hoje macau 27 set 2013 #2944

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Edição do jornal Hoje Macau N.º2944 de 27 de Setembro de 2013.

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Page 1: Hoje Macau 27 SET 2013 #2944

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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MOP$10

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Ter para lerDIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FE IRA 27 DE SETEMBRO DE 2013 • ANO X I I I • Nº 2944

FÓRUM MACAU LI KEQIANG E PAULO PORTAS MARCAM PRESENÇA NA CONFERÊNCIA MINISTERIAL ÚLTIMA

• QUEIXAS NA DSAL

Problemas com salários é razão de maiores conflitos

PÁGINA 6

• ANOCHA PANJOY

Família pede que ONU investigue desaparecimento

PÁGINA 5

• GASTOS DO GOVERNO

Alexis Tam diz que a culpa é do aumento salarial

PÁGINA 4

Moradores da habitação pública em Coloane mostram-se descontentes

Seac valea pena?

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Existem 3000 apartamentos entregues pelo Governo em Seac Pai Van. Muitos inquilinos ainda não se mudaram e os que lá vivem estão desiludidos. Falta tudo e mais alguma coisa, desde supermercados a escolas, passando por um centro de saúde digno desse nome ou por meros restaurantes. O Executivo assegura que os equipamentos sociais estarão todos concluídos em 2016 e revela que dará mais 4000 chaves até ao final deste ano. Até lá, em Seac Pai Van espera--se e desespera-se. Valerá a pena, perguntam.

PÁGINAS 2 E 3

• ENTREVISTA ADRIANA LISBOA

“QUE A PRESENÇA DO PORTUGUÊS SEJA INCREMENTADA”

PÁGINAS 12 E 13

Page 2: Hoje Macau 27 SET 2013 #2944

FOTO

TIA

GO A

LCÂN

TARA

2 hoje macau sexta-feira 27.9.2013REPORTAGEMCECÍLIA L [email protected]

RITA MARQUES [email protected]

A vida em Seac Pai Van ain-da funciona a meio-gás. Quem habitualmente se desloca a Coloane

de certo já se interrogou sobre a comunidade nos blocos residenciais amarelos, azuis e rosa - que nasce-ram em pouco mais de ano e meio à entrada da ilha - e como será a vida dentro daqueles apartamentos de janelas pequenas.

Tam Kuong Man, presidente do Instituto de Habitação (IH), anun-ciou que no primeiro trimestre deste ano Seac Pai Van estaria em condi-ções para receber os moradores. O HM procurou saber quantas pessoas já residem na “cidade” nascida da pedreira mas os números facultados pelo Governo não dão uma ideia real sobre quem lá mora. “Entregámos a chave de 900 unidades da habitação social (edifício Lok Kuan) e outras 2100 de apartamentos económicos (pertencentes aos edifícios Koi Nga, Ip Heng e On Son)”, respondeu o Instituto de Habitação (IH).

Até ao final do ano, o organismo promete ainda a chave na mão a 4000 agregados familiares e, em 2015, a conclusão de todos os trabalhos deste empreendimento. Fala-se, por isso, da ocupação integral das 9015 fracções em cerca de dois anos ou, segundo as contas da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) - resultados dos Censos 2011 -, de 27700 residentes alojados na habitação pública de Seac Pai Van. Porém, o IH escusou-se a indicar por que apenas 33,3% dos apartamentos foram atribuídos. Sabe-se, no entan-to, que, por exemplo, no edifício Ip Heng 1544 apartamentos T1 não foram postos à venda.

Mas será que os proprietários ou arrendatários a quem já foi entregue a chave vivem nas suas novas casas? Não necessariamente. Os morado-res podem escolher quando lhes é conveniente fazer a mudança e, de facto, muitos optam por não o fazer para já porque há poucos (quase nenhuns) equipamentos sociais em funcionamento. Estão prometidos uma creche (com 247 vagas), um centro de dia para idosos (com lugar para 200 residentes), um lar e centro de reabilitação para deficientes, uma instalação de asilo de apoio aos de-ficientes, um centro de acção social espalhados pelos blocos dos edifícios económicos Koi Nga e Lok Kuan. E no Ip Heng foi arranjado lugar para o centro de serviços comuni-tários e de apoio à família (dos Kai Fong) e uma equipa de intervenção comunitária para jovens. “Foram iniciadas sucessivamente as obras de remodelação dos espaços para equipamentos sociais, que entrarão em funcionamento, de forma gra-dual, entre 2013 e 2015”, explica o IH. Alguns, segundo indicam, já estão ao serviço desde o segundo

Até ao momento, existem 3000 apartamentos entregues aos novos inquilinos de Seac Pai Van, que alberga um total de 9015 fracções. Porém, nem todos os proprietários de apartamentos económicos habitam as suas casas devido, sobretudo, à falta de equipamentos sociais que só estarão concluídos em 2016. O IH avança que 4000 agregados familiares terão as suas chaves até ao final do ano e que, até 2015, todas as habitações serão entregues. O HM quis ir conhecer ‘in loco’ a vida dos actuais moradores desta comunidade em expansão

FALTA DE EQUIPAMENTOS SOCIAISEM SEAC PAI VAN DEIXA INQUILINOS DESESPERADOS

Cidade a meio-gás

trimestre deste ano. “O posto de saúde provisório, o centro provisório de dia para idosos, o centro provisó-rio de apoio à família e o centro de formação profissional começaram a prestar serviços, faseadamente em Abril de 2013.”

FALTA SAÚDEMas Chan Ieong Kuong, de 65 anos, residente no Ip Heng, quando questionado à porta do seu edifício sobre os serviços em funcionamento actualmente, aprontou-se logo a informar ao HM que “o posto de saúde não tem muitos serviços e

faltam-lhes equipamentos”. “Hoje [quarta-feira] tenho de voltar a Ma-cau para me darem uma injecção”, comunicou, mostrando sem demoras o seu boletim de vacinas e o papel da consulta. De facto, o HM apanhou o posto de saúde provisório, situado no meio dos blocos do Lok Kuan, encerrado à hora de almoço. E ainda ontem, o deputado Au Kam San deu a conhecer, numa interpelação escrita ao Governo enviada à comunicação social, que só há um médico no posto às quartas-feiras, facto que em seu entender não pode satisfazer as necessidades dos moradores.

À semelhança de outros mora-dores, Chan entende que a falta de muitos serviços básicos é um incon-veniente para quem já se mudou para Seac Pai Van. “Não há mercado, nem supermercado. Normalmente, vou para os mercados de Macau porque não estou familiarizado com os de Coloane e da Taipa”, indica. Outro casal idoso, junto da estação de autocarros, de partida para o almo-ço, disse não ser “conveniente sair sempre de casa para ter uma refeição tão longe”, numa altura em que ainda desconhecem quando ficará pronto o mercado.

Um jovem, interpelado uns minutos antes na paragem acima, revelou precisamente o mesmo: “É inconveniente que aqui não haja nenhuma loja aberta, nem mercado ou restaurante. Para comprar algo tenho sempre de sair da comunida-de”, revela Victor Lai, residente no Ip Heng há cerca de um mês.

O IH explica que há ainda três lotes - o CN6a, o CN6b e o CN6d - destinados para a instalação de equipamentos sociais. O primeiro albergará uma “escola primária, prevendo-se que a sua primeira fase esteja em funcionamento no ano lectivo 2014/2015”. O segundo vai receber um “complexo municipal com seis pisos, um parque públi-co de estacionamento, mercado, biblioteca, centro de actividades comunitárias e zonas recreativas e desportivas ao ar livre”.

O IH lembra ainda que, em Julho, foi lançado o concurso público para a empreitada de construção dos equi-pamentos de apoio social e tráfego deste complexo. Por último, o CN6d irá ganhar “equipamentos de saúde e de apoio a idosos, incluindo um parque público de estacionamento, um centro de saúde, um centro de tratamento de toxicodependentes (metadona), lar de longo-prazo para reabilitados de doenças mentais, centro de serviços completos para idosos”, estando prevista a sua entrada em funcionamento “até ao final do ano de 2016”.

SEM ESCOLA, NÃOA falta destes serviços torna-se mesmo um entrave para quem já tem uma chave na mão. O testemunho

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“COMENTÁRIOS DOS MORADORES”

3 reportagemhoje macau sexta-feira 27.9.2013

• “Perto do edifício Koi Nga também não há nenhum restaurante ou supermercado”, CHI CHEONG

• “E.S.Kimo disse que não há recursos humanos, por isso, não consegue abrir”, ELAM HO

• “Está tão longe da cidade, como é que os moradores se deslocam para o trabalho?”, JOVIO SAVIOLA

• “Tem que abrir algum supermercado! Só assim mais moradores quererão morar em Seac Pai Van. Estou irritado com a falta de rigor nestas casas do Governo (19 mil habitações públicas)”, RANDY TSE

• “O Park’n’Shop ainda não está aberto. O supermercado San Miu do Edifício do Lago (habitação económica na Taipa) também não aberto”, WILLIAM PAU

• “No Edifício do Lago basta caminhar a pé para se encontrar um supermercado mas em Koi Nga mesmo conduzindo por cinco minutos ainda não há supermercado”, RANDY TSE

• “Temos de conduzir 2,5 quilómetros para encontrar um supermercado”, IVAN NG

• “400 patacas por mês para a gestão do edifício quando os seguranças começam a dormir a partir das oito da noite?”, ELVIS AO

• “Tenho um carro de 1500cc, em cada ida e volta de Seac Pai Van para o Iao Hon gasto pelo menos duas mil patacas de gasolina. É caro”, LILIAN KU

• “Como não há escolha, podemos ir à cantina da MUST comer. O preço mínimo é 21 patacas com dois pratos e uma sopa. É saboroso”, SANSAN LAM

• “A renda de Park’n’Shop é de 500 mil por mês, se não tiver clientes suficientes o supermercado prefere apenas pagar a renda?”, KACOS WONG

• “Somos moradores na habitação económica. Já vi carros de luxo que parecem mais caros do que a própria casa”, RICKY TANG

chega na primeira pessoa por Irene Cheng, 30 anos, mãe de uma menina de sete anos, detentora de um T2 no Koi Nga. “Entregaram-me a chave em Março mas ainda não moro lá. Estou a renovar a casa aos poucos durante os fins-de-semana mas não pretendo mudar-me este ano lectivo porque ainda não há uma escola primária em funcionamento e a minha filha já está matriculada numa em Macau”, revela. “Por outro lado, neste momento estou sozinha porque este ano o meu marido foi destacado para trabalhar no continente, por isso, é mais complicado estarmos lá a morar sozinhas porque tenho de levar e trazer todos os dias a minha filha e seguir para o trabalho no casino Le Royal Arc, nos NAPE, sendo que os horários às vezes não são compatíveis. Por isso, é mais fácil continuar por agora a residir com a minha mãe no seu T2 em Macau, ela que também me ajuda a cuidar da minha filha”, conta.

Mais informações sobre a futura escola primária em Seac Pai Van são fornecidas pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), que indica que a instalação terá 15 mil metros quadrados, onde serão organizados prioritariamente os ensinos infantil e primário, prevendo-se 27 turmas e 675 vagas escolares.

IDOSOS E JOVENS COMPÕEMO GRUPO DE MORADORESOs números e perfil de moradores que residem actualmente na habi-tação pública de Seac Pai Van são completados por quem lá vive e trabalha todos os dias. É o caso de Louis Loi, chefe do posto de serviço comunitário da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAM), um espaço que se encontra aberto das 14 às 21 horas. “Os dados do IH não são reais porque ter chave não significa estar já cá a morar. Quando para cá viemos, em Julho, calculámos à noite, entre as oito e as nove horas, as luzes dos apartamentos

económicos (na altura ainda não tinham sido entregues as chaves dos blocos sociais) e vimos 150 habitados. Agora parece-nos que cerca de 80% dos apartamentos de habitação social já têm moradores porque eles têm a obrigação de vir logo para cá habitar os seus aparta-mentos, se não o Governo tira-lhes a propriedade”, explica Loi, na loja onde conversou connosco. “No caso das habitações económicas são diferentes, têm de renovar a casa, ou esperar quando as instalações sociais estejam concluídas.”

Também morador em Seac Pai Van, Loi explica que o centro da UGAM pretende dar apoio aos moradores, sobretudo aos idosos, e proporcionar-lhes actividades de lazer para que a vizinhança se vá conhecendo. “É um trabalho de comunidade, onde as pessoas ainda nos estão a conhecer e a ganhar confiança.”

Kau Hang Sio completa as infor-mações de Loi. O único segurança na habitação social Lok Kuan refere que existe um total de 12 edifícios ou seis blocos, cada um com A e B. “Os residentes começaram agora a habitar os blocos 3 A e B, com 300 apartamentos cada, e o bloco A e B, cada qual com cerca de 100 unidades”, justificando as cerca de 900 chaves já atribuídas pelo IH. As unidades, cujos candidatos na sua maioria foram, e continuam a ser, idosos, acabam por receber mais jovens, explica o segurança Kau, que avança que pelo menos 40% dos moradores ainda são novos. “A minha opinião é de que alguns moradores não têm dificuldades económicas na vida. Algumas destas pessoas já se candidataram há sete ou oito anos, à data talvez tivessem dificuldades económicas mas agora já muita gente trabalha nos casinos e a sua situação fi-nanceira melhorou”, observa. “Os idosos acabaram por deixar a casa para os seus filhos. Normalmente os jovens trabalham nos casinos e têm um salário estável. Alguns até têm dois carros em casa. E ouvi alguns jovens dizerem que as suas mobílias custam mais de 100 mil patacas. Acho que deveriam deixar as casas para os que têm mais necessidade de residência”,

comenta ao HM, frisando que a sua opinião não reflecte a da empresa. Kau confessa ainda que muitos dos jovens são “mal-educados” ou têm mesmo “temperamento ruim”.

Por outro lado, a habitação também não traz grandes encargos. Este ano, entre Janeiro e Dezembro, os residentes de habitação social, segundo a política anunciada nas LAG do ano passado, e oficializada em Dezembro de 2012 pelo IH, não precisam de pagar a renda do apartamento.

O HM falou com uma moradora de uma dessas residências. Inês Tang, 61 anos, ex-trabalhadora na indústria têxtil, recebeu a chave em Julho e pouco depois mudou-se de armas e bagagens para Seac Pai Van. Até ao momento, diz-se satisfeita e aponta apenas um senão. “A qua-lidade do ar é boa, especialmente porque se mora ao lado da monta-nha. Moro sozinha, por isso, o meu T1 é suficiente embora a cozinha pudesse ter mais espaço. Mas a ta-rifa do autocarro é alta. Ir e voltar a Seac Pai Van custa dez patacas, pelo que acho que o Governo deveria dar um desconto especial para os

moradores da habitação pública. Além de que temos de esperar 20 a 25 minutos pelo 22 F”, explica a actual voluntária da Caritas.

Na habitação pública de Seac Pai Van passam actualmente seis autocarros - 15, 25, 26, 26A, 50 e o N3 - além do 22F, praticamente di-recto até à Ferreira do Amaral, com horário entre as 7 e as 20 horas, e o 25F, directo até às Portas do Cerco. Também o senhor Lei, como alguns

IN PÁGINA DA AMIZADE DOS MORADORES DE KOI NGA, FACEBOOK

Serena Fong

Louis Loi

outros moradores inquiridos pelo HM, disse estar descontente com a fraca frequência destes últimos autocarros, sobretudo de manhã e à noite.

Por sua vez, Chan Ieong Kuong reclamou o facto de não haver muito respeito dos moradores face aos passageiros idosos. “Às vezes os autocarros não param, deve-riam esperar mais tempo para as pessoas de mais idade. Nem todos os condutores têm paciência para isso”, explicou. O HM testemunhou precisamente um destes episódios. O casal idoso, que abordámos, não viu o autocarro que queria apanhar parar na paragem quando acenaram efusivamente para o motorista.

VIDA ECONÓMICAJunto aos blocos dos edifícios do Koi Nga encontramos duas jovens. À hora de almoço, o HM encontrou umas poucas dezenas de moradores e mais trabalhadores da construção civil. Serena Fong, 20 anos, estu-dante na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa), é uma das recentes inquilinas deste edifício económi-co e diz-se agradada com a nova aquisição dos pais. “Moro aqui há um mês com os meus pais, duas irmãs mais novas e a empregada doméstica num T3, o que até calhou bem porque fica perto de onde es-tudo”, explica, ao acrescentar que antes vivia em Macau, numa casa alugada. “Acho que as condições da casa são aceitáveis, tendo em conta que o preço é mais barato do que as privadas. Muitas pessoas se queixam da área da cozinha mas para mim não é um problema”, frisa, sobre uma casa que terá custado aos seus pais entre 911 mil e 1,1 milhão de patacas. Fong explica ainda que a área residencial é “tranquila”, com muitas árvores, e com um “bom” ambiente.

Aqui entra novamente Chan Ieong Kuong, o residente no Ip Heng, para contrariar esta tese. Os dois edifícios vivem, cada qual, nos extremos do golpe à pedreira, e Kuong explica que o barulho no Ip Heng é insuportável devido à construção ali ao lado de torres para habitação e comércio. “Não sei quando é que este barulho vai acabar. É horrível”, salienta.

Já Lily Chan, de 22 anos, diz-se desiludida, pelo T2 que lhe calhou a si e aos seus pais. “Acho que a casa é pequena. É mais pequena do que a casa onde morávamos, na Areia Pre-ta. Estamos um pouco desesperados porque não sabíamos que nos iriam arranjar uma casa em Seac Pai Van. A casa aqui é mais pequena do que as do Edifício do Lago”, confessa. Ainda assim, menos mal que pelo facto de estar a estudar no Instituto de Formação Turística, nas instalações da Taipa, não tem de fazer grandes deslocações, embora se faça sentir o engarrafamento. No caso do aparta-mento de dois andares neste edifício, o preço ascende às 917 mil patacas, máximo.

Lily Chan

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TIAGO ALCÂNTARA

4 hoje macau sexta-feira 27.9.2013POLÍTICA

CECÍLIA L [email protected]

D EPOIS da inter-pelação escrita do deputado Ng Kuok Cheong so-

bre os gastos do Executivo, eis que o Governo veio ad-mitir um aumento de quase 50%, através do seu porta--voz, Alexis Tam.

Tam apontou que as despesas do Gabinete au-mentaram 48% nos últimos três anos, de 139 milhões patacas em 2009 para 207 milhões patacas em 2012. Contudo, o chefe sublinhou que o aumento é “prudente e razoável”, sendo que a maio-ria é para as actualizações salariais dos funcionários de gabinete. “Em 2009 havia apenas 41 funcionários, e o escritório 22. Os funcioná-rios que foram contratados adicionalmente estão hoje no escritório de Gabinete

JOANA [email protected]

O deputado José Pereira Coutinho quer melhorias no Mercado Ver-melho. Numa interpelação escrita

enviada aos jornalistas, o deputado traça o panorama actual do local, referindo falta de condições de higiene e nas próprias instalações do mercado. E dá mesmo exemplos. “Recebi muitas queixas apre-sentadas pelos cidadãos e vendedores em relação ao ambiente deste mercado, refe-rindo que as instalações se encontram já

muito desactualizadas”, começa por dizer Pereira Coutinho. “Por exemplo, traba-lham num espaço sem ar condicionado, sobretudo durante o Verão, os seus corpos ficam cheios de suor, por sentirem muito calor e, no caso dos vendedores de carne, existe a possibilidade desse suor cair sobre as carnes quando trabalham, o que conduz a má higiene.”

O deputado recorda que o Mercado Vermelho – ou Almirante Lacerda, como é o seu nome oficial – é o único mercado integrado na lista do património. Recente-mente, o local foi pintado no exterior, mas por dentro continua semelhante ao que era.

Pereira Coutinho refere ter ido recente-mente ao mercado e diz que as condições que encontrou não satisfazem. “Sob as altas temperaturas as carnes podem ficar deterioradas. Recebi ainda muitas queixas sobre a insuficiência das instalações des-tinadas aos deficientes, uma vez que há muitas escadas, mas não existe elevadores, acessos sem barreiras, etc.” O deputado aponta ainda outras críticas, relacionadas com os azulejos do chão, o sistema de ven-tilação e o espaço, criticando o Executivo por ter “descurado” o interior do mercado. “Porque é que o Governo não melhora o interior das instalações do mercado? Será que é mesmo verdade que é para preservar as características do mercado antigo?”

Na interpelação entregue ao Governo, Pereira Coutinho pede uma resposta sobre se há intenção de melhorar não só o interior do mercado, como as barracas dos vendi-lhões no exterior adjacente ao mercado.

Em 2009 havia apenas 41 funcionários, e o escritório 22. Os funcionários que foram contratados adicionalmente estão hoje no escritório de Gabinete de Porta-voz do Governo (GPV), bem como Acordo-Quadro de Cooperação entre Portugal e Macau ALEXIS TAM Porta-voz do Governo da RAEM

ALEXIS TAM ASSUME QUASE 50% DE GASTOS NO GOVERNO

Culpa dos ajustes salariais

de Porta-voz do Governo (GPV), bem como Acordo--Quadro de Cooperação entre Portugal e Macau”, explicou Alexis Tam, que falou ainda dos ajustes com prémios de antiguidade, subsídios e inflação.

“No início do Gabinete de Protocolo, Relações Pú-blicas e Assuntos Externos, como não criado outro local, o gabinete ficou na sede do Governo, sendo que as des-

pesas relacionadas são pagas pelo gabinete do Chefe do Executivo.”

Alexis Tam falou ainda das obras de renovação da sede do Governo, adju-dicadas à empresa do ex--deputado indirecto Fong Chi Keong. O porta-voz garantiu que o Executi-vo “está satisfeito com a empresa”, tendo ouvido as opiniões das Obras Pú-blicas. “Segundo a lei, se

PEREIRA COUTINHO PEDE MELHORIASNAS INSTALAÇÕES DO MERCADO VERMELHO

Sangue, suor e carne

ANÚNCIO 【N.º 184/2013】

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar a representante do agregado familiar do concurso de habitação económica abaixo indicada, no uso da competência delegada pela alínea 16) do n.º 3 do Despacho n.º 62/IH/2013, publicado no Boletim Oficial da RAEM, n.º 34, II Série, de 21 de Agosto de 2013 e nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Nome N.º do Boletim de candidatura WU IP CHAN 86292

Após as verificações deste Instituto, notamos que o elemento do agregado familiar de candidatos a habitação económica acima mencionado é proprietário de fracção autónoma com finalidade habitacional na Região Administrativa Especial de Macau, desde à data da apresentação da candidatura e até à data de celebração da escritura pública de compra e venda da fracção, pelo que, este não pode candidatar-se à aquisição de fracção, nos termos da alínea 1) do n.º 3 do artigo 14.º da Lei n.º 10/2011 (Lei da habitação económica).

Tendo este Instituto publicado um anúncio na imprensa de língua chinesa e língua portuguesa, no dia 6 de Setembro de 2013, a solicitar à interessada acima mencionada para apresentar por escrito a sua contestação pelos factos acima referidos no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de publicação do referido anúncio, mas não fez a entrega da sua contestação dentro do prazo indicado. Nos termos dos n.º 5 do artigo 60.º da Lei n.º 10/2011 (Lei da habitação económica) e n.º 1 do artigo 16.º do Regulamento de acesso à compra de habitações construídas no regime de contrato de desenvolvimento para a habitação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 26/95/M, de 26 de Junho, revisto pelo Regulamento Administrativo n.º 25/2002, assim como da decisão do despacho do signatário, exarado na Proposta n.º 0387/DHP/DHEA/2013, o respectivo elemento do agregado familiar foi retirado do agregado familiar e o novo agregado vai reordendado na lista do concurso, caso a nova pontuação seja inferior à inicial.

E nos termos do n.º 22 do Despacho n.º 62/IH/2013, publicado no Boletim Oficial da RAEM, n.º 34, II Série, de 21 de Agosto de 2013 e no artigo 155.º do Código do Procedimento Administrativo, cabe recurso hierárquico necessário da respectiva decisão administrativa, ao Presidente deste Instituto, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, o recurso hierárquico tem efeito suspensivo.

O Chefe do Departamento de Habitação Pública,

Chan Wa Keong25 de Setembro de 2013

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uma obra custar menos de um milhão de patacas não é necessário publicar o orça-mento em Boletim Oficial”, disse ainda o porta-voz. Alexis Tam confirmou na resposta a Ng Kuok Cheong que o Governo está a alugar cinco pisos de um edifício para alojar departamen-tos governamentais, cujas despesas de concepção e renovação custaram mais de 24 milhões de patacas.

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5

O desaparecimento de Anocha Panjoy mantém-se como um mistério e coincidiu no tempo e no método, segundo os mesmos documentos, que citam várias fontes como a imprensa da Coreia do Sul ou do Japão, com o desapa-recimento de Hong Leng Ieng e Sou Mio Chan quando as jovens trabalhavam numa ourivesaria no centro da cidade, fazendo também trabalhos de guias turísticas

O ESSENCIAL

políticahoje macau sexta-feira 27.9.2013

M AIS de 35 anos depois do de-saparecimento da tailandesa

Anocha Panjoy de Macau, familiares da desaparecida esperam que uma investi-gação das Nações Unidas permita encontrá-la.

Anocha Panjoy tinha 23 anos quando, em Maio de 1978, deixou o seu aparta-mento na Estrada da Vitória, em Macau, perto do Hotel Estoril, onde trabalhava como massagista na sauna do complexo.

Disse a uma amiga que ia a um cabeleireiro, segundo algumas versões, mas jor-nais da época escreveram que terá aceitado uma oferta generosa de um alegado tu-rista japonês para sair com ele e que nunca mais voltou.

Documentos da polícia

FAMÍLIA DE TAILANDESA DESAPARECIDA EM MACAU HÁ 35 ANOS QUER INVESTIGAÇÃO DA ONU

De olho na Coreia do Norte e não só

de Macau, a que a agência Lusa teve acesso, sustentam a tese de rapto por agentes da Coreia do Norte, tal como no sequestro de outras duas jovens de Macau - Hong Leng Ieng e Sou Mio Chan, a primeira das quais terá sido identificada por uma desertora da Coreia do Norte como uma das responsáveis pela explosão de um avião da Coreia do Sul, em No-vembro de 1987.

O desaparecimento de Anocha Panjoy mantém-se como um mistério e coinci-diu no tempo e no método, segundo os mesmos docu-mentos, que citam várias fontes como a imprensa da Coreia do Sul ou do Japão, com o desaparecimento de Hong Leng Ieng e Sou Mio Chan quando as jovens trabalhavam numa ourive-

saria no centro da cidade, fazendo também trabalhos de guias turísticas.

No entanto, e no caso de Anocha Panjoy, um antigo militar norte-americano, que desertou e esteve na Coreia do Norte, revelou que uma mulher tailandesa com o mesmo nome tinha sido sua vizinha em Pyongyang. “Quando Anocha desapare-ceu, pensei que tinha sido

morta em Macau e o seu corpo atirado ao mar”, disse o sobrinho Bangjong Panjoy, citado pela agência AFP, ao explicar que a família, de-pois, ganhou nova esperança no regresso a casa, quando soube que estava na Coreia do Norte.

A CERTEZA DE PYONGYANGBangjong Panjoy visitou o Japão para se encontrar

com o antigo militar norte--americano Charles Jenkins e a sua mulher, de origem japonesa, que reconheceu imediatamente Anocha em fotografias que lhe foram facultadas.

Charles Jenkins, que permaneceu quatro décadas na Coreia do Norte até 2004, disse também que Anocha lhe confidenciou ter sido forçada a entrar num barco que a levou secretamente para a Coreia do Norte.

O sobrinho acredita que Anocha terá sido raptada pelos norte-coreanos para ser mulher de um qualquer estrangeiro desertor ou para ensinar tailandês aos espiões norte-coreanos.

Sem grandes apoios do Governo tailandês, que acusa pouco ou nada fazer para pressionar o regime

de Pyongyang, a família submeteu as suas provas à comissão da ONU para investigar as questões de Direitos Humanos na Coreia do Norte e que foi criada em Março.

A comissão, a primeira oficialmente a avaliar as questões de Direitos Hu-manos na Coreia do Norte vai recolher testemunhos no Japão, Tailândia, Reino Unido e Estados Unidos, nomeadamente de deser-tores do regime e outras vítimas, segundo a France Presse.

A família de Anocha, que vive na cidade de Sankam-paeng, quer agora saber se esta está viva ou morta e, defende que mesmo morta o seu corpo deverá regressar à Tailândia. Se for viva, Ano-cha Panjoy terá 59 anos. - Lusa

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6 hoje macau sexta-feira 27.9.2013SOCIEDADE

JOANA [email protected]

N O ano passado, a Direc-ção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) tratou menos

casos de conflitos laborais do que em 2011. Segundo o relatório anual de actividades do organismo, ana-lisado pelo HM, os processos de conflitos laborais abertos em 2012 sofreram uma diminuição de 14%, apesar de se terem juntado a outros já abertos anteriormente.

Os dados mostram que foram recebidos mais de dois mil pro-cessos – 2189 – para tratamento em 2012. Contudo, a DSAL tinha 1082 processos não concluídos de 2011. “Foi necessário continuar a dar acompanhamento a estes, perfazendo assim um total de 3271 processos.”

Mas, se o número de conflitos diminuiu, a razão pela qual se dão esses conflitos mantém-se a mesma do que no ano anterior a 2012: os salários, ou a falta de pagamento destes. O ano passado, registaram--se 1593 situações relacionadas com ordenados, ou seja, 83% de todos os casos tratados. Mais de 1500 trabalhadores estiveram envolvidos em conflitos devido ao não pagamento de salários, sendo que 736 destes eram trabalhadores não-residentes e três eram ilegais.

Em 2012, a DSAL recebeu queixas sobre contratos com menores que envolviam mais de 800 menores. No entanto, instaurou apenas 31 processos relacionados com isto, sendo que apenas estiveram envolvidos em prováveis infracções 59 menores

Os salários continuam a ser o tema principal para conflitos laborais entre empregadores e empregados, apesar de a DSAL ter registado menos 14% de problemas deste género no ano passado. O organismo conseguiu milhões em multas por infracções e violações às leis do trabalho

EMPREGO DSAL REGISTA MAIS DE MIL SITUAÇÕES DE CONFLITOS RELACIONADOS COM SALÁRIOS

Problemas na hora de pagar vencimentos

Problemas com as compensa-ções por prestação de trabalho ex-traordinário são outra das matérias que originam conflitos – mais de mil só em 2012 -, a par de queixas por falta de descanso semanal, feriados e férias e indemnizações por rescisão do contrato.

GRÁVIDAS COMO ALVOA DSAL viu-se obrigada a lidar com mais de nove mil queixas diferentes, sendo que o número de trabalhadores residentes e não--residentes envolvidos foi quase o mesmo – cerca de cinco mil. O organismo registou ainda o en-volvimento de nove trabalhadores ilegais.

Recentemente, a imprensa local dava conta que as mulheres grávi-das continuam a ser despedidas das empresas onde trabalham. O ano passado não foi excepção e a DSAL registou 14 conflitos ligados a des-pedimentos de mulheres gestantes. Destas, cinco eram trabalhadores não-residentes.

Recorde-se que a DSAL já admi-tiu que pretende adicionar à revisão da Lei das Relações de Trabalho – a ser feita – artigos que respeitem a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres, que determina, por exemplo, a proibição da demissão por motivo de gravidez.

MILHÕES EM MULTASNo capítulo dedicado às infracções e violações à Lei Laboral e das Relações do Trabalho, o relatório da DSAL informa que o organismo recebeu milhões de patacas em multas passadas. Só em 2012, as receitas provenientes daqui foram de quase 14 milhões de patacas. “A maioria das infracções admi-nistrativas foi devida à forma de pagamento da remuneração (48%) e ao recibo do pagamento (18,3%), tendo sido aplicadas multas a 160 empresas”, pode ler-se no docu-mento. “As contravenções origi-naram 270 processos de conflitos laborais, tendo sido aplicadas

No ano passado, as indemnizações por acidentes de trabalho ou doenças profissionais atingiram mais de 33 milhões de patacas e 4860 trabalhadores foram beneficiados

multas devido a salários (27%) e à diminuição da remuneração de base (22%).”

No total , 1230 empresas es-tiveram envolvidas em conflitos laborais no ano passado, sendo

que a DSAL conseguiu dar 2193 processos como concluídos. De fora não ficaram problemas rela-cionados com trabalho ilegal: só no ano passado, abriram-se 709 processos por isto, que originaram

quase quatro milhões de patacas em multas. Os trabalhadores en-volvidos são, na sua maioria, não--residentes que foram “utilizados como trabalhadores alheios às suas funções”.

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O AL

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ARA

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7 sociedadehoje macau sexta-feira 27.9.2013

P ODE não haver pessoas suficientes para integrar os casinos que vão

nascer futuramente no Co-tai. Quem o diz é Michael Leven, presidente e chefe de operações da Las Vegas Sands, citado pelo Macau Business Daily. “Como se sabe, os macaenses [chine-ses de Macau] têm de ser ‘dealers’. Todos eles têm de ser não só residentes, mas

CECÍLIA L [email protected]

O presidente da As-sociação dos Ho-teleiros de Macau,

Chan Chi Kit, disse ao canal chinês da Rádio Macau que os empresários preferem usar os terrenos para a cons-trução de habitação ao invés de investirem em hotéis de baixo custo. Por isso, pede ao Governo que promova a cooperação com asso-ciações de beneficência, para que os seus terrenos possam ser aproveitados para o alojamento turístico, o que traria benefícios. “O Governo poderia ceder empréstimos sem juros para que os investidores pudessem construir mais hotéis económicos, em coo-peração com as associações. Acho que isso iria reavivar os bairros antigos, além de que as associações pode-riam aproveitar as terras abandonadas.”

Chan Chi Kit revelou que actualmente Macau tem cerca de 28 mil qua-

A S cidades de Macau, Hong Kong e Xangai vão ser palco, entre os

dias 8 e 10 de Outubro, de um ‘road-show’ dos vistos ‘gold’, que devem atrair 300 potenciais investidores, disse à agência Lusa um dos promotores da iniciativa.

De acordo com Paulo Soares de Oliveira, da PSO Comunicação Estratégica, entidade responsável pela ini-ciativa, os grupos imobiliários ‘Entreposto Imobiliário’, ‘No-ronha Sanches’, ‘Cobertura’, juntamente com a ‘Garrigues’ e o ‘Banco Nacional Ultrama-rino’, apresentam dez projec-tos turísticos e residenciais a potenciais compradores.

O mesmo responsável disse que a localização dos projectos a apresentar vai desde o Algarve, do Convento de Barnardas, até Lisboa e à costa do Estoril. “O perfil dos investidores chineses

LAS VEGAS SANDS DIZ QUE GOVERNO DEVE ALTERAR LEIS SOBRE CONTRATAÇÃO PARA CASINOS

Macau sem gentescidadãos de Macau. E isso irá limitar a disponibilidade das pessoas, a menos que o Governo mude as regras.”

De acordo com cálculos feitos pelo próprio jornal, Macau pode precisar de mais 10 mil ‘dealers’ apenas para o Cotai, entre 2015 e 2018, onde deverão existir “apro-ximadamente 3366 novas mesas de jogo, pedidas para os oito novos projectos” do Cotai. “Isto, assumindo

que vão ser precisos três ‘dealers’ por mesa, o rácio actual na indústria.”

Não se sabe se o Governo vai realmente aprovar todas estas mesas ou não, mas tem de se ter em conta que, em Macau, já não se pode recrutar jovens com menos de 21 anos para trabalharem em casinos, o que já não vai permitir que os casinos pos-sam recrutar estudantes que terminaram o liceu, recorda o Business Daily.

Actualmente, há aproxi-madamente 17619 ‘dealers’ nos casinos de Macau, até ao final de Junho, que serviam um total de 5746 mesas de jogo.

Os cálculos feitos pelo Macau Business Daily falam em mais dez mil deste tipo de funcionários, mas excluem

CHAN CHI KIT DIZ QUE NÃO HÁ OPÇÃO PARA HOTÉIS ECONÓMICOS

Cooperar mais para construir

EMPRESAS LUSAS PROMOVEM PROJECTOS IMOBILIÁRIOS A POTENCIAIS ‘VISTO GOLD’

É uma casa portuguesa, com certeza

os restantes funcionários necessários para os casinos, conforme relembra Michael Leven. “Todas estas pro-priedades vão precisar de funcionários - pessoas para fazer as camas, pessoas

para limpar os quartos e fazer tudo o resto. Na mi-nha opinião, não acho que o Governo de Macau não deveria permitir que essas propriedades fossem cons-truídas, se na verdade não

vai estar lá ninguém lá para executar esses trabalhos. Por isso, acho que todos estamos optimistas que estas situa-ções vão merecer a atenção do Governo”, disse citado pelo jornal.

tros de hotel, sendo que 1500 deles são de unida-des hoteleiras de duas es-trelas. Contudo, disse que os hotéis de luxo têm uma taxa de ocupação mais alta do que os hotéis económi-cos, normalmente 80% a 90% por oposição à taxa de 60% dos hotéis mais baratos. “Fora da época alta de turismo os hotéis de luxo baixam o preço para atrair os clientes, mas normalmente este preço não é para obter lucros com o alojamento mas sim para levar os hóspedes ao casino. Os hotéis eco-nómicos têm ainda mais dificuldade em competir neste sentido.”

que apostam no visto ‘gold’ é bastante diferenciado consoante as cidades por onde irá passar este ‘road-show’”, disse Paulo Soares de Oliveira, ao destacar que em Hong Kong o “perfil incide num empresário repre-sentado por advogados ou por escritórios de representação de ‘holdings’ chinesas”.

Já em Macau, acrescentou, “existe uma forte adesão e procura por parte das agências de emigração e em Xangai será muito procurada por investido-res de diversos meios e regiões económicas chinesas “.

Paulo Soares de Oliveira lembrou ainda que os ‘vistos gold’ já captaram mais de 90 milhões de euros em investi-mento para Portugal e que a acção que agora vai decorrer foi desenhada em cooperação com todas as entidades tendo por base um estudo do perfil dos cidadãos chineses “investidores interessados na Europa”. - Lusa

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8 hoje macau sexta-feira 27.9.2013CHINA

O S brasileiros desaprovam os carros chineses. Um recente es-

tudo da empresa de consultoria norte-americana J.D. Power apontou que os consumidores estão menos satisfeitos com os modelos da China do que com modelos fabricados no próprio Brasil e também na Argentina, Coreia do Sul e México.

A pesquisa, denominada Vehicle Ownership Satis-faction Study (Voss Brasil 2013), concluiu através da unidade de medida Pro-blemas por 100 veículos (PP100) que os carros chi-neses adquiridos no mercado local obtiveram PP100 de 389, ou seja, 3,89 proble-mas por veículo. Os carros montados no Brasil tiveram PP100 de 356, os argentinos, 333, os sul-coreanos, 314 e os mexicanos, 310.

Dos consumidores in-quiridos que tiveram três ou mais problemas, somente 21% comprariam outro carro da mesma marca. Essa inten-ção eleva-se para 39% entre os compradores que não relataram nenhum defeito. A média obtida no mercado brasileiro é 352 (3,52 defei-tos por veículo). Essa marca é significativamente mais alta que a de mercados como Canadá (230), Alemanha (230) e Reino Unido (204).

A empresa de consul-toria ressalta que, quando

A filial chinesa da Danone, Nutricia, foi acusada esta quarta-feira de corrupção

por um jornal da China, país que investiga empresas farmacêuti-cas e de lacticínios. “A Nutricia fez pagamentos ilegais em gran-de escala a mais de 100 médicos em 14 hospitais em Pequim para estimular as vendas de medica-mentos”, afirma o 21st Century Business Herald, que cita provas divulgadas por um funcionário dos hospitais envolvidos.

Os subornos chegariam a 300.000 yuans pagos a médicos em dois hospitais e a vales que davam direito a reembolsos, segundo a mesma fonte.

A imprensa estatal acusou na semana passada a outra filial da Danone, a fabricante de leite infantil Dumex, de ter subornado autoridades de hospitais chineses com 10.000 yuans cada para que fornecessem os seus produtos aos recém-nascidos.

Executado vendedor de rua por esfaquear dois policiaisO vendedor de rua Xia Junfeng foi executado esta quarta-feira, após ter morto à facada dois guardas municipais. Internautas indignados com a sentença afirmam que o homem cometeu o crime em legítima defesa. Em 2009, o vendedor de comida esfaqueou os dois membros das forças de ordem municipal alegando ter sido violentamente agredido pelos guardas. As declarações de Xia contaram com a simpatia de muitos chineses que dizem conhecer os abusos frequentes cometidos pela polícia municipal. Os “chengguan”, brigadas de manutenção da ordem nas cidades chinesas, provocaram revoltas em 2011 no sudoeste do país após ter morto à pancada um vendedor de rua deficiente físico. Em Julho passado, a morte de outro vendedor de rua pelos “chengguan” abalou o país. A apelação de Junfeng foi rejeitada pelo Tribunal Supremo e a pena de morte foi aplicada.

FILIAL CHINESA FOI ACUSADA DE CORRUPÇÃO POR UM JORNAL

Danone terá aliciado médicos

ESTUDO REVELA QUE CARROS CHINESES TÊM MAIS DEFEITOSDO QUE VEÍCULOS FEITOS NOUTROS PAÍSES

Um mau negócio da Chinase compara o PP100 entre mercados globais, é impor-tante considerar o máximo de factores possíveis, in-cluindo os tipos de veículos utilizados em cada país, uma vez que alguns analistas da indústria podem argumen-tar que a qualidade é mais baixa no Brasil porque, em média, as pessoas possuem veículos menores e mais baratos. Com a finalidade de testar essa hipótese, 29 modelos com o mesmo nome foram identificados entre os estudos Voss da Alemanha e do Brasil. Em média, os modelos do grupo brasileiro tiveram PP100 de 335, índi-ce 49,5% mais alto que o do grupo alemão, igual a 224.

QUESITOS E MÉTODOOs proprietários de veículos novos no Brasil identifi-cam com mais frequência problemas relacionados ao motor e à transmissão, que estão entre os mais complexos de todos. De-feitos no motor e na caixa de velocidades – incluído consumo de combustível

em excesso, ruídos anor-mais, falhas e problemas no arranque – são citados como os mais graves e que levam a uma maior insatisfação aos proprietários. O nível de satisfação dos donos de carros novos entrevistados pelo Voss Brasil 2013 foi medido em quatro quesitos: custo de propriedade, que inclui consumo de combus-tível, valor do seguro e custo de manutenção pós-venda, design e desempenho do veículo e qualidade do veí-culo. O estudo VOSS Brasil 2013 baseia-se na avaliação de 8.387 entrevistas online, realizadas com donos de veículos novos no Brasil, após 12 a 36 meses de pro-priedade.

INDÚSTRIAJAPONESA É DESTAQUEA Toyota alcançou a clas-sificação mais alta em re-lação à satisfação entre os proprietários do estudo Voss Brasil 2013 pelo terceiro ano consecutivo. A marca obteve uma média geral de 816 pontos, tendo boa performance em todos os quatro critérios do estudo. Além disso, o Toyota Co-rolla teve a maior pontua-ção no segmento de carros médios (814) e a maior pontuação entre todos os modelos classificados. Na sequência aparece a Honda, com 778 pontos.

A Danone se comprometeu a verificar as denúncias, mas o seu escritório na China não pôde ser contactado para comentar as

acusações contra a Nutricia. As autoridades chinesas investigam desde Agosto diferentes indús-trias por concorrência desleal

após uma série de escândalos e detenções.

A polícia prendeu pelo me-nos 20 funcionários do laborató-rio britânico GlaxoSmithKline desde Julho. Em Agosto, as au-toridades chinesas anunciaram multas a empresas de produtos lácteos, entre eles a Dumex, de mais de 100 milhões de dólares.

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9 chinahoje macau sexta-feira 27.9.2013

A Câmara de São João da Pesquei-ra recebeu ontem a visita de mais

de 30 empresários chineses, a quem vai dar a conhecer os principais produtos en-dógenos, visando estreitar relações e impulsionar as exportações. “Temos como grande aposta a divulgação do concelho com vista à internacionalização e con-sequente exportação dos seus produtos. A visita de hoje [ontem] aconteceu com esse intuito, de continuar a apostar e consolidar este tipo de relações”, disse à Lusa o presidente da Câmara de São João da Pesqueira, José Tulha.

De acordo com o autarca, a última edição da Vindouro, que decorreu há menos de um mês, já serviu para fazer a divulgação do concelho e trazer alguns possíveis exportadores, especialmente na área dos vinhos de mesa. “Foi feita toda uma divul-gação com a Vindouro e conseguimos trazer esta de-legação. Estas são relações que tentamos aprofundar há

O homem que atirou um bebé ao chão, matando-o, por causa

de um lugar de estacionamento foi condenado à pena de morte na China.

Em Junho, Han Lei, de 39 anos, enfureceu-se com uma mulher num parque de estacionamento em Daxing, um bairro de Pequim. A mu-lher, conta a agência noticiosa

oficial chinesa, Xinhua, não se retirou do caminho do lugar de estacionamento que Han queria.

O homem saiu então do seu veículo, agarrou no carro de bebé e lançou-o ao chão. A criança morreu em consequência dos ferimentos causados. Han Lei, que fugiu do local mas foi capturado pela polícia — o condutor

que conduziu o carro na fuga está preso por cinco anos —, disse no tribunal que não sabia que estava uma criança no carro de bebé e que pensava tratar-se de um carro de compras.

A acusação pediu a pena de morte e o juiz acedeu, su-blinhando que Han Lei tinha antecedentes — saíra da prisão um ano antes deste crime.

U M homem de 22 anos submeteu-se a um pro-cedimento cirúrgico no

mínimo inusitado na província de Fujian, na China. Após perder o nariz num acidente de carro, Xiaolian teve um novo órgão “cultivado” na sua própria tes-ta, informou o jornal britânico Daily Mail.

O enxerto utilizou cartilagem retirada da costela do rapaz. O tecido foi colocado então na testa de Xiaolian com auxílio de um molde que imitava o formato do órgão.

O procedimento foi realizado num hospital de Fuzhou, capital de Fujian. A ideia surgiu quando o nariz de Xiaolian foi considera-do irreparável, consequência de uma infecção na cartilagem após o acidente de viação, ocorrido em 2012. Ainda de acordo com o Daily Mail, cirurgiões chineses informaram que a operação que substituirá o nariz afectado deve ocorrer em breve.

S. JOÃO DA PESQUEIRA RECEBE EMPRESÁRIOS CHINESES PARA IMPULSIONAR EXPORTAÇÕES

Apostar na Beira Alta e no Douro

HAN LEI DISSE QUE PENSAVA QUE O CARRO ERA DE COMPRAS

Bebé leva à pena de morteHOMEM TERÁ NOVO ÓRGÃO TRANSPLANTADO

Nariz cultivado na testa

já algum tempo, inclusive com a participação na MIF, um dos principais certames comerciais onde o concelho esteve representado o ano passado e onde voltamos a estar presentes no pró-

ximo mês de Novembro”, avançou.

A comitiva de empre-sários chineses, organizada em delegações da Região Administrativa Especial de Macau e da Província de

Cantão, está em Portugal desde quarta-feira, fazendo--se acompanhar por jornalis-tas de diferentes publicações chinesas. “Demos a conhe-cer o que de melhor tem o concelho, nomeadamente

os vinhos, especialmente o de mesa, o azeite, a gastro-nomia e também as nossas paisagens”, apontou.

Depois de almoço de trabalho entre a comitiva chinesa e os produtores/

engarrafadores locais, com provas de degustação de vinho e azeite, seguiu-se uma visita à Quinta da Ferradosa, com o intuito de dar a conhecer as caves e os vinhos. Pelas 16 horas ocorreu uma visita à Câmara Municipal de São João da Pesqueira e uma passagem por uma quinta em Ervedosa do Douro.

José Tulha sublinhou que é objectivo da Câmara Mu-nicipal de São João da Pes-queira continuar a apostar na consolidação das relações já criadas com várias entidades de Macau e da China conti-nental, num momento em que se discute a criação de uma zona de comércio livre no Delta do Rio das Pérolas, entre Macau, Cantão e Hong Kong, a par dos acordos de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre o Interior da China e Macau (CEPA 9+2) e o próprio papel da região ad-ministrativa de Macau como Plataforma de Cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa, ao abrigo do Fórum de Macau.

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10 hoje macau sexta-feira 27.9.2013publicidade

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11hoje macau sexta-feira 27.9.2013 INTERNACIONAL

O novo Presidente ira-niano, Hassan Rohani - que tomou posse a 3 de Agosto - foi a estrela

da 68.ª Assembleia Geral da ONU, marcando um retorno espectacular do Irão na cena diplomática mundial. A sua iniciativa diplomática e os sinais que lançou criaram elevadas expectativas. Em poucos dias, mudou “a paisagem diplomática”. É significativo que o discurso de Barack Obama, que falou horas antes de Rohani, tenha sido quase monopolizado pelo Médio Oriente e, em particular, pelo Irão. Falta, no entanto, o mais difícil - uma negociação condicionada por po-derosos obstáculos. O “potencial de decepção” é muito alto, previnem analistas.

No seu discurso, o Presidente iraniano garantiu que o seu país não representa “absolutamente uma ameaça para o mundo e para a região” e está disposto “a uma negociação imediata sobre o dossier nuclear” com os Estados Unidos. Rohani respondeu indirectamente ao desafio antes lançado por Obama: “Se os Estados Unidos evitarem seguir os interesses a curto prazo de grupos de pressão pró-guerra, nós poderemos encontrar um quadro para gerir a nossas divergências.”

ROHANI E OBAMA MUDARAM EM DIAS A PAISAGEM DIPLOMÁTICA MUNDIAL

Um animador e expectante começoO Presidente americano tinha

declarado que “a via diplomática merece ser testada com o Irão”, pedindo ao seu homólogo que tra-duzisse as suas palavras em actos, designadamente na questão nuclear. Rohani sublinhou que o Irão está determinado a agir “de forma res-ponsável em matéria de segurança nacional e regional”, reafirmando que o objectivo do seu país é uti-lizar a energia nuclear “para fins exclusivamente pacíficos”.

Em relação às crises no Médio Oriente, acrescentou: “Defendemos a paz baseada na democracia e no boletim de voto em todo o mundo, inclusive na Síria, no Bahrein e noutros países da região. (...) Não há soluções violentas para as crises do mundo”. Note-se que a Síria é um aliado do Irão e o Bahrein é um país de maioria xiita em que a Arábia Saudita reprimiu as veleidades de uma “primavera árabe”.

A “DOUTRINA” DE OBAMAO discurso do Presidente americano foi uma espécie de antecipação ao discurso de Rohani e, ao mesmo tempo, uma justificação das suas recentes opções políticas. No re-lativo ao Médio Oriente, tentou desfazer a ideia de que a “viragem para a Ásia” significava o risco de

criação de um “vazio” na região. Re-afirmou três metas: desarmamento do arsenal sírio de armas químicas, resolução do impasse nuclear com o Irão e continuação das negociações israelo-palestinianas.

Frisou que a única “base de um acordo significativo” serão efecti-vas garantias iranianas de não de-senvolver a arma nuclear. Anunciou o relançamento das negociações com o Irão, em colaboração com os aliados europeus e a Rússia e a China. Garantiu que a estratégia americana não visa uma “mudança de regime” em Teerão.

Obama respondia às críticas que lhe foram feitas na gestão da crise síria. A capacidade de os Estados Unidos influenciarem a política interna dos outros países é limita-da, sublinhou. Para garantirem os seus interesses vitais, os EUA são obrigados a tratar, ou até ajudar, regimes “desagradáveis”. Não po-dem ser “o remédio para todos os males”, tal como não podem ficar indiferentes perante “a fria lógica das matanças em massa”. A tensão entre realismo e idealismo é o dilema do Presidente americano, acusado por fazer guerras ou por não as fazer. “Vivemos num mundo de escolhas imperfeitas.”

O discurso foi também um des-

mentido do isolacionismo. “O maior risco para o mundo nos próximos anos não é que os Estados Unidos tentem construir impérios no exte-rior, seria o preço a pagar pelo caos e pela desordem se os americanos escolhessem ficar em casa”.

As expectativas são altas porque os “sinais” enviados por iranianos e americanos são bons. Falta a prova da prática. Há décadas de descon-fiança, de parte a parte.

OS PRIMEIROS TESTESOs testes serão muitos. Até que pon-to Rohani contará com a cobertura do Guia Supremo, ayatollah Kha-menei, e até que ponto resistirá às tentações de sabotagem de grupos como os Guardas da Revolução? A “heróica flexibilidade” diplomática, preconizada por Khamenei é “uma estratégia ou um truque de marke-ting”, interroga-se um jornal israe-lita? A negociação pode resultar se a iniciativa iraniana corresponder a uma opção pelo realismo. Rohani é um homem que fez a maior parte da sua carreira nos aparelhos políticos e de segurança do regime. É aqui que assenta a sua credibilidade.

Do outro lado, até que ponto será Obama condicionado ou travado pelas pressões de Israel e dos países sunitas, como a Arábia Saudita,

quando chegar a hora de fazer, também ele, concessões? Alguns “falcões” americanos - e israelitas - encaram o simples teste às inten-ções do Irão como uma espécie de “capitulação”. Dizem que não há diferença entre Rohani e os seus “falcões”. É uma “ideia estúpida e perigosa”, escreve Leslie H. Gelb, presidente emérito do Council on Foreign Relations.

Ambas as partes terão de fazer concessões, previne Gelb. “Pedir ao Irão que abandone tudo aquilo de que os americanos não gostam terá como resultado certo a sua rejeição pelos novos líderes de Teerão, mesmo por parte dos que estão realmente interessados em genuínos compromissos e na paz.” Não se pode exigir que o Irão destrua as suas instalações de enriquecimento do urânio. “Não há nenhuma possibilidade de o fazer.” É preciso um acordo sobre um nível de enriquecimento que exclua a possibilidade de uso militar. “Também ninguém está a propor que Washington lance borda fora a ameaça de uso da força ou comece logo a aliviar as sanções económicas.” Será um processo de trocas e de medidas de confiança.

A “desilusão” de terça-feira foi não ter acontecido o “aperto de mão” entre Obama e Rohani. Foram os iranianos que o acharam precoce. Provavelmente por razões de política interna. Na véspera, Henry Kissinger avisara que seria precipitado. Deve acontecer apenas depois de um resultado significati-vo, disse.

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12 hoje macau sexta-feira 27.9.2013ENTREVISTA

ANDREIA SOFIA [email protected]

H OUVE um tempo em que os filhos de mulheres vietnamitas e soldados norte-americanos volta-

ram à América em busca do seu lugar. As suas histórias inspiraram o romance “Hanói”, de Adriana Lisboa. Ao HM, a escritora revela que está a pensar escrever um novo romance, enquanto se prepara para publicar poesia

Vem a Macau no âmbito da II Semana da Cultura Brasileira para apresentar o seu mais re-cente romance, Hanói. Que ex-pectativas tem sobre esta visita?Ainda é tudo muito novo para mim. Já tive antes alguns contactos para vir a Macau anteriormente. Estou muito feliz por ter vindo desta vez, mas para mim ainda é tudo um grande mistério. Estou muito curiosa para ver como vai ser essa leitura, o público... é muito curioso vir à China e encontrar uma parte portuguesa.

Também lhe desperta curiosida-de e até mistério outros lados de Macau, como a cultura, a socie-dade? Pretende descobrir mais?Sim. O que acho que me desperta muita curiosidade é saber como ainda se dá esta sobrevivência da Língua Portuguesa, qual a sua relevância. Tive a oportunidade

ADRIANA LISBOA APRESENTA “HANÓI” NO PRÓXIMO SÁBADO

Um olhar voltado para a Ásiade estar na Universidade de Ma-cau (UMAC) com os alunos de tradução e trabalhámos juntos na tradução de um conto meu para chinês. Tenho curiosidade sobre essa relevância (do português) e qual continuará a ser, se vai aumentar, se com o tempo tende a ficar no passado, o que espero que não. A relação com a língua interessa-me bastante.

Na sua perspectiva vai continuar a ter relevância depois de 2049?Acredito que sim. Pelo que tenho visto há uma certa preservação por parte da China de outros idiomas. E não há dúvidas de que o português também tem ganho importância no mundo, está a ter um espaço maior, há mais alunos de portu-guês, mais traduções. A minha expectativa é que não apenas essa herança cultural seja respeitada, mas que a presença do português seja incrementada.

Esteve recentemente na China. Como é que os chineses olham actualmente para a literatura brasileira?

Não conhecem nada e têm uma imensa curiosidade. Na verdade não esperava encontrar isso porque nas minhas viagens não existe uma grande ignorância sobre a literatura brasileira mas também não muita curiosidade. Fiquei muito satisfeita. Só fui a Pequim, estive em univer-sidades, fui a uma livraria também, e vi pessoas ávidas para ter acesso à literatura brasileira mas sem essa possibilidade de acesso, porque as obras não estão traduzidas.

Ainda há muito esse distancia-mento linguístico, passa também por um problema de editoras, da sua fixação na China?

Pelo que averiguei o principal pro-blema é a falta de tradutores espe-cializados. Havendo mais pessoas competentes a traduzir o processo editorial fica mais simples. Com esse aumento da cooperação entre os dois países... a Embaixada do Brasil em Pequim está a crescer muito, o Brasil tem investido muito numa divulgação cultural aqui na China. Acho que isso pode levar a uma formação de mais tradutores e com isso o trânsito da literatura brasileira aqui só tende a aumentar.

Regressando agora ao romance que a traz a Macau, Hanói. Por-quê esta ligação ao Vietname?

Moro nos EUA há sete anos e trabalhei como voluntária numa organização que recebe refugia-dos. Hoje em dia há muito poucos refugiados vietnamitas a chegar aos EUA, mas comecei a ler sobre o processo de emigração para os EUA e cheguei à história dos re-fugiados vietnamitas na década de 80. Uma década depois do fim da guerra do Vietname crianças que nessa altura já eram adolescentes, filhos de mulheres vietnamitas com soldados americanos. Ficaram no Vietname no fim da guerra e eram terrivelmente discriminados no seu próprio país, porque eram filhos do inimigo, e muitas vezes nem podiam frequentar a escola por causa disso. Nos anos 80, os EUA decidiram receber essas pessoas como cidadãos. Essas pessoas chegaram sem qualquer qualificação, sem falar inglês, pastores de ovelhas a desembarcar em Nova Iorque. E foi uma geração que não teve lugar em sítio algum no mundo. Fiquei muito sensibi-lizada pela história, pelo que li, e daí veio a ideia de Hanói. O livro tem duas linhas narrativas e uma

Não há dúvidas de que o português também tem ganho importância no mundo, está a ter um espaço maior, há mais alunos de português, mais traduções. A minha expectativa é que não apenas essa herança cultural seja respeitada, mas que a presença do português seja incrementada

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13 entrevistahoje macau sexta-feira 27.9.2013

É como se captasse um instante, como se tirasse uma fotografia. Pode ficar boa ou má. Até acho a poesia mais difícil, porque na prosa podemos esquecer as imperfeições do texto, determinadas passagens que são mais fracas ficam diluídas

delas é de uma jovem que é filha e neta de refugiados vietnamitas em Chicago, então esse assunto da emigração aparece um pouco.

É uma história que, no fundo, cruza culturas diferentes e de pessoas que vão à procura do seu destino. Gosta de criar essas personagens, que vivem num mundo global? Personagens que não são estanques.Gosto muito. Essa é uma experiên-cia de vida que me interessa, talvez porque já fui emigrante duas vezes. Uma vez em França, no final da minha adolescência, e agora nos EUA. Pelo facto de conviver com muitos emigrantes, refugiados, de pessoas com várias experiências de deslocamento. No Hanói resolvi criar o David, um dos personagens que é filho de um brasileiro e uma mexicana que são emigrantes ile-gais dos EUA. E ele envolve-se com uma mulher americana, Alex, neta de refugiados vietnamitas. Então há esse cruzamento um pouco caótico de culturas mas no fundo há valores comuns a todo o mundo: necessidades e questões básicas que transcendem a questão cultural. No fundo o que todos estamos procurando é um pouco de paz em algum lugar.

O POSSÍVEL LIVRO EM MANDARIM

Sobre o facto de viver nos EUA. Porquê essa decisão de estar fora do Brasil neste momento?Sempre gostei da experiência do país estrangeiro. Morei em Fran-ça aos 18 anos, depois regressei ao Brasil. Na verdade não planeei mudar-me para os EUA, o que tornou tudo mais interessante. Fui levada pelo trabalho do meu marido, que está numa multina-cional. Jamais teria feito planos para me mudar para os EUA mas aconteceu e como acho que mui-tas coisas não planeadas da vida acabam por ser interessantes... até por você vai com poucas expectativas. Não era um lugar idealizado para mim.

Mudou a sua escrita, a sua forma de olhar o mundo? Mudou bastante. Leio muito, tanto a ficção como a poesia contemporâ-nea. O convívio mais próximo com a língua inglesa, que é mais exacta, que tem um vocabulário muito rico e é muito precisa, ajudou. Acho que isso é uma característica que costumo procurar e que tem muito a ver com a minha leitura de po-esia japonesa, coreana e chinesa ao longo dos últimos anos. Uma escrita mais enxuta e simples tem a ver com o meu convívio com a língua inglesa.

Viveu ainda uma temporada no Japão. Prefere o Ocidente ou o Oriente?Vivi uma temporada muito curta, na verdade foi só um mês em

Quioto. Mas foi uma experiência tão marcante que é quase como se tivesse morado lá. É difícil dizer se prefiro uma coisa ou outra. Neste momento estou com o meu olhar muito voltado para a Ásia. Tive a oportunidade de ir ao Vietname, ao Camboja, agora vim a Pequim e Macau. Gostaria muito de voltar à China no ano que vem, existe a possibilidade de ter um livro traduzido para o chinês e então teria de vir ao lançamento. Estou curiosa por conhecer a Índia, o Tibete. Ando com o olhar voltado para a Ásia mas não a Ásia exótica, uma Ásia contemporânea onde tudo isso convive, a tradição e o século XXI.

Tem muitos livros publicados em outras línguas. Como é ver as suas palavras num idioma completamente diferente?

Não tenho condições para avaliar todas as traduções, mas do pouco que vejo, vejo bem. Trabalhei como tradutora alguns anos e sei que todo o trabalho de tradução é um risco, é como se você desse um salto sobre um abismo. Em muitos casos pode-se cair no abismo ou em outros casos chegar-se são e salvo. Em qualquer processo de tradução há coisas que se ganham e perdem, mas acho que isso é bem vindo. Em contacto com os meus tradutores já aprendi muito sobre o meu processo de escrita. Perguntas que já me fizeram e isso reflectiu-se em trabalhos poste-riores. Na verdade, ser traduzida é um privilégio.

Também tem livros em árabe e segundo a sua página oficial vai começar a ser publicada no Egipto. Neste momento é um país

que vive vários tumultos sociais e políticos, acredita que, de cer-ta forma, as suas obras podem mudar a visão destas pessoas?Para mim ainda é uma incógnita porque a tradução está em proces-so, acredito que o romance “sinfo-nia em branco” vai ser publicado em 2014. Mas acho que do mesmo modo que a mim já me deu muito como leitora ler livros de e sobre outras culturas, acho que em termos de ideais espero que como autora espero ter condições de contribuir com algo nesse sentido.

O NOVO LIVRO DE POESIA

“Sinfonia em branco” foi o livro que lhe deu o Prémio Saramago há dez anos atrás. Desde então, como evoluiu a sua escrita, como é que os seus livros foram mudando?A minha escrita foi mudando para a simplicidade. Não que procure uma escrita jornalística. Ainda gosto de imagens inusitadas, de me surpre-ender com a minha própria escrita. Mas tenho tentado uma escrita mais pé no chão, e acho que os meus personagens também. Então hoje em dia os meus personagens não são pessoas envolvidas em vidas glamorosas.

São pessoas comuns. Sim, não gosto de personagens muito artistas e que transitam para um mundo muito intelectualizado.

As pessoas buscam isso hoje em dia? Os leitores quando compram uma obra querem encontrar uma vida igual à sua ou buscam outro mundo? As duas coisas. Fiquei a pensar no fenómeno da telenovela no Brasil: quem assiste a uma novela busca tanto para se ver ali naqueles per-sonagens como para ver uma vida glamorosa. Acho que as duas coisas são verdade.

Quando publicou “sinfonia em branco” o que queria transmitir?Quando escrevi o livro o meu filho, que tem hoje 15 anos, era um bebé, e a ideia do livro veio do convívio muito próximo com a fragilidade de uma criança, que tinha pela primeira vez. A presença ou a ausência do amor e dedicação dos pais é algo que molda a vida para sempre. Criei a história fictícia de uma menina que sofre de abuso sexual do pai, um fenómeno co-mum, e virou tabu. Interessou-me explorar esse tema ficcionalmente mas também propus-me a fazer isso de uma forma que não fosse pesada. Em muitas passagens há imagens de borboletas, um contraponto ao peso do tema.

Depois de tantas obras publica-das, o que é que ainda quer dizer às pessoas?Cada livro que fazemos é um trabalho que achamos imperfei-

Ando com o olhar voltado para a Ásia mas não a Ásia exótica, uma Ásia contemporânea onde tudo isso convive, a tradição e o século XXI

to. Mas continuamos a escrever. Estou a preparar-me para lançar o meu primeiro livro de poesia, no Brasil, no primeiro semestre. Escrevo poesia há décadas e vou publicar pela primeira vez. Ando muito envolvida com essa forma de expressão, que é tributária do enredo.

Diz-se que escrever um romance não é inspiração mas transpira-ção. A poesia é mais inspiração?É como se captasse um instante, como se tirasse uma fotografia. Pode ficar boa ou má. Até acho a poesia mais difícil, porque na prosa podemos esquecer as im-perfeições do texto, determina-das passagens que são mais fracas ficam diluídas. Num poema cada verso importa. Estou também a pensar num novo romance mas ainda numa fase muito embrio-nária. Acho que depois de tantos anos sem escrever sobre o Rio de Janeiro, estou com vontade de escrever sobre o Rio.

Como se fosse um regresso.Sim, está sempre ali, de uma forma ou de outra. O Brasil está presente em todos os meus livros, mas tenho sentido... depois de ter feito França e EUA, o Rio voltou a ocupar a minha cabeça.

Chegou a ser cantora de Música Popular Brasileira e estudou música. Já escreveu canções?Há muito tempo. Esse trabalho que tive em França era como cantora, depois voltei para o Brasil e fui professora de música durante mui-tos anos. Mas isso desapareceu da minha vida e não sei se algum dia vai voltar. Afastei-me da música durante dez anos. recentemente comprei um violão e pode ser que recomece a contar.

Para onde quer os livros a levem nos próximos tempos?Tenho muita curiosidade sobre três lugares. Um deles é a Índia, o outro a Islândia, gosto da música islandesa. Outro é Marrocos.

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14 hoje macau sexta-feira 27.9.2013CULTURA

D ESDE Julho que se sabia que Madonna estaria prestes a voltar aos holofotes, não se sabia era como. Previa-se que não fosse

com novo álbum, mas – diziam os rumo-res – com uma qualquer iniciativa global sobre formas de intolerância, tendo em conta o teaser então divulgado. Pois bem, esta semana foi revelado e o segredo de Madonna é, para já, uma curta-metragem de 17 minutos sobre a liberdade de expressão.

Intitulado “Secret Project Revolution”, o novo projecto de Madonna foi feito para o Art ForFreedom em parceria com o fotó-grafo Steven Klein, ligado ao universo da moda, e pretende chegar a todos os cantos do mundo. Já por isso foi divulgado online, no Youtube, e disponibilizado ainda para download. O desafio está lançado e depois de Madonna falar em defesa de “todos aqueles que foram perseguidos, estão a ser perseguidos ou serão no futuro pela sua cor de pele, as suas crenças religiosas, as suas expressões artísticas, género ou preferência sexual”, pede que respondemos à pergunta: “O que significa a liberdade para ti?” As respostas podem ser feitas na forma de vídeo, música, poesia e fotografia.

É assim, sob a forma de convite à “revo-lução do amor”, que Madonna espera não só despertar as atenções para o problema da falta de liberdade de expressão no mundo como dar a possibilidade a que qualquer pessoa se possa manifestar e exibir as suas criações artísticas. “O meu objectivo é mostrar pelo exemplo do Secret Project Revolution o meu compromisso criativo de inspirar a mudança no mundo através da expressão artística”, destacou a cantora

em comunicado, mostrando-se esperançosa que o seu filme e todos os trabalhos que ve-nham a ser apresentados no Art ForFreedom sejam uma chamada de atenção para o que acontece no mundo. “Espero dar um lugar às pessoas onde possam ter a sua própria expressão criativa para ajudar a combater a opressão, a intolerância e a complacência.”

ENTREVISTA SEM MEDOSA par desta curta-metragem, Madonna divulgou ainda uma entrevista de quase 40 minutos com Eddy Moretti, jornalista da Vice, parceira desta iniciativa – a curadoria dos trabalhos apresentados ficará a cargo da revista. O serviço BitTorrent, através do qual o material está todo disponível para download, é o outro parceiro do projecto.

Nesta entrevista, Madonna, além de explicar a ideia da iniciativa e aquilo que espera conseguir, fala da sua experiência pessoal, desde a infância até aos dias de hoje, mas sempre no sentido da pressão que foi sentido ao longo do tempo. Pressão contra a qual a cantora dá agora voz. “As pessoas têm medo, o que acontece quando as pessoas têm medo?”, pergunta Madon-na, que aparece na curta, rodada a preto e branco, atrás de umas grades. “Tornam-se intolerantes, começam a apontar o dedo a outras pessoas”, continua a cantora, que grita por liberdade e pede uma revolução.

“É tempo de acordar antes que seja tarde de mais. A história está a repetir-se. Não vêem um padrão aqui? Vivemos num tempo muito assustador. Ou devo dizer que nós nem sequer vivemos?”

Esperaremos então pelas respostas do mundo.

MADONNA LANÇA PROJECTO E PEDE MANIFESTAÇÕES PELA “REVOLUÇÃO DO AMOR”

Luta pela liberdade de expressão

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15hoje macau sexta-feira 27.9.2013 VIDA

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Fóssil mais antigo de peixe com mandíbula descoberto na ChinaUma equipa de cientistas da China descobriu o fóssil mais antigo, até agora, de um peixe com mandíbula semelhante aos espécimes modernos, o que facilitará o estudo evolutivo, segundo um artigo publicado na revista Nature. Os cientistas, dirigidos por Min Zhu, da Academia de Ciências Chinesa, em Pequim, acreditam que o peixe – que batizaram como “entelognathus primordialis” - viveu há pelo menos 419 milhões de anos, sendo “o vertebrado mais primitivo com uma mandíbula moderna”, especifica o artigo publicado na revista científica. A mandíbula do fóssil descoberto é muito parecida com a de um peixe ósseo atual, o que sugere uma relação entre espécimes antigos e modernos. O aparecimento de mandíbula é um momento fundamental na evolução dos seres vertebrados.

A operadora da central nuclear de Fukushima revelou ter encontrado no fundo de um dos

tanques de armazenamento de água radioactiva uma pequena fissura que está na origem das suas fugas, depois de cerca de um mês e meio de investigações.

Os técnicos da central de Fukushima que, na semana pas-sada, começaram a desmantelar o tanque com defeito após detectado o primeiro vazamento, aplicaram espuma nas juntas dos contentores para poder desvendar a origem das fugas, detalhou a cadeia de televisão japonesa NHK.

A Tokyo Electric Power (TEP-CO) conta com aproximadamente 350 tanques deste tipo em toda a central, fabricados pouco depois do acidente nuclear provocado pelo tsunami de Março de 2011 foram montados com recurso a materiais mais baratos, como resina e fixa-ções metálicas, utilizados para unir juntas no lugar da soldadura.

A operadora da central considera que as fugas ocorreram depois de a pressão da água contaminada do tan-que ter ampliado o diminuto espaço entre as juntas do fundo do tanque.

O incidente surgiu em meados de Agosto, quando a TEPCO detectou que tinham sido derramadas cerca de toneladas de água muito radioactiva

DETECTADO PROBLEMA NO FUNDODE UM TANQUE EM FUKUSHIMA

Maldita fissuradeste tanque que, como os restantes 600 contentores de que a central dis-põe, é usado para armazenar o líquido utilizado para arrefecer os reactores e mantê-los em “paragem fria”.

A operadora anunciou que vai iniciar na sexta-feira os testes com o seu novo Sistema de Processamen-to Avançado de Líquido (ALPS), concebido pela Toshiba, que espera que seja capaz de eliminar até 62 dos 63 tipos de substâncias radioactivas presentes na água, o que resolveria parcialmente o grave problema do seu armazenamento.

Os técnicos tinham previsto pôr em marcha este novo sistema no mês passado, mas os testes realizados em Junho mostraram uma pequena fuga de água que viria a atrasar o processo.

No início de Agosto, o Governo japonês manifestou a sua disposição para se envolver logística e financei-ramente na resolução do problema urgente da água contaminada na central, com medidas como verter para o oceano a água com baixos níveis de radiação ou congelar o subsolo em torno dos reactores.

Depois do acidente nuclear de Fukushima, o pior desde Cher-nobyl, em 1986, cerca de 3.500 funcionários lutam diariamente na central para dar por concluída a crise atómica, um trabalho que se estima que venha a ser finalizado no período de entre 30 e 40 anos.

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16 hoje macau sexta-feira 27.9.2013DESPORTOPUB

MARCO [email protected]

O presidente da Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa desvalo-riza o adiamento da terceira

edição dos Jogos da Lusofonia, inicial-mente prevista para o início de Novembro no estado indiano de Goa. Apesar de estar temporariamente apartado da direcção do Instituto do Desporto, Alex Vong Iao Lek mantém-se na liderança da ACOLOP e ontem garantiu que o facto dos Jogos da Lusofonia não se realizarem na data a que originalmente estavam consignados não rouba magnitude ao certame nem debilita uma iniciativa que muito deve a Macau: “Em Maio, durante uma reunião ordinária da ACOLOP, a comissão organizadora garantiu-nos que iria fazer tudo para que os Jogos se realizassem quando estava previsto, mas o mau tempo registado na região criou novas dificuldades e impediu a conclusão atempada de algumas instala-

ALEX VONG FALA DOS JOGOS DA LUSOFONIA

Reforçar intercâmbio

Macau Inscrições para mini e meia-maratona quase esgotadasPela primeira vez em mais de três décadas, a Maratona Internacional de Macau vai-se disputar sem que o trânsito seja um obstáculo. O Instituto do Desporto acertou agulhas com a Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfego, com o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e outros departamentos do governo e conseguiu garantir que o percurso que vai acolher a trigésima segunda edição da prova raínha do atletismo esteja encerrado ao trânsito: “É a primeira vez que conseguimos encerrar por completo o percurso ao trânsito e só avançamos com uma tal iniciativa porque os departamentos responsáveis pelos espaços públicos se mostraram disponíveis para colaborar connosco. O fecho do percurso significa ganhos substanciais em termos de segurança e é algo que obviamente nos deixa muito satisfeitos”, assentiu o presidente em exercício do Instituto do Desporto, José Tavares. As inscrições para a principal prova do calendário de atletismo de Macau estão abertas até vinte e dois de Novembro, mas as vagas para a mini e para e meia-maratona estão já praticamente esgotadas.

ções”, explica Alex Vong. “No passado domingo Macau acolheu uma reunião extraordinária da ACOLOP e decidimos de forma unânime adiar os Jogos para o iní-cio do próximo ano”, recorda o dirigente.

Apesar de reafirmar a confiança na comissão organizadora da terceira edição dos Jogos da Lusofonia, o presidente da ACOLOP reconhece que o adiamento da competição pode vir a criar constrangi-mentos aos países membros da Associa-ção, sobretudo no que toca à disponibilida-de de alguns dos atletas e de algumas das selecções que deviam marcar presença no evento. Alex Vong lembra ainda assim que o adiamento do certame recebeu o apoio unânime de todos os membros do organis-mo e espera por isso a cooperação de todos para que os Jogos de Goa possam ser o mais apelativos possível: “É possível que surjam alguns problemas. Admito que o adiamento poderá criar novas dificuldades, mas estas questões têm de passar sempre por uma resposta mútua. Não nos podemos esquecer que o adiamento resulta de um acordo firmado por todos os associados da ACOLOP e é de esperar que a resposta a esses desafios seja também uma resposta conjunta”, defende Alex Vong.

O presidente da Associação dos Comi-tés Olímpicos de Língua Oficial Portugue-sa reconhece que os Jogos da Lusofonia são a faceta mais importante do trabalho desenvolvido pela ACOLOP, mas salienta que o esforço de aproximação promovido pelo organismo não se fica pelo certame. Para Alex Vong, o adiamento dos Jogos de Goa não coloca em causa o princípio fun-damental em que se alicerça o movimento olímpico lusófono, até porque há cada vez mais competições a tornarem tangível o espírito que esteve na origem da ACOLOP: “O importante é reforçar o intercâmbio desportivo entre nações e territórios com um percurso histórico comum e este re-forço passa pelos Jogos da Lusofonia mas não só. Em Macau, começamos a estender o convite à participação na Maratona de atletas de países lusófonos e depois de o termos feito, também Angola e São Tomé e Príncipe optaram pelo mesmo expediente e hoje há atletas de vários quadrantes da lusofonia a participarem na Corrida de São Silvestre de Luanda e numa prova de ciclismo em São Tomé, a corrida Costa do Cacau”, explica o dirigente.

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TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Telejornal + 360° (Diferido)14:40 RTPi DIRECTO18:00 Caminho das Índias (Repetição) 19:00 TDM Talk Show (Repetição)19:30 Vingança20:30 Telejornal21:15 Ler + Ler Melhor21:30 Cenas do Casamento22:00 Caminho das Índias 23:00 TDM News23:30 Portugueses Pelo Mundo00:20 Telejornal (Repetição)01:00 RTPi DIRECTO

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:35 A História dos Açores15:30 Madeira Rural16:00 Bom Dia Portugal17:00 AC para os amigos ao vivo19:10 AntiCrise20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo22:10 Ingrediente Secreto22:30 Portugal no Coração

30 - FOX Sport13:00 Dutch Eredivisie 2013/14 PSV Eindhoven vs. Ajax Amsterdam14:30 Liga Bbva 2013/14 Getafe CF vs. Celta de Vigo16:30 AFC Champions League 2013 Semifinal18:30 Liga Bbva 2013/14 Weekly Review19:30 (LIVE) FOX SPORTS Central20:00 Liga Bbva 2013/14 Weekly Preview20:30 Football Asia 2013/1421:00 The Ultimate Fighter22:00 FOX SPORTS Central22:30 Liga Bbva 2013/14 Weekly Preview23:00 Classic Boxing: Tyson Vs Buster Douglas23:53 Singha Football Crazy 2

31 - STAR Sports13:00 Total Rugby13:30 2 Wheels14:00 GP2 Series 201316:00 Hot Water 2013/1417:00 Total Rugby17:30 Tiger Street Football 201319:30 The Football Review 2012 - 1320:00 WTA - Guangzhou International Women’s Open Final21:30 (LIVE) Score Tonight 201322:00 Football Asia 2013/1422:30 Total Rugby23:00 Liga Bbva 2013/14 Weekly Review

40 - FOX Movies12:45 City Slickers14:40 The Chronicles Of Riddick16:40 Once Upon A Time17:30 Stolen19:10 White Chicks21:00 The Book Of Eli23:00 The Expendables 200:50 The Mummy

41 - HBO11:45 Tinker Tailor Soldier Spy14:00 The Italian Job15:50 Dennis The Menace17:30 In Vogue: The Editor’S Eye18:30 Priest20:00 Serangoon Road21:00 Immortals22:45 Saving Private Ryan

42 - Cinemax13:00 Cold Steel14:30 One In The Chamber16:00 Hellfighters18:00 A Guy Thing20:15 Best Of The Best 421:45 Epad On Max22:00 Spartacus: War Of The Damned23:00 Johnny English Reborn00:45 Ghost Rider: Spirit Of Vengeance

ELYSIUM

M A C A U [ S Ã ] A S S A D OEDU...QUÊ? Foto: Facebook

• Eles bem avisam que a coisa é moderna. O que não sabíamos é que era tão moderna que a palavra educação tinha sido alterada. Para um centro de explicações, a palavra educação não deveria ter melhor tratada? Mas que raio...

Peguei nas minhas patinhas e fui viajar até Coloane. Ouvi dizer que lá crescia uma nova aldeia. E, como há muito não ia lá - pela preguiça que me dá apanhar um autocarro cheio, no qual sou conduzido até lá selvaticamente, e as curvas, contra-curvas e mais paragens fazem com que eu perca duas horas na ida e volta - resolvi aventurar-me de novo!Tudo igual! Menos a paisagem. De facto, o pulmão verde da cidade levou ali uma bela machadada! Mas, se é para as pessoas viverem felizes e com condições, seja! O problema, no entanto, reside nessa falácia. As pessoas estão a ser emparedadas entre quatro paredes e mal podem aproveitar o melhor que aqueles arranha-céus lhes proporcionam: uma bela vista. As janelas são tão pequenas que causam claustrofobia! E, claro, algumas esperaram tanto tempo pelo seu “lugar ao sol” que, entretanto, arranjaram as suas vidas noutras casas onde agora preferem ficar a morar ao invés de irem para um retiro onde estão desterradas sem nada para fazer. Sem conseguirem satisfazer as suas necessidades básicas. Sem terem serviços mínimos, pelo menos para já! Percebi que, para já, a vida ali não é fácil.Também não será horrível, com certeza. Até porque, para alguns, é um paraíso onde não têm de pagar rendas porque os pais, candidatos às casas, lhes deram as habitações de mão beijada.E afinal também percebemos que muitos dos que usufruem daquelas habitações não são verdadeiramente necessitados!É pena que o Governo não tenha feito melhor as contas. A calendarização. As projecções. E novos estudos sobre o público-alvo! Mas enfim... Os erros servem de lição ou, pelo menos, assim esperamos. Porque, afinal, vêm aí novos aterros!

A OUTRA FACE DA LUA • Claude Lévi-StraussÉ um Lévi-Strauss apaixonado pelo Japão que se encontra neste volume que reúne pela primeira vez diversos escritos, inéditos ou impressos em publicações eruditas, por vezes unicamente no Japão, redigidos entre 1979 e 2001.

FERNANDO PESSOA, UMA QUASE AUTOBIOGRAFIA • José Paulo Cavalcanti Filho‘Fernando Pessoa - Uma Quase Autobiografia’ é uma obra sobre as muitas personas assumidas pelo poeta português. José Paulo Cavalcanti procurou revelar com detalhes os heterônimos que habitaram o imaginário e a escrita de Fernando Pessoa, apresentando a produção e as origens de cada um deles. O autor buscou saber quem foi o homem Fernando Pessoa, como ele vivia, com quem se relacionava e quem foram as personas que ganharam vida com ele - segundo José Paulo, eram 127 no total. A obra é chamada de ‘quase’ autobiografia pois foram utilizadas centenas de frases e citações do poeta, mas também contém depoimentos de pessoas que conviveram com ele e contribuições do próprio autor. Ao longo de toda a obra, José Paulo Cavalcanti traduz e procura explicar cada expressão portuguesa usada, tanto na obra de Pessoa como em depoimentos ou outros registos.

Page 18: Hoje Macau 27 SET 2013 #2944

DEGA

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18 hoje macau sexta-feira 27.9.2013OPINIÃO

E enorme a preocupação quanto ao impacto negativo da famosa concorrência com os países de salários baixos sobre o empre-go nos países ocidentais. A polémica segue o diagnóstico implícito ou explícito, segundo o qual existe desemprego por causa da concorrência de pa-íses onde as taxas de salários

são mais baixas, desqualificando desse modo os trabalhadores dos países ocidentais que perdem assim, qualquer competitividade.

A análise ainda que superficial, apresen-ta duas características. A primeira é de que, desde há muito, esta situação foi desejada, a menos que imaginemos que os políticos não sabem o que fazem. Assistimos, na década de 1980, à globalização dos mer-cados financeiros, que tornou possível uma mobilidade perfeita dos capitais.

Se os movimentos de capitais são li-vres, é normal, necessário e inevitável que afluam onde a mão-de-obra com um nível de qualificação comparável é mais barata. A globalização dos mercados financeiros só podia, portanto, aumentar, em proporções importantes, a concorrência dos países com um mais baixo nível de salários.

Querer uma, era apelar para a outra. Pretender liberalizar os mercados de capitais e proteger a economia seria uma diligência antinómica, uma contradição nos termos. Os capitais liberalizados só têm uma ra-cionalidade, o da rentabilidade máxima dos investimentos, qualquer que seja o país. Essa rentabilidade máxima pode situar-se onde a mão-de-obra é barata.

As necessidades de capitais são aí mais elevadas e os rendimentos, igualmente. Os proteccionistas devem ser coerentes consi-go. Seria do agrado de uma grande maioria que os defensores do proteccionismo afir-massem também, a sua recusa à liberdade dos capitais. A segunda observação diz respeito ao desenvolvimento económico de países que, antes, não eram desenvolvidos.

O fenómeno não é novo, e não data do final da década de 1980. Quantos países se desenvolveram desde o final da II Guerra Mundial? O exemplo paradigmático é o do Japão, cujo desenvolvimento fez sofrer os países mais industrializados da Europa, em muitos sectores, e que, contudo, vimos aparecer desde há mais de um século. Abriu a via a muitos outros países da Ásia, e apesar disso, as capacidades de desenvolvimento ocidentais não ficaram diminuídas, muito pelo contrário.

As dramatizações fáceis, quase sempre conduzem a erros de diagnóstico. A concor-rência dos países com baixos salários é uma

A política pode ser inflectida, o poder de negociação dos países produtores de petróleo não é independente das circunstâncias conjunturais, tecnológicas e geopolíticas. A terceira é de natureza diferente. É desejável que a liberalização do comércio seja um processo irreversível, e poucas vozes se elevam para inverter a tendência, mesmo se alguns se esforçam por abrandá-la. A difusão do progresso técnico e do capital que se segue permite que regiões pobres acedam ao desenvolvimento

Globalização e emprego“The view in the East is that the onset of the world economic crisis has suddenly reversed globalization. Hundreds of thousands of Poles, Bulgarians, and Romanians had found relatively well-paid jobs in Western EU countries, but now an army of migrant workers is making its way back home to the East. The IMF and the World Bank are supporting fiscal stimulus-expansionary fiscal policies-in the United States, Europe, and Asia. They are supporting rescue plans, including nationalization of private banks and other financial institutions. The priority of the day is no longer inflation but jobs and economic recovery.”

The Global Financial CrisisNoah Berlatsky

perspect ivasJORGE RODRIGUES SIMÃO

dificuldade real, e sempre a foi, mas não é de modo nenhum o problema. Esta concorrência pesou sempre nos países ocidentais sobre a evolução dos salários, pelo que não existe, desta forma, descontinuidade espectacular e súbita. O problema existe desde sempre. O peso da concorrência é integrado, em todos os modelos económicos, sob a forma de uma tendência a longo prazo para a descida da competitividade dos países industrializados.

Assim, esses países vêem mais ou menos diminuir a sua competitividade, tendência que reflecte simplesmente o aparecimento gradual de novas zonas industriais a nível mundial, pelo que não existe ruptura de tendência, talvez uma aceleração.

A verdadeira descontinuidade, em con-trapartida, é essa dramatização que não é apenas uma moda que se instalou desde a Guerra do Golfo, para simplificar, que tem conduzido à ansiedade, à agressividade e à procura sistemática mas vã do bode ex-piatório, e não é atirando-se a este, que são os países com baixo nível de salários, ou a qualquer outro, que se encontrará a resposta absoluta para o problema do desemprego.

É de considerar a existência significativa de desequilíbrio nas trocas comerciais entre os países europeus com os países indus-trializados da Ásia, e que se pode constatar pelo relatório de contribuição da Comissão Europeia para o Conselho Europeu de 7 e 8 de Fevereiro de 2013, intitulado de “Comér-cio: um elemento essencial de dinamização do crescimento e da criação de emprego na UE”. Os desequilíbrios mais significativos são os da UE com a China e Japão.

A não existência de sérios desequilíbrios registados entre os países europeus e os países industrializados da Ásia nas últimas décadas, permite concluir que o proteccio-nismo dos países europeus, nomeadamente o francês, como exemplo paradigmático, não tem nenhuma influência benéfica para o desemprego. A situação seria simplesmente mais difícil quer para os países europeus, como para os países industrializados da Ásia, pois para a Europa, o verdadeiro desenvolvimento da Ásia foi a partilha do mercado americano.

É de entender que antes do primeiro choque petrolífero, a parte europeia do mercado americano era um terço, contra um quarto para a Ásia, incluindo o Japão, e desde então, essa parte tem-se invertido em desfavor da Europa. A concorrência dos países asiáticos não se materializou na Euro-pa, mas em mercados terceiros, com efeitos inegáveis. Erigir barreiras proteccionistas contra os países da Ásia, parece não ter qualquer efeito, exceptuando uma perda de crescimento para os dois grupos de países, uma vez que a partida sempre se jogou em torno de mercados terceiros.

O impacto quantitativo do acesso dos pa-íses da Europa centro-oriental integrados na sua maioria na UE, ao mercado internacional não pode ser muito importante, nem sobre a taxa de crescimento global, nem sobre a taxa

de desemprego global, contudo será muito doloroso para alguns sectores que dispõe de quase monopólio ou posição dominante e são poderosos. Essa concorrência em período de crise da zona euro, poderá criar sérios problemas em termos políticos.

A necessidade maior passa por favo-recer, apesar de tudo, o desenvolvimento harmonioso dos diversos Estados-membros

e regiões da UE, sob pena de maiores e mais graves problemas geopolíticos e económi-cos. Se as trocas externas se tornam um constrangimento, é sob o efeito de causas múltiplas, que a história recente ilustra de forma clara, o que pode suceder devido a uma combinação infeliz de políticas económicas.

A situação pode dar-se, porque uma região do mundo decide unilateralmente aumentar o rendimento que tira da posse de recursos não renováveis, quando as circunstâncias o permitem, e devido ao apa-recimento de novos parceiros no comércio internacional, cuja superioridade em termos de competitividade enfraquece a capacidade exportadora dos antigos. As duas primeiras razões são reversíveis.

A política pode ser inflectida, o poder de negociação dos países produtores de petró-leo não é independente das circunstâncias conjunturais, tecnológicas e geopolíticas. A terceira é de natureza diferente. É desejável que a liberalização do comércio seja um processo irreversível, e poucas vozes se elevam para inverter a tendência, mesmo se alguns se esforçam por abrandá-la. A difusão do progresso técnico e do capital que se segue permite que regiões pobres acedam ao desenvolvimento.

A liberalização do comércio, por outro lado, produz a longo prazo, um aumento líquido dos rendimentos para todas as regiões que participam no comércio internacional. A teoria do comércio internacional diz-nos simplesmente que é preciso saber dominar essa liberalização, controlá-la melhor para preservar o futuro. Mas essa liberalização significa também que o sobrepovoamento do planeta se difunde cada vez mais e contamina regiões do mundo que estavam protegidas.

O sobrepovoamento é um conceito rela-tivo. Significa que num determinado estádio do desenvolvimento mundial existe um excesso de mão-de-obra, generalizado, ou localizado em algumas regiões do mundo, no sentido em que a produtividade marginal do trabalho nessas regiões é nula, ou tão fraca que não pode incitar ao trabalho.

As imagens desse sobrepovoamento estão suficientemente presentes no nosso espírito para que lhe possamos negar a existência. O fenómeno pode, certamente, ser atribuído a um crescimento demográfico demasiado forte, mas também é sobretudo a consequência de uma insuficiência endémica de capital à escala mundial. Se esse fosse mais abundante, a produtividade do trabalho seria mais elevada.

A existência de um sobrepovoamento ou de um excesso de mão-de-obra significa sobretudo que um dos factores de produção, no caso, o capital, é limitador da produção e do emprego. É verdade que não existe nada mais desigualmente distribuído que o “sto-ck” de capital. É relativamente abundante nos países desenvolvidos e dramaticamente raro naqueles que não o são. Assim, algumas regiões conhecem o quase pleno emprego e outras, o sobrepovoamento.

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19 opinião

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana de Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos; Zhou Xuefei [estagiária] Colaboradores Amélia Vieira; Ana Cristina Alves; António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Tiago Alcântara; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

RicaRdo Pinhotwitter.com/ricardo

Porquê passar tempo, se o tempo passa sempre?

disse-me um passarinho...

hoje macau sexta-feira 27.9.2013

edi tor ia l CARLOS MORAIS JOSÉ

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E M Macau a questão eleitoral e do sufrágio universal não se coloca em termos de saber, como é apanágio dos comen-tadores locais, se a população está ou não preparada para a prática da democracia. É que, em primeiro lugar, é preciso perceber que a população da RAEM realmente não existe.

A explicação até que é relativamente simples. Estas pessoas que connosco se cruzam, que frequentam os mesmos supermercados, os mesmos restaurantes ou as mesmas boutiques, efectivamente, não são de Macau ou, nos melhores casos, as suas famílias estão neste território há uma ou duas gerações. E também não é correcto dizer que cá estão porque, men-talmente, a maior parte ainda não percebeu o que Macau realmente é ou sequer que aqui estão.

Basta ter vivido na zona Norte da cidade, para darmos conta de que as pessoas, na sua maioria imigrantes recentes (escassas décadas), nada sabem ou querem saber sobre a vida política da cidade e nem sequer têm um sentimento de pertença à RAEM. Eles são chineses e antes de serem chineses são de Fujian ou de Guangdong, não entendendo exactamente o que significa pertencer a esta região administrativa especial.

Daí que quando são convocadas às urnas pelos seus líderes neles votem com a convicção de quem vota no que é seu, in-dependentemente de propostas eleitorais, do comportamento dos candidatos, etc.. O voto compra-se com um jantar, uma nota de 500 ou quaisquer outras lembranças. Mas não é unicamente o interesse econó-mico que determina o voto: trata-se, antes de mais, de uma solidariedade étnica.

Ora, não existindo população local, como é que pode existir sufrágio uni-versal? Esta é uma terra de imigrantes recentes cujo sentido de pertença (já para não falar de identidade) a esta terra é diminuto. Do meio milhão de pessoas que por aqui são residentes, calculo que apenas uns 10% tenham realmente as suas raízes profundamente submergidas no húmus local e estas pessoas, possi-velmente, nem sequer vão votar. Aliás, o elevadíssimo valor da abstenção mostra

A pergunta que de novo se impõe é: será desejável para Macau o sufrágio universal? A minha resposta é, hoje como ontem, um rotundo não

Eleições ou falácia?bem o desinteresse pela coisa pública. Então sufrágio universal para eleger o quê, ou pior, quem?

De facto, caso existisse sufrágio uni-versal, Macau correria um enorme risco de ver eleito para Chefe do Executivo um qualquer recém-chegado cuja relação com esta terra é vaga e passa, normalmente, por motivos estritamente económicos. Não é difícil, como o tempo tem basta-mente provado e a realidade comprovado, manejar os cordelinhos e conseguir uma espectacular votação.

Estas eleições foram, na minha opi-nião, uma vergonha. E a Comissão Elei-toral tem profundas responsabilidades no assunto. De tal modo que Pequim se viu obrigado a vir a terreiro afirmar que a política local não pode ficar nas mãos dos casineiros e quejandos. Tal foi dito de forma calma e ponderada mas o tema é mais sério do que à primeira vista po-deria parecer.

A pergunta que de novo se impõe é: será desejável para Macau o sufrágio univer-sal? A minha resposta é, hoje como ontem, um rotundo não. E, na verdade, a questão extravasa mesmo o universo restrito da política. É que o modelo económico da RAEM, baseado no jogo e produtor de vastos milhões, não pode e não deve, como é lógico, ficar nas mãos do primeiro indi-víduo que conseguir comprar mais votos. Aqui não se passa o mesmo que em Hong Kong, que é uma das principais praças financeiras mundiais. Não. Em Macau o sistema económico é dominado pelo jogo e turismo e tal situação é extremamente rara e valiosa e comporta demasiados riscos para que possa ser sequer considerado que um resultado eleitoral pudesse colo-car tamanhos milhões sob o controlo de um qualquer aventureiro recém-chegado, bem alcatifado em patacas. Afinal, o que custaria a essa gente investir 100 milhões se o retorno seria incomensurável?

Não pode ser. Pequim não pode tal per-mitir e ainda bem. Na verdade, nem sei se concordo com a ideia de “Macau governado pelas suas gentes”, também porque essas “gentes” praticamente não existem.

E a verdade é que, ao contrário da Lei Básica de Hong Kong, a nossa não prevê a implementação do sufrágio universal.

Sabiamente, Pequim excluiu essa parte da nossa Lei Básica, provavelmente porque compreenderam que Macau tem de facto uma estrutura económica sui generis que não permite o desenvolvimento de um sis-tema político “normal”. Seria, considero, uma desgraça.

*

Quanto a estas eleições propriamente ditas, destaco um facto que considero quase bizarro: a presença de Susana Chou ao lado seu “ami-go” Chan Meng Kam. Ora esta “amizade” só pode ser recente, porque nas últimas eleições tal não tinha acontecido. E o que levará uma pessoa com o peso de Susana Chou a surgir ao lado do homem de Fujian? Um mistério que o tempo talvez venha a desvendar. Chan ganhou à vontade e, dizem, só não teve mais votos porque não quis, não precisava. Será que a sua putativa amizade com o presidente Xi Jingping jogou algum papel na presença de Susana Chou? Será que a ex-presidente da Assembleia Legislativa acredita ou ad-mite a hipótese de Chan vir a ser Chefe do Executivo? Não nos parece que tal venha a acontecer mas... tudo é possível...

Contudo, o que ressalta realmente destas eleições é que nem os candidatos nem os eleitores estão preparados para o sufrágio universal. Este implica uma série de pressu-postos que por aqui não se produzem. Logo para começar constatou-se que não houve qualquer luta ideológica. Os candidatos não apresentaram nenhuma visão para o futuro de Macau e política propriamente dita não se discutiu. Ou seja, os eleitores não escolheram entre ideias ou propostas políticas mas em

pessoas que conhecem e com quem têm uma qualquer identificação, geralmente étnica.

Repare-se como Mak Soi Kun conseguiu, num ápice, uma tremenda votação, com a sua lista Macau-Guangdong (étnica) e com os presentes e dinheiro aos velhotes. Mak assume que ofereceu prendas e fá-lo com total desas-sombro, explicando que o fez “por respeito aos idosos”. Só é pena que não explique porque razão não o faz constantemente e concentrou essas actividades no período eleitoral. Claro que a Comissão Eleitoral, mesmo perante esta “confissão”, assobia para o lado.

Não tivemos, portanto, qualquer discussão política mas uma arregimentação de eleitores, com recurso a prendas e dinheiros ameaças ve-ladas de despedimentos, etc. Ora a democracia eleitoral não é, certamente, isto... Imagine-se, como fez Paulo Godinho no excelente texto que ontem publicou na Tribuna, que estas eleições teriam determinado a composição total da Assembleia Legislativa: seria um pe-sadelo. Aqui, para definir os grupos políticos não se fala de ideias ou convicções mas de sectores: interesses empresariais, jogo, etc. E a verdade é que o campo dito “democrático” (que também não tem uma visão para Macau), praticamente, desapareceu ou viu-se reduzido a uma insignificância representativa que fará pensar os seus dirigentes. Novo Macau, Jason Chao, Agnes Lam, Paul Pun, entre outros, talvez tenham percebido finalmente a tre-menda distância que os separa das pessoas e que o investimento dos “ricos” impossibilita a realização de eleições “normais”.

Muito mais poderia ser dito e, sobretudo, explicado, aos defensores do sufrágio uni-versal, cuja romântica posição, caso fosse seguida, poderia ter sérias consequências, inclusivamente para a presença portuguesa na RAEM. Pequim optou por colocar no poder, sucessivamente, duas das famílias mais antigas e conhecidas desta terra, cujos antepassados Ho Yin e Chui Tak Kei foram ilustres representantes. Fez bem, sobretudo se olharmos para o lado. Apostou no que sabia ser realmente de Macau e na existência de um nome de família para defender, portanto menos sujeito a escândalos políticos. Mas agora já não há mais. O próximo Chefe do Executivo terá de vir de outra área. É pena que não seja Pequim a nomear directamente o governo, como acontecia com Lisboa no tempo dos portugueses. É que, sinceramente, só não se teme o pior porque acredito na pers-picácia e inteligência dos políticos da capital Por aqui políticos não existem, só defesa de interesses e estes raramente coincidem com os da população.

Eleições? Ou uma enorme e mal orques-trada falácia?

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hoje macau sexta-feira 27.9.2013

Grécia Atentado à bomba contra departamento fiscalUm departamento de impostos em Atenas foi alvo de um atentado à bomba nesta madrugada, mas não há registado de vítimas. A explosão ocorreu no bairro de Kifissia e foi precedida de vários telefonemas anónimos de aviso para meios de comunicação e para um número de emergência da polícia. O engenho explosivo foi colocado no interior de uma mala de viagem no exterior do edifício e provocou apenas danos materiais. Este tipo de atentados contra alvos diplomáticos ou políticos, serviços públicos têm sido cada vez mais frequentes mas não têm causado feridos.

Paquistão Númerode mortos devidoa sismo chega a 349O número de mortos na sequência de um sismo de 7,7 graus que atingiu na última terça-feira o sudoeste do Paquistão chega já aos 349, segundo dados oficiais desta quinta-feira. As equipas de resgate e o exército continuam a tentar levar alimentos e medicamentos aos afectados e feridos nas remotas áreas atingidas na província do Baluchistão. O porta-voz da Autoridade de Gestão de Desastres da província (PDMA), Saifuraman Khan, declarou à Agência Efe que o número de feridos ultrapassa os 600 e que há mais de 20 mil famílias afectadas, cerca de 160 mil pessoas. As construções locais de barro e tijolo, maioritárias na região, caíram facilmente devido à magnitude do sismo.

Nível do mar ameaça milhões de pessoasMilhões de vidas estão ameaçadas se se verificarem as novas previsões da subida do nível da água do mar, que apontam para uma subida entre os 26 e 82 centímetros até 2100, valores piores do que o previsto há seis anos, segundo refere um relatório que a Organização das Nações Unidas (ONU) deve divulgar na sexta-feira. De acordo com o relatório do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em Inglês), citado pela AFP, a nova previsão refere que o nível do mar vai subir entre 26 e 82 centímetros até 2100 e não apenas entre 18 e 29 centímetros, como apontavam as projecções feitas por este grupo de cientistas, vencedor do Prémio Nobel em 2007, há seis anos. As estimativas, se forem adoptadas no documento final a divulgar em Estocolmo, dizem respeito aos cenários mais optimista e mais pessimista, sendo o aumento do nível do mar, potencialmente, um dos maiores problemas das alterações climáticas.

Inconstitucionais algumas alterações ao Código do TrabalhoO Tribunal Constitucional (TC) considerou inconstitucionais algumas das novas normas do Código de Trabalho, relacionadas com o despedimento por extinção do posto trabalho e por inadaptação, segundo um acórdão divulgado hoje mas com data de 20 de Setembro. Esta decisão do TC é resposta ao pedido de fiscalização às novas normas do Código do Trabalho em 2012, entregue pelo Partido Comunista, Bloco de Esquerda e Os Verdes, no passado dia 12 de Julho do ano passado. O TC declara ainda inconstitucional que se coloque o Código de Trabalho acima da contratação colectiva, no que se refere ao descanso compensatório e à majoração de três dias de férias, embora considere constitucional o fim da possibilidade de aumentar o período anual de férias em função da assiduidade, quando tal é regulado pela lei geral. A redução de quatro feriados cumpre a Constituição segundo esclarece o TC.

Série de atentados faz pelo menos 19 mortosPelo menos 19 pessoas morreram e 50 ficaram feridas esta manhã depois de múltiplos atentados contra dois mercados na região de Bagdade. Doze pessoas morreram na explosão de quatro bombas num mercado de Sabaa al-Bur, uma cidade xiita a norte da capital, e outras sete faleceram em um mercado sunita na cidade. Quase 700 pessoas morreram no Iraque desde o início de Setembro.

Cardeal diz queJesus foi o primeiroa “tweetar”O cardeal italiano Gianfranco Ravasi afirmou, esta quarta-feira, que «Jesus foi a primeira pessoa no mundo a tweetar», referindo-se às mensagens que se escrevem na rede social Twitter. Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura do Vaticano, analisava as formas de comunicação da Igreja, durante um encontro organizado no âmbito do espaço de diálogo entre crentes e não-crentes criado por Bento XVI, denominado «Átrio dos Gentios», defendendo que Jesus Cristo «utilizou o tweet antes de todos, com frases essenciais e com menos de 45 caracteres, como “Amai-vos uns aos outros”». Ravasi lembrou ainda as parábolas de Jesus, que transmitia uma mensagem «através de uma história simbólica». «Se um eclesiástico não se interessa pela comunicação, coloca-se fora do seu ministério», defendeu o cardeal.

cartoon por Stephff

A S fotografias pre-miadas no concurso World Press Photo relativo a 2012 vão

estar patentes na Casa Garden, em Macau, entre 12 de Outubro e 3 de Novembro, numa iniciativa apoiada pela Casa de Portugal.

A exposição será inaugura-da pela presidente da Casa de Portugal, Amélia António, e por Laurens Korteweg, gestor de projectos do World Press Photo.

Para esta edição, os mem-bros do júri do World Press Photo avaliaram 103.481 foto-grafias, submetidas por 5.666 fotógrafos de 124 nacionali-dades.

O júri deste concurso inter-nacional de fotojornalismo - co-nhecido pelas imagens de grande impacto - anunciou em Fevereiro

deste ano os vencedores de 2013, relativos a fotografias do ano anterior.

O primeiro prémio desta edição do concurso foi atribuído a uma fotografia de um grupo de homens a transportar os cadáve-res de duas crianças mortas num ataque aéreo israelita em Gaza, captada pelo sueco Paul Hansen.

Colaborador do jornal sueco Dagens Nyheter, o fotógrafo esta-va na altura no cortejo fúnebre da menina de dois anos Suhaib Hijazi e do seu irmão de três, Muhammad, numa rua da cidade de Gaza.

O pai das crianças também foi morto no ataque, enquanto a mãe ficou nos cuidados intensivos.

Os fotógrafos da AFP Fabio Bucciarelli, Itália, e Javier Man-zano, dos EUA, ficaram em se-gundo e terceiro lugar da mesma

categoria, respectivamente, com uma série de fotografias tiradas na cidade síria de Alepo.

O fotógrafo português Daniel Rodrigues, 25 anos, foi distingui-do com o primeiro prémio na ca-tegoria Vida Quotidiana do World Press Photo com uma imagem de jovens a jogar futebol num campo de terra na Guiné-Bissau.

Na edição 2013, que irá percor-rer cerca de uma centena de cidades em todo o mundo, o World Press Photo disponibiliza um Guia da Exposição móvel gratuito e actua-lizado, uma aplicação disponível no sítio http://www.worldpressphoto.org/app que pode ser descarregada para ‘smartphones’ com sistema iOS e Android, proporciona aos visitantes a oportunidade de des-cobrir mais informações sobre as fotografias em exposição.

WORLD PRESS PHOTO CHEGA A MACAU EM OUTUBRO

Daniel e os amigos

BEM-VINDO

A notícia confirmada, embora não oficialmente, foi avançada ontem pela TDM. O primeiro-ministro

da China, Li Keqiang, vai presidir à 4.ª conferência ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa que decorrerá em Macau nos dias 5 e 6 de Novembro. De Portugal, a representação caberá, ao que tudo indica, ao vice-primeiro-ministro Paulo Portas. Intitulado “Novo ciclo, novas oportunidades”, o evento visa consolidar os resultados já obtidos e conferir maior importância ao desempenho do papel de Macau como o vínculo entre o interior da China e os países de língua portuguesa, elevando o nível

de cooperação económica e comercial. Além disso, será celebrado na conferência o Plano de Acção para a Cooperação Económica e Comercial para o triénio 2013-2016, em que serão definidos os objectivos e as áreas de cooperação entre China e os países de língua portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e Timor--Leste). A agenda de trabalhos inclui um encontro de empresários dos países participantes, bem como uma bolsa de contactos sobre projectos do Fundo da Cooperação para o Desenvolvimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa, segundo informou a Embaixada de Angola na China.

Li Keqiang e Paulo Portas na conferência ministerial do Fórum Macau