2010 - caderno do aluno - ensino médio - 3º ano - sociologia - vol. 1
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Caderno do Professor com todas atividades e respostas para uso em dúvidas.TRANSCRIPT
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Caro Professor,
Em 2009 os Cadernos do Aluno foram editados e distribuídos a todos os estudantes da rede estadual de ensino. Eles serviram de apoio ao trabalho dos professores ao longo de todo o ano e foram usados, testados, analisados e revisados para a nova edição a partir de 2010.
As alterações foram apontadas pelos autores, que analisaram novamente o material, por leitores especializados nas disciplinas e, sobretudo, pelos próprios professores, que postaram suas sugestões e contribuíram para o aperfeiçoamento dos Cadernos. Note também que alguns dados foram atualizados em função do lançamento de publicações mais recentes.
Quando você receber a nova edição do Caderno do Aluno, veja o que mudou e analise as diferenças, para estar sempre bem preparado para suas aulas.
Na primeira parte deste documento, você encontra as respostas das atividades propostas no Caderno do Aluno. Como os Cadernos do Professor não serão editados em 2010, utilize as informações e os ajustes que estão na segunda parte deste documento.
Bom trabalho!
Equipe São Paulo faz escola.
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GABARITO
Caderno do Aluno de Sociologia – 3ª série – Volume 1
Origem das palavras “cidadão” e “cidadania”
Páginas 3 - 5
1. Espera-se que o aluno desenvolva em poucas palavras o que entende pelos termos
“cidadão” e “cidadania”. O objetivo é partir do seu conhecimento de senso comum
para destacar as diferenças e as semelhanças em relação aos conteúdos a serem
trabalhados durante a Situação de Aprendizagem.
2. Espera-se que o aluno reflita sobre sua condição perante sua própria concepção de
cidadania. A atividade tem por objetivo propiciar o olhar de estranhamento em
relação à pré-noção de “ser cidadão” e quais seriam os elementos necessários à
inclusão na condição de cidadania. Posteriormente, o aluno terá a oportunidade de
comparar suas pré-noções aos conteúdos trabalhados em sala de aula e refletir se sua
concepção aproxima-se efetivamente de sua realidade vivida ou não.
3.
GGrréécciiaa AAnnttiiggaa RRoommaa AAnnttiiggaa
CCaarraacctteerrííssttiiccaass ddoo cciiddaaddããoo CCaarraacctteerrííssttiiccaass ddoo cciiddaaddããoo
Os “cidadãos” eram os membros da
comunidade que detinham o privilégio de
participar integralmente de todo o ciclo da
vida cotidiana da cidade-Estado, ou seja,
das decisões políticas, da elaboração das
regras, das festividades, dos rituais
religiosos, da vida pública etc. Eram os
únicos considerados indivíduos plenos e
Para os romanos, a cidadania ainda não constituía o
conjunto de ideias e valores a ser defendidos tal
como concebemos hoje, mas o próprio Estado
romano. Em Roma, o direito à cidadania era
baseado na noção de liberdade, então só podia ser
concedido aos indivíduos que não se encontravam
em situação de submissão ou sujeição a outra
pessoa. Inicialmente, ser cidadão romano era um
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1
O QUE É CIDADANIA
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livres, com direitos e garantias sobre si e
seus bens.
privilégio reservado apenas aos grandes
proprietários rurais, que detinham o monopólio dos
cargos públicos e religiosos e o acesso às posições
mais importantes na hierarquia militar (patrícios).
NNããoo eerraamm ccoonnssiiddeerraaddooss cciiddaaddããooss NNããoo eerraamm ccoonnssiiddeerraaddooss cciiddaaddããooss
Os estrangeiros residentes que, embora
participassem da vida econômica da cidade,
não tinham direito à propriedade privada e
não podiam participar das decisões
políticas.
Populações submetidas ao controle militar
da cidade-Estado após a conquista, como os
periecos e hilotas.
Os escravos, que realizavam todo e
qualquer tipo de ofício, desde as atividades
agrícolas às artesanais e eram utilizados,
sobretudo, nos serviços domésticos. Os
escravos não tinham acesso à esfera pública
ou a quaisquer direitos.
Não eram considerados cidadãos os escravos e os
chamados clientes, que deviam fidelidade ao seu
patrono em troca de benefícios.
A cidadania moderna: direitos civis
Página 5 - 6
•
DDiirreeiittooss CCiivviiss
Dizem respeito à liberdade dos indivíduos e
se baseiam na existência da justiça e das leis.
Referem-se à garantia de ir e vir, de escolher
o trabalho, de se manifestar, de se organizar,
de ter respeitada a inviolabilidade do lar e da
correspondência, de não ser preso e não
sofrer punição a não ser pela autoridade
competente e de acordo com a legislação
vigente.
Referem-se à participação do cidadão no
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DDiirreeiittooss PPoollííttiiccooss governo da sociedade e consiste no direito de
fazer manifestações políticas, de se organizar
em partidos, sindicatos, movimentos sociais,
associações, de votar e ser votado.
DDiirreeiittooss SSoocciiaaiiss
Dizem respeito ao atendimento das
necessidades básicas do ser humano, como
alimentação, habitação, saúde, educação,
trabalho, salário justo, aposentadoria etc.
DDiirreeiittooss HHuummaannooss
Englobam todos os demais e expandem a
dimensão dos direitos para uma perspectiva
mais ampla, pois tratam dos direitos
fundamentais da pessoa humana. Sem eles, o
indivíduo não consegue existir ou não é
capaz de se desenvolver, de participar
plenamente da vida. São eles: o direito à
vida, à liberdade, à igualdade de direitos e
oportunidades e o direito de ser reconhecido
e tratado como pessoa, independentemente
de sua nacionalidade, gênero, idade, origem
social, cor da pele, etnia, faculdades físicas
ou mentais, antecedentes criminais, doenças
ou qualquer outra característica.
Página 6
1. O direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade.
2. Os homens, cujo consentimento para governar deve vir do próprio povo, o único que
tem o direito de alterar, abolir e instituir uma nova forma de governo caso a anterior
se torne destrutiva à garantia dos seus direitos inalienáveis.
3. John Locke.
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Páginas 7 - 8
1. No mundo greco-romano, nem todas as pessoas eram livres e tinham direito à
cidadania. Havia escravos e desigualdade entre estrangeiros, povos conquistados,
bárbaros, mulheres e jovens, por exemplo. Ser considerado cidadão não era um
direito, mas uma condição ligada ao nascimento, ao gênero, à origem social, ao
território e à posse ou não de bens. Na época da Revolução Francesa, a cidadania
tornou-se um direito imprescritível, isto é, que não pode ser retirado de nenhuma
pessoa, independentemente de sua condição social, sexo, posse de bens ou outras
características, pois a liberdade e a igualdade tornam-se um direito natural do ser
humano. Porém, se na Declaração de 1789 os direitos do homem são limitados pelo
outro, isto é, o limite é aquilo que não prejudica o próximo e é interdito pela lei,
expressão da vontade geral, hoje a cidadania prevê a garantia de outros direitos, sem
os quais o ser humano não pode existir ou exercer a cidadania.
2.
• Direitos Humanos: Artigos 1.º
• Direitos Civis: Artigos 4.º ao 10.º.
• Direitos Políticos: Artigos 2.º, 3.º e 6.º.
Observação: O artigo 6.º engloba tanto direitos civis – igualdade perante a lei e
indistinção na ocupação de cargos – quanto o direito político de participação na
elaboração das leis.
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Cidadania moderna: os direitos políticos
Página 9
RReevvoolluuççõõeess IInngglleessaass ddee 11664400 ee 11668888
Assinalaram uma mudança nas relações de
poder na sociedade e Estado ingleses, em que
a classe burguesa conseguiu limitar o poder
do rei com a criação da monarquia
constitucional. A partir desse momento, o
parlamento passa a ter atuação decisiva no
governo, tendo apoio das classes mercantis e
industriais nos centros urbanos e no campo,
dos pequenos proprietários rurais, da pequena
nobreza e da população comum.
RReevvoolluuççããoo AAmmeerriiccaannaa ddee 11777766
Estabeleceu a divisão de poderes, a eleição
regular para presidente e uma Constituição
baseada em princípios de liberdade.
Formalmente, era a sociedade mais
democrática da época, embora brancos
pobres, mulheres e escravos negros não
pudessem votar.
RReevvoolluuççããoo FFrraanncceessaa ddee 11778899
Derrubou a monarquia absolutista,
estabeleceu um governo de representação
popular, promulgou uma Constituição que
estendeu o direito de votar e ser votado aos
cidadãos “ativos” (homens com mais de 21
anos, dotados de domicílio legal há um ano,
que vivessem de sua renda ou produto do seu
trabalho; todos que preenchessem esses
requisitos e tivessem mais de 25 anos eram
elegíveis).
Cidadania moderna: direitos sociais
Página 10
• As imagens introduzem a discussão sobre as condições de trabalho e de vida da
população europeia no início do século XIX.
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Página 11 - 12
Espera-se que os alunos reflitam sobre as condições sociais de trabalho vigentes no
período da Primeira Revolução Industrial, quando não havia regulamentação do
trabalho. Mesmo que os alunos tenham pouco conhecimento sobre direitos sociais dos
trabalhadores, a imagem de crianças trabalhando e o texto sugerem que não havia idade
mínima legal para o trabalho, tampouco remuneração mínima assegurada, de modo que
as próprias condições de sobrevivência dos trabalhadores eram afetadas pela baixa ou
falta de salários. Os alunos podem ainda deduzir que nessas condições não havia outras
formas de assistência como programas de renda, seguro desemprego, ou redes de
assistência social que salvaguardassem a população trabalhadora do sofrimento causado
pela competição por trabalho e pelos baixos salários, agravada pela má alimentação e
miséria em que viviam. Com base nessas reflexões, espera-se que os alunos idealizem
formas de organização, mobilização, atuação e participação dessa população no sentido
de modificar suas condições de vida.
Página 13 - 14
1. No início do século XIX, não havia qualquer regulamentação sobre a contratação de
mão de obra nas fábricas inglesas. Crianças, adolescentes, mulheres e homens de
todas as idades eram empregados sem restrição de turnos, horários, limite de horas
trabalhadas ou acordo sobre remuneração mínima. A educação básica não era
garantida ou obrigatória, e as ideias liberais que circulavam no período defendiam
que qualquer regulamentação interferiria na livre concorrência dos mercados. Nesse
sentido, as lutas por direitos sociais podem ser consideradas efetivas, pois as leis
aprovadas representam intervenções significativas do Estado no funcionamento livre
do mercado de trabalho.
2. Hoje a idade mínima para o trabalho remunerado registrado é 16 anos. Menores de
16 só podem trabalhar a partir dos 14 anos, na condição de aprendizes. A eles é
vedado o trabalho considerado insalubre e o trabalho noturno. A educação é
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obrigatória até os 18 anos, a jornada de trabalho não pode ultrapassar 8 horas e tem
limite de 40 horas semanais, independentemente do sexo.
3. Sim, ela foi efetiva, mas a modificação das leis trabalhistas não resultou apenas da
atuação dos sindicatos e dos movimentos grevistas, mas da atuação política de
representantes da classe trabalhadora no parlamento.
Cidadania moderna : direitos humanos
Página 14 - 15
As imagens tem o objetivo de contribuir para o debate sobre o tema proposto. Não há
respostas certas ou erradas para serem avaliadas.
Página 15 - 18
1. A Declaração de 1948 é inspirada na de 1789. O princípio da liberdade e igualdade
permanece o mesmo. O direito à vida é enfatizado e a discriminação de qualquer
espécie é repudiada. As formas de opressão são desdobradas em escravidão, tortura e
tratamentos cruéis, desumanos e degradantes; todas amplamente condenadas. O
direito à justiça e à proteção pela lei permanece o mesmo, assim como os direitos de
participação política. Os direitos sociais são incluídos na esfera dos direitos
humanos.
2.
a) Artigos I a VI.
b) Artigos IX a XI e XXI.
c) Artigos XX, XXI e XXII.
d) Artigos XXIII a XXVI.
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Páginas 18 - 19
Espera-se que os alunos desenvolvam um trabalho de pesquisa de caráter
multidisciplinar, que mobilize conhecimentos de História e Geografia e propicie o
desenvolvimento de competências e habilidades de leitura e interpretação de textos
jornalísticos, bem como a produção de resumos, análises e conclusões sobre o material
pesquisado. O principal objetivo da pesquisa é despertar a curiosidade dos alunos para a
problemática dos direitos civis, políticos, sociais e humanos, tema recorrente em meios
jornalísticos, levando à reflexão sobre as condições de asseguração, situações de ameaça
ou violação dos mesmos. Espera-se que, com base na leitura e interpretação das
reportagens, os alunos sejam capazes de identificar quais direitos não foram
assegurados, estiveram ameaçados de alguma forma ou foram efetivamente violados e
se colocar de forma crítica em relação aos eventos analisados.
Páginas 20 - 21
1. A cidadania no mundo antigo era fortemente baseada na ideia de liberdade. Somente
os indivíduos considerados livres, isto é, os não escravos, que não viviam em
situação de subordinação por dívidas, dominação militar ou a tutela masculina – no
caso das mulheres – ou dos mais velhos, no caso dos jovens, eram considerados
cidadãos. Esse ideal de liberdade inspirou fortemente os pensadores iluministas do
século XVII e XVIII, defensores do liberalismo e da ideia de que o indivíduo é livre
e não pode viver subordinado ao poder absoluto do Estado. Nesse sentido, as formas
de governo defendidas na época implicavam a existência de cidadãos autônomos,
dotados de razão, capazes de decidir seu próprio destino e submetidos a uma
autoridade comum, derivada do próprio corpo de cidadãos, por meio de um contrato
social.
2. O final do século XVIII marca o fim do absolutismo monárquico. Desde os primeiros
pensadores iluministas, a ideia de que os reis teriam o “direito divino” de governar
vinha perdendo espaço para novas correntes filosóficas, fundamentadas na razão e na
prevalência do indivíduo sobre o Estado. Com a ascensão das ideias liberais, abre-se
10
espaço para se pensar na liberdade individual – liberdade de pensamento e expressão,
de ir e vir, de crença religiosa, de privacidade – resguardando a pessoa da
interferência do poder da Coroa e da Igreja. A esses direitos chamamos direitos civis.
3. As lutas do movimento operário por direitos sociais e políticos fortaleceram a classe
trabalhadora e tornaram o Estado responsável por assegurar esses direitos. Embora o
sufrágio universal masculino na Inglaterra só tenha vindo a se consolidar no início do
século XX, o movimento sindical organizado, atuando de diversas formas – greves,
representação de deputados no parlamento, manifestações e unificação de forças –
gradualmente pressionou o governo a modificar a legislação que culminou na série
de regulamentações trabalhistas e reformas políticas que ampliaram direitos sociais e
políticos.
4. A afirmação da igualdade de todos os seres humanos não significa que não haja
diferenças individuais entre as pessoas. Cada pessoa tem seu jeito de ser, sua maneira
de pensar, agir e perceber as coisas. Também existem diferenças físicas, intelectuais
e psicológicas que, no entanto, não podem interferir no direito à vida. Não há nada
mais valioso do que a pessoa humana e este ser, com todas as suas características,
que o distinguem de outro ser humano, deve ser considerado com toda a dignidade.
O respeito pela dignidade da pessoa humana deve existir sempre, em qualquer lugar,
em qualquer circunstância. Essa é a base fundamental da concepção de direito
humano.
11
Página 22 - 23
a) Direito à liberdade (direito humano fundamental).
b) Regulamentação do trabalho e das organizações sindicais, direito ao salário mínimo e
ao período de férias remunerado (direitos sociais).
c) Luta pelo fim do regime militar e retomada dos direitos civis e políticos.
d) Formalização dos direitos civis, políticos, sociais e humanos pelo governo civil.
Páginas 23 - 25
Espera-se que os alunos se coloquem contra ou a favor da abolição da escravidão,
desenvolvendo um debate fundamentado na temática dos direitos. No caso de defesa da
abolição da escravidão, a ênfase deverá ser sobre os direitos civis, políticos, sociais e
humanos dos escravos. No caso de defesa da escravidão, a ênfase deverá ser sobre os
direitos da parte contrária. Os argumentos poderão se contrapor mutuamente ou não, e
devem contemplar os seguintes aspectos:
• Quais direitos estão sendo defendidos em cada caso (abolição/escravidão);
• A quem os direitos se referem e por quê;
• Quais são as instâncias responsáveis por sua garantia e de que modo elas tornam
possível, facilitam ou impedem a abolição ou a manutenção da escravidão;
• Quais seriam as consequências, em termos de direitos, para um e outro grupo com a
libertação ou não dos escravos e concessão de determinados direitos.
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2
A CONQUISTA DOS DIREITOS CIVIS, POLÍTICOS, SOCIAIS E HUMANOS NO BRASIL
12
Página 25 - 27
• Espera-se que os alunos desenvolvam um pequeno texto analisando as condições de
acesso à cidadania no Brasil explicitadas pelo professor na sala de aula, comparando-
a aos dados indicados na tabela do IBGE apresentada no caderno do 1.º bimestre da
2.ª série, juntamente com seus próprios conhecimentos sobre a realidade social
brasileira. Os alunos devem ser capazes de perceber que, pela Constituição de 1891,
a cidadania brasileira era amplamente concedida pelo direito de nascimento e
residência, tanto a brasileiros nativos, filhos de nativos, como a estrangeiros que
viessem a fixar residência no país. Porém, apesar dessa ampla concessão, o exercício
da cidadania propriamente dito era dificultado pela baixa taxa de escolarização da
população e pela interdição ao direito de voto às mulheres, aos analfabetos,
mendigos, soldados e membros das ordens religiosas. Atualmente, embora os direitos
de cidadania estejam expressamente formalizados e previstos na Constituição
brasileira, o fato de muitos brasileiros ainda não terem acesso à educação básica
(permanecem índices de analfabetismo) é um indicador de que nem todos têm
condições de exercê-la em sua plenitude.
Página 28
a) Até a instalação do Estado Novo, a participação política dos diferentes setores da
sociedade foi bem maior. O movimento operário começou a se organizar, o Partido
Comunista foi fundado, as greves ainda não haviam sido proibidas, houve
mobilizações de âmbito nacional exigindo uma nova Constituição e o direito ao voto.
Durante o Estado Novo, os direitos civis foram severamente reprimidos, e os
benefícios sociais foram obtidos por meio de decretos.
b) Mais atuantes: oligarquias tradicionais, oligarquias oposicionistas, facções militares
oposicionistas, classes operárias urbanas, movimento anarquista e comunista
emergente, sindicatos, industriais. Menos atuantes: trabalhadores rurais, camponeses
sem terra e indígenas.
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Cidadania reprimida
Página 29 - 30
2.
a) Representa a prisão de pessoas pelas agências especiais de repressão, como o
Destacamento de Operações de Informações e Centro de Operações de Defesa
Interna (DOI-CODI) e pelo serviço de inteligência da Polícia Civil de São Paulo, o
Departamento de Política e Ordem Social (DOPS). Supressão dos direitos civis e
políticos.
b) Repressão aos movimentos de greve, utilizando a força policial para reprimir as
manifestações dos trabalhadores. Supressão dos direitos de associação e
manifestação política.
c) Forma de tortura conhecida como “pau de arara”, em que o torturado é mantido
amarrado nessa posição, por horas a fio, enquanto é submetido a outros tormentos,
como choques elétricos, palmatória, afogamentos etc. Violação de direitos humanos,
tratamento cruel, desumano e degradante.
d) Representação da morte. Remete aos casos de prisão, tortura e desaparecimento
de presos políticos que resultaram em morte. Violação de direitos humanos,
tratamento cruel, desumano e degradante, violação do direito à vida.
Página 30
Espera-se que os alunos desenvolvam uma pesquisa de cunho histórico, cujo
principal objetivo é recuperar os principais eventos que levaram à formação da
Assembleia Constituinte, quais os objetivos e ideias defendidas por seus integrantes e,
principalmente, a concepção de cidadania sobre a qual a Carta está embasada.
14
Páginas 33 - 36
1. Como um Estado democrático de direito, fundamentado em cinco princípios:
soberania (poder do povo), cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais
do trabalho e da livre iniciativa e pluralismo político.
2. Ao povo, por meio de representantes eleitos ou diretamente.
3. Direitos humanos fundamentais: direito à vida, à liberdade, à igualdade e à
segurança. Inciso III. Direitos civis: Incisos I, II, IV, VI, X, XI, XV, XVII, XXII,
XXXIX.
4. A Constituição brasileira é tributária desses documentos e está inserida no processo
de construção das concepções de cidadania moderna. Somos herdeiros da tradição
liberal que defende a igualdade dos indivíduos perante a lei, bem como dos valores
humanistas que buscam preservar a dignidade da pessoa. Porém, a Constituição vem
evoluindo constantemente, e foram discriminadas com maior clareza determinações
que atendem os objetivos e princípios específicos ao nosso próprio projeto como
Nação. Observamos, por exemplo, maior preocupação com a preservação do espaço
privado, como a casa, o local de culto, a honra pessoal, ampliando a esfera do
indivíduo para além da pessoa, e a preocupação com a ordem pública face à situação
de guerra ou de paz.
5. A Constituição brasileira não dispõe apenas dos direitos do cidadão, mas também dos
seus deveres. Essa é uma parte importante da cidadania. Diferentemente do que
estava discriminado no texto de 1789, “a liberdade consiste em fazer tudo o que não
prejudique o próximo”, a Assembleia Constituinte, como representante da soberania
popular, determinou que os limites da liberdade de ação devem ser comuns a todos e,
portanto, precisam estar claramente explicitados nos termos da lei. Além disso, o teor
da pena também foi prescrito.
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3
A CONSTITUIÇÃO CIDADÃ
15
Páginas 36 - 39
1.
a) Artigos 6.º e 7.º, pois dizem respeito ao atendimento das necessidades básicas do
ser humano e são eles que tornam possível o exercício da cidadania. São direitos
coletivos que garantem a todo cidadão o acesso a educação, trabalho, moradia, saúde,
salário justo, aposentadoria etc.
b) Artigos 8.º, 9.º e 14.º. Observe que, embora no texto da Constituição os direitos
de associação em formação de sindicatos e manifestação por meio de greves sejam
considerados direitos sociais, há interpretações que classificam os direitos de
associação e manifestação como direitos políticos, de modo que ambas as
interpretações são válidas.
2. Sim, certamente. A CLT não era aplicada aos trabalhadores rurais, aos trabalhadores
domésticos nem aos trabalhadores autônomos, ou seja, quem não tinha carteira
assinada não tinha direitos trabalhistas. Hoje, todos os cidadãos que trabalham têm os
mesmos direitos previstos na Constituição.
3. Sufrágio universal por meio do voto direto e secreto em eleições regulares,
plebiscitos, referendos e por iniciativa popular.
4. Todas as pessoas acima de 16 anos, os analfabetos, as que não sejam estrangeiras
residentes no Brasil e não estejam servindo nas Forças Armadas podem votar.
Entretanto, é importante observar que a partir dos 18 anos e até os 69, o voto é
obrigatório para todos os eleitores alfabetizados. Para ser votado, o cidadão precisa
ser brasileiro, não estar prestando serviço militar, ter título de eleitor, residir onde ele
vota, estar filiado a um partido, e ter pelo menos 18 anos para concorrer ao cargo
mais baixo (que é o de vereador) e ser alfabetizado.
Página 40
Espera-se que os alunos desenvolvam um trabalho de leitura e interpretação do texto
original da Constituição no qual sejam mobilizadas competências e habilidades de
reconhecimento e identificação dos componentes formadores do texto constitucional
16
(títulos, capítulos, seções, artigos, incisos etc.), bem como dos direitos específicos
contemplados no texto e as categorias sociais a que eles se referem. O objetivo é
despertar a curiosidade dos alunos para a consulta, leitura e análise da Constituição
brasileira, bem como para a reflexão sobre o seu conteúdo.
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Páginas 42 - 43
Espera-se que os alunos reflitam sobre a formalização de direitos para categorias
sociais específicas. O objetivo é exercitar a capacidade de argumentação e a produção
de textos argumentativos defendendo opiniões e pontos de vista.
Página 44
1. As crianças e adolescentes integram o conjunto dos seres humanos e possuem os
mesmos direitos à cidadania, previstos na Constituição. Porém, não podem ser
considerados plenamente sujeitos dos seus direitos, uma vez que, em função de suas
diferentes condições de desenvolvimento, dependem da família e da sociedade para
sobreviver, ter acesso às necessidades básicas de existência como saúde,
alimentação, moradia, educação e afeto e a eles precisam ser fornecidas as condições
para o exercício pleno da cidadania, especialmente a formação enquanto cidadãos.
2. O direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais
públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, o
direito de brincar, praticar esportes e divertir-se, direito a ser criado e educado no
seio da sua família, por exemplo.
3. Alguns exemplos que podem ser citados são os trabalhadores rurais, as mulheres (Lei
Maria da Penha), os indígenas, os consumidores e os idosos.
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4
DIREITOS E DEVERES DO CIDADÃO
18
Páginas 45 - 46
1. A família, a comunidade, a sociedade em geral, o poder público, quem oferece e
apresenta produtos, o cidadão, enfim, todos nós.
2. Garantir a vida, a saúde, a alimentação, a educação, o esporte, o lazer, a
profissionalização, a cultura, a dignidade, o respeito, a liberdade, a convivência
familiar e comunitária à criança, ao adolescente e ao idoso, cuidando para que não
sejam tratados de forma desumana, violenta, aterrorizante, vexatória ou
constrangedora. Qualquer violação desses direitos deve ser comunicada às
autoridades. Todos os consumidores devem ser informados sobre as características,
qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem,
entre outros dados dos produtos que forem adquirir, bem como sobre os riscos que
apresentam à saúde e à segurança.
Página 46
• Com base nos conteúdos discutidos em sala de aula, espera-se que os alunos tenham
se sensibilizado para a concepção de que “ser cidadão” não envolve apenas um
conjunto de direitos formalmente expressos em documentos como a Constituição,
Estatutos ou Códigos, mas também o exercício de determinadas práticas e condutas
que possibilitem que os direitos de todos sejam garantidos. Essa noção é fundamental
para a compreensão de que o exercício da cidadania não existe fora da sociedade e é;
essencialmente, uma construção coletiva, fruto de um processo histórico de
consolidação de princípios, valores e diretrizes em comum, fundamentais para o
funcionamento de um Estado democrático. Por essa razão; ser cidadão significa tanto
ter direitos como o dever de exercê-los de acordo com as normas previstas na
Constituição; ou seja, só é possível ter direito à cidadania se cada cidadão se
empenhar ativamente para que os direitos de todos sejam efetivamente garantidos. O
objetivo da reflexão é que o aluno retome os conteúdos trabalhados nas Situações de
Aprendizagem, desenvolvendo com suas próprias palavras a concepção de cidadania
19
com base nas noções de direito, dever e coletividade, situando a si mesmo enquanto
membro da sociedade em que vive.
AJUSTES
Caderno do Professor de Sociologia – 3ª série – Volume 1
Professor, a seguir você poderá conferir alguns ajustes. Eles estão sinalizados a cada
página.
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Sociologia – 3a série, 1o bimestre
os direitos civis, no século XVIII; os direitos políticos e sociais, no século XIX (cuja luta perdurou até o século XX) e os direitos huma-nos, no século XX.
Os filósofos iluministas, destacando-se entre eles John Locke, Voltaire e Jean-Jacques Rousseau, lançaram as bases para a percepção moderna da relação entre Estado e indivíduos, agora não mais uma relação entre súditos e soberanos absolutos, mas entre indivíduos dotados de razão que possuem “direitos na-turais” – direitos que são do próprio homem, ou seja, com os quais os homens nascem – como à vida, à liberdade e à propriedade. Abre-se espaço, assim, para o nascimento do Estado de Direito.
Você pode iniciar essa etapa indicando, de forma sucinta, a contribuição de cada um desses pensadores iluministas na constituição de novas formas de pensar a relação entre súditos de uma nação e seus governantes:
a) John Locke (1632-1704): defendia que to-dos os homens são iguais, independentes e governados pela razão. No estado natu-ral, teriam como destino preservar a paz e a humanidade, evitando ferir os direitos dos outros, inclusive o direito à proprie-dade, considerado por Locke um dos di-reitos naturais do homem. Para evitar que alguns tirassem vantagens para si pró-prios, ou para os amigos, entrando em conflito, os homens teriam abandonado o estado natural e criado um contrato social entre homens igualmente livres;
b) Voltaire (1694-1778): defendia a liberdade de expressão, de associação e de opção religiosa, criticando o poder da Igreja Católica e sua interferência no sistema político. Foi um crítico do Absolutismo e das instituições políticas da Monarquia, defendendo o livre comércio contra o controle do Estado na economia;
c) Jean-Jacques Rousseau (1712-1778): de-fendia a liberdade como o bem supremo, entendida por ele como um direito e um dever do homem. Renunciar à liberdade é renunciar à própria humanidade. Para que o homem possa viver em sociedade, sem renunciar à liberdade, ou seja, obede-cendo apenas a si mesmo e permanecendo livre, é estabelecido um contrato social em que a autoridade é a expressão da vontade geral, expressão de corpo moral coletivo dos cidadãos. Desse modo, o homem ad-quire liberdade obedecendo às leis que prescreve para si mesmo.
Essas ideias foram muito importantes para o desenvolvimento do que hoje enten-demos por cidadania. A base para a concep-ção de cidadania é a noção de Direito. Mas que direitos são esses? Hoje falamos em di-reitos “civis”, “políticos,” “sociais” e “huma-nos”, mas a definição clara do que seria cada um deles e a quem seriam aplicados nem sempre foi definitivamente estabelecida e ainda é fonte de intensos debates.
Pergunte aos alunos: Alguém sabe a dife-rença entre esses quatro tipos de direitos? Espere as contribuições e aproveite-as ao máximo para construir essa etapa da Situa-ção de Aprendizagem.
1. Direitos civis:
Dizem respeito à liberdade dos indivíduos e se baseiam na existência da justiça e das leis. Referem-se à garantia de ir e vir, de escolher o trabalho, de se manifestar, de se organizar, de ter respeitada a inviolabilidade do lar e da correspondência, de não ser preso e não sofrer punição a não ser pela autoridade competente e de acordo com a legislação vigente.
2. Direitos políticos:
Referem-se à participação do cidadão no