N

Te

st

eC a r b r a s m a r 3 0

No início dos anos 80, desembarquei de um navio mer-cante e fui para Santa Catarina assumir meu primeiro iate,que era, então, um moderno barco feito em sanduíche deairex, um dos primeiros materiais sintéticos compostosusados em laminação. Tom Fexas, o “talento revelação”do design norte-americano da época, assinava aqueleprojeto, um inédito casco semideslocante (que navegaentre 12 e 23 nós, em média). Após a construção daque-la 85 pés em Joinville, o Brasil descobriu Fexas, que pas-sou a assinar barcos dos estaleiros Riostar e Mares, sen-do que este último lançou uma linha completa de pescaoceânica. Surgiu assim a Mares 30, que tem agora umaoutra edição, produzida pelo estaleiro Carbrasmar, comnovos materiais para diminuir o peso, mas sem perder aresistência e com um acabamento melhor.

Ela é assimBarcos de pesca são espartanos por natureza, mas

não é o caso desta confortável lancha de 30 pés, quetem amplos espaços, boa iluminação e adequada venti-

lação natural. Sua plataforma é mais estreita do que ohabitual, mas, na verdade, ela é um apoio para embar-car os peixes e atrapalharia se fosse maior. Na espaçosapraça de popa fica a caixa de peixes, ao lado da tampade abastecimento de combustível e uma discutível por-ta de inspeção do sistema hidráulico do leme (conside-rei esta porta dispensável, porque o acesso pode ser fei-to retirando-se a caixa de peixes e, além disto, se a ve-dação falhar, a água entrará por ela e molhará os equi-pamentos, que deveriam ser protegidos). Ainda na po-pa, há um pequeno sofá, onde se pode instalar um vi-veiro de iscas sob o assento.

O posto de comando, dois degraus acima da praça depopa, pode, opcionalmente, ser coberto por uma capotareforçada e uma torre de pesca (ou “tuna-tower”, um pos-to de pilotagem para pesca). Neste convés, além do sofápara piloto e acompanhante, há um outro, em “L”, paraquatro pessoas, e um console com pia e caixa de gelo.Senti falta de alguns pegadores, travas nos armários euma ou outra vedação — coisa normal num barco termi-

Por Alvaro Otranto

Fotos Bruno Castaing

8 4 N á u t i c a

ESPAÇOSAO cockpit é

enorme, semsolário na proa

e com umaplataforma depopa estreita,

para facilitar oembarque dos

peixes. Noposto decomando

principal, visãode 360 graus e

um amplopainel

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30A pescadora está de volta

Carbrasmar

MANTENDOA TRADIÇÃO

A Carbrasmar 30é uma reedição,

mais leve ebem-acabada,da conhecida

Mares 30,porém, com a

mesmaresistência

VELOCIDADE MÁXIMA34,5 nós, a 2 850 rpm

VELOCIDADE DE CRUZEIRO28,2 nós, a 2 200 rpm

ACELERAÇÃO8,2 s até 20 nós

AUTONOMIA260 milhas, a 1 800 rpm

POTÊNCIA776 hp (nos hélices)

N á u t i c a 8 5

Ágil e com uma grande praça de popa, a novaCarbrasmar 30 é uma lancha sob medida para quem gosta, acima de tudo, de pescar no mar

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nado às pressas, para ser apresentado numa feira, comoaconteceu com esta lancha. O painel de comando é am-plo, com os instrumentos bem visíveis, bússola e espaçopara os eletrônicos. A posição de pilotagem é bastanteconfortável e a visibilidade, total. Por uma abertura nopára-brisa, chega-se à proa — onde evidentemente nãohá solário, já que estamos falando de um barco feito pa-ra pesca: apenas uma gaiúta e o compartimento da ân-cora. Na cabine, com pé direito de 1,86 metro, ficam umagrande cama de casal, o painel elétrico (completo) e obanheiro. No teste, as vigias foram esquecidas abertas,mas não se viu sinal de entrada de água.

Como ela navegaNo dia do teste, cruzei muitas marolas de outras lan-

chas para avaliar a capacidade de amortecimento do cas-co. Acredito que a maior parte dos acidentes a bordo (oumesmo das avarias leves) seja causada por marolas debarcos grandes. Pois a Carbrasmar 30 foi fiel a sua tradi-ção: as pancadas foram relativamente secas pela proa,porém sem desconforto ou borrifos e, principalmente,sem perda de direção, um dos seus pontos fortes.

Nas curvas e manobras, a partir da tuna tower, a lan-cha reagiu sem perda de velocidade e com bastante agi-lidade. Neste tipo de barco, a dirigibilidade conta muito,pois na captura dos grandes peixes de mar aberto (comoo marlim) as mudanças de direção se tornam manobrasde grande precisão — e a Carbrasmar 30 tem manobrabi-lidade de sobra. Outras boas características desta lanchasão a pouca entrada de água quando em marcha à ré esua excelente performance a favor das vagas.

Em regiões varridas pelos ventos alísios ou sujeitas à“lestada”, os ventos perto da costa são mais ou menosassim: tudo calmo pela manhã, com o vento começandoa soprar por volta das 10 h para, lá pelas 14 h, soltar to-da sua energia (às vezes, por dias!). Quem pesca em lo-cais distantes sai de madrugada e, no final da tarde, vol-ta depressa. Nestas horas, e após uma jornada de muitobalanço e adrenalina, um barco bom de “empopada” (na-vegação a favor das ondas) faz a diferença, pela estabi-lidade de rumo, segurança e conforto.

8 6 N á u t i c a

C a r b r a s m a r 3 0

CONFORTOA capota e a

tuna tower(acima) são

opcionais destalancha bastanteúteis para quem

pesca em maraberto. Ao lado,

o console compia e caixa degelo, que fica

no convésprincipal

Além de ágil, a Carbrasmar 30

é estável, segura e boa na

navegação a favor das ondas

Onde e como testamos A Carbrasmar 30 foi testada nas imediações da Baía de Guanabara, em dia de marliso e sem vento. A bordo havia quatro pessoas e 850 litros de diesel.

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E a motorização?O piso do posto de comando se abre, para dar acesso

ao espaçoso compartimento dos motores. A lancha testa-da era equipada com dois motores a diesel Megatech MB366 PE, de seis cilindros e 400 cv cada, acoplados a re-versores ZF com relação de transmissão de 1,5:1 e hélicesde quatro pás de 21 x 27 polegadas. Mas um par de mo-tores a diesel de 320 cv (motorização indicada pelo esta-leiro) já seria mais que suficiente.

Com quem ela concorreA concorrente histórica da Carbrasmar 30 é a Fighter

33, do estaleiro Sedna, que é mais macia quando nave-gando contra as ondas, e, graças ao seu comprimentomaior, tem mais conforto na cabine. Em contrapartida, aCarbrasmar 30 é mais estável (balança menos quando pa-rada), ágil nas manobras e melhor com mar de popa.

A nossa conclusão Esta é uma embarcação de menor porte, ade-

quada à pesca oceânica, segura eque pode agradar também a mer-gulhadores, já que sua área livreno convés é enorme. A Carbras-mar conseguiu atualizar com tecnolo-gia e experiência prática um casco maisdo que consagrado pelo sucesso de muitos pescadores.

Quem faz?Carbrasmar, www.carbrasmar.com,tel. 21/2584-1333, Rio.

Dica dequem testou

Contra as ondas,abaixe os flapes aomáximo, para cortarmelhor as vagas e amortecer o

impacto

“ “

BOA DE PILOTARA Carbrasmar 30corta as marolassem perda dedireção, tem boamanobrabilidadee o posto decomando oferecebastante confortopara o piloto

N á u t i c a 8 7

ACIMA EABAIXOPainel decontrole natuna tower eentrada einterior dacabine, ondehá umagrande camade casal

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C a r b r a s m a r 3 0

Principais opcionaisTuna-tower • toldo • banco de pesca removível • capa • material de salvatagem • guincho elétrico • som • equipamentos eletrônicos para navegação • gerador • ar condicionado.

Principais equipamentos5 cunhos de aço inox • escada de popa em aço inox • quadro de disjuntores • suportes com 3 baterias de142 Ah cada • luzes de navegação • direção hidráulica• conjunto de flapes • 3 bombas de porão de 2 000 gphcada • 1 gaiúta • 4 vigias • sistema de pressurização deágua doce • vaso sanitário manual • revestimento ter-moacústico no compartimento do motor • geleira • guarda-mancebo em aço inox • chuveiro de água sal-gada no cockpit com bomba elétrica própria • 5 porta-caniços • filtros Racor para combustível • filtros deágua salgada.

Como ela éComprimento máximo

Comprimento do casco

Boca

Calado com propulsão

Borda-livre na proa

Borda-livre na popa

Pé-direito na entrada

Ângulo do V na popa

Combustível

Água

Peso sem a motorização

Peso da motorização

Capacidade (dia/pernoite)

Projeto

10,24 m

9,32 m

3,40 m

0,97 m

1,00 m

0,80 m

1,86 m

14 graus

900 litros

200 litros

3 500 kg

1 240 kg

8/2

Como ela navega

Obs.: 1) A autonomia (baseada em 90% da capacidade do tanque) é dada em milhas náuticas (1 milha = 1,852 km/h); 2) As velocidades foram obtidas com GPS e o consumo éestimado; 3) Medições feitas com quatro adultos, 850 litros de diesel e sem água a bordo.

100100

200200

26026034,5

1 8001 600

2 0002 850

2 6002 800

2 4002 200

1 400

10

20

30

Pontos altosBoa navegabilidade a favor das ondasBoa capacidade de manobraPraça de popa espaçosa

Pontos baixosMenor navegabilidade contra as ondasExcesso de tampas no convésFaltam pegadores na área externa

*Dados fornecidos pelo fabricante, exceto as bordas-livres.

rpm velocidade consumo autonomia(nós) (litros/h) (milhas)

1 400 12,0 47 2071 600 16,3 54 2451 800 21,8 68 2602 000 24,8 80 2512 200 28,2 92 2482 400 30,5 112 2212 600 32,6 132 2002 850 34,5 162 173

8 8 N á u t i c a

Tom Fexas /Carbrasmar

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