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25 a 27/09/2010 176 XVIII

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25 a 27/09/2010176XVIII

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HOJE EM DIA - 1ª p. E p. 3 - 26.09.2010

MP investiga contrato da Inova no TCEO Ministério Público Estadual decidiu investigar o contrato de prestação de serviços fir-

mado entre Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCE) e a Inova Tecnologia em Serviços Ltda. Especializada em tecnologia da informação, a Inova foi contratada para gerenciar motoristas e fazer manutenção de veículos. Há suspeita de fraude.

PÁGINA 3, POLÍTICA

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CONT... HOJE EM DIA - p. 3 - 26.09.2010

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HOJE EM DIA - 1ª p E p. 17 - MINAs - 25.09.2010

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HOJE EM DIA - p. 4 - 27.09.2010

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Augusto Franco - RepórterO número de ações judiciais para que o Sistema Único de

Saúde (SUS) compre medicamentos fora de sua lista oficial cres-ceu sete vezes e meia entre 2003 e 2009 em Minas – passando de 249 ações em 2003 para 1.890 em 2009. Com isso, o gasto do Estado comprando remédios para pacientes por ordem da Justiça saltou de R$ 2 milhões, em 2003, para R$ 32,4 milhões em 2009, um crescimento de 1.520%. Em 2008, o gasto foi recorde: R$ 42,5 milhões para o cumprimento de determinações judiciais do tipo.

As ações são baseadas em diversos fatores. A lista de razões vai desde remédios para doenças raras ou que ainda não são cata-logadas até medicamentos de marcas diferentes daquelas disponí-veis nas listas e medicamentos ainda não aprovados pela Anvisa. Mas também há pedidos na Justiça por iogurtes e até por sabonetes de marcas específicas.

A situação de Minas se repete no Brasil. De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2003 oito ações dirigidas ao Governo federal exigiram a compra de remédios, que somaram R$ 170 mil. Em 2009, foram 1.780 ações exigindo medicamentos fora da lista, que representaram um investimento da ordem de R$ 83,2 milhões, um crescimento de quase 500 vezes.

Para especialistas, a tendência é que o número de processos continue crescendo. Um projeto de lei já aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado deve reduzir o prazo de re-visão da lista – a última reformulação aconteceu em 1999 – obri-gando que o SUS inclua medicamentos mais modernos e outras doenças anualmente. O projeto terá que ser aprovado na Câmara antes da sanção presidencial.

O desembargador Eduardo Andrade, presidente da 1ª Câma-ra Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), explica que no caso do fornecimento de medicamentos, existem aqueles que devem ser oferecidos pelos municípios, outros pelo Estado e outros pelo Governo federal. Esta lista varia de acordo com a com-plexidade, tipo de doença e, geralmente, por valor das drogas.

Os medicamentos mais simples, como os para hipertensão ou problemas cardíacos, chamados de Farmácia Básica, são por conta do município. Os de média complexidade, como para tratamento de algumas cirurgias ou de algumas doenças congênitas, chamados Excepcionais, de competência do Estado. Drogas contra o câncer,

coquetel contra os efeitos da Aids e medicamentos mais caros, a cargo do Ministério da Saúde.

“Temos muitas ações que o advogado exige, por considerar que será mais rápido ou por simples desconhecimento da lei, que uma instância de poder forneça remédios que não são de sua com-petência. Esses casos são imediatamente considerados improce-dentes. Como um município pequeno pode pagar um remédio de R$ 400 mil, valor maior que sua folha de pagamento? Basta ser razoável e ver que isso não faz sentido”, questiona o desembar-gador.

Segundo ele, a atualização da lista de medicamentos pode melhorar a situação, mas é preciso que a população também faça sua parte e tome consciência de que o Estado não tem condições de dar a todos o medicamento que cada um quer, mas aquele que está disponível.

“Se há um princípio que resolve, o paciente não tem o direito de requerer outro, de uma marca específica, a menos que compro-ve com laudo médico de que aquela droga específica não resolveu seu problema”, destaca o desembargador.

Foi o que fez a dona de casa Carmela Silvana Salomão Mar-colino, que conseguiu em abril o direito de receber mensalmente uma cartela de medicamento para Transtorno de Déficit de Aten-ção e Hiperatividade (TDAH) para a filha Maria Eduarda, de 7 anos. A cartela com 30 comprimidos do medicamento Cloridrato de Metilfenidato custa cerca de R$ 200.

Depois de conseguir o direito para a filha, Carmela vai enca-rar outra batalha, agora para que o marido, que sofre do mesmo mal, também tenha direito ao medicamento. O TDAH está na lista de doenças cujos remédios são fornecidos pelo poder público. O medicamento do SUS, no entanto, dura de quatro a cinco horas no organismo do paciente. Como cada um só recebe uma cartela por mês, o paciente tem que “escolher” os momentos que vai ficar concentrado em uma só atividade.

“A burocracia é muito grande, e acho que a lista de medi-camentos tinha que ser atualizada com mais frequência. Outro problema é a quantidade de documentos que temos que anexar ao processo. A impressão é que eles não confiam nos próprios mé-dicos”, avalia.

HOJE EM DIA - p. 17 - MINAs - 26.09.2010

Gastos de MG com remédios crescem 1.520%Em 2009, o Ministério da Saúde gastou R$ 83,2 milhões para compra de medicamentos através Justiça

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HOJE EM DIA - 1ª E p. 2 - MINAs - 27.09.2010

Casarão de 1884 terá a fachada restaurada

O Casarão Azul e Branco, imóvel mais antigo de Venda Nova, será parcialmente reconstruído para abrigar uma Unidade Munici-pal de Educação Infantil. a fachada com o traçado colonial de 1884 será restaurada. O imóvel foi destruído por um incêndio em 2007. Página 2, MINAS

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CONT... HOJE EM DIA - p. 2 - MINAs - 27.09.2010

TÂMARA TEIXEIRA A seguradora de planos odontológicos Belodente entrou com duas

ações na Justiça para tentar reaver o valor de R$ 2 milhões que estaria de forma irregular sob o poder da Associação Gestora dos Benefícios Sociais dos Trabalhadores Rodoviários de Minas Gerais (Astromig). O episódio é mais uma suspeita da má administração na diretoria financeira da as-sociação que gerencia os planos de saúde, odontológico e de vida dos rodoviários do Estado.

A Astromig rompeu o contrato que tinha com a Belodente há cinco meses, mas, até hoje, a empresa não recebeu o valor correspondente à multa rescisória prevista em contrato. Por outro lado, a companhia ame-ricana MetLife, contratada para assumir o serviço, já teria depositado a quantia na conta da Astromig.

Rodoviários, que preferiram não se identificar por temer represálias, questionam a destinação do recurso, já que o dinheiro não teria sido em-pregado em nenhum outro benefício para os trabalhadores. A Astromig

foi procurada insistentemente pela reportagem, mas ninguém foi encon-trado para comentar o assunto.

Irregularidades. Essa não é a primeira denúncia que recai sobre a diretoria financeira da associação, que reúne 37 sindicatos da categoria. Conforme publicado por O TEMPO na última quarta-feira, os sindica-tos rodoviários de Minas entrarão com uma representação no Ministério Público Estadual, com o objetivo é apurar a suspeita de que o diretor financeiro Hamilton Dias de Moura utilizaria de seu cargo para contratar empresas pertencentes a seus familiares.

Na lista de fornecedores da associação, constam ao menos duas em-presas de irmãos do diretor: Dias Moura Advogados Associados e Raízes Assessoria, Produções e Promoções de Eventos Sociedade Civil Ltda.

Só o escritório de advocacia receberia cerca de R$ 65 mil por mês. Hoje, a Astomig gerencia cerca de R$ 20 milhões, descontados dos sa-lários dos trabalhadores. O valor é repassado aos sindicatos e, depois, à associação.

O TEMpO - p. 32 - CIDADEs -25.09.2010Astromig. Rodoviários cobram explicações sobre verba correspondente ao pagamento de uma multa rescisória

Empresa vai à Justiça contra administração suspeita

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THIAGO NOGUEIRA enviado especialSão Roque de Minas. A

temporada de queimadas deste ano deixou Minas Gerais em cinzas. Segundo o Instituto Na-cional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o número de focos de incêndio no Estado é recorde. Desde 1995, quando o monito-ramento foi iniciado, nunca se viu tantas chamas. De janeiro a 23 de setembro, foram 5.422 re-gistros, número 31% maior que o registrado no mesmo período de 2003, até então, o ano mais crítico de todo o levantamento, com 3.714 focos.

A serra da Canastra, no Centro-Oeste do Estado, foi a região mais destruída. Mais da metade dos incêndios de 2010 aconteceram no local. Dos 200 mil hectares da área, 60 mil fo-ram queimados entre os dias 15 e 20 de agosto. O território equivale a quase duas cidades de Belo Horizonte. Só na área regularizada, que compreende o Parque Nacional da Serra da Canastra, 40 mil dos 70 mil hec-tares foram devastados.

Segundo o levantamento do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), seis tamanduás-ban-deira, uma ema, vários répteis, anfíbios, pequenos roedores e

ninhos de pássaros foram ex-terminados. As labaredas che-garam a cinco metros de altura. Com ventos de até 120 km/h, o estrago foi devastador, chegando a nascente de importantes rios brasileiros, como o São Francis-co, Grande e Araguari.

Recuperação. Um mês de-pois da grande queimada, o cerrado virou um cenário de contraste. Em diferentes tons de cinzas, os troncos e galhos queimados se misturam ao ver-de das primeiras gramíneas, que renascem ao lado de bromélias, lírios e margaridas. “A região é de nascente de água, apesar do solo não ser muito rico. Por isso, mesmo sem chuva, a vegetação já está se regenerando”, explica o analista ambiental, Mauro da Costa.

Responsabilidade. O incên-dio na serra da Canastra foi cri-minoso e está sendo investigado pela Polícia Federal. Mas, por enquanto, ninguém foi respon-sabilizado. Para o coordenador do grupo de monitoramento de queimadas do Inpe, Alberto Set-zer, a sensação de impunidade contribui para novas queima-das.

“Não existe essa de com-bustão espontânea. Sem chuva, não há raios, único fenômeno natural capaz de atear o fogo.

Campanhas de conscientização têm sido feitas. Mas é preciso responsabilidade de todos”, res-salta.

Há 37 anos trabalhando no combate às queimadas, o geren-te de fogo do parque, Adaniel Matos, não se lembra de puni-ções. “O último incêndio foi criminoso. Começou em qua-tro pontos diferentes ao mesmo tempo”, diz.AlTA TEMpErATurA COlOCA 426 CIDADEs EM rIsCO

O fogo não dá trégua nos quatro cantos de Minas Gerais. Por causa das altas temperaturas e da falta de chuva, 426 municí-pios mineiros estão sob o risco crítico de queimadas. Em Buri-tis, região Noroeste do Estado, 46 focos foram registrados na cidade só na última sexta-feira.

Na região Centro-Oeste do Estado, a reportagem flagrou a serra de Luz em chamas na últi-ma quarta-feira. O som das laba-redas era ouvido de longe. Perto de Piumhí, na mesma região, o fogo consumia a vegetação às margens da MG-341.

Em áreas urbanas, o princi-pal problema são os lotes vagos. Em Belo Horizonte, segundo o Corpo de Bombeiros, de janeiro a julho deste ano, 316 ocorrên-cias foram atendidas. (TN)

O TEMpO - p. 28 E 29 - 26.09.2010Destruição. Número de incêndios registrados no Estado até a última quinta-feira (5.422) é o maior desde 2003

Cinzas mudam cenário de MinasO TEMPO percorreu área devastada na serra da Canastra; 60 mil ha foram queimados

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THIAGO NOGUEIRAEnviado especialSão Roque de Minas. Fogo, suor e amor ao tra-

balho. Sem a dedicação e o espírito de luta de bri-gadistas e voluntários, o Parque Nacional da Serra da Canastra, na região Centro-Oeste do Estado, es-taria condenado à devastação das queimadas. No combate às chamas, os heróis da natureza são re-crutados para uma verdadeira operação de guerra.

Com abafadores, bombas costais e enxadas, eles enfrentaram o fogo durante cinco dias e cinco noite no mês passado. O brigadista Lúcio Brito, 39, chegou a trabalhar 48 horas sem cessar. “Sou apai-xonado por isso”, ressaltou. Assim como os cole-gas, os 42 integrantes da brigada anti-incêndio são moradores de cidades do entorno. Boa parte nasceu e cresceu vendo a serra da janela de casa.

“Desde os 7 anos, eu ajudo no combate às queimadas”, contou Leonildo Lásaro Peres, 32, integrante do time oficial de brigadistas. A legisla-ção federal prevê a contratação de pessoal apenas para o período seco do ano, entre julho e dezembro. Além disso, a recontratação só é permitida a cada dois anos. A remuneração pelo serviço está longe de ser o principal atrativo para o trabalho. A maio-ria ganha salário mínimo que, com alguns benefí-cios, chega a faixa dos R$ 800 mensais.

No último grande incêndio, os brigadistas precisaram do reforço de companheiros de outros Estados, além de homens do Corpo de Bombeiros. A ajuda também veio do ar. Foram usadas três ae-ronaves e dois helicópteros na operação. Mas em tempos de batalha contra o fogo, os voluntários também entram em ação. O sitiante José Baltazar da Silva, 62, reuniu os vizinhos de propriedade e montou um cerco às chamas. “Nós fomos a uns seis quilômetros para frente para evitar que o fogo se espalhasse”, afirmou.

Monitoramento. Quando não há queimadas, os brigadistas se transformam em sentinelas. A festa de rodeio em um arraial próximo ao parque e a pos-sibilidade de chuvas com raios já deixam todos em alerta. Na última semana, eles se dedicaram a traba-lhos de manutenção. Depois de quase meio século, a fossa séptica de uma das portarias da reserva foi desativada. Uma nova precisou ser construída.

Campos

Tipo de vegetação favorece queimadas

Em tempos de seca, o trabalho de aceiro dos brigadistas evita queimadas, principalmente, às margens das estradas. A prática consiste no atea-mento controlado do fogo em aproximadamente 10 m de largura. No Parque Nacional da Serra da Ca-nastra, o serviço estava em andamento, quando o aconteceu o grande incêndio.

Como a última queimada ocorreu em 2006, a vegetação – formada por campos do tipo limpo e rupestre – reunia condições que facilitaram o alas-tre do fogo. Em meio às chamas, até mesmo o ta-manduá-bandeira ajudava a propagar as chamas por causa de sua cauda. A queima controlada também é uma forma de renovar o solo sem prejudicar o meio ambiente. Grande parte dos incêndios florestais são realizadas por agricultores e fazendeiros que des-cumprem as instruções dos órgãos ambientais.

Biodiversidade. O parque foi criado em 1972. A área é protegida por lei federal e abrange seis mu-nicípios. A região abriga espécies da flora e da fau-na ameaçadas de extinção, como o veado-campeiro e o lobo-guará. Estudos já catalogaram quase 7.000 espécies de plantas. (TN)

CONT... O TEMpO - p. 28 E 29 - 26.09.2010

Empenho. Por cinco dias, brigadistas e voluntários montaram `operação de guerra´ para debelar fogo

Heróis enfrentam as chamas por amor à serra da Canastra Legislação prevê contratação de pessoal apenas no período seco, entre julho e dezembro

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EsTADO DE MINAs - p. 19 E 20 - GErAIs - 27.09.2010

Pedro Rocha Franco Minas está no topo do pódio de uma disputa nada positiva. O estado

é primeiro colocado em número de trechos críticos nas rodovias federais. Estudo feito pela Coordenação Geral de Operações Rodoviárias, braço do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), mostra que 247 quilômetros, o equivalente a 3,87% da malha de 6.373,8 quilôme-tros, concentram 27,43% dos acidentes registrados no estado no primeiro semestre. Na sequência do ranking vêm Santa Catarina e Espírito Santo, respectivamente. Somados os três primeiros colocados, 45% dos pontos críticos estão em suas rodovias.

O estudo, baseado em estatísticas da Polícia Rodoviária Federal (PRF), contabiliza os trechos, cada um com 1 km de extensão, com oito acidentes ou mais nas BRs. Como esperado, o trecho de quase 230 km en-tre as proximidades de Ipatinga, no Vale do Aço, e Belo Horizonte – onde estão situados os 100 km da Rodovia da Morte, de João Monlevade ao Anel Rodoviário – é recordista de áreas críticas, com 63 pontos em situa-ção caótica. Ou seja, no percurso, a cada 3,6 mil metros o Dnit identifica um local problemático.

Em relação a 2006, a média de acidentes nestes trechos subiu de 8,79 para 13,89 acidentes/km. O dado reflete o crescimento no número de desastres nos últimos cinco anos. Se comparados os primeiros semestres de 2006 e 2010, houve ampliação de 51,65% no total de acidentes. E não se trata de um aumento repentino e, sim, gradual. No período, o semestre anterior sempre registrou quantidade menor de batidas.

Dados da pesquisa mostram que a PRF anotou um acidente a cada

20 minutos em Minas, ou, em números absolutos 12.507. Em relação ao primeiro semestre do último ano, houve crescimento de 8,42%, dado até então inédito, uma vez que a corporação se nega a divulgar os números. FAlTA DE FIsCAlIZAÇÃO

E o órgão admite que um dos problemas para o aumento das vítimas está relacionado à falta de fiscalização eletrônica nas BRs. Em novembro, completa o quarto ano do desligamento dos radares das rodovias federais, e a licitação para contratação de empresas especializadas no monitoramen-to de velocidade corre desde o ano passado, tendo sido suspensa inúmeras vezes por entraves burocráticos relacionados ao processo licitatório.

O edital se encontra em fase final e o próximo passo é a homologa-ção das empresas vencedoras e assinatura de contratos, mas a licitação é alvo constante de problemas. Um processo anterior, publicado em 2007, foi cancelado. “É importante o planejamento que executamos, conside-rando inclusive o aumento da frota. Mas também estamos atentos para ou-tras necessidades como a vigilância eletrônica das estradas, um programa permanente de sinalização e o controle de peso nas rodovias”, afirma o co-ordenador geral de operações rodoviárias do Dnit, Luiz Cláudio Varejão.

A promessa é que sejam instalados 2.696 equipamentos nos corredo-res rodoviários mais importantes do país, baseado na pesquisa que aponta os pontos concentradores de acidentes. Estudos feitos pela corporação re-gistram queda de 4% nas mortes no caso de redução de 1% da velocidade média nas estradas. Segundo a assessoria do órgão, países europeus, como Inglaterra, Itália e Áustria, são casos de sucesso na redução da vitimização com a implantação de redutores.

Pedro Rocha Franco Na matemática da carnificina rodoviária, a soma de três fatores

– acidentes, feridos e mortos – tem como um dos resultados a atribuição do título de Rodovia da Morte à campeã das estatísticas. Em Minas, o trecho de quase 100 quilômetros entre João Monlevade e Belo Horizonte, da BR-381, ostenta essa marca dada à gravidade dos desastres que nela ocorrem. Fama reforçada por características que confirmam seus riscos, como a sequência de curvas sinuosas, a concentração de acidentes e o fato de não ser duplicada. Mas cruzamento de dados baseado em estu-do recém-concluído pela Coordenação Geral de Operações Rodoviárias, braço do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), mostra que, se considerada a letalidade dos acidentes, a coroa do reino das tragédias rodoviárias terá uma disputa acirrada, com a BR-116 também pleiteando o trono.

Os números mostram que a proporção de acidentes por morte na rodovia que corta o estado desde a divisa com o Rio de Janeiro até a Bahia supera em quase 50% o índice contabilizado para o segmento que sai da capital até o entroncamento com a BR-262, na Região Central, em direção ao Espírito Santo e ao Vale do Aço. A cada 10,65 acidentes registrados na BR-116 é anotado um óbito, enquanto na chamada Rodovia da Morte a cada 15,6 desastres se computa uma vítima fatal, o que revela os riscos do trecho de 815 km (veja arte).

Outras cinco rodovias também superam a BR-381, sentido Vitória (ES), no índice de letalidade, mas, dado o número bem menor de coli-sões e vítimas, o resultado pode estar “maquiado”. No entanto, a BR-116 supera a BR-381 em todos os quesitos – mortes, feridos e extensão. Por tratar-se de uma ligação maior, com 710 km a mais, a tendência é que o número de vítimas também fosse maior. O problema é que a gravidade dos acidentes também é maior – e muito.

Segundo o consultor técnico da Agência Metropolitana de Desen-volvimento e especialista em transportes e trânsito, Paulo Rogério Mon-teiro, o dado revela que o risco de morte é maior em caso de acidente. “Reflete onde uma batida é mais grave e ponto”, diz. Ele considera im-portante também calcular os riscos de ocorrer uma colisão com base no volume médio de veículos que cruzam a via e o total de acidentes. O alto grau de letalidade, segundo o especialista, está associado a fatores como a menor quantidade de curvas e a possibilidade de se alcançar velocidades

maiores, uma vez que a Rodovia da Morte tem média de uma curva a cada 500 metros.

Em contrapartida, a Rodovia Fernão Dias, BR-381, entre BH e São Paulo, tem um dos índices de letalidade mais baixos do estado. Apesar de concentrar mais de um terço dos acidentes registrados no primeiro semes-tre, a estrada concentra menos de 10% das vítimas fatais. Se comparada à letatalidade da BR-116, o índice é quase cinco vezes menor. pONTOs CrÍTICOs

O estudo lista os trechos, de um quilômetro cada, considerados críti-cos, sendo a definição atribuída aos segmentos com oito ou mais acidentes no ano. No primeiro semestre, só 24 pontos foram categorizados como críticos na BR-116. O número é baixo se considerada a extensão da rodo-via. Ou seja, a cada 34 quilômetros se tem um problemático. Tais pontos registraram 269 acidentes e 12 mortes. Com isso, as outras 1.159 batidas e 122 vítimas fatais estão pulverizadas no restante da estrada.

O trecho mais letal é o km 518, próximo a Caratinga, no Vale do Rio Doce. Só nos primeiros seis meses do ano foram registrados oito aci-dentes no local, seis deles com vítimas. Ao todo, foram 15 feridos e seis mortes, o que dá média de quase uma vítima fatal por acidente. E o que causa mais apreensão é o fato de os óbitos não terem sido anotados numa colisão apenas, mas em três.

No caso da Rodovia da Morte, o estudo pontuou 58 km críticos, con-centrando 646 dos 858 acidentes anotados pela Polícia Rodoviária Fede-ral. Quase três quartos estão localizados nestes segmentos, o que confirma uma das características que lhe rende o título tenebroso e confirma que intervenções pontuais não são suficientes para sanar os riscos e a dupli-cação é essencial.

Acostumado com os dois trechos, o advogado José Adalberto, mo-rador de Inhapim, no Vale do Rio Doce, transita diariamente pela BR-116 para ir a cidades próximas trabalhar e, nos últimos anos, tem acompanha-do a repetição de graves acidentes. A associação do aumento de fluxo de veículos, número crescente de carretas e o desligamento dos radares é certeza da matança. “É uma estrada tortuosa”, diz o advogado, que, por 13 anos, fez o percurso de ida e volta de sua terra-natal até BH, cruzando a BR-381. “Quando jovem, gostava das curvas. Não me deixavam dormir. Tinha que estar sempre ligado. Mas, hoje, não basta ser bom motorista”, afirma.

Geografia da tragédiaEstudo baseado em estatísticas da PRF mostra que Minas Gerais é campeão no número de trechos com maior índice de desastres nas BRs, seguido de Santa Catarina e Espírito Santo

Matéria de capa - Campeãs da CarnificinaBRs-381 e 116 disputam o triste título de líder de acidentes e mortes entre as rodovias

federais que cortam MG. Já a duplicada Fernão Dias ostenta baixo índice de letalidade

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MORTES NA BR-262 Quatro pessoas morreram ontem no começo da noite na BR-262, em Uberaba, no Triângulo Mineiro, depois que o

carro em que viajavam foi atingido por uma carreta. O acidente ocorreu no km 755 da rodovia, no sentido Uberaba/Belo Horizonte. Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o carro foi arrastado pela carreta quando tentava atravessar a pista, depois de contornar uma rotatória. A identidade das vítimas não foi divulgada pela PRF.

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CONT... EsTADO DE MINAs - p. 19 E 20 - GErAIs - 27.09.2010

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DANIEL SILVEIRAUm motorista de 48 anos foi preso em flagrante

após atropelar quatro policiais militares na madru-gada de ontem em São João del Rei, no Campo das Vertentes. De acordo com a polícia, ele estava em-briagado e foi detido após fugir e se esconder em-baixo de uma carreta nas imediações do local onde o acidente ocorreu.

Segundo a Polícia Militar, o acidente ocorreu na saída de uma festa realizada no parque de exposição da cidade. Ao fazer uma curva, ele bateu o carro que dirigia, um Kadett, em uma viatura. Em seguida, ele perdeu o controle da direção e atropelou os quatro militares que faziam a sinalização na via.

Os quatro policiais foram socorridos pelo Corpo de Bombeiros. Segundo a corporação, entre as víti-mas um está em estado grave, em coma induzido, internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) da Santa Casa de São João del Rei. Os outros três se-

guem internados no mesmo hospital e não correm risco de morte.

O delegado Marcos Vinícius Gouvêa de Men-donça relata que o motorista fugiu imediatamente após atropelar os policiais. “Ele se escondeu embai-xo de uma carreta perto de onde ocorreu o atropela-mento. Os policiais conseguiram localizá-lo porque o celular dele tocou no momento em que passavam perto do veículo”, conta.

O motorista negou aos policiais que tivesse in-gerido bebida alcoólica. “Ele foi submetido a exame clínico e o médico atestou que ele estava embriaga-do”, afirma o delegado Marcos Vinícius. Após regis-trado o flagrante, o motorista pagou fiança no valor de R$ 1.000 e foi liberado.

Ainda de acordo com o delegado, o motorista vai responder a inquérito por lesão corporal culposa, omissão de socorro, fuga do local do crime e embria-guez ao volante.

O TEMpO - p. 15 - CIDADEs - 27.09.2010 sÃO JOÃO DEl rEI

Motorista bêbado atropela quatro PMs, paga fiança e é solto

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Flávia Ayer Tirar um batalhão de 5 mil flanelinhas das ruas e avenidas de Belo

Horizonte. A briga foi comprada em agosto pela prefeitura, que nesse combate se propôs a usar armas inovadoras, jamais testadas no país: mul-tas de R$ 500 a R$ 1,2 mil, para fora e dentro dos limites da Avenida do Contorno. Passados quase dois meses, o compromisso, firmado por meio de lei, parece não ter saído do papel e dá sinais de fracasso. A administra-ção municipal da Região Centro-Sul, onde o problema está concentrado, não lavrou uma multa sequer contra os “tomadores de conta”, enquanto os belo-horizontinos continuam na expectativa de se livrar das garras dessa incômoda companhia.

Os flanelinhas foram enquadrados no rol de atividades irregulares, lado a lado de toreros e camelôs, no decreto (14.060/10), publicado em 6 de agosto, que regulamenta o Código de Posturas – documento que orde-na o uso do espaço público. Mas essa não é a única inovação da lei que está longe de sair do papel. Soluções que facilitariam a vida do pedestres e evitariam conflitos com carros e mobiliário urbano, também empacaram no campo das ideias. As razões vão desde o desconhecimento da popula-ção sobre as novas regras até confrontos entre legislações municipais.

Se com os ambulantes o shopping popular se mostrou uma solução eficiente, a prefeitura começa a dar conta de que, no caso dos “donos da rua”, o problema é mais grave, e a punição na base da multa funciona bem apenas para o cidadão comum. “Como você vai inscrever na dívida ativa do município uma pessoa que, muitas vezes, não tem documento, CPF nem moradia fixa?”, afirma o gerente do projeto sustentador Movimento Respeito por BH, responsável pela aplicação do código, Vicente Arthur Sales Dias.

A Regional Centro-Sul, que se limitou a responder ao Estado de Mi-nas por meio da assessoria de imprensa, justifica que ausência de multas não significa falta de ação. Segundo a administração, desde agosto, os mesmos fiscais que vão a campo para vistoriar camelôs também passaram a verificar a situação de flanelinhas em vias públicas. Não há estatística específica sobre os “tomadores de conta”, inseridos no mesmo pacote de ocorrências relativas a ambulantes. Em julho, antes da proibição da ati-vidade, os fiscais fizeram 498 vistorias. Já em agosto, esse número cres-ceu para 659 diligências. De toda forma, a prefeitura assume ser preciso estudar alternativas para solucionar um dos maiores problemas para os motoristas em BH. A Regional Centro-Sul ensaia a formação de uma for-ça-tarefa contra flanelinhas com BHTrans, Guarda Municipal e Polícia

Militar, além de fiscais da prefeitura, mas não dá detalhes. “Ainda trata-se de ação que mexe com gangues”, justifica a secretária municipal adjunta de Regulação Urbana, Gina Rende, que cobra envolvimento da popula-ção: “Se a pessoa não se sente à vontade de não dar dinheiro, que pelo menos denuncie”.

Vicente Arthur adianta que a prioridade será a área central, mas não deve ficar concentrada em ação ostensiva. “Não é só fiscalização, pois li-dar com o flanelinha é diferente do camelô. Ele não tem um bem material para perder na apreensão. Temos que estudar alternativas sociais, já que também estamos mexendo com a camada de baixa renda”, afirma Dias.

De acordo com o comandante da 4ª Companhia da PM, Major Adria-no César Ribeiro Araújo, na semana que vem será feita ação para tratar do assunto. “Já fazemos operações rotineiras contra o crime de extorsão e de prática ilegal da profissão”, diz. A guarda ainda não foi contatada pela Centro-Sul, mas se pôs à disposição para apoiar a iniciativa. Atualmente, de acordo com a legislação, só estão autorizados a vigiar e limpar carros em vias públicas os 1,4 mil participantes do Programa Lavador e Guarda-dor de Carros da prefeitura. Eles estão identificados com crachá e colete institucional. DENÚNCIAs - Há quase um ano, o EM vem denunciando esquema comandado por flanelinhas e que mistura ameaça, extorsão e até aluguel de vagas em vias públicas. Na semana passada, a reportagem flagrou uma série de irregularidades envolvendo os donos da rua. Nas barbas da prefeitura, a um quarteirão da sede do Executivo, na Rua Goitacazes, entre Bahia e Espírito Santo, os tomadores de conta tentavam impedir que um guarda municipal multasse carros sem o rotativo. O argumento foi de que os motoristas haviam acabado de estacionar e pedido que eles pusessem o Faixa Azul, apesar de a prática de os flanelinhas preencherem o rotativo, apenas se a fiscalização passar, ser manjada.

A presença dos tomadores de conta irrita motoristas, que não per-ceberam nenhuma melhoria desde a proibição dos flanelinhas na cidade. “Está demais. Sinto que é um roubo. Já tive que pagar R$ 15 na porta de uma festa e, quando voltei, o carro tinha sido furtado”, afirma a relações públicas Natália Ávila de Souza, de 26 anos. O funcionário público Or-lando Teixeira Dias, de 65, considera que os guardadores de carro são um problema social grave. “Estão procurando um modo de ganhar dinheiro, mas me incomoda demais, ainda mais quando exigem pagamento ante-cipado.”

DONOs DA ruA

Chantagem sem puniçãoEsTADO DE MINAs - p. 21 - 27.09.2010

Falta de espaço para pedestresNenhum flanelinha foi multado pela administração regional Cen-

tro-Sul de Belo Horizonte, principal foco do problema, pela prática da atividade, proibida há quase dois meses e sujeita a pagamento de R$ 500 a R$ 1,2 mil. Mas essa não é a única novidade proposta pelo novo Có-digo de Posturas de BH, regulamentado em agosto, que não está sendo cumprida. Em recente revisão, o documento que ordena o uso do espaço público trouxe soluções para acabar com obstáculos para os pedestres nas calçadas, como carros, mesas e cadeiras. No entanto, uma combinação do desconhecimento da população sobre as novas regras, conflitos entre legislações e falta de regulamentação de alguns pontos da lei levou as inovações a continuar no plano das ideias, sem sair do papel. Uma de-las é a permissão de os estabelecimentos que usam o afastamento frontal (área entre a fachada e a passagem de pedestres) como estacionamentos fazerem uma mudança. Em vez de os carros ficarem em cima do passeio, próximos à fachada, são os pedestres que passariam a ocupar o local. A proposta evita que a calçada seja usada como espaço de manobra e garan-te a segurança de quem anda a pé. A inversão depende da autorização da BHTrans, que não recebeu nenhum pedido de interessados na alternativa. Além disso, a empresa que fiscaliza o trânsito da capital ainda não publi-cou resolução com as regras da proposta.

Outra inovação que, por um embate entre leis municipais, não deve emplacar é a possibilidade de bares, restaurantes, lanchonetes e similares usarem tablados removíveis para colocação de mesas e cadeiras. Pelo Có-digo de Posturas, a espécie de deck pode ser usada em bares, restaurantes

e similares em vias residenciais, sem grande movimentação de carros e ocuparia a área reservada ao estacionamento de veículos. Mas outra nor-ma do município, presente na Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo, impede estabelecimentos em vias desse tipo de sequer pôr mesas e cadeiras em calçadas. “Talvez essa permissão do tablado não tenha a possibilidade de acontecer”, assume a consultora técnica da Secretaria Municipal de Políticas Urbanas, Maria Fernandes Caldas, que participou da revisão das duas leis.

De acordo com a secretaria adjunta de Regulação Urbana, Gina Rende, a prefeitura está planejando a elaboração de uma cartilha para di-vulgar as novas normas para o uso do espaço público. “A ideia é ter uma linguagem mais acessível nessas cartilhas. Dentro do que podemos, já estamos informando a população, pelo plantão 156, o site da prefeitura e a central BH Resolve”, afirma. OuTDOOrs - Se as novidades têm sido deixadas de lado pela prefeitura, a administração municipal tem demonstrado agilidade em combater velhos problemas tratados pelo código e sofridos na prática pelo cidadão. O principal deles são os outdoors. Apenas em agosto, a prefeitura intensificou as ações e emitiu 1173 notificações contra engenhos de publicidade irregulares. A marca supera as notificações de todo o primeiro semestre, que somam 1092 ocorrências.

O Executivo também estabeleceu que outubro é o limite para a reti-rada de todos os painéis ilegais espalhados pela cidade. “Ainda temos 220 outdoors irregulares.

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Lei mais rigorosa para banir fumódromos da capital

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THIAGO LEMOSO boia-fria Ediones Ferreira dos Santos,19, morreu ao

ser atingido por um tiro no abdômen, na madrugada de on-tem, ao passar de moto por uma blitz realizada por policiais militares do 35º batalhão em uma estrada de terra que dá acesso à cidade de Juatuba, na Grande Belo Horizonte. O irmão da vítima, Edvaldo Ferreira dos Santos, 22, que es-tava na garupa, acusa os militares de atirarem sem neces-sidade. Na versão dos policiais, os irmãos teriam passado pela operação atirando e eles apenas revidaram. No entanto, nenhuma arma foi encontrada com as vítimas, e o comando da unidade admite que pode ter ocorrido um erro na conduta dos policiais.

O garupa contou aos familiares que o irmão pode ter sido vítima de vingança dos policiais, já que uma hora antes

Ediones havia sido parado em uma blitz dentro do povoado de Bela Vista, dirigindo sem habilitação e sem o documento da moto. “Eles prenderam a moto do meu irmão e manda-ram outra pessoa habilitada buscar o veículo. Só que meu irmão voltou a pegar a moto para ir embora para casa, que fica em Juatuba. Os policiais ficaram irritados ao ver meu irmão dirigindo de novo”, disse Sérgio Ferreira, outro irmão da vítima.

Segundo o tenente coronel Adelí Sílvio Luís, coman-dante do 35º batalhão, a blitz tinha como objetivo averiguar a denúncia de que pessoas estariam traficando drogas em uma festa que estava acontecendo no povoado de Bela Vis-ta. Segundo os militares, durante a operação, Santos teria desobedecido a ordem de parada e feito disparos em direção ao militares.

O TEMpO - p. 15 - 27.09.2010

Violência. PM alega que motociclista atirou contra os militares; irmão nega e diz que polícia atirou primeiro

Boia-fria é morto ao passar de moto em blitz policial

Crime leva polícia, todos os dias, a escolas da Grande BH

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ROGÉRIO PAGNAN DE SÃO PAULO Para o corregedor nacional do Ministério Público, Sandro José Neis,

o sistema de escolha de procuradores-gerais de Justiça -os chefes das Pro-motorias nos Estados- prejudica a liberdade e a isenção dos promotores.

Pela Constituição de 1998, é o governador quem escolhe o chefe do Ministério Público em meio a uma lista tríplice. Não é necessário escolher o mais bem votado. O procurador tem um mandato de dois anos, com possibilidade de ser reconduzido.

O corregedor defende que é preciso tirar o viés político das escolhas e deixar que os próprios membros decidam quem serão os seus represen-tantes máximos. De acordo com o promotor, a possibilidade de recon-dução ao cargo é talvez um dos principais motivos para o prejuízo dessa isenção, já que há um “desconforto” dos procuradores em agir contra o governo. INDEpENDÊNCIA - Das 27 unidades federativas, segundo levantamento da Conamp (Associação Nacional dos Membros do Ministério Público), em 10 delas os governadores não escolheram os mais votados. Pela Constituição, um dos três “princípios institucionais” do Ministério Público é, justamente, “independência funcional”. Os outros são “unidade e indivisibilidade”.

Leia a seguir trechos da entrevista com o corregedor. Folha - Promotores criticam a forma como os procuradores-gerais

são escolhidos. Dizem que eles acabam ficando reféns dos governadores. Isso de fato ocorre?

Sandro José Neis - É claro que isso [a forma de escolha] não é ideal. O ideal seria a escolha direta pela própria instituição. Até porque, se a instituição tem autonomia, é desvinculada da estrutura administrativa do Poder Executivo, tem sua independência financeira e tem iniciativa de lei -procurador-geral pode propor leis de interesse do Ministério Público-, nada mais razoável que a própria instituição escolha a sua chefia pelo voto direto e único.Hoje são três votos, trinominais. O que mais me preocupa nesse processo é o instituto da recondução. Por quê? Porque muitas vezes, em nome da recondução, pode gerar um desconforto para aquele que está no exercício do cargo.

Por que existe esse desconforto? Há algum tipo de represália por parte do governo?

Não são raros os casos em que os procuradores-gerais, ao tomar me-dias enérgicas contra determinados governos (apesar de terem feito óti-mas administrações), não foram reconduzidos ao cargo.

Porque a decisão do governo é uma decisão política. Então, me pare-ce que o ideal seria um voto direto e [também] não permitir a recondução. Mesmo que para isso precisemos mudar o prazo do mandato, que poderia mudar de dois para três anos, para quatro. Isso, pouco importa.

Acabar com a recondução seria, na minha avaliação, um avanço muito significativo. Daria mais liberdade, mais isenção para os procura-dores e corregedores, assim por diante.

A mudança dessa sistemática de escolha é difícil? Hoje, é muito difícil. Não há ambiente político para isso, infeliz-

mente.

FOlHA DE sp - p. C-8 - 25.09.2010Sandro José Neis defende que procuradores-gerais de Justiça sejam eleitos pelos membros do Ministério Público

Corregedor critica escolha política para cargo de procuradorConstituição manda que governador escolha, dentre os nomes de uma lista tríplice, novo chefe do Ministério Público

EsTADO DE MINAs - p. 34 - 26.09.2010BETIM

Contas de ex-prefeito sob questionamento

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IsTO É - p. 78 A 80 - 29.09.2010EXClusIVO - BrAsIl

A LAVANDERIA DO EX-MINISTRO

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CONT... IsTO É - p. 78 A 80 - 29.09.2010

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MARCELO FIUZAConsultor do Conselho Nacional de

Justiça e um dos maiores especialistas do país em direito relacionado à internet, esse mineiro de Araguari defende uma legisla-ção específica para os chamados cibercri-mes. Enquanto isso não acontecer, diz, a Justiça brasileira estará despreparada para combater os crimes virtuais e o país conti-nuará “desplugado” do resto do mundo.

O senhor sustenta que é necessário definir em lei os crimes cibernéticos. Por quê? Há 11 anos, o Congresso está discu-tindo a questão relacionada a crimes ciber-néticos, que não são só na internet, mas também crimes eletrônicos nas redes cor-porativas, como a quebra do sigilo eletrô-nico da Receita Federal, ou a dados sensí-veis na Justiça que não podem ser levadas a público. Ou ainda as pescarias virtuais, que são “malwares” instalados. Todos es-ses crimes reunidos não têm tipificação legal no Brasil e, em caso de dúvida, os juízes têm de decidir pró-réu. Por isso pre-cisamos da lei.

Qual sua opinião sobre o projeto de lei nº 84/99, em trâmite no Congresso? É o melhor texto que poderia se obter no Brasil. Ele introduz 11 novos crimes no Código Penal brasileiro e no Código Penal Militar. Ele cria o crime de racismo eletrô-nico e disciplina a forma de guardar a do-cumentação que identifica o dia, a hora e o local de acesso do criminoso a qualquer site protegido. O provedor deve guardar o log do acesso com base da conexão por três anos, para permitir o rastreamento pela polícia em caso de ataques cibernéticos.

A tramitação do projeto de lei 84 pa-rou no ano passado, quando o Ministério da Justiça iniciou um processo de discus-são sobre chamado o Marco Regulatório Civil da Internet, e que deve ser apresen-tado como projeto de Lei do Executivo ainda em 2010. O que é isso? Esse projeto tramitou na Câmara e Senado e, em acordo de lideranças foi a aprovado o texto final. Quando ia ser votado em caráter terminati-vo, o Ministério da Justiça resolveu propor uma discussão mais suave, mais branda, ou seja, em vez de criar crimes eletrônicos, definiria responsabilidades patrimoniais e multas. Mas eles viram que o texto precisa ser alterado, pois está criando uma blinda-gem de proteção ao provedor, que deixa de ser responsabilizado pelo conteúdo danoso que é depositado na rede. Até acho válido que se discuta a responsabilidade civil na

internet, mas minha posição é clara: não podemos abdicar da implantação de uma lei criminal no Brasil.

Como é no resto do mundo? O Brasil está fora do rol de 47 países que assinaram em 2001 em Budapeste o Tratado Interna-cional contra crimes na Internet, entre eles todos os da União Europeia, EUA, Japão. Esses países foram definindo seus crimes eletrônicos, ou não teriam como fazer acordos entre eles. Até Portugal e Argen-tina já têm suas leis de cibercrimes. E o Brasil ficou parado, discutindo se vamos votar a norma desses crimes ou um marco civil com responsabilidade patrimonial.

Um dos argumentos dos defensores da “internet livre” é que vários crimes em ambientes virtuais já são julgados com base nos códigos Penal e Civil atuais. Quais os problemas disso Concordo que, em algumas condutas, dá para fazer isso, como em ofensas em ambientes eletrôni-cos, crimes contra a honra e o patrimônio. Nesses casos, é fácil de fazer analogia com a lei vigente. Mas outros crimes como adulteração de senhas não o são. A grande dificuldade que percebo, e sou juiz há 21 anos, é como o magistrado vai interpretar e fazer a analogia entre o mundo físico, tan-gível, e fatos ocorridos no mundo virtual. Veja o caso do bullying, que é facílimo de reprimir e de se considerar como danoso, por termos testemunhas, exames de corpo de delito, boletins de ocorrência policiais. Mas, se o crime ocorreu numa página do Orkut, por exemplo, e colocaram um nariz de palhaço na foto do perfil de um calou-ro, isso dificulta de certa forma a análise do juiz, que pode questionar se a mera impressão em papel é uma prova efetiva, quanto tempo durou e qual foi a extensão dos danos.

Por que a lei ficou obsoleta tão ra-pidamente? Temos de pensar que o com-portamento da sociedade está sempre à frente da lei, mas que nunca tivemos esse distanciamento com ciclos tão curtos e tão rápidos. A razão é o fenômeno da tecnolo-gia. Até o século passado, os códigos civis e penais vigoravam por décadas porque o jeito de cometer os crimes permanecia o mesmo. Mas, no momento em que co-meçamos a falar de códigos eletrônicos e incluímos as máquinas na discussão, há uma sub-linguagem comunicacional onde começa a se praticar novos crimes.

E qual foi a dificuldade maior em escrever essa lei? Para ter uma ideia de

como isso é complexo, eu e um grupo de especialistas participamos desse processo e digo que foi dificílimo escrever “vírus” no projeto de lei 84, porque no mundo vir-tual usa-se “malware”. Então optamos por usar “código malicioso”, expressão com um substantivo e um adjetivo que deverá ser interpretada pelo juiz. Usar o vernácu-lo para descrever uma tecnologia de ponta que nunca foi usada na lei brasileira e fazer isso com rigor para não permitir injustiças é uma arte delicada. Por isso precisamos da lei.

O Brasil está atrasado na proteção de dados pessoais na web? Sob o ponto de vista tecnológico, acho que não. O Brasil hoje está integrado com o resto do mundo. Temos hoje acesso aos principais softwa-res, com várias marcas competindo pelo mercado. Entretanto, isso é um paradoxo, pois estamos empregando alguns milhões de dólares por ano na proteção tecnológica e não temos qualquer norma que coíba a conduta humana. Segurança é a associação de tecnologia com regras.

Em alguns municípios e Estados, as lan houses já são obrigadas a registrar os dados dos usuários. Não seria o caso de deixar que cada região regule sua internet ? O primeiro efeito de uma lei penal nova é o que chama de prevenção geral. É algo técnico, mas interessante, sociológico. Ao surgir uma lei, a pessoa apreende gene-ricamente que aquilo passa a ser crime e começa a desenvolver uma cadeia de au-toproteção, para se precaver da prática da infração. Com a implantação de uma nova lei penal que estabeleça as responsabilida-des de cada um, as lan houses e os prove-dores vão se acautelar até sem as leis mu-nicipais. Hoje as lan houses registram os usuários porque, se alguém fizer download de conteúdo de prática sexual com criança e deixar lá, esse empresário vai ser penali-zado de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente.

A Justiça brasileira está preparada para lidar com os cibercrimes? Não por-que as ações na Justiça ainda não são tan-tas assim e o fato eletrônico ainda não tem uma disciplina legal clara que permita um trabalho técnico e seguro por parte dos po-liciais, promotores e juízes. É uma questão cultural, estamos em uma fase histórica, ainda intermediária, da passagem de um mundo analógico para o criminal eletrô-nico, e o juiz brasileiro se ressente dessa passagem.

O TEMpO - p. 34 - 26.09.2010Entrevista com Fernando Botelho. Juiz, 49. Desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais

`Não temos qualquer norma que coíba a conduta humana´

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Antonio Cesar Siqueira - Desembargador do Tribu-nal de Justiça do Rio de Ja-neiro (TJRJ), presidente da Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj)

A democracia se apoia sobre um pilar inafastável: todos se comprometem a res-peitar as leis em vigor no país. Isso parece simples e óbvio, mas não é o que vem aconte-cendo no Brasil. A consequ-ência direta desse desrespeito à distribuição dos poderes é uma busca descomunal da população pelo Judiciário.

De início, é bom lembrar que, segundo dados do Ban-co Mundial, o juiz brasileiro tem uma média de solução de processos na faixa de 1,4 mil ao ano. É uma das mais altas do mundo. Basta compará-la com países como França, Itália, Inglaterra e Alemanha, onde o número de processos varia de 477 a 891 por ano.

Entretanto, esse número fica pequeno se passarmos ao exame dos processos relacio-nados ao direito do consumi-dor e da relação entre cidadão e Estado. Alguns iuizados es-peciais cíveis têm distribui-ção anual superior a 12 mil processos. Por outro lado, o próprio presidente do Supre-mo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, reconhece ser o governo, nos seus níveis fe-deral, estadual e municipal, o maior cliente do Judiciário.

Voltando aos juizados, as grandes corporações, algu-mas com domínio de capital estrangeiro, estão entre as mais processadas. Elas in-

sistem em negar respeito às leis do Brasil, que, na área de proteção ao consumidor, es-tão em estágio de avanço re-conhecido em todo o mundo. Entre as 30 empresas mais acionadas no estado do Rio de Janeiro estão as de telefo-nia, energia elétrica, bancos, cartões de crédito, empresas de transporte — incluída a aviação — e planos de saú-de. Todas explorando ramos de atividade cujo controle governamental deveria ser eficiente, seja pelas agências reguladoras, que nada regu-lam — com honrosas exce-ções — seja por órgãos como o Banco Central (BC).

Essa quebra do princí-pio basilar da democracia, de cumprimento dos comandos legais, leva a um congestio-namento do Poder Judiciário, que impede o atendimen-to pronto às demandas não provocadas. Sim, porque as demandas provocadas dizem respeito àqueles processos decorrentes de questões re-petitivas, com amplo julga-mento em todas as instâncias, em um claro desrespeito aos poderes da República.

Recentemente, a Corre-gedoria Nacional de Justiça (CNJ) determinou a reinsta-lação de juizados especiais em aeroportos para atender os reiterados desmandos das companhias aéreas. Nada mais equivocado e confortá-vel para essas empresas, que desprezam a democracia em nome de seus interesses co-merciais e financeiros. Pois, no caso dos atrasos de voos, que já viraram rotina em nos-

sos aeroportos, o problema pulará do balcão da compa-nhia para o do Judiciário. E aí, como atender ao mesmo tempo 800 ou mil pessoas em caso de atraso de cinco aero-naves, por exemplo? Qual a solução real a ser dada? Pode o juiz colocar um avião na pista para levar os passagei-ros a seu local de destino?

Quando se anuncia uma possível greve de funcio-nários de uma das maiores companhias aéreas, já se pode presumir o sofrimento e frustração de milhares de consumidores, que também não serão adequadamente atendidos pelos “milagrosos juizados”.

Enfim, a sociedade preci-sa que a República e a demo-cracia sejam respeitadas pelo governo e que esse faça com que as grandes corporações, inclusive as de capital trans-nacional, obedeçam às leis.

Esse sonho parece difícil de concretizar, pois o exem-plo dado pelo atual presiden-te da República e os candida-tos à sua sucessão, em aberto desrespeito à lei eleitoral e às decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostram que a mudança precisa ser mais profunda.

Só assim, com a reto-mada do comando da lei e da ordem, o Judiciário po-derá exercer, dentro de limi-tes razoáveis, o seu papel no Estado de direito, atendendo os litígios naturais em uma sociedade na qual todos cum-prem o pacto principal da de-mocracia.

EsTADO DE MINAs - p. 01 - DIrEITO E JusTIÇA - 27.09.2010O Judiciário e o desrespeito à democracia

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Em sua primeira manifes-tação pública depois de assu-mir a Corregedoria Nacional de Justiça, no dia 8 de setem-bro, a ministra Eliana Cal-mon afirmou que o Conselho Nacional de Justiça manterá a política de metas de pro-dutividade e criticou a forma de julgar do Poder Judiciário, que, por causa do excesso de formalismo e da linguagem empolada e prolixa dos ad-vogados, promotores e juízes, está atrasada em pelo menos um século.

Para descongestionar os tribunais e estimulá-los a cum-prir as metas de produtividade negociadas com a direção do Conselho Nacional de Justiça, a ministra anunciou a criação do programa Justiça em Dia. Serão mutirões promovi-dos nas cortes mais morosas e abarrotadas de processos. Para o primeiro mutirão foi escolhido o Tribunal Regional Federal (TRF) da 3.ª Região, que tem jurisdição sobre os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

O objetivo é promover, no prazo de seis meses, o jul-gamento de todas as ações que foram ajuizadas até 31 de dezembro de 2006. São mais de 80 mil processos, a maioria relativa a questões de direito previdenciário. O mutirão será realizado por 14 juízes federais e a estimativa é de que cada um julgue pelo me-nos mil ações por mês.

A ministra, contudo, re-conhece que essa iniciativa está longe de resolver os pro-blemas de congestionamento do Judiciário. “Todas as vezes

que a Justiça faz mutirões, e não foram poucas as vezes em que se tentou fazer com que os gabinetes de desembarga-dores ficassem com menos processos, o que aconteceu foi uma espécie de enxugamento de gelo. Em pouco tempo, o número de processos volta a crescer”, disse ela.

Para remover os gargalos estruturais, afirmou Eliana, são necessárias medidas mais amplas. E uma delas, além da reforma da legislação proces-sual civil e penal, é acabar com a tendência dos juízes de pri-meira e segunda instâncias de promover discussões intermi-náveis sobre temas e decisões que os tribunais superiores já converteram em jurisprudên-cia e súmula vinculante.

Para a ministra, que in-tegra o Superior Tribunal de Justiça (STJ), os advogados, promotores e juízes também deveriam ser mais objetivos, expressando-se de modo mais claro e direto. A linguagem rebuscada, segundo ela, con-tribui para a morosidade dos tribunais e, mais grave ainda, dificulta a compreensão das sentenças e dos acórdãos pela sociedade. Essa linguagem intimida o cidadão comum, afastando-o da Justiça.

As missas já não são - a não ser excepcionalmente - rezadas em latim, mas os ter-mos complicados e citações latinas ainda fazem parte do “juridiquês”, que impede as pessoas de compreender as decisões legais. E como mui-tos operadores de direito não conhecem latim, os erros vão se perpetuando, gerando com

isso uma linguagem surrealis-ta.

Entre as expressões mais recorrentes coletadas pela mi-nistra Eliana Calmon e pelos magistrados que defendem a simplificação da linguagem da Justiça, os viúvos são cha-mados de “cônjuges supérsti-tes”. O talão de cheque vira “cártula chéquica”. Denún-cia se converte em “exordial acusatório” e petição inicial em “peça vestibular”. Para descrever pessoas que mor-reram ao mesmo tempo, num acidente, muitos advogados, promotores e juízes recorrem à expressão “comoriente”.

O Supremo Tribunal Fe-deral muitas vezes é chamado de “Pretório Excelso” e seus 11 ministros, de “nobres al-vazires”. Muitos operadores de direito se acostumaram a usar o termo “ergástulo”, para se referir à cadeia pública; o vocábulo “lambel”, para de-signar brasão; e a expressão “caderno indiciário”, como si-nônimo de inquérito policial.

Em recursos impetrados nos tribunais de segunda ins-tância, há advogados que elo-giam o “acendrado decisório”, referindo-se à sentença de pri-meira instância. E nas senten-ças há juízes que mandam as partes “fazer o preparo”, ou seja, pagar custas.

Ao defender o uso de uma linguagem mais prosaica nos meios forenses, a nova corre-gedora nacional de Justiça não podia ter sido mais oportuna e realista, pois a fala pomposa e o “latinório” muitas vezes di-ficultam o entendimento entre os próprios magistrados.

O EsTADO DE sp - p. A3 - 27.09.2010Data venia

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