20 ano nr 18.docx

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Apresentamos uma contextualização dos 20 anos da primeira revisão da NR 18, e o tripartismo como instrumento de avanços na legislação. Ao longo dos últimos 20 anos as Normas Regulamentadoras seguem uma estrutura: o governo apresenta um texto técnico, publica para consulta pública, discute em instâncias tripartite, aprova e publica. Observamos a morosidade da integração dos MPS, MS e MTE para implementação da PNST e do PLANSAT, o atraso de informações quanto as estatísticas e a falta de comunicação junto à sociedade. Divulgamos a importância do FAP, divisor de águas que premia a prevenção de SST e pune o negligente. A necessidade das ações regressivas do INSS nos casos de invalidez e óbitos por acidente e doenças do trabalho como principal fator que obrigará as empresas, que com o elevado gasto em ações, mais do que em prevenção, passem a investir pesado em Saúde e Segurança do Trabalho. Dados da Procuradoria Geral Federal (órgão que defende o INSS) tramitam em todo o país em torno de 1.400 ações, cujos valores variam de R$ 5 mil até R$ 1 milhão - nos casos em que a empresa tem que continuar pagando o benefício para viúvas ou viúvos, por exemplo. Cerca de 250 ações já foram julgadas, 90% procedentes. Afinal o Brasil matou quatro vezes mais trabalhadores da CC do que a Africa nas construções de seus Estádios para realização da copa do mundo. Por outro lado, as experiências em SST mais eficientes demonstram que o número de acidentes é cinco vezes maior do que a estatística oficial; maior na frequência, mas menor na gravidade. A legislação de Saúde e Segurança tem uma base técnica que se iguala aos países que mais se preocupam com a SST. Mas a lei por si só não basta.

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Page 1: 20 ano NR 18.docx

Apresentamos uma contextualização dos 20 anos da primeira revisão da NR 18, e o tripartismo como instrumento de avanços na legislação.

Ao longo dos últimos 20 anos as Normas

Regulamentadoras seguem uma estrutura: o

governo apresenta um texto técnico, publica

para consulta pública, discute em instâncias

tripartite, aprova e publica.

Observamos a morosidade da integração dos

MPS, MS e MTE para implementação da

PNST e do PLANSAT, o atraso de

informações quanto as estatísticas e a falta de comunicação junto à sociedade.

Divulgamos a importância do FAP, divisor de águas que premia a prevenção de SST e pune o negligente. A

necessidade das ações regressivas do INSS nos casos de invalidez e óbitos por acidente e doenças do trabalho

como principal fator que obrigará as empresas, que com o elevado gasto em ações, mais do que em prevenção,

passem a investir pesado em Saúde e Segurança do Trabalho.

 

Dados da Procuradoria Geral Federal (órgão que defende o INSS) tramitam em todo o país em torno de 1.400

ações, cujos valores variam de R$ 5 mil até R$ 1 milhão - nos casos em que a empresa tem que continuar

pagando o benefício para viúvas ou viúvos, por exemplo. Cerca de 250 ações já foram julgadas, 90%

procedentes.

Afinal o Brasil matou quatro vezes mais trabalhadores da CC do que a Africa nas construções de seus Estádios

para realização da copa do mundo.

Por outro lado, as experiências em SST mais eficientes demonstram que o número de acidentes é cinco vezes

maior do que a estatística oficial; maior na frequência, mas menor na gravidade.

A legislação de Saúde e Segurança tem uma base técnica que se iguala aos países que mais se preocupam

com a SST. Mas a lei por si só não basta.

O número de auditores reduzido em 30%(2.700), com quase 1/3 em funções administrativas, para fiscalizar

mais de 3.000.000 de empresas com CNPJ, e acaba por quem tem obrigação de fiscalizar, não dar conta do

recado.

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As estatísticas de acidentes do trabalho são informadas com atraso, o que impede uma análise técnica,

estabelecimento de políticas e o planejamento de ações preventivas.

O trabalho evoluiu, ao longo da existência humana, física e intelectualmente. Mas o trabalhador, primeiro

interessado no trabalho e aquele que sabe onde o sapato aperta, é pouco ouvido.

O saber prescrito por si só também não dá resposta a todos os problemas, os gabinetes na maioria não sabem

o que se passa no chão da fábrica.

Os Empregadores pecam por não investir pesado em prevenção e em não estabelecer políticas de saúde e

segurança do trabalho.

É preciso encarar a realidade dos fatos, os fatores de risco levam a ocorrência de 95% dos acidentes por falha

administrativa e gerencial.

Por outro lado o ritmo acelerado das obras para cumprimento dos contratos, as tarefas e a busca pela

produtividade desenfreada, as condições não ergonômicas, as negadas pausas necessárias dos trabalhadores

para refazer suas energias e produzir com eficiência e produtividade, a falta de proteção aos doentes

acidentados, o trabalho repetitivo e desgastante, a precarização, terceirização, o assédio, a opressão, a

elevação de doenças psicossociais, mentais, crescem a cada dia.

Se no ambiente de trabalho ocorrem acidentes, doenças do trabalho e morte, não se pode dizer que ali há

prevenção de saúde e segurança. E o trabalho é razão, é sentido da existência humana.

As Empresas sempre alegam insegurança jurídica, diante da busca de direitos pelos trabalhadores; alegam que

não subsistem sem previsibilidade, sem planejamento, sem estabilidade econômica (vide planos Cruzado,

Bresser, Verão), com razão.

É nesta perspectiva que os trabalhadores necessitam de uma relação de emprego estável, definida, sem

mudanças a bel prazer das empresas para que o trabalhador também possa se planejar, estudar, viver

momentos de lazer com a família, viver qualidade de vida, para produzir com eficiência.

Jairo José da Silva - SEC.NAC.SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DA CONTRICOM