2 proc-trab-aula-ii-formas-e-solucoes-de-conflitos

4
1 UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO profa. Benizete Ramos AULA II (roteiro)- FORMAS ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS TRABALHISTAS O trabalho revigora o corpo, abre a inteligência e manda embora o tédio, desde que seja encarado com alegriaTST-OJ 391 I- CONFLITOS Individual e Coletivo Lide: Pretensão resistida I-a Quanto às partes I-a-1)- Individuais 837 e ss. CLTinteresse individual. I-a-2)- Coletivos Interesses abstratos de toda categoria; Busca-se a criação de normas jurídicas ou sua interpretação. I-b)- Quanto à forma I-b-1)- De ação direta; I-b-2)- De greve; I-b-3)- Piquetes/boicotes I-b-4)- Conflitos pacíficos I.c)- Quanto ao objeto- I.c.1- de direito I.c.2-economico. Ex = salário, H extra II- FORMAS DE SOLUÇÃO II. a) Autodefesa - alguém faz por si próprio a defesa. A própria parte procede à defesa; O conflito se soluciona quando uma parte cede à imposição; Não se admite o exercício arbitrário das próprias razões; Ex. Greve e lockout (art. 722 CLT)/Renúncia (Característica de emprego da força física ou política); duelo em alguns países. Nesse exemplo que é unânime, adverte Bezerra Leite 1 a greve e o locaute por si só não solucionam o conflito trabalhista, mas constituem importantes meios para se chegar à autocomposição ou à heterocomposição. Amauri Mascaro dá como exemplo: Poder disciplinar do empregador II. b) Autocomposição É a forma de solução realizada pelas próprias partes, sem intervenção de um terceiro, mediante ajuste de vontade. Bezerra Leite 2 os litigantes ou de comum acordo e sem emprego da força, fazem-se concessões recíprocas mediante ajuste de vontades.[...] um dos litigantes ou ambos consentem no sacrifício do próprio interesse. II.b.1)- Unilateral Renúncia à pretensão II.b.2)- bilateral − Quando as partes fazem concessões recíprocas. Ex: Acordo/Transação; convenção coletiva (art. 611 CLT) ; mediação Amauri Mascaro, diz que a conciliação é uma forma de autocomposição II. c)- Heterocomposição Consiste na solução do conflito por um terceiro que decide com força obrigatória sobre os litigantes. 1 Leite . Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito processual do Trabalho, 8ª. ed. Ltr. p. 110 2 Op cit. p;111

Upload: cursos-ramos-de-medeiros

Post on 05-Aug-2015

47 views

Category:

Education


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 2 proc-trab-aula-ii-formas-e-solucoes-de-conflitos

1

UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO – profa. Benizete Ramos

AULA II (roteiro)- FORMAS ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO DE

CONFLITOS TRABALHISTAS

“O trabalho revigora o corpo, abre a inteligência e

manda embora o tédio, desde que seja encarado com

alegria” TST-OJ 391

I- CONFLITOS – Individual e Coletivo

Lide: Pretensão resistida

I-a Quanto às partes

I-a-1)- Individuais – 837 e ss. CLT► interesse individual.

I-a-2)- Coletivos – Interesses abstratos de toda categoria;

Busca-se a criação de normas jurídicas ou sua interpretação.

I-b)- Quanto à forma

I-b-1)- De ação direta;

I-b-2)- De greve;

I-b-3)- Piquetes/boicotes

I-b-4)- Conflitos pacíficos

I.c)- Quanto ao objeto- I.c.1- de direito

I.c.2-economico. Ex = salário, H extra

II- FORMAS DE SOLUÇÃO –

II. a) Autodefesa - alguém faz por si próprio a defesa.

► A própria parte procede à defesa;

►O conflito se soluciona quando uma parte cede à imposição;

► Não se admite o exercício arbitrário das próprias razões;

Ex. Greve e lockout (art. 722 CLT)/Renúncia (Característica de emprego da força física

ou política); duelo em alguns países.

Nesse exemplo que é unânime, adverte Bezerra Leite 1 a greve e o locaute por si só não

solucionam o conflito trabalhista, mas constituem importantes meios para se chegar à

autocomposição ou à heterocomposição.

Amauri Mascaro dá como exemplo: Poder disciplinar do empregador

II. b) Autocomposição

É a forma de solução realizada pelas próprias partes, sem intervenção de um terceiro,

mediante ajuste de vontade.

Bezerra Leite 2 os litigantes ou de comum acordo e sem emprego da força, fazem-se

concessões recíprocas mediante ajuste de vontades.[...] um dos litigantes ou ambos

consentem no sacrifício do próprio interesse.

II.b.1)- Unilateral – Renúncia à pretensão

II.b.2)- bilateral − Quando as partes fazem concessões recíprocas.

Ex: Acordo/Transação; convenção coletiva (art. 611 CLT) ; mediação

Amauri Mascaro, diz que a conciliação é uma forma de autocomposição

II. c)- Heterocomposição

Consiste na solução do conflito por um terceiro que decide com força obrigatória sobre

os litigantes.

1 Leite . Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito processual do Trabalho, 8ª. ed. Ltr. p. 110

2 Op cit. p;111

Page 2: 2 proc-trab-aula-ii-formas-e-solucoes-de-conflitos

2

Para Bezerra Leite 3 não é forma de solução direta, porque a decisão é suprapartes,

enquanto na autocomposição a solução é obtida diretamente pelas próprias partes

Ex. Conciliação - HÁ DIVERGÊNCIAS se é auto ou heterocomposição. SP Martins

acha que é heterocomposição porque tem um terceiro. Para C,H,B, Leite e Amauri

Mascaro é auto composição

A profa. Benizete entende que é autocomposição, porque o terceiro, não tem força de

decidir, apenas intermediar.

II.c.1) ARBITRAGEM -

►Artigo da Profa. Benizete e matéria Ltr 68-11/1400

► CRFB – 114, §§. 1o. e 2o.

►CC – 1l16 art. 1037 a 1.048

►CPC – Juízo arbitral – art. 1.072 a 1.102

►L.C 75/93, art. 83, XI MP como árbitro.

►Lei 9.307/96, revogou os arts do código civil, onde era necessário a homologação.

► Não se confunde com arbitramento que é forma de liquidação sentença (art. 879

CLT.)

►Portaria nº818 de 30/08/95 do M.T.E estabeleceu critérios para o mediador.

A- Conceito - É uma forma de solução de conflitos, feita por um terceiro e estranho à

relação das partes ou por um órgão que é escolhido por elas, impondo a solução do

conflito.

► No Brasil não é obrigatório, mas uma vez escolhido essa via, o laudo se torna de

observância obrigatória;

Pinto Martins 4 Distingue-se a arbitragem da mediação, pois nesta o mediador apenas

faz propostas para solução do conflito, enquanto o árbitro decide, impõe a solução ao

caso que lhe é submetido à apreciação.

B- Diferenças da mediação, jurisdição.

Arbitragem decide já mediação faz proposta;

Na Jurisdição se está investido da jurisdição como órgão do Estado;

Arbitragem há cláusulas compromissórias ou compromisso arbitral;

C- Classificação

► Espontâneo (não é obrigatório)

► Legal ou Convencional;

► Membro do Estado (oficial) ou particular

► Compulsório quando escolhido a via

D- Natureza Jurídica

►Pinto Martins 5, é privado, porque o árbitro no Brasil não é funcionário do Estado.

►Para alguns autores, é mista, porque tem base contratual, envolvendo contrato e

jurisdição.

E- Admissibilidade –

E-1- * Grande ponto de divergência na doutrina brasileira é sua aplicabilidade nas lides

trabalhistas, face o teor do art. 1º da citada Lei – Direitos patrimoniais e indisponíveis.

O DT é todo voltado pela indisponibilidade, face ao princípio protetor.

A profa. Benizete entende que não se aplica ao Dir. do Trabalho em posição contrária à

profa. Zoraide Amaral, defendendo que se aplica.

Pinto Martins,6 também nessa posição, para quem direitos patrimoniais disponíveis é

diferente de direitos irrenunciáveis. Os direitos dos trabalhadores não são exatamente

3 Leite. Op cit. p; 111

4 Martins. Sergio Pinto. Direito processual do Trabalho. Ed. Atlas p. 60

5 Martins. Op cit. p. 62

6 Op cit. p 64/65

Page 3: 2 proc-trab-aula-ii-formas-e-solucoes-de-conflitos

3

patrimoniais indisponíveis. O trabalhador não está renunciando, alienando ou

transacionando direito quando submete o conflito á arbitragem, mas apenas escolhe

um terceiro para solucionar o litígio.

►TST- RR 795-2006-028-05-00 2009. Admite-se somente para os dissídios coletivos.

E-2)-Pinto Martins7, entende que a arbitragem não impede o acesso ao Judiciário, por

força do o art. 5º. XXXV CF, para caso de nulidade (art. 33 L. 9.307);

E-3)- É mais célere que o P. Judicial;

E-4)- O árbitro pode ser qualquer pessoa, não precisa ser bacharel em Direito, mas que

julgue de acordo com a Lei e não por interesse financeiro

F- Objetivos:

►Aliviar o volume de processos do judiciário;

► Ser mais rápido e conveniente às partes;

► Para Mauro Cappelletti – Recompõe e devolve às partes a paz;

G- Procedimentos

► Uma vez aceito o árbitro, deve ser respeitados os princípios;

► A decisão é escrita com relatório, fundamentação e decisão;

►Não se sujeita a recurso (art. 18) nem homologação pela Justiça

► Pode ser anulado pela P.J, salvo se houver fraude (art. 32 e 33)

► Não pode ser objeto de Ação rescisória;

► É título Executivo extrajudicial , sem necessidade de homologação.

H – Natureza Jurídica

Mediação e de homologação

II.c.2) CONCILIAÇÃO

Lei 9.958/2000 acrescentou os arts. 625-A a 625-H á CLT estabelecendo regras sobre as

CCP.

A - Discussão

►Um terceiro propõe a solução extrajudicial

►Se é autocomposição ou heterocomposição

►Prof. Benizete entende que é forma autocompositiva

B – Natureza jurídica - Mediação

C- Constituição

► Por empresa (só para ela)

► Grupo de empresas

► Sindical

► Intersindical

► Núcleos de Comissão intersindical

D - Composição – art. 625-A e B CLT

Art. 625-A e B

E- Condições da Ação 625-D c/c 267, VI

► Bastante controvertido face o art.5o. XXXV, CF

STF em liminar na ADIs 2139 e 2160-5-DF, entendeu que a exigência viola o principio

constitucional e o TST, vem adotando esse entendimento RR 28/2004-009-06-00.3

Não é mais obrigatório, antes do ajuizamento.

G- Eficácia Liberatória 625-E, parágrafo único CLT

7 O cit. p. 63

Page 4: 2 proc-trab-aula-ii-formas-e-solucoes-de-conflitos

4

H- Prescrição – 625- G► Fica suspenso, a partir da provocação da comissão pelo

obreiro e recomeça a contar com a tentativa frustrada.

► Interrompe quando provocado

II-c-3 – JURISDIÇÃO

É a forma de solução de conflitos por meio de intervenção do Estado, gerando o

processo judicial. O Estado diz o direito ao caso concreto.

►No Brasil a jurisdição trabalhista é exercida pela Justiça do Trabalho- art. 111 CF

ANEXO I

OJ-SDI1-391- PORTUÁRIOS. SUBMISSÃO PRÉVIA DE DEMANDA A

COMISSÃO PARITÁRIA. LEI N.º 8.630, DE 25.02.1993. INEXIGIBILI-DADE.

(DEJT divulgado em 09, 10 e 11.06.2010)

A submissão prévia de demanda a comissão paritária, constituída nos termos do art. 23

da Lei nº 8.630, de 25.02.1993 (Lei dos Portos), não é pressuposto de constituição e

desenvolvimento válido e regular do processo, ante a ausência de previsão em lei.

ANEXO II

- LEITURA COMPLEMENTAR

1- Artigos da prova. Benizete Ramos, INAPLICABILIDADE DA ARBITRAGEM

NOS CONFLITOS TRABALHISTAS

- publicado na Ltr 2007- no. 19/07 (Suplemento)

2- COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO

TRABALHO

- publicado na LTR – Suplemento – 026/02; Revista Síntese – Junho/02

- Revista do TRT, 1 a. reg. Nov/Dez/01