2. a contracapa

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José Saramago

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Page 1: 2. a contracapa

José Saramago

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A CONTRACAPA

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"Era uma vez um Rei que fez a promessa de levantar um convento em Mafra. Era uma vez a gente que construiu esse convento. Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido. Era uma vez.“

in Memorial do Convento, Editorial Caminho

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A fórmula inicial «Era uma vez» conduz-nos para um mundo fictício, o das histórias de crianças. A repetição desta fórmula é intencional e convida-nos a entrar num mundo onde tudo é imaginário, exceto aquilo que se conhece ser verdadeiro: o convento que sabemos existir em Mafra e, o rei que viveu nessa época.

Era uma vez: ficção (maravilhoso, contos populares, fábulas,…)

Era uma vez: ficção (maravilhoso, contos populares, fábulas,…)

Contracapa: texto-síntese

Page 5: 2. a contracapa

Esta sinopse aponta para as duas dimensões que estruturam o

romance:•Uma dimensão literária, onde pontua o maravilhoso: ‘Era

uma vez’; neste universo mágico, evoluem personagens

fictícias que representam um povo explorado, oprimido sob o

jugo da tirania do poder.•Uma dimensão histórica, baseada em factos e personagens

verídicos: o rei D. João V, o Convento de Mafra, o aeróstato do

padre Bartolomeu de Gusmão, o músico Domenico Scarlatti.

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A partir desta informação da contracapa, podemos esquematizar as linhas de força da arquitetura do romance Memorial do Convento, considerando a estruturação das suas ações principais:

Pelo povo, a mando do rei

D. João V

Pelo padre Bartolomeu, ajudado por

Baltasar, Blimunda e

Scarlatti

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«Era uma vez um rei (…)»

O rei é D. João V (1689-1750), filho de D. Pedro II e da rainha Maria Sofia. Foi proclamado rei em 1 de janeiro de 1707 e casou no ano seguinte com D. Maria Ana de Áustria, de quem teve seis filhos. Teve um longo reinado, bastante controverso, pois há quem considere que tenha sido um bom governador e há quem considere que foi péssimo administrador das imensas riquezas que a descoberta e exploração das minas de ouro e de pedras preciosas do Brasil, trouxeram a Portugal.O rei fez promessa de construir um Convento em Mafra porque estava preocupado com a falta de descendentes. Apesar da existência de bastardos pretendia que a rainha lhe desse um filho varão para suceder ao trono. O convento irá construir-se após o nascimento da princesa Maria Bárbara.

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«Era uma vez a gente que construiu esse convento».

A gente que construiu esse convento é o povo, o povo anónimo que trabalha e sofre às ordens do rei, para cumprir a sua promessa e satisfazer a sua vaidade. Personagem coletiva muito importante, o povo é elogiado e enaltecido pelo narrador/autor que tenta tirá-lo do anonimato e o individualiza em várias personagens e também, simbolicamente, atribui-lhe um nome para cada letra do alfabeto (ex.: Cap. XIX).É dentre o povo que surgem personagens como Francisco Marques, Manuel Milho, José Pequeno e o par amoroso Baltasar e Blimunda. A parte da Epopeia da Pedra é importante para reconhecer o trabalho e o sofrimento do povo na construção do Convento (Cap. XIX).

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Era uma vez a gente que construiu esse convento.

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«Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes»

Baltasar Mateus, mutilado da guerra da Sucessão espanhola, donde foi expulso por ter perdido uma mão. É de Mafra e de regresso a Lisboa encontra Blimunda, numa procissão de um auto-de-fé, em pleno Rossio. A partir desse momento passam a viver juntos uma história de amor e de paixão. É um dos operários que constrói o Convento de Mafra e participa também na construção da Passarola.

Blimunda é filha de Sebastiana de Jesus que ia condenada ao degredo em Angola, na procissão do Auto de fé (uma das medidas de repressão utilizadas pelo Tribunal do Santo Ofício – Inquisição – consistia numa cerimónia em sessão pública onde eram lidas e executadas as sentenças a todos os que para a Igreja Católica praticavam heresias)em que eles se encontraram. Blimunda é vidente, tem a capacidade de, em jejum, olhar para dentro das pessoas e das coisas. Ajuda igualmente na construção da Passarola, recolhendo «vontades».

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«Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido»

O Padre Bartolomeu de Gusmão tinha o sonho de voar e, por isso, construiu a Passarola. Tem a proteção e a amizade de D. João V mas nem isso o livra da perseguição do Santo Ofício. O seu sonho é realizado com a ajuda de Baltasar e de Blimunda e do músico Scarlatti. Acaba por morrer louco, em Toledo, para onde havia fugido.

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Saramago escreve de forma a fazer refletir sobre uma organização

social, religiosa e política.

O romance desenvolve-se articulando três núcleos narrativos:

o projeto e construção do convento de Mafra, no espaço do

rei;

a história de amor entre um soldado “maneta”, mutilado da

guerra, e uma jovem com poderes “paranormais”, uma

vidente – ele Baltasar Sete-sóis, ela Blimunda Sete-luas;

a construção da passarola arquitetada por padre Bartolomeu,

descendente de portugueses morador do Brasil, e que, nesse

cenário, foi a Portugal com o objetivo de construir a “máquina

voadora”. Ele representa a face prospetiva naquela

sociedade, o mundo da ciência que busca projeção e é

tolhido.

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Disciplina: PortuguêsProf.ª: Helena Maria Coutinho