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CASO NADEGE DORZEMA E OUTROS VS. REPÚBLICA DOMINICANA Sentença de 24 de outubro de 2012 (Mérito, Reparações e Custas) Direitos Humanos e Seus Conceitos Fundamentais PROF. WAGNER BALERA Aluno: José Tadeu Rodrigues Pentea

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Apresentação do Caso da Corte Interamericana de Direitos Humanos

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CASO NADEGE DORZEMA E OUTROS VS. REPÚBLICA DOMINICANA

Sentença de 24 de outubro de 2012(Mérito, Reparações e Custas)

Direitos Humanos e Seus Conceitos Fundamentais PROF. WAGNER BALERA

Aluno: José Tadeu Rodrigues Penteado

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Corte apresenta os Antecedentes contextuais (VI Fatos Provados itens A-38 a A40)• grandes migrações de haitianos nas primeiras três décadas do século 20,

com 100 mil pessoas mudando para os canaviais da República Dominicana .

Contexto histórico, político e social dos acontecimentos

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Contexto histórico, político e social dos acontecimentos

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Estimativas: entre 900.000 e 1.2 milhões de haitianos e dominicanos de ascendência haitiana, vivem na República Dominicana

República Dominicanapopulação total: 8.5 milhões

A população estrangeira registrada no país, até 2011, era de 292.737 pessoas, das quais 247.468 eram haitianos e 45.269 eram de outras nacionalidades.

Migração em busca de oportunidade de emprego diante da degradação ambiental e de pobreza no Haiti.

Na República Dominicana, haitianos em condições de pobreza e marginalidade.

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Contexto histórico, político e social dos acontecimentos

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Caso 12.271, Benito Tide Mendez e outros, República Dominicana, 29/03/2012 (CIDH, Informe No. 64/12,)

Trata de pessoas foram detidas e em menos de 24 horas, expulsas arbitrariamente da República Dominicana para o Haiti.

Caso 12.189, Dilcia Yean e Violeta Bosica, República Dominicana, 22/02/ 2001 (CIDH Informe nº 28/01)

1ª Condenação da República Dominicana na CIDH, em caso de meninas que foram mantidas como apátridas até 25/09/2011.

http://www.dominicantoday.com/image/article/12/209x400/0/9A54106E-7674-4AE3-8D41-A1ECAD74B36A.jpeg

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Cronologia da Introdução à Sentença 5

18 Jun. 2000 - Acontecimentos

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Cronologia da Introdução à Sentença 6

18 Jun. 2000 - Acontecimentos

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Cronologia da Introdução à Sentença 7

28 Nov. 2005 - Recebimento da denuncia pela a Comissão contra o Estado da República Dominicana.

• Grupo de Apoio aos Repatriados e Refugiados (Chérubin Tragelus)

• Centro Cultural Dominicano Haitiano (Antonio Pol Emil)

23 Out. 2006 designada co-peticionária a Clínica Internacional de Defesa dos Direitos Humanos da Université du Québec à Montréal.

https://www.flickr.com/photos/corteidh/7422652120/in/album-72157630242880812/

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Cronologia da Introdução à Sentença 8

22 Dez. 2008 - Comissão aprova o Relatório de Admissibilidade nº 95/08;

2 Nov. 2010 - Comissão emite o Relatório de Mérito nº 174/10 concluindo pela responsabilidade da República Dominicana por violação dos direitos à vida, à integridade pessoal, à liberdade pessoal, à não discriminação, às garantias judiciais e à proteção judicial; artigos 2, 4, 5, 7, 24, 8 e 25 da Convenção Americana, em relação às obrigações estabelecidas no artigo 1.1

11 Nov. 2010 Relatório de Mérito notificado à República Dominicana; prazo de dois meses para informar sobre o cumprimento das recomendações

(prorrogado e não cumprido pelo Estado)

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Cronologia da Introdução à Sentença 9

28 Nov. 2011 Estado recebe as petições, argumentos e provas; início do prazo improrrogável de dois meses para contestação.

28 Jan 2012 Fim do prazo para Contestação pelo Estado.

11 Fev. 2011 Submissão à Corte - Caso (12.688) - artigos 51 e 61 da Convenção , contra a República Dominicana

24 Mai. 2011 Notificação ao Estado e aos representantes

26 Jul. 2011 Representantes apresentam à Corte Escrito de petições, argumentos e provas.

24 Nov. 2011 Notificado ao Estado via correio eletrônico e courier.

14 Fev. 2012 Apresentação da contestação do Estado, com atraso de 17 dias.Plenário da Corte determina inadmissível o escrito do Estado por ser extemporâneo

(artigo 41.1 do Regulamento da Corte)

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Cronologia da Introdução à Sentença 10

31 Mai. 2012 Partes convocadas para a audiência pública de 21/22 Jun. 2012, por Resolução do Presidente da Corte

Recebidas as declarações de duas supostas vítimas e as observações e alegações finais orais da Comissão, dos representantes e do Estado.

Presidente também determina receber diversas declarações prestadas perante agente dotado de fé pública (affidavit).

21/22 Jun. 2012 Audiência Pública, 95º Período Ordinário de Sessões, na sede da Corte.

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Cronologia da Introdução à Sentença 11

1º Ago. 2012 As alegações e observações finais escritas dos representantes e do Estado, transmitidas às partes e à Comissão para contra minuta e observações pertinentes à prova, em prazo determinado

23/24 Jul. 2012 Alegações e observações finais do Estado e Representantes

23 Jul. 2012 Comissão Interamericana apresenta observações finais escritas.

14/ 15 Ago. 2012

Representantes e o Estado, respectivamente, apresentam observações às alegações finais escritas e anexos, da outra parte

24 Out. 2012

Sentença de mérito da Corte

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PROVA E SUA ADMISSIBILIDADE 12

A inadmissibilidade da contestação do Estado pela extemporaneidade de 17 dias em sua apresentação

artigo 41.3 do Regulamento da Corte

“a Corte podera considerar aceitos os fatos que não tenham sido expressamente negados e as pretensões que não tenham sido expressamente controvertidas”

Estado pôde participar da audiência pública, do interrogatório dos declarantes, responder aos questionamentos dos juízes e apresentar alegações finais orais e escritas.

Dada a falta de contestação, não foram valoradas alegação ou prova do Estado controvertendo os fatos, a admissibilidade e a demonstração do caráter de supostas vítimas.

Foram valoradas unicamente as controvérsias de declarações prestadas por affidavit

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CONSIDERAÇÃO PRÉVIA SOBRE AS SUPOSTAS VÍTIMAS 13

A Comissão, em seu Relatório de Mérito nº 174/10 :

• 7 pessoas falecidas

• 13 pessoas sobreviventes e

• 51 familiares das pessoas falecidas

• recomendou a obrigação do Estado em localizar as demais vítimas dos fatos

Representantes:

• 7 pessoas falecidas

• 14 pessoas sobreviventes,

• 8 “outras vítimas”

• 104 familiares individualizados das pessoas sobreviventes e/ou falecidas

artigo 35.1 do Regulamento: Corte considerou como supostas vítimas as pessoas anunciadas pela Comissão em seu Relatório de Mérito

artigo 35.2 do Regulamento, a Corte considerou como suposta vítima a testemunha Noclair Florvilien, em razão da declaração em audiência, sem oposição do Estado ou Comissão, bem como em razão de todo material probatório constante dos autos

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FATOS PROVADOS 14

Fatos do caso

1. Perseguição e incidente

• Em consequência dos projéteis de arma de fogo, perderam a vida

3 Haitinanos, Fritz Alce, Ilfaudia Dorzema e Nadege Dorzema

1 Dominicano, Máximo Rubén de Jesús Espinal

• Durante a capotagem do caminhão, 1 Haitiana perdeu a vida: Jacqueline Maxime - devido a um trauma no tórax e no abdômen

• Por disparos realizados após a capotagem do caminhão, faleceram durante a fuga 2 Haitianos: Pardis Fortiluse e Roselene Thermeus

• Laudos médicos - causa de morte de seis deles se devia a ferimentos por projétil de arma de fogo, principalmente na cabeça, no tórax, no abdômen e em outras partes do corpo

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FATOS PROVADOS 15

2. Reação das autoridades diante do incidente

• Dois militares buscaram ajuda médica.

• Determinaram ao sobreviventes que levantassem o caminhão tombado

• Colocassem os mortos e os feridos nas ambulâncias

• 9 pessoas foram levadas ao Hospital Regional Universitário José María Cabra na cidade de Santiago

• 5 delas ficaram internadas, sem registro de ingresso ou alta do hospital

• Em 19 de junho de 2000 os corpos dos seis haitianos falecidos foram enterrados em uma fossa comum, em Gurabo, República Dominicana

• Em 20 de junho de 2000, o Instituto Regional de Patologia Forense emitiu laudos preliminares sobre a causa da morte de sete “haitianos ilegais”

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FATOS PROVADOS 16

3. Detenção e expulsão

• No quartel militar de Dajabón, agentes militares ameaçaram os sobreviventes detidos:

ou trabalhariam no campo ou poderiam dar dinheiro em troca de serem levados à fronteira com o Haiti.

• Os detidos fizeram uma coleta de dinheiro para entregar aos agentes e à tarde os agentes os levaram à cidade de Ouanaminthe (Wanament), no Haiti.

• Homens, mulheres e o menor não foram separados durante a detenção.

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FATOS PROVADOS 174. Sobre o processo na jurisdição militar

• A Junta Mista de Oficiais Generais das Forças Armadas emitiu relatório sobre os fatos, com declarações iniciais dos quatro militares que atuaram, uma das pessoas sobreviventes, motorista do caminhão e uma testemunha

• A Promotoria do Conselho de Guerra de Primeira Instância apresentou “auto introdutório” “como supostos autores do crime de homicídio voluntário em prejuízo dos falecidos...”

• O Conselho de Guerra de Primeira Instância condena por sentença de 5/03/2004

2 agentes envolvidos nos fatos, a cinco anos de prisão por homicídio;

1 agente culpado por homicídio, condenado a 30 dias de suspensão de funções.

4º agente foi considerado “não culpado dos fatos” e foi absolvido “de toda responsabilidade penal”

• Os agentes condenados à pena de prisão apelaram no mesmo dia de prolação da sentença condenatória, ao Conselho de Guerra de Apelação, que os absolveu

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FATOS PROVADOS 18

5. Sobre o processo na jurisdição ordinária

• Em 30 de setembro de 2002 familiares das pessoas falecidas

apresentaram petição de constituição como parte civil perante o Juízo

de Instrução do Distrito Judicial de Montecristi, que a denegou por

existir um processo sobre os mesmos fatos perante a jurisdição militar.

• Em 12 de março de 2003 os mesmos familiares apresentaram uma

demanda perante a Suprema Corte de Justiça de República Dominicana

que confirmou a competência da jurisdição militar sobre o caso

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DIREITOS VIOLADOS (VII) 19

Análise das Ações preventivas:

• Estado não cumpriu sua obrigação de garantir os direitos à vida e à

Integridade Pessoal através de uma legislação adequada sobre o uso da força

• Nessa matéria não demonstrou ter capacitado e treinado os agentes

encarregados de fazer cumprir a lei, em contravenção do dever de garantia

dos direitos à vida e à integridade pessoal

VII-1: Direitos à vida e à integridade pessoal (artigos 4 e 5), em relação às obrigações de respeitar e garantir os direitos e o dever de adotar disposições de direito interno (artigos 1 e 2);

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Análise das Ações concomitantes aos fatos:

• Falta operação para tráfico de drogas e armas, capacitação e organização, resultou em ações altamente desproporcionais dos agentes militares.

• Privação arbitrária da vida de 4 pessoas

• Execuções extrajudiciais de 2 pessoas pelo uso da força de forma ilegítima, excessiva ou desproporcional, mediante por disparos de arma de fogo, em violação do direito à vida (artigo 4.1 da Convenção)

• Violações à integridade pessoal dos sobreviventes, uso ilegítimo, desnecessário e desproporcional da força - cinco sobreviventes feridos por projéteis de arma de fogo durante os fatos, razão pela qual aa Corte considerou o Estado responsável pela violação do dever de respeitar o direito à integridade pessoal (artigo 5.1 da Convenção)

DIREITOS VIOLADOS (VII)

VII-1: Direitos à vida e à integridade pessoal (artigos 4 e 5),

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Análise das Ações posteriores aos fatos.

• Impunidade por denegação do acesso à justiça, afetando a o direito à integridade psíquica e moral dos familiares das vítimas, por causa das ações ou omissões posteriores das autoridades estatais (artigo 5.1 da Convenção)

• Omissão de diagnóstico e prescrição de tratamento aos feridos, violando o dever de respeitar e garantir o direito à integridade pessoal (artigo 5.1)

• O tratamento dado aos corpos das pessoas falecidas, não entregues aos familiares, enterradas em fossas comuns, sem identificação, manifesta um tratamento degradante (artigo 5.1 da Convenção)

DIREITOS VIOLADOS (VII)

VII-1: Direitos à vida e à integridade pessoal (artigos 4 e 5),

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22

• artigo 7 da Convenção Americana contém uma regulação geral, disposta no primeiro inciso, segundo a qual “toda pessoa tem o direito à liberdade e à segurança pessoais”,

• artigo 7.2 da Convenção: garantia específica contra a limitação da liberdade física, seja por um período breve, inclusive para fins de identificação

• artigo 8.2 da Constituição Nacional de 1994 (vigente no momento dos fatos) “Ninguém poderá ser levado à prisão nem coibido em sua liberdade sem ordem motivada e escrita de funcionário judicial competente, salvo em caso de flagrante delito”

• Lei de Imigração de 1939

• Regulamento de Migração nº 279, de 12 de maio de 1939

DIREITOS VIOLADOS (VII)

VII-2: Direitos à liberdade pessoal, à livre circulação e às garantias judiciais (artigos 7, 22 e 8), em relação à obrigação de respeitar os direitos (artigo 1.1)

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Estado tratou os 9 imigrantes como um grupo

• Não individualizou ou deu um tratamento diferenciado como seres humanos, nem levou em consideração as necessidades de proteção

• representou uma expulsão coletiva, em violação do artigo 22.9 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, em relação à obrigação de respeitar os direitos, estabelecida no artigo 1.1

DIREITOS VIOLADOS (VII)

VII-2: Direitos à liberdade pessoal, à livre circulação e às garantias judiciais (artigos 7, 22 e 8), em relação à obrigação de respeitar os direitos (artigo 1.1)

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• A prova nos autos não excluía os fatos da jurisdição militar

• Impedimento justificado para rejeição pelo Juízo de Instrução do Distrito Judicial de Montecristi e Suprema Corte de Justiça dos recursos interpostos pelos familiares das vítimas falecidas

• Ausencia de investigação e julgamento pela jurisdição ordinária

• Passados mais de 12 anos de ocorridos os fatos, nenhuma pessoa foi condenada

• Privação dos familiares das vítimas falecidas e os sobreviventes feridos do acesso à justiça e violou o direito às garantias judiciais e à proteção judicial (artigos 8.1 e 25.1 da Convenção Americana)

DIREITOS VIOLADOS (VII)

VII-3: Direitos às garantias judiciais e à proteção judicial (artigos 8 e 25) em relação a respeitar e garantir os direitos (artigo 1.1)

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25

• Estado descumpriu a obrigação contida no artigo 2 da Convenção Americana, de adequar seu direito interno às disposições da mesma, em conexão com os artigos 8 e 25 do mesmo instrumento.

• Reformas na República Dominicana entre os anos de 2002 e 2010

determinam a competência da jurisdição ordinária para julgar os delitos cometidos por pessoal militar

estabelecem a excepcionalidade da jurisdição militar para as faltas disciplinares e infrações de natureza estritamente militar.

• Corte concluiu que a atual legislação dominicana corrigiu o dever do Estado adotar disposições de direito interno (artigo 2 da Convenção Americana).

DIREITOS VIOLADOS (VII)

VII-4: Dever de adotar disposições de direito interno (artigo 2), ainda que posteriormente aos fatos do caso essa violação foi sanada em relação ao futuro

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Situação de especial vulnerabilidade dos imigrantes haitianos

(i) falta de medidas preventivas de controle migratório na fronteira;

(ii) violência com uso ilegítimo e desproporcional da força contra migrantes desarmados

(iii) falta de investigação de violência, de declarações e participação das vítimas no processo penal e a impunidade dos fatos;

(iv) detenções e a expulsão coletiva sem as devidas garantias

(v) falta de atenção e tratamento médico adequado às vítimas feridas, e vi) o tratamento degradante aos cadáveres e a falta de sua entrega aos familiares.

( artigos 2, 4, 5, 7, 8, 22.9 e 25 da Convenção)

DIREITOS VIOLADOS (VII)

VII-5: Dever de respeitar e garantir os direitos anteriormente descritos sem discriminação (artigo 1.1)

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REPARAÇÕES Parte lesada 27

Vítimas falecidas

1. Jacqueline Maxime (Jaqueline ou Yachine Masime)

2. Fritz Alce (Gemilord ou Gemilar)

3. Roselene Thermeus (Roselaine Therneus, Theremeus o

Therneur)

4. Ilfaudia Dorzema (Iffaudia ou Fosieu Dosema)

5. Máximo Rubén de Jesús Espinal (Dominicano)

6. Pardis Fortilus (Noupady Fortius)

7. Nadege Dorzema (Nana Dosema)

Familiares das vítimas falecidas – 51

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REPARAÇÕES Parte lesada 28Víctimas sobrevivientes

1. Joseph Pierre

2. Selafoi (Celafoi) Pierre

3. Joseph Desravine (Devraine, Maudire Felizor ou Joseph Dol)

4. Renaud Tima (Timat)

5. Sylvie Felizor (Silvie Therméus ou Srª Joseph Dol ou Srª Joseph Desravine)

6. Rose-Marie Petit-Homme (Cecilia Petithomme/Estilien o Rose-Marie Estilien)

7. Sonide Nora

8. Josier (Josué) Maxime

9. Noclair Florvilien (Flor Vilien)

10. Michel Francoise (Florantin, Florentin, Francés y Floant)

11. Roland Israel

12. Rose Marie (Fifi) Dol

13. Alphonse Oremis

14. Honorio Winique

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REPARAÇÕES Amicus Curiae 29

• Instituto de Direitos Humanos “Bartolomé de las Casas” da Universidade Carlos III de Madrid;

• Clínica de Direitos Humanos de Loyola Law School de Los Angeles;

• The Equal Rights Trust;

• Clínica de Asilo e Direitos Humanos da Faculdade de Direito de Boston University

• Conselho Latinoamericano de Estudiosos de Direito Internacional e Comparado, Capítulo República Dominicana

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REPARAÇÕES Obrigação de investigar os fatos e identificar, julgar e, se for o caso, punir os responsaveis.

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1) reabrir a investigação dos fatos do caso a fim de individualizar e julgar, assim como determinar o paradeiro dos corpos das pessoas falecidas, repatriá-los e entregá-los a seus familiares;

Vítimas não residentes na República Dominicana

Estado deverá outorgar

vítimas sobreviventes feridas US$ 7,500.00

demais sobreviventes US$ 3,500.00

2) oferecer gratuitamente e de forma imediata o tratamento médico e psicológico que requeiram as vítimas,, incluindo o fornecimento de medicamentos

Page 31: 2015-09-02_Nadage Dorzema y Otros vs. República Dominicana_APRESENTAÇÃO

REPARAÇÕES Obrigação de investigar os fatos e identificar, julgar e, se for o caso, punir os responsaveis.

31

3) Publicar a sentença

• no Diário Oficial

• em sítio web oficial

• em jornal de ampla circulação nacional da República Dominicana

• Traduzir o resumo oficial da sentença ao francês e ao Creole e publicá-lo, uma vez, em um jornal de ampla circulação nacional do Haiti

• Realizar um ato público de reconhecimento de responsabilidade internacional do Estado

4) promover a capacitação de funcionários públicos sobre os seguintes temas:

a) o uso da força por parte de agentes encarregados de fazer cumprir a Lei;

b) o princípio de igualdade e não discriminação a migrantes e com perspectiva de gênero e de proteção à infância, e

c) o devido processo na detenção e deportação de migrantes irregulares.

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REPARAÇÕES Pagar as quantias determinadas

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5.1 DANOS MATERIAIS: vítimas não residentes na República Dominicana, para que possam receber esta atenção na localidade onde residam

vítimas sobreviventes feridas US$ 7,500.00

demais sobreviventes US$ 3,500.00

5.2 DANOS IMATERIAIS:

• aos herdeiros das sete vítimas falecidas US$ 20.000,00

• as 10 vítimas sobreviventes que foram feridas US$ 16.500,00

• as 4 vítimas sobreviventes não feridas US$ 10.000,00

• Sylvie Felizor (grávida) e Roland Israel (menor) adicional de US$ 2.000,00

• familiares das vítimas falecidas,

adicional de US$ 7.000,00 a cada filho/filha, pai, mãe, cônjuge ou companheiro/a;

e US$ 5.000,00 a cada irmão /irmã e uma avó da vítima

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REPARAÇÕES Pagar as quantias determinadas

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5.2 reembolso de custas e gastos

• US$ 25.000, para a Clínica Internacional de Defesa dos Direitos Humanos da UQAM

• US$ 17.000,00 para o Grupo de Apoio aos Repatriados e Refugiados

• US$ 16.000,00 a favor do Centro Cultural Domínico Haitiano

• entregues a cada instituição dentro do prazo de um ano partir da notificação da decisão

5.3 restituição dos gastos do Fundo de Assistência de Vítimas

• US$ 5.972,21, referente aos gastos para permitir a participação de duas supostas vítimas e um representante, durante a audiência pública, além da apresentação de uma declaração por affidavit.

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Resolução: 1º de dezembro de 2011

Cobrir os gastos de viagem e estadia de duas vítimas e de um

representante, para comparecerem à audiência pública;

gastos de uma declaração apresentada por affidavit

Valor US$ 5.972,21

Sentença 24 de outubro de 2012

Reembolsado até 31 de dezembro de 20130%

Nadege Dorzema e outros Vs. República Dominicana

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Nadege Dorzema e outros Vs. República Dominicana 36

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Referências

BRASIL. Convenção Americana Sobre Direitos Humanos, de 22 de novembro de 1969. Promulgada pelo Decreto nº 678, de 06 de novembro de 1992. Disponível em www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D0678.htm. Acesso em 09 ago. 2015.

Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso Nadege Dorzema e Outros Vs. República Dominicana. Sentença de 24 de outubro de 2012 (Mérito, Reparações e Custas). Disponível em http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_251_por.pdf. Acesso em 27 ago. 2015.

Migração, Refúgio e Apátridas. Em: Jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Secretaria Nacional de Justiça. Comissão de Anistia, Corte Interamericana de Direitos Humanos. Tradução da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Brasília: Ministério da Justiça, 2014. Disponível em http://www.sdh.gov.br/assuntos/atuacao-internacional/sentencas-da-corte-interamericana/pdf/7-migracao-refugio-e-apatridas. Acesso em 27 ago. 2015

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Referências

Migração, Refúgio e Apátridas. Em: Jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Secretaria Nacional de Justiça. Comissão de Anistia, Corte Interamericana de Direitos Humanos. Tradução da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Brasília: Ministério da Justiça, 2014. Disponível em http://www.sdh.gov.br/assuntos/atuacao-internacional/sentencas-da-corte-interamericana/pdf/7-migracao-refugio-e-apatridas. Acesso em 27 ago. 2015

Comissão Interamericana de Direito Humanos, Informe nº 28/01 https://www.cidh.oas.org/annualrep/2000sp/CapituloIII/Admisible/Rep.Dominicana12.189.htm. Acesso em 30 ago. 2015

Comissão Interamericana de Direito Humanos, Informe nº 64/12 https://www.oas.org/es/cidh/12.271Fondo.doc Acesso em 30 ago. 2015

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