2013-03-08- agenda legislativa do setor financeiro 2013

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AGENDA DO SETOR FINANCEIRO 2013

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  • AgendA do SetorFinanceiro

    2013

  • Dar condies ao setor financeiro paradesempenhar o papel que lhe reserva a

    Constituio e que dele espera a sociedade.

    www.cnf.org.br2013

    AgendA do SetorFinanceiro

  • ABBCASSOCIAO BRASILEIRA DE BANCOS

  • aPreSenTao

    H quem diga que, no Brasil, existem sistemas financeiros, ao invs de um nico Sistema Financeiro Nacional. Essa percepo nasce do contato dirio dos usurios com instituies financeiras modernas e eficientes, que oferecem am-pla gama de produtos e servios para satisfazer diferentes necessidades dos vrios segmentos da populao. So tantas as faces do Sistema Financeiro Nacional que, de fato, pode-se pensar em muitos sistemas. O setor financeiro brasileiro oferece facilidades, tais como caixas eletrnicas (ATMs) e operaes pela Internet, que, muitas vezes, no so encontrveis em pases mais desen-volvidos. Um setor financeiro flexvel e gil, pronto a se adaptar s mudanas na economia e na sociedade, tambm um setor financeiro complexo. Muitas vezes, por falta de informao, apontado como responsvel por distores na economia e na sociedade.

    No mundo todo, os setores financeiros tm peculiaridades que os distin-guem dos demais setores da economia. Numa cadeia produtiva, diferentes setores se entrelaam, numa sequncia que agrega valor s sucessivas eta-pas que transformam insumos em bens e servios. O setor financeiro no se entrelaa com essas etapas: ele as permeia todas. No h fase da produo de bens ou servios, industriais ou agrcolas, que no dependa, em algum momento, de uma instituio ou de um produto ou servio financeiro. Uma crise num setor da economia pode trazer consequncias muito graves para produtores, empregados e consumidores de dado bem ou servio; uma crise no setor financeiro pode trazer consequncias ainda mais graves para todos os produtores, empregados e consumidores. Um setor financeiro saudvel, slido e transparente benfico para toda a economia e para todas as ca-madas da sociedade. Uma economia dinmica, competitiva e sustentvel benfica para o setor financeiro.

    Essa estreita relao entre o setor financeiro e os demais setores da econo-mia pauta a viso de longo prazo da CNF. Em sua atuao institucional, a Confe-derao no se limita a defender interesses de segmentos do setor financeiro. A CNF promove debates e participa das grandes discusses que contribuem para o desenvolvimento econmico e social do pas. Na sua atuao, a Confedera-o se preocupa, permanentemente, em promover a tica e a transparncia nas relaes entre as instituies financeiras, bem como entre estas, a socieda-de e o Estado.

  • a agenda do SeTor Financeiro

    No Governo, Congresso Nacional e no Judicirio, as matrias que envolvem o setor financeiro so, invariavelmente, questes tcnicas. So tambm ques-tes que afetam no apenas o setor, mas toda a economia e toda a socieda-de. Seus aspectos econmicos, contbeis, financeiros, matemticos, jurdicos, tributrios, tecnolgicos, regulatrios e de segurana so sempre complexos. Para a CNF, o correto encaminhamento dessas questes requer minucioso e aprofundado estudo de todos os aspectos envolvidos, por atores despidos de preconceitos e isentos de posies preestabelecidas.

    Esse o duplo papel da Agenda do Setor Financeiro. Por um lado, a ASF serve de catalisadora do consenso entre as instituies financeiras sobre as questes que afetam todas elas. O que segue neste documento produto de discusses entre as instituies financeiras e representa o denominador co-mum do setor para amplo espectro de temas. Por outro lado, a ASF constitui subsdio para autoridades, consultores e assessores dos trs Poderes, entre ou-tros, que se debruam sobre temas ou diretamente ligados ao setor financeiro, ou vinculados a questes que afetam o ambiente de negcios em que opera o setor tais como as trabalhistas, tributrias, previdencirias, sociais, ambientais, de segurana, de direitos do consumidor e de eficincia econmica.

    A Agenda do Setor Financeiro trata de 23 temas e 188 subtemas. Para cada um deles, so alinhadas informaes jurdicas, econmicas, financeiras e hist-ricas que justificam as posies do setor enunciadas com destaque. Do con-junto dessas posies emerge a clara percepo de que a ASF balizada por uma orientao fundamental: dar condies ao setor financeiro para desem-penhar o papel que lhe reserva a Constituio e que dele espera a sociedade.

    Visite nosso portal www.cnf.org.br para melhor conhecer as contribuies que esse setor to importante faz economia e sociedade brasileiras. Ao lon-go do ano, o portal publicar atualizaes na Agenda do Setor Financeiro. A CNF est sua disposio para oferecer informaes adicionais.

  • A Confederao Nacional das Instituies Financeiras, tambm designada pela sigla CNF, uma associao civil sem fins lucrativos que congrega as en-tidades representativas das instituies financeiras e assemelhadas, de mbito nacional ou regional.

    No Congresso Nacional, a CNF exerce prerrogativas exclusivas de entidades de classe de grau superior. A CNF est credenciada pelas Mesas do Senado Fe-deral e da Cmara dos Deputados para o fornecimento de subsdios de carter tcnico, documental, informativo e instrutivo aos Relatores de proposies, aos membros das Comisses, s Lideranas e aos demais parlamentares interessa-dos e ao rgo de assessoramento legislativo. que o dispem o Art. 259 do Regimento Interno da Cmara dos Deputados (Resoluo n. 10/ 2009) e o art. 30, 1, do Ato da Comisso Diretora do Senado Federal n. 17, de 1987.

    Tambm junto ao Poder Executivo a CNF est credenciada para participar de Conselhos, Comits, Comisses e Grupos de Trabalho, como, por exemplo, o Conselho de Recursos Administrativos Fiscais (CARF) e o Conselho de Recursos da Previdncia Social (CRPS).

    VisoUm Sistema Financeiro Nacional slido, moderno e eficiente que promova

    a tica e a transparncia nas relaes entre instituies financeiras, bem como entre estas e a sociedade e o Estado, com vistas ao desenvolvimento econmi-co e social do Brasil, harmnico em todas as regies do pas.

    MissoOrientar, coordenar, promover, defender e representar os interesses das

    instituies financeiras no plano nacional, com vistas ao fortalecimento e ao desenvolvimento das suas atividades, cooperando para o desenvolvimento econmico e social do pas, observados os princpios da livre iniciativa e da economia de mercado, voltadas para os interesses da coletividade.

    objetivos1. orientar, coordenar, defender e representar os interesses das instituies

    financeiras no nvel nacional;

    2. colaborar para o fortalecimento e desenvolvimento harmnico das insti-tuies financeiras em todas as regies do pas;

    3. cooperar para o desenvolvimento econmico e social do pas, observados os princpios da livre iniciativa e da economia de mercado;

    o que que Faz a cnF

  • 4. patrocinar a solidariedade entre as categorias econmicas do sistema fi-nanceiro, compondo e harmonizando seus interesses;

    5. promover, perante os diversos setores de atividade econmica do Pas, rgos de comunicao, usurios dos servios das entidades filiadas e p-blico em geral, a divulgao das atividades do Sistema Financeiro Nacional no contexto social e no atendimento aos interesses da coletividade;

    6. manter relao com organizaes internacionais de interesses comuns, podendo a elas se filiar;

    7. desenvolver conjuntamente com suas Associadas programas de formao, qualificao e certificao para dirigentes e funcionrios das entidades As-sociadas e de suas afiliadas, bem como para terceiros que tenham interes-se nas atividades e funcionamento do sistema financeiro;

    8. promover e realizar eventos tais como exposies, cursos, congressos, se-minrios, colquios, conferncias, palestras e outras iniciativas, com vistas ao aprimoramento tcnico e profissional dos recursos humanos que inte-gram os quadros das instituies financeiras e do pblico em geral.

    Prerrogativas previstas nos estatutos Sociais1. representar perante os rgos, entidades e autoridades competentes, os

    interesses gerais das Associadas;

    2. tornar pblicas posies do setor financeiro sobre questes relevantes para os objetivos sociais da CNF, sempre que solicitada por suas Asso-ciadas;

    3. indicar para eleio ou designar representantes junto a rgos pblicos de jurisdio nacional, no interesse geral das Associadas, ressalvadas as indi-caes especficas da competncia de cada Associada;

    4. colaborar com o Estado, como rgo tcnico e consultivo, no estudo e soluo dos problemas que se relacionem com as atividades e categorias econmicas coordenadas;

    5. representar as Associadas, judicial ou extrajudicialmente, independente-mente de mandato, bem como requerer mandado de segurana coletivo, nos termos da legislao vigente, do artigo 5, incisos XXI e LXX, alnea b, da Constituio da Repblica Federativa do Brasil, ou outra medida judicial cabvel, com vistas a defender os direitos e interesses das Associadas;

    6. acompanhar, junto ao Congresso Nacional e demais rgos legislativos ou normativos, os projetos e propostas que versarem sobre as atividades e operaes dos agentes econmicos e do sistema financeiro, bem como apresentar proposies e sugestes de aprimoramento.

  • ndice

    1 educao financeira ............................................................................17

    2 direitos do consumidor ......................................................................212.1 Atualizao do Cdigo de Defesa do Consumidor .......................................... 23

    2.1.1 Superendividamento ...................................................................................................242.1.2 Comrcio Eletrnico .................................................................................................... 252.1.3 Aes Coletivas ............................................................................................................... 26

    2.2 Proteo dos dados pessoais ........................................................................................ 262.3 Marco Civil da Internet ...................................................................................................... 272.4 Cadastro Positivo ................................................................................................................. 282.5 Banco de Dados de Inadimplentes ........................................................................... 292.6 Boletos de pagamento ..................................................................................................... 292.7 Decises dos Procons Ttulo Executivo ................................................................ 312.8 Contratos .................................................................................................................................. 312.9 Direito de arrependimento ............................................................................................ 322.10 Venda casada ......................................................................................................................... 332.11 Tempo de espera em filas ................................................................................................ 332.12 Soluo de reclamaes: Livro de Reclamaes, ranking de reclamados e taxas...................................................................................... 342.13 Devoluo de Valores ........................................................................................................ 35

    3 questes Sociais..................................................................................373.1 Incluso Financeira ............................................................................................................. 393.2 Agenda Nacional do Trabalho Decente .................................................................. 393.3 Igualdade no mundo do trabalho .............................................................................. 413.4 Acessibilidade ........................................................................................................................ 413.5 Clusula de observncia de direitos humanos em contratos .................... 43

    4 questes ambientais ...........................................................................474.1 IV Conferncia do Meio Ambiente ............................................................................. 504.2 Calamidades pblicas ....................................................................................................... 504.3 Licenciamento ambiental.............................................................................................. 514.4 Mercado de crditos de carbono ............................................................................... 52

    5 reformas estruturais ..........................................................................555.1 Novo Modelo Previdencirio para Novos Trabalhadores ............................. 575.2 Reforma trabalhista/sindical ......................................................................................... 595.3 Reforma Fiscal ........................................................................................................................ 60

    5.3.1 Controle dos gastos pblicos Lei de Responsabilidade Fiscal .......... 62

  • 6 eficincia econmica e competitividade .........................................656.1 Concentrao bancria .................................................................................................... 676.2 Lucro e rentabilidade bancria .................................................................................... 686.3 Correspondentes no Pas ................................................................................................ 696.4 Digitalizao / Arquivamento de documentos .................................................. 706.5 Desonerao da folha de pagamentos ................................................................... 716.6 Desburocratizao - Simplificao do Registro e Legalizao de Empresas e Negcios .................................................................................................. 726.7 Duplo registro ........................................................................................................................ 736.8 Territorialidade ...................................................................................................................... 746.9 Novo Marco Regulatrio da Minerao .................................................................. 746.10 Agncias Reguladoras ...................................................................................................... 756.11 Obrigatoriedade da publicao de balanos ...................................................... 766.12 Microempresas e empresas de pequeno porte ................................................. 766.13 Recuperao de empresas ............................................................................................. 776.14 Privatizao ............................................................................................................................. 786.15 Parcerias Pblico-Privadas (PPP) ................................................................................. 796.16 Desindexao da economia .......................................................................................... 80

    7 eficincia Judiciria e Segurana Jurdica .....................................837.1 Reformas de Cdigos Legais ......................................................................................... 85

    7.1.1 Cdigo Comercial.......................................................................................................... 867.1.2 Cdigo Penal .................................................................................................................... 877.1.3 Cdigo de Processo Civil ........................................................................................... 877.1.4 Cdigo de Processo Penal......................................................................................... 887.1.5 Cdigo do Trabalho ...................................................................................................... 89

    7.2 Justia do Trabalho.............................................................................................................. 897.2.1 Competncia penal da Justia do Trabalho .................................................... 907.2.2 Execuo no processo trabalhista........................................................................ 917.2.3 Recursos trabalhistas ................................................................................................... 927.2.4 Depsito recursal ........................................................................................................... 927.2.5 Honorrios advocatcios de sucumbncia ..................................................... 93

    7.3 Pacto Republicano .............................................................................................................. 947.4 Ao Civil Pblica (ACP) .................................................................................................... 947.5 Desconsiderao da personalidade jurdica ........................................................ 967.6 Interdito Proibitrio ............................................................................................................ 96

    8 regulamentao do artigo 192 da constituio Federal .............99

    9 - Banco central ..................................................................................... 1059.1 Autonomia do Banco Central ..................................................................................... 1089.2 Defesa da Concorrncia: competncia do Bacen ........................................... 1089.3 Funes de superviso bancria ............................................................................... 110

    10 crdito .............................................................................................. 11310.1 Alienao fiduciria .......................................................................................................... 11510.2 Crdito consignado .......................................................................................................... 116

  • 10.3 Crdito Direto ao Consumidor (CDC) ..................................................................... 11810.4 Microcrdito ......................................................................................................................... 11810.5 Crdito rural ......................................................................................................................... 11910.6 Cooperativas de crdito ................................................................................................. 12010.7 Fundo Garantidor de Crditos (FGC) ...................................................................... 121

    11 crdito imobilirio ......................................................................... 12311.1 Portabilidade do Crdito Imobilirio ...................................................................... 12511.2 Depsitos de Caderneta de Poupana .................................................................. 12611.3 Fundo de Garantia do Tempo de Servio (FGTS) ............................................. 12711.4 Patrimnio de Afetao e Regra do Incontroverso ......................................... 12711.5 Concentrao de atos registrais na matrcula ................................................... 12811.6 Fundo de Compensao de Variaes Salariais (FCVS) ................................ 12911.7 Consrcio imobilirio ...................................................................................................... 12911.8 Garantia Hipotecria ........................................................................................................ 13011.9 Impenhorabilidade do bem de famlia ................................................................. 131

    12 Taxa de juros e margens bancrias (spread) ........................... 13312.1 Capitalizao de juros para prazos inferiores a um ano ................................ 13512.2 Tabela Price ............................................................................................................................ 13712.3 Tabelamento de juros ..................................................................................................... 13812.4 Tabelamento de margem bancria (spread) ...................................................... 13812.5 Limitao dos juros cobrados sobre cheque especial .................................. 14012.6 Depsito compulsrio.................................................................................................... 140

    13 Financiamento de longo prazo ..................................................... 14313.1 Letras Financeiras .............................................................................................................. 14613.2 Letras Financeiras Imobilirias e Covered Bonds ............................................... 14713.3 Programa de Acelerao do Crescimento (PAC) .............................................. 147

    14 Plano diretor do Mercado de capitais ....................................... 15114.1 Ampliao do acesso dos investidores ao mercado de capitais com adequada proteo ...................................................................... 15414.2 Ampliao do acesso das empresas ao mercado de capitais ................... 15414.3 Derivativos e mercados futuros ................................................................................. 15414.4 Varas da Justia especializadas em matrias ligadas ao mercado de capitais ......................................................................................................... 15514.5 Aceitao de garantias de investidores estrangeiros .................................... 15514.6 Registro no CADE de participao acionria por Fundos de Private Equity e Venture Capital ............................................................................. 15614.7 Utilizao de recursos do FGTS para aquisio de aes ............................ 156

    15 questes Tributrias ...................................................................... 15915.1 Cdigo de Defesa dos Contribuintes ..................................................................... 16115.2 Transparncia de dados fiscais ................................................................................... 16215.3 Crditos tributrios ........................................................................................................... 16315.4 Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) ................................... 163

  • 15.5 Execuo Fiscal ................................................................................................................... 16415.6 Participao nos Lucros ou Resultados (PLR) ..................................................... 16415.7 Tributao de Incentivos Contratao e Produtividade ....................... 16515.8 Compensao de gio Interno em Reorganizaes Societrias ........... 16615.9 Tributao sobre ganhos de capital no realizados ....................................... 16715.10 Comrcio Exterior de Servios ................................................................................... 16815.11 Incidncia de IR sobre lucros e dividendos ......................................................... 16915.12 Imposto sobre Operaes de Crdito, Cmbio e Seguro, ou relativas a Ttulos ou Valores Mobilirios (IOF) ............................................. 17015.13 Imposto sobre Servios de Qualquer Natureza (ISS) e arrendamento mercantil (Leasing) ....................................................................... 17015.14 Contribuio Social sobre o Lucro Lquido (CSLL) .......................................... 17115.15 Contribuies sobre Movimentao Financeira ............................................. 17215.16 Tributao sobre Grandes Fortunas ........................................................................ 17215.17 Encargo financeiro para exportao ...................................................................... 17315.18 Ganhos de capital de pessoas fsicas na negociao de aes ................ 17415.19 Tributao dos ttulos de renda fixa ......................................................................... 17415.20 Tributao das operaes de trocas de contratos com fluxos de caixa (swap) ...................................................................................................... 17415.21 Tributao do hedge agropecurio de pessoas fsicas ................................. 17515.22 Tributao dos ttulos do agronegcio ................................................................. 17515.23 Diferenciao entre fundos de curto prazo e de longo prazo .................. 17515.24 Tratamento tributrio do investidor estrangeiro em fundos mtuos de investimentos ............................................................................ 17615.25 Tributao do investimento de longo prazo ...................................................... 17615.26 Tributao de fundos de penso .............................................................................. 17715.27 Instituio do Come-Cotas Anual .......................................................................... 17715.28 Programa de Recuperao Fiscal (REFIS) .............................................................. 178

    16 questes trabalhistas e sindicais ............................................... 18116.1 Contribuio Social sobre o FGTS ............................................................................. 18416.2 Adicional de periculosidade ........................................................................................ 18516.3 Adicional de penosidade .............................................................................................. 18616.4 Capacitao e qualificao do trabalhador ........................................................ 186

    16.4.1 Desonerao de Bolsas de Estudos ................................................................... 18716.5 Acordo Coletivo Especial ............................................................................................... 18716.6 Equiparao de correspondentes a bancrios ................................................. 18816.7 Terceirizao ......................................................................................................................... 18916.8 Jornada de trabalho ......................................................................................................... 19016.9 Fixao de piso salarial .................................................................................................... 19116.10 Estabilidade da relao empregatcia .................................................................... 19216.11 Estabilidade provisria da relao empregatcia ............................................. 19316.12 Sociedades Cooperativas e estabilidade provisria ...................................... 19416.13 Acidente de trabalho ....................................................................................................... 19516.14 Seguro Acidente de Trabalho (SAT) ......................................................................... 19616.15 Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) ............................................................... 19616.16 Suspenso de contrato de trabalho em caso de crise econmico-financeira ......................................................................................... 197

  • 16.17 Licena Maternidade ...................................................................................................... 19816.18 Outras licenas trabalhistas ......................................................................................... 19816.19 Assdio moral ...................................................................................................................... 19916.20 Ponto eletrnico ................................................................................................................. 20016.21 Concesso de benefcios em dinheiro - vale-transporte ............................ 20016.22 Unicidade sindical ............................................................................................................. 20116.23 Acesso das entidades sindicais s informaes das empresas ................ 20116.24 Participao dos trabalhadores na gesto das empresas ........................... 20216.25 Contribuio assistencial .............................................................................................. 20316.26 Contribuio negocial .................................................................................................... 20416.27 Ultratividade das convenes, acordos e contratos coletivos de trabalho ....................................................................................................... 20416.28 Migrao de trabalhadores qualificados .............................................................. 205

    17 questes previdencirias.............................................................. 20917.1 Conselho de Recursos da Previdncia Social (CRPS) ..................................... 21117.2 I Conferncia Nacional da Previdncia Social .................................................... 21217.3 Fator Previdencirio .......................................................................................................... 21317.4 Ressarcimento ao Sistema nico de Sade (SUS) ........................................... 21317.5 Previdncia complementar dos servidores pblicos ................................... 21417.6 Penses e Benefcios ........................................................................................................ 21517.7 Reajuste dos benefcios observando o salrio mnimo ............................... 215

    18 questes de segurana ................................................................. 21918.1 Uniformizao da legislao sobre segurana bancria ............................. 22118.2 Crimes eletrnicos ............................................................................................................ 22218.3 Combate lavagem de dinheiro............................................................................... 22318.4 Vigilncia privada ............................................................................................................... 22418.5 Caixas eletrnicos .............................................................................................................. 22518.6 Agncias bancrias ........................................................................................................... 22618.7 Segurana do transporte de valores ....................................................................... 22618.8 Tecnologia de segurana .............................................................................................. 226

    19 questes Bancrias ....................................................................... 22919.1 Atividades bancrias como servios essenciais ............................................. 23119.2 Transaes por meio de dispositivos mveis (Mobile Payment) ............ 23219.3 Sigilo bancrio ..................................................................................................................... 23319.4 Tarifas bancrias ................................................................................................................. 23519.5 Horrio de funcionamento de agncias bancrias ........................................ 23619.6 Cheques .................................................................................................................................. 236

    19.6.1 Pagamento de cheques pr-datados, promissivos ou sem fundos....23719.6.2 Sustao de cheques ................................................................................................. 237

    19.7 Transaes eletrnicas ................................................................................................... 238

    20 arrendamento mercantil (Leasing) ............................................. 24120.1 Valor Residual Garantido (VRG) .................................................................................. 24320.2 Contabilizao do leasing como ativo intangvel ............................................ 244

  • 21 cartes de crdito ......................................................................... 24721.1 Fiscalizao pelo Banco Central ................................................................................ 25021.2 Diferenciao dos preos em funo do meio de pagamento utilizado ....................................................................................................... 25021.3 Limitao dos juros sobre o crdito rotativo ...................................................... 251

    22 Padres contbeis ......................................................................... 25322.1 Acordo de Basileia III ......................................................................................................... 25522.2 Harmonizao de regras contbeis com padres internacionais ......... 256

    23 questes internacionais ................................................................ 25923.1 Brasil Investimentos e Negcios - Projeto BRAiN ............................................. 26123.2 Ponto de Contato Nacional (PCN) ............................................................................ 26223.3 Acordo para intercmbio de informaes tributrias entre o Brasil e os Estados Unidos .......................................................................................... 26323.4 Preveno evaso fiscal: Foreign Account Tax Compliance Act (FATCA) ............................................................................................................................ 26323.5 Acordo contra bitributao entre o Brasil e os Estados Unidos ............... 26523.6 Parlamento do Mercosul (Parlasul) .......................................................................... 266

    SiTuao daS ProPoSieS na aBerTura da SeSSo LegiSLaTiVa de 2013 ........................................................... 268

  • 2013

    educao FINANCEIRA

  • caPTuLo

    1

    educao FINANCEIRA

  • 19Captulo 1 | EDUCAO FINANCEIRA

    1. educao financeiraA Confederao Nacional das Instituies Finan-ceiras apoia as iniciativas multidisciplinares que permeiem toda a formao do futuro consumidor. Ao mesmo tempo, apoia medidas pontuais que ofeream educao financeira ou para segmentos especficos da populao, ou sobre aspectos es-pecficos das atividades do setor financeiro, desde que tais aes no substituam o tratamento trans-versal contemplado, por exemplo, pela Estratgia Nacional de Educao Financeira (ENEF).

    Uma educao financeira de qualidade propicia be-nefcios tanto para os consumidores quanto para as instituies com que estes se relacionam. por essa razo que a educao financeira est no topo da agenda das ins-tituies do setor.

    Para os consumidores, conhecimento de produtos e servios, do funcionamento do sistema financeiro nacio-nal e de princpios de matemtica financeira, entre outros, facilitam a identificao das melhores alternativas de com-pra a prazo, de tomada de crdito e de investimento de sua poupana. Educao financeira previne contra riscos desnecessrios e contribui para o equilbrio das contas fa-miliares, com foco no planejamento, no controle dos gas-tos e na importncia de se poupar. Aliar o perfil empreen-dedor do brasileiro a uma educao financeira de qualida-de contribui para o crescimento econmico sustentado e mitiga o superendividamento.

    Para as instituies, por sua vez, a educao financeira contribui para cimentar relacionamentos slidos e duradou-ros com seus clientes, o que fomenta a bancarizao e o cr-dito, com reduo gradual da inadimplncia e das margens bancrias (spread). Tambm contribui para o lanamento de gama mais variada de produtos financeiros, medida que os brasileiros se voltem para o planejamento de longo prazo e recorram cada vez mais previdncia privada, ao crdito imobilirio, ao financiamento educacional de suas famlias, formao de carteiras diversificadas de ativos, para mencio-nar algumas das possibilidades.

    Educao financeira pode ser oferecida em diferentes nveis de complexidade, para os mais variados pblicos. Assemelha-se, em grande medida, ao aprendizado de matemtica, que permeia as mais diversas matrias aca-dmicas. Assim, a educao financeira ideal no se limita a um aprendizado simples, que possa ser adquirido numa disciplina especfica no currculo escolar. Ao contrrio, ela deveria entremear diferentes matrias ao longo da for-mao do brasileiro. Essa a orientao fundamental da Estratgia Nacional de Educao Financeira (ENEF).

    O Decreto n 7.397/2010, que institui a ENEF, alm de dispor sobre a gesto, estabelece que a execuo da Estratgia dar-se- em conformidade com diretrizes como: (i) a gratuidade das aes de educao financei-ra; (ii) a formao de parcerias com rgos e entidades pblicas e instituies privadas; (iii) a prevalncia do in-teresse pblico; e (iv) a atuao permanente e em m-bito nacional.

  • 2013

    direiToS do CONSUMIDOR

  • caPTuLo

    2

    direiToS do CONSUMIDOR

  • 23Captulo 2 | Direitos Do consumiDor

    O respeito das instituies financeiras aos direitos do consumidor est solidamente vinculado a uma relao mtua de confiana. Ao fazer um depsito, os clientes acreditam que seus recursos estaro dispon-veis na forma e no prazo pactuados. Ao conceder um emprstimo, as instituies acreditam que os recursos sero repagados nas condies contratadas. Confiana a matria prima fundamental das instituies finan-ceiras. A eventual violao dos direitos do consumidor enfraquece esse vnculo e afeta o bom funcionamento do setor financeiro.

    A observao desses direitos no se confunde com eventuais erros operacionais, inevitveis num sistema que gerencia 145,6 milhes de contas bancrias. Resulta-dos do balano de instituies mais reclamadas divulga-do pelo Banco Central em dezembro de 2012 evidenciam que, ao considerar-se o nmero de clientes e volume de servios prestados, os bancos esto entre as empresas brasileiras com o menor ndice de queixas relativas. No ranking das dez instituies (com mais de um milho de clientes) com maior nmero de reclamaes, para cada 100 mil clientes o banco mais reclamado tinha 1,05 re-clamaes. Em um sistema que lida com um assunto to sensvel quanto o dinheiro e que mantm uma relao quase diria com seus clientes, processando anualmente mais de 18 bilhes de transaes entre depsitos, em-prstimos, pagamentos e recebimentos de todos os tipos de contas, transferncias e aplicaes financeiras, o n-mero de reclamaes no Banco Central pode ser consi-derado efetivamente baixo.

    A CNF participar da 1 Conferncia Nacional de De-fesa do Consumidor (I CONDEC), comandada pela Secre-taria Nacional do Consumidor (Senacon) do Ministrio da Justia, para o debate democrtico de aperfeioa-mento das normas referentes s relaes de consumo. Esse evento poder ocorrer entre 2013 e 2015 e discu-tir, entre outros temas: crdito e superendividamento; relacionamento do setor financeiro com seus clientes;

    2. direitos do consumidorAs instituies financeiras acompanham com in-teresse propostas que acrescentem transparn-cia e correo s relaes de consumo, ao mesmo tempo em que observem tanto os benefcios que propiciam ao conjunto mais amplo dos consu-midores quanto as implicaes de custos para as empresas. Para a Confederao Nacional das Ins-tituies Financeiras, tais propostas devem asse-gurar o equilbrio entre, por um lado, os direitos dos consumidores e, por outro, a viabilidade eco-nmica dos provedores de bens e servios.

    inovaes tecnolgicas e seus reflexos nas relaes de consumo; consumo sustentvel; prestao de servios pela internet e comrcio eletrnico.

    2.1. atualizao do cdigo de defesa do consumidor

    Em 2010, o ento Presidente do Senado, Senador Jos Sarney (PMDB/AP), instalou uma comisso de especialistas para estudar medidas que promovam a modernizao do Cdigo de Defesa do Consumidor com o intuito de adequ

    A Confederao Nacional das Instituies Finan-ceiras considera oportuna a reviso do Cdigo de Defesa do Consumidor, para tratar, entre outros, de questes como mercado de crdito, preven-o do superendividamento e comrcio eletrni-co. Para a reforma do CDC, a CNF pondera que dispositivos legais que introduzam incerteza em relaes contratuais aumentam o risco dessas re-laes e, por consequncia, tm reflexo no preo (tarifas ou taxas de juros, por exemplo). Por essa razo, eventuais novos dispositivos, ou altera-es em regras j existentes, deveriam privilegiar a livre negociao em ambiente concorrencial, no mbito de marcos legais claramente defini-dos, resguardados os direitos dos consumidores.

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    -lo dinmica atual das relaes de consumo. O Ministro do Superior Tribunal de Justia (STJ) Herman Benjamin, um dos idealizadores do CDC, presidiu os trabalhos dessa comisso de especialistas. O grupo elaborou trs anteprojetos, cuja tramitao legislativa iniciou-se em 2012, que tratam de: su-perendividamento, comrcio eletrnico e aes coletivas.

    Aos anteprojetos dessa comisso somam-se outras ini-ciativas em estudo no Ministrio da Justia, alm de proje-tos j em tramitao no Congresso Nacional que promo-vem alteraes substanciais na norma.

    2.1.1. Superendividamento

    O termo endividamento significa, na linguagem po-pular, contrao de obrigaes alm da capacidade de pagamento. Tecnicamente, porm, o termo refere-se a evento corriqueiro na vida em sociedade: significa ter uma dvida frente a um fornecedor, seja um banco, seja um su-permercado, um aougue, um locador do imvel, ou seja, dvidas essenciais para que o cidado tenha uma vida dig-na. Dessa forma, o endividamento no deve ser encarado como algo deletrio, mas uma forma de alcanar metas e realizar sonhos.

    J o superendividamento a patologia do crdito. A CNF recebeu com grande interesse o Manual de Preven-

    o e Tratamento do Superendividado preparado pela professora Cludia Lima Marques (uma das pioneiras em estudos acadmicos sobre superendividamento no pas), juntamente com o Departamento de Proteo e Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministrio da Justia. Lanado em janeiro de 2011, o Manual inicia uma srie de inves-tigaes cientficas sobre temas pertinentes defesa do consumidor. Segundo o Manual do Ministrio da Justia, o superendividamento pode ser definido como:

    Impossibilidade global de o devedor pessoa fsica, consumidor, leigo e de boa-f, pagar todas as suas dvidas atuais e futuras de consumo (excludas as dvidas com o Fisco, oriundas de delitos e de alimentos) em um tempo ra-zovel com a sua capacidade atual de rendas e patrimnio.

    O uso indevido de produtos e servios financeiros pode decorrer de diferentes causas, dentre as quais se destaca carncia de educao financeira. Para que pos-sam comparar as possibilidades que esto ao seu alcance, os clientes necessitam compreender as caractersticas dos diversos produtos e servios financeiros, saber calcular e comparar os custos de cada produto, bem como determi-nar sua capacidade de endividamento.

    Do lado dos consumidores, o conhecimento de suas necessidades e dos instrumentos financeiros que aten-dem a essas necessidades propulsor de prosperidade e de realizao de projetos. Do lado das instituies finan-ceiras, o conhecimento de seus clientes e de suas limita-es crtico para evitar que sejam ofertados produtos e servios inadequados. Os clientes, porm, usualmente se endividam em mais de uma instituio financeira. Assim, uma das principais causas do superendividamento a fal-ta de informaes sobre o conjunto dos compromissos financeiros assumidos por determinado cliente em dife-rentes estabelecimentos, em diversas praas.

    A conteno do superendividamento um esforo no qual ganham todas as partes envolvidas: ganha a popu-lao, que passa a ter no crdito uma ferramenta para a realizao de seus projetos; ganha a sociedade como um todo, porque o uso consciente do crdito gera um consu-mo perene; e ganham os bancos com uma menor carga de inadimplncia.

    A Confederao Nacional das Instituies Finan-ceiras apoia propostas que fortaleam a legis-lao para evitar o superendividamento com o propsito tanto de proteger consumidores contra o excesso de dvidas quanto de auxili-los a retor-narem ao mercado de crdito. Para a CNF, parte importante da soluo desse problema passa pelo acordo de conciliao entre credores e devedores, no qual a conciliao deve sempre ser obtida por meio de mecanismos de mercado, a fim de se evi-tar o risco moral, isto , que consumidores se supe-rendividem por contarem desde o incio com um acordo posterior que reduzir seus encargos.

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    Se por um lado, ganha o fornecedor ao exercer o prin-cpio da livre iniciativa de contratar e ofertar produtos, por outro, ganha o consumidor, que pode ter acesso a melho-res condies de pagamento, por exemplo, em compras a vista ou a prazo pelo mesmo preo. Deve-se sempre coibir os abusos, que quando constatados devem ser punidos de acordo com os preceitos e normas j vigentes, inclusi-ve aqueles previstos no atual Cdigo de Defesa do Consu-midor. Nesse sentido, as reformas devem ocorrer de forma a evitar um aumento de custo e, consequentemente, um aumento do preo de produtos e servios, afetando indi-retamente o consumidor.

    A Confederao apoia uma atualizao do Cdigo de Defesa do Consumidor para amparar, ainda mais, o hipos-suficiente em defesa dos seus direitos, entendendo ainda que a norma no escudo para a perpetuao de dvi-das, conforme defendido pelo ex-Ministro do STF, Carlos Alberto Menezes Direito.

    2.1.2. comrcio eletrnico

    A criao e a difuso do comrcio eletrnico foram um avano nas relaes entre os fornecedores e consumi-dores. A disponibilidade de canais de compra distncia foi um grande passo para o aumento da competitividade e do acesso do consumidor aos mais diversos tipos de produtos e servios.

    Considerando a expanso dessa modalidade no pas, em razo dos avanos tecnolgicos, da globalizao, dos novos canais de distribuio eletrnica e da integrao dos mer-cados, o Ministrio da Justia estabeleceu, no ano de 2010, adequaes a tais veculos de transaes comerciais por meio das diretrizes para as relaes de consumo estabelecidas no comrcio eletrnico, quais sejam: proteo paritria, trans-parente e eficaz; informaes exatas, claras e de fcil acesso; processo de confirmao sobre a transao; garantia de me-canismos de pagamentos seguros e de fcil utilizao; pro-cedimentos eficientes para resoluo de conflitos; e critrios objetivos de responsabilizao do fornecedor.

    A Confederao concorda com iniciativas que fortale-am as diretrizes propostas, considerando que as relaes de consumo realizadas por meio do comrcio eletrnico devam ser assim norteadas para suscitar a confiana dos consumidores e estabelecer uma relao de consumo mais equilibrada nas transaes comerciais eletrnicas. Contudo, a CNF entende que a ausncia de definio ob-jetiva de determinadas expresses inseridas nos projetos em discusso tais como: assdio de consumo, endivi-damento exagerado, meios adequados e seguros deve ser evitada, pois a falta de conceituao clara, alm de ge-rar insegurana, tem potencial de ampliar indevidamente demandas judiciais.

    As propostas que buscam permitir ao consumidor es-colher o foro de sua residncia, ou qualquer outro, inde-pendentemente de onde as partes pactuantes realizaram o negcio, constitui um privilgio injustificado. O dispo-sitivo representa cerceamento do direito de defesa dos fornecedores ao conceder um rol to amplo de escolhas de foro competente para propositura de aes. Muitos for-necedores enfrentariam grandes dificuldades para exercer seu direito de defesa devido distncia, comprometendo a produo de provas.

    A contratao e/ou cancelamento de servios e pro-dutos distncia um grande avano nas relaes de consumo, conferindo agilidade tanto para o consumidor quanto para o fornecedor. Destaca-se, nesses casos, que o exerccio de tal direito deve ocorrer dentro de prazos onde a operacionalidade pressupe avaliao de vrios proce-

    A Confederao Nacional das Instituies Finan-ceiras apoia o aperfeioamento da legislao refe-rente ao comrcio eletrnico e medidas que visem a fortalecer a sua aplicabilidade no ambiente virtu-al. A CNF refora a necessidade de que esses aper-feioamentos levem em considerao o equilbrio das relaes de consumo e os custos envolvidos nos processos virtuais, de modo a no inviabilizar essa forma de transao, a no excluir dessa mo-dalidade de comrcio parcela de consumidores (em funo de localidades e rendas diferenciadas) e a garantir segurana ao consumidor.

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    dimentos, de forma que no seria vivel, por exemplo, o envio imediato de confirmaes eletrnicas no caso da quitao, cancelamento ou contratao de um produto ou servio. Isso porque o meio eletrnico traz mais agi-lidade, porm ainda depende de outros fatores tcnicos que visam, inclusive, a garantir a segurana do cliente.

    No que diz respeito a produtos e servios financeiros, a CNF entende que no podem ser devolvidos a no ser que o consumidor arque com eventuais despesas oriun-das da sua utilizao durante certo perodo de tempo. Enquanto o objeto do financiamento (dinheiro) ficou em poder do cliente, este o utilizou e se beneficiou de seu rendimento, no sendo correto o consumidor dele se utili-zar sem remunerar o credor. Na viso da CNF, o ato de um tomador de recursos que detenha os valores por algum tempo, aufira ganhos da aplicao desses recursos e em seguida devolva o capital por arrependimento caracteri-zaria enriquecimento ilcito do devedor. Dessa forma, s caberia o exerccio do direito de arrependimento para os casos em que os recursos ainda no foram disponibiliza-dos ao consumidor.

    2.1.3. aes coletivas

    O Cdigo de Defesa do Consumidor (CDC) alterou a Lei n 7.347/1985, que disciplina a ao civil pblica, e am-pliou o escopo de emprego dessa norma. A Lei n 7.347 voltou-se proteo de interesses difusos e coletivos; com o CDC passou a tambm tratar de interesses ou direito in-dividuais homogneos, assim entendidos os decorrentes

    de origem comum. uma das razes pelas quais a norma do Direito do Consumidor representa uma das principais evolues legislativas ocorridas recentemente.

    Na prtica, a ao civil pblica tem sido garantia de economia processual, pois evita a distribuio de vrias aes sobre a mesma questo jurdica, prevenindo que sejam proferidas decises diferentes e possivelmente conflitantes em casos idnticos. Tal ao tem proporcio-nado resultado amplo, com menor esforo de movimen-tao da mquina judiciria, pois por meio de uma nica sentena so satisfeitas vrias pretenses. A CNF enten-de que a atualizao da norma deve preservar a econo-mia processual, impedindo a tramitao concomitante de aes coletivas que versem sobre o mesmo objeto. Dessa forma, importante que se preserve as regras ge-rais de preveno do Cdigo de Processo Civil, inclusive como forma de resguardar a segurana jurdica.

    importante que a reforma empreendida, ao inserir novos conceitos, traga consigo a especificao tcnico-processual, evitando o surgimento de dvidas semnticas que deem margem a interpretaes equivocadas, que gerariam insegurana jurdica. Ademais, inserir no Cdigo de Defesa do Consumidor normas de rito processual poderia gerar antinomia entre duas leis, como pode ser o caso do CDC e do Cdigo de Processo Civil.

    2.2. Proteo dos dados pessoais

    A Confederao Nacional das Instituies Finan-ceiras apoia propostas que aprimorem a legislao que trata de aes coletivas com vistas a preservar as regras gerais de preveno do Cdigo de Proces-so Civil; a fortalecer os direitos dos entes legitima-dos; a garantir a segurana jurdica dos atos; a res-guardar o equilbrio entre as partes; e a sustentar os princpios do contraditrio e da ampla defesa.

    A Confederao Nacional das Instituies Finan-ceiras apoia projetos voltados para a proteo de dados pessoais que confiram efetivo controle dos cidados sobre o uso e a divulgao de suas infor-maes, ao mesmo tempo em que impliquem cus-tos realistas no s para os consulentes de infor-maes as instituies financeiras, por exemplo mas tambm para os coletores e gestores dessas informaes. Com isso, busca-se criar um sistema sustentvel e confivel de fornecimento de dados expressamente autorizados por seus titulares.

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    O Ministrio da Justia (MJ), em 2010, props um de-bate pblico sobre minuta de anteprojeto de lei que versa sobre a proteo da privacidade e de dados pessoais dos cidados, especialmente no ambiente da Internet. Nos termos da minuta, qualquer informao pessoal s po-der ser tratada mediante o consentimento do titular ou por expressa previso legal. O consentimento tambm necessrio para usos posteriores dos dados por bancos e empresas ou repasses a terceiros. Os dados ditos sensveis, como os fiscais e bancrios, estaro sujeitos a proteo es-pecial, com sanes ainda mais rgidas contra os infratores.

    O anteprojeto preparado pelo Ministrio da Justia apre-senta pontos em comum com o Marco Civil da Internet (MCI), o qual rene regras para determinar direitos, deveres e respon-sabilidades de internautas, provedores de acesso e atuao do Estado no ambiente virtual. Entre os destaques do texto est a garantia do sigilo do contedo das comunicaes e da preser-vao da intimidade, vida privada, honra e imagem do usurio.

    A proteo de dados pessoais no recebe tratamento especfico no ordenamento jurdico brasileiro e as normas existentes so esparsas e setoriais, embora a privacidade seja uma das garantias fundamentais previstas na Cons-tituio Federal (CF). Nesse sentido, a CNF concorda inte-gralmente com o Ministrio da Justia sobre a urgncia de se conferir aos brasileiros uma efetiva cidadania digital, evitando que suas prerrogativas e direitos em relao a seus dados pessoais e sua privacidade sejam menores do que aquelas de nacionais de vrios outros pases.

    2.3. Marco civil da internet

    A elaborao de um Marco Civil da Internet foi inicia-tiva do Ministrio da Justia (MJ) que, no ano de 2009, colocou em duas rodadas de audincia pblica um ante-projeto cujo objetivo central definir os direitos, deveres e responsabilidades de cidados, empresas e Governo em relao s suas aes na internet. A criao de uma legisla-o civil para a internet segue experincias internacionais. Argentina, Estados Unidos, Frana e diversos outros pases da Europa, por exemplo, j adotaram seus marcos.

    A proposta no trata de temas polmicos como: cri-mes cibernticos, comrcio eletrnico e direitos autorais. Conforme entendimento do MJ, tais assuntos devero ser tratados por legislaes especficas, j que inseri-los na proposta de Marco Civil atrasaria sua elaborao e a construo de consenso em torno de seus dispositivos.

    Apesar do acerto da proposta em superar lacunas na ordem jurdica nacional no que concerne regulamen-tao do uso da internet, ela carece de aprimoramentos, especialmente no que diz respeito guarda de registros de conexo.

    A CNF defende a previso de guarda dos registros de conexo por prazo superior a um ano com a finalidade principal de manter informaes relevantes sobre o aces-so que possam vir a ser usadas em processos investiga-tivos ou na defesa de particulares. Trata-se aqui do mero registro de conexo e no de seu contedo. Dessa forma, quando da ocorrncia de fraudes ou crimes eletrnicos, as informaes armazenadas e decorrentes de prvia relao de consumo poderiam ser utilizadas para facilitar a iden-tificao do real autor da conduta ilcita, uma vez que, do contrrio seria apenas possvel localizar o nmero do IP, isto , a identidade do computador de origem da conduta fraudulenta (mas no os dados pessoais do autor). Ressal-te-se que a guarda desses registros deve ser feita de forma confidencial e restrita, de modo a garantir que pessoas no autorizadas no os acessem.

    Alm de contribuir com a investigao de condutas ilcitas cometidas no ambiente virtual, a guarda dos regis-tros de acesso tem potencial inibidor de crimes, dissuadin-do potenciais autores de atos dolosos.

    A Confederao Nacional das Instituies Finan-ceiras apoia a proposta de criao de um Marco Civil que supra a ausncia de regulamentao para o uso da internet e sirva como um norteador da ao das empresas nesse ambiente, propician-do maior segurana jurdica aos atores envolvidos nas relaes virtuais e respondendo aos conflitos que decorrem dessas novas relaes. Para a CNF, essa regulamentao deveria prever a guarda dos registros apenas de conexo (no de contedo) por prazo superior a um ano.

  • 28 AgendA do SetorFinanceiro2013

    2.4. cadastro Positivo

    Em junho de 2011, o Poder Executivo sancionou a Lei n 12.414/2011, que disciplina a formao e consulta a bancos de dados com informaes de adimplemento, de pessoas naturais ou de pessoas jurdicas, para formao de histrico de crdito (Cadastro Positivo). A norma teve origem na edio da Medida Provisria n 518/2010.

    A mais evidente das vantagens do cadastro positivo a de que bons pagadores passam a se beneficiar de taxas de juros diferenciadas, com consequente reduo gradual do spread bancrio (ver Seo 12 Taxa de juros e margens bancrias (spread)). Discute-se tambm seu impacto espe-rado sobre a ampliao dos servios bancrios, com bene-fcio para a populao de faixas de renda mais baixa, bem como sua contribuio para evitar o superendividamento.

    O Decreto n 7.829/2012, que entrou em vigor no dia 1 de janeiro de 2013, regulamentou a Lei n 12.414/2011, definindo as condies para funcionamento dos bancos de dados; as informaes a serem includas no histrico de cr-dito do consumidor; os critrios para consulta ao banco de dados; a autorizao para abertura do cadastro pelo cliente e posterior compartilhamento dessas informaes.

    O Conselho Monetrio Nacional editou a Resoluo n 4.172/2012, que regulamentou o repasse das informaes

    dos clientes pelas instituies financeiras aos bancos de dados que devero operar o histrico de adimplemento. Conforme a Resoluo, devem ser repassadas aos ban-cos de dados todas as operaes com caractersticas de concesso de crdito, de arrendamento mercantil, de autofinanciamento realizadas por meio dos grupos de consrcio e de adiantamentos. O histrico ser composto pela data da concesso do emprstimo ou financiamento, o valor original total do emprstimo, valores e datas de vencimentos das prestaes, bem como valores pagos. Somente os bancos de dados cujo gestor detenha patri-mnio lquido mnimo de R$ 70 milhes podero gerir e receber tais informaes.

    A regulamentao da Lei n 12.414/2011 por Decreto e por Resoluo do CMN no superou o principal obstculo rpida implementao de bancos de dados, a saber, a in-cluso de consulentes no rol dos responsveis objetiva e so-lidariamente por eventuais danos causados a cadastrados.

    A responsabilidade objetiva prescinde da compro-vao de culpa, estabelecendo a obrigao de indenizar mesmo sem que se comprove vnculo entre o dano e o agente. A base legal est no pargrafo nico do art. 927 do Cdigo Civil (Lei n 10.406/2002). A responsabilidade solidria, por sua vez, se configura pela inexistncia do benefcio de ordem das pessoas que podem ser respon-sabilizadas pelo ato danoso e o credor poder acionar qualquer uma delas.

    Para a Confederao Nacional das Instituies Finan-ceiras, no adequado colocar no mesmo patamar de responsabilidade os que coletam, geram, processam e transmitem informaes sobre cadastrados e aqueles que meramente consultam essas informaes para subsidiar decises de crdito, sem poder verificar sua preciso ou efetuar correes. Na relao contratual que se estabelece entre, de um lado, fontes e gestores de bancos de dados e, de outro, consulentes, estes so consumidores e aqueles fornecedores de servio. Essa polarizao na relao con-tratual deveria refletir-se tambm nas responsabilidades atribudas a cada uma das trs partes envolvidas. No ca-beria aos consulentes a responsabilidade objetiva e soli-dria por danos causados aos cadastrados.

    A Confederao Nacional das Instituies Finan-ceiras entende que a Lei n 12.414/2011 que insti-tuiu o Cadastro Positivo contribuir para estender a bancarizao e o crdito s camadas da popula-o de menor poder aquisitivo, com efeitos posi-tivos sobre o crescimento econmico sustentvel e a distribuio de renda. Para a CNF, a legislao no equacionou a contento a questo da respon-sabilidade objetiva e solidria dos consulentes. A Confederao apoia propostas que atribuam res-ponsabilidade objetiva e solidria apenas s fon-tes e aos gestores de bancos de dados pelos danos que possam eventualmente causar a cadastrados.

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    A excluso dos consulentes do rol dos agentes a quem pode ser imputada responsabilidade solidria e objetiva no excluiria sua eventual responsabilidade direta pelo descumprimento das obrigaes que lhe so cominadas pela Lei do Cadastro Positivo (Lei n 12.414/2011) para a realizao da consulta, como a obrigao de apenas con-sultar dados de pessoas com as quais mantm ou preten-dam manter relao creditcia ou comercial.

    2.5. Banco de dados de inadimplentes

    A utilizao do banco de dados de inadimplentes, do qual constam essencialmente as dvidas vencidas, os pagamentos no realizados e os dbitos em aberto, foi certamente um avano, possibilitando a tomada de decises de crdito mais informadas. Combinado com o cadastro positivo, pode fornecer informaes mais deta-lhadas sobre o perfil dos clientes bancrios, permitindo a diminuio gradual do spread em decorrncia do menor risco de crdito.

    As discusses em torno do cadastro negativo focam em quatro questes centrais. A primeira a incluso in-devida de tomadores de crdito nesse banco de dados, seja por erro operacional, seja por presso indevida do credor para obter o pagamento em atraso. A segunda questo est associada dificuldade de o cadastrado

    retirar seu nome do registro, uma vez regularizados ou no os dbitos. A terceira est ligada ao uso indevido das informaes contidas no banco de dados de inadim-plentes, por exemplo, em disputas trabalhistas, uma vez que tais informaes devem destinar-se exclusivamente avaliao do perfil do tomador para fins de concesso de crdito. A quarta questo diz respeito confidenciali-dade dos dados e proteo de dados pessoais.

    2.6. Boletos de pagamento

    Em termos operacionais, o sistema bancrio avanou muito na criao de alternativas aos clientes para pagamen-tos de boletos (tambm chamados de bloquetos), ofere-cendo possibilidades que so encontradas em poucos pa-ses do mundo. Canais alternativos de pagamento, como te-lefone, internet e caixa eletrnico, operam em horrios mais flexveis que os das prprias agncias bancrias e permitem o pagamento dos boletos nas datas indicadas, mesmo em casos fortuitos ou de fora maior. Quando no h acesso a esses canais, tambm possvel efetuar o pagamento em estabelecimentos no financeiros (lotricas, supermercados, farmcias, entre outros). A compensao bancria, mesmo em perodos de paralisao do funcionamento de agncias,

    A Confederao Nacional das Instituies Finan-ceiras apoia proposies voltadas para a correta incluso de informaes sobre tomadores de cr-dito inadimplentes em bancos de dados (o cadas-tro negativo), bem como para a limitao do uso dessas informaes finalidade precpua desse tipo de banco de dados, que a avaliao do per-fil do tomador para fins de concesso de crdito. A CNF tambm apoia proposies que reforcem a confidencialidade dos dados e a proteo de dados pessoais dos cadastrados, que sejam realistas e que impliquem custos compatveis com as atividades das empresas operadoras desses bancos de dados.

    A Confederao Nacional das Instituies Finan-ceiras apoia o aprimoramento da legislao que regula os pagamentos de boletos de forma a conferir a mxima comodidade e convenincia aos consumidores, no entendimento de que tais propostas devam considerar: (i) , o papel das ins-tituies financeiras como intermedirias da re-lao de consumo, (ii) que essa relao regida por termos contratados entre credor e devedor; (ii) os acrscimos de custos gerados pela emisso de vias adicionais; (iii) limitaes operacionais na definio de locais para o pagamento de faturas por contrato entre as partes; (iv) a liberdade de es-colha do cliente quanto data de vencimento da fatura; e (v) a manuteno, ao longo do perodo da operao, das datas de vencimento escolhidas.

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    realizada normalmente, uma vez que se trata de atividade essencial e de manuteno obrigatria (conforme dispem os artigos 9 e 10, inciso XI, da Lei n 7.783/1989). Mesmo as-sim, ocorrem casos em que instituies financeiras so equi-vocadamente responsabilizadas por no alterarem as con-dies de pagamento contratadas entre devedor e credor; por repassarem custos vinculados emisso de novas vias de boletos; por no alterarem o local de pagamento da fatura; por no receberem pagamentos aps a data de vencimen-to, este devido s normas que regem o assunto; e por no permitirem a mudana constante da data de vencimento da obrigao contratada entre as partes.

    A emisso de documentos de cobrana atende a uma srie de dispositivos legais e est condicionada por limi-taes operacionais. A introduo de alteraes na siste-mtica de cobranas sem considerar os normativos que as regem e as possibilidades operacionais pode se revelar prejudicial ao consumidor. Nas relaes do vendedor ou prestador do servio com o sacado e com a instituio fi-nanceira cobradora, os direitos e obrigaes relacionados ao boleto bancrio so regidos por contrato entre as partes.

    As instituies financeiras, ao receberem o pagamento dos boletos, atuam na maior parte das vezes como presta-doras de servios, intermediando o pagamento e o recebi-mento de valores nos termos contratados entre as partes. Nessa posio, os bancos no possuem poder para acor-dar isenes, abonos ou quaisquer benefcios relativos cobrana. No cabe aos bancos conceder descontos, dei-xar de exigir encargos moratrios de cobranas ou adiar o pagamento de boletos, pois os valores recebidos no lhes so devidos, mas sim ao cliente que contratou seus servios. Somente os credores das dvidas que possuem competncia para permitir a alterao do pagamento.

    Em qualquer atividade econmica, custos adicionais cau-sados por qualquer acrscimo de obrigao transferem-se, via de regra, ao consumidor final. No diferente no caso dos servios prestados por instituies financeiras. Normalmente, o processamento desses servios, com todos os custos ope-racionais que tal processamento implica, resulta, entre outros, na documentao da operao realizada. A emisso de se-gunda via dessa documentao no se constitui em mera

    cpia do boleto original, mas sim na verificao de todos os passos envolvidos na operao original para emisso de nova via, com consequente acrscimo de custos.

    A Circular BACEN n. 3.598/2012, instituiu o boleto de pa-gamento e suas espcies e dispe sobre a sua emisso e apre-sentao sobre a sistemtica de liquidao das transferncias de fundos a eles associadas. O normativo tambm cria o VR Boleto, definie esse valor e estabelece medidas comple-mentares, especificando a necessidade de conveno entre as Associaes que representam as instituies financeiras para observao uniforme por todas as suas associadas, a padronizao do instrumento, procedimentos operacionais, horrios de transmisso de dados, direitos e obrigaes e ou-tros aspectos que julguem necessrios para o cumprimento dlo disposto na legislao e na regulao vigentes.

    Alteraes no local de pagamento de boletos es-barram, ademais, nas limitaes operacionais para que qualquer banco, aps a data de vencimento, receba pagamento destinado a outro banco. Ocorre que os sis-temas das instituies financeiras no so interligados para processamento e acesso de bases de modo on-li-ne, o que impossibilita consultas nos casos em que o pagamento do sacado protestado no mesmo dia. Da mesma forma, o clculo dos valores devidos para paga-mentos aps o vencimento do boleto exige que sejam validadas a regra de recebimento e as condies da co-brana anteriormente contratadas; na maioria dos pa-gamentos, tal validao no realizada manualmente e requer consulta s bases de dados da cobrana quando os pagamentos ocorrem no prprio banco cedente.

    Com relao aos pagamentos aps o vencimento, destaca-se a possibilidade do pagamento de boletos ven-cidos para aqueles clientes j cadastrados como sacados eletrnicos no DDA Dbito Direto Autorizado.

    Com exceo do crdito consignado, em vrios tipos de operaes, como as de crdito imobilirio, o setor finan-ceiro j oferece aos clientes o direito de escolher a data de vencimento que melhor lhe convier. Contudo, a constante alterao da data de vencimento afeta negativamente a pre-cificao das operaes e, com isso, termina por prejudicar

  • 31Captulo 2 | Direitos Do consumiDor

    os consumidores. Ao lado da confiana, o tempo outra ma-tria-prima fundamental dos produtos e servios financeiros. Todas as operaes financeiras so construdas ao longo de um vetor de tempo e a regularidade de desembolsos e de re-cebimentos permite calcular variveis financeiras chaves, tais como o valor presente de um emprstimo, o montante dos pagamentos peridicos e a taxa de juros efetiva embutida na operao. Nesse contexto, produtos e servios financeiros so de difcil precificao se a data de pagamento de faturas se altera constantemente ao longo do perodo da operao. Na ausncia de elementos para precificao adequada, o comportamento de todos os agentes econmicos inclu-sive os financeiros torna-se conservador, com tendncia a se aumentarem defensivamente os preos. Um dos muitos complicadores de um contrato com datas de pagamento va-riveis seria, por exemplo, a impossibilidade de se determinar a data de vencimento que seria utilizada para apurao da dvida no caso de prestaes em atraso.

    2.7. decises dos Procons Ttulo executivo

    Para o bom funcionamento do Sistema de Defesa do Consumidor (SDC), fundamental que as decises dos Procons inclusive multas sejam acatadas. Contudo, a transformao das multas dos Procons em ttulos executi-vos extrajudiciais fragiliza o SDC, na medida em que intro-duz um elemento de arbitrariedade incompatvel com o Estado Democrtico de Direito.

    Os ttulos a que o Cdigo de Processo Civil (CPC) atri-bui fora executiva extrajudicial possuem os atributos da certeza, liquidez e exigibilidade (art. 686) para que possam ser objeto de execuo definitiva (art. 587). Assim, trans-

    formar as multas aplicadas pelos rgos de defesa do con-sumidor em ttulos executivos extrajudiciais significa dizer que estes s podero ser questionados no Poder Judici-rio quanto sua exigibilidade, certeza e liquidez. Nesse caso, no caberia questionamento a respeito da legalida-de, da razoabilidade, do valor aplicado, da competncia da autoridade, da efetiva ocorrncia do fato ensejador da multa, entre outras circunstncias de fato e de direito que podem gerar legtimos questionamentos por parte das empresas multadas.

    Tal limitao da possibilidade de questionamento judicial de todos os aspectos dessa multa viola a garan-tia constitucional do direito de defesa das empresas, de acesso justia, alm de violar o princpio da razoabilida-de, eis que nem as multas administrativas impostas pelo Poder Pblico so consideradas ttulo executivo extraju-dicial, uma vez que estas dependem de inscrio na dvi-da ativa para a sua execuo, podendo ser questionadas pelos particulares.

    Dispositivo dessa natureza existia no artigo 82 do Cdigo de Defesa do Consumidor, que foi vetado pelo Presidente Fernando Collor quando lhe foi submetido sano. O veto deu-se pela impropriedade de se equipa-rar compromisso executivo a ttulo executivo extrajudi-cial, visto que o objeto do compromisso a cessao ou a prtica de determinada conduta e no a entrega de coisa certa ou pagamento de quantia fixada.

    2.8. contratos

    A Confederao Nacional das Instituies Financei-ras apoia propostas que busquem conferir efetivi-dade s decises e multas aplicadas pelos rgos de defesa do consumidor, ao mesmo tempo em que so asseguradas as garantias do direito de defesa, do acesso ao judicirio, do devido processo legal e da ra-zoabilidade, previstas na Constituio Federal.

    A Confederao Nacional das Instituies Finan-ceiras apoia projetos que tornem cada vez mais clara e compreensvel a relao entre as institui-es financeiras e seus clientes, celebrada por meio de contratos, cujo original seja sempre for-necido ao consumidor. Para a CNF, a padronizao de contratos no se deve constituir em barreira inovao e adequao de produtos e servios ao perfil especfico e nico de cada consumidor.

  • 32 AgendA do SetorFinanceiro2013

    necessrio que os dispositivos contratuais sejam perfeitamente compreendidos pelos contratantes, com o consequente entendimento do seu significado e das obrigaes pactuadas deles derivadas. Para tanto, fundamental que o contrato seja redigido numa lin-guagem clara e facilmente perceptvel quanto ao seu objeto, de modo que o cliente seja devidamente infor-mado. Tambm o tamanho das letras, claramente leg-veis, contribui para a eficcia dos contratos. Quanto ao contedo, crtico que no incluam clusulas abusivas que contaminem toda a relao contratual e viciem o compromisso entre as partes. Uma escolha livre e escla-recida implica necessariamente a prestao de informa-es completas, claras e compreensveis, para que os destinatrios possam prever e avaliar as consequncias jurdicas dos seus atos.

    A entrega de minuta de contrato, antes do fechamen-to de negcios, e de cpia do contrato final, aps esse fechamento, tornou-se prtica corriqueira, amplamente disseminada no setor financeiro. O Cdigo de Autorre-gulao Bancria lanado pela Febraban, por exemplo, destina um captulo parte aos procedimentos da con-tratao e dispe que:

    Quando o consumidor decidir contratar produ-tos ou servios, a Signatria explicar os seus direitos e responsabilidades, tais como definidos nos Termos e Condies do contrato. Tais Termos e Condies sero elaborados em linguagem que facilite o entendimento do consumidor, com destaque nas clusulas mais rele-vantes para a tomada de deciso consciente. Lingua-gem tcnica ou jurdica ser utilizada apenas quando necessrio, para dar a devida exatido e segurana ao teor do contrato. A Signatria disponibilizar ao con-sumidor uma minuta de contrato para conhecimento prvio e avaliao.

    As clusulas, bem como as prticas abusivas, a vedao veiculao de publicidade enganosa, a obrigatoriedade de que a informao seja clara e precisa, as proibies de critrios discriminatrios ou preconceituosos, alm de ou-tras preocupaes com os consumidores em relao aos contratos, tambm esto devidamente contidas no Cdi-go de Defesa do Consumidor.

    2.9. direito de arrependimento

    Atualmente, o direito de arrependimento visa a pro-teger o consumidor no tipo de negcio em que ele no teve a chance de examinar o produto ou servio de perto, para perceber se correspondia ou no s suas expectativas. O Cdigo de Defesa do Consumidor, em seu artigo 49, assegura ao comprador a possibilidade de devolver o que adquiriu, sem ter de dar nenhuma expli-cao. No entanto, o dispositivo vale apenas para aqui-sies realizadas fora do estabelecimento comercial, ou seja, por catlogo, de porta em porta ou via Internet, por exemplo. Alm do local em que o negcio feito, h outro requisito para o direito de arrependimento: s pode ser exercido dentro do perodo de sete dias do re-cebimento do produto ou servio. Nesses casos, o forne-cedor obrigado a aceitar a devoluo e restituir o valor pago, corrigido.

    A CNF defende que, caso o direito de arrependimen-to se aplique tambm aos negcios que forem realizados dentro de estabelecimentos comerciais, sejam desconta-das do valor total a ser reembolsado pelo fornecedor as eventuais despesas incorridas por este com fretes, taxas, encargos e impostos incidentes sobre o contrato. A inten-o da medida resgatar o equilbrio das relaes comer-ciais entre consumidores e fornecedores.

    Em 2009, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Jus-tia entendeu que o artigo 49 tambm aplicvel s insti-

    A Confederao Nacional das Instituies Financei-ras apoia propostas que assegurem e ampliem o di-reito de arrependimento, ao mesmo tempo em que prevejam o reembolso dos custos de fornecimento de produtos e servios. No caso de servios finan-ceiros, tal reembolso deveria ser realizado com o devido acrscimo de juros, taxas, tributos e demais encargos contratuais, incidentes desde a data da efetiva contratao at a data do vencimento, da liquidao antecipada ou da resciso do contrato.

  • 33Captulo 2 | Direitos Do consumiDor

    tuies financeiras que atuam junto aos estabelecimentos comerciais para promover o financiamento das compras, como o caso de financeiras que atuam em revendedo-ras de veculos.

    No que diz respeito a produtos e servios financeiros, a CNF entende que no podem ser devolvidos a no ser que o consumidor arque com eventuais despesas oriun-das da sua utilizao durante certo perodo de tempo. Enquanto o objeto do financiamento (dinheiro) ficou em poder do cliente, este o utilizou e se beneficiou de seu rendimento, no sendo correto o consumidor dele se utilizar sem remunerar o credor. Na viso da CNF, o ato de um tomador de recursos que detenha os valores por algum tempo, aufira ganhos da aplicao desses recur-sos e em seguida devolva o capital por arrependimento caracterizaria enriquecimento ilcito do devedor em de-trimento do credor.

    2.10. Venda casada

    Entende-se por venda casada a prtica comercial em que o fornecedor condiciona a venda de um produto ou servio aquisio de outro produto ou servio. Em muitos casos, trata-se de uma estratgia de marketing corriqueira, bastante utilizada em diferentes pases. Em outros casos, caracteriza abuso de poder econmico ao constranger o cliente a ad-quirir bens e servios no demandados originalmente.

    Entretanto, em muitos casos a venda de produto atre-lada a servio caracterstica do prprio negcio e no

    representa a prtica casada nos termos vedados pelo Cdigo de Defesa do Consumidor. preciso ter cuidado para no confundir a prtica de venda casada prejudicial ao consumidor com estratgias de oferecimento de conjunto de produtos e servios por preo diferenciado em benefcio do prprio consumidor, a quem deve ser sempre assegurada a liberdade de escolha.

    No caso particular de seguros, quando este exigi-do pela legislao brasileira, a combinao de cobertura contra riscos e determinado produto ou servio finan-ceiro tende a minimizar o custo total, para o consumidor, da operao.

    2.11. Tempo de espera em filas

    O atendimento nos bancos costuma ser mais intenso em perodos especficos. Filas para atendimento nos caixas e nos terminais eletrnicos so mais comuns no incio dos meses, por exemplo, em decorrncia da grande quantida-de de pessoas que recebem seus salrios nesse perodo. So pocas em que tambm se verificam maiores filas nos estabelecimentos comerciais e nas reparties pblicas.

    Em anos recentes, sensvel a diminuio do tem-po de espera para atendimento em agncias bancrias, apesar da incluso de milhes de novos correntistas. Essa diminuio resultado de avanos tecnolgicos e de medidas administrativas orientadas para um mercado al-tamente concorrencial, que valoriza a satisfao dos clien-

    A Confederao Nacional das Instituies Finan-ceiras apoia dispositivos que probam operaes de venda casada. Essa prtica nociva no se con-funde com a oferta de produtos e servios finan-ceiros apresentados ao consumidor como alterna-tivas de combinaes desses produtos e servios, sem limitar as opes do consumidor quelas apresentadas pela instituio financeira.

    A Confederao Nacional das Instituies Finan-ceiras apoia propostas voltadas para a reduo do tempo de espera em filas para atendimento em agncias bancrias assentadas no estmulo ino-vao tecnolgica e administrativa voluntria. A ao coordenada com outras partes envolvidas na prestao de servios bancrios, tais como estabele-cimentos comerciais e rgos da Administrao P-blica, contribui para reduzir o tempo de fila por meio do escalonamento de pagamentos e recebimentos.

  • 34 AgendA do SetorFinanceiro2013

    tes. A multiplicao dos terminais eletrnicos reflete essa preocupao, bem como a proliferao de transaes ele-trnicas seguras e de cartes de dbito e de crdito com chips de segurana.

    A possibilidade de escolha do vencimento das faturas mostrou-se uma tima medida para a diminuio do tem-po de espera nas filas. Medidas que contemplam diversi-dade de datas de vencimento, bem sucedidas, poderiam ser estendidas ao pagamento de obrigaes junto Ad-ministrao Pblica, bem como ao recebimento de bene-fcios em dias alternativos. Tambm o fortalecimento da segurana nas transaes eletrnicas, pela rede de com-putadores, com combate aos crimes eletrnicos, contribui para a diminuio do tempo de espera nas filas. Por fim, a expanso da rede de correspondentes no bancrios (tais como agncias de correio, farmcias, casas lotricas e su-permercados) contribui para agilizar o atendimento.

    2.12. Soluo de reclamaes: Livro de reclamaes, ranking de reclamados e taxas

    Existem proposies que buscam criar novos ins-trumentos para o consumidor expressar sua insatisfao. Entre elas destacam-se: o Livro de Reclamaes, a divulga-o do ranking de empresas mais reclamadas e a imposi-o de taxas por reclamao fundamentada.

    O Livro de Reclamaes seria um registro colocado dis-posio dos clientes no qual crticas e insatisfaes seriam anotadas em trs vias, uma das quais encaminhada ao Pro-

    con. Esse Livro no pode ser caracterizado como instrumento objetivo de apurao de crticas ao fornecedor de bens e servios porque seu carter qualitativo, subjetivo, pode no atender ao crivo tcnico dos rgos pblicos responsveis pela avaliao de queixas. O teor das insatisfaes registra-das no Livro de Reclamaes no determinado pelo Pro-con, tampouco disciplinado pela Lei do SAC (Decreto n 6.523/2008). Essa ampla margem de subjetividade permite que algum exacerbe sua reclamao, eventualmente com nimo de prejudicar o fornecedor. As reclamaes feitas com vis exagerado, bem como as notificaes de boa-f feitas com intuito de contribuir para o aperfeioamento da ativi-dade, estariam expostas ao pblico de forma indiscriminada. Por um lado, os registros do Livro de Reclamaes contri-buem para compor a imagem do estabelecimento ofertante do bem ou servio. Por outro, esses mesmos registros no se prestam construo de indicadores quantitativos verific-veis que permitam comparar estabelecimentos.

    Existem proposies que preveem a obrigatoriedade de afixao de cartaz no estabelecimento com a posio da empresa no ranking das mais reclamadas. Medidas dessa natureza do margem a distores que podem in-devidamente prejudicar a imagem das empresas, porque consideram apenas o nmero absoluto de reclamaes existentes e no o nmero relativo (que indicaria com maior preciso a qualidade do fornecedor). Empresas como bancos, companhias de servio telefnico e outros fornecedores que atendem a milhes de clientes por dia em todo o Brasil inevitavelmente ostentariam cartazes de piores fornecedores do mercado, pois devido ao imenso nmero de atendimentos que realizam, teriam registra-das contra si um nmero maior de reclamaes do que empresas que atuam apenas localmente. Contudo, o em-prego de um indicador que considere o nmero de recla-maes dividido pelo nmero total de atendimentos, isto , um indicador relativo que no considera o tamanho das empresas envolvidas, permite comparar a qualidade dos fornecedores com maior preciso.

    Por fim, a proposta de estipulao de taxa associada re-clamao fundamentada sobre conduta que, em princpio, teria ocasionado leso ao consumidor (o que configura um ato ilcito) contraria dispositivos constitucionais, uma vez que

    A Confederao Nacional das Instituies Finan-ceiras apoia iniciativas que fortaleam as aes dos Procons por meio do oferecimento de in-formaes claras e objetivas sobre a atuao de empresas e do aprimoramento dos mtodos de quantificao dos descumprimentos da legisla-o com base no apenas no volume de reclama-es, mas tambm na proporcionalidade destas em relao ao nmero total de atendimentos.

  • 35Captulo 2 | Direitos Do consumiDor

    tributos no podem servir a esse fim. A prtica lesiva em re-lao consumerista disciplinada pelo artigo 56 da Lei n 8.078/1990, cujo texto prev aplicao de multa, apreenso ou inutilizao do produto, cassao de licena de funcionamen-to, suspenso temporria da atividade comercial, interdio e proibio de fabricao do produto que deu causa ao prejuzo. Essas sanes consistem em punio estabelecida pelo Poder Pblico a sujeito que pratica ato ilcito (verificado unicamente por meio de atividade jurisdicional), ao passo em que tributos no podem ser empregados para sano a prticas ilcitas.

    Para manter vivel seu negcio, o fornecedor busca informar-se sobre seus servios e a forma como estes so avaliados por seus clientes, com o fim de aprimor-los e atualiz-los. Redes sociais e endereos eletrnicos de cor-respondncias propiciam uma aproximao com o pbli-co e facilitam o atendimento personalizado.

    2.13. devoluo de Valores

    A restituio parcial do Imposto sobre Operaes de Crdito, Cmbio e Seguro, ou relativas a Ttulos ou Valo-res Mobilirios (IOF) quando da liquidao antecipada de operaes financeiras procura corrigir uma injustia co-metida contra o contribuinte.

    O amparo legal da cobrana do IOF se d pelo Decre-to n 7.458/2011 que estipula a alquota em 0,0082% ao

    dia para as situaes em que o contratante ou muturio pessoa fsica. O valor cobrado pro rata die, em funo do prazo da operao de emprstimo ou financiamento, observada a limitao de 365 dias estabelecida pelo 1, do artigo 7, do Decreto n 6.306/2007. Ao contratar a operao financeira o cliente recolhe o IOF na sua to-talidade. Ocorre que, por vezes, o cliente decide liquidar operao financeira antecipadamente o que gera direito a uma restituio proporcional ao perodo remanescente da operao liquidada.

    O Cdigo Tributrio Nacional dispe que:

    Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemen-te de prvio protesto, restituio total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no 4 do artigo 162, nos seguintes casos:

    I - cobrana ou pagamento espontneo de tributo in-devido ou maior que o devido em face da legislao tribu-tria aplicvel, ou da natureza ou circunstncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido;

    A devoluo do IOF incidente sobre operaes liquida-das antecipadamente vincula somente a Receita Federal e os contribuintes. As pessoas jurdicas, entre elas as institui-es financeiras, so responsveis tributrios pela cobran-a e recolhimento do IOF, nos termos do art. 5 Decreto n 6.306/2007. Porm, as instituies financeiras no so parte legtima para pleitear a restituio. Nessa relao no cabe cobrana de tarifas por parte de instituies financeiras para a efetivao da restituio ao contribuinte, uma vez que elas no so parte dessa relao jurdica tributria.

    A restituio do IOF incidente sobre operaes liquidadas antecipadamente poderia ser pela Receita Federal nos mol-des da sistemtica de devoluo parcial de impostos seme-lhante empregada pelas Fazendas Estaduais, Municipais e Distrital (Nota Paulista, Nota Legal, Nota Carioca, etc.).

    A devoluo de impostos relativos quitao anteci-pada de dvidas e outras operaes financeiras no se ca-racteriza como uma relao consumerista, mas sim como uma relao jurdica tributria, isto , exclusivamente en-tre o Fisco e o contribuinte.

    A Confederao Nacional das Instituies Finan-ceiras apoia propostas que permitam a restituio do Imposto sobre Operaes de Crdito, Cmbio e Seguro, ou relativas a Ttulos ou Valores Mobili-rios (IOF) cobrado nas operaes liquidadas an-tecipadamente, de forma proporcional ao perodo de tempo da antecipao. Uma vez que as insti-tuies financeiras no so parte dessa relao jurdica tributria, a CNF sugere a implementao pela Receita Federal de sistemtica de devoluo parcial de impostos semelhante empregada pe-las Fazendas Estaduais, Municipais e Distrital.

  • 2013

    queSTeS SOCIAIS

  • caPTuLo

    3

    queSTeS SOCIAIS

  • 39Captulo 3 | Questes sociais

    As pessoas esto presentes em todas as fases das opera-es de instituies financeiras, como agentes e como pacientes. Ora so funcionrios, ora so clientes, ora so par-ticipantes de programas de capacitao e de incluso, ora so parte de uma comunidade melhorada por iniciativas e projetos privados, ora so membros de uma sociedade que se beneficia de uma economia em crescimento, sustentada por um sistema financeiro saudvel e slido.

    Apenas em 2012, 1,5 milhes de pessoas abriram con