21-o contra-ataque

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Quinta da Confusão – O nascimento de um império 156 animal que, se não se soubesse defender convenientemente, poderia ser anexado e perder a independência. Era necessário decidir o que se haveria de fazer face ao ataque da Quinta da Perfeição. Assim, o director da Casa da Moeda propôs fazer-se um novo conselho, algo que foi aceite pelos restantes animais da Quinta da Confusão. Rapidamente se escolheram o presidente, o secretário e o contabilista do 3º Conselho da Quinta da Confusão, exactamente os mesmos do conselho anterior: respectivamente o director da feira, o cavalo 3 e o director da Casa da Moeda. O secretário do conselho foi à casa dos donos buscar papel e uma caneta, e o conselho teve início no abrigo nocturno. A primeira questão foi o facto de a Quinta da Confusão ser um país animal, um estado. Os animais tinham apenas duas opções de escolha: reconheciam que a Quinta da Confusão era um estado ou não. A votação conseguiu, pela primeira vez na história da quinta, que todos os animais votassem numa única opção, sem haverem votos nulos. Todos os 177 votantes reconheceram que a Quinta da Confusão era um país animal. Mas ainda faltava a questão mais importante: o que fazer em relação ao futuro? Foram postas a votação três propostas: negociar a paz com a Quinta da Perfeição; conquistar a Mina de Ferro da quinta e depois negociar a paz; e por fim conquistar a mina e a própria quinta. A 3ª opção foi a vencedora, com 100 votos. A última votação foi sobre o modo de se fazerem essas conquistas: decidiu-se que primeiro conquistar-se-ia a mina e depois a quinta. Depois disso, o presidente deu o conselho por terminado. O 3º Conselho da Quinta da Confusão foi notável, não só por ter conseguido a aprovação total de uma proposta numa votação mas também por ter durado apenas 5 minutos. O conselho começara às 18:05, e às 18:10 já estava acabado. O seu relatório também era ligeiramente mais pequeno do que os relatórios dos outros 2 conselhos: tinha pouco mais do que 2 páginas. Assim, para se desencadear o ataque à Mina de Ferro da Quinta da Perfeição, alguns animais foram capturar animais para o exterior da Quinta da Confusão. Não tinha havido captura animal no Dia 6 devido à cheia da ribeira, que só agora se extinguira por completo, mas esta foi reactivada em força para repor as perdas da 3ª Batalha da Quinta da Confusão. Quando houvessem animais suficientes lançar-se-ia o ataque à Mina de Ferro da Quinta da Perfeição, não só para a Quinta da Confusão conseguir esse recurso mas também para privar o inimigo do seu fornecimento. Estava deflagrada a Guerra contra a Quinta da Perfeição, a primeira guerra que a Quinta da Confusão disputava contra outro país animal. 19:00 Habitantes: 250

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Páginas 156 a 163

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Quinta da Confusão – O nascimento de um império

156

animal que, se não se soubesse defender convenientemente, poderia ser anexado e perder a independência. Era necessário decidir o que se haveria de fazer face ao ataque da Quinta da Perfeição. Assim, o director da Casa da Moeda propôs fazer-se um novo conselho, algo que foi aceite pelos restantes animais da Quinta da Confusão. Rapidamente se escolheram o presidente, o secretário e o contabilista do 3º Conselho da Quinta da Confusão, exactamente os mesmos do conselho anterior: respectivamente o director da feira, o cavalo 3 e o director da Casa da Moeda. O secretário do conselho foi à casa dos donos buscar papel e uma caneta, e o conselho teve início no abrigo nocturno. A primeira questão foi o facto de a Quinta da Confusão ser um país animal, um estado. Os animais tinham apenas duas opções de escolha: reconheciam que a Quinta da Confusão era um estado ou não. A votação conseguiu, pela primeira vez na história da quinta, que todos os animais votassem numa única opção, sem haverem votos nulos. Todos os 177 votantes reconheceram que a Quinta da Confusão era um país animal. Mas ainda faltava a questão mais importante: o que fazer em relação ao futuro? Foram postas a votação três propostas: negociar a paz com a Quinta da Perfeição; conquistar a Mina de Ferro da quinta e depois negociar a paz; e por fim conquistar a mina e a própria quinta. A 3ª opção foi a vencedora, com 100 votos. A última votação foi sobre o modo de se fazerem essas conquistas: decidiu-se que primeiro conquistar-se-ia a mina e depois a quinta. Depois disso, o presidente deu o conselho por terminado.

O 3º Conselho da Quinta da Confusão foi notável, não só por ter conseguido a aprovação total de uma proposta numa votação mas também por ter durado apenas 5 minutos. O conselho começara às 18:05, e às 18:10 já estava acabado. O seu relatório também era ligeiramente mais pequeno do que os relatórios dos outros 2 conselhos: tinha pouco mais do que 2 páginas. Assim, para se desencadear o ataque à Mina de Ferro da Quinta da Perfeição, alguns animais foram capturar animais para o exterior da Quinta da Confusão. Não tinha havido captura animal no Dia 6 devido à cheia da ribeira, que só agora se extinguira por completo, mas esta foi reactivada em força para repor as perdas da 3ª Batalha da Quinta da Confusão. Quando houvessem animais suficientes lançar-se-ia o ataque à Mina de Ferro da Quinta da Perfeição, não só para a Quinta da Confusão conseguir esse recurso mas também para privar o inimigo do seu fornecimento. Estava deflagrada a Guerra contra a Quinta da Perfeição, a primeira guerra que a Quinta da Confusão disputava contra outro país animal.

19:00 Habitantes: 250

Quinta da Confusão – O nascimento de um império

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A Quinta da Perfeição, o país que desencadeara a Guerra contra a Quinta da Perfeição (esse nome só era usado pela Quinta da Confusão), tinha 300 habitantes quando enviara o exército de 100 soldados para conquistar a Quinta da Confusão. O seu presidente, o porco 56, não esperava muitas baixas. Segundo ele, haveriam 20 ou 30 no máximo. Mas as notícias que recebeu quando os soldados sobreviventes da 3ª Batalha da Quinta da Confusão regressaram à quinta de origem eram o oposto exacto daquilo que esperava. Os soldados tinham perdido a batalha e ainda tinham tido 70 baixas, incluindo o comandante. Segundo eles próprios, a causa da derrota tinha sido o facto de os animais estarem preparados para o combate, serem quase o triplo dos invasores e terem usado estratégias incomuns mas eficazes (a explosão que matara o comandante do exército mais 24 soldados, cuja origem os soldados sobreviventes nunca chegaram a saber). A Quinta da Perfeição, agora com 230 habitantes, não podia descurar as suas defesas agora que descobrira que o seu inimigo era mais forte do que o esperado. A Mina de Ferro que a quinta possuía era um provável alvo de ataque da Quinta da Confusão. A quinta tinha perdido a sua mina numa inundação, decerto seria do seu interesse apoderar-se de uma outra fonte desse recurso e ainda privar o inimigo do seu fornecimento. E isso não podia acontecer de forma alguma, o ferro era um metal insubstituível. Sem ferro não haviam armas, e sem armas não havia forma de uma quinta se defender de uma invasão. Assim, o porco 56 arranjou 70 animais voluntários para irem proteger a Mina de Ferro. Estavam lá 30 mineiros, que também deveriam ser armados para poderem lutar. Com 100 animais armados na mina, a sua conquista seria difícil. E, se fosse preciso, os soldados podiam pedir reforços e assim derrotar o invasor. Se a Quinta da Confusão quisesse a Mina de Ferro da quinta inimiga teria que se esforçar. E, de facto, foi isso que os 50 soldados da Quinta da Confusão, agora com 250 habitantes, enviados para conquistar a mina perceberam. Quando se aproximaram da mina viram 70 soldados inimigos a cavalo, e isso bastou para recuarem. Tinham que pensar numa estratégia de ataque eficaz, senão a derrota seria inevitável.

Após pensarem durante alguns minutos, conseguiram encontrar uma estratégia que podia resultar. Os 50 soldados esconderam-se 100 metros a oeste da mina, e 5 deles deixaram o grupo para irem à mina. O objectivo seria atraírem os soldados inimigos para o local da emboscada, onde o efeito surpresa lhes poderia dar a vitória. E conseguiram o seu objectivo. Os 70 soldados, ao verem os 5 inimigos, começaram a persegui-los de imediato. Quando chegaram ao local da emboscada, os restantes soldados da Quinta da Confusão saíram dos seus esconderijos e atacaram. O efeito surpresa foi fatal para a Quinta da Perfeição: 60 mortos contra apenas 25 do lado da Quinta da Confusão. Os restantes 10 soldados da Quinta da Perfeição abandonaram o local da batalha e regressaram à quinta de

Quinta da Confusão – O nascimento de um império

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origem. Mas ainda faltava à Quinta da Confusão vencer os mineiros. Assim, os 25 soldados sobreviventes encaminharam-se para a Mina de Ferro da Quinta da Perfeição e, sem se darem ao trabalho de sair dos cavalos, invadiram a mina de rompante. A conquista foi rápida: em poucos minutos 20 mineiros morreram e os restantes fugiram para a Quinta da Perfeição. Mas o exército da Quinta da Confusão sofrera pesadas baixas: restavam apenas 5 soldados, que numa batalha seriam rapidamente dizimados. Assim, um deles foi para a Quinta da Confusão pedir reforços, enquanto que os restantes 4 ficaram na mina para não a deixarem sem gente. Os reforços chegaram rapidamente: apesar das baixas na Batalha da Mina de Ferro da Quinta da Perfeição os capturadores fizeram a população subir de novo para os 250 habitantes. Com os reforços vieram os mineiros da Mina de Ferro da Quinta da Confusão, que montaram altos-fornos e começaram a extrair minério de ferro da mina. Em breve, haveria ferro suficiente na feira para que os cientistas o pudessem comprar e assim criar as armas da Quinta da Perfeição. Com essas armas, fazer-se-ia a conquista da quinta tal como planeado no 3º Conselho da Quinta da Confusão.

Batalha da Mina de Ferro da Quinta da Perfeição

• Data: 19:00 – 19:05 do Dia 6 • Local: Mina de Ferro da Quinta da Perfeição e arredores • Resultado: Vitória da Quinta da Confusão, ocupação da Mina de

Ferro da Quinta da Perfeição por parte da Quinta da Confusão • Combatentes: Quinta da Confusão X Quinta da Perfeição • Forças: Quinta da Confusão – 50 soldados; Quinta da

Perfeição – 70 soldados, 30 mineiros • Líderes: Quinta da Confusão – Nenhum; Quinta da Perfeição

– Nenhum • Baixas: Quinta da Confusão – 45 soldados; Quinta da

Perfeição – 60 soldados, 20 mineiros

Quando soube da Batalha da Mina de Ferro da Quinta da Perfeição e da perda da mina para a Quinta da Confusão, o porco 56 não ficou nada contente. A batalha tinha sido ainda mais devastadora para a Quinta da Perfeição do que o ataque à Quinta da Confusão: 80 animais tinham morrido, contra os 70 mortos da 3ª Batalha da Quinta da Confusão. No espaço de apenas hora e meia, a Quinta da Perfeição tinha perdido metade da sua população, 150 animais. Por isso, o porco 56 não se arriscava a tentar reconquistar a Mina de Ferro da Quinta da Perfeição. Mesmo que a ofensiva resultasse, o número de mortos podia pôr em risco a defesa da própria Quinta da Perfeição. Assim, arranjou voluntários para irem capturar

Quinta da Confusão – O nascimento de um império

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animais ao exterior. Mas a tarefa revelou-se difícil: os animais que eram encontrados no exterior recusavam-se a ir para a Quinta da Perfeição devido às suas sucessivas derrotas militares e às suas elevadas baixas. A Quinta da Confusão também tinha sofrido grandes baixas, mas as vitórias incitavam os animais de fora a irem viver para a quinta. O oposto acontecia com a Quinta da Perfeição, que não podia levar os animais de fora à força para a quinta pois estes podiam recusar-se a combater, ou mesmo aliar-se à Quinta da Confusão. Era verdade que haviam alguns animais que aceitaram ir para a Quinta da Perfeição, mas não eram muitos. O presidente da quinta, o porco 56, pôde constatar uma coisa à sua custa: a facilidade com que se arranjavam animais no exterior das quintas variava, em tempo de guerra, conforme os resultados militares das quintas. Quantos mais sucessos militares se tivessem alcançado, maior seria a facilidade em arranjar animais, sendo esse o caso da Quinta da Confusão. A Quinta da Perfeição, com duas pesadas derrotas consecutivas, estava a ter uma grande dificuldade em arranjar novos habitantes. Como seria o futuro da guerra que decorria entre os dois países animais?

19:30 Habitantes: 225

Meia hora após o começo da exploração da Mina de Ferro da Quinta da Perfeição pela Quinta da Confusão, o ferro existente na feira começou a ficar mais barato e ao alcance de quem o quisesse comprar. Isso era bom para os cientistas, que assim já podiam tentar fabricar as armas usadas na Quinta da Perfeição. Ao fim de algumas tentativas falhadas, conseguiram conceber as armas usadas pelos inimigos: o escudo, a espada e o cinto de ferro e a bainha de couro.

Índice de Tecnologia:

Militar -4 (escudo de ferro, espada de ferro, cinto de ferro, bainha de couro) Transportes-6 (Aéreos-0) (Marítimos -2) (barco a remos de Modelo 1 e de Modelo 2) (Terrestres-4) (carroça de 2 rodas, carroça de 4 rodas, carruagem, bicicleta) Civil -16 (arado, foice, madeira, caixa de madeira, ferro, pregos, balde, escada, botijas de ar, machado, banheira, canalizações, corda, argola de couro, vidro, janela) Construções-5 (estufas, abrigo nocturno, Casa da Moeda, feira, altos-fornos)

Quinta da Confusão – O nascimento de um império

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Invenções extintas:

Militares (1): Escudo de árvore

Com essas armas e um exército numeroso, a conquista da Quinta da Perfeição seria imparável. Como a população da Quinta da Confusão era de agora 300 animais, devido às suas recentes vitórias militares (o facto de ambas terem ocorrido perante animais com armas superiores e de a última batalha ter sido contra um exército maior do que o exército atacante dava ainda mais reputação à Quinta da Confusão), um exército de 100 animais armou-se com as novas armas criadas pelos cientistas e partiu para a Quinta da Perfeição. Meio km antes da quinta havia a Mina de Ferro da Quinta da Perfeição, o local onde os soldados podiam parar para planearem a estratégia de ataque. O que decidiram foi que tinham de ocupar as construções da quinta, para servirem de fortificações aos soldados, e daí atacarem a resistência até esta ser vencida. Era preciso ocupar as construções porque os soldados sabiam que a população da Quinta da Perfeição era maior do que o exército invasor (com efeito, a quinta tinha nesse momento 175 habitantes), e em campo aberto a vantagem numérica levaria a melhor. Com a estratégia de ataque definida, os soldados partiram. Entraram na Quinta da Perfeição por uma larga abertura existente na cerca e daí lançaram o ataque. Os habitantes, apanhados de surpresa, ripostaram e dificultaram a acção dos soldados. Apesar disso, estes foram capazes de alcançar as construções da Quinta da Perfeição. Fora a casa do dono, que tinha o dono da Quinta da Perfeição lá dentro, a quinta tinha o celeiro (onde funcionava a feira e se situava a casa do porco 56), o abrigo nocturno e as 3 indústrias, situadas no norte da quinta. Cada uma consistia num paralelepípedo em madeira de 20 metros de comprimento por 10 de largura e 5 de altura, com apenas 1 andar, e 3 grandes chaminés de ferro no alto. Cada uma tinha um diâmetro de 50 cm e uma altura de 10 metros acima do edifício da indústria. Os soldados da Quinta da Confusão nunca tinham visto tais edifícios, e muitos optaram por se fortificar lá dentro. As indústrias tinham 3 linhas de montagem cada uma, com o comprimento do edifício e paralelas a este. As linhas de montagem consistiam num tapete rolante em couro com algumas máquinas a vapor e operários, que fabricavam os produtos a partir das matérias-primas que a indústria adquiria à feira. Um exemplo de máquina a vapor era a que cortava grossos pedaços de madeira em tábuas, estando para isso equipada com uma lâmina. Os próprios tapetes rolantes eram movidos a vapor.

Os operários das indústrias ignoraram inicialmente os soldados, por não saberem que vinham da Quinta da Confusão, mas quando estes ordenaram aos operários que se rendessem perceberam a verdade. Após a Batalha da Mina de Ferro da Quinta da Perfeição o porco 56 aconselhara os animais da quinta a armarem-se para poderem resistir a uma invasão, de modo que os

Quinta da Confusão – O nascimento de um império

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operários estavam armados. Alguns preferiram não pôr a sua vida em risco e depuseram as armas. Mas outros não se conformaram: puxaram das espadas e dos escudos e avançaram para os inimigos. Haviam entre 20 a 30 operários por indústria, sendo que cerca de metade decidiu lutar. As indústrias, assim como as outras construções da Quinta da Perfeição (menos a casa do dono), eram iluminadas por candeeiros de vidro e ferro com um pedaço espesso de madeira no seu interior para arder e dar luz. Um dos candeeiros da indústria da madeira, no centro da Quinta da Perfeição, foi derrubado durante o combate entre os soldados da Quinta da Confusão e os operários da indústria e partiu-se em cima de uma pilha de tábuas de madeira, soltando o pedaço de madeira ardente em cima das tábuas. O fogo lavrou de imediato, e a cada segundo tornava-se maior. Os conflitos na indústria cessaram assim que os animais se deram conta do fogo, e aliados e inimigos tentaram apagá-lo. No entanto, era tarde. O fogo já engolira as tábuas de madeira e espalhava-se pelo chão da indústria, também ele em madeira. Os animais de ambas as facções da guerra perceberam à sua custa a grande desvantagem das construções de madeira: a mais pequena das chamas, em contacto com a construção, podia transformar-se num grande incêndio e destrui-la no espaço de minutos. Usando as torneiras da indústria e baldes, os animais tentaram deter o avanço das chamas. Não foram capazes de o apagar por duas razões: o fogo alcançara sacas de carvão (o minério usado para alimentar as máquinas a vapor, desconhecido para a Quinta da Confusão) e ganhara novo impulso; e para além disso este já alcançara as paredes e começara a subir para fora do alcance dos animais. Ao fim de alguns minutos, os animais deram-se por vencidos. Tiraram para o exterior tudo o que puderam salvar, e depois abandonaram a construção condenada. Por fim retomaram os combates, deixando a indústria a arder. Quinze minutos após o começo do incêndio este alcançou toda a estrutura, lavrando com intensidade em todo o lado. Uma enorme fogueira que iluminava a noite e dava luz aos combates que se desenrolavam na Quinta da Perfeição. Mas a fogueira era também uma bomba – relógio: a qualquer momento, as máquinas enfraquecidas pelo calor poderiam rebentar.

Importa dizer que as máquinas da indústria da madeira nunca chegaram a ser desligadas, e mesmo debaixo do fogo continuaram a trabalhar. Mas este tornou-se de tal forma intenso que o calor começou a derreter o ferro, que ficou cada vez menos capaz de aguentar a pressão do vapor a circular pelas máquinas. Por fim, uma das máquinas cedeu e explodiu numa nuvem de vapor, chamas, metal incandescente e carvão ardente. A onda de choque enfraqueceu fatalmente as máquinas à volta, que explodiram uma fracção de segundo depois da primeira e espalharam da mesma forma a devastação por toda a indústria. Entre a primeira e a última explosão não decorreu mais de 1 segundo, o que resultou numa única explosão de vapor e chamas

Quinta da Confusão – O nascimento de um império

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grande e devastadora. A base das paredes, já enfraquecida pelas chamas, foi arrasada pela explosão e a indústria não conseguiu aguentar-se em pé. Em segundos, a construção não passava de um monte de destroços em chamas. Quinze minutos bastaram para destruir por completo uma estrutura de 1.000 m3, com 20 metros de comprimento, 10 de largura e 5 de altura. Mas as consequências da explosão da indústria da madeira não ficaram por aí. Algumas fagulhas voaram 250 metros até atingirem as outras 2 indústrias da Quinta da Perfeição, incendiando-as. Tal como na indústria da madeira, o fogo rapidamente ficou descontrolado e se propagou velozmente pelas estruturas. A feira foi também atingida, mas os seus ocupantes reagiram a tempo e, apesar de grande parte da parede da frente ter ficado queimada, a feira foi salva. Assim, enquanto os incêndios na Quinta da Perfeição continuavam a lavrar nas indústrias, os seus habitantes lutavam arduamente contra os invasores que se viam em dificuldades para vencer a Batalha da Quinta da Perfeição. Das 5 construções que podiam ser usadas como fortificação 3 estavam inutilizadas, e a 4ª (a feira) dava grande resistência. O abrigo nocturno foi a única construção que pôde ser ocupada pelos soldados da Quinta da Confusão, mas a estrutura foi insuficiente para dar a vitória da batalha à quinta. Às 19:40, vinte minutos após o começo da Batalha da Quinta da Perfeição, os invasores admitiram a derrota. Cem inimigos tinham morrido, mas o exército da Quinta da Confusão perdera 75 animais. Vinte e cinco contra 75 era derrota certa, pelo que a Quinta da Confusão preferiu desertar. Deixando para trás uma indústria destruída e outras duas em chamas à beira de explodirem, os 25 soldados da Quinta da Confusão cavalgaram de regresso à sua quinta.

Ilustração 19 – Mapa da Quinta da Perfeição durante a Batalha da Quinta da

Perfeição. Legenda:

Quinta da Confusão – O nascimento de um império

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Da esquerda para a direita: Em cima – Indústria das armas; Indústria da madeira;

Indústria dos minérios. No centro: Abrigo nocturno; Celeiro \ Feira \ Casa da Moeda \

Casa do porco 56. Em baixo: Casa do dono

Vermelho – Construções destruídas; Laranja – Construção danificada; Verde-claro –

Construção que permaneceu intacta; Castanho – Casa do dono; Amarelo – Zona de

combates; Azul-escuro – Território da Quinta da Perfeição

Batalha da Quinta da Perfeição

• Data: 19:20 – 19:40 do Dia 6 • Local: Quinta da Perfeição • Resultado: Derrota da Quinta da Confusão • Combatentes: Quinta da Confusão X Quinta da Perfeição • Forças: Quinta da Confusão – 100 soldados; Quinta da

Perfeição – 175 animais • Líderes: Quinta da Confusão – Nenhum; Quinta da Perfeição

– Nenhum • Baixas: Quinta da Confusão – 75 soldados; Quinta da

Perfeição – 100 animais

Depois de duas grandes vitórias militares, chegara a hora de a Quinta da Confusão conhecer a derrota. A Batalha da Quinta da Perfeição saldara-se, para o país que a provocara, numa grande perda de vidas e num fracasso estratégico. Para além dos mortos na batalha, a Quinta da Confusão havia perdido o acesso à tecnologia da máquina a vapor com a destruição das indústrias. Havia, no entanto, uma boa notícia: a Quinta da Perfeição perdera uma centena de habitantes, e decerto não resistiria a mais uma ou duas batalhas. Mas essas batalhas não iriam ocorrer tão cedo, pois os animais da Quinta da Confusão estavam cansados de tantas batalhas e de tantas mortes. Por enquanto, tudo voltaria ao que era antes da Guerra contra a Quinta da Perfeição. Mais logo se veria o que fazer.

Os 5 animais que descobriram a uva decidiram também fazer uma indústria na Quinta da Confusão, à semelhança da Quinta da Perfeição. Assim, pediram ajuda a um cientista para fazerem o projecto da indústria. Esta seria quase igual às indústrias da Quinta da Perfeição: 20 metros de comprimento, 10 metros de largura mas apenas 2,5 metros de altura. Estufas pertencentes aos futuros empregados da indústria forneceriam as uvas, que basicamente seriam apenas separadas dos cachos, lavadas e embaladas antes de seguirem para a feira. O projecto não tardou a ficar pronto, pelo que agora se tinha de escolher o local onde ficaria a indústria.