A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS

GRAUS 4 AO 14

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GRAU 4 – MESTRE SECRETOGRAU 5 – MESTRE PERFEITOGRAU 6 – SECRETÁRIO ÍNTIMOGRAU 7 – PREBOSTE OU JUIZ

GRAU 8 – INTENDENTES DOS EDIFÍCIOSGRAU 9 – CAVALEIRO ELEITO DOS NOVEGRAU 10 – CAVALEIRO ELEITO DOS 15

GRAU 11 – SUBLIME CAVALEIRO ELEITO ou CAVALEIRO ELEITO DOS 12

GRAU 12 – GRÃO-MESTRE ARQUITETOGRAU 13 – CAVALEIRO DO REAL ARCO

GRAU 14 – GRANDE ELEITO ou PERFEITO E SUBLIME MAÇOM

INTRODUÇÃO

O CANDITATO À INICIAÇÃO SEGUNDO OSWALD WIRTH

Solicitar a iniciação não é algo superficial. É necessário firmar um pacto. A verdade não tem firma estampada, visível e externa, não vai aposta com uma pena empapada de sangue, senão que moral e imaterial, comprometendo puramente a alma consigo mesma. Não se trata aqui de um pacto com o diabo, espírito maligno e, por certo, fácil de enganar, mas, na realidade, trata-se de um comprometimento bilateral e muito sério, cujas cláusulas são iniludíveis. Os iniciados, com efeito, contraem deveres muito sérios com o discípulo que admitem em seus templos e este fica, por sua vez, unicamente pelo ato de sua admissão, ligado de modo indissolúvel a seus Mestres.

Seguramente, é possível enganar nossos Mestres e burlar-lhes as esperanças ao nos revelarmos maus discípulos, depois de lhes haver feito conceber grandes esperanças. Mas toda experiência resulta instrutiva e, por dolorosa que seja, ensina-nos a prudência; quem resta, ao final, confundido é o presunçoso que quis empreender uma tarefa superior a suas forças. Na verdade, se sua ambição limita-se a luzir as insígnias de uma associação iniciática como a Franco-Maçonaria, pode, com pouco dinheiro, pagar-se esta satisfação. Mas as aparências são enganadoras e, do mesmo modo que o hábito não faz o monge, tampouco pode o avental fazer por si só o Maçom. Ainda que alguém fosse recebido na devida forma e proclamado membro de uma Loja regular, poderia ficar para sempre profano no que se refere a seu interior. Uma fina capa de verniz iniciático pode induzir em erro as mentes superficiais,

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mas não pode, de modo algum, enganar o verdadeiro iniciado. Não consiste a Iniciação num espetáculo dramático nem aparatoso, sem que sua ação profunda transmute integralmente o indivíduo.

Se não se verificar em nós a Magna Obra dos hermetistas, seguiremos sendo profanos e jamais poderá o chumbo de nossa natureza transmutar-se em ouro luminoso. Mas quem seria bastante crédulo para imaginar que tal milagre pudesse ter lugar em virtude de um apropriado cerimonial? Os ritos da iniciação são apenas símbolos que traduzem em objetos visíveis certas manifestações internas de nossa vontade, com a finalidade de nos ajudar a transformar nossa personalidade moral. Se tudo se reduzisse ao externo, a operação não daria resultado: o chumbo permanece chumbo, ainda que recoberto de ouro.

Entre os que lerem estas linhas, ninguém, por certo, há de querer ser iniciado por um método galvanoplástico. O que se chama toque não se aplica à Iniciação. O iniciado verdadeiro, puro e autêntico não se contenta de um verniz superficial: deve trabalhar ele mesmo, na profundidade de seu ser, até matar nele o profano e fazer com que nasça um homem novo.

Como proceder para obter êxito?

O Ritual exige, como primeiro passo, que se despoje dos metais. Materialmente, é coisa fácil e rápida; sem embargo, o espírito se desprende com dificuldade de tudo quanto o deslumbra. O brilho externo o fascina e é com profundo pesar que se decide a abandonar suas riquezas. Aceitar a pobreza intelectual é condição prévia para ingressar na confraternidade dos Iniciados, como também no reino de Deus.

Ser consciente de nossa própria ignorância e rechaçar os conhecimentos que acreditamos possuir é o que nos capacita para aprender o que desejamos saber. Para chegar à Iniciação, é preciso voltar ao ponto de partida do mesmo conhecimento, em outros termos, à ignorância do

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sábio que sabe ignorar o que muitos outros figuram saber, quiçá demasiado facilmente. As idéias preconcebidas, os preconceitos admitidos sem o devido contraste falseiam nossa mentalidade. A iniciação exige que saibamos desprezá-los para voltar à candura infantil ou à simplicidade do homem primitivo, cuja inteligência é virgem de todo ensinamento pretensioso.

Podemos pretender o êxito completo? É, desde logo, muito duvidoso; mas todo sincero esforço nos aproxima da meta. Lutemos contra nossos preconceitos, buscando nos livrar de nós mesmos; sem pretender atingir uma libertação integral, este estado de ânimo favorecerá nossa compreensão que se abrirá, assim, às verdades que nos incube descobrir, principiando nossa instrução.

Em primeiro lugar, vem o desenvolvimento de nossa sagacidade. Nos serão propostos enigmas, a fim de despertar nossas faculdades intuitivas, posto que, antes de tudo, devemos aprender a adivinhar. Em matéria de iniciação, não se deve inculcar nada, nem se impor nada, ainda que com o mínimo espírito. Sua linguagem é sóbria, sugestiva, cheia de imagens e parábolas, de tal maneira que a idéia expressa escapa a toda assimilação direta. O iniciado deve negar-se a ser dogmático e se guardará de dizer: “Estas são minhas conclusões; acreditai na superioridade de meu juízo e aceitai-as como verdadeiras”. O iniciado duvida sempre de si mesmo, teme um possível equívoco e não quer se expor a enganar os demais. Assim é que seu método remonta até o nada saber, à ignorância radical, confiando em sua negatividade para preservar-lhe de todo erro inicial.

Entre os que pretendem ser iniciados por se haverem empapado de literatura ocultista, quantos haverão de saber depositar seus metais? Se faltam, de tal sorte, ao primeiro de nossos ritos, é de todo ilusório o valor de sua ciência, tanto mais mundana quanto mais originária de dissertações profanas. Tantos quantos tentaram vulgarizar os mistérios, profanaram-nos, e os únicos escritores que permaneceram fiéis ao método iniciático foram os poetas, cuja inspiração nos revelou os mitos, e os filósofos herméticos, cujas obras resultam de propósitos ininteligíveis à primeira leitura.

A iniciação não se dá nem está ao alcance dos débeis: é preciso conquistá-la e, como o céu, só a conseguirão os decididos. Por isso se exige do candidato um ato heróico: deve fazer abstração de tudo, realizar o vazio em sua mente, a fim de logo poder criar seu próprio

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mundo intelectual, partindo do nada e imitando Deus no microcosmo.

O CÁLICE DA AMARGURA

Em seu Quadro da Vida Humana, Cebes, que nasceu em Tebas, cidade da Beócia, no Século V a. C., descreve-nos um vasto recinto onde vivem seus habitantes. Uma multidão de candidatos à vida aglomera-se à porta. Um gênio, representado por um venerável ancião, dirige aos candidatos atilados conselhos. Infelizmente, suas sábias advertências sobre a conduta que se deve observar perante a vida, são de pronto esquecidas pelas almas ávidas de viver. Tão logo entram no fatal recinto, sentem-se obrigadas a desfilar diante do trono da Impostura, mulher cujo semblante é de uma expressão convencional e que tem maneiras insinuantes. Ela lhes apresenta um copo. Não se pode entrar sem beber pouco ou muito. Para viver intensamente, muitos bebem a grandes sorvos o erro e a ignorância; outros, mais prudentes, apenas provam a mágica beberagem e, em conseqüência, esquecem menos os conselhos recebidos e não sentem tanto apego à vida.

Do mesmo modo, um cálice será apresentado ao neófito, quando ingressa na nova vida de Iniciado. O aspirante que acaba de sofrer a prova do fogo refrigera-se com esta água pura e refrescante. Mas, enquanto bebe a grandes goles, a doce bebida torna-se amarga. Quisera então rechaçar o cálice, mas se lhe ordena beber até as fezes1. Obedece dócil e decidido a suportar a carga de sofrimento que o aguarda. Bebe, mas – Oh! Milagre! – a fatídica beberagem volta a seu primitivo sabor!

Este rito nos inicia no grande mistério da vida que nos brinda com suas doçuras, mas quer que saibamos aceitar também seus rigores e crueldades.

Quando aceitamos a vida, nossa tendência é de provar tão-só o agradável e desejamos a felicidade como

1 A palavra hebraica pode significar escuro. Vinho "sobre a borra" significa o vinho que era deixado na vasilha, em que primitivamente se havia deitado. E permanecendo ali tornava-se espesso e xaroposo. Antes de ser bebido era coado, e já sem as escórias considerava-se purificado. "Repousar nas suas fezes" significava continuar nas impurezas de um modo descuidoso; e aplicava-se a frase aos preguiçosos, aos estúpidos, e aos néscios (Jr 48.11; Sf 1.12). Beber do vinho das suas fezes queria dizer que se bebia até à ultima gota do cálice (Sl 75.8; Is 51.17). Fonte: Dicionário Bíblico. (N.T.)

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se pudéssemos consegui-la gratuitamente sem havê-la merecido. Isso é desconhecer em absoluto a Lei do Trabalho que vale, necessariamente, para toda a vida. Viver é, em suma, cumprir uma função e, portanto, trabalhar. A Vida é a tal ponto inseparável do trabalho e do esforço que não se a pode conceber na inércia. Nossa existência é ação. Descansamos para repor as forças, a fim de poder prosseguir com nossas atividades. Quem deixa de obrar renuncia a existência: o descanso definitivo esteriliza e equivale à anulação, à morte!

Para dizer a verdade, é possível – valendo-se de artifícios – fugir de toda pena e obrar de maneira que só nos proporcione satisfações. Mas essa tática não produz mais que engano, e a vida sabe vingar-se daqueles que não querem acatar suas leis. Quando menos, o fastio de viver será sua herança.

Para o Iniciado, impõe-se tanto mais a honra de viver, quanto mais ambicione possuir os segredos que são, precisamente, os da própria vida. A Iniciação ensina a viver uma vida superior, ou seja, em perfeita harmonia com a Grande Vida. Compreender bem a vida – eis aqui o objetivo de todo aspirante à sabedoria. Que nos importam os segredos da morte? Em seu devido tempo, nos serão revelados e não há por que se preocupar com eles; em troca, devemos viver e viver de acordo com as exigências da vida.

Estas exigências da vida poderão parecer tirânicas ao profano que não tenha compreendido a existência; uma inexorável necessidade condena-o ao trabalho. Em meio a trabalhos e penas, lamenta-se e revolta-se airoso contra a dor que lhe foi imposta. Esse suplício dura enquanto não se determina a encontrar o paraíso, tão pronto saiba renunciar ao mesmo. Sofrer, trabalhar, significará acaso decadência? E quem pode ser forte e poderoso sem antes haver sofrido cruelmente? A alma que quer conquistar a nobreza e a soberania deve buscá-las nas fragas do sofrimento.

Isto não quer dizer, todavia, que seja indispensável buscar o ascetismo ou tormentos intencionais: a vida saberá nos proporcionar provas salutíferas e nos brindará o cálice, convidando-nos a esvaziá-lo com firmeza, sem necessidade, de nossa parte, de acrescentarmos qualquer amargor. O Iniciado não teme a dor e sofre com coragem, mas não vive obrigado a amar nem a comprazer-se com o sofrimento. Tem fé na vida. Sabe-a misericordiosa, apesar de suas leis inexoráveis, e

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saboreia as doçuras que nos reserva como compensação das penas que nos inflige.

O que devemos buscar é a harmonia, o acordo harmônico com a vida. Não podemos obtê-lo de golpe é indispensável uma penosa aprendizagem da Arte de Viver, a Grande Arte por excelência, a Arte que praticam os Iniciados. A vida é sua escola, onde não pode ser admitido aquele que não está decidido a beber do cálice da amargura.

Sem embargo, a vida nos brinda felicidade. Todo ser acredita ter direito a ela e esta é sua constante aspiração. Vivemos de esperanças, e nos parecem mais leves as penas de hoje se as ponderarmos com as alegrias de amanhã. A vida corrente pode trazer para nós certas ilusões e tratar-nos como adolescentes, mas a vida iniciática nos considera homens já maduros, pouco dispostos, portanto, a deixar-se levar por ilusões. A felicidade nos é assegurada, contanto que saibamos buscá-la nós mesmos. De nada somos credores sem merecimento: se nos dão a vida, é para utilizá-la como é devido, não para desfrutar dela sem pagar tributo. Saibamos, pois, considerá-la sob seu verdadeiro aspecto. Entremos a seu serviço dispostos a nos consagrar ao estrito cumprimento de nossa obra de vida, que deve ser a Magna Obra dos Alquimistas.

Em todos os tempos, a Iniciação foi privilégio dos valentes, dos heróis dispostos a sofrer, dos homens com energia que não pouparam seus esforços. É a glorificação do esforço criador do sábio que chegou à plena compreensão da vida, a tal ponto que, ao viver para trabalhar, consegue romper as correntes do presidiário condenado a trabalhar para viver. Diz adágio: Trabalho equivale a Liberdade, e ainda seria melhor dizer que nos libertamos da escravidão através de nosso amor ao trabalho. É, portanto, questão de desejar o trabalho, de buscar o esforço fecundo sem temor ao sofrimento que possa acompanhar sua realização. Então a vida será para nós amena, confortadora e bela.

Assim fica explicado o simbolismo da poção cuja amargura não deve nos desanimar. Podemos devolver-lhe o primitivo sabor, aceitando, simplesmente, a obrigação de beber até o fim o Cálice Sagrado da Vida.

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O FOGO SAGRADO

Fugindo da planície dos conflitos, onde se entrechocam simultaneamente os antagonismos, o aspirante atravessa o rio da vida coletiva. Longe de deixar-se levar pela corrente, sabe resistir a suas mais poderosas investidas e afirma desse modo sua individualidade. Por fim, triunfou do elemento líquido e, subindo pelo terreno abrupto da orla, pode, do alto, contemplar as águas cujos torvelinhos o separam do imenso campo de batalha onde os vivos combatem entre si sem trégua alguma. Esta terra que de hoje em diante pisa é a da paz no isolamento como também a da morte e a da aridez. Quando volta as costas ao rio, se lhe oferece o espetáculo do deserto no qual penetrou Jesus ao sair das águas batismais do Jordão.

O Aspirante se interna pelas areias, em meio a rochas calcinadas. Não há a menor vegetação, nem rastro de ser vivente: aqui, o dono absoluto é o sol que tudo seca e mata. Esta luz que não projeta a menor sombra, corresponde à luz da razão humana que pretende fazer omissão de tudo o que não seja ela mesma. Essa razão analisa e decompõe, mas sua própria secura a incapacita de vivificar o que quer que seja. Bem está que nos esforcemos para raciocinar com absoluto rigor, mas não criemos certas ilusões sobre o poder da razão, cujo trabalho não passaria de demolição, caso fosse chamada a ser dona absoluta de nossa mente. Tenhamos bem presente que o Iniciado não deve ser escravo de nada, nem sequer de uma lógica levada ao extremo.

Se a verdadeira sabedoria nos aparta da vida, de suas alucinações e de suas quimeras, é simplesmente para nos ensinar a dominá-la, não ao modo dos anacoretas que a desdenham, senão como conquistadores do princípio vital que anima todas as coisas no universo. A potência que rege o mundo tem por símbolo o fogo, tal como o conceberam os alquimistas: muito longe de consumir e de destruir, seu ardor anima e constrói. Propaga-se a tudo quanto vive, mas o Fogo dos sábios comporta uma infinidade de graus em direta correspondência com as diferentes vidas que produz sua atividade. É preciso que um indivíduo saiba inflamar-se de um ardor divino, se pretende ser algo mais que um autômato incapaz de realizar a Magna Obra. Por mais que a água do rio o tenha purificado externamente, limpando-o, como se diz, de tudo quanto turva o juízo da maioria dos mortais, o aspirante ficaria condenado a vagar sem proveito no

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domínio da esterilidade, se retrocedesse diante da prova suprema, a do Fogo. O ardor do Sol se faz cada vez maior e anuncia que a prova é iminente. Diante desta ameaça, o aspirante pode ainda retroceder, permanecendo às margens o rio, estabelecendo ali sua morada, a maneira dos moralistas que perdem o tempo em lamentações sobre as misérias humanas e em belas prédicas que se perdem no deserto2.

Mas o Iniciado não desperdiça seu tempo com discursos: é um homem de ação, um agente eficaz da Magna Obra, por cujo meio é criado e transformado o mundo; se o aspirante sente a vocação do heroísmo, não vacilará em expor à chama seu pé desnudo3. Não retrocederá, ainda que as chamas surjam sob suas plantas, mas se verá obrigado a deter-se, quando chegarem a formar uma muralha intransponível. Se quiser voltar atrás, que não perca um instante; ainda é tempo, e tem livre o caminho para bater em retirada. Mas, se domina suas angústias e afronta estoicamente a barreira do fogo, esta cresce e forma duas alas. De pronto, forma um semicírculo cujas extremidades se unem por fim, deixando o temerário por completo envolto numa fogueira circular cujo fogo lhe abrasa. As chamas se aproximam cada vez mais do aspirante que permanece impávido, disposto a ser consumido pelo fogo.

Com efeito, a purificação suprema é obra do fogo que destrói, no coração do iniciado, até o último germe do egoísmo ou de mesquinha paixão. Este ardor purificante de que falamos aqui não é outra coisa senão o amor que nos sinala São Paulo na I Epístola aos Coríntios, nos seguintes termos:

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

2 João, o precursor, batiza e predica a penitência às margens do Jordão, mas não tem por missão a obra redentora, à vista da qual Jesus se interna no deserto para jejuar e purificar-se durante quarenta dias. O Evangelho é, muitas vezes, a sua maneira, um ritual iniciático.3 Na preparação do candidato e segundo um antigo ritual maçônico, prescreve-se desvestir certas partes do corpo, entre elas o pé direito, como se o contato direto com o solo tivesse sua importância para o candidato que, vendados os olhos, põe o pé sobre um terreno que desconhece em absoluto.

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E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.

Conhecedor das noções iniciáticas difundidas pela corrente do pensamento helênico, o apóstolo acertou em seu modo de sentir: todos os dons da inteligência, todos poderes de ação, serão vãos se não forem aplicados ao serviço da grande causa do bem geral. É preciso amar, chegar até o sacrifício absoluto de si mesmo para ser admitido na cadeia de união dos iniciados. É pelo coração, e tão só pelo coração, que alguém chega a ser maçom, obreiro fiel e colaborador verdadeiro do Grande Arquiteto do Universo.

O cerimonial de recepção é simbólico e representa objetivamente o que deve realizar o candidato em seu foro interno. Se tudo ficasse limitado a formalidades externas, a iniciação seria meramente simbólica, marcando tão-só a admissão numa confraria de iniciados superficiais que souberam conservar um conjunto de exterioridades tradicionais e nada mais. Não se veria mais que a casca do fruto. Sem embargo, no interior está a semente, núcleo central, de tal maneira que o iniciador que trabalha em conformidade com a letra do ritual, põe à disposição do verdadeiro candidato um esoterismo velado que se conserva intacto, ao abrigo de toda profanação.

Quando a maçonaria, ou qualquer outra confraternidade iniciática, faz referência a inviolabilidade de seus segredos, trata-se não do continente dos segredos, sempre comunicável, senão de seu conteúdo inteligível. Pode-se divulgar a letra morta, mas não o espírito que os privilegiados da compreensão saberão penetrar.

De outra parte, é indispensável sentir para poder compreender. A ponta de uma espada fere o candidato perto do coração no momento de sua admissão no Templo para buscar a luz. Antes de poder discernir, deve-se abrir às verdades cujo germe existe em nós.

Não se deve desprezar o intelectualismo; sem embargo, seu domínio absoluto nos condena a uma estéril e desesperadora atividade especulativa. Caindo no excesso contrário, a iniciação cavalheiresca desdenhava o saber para enaltecer unicamente o amor, inspirador das mais sublimes ações. Melhor equilibrados, o hermetismo medieval, o rosacrucianismo e a maçonaria moderna tem

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preconizado o desenvolvimento simultâneo do intelecto e do sentimento. É indispensável que nos capacitemos a reconhecer a verdade, a fim de conquistar a luz que deve iluminar nossas ações. De outra parte, se não tivermos o acicate de um ideal, como poderemos nos sentir impelidos à Iniciação? O que atrai e fascina é precisamente uma pressentida beleza. Um amor secreto nos empurra até o santuário e nos infunde coragem para enfrentar os obstáculos das múltiplas provas que ainda nos esperam antes de alcançar o móvel desejado.

Ainda que não pudéssemos compreender mais que medianamente, o essencial seria levar sempre em nosso coração a chama do fogo sagrado, para sermos capazes de nos elevar quando assim o requerer a ação. Os melhores maçons não são os mais eruditos nem os mais ilustrados, senão os mais ardentes e constantes trabalhadores, porque são os mais sinceros e os mais convictos. Quem ama com fervor está acima daquele que se contenta com o saber: a verdadeira superioridade se afirma pelo coração, a câmara secreta de nossa espiritualidade.

Os que não souberam amar, perderam-se no deserto sem passar pela prova de fogo. Cépticos, arrastam sua vida num eterno desencanto. São verdadeiros fantasmas ambulantes em vez de homens que honram a vida com energia. Será necessário o sofrimento para ensinar-lhes o amor. Em resumo, o sofrimento não é em si um mal, posto que sem a dor purificadora ninguém chega a ser grande.

A MAGNA OBRA

Se existimos, é para trabalhar. A inteligência e a sensibilidade servem unicamente para guiar nossa atividade. Portanto, não busquemos nossa razão de ser em nós mesmos, recordando que não se pode cair em maior equívoco do que atribuir tudo a si mesmo. Tudo está unido neste mundo e o indivíduo tem seu valor como parte integrante da coletividade. Isoladamente, não somos nada e, nesse sentido, o Iniciado deve poder dizer a si mesmo e com absoluta sinceridade: Sei que não sou nada. Se do eu faço um ídolo, o centro do mundo, o objetivo de minhas preocupações, então, não contenho mais que o vazio, a impotência e a vaidade. Querer viver tão-só para si mesmo é isolar-se da vida universal para condenar-se à morte.

Não posso resistir à tentação de citar, no tocante a esse assunto, o capítulo V de um opúsculo muito

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raro, editado em 1775 sob o título de A Magna Obra sem Véus para os Filhos da Luz.

Segundo uma opinião corrente neste mundo, a vida é curta e, de minha parte, a encontro, ao contrário, extremamente longa para muitíssimas pessoas. Quantos encontraremos que não se queixem da brevidade da vida e que não tenham feito, sem embargo, outra coisa senão entediar-se ao longo de toda existência? Sim, é demasiado curta a vida para quem pensa e demasiado longa para quem não pensa. O tempo voa quando trabalhamos e transcorre lentamente quando não fazemos nada. Sem ação, a vida em nada se diferencia da morte, e viver na ociosidade não é viver, mas apenas vegetar. Viver somente para si mesmo é viver pela metade. Interessar-se pela felicidade universal dos homens e trabalhar para isso é viver de verdade e ter a sensação de viver. Quão poucos são os que vivem neste mundo e quantos são os que vegetam em vez de viver! Os ricos, orgulhosos de sua opulência e embriagados pelo incenso que lhes prodigalizam seus aduladores, não podem compreender o que é a vida. Os pobres, oprimidos pelo peso da miséria, humilhados pelo desprezo dos demais, tampouco podem entender. Aqueles que se encontram em meio a grandes e pequenos, ricos e pobres, preocupando-se, a maior parte do tempo, apenas com aquilo que lhes incumbe, não sentem tampouco. Quem vive, pois, em lugar de vegetar? Os filósofos. Sim, os filósofos unicamente compreendem o que é a vida, conhecem as oportunidades que apresenta e sabem aproveitá-las. Não vivem apenas para eles mesmos, senão que vivem, ademais, para os outros e, seguindo o exemplo do excelso Hermes, de quem têm por glória ser e chamar-se discípulos, tão apenas vivem para fazer bem à sociedade humana. Pouco lhes importa que os adulem ou que os ameacem os poderosos da terra, que seus parentes os queiram ou os persigam, que seus amigos os sustentem ou os abandonem; nem por isso deixam de ser filósofos, ou seja, amantes da sabedoria. A vida tem, para eles, tanto mais atrativos quanto mais tempo lhes deixa para fazer o bem a quem o mereça; sua benevolência dirige-se

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àqueles que vivem para trabalhar, nunca àqueles que trabalham para viver.

Estas linhas nos revelam o Grande Arcano da Filosofia Hermética. A Pedra dos sábios é um símbolo, como também o ouro filosófico e tudo referente a ele. Na realidade, o segredo de toda verdadeira Iniciação faz referência àquilo que, antes de tudo, interessa ao homem, quer dizer, sua própria vida e o emprego judicioso das energias que a mesma põe a sua disposição.

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O sábio busca a Pedra4 em seu foro interno, como recorda muito bem a engenhosa fórmula tirada da palavra VITRIOL, à maneira do acróstico: VISITA INTERIORA TERRAE, RECTIFICANDO INVIENIES OCULTUM LAPIDEM, ou, em outros termos: desce a ti mesmo, submete-se às provas purificadoras e encontrarás a pedra escondida. Este tesouro supremo, último objetivo da Iniciação hermética, instrui os ignorantes, cura as enfermidades do espírito, da alma e do corpo, enriquece os pobres e, de modo geral,

4 O Autor refere-se aos alquimistas e à Pedra Filosofal. Conta a lenda, que o filósofo e alquimista árabe Averróis enterrou um raio de sol sob a primeira coluna à esquerda da mesquita de Córdoba, acreditando que, transcorridos oito mil anos, ele se converteria em ouro. A alquimia foi uma atividade pré-científica que visava alcançar uma melhor compreensão do cosmo, da matéria e do homem. Em particular, através do conhecimento da natureza da matéria, os alquimistas visavam transformá-la e transmutar metais de pouco valor em ouro e prata. Segundo os alquimistas, através de certas técnicas, que envolviam ciência, arte e religião, seria possível conseguir a transmutação de uma substância em outra. Por haverem desenvolvido e utilizado diversos procedimentos de laboratório, a alquimia foi uma atividade precursora da química, que lhe deve a descoberta de inúmeras substâncias e a invenção de grande variedade de instrumentos, que mais tarde desempenhariam papel de destaque no domínio da metodologia científica. A teoria da transmutação baseava-se na interpretação dada pela filosofia clássica grega à composição da matéria. Na época de Aristóteles, acreditava-se que toda substância compunha-se de diferentes proporções dos quatro elementos fundamentais: água, ar, fogo e terra. A partir desse princípio, os alquimistas desenvolveram seu postulado fundamental: "A matéria é única e pode sofrer transmutações mediante a variação das proporções entre seus componentes." Os alquimistas acreditavam também na existência de uma substância capaz de provocar essa transmutação, denominada elixir (do árabe al-iksir, "pó seco") ou pedra filosofal. A essa substância eram atribuídas outras propriedades, tais como o poder curativo e de rejuvenescimento, razão pela qual recebia também o nome de "elixir da vida" ou "panacéia universal". Entretanto, os alquimistas medievais tinham mais interesse nos poderes de transmutação da matéria atribuídos à pedra filosofal, uma vez que, se alcançada, essa técnica possibilitaria o fácil acesso à riqueza. Nicolas Flamel, tabelião e alquimista francês do século XIV, acumulou tamanha riqueza que seus contemporâneos imaginaram que ele houvesse finalmente descoberto o princípio do elixir da vida. Segundo a lenda, Flamel teria sonhado com um livro oculto, que revelava os segredos da "grande arte". O alquimista teria se dedicado à busca desse livro e, depois de encontrá-lo, o decifrara com a ajuda de um erudito judeu, conseguindo assim a transmutação de substâncias de pouco valor em ouro. O empenho com que se dedicaram à busca do ouro fez com que alguns alquimistas obtivessem muito poder; outros, porém, foram perseguidos. Na segunda metade do século XVI e no começo do XVII, Praga transformou-se no principal centro da prática da alquimia. Os imperadores Maximiliano II e Rodolfo II deram respaldo à obra de alguns alquimistas, e este último chegou a conceder título de nobreza ao alquimista alemão Michael Maier. Menos sorte teve o inglês Edward Kelly, encarcerado por ordem do próprio Rodolfo II. De maneira geral, o cristianismo se opôs à prática da alquimia, que considerava pagã. O próprio arcebispo de Praga foi perseguido pelo Concílio de

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transmuta o mal em bem. Não é uma substância. É um estado de ânimo que confere poderes de ação e influência.

Não se trata aqui, sem embargo, de nenhuma taumaturgia vulgar. Os milagres de detalhe têm um interesse muito secundário ao lado de todo o milagre universal que abarca a totalidade do gênero humano. A Obra Magna é um trabalho que não tem princípio nem fim e seu resultado é tudo quanto existe.

Somos seus colaboradores, sem que seja condição indispensável ter consciência disso. Se, ao cumprir a tarefa que nos incumbe, o fazemos com mau humor, sem inteligência nem compreensão, como animal atrelado ao carro, somos meros escravos da necessidade que nos açoita e nos atormenta com seu implacável aguilhão. É esta a sorte do profano que se lamenta e cuja única preocupação é livrar-se do jugo de um labor obrigatório como de uma pesada carga.

O Iniciado sabe que o trabalho é a razão de sua existência. Longe de querer esquivar-se, sua ambição é adiantar seu trabalho do melhor modo que conhece, empregando nisso todas as suas forças. Seu próprio zelo entusiasta alivia a fadiga que não sente e a transforma em prazer. É amante do trabalho e se entrega a ele com paixão, atraindo, de tal sorte, uma misteriosa ajuda, graças a qual pode fazer verdadeiras maravilhas. A Iluminação é sua recompensa e já vive sabendo o que é a vida e participando da grande Vida da eterna ação.

RESUMO DOS TRÊS PRIMEIROS GRAUS SEGUNDO ANDRES CASSARD

Constance no século XV, e em 1530 foi promulgado em Veneza um decreto que condenava à morte os alquimistas. Devido a essas perseguições e a fim de manter em segredo suas descobertas, os alquimistas passaram a utilizar uma linguagem rica em símbolos e metáforas, só acessível aos iniciados. Era comum publicarem obras com pseudônimos ou atribuírem-nas a pessoas de reconhecido prestígio, como santo Alberto Magno, santo Tomás de Aquino ou Roger Bacon. Ao lado dos alquimistas que se empenharam honestamente em alcançar a pedra filosofal, houve aqueles que recorreram a fraudes como meio de obter dinheiro, fama e poder. Não era incomum construírem caixas de fundo falso, onde o ouro era escondido, aparecendo no momento oportuno, ou branqueá-lo com mercúrio, recuperando depois seu brilho por meio de calcinação.Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil. (N.T.)

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O homem e suas paixões, desde a época de seu nascimento até sua morte e ainda depois desta, são o objetivo que tiveram em vista os fundadores de nossa Instituição. O edifício maçônico foi fundado sobre essa base moral.

A vida do homem divide-se, de ordinário, em quatro períodos: a infância, a juventude, a maturidade e a velhice. Poder-se-ia reduzi-la, com mais propriedade, às duas épocas intermediárias: juventude e maturidade. A infância nos aparece como uma terra não cultivada, e a velhice, como uma terra esgotada.

Para o Maçom, ou seja, para o filósofo, não há nada perdido na criação. Tudo é, para ele, objeto de estudo, tanto em sentido próprio quanto figurado. Admite todas as idades, todos os talentos, mas estabelece uma divisão a sua maneira como a que apresentamos: juventude, virilidade e maturidade. Na juventude, fundamenta-se o Grau de Aprendiz; na virilidade, o de Companheiro; na maturidade, o de Mestre.

Vejamos a exatidão desta divisão, examinando os três graus simbólicos. Cada um vai precedido do resumo do grau e seguido do correspondente apanhado da vida do homem em sua divisão ternária: a juventude que compreende também a infância; a virilidade e a maturidade que abraçam também a velhice.

O homem que aspira aos benefícios da Iniciação Maçônica é apresentado no Templo com uma venda sobre os olhos, sinal da escuridão em que se encontra todo profano. Não está nem nu nem vestido, para representar a inocência. Despoja-se-lhe dos metais, emblema dos vícios. Para que percorra a senda iniciática, é necessário dar-lhe um guia. Está nas trevas. Busca a Luz. Esta agonia moral termina com sua morte para o mundo profano, a fim de que ressuscite no mundo maçônico. Bem assim, como na religião, se despoja o homem, na hora suprema, de sua forma terrestre, para ascender a uma vida toda espiritual.

Esta sublime idéia da destruição e regeneração dos seres, estabelecida pela natureza e reproduzida em todos os antigos e modernos dogmas religiosos, é o objetivo moral que nos propomos a inculcar, principalmente, no primeiro grau.

Preparado o aspirante, entregue a profundas meditações em meio às borrascas que atormentam seu espírito, oscila longo tempo entre temores e esperanças.

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Se persiste em sua nobre e valorosa resolução, submete-se-lhe, corporal e espiritualmente, a provas físicas e morais.

As primeiras têm por objetivo conhecer sua força e sua resistência; as segundas, sondar seu espírito, conhecer o poder de sua alma e penetrar o fundo de seu coração por meio de impressões instantâneas.

Não basta saber que tem a força necessária para lutar com um inimigo, senão que conta também com meios morais para vencer, tendo a coragem necessária para desprezar os perigos, estimulada a alma por uma sublime abnegação.

Nós nos fazemos donos de suas inclinações, de seus gostos, de seus costumes, de suas doutrinas, tanto em moral natural quanto em moral especulativa ou sistemática. Impomo-nos às suas idéias como cidadãos de uma nação e às suas crenças sobre as relações que os homens devem ter entre si, enquanto cidadãos do mundo. Por isso não admitimos à iniciação senão aspirantes livres e de bons costumes que tenham adquirido os rudimentos de uma educação liberal e se proponham a fazer bom uso de suas faculdades intelectuais. Por isso retificamos suas noções quando são errôneas e as fortificamos quando justas, com o duplo poder do exemplo e dos preceitos. Conhecemo-lo intimamente, e ele nos conhecerá ainda com maior intimidade. O contrato que proporemos, se o aceita, é indissolúvel e reciprocamente obrigatório para ambas as partes.

Admitido o aspirante à iniciação, vê, diante de si, um templo material e os primeiros utensílios de que se vai servir. Se lhe instruiu de que este templo material é o emblema de um templo moral. Passa a conhecer, logo após, o uso dos primeiros instrumentos da arte.

O PRIMEIRO PERÍODO DA VIDA DO HOMEMA JUVENTUDE

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Recém saído o homem do plantel onde se lhe instrui a respeito dos primeiros rudimentos da juventude, quando se fixa momentaneamente debaixo do teto paterno sem conhecer qualquer objetivo, então, não se apresenta senão idealmente na grande cena da sociedade com a simplicidade, a confiança e a boa fé da infância; mas ardendo em desejos que não sabe moderar e cheio de necessidades que sonha satisfazer.

Sem experiência, percorre os caminhos da humanidade, errando, se não for guiado; entregar-se-á a todas as paixões, se não for detido. Imagina que a vida é uma realidade afortunada, ainda que não passe de um sonho vão. Mas o que é um prazer sem limites? Crê que sempre haverá de ser jovem, cheio de vigor; persuade-se de que pode tudo quanto quer e, se for deixado obrar sem limites, de tudo abusará. Depois dos erros, virão os vícios; depois do vícios, virão os crimes. Alguns homens encontrará em seu caminho, que lhe aconselharão a prudência, que o chamarão à razão – dote divino que o jovem desconhece ou conhece pouco. Esses homens farão despertar na alma do jovem o desejo de instruir-se, após haver-lhe traçado um quadro perfeito. Advertem-no de que nada deve aprender com pressa; de que deve julgar e falar com circunspecção sobre tudo quanto vê e ouve; que não deve confundir nunca o bem com o mal, nem afastar-se da bela senda da virtude.

Até aqui, tudo é teoria. Tudo vê confusamente em torno de si; apenas é visto pelos que o rodeiam; mas o que lhe importa, em sua atual posição e em sua posição futura, é haver dado o primeiro passo,

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adquirindo um título de Aprendiz no mundo e tomado um posto no primeiro grau da escada social que, de pronto, haverá de ascender com glória.

Eis aqui a juventude: ela é o primeiro período da vida do homem, como o grau de Aprendiz é o primeiro da Maçonaria.

RESUMO DO SEGUNDO GRAUCOMPANHEIRO

Vimos o homem no primeiro grau deixar o mundo profano pelo maçônico ou, simbolicamente falando, deixar as trevas pela luz.

Se foi dócil aos conselhos, zeloso no trabalho e desejoso de instruir-se, é guiado, pela mão do Mestre, até o lugar que ocupam os Companheiros. Se, ao aspirar o termo fixado para sua educação maçônica, forem felizes suas disposições, se lhe instrui no uso dos instrumentos, tanto em sentido próprio quando simbólico; da forma e da natureza das pedras; da qualidade dos materiais. O Companheiro dirige e vigia os Aprendizes e é o auxiliar dos Mestres.

Recebe novas palavras, novos sinais, novo salário. Seu avental, com a beta baixada, anuncia o obreiro laborioso e diligente entregue com fervor ao estudo e à prática de sua arte. O trabalho manual cessou: da prática passou à teoria. Encontra-se numa esfera mais elevada e já não caminha com temor e vacilação: é mais seguro o sendeiro que percorre e o ponto a que se dirige está mais perto. Tudo é estímulo, ânimo e esperança para ele. Possuindo a ciência das coisas materiais, é instruindo nas morais. O Companheiro goza da satisfação que produz a combinação de ambas aos olhos de seus irmãos e realça, perante os seus, sua própria importância.

A partir deste momento, é-lhe permitida uma nova e nobre ambição. O terceiro e último grau da Maçonaria Simbólica vem a ser então toda a sua esperança. Um Companheiro hábil será sem dúvida um excelente Mestre.

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A VIRILIDADE

A espécie de idealidade traçada na primeira fase da vida do homem assume aqui um caráter de realidade ainda abrasada pelo fogo da juventude. Sai o homem do círculo estreito em que permanecia, entrando no mundo. Nos estudos que realizou, teve a parte elementar de todos os estágios; mas não possui ainda uma ciência, uma arte ou profissão que lhe assegure uma posição social: carece dos conhecimentos necessários a respeito dos costumes da sociedade, e é necessário que os estude e trace sobre eles um plano de conduta útil a seus interesses e não prejudicial aos interesses dos demais.

A profissão a que é chamado pelo voto de seus pais ou por suas próprias inclinações se faz objeto de profundas meditações. Trabalha unido a seus novos Irmãos, sob a direção de hábeis Mestres. Uma vez instruído, lança-se à carreira dos negócios públicos: chega a ser homem de estado, jurisconsulto, médico, magistrado, literato, negociante, agricultor, artista, industrial, etc. Também associa seu destino ao de uma mulher e torna-se pai de família. Os novos deveres que contraiu absorvem todo seu tempo. Tudo o interessa ardentemente, tudo o encanta, o arrebata; mas, dentro em pouco, já não o satisfazem seus veementes desejos: sonha, delira, espera, cede às ilusões e, seja qual for sua sorte, deseja mais... É infeliz por sua louca ambição, e o que foi antes um sentimento nobre vem a ser agora uma paixão funesta!

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Chegamos já ao segundo período da vida do homem.

É o Companheiro que quer ser Mestre.

Observemos o homem profano e homem maçom e veremos mais justificadas ainda a propriedade de nossas observações.

RESUMO DO TERCEIRO GRAUMESTRE

Ultrapassado o grau de Companheiro, esforça-se para chegar ao de Mestre, ou seja, pretende exaltar-se ao último grau do simbolismo. Crê fazer jus a isso mediante seus trabalhos. Louvável ambição, se a guiam

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sentimentos nobres e magnânimos; perniciosa, se é seu móvel a vã ostentação. São os Mestres os chamados a julgar a utilidade desta ambição.

O Companheiro trabalhou sobre a direção do Mestre: adquiriu ciência na prática e na teoria de seu grau. Está mais ilustrado e ativo, porque a esperança de uma recompensa próxima o engrandece; mais hábil na execução das obras e mais consciente de seu próprio valor, quer chegar, de improviso, e sem interstício algum, à satisfação de seu desejo. Mas estes mesmos dotes enchem sua alma de ambição. Não é bastante, para ele, possuir as qualidades que lhe tornarão fácil a viagem por um caminho regular e ordenado, mas lento a seus olhos, e o frenesi de desejos imoderados conturba suas idéias. Revolta-se contra a regularidade que se observa nos trabalhos. Não consegue compreender que a multiplicidade destes são as novas e mais severas provas a que lhe submetem os Mestres. Não quer vencê-las com constância e labor, mas apela para a violência. Quer apressar o fim. Sua audácia o torna suspeito, e torna-se o foco da desconfiança geral.

Eis aqui, em toda sua plenitude, a moral do terceiro grau da Maçonaria.

Para o Companheiro sábio e moderado estas dificuldades são emblemáticas; para o Companheiro ambicioso e violento, são realidades.

O homem é fraco, de ordinário, em todas as situações da vida. Cede ao temor, à força, à perfídia. Há sabedoria e generosidade em seus Irmãos, quando o advertem sobre os erros em que pode incorrer, livrando-o das penas que o podem alquebrar. Uma longa e triste experiência comprovou que o temor faz réus de graves faltas também àqueles que pareciam mais fortes e animados, salvando-os hoje, com coragem, de um perigo para derrubá-los depois num abismo onde caem por fraqueza.

Ponhamos agora em ação a conduta do Companheiro ambicioso.

Para ser Mestre, tudo esquece, tudo sacrifica. Trata de obter, empregando a astúcia ou a ameaça, recorrendo até ao crime, aquilo que não pode licitamente alcançar; exercitando todas as suas faculdades, engana, despreza, violenta o Mestre. Frustrados todos os esforços, vê uma espantosa verdade: foi temerário, comprometeu-se: ao partir, fechou com as

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próprias mãos a porta do arrependimento. Na impossibilidade de voltar atrás, chega às últimas conseqüências do crime: um erro leva a outro – guardai-vos bem de não cometer o primeiro.

Ferido o Mestre, sucumbe ao impulso dos excessos do Companheiro; mas guardou seu segredo, e o Companheiro cometeu um crime inútil. Logo se conhecerá sua perfídia. O remorso do culpado fará triunfar a razão, e a divindade e a virtude, profundamente ofendidas, serão vingadas.

No Grau de Mestre, reaparece o Companheiro e se desenvolve perante seus olhos, em toda sua extensão, a idéia matriz dos filósofos antigos e modernos: do seio da morte nasce a vida; ou, de outro modo, segundo Ovídio: tudo muda de forma, mas nada desaparece.

Esta sublime idéia que alguns homens sistematizaram, menos por ignorância do que por má-fé, deve nos predispor às mais sublimes meditações. É nesta base que se fundamentam os mais belos e consoladores princípios morais e os maiores dogmas religiosos, iguais no fundo e na essência, ainda que variados na forma. Todos os povos da terra não reconhecem outra fonte.

Bem-aventurados os homens de virtude e consciência que limitam sua ambição à pratica da moral! Glória e prosperidade aos que, propagando esta moral protetora da espécie humana, elevam seu espírito até o G∴A∴D∴U∴, implorando graças aos homens virtuosos de toda a terra e perdão para o delinqüente arrependido.

A MATURIDADE

Chegado o homem à maturidade, período da vida entre a juventude e a velhice, aspira obter o prêmio de seus talentos por meios nobres e decorosos, títulos, honras, glória e felicidade. Moderado e prudente, seria suficiente esperar tudo da apreciação de seu trabalho ao longo do tempo.

Entregue a si mesmo, seria a mais inefável das sortes, a mais pura das glórias, possuir o que ninguém pode dar ou pagar: a tranqüilidade da consciência e lembrança das boas ações. Mas, se a ambição o domina, já não haverá nem prudência, nem meditação, nem freio; serão seus próprios méritos que o irão enganar, longe de se tornarem o baluarte de sua felicidade. O mérito dos demais não tem brilho a seus olhos e em cada homem vê um rival que quisera reduzir a pó. O prêmio que lhe está

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oferecido se afasta cada vez mais ante sua inflamada imaginação, porque não o vê chegar velozmente. Quer arrebatá-lo e não o detém os meios em seus fins: astúcia, perfídia, calúnia, fraqueza, crime, tudo acredita bom e legítimo. O egoísmo é seu Norte; o instinto da usurpação, sua estrela; a ambição, sua bússola; nesse mar bravio, seu juízo resta perturbado e corrompido seu coração. Junta-se com aqueles que obram como ele e meditam e cometem um crime... desmascarados, acham o suplício na vergonha. Para o cúmulo do castigo, seu coração é torturado pelo remorso sem trégua, sem fim; é estéril para os demais, porque o exemplo pode horrorizar por instantes, mas raramente corrige. As lições que recebemos são inúteis, quando as paixões são superiores ao homem.

“Sua ambição não é legítima” – disse o ambicioso diante de um rival. “Elevar-me-ei onde ele sucumbiu: não venceu porque as circunstâncias lhe foram adversas, mas a mim favorecem... a audácia ajuda a sorte.”

Insensato! ... Acredita ver o término feliz de suas esperanças, mas não vê os perigos que o rodeiam e, se chega a exergá-los, os experimentará, desperdiçando em vão sua audácia e sua fortuna!

Ambiciosos de todas as épocas e de todas as condições! Compreendei que a sorte, quando foi filha do crime ou da loucura, por mais brilhante que fosse na aparência, teve sempre cruéis remorsos e recônditos pesares. Quando vivíeis cheios de poder, reinava o silêncio nas abóbadas do Templo; mas, uma vez na tumba (física ou moral), a história ou as tradições vulgares afastará o véu de vossos crimes e vossos nomes ficarão manchados numa eterna afronta.

Honrai a prudência, o talento, a elevada razão dos fundadores da Maçonaria que nos legaram os meios de abater as paixões, sobretudo a ambição, cujo extermínio é um dos mais altos fins do sublime Grau de Mestre.

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A Loja de Perfeição, que vai dos graus 4 a 14, vai apurar em profundidade o resultado da ambição na vida do homem. É só aqui que se vão ver as conseqüências do crime que vitimou Hiram e os terrores que perseguiram os culpados. Por esta razão, julgamos importante recapitular os três níveis precedentes, para melhor compreendermos a moral maçônica que se vai descortinar a seguir. Ninguém pode pretender ingresso no Grau 4, se não conhecer em profundidade o significado da Maçonaria Simbólica. É somente na Loja de Perfeição que se vão selecionar, que se vão eleger, que se vão destacar alguns Mestres entre outros Mestres. A Maçonaria, nos Graus Inefáveis, altera todos os paradigmas iniciais, dando início a um novo padrão de aperfeiçoamento do homem, tendo por pano de fundo, uma mística que vai pretender do Mestre não só o combate aos inimigos externos da Ordem, mas, sim, a busca dos “Assassinos de Hiram” figurados, na lenda, como agentes internos. Estamos às portas de Instruções, onde os arquétipos que nos vão surgir requerem uma muito ampla capacidade de análise.

Antes de tudo, porém, apresentaremos os Mistérios da Arte Real, onde Oswald Wirth nos coloca, com todo esplendor, o esoterismo do Grau de Mestre Maçom, culminando com nove estágios que devem ser analisados em profundidade, a fim de que o candidato a ingresso na Loja de Perfeição domine, entre outras coisas, o significado esotérico de nossa Câmara do Meio e, mais do que todo o resto, consiga compreender quem são os Assassinos de Hiram, indo além da lenda, e identificando, em si mesmo, a realidade que nos aponta a ignorância, o fanatismo e a ambição, todos vícios morais que usam, respectivamente, da régua, do esquadro e do malhete para a obtenção de finalidades egoísticas e imorais.

Pretender ingresso numa Loja de Perfeição requer, do candidato, muito mais do que se espera de um Mestre Maçom: trata-se, agora, não daqueles bons Maçons, que choram e lamentam a morte de Hiram e perguntam-se sobre quem vai dirigi-los nessa Nau dos Insensatos; trata-se, agora, de um grupo de nove Mestres que vai em busca do cadáver da tradição morta, e, com suas trolhas, cavam a areia, ou seja, aprofundam a Maçonaria, e

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recuperam o corpo que deve ser reconstituído em sua integridade, ainda que precisem reconhecer o Triunfo da Morte. Aqui começa a seleção de Mestres entre Mestres. Aqui começa a verdadeira busca do aperfeiçoamento moral do homem, finalidade última de nosso Rito Escocês Antigo e Aceito, onde todos fomos escolhidos como Iniciados, mas nem todos seremos eleitos dentre aqueles primeiros, para a realização da Magna Obra que não tem começo e nunca terá fim.

APRESENTAÇÃO INDIVIDUAL DOS GRAUS 4 AO 14 SEGUNDO O RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO

GRAU 4MESTRE SECRETO

À discrição do Sábio e vigilância do bom Obreiro.

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O Senhor reina: seu povo o teme: sentado entre os querubins, a Terra gira a seus pés. Rogai ao Senhor, oh!

Vós, seus servidores e bendizei seu Santo Nome.

Louvai o nome do Senhor, de hoje até a consumação dos séculos. Do Oriente até o Ocaso, bendizei seu Santo

Nome, porque Ele reina sobre todas as nações, e os céus são testemunha de sua glória.

Bendito seja o Senhor, exaltado seu Nome Santo. Rogai e bendizei, porque o Senhor é bom e misericordioso e

escolheu a Jacó para seu servo e a Israel por seu povo predileto. Glorificai seu nome, porque só seu nome é excelso e sua glória se estende aos céus e à Terra.Teu nome, oh! Senhor, seja louvado agora e sempre por

todas as gerações.Santificai nossa alma e que todo nosso ser louve vosso

Santo Nome.

HISTÓRICO

Este grau foi criado por Salomão à época da conclusão dos trabalhos do Templo. Escolheu sete entre os mais dignos dos IIr∴ e os nomeou guardas do S∴S∴ e das jóias sagradas do Templo. Receberam o nome de Mestres Secretos e, no devido tempo, foram elevados a graus superiores, sendo outros colocados em seus lugares.

O Ritual deste grau contém interessantes detalhes sobre o sentido místico das jóias e ornamentos do S∴S∴. As cerimônias de iniciação são solenes e expressivas e formam uma bela introdução à série de graus inefáveis.

Não está fora de propósito falar aqui na decomposição cabalística da palavra Jehovah que, combinada de muitas maneiras com a letra inicial, dá sempre um dos nomes de Deus.

Apenas sua inicial bastaria para expressar aquele nome inefável que, disposto cabalisticamente, forma um triângulo no qual, não apenas pela figura do Delta, designa a Divindade; encerra em si, além disso, a letra sagrada com as diversas entonações que encontra a pronúncia desta palavra.

O grande nome de Deus, o nome impronunciável, era um dos mistérios do interior do Templo, existindo algumas dúvidas a respeito de sua pronúncia.

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O Grande Sacerdote era o único que podia pronunciá-lo e apenas uma vez por ano, no Dia da Expiação, o décimo dia da lua de Tishri. Assim mesmo, os levitas procuravam fazer grande ruído, para que o nome não fosse audível pela multidão. Trata-se do nome que o Senhor dera a Moisés no monte Horeb.

Enos, filho de Set, filho de Adão, foi o primeiro que, segundo a Escritura, invocou a Deus por seu nome. Souchet, numa sábia dissertação, tratou com pormenores da pronúncia e da etimologia da palavra Jehovah. Genebrard, Vosio e outros escreveram sobre o mesmo assunto com grande erudição. As observações acerca desse nome adiantaram-se tanto, que se pretendeu haver descoberto a demonstração e a expressão positiva do mistério da Trindade. Não podemos resistir ao desejo de apresentar a nossos leitores um dos mais singulares desses sistemas, citado pelo continuador da História dos Judeus, obra escrita no Século XII por um daqueles que depois se fez cristão. Diz, pois, na página 409 do tomo IV, que a Trindade se prova pelo nome de Jehovah, cuja combinação pode formar três nomes que não constituem mais que uma só essência.

Para demonstrá-lo, escrevem-se dois círculos, um grande e outro concêntrico, além de outros colocados de tal modo que seu centro comum esteja na circunferência do círculo interior. Em cada um dos círculos pequenos, escrevem-se as letras da palavra, de modo que resulte uma letra em cada hemisfério. Junta-se, então, o iod ao primeiro he, que implica em que o primeiro nome de Deus é Gerador. Une-se, em seguida, o primeiro he com o vau, e temos outro nome de Deus, a saber, verbo gerado. O vau, com o segundo he, forma o terceiro nome, que procede do primeiro e do segundo. Enfim, como tudo se acha reunido dentro do grande círculo, resultam três em um.

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Francisco Vatablo, em seus Comentários sobre a Bíblia, referindo-se à palavra tomada do hebraico, cuja interpretação acabamos de dar, diz: Este nome contém o mistério da Trindade, segundo consta das tradições do povo hebreu, muito anteriores a Jesus Cristo. Por ‘iod’, devemos entender o Pai, princípio e origem de todas as coisas. Por ‘he’, o Filho, por quem empreendeu toda criação. Por ‘vau’, o Espírito Santo, união ou amor mútuo entre o Pai e o Filho, do qual resultou o segundo ‘he’ – uma dupla natureza que é Cristo. A primeira destas naturezas, ‘he’, é divina; a Segunda, é humana.

Hay, filho de Scherira, que viveu no ano 997 da E.C., disse, em sua obra, a respeito da antiga formação da palavra Jehovah , que a havia visto gravada, em antigos monumentos de Jerusalém, de modo análogo aos exemplos acima citados.

Moral deste grau: silêncio e segredo.

COMENTÁRIOS5

1. SOBRE A PALAVRA “JEHOVAH”

O mais antigo exemplo que se conhece do emprego da palavra Jeová, é do ano 1518 d.C., e é devido à má compreensão de um termo hebraico, cujas consoantes são Yhwk. Depois do cativeiro tinham os judeus tão grande respeito a este nome, que, na verdade, somente era usado, segundo algumas autoridades, pelo sumo sacerdote, uma só vez no ano, no dia da expiação. Todavia, Yhwk ocorre muito freqüentemente na Sagrada Escritura; e por isso outra palavra, Adonai (Senhor), a substituiu na leitura em alta voz, e foi adotada pelos tradutores nas diversas línguas estrangeiras (em grego Kyrios; em latim Dominus). E desta maneira se perdeu a verdadeira pronúncia de Yhwk.

Quando, porém, foram acrescentadas às consoantes hebraicas (no oitavo e nono século d.C.) as letras vogais, as de Adonai foram dadas a Yhwk em vez das suas próprias. Por esta razão, se o primeiro "a" fosse levemente disfarçado seria possível ler-se Yehowah; e foi isto o que realmente aconteceu. Com estas vogais se pretendeu, tanto quanto possível, designar várias formas do verbo hebraico e sugerir assim, numa só palavra,

5 Fonte: Dicionário Bíblico, ed. Ramosdata, 1995.

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Jeová, estas idéias: "O que será", "O que é", e "Aquele que foi".

Embora isto seja pura imaginação, concorda com a frase que se encontra no Ap 1.4. Primitivamente, sem dúvida, Yhwk representava aquele tempo de um verbo hebraico que implica continuidade (o tempo chamado "imperfeito"), e com as suas vogais se lia Yahaweh ou Yahwek. A sua significação era provavelmente "Aquele que é", ou "Aquele que será", sugerindo plena vida com infinitas possibilidades. Para isto há a seguinte explicação: Quando Moisés quis informar-se a respeito do nome de Deus, foi esta a resposta: "O Ente 'Eu sou o que sou', 'ou Serei o que serei', me mandou vir ter contigo."

Este nome significa, então, o Ser que subsiste por Si, o qual proverá a respeito do Seu Povo. Quanto a saber-se até que ponto o nome era conhecido do povo de Israel, antes da chamada de Moisés, não é possível aprofundar o assunto. Por um lado, explicitamente diz Deus: "Eu sou o Senhor: e eu apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó, como Deus, o Todo-poderoso (El-Saddai); mas pelo meu nome, o Senhor, não lhes fui perfeitamente conhecido."

Por outro lado, freqüentemente ocorre esse nome no livro de Gênesis, e acham-se vestígios dele, com aplicação a um certo deus, nos primitivos documentos babilônicos. Tudo bem considerado, é provável que o uso da palavra no Gênesis seja devido a escritores ou copistas, posteriores à chamada de Moisés, e que, embora a palavra fosse conhecida antes desse tempo, não estava formalmente identificada com o verdadeiro Deus. Seja como for, a palavra era tão expressiva, tão cheia de promessas para um homem que começa a sua vida, e para uma nação que estava a ponto de entrar numa carreira de proveito para todo o mundo, que a sua escolha não somente revelava a natureza de Deus, mas também assegurava o bom resultado do Seu povo. Era o nome do pacto com Deus, e estava revestido de poder.

2. SOBRE A PALAVRA “DEUS”

A palavra portuguesa Deus, que tem a mesma forma na língua latina, representa alguns nomes da Bíblia, referentes ao Criador.

O termo de uso mais freqüente é Elohim, que restritamente falando, é uma forma do plural, derivando-

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se, presumivelmente, da palavra eloah. Mas, embora seja plural, é certo que, quando se refere ao único verdadeiro Deus, o verbo da oração, de que Elohim é o sujeito, e o nome predicativo vão quase invariavelmente para o singular. As principais exceções são quando a pessoa que fala, ou aquela a quem se fala, é um pagão (Gn 20.13; 1 Sm 4.8).

El, provavelmente "O único que é forte", também ocorre freqüentemente. E encontra-se este nome com adições: El-Elyon, "o Deus Altíssimo" (Gn 14.18); El-Shaddai, "o Deus Todo-poderoso" (Gn 17.1); e entra na composição de muitos vocábulos hebraicos (por exemplo Eliabe, Micael).

Adonai, Senhor, ou Superior. Esta palavra e as duas precedentes eram empregadas quando se queria significar o Deus da Humanidade, sem especial referência ao povo de Israel.

Todavia, Jeová, ou mais propriamente Jahveh, o Senhor, o Ser que por Si mesmo existe, o Ser absoluto, que é sempre a Providência do Seu povo, designa Aquele que num especial sentido fez o pacto com o povo de Israel.

Outro nome, ou antes, titulo, "o Santo de Israel" (Is 30.11) merece ser aqui mencionado, porque ele nos manifesta o alto ensino moral dos profetas, fazendo ver aos israelitas que o Senhor, a Quem eles adoravam, estava muito afastado dos ordinários caminhos do homem, e portanto era necessário que o Seu povo fosse como Ele, odiando o pecado. É sob este título que o Senhor é reconhecido como uma pedra de toque não só da pureza cerimonial, mas também da pureza ética.

O termo Pai. Nas primitivas religiões semíticas, este termo, enquanto aplicado aos deuses, tinha uma base natural, pois que os povos acreditavam que eram descendentes de seres divinos. Todavia, no A.T. é Deus considerado como o Pai do povo israelita, porque Ele, por atos da Sua misericórdia, o constituiu em nação (Dt 32.6; Os 11.1; *veja Êx 4.22). De um modo semelhante é Ele chamado o Pai da geração davídica de reis, porque Ele a escolheu e a tornou suprema (2 Sm 7.14; Sl 2.7, 12; 89.27). Mais tarde se diz que Deus Se compadece dos que o temem (isto refere-se particularmente aos israelitas e aos que aceitam a religião de Israel), como um pai se compadece dos seus filhos (Sl 103.13; Mt 3.17).

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A doutrina de Deus. Certas considerações nos são logo sugeridas sobre este ponto.

Em nenhuma parte da Bíblia se procura provar a existência de Deus. A crença no Criador é doutrina admitida. Nunca houve qualquer dúvida a respeito da existência da Divindade, ou da raça humana em geral. Entre os argumentos que podemos lembrar para provar a existência do Criador, devem ser notados: a relação entre causa e efeito, conduzindo-nos à grande Causa Primeira; a personalidade, a mais alta forma de existência que se pode conceber, de sorte que uma Causa Primeira, que carecesse de personalidade, seria inferior a nós próprios; a idéia de beleza, de moralidade, de justiça; o desejo insaciável, inato em nós, de plena existência que nunca poderia ser satisfeita, se não houvesse Aquele Supremo Ser, Luz, Vida e Amor, para onde ir.

Deus é um, e único (Dt 6.4, doutrina inteiramente aceita por Jesus Cristo, Mc 12.29). Porquanto se houvesse mais que uma Divindade, haveria, de certo, conflito entre esses seres todo onipotentes. Por isso, contrariamente ao dualismo de Zoroastro, segundo o qual há dois seres supremos, um bom e outro mau, a Bíblia ensina que Deus tem a autoridade suprema mesmo sobre o mal (Is 45.6,7). Este fato fundamental da Unidade de Deus não está em contradição com a doutrina cristã da Trindade, antes pelo contrário, a salvaguarda.

Deus é o Criador e o Conservador de tudo (Gn 1.1; At 17.24; Ap 4.11; e semelhantemente Jo 1.3; Col 1.16, onde o imediato Agente é a Segunda Pessoa da Trindade). Todos os dias estamos aprendendo, com clareza de percepção, que a matéria não é coisa morta e sem movimento, que as próprias pedras tremem pela sua energia, sustentando a sua coesão pelas formidáveis e ativas forças que sem interrupção nelas operam. O nosso conhecimento, cada vez mais aperfeiçoado, sobre os métodos de Deus na Criação, leva-nos a um louvor cada vez mais elevado.

Estamos, também, sabendo mais com respeito à relação de Deus para conosco, como governador e conservador de tudo. Relativamente a este assunto há duas verdades, nenhuma das quais deverá excluir a outra: Ele é transcendente, isto é, superior ao universo, ou acima dele (veja Is 40.22; 42.5; 1 Tm 6.16).

É igualmente importante notar que Deus é imanente, isto é, está na matéria, ou com ela. Nesta

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consideração, nós e todos os seres vivemos Nele (At 17.28; *veja também Jo 1.3,4); e Ele em nós está pelo simples fato de que sendo Espírito (Jo 4.24) é dotado de onipresença.

A adoração a Deus. Se a religião é, na verdade, uma necessidade natural, o culto é sua forma visível. Porquanto, embora possamos supor a priori que nos podemos colocar na presença da Divindade sem qualquer sinal exterior, é isto, contudo, tão incompatível como a natureza humana, e tão contrário às exigências da religião, visto como esta pede a adoração a Deus com toda a nossa complexa personalidade, que não é possível admitir-se tal coisa. É certo que Jesus Cristo disse: "Deus é Espirito; e importa que os seus adoradores o adorem em espirito e em verdade"

3. SALOMÃO, A FIGURA BÍBLICA

O terceiro rei de Israel; décimo filho de Davi e o segundo que teve de Bate-Seba. O seu nascimento tinha sido anunciado nas palavras proféticas de Natã (2 Sm 7.12,13; 1 Cr 22.8 a 10). Nasceu em Jerusalém, e pelo profeta foi chamado Jedidias "querido do Senhor" (2 Sm 5.14; 12.24,25). Quando Adonias, filho de Davi, sendo já seu pai mui velho, se levantou e disse "eu reinarei" (1 Rs 1.5), Natã incitou a rainha Bate-Seba a que fizesse lembrar a Davi a sua promessa com respeito a Salomão. Imediatamente procedeu Bate-Seba neste sentido, falando nas pretensões de Adonias a Davi, que, informado do que se passava, mandou a Zadoque e a Natã que fosse ungido rei o seu filho Salomão. Os partidários de Adonias prontamente o abandonaram, mas Salomão não lhe fez então mal algum, mandando-o ir para sua casa (1 Rs 1.53; 1 Cr 23.1). Mais tarde foi repetida a cerimônia da unção (1 Cr 29.22 a 25).

Depois da morte de Davi (1 Rs 2.10), casou Salomão com uma filha do Faraó do Egito, trazendo-a para Jerusalém (1 Rs 3.1). Num sonho que teve, pediu a Deus que lhe desse sabedoria, recebendo então a promessa de abundantes bênçãos (1 Rs 3.5 a 15).

A sua sabedoria, a sua piedade (1 Rs 3.16 a 28; 5.5), o esplendor da sua casa, e a extensão do seu reino, espalharam longe a sua fama (1 Rs 10.1 a 13). Como tinha sido predito, foi ele que edificou o primeiro templo de Jerusalém (1 Rs 5.6; 2 Cr 2 a 4), e um palácio para si; a Casa do Bosque do Líbano; um edifício para a

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rainha egípcia, sua mulher; o muro de Jerusalém, e várias cidades (1 Rs 3.1; 7.1,2,8; 9.15 a 19,24).

Salomão e o seu povo gozaram de profunda paz durante o seu reinado, e em todos os seus domínios. Ele governou sobre todos os povos desde o Eufrates (e ainda mais para além deste rio) até ao Nilo. O seu exército era grande e achava-se bem equipado (1 Rs 4.26; 10.26; 2 Cr 1.14). De tal maneira ele protegeu o comércio que a Palestina se tornou rica, abundante em artigos de luxo (1 Rs 9.26 e 28; 10.14,15,27 a 29). A sua casa tornou-se notável pela sua riqueza e esplendor (1 Rs 10.5; cp. com Mt 6.29).

Mas a prosperidade degenerou em voluptuosidade; a moral e a religião decaíram muito. Salomão tomou mulheres e concubinas em número de mil, havendo entre elas moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e hetéias. E de tal modo foi o seu coração pervertido por essas mulheres que ele chegou a adorar os falsos deuses, como Astarote dos sidônios, Moloque dos amonitas, e Camos dos moabitas, aos quais edificou templos no monte das Oliveiras (1 Rs 11.1 e 2; Ne 13.26). Os seus pecados trouxeram o castigo anunciado (2 Sm 7.14; 1 Rs 11.9 a 13), e apareceram os inimigos (1 Rs 11.14 a 40), enevoando os seus últimos dias.

Depois de ter reinado quarenta anos, morreu Salomão, sendo sepultado "na cidade de seu pai Davi" (1 Rs 11.42,43; 2 Cr 9.29 a 31). Três livros do A.T., Provérbios, Eclesiastes e Cantares, são atribuídos a esse rei. Jesus Cristo fez alusões à sabedoria de Salomão e à magnificência com que vivia (Mt 6.29; 12.42; Lc 11.31; 12.27).

GRAU 5MESTRE PERFEITO

À perfeição do espírito e do coração, a todas as grandes verdades e a todos os conhecimentos úteis enumerados sobre a Pedra Cúbica.

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Não esqueças de teu Criador nos dias de tua juventude, se quiseres apartar de ti aquelas tribulações que fazem exclamar o homem, “não há prazer para mim”. Dias de dor, em que nem o Sol, nem a Lua, nem as estrelas nos alegram com sua luz; em que treme o poderoso e se humilha o forte; em que tudo é aflição ao nosso espírito; em que é lúgubre o canto das aves e sem harmonia os ecos da música; em que vemos de perto a ira do Senhor; em que morre nossa esperança e se extinguem nossos desejos. Vamos empreender aquela longa jornada da qual nenhum viajante regressa e onde parentes e amigos lamentam nossa partida. O corpo então devolvemos à terra, e o espírito, ao Senhor. Vaidade das vaidades, tudo é vaidade!

HISTÓRICO

Este grau, em sua origem, teve por fim honrar a memória dos IIr∴falecidos. Seu ritual contém

interessantes pormenores sobre cerimônias de inumação e homenagens fúnebres que em tais casos eram tradicionais.

A Loja representa uma cova com um cadáver dentro. Haverá, ademais, um cordel para retirada do corpo, e um sepulcro em forma piramidal coroado por um triângulo entre quatro círculos e quatro quadrados. A cova e o cadáver são emblemas do homem morto para a razão e a verdade, submerso nas trevas do erro; é retirado de lá com a ajuda de um cordel, ou seja, graças à Orla Dentada, laço sagrado pelo qual estão unidos os maçons dos dois mundos, a fim de que, juntos, descubram a verdade. A pirâmide e seu ápice figuram o Mestre zeloso que se eleva pelos graus até o conhecimento desta augusta Verdade. Os quatro círculos e os quatro quadrados são símbolos da Imensidade e da solidez das obras do Eterno.

Quando Salomão soube que haviam encontrado o corpo de Hiram, ordenou a seu Gr∴ Insp∴ Adoniram que

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preparasse os funerais com pompa e magnificência, e que todos os IIr∴ comparecessem com seus aventais e luvas brancos, proibindo-os de se mancharem de sangue, até que fosse efetuada a vingança sobre os perpetradores de tão horrível assassinato. Adoniram prontamente formulou o plano de um augusto monumento que se executou e concluiu de todo em nove dias. Era de mármore branco e preto.

Embalsamado, o coração de Hiram, com uma espada atravessada, foi colocado em uma urna e exposto à vista pública no terceiro escalão da subida para o S∴S∴. Lá ficou pelo espaço de nove dias, até a conclusão dos trabalhos de construção do obelisco. Este foi levantado na porta do Oriente, um pouco voltado para o Norte, para marcar o local onde os assassinos haviam primeiramente enterrado o cadáver, antes de conduzi-lo ao lugar onde o Ir∴ Stolkim o encontrou. Os IIr∴ foram também manifestar sua dor, postando-se no primeiro escalão do S∴S∴. Concluído o obelisco, colocou-se lá a urna sobre o pedestal, e o corpo de Hiram foi enterrado no meio de uma câmara subterrânea debaixo do Templo, com todas as honras devidas a essa grande homem. Esta câmara era o aposento onde Salomão tinha seu Capítulo, no qual conferenciava com Hiram, Rei de Tiro sobre a arte mística. No obelisco, havia uma pedra triangular onde estavam gravadas, em caracteres hebraicos, as iniciais J.B.M.. O J. é a inicial da antiga palavra de Mest∴, e as letras M.B., da moderna e do ramo de acácia6 que se vela também encima da dita pedra. Salomão tomou todas as insígnias quando a palavra do terceiro grau foi mudada.

Três dias depois da cerimônia, rodeado por sua corte, foi ao Templo, estando todos os obreiros na mesma ordem em que estavam no dia do funeral. O Soberano fez uma súplica ao Todo Poderoso, examinou a tumba, o dossel, repassou o triângulo, as letras gravadas neste, a

6 ACÁCIA. Na profecia de Is 41.19 acha-se (acácia) no número das árvores que deviam ser plantadas no deserto. Noutros lugares usa-se a expressão madeira de acácia. As referências a esta madeira acham-se no livro do Êxodo e em Dt 10.3; e, pelo que aí se diz, sabemos que foi ela principalmente usada na construção do tabernáculo e da respectiva mobília. A árvore de que se trata o "sunt" do Egito é a acácia seyal, que produz a goma-arábica do comércio. Cresce principalmente na península do Sinai, e aparece também na Palestina, sendo encontrada no vale do Jordão e na parte oriental do mar Morto. Tem uma haste dura e espinhosa, e produz flores amarelas entre a sua folhagem peniforme. A sua vagem é como a do laburno. A madeira é rija, durável, e admiravelmente adaptada a obras de marceneiro (Êx 25, 26, 27, 30, 35, 36, 37, 38; Dt 10.3).

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pirâmide e, achando tudo bem ordenado, fez o sinal de admiração.

Moral do Grau: Devemos tributar a nossos IIr∴ o respeito que merece sua memória.

COMENTÁRIOS

ADONIRAM, POR CASSARD7

Não se deve confundir Adoniram, filho de Abda, um dos intendentes de Salomão e cobrador ou preceptor de tributos, com Hiram Abi, ou seja Adonhiram, o arquiteto supremo do Templo. A propósito de Adoniram, citaremos o fato referido pelo continuador da História dos Judeus. Josefo disse: que no ano de 1480, descobriu-se em Sagunto um corpo de tamanho prodigioso. Na lápide que o cobria, achou-se uma inscrição hebraica que cita Billero e que Villalpando acredita autêntica, e que, traduzida para o latim, dizia assim:

Hic est Tumulus

Adoniram,

Servi Regis Salomonis,

Qui venit ut exigeret Tributum,

Et mortus Est die...

Cnya traduziu: Este é o sepulcro de Adoniram, súdito do Rei Salomão, que veio cobrar os tributos e morreu no dia...

HIRAM E HIRAM DE TIRO8

HIRÃO OU HIRAM é a forma abreviada de Airão, "irmão de um poderoso". Pode tratar-se do Rei de Tiro

7 CASSARD, Andres. Manual de la Masoneria, Nueva York, 1867.8 Fonte: Dicionário Bíblico.

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que viveu em amistosa aliança com Davi e Salomão (2 Sm 5.11,12; 1 Rs 9.14; 10.22). Ele auxiliou este último rei na construção do templo, e ajudou a preparação da armada de Társis. A sua própria cidade de Tiro era célebre pela sua magnificência. As relações entre Hirão e Salomão eram contínuas e estreitas, e segundo reza a tradição, estes reis gostavam muito de propor adivinhações um ao outro. Também designa o principal arquiteto que o rei Hirão de Tiro mandou a Salomão para auxiliar a edificação do templo.

Temos, no I Livro dos Reis:

1Rs 7.13 O rei Salomão mandou trazer de Tiro a Hirão.1Rs 7.14 Era ele filho de uma viúva, da tribo de Naftali, e fora seu pai um homem de Tiro, que trabalhava em bronze; ele era cheio de sabedoria, de entendimento e de ciência para fazer toda sorte de obras de bronze. Este veio ter com o rei Salomão, e executou todas as suas obras.1Rs 7.15 Formou as duas colunas de bronze; a altura de cada coluna era de dezoito côvados; e um fio de doze côvados era a medida da circunferência de cada uma das colunas;1Rs 7.16 também fez dois capitéis de bronze fundido para pôr sobre o alto das colunas; de cinco côvados era a altura dum capitel, e de cinco côvados também a altura do outro.1Rs 7.17 Havia redes de malha, e grinaldas entrelaçadas, para os capitéis que estavam sobre o alto das colunas: sete para um capitel e sete para o outro.1Rs 7.18 Assim fez as colunas; e havia duas fileiras de romãs em redor sobre uma rede, para cobrir os capitéis que estavam sobre o alto das colunas; assim fez com um e outro capitel.1Rs 7.19 Os capitéis que estavam sobre o alto das colunas, no pórtico, figuravam lírios, e eram de quatro côvados.1Rs 7.20 Os capitéis, pois, sobre as duas colunas estavam também justamente em cima do bojo que estava junto à rede; e havia duzentas romãs, em fileiras em redor, sobre um e outro capitel.1Rs 7.21 Depois levantou as colunas no pórtico do templo; levantando a coluna direita, pôs-lhe o nome de Jaquim; e levantando a coluna esquerda, pôs-lhe o nome de Boaz.1Rs 7.22 Sobre o alto das colunas estava a obra de lírios. E assim se acabou a obra das colunas.1Rs 7.23 Fez também o mar de fundição; era redondo e media dez côvados duma borda à outra, cinco côvados de altura e trinta de circunferência.

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1Rs 7.24 Por baixo da sua borda em redor havia betões que o cingiam, dez em cada côvado, cercando aquele mar em redor; duas eram as fileiras destes botões, fundidas juntamente com o mar.1Rs 7.25 E firmava-se sobre doze bois, três dos quais olhavam para o norte, três para o ocidente, três para o sul e três para o oriente; e o mar descansava sobre eles, e as partes posteriores deles estavam para a banda de dentro.1Rs 7.26 A sua grossura era de três polegadas, e a borda era como a de um copo, como flor de lírio; ele levava dois mil batos.1Rs 7.27 Fez também as dez bases de bronze; cada uma tinha quatro côvados de comprimento, quatro de largura e três de altura.1Rs 7.28 E a estrutura das bases era esta: tinham elas almofadas, as quais estavam entre as junturas;1Rs 7.29 e sobre as almofadas que estavam entre as junturas havia leões, bois, e querubins, bem como os havia sobre as junturas em cima; e debaixo dos leões e dos bois havia grinaldas pendentes.1Rs 7.30 Cada base tinha quatro rodas de bronze, e eixos de bronze; e os seus quatro cantos tinham suportes; debaixo da pia estavam estes suportes de fundição, tendo eles grinaldas de cada lado.1Rs 7.31 A sua boca, dentro da coroa, e em cima, era de um côvado; e era redonda segundo a obra dum pedestal, de côvado e meio; e também sobre a sua boca havia entalhes, e as suas almofadas eram quadradas, não redondas.1Rs 7.32 As quatro rodas estavam debaixo das almofadas, e os seus eixos estavam na base; e era a altura de cada roda de côvado e meio.1Rs 7.33 O feitio das rodas era como o de uma roda de carro; seus eixos, suas cambas, seus raios e seus cubos, todos eram fundidos.1Rs 7.34 Havia quatro suportes aos quatro cantos de cada base, os quais faziam parte da própria base.1Rs 7.35 No alto de cada base havia um cinto redondo, de meio côvado de altura; também sobre o topo de cada base havia esteios e almofadas que faziam parte dela.1Rs 7.36 E nas placas dos seus esteios e nas suas almofadas lavrou querubins, leões e palmas, segundo o espaço que havia em cada uma, com grinaldas em redor.1Rs 7.37 Deste modo fez as dez bases: todas com a mesma fundição, a mesma medida e o mesmo entalhe.1Rs 7.38 Também fez dez pias de bronze; em cada uma cabiam quarenta batos, e cada pia era de quatro côvados; e cada uma delas estava sobre uma das dez bases.1Rs 7.39 E pôs cinco bases à direita da casa, e cinco à esquerda; porém o mar pôs ao lado direito da casa para a banda do oriente, na direção do sul.

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1Rs 7.40 Hirão fez também as caldeiras, as pás e as bacias; assim acabou de fazer toda a obra que executou para o rei Salomão, para a casa do Senhor,1Rs 7.41 a saber: as duas colunas, os globos dos capitéis que estavam sobre o alto das colunas, e as duas redes para cobrir os dois globos dos capitéis que estavam sobre o alto das colunas,1Rs 7.42 e as quatrocentas romãs para as duas redes, a saber, duas carreiras de romãs para cada rede, para cobrirem os dois globos dos capitéis que estavam em cima das colunas;1Rs 7.43 as dez bases, e as dez pias sobre as bases;1Rs 7.44 o mar, e os doze bois debaixo do mesmo;1Rs 7.45 as caldeiras, as pás e as bacias; todos estes objetos que Hirão fez para o rei Salomão, para a casa do Senhor, eram de bronze polido.1Rs 7.46 O rei os fez fundir na planície do Jordão, num terreno argiloso que havia entre Sucote e Zaretã.1Rs 7.47 E Salomão deixou de pesar esses objetos devido ao seu excessivo número; não se averiguou o peso do bronze.1Rs 7.48 Também fez Salomão todos os utensílios para a casa do Senhor: o altar de ouro, e a mesa de ouro, sobre a qual estavam os pães da proposição;1Rs 7.49 os castiçais, cinco à direita e cinco esquerda, diante do oráculo, de ouro puro; as flores, as lâmpadas e as tenazes, também de ouro;1Rs 7.50 e as taças, as espevitadeiras, as bacias, as colheres e os braseiros, de ouro puro; e os gonzos para as portas da casa interior, para o lugar santíssimo, e os das portas da casa, isto é, do templo, também de ouro.1Rs 7.51 Assim se acabou toda a obra que o rei Salomão fez para a casa do Senhor. Então trouxe Salomão as coisas que seu pai Davi tinha consagrado, a saber, a prata, o ouro e os vasos; e os depositou nos tesouros da casa do senhor.

E no II Livro das Crônicas:

2Cr 2.1 Ora, resolveu Salomão edificar uma casa ao nome do Senhor, como também uma casa real para si.2Cr 2.2 Designou, pois, Salomão setenta mil homens para servirem de carregadores, e oitenta mil para cortarem pedras na montanha, e três mil e seiscentos inspetores sobre eles.2Cr 2.3 E Salomão mandou dizer a Hurão, rei de Tiro: Como fizeste com Davi, meu pai, mandando-lhe cedros para edificar uma casa em que morasse, assim também fazem comigo.

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2Cr 2.4 Eis que vou edificar uma casa ao nome do Senhor meu Deus e lha consagrar para queimar perante ele incenso aromático, para apresentar continuamente, o pão da preposição, e para oferecer os holocaustos da manhã e da tarde, nos sábados, nas luas novas e nas festas fixas do Senhor nosso Deus; o que é obrigação perpétua de Israel.2Cr 2.5 A casa que vou edificar há de ser grande, porque o nosso Deus é maior do que todos os deuses.2Cr 2.6 Mas quem é capaz de lhe edificar uma casa, visto que o céu e até o céu dos céus o não podem conter? E quem sou eu, para lhe edificar uma casa, a não ser para queimar incenso perante ele?2Cr 2.7 Agora, pois, envia-me um homem hábil para trabalhar em ouro, em prata, em bronze, em ferro, em púrpura, em carmesim, e em azul, e que saiba lavrar ao buril, para estar com os peritos que estão comigo em Judá e em Jerusalém, os quais Davi, meu pai, escolheu.2Cr 2.8 Manda-me também madeiras de cedro, de cipreste, e de algumins do Líbano; porque bem sei eu que os teus servos sabem cortar madeira no Líbano; e eis que os meus servos estarão com os teus servos,2Cr 2.9 a fim de me prepararem madeiras em abundância, porque a casa que vou edificar há de ser grande e maravilhosa.2Cr 2.10 E aos teus servos, os trabalhadores que cortarem a madeira, darei vinte mil coros de trigo malhado, vinte mil coros de cevada, vinte mil batos de vinho e vinte mil batos de azeite.2Cr 2.11 Hurão, rei de Tiro, mandou por escrito resposta a Salomão, dizendo: Porquanto o Senhor ama o seu povo, te constituiu rei sobre ele.2Cr 2.12 Disse mais Hurão: Bendito seja o Senhor Deus de Israel, que fez o céu e a terra, que deu ao rei Davi um filho sábio, de grande prudência e entendimento para edificar uma casa ao Senhor, e uma casa real para si.2Cr 2.13 Agora, pois, envio um homem perito, de entendimento, a saber, Hurão-Abi,2Cr 2.14 filho duma mulher das filhas de Dã, e cujo pai foi um homem de Tiro; este sabe trabalhar em ouro, em prata, em bronze, em ferro, em pedras e em madeira, em púrpura, em azul, em linho fino, e em carmesim, e é hábil para toda obra de buril, e para toda espécie de engenhosas invenções; para que lhe seja designado um lugar juntamente com os teus peritos, e com os peritos de teu pai Davi, meu senhor.2Cr 2.15 Agora mande meu senhor para os seus servos o

trigo, a cevada, o azeite, e o vinho, de que falou;

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2Cr 2.16 e nós cortaremos tanta madeira do Líbano quanta precisares, e a levaremos em jangadas pelo mar até Jope, e tu mandarás transportá-la para Jerusalém.2Cr 2.17 Salomão contou todos os estrangeiros que havia na terra de Israel, segundo o recenseamento que seu pai Davi fizera; e acharam-se cento e cinqüenta e três mil e seiscentos.2Cr 2.18 E deles separou setenta mil para servirem de carregadores, e oitenta mil para cortarem madeira na montanha, como também três mil e seiscentos inspetores para fazerem trabalhar o povo.

GRAU 6SECRETÁRIO ÍNTIMO

À necessidade de aprender que produziu descobertas preciosas, e aos perigos de uma vã curiosidade.

HISTÓRICO

Tendo Hiram, Rei de Tiro, enviado a Salomão, a pedido deste, os melhores artistas, arquitetos, mordomos de sua própria casa, grande número de obreiros e também inspetores ou superintendentes que os vigiassem, com o objetivo de que ajudassem na construção do Templo de Jerusalém, suprindo, do mesmo modo, os cedros e abetos do monte Líbano, e ouro, e pedras das pedreiras de Tiro, enfim, tudo aquilo que era necessário à construção de tão suntuoso monumento, Salomão prometeu, de sua parte, enviar a Hiram, a cada ano, enquanto durassem os trabalhos do Templo, 20.000 medidas de trigo, 20 de azeite puro, cevada, vinho e mel, além de ceder-lhe, quando da conclusão da obra, 20 cidades da Galiléia.

Havia se passado um ano sem que Salomão cumprisse as promessas que fizera, quando Hiram visitou as cidades adquiridas e viu que eram não só terras estéreis para o cultivo, como ainda grosseiros e ignorantes seus habitantes. Além disso, a conservação de semelhante domínio, seria-lhe mais onerosa que útil. Acreditou que o haviam enganado e dirigiu-se ao palácio de Salomão, passando, precipitadamente, no meio dos guardas que o custodiavam.

Um favorito de Salomão, chamado J∴, notando, no semblante e maneiras de Hiram, a cólera de que este estava possuído, segui-o até a porta da câmara do Rei e

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deteve-se para escutar. Notado por Hiram, em seu ato de espionagem, fez este com que guardas o prendessem. Sem embargo, Salomão manifestou, então, ao monarca ofendido, que J∴ era um de seus mais fiéis servidores e que sua intenção, nesse caso, fora louvável. Desse modo, obteve o perdão. Ambos os soberanos concordaram em premiar a fidelidade de J∴, fazendo-o Secretário Íntimo, no pacto perpétuo de aliança que iam celebrar. Tal é a origem deste grau.

Moral do grau: Respeitemos os segredos de nossos IIr∴, evitando que se descubram e se divulguem.

COMENTÁRIOS

A CIDADE DE TIRO

É hoje Es-Sur, uma pobre povoação. Foi, em tempos antigos, uma fortificada cidade da Fenícia, situada sobre uma península rochosa, primitivamente uma ilha da parte oriental do Mediterrâneo, colonizada pela gente de Sidom (Is 23.2,12; cf Gn 10.15).

Foi cedida à tribo de Aser, e ocupada, não tendo sido expulsos os seus habitantes (Js 19.29; Jz 1.31, 32; 2 Sm 24.7). Tiro forneceu materiais e artífices para Davi construir o seu palácio, e Salomão o templo (2 Sm 5.11; 1 Rs 5; 7.13,14; 9.11 a 14, 27; 10.22; 16.31; 1 Cr 14.1; 22.4; 2 Cr 2). Foi denunciada pelos profetas (Is 23; Jr 25.22; 47.4; Ez 26,27,28; Jl 3.4 a 8; Am 1.9,10; Zc 9.2 a 4).

A cidade de Tiro alcançou grande poder e esplendor. Cerca de 150 anos depois da edificação do templo de Salomão, estabeleceu a grande colônia de Cartago; assenhoreou-se da ilha de Chipre, que continha preciosas minas de cobre; e exerceu domínio sobre Sidom. Foi cercada por Salmaneser, mas sem resultado (Ez 27). O cerco posto por Nabucodonosor durou treze anos, seguindo-se uma pequena sujeição ao império da Babilônia, ou uma aliança com aquela potência (Jr 27.3 a 8; Ez 29.18 a 20).

De Tiro foram de novo fornecidos materiais para a edificação do segundo templo, e além disso outros produtos (Ed 3.7; Ne 13.16). Jesus andou pelas vizinhanças da cidade, que estava afastada de Nazaré uns

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65 km (Mt 11.21; 15.21; Mc 3.8; 7.24; Lc 6.17; 10.13). Foi a residência de pessoas cristãs (At 21. 3 a 6).

Tiro, diferente de outras celebradas cidades do antigo mundo, comerciais e independentes como ela, era uma monarquia e não uma república, conservando esta forma de governo até à completa perda da sua independência.

Desde tempos remotíssimos foram os tírios conhecidos pela sua aptidão para toda a obra artística de cobre ou de metal amarelo. A madeira de cedro para o templo foi levada em jangadas de Tiro a Jope, numa distancia de 118 km, estando Jope distante de Jerusalém cerca de 51 km.

Hirão, rei de Tiro, mandou a Salomão marinheiros, para a viagem a Ofir e à Índia. Por outro lado, era a Palestina o celeiro da Fenícia, fornecendo-lhe, além do trigo, o azeite, e mel, e bálsamo. Tiro era afamada pela manufatura de uma certa tinta de púrpura.

Até ao fim do século décimo-terceiro da nossa era, a cidade de Tiro, tendo sobrevivido à queda dos impérios da Macedônia e de Roma, foi uma grande cidade, comparada com a qual era Roma de data recente. Por fim caiu diante das armas conquistadoras dos maometanos.

Tiro perdeu a sua qualidade de ilha, quando foi cercada por Alexandre Magno, edificando este rei um molhe, que pôs a cidade em comunicação com o continente. O molhe foi alargado pelos depósitos de areia, e agora a língua de terra tem de largura uns quinhentos metros.

A DECEPÇÃO DE HIRAM, REI DE TIRO

Temos, no I Livro dos Reis, 9, v. 10-14, a decepção de Hiram, Rei de Tiro.

1Rs 9.10 Ao fim dos vinte anos em que Salomão edificara as duas casas, a casa do Senhor e a casa do rei,1Rs 9.11 como Hirão, rei de Tiro, trouxera a Salomão madeira de cedro e de cipreste, e ouro segundo todo o seu desejo, deu o rei Salomão a Hirão vinte cidades na terra da Galiléia.1Rs 9.12 Hirão, pois, saiu de Tiro para ver as cidades que Salomão lhe dera; porém não lhe agradaram.

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1Rs 9.13 Pelo que disse: Que cidades são estas que me deste, irmão meu? De sorte que são chamadas até hoje terra de Cabul.1Rs 9.14 Hirão enviara ao rei cento e vinte talentos de ouro.

A expressão cabul tem sentido problemático e significa como nada.

GRAU 7PREBOSTE OU JUIZ

À equidade severa que devemos empregar em nossas ações.

Juízes e oficiais porás em tuas cidades que o Senhor teu Deus te deu, segundo as tuas tribos, para que julguem o povo com justiça.

Não torcerás o juízo; não farás acepção de pessoas, nem receberás peitas; porque a peita cega os olhos dos

sábios, e perverte a causa dos justos

A justiça, somente a justiça, seguirás, para que vivas e possuas em herança a terra que o Senhor, teu Deus, te dá.

Deuteronômio XV, 18-20

HISTÓRICO9

Também se insere o 7º grau na categoria dos bíblicos ou israelitas. Consagra-se à eqüidade severa

9 De acordo com a visão do Ir∴ Nicola ASLAN.

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com que devemos julgar nossas ações, do que se depreende que o fundamento moral do Preboste ou Juiz é a Justiça igual para todos.

Na seqüência natural da lenda, defronta-se Salomão com a necessidade de distribuir a justiça entre os obreiros dedicados à construção do Templo. Por essa razão, instituiu aquele soberano um Tribunal composto por sete prebostes10, cujo chefe era TITO11, Príncipe dos Harodim, fiel depositário da chave da urna onde eram guardadas as atas das reclamações opostas às sentenças proferidas pelos tribunais inferiores dos harodim.

A chefia dos Harodim significava poder sobre 3.600 dirigentes dos operários construtores. Os sete juizes reuniam-se em Câmara do Meio, funcionando como uma espécie de corte de apelação. Assim, fundamental fazia-se a eqüidade, mesmo porque este tribunal julgava tanto apelos dirigidos por fenícios, quanto aqueles originários do povo hebreu.

Neste grau, o Juiz tem por finalidade incutir no ânimo dos iniciados as idéias de eqüidade e justiça, bem como o amor à sabedoria. Não tem ele hora fixa para trabalhar, porque vai e vem por toda a parte, conhecendo e socorrendo os IIr∴, corrigindo seus defeitos, escutando suas queixas, organizando seu trabalho, enfim, distribuindo a justiça, ao dar a cada um o que é seu. Detém ele a chave de ouro da sabedoria.

Segundo Rosen, a lenda judaica referente aos 3.600 contramestres instituídos por Salomão para a administração da justiça é a base do grau. Aqui, o desejo de saber – característica do 6º grau – transforma-se em posse da ciência, onde os iniciados mostram-se capazes de fazer justiça aos seus Irmãos. É uma consagração que nasce da consciência humana de forma natural, daí a relação deste grau com o Jus Naturalis ou Direito Natural, anterior aos atos voluntários que implica em limitação recíproca. A condição sobre a qual a liberdade de ação de cada um pode ser conciliada com a liberdade do outro, cabendo à sociedade a obrigação de

10 O termo preboste nos vem do francês medieval e designa um magistrado militar existente nos corpos do exército a quem eram submetidos os delitos perpetrados pelos praças. Era título distribuído também a outros ramos da administração pública. Origina-se do latim proepositus, que significa preposto, indicando, à época, o preposto do rei.11 Tito não é um nome hebraico, mas nome fantasia criado por ritualistas franceses. Nas lendas maçônicas, o personagem Tito é considerado como o inspetor responsável por trezentos harodim ou arquitetos. Os harodim das 12 tribos somavam 3.600.

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garantir a liberdade de cada um, à vista de objetivos sociais e individuais. Nascido livre e inteligente, tem o homem direitos anteriores a qualquer lei positiva (escrita), e estes são os assim chamados direitos naturais da pessoa humana, derivados da condição racional e garantidores da liberdade, da propriedade, da associação, da legítima defesa, etc.

O preboste ou Juiz, assim, na condição de Maçom, tem imposto a si o dever de fidelidade e apoio mútuo. Não pode, pois, deixa-se levar por quaisquer considerações subalternas, por interesses pessoais, simpatias mútuas ou quaisquer outros entendimentos que não o do estrito cumprimento do dever, da justiça e da eqüidade.

Moral do Grau: Devemos Justiça igual para todos os homens.

COMENTÁRIOS

DIREITO NATURAL12

Define-se, juridicamente, o Direito Natural como o conjunto das regras impostas à legislação dos povos pelos princípios fundados na razão e na eqüidade. Seu objetivo é regular e garantir os direitos individuais inalienáveis e inatos, como os direitos à vida, liberdade, honra e patrimônio. Embora muitas vezes essas normas não constem de um código escrito, existem na consciência coletiva e são invocadas sempre que violadas.

GRAU 8INTENDENTE DOS EDIFÍCIOS

Ao espírito de ordem e de análise.

12 Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

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Restaurarei teus juízes e conselheiros de outros dias; e a luz do justo dominará, porque o Senhor dotou-o de sabedoria. Então, aparecerão novamente a equidade e a justiça, e vossos passos serão dirigidos pela senda da verdade.

HISTÓRICO

Desejando Salomão terminar a construção do Templo com a maior magnificência e esplendor possíveis, acreditou conveniente, ao ver-se privado dos serviços de seu principal arquiteto, de cuja morte e circunstâncias tendes conhecimento, nomear cinco chefes ou superintendentes que dirigissem os trabalhos de arquitetura daquele edifício, dando o mando desse novo destino a Tito Zadoc, Adoniram e a Abda, seu pai, convencido de que o zelo e inteligência que poriam na obra bastaria para ver satisfeitos os seus desejos.

Do mesmo modo, esperamos que, neste grau, façam os IIr∴, de sua parte, tudo o acreditam seja útil à Maçonaria.

Moral do Grau: Devemos nos consagrar com zelo e constância aos trabalhos que possam outorgar maior esplendor ao nosso Templo, recordando as palavras do Senhor.

COMENTÁRIO13

13 De acordo com a visão do Ir∴ Nicola Aslan.

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Trata-se de mais um grau também pertencente à categoria dos bíblicos ou israelitas. Tem por lema a liberdade como traço de união entre o trabalho e a propriedade. Baseia-se na idéia de aprendizado de comando.

Na lenda, Salomão, desejoso de incentivar o estudo das ciências e das artes entre o seu povo, chamou, para conselheiros, os mais experientes Obreiros de seu reino, para que dirigissem o ensino, dando-lhes, então, o título de Intendes dos Edifícios.

Segundo Nicola Aslan, a Palavra Sagrada do 8º grau é Judá14 . Ora, somente as tribos de Judá e de Benjamim voltaram para a reconstrução do Templo de Jerusalém. Assim, foi o nome lembrado como Palavra Sagrada dos Intendentes dos Edifícios, grau preparatório aos que têm por base a idéia da reconstrução.

Na simbologia maçônica, o edifício se traduz pela sociedade, a construção social. Cabe, portanto, aos Obreiros, o dever de zelar pela aposição de bases sólidas e permanentes que dêem a necessária sustentação à obra. Nesse desiderato, combatem sempre a indiferença, inimigo de todos os bons sentimentos e ações humanas. Sem objetivar apenas as preocupações de ordem individual, tornam-se obreiros dignos, invulneráveis ao desalento e ao desespero, consagrados ao zelo e à constância de todos os trabalhos.

Neste grau, a propriedade e o trabalho se enfatizam como bases da civilização, tendo por laço comum a liberdade. Dar a cada um o que é seu. Trabalho, Liberdade e Propriedade, síntese do verdadeiro socialismo na prática racional, sem omitir-se, ainda, a educação.

Diz-se, finalmente, que o Intendente dos Edifícios exprime nove condições ou virtudes para enaltecer o trabalho: JUSTIÇA, ORDEM, VIGILÂNCIA, ECONOMIA, PREVISÃO, CONSTÂNCIA, EMULAÇÃO, INTREPIDEZ e VERDADE.

Cabe aos obreiros que auferem a condição pertinente a este grau a realização de trabalhos especiais atinentes à interpretação filosófica dos símbolos e alegorias, contribuindo para a educação do povo para o qual deve existir uma legislação moral do

14 Em hebraico transliterado YEHUDAH – progênie da divindade. Os rituais franceses traduzem a palavra como ‘louvor’, mas nada há que o justifique, no entender de Aslan. Todavia, não é assim. Encontramos dicionários bíblicos que aceitam a tradução questionada.

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trabalho. Cabem-lhe ainda o combate à ignorância, à hipocrisia e à ambição, na busca do justo equilíbrio entre o binômio capital-trabalho, fonte da verdadeira prosperidade.

JUDÁ15

Significa louvor. É este um nome que, em diversos lugares, aparece com a forma de Judas e de Juda. E também a Judéia se chama Judá em certo número de exemplos.

Pela primeira vez ocorre em Gn 29.35; é Lia que dá esse nome ao seu quarto filho quando disse: "Esta vez louvarei o Senhor. E por isso lhe chamou Judá." Nasceu em Harã, na Mesopotâmia. À exceção de José, ele figura mais vezes na história de Israel do que qualquer dos seus irmãos. Foi ele que aconselhou a venda de José aos mercadores ismaelitas, querendo evitar a sua morte (Gn 37.26,27). Ele se nos apresenta como o diretor dos negócios da família e, como se diz em 1 Cr 5.2, "foi poderoso entre os seus irmãos". Naquelas memoráveis viagens ao Egito, para comprar trigo, foi Judá que fez objeções ao fato de querer Jacó conservar Benjamim junto de si; e foi ele também que, oferecendo os seus próprios filhos como reféns, fez todos os esforços para trazer de novo Benjamim (Gn 43.3 a 10). Em todas as ocorrências dramáticas entre os filhos de Israel e seu irmão José, bem como no caso de ser a família removida para o Egito, foi Judá quem sempre falou pelos outros. E Jacó reconheceu a ascendência de Judá sobre seus irmãos, o que se mostra nas últimas palavras que o patriarca lhe dirigiu: "os filhos de teu pai se inclinarão a ti" (Gn 49.8 a 10). Judá teve cinco filhos, dois dos quais morreram novos. Os outros três, Selá, Perez e Sera, foram com seu pai para o Egito (Gn 46.12). Estes filhos nasceram na Palestina numa parte do país, de que a família, já uma tribo, se apossou de novo, no tempo da conquista. (*veja Judá, Judéia.)

Também designa um levita do tempo de Zorobabel, que auxiliou a restaurar o templo (Ed 3.9). Provavelmente devia ler-se Hodavias e ainda outro Levita que mandou embora a sua mulher estranha (Ed 10.23). Além destes, um indivíduo da tribo de Benjamim. O superintendente de uma parte de Jerusalém, no tempo de Neemias (Ne 11.9).

15 Fonte: Dicionárico Bíblico Ramosdata

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Também se aplica ao chefe dos que fizeram a dedicação dos muros, ou então, talvez, devamos compreender por esse nome a própria tribo (Ne 12.34).

BENJAMIM16

BENJAMIM significa filho da mão direita. Nome que lhe foi dado por seu pai Jacó. A sua mãe moribunda tinha dado à recém-nascida criança o nome de Benoni, filho da minha aflição (Gn 35.18). Benjamim era dos doze filhos do patriarca Jacó o mais novo, e teve com o seu irmão José, filho da mesma mãe, a mais afetuosa estima da parte de seu pai. Benjamim era a grande consolação do seu idoso pai, e correspondia com igual afeto à grande amizade que lhe tinha o seu irmão José, mais velho do que ele (Gn 45.14).

Nasceu na Palestina, entre Betel e Belém, e a sua vida, quando foi dado à luz, custou a vida de sua mãe (Gn 35.16 e seguintes). Nada mais se sabe de Benjamim até àquela ocasião em que seus irmãos tiveram de ir ao Egito para comprar trigo. Revela-se, então, o seu caráter como bem amado filho e querido irmão. É ele o favorito de toda a família, e ainda que pai de numerosa descendência, foi sempre considerado como aquele de quem o resto da família devia ter especial cuidado (Gn 46.21; 44.20). A partir de então a sua vida se extingue na da tribo, a que deu o seu nome.

Ele, que parece ter sido o menos varonil dos doze, foi o fundador de uma tribo de guerreiros temíveis. Mas a fortaleza e as qualidades guerreiras desta gente provinham do seu escabroso país que estava também exposto aos ataques dos seus inimigos de fora. Que isto havia de ser assim, foi anunciado por Jacó à hora da sua morte (Gn 49.27).

O nome Benjamim também designa um descendente de Harim (Ed 10.32), além de um daqueles que tomaram parte na reedificação dos muros de Jerusalém (Ne 3.23).

GRAU 9CAVALEIRO ELEITO DOS NOVE

Ao zelo virtuoso e ao talento esclarecido que por bons exemplos e generosos esforços vingam a verdade e a virtude contra o erro e o vício.

16 Dicionário bíblico.

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HISTÓRICO

Depois da trágica morte de Hiram, os perpetradores do crime trataram de escapar ao castigo que lhes aguardava e ocultaram-se. Salomão, com o objetivo de descobri-los, reuniu uma assembléia de Mestres, deliberando com eles sobre a maneira de consegui-lo. Foi quando um estranho apresentou-se, manifestando desejo de falar em particular com aquele Soberano. Salomão admite-o a sua presença, e o estrangeiro revela-lhe haver visto um desconhecido que se ocultara numa caverna, perto das costas de Jope. Pelas características que teriam os três assassinos perseguidos, este devia ser um deles. O desconhecido, então, ofereceu-se para auxiliar na captura. Salomão mandou que nove Mestres acompanhassem o estranho.

Ao amanhecer do dia seguinte, Joabem, Stolckim e outros sete Mestres, conduzidos pelo estrangeiro, dirigiram-se para uma terra acidentada, perto da costa de Jope. No caminho, soube Joabem, pelo estrangeiro, que o traidor a quem buscavam tinha o hábito de ocultar-se numa caverna, não muito longe do local onde se achavam. Com efeito, logo encontraram a caverna. Apenas entrou Joabem, guiado pela luz de uma lamparina, e descobriu, dormindo, o assassino, com um punhal a seus pés. Não podendo conter seu impaciente zelo, Joabem toma do punhal e fere o assassino, primeiro na cabeça e depois no coração, não lhe dando tempo senão de exclamar: vingança merecida! e expirar.

Havendo Joabem separado a cabeça do corpo do traidor, reúne-se a seus oito companheiros que aplacavam a sede numa fonte perto dali. Segurando a cabeça numa das mãos e o punhal na outra, dirigiram-se todos a Jerusalém, onde chegaram ao romper do dia. Quando Salomão viu a cabeça do traidor nas mãos de Joabem, indignou-se sobremaneira, porque fora privado de

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pessoalmente aplicar um castigo exemplar, sentindo-se usurpado em sua faculdade de agir.

Imediatamente ordenou a Stolckim que tirasse a vida de Joabem, para castigar seu atrevimento. Mas, convencidos os demais de que Joabem havia obrado somente por excesso de zelo e sem intenção de atribuir-se o poder soberano, prostraram-se aos pés de Salomão e imploraram seu perdão que, mediante esta intervenção, o concedeu.

Salomão mandou então colocar a cabeça do traidor na torre oriental do Templo, até que se encontrassem seus dois outros cúmplices e outorgou benefícios a Joabem e a seus companheiros, concedendo-lhes o título de Cavaleiro Eleito dos Nove.

Moral do Grau: Em nenhum caso é permitida a vingança.

COMENTÁRIOS

VISÃO DE NICOLA ASLAN

O nono grau pertence à terceira categoria, qual seja, a dos graus de iluminação. A passagem que agora se nos apresenta, como Mestre Eleito dos Nove, traz em si a idéia central da reconstrução do Templo, da igualdade perante a Lei e, finalmente, ensina que a virtude e o talento esclarecidos, através de bons exemplos e generosos esforços, vingam a verdade, resgatando-a do erro e do vício.

Segundo Nicola Aslan, há divergências quanto ao significado da Palavra de Passe, assim como da Palavra Sagrada. A primeira, NEKAN (resposta NEKAH), significa ferido, assassinado. Há confusão de grafias e de significados. Todavia, o correto é NEKAH, palavra escrita com as letras hebraicas NUN, CAPH e HE. Já a Palavra de Passe, BEGOAL-KOL, por sua vez, também sofreu várias deturpações e aparece grafada de várias formas. Segundo Mackey, significaria “TUDO ESTÁ REVELADO”; segundo outros, “A VOZ OU A PALAVRA COMO FOI MANIFESTADA OU REVELADA”. Os Rituais Franceses escrevem BEGOGAL CHOL, traduzindo por “ABOMINAÇÃO DE TODOS”, o que, segundo Aslan, não faria sentido. Finalmente, é possível ainda encontrar a Palavra de Passe escrita como BENGONGAL-CHOL.

Como soe ocorrer em todos os graus antecedentes, o 9º Grau, através da lenda, nos incita a refletir. Nesse caso, a ilustração apresentada nos leva

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de volta ao tempo do assassinato do Mestre HIRAN ABIF. o Rei de Tiro, profundamente magoado com a perda de seu favorito, pede vingança a SALOMÃO, o qual ordena que nove Mestres, chefiados por JOABEN, seu secretário íntimo, procurem os culpados, trazendo-os a presença do Soberano.

A comitiva parte, então, para cumprir as ordens de SALOMÃO. Atento, JOABEN nota que um cão, após matar a sede num córrego, refugia-se numa caverna próxima dali. Segue-o, e reconhece, na caverna iluminada por uma única lâmpada, um dos assassinos: ABIRAM, que dormia profundamente. Com uma punhalada, JOABEN atravessa-lhe o coração, cortando-lhe a seguir a cabeça, que leva a SALOMÃO como testemunho sangrento do cumprimento das ordens do Soberano.

Quando Salomão viu a cabeça decepada do traidor nas mãos de JOABEN, seu secretário, indignou-se sobremaneira, eis que sentiu-se privado, ele mesmo, de executar pessoalmente um castigo exemplar. Ordenou, então, a STOLKIN, um dos nove, que matasse a JOABEN, castigando, assim, seu atrevimento. Todavia, convencidos os outros de que JOABEN obrara apenas por excesso de zelo, sem qualquer intenção de arrogar-se as prerrogativas do Rei, arrojam-se aos pés de SALOMÃO, a quem imploram perdão a JOABEN. O Soberano, comovido, concede.

Por ordem do Rei, a cabeça do traidor é colocada na torre oriental do Templo, e lá deve permanecer até que se encontrem os dois outros cúmplices.

JOABEN, e os outros nove Mestres, então, foram agraciados por SALOMÃO com um título, qual seja, o de Cavaleiros Eleitos dos Nove.

O ensinamento moral máximo deste grau é que em nenhum caso é permitida a vingança.

Assim, perante esta narrativa trágica, somos levados a refletir sobre o ímpeto de Justiça que moveu a mão de JOABEN, ímpeto este que, até os nossos dias, trazemos em nossos Aventais. Não é por acaso que um cena tão grotesca como uma cabeça decepada ilustra nosso Avental. Não. Quer a Maçonaria, com isso, forçar-nos a uma visão terrível, uma autovisão crítica.

Muito embora os motivos de JOABEN fossem nobres, e muito embora obedecesse às ordens de Salomão,

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sua sede de Justiça extremada levou-o à prática de uma ação violenta, ação esta que, mais uma vez, quase lhe custou a vida. Indignado, SALOMÃO, revoltou-se contra o próprio secretário íntimo, e quase ordena sua execução, não fora o rogo dos demais. Temos, pois, meus Irmãos, um paradoxo: apesar de a ação criminosa dos assassinos ser repulsiva, a ação de JOABEN, ainda que inspirada pelo desejo de Justiça, coloca-o num nível, embora não igual, paralelo ao dos criminosos. É justamente destes paradoxos que devemos fugir, furtando-nos sempre de ações que, embora inspiradas no mais alto senso de Justiça, conduzam-nos por caminhos dúbios. Nosso avental, mais que uma insígnia, é um alerta, para que pautemos nossos atos pela Temperança, virtude que, sobremaneira, falta a JOABEN. SALOMÃO, mais uma vez, sensível às súplicas, mostra-se propício ao perdão, sabendo entender o excessivo zelo de seu secretário. Ora, o Sábio Soberano, assim agindo, fez cessar, naquele instante, uma possível cadeia de sangue e vinganças sucessivas que quiçá se instaurassem a partir da morte – quase ocorrida – do Secretário JOABEN. Felizmente, assim não foi.

Pautemo-nos, pois, pela TEMPERANÇA, e por mantermos uma expectativa de JUSTIÇA, e não de VINGANÇA. Que nosso Avental e nosso título nos conduzam sempre à reflexão, e a uma idéia cada vez mais avançada de igualdade, de fraternidade e de paz, tudo para que nossa noção de Homens Livres jamais se afaste do ideal do BEM.

A CIDADE DE JOPE17

JOPE é também chamada JAFO. Trata-se de uma cidade edificada na encosta de um monte, que está sobranceiro ao mar, na costa oriental do Mediterrâneo, distante 48 quilômetros ao noroeste de Jerusalém, pertencendo a esta mesma cidade um porto de mar que vem desde o tempo de Salomão.

Foi cedida a Dã (Js 19.46). Era o porto para onde era levada a madeira do Líbano, que serviu na edificação do templo de Jerusalém (2 Cr 2.16; e Ed 3.7).

Foi em Jope que Jonas embarcou para se dirigir a Társis (Jn 1.3). Neste mesmo lugar foi Tabita chamada à vida por Pedro, e teve este Apóstolo uma visão que o levou a visitar Cornélio (At 9.32 a 43; 10.1 a 23; 11.5 a 13).

17 Fonte: Dicionário Bíblico.

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O porto de Jope é muito pobre e sempre tem sido perigoso. E por isso, a não ser como porto de Jerusalém, pouco utilizado tem sido. Todavia, mesmo assim pobre, foi Jope freqüentes vezes um lugar para cerco e assalto, e no intervalo entre o A.T. e o N.T. os acontecimentos por diferentes vezes mudaram a situação das coisas. Pelo menos duas vezes foi destruída a cidade por Céstio e Vespasiano, sendo da segunda vez um meio para limpar aqueles sítios de piratas, dos quais era verdadeiro ninho aquele porto do mar.

Sua moderna história limita-se à repetição da sua antiga experiência, visto como alternativamente tem sido incendiada, saqueada, reedificada, e de novo fortificada pelos seus novos possuidores, sendo a sua última calamidade o terrível "massacre de Jope", ordenado por Napoleão I, em 1799.

Foi sede de um bispo cristão no quinto século, e atualmente tem vários conventos, pertencentes a diversas Igrejas.

GRAU 10CAVALEIRO ELEITO DOS QUINZE

À extinção de todas as paixões e de todas as inclinações

culpáveis.

Para que se soubesse que cada um deles havia cometido um crime horrível nas portas do Templo de Salomão, pois

Jubela Gibbs feriu a Hiram

com uma régua de 24 polegadas, na porta do Sul; Jubelo Grabelot com um esquadro, na porta do Ocidente; e Jubelum

Akirop deu o último golpe com um Malhete, na porta Oriental, causando a morte do nosso Respeitável Mestre...

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HISTÓRICO

Através do nono grau, soubemos que um dos assassinos foi morto na caverna situada nas cercanias da cidade de Jope. O esqueleto que se vislumbra no Oriente é o seu e permanece armado do malhete com que feriu Hiram. Salomão fez embalsamar sua cabeça com a intenção de expô-la e para que se conservasse até que fossem encontrados os outros dois assassinos.

Cerca de seis meses depois do castigo de um dos assassinos de Hiram, segundo referido no grau antecedente, Bengaber, um dos intendentes de Salomão na terra de Gheth, que era tributária daquele Monarca, procedeu às mais ativas indagações para descobrir se alguma pessoa suspeita havia se ocultado naquele país e cuja procedência pudesse fazer supor fosse de Jerusalém, publicando, ao mesmo tempo, um aviso no qual fornecia a exata filiação dos traidores. Passados alguns dias, recebeu informações de que indivíduos que correspondiam perfeitamente aos sinais da denúncia, haviam chegado ali e, acreditando-se fora do alcance de seus perseguidores, dedicaram-se a trabalhos no canteiro de obras de Bendecar.

Inteirado, Salomão escreveu a Maacha, Rei de Geth, suplicando-lhe permissão para captura dos criminosos e sua condução a Jerusalém, onde deveriam ser castigados pelo delito cometido.

Salomão escolheu os quinze Mestres que maior confiança lhe inspiravam, entre os quais estavam aqueles nove enviados a Jope. Ordenou-lhes fossem à procura dos traidores, acompanhados de uma escolta para maior segurança. Partiram no décimo quinto dia do mês de Tammuz, que corresponde a junho, e chegaram em 28 do mesmo mês a Gheth, entregando a carta de Salomão a Maacha, que admirou-se sobremaneira, mandando imediatamente que efetuassem a busca contra os malfeitores, os quais, um vez encontrados, deveriam ser entregues aos israelitas. O Soberano de Gheth declarou ainda que muito o alegraria ver seu país livre de tais monstros.

Ao longo de cinco dias, fizeram-se prolixas indagações, ao cabo das quais Zerbal e Joabem descobriram os assassinos num canteiro de Bendecar, onde trabalhavam. Apoderaram-se deles, prenderam-nos, pronunciando os crimes de que eram culpados. Chegaram a Jerusalém a 15 do mês seguinte e, conduzidos perante Salomão, confessaram o delito. Foram presos na torre de Achizar

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até o dia da execução, quando deveriam expiar seus crimes através de uma terrível morte.

Às dez horas da manhã do dia da execução, foram tirados da torre e amarrados a dois postes pelos pés e pelas mãos, com os braços para trás. O verdugo, então, abriu seus corpos do peito ao púbis no sentido transversal, deixando-os nesta posição pelo espaço de oito horas, para que as moscas e outros insetos caíssem sobre seu sangue e suas entranhas. Às seis da tarde, cortaram-se suas cabeças que foram colocadas junto à de Akirop, nas portas do Oriente, Ocidente e Meio-Dia de Jerusalém, arrojando seus corpos sobre as muralhas, para que servissem de pasto aos abutres e às bestas ferozes. Assim sofreram as penas merecidas por seus crimes.

COMENTÁRIOS

Trata-se, o 10º Grau, de um daqueles que pertence à categoria dos chamados Graus de Iluminação. Consagra-se à extinção de todas as paixões e de todas as tendências censuráveis, tendo por base a idéia de reconstrução.

Já no estágio anterior, quando Eleitos dos Nove, sabíamos que AKIROP, um dos assassinos, morrera na caverna. Seu esqueleto pode ser visto no Oriente, armado ainda do malhete com que ferira Hiram. Salomão fez embalsamar sua cabeça, com intenção de a deixar exposta até que se encontrassem os outros dois assassinos.

Restava a Salomão encarregar determinados homens do cumprimento de tão honrosa missão. Elegeu, então, Quinze Mestres – aqueles que maior confiança lhe inspiravam – e dentre os quais estavam os Nove primeiros que já haviam ido à caverna de Joppe.

Às dez horas da manhã do dia marcado para a execução pública, foram tirados das torres e amarrados a dois postes, com pés e mãos atados para trás. O verdugo abriu-lhes o peito até o púbis, e assim ficaram por oito horas, para que moscas e insetos lhes acudissem às entranhas, como testemunha nossa instrução:

Após despidos, foram atados pelo pescoço e pendurados em dois postes, com o ventre aberto, e os braços amarrados para trás, para serem vistos por todos ...

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Durante oito horas, debaixo de um sol ardente, expostos à voracidade de toda classe de insetos, sofrendo morte cruel. Seus lamentos eram tão horríveis que chegaram a infundir compaixão até mesmo ao verdugo.

Meus Irmãos, uma vez situados na lenda, muito poderíamos dizer a propósito dos inúmeros temas que a narrativa suscita. Porém, vou ater-me a um deles apenas. E para tanto, peço-vos alguma paciência, tolerância talvez, para que se possa voltar no tempo e no espaço.

Pois bem, meus Irmãos. Trata-se de um detalhe especificamente correlacionado ao Rito Escocês Antigo e Aceito, onde existem as chamadas “Colunas Zodiacais”. Isso significa, nada mais nada menos, do que o caminho do Sol, o que todos sabem. Desta forma, a Lenda de Hiran, quando e enquanto narrada através da ótica do Rito Escocês Antigo e Aceito, admite uma interpretação que propicia a todos nós vivenciarmos a morte do Mestre através de uma metáfora astronômica.

Ora, imaginemos, então, que Hiram represente o Sol. O que teríamos? O que nos narra a lenda? Narra-nos que o primeiro Companheiro atinge o Mestre com uma régua de 24 polegadas – imagem das 24 horas que dura cada revolução diurna: primeira disposição do tempo que, após a exaltação do Sol, atenta contra o mesmo, na medida em que se aproxima a noite.

O segundo ferimento é feito com um esquadro de ferro, instrumento este onde figura a intercessão de duas linhas retas, a dividirem em quatro partes iguais o círculo zodiacal, cujo centro significa o coração. O coração de Hiram, onde se juntam os quatro ângulos que dividem o círculo zodiacal por quatro estações. Novo ciclo. Nova distribuição de tempo.

O terceiro Companheiro fere o Mestre, mortalmente, na testa com um golpe de malho, cuja forma cilíndrica lembra-nos um anel, ou melhor, um ano, terceira distribuição do tempo, cuja conclusão coincide com o último golpe na existência do Sol.

Se nos atrevermos a ir mais longe, poderíamos figurar Hiram como o Sol – OSIRIS. ISIS, sua viúva, a Loja, emblema da TERRA, e HORUS, seu filho – filho de OSIRIS, filho da LUZ, como FILHO DA VIÚVA, o franco-maçom, o iniciado que habita a Loja, o filho da viúva e da Luz.

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Vejamos o que nos diz a Abóbada Celeste. Hiram, prestas a sair do Templo, está às portas do Ocidente. É precisamente o que faz o Sol, supondo que este astro tome por domicílio o signo do Cordeiro, no primeiro dia da primavera – evidentemente, no Hemisfério Norte. No último dia do Verão, véspera de sua morte, estará em Libra, signo da balança, descendo para o horizonte pela Porta do Ocidente.

Ora, examinando a posição que Áries toma no Oriente, veremos, perto dele, o grande Órion, de braço erguido, tendo um maço na atitude de o ferir. Ao Norte, vemos Perseu, armado, como que pronto a dar um golpe. Temos, então, que o assassinato de Hiram, tomado no estilo figurado ou alegórico, se faz similar à paixão de Osiris, produto da imaginação dos Sacerdotes Astrônomos, que objetivavam narrar o caminho do Sol, identificando-o com o destino do homem, numa escala do micro para o macrocósmico.

Perdoem, meus Irmãos, se lhes forcei, até agora, a olharem para o terceiro grau, mas as relações foram-me tentadoras, mesmo porque redobram o significado da Abóbada Celeste que, salvo melhor juízo, deve continuar retratando o hemisfério Norte, sob pena de se perverter todo conteúdo simbólico que faz admissível a interpretação, a proximidade, o paralelo que se pode traçar entre a Lenda de Hiram e o Mito Solar. Invertendo-se os hemisférios, como querem alguns, por certo a configuração astronômica de nossa abóbada não mais nos permitiria visualizar a mesma história.

O que tão prolixamente quero expressar, é que a Lenda de Hiram, verdadeiro dogma maçônico, cria e recria – a mercê das inclinações subjetivas de cada um de nós – uma mesma vivência arquetípica, simples e, ao mesmo tempo, complexa que nos coloca frente à frente com duas realidades.

A primeira, como filhos da Terra, operários de todas as classes e de todas as nacionalidades que contribuem, com seu trabalho, para a construção de um Templo, não específico para a adoração um Deus determinado e definido, mas de um Deus ecumênico, capaz de unificar o que é diverso; capaz, enfim, de UNIVERSALIDADE, tomada sob os aspectos mais humanos e antropomórficos. A segunda, como filhos do Sol, a lembrar-nos o Grande Templo da Natureza, habitat inicial do primeiro deus que a humanidade viu como tal. O Deus Sol. Longe de significar ignorância ou superstição, foi o Deus Sol, figurado no Mito de Osíris, talvez, a

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primeira visão que teve o homem da UNIVERSALIDADE, posteriormente tomada no sentido terreno, a orientar as regras políticas, ideológicas e mesmo as atinentes às relações exteriores estabelecidas entre dois Estados independentes que se respeitam. Ora, não pediu Salomão ao Rei de GHETH especial licença para que os Eleitos dos Quinze pudessem penetrar naquelas terras e de lá deportarem a Jerusalém os celerados assassinos?

A temática universal encerra a morte do justo. Sim. A morte, o assassinato, a violência. Mas não apenas isso. Temos a morte, mas temos a ressurreição. O princípio macrocósmico do Universo que preside a destruição e a transformação – “trans”, de transitório, não permanente, ou seja, formas não estáticas, mas que se trans-formam, mudam de forma.

Por outro lado, o terrível crime, substancialmente a suposta vitória dos erros e das paixões sobre a verdade ou a virtude, só agora, no décimo grau, se nos faz conhecida. Até então, vivíamos na esperança, na confiança de que, algum dia, seria expiado o crime que nos privou da presença de nosso Mestre. E o que representavam os Companheiros celerados? Representavam o que Oswald Wirth tão bem definiu em seu livro Os Mistérios da Arte Real, e que não nos furtamos de referir já na Introdução de nosso trabalho instrucional.

Mas, poderão dizer alguns, de que valem as virtudes e os deveres, frente às forças da natureza? Não encarnam, tais forças, as forças do próprio destino? O que podemos nós, simples homens de alguma boa vontade contra os mistérios insondáveis da natureza?

Ora, meus Irmãos, aqui, no 10º Grau, investidos deste avental, vimos como tornar o destino impotente em seus ataques. Os Quinze Mestres, imbuídos de todas as instruções, depositários das virtudes e cumpridores dos deveres, lograram capturar os assassinos. Mas, vejam bem, não foi uma captura à sorrelfa. Não foi uma captura de emboscada. Captura, morte, condenação e castigo, sim. Mas tudo dentro dos mais específicos moldes da Justiça, tudo precedido de respeito e de limites. Eis a diferença entre Justiça e Vingança – grau 9.

Lembremo-nos de que, se considerarmos a época que era a dos primórdios do nascimento da idéia do Estado Político como tal, o castigo infringido aos culpados não foi dos mais terríveis. Apenas se apreciarmos os fatos,

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da ótica do Direito Moderno do Século XX, é que poderá nos parecer excessiva tal pena. Mas há que se fazer as considerações adequadas à época, à vida, e aos homens daquele tempo. Tomadas tais precauções, nada nos permite condenar tal sorte de castigo.

OS ASSASSINOS DE HIRAM, POR OSWALD WIRTH

Exata em seu significado, a lenda é mais verídica, a seu modo, que a História, muito freqüentemente edificada com a ajuda de informações equívocas. O fundidor Hiram dos textos bíblicos, por hábil que fosse, é um personagem de muito pouca importância histórica, não tendo em comum senão o nome com o Mestre Hiram do Ritual maçônico. Todavia, o que personifica esse arquiteto imaginário é uma formidável realidade. Não é, pois, de nenhum modo, pueril exigir de um candidato a Mestre a prova de sua inocência no assassinato de Hiram.

Para o Iniciado, Hiram não é outro senão o espírito maçônico. Enquanto ele vive, a Maçonaria persiste em sua tarefa construtiva, o Templo é construído e, bem inspirados, os maçons trabalham com método, satisfeitos com o progresso que constatam. Mas trata-se de um período conturbado, em que Hiram não mais dirige o trabalho maçônico, pois caiu vítima dos conspiradores da lenda que, eles também, não são reais.

O primeiro encarna a ignorância. Não mais aquela dos profanos, mas a dos maçons que deveriam ser instruídos em suas qualidades de Companheiros, iniciados nos mistérios da Estrela Flamígera. Infelizmente, certos portadores de insígnias, ignoram tudo a respeito de Maçonaria que eles pretendem, melhor que ninguém, compreender, pois que foram admitidos entre aquela maioria de obreiros que sabem trabalhar. Colocando tudo a seu nível que é, a seus olhos, unicamente a intelectualidade racional, têm eles por certo que nada poderia ultrapassar sua compreensão, salvo se fosse absurdo. Armados dessa Régua inflexível, golpeiam o Mestre. Não o matam imediatamente, mas o paralisam em sua ação (braço direito).

O candidato ao terceiro grau nunca pactuou com espíritos superficiais sempre prontos a condenar aquilo que não compreendem? Não se pronunciou pela supressão daquilo que não se enquadrava em sua lógica estreita, muito solícito em atrelar-se à tradição

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maçônica? Qual foi sua atitude em presença de críticas inconsideradas, formuladas à vista dos usos pretendidos ridículos ou, no mínimo, ultrapassados? Está certo de não haver nunca participado da mentalidade que fez abater sobre o Mestre a pesada Régua do primeiro assassino? Se pecou, reconhece seu erro e toma a resolução de repará-lo?

O segundo assassino representa o fanatismo. Não aquele dos inimigos exteriores da Maçonaria. As organizações são ameaçadas por maus internos que simbolizam os maus Companheiros, promotores da morte de Hiram. São os que medem com o Esquadro, aplicando a outrem este instrumento de controle, quando deveriam servir-se dele para assegurar o corte correto de sua própria pedra: proclamam-se eles mesmos justos e impecáveis e se impõem como modelo.

Infeliz daquele que se recusa conformar-se com sua norma! Os maçons que não partilham de sua opinião são denunciados como heréticos e rejeitados como falsos irmãos. A tradição vital da tolerância é assim ignorada. Hiram é perigosamente atingido no coração pelos maçons que tomam ódio de seu contraditor, contestando sua boa fé.

O futuro Mestre admite que alguém possa pensar e agir de outra maneira que ele? Considera como válida apenas sua própria interpretação da lei maçônica? Legislando arbitrariamente, segundo o particularismo de suas estreitas concepções, não espreita Hiram perfidamente, armado de um Esquadro falseado pela intolerância?

Aqui, agora, a falta deve ser confessada e reconhecida em todas as suas conseqüências e depois expiada por um arrependimento profundo.

Isso não é tudo. O pior dos criminosos figura a ambição dos exploradores da ignorância e do fanatismo. Esses perversos apoderam-se do Malhete que mata Hiram: são os políticos que põem a Maçonaria a serviço de sua ideologia particular. Todos aqueles que desviam a Instituição de persistir em sua Grande Obra construtiva tornam-se culpados do crime irreparável contra a tradição simbolizada por Hiram.

A ignorância corrige-se pela instrução, e a intolerância sectária é uma enfermidade curável. Mas o egoísmo que a ambição possui revela-se indigno da Arte Real. O mestrado não convém senão àquele que se esquece

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dele mesmo e não sucumbe à fascinação de qualquer miragem de vaidade. O orgulho de comandar ou brilhar num posto eminente não conduz senão a grandezas ilusórias. Para tornar-se realmente Mestre, o indivíduo deve concentrar seus desejos sobre o desenvolvimento de sua capacidade de servir a outrem. Esforcemo-nos por nos tornar úteis na medida de nossos talentos e de nossa energia, se quisermos nos elevar.

GRAU 11SUBLIME CAVALEIRO ELEITO

À regeneração dos costumes, das ciências e das artes.

Então veio a palavra do Senhor a Salomão, dizendo: Quanto a esta casa que tu estás edificando, se andares nos meus estatutos, e executares os meus preceitos, e guardares todos os meus mandamentos, andando neles, confirmarei

para contigo a minha palavra, que falei a Davi, teu pai;e habitarei no meio dos filhos de Israel, e não

desampararei o meu povo de Israel. Salomão, pois, edificou aquela casa, e a acabou.

HISTÓRICO

Depois de haver castigado os três assassinos de Hiram, Salomão quis recompensar a devoção e a constância dos Quinze Grandes Mestres Eleitos, dando-lhes um grau superior e elevando alguns outros Irmãos de graus inferiores, conforme seus méritos. Assim criou Doze dos Quinze Cavaleiros Ilustres através de sorteio, para nenhum ficasse ofendido.

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Todos os nomes foram colocados numa urna e os doze primeiros nomes determinaram a formação de um Grande Capítulo. Cada um dos sorteados foi colocado à frente de uma das tribos de Israel. Receberam o nome de Excelentes Ameth, palavra hebraica que significa homem fiel em todas as ocasiões. Ensinou-lhes as coisas preciosas do tabernáculo onde estavam depositadas as Tábuas da Lei, escritas por Deus e entregues a Moisés no Monte Sinai. Deu-lhes um cinturão largo, preto, sobre o qual estava bordada a figura de um coração em chamas e a espada da Justiça.

Estes são os objetivos principais de nossa Ordem, sobre os quais devereis refletir continuamente, seguindo o tão belo caminho da reflexão, abandonando as sendas perigosas que afastam do cumprimento dos grandes e importantes deveres que deveis observar. Achareis mais fácil sua execução, na medida em que sentirdes no coração sua necessidade e sua justiça. Enfim, se observardes com firmeza vossas promessas, teremos em vós um Irmão zeloso, caridoso e digno de levar o nome de Cavaleiro Sublime Eleito que haveis recebido.

Moral do Grau: O Irmão digno, dedo ou tarde recebe sua justa recompensa.

COMENTÁRIOS

ABINADABE18

O nome significa meu pai é nobre.

Trata-se de um israelita da tribo de Judá, que vivia perto de Quiriate-Jearim, e em cuja casa a arca, depois de ter sido restituída pelos filisteus, permaneceu durante vinte anos (1 Sm 7.1, 2; 2 Sm 6.3 a 4.

BAANÁ19

O nome significa filho da dor. Trata-se de um Oficial do comissariado de Salomão em Aser (1 Rs 4.16).

GRAU 12GRÃO-MESTRE ARQUITETO

18 Fonte: Dicionário Bíblico.19 Fonte: Dicionário Bíblico.

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À coragem perseverante.

HISTÓRICO

Segundo a tradição maçônica, Salomão estabeleceu este grau com o objetivo de formar uma escola de arquitetura, na qual os obreiros recebessem a devida instrução, proporcionando-lhes assim um meio de atingirem a perfeição na Arte Real.

Era Salomão – como sabemos todos – um Soberano muito estimado por sua justiça, sabedoria e previsão. Desejava recompensar a seus fiéis e dignos servidores, e não só foi seu desejo fazer deles bons artistas, senão prepará-los, por este meio, para que pudessem melhor acercar-se do Trono do G∴ A∴ D∴ U∴.

Tal foi seu pensamento ao escolher os Grandes Mestres Arquitetos, nos quais reconheceu o auxílio de que necessitava para levar a cabo a promessa feita a Enoch, Moisés e David de que, com tempo, o Senhor habitaria seu santuário e seu nome seria reverenciado.

Moral do Grau: Os Grandes Mestres Arquitetos devem estar adornados das virtudes e sabedoria que formam a base de toda perfeição.

COMENTÁRIOS

ARQUITETURA20

Torre de Babel por Brueghel, o Velho.

20 Fonte: Dicionário Bíblico.

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(Museu de História da Arte, Viena)

O mais antigo edifício de que há memória é a Torre de Babel, construída com tijolos cozidos ao fogo, fortemente ligados por meio de betume, tão abundante no vale do Eufrates (Gn 11).

Há, pelo menos, duas cidades nas terras a que se refere a Bíblia, que pretendem ser de uma remotíssima antigüidade, e são elas Damasco e Hebrom. A primeira já existia no tempo de Abraão, e Hebrom, que era de origem cananéia, foi fundada cerca do ano 2.000 a.C.

Os primeiros israelitas, pastores de vida nômade, habitavam em tendas, mas durante a sua escravidão no Egito foram obrigados a trabalhar em construções, muitas das quais de considerável fama. Mas é somente a partir do tempo de Davi que eles se podem considerar como edificadores. Começaram nessa época a usar a pedra calcária, de que havia abundância, não só em reparações de ruínas, mas na edificação de novos palácios e fortalezas. Mas as tendas ou cabanas de ramagem com rudes pinturas ainda continuaram a ser as casas favoritas do povo.

Quando entraram na terra prometida, ai acharam cidades muradas que os esperavam (Nm 13.28; Dt 1.28). Davi preparava-se para a grande empresa de edificar o templo, mas essa tarefa foi reservada para Salomão, que livremente chamou em seu auxílio operários

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estrangeiros, mandando vir, também, materiais de fora (1 Rs 5.10; 1 Cr 28 e 29).

Além das suas obras em Jerusalém e perto desta cidade, Salomão edificou, em vários lugares, fortalezas e cidades. Entre os reis de Judá e Israel, houve muitos que foram grandes edificadores (1 Rs 15.17, 23; 22.39; 2 Rs 20.20; 2 Cr 32.27, 30). Na volta do cativeiro foram reedificados os muros de Jerusalém e o templo, muito solidamente com pedra e madeiras do Líbano (Ed 5.8).

Durante o governo de Simão Macabeu foi erigida para defesa do templo e da cidade a fortaleza Barris, mais tarde chamada Antônia. "Mas", diz o cônego Philpott, "os reinos de Herodes e seus sucessores foram especialmente notáveis pelo desenvolvimento que, por meio deles, tomou a Arquitetura.

O templo foi restaurado com grande magnificência, e Jerusalém fortalecida com várias fortificações e embelezada de bons edifícios." Ainda existem as ruínas de muitas sinagogas galiléias, de um estilo misto de arquitetura, parte judaico e parte romano, as quais foram construídas durante o segundo e terceiro séculos da nossa era.

GRAU 13CAVALEIRO DO REAL ARCO

À memória dos primeiros instituidores da Ordem: os magos pontífices do Egito e de Jerusalém.

HISTÓRICO

Antes de mais nada, convém relatar um episódio que remonta à mais alta antigüidade.

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Enoch, filho de Jared, foi o sexto descendente de Adão, e viveu sob o temor e o amor de seu Criador. Deus se lhe apresentou em um sonho e falou assim: Posto que desejas saber meu nome, esteja atento e lhe será revelado. Então, pareceu a Enoch ver uma montanha que se elevava até o céu, sendo conduzido até o cume, onde viu uma prancha triangular de ouro, fortemente iluminada, sobre a qual havia gravados os caracteres iod he vau he, com absoluta proibição de os pronunciar. De repente, pareceu-lhe descer perpendicularmente às entranhas da terra, atravessando nove arcos. No nono e mais profundo de todos, viu a mesma prancha brilhante que lhe aparecera na montanha.

Inspirado Enoch pelo Altíssimo, e também para comemorar esta visão milagrosa, edificou um templo debaixo da terra, no mesmo lugar em que tivera a visão. O templo tinha nove arcos, um sobre o outro, e dedicava-se ao Deus Verdadeiro. Matusalém, filho de Enoch, construiu o templo sem conhecimento algum do que ocorrera com seu pai. Isto tudo sucedeu em Canaã, conhecida depois como Terra Santa.

Tratou Enoch de conservar a recordação da visão tão portentosa e fez construir uma prancha de ouro, adornando-a com pedras preciosas. A prancha foi incrustada num cubo de ágata e nela foram gravados os mesmos caracteres inefáveis que Deus lhe havia mostrado, colocando-a num pedestal triangular de mármore branco que depositou no nono e último arco.

Quando da conclusão do templo, Enoch recebeu o seguinte mandamento: Fazei uma porta de pedra com um anel de ferro, e colocai-a na abertura do primeiro arco, para preservar as jóias preciosas da destruição universal que ameaça o mundo. Assim o fez. Apenas ele conhecia o precioso tesouro que continham os arcos e sabia pronunciar o grande e sagrado nome de Deus. A maldade cresceu entre os homens, e Senhor ameaçou destruir o mundo.

Temendo Enoch que pudessem se perder os conhecimentos das artes na destruição geral, e desejando preservar os princípios das ciências, para a posteridade daqueles que Deus se dignasse a salvar, construiu dois grandes pilares no cume da mais elevada montanha: um de bronze, para que resistisse à água; outro de mármore, para que resistisse ao fogo. Traçou um hieróglifo na coluna de mármore, indicando que havia um preciosíssimo tesouro escondido nos arcos subterrâneos que dedicara a

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Deus; gravou, na coluna de bronze, os princípios das artes liberais e, particularmente, os da Maçonaria.

Matusalém foi pai de Lamech, pai de Noé que foi bom, piedoso e querido de Deus e a quem Deus falou, dizendo: Ouve. Castigarei os pecados do homem com um dilúvio universal. Construí uma arca capaz de conter a vós e vossa família e também um casal de cada criatura vivente sobre a terra, e apenas esses se salvarão da destruição geral que apagará as iniqüidades do homem.

E Deus deu a Noé um plano para a construção da arca. Esteve Noé cem anos construindo a arca e tinha seiscentos anos de idade quando a concluiu, e seu filho Set tinha noventa e nove. Seu pai, Lamech, havia morrido pouco tempo antes, na idade de 777 anos. Não vivia, nessa época, nenhum dos antigos patriarcas, exceto Matusalém, avô de Noé, que tinha 969 anos e supõe-se tenha morrido no dilúvio.

Concluída a arca, entrou nela Noé, segundo as instruções que recebera do Altíssimo, com toda a sua família e levando consigo tudo quanto o Senhor mandou.

O dilúvio teve lugar no ano da criação de 1656, destruindo quase todos os soberbos monumentos da antigüidade. A Coluna de mármore de Enoch foi destruída na ruína quase universal, mas, pela providência divina, a coluna de bronze resistiu ao poder das águas, motivo pelo qual o conhecimento das artes liberais e da Maçonaria daqueles tempos chegaram até nós.

A Sagrada Escritura nos ensina a história dos tempos que se seguiram ao dilúvio até a escravidão dos Israelitas no Egito, de onde foram libertados por Moisés. Também sabemos, pelos anais depositados nos arquivos da Escócia, que uma batalha se perdeu em busca da Arca da Aliança que afortunadamente se descobriu pelos rugidos de um leão que se postou aos pés dos israelitas que dele se acercaram e que destruiu um grande número de egípcios que tentaram apoderar-se da Arca. O leão guardava na boca a chave da Arca e a deixou cair quando dele se aproximou o Grande Prelado, retirando-se a certa distância, sem qualquer violência contra o povo eleito.

Também nos informa a Bíblia Sagrada que Moisés era querido por Deus e que lhe comunicou a Lei Divina, escrita sobre tábuas de pedra, prometendo-lhe uma nova aliança. Prometeu-lhe também ensinar a verdadeira pronúncia de seu nome, pronúncia esta que seria encontrada por um de seus descendentes, gravada numa

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prancha de ouro. Foi quando Moisés replicou: Quem sois vós? E Deus disse: Eu sou o que sou e o que serei. Sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó. Tu dirás aos filhos de Israel que Aquele que é te mandou a eles. Eu sou o Senhor que apareceu a Abraão, a Isaac e a Jacó com o nome de Alshedi; mas meu verdadeiro nome é IOD HE VAU HE.

A história segue narrando a saga do povo hebreu até o nascimento de Salomão, o mais sábio de todos os príncipes e quem coube a construção do Templo. Neste Templo, havia ainda um detalhe desconhecido dos outros graus. Trata-se da Abóbada Secreta, onde se erigiu um grande pilar de mármore branco que dava sustentação ao S∴S∴. Chamou-a Coluna da Formosura, pela beleza da Arca que sustentava. Havia uma passagem longa e estreita que unia o palácio à abóbada, através de nove arcos em sucessão regular. Salomão costumava retirar-se ali em companhia de Hiram, Rei de Tiro e de Hiram A∴, sempre que tinham de tratar de assuntos que exigiam segredo. Ninguém mais estava qualificada para entrar ali. Apenas três o poderiam fazer. Assim, com a morte de H∴A∴, o sistema ficou por algum tempo desordenado, pois que eram necessários sempre três. A quem escolheriam? Alguns Intendentes dos Edifícios, Cavaleiros Eleitos e Grandes Mestres Arquitetos sabiam da existência de um lugar secreto sob o Templo, onde o Rei e os outros dois já antes mencionados costumavam reunir-se. Apresentaram-se, então, a Salomão, solicitando a honra de serem admitidos. Salomão respondeu: Irmãos, não a posso conceder agora. Deus permitirá algum dia que chegueis à sabedoria que solicitais.

Enquanto Salomão permanecia indeciso sobre quem escolheria, determinou a construção de um Edifício de Justiça, no lugar onde ficava o antigo Templo de Enoch. Ordenou que as colunas destruídas e os escombros fossem removidos e mandou Adoniram, com Joabem e Stolkin, medir a terra e colocar os alicerces da construção. Com a remoção dos escombros, foi descoberto um grande anel de ferro fixo a uma grande pedra perfeitamente quadrada. A pedra foi erguida com dificuldade, deixando ver a entrada de uma caverna profunda e tenebrosa. Joabem propôs-se a descer com uma tocha, atando uma corda à cintura, para facilitar seu regresso, alertando que quando a puxasse com força, o suspendessem imediatamente. Descendo, achou-se numa abóbada arqueada, em cujo solo havia outro anel como o de cima. Ao ergue-lo, viu uma abertura secreta, abaixo da qual estava um terceiro piso. Já cansado, e vendo que sua tocha estava quase extinta,

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puxou a corda. Ao chegar, informou os companheiros sobre a descoberta e ainda que acreditava haver outras habitações mais abaixo. Stolkin propôs-se a descer. Ao chegar ao terceiro piso, encontrou outro anel como os anteriores e, a partir deste, foi de arco em arco até chegar ao sexto. Como sua tocha já se apagava, puxou a corda e seus companheiros o içaram imediatamente. Relatou, então, os pormenores de sua descida.

Adoniram desceu levando na mão uma tocha. Mas quando chegou ao nono arco, a luz apagou por causa de um pequeno desabamento. Entretanto, descobriu-se em meio a um aposento onde estava um pedestal triangular de alabastro branco, oco, iluminado interiormente por um fogo inextinguível. Sobre o pedestal havia um cubo de ágata, e em um de seus lados estava enterrada uma prancha de ouro expessamente incrustada de pedras preciosas que brilhavam com a luz. No centro desta prancha estava o escrito o inefável nome de deus, como o havia colocado ali o patriarca Enoch. Adoniram pôs-se de joelhos, com a mão direita para trás, puxando a corda, para que seus companheiros o levassem para cima. Lá chegando, expôs o que havia presenciado. Resolveram, então, descer os três.

Quando retornaram, as descobertas foram comunicadas a Salomão e a Hiram, Rei de Tiro. Salomão passou então a relatar o que ouvira de seu pai, David, a respeito de Enoch e sua descoberta, explicando em profundidade os mistérios que cercam o nome de Deus.

Os cinco desceram juntos à abóbada e secreta e para lá levaram o tesouro, inscrustando a prancha de ouro sobre o pedestal da Coluna da Formusura. Oraram. E o nome do lugar foi trocado para o de Abóbada Sagrada. Assim foi criado e estabelecido o Grau de Grande Eleito Perfeito e Sublime Maçom e os cinco personagens mencionados foram os primeiros a receber este grau. Houve solene juramento de jamais pronunciarem a palavra misteriosa.

A princípio foram três; depois cinco; assim foi até a consagração do Templo. Posteriormente, neste grau foram admitidos aqueles doze Irmãos que estavam à frente das tribos de Israel; aos nove mais ilustres e eminentes Eleitos dos Quinze; e a Zerbal que sucedeu Hiram como Grão-Mestre Arquiteto.

Viviam, naquela época, o ano 3568 da Criação. Houve inveja de outros Mestres dirigida contra os

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privilegiados com este grau. Salomão não lhes concedeu a honra, pedindo-lhes que aguardassem.

Não satisfeito com a resposta, um deles voltou-se para os demais e disse: Para que queremos outro grau superior? Sabemos que a palavra foi trocada. Podemos trabalhar como Mestres e receber a paga correspondente. Isso mortificou a Salomão, que não o demonstrou, mas disse: Os antigos Mestres a quem elevei ao grau de Perfeição mereceram particularmente este favor. Trabalharam com firmeza nas antigas ruínas, ainda que a empresa fosse difícil e se apresentasse repleta de horrores. Penetraram nas entranhas da Terra de onde retiram um tesouro imenso, para enriquecer e embelezar o Templo do Deus Vivo. Ide com Deus. Fazei como vossos Irmãos fizeram. Que vossos serviços pela causa da Maçonaria sejam tão valiosos e vossos zelo e devoção tão grandes quanto os deles. Eu os recompensarei devidamente.

Alguns ficaram satisfeitos com a resposta; um pequeno número, porém, molestou-se e marchou em direção às ruínas, esperando encontrar os méritos necessários à satisfação de seus desejos.

Vinte foram os que partiram na manhã seguinte. Porém, quando o último deles desceu, houve um tremor de terra que terminou por sepultar a todos. Assim seu orgulho e insolência receberam a justa recompensa. Supõe-se que hajam destruído o pedestal luminoso, em busca de tesouros e riquezas e que luz misteriosa que continha o pedestal teria se inflamado, causando a explosão.

Salomão, sabendo da calamidade, enviou Joabem, Stolkim e Adoniram para que se informassem sobre o ocorrido. Nada sobrara dos nove arcos. Não se viam mais que escombros, nem se pode averiguar se alguém escapara da destruição.

Apenas alguns pedaços de mármore sobre os quais estavam gravados hieróglifos foram encontrados. Salomão consultou pessoas versadas em hieróglifos e persuadiu-se de que aquele mármore fizera parte da coluna de mármore erigida por Enoch e de que aquelas ruínas pertenciam ao Templo erguido pelo patriarca e consagrado a Deus antes do dilúvio. Os pedaços de mármore, unidos, foram depositados na Abóbada Sagrada. O lugar foi limpo e nele construído o Templo da Justiça.

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Tal é, resumidamente, a história deste grau, cujos mistérios devem ser objeto de meditação.

Moral do Grau: Os contratempos e dificuldades, por grandes que sejam, não devem afastar nossos IIr∴ do

caminho da perfeição.

COMENTÁRIOS

ENOQUE21

"O sétimo depois de Adão" (Jd 14), pai de Matusalém na linha de Sete (Gn 5.1 a 24). Diz-nos a Bíblia que ele "andou com Deus" (Gn 5.22), expressão que denota comunhão com o Senhor (Gn 6.9): cp. com Mq 6.8 e Ml 2.6. E continua a dizer-nos a Escritura que ele "já não era, porque Deus o tomou para si" uma frase enigmática, que foi interpretada pelo autor da epístola aos Hebreus da seguinte maneira: "Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte, e não foi achado, porque Deus o trasladara" (Hb 11.5).

Uma posterior tradição judaica atribui a Enoque a invenção da escrita, da aritmética, e da astronomia, fazendo dele o recipiente de muitas visões e revelações. Por esta razão formou-se em volta do seu nome uma vasta literatura apocalíptica, sendo a mais notável obra que existe, o etiópico "Livro de Enoque", que foi escrito no século II, ou século I a.C. Este livro apócrifo é citado por Judas nos vers. 14 e 15.

DILÚVIO22

Relatos sobre o dilúvio aparecem na tradição de diversos povos. No Brasil tribos de várias regiões contavam versões diferentes do episódio. Essas histórias têm sido recolhidas desde o século XVI, entre tupinambás, tupis, coroados, cuicuros e os carajás do Araguaia.

Dilúvio é o nome dado à grande inundação que teria submergido parte considerável da Terra. A mais

21 Fonte: Dicionário Bíblico.22 Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil

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famosa dessas narrativas é a do Gênesis 6-9, súmula de duas tradições hebraicas distintas, que relatam a ira de Deus contra a iniqüidade dos homens, aos quais resolvera destruir pelas águas, à exceção de Noé e sua família.

Na literatura grega, a história mais conhecida do dilúvio é a de Deucalião e sua mulher Pirra, contada por Apolodoro. Ainda na Europa encontram-se histórias do dilúvio nas tradições islandesa, lituana e do País de Gales. No Oriente elas existem na Índia, China, Birmânia, Indochina e península Malaia, bem como entre os aborígines da Austrália, Nova Guiné, Melanésia, Polinésia, Micronésia e das Américas.

Na versão bíblica, Deus disse a Noé: "Faze uma arca de madeira resinosa; tu a farás de caniços e a calafetarás com betume por dentro e por fora. Eis como a farás: para o comprimento da arca, 300 côvados; para sua largura, cinqüenta côvados; para sua altura, trinta côvados." E mais adiante: "Entrarás na arca, tu e teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos contigo. De tudo o que vive, de tudo o que é carne, farás entrar na arca dois de cada espécie, um macho e uma fêmea, para os conservares em vida contigo." Assim fez Noé, salvando-se, e aos animais, do dilúvio de quarenta dias.

NOÉ23

Significa repouso.

Não se conhece nada sobre seus primeiros anos. Aparece pela primeira vez nas Escrituras com quinhentos anos de idade. Seu bisavô, Enoque, foi homem sobremaneira piedoso, e que pela graça divina escapou da morte.

Foi trasladado, Gn 5:22-24; At 11:5. Seu avô, Matusalém, foi o homem que mais viveu, segundo Gn 5:25-27. O nome de seu pai era Lameque, aparentemente homem religioso, que deu a seu filho um nome que significa "Descanso", Gn 5:29. 1. Filho de Lameque, e neto de Matusalém (Gn 5.26 a 29). Pela sua retidão de caráter (Gn 6.8,9; Ez 14.14,20), achou graça aos olhos de Deus. Quando as maldades dos homens trouxeram a calamidade do dilúvio (6.5 a 7), foi Noé avisado e dirigido na construção de uma arca para sua salvação e de sua família (Gn 6.14 a 22).

23 Fonte: Dicionário Bíblico

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Noé, juntamente com a sua mulher, seus filhos, e suas noras, entrou na arca, que flutuou sobre as águas pelo espaço de 150 dias antes de pousar no monte Ararate (Gn 7 e 8). Quando saíram da arca, edificou Noé um altar, oferecendo sacrifício a Deus. Foi abençoado pelo Senhor, sendo-lhe então feita a promessa de que nunca mais seria a terra coberta por algum dilúvio (Gn 8.21 a 9.17).

Depois disso "Sendo Noé lavrador, passou a plantar uma vinha. Bebendo do vinho, embriagou-se" (Gn 9.20,21). Cão, nesta ocasião, procedeu para com seu pai de um modo diferente de Sem e Jafé. O resultado do mau procedimento de Cão foi ser este amaldiçoado, ao passo que os seus irmãos foram abençoados.

A profecia de Noé foi amplamente cumprida na história dos seus descendentes. Noé viveu, depois do dilúvio, ainda trezentos e cinqüenta anos... (Gn 9.28, 29). Ao testemunho de Noé refere-se Jesus (Mt 24.37, 38; Lc 17.26, 27), S. Pedro (1 Pe 3.20; 2 Pe 2.5), e a epístola aos Hebreus (11.7).

GRAU 14PERFEITO E SUBLIME MAÇOM

Ao Supremo Arquiteto do Universo, sob o símbolo sagrado

do Delta.

Soberano e G∴A∴D∴U∴, de quem são conhecidas todas as nossas palavras e pensamentos! Permiti que a vós ofereçamos a sincera homenagem de nossas mais expressivas graças e fervorosa gratidão pelos favores e benefícios com que nos brinda vossa infinita bondade; pela vida, saúde e força que nos concedeis; por nos livrar da indigência e do desamparo; pelos gozos naturais com que haveis cercado nossa existência; pelo esplendor do céu;

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pela luz, pelo ar, verdes plantas, belas flores e águas móveis; pelo amor de nossos parentes, lealdade de nossos amigos; simpatia dos bons e estima dos justos; por tudo aquilo que é a causa de nossos gozos e pelas grandes virtudes que nos guiaram a outro mundo melhor e mais perfeito.

HISTÓRICO

Terminados os trabalhos do Templo de Jerusalém, os maçons empregados na sua construção adquiriram justa e merecida celebridade. A ordem a que pertenciam se estabeleceu então sob bases mais regulares e uniformes. Os escrúpulos que começaram a observar na admissão de novos membros levou-os ao mais alto conceito, sendo o mérito do candidato a única finalidade visada. Guiados por estes princípios, muitos dos Grandes Eleitos, ao deixar o Templo depois de sua dedicação ao trabalho, dispersaram-se por países circunvizinhos, iniciando a todos aqueles que achavam dignos em outros graus da antiga Maçonaria. Concluíram-se os trabalhos daquele edifício no ano 3000 da criação. Salomão ficou satisfeito com sua obra e a admiração universal o acolheu por toda parte.

Não obstante, com o transcurso do tempo, e já numa idade algo avançada, abandonou o Rei a sabedoria que lhe havia cumulado tantos favores, ensurdeceu à voz do Senhor e sua conduta não foi a de outros dias, senão que irregular e extravagante.

Envaidecido por haver levantado um Templo a seu criador, de uma suntuosidade e magnificência jamais vistas, e fascinado com seu grande poder, entregou-se a toda sorte de vícios; desdourou seu prestígio do passado com uma vida licenciosa e depravada. Profanou o Templo e adorou nele a estátua, o ídolo de Moloch, com olvido e menosprezo do culto que devia ao erdadeiro Deus.

Horrorizando-se, os Grandes Eleitos e Perfeitos Maçons, do estranho proceder de seu primeiro Grande Mestre, temeram que semelhante apostasia pudesse acarretar grandes males, sobretudo a vingança dos inimigos de Salomão, cuja cólera havia este inutilmente provocado. O povo de Israel, que imitava a conduta de seu Rei, transformou-se, como este, em orgulhoso e idólatra e desdenhou também pelos ídolos o culto do Deus único.

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Tal foi a causa do castigo que depois experimentou Israel quando, na sucessão de vários de seus reis que se seguiram a Salomão e, como ele, foram desobedientes, inspirou o Senhor a Nabucodonosor, Rei da Babilônia, que tomasse vingança do Reino de Judá. Com efeito, enviou este príncipe um exército, sob o comando de seu capitão de guarda, Nebuzaradam, que entrou na Judéia, saqueou Jerusalém, arrasou suas muralhas, e incendiou e destruiu completamente a bela obra do Templo, conduzindo à Babilônia os habitantes da cidade que haviam escapado à desolação e os vasos de ouro e prata e demais ornamentos sagrados, e tudo quanto encontrou digno de formar parte do saque. Isso ocorreui no 11º ano do governo de Zedecias, Rei de Judá, após um sítio de oito meses e aos 470 anos, 6 meses e 10 dias da dedicação do Templo.

Moral do Grau: Os contratempos e dificuldades, por grandes que sejam, não devem desalentar nossos IIr∴ nem afastá-los do camino da perfeição.

COMENTÁRIOS

MOLOQUE24

Era o deus do fogo dos amonitas, como Camos era dos moabitas. Sacrifícios humanos e provas de fogo eram alguns dos meios que se empregavam para tornar propícia aquela divindade. Os israelitas foram avisados contra este culto com ameaças de terríveis castigos. Aquele que oferecesse o seu filho a Moloque devia ser morto por apedrejamento (Lv 18.21; 20.2 a 5).

Sendo já velho o rei Salomão, foram consagrados lugares altos a Moloque num dos cumes do Olivete (1 Rs 11.7). Fazer passar o filho ou a filha pelo fogo, em adoração de Moleque (2 Rs 23.10,13), era matar a criança e depois oferecê-la em holocausto à maneira de Mesa. O sacrifício de crianças era não somente expiatório, mas também purificatório; por ele se supunha que as vítimas eram assim purificadas da imundícia do corpo, alcançando então a união com as forças divinas.

Está averiguado que a imagem de Moloque era na forma de um bezerro, com as mãos estendidas para diante, como querendo receber qualquer coisa. No caso de haver ídolo semelhante em outro país, as mãos eram postas

24 Fonte: Dicionário Bíblico.

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na direção do chão de tal maneira que a criança, quando colocada sobre elas, era lançada numa cova de fogo. Os sacerdotes de Moleque tomavam a precedência com respeito aos príncipes de Amom (Jr 49.3).

CATIVEIROS DE ISRAEL E DE JUDÁ25

A origem destas calamidades vamos encontrá-la nos pecados dos governantes e do povo, e ainda nas alianças com os poderes pagãos.

Peca, rei de Israel, procurou o auxílio de Rezim, rei da Síria, contra Acaz, rei de Judá. Acaz, imitando a política do seu rival, pediu a Tiglate-Pileser (ou Pul), rei da Assíria, que viesse socorrê-lo. Este veio e castigou duramente os israelitas, levando para a Média as duas tribos e meia de além Jordão (Rúben, Gade, e a meia tribo de Manassés), e fazendo tributário o resto do pais. Dez anos mais tarde, Oséias, rei de Israel, apelou para Sô, rei do Egito, a fim de que este o auxiliasse a tirar de cima dos israelitas o peso do tributo, também fazendo parte da confederação Ezequias, rei de Judá.

Esta revolta fez que Salmaneser, filho de Tiglate-Pileser, viesse com um grande exército atacar o reino de Israel. Caiu Samaria em poder de Sargom, sucessor de Salmaneser, e foi o pais anexado ao império da Assíria. Foi este o segundo cativeiro de Israel, que produziu a despovoação do país. Escapou Jerusalém, visto como o exército de Senaqueribe, filho de Sargom, foi miraculosamente destruído. Os territórios conquistados aos israelitas foram depois, povoados por colonos vindos da região do Tigre e Eufrates (2 Rs 17.24). Estes colonos e os israelitas que tinham ficado na terra de Israel uniram-se por casamentos recíprocos, tomando mais tarde o nome de samaritanos. Não se sabe o que foi feito das dez tribos.

O reino de Judá foi, sucessivamente, tributário da Assíria, do Egito e da Babilônia. A revolta do rei Zedequias contra o império de Babilônia causou a vinda de Nabucodonosor contra Jerusalém, 587 a.C. Depois de um cerco de dezoito meses, foi a cidade tomada à meia-

25 Fonte: Dicionário Bíblico.

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noite. A maior parte dos seus habitantes foram mortos, e a Zedequias lhe vazaram os olhos e lhe assassinaram os filhos, indo depois este rei carregado de cadeias para Babilônia.

Nebuzaradã, general de Nabucodonosor, incendiou a cidade, destruiu o templo, e levou consigo os vasos sagrados, que ainda ali havia, e a maior parte dos judeus, ficando apenas alguma pobre gente para cultivar a terra. Os judeus na Babilônia foram, desde o princípio, um povo separado dos outros, e em muitos lugares formaram distintas comunidades, com os seus anciãos e governo próprio.

Eram tratados como colonos, e não como escravos. Podiam alcançar as mais altas posições do Estado, como Daniel, ou ocupar os lugares de maior confiança junto da pessoa do rei. A idolatria de que estavam cercados já não tinha atração alguma no seu meio; pelo contrário, despertou neles um forte antagonismo.

O restaurador da nação judaica foi Ciro, o Grande, que conquistou Babilônia, e tornou-se célebre como fundador do Império Persa. Ciro publicou um decreto, em virtude do qual os súditos dos Estados, que tinham sido conquistados pela Babilônia, podiam voltar aos seus países e restabelecer o seu culto. Os resultados deste decreto e a história dos judeus desde esse fato até ao encerramento do cânon do Antigo Testamento acham-se nos livros históricos de Esdras, Neemias e Ester, e nas profecias de Ageu, Zacarias e Malaquias.

Ciro decretou a reedificação do templo em 536 a.C. Pode-se dizer que foram cerca de 56.000 as pessoas que voltaram do exílio; mas quase todos aqueles judeus que tinham nascido em Babilônia ficaram neste país. Aqueles que conservaram as suas nacionais distinções nessas terras distantes formaram o importante ramo israelita, ou das tribos dispersas, conhecido pelo nome de Dispersão (Jo 7.35; 1 Pe 1.1; Tg 1.1). Estes judeus, habitando em terras pagãs, realizaram o grande propósito de propagar o conhecimento do verdadeiro Deus, e foi, também, por meio deles que os evangelistas da fé cristã começaram a evangelizar as doutrinas de Jesus Cristo.

VISÃO DE NICOLA ASLAN

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Moisés disse ainda: Rogo-te que me mostres a tua glória.

Respondeu-lhe o Senhor: Eu farei passar toda a minha bondade diante de ti, e te proclamarei o meu nome Jeová; e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem me compadecer.

E disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum pode ver a minha face e viver.

Disse mais o Senhor: Eis aqui um lugar junto a mim; aqui, sobre a penha, te porás.

E quando a minha glória passar, eu te porei numa fenda da penha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja

passado.Depois, quando eu tirar a mão, me verás pelas costas;

porém a minha face não se verá.

Este grau pertence a Quarta categoria: a dos graus Israelitas ou bíblicos. Foi classificado como deísta-judaico. Consagra-se ao Grande Arquiteto do Universo, sob o sagrado símbolo do Delta. Tem por base a idéia da RECONSTRUÇÃO.

Chegamos ao fim de uma etapa, onde, no 14º grau, a lenda prossegue em busca da Palavra Perdida revelada por Deus a Moisés que a gravou numa medalha de ouro, depositando-a na Arca da Aliança.

Após a derrota dos Israelitas pelos sírios, caiu a Arca nas mãos destes últimos. É quando aparece um leão que afugenta o exército vencedor que abandona, num bosque, o precioso objeto. Assim este animal tornou-se o guardião da Arca da Aliança, tendo, em seus dentes, a chave. Com isso, a pronúncia do nome de Deus voltou a ser encontrada.

Este grau tem por objetivo analisar o direito da liberdade de consciência. Por isso dedica-se ao estudo das sete ciências e dos fenômenos da criação. Preocupa-se com a educação do homem, para que funde um bom governo que lhe assegure direitos e obrigações, cumprindo cada um com seu dever. Proclama ainda a liberdade de culto.

Segundo o Ritual, Salomão recompensou todos os que trabalharam na edificação do Templo: Aprendizes elevados a Companheiros; Companheiros, a Mestres – estes, prosseguindo em sua jornada, alcançam o 12º Grau, cumprindo a promessa de jamais se desviarem do caminho do bem. Quando àqueles que detinham os 12º e 13º graus,

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chegaram a “Grande Eleito da Abóbada Sagrada”, prometendo viver em paz, caridade e equidade.

O 14º Grau recoloca o homem na condição de simples mortal, sujeito a penas e atribuições, tão necessárias à evolução de seu espírito. Assim, através do aprendizado que o sofrimento oferece, o homem aprende que deve ser honesto, não semeando nem ódio, nem maldade, pois, segundo viver, morrerá. Quando o neófito, examinando mais atentamente a lenda de Enoch, encontra, no 9º arco, o cubo de ágata com o nome do inefável, vivencia, nesse momento, a personalidade de um dos substitutos do Grão-Mestre Hiram Abib. Torna-se, então, o espírito do homem uma partícula de Deus. Cessam aqui os subsídios fornecidos para a construção do 1º Templo – o Templo de Salomão, onde a Maçonaria, pelo estudo e pela pesquisa e, sobretudo, pela reflexão, prepara Obreiros para a humildade, discrição e perseverança. Só assim seremos verdadeiramente os Eleitos Perfeitos Mestres.

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