1ª aula 2º bimestre

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TEORIA GERAL DO PROCESSO 1ª AULA segundo bimestre: Professora Raquel Pianesso cont. JURISDIÇÃO Princípios da jurisdição: 1)Princípio da investidura – estabelece que a atividade jurisdicional deve ser exercida pela autoridade devidamente investida na função na forma da lei, ou seja o juiz de direito aprovado por meio concurso de provas e títulos – art. 93, I da CF. 2) Princípio da aderência ao território estabelece que a atividade jurisdicional será realizada pelo juiz devidamente investido por lei para atuação dentro de um limite territorial (se liga a idéia de que se a soberania nacional é exercida sobre todo território que é dividido em União, Estados, Municípios e DF a jurisdição manifestação desta soberania também o seria) – Assim a distribuição quanto ao âmbito territorial para o exercício da jurisdição foi dividida considerando se a atuação é estadual ou federal, se for a primeira o limite é dado por uma divisão territorial representada pelas comarcas, se for federal pelas chamadas seções judiciárias. Segundo, este principio, o juiz só exerce jurisdição dentro dos limites territoriais sujeitos por lei a sua autoridade – impõe limites a autoridade do juiz.

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Page 1: 1ª aula 2º bimestre

TEORIA GERAL DO PROCESSO

1ª AULA segundo bimestre:

Professora Raquel Pianesso

cont. JURISDIÇÃO

Princípios da jurisdição:

1)Princípio da investidura – estabelece que a atividade jurisdicional

deve ser exercida pela autoridade devidamente investida na função na

forma da lei, ou seja o juiz de direito aprovado por meio concurso de provas

e títulos – art. 93, I da CF.

2) Princípio da aderência ao território – estabelece que a atividade

jurisdicional será realizada pelo juiz devidamente investido por lei para atuação

dentro de um limite territorial (se liga a idéia de que se a soberania nacional é

exercida sobre todo território que é dividido em União, Estados, Municípios e

DF a jurisdição manifestação desta soberania também o seria) – Assim a

distribuição quanto ao âmbito territorial para o exercício da jurisdição foi

dividida considerando se a atuação é estadual ou federal, se for a primeira o

limite é dado por uma divisão territorial representada pelas comarcas, se for

federal pelas chamadas seções judiciárias. Segundo, este principio, o juiz só

exerce jurisdição dentro dos limites territoriais sujeitos por lei a sua autoridade

– impõe limites a autoridade do juiz.

3) Princípio Da indelegabilidade – a jurisdição decorre de uma

atuação delegada pelo estado ao seu representante investido por lei, qual seja

o JUIZ, não lhe sendo permitido, portanto, delegar esta atribuição a qualquer

outro órgão ou poder do estado.

4) Princípio Da indeclinabilidade ou inafastabilidade – por este

principio a atuação jurisdicional quando regularmente provocada determina o

surgimento de um poder-dever atribuído ao juiz que tem a obrigação de prestar

a tutela jurisdicional , não podendo se omitir de o fazer sequer sob a alegação

de inexistência de norma prevista para aplicabilidade in casu.

5) Princípio Da inevitabilidade – estabelece que a decisão do

conflito por meio da atuação jurisdicional impõe um estado de sujeição as

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partes que devem se submeter a mesma independentemente da vontade das

mesmas.

6) Princípio Da inércia – a jurisdição é inerte só age mediante

provocação.

7) Princípio Do juiz natural – juiz preexistente a lide, e investida na

forma da lei.

Espécies de jurisdição

Como dito anteriormente a jurisdição é uma, é uma unidade vez que

o estado só tem uma função jurisdicional, no entanto para melhor administrar a

jurisdição se faz necessário dividi-la simplesmente pela diversidade de

matérias sobre as quais se exerce a jurisdição mas nem por isso ela perde o

caráter de unidade vez que em todas essas situações a jurisdição preserva sua

finalidade que é única, ou seja, de tutelar os direitos no caso concreto, em

última instância, e de modo definitivo e irrevogável.

Classificação:

1 – JURISDIÇÃO COMUM E ESPECIAL: a jurisdição especial é

aquela que só conhece determinadas matérias expressamente indicadas na lei,

só opera em relação a certos interesses, tendo em vista sua natureza e a

qualidade de seus titulares. No Brasil, a jurisdição especial é atribuída às

justiças da União a saber – justiça do trabalho, justiça penal militar, justiça

eleitoral e justiça federal. Quanto a essa última, alguns doutrinadores entendem

ser de jurisdição comum, mas na verdade a justiça federal não deixa de ser

uma justiça especializada tendo em vista a qualidade dos titulares do interesse

em conflito.

Já a jurisdição comum é fundada no critério de exclusão, ou seja, o

que não for especializada será comum, pois, diz respeito à generalidade dos

interesses por tutelar, exceto aqueles atribuídos à jurisdição especial. No

Brasil, a jurisdição comum é exercida pela justiça estadual.

2 – JURISDIÇÃO PENAL E CIVIL: está classificação se dá pelo

critério da qualificação jurídica da matéria sobre que versa o conflito. A

jurisdição penal, cuida dos conflitos disciplinados pelo direito penal como base

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nas normas penais e processuais penais que se caracterizam por definirem os

fatos puníveis (crimes e contravenções) e lhes cominarem penas.

Já a jurisdição civil define-se por exclusão da jurisdição penal, ou

seja, tudo que não for penal será civil. Temos que fazer uma observação a

respeito da jurisdição civil, pois, essa em sentido amplo é constituída das

matérias de tributário, eleitoral, militar trabalhista.

3 – JURISDIÇÃO SUPERIOR E INFERIOR: essa classificação se

baseia na posição vertical dos órgãos judiciários na estrutura organizacional do

Poder Judiciário. Temos que entender o Poder Judiciário como se fosse uma

pirâmide em que a base dela estão os órgãos de 1º grau conhecida como

jurisdição inferior, justamente porque estão num plano inferior; no meio estão

os órgão de 2º grau, e no vértice estão os órgãos superiores que é o STJ e o

STF. Essa disposição teria que existir sob o fundamento simplesmente da

distribuição do trabalho o que constitui a chamada competência funcional

vertical, e não em grau de hierarquia como é conhecida.

4 – JURISDIÇÃO CONTENCIOSA E VOLUNTÁRIA: A jurisdição tem

por característica decorrer de um litígio, embora em alguns casos se verifique

que mesmo inexistindo qualquer conflito, se recorre a atividade jurisdicional em

razão dos interesses envolvidos os quais no caso extrapolam o interesse

privado das partes e passa a ser de toda coletividade.

Considerando tais aspectos pode se vislumbrar a existência de duas

formas de jurisdição a serem exercidas:

4.1 – jurisdição contenciosa: é a jurisdição propriamente dita, ou seja,

ela atingirá a finalidade suprema da jurisdição que é resolver um

conflito. Ela é caracterizada pela atividade do Estado através do juiz

que agirá de forma provocada e desinteressada, visando pacificar o

conflito existente entre as partes mediante a declaração da vontade

da lei para o caso em concreto a ele submetido, expresso por meio

da sentença que faz coisa julgada.

Verifica-se, portanto que através desta espécie de jurisdição

teremos presentes os seguintes elementos:

existência de conflito;

existência de partes defendendo interesses diferentes –

autor e réu;

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existência de processo (composto de deveres, direitos,

obrigações e poderes na relação processual);

existência de coisa julgada.

a) 4.2 – jurisdição voluntária: caracterizada pela atividade do Estado

através do juiz que agirá de forma provocada, porém não para

solucionar um conflito, visto que inexistente no caso, mas apenas

para a constituição de situações jurídicas novas em razão da

relevância da própria natureza da matéria envolvida e a ele

submetida.

È também chamada de jurisdição graciosa e administrativa, pois

em verdade não se verifica propriamente dita a atividade

jurisdicional, pois não se apresenta nesta espécie a característica

da substitutividade atribuída à jurisdição.

Nessa modalidade a atuação do juiz é meramente administrativa,

tanto que o juiz não declara o conteúdo da lei para o caso em

concreto, mas simplesmente verifica se houve a observância das

normas jurídicas na realização do ato jurídico que se leva para

homologação judicial.

A jurisdição voluntária pode se dar para a prática dos seguintes

atos: atos meramente receptícios – ex. publicação de testamento

particular; atos de natureza simplesmente certificante – ex.

legalização de livros comerciais, visto em balanços e atos que

constituem verdadeiros pronunciamentos judiciais – ex.

separação amigável, interdição, etc.

Verifica-se, portanto que através desta espécie de jurisdição

teremos presentes os seguintes elementos:

inexistência de conflito

existência de interessados

existência de procedimento (realização de uma série de

atos concatenados entre si)

inexistência de coisa julgada

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