2. comunidade - a apropriação científica de um conceito tão antigo quanto a humanidade

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Comunidade

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  • Comunidade: a apropriao cientfica de um conceitoDisciplina: Psicologia Comunitria

    Professora: Elisabeth Rossi

  • Comunidade

    Conceito ausente na histria das idias psicolgicas.Surge como categoria analtica a partir dos anos 70 ramo da Psicologia Social.Sua intencionalidade e destinatrios: cincia comprometida, especialmente, com os excludos da cidadania.O conceito de comunidade , a partir dos anos de 1970 e 1980, invadiu o discurso das cincias humans e sociais especialmente as prticas na rea de sade mental.A introduo do conceito no corpo teporico da psicologia social representou uma orientao da teoria crtica, que interpreta o mundo com a inteno de transform-lo.

  • ComunidadeCrticas e cuidados.

    Um conceito capaz de abarcar qualquer perspectiva de prtica profissional desde que realizada fora dos consultrios e instituies; Uso demaggico e poltico para designar compromisso com o povo e discurso daqueles que se intitulam defensores da sociedade e da pureza tnica e cultural; Utopia para enfrentar o processo de globalizao, grande vilo da vida em comum e solidria (aes reacionria, saudositas que no orienta para o futuro); ainda, o nome comunidade como modelos de situao ideal, que teria ocorrido nos primrdios da humanidade. Devido diversidade de significado uso demaggico da palavra.

  • Conceito

    Conjunto de indivduos organizados num todo ou que manifestam, geralmente de maneira consciente, algum trao de unio. Estado ou qualidade das coisas materiais ou das naes abstratas comuns a diversos indivduos.Conjunto de habitantes de um mesmo Estado ou qualquer grupo social cujos elementos vivam numa dada rea, sob um governo comum e irmanados por um mesmo legado cultural e histrico.( Dicionrio Houaiss, 2001)

  • A comunidade e a histria do pensamento social: O debate entre comunidade e individualismo dimenso poltica do conceito confronto entre valores coletivistas e individualistas.a) Movimento anticomunitrio de interesses econmicos e polticos- Iluminismo - liderado por intelectuais que combatiam os grupos e as associaes surgidas na Idade Mdia, com o intuito de combater os resqucios de dominao e explorao do homem pelo feudalismo.

    - contra a idia de sociedade comunitria do feudalismo; defendiam a idia de sociedade fundada no contrato entre homens livres, que se vinculavam, racionalmente, em modos especficos e limitados de associaes.

  • A comunidade e a histria do pensamento social:- o movimento anticomunitrio desejava destruir a ordem feudal injusta e encontrou, ao mesmo tempo, apoio entre aquelas pessoas que recusavam a idia de contrato e defendiam a idia do racionalismo econmico.- para esses grupos, a comunidade era o inimigo do progresso no final do sculo XVIII porque impedia o desenvolvimento econmico e a reforma administrativa.- Nesse mesmo perodo, a emergncia de uma reao intelectual conservadora para recuperao da comunidade como modelo de sociedade, ameaada pelo individualismo e racionalismo, valores propagadados pelo iluminismo.

  • A comunidade e a histria do pensamento social:- Com o tempo, esses valores extrapolaram o pensamento conservador e foram apresentados em oposio aos valores individuais.A comunidade tornou-se o centro do debate da modernidade, cujo modelo a famlia, que encontra sua expresso simblica na religio, nao, raa e profisso. Sua delimitao pode ser local ou global. O que importa a comunho dos objetivos a condio de continuao no tempo, o engajamento moral, a coeso e a coero social.

  • A comunidade e a histria do pensamento social:b) O debate surge no movimento contra a pastoral individualista e a teologia racionalista (ideias de Lutero e Calvino) dimenso religiosa do conceito confronto entre valores coletivistas e individualistas- apareceu no bojo do movimento contra a pastoral individualista e a teologia racionalista do sculo XVIII, devido o afastamento do homem da dimenso comunitria e cooperativa.- reavivamento das comunidades eclesiais de base, como no Brasil, nos anos de 1970.

  • A comunidade e a histria do pensamento social:c) O debate entre comunidade e individualismo dimenso filosfica do conceito confronto entre o racionalismo utilitrio, individualismo, industrialismo e igualitarismo (Revoluo francesa).A obra de Hegel, pensador importante do sc. XIX, serviu de base ao marxismo: o Estado uma comunidade e no a agregao de indivduos pelo contrato.Em sua concepo, a sociedade formada por crculos interligados de associaes: famlia, comunidade local, classe social, igreja, cada qual autnoma nos limites de sua abrangncia funcional, considerada fonte de afirmao do indivduo todos elementos formativo do Estado.

  • O debate entre comunidade e sociedaded) Dimenso sociolgica - expressado pela sociologia alem (Tnnies, 1944) no final do sculo XIX, que criou uma estrutura tipolgica da idia de comunidade, tanto por conservadores quanto revolucionrios. Comunidade - baseada em trs eixos: o sangue, o lugar e o esprito ou o parentesco, a vizinhaa e a amizade (todos os sentimentos nobres: o amor, a lealdade, a honra, a amizade).

    Sociedade os homens esto vinculados, mas divididos. Est presente na atividade aquisitiva e na cincia racional e sua base o mercado, a troca e o dinheiro.A comunidade no uma varivel ou um espao, mas uma realidade e a causa para outros fenmenos (Nisbet, 1973).

  • O debate entre comunidade e sociedade Weber (1917) o socilogo da ao social distinguiu dois tipos de relaes sociais:1 comunitria relao baseada no sentimento subjetivo do pertencer, implicado na existncia do outro como famlia e grupos unidos pela camaradagem, vizinhana e fraternidade religiosa. A relao pode ser afetiva ou ertica e amorosa, baseada em qualquer fundamento emocional ou tradicional.2 Sociao relao cuja atividade se funda sobre o compromisso de interesse motivado racionalmente e resultante de vontade ou opo racionais.

  • Comunidade como fenmeno Emprico

    Incio do sculo XX na sociologia uma exploso de estudos sobre comunidade. espao emprico de pesquisa.Comunidade referencial de anlise que permite olhar a sociedade a partir do vivido, apoiada em metodologia utilizada pela antropologia: observao participante e estudo de caso.

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  • Comunidade no corpo terico da Psicologia At 1970 ausncia de referncias explcitas sobre comunidade nas obras da Psicologia social.Comunidade aparece para referir-se s instncias intermedirias entre o homem e a sociedade ou como sinnimo de sociedade.Os estudos de Wundt em 1904 Psicologia dos povos a comunidade aparece como sinnimo de interao coletiva .Freud (1976) critica o carter homogeneizador da comunidade, a sua dimenso negativa e injusta de considerar todos os homens iguais em desejos e necessidades.Na Psicologia Social criado no incio do sc. XX, para analisar a relao homem/sociedade o cenceito de comunidade no central. O grupo e interao social so categorias dominantes nos estudos dos fenmenos coletivos.

  • Comunidade no corpo terico da Psicologia A partir dos anos de 1950, a categoria comunidadefoi introduzida nas cincias sociais, aps a recuperao das idias liberais-populistas e corporativistas, que foram adotadas nas estratgias de modernizao do ps-guerra.

    A categoria comunidade entrou para o corpo terico da psicologia orientado pelo mtodo experimental, com o objetivo de integrar indivduos e grupos a partir da transformao de atitudes, inspirados nos estudos psicossociais sobre grupo.

  • Comunidade no corpo terico da Psicologia Duas vetentes tericas-prticas1 vertente: - Comunidade foi introduzida na rea clnica para humanizar o atendimento ao doente mental desenvolvimento de polticas por organismos internacionais.objetivo: desenvolver potencialidades individuais, grupais e coletivas para integrar a populao aos programas oficiais de modernizao e para prevenir doenas. prticas: associadas educao popular, medicina psiquitrica comunitria sob a orientao e proteo do Estado; melhorar as condies de vida e integrao nacional.

  • Comunidade no corpo terico da Psicologia Duas vertentes tericas-prticas1 vertente:Conceito: unidade consensual, sujeito nico e homogneo, lugar de gerenciamento do conflito e de mudanas de atitude-Corpo terico da Psicologia comunitria avanos positivos e superao da ciso entre: subjetividade e objetividade e a prtica voltada para a integrao social mais do que para a excluso. Os psiclogos que trabalhavam em comunidade inspirao nas teorias psicolgicas que contemplavam o social na anlise da subjetividade ( a psicanlise e sociometria). No final da dcada de 70 domnio da matriz marxista em que a psicologia comunitria apresenta-se como rea de conhecimento cientfico no elitista e a servio do povo (tomada de conscincia).

  • Comunidade no corpo terico da Psicologia Duas vertentes tericas-prticas2 vertente:Conceito: lugar que rene pares da classe trabalhadora, considerada o agente social capaz de realizar a intencionalidade prtica da teoria crtica (negao da excluso e alienao mantidos pelo capitalismo).-Corpo terico aproxima da 1 vertente na incorporao de reflexes, tanto filosficas quanto sociolgicas sobre comunidade: ao conjunta, rede de sociabilidade, cooperao e solidariedade, homogeneizao de interesses voltadas para necessidades coletivas; lugar de sentimentos nobres, no individualistas como lealdade, amizade e honra.As duas vertentes afastam dos estudos clssicos em que a comunidade clula da sociedade, capaz de irradiar mudanas e no erradicar mudanas.

  • No contexto atual, asssolado pela globalizao, de um lado, presencia-se a queda de todas as fronteiras tradicionais que separam homens e naes (comunidade virtual). Por outro, a emergncia de novas/velhas formas de diferernciao, segregao, que coloca a alteridade, a identidade como figuras da vida social digna, obrigando os estudos sobre a comunidade retornarem a sua origem, para recuperar seu substrato tico-simblico, como categoria de integrao e autonomia.

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