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FOCAS 21º CURSO INTENSIVO DE JORNALISMO APLICADO Emaranhado de redes e dutos, galerias abandonadas e até moradores: histórias do subterrâneo de São Paulo http://www.estadao.com.br Sob nossos pés EPITÁCIO PESSOA/AE O ESTADO DE S. PAULO H SÁBADO 11 DE DEZEMBRO DE 2010

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Page 1: 21ºCURSOINTENSIVODE JORNALISMOAPLICADOemtermos.com.br/cbt/imagens/SOB.pdf · 2011-06-30 · Daniela Schmid Amanda Agutuli Na segunda fileira: Felipe Tau Ivan Martínez Lucas Sampaio

FOCAS21º CURSO INTENSIVO DEJORNALISMOAPLICADO

Emaranhado de redes e dutos,galerias abandonadas eaté moradores: histórias dosubterrâneo de São Paulo

http://www.estadao.com.br

Sobnossospés

EPITÁCIO PESSOA/AE

O ESTADO DE S. PAULO H SÁBADO11 DE DEZEMBRO DE 2010

Page 2: 21ºCURSOINTENSIVODE JORNALISMOAPLICADOemtermos.com.br/cbt/imagens/SOB.pdf · 2011-06-30 · Daniela Schmid Amanda Agutuli Na segunda fileira: Felipe Tau Ivan Martínez Lucas Sampaio

Na vertical,na primeira fileira:Ramon VitralBernardo BarbosaGustavo S. FerreiraFábio PupoDaniela SchmidAmanda Agutuli

Na segunda fileira:Felipe TauIvan MartínezLucas SampaioGustavo Coltri SkrotzkyCarolina AlmeidaMarina EstarqueVanessa CorrêaMariana Congo

Na terceira fileira:Guilherme WaltenbergPaula Bianca BianchiCedê SilvaHenrique BolgueAndréa CarneiroNayara FragaRodrigo RochaFlávia Maia

Na quarta fileira:Ricardo F. SantosTiago RogeroFelipe FrazãoÉrica SaboyaGustavo AntonioGustavo AleixoAmon BorgesBruna Maia

FOCASINOVAÇÃO

Da redação à rede,jornalismo na prática

CURSO INTENSIVO DEJORNALISMO APLICADOAv. Eng. Caetano Álvares, 55 –São Paulo – SP – 02598-900Fone: 11 3856-2187Fax: 11 [email protected]://www.estadao.com.br/talentosCoordenação: Francisco OrnellasEdição: Carla Miranda (foca em1997) e Nathália MolinaDiagramação: Suely AndreazziInfografia: Flávia MarinhoReportagem: Alunos do 21º CursoIntensivo de Jornalismo Aplicado

TURMA DE 2010

Quem sãoos focas

NOSSO BLOG

A diferença entre aboa e a má apuraçãopassa por um ponto: ahumildade do jornalistana pauta. Humildadepara perguntar e,principalmente, ouvir omáximo possível.Amanda Agutuli

Fiquei com asensação de ter feito otrabalho correto. Nadamais. E talvez sejaassim que o jornalistadeva se sentir.Felipe Frazão

Precisamos sair donosso núcleo social,conhecer pessoas,novas realidades. Lugarde repórter é na rua.Parece óbvio, mas não é.O telefone é um conviteao comodismo.Flávia Maia

Sempre há maneirasde aperfeiçoar aredação. Ainda quetrechos ótimos fiquemde fora. Mesmo que sejapreciso ler o texto peladécima vez. Afinal, bomjornalista não escrevepara si. O leitoragradece.Gustavo Aleixo

Tão importantequanto fornecer ao leitorinformações exatas éfazer com que ele entrena atmosfera do fato. Sóassim o jornalismo écapaz de oferecer nãoum amontoado dedados, mas boashistórias que merecemser contadas.Vanessa Corrêa

SÉRGIO CASTRO/AE

Carlos LordeloLuiz Guilherme Gerbelli

Os cem dias que deram forma econteúdo a este caderno – quemarca o encerramento do 21.ºCurso Intensivo de JornalismoAplicado do Estado – foram des-critos em um blog atualizado pe-los alunos, fato inédito na histó-ria do programa de treinamento.

Os focas, como são chamados

os jornalistas em início de carrei-ra, dividiram experiências, de-ram dicas e narraram situaçõesem que sentiram o frio na barri-ga típico de quem está começan-do na profissão. O Em Foca (blo-gs.estadao.com.br/em-foca) re-gistrou a evolução e se tornouum rico arquivo do aprendizadodos 30 autores das reportagensdas próximas páginas.

Quem acessar o site encontra-

rá, em textos, fotos e vídeos, osbastidores da elaboração destecaderno que mergulha nos sub-terrâneos de São Paulo, cenáriode fios, cabos e tubos, mas tam-bém uma extensão da vida de mi-lhões de pessoas.

Os focas identificaram quenão há um mapeamento exatodo subsolo da capital. Na Aveni-da Paulista, conheceram gale-rias subterrâneas abandonadas.

Em um período de preocupaçãocom o meio ambiente, os textostrazem números da poluição dosolo e da água no Estado e discu-tem soluções. “Com o tema, con-seguimos abordar diversos pro-blemas, de sociais a econômi-cos”, explica a aluna Carolina Al-meida, de 22 anos, formada pelaUniversidade Federal do RioGrande do Norte (UFRN).

Este caderno também é resul-tado das aulas de texto e apura-ção, além da formação humanís-tica agregada ao longo do curso,com foco em política, economia,filosofia e ética.

Para Francisco Ornellas, coor-denador do curso desde a primei-ra edição, em 1990, o programade treinamento é uma das pro-vas do compromisso do GrupoEstado com o jornalismo ético eresponsável. “São testemunhas

disso os 630 jornalistas que pas-saram por ele e hoje atuam noBrasil e no exterior.”

Reconhecido como extensãouniversitária pela Universidadede Navarra, na Espanha, o cursoencontra respaldo no concorri-do mercado de comunicação. Opróprio Grupo Estado acolheparte dos formandos. Da turmaanterior, de 2009, 16 estão atuan-do na empresa. “Os focas são va-lorizados pela direção do jornale os ex-alunos contam comapoio do curso no direcionamen-to da carreira”, diz Rodrigo Bur-garelli, repórter do caderno Me-trópole desde janeiro e aluno doano passado.

Durante o treinamento, os fo-cas se revezam entre as redaçõesdo Estado, Jornal da Tarde, Agên-cia Estado, Rádio Eldorado e Por-tal estadão.com.br. A cada duas se-

manas, eles conhecem o funcio-namento de uma editoria, unin-do conhecimento prático à baseteórica das aulas e palestras.

“O curso é um núcleo de dis-cussão da prática jornalística, pa-ra o qual contribuem muitos dosrepórteres e editores dos veícu-los da empresa”, afirma o diretorde Conteúdo do Grupo Estado,Ricardo Gandour.

Patrocinado por Odebrecht,Philip Morris, Syngenta e Vivo, ocurso deste ano recebeu 1.901inscrições. Os participantes sele-cionados estudaram em faculda-des de Jornalismo de Brasília, Mi-nas, Paraná, Rio de Janeiro, RioGrande do Norte, Rio Grande doSul, Santa Catarina e São Paulo.Currículo e perfil dos 30 forman-dos estão no Banco de Talentos(www.estadao.com.br/talen-tos). / FOCAS DE 2009

Apoio:EXPEDIENTE

%HermesFileInfo:H-2:20101211:H2 Especial SÁBADO, 11 DE DEZEMBRO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

Page 3: 21ºCURSOINTENSIVODE JORNALISMOAPLICADOemtermos.com.br/cbt/imagens/SOB.pdf · 2011-06-30 · Daniela Schmid Amanda Agutuli Na segunda fileira: Felipe Tau Ivan Martínez Lucas Sampaio

Nos últimos 30 anos, o níveldo Aquífero Guarani caiu60 metros na região centralde Ribeirão Preto. O abasteci-mento da cidade vem tododo reservatório. Boa parte doesvaziamento se deve ao des-perdício pela população, porexemplo, com o uso de asper-sores para vaporizar águacontra o calor. Segundo Car-los Eduardo Alencastre, dire-tor regional do Departamen-to de Água e Energia Elétrica(Daee), a cidade usa 50% amais de água do que o neces-sário. “Isso pode ter conse-quências no abastecimento.”

● Mesmo sem a renda dos royal-ties, São Paulo pode ser o Estadoa se beneficiar mais com o pré-sal, desde que invista em diferen-tes setores da economia e acele-re a formação de profissionais,especialmente engenheiros etécnicos. A avaliação é comparti-lhada pelo governo estadual epor especialistas. O setor de pe-tróleo e gás deve investir em SãoPaulo R$ 176 bilhões em obras eatividades do pré-sal nos próxi-

mos 15 anos. Estima-se que 230mil empregos diretos e indiretossejam criados até 2020. O gover-no paulista vai anunciar metasnas próximas semanas, mas en-tre os planos estão incentivosfiscais à cadeia fornecedora e ofortalecimento da formação deespecialistas em petróleo, apro-veitando a presença de universi-dades e institutos de pesquisa.Para o secretário paulista de De-senvolvimento, Luciano Almeida,São Paulo deve se esforçar paracontinuar sendo “a grande loco-motiva” do atendimento ao setorde petróleo e gás, que com o pré-sal passou a ser estratégico, aolado das indústrias automotiva,

aeronáutica e de tecnologia dainformação. “Temos 25 anos pa-ra aproveitar as oportunidades.Depois os poços podem secar e ajanela se fecha”, afirma.Segundo o professor Osvair Trevi-san, diretor do Centro de Estu-dos de Petróleo da Unicamp (Ce-petro), só agora os paulistas co-meçaram a se atentar para aárea. “Muitos dos mestrandos edoutorandos em petróleo aindavêm dos outros Estados.”A Petrobrás instalará seu quartel-general da Bacia de Santos, cida-de que deve receber boa partedas 450 mil pessoas que migra-rão para o litoral paulista nos pró-ximos quinze anos. / CEDÊ SILVA

FOCASABASTECIMENTO

Petrobrás vai reordenar dutos em SP

"Não temcomo tirar acidade, porisso tiram-seos dutos"Edimilson Moutinho,professor da USP

AQUÍFEROGUARANI

RISCO

Contaminado, solo paulista é incógnita

Região depende de poçosde água clandestinos

28 milempregos diretos e indiretosserão criados com a execuçãodas obras em São Paulo

565 kmserá a extensão da redepaulista de dutos apósas mudanças propostas

Previstas antes dadescoberta do pré-sal,obras para instalação danova rede começamnos próximos meses

AYRTON VIGNOLA/AE

ERNESTO RODRIGUES/AE

R$ 2 bilhõesé o valor estimadodo investimento,segundo a Petrobrás

Estado pode sermaior beneficiadocom a exploração

Caminho livre. Com o projeto, não devem ocorrer mais episódios como o de agosto, quando dutos foram achados no terreno onde será o estádio do Corinthians

Controle. Condomínio em Mauá é monitorado pela Cetesb

Paula BianchiTiago Rogero

Boa parte dos moradores do Es-tado não sabe onde pisa. Seja pormeio de postos de combustíveis,áreas industriais ou aterros sani-tários (alguns clandestinos), asformas de poluição do solo se so-brepõem e a própria CompanhiaAmbiental do Estado de São Pau-lo (Cetesb) admite não conhe-cer todas as áreas contaminadas.

O último levantamento da Ce-tesb, de novembro de 2009, lis-

tou 2.904 pontos de contamina-ção no Estado, mas especialistasestimam pelo menos 10 mil, ape-nas na região metropolitana. Deacordo com o ambientalista Car-los Bocuhy, integrante do Conse-lho Nacional do Meio Ambiente(Conama), o solo nunca foi devi-damente mapeado.

Segundo Bocuhy, em 2002, elee outros ambientalistas realiza-ram um levantamento com asmesmas diretrizes do estudo fei-to pela Environmental Protec-tion Agency em áreas contamina-

das pela industrialização nos Es-tados Unidos. “A partir disso, cal-culamos um mínimo de 10 miláreas contaminadas na regiãometropolitana de São Paulo.”

A Cetesb também realizou uminventário em 2002 com um per-fil semelhante ao do levantamen-to americano. O geólogo da Ce-tesb, Helton Gloeden, um doscoordenadores do inventáriopaulista, acha difícil estimar umnúmero, mas admite ser bemmaior do que o apresentado.

Crescimento. Desde 2002, a re-lação de novas áreas cadastradascresce a uma média de 50,5% porano. Segundo a Cetesb, porém,issonão significa necessariamen-te um crescimento da poluição

do solo. De acordo com a empre-sa, o aumento se deve a ações defiscalização e licenciamento.

No relatório, os postos são res-ponsáveis por 79% das áreas con-taminadas e as indústrias respon-dem por 13%. Para Gloeden, elassão mais difíceis de fiscalizar.“São mais complexas, com maiscontaminantes. Nos postos, asubstância é mais evidente.”

Há 2.279 áreas contaminadaspor postos na capital e só 382 atri-buídas a ação de indústrias. Con-tudo, o número de indústrias emSão Paulo é 17 vezes maior que ode postos. “Além da falta de fisca-lização nas indústrias, há muitasfabriquetas de fundo de quin-tal”, diz a agrônoma da USP, Sid-neide Manfredini.

Guilherme Waltenberg

A malha de dutos que leva petró-leo, gás e derivados dos portos àsrefinarias do planalto paulista so-frerá alterações a partir de 2011.A Petrobrás criou, em 2007, umPlano Diretor de Dutos (PDD)para afastar a rede dos grandescentros urbanos e modernizá-la.Agora, mais de três anos após oinício do projeto e na iminênciadoaumento da oferta de combus-tível com o pré-sal, parte dasobras recebeu autorização am-biental para ser iniciada. Os sub-terrâneos da Grande São Pauloserão os mais afetados.

Casos como o ocorrido emagosto, quando dutos da Petro-brás foram descobertos no terre-no onde será construído o está-dio do Corinthians, em Itaquera,não deverão mais ocorrer. Aliás,a linha de 28 quilômetros quepassa por ali – vinda de São Josédos Campos, cortando Guaru-lhos e chegando a São Caetano –será desativada. Outro trecho,de 42,5 quilômetros, entre Barue-ri e São Caetano, também vaisair da rede. Em ambos, a desati-vação será necessária por se tra-tarem de áreas de alta concentra-ção populacional.

Além de alterar a malha duto-viária, o PDD vai desativar algu-mas refinarias e centros de distri-buição de petróleo e construiroutros. Na região da Grande SãoPaulo, os terminais de São Caeta-no e Barueri serão parcialmentedesativados por estarem em lo-cais muito povoados.

A rede, que conta com 628 qui-lômetros, será reduzida para 565quilômetros: o PDD vai cons-truir 55 quilômetros de faixas edesativar 118 quilômetros. Ape-sar da redução, a nova malha terámaior capacidade de transporte.

Em nota, a Petrobrás afirmouque a empresa já recebeu autori-zações da Companhia Ambien-tal do Estado de São Paulo (Ce-tesb) para realizar obras nos ter-minais de Cubatão e Guarulhos.

O início da construção está pre-visto para o começo de 2011.

Segundo Edimilson Mouti-nho, professor do Instituto deEletrotécnica e Energia da USP,a modernização é necessária por-

que há dutos dos anos 1950 e 60ainda em operação. Ele tambémalerta para a questão da seguran-ça. “Houve ao longo dos anos ir-responsabilidade do governopaulista em permitir a constru-ção de casas na região de dutos.Agora não tem como tirar a cida-de, por isso tiram-se os dutos.”

Preparação. Outras partes doprojeto ainda esperam licencia-mento ambiental. O processoprevê três etapas: Licença Pré-via, Licença de Instalação e Li-cença de Operação. Paralelamen-te, empresas estão sendo licita-das para realizar as obras. Serãocriados 28 mil empregos diretose indiretos com o projeto e inves-tidos mais de R$ 2 bilhões, segun-do dados de 2007 da Petrobrás.

Gustavo AntonioGustavo S. Ferreira

A Grande São Paulo tem 17 milpoços particulares, 35% delesclandestinos. Os dados são doDepartamento de Águas e Ener-gia Elétrica (Daee) de São Paulo,que enfrenta um dilema: com osilegais, a região metropolitanaestá exposta a graves problemasambientais e de saúde pública;sem eles, o abastecimento entra-ria em colapso.

Um dos riscos da ilegalidadeestá na poluição de reservató-rios. “Se um solo é contaminado,a água também é”, explica Ricar-do Hirata, diretor do Centro dePesquisas de Águas Subterrâ-neas da USP. São 2.904 áreas con-taminadas no Estado, conformea Companhia Ambiental do Esta-do de São Paulo (Cetesb). Dascinco consideradas críticas, qua-tro estão na região metropolita-na: os bairros de Jurubatuba e Vi-la Carioca, na capital, o Condo-

mínio Residencial Barão deMauá, em Mauá, e o Jardim dasOliveiras, em São Bernardo.

Um poço ilegal chega a custarmetade de um regular. Só que,além de problemas ambientais,pode trazer doenças graves. Se-gundo dados do Programa doMeio Ambiente das Nações Uni-das (Unep), águas sujas são res-ponsáveis pelas 2,2 milhões demortes que ocorrem no mundo,por diarreia, a cada ano. Cólera,hepatite A, amebíase e febre tifoi-

de também estão entre os malescausados pelo contato com essaágua poluída. Poços, em geral,são usados por um grande núme-ro de pessoas, o que agrava a si-tuação. Hotéis e escolas estão en-tre os maiores perfuradores.

Crises. A região metropolitanademanda 78 m³ de água por se-gundo. Dessa quantia, 13% vêmdo solo. Enchem dez caixasd’água de mil litros por segundoe evitam racionamentos. Contu-do, a importância do solo para oabastecimento tende a aumen-tar a exploração. Os poços, hojeimprescindíveis, podem ruir osistema se usados de uma manei-ra não-sustentável.

Para evitar as crises de abaste-cimento, além de conscientizara população, Hirata defende so-luções inovadoras. Em Madri,

por exemplo, a prefeitura deci-diu, durante as cheias, injetar oexcedente de água no subsolo.Este reservatório serve como sal-vaguarda para eventuais secas.

O diretor do centro de pesqui-sas da USP aponta diminuiçãonas reservas. Isso tornaria o bom-beamento mais caro e poços po-deriam ser abandonados. Se a su-perfície, saturada, ganhar usuá-rios, faltará água. O Daee nega oesvaziamento. Aponta queda de20% nas perfurações, mas não asrestringe.

Para um novo poço responderàs normas do Daee, antes de con-tratar uma perfuradora é reco-mendável encomendar o proje-to a um geólogo. Cadastrado aoConselho Regional de Engenha-ria e Arquitetura, o profissionaldá garantias ao contratante denão lidar com clandestinos.

%HermesFileInfo:H-3:20101211:O ESTADO DE S. PAULO SÁBADO, 11 DE DEZEMBRO DE 2010 Especial H3

Page 4: 21ºCURSOINTENSIVODE JORNALISMOAPLICADOemtermos.com.br/cbt/imagens/SOB.pdf · 2011-06-30 · Daniela Schmid Amanda Agutuli Na segunda fileira: Felipe Tau Ivan Martínez Lucas Sampaio

FOCASCONFUSÃO

Prefeitura só terámapa digital deredes após 2012

Uso do solo renderia R$ 1 bilhão

Para dar ordem ao emaranhado

● Quanto vale

GeoConvias vai unificardados fornecidospelas concessionárias,considerados imprecisospor especialistas

R$ 12,87é o valor máximo por m2 cobradopela cidade a concessionárias

R$ 0,50é quanto paga por m2, em média,a Comgás, uma das contribuintes

ESG

MAPEAMENTO

90%foi a reduçãono número de acidentes entre a Sabesp e a Comgás após a integração dos mapas das duas

VANTAGENS DO PISCINÃO DO PACAEMBU

!!!!!!!!107,831 tonela

de lixo já foram recdos piscinões da G

São Paulo nesteO Jardim Maria Saé o mais poluído: retiradas 22,2 tonde detritos. Os res

transportados pchuva entopem

estrutura de drencausando enche

COMO A ÁGUA ESCOA

CAPACIDADE DOS PISCINÕES (em mil m3³)

25Pedras

Pedreira1.500

Sharp500

Jabaquara360

Aricanduva III320

Caguaçu 310

Rincão304

Limoeiro300

Oratório280

Guaraú240

Bananal210

Aricanduva I 200

Aricanduva V 167

Aricanduva II150

Pacaembu74

Jd. Maria Sampaio 120

Cedrolândria113

Anhanguera 100

Inhumas100

Único subterrâneo

• É totalmente subterrâneo, e a área em cima dele pode ser apr

• Sua construção não interrompeu trânsito ou desapropriou ter• Está em local desnivelado, escoando a água e a sujeira natura

O sistema de drenagem de São Paulo é composto principalmente por piscinões e galerias

DRENAGEM E PISCINÕES

ÁGUA

GÁS

A água é armazenada nos piscinões antes de ser escoada para galerias e rios

1

2 No Pacaembu, único piscinão subterrâneo, a água cai pelas calhas até o reservatório

3 A água da chuvaentra pelos bueiros e escorre pelas galerias até os rios

1

galerias

piscinões

rios

Pacaembu

piscinões

bocas de lobo

km de galerias e córregos

GASTOS COM DRENAGEMO investimento público em construção e limpeza vem aumentando nos últimos anos (em R$ milhões)

0

150

2004 2009 2010(pr

400

300

60

309

421

54

A lei de 2003também determinaque a passagem de

cabos e fios pelo subsolo deve ser

remunerada à Prefeitura

%

Lei municipal de2003 obriga as

empresas que usamo subsolo a entregarà Prefeitura dadosda localização das

suas redes

3% a 5% é o custo do

mapeamento do subsolo no

orçamento de obras

19 4.066400 milAs galerias são canais subterrâneos que direcionam a água da chuva para os rios.

Os piscinões são reservatórios que retêm água da chuva para que os rios não sobrecarreguem e transbordem. Somente um piscinão é subterrâneo, odo Pacaembu

São Paulo ainda não sabe por completo o

que tem sob seus pés

A profunde redesde 1 a 10é feito po

• O descarte inuma das princip

• Segundo a Saregulares têm liesgoto; e 75%, t

São Paulotem 19,1 mil

de redesde distribuiç

de água

• Todo dia a Saconsertos na cid1,5 mil trabalhaA pressão do trácolabora com o

!!!!!

A Comgás possui 4 mil km de rede na cidade de São Paulo. A principal causa de vazamentos são danos causados por terceiros durante escavações

R$ 400milhões

785 milé o investimento

anual, sendo80% para a

construção de redes de distribuição

clientes são atendidos na cidade

pela empresa

de rede estão desativados em

São Paulo

450 km

2

3

MAPEAMENTO: Convias, Eletropaulo, Telefônica e Carlos Zveibil Neto ( vice-presidente daAssociação Paulista de Empresários de Obras Públicas); ESGOTO: Sabesp; POÇOS: Daee,Ricardo Hirata (geólogo e professor do Instituto de Geociências da USP) e João Carlos deSouza (conselheiro da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas); DRENAGEM: Prefeitu-ra de São Paulo e Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê; CONTAMINA-ÇÃO: Cetesb; ANIMAIS: Covisa (órgão subordinado à Secretaria Municipal de Saúde); GÁS:Comgás; ÁGUA: Sabesp; METRÔ: Companhia do Metropolitano de São Paulo

Andréa CarneiroFábio Pupo

A cidade de São Paulo poderiater arrecadado, nos últimos no-ve anos, mais de R$ 1 bilhão dasempresas cujos serviços depen-dem do subsolo. O chamado“preço público” seria cobradopela passagem de cabos e redesinstalados abaixo de vias públi-cas, como os de telefonia e inter-net, por exemplo. Muitas conces-sionárias estão isentas graças adecisões judiciais, o que fez o mu-nicípio só receber 1,5% desse va-lor (R$ 15 milhões).

De acordo com o relatório fi-nal da CPI da Câmara Municipalque investigava a cessão de áreaspúblicas à iniciativa privada em2001, a cidade arrecadaria R$ 118milhões por ano, considerando arede subterrânea até então exis-tente. Segundo o vereador PauloFrange (PTB), um dos relatores,a arrecadação atual seria aindamaior, pois a rede cresceu.

Em 2003, um projeto de lei foi

aprovado na Câmara para estabe-lecer a cobrança, substituindodecretos anteriores. O texto de-termina que a passagem de equi-pamentos de infraestrutura emvias públicas, inclusive em sub-solo e espaço aéreo, deve ser re-munerada mensalmente. Naépoca, foram estabelecidos deR$ 0,04 a R$ 9. Atualmente, co-mo determina a lei, os valores fo-ram reajustados pelo Índice dePreços ao Consumidor Amplo(IPCA) e ficariam entre R$ 0,06e R$ 12,87 por metro quadrado.

Com 4 mil quilômetros de re-de, a distribuidora Comgás éuma das poucas empresas quepaga a remuneração, aproxima-damente R$ 0,50 por metro qua-drado ocupado. Outras conces-sionárias, como a Eletropaulo ea Sabesp, recorreram à Justiça egarantiram a isenção.

A Prefeitura alega que não po-de se pronunciar sobre os proces-sos em trâmite. Nos tribunais,defende ter a propriedade dosbens de domínio público e deseus respectivos subsolos. Issolhe garantiria o direito de admi-nistrar e cobrar pela ocupação.

Para o advogado Luís EduardoSchoueri, a cobrança só seria jus-tificada quando a rede da empre-sa impedisse o uso público, o quenão é o caso das vias. Já o juristaKiyoshi Harada e o professor deDireito Aires Barreto, membrodo Instituto Brasileiro de Estu-dos Tributários, defendem o pa-gamento. “O Município tem opoder de cobrar pelo uso do seupatrimônio”, diz Barreto.

Bernardo Barbosa

Não existe um mapeamento exa-to do subterrâneo de São Paulo.Essa imprecisão provoca aciden-tes, retrabalho e gasto público eprivado desnecessário. Para re-solver o problema, a Prefeituracriou em janeiro de 2009 o proje-to GeoConvias, que também pa-rece longe de solucionar o impas-se. A proposta é reunir em umúnico cadastro todas as redes,com dados fornecidos pelas con-cessionárias, considerados fa-lhos por especialistas.

“Os mapas são pouco confiá-veis. O cadastro mostra a redena rua, mas na verdade está nomeio do terreno”, exemplifica ovice-presidente da AssociaçãoPaulista de Empresários deObras Públicas (Apeop), CarlosZveibil Neto. Há diferenças en-tre as projeções e a realidade por-que, muitas vezes, as mudançasnos traçados não são registradase algumas estruturas antigasnem foram detectadas. Com ocrescimento urbano nos últi-mos 100 anos, surgiram redessubterrâneas para levar os servi-ços necessários ao funcionamen-to da cidade, como água, gás, es-goto, telefonia e internet.

A diretora do Departamento

de Controle de Uso de Vias Públi-cas (Convias), Antonia Gugliel-mi, estima que o órgão autorizecerca de 100 obras de expansãode redes e 300 execuções de ra-mais todo mês. “Na prática, sãoabertos de 2 mil a 3 mil por mêsna cidade”, afirma. Segundo ela,por vezes as empresas executamos ramais como obras de emer-gência, o que só exige um aviso àCompanhia de Engenharia deTrânsito (CET). Sendo fiel à lei,diz ela, um ramal feito comoobra emergencial é clandestino.

Acidentes. A desorganizaçãoaumenta os riscos de acidentes.“De tempos em tempos, algumtrator arranca cabos, canos de es-goto, entre outras redes, justa-mente porque falta controle”,diz o geógrafo e professor daUSP Jurandyr Ross. “Quantomais completos forem os dadosgeográficos e cartográficos, me-lhor será a gestão pública.”

A engenheira Carla Sautchuk,da Tecnologia e Consultoria deSistemas em Engenharia (TE-SIS), explica que, além de danosmateriais e problemas no trânsi-to, há um custo social nos aciden-tes com interrupção do forneci-mento. “É incalculável o valorde uma hora sem energia.”

Para Sérgio Palazzo, diretorde Relações Institucionais da As-sociação Brasileira de Tecnolo-gia Não Destrutiva (Abratt), a so-lução seria um dispositivo legalpara obrigar as permissionáriasa demarcarem as redes no localde eventuais obras. Segundo ele,

o procedimento é usado em paí-ses desenvolvidos.

As concessionárias dizem queatualizam constantemente seusmapas. Comgás e Sabesp afir-mam registrar as mudanças emseus cadastros, acompanhandoo trabalho uma da outra.

Integração. Já faz mais de umadécada que a Prefeitura tenta ge-renciar as redes do subsolo. En-tretanto, o levantamento inte-grado não estará completo antesde 2012, segundo o Convias, res-ponsável pela mais recente ten-tativa de chegar a esse mapea-mento, o GeoConvias, que pre-tende criar um mapa digital úni-co do subterrâneo.

Apesar de uma lei municipalde 2003 prever a entrega dos ca-dastros das redes ao município,muitas empresas não o fizeramaté hoje. Um decreto de 1999 doentão prefeito Celso Pitta já exi-gia que as companhias envias-sem as informações ao Convias.

A Eletropaulo, por exemplo,conseguiu na Justiça o direito denão enviar os dados e de não pa-gar o “preço público” pelo usodo subsolo – outro motivo peloqual algumas companhias nãoquerem entregar seus mapas.

Mas nem sempre a dificulda-de está em obter os dados. Co-mo as empresas não foram obri-gadas a fornecer os cadastrosem formato digital, as informa-ç õ e s e s t ã o e m p a p e l . /

COLABORARAM AMANDA AGUTULI,

ANDRÉA CARNEIRO, BRUNA MAIA E

CAROLINA ALMEIDA

Amanda AgutuliAndréa CarneiroCarolina Almeida

Uma solução para a desordemno subterrâneo de São Paulo é aconstrução de valas e galeriastécnicas. “Este sistema integratodas as redes do subsolo e asorganiza em um mesmo espa-ço”, explica a engenheira CarlaSautchuk. Assim, há um cadas-tro unificado, em vez de mapasisolados. “Na hora da obra, sabe-se a localização exata das redes.”

Cidades como Washington,Paris e Londres optaram por um

sistema semelhante. No Brasil,ele é usado em Minas Gerais ePernambuco. Na capital paulis-ta, já chegou à Vila Olímpia, porexemplo. As tubulações são aco-modadas em túneis, facilitandointervenções e aumentando a vi-da útil do sistema. As valas po-dem ou não ser acessíveis. Nasgalerias, há um túnel onde se po-de entrar e fazer a manutenção.

Raio X. Para driblar a confusãosubterrânea, as construtoras in-vestem em tecnologia de mapea-mento, que representa de 3% a5% do custo das obras. Nos últi-

mos anos, novos métodos facili-taram o planejamento. O geo-ra-dar atua de maneira não-invasi-va, como se fosse um raio X.

“O Ground-Penetrating Ra-dar, método geofísico eletromag-nético, localiza com mais preci-são alvos no subsolo”, diz o geofí-sico e professor da USP JorgePorsani. A tecnologia foi aplica-da na ampliação da estação ferro-viária da Luz. “Todas as escava-ções foram realizadas com ostrens em operação”, disse o enge-nheiro e professor da USP Rober-to Kochen, que prestou consulto-ria durante a obra.

%HermesFileInfo:H-4:20101211:H4 Especial SÁBADO, 11 DE DEZEMBRO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

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DEBATE

Solução para acidade está nosubterrâneo?

Em outros países,fim dos problemasEm Madri, um rodoanel símbolode caos na hora do rush é hojeum espaço com área verde, par-que e ciclovias. A via, agora, estáno subterrâneo. No Japão, me-gaestações de metrô estão liga-das por centros comerciais, esta-cionamentos e galerias de arte.Exemplos parecidos são vistosno Canadá e em partes da Euro-pa. Construídas para fins dife-rentes, tais iniciativas têm umponto comum: a melhora na qua-lidade de vida da população.

As ideias levadas adiante no ex-terior podem servir de inspira-ção para empreendimentos noBrasil, mas as soluções devemser pensadas caso a caso, segun-do especialistas. “É preciso umplano de ocupação do subterrâ-neo, pois demolir uma obra nosubsolo não é simples como nasuperfície”, diz Han Admiraal,professor do Centro de PesquisaAplicada do Espaço Subterrâ-neo, em Roterdã, na Holanda.Abaixo, conheça algumas inicia-tivas internacionais de sucesso.

AlagamentoTúnel dois em umKuala Lumpur, MalásiaEm razão do encontro de dois riosno centro da cidade, a chuva erasempre motivo de alagamento. Asolução foi a construção de umtúnel multiuso, de 9,7 quilôme-tros, chamado de Smart – abrevia-ção para Stormwater Manage-ment and Road Tunnel; em portu-guês, Túnel para Tráfego de Veícu-los e Gerenciamento de Água deChuva. Dividido em três partes,duas para veículos e outra paraágua, o túnel direciona aos rios oque causaria enchente. Se a chu-va é muita, funciona só para es-

coar o grande volume. É reabertoao tráfego em 48 horas.

TrânsitoGrande escavaçãoBoston, Estados UnidosUm viaduto com seis pistas deuma rodovia cortava a cidade edividia centro histórico e baía des-de 1959. Era uma estrutura pare-cida com o Minhocão de São Pau-lo. Conhecido como Artéria Cen-tral, o elevado desde 1980 já nãosuportava a passagem de 200 milveículos por dia. A solução foi au-daciosa. Chamada de Big Dig(grande escavação), a obra duroude 1991 a 2006 e envolveu a cons-trução de 13 quilômetros de tú-neis com até dez pistas cada. Nofim da obra, de custo estimadoem US$ 15 bilhões, a cidade ga-nhou 45 parques e praças e redu-ziu em 12% as emissões de CO2,com o fim de congestionamentos.

LixoColeta subterrâneaBarcelona, EspanhaNem cheiro de lixo nem barulhode caminhões. Em Barcelona es-sa é a realidade de 20% da popula-ção, que descarta seu lixo por umsistema subterrâneo de coleta.Instalado em 1992 nos prédiosda Vila Olímpica, foi levado a ou-tros bairros e continua em expan-são. Hoje Barcelona tem 113 quilô-metros de dutos espalhados por10% da área da cidade, que cole-tam 140 toneladas de lixo por dia.Os resíduos são descartados empontos nas ruas e nos edifícios.Depois, são transportados por arcomprimido a 70 km/h até umacentral. / LUCAS SAMPAIO, MARIANA

CONGO, MARINA ESTARQUE E

NAYARA FRAGA

NãoO arquiteto e ur-banista Jaime Ler-ner diz que São

Paulo está viciada em um fal-so dilema entre a superfície eo subterrâneo. Sua crítica:nem metrô nem carro resol-vem sozinhos o problema dotrânsito na cidade, o sistemadeve ser integrado.

● Como se resolve o trânsito?A solução subterrânea ocor-reu há 150 anos, quando eramais barato trabalhar no sub-solo. Londres, Paris, Moscou eNova York têm redes comple-tas de metrô, pois as fizeramantes mesmo do ônibus. EmSão Paulo, a solução para a mo-bilidade não será só subterrâ-nea. Além do custo e do tem-po da obra, a operação tem deser subsidiada.

● É possível mudar São Pauloem pouco tempo?Sim. São Paulo criou um falsodilema e se viciou nele: ou me-trô ou automóvel. Nenhumdos dois isoladamente ou con-juntamente vai resolver o pro-blema. O metrô porque nãohá tempo para construir umarede completa. As pessoas pen-sam que o metrô vai passarem frente da casa delas, mas is-so não vai acontecer nunca. Eas obras viárias levam o carrode um congestionamento a ou-tro mais rapidamente.

● Há alternativas?A solução de mobilidade é acombinação de todos os siste-mas: ônibus, trem de subúrbioe metrô. / MARIANA CONGO

SimOs grandes proje-tos de interven-ção no subsolo

empreendidos no exterior sãopossíveis em São Paulo. Para oPhD em obras subterrâneas eprofessor titular da Universi-dade de Brasília André Pache-co de Assis, temos tecnologiae dinheiro para isso.

● Por que usar o subsolo?Se deixamos a superfície paraáreas verdes e lazer, a socieda-de ganha. É preferível abrir ca-minho no subterrâneo para es-tacionamento, metrô e mais.Pode-se pôr de tudo lá embai-xo. Até museu, pois a tempera-tura a 15 metros de profundi-dade não oscila, o que signifi-ca corte de gasto com ar-con-dicionado e calefação.

● Enterrar vias não estaria dis-tante da realidade brasileira?De forma nenhuma, temos tec-nologia e dinheiro. Ninguémquer esconder o alto custo deuma obra subterrânea. É preci-so levar em conta fragilidadesdas redondezas, como uma li-nha de esgoto mal projetada.Mas construção na superfícietambém exige demolição, in-denização, desvio de tráfego.

● Qual é a saída para os proble-mas do transporte coletivo?A sociedade quer metrô, queralternativas que facilitem a vi-da. Quanto custam os engarra-famentos de São Paulo? São170 quilômetros todo dia: arpoluído, pessoas hospitaliza-das, estresse. É um custo so-cial absurdo. / NAYARA FRAGA

A demanda da Grande São Paulo é de 78 m3 de águapor segundo. Os 17 mil poços particulares são essenciais para que a demanda seja atendida

Desses poços, 35% são clandestinos

POÇOS

GOTO

ANIMAIS

CONTAMINAÇÃO DO SOLOAmbientalistas criticam a falta de mapeamento das áreas contaminadas

METRÔ

SITUAÇÃO DESSAS ÁREAS

Contaminada

1397

Contaminada sob investigação

579

Em processo de monitoramento para reabilitação

819

Reabilitada

110

32%das áreas contami-

nadas são considera-das aptas para uso

44gases tóxicos foram

encontrados no Conjunto Residen-

cial Barão de Mauá, construído sobre um aterro de lixo

clandestino

Causas da contaminação

Postos de combustíveis

79%

13% Indústria

4% Comercial4% Outros

%

%

%

PARA UM POÇO DE 200 METROS

87%

13%% vêm de

águassuperficiais (do sistema

da Sabesp), o que equivale

a 68m3

vêm dos17 mil poços

LUGARES AFETADOS

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 20090

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

255

7271.596

2.272

2.904

CRESCIMENTO

ESTAÇÕES POR LINHA

adascolhidas Grande e ano.ampaioforam eladas síduos pelam aagem,

entes

roveitada

renosalmente

A

Em cinco anos, o númerode usuários do metrôsubiu 28,7%

No total são 60,sendo que as estações Sé, Ana Rosa e Paraíso integram maisde uma linha

2011*rojeção)

40

Estima-se que 15% dos domicíliosestejam infestadospor ratos

Ratos, baratas e escorpiões são as principais pragas no subterrâneo. Ratos roem tubulações e cabos e podem até causar incêndios

Nos poços clandestinos,

não há avaliação técnica da água. O aspecto limpo não

significa que é potável. Pode estar

contaminada

São 41 mil kmde redes de

telecomunicaçãona cidade. Cerca de

38 mil km são da Telefônica, sendo

6,6 mil kmsubterrâneos

O rato é a principal preocupação, pois sua urina causa leptospirose. O escorpião é arriscado devido ao veneno da sua picada. A barata não transmite doenças diretamente, mas é chamada de “transmissor mecânico”, pois carrega em seu corpo diversos microor-ganismos adquiridos durante suas andanças por esgotos, canos e lixo

TRÊS ESPÉCIES QUE HABITAM A CIDADE

Ratazana(Rattus norvegicus): é a maior espécie. Vive em média dois anos. Usa as galerias subterrâneas para locomoção

Rato de telhado(Rattus rattus): vive um ano e meio e gosta de escalar. Tem caldalonga para se equilibrare anda sobre fios

Camundongo(Mus musculus): vive durante um ano, dentro de casas. É até 10 vezes menor que a ratazana

4 meses e meio é o tempo necessário para conseguir a concessão de um poço. É preciso renovar a cada 5 anos (poços privados) ou 10 anos (poços de uso público)

R$ 70 mil a R$ 80 milé o custo total de um poço regularizado de200 metros de profun-didade. O dobro de um poço clandestino

!R$ 1 bilhão

é o que a Prefeitura poderia arrecadar

nos últimosnove anos pela

cobrança do usodo subsolo

Em média, são 3,5 milhões de usuários por dia. Equivale à soma da população de Campinas, Sorocaba e São José dos Campos

626,4milhões de passageiros

usaramo metrô neste ano,

de janeiro a outubro

232322233 144141411881888 6666 2222

ndidade dos 15,4 mil kms de São Paulo varia0 metros. O escoamentoor gravidade

adequado de óleo de cozinha é ais causas de entupimento

abesp, 100% dos domicílios gação de água; 97%, coleta de ratamento de esgoto

40% foi a queda no número de

reclamações sobre ratos entre 2005 e 2009, após o início

da vigilância

A extensãoda rede de

energia elétrica da São Paulo é de

45.584 km, sendo 2.996 km no subterrâneo

okm

ção

Há cerca de400 km de redes desativadas no

subsolo da cidade

Redesda década de 1920 ainda

funcionam. As mais antigas estão na Sé, no Brás, na

Liberdade e na Consolação.

A Sabesp pretendetrocar na região metropolitanacerca de 200 km de redes de água por ano, a um custo anual de R$ 40 milhões

abesp faz cerca de mildade, mobilizando cerca dedores. Custam a partir de R$ 60.áfego de veículos sobre o solo desgaste

O abastecimentode água e a coleta e

tratamento de esgoto de São Paulo têm 34,503 mil km, o equivalente a mais de 78 viagens entre São Paulo e Rio de

Janeiro

No mundo,o metrô de São

Paulo tem o maior número de

passageiros por quilômetro

de linha

705,8

5032009

2004

PRODUÇÃO: BRUNA MAIA E LUCAS SAMPAIO

O ESTADO DE S. PAULO SÁBADO, 11 DE DEZEMBRO DE 2010 Especial H5

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Highlight
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FOCASMETRÔ

Por dentrodas novasestações

● ExtensãoNo total, a Linha 4-Amarelaterá 12,8 km. Já estão emoperação 3,6 km dos 8,9 kmincluídos na primeira fase

● RestanteCom inauguração prevista até2014, a segunda fase inclui asestações Vila Sônia, Morumbi,Fradique Coutinho, Oscar Freiree Higienópolis/Mackenzie

OUTRAS ÁREAS

ARQUEOLOGIA

Sítio arqueológico encontrado emPinheiros terá exibição permanente

CHUVAS

Prefeitura admite riscode alagamentos no verão● Petybon

A Fábrica de Louça SantaCatharina foi descoberta em2003 sob a fábrica Petybon,na Lapa. Foram achadosmais de 30 mil fragmentos epeças inteiras fabricadas nolocal no início do século 20

● LíticoLocalizado no Morumbi, temcerca de 6 mil anos. Foramencontrados raspadores,facas e pontas de flecha

● ItaimFica no terreno da Casado Itaim-Bibi, imóvelbandeirista tombado peloCondephaat e Conpresp

● Solar da MarquesaDescoberto na década

de 1980, o sítio nocasarão do centroteve as últimasescavações em

julho. Um anel epedaços de louças

foram achados

"Esperamoslocalizarvestígios dealdeamentosjesuítas doséculo 16"Plácido Cali, arqueólogoresponsável pelo estudo

EPITÁCIO PESSOA/AE

Visitamos trechos daLinha 4 em obras. Luz,República, Butantãe Pinheiros têm entregaprevista para 2011

Vanessa CorrêaRodrigo Rocha

Quando os tapumes das obrasde revitalização do Largo da Ba-tata, em Pinheiros, forem retira-dos, quem passar pelo trecho en-tre as Ruas Fernão Dias e Teodo-ro Sampaio poderá ver mais doque uma praça. Uma iniciativainédita na cidade prevê a exposi-ção permanente de parte de umsítio arqueológico descobertono local, no início do ano. Duran-te os trabalhos, foram encontra-dos cerca de 40 mil peças e frag-mentos de objetos do século 19.

Chefiada pelo arqueólogo Plá-cido Cali, a equipe responsávelpelo estudo do local planeja dei-xar no fim da revitalização par-tes do sítio arqueológico expos-tas e iluminadas. “Isso é impor-tante para mostrar às pessoasque existe história onde elas es-tão pisando”, afirmou Cali. A ini-ciativa se assemelha às adotadaspor cidades como Roma e Ate-nas, que conciliaram a execuçãode obras do metrô com a preser-vação de locais históricos.

Segundo o projeto, os vestí-gios estarão visíveis em trêsáreas do sítio, cada uma com 2metros quadrados. O material se-rá cercado e coberto por placasde vidro, que estarão no nível dosolo. A proposta já foi aprovadapelo Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional(Iphan) e pela SP Obras, empre-sa da Prefeitura. “Nossa maiorpreocupação é garantir que a ex-posição não causará danos aosvestígios arqueológicos”, disseRossano Lopes Bastos, arqueólo-go do Iphan.

Em sua maioria, os cerca de 40mil peças e fragmentos de obje-tos descobertos durante asobras em Pinheiros são louças egarrafas, o que aponta para a exis-tência de uma antiga taverna naregião. Todos os vestígios de-vem ser catalogados e mantidosno Departamento do Patrimô-nio Histórico (DPH).

Os trabalhos de revitalização,que tiveram início em 2009, fo-ram suspensos por 40 dias após a

descoberta do sítio arqueológi-co. “O Iphan embargou a obra jáem andamento. Felizmente, nãohouve danos ao sítio porque ain-da estavam na fase de demoli-ção”, contou Cali.

As escavações no sítio de Pi-nheiros foram encerradas emagosto, mas o arqueólogo acredi-ta que mais descobertas serão fei-tas quando o quarteirão entre asRuas Cardeal Arcoverde e Balta-zar Carrasco for demolido. “A re-gião abrigava aldeamentos jesuí-tas no século 16. Esperamos en-contrar vestígios desses aldea-mentos”, disse.

Pesquisa. São Paulo tem 49 sí-tios arqueológicos, sendoque 31 foram descober-tos na última década.A pesquisa arqueo-lógica em São Pau-lo tomou fôlegona década de 1980e se consolidouem 2002, quandofoi aprovada a portaria do Iphanque tornou obrigatória a realiza-ção de pesquisa ambiental e ar-queológica antes da construçãode qualquer empreendimento.

A portaria possibilitou a desco-berta de inúmeras peças e vestí-gios da São Paulo antiga. A deter-minação, contudo, exige estudoprévio apenas em áreas maioresque 900 metros quadrados. “Ou

seja, áreas enormes não são ex-ploradas e isso pode resultarna destruição de sítios impor-tantes por falta de conheci-mento”, afirmou Cali.

O maior desafio enfrenta-do pelos arqueólogos é a pres-são dos donos dos empreendi-mentos, que não querem versuas obras paradas por umlongo tempo.

Ramon VitralRicardo Santos

O sistema de combate a enchen-tes em São Paulo está em xeque.Apesar do investimento de R$421 milhões na ampliação e nalimpeza do sistema de drena-gem em 2010, 36% maior do queno ano anterior e sete vezes ovalor investido em 2004, as auto-ridades admitem que as estrutu-ras poderão ser insuficientes napróxima temporada de chuvas.

Atualmente, a Prefeitura reali-za 88 intervenções em áreas derisco. Focos de problemas em2009, as Bacias do Rio Aricandu-va (zona leste) e dos CórregosPirajuçara (zona oeste) e Ipiran-ga (zona sul) são prioritárias. Osbairros Jardim Romano e JardimPantanal (zona leste), alagadospor mais de 50 dias no início doano, também passam por obras.

O município ainda administra19 piscinões, mais de 4 mil quilô-metros de galerias e 400 mil bo-cas-de-lobo. Mesmo com todaessa estrutura, o diretor da Divi-são de Obras de Águas Pluviaisda Prefeitura, Ariovaldo Lopes,não descarta novas inundações.“Nunca sabemos, mas acho queo que aconteceu no início de2010 pode se repetir.”

A fragilidade da estrutura daPrefeitura ficou mais evidentecom o Sistema de Previsão e Aler-

ta de Enchentes. Inaugurado emsetembro, cruza dados meteoro-lógicos e de redes de monitora-mento de água e deveria preverinundações duas horas antes.Mas, em 25 de outubro, falhou enão previu um transbordamen-to em Americanópolis, na zonasul, que causou duas mortes.

Responsável pelo plano de dre-nagem da cidade, de 1998, o enge-nheiro Aluísio Canholi reitera aslimitações de São Paulo. “Tenta-mos reduzir a frequência das en-chentes, mas quem mora na bei-ra do rio está sujeito a elas.”

Saída. As galerias foram priori-dade até 1995, ano de construçãodo piscinão do Pacaembu, o pri-meiro dos 19 da cidade. Os im-pactos ambiental e urbanísticosão as principais críticas de espe-cialistas a essas estruturas, comaté 30 metros de diâmetro. Se-gundo o ex-professor da EscolaPolitécnica da USP Júlio Cer-queira, uma falha nos piscinõesteria consequências mais gravesdo que um problema em gale-rias, pois eles acumulam a água.

Para Álvaro dos Santos, geólo-go do Instituto de Pesquisas Tec-nológicas do Estado de São Pau-lo, piscinões e galerias são solu-ções invasivas e caras. “O idealseria que ao menos 15% de cadabacia hidrográfica urbanizadafosse coberta por bosques.”

Amon BorgesGustavo AleixoIvan Martínez

A temperatura cai gradativamen-te conforme se segue até a plata-forma. Filtrada pela imensa cla-raboia, a luz externa acompanhao trajeto de descida, de cerca de40 metros de profundidade. Láembaixo, fios, cabos, equipamen-tos, cheiro de cimento fresco euma fina poeira cobrindo piso eparedes da futura Estação Luzda Linha 4-Amarela do Metrô. Aestrutura está quase pronta parareceber os passageiros em 2011.

Na superfície, os que passampela Luz podem ver um canteirode obras com pouca movimenta-ção. Atualmente, trabalham alimenos de 10% dos 8.500 operá-rios que chegaram a participar doprojetodaLinhaAmarela.Eles es-tão na fase de acabamento: mon-tam escadas rolantes, checam tú-neis e outras instalações.

Operários na Estação Butantãtrabalham em bloqueios de vi-dro, que substituem as catracas.Com as paredes forradas por pe-ças retangulares metálicas, oacesso principal recebe os últi-mos retoques. Na Estação Repú-blica, o vaivém de funcionáriosse concentra na plataforma, on-de estão sendo instaladas portasde vidro à beira dos trilhos. Sãoas mesmas usadas nas EstaçõesFaria Lima e Paulista, em opera-ção desde maio. Abrem em sin-cronia com as portas dos trens.

O teto e as paredes brancos eos ladrilhos verdes da nova Esta-ção República confirmam o pa-drão clean adotado na Linha 4 –

visual bem diferente do ambien-te escuro das estações antigas.O contraste fica evidente na pró-pria República, onde o preto dopiso emborrachado e o cinza doconcreto das paredes predomi-nam na parte velha. Na Luz, osambientes também são claros,mas o que muda é a cor das pilas-tras, revestidas de vermelho.

Com atraso. Por causa de umdeslizamento em 2007, o proje-to da Estação Pinheiros sofreuatraso. O acidente abriu uma cra-tera de 80 metros de diâmetro e30 metros de profundidade e ma-tou sete pessoas. Hoje, a estação,cujo acesso tem formato circu-lar, está na fase final das obras.

A inauguração de Luz, Repúbli-ca, Butantã e Pinheiros está pre-vista para 2011. Inicialmente asseis estações da primeira fase daLinha 4 estariam abertas até ofim deste ano. Delas, só Paulistae Faria Lima foram entregues,mas operam em horário reduzi-do, das 9 às 15 horas. Em quasesete meses, mais de 1,5 milhão depessoas passaram pelas duas –cerca de 12 mil por dia útil. Segun-do a ViaQuatro, concessionáriada linha, com o fim da primeirafase, o número diário de passa-geiros deve chegar a 750 mil.

Toque marcante. Na parte nova da Luz, a claraboia garante iluminação natural, realçada pelo teto e pelos ladrilhos brancos

RAIO X

%HermesFileInfo:H-6:20101211:H6 Especial SÁBADO, 11 DE DEZEMBRO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

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FOCAS

● Em famíliaA babá Maria José(na foto, de vermelho)divide o quarto de pensãoe o aluguel com afilha Andréa (à esquerda)e o filho Rodrigo.A tia deles, Maria Lúcia,(à direita) tambémmora no porão

● CantinhoO pequeno cômodo de tetobaixo acomoda geladeira,fogão, TV e computador.No colchão de solteiroencaixado no centro doquarto, dormem Nalvae a filha, Érica, entre ursosde pelúcia e pôsteres doRestart e do Daniel

SEM JANELA

Da Paraíba para os porões paulistanos

Histórias de quem conhece a vida embaixo da terra

URBANISMO

Moradores aprovamOperação Lapa-Brás

Cidades enterram trilhos para mudarentorno e melhorar o transporte

ALTERNATIVA

DANIEL TEIXEIRA/AE

Subterrâneos de antigoscasarões da regiãocentral viraram comércioou pensões para famíliasde baixa renda

FOTOS LUCAS SAMPAIO

Herança portuguesa, os porõesimpediam o contato do assoalho demadeira com a umidade do solo,evitando o mofo e mantendoa temperatura amena. Depois dastécnicas de impermeabilização,deixaram de fazer parte dosprojetos arquitetônicos da cidade

“No começoa gente ficacom medo.Depois, sabecom quemcontar”Nalva Pinheiros,diarista

Henrique BolgueMarina Estarque

Enquanto ainda se discute a via-bilidade do projeto de enterrar12 quilômetros de ferrovia da La-pa ao Brás, cidades no Brasil e noexterior já se beneficiam de ini-ciativas semelhantes. Trilhos eestações foram para o subterrâ-neo em cidades como Maringá,no Paraná, e Turim, na Itália.

Com a expansão urbana, a ci-dade paranaense viu-se divididapela linha férrea. Os cruzamen-tos atrapalhavam o trânsito hátempos – o contrato para a execu-ção do aterramento é de 1995.

A princípio, pensou-se emafastar a linha do centro, levan-do-a para a periferia. Mas a ideiafoi deixada de lado ao ver o queaconteceu na vizinha Londrina,que seguiu esse caminho. “Uma

hora a cidade acaba engolindo tu-do de novo”, afirma Edson Can-tadori, assessor técnico da Urba-mar, que cuida das obras em Ma-ringá. A solução encontrada foicriar um túnel para que o trechode 1,6 quilômetro de ferroviasaísse da superfície.

A italiana Turim também eracortada por várias linhas. O pla-no para enterrá-las surgiu em1990 e seria concluído em 2006,quando a cidade serviu de sedepara Olimpíada de Inverno. Nãofoi possível, mas hoje já há 4 qui-lômetros de túneis em operação,o equivalente a 75% do projeto.

No lugar da ferrovia, abriu-seum bulevar arborizado, comáreas para pedestres e ciclistas.Os moradores aprovam a mu-dança, que criou um espaço deconvivência. “Ao planejar umquarteirão o que importa nãosão os prédios, mas o que estáentre eles”, diz o secretário deDesenvolvimento da cidade,Franco Corsico. O projeto usou€3 bilhões da iniciativa privada –o equivalente a R$ 6,7 bilhões – e€ 1,3 bilhão do governo – cercade R$ 3 bilhões.

Financiamento. Essas iniciati-vas envolvem grandes quantias.Mas para o secretário-geral doComitê de Espaços Subterrâ-neos Internacional, Jean PaulGodard, é preciso ver além. “Secontarmos as expropriações, aduração das estruturas na super-fície, manutenção e compra deterrenos, fica mais barato.” Oque não impede rombos.

Em Buenos Aires, um projetopara enterrar 32,6 quilômetrosde ferrovia tem problemas de fi-nanciamento. Anunciado há seisanos, com custo de 138 milhõesde pesos – cerca de R$ 55 milhões–, está parado desde 2008. Sóagora o governo pagou um adian-tamento ao consórcio da obra.

Em situação melhor está Seul.Desde 1974 tem metrô e contacom 340 estações. Mas, com 23,2milhões de habitantes na regiãometropolitana, a cidade tem pro-blemas constantes de trânsito.Para resolvê-los, discute criar145,5 quilômetros de linhas detrem de alta velocidade no subso-lo. “A ideia é facilitar o acesso aoentorno da cidade”, diz o prefei-to de Seul, Oh Se-hoon.Mudança. Prefeitura quer esconder 12 km da linha férrea

Diversão no subsolo. Atrás de uma porta pintada em estilo oncinha, um forró se esconde sob uma churrascaria do Bexiga

No passado

Com trens no subsolo,Maringá e Turim ganhambulevares. Seul considerater linhas sob a superfíciepara combater o trânsito

Érica SaboyaFlávia Maia

Nalva Pinheiros e Maria José deSousa não se conhecem. MariaJosé pisou em São Paulo há 17anos e aos poucos foi trazendoparte da família. Nalva chegouem 1996, um ano depois do mari-do, que já foi embora, levandoum filho do casal. Com ela ficoua caçula Érica e a eterna vontadede voltar a reunir as crianças.Nalva nasceu em Pombal. MariaJosé, em Lagoa Grande. Duas his-tórias que começam no interiorda Paraíba e encontram abrigonos porões do centro.

Elas fazem parte do pequenoexército que dá vida a espaçosantes usados como depósito dequinquilharias e antigas recorda-ções de família. Habitam pen-sões como a que Eknatios Abda-la, de 75 anos, montou na RuaMajor Diogo. Ele herdou a casade um tio e, até quatro anosatrás, não sabia o que fazer como imóvel. Foi quando decidiu re-formar o porão e alugar para pes-soas vindas do “Nortinho” – co-mo se refere ao Nordeste e aoNorte do País.

Com quarto, cozinha, banhei-ro individual, janela e revesti-mento cerâmico, a pensão de Ab-dala está entre as melhores doBexiga. Talvez por isso, o preçoseja o menos acessível da região.A babá Maria José divide os R$630 mensais do aluguel e o únicoquarto com os dois filhos.

Também é em um porão que aparaibana de 41 anos se diverte.Nos fins de semana, costuma ircom os amigos ao forró que acon-tece debaixo da churrascaria darua. O ambiente simples da TrêsIrmãos contrasta com a portaque dá acesso ao forró, pintadade lilás e preto, no estilo onci-

nha. “Gosto de lá, mas ainda nãovoltei depois da reforma”, contaMaria José. Com certo desprezo,a filha Andréa, de 19 anos, chamao local de “buraco da barata”.

Já Nalva, de 35, prefere nãosair à noite para não deixar a fi-lha de 11 anos sozinha. A violên-cia que vê naTV mete medo. Mes-mo assim, prefere a vida em Cam-pos Elísios à que levava na favelade Carapicuíba, onde moroucom o marido. Aqui divide comos moradores o banheiro e a cozi-nha. Ela é faxineira de toda a pen-são e de outra do mesmo dono,que desconta do pagamento osR$ 290 de aluguel. “Aqui (no po-rão) é tipo uma família. No come-ço a gente fica com medo, nãosabe quem é quem. Depois a gen-te sabe com quem contar.”

Sem privacidade. Na vida deporão é difícil manter segredos.A casa sempre está de portasabertas para ventilação. As áreascomuns ajudam a criar laços afe-tivos ou de inimizade. Nalva jáfoi parar na delegacia quandoum casal quase se matou no quar-to ao lado. Maria José tem medode viver com uma moradora queenlouquece na lua cheia.

Maria acredita em Deus. Nal-va, também – e alguns dizem quea diarista é capaz de prever o fu-turo. Ainda que tenha o dom, seudestino é ainda um desejo: reen-contrar as pessoas que deixouna Paraíba.

Felipe FrazãoGustavo Coltri Skrotzky

À noite, a movimentação dimi-nui no centro antigo de São Pau-lo. Faz frio. Na Rua 15 de Novem-bro, na frente da sede da Boves-pa, moradores de rua abrem osbueiros, um a um, e mergulhamos braços lá dentro. Nas bocas-de-lobo, guardam seus perten-ces mais valiosos.

Com pressa, quem passa porali nem repara. Basta um olharmais atento para ver mantas, col-chões e roupas serem retiradosde sacos plásticos. Atualmenteservem de armário, mas houveuma época em que esses bueirosabrigavam gente.

Perto dali, ao lado da escada-ria de acesso à Catedral da Sé,José Renato, de 30 anos, apontapara o chão: “Esse bueiro salvouminha vida.” Ele tem 19 anos derua e, por duas vezes, se refugiouem uma saída de esgoto por me-do de violência.

Zé, como é conhecido, mostracomo fazia: agacha-se, mete osdedos entres as frestas da gradede ferro e joga o corpo para trás,levantando a tampa. Algumas ba-ratas saem desorientadas. Um fi-lete de água surge no fundo. Oburaco tem menos de 1 metroquadrado. “Eu colocava plásticoe colchão para forrar e tentavadormir. Mas hoje ninguém maisdorme em bueiro por aqui.”

O mesmo não pode ser dito dagaleria pluvial sob a Avenida Ina-jar de Souza, na zona norte. Sô-nia, de 25, mora em uma tendaimprovisada, 4 metros abaixo doasfalto. Dependente de crack,não sabe nadar, mas resolveu seabrigar no local há um ano.

A Secretaria de Assistência So-cial do município não sabe infor-mar quantas das 13.666 pessoasem situação de rua vivem comoSônia, sob a terra.

“Elas costumam ser marginali-zadas pelas outras, porque sãoegressas do sistema penitenciá-rio, viciadas ou tem problemasmentais. Às vezes, se isolam pormotivos particulares”, diz ÁtilaPinheiro, um dos coordenado-

res do Movimento Nacional daPopulação de Rua.

Túmulo. Há 15 anos, Cleonice,de 53, vive em um cemitério deSão Paulo. Entra e sai dos túmu-los como quem se sente em casa.Lá, ela consegue abrigo e uns tro-cados. A baixa estatura e a magre-za facilitam as descidas às covas,a cerca de 2 metros de profundi-dade. Em tumbas abandonadas,guarda um saco de roupa, umabolsinha de remédios e duas vas-souras. Ela ganha dinheiro lim-pando vielas e covas, enquantosonha em ir para a carioca Copa-cabana. “Não preciso de muito.Uma casinha está bom”, diz. /

COLABOROU DANIELA SCHMID

Amon BorgesGustavo AleixoIvan Martínez

As audiências públicas da Opera-ção Urbana Lapa-Brás devemocorrer no início do ano. Mesmosem conhecer integralmente aproposta da Prefeitura – que pre-vê enterrar 12 quilômetros da li-nha férrea que liga os bairros –,moradores e comerciantes jáaprovam a mudança.

O empresário Edélcio Tostes,de 60 anos, trabalha na Rua Guai-curus, perto da Estação Lapa,bairro onde mora desde 1975. Eleconheceu a proposta pelos jor-nais e considera importante termais opções de cultura na re-gião. “Um novo teatro e lugarespara exercícios seriam ótimos.Sou favorável à proposta, desdeque os problemas de trânsito se-jam resolvidos.”

Fernando Miranda, de 25, tam-bém sente falta de equipamen-tos esportivos próximo do Ter-minal Rodoviário Barra Funda.“Temos poucas quadras e as queexistem são particulares”, afir-ma o estudante, que faz faculda-

de ali perto e mora na Lapa.Com o projeto, a Prefeitura

promete revitalizar a região en-tre os dois bairros, com uma via-parque, ciclofaixas e bulevares.Perto dos trilhos, galpões indus-triais e grandes construções, co-mo o Memorial da América Lati-na e o Mercado da Lapa, são co-muns, transformando algumasruas em locais de passagem.

Desiludido após impressio-nantes 28 assaltos, o portuguêsManuel Luiz de Gouveia, de 69,não crê no sucesso da iniciativa.

Ele tem um bar na Rua da Várzea,perto do Viaduto Pacaembu –área com lixo acumulado, picha-ções e pouco movimento. “Es-tou aqui há 36 anos e escuto pro-messas desse tipo desde que vimpara o Brasil.”

Opostos. Entre especialistas, oprojeto não é unanimidade. Paraa arquiteta e professora da Uni-versidade de São Paulo (USP) Re-gina Meyer, enterrar a linha é sóuma das alternativas. “É muitocaro. Temos soluções em todo omundo onde o transporte sobretrilhos fica no nível da rua.” Já oengenheiro e presidente do Co-mitê Brasileiro de Túneis, Tarcí-sio Celestino, aprova a proposta.“Nunca vi um projeto nascer tãobem concebido como esse.”

%HermesFileInfo:H-7:20101211:O ESTADO DE S. PAULO SÁBADO, 11 DE DEZEMBRO DE 2010 Especial H7

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Page 8: 21ºCURSOINTENSIVODE JORNALISMOAPLICADOemtermos.com.br/cbt/imagens/SOB.pdf · 2011-06-30 · Daniela Schmid Amanda Agutuli Na segunda fileira: Felipe Tau Ivan Martínez Lucas Sampaio

1965AlargamentoA Prefeitura propõe alargar aAvenida Paulista, rebaixandoa pista e eliminando oscruzamentos para facilitar otráfego de veículos

1967Túnel e bulevaresO projeto sofre mudanças. Éadotada a versão do arquitetoNadir Mezerani, em que oleito dos automóveis seriaenterrado em um túnel,abrindo espaço parabulevares acima

1973InterrupçãoAs obras, que haviamcomeçado no fim da décadade 1960, na gestão doprefeito Faria Lima, sãointerrompidas quando oprefeito Figueiredo Ferraz,presidente de uma dasempresas do consórcio, éexonerado

1974ConclusãoApós o novo prefeito, MiguelColasuonno, descartar aexecução do projeto original,apenas o alargamento daavenida é concluído

FOCAS

MEMÓRIADaniela Schmid

N a década de 1950, o tú-nel subterrâneo que li-ga o Hospital das Clíni-cas (HC) ao Instituto

de Verificação de Óbitos, em Cer-queira César, provocava medonos enfermeiros. Encarregadosde levar os mortos para examesno prédio ao lado, eles viam asluzes se apagarem de repente eouviam vozes. Só que nada dissoera obra do sobrenatural: Ma-nuel Fabiano, coordenador deEngenharia de Manutenção doHC, passou 58 dos seus 82 anosno hospital e fazia a brincadeirapara assustar os colegas.

Construído nos anos 1940, otúnel ainda é usado pelos funcio-nários. O atendente de enferma-gem Sebastião Donizetti, há 31anos no hospital, lembra que fi-cou temeroso ao entrar ali pelaprimeira vez. Agora circula porlá duas vezes por semana, para

verificar as lâmpadas e a limpezado espaço. “Se existe fantasma,ele tem medo de mim.”

Em outras regiões da capital,passagens semelhantes contammais capítulos da história de SãoPaulo. Abaixo do prédio das Ron-das Ostensivas Tobias de Aguiar(Rota), por exemplo, uma rede

de caminhos foi aberta no fim doséculo 19 para levar criminosospara quartéis vizinhos. Trechostiveram de ser destruídos pela di-ficuldade de conservação ou pa-ra construir o metrô e prédios.

A parte que ainda existe virouuma espécie de memorial da Ro-ta. Os tijolos originais, trazidos

da Itália, foram conservados, as-sim como a antiga estrutura dascelas e peças de época.

É possível visitar o túnel comagendamento prévio – informa-ções pelo telefone 11-3327-7062.O Roteiro Cultural da Polícia Mi-litar do Estado de São Paulo pre-vê também a ida a outros quar-téis e espaços culturais, como aPinacoteca e o Museu da PolíciaMilitar. A cada sábado, é organi-zada uma visita gratuita diferen-te, que inclui um ou dois quar-téis e um centro cultural.

Lendas. No Mosteiro de SãoBento, no centro, existe um sub-solo com uma área de trabalho earquivos do Colégio de São Ben-to. O local é ligado a alguns cômo-dos e ao jardim do prédio do iní-cio do século 20, mas muitas his-tórias falam de trilhas que leva-riam a outras igrejas e a lugaresestratégicos da região central. Aassessoria de imprensa do mos-

teiro sabe da existência dashistórias, mas afirma que nãopassam de lendas.

Muita imaginação tambémronda o Teatro Municipal. Di-zem que túneis teriam sido fei-tos até hotéis do entorno, pa-ra permitir que artistas entras-sem e saíssem sem ter conta-to com o público. A arquitetado Departamento de Patrimô-nio Histórico da Prefeitura,Rafaela Calil, porém, garanteque as passagens levam ape-nas até a Praça Ramos e sãousadas para ventilação.

Mas podem de fato ter servi-do de caminho para divas deoutros tempos. “Não há com-provação, mas pode ser queelas saíssem de algum hotelna região, fossem até o túnel eentrassem por ali”, diz Rafae-la. Se for verdade, assim comoas divas, os túneis da cidadeainda mexem com a imagina-ção e despistam os curiosos.

PATRIMÔNIO

R$ 62 milhões esquecidos na PaulistaCRONOLOGIA

Entenda oNova Paulista

Entrefantasmase divas

De acesso restrito,antigos túneisguardam lendase capítulos da históriade São Paulo

"Isso é umabacaxi. Porque vou gastardinheiro emalgo que jáfoi nosso?"Vilma Peramezza, gerentedo Conjunto Nacional

É quanto podem valeras 22 galerias que ficamdebaixo da avenida; áreasestão abandonadasdesde a década de 1970

Seguro. Donizetti no túnel do HC: sem medo de assombração

Érica SaboyaFelipe TauFlávia Maia

Quem tenta estacionar ou procu-ra um imóvel na região da Aveni-da Paulista sabe que o espaço alié negociado a preço de ouro porcausa da escassez de áreas dispo-níveis. Por isso é difícil imaginarque abaixo dos milhares de pésque transitam diariamente poraquelas calçadas existam 22 gale-rias abandonadas.

Mapeamento realizado pelaantiga Empresa Municipal de Ur-banização (Emurb), atual SP Ur-banismo, mostra que esses espa-ços no subsolo variam de 26 a2.440 m², somando cerca de 13mil m². Como o preço do metroquadrado de depósitos subterrâ-neos na região fica entre R$ 3 mile R$ 5.300, de acordo com avalia-

ção da Empresa Brasileira de Es-tudos de Patrimônio (Em-braesp), a Paulista guarda nes-sas galerias um patrimônio quechegaria a R$ 62 milhões, se asáreas estivessem em bom esta-do. Os espaços estão deteriora-dos e precisam de reformas.

Hoje essas galerias são públi-cas, mas nenhum departamentoda Prefeitura soube informarquem é responsável por elas. Osdados sobre a existência ou nãode projetos de uso do local sãocontroversos e a assessoria deimprensa da Prefeitura evita co-mentar o assunto, alegando quenada pode ser feito ali.

Resquício do projeto NovaPaulista, de 1967, as galerias se-riam usadas como parte de umtúnel a ser construído sob a ave-nida. Na época, a via foi expandi-da em 10 metros de cada lado,passando de 28 para 48 metrosde largura. Com o recuo dos pré-dios, as entradas e as instalaçõessubterrâneas – a maioria gara-gens – foram desapropriadas,dando origem a bolsões. Eles fi-caram abandonados após a sus-pensão das obras, em 1973.

Só em 2004, por iniciativa daAssociação Paulista Viva, o usodo espaço voltou a ser discutidocom a Prefeitura. No entanto, ocomitê técnico formado não se-guiu adiante, por causa da dificul-dade de achar solução viável.

O investimento necessário pa-ra o uso dos espaços é um dosprincipais motivos das divergên-cias quanto ao destino a ser dadoa eles. Os 37 anos de descaso leva-ram à deterioração. Para se des-cer à galeria do Conjunto Nacio-

nal, por exemplo, foi preciso au-xílio de brigadistas.

Aberta a tampa do bueiro naesquina da Rua Augusta, o que sevê é um buraco escuro e a poucaluz que entra ilumina uma esca-da de cerca de 4 metros. À medi-da que se caminha, a luz da lan-terna mostra restos de constru-ção, desenhos nas paredes e esta-lactites e estalagmites que se for-maram com as infiltrações. Ocheiro de mofo, o som das gotei-ras e a sensação de tremor quan-do o metrô passa completam ocenário de abandono.

Impasse. Para a recuperação, adiretora de Paisagem Urbana daSP Urbanismo, Regina Montei-ro, é a favor de parcerias com ainiciativa privada. Segundo ela,as áreas poderiam ser transfor-madas em lojas, estacionamen-tos ou galerias de arte. “A gentecede o espaço, eles fazem a refor-ma e, em troca, podem expor suamarca.” A Paulista Viva tem pro-posta semelhante. “Até consul-tei a Secretaria de Turismo deSão Paulo para propor um espa-ço de convenções debaixo do

Conjunto Nacional”, diz a direto-ra Marly Lemos.

Porém, a viabilidade da solu-ção é questionada pelos empre-sários. A gerente-geral do Con-junto Nacional, Vilma Perame-zza, afirma não ter interesse naárea. “Isso é um abacaxi. Por queeu vou gastar dinheiro em algoque já foi nosso?” A síndica sequeixa de que a galeria dá gastospara o condomínio, com reparosde infiltração e limpeza do local.“É mais barato aterrar.”

Para o arquiteto responsávelpelo Nova Paulista, Nadir Meze-rani, o projeto ainda é tecnica-mente viável e as áreas só devemser usadas se ele for retomadoem sua totalidade. O presidenteda Construtora Figueiredo Fer-raz, João Antonio del Nero, quetocava a obra, também defende aretomada da proposta.

Segundo a Paulista Viva, das22 galerias, pelo menos 9 estãoocupadas irregularmente porprédios e lojas. A SP Urbanismonão descarta ocupações ilegais.“Quando a Prefeitura fizer umnovo cadastro, vai achar até oque Deus duvida”, diz Regina.

FOTOS LUCAS SAMPAIO

Deterioração.No subterrâneo,mofo e goteiras

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