resumo empresarial 2º bimestre

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Do administrador judicial e do comitê de credores (arts. 22) Art. 22 – O administrador judicial é um auxiliar do juiz na administração da massa falida, escolhido por esse próprio magistrado, que atua na falência e também na recuperação judicial, exercendo funções diferentes nesse ultimo caso, representando os interesses dos credores. O administrador judicial deverá ser preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas, contador ou pessoa jurídica especializada nesse tipo de função, são impostos alguns impedimentos para que se exerça a função de administrador em determinado processo falimentar, assim aquele que nos últimos 5 anos foi destituído das funções de administrador por não exercer tais funções de maneira satisfatória, e também aquele que tiver parentesco de até terceiro grau com o empresário individual ou com os representante da sociedade empresaria bem como vinculo de amizade ou inimizade com estes, estará impedido de ser administrador. Importante salientar que as funções do administrador são indelegáveis, podendo entretanto haver a contratação de profissionais que auxiliem no exercício dessas funções, tais profissionais serão contratados mediante autorização e estipulação de remuneração judiciais. Esse dispositivo impõe a esse administrador uma série de funções, mas não se trata de rol taxativo, podendo haver outras incumbências estipuladas pela lei, estas funções serão devidamente fiscalizadas pelo juiz e também pelo Comitê de credores, caso esse órgão exista, uma vez se tratar de órgão facultativo. A atuação do administrador judicial irá variar quando se tratar de falência ou recuperação da empresa. Na falência o administrador judicial pratica as diversas funções impostas pela lei no sentido de maximizar os recursos do falido no sentido de satisfazer os credores, portanto cabe a ele a cobrança de devedores do falido assim como a venda dos bens, sempre no sentido de que ingresse mais recursos na massa falida. O administrador para tanto não terá plena autonomia, tendo seus atos vinculados a autorização judicial, assim ele pode contratar profissionais que lhe auxiliem em suas funções, mas para isso necessitará de aval do juiz, da mesma forma poderá negociar créditos do falido contanto que leve ao conhecimento e aprovação do magistrado, que ouvirá o comitê de credores e o devedor, sem essa aprovação não pode o administrador transigir sobre direito ou obrigação da massa falida, ou desconto em dívida que se tenha com o credor, mesmo que seja considerada de difícil recebimento. Já na recuperação judicial as funções do administrador se mostram diferentes, isso porque enquanto na falência o administrador é o possuidor dos bens e age de forma ativa, na recuperação caso não haja afastamento dos administradores da empresa devedora das funções administrativas, ele terá uma

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Do administrador judicial e do comit de credores (arts. 22)Art. 22 O administrador judicial um auxiliar do juiz na administrao da massa falida, escolhido por esse prprio magistrado, que atua na falncia e tambm na recuperao judicial, exercendo funes diferentes nesse ultimo caso, representando os interesses dos credores.O administrador judicial dever ser preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas, contador ou pessoa jurdica especializada nesse tipo de funo, so impostos alguns impedimentos para que se exera a funo de administrador em determinado processo falimentar, assim aquele que nos ltimos 5 anos foi destitudo das funes de administrador por no exercer tais funes de maneira satisfatria, e tambm aquele que tiver parentesco de at terceiro grau com o empresrio individual ou com os representante da sociedade empresaria bem como vinculo de amizade ou inimizade com estes, estar impedido de ser administrador. Importante salientar que as funes do administrador so indelegveis, podendo entretanto haver a contratao de profissionais que auxiliem no exerccio dessas funes, tais profissionais sero contratados mediante autorizao e estipulao de remunerao judiciais.Esse dispositivo impe a esse administrador uma srie de funes, mas no se trata de rol taxativo, podendo haver outras incumbncias estipuladas pela lei, estas funes sero devidamente fiscalizadas pelo juiz e tambm pelo Comit de credores, caso esse rgo exista, uma vez se tratar de rgo facultativo.A atuao do administrador judicial ir variar quando se tratar de falncia ou recuperao da empresa. Na falncia o administrador judicial pratica as diversas funes impostas pela lei no sentido de maximizar os recursos do falido no sentido de satisfazer os credores, portanto cabe a ele a cobrana de devedores do falido assim como a venda dos bens, sempre no sentido de que ingresse mais recursos na massa falida. O administrador para tanto no ter plena autonomia, tendo seus atos vinculados a autorizao judicial, assim ele pode contratar profissionais que lhe auxiliem em suas funes, mas para isso necessitar de aval do juiz, da mesma forma poder negociar crditos do falido contanto que leve ao conhecimento e aprovao do magistrado, que ouvir o comit de credores e o devedor, sem essa aprovao no pode o administrador transigir sobre direito ou obrigao da massa falida, ou desconto em dvida que se tenha com o credor, mesmo que seja considerada de difcil recebimento.J na recuperao judicial as funes do administrador se mostram diferentes, isso porque enquanto na falncia o administrador o possuidor dos bens e age de forma ativa, na recuperao caso no haja afastamento dos administradores da empresa devedora das funes administrativas, ele ter uma funo passiva, tornando se apenas fiscal dessa administrao, responsvel pela verificao dos crditos e presidente da Assembleia de credores, e caso no haja comit de credores caber ao administrador tambm a competncia definida em lei para esse rgo, isso se no houver incompatibilidade. Do Pedido de restituio (arts. 85 ao 93) 9 artigosArt. 85 No momento em que decretada a falncia cabe ao administrador judicial a arrecadao do bens do falido, isto , o administrador dever integrar massa falida todos os bens que encontrar sob posse do falido, em sua sede e tambm nas filiais que houver, porm alguns bens podem no pertencer ao devedor falido, ele pode ser locatrio, depositrio ou comodatrio desses bens por exemplo, e nesse caso esses bens no podero ser vendidos como se do falido fossem para satisfazer os credores. A Lei de Falncias trouxe dois mecanismos para que o terceiro reavesse aquele seu bem integrado a massa falida, so eles a restituio e os embargos de terceiro. Assim ainda que o administrador tenha plena cincia que determinado bem no pertence ao falido e sim a um terceiro, no caber a ele fazer esse juzo, ele ir arrecadar o bem, por esse ser seu dever, e o terceiro quem dever por meio judicial comprovar ser dono daquele bem, utilizando um dos dois mecanismos citados. Caso seja julgado procedente o pedido do reclamante o bem anteriormente arrecadado ser desintegrado da massa falida e entregue a ele, que dever arcar com eventuais despesas que a massa teve na conservao do bem.J a restituio prevista no pargrafo nico desse dispositivo visa a proteo dos fornecedores de boa f, isso porque no possvel que terceiros tenham conhecimento da situao financeira da empresa at que efetivamente se decrete sua falncia, nesse caso poderia os representantes dessa empresa solicitarem mercadorias sabendo que no poderiam honrar aqueles compromissos, caso em que prejudicariam terceiros. Para evitar esse tipo de situao a lei determina que as mercadorias entregues na empresa falida nos 15 dias antes da decretao da falncia, sero restitudas ao fornecedor. Importante salientar que devem ser atendidos trs pressupostos para essa restituio, a entrega no prazo de 15 dias anteriores a decretao da falncia, a venda dessas mercadorias deve ter sido realizada a prazo e por fim as mercadorias no podem j terem sido alienadas pelo falido antes de falir, e nem mesmo pelo juzo falimentar ps falncia.Art. 86- O STF resolveu atravs da sumula 417 pela possibilidade da restituio de dinheiro quando da decretao da falncia. So duas as possibilidades dessa restituio ser feita atravs de dinheiro, a primeira quando o bem na posse do falido dinheiro, e a segunda quando a restituio de um bem em espcie impossvel porque o mesmo foi furtado, roubado ou por qualquer outro motivo se perdeu.Quando a restituio for em dinheiro devido a perda do bem, o valor pago ser aquele que foi conseguido alienando tal bem, ou o de sua avaliao, em ambos os casos tais valores sero devidamente atualizados. Esse dispositivo traz ainda em seus incisos II e III, duas outras situaes em que haver a restituio de dinheiro. No inciso II h uma tentativa da lei de falncias de mais uma vez auxiliar a economia nacional isso porque se trata da garantia que as instituies financeiras tem de que receberam seu crdito de modo mais rpido caso haja insolvncia do exportador a quem foi concedido adiantamento, essa garantia afasta que sejam colocadas taxas de juros muito altas nesse tipo de negocio com o intuito de evitar riscos, essas taxas menos elevadas impulsiona de certa forma a exportao. J o inciso III visa a proteo do contratante de boa f que tiver entregado algum valor ao devedor, quando for declarado ineficaz ou revogado o contrato que havia sido estipulado entre eles, conforme disciplinado pelo art. 136.Art. 87 O pedido de restituio ser feito mediante petio inicial que dever atender aquilo trazido pelo Codigo de Processo Civil, devendo conter a descrio do bem reclamado pelo autor, bem como os fundamentos que o fazem reclamar pela restituio. O pedido de restituio trata-se de incidente processual e por isso ser autuado em separado, juntamente com os documentos que instrurem tal pedido. Feita a autuao caber ao juiz intimar o falido, os credores, o comit e o administrador judicial para se manifestarem no prazo de 5 dias, a respeito de tal pedido, isso porque so esses interessados na no desistegrao de bens da massa falida, uma vez que isso implica na reduo dos recursos a serem utilizados no processo falimentar para quitao de crditos, a possvel manifestao contraria a restituio recebida a titulo de contestao.Quando as contestaes forem apresentadas e as provas trazidas forem deferidas, poder o juiz designar audincia de instruo em julgamento caso ache necessrio, ou se assim no entender, os autos vo conclusos para que ele sentencie.Art. 88 Caso a sentena dada pelo juiz seja no sentindo de reconhecer como procedente o pedido de restituio pleiteado, ela determinar tambm que o bem seja entregue no prazo de 48 horas. Se se tratar de restituio em dinheiro, segundo Sergio Campinho, a restituio ocorrer assim que for quitado os crdito trabalhistas referente aos ltimos 3 salrios vencidos antes da decretao da falncia, no limite de 5 salrios mnimos, conforme art. 151.Quando houverem contestaes ao pedido de restituio julgado procedente o sucumbente arcar com as custas e despesas processuais, mas caso no haja contestaes no caber a massa o pagamento de custas nem tampouco honorrios advocatcios, correndo por conta do requerente da restituio.Art. 89 H tambm a possibilidade de o juiz no reconhecer atravs da sentena o direito do requerente restituio, mas sim o direito do mesmo a crdito junto ao falido, oportunidade em que ir incluir aquele crdito ao quadro geral de credores, conforme a classificao que lhe caiba, atendendo o descrito no art. 83 desta mesma lei.Art. 90 Contra a deciso do juiz referente a procedncia ou no do pedido de restituio caber apelao, que no ter efeito suspensivo.O legislador traz a possibilidade para que o requerente do direito de restituio receba seu bem ainda que a sentena no tenha transitado em julgado, colocando como condio que ele preste cauo, com o escopo de garantia ao interesse de quem venha a interpor recurso, e eventualmente seja bem sucedido no recurso interposto.Art. 91 Quando o administrador arrecada os bens do falido, seu claro propsito vende-los o mais rpido possvel e assim satisfazer os crditos dos grandes interessados no processo falimentar. Acontece que caber ao mesmo administrador judicial a paralisao de qualquer providencia que esteja sendo tomanda no sentido de alienar o bem, assim que esse for objeto de um pedido de restituio, isso porque o bem se torna indisponvel at o transito em julgado da sentena que determina a procedncia ou improcedncia do pedido de restituio.Na possibilidade em que a restituio deferida pelo juiz for em dinheiro, e houver mais de um requerente solicitando restituies desse tipo, dever haver rateio proporcional de valores entre eles caso no haja em caixa dinheiro suficiente para as restituies.Art. 92 A coisa reclamada pelo titular do direito de restituio, quando for devolvida a este, ter ficado algum tempo sob os cuidados da massa falida que ter arcado durante esse perodo com todas as despesas referente a conservao dessa coisa, caber a quem ser restitudo o pagamento dessas despesas.Art. 93 Alm do pedido de restituio, os terceiros prejudicados pela arrecadao de bens a massa falida, podem recorrer aos embargos de terceiros para terem de volta o bem. Fabio Ulhoa pontua o momento em que ser utilizado cada um desses mecanismos: Quando a constrio judicial representada pela arrecadao lesa o domnio de coisa de terceiro encontrada na posse do falido, o remdio processual adequado o pedido de restituio do caput do art. 85. Quando, porm, a posse turbada ou usurpada pela arrecadao, o meio adequado para sua defesa contra o ato judicial so os embargos de terceiro. Assim caber embargos de terceiros quando os pressupostos do pedido de restituio no forem cumpridos, os procedimentos adotados nos embargos seguiram aquilo disposto na legislao civil.Os pressupostos dos embargos so a arrecadao ou sequestro de determinado bem, defesa da posse ou direito sobre o bem e a turbao ou esbulho. Enquanto no pedido de restituio os pressupostos so a arrecadao ou poder do falido sob o bem e haver um direito real sob o bem. Da ineficcia e da revogao de atos praticados antes da falncia (arts. 129 a 138) 10 artigosArt. 129 - de conhecimento que os atos praticados aps a decretao de falncia sero nulos de pleno direito, porm o legislador foi mais alm visando proteger os interesses dos credores e de terceiros, isso porque a falncia no uma circunstancia que se apresenta de uma hora para outra para os scios de uma sociedade ou para o empresrio individual, existem uma srie de indcios de que a situao econmica da empresa vai mal, e diante desse cenrio que atos que no condizem com o interesse dos credores podem ser praticados, com o intuito muitas vezes de fraude ou mesmo de sair daquela crise econmica, nesses casos esses atos sero declarados ineficazes ou revogados.A doutrina majoritria afirma no haver diferena entre as expresses ineficaz, utilizada nesse artigo e revogvel utilizada no artigo abaixo, para definir o que pode ser feito quanto os atos trazidos por esses artigos. Assim tanto o ato ineficaz por estar descrito nesse dispositivo, quando o revogado disciplinado no art. 130 tero a mesma caracterstica quando diz respeito a sua eficcia, ou seja, tero validade plena perante outros sujeitos de direito, mas sero ineficazes perante a massa falida, uma vez que como ser observado a prejudicaro.Os atos trazidos por esse artigo sero ineficazes perante a massa falida independente de inteno de fraude, no exigida a m f dos envolvidos no ato, a sua simples pratica dentro do prazo trazido pela lei, j pressuposto para a declarao de ineficcia, Fabio Ulhoa diz tratar-se de ineficcia objetiva, uma vez que no exige o elemento subjetivo.So atos ineficazes em relao a massa falida:I) O pagamento de dividas no vencidas dentro do termo legal: O termo legal da falncia aquele determinado pelo juiz na sentena que decreta a falncia, e pode ser considerado aquele lapso temporal em que os atos praticados pelo falido esto sob suspeita, esse termo respeitar o disposto no art.99, II, desta lei. Esse inciso trata da ineficcia do pagamento de dvida no vencida realizado dentro desse perodo de tempo, isso porque os empresrios j tero plena cincia da condio financeira que se encontra a empresa, no teria outro propsito se no o de beneficiar determinado credor, realizar o pagamento de uma dvida ainda por vencer. Nesse caso o pagamento ineficaz e o credor beneficiado se juntar aos demais credores no quadro geral para realizar seu crdito, prevalecendo assim a par conditio creditorium.II) O pagamento de dvidas vencidas dentro do termo legal, por modo diferente daquele que foi acordado no contrato: Quando se fala em dvida vencida, o que se espera que essa seja efetivamente paga, porm esse pagamento ser ineficaz perante a massa, se realizado por outro meio que no aquele acordado anteriormente no contrato, assim caso tenha sido celebrado contrato em que o devedor pegaria em dinheiro, ineficaz ser o pagamento dentro do termo legal, realizado com a entrega de mercadorias, isso porque durante esse perodo o devedor j estar sob a presso dos credores para adimplir as dvidas de qualquer maneira, e esse ato prejudicaria os demais credores.III) Constituio de garantia real: Como j foi dito quando foi falado sobre as diversas classes de credores, aqueles que tem o seu credito gravado com uma garantia real, estar na segunda classe de crditos, e muito provavelmente ter seu credito satisfeito rapidamente. Essa garantia tem que ter sido aceita concomitantemente a obrigao, se for feita posteriormente pode ser considerada um ato de falncia. Ora, se o devedor depois de um tempo, aceita que um bem seja gravado, mesmo que isso no tenha sido feito antes, est subentendido que pode estar prevendo um estado de insolvncia e por isso est beneficiando um credor, o que totalmente contrario a um dos princpios da Lei de falncias, a par conditio creditorium. Alm de ser um ato considerado de falncia, conforme art. 94,III, e, esse ato ser ineficaz perante a massa falida, e o credor ingressar no quadro geral de credores na classe que lhe couber, sem a garantia dada posteriormente.IV) Atos a titulo gratuito: Nesse caso especifico o legislador foi mais precavido na inteno de proteger os credores, isso porque estendeu o prazo em que os atos sero ineficazes, estabelecendo que atos a titulo gratuito realizados pelo devedor nos ltimos 2 anos antes da decretao da falncia sero ineficazes. Atos a titulo gratuito so aqueles em que no h contraprestao por parte de um dos contratantes, assim ser ineficaz perante a massa,por exemplo, doao realizada pelo devedor no prazo estipulado por esse inciso. Esse dispositivo se baseia na ideia de que atos de liberalidade no se encaixam com a realidade do devedor que visando o lucro, sabe que sua empresa no vai to bem economicamente.V) Renuncia herana ou legado: Segundo Fabio Ulhoa, a lei traz esse ato no rol dos ineficazes com o intuito de atingir o empresrio individual, isso porque como se sabe o patrimnio da pessoa fsica se confunde com o patrimnio da atividade exercida por ele, e essa integralidade de patrimnios ser atingida para a satisfao dos credores, logo se o empresrio renuncia herana ou legado, est diretamente reduzindo o patrimnio que seria utilizado para pagar os credores. O prazo estipulado para que se considere esse ato ineficaz perante a massa falida de 2 anos antes da decretao da falncia.VI) Venda ou transferncia do estabelecimento: Como foi aprendido em Direito Empresarial I, o contrato de trespasse, que consiste na alienao do estabelecimento comercial, s ser eficaz se contar com a concordncia dos credores, isso se com a venda daquele estabelecimento, o empresrio ficar sem ativos para quitar suas dividas. O devedor pode em algumas oportunidades, alienar seu estabelecimento para um terceiro, ou at mesmo um credor, sem a concordncia dos demais credores, isso um ato de falncia. Alm de ser um ato considerado de falncia, conforme art. 94,III, c, esse ato ser ineficaz perante a massa falida, salvo se os credores devidamente notificados tiverem se mantido inertes.VII) Registros e averbao aps a decretao da falncia: Onde tenha sido lavrada escritura ou instrumento particular, mas no tenha sido realizado o registro publico ou instrumento de mesmo efeito, que so exigidos para a onerao ou alienao do bem, antes da decretao da falncia, se isso for realizado aps a falncia ser ineficaz, a menos que tenha havido prenotao anterior.A lei no exige grande formalidade quando se trata do reconhecimento da ineficcia objetiva dos atos praticados pelo devedor, isso porque permite que essa ineficcia seja inclusive reconhecida de oficio pelo juiz, se ele visualizar essas situaes, poder reconhecer por meio de despacho no sendo necessria uma sentena nesse sentido, nada obsta, porm que o administrador judicial, o MP ou qualquer outro credor apresente petio com o intuito de conseguir que certos atos sejam considerados ineficazes perante a massa falida.Art. 130 Esse artigo trata dos atos revogveis, que como dito anteriormente so nomeados por Ulhoa como sendo os atos de ineficcia subjetiva, uma vez que no h um rol taxativo de atos, o legislador optou por uma descrio genrica que abrange todos os atos praticados com o intuito de prejudicar credores, onde dever ser provada a inteno fraudulenta por trs do ato praticado pelo devedor em acordo com o terceiro, e dever haver o efetivo prejuzo para os credores.Nesse dispositivo, diferente do comentado acima, irrelevante o perodo em que o ato foi praticado, se houve o dolo e o prejuzo exigidos o ato ser revogvel, e por isso ineficaz perante a massa falida. Importante salientar que essa revogao somente ser decretada por sentena terminativa em uma ao revocatria, no cabendo aqui a decretao de oficio atravs de despacho, isso porque os atos fraudulentos demandam a produo de provas bem como a chance de que o devedor se defenda da acusao, caso no houvesse um processo judicial nesse sentido, implicaria em violao do principio do devido processo legal.Art.131 Os atos trazidos pelo art.129, incisos I a III e IV, no sero considerados ineficazes perante a massa falida se forem praticados dentro do contexto de uma recuperao judicial ou extrajudicial homologada em juzo. Isso trazido pela lei porque o plano de recuperao ser analisado e aprovado pelo juiz e pela assembleia de credores, logo os credores que seriam os prejudicados pelos atos, no s esto cientes dessa pratica como concordam que ela necessria para a efetiva recuperao do devedor, no se podendo se falar em prejuzo, no cabe a lei tornar tais atos ineficazes.Art.132 A ao que deve ser proposta com o intuito de revogar os atos que trata o art.130 a revocatria, que uma ao especifica do processo falimentar. A justificativa para que haja uma ao especifica para a revogao dos atos fraudulentos praticados pelo devedor a complexidade, uma vez que devero ser produzidas provas da m fe do devedor em conluio com terceiro e tambm prejuzo aos credores.Os legitimados para propor a ao revocatria so o administrador judicial, o MP ou qualquer credor, essa ao deve ser proposta no prazo decadencial de 3 anos, e caso no seja proposta pelo administrador no caber responsabiliza-lo por perder esse prazo, isso porque a lei deu abertura para que outros interessados propusessem a ao, quando aquele se mostrasse inerte. Art. 133 A legitimao passiva da ao revocatria abrange todos aqueles envolvidos no ato, que por ele foram beneficiados, garantidos ou os adquirentes que sabiam quando da pratica do ato a inteno do devedor de prejudicar os credores e tambm os herdeiros e legatrios dos citados anteriormente.Art.134 O juzo da falncia universal, isto , o processo falimentar estar sujeito a uma serie de atos processuais e todos esses atos devero ser encaminhados para o juzo competente da falncia, uma vez que caso isso no acontecesse poderia acontecer repetio de procedimentos, alm do que poderia acarretar diferenciao no tratamento de credores. Logo a ao revocatria tambm atrada para esse juzo, e ser processada no juzo da falncia, obedecendo ao rito trazido pelo Codigo de Processo Civil.Art.135 Caso a sentena julgar a ao revocatria como procedente, devero os bens objeto das fraudes, integrarem o patrimnio da massa falida, essa integrao ser em espcie e abranger tambm os acessrios, se o bem por algum motivo tiver se perdido, haver a integrao de seu valor econmico acrescido das perdas e danos.Caber apelao da sentena que pe fim ao revocatria.Art. 136 Com o reconhecimento da ineficcia ou a revogao do ato, as partes envolvidas voltaro ao estado que estavam antes da pratica do ato, isso evidentemente pode vim a prejudicar algum terceiro que esteja de boa f, a lei para defender esse terceiro, determina que a ele sero restitudos todos os bens e tambm valores que tiver entregue ao devedor. Alm disso o legislador d a esse terceiro de boa f a possibilidade de a qualquer tempo propor ao de perdas e danos com fim de ter o prejuzo arcado por meio de indenizao.O ato de cesso em prejuzo dos direitos dos portadores de valores imobilirios emitidos pelo securitizador no ser atingido pela revogao ou ineficcia, nos casos de securitizao de crditos do devedor.Art. 137 Sequestro medida cautelar que tem por finalidade a constrio de determinados bens sobre os quais recai o pretenso direito do requerente, de modo a evitar riscos de dano. O autor da ao revocatria pode visando evitar prejuzos para a massa falida, solicitar que o juiz determine o sequestro daqueles bens que foram desintegrados da massa de forma fraudulenta e se encontram sob o poder de terceiros.Art. 138 Ainda que pautado em uma deciso judicial o ato pode ser revogado ou declarado ineficaz, oportunidade em que a sentena que o motivou ficar rescindida, dever ser observado, porm, o disposto no art. 131 que trata da eficcia de atos praticados perante um plano de recuperao deferido judicialmente. Do pagamento aos credores (arts. 149 a 153) 5 artigosArt. 149 Depois que todos os bens e valores pertencentes ao falido forem integrados a massa falida, e efetiva venda dos bens arrecadados, haver dinheiro em caixa e nesse momento que o administrador judicial dever proceder com o principal objetivo do processo falimentar, satisfao dos credores. Acontece que a lei em seus artigos anteriores determina uma srie de classes de credito, alm dos crditos chamados extraconcursais, e tambm as despesas da prpria massa, todas essas particularidades devem ser analisadas pelo administrador no momento que ele se ver com o dinheiro para comear os pagamentos, trata-se, portanto de uma tarefa por vezes complexa em que caso o administrador tenha duvidas dever recorrer ao juiz, que determinar baseado nas mincias trazidas pela lei, o que deve ser feito.Fabio Ulhoa pontua muito bem a sequencia que deve ser seguida pelo administrador judicial, quando da realizao do pagamento: o administrador judicial deve pagar, em primeiro lugar, os credores da massa falida; em segundo, os titulares de direito restituio em dinheiro; em terceiro, os credores da falida; por ltimo, restando recursos, os scios.Nos casos de aes trabalhistas que estejam correndo em juzo prprio, bem como as aes de credito ilquido que tambm estar correndo em juzo prprio, poder ser feita reserva de valor na falncia, atravs de valor estimado de credito, reserva esta que ser feita ao juiz da falncia. Nesse caso caber ao administrador judicial tomar providencias no sentido de deixar a quantia reservada depositada aguardando a deciso referente ao crdito, no realizando qualquer pagamento que possa comprometer esse valor reservado, se a deciso for no sentido de reconhecer o crdito, o valor reservado levantado pelo credor, caso contrario, o administrador proceder o rateio daquele valor para os demais credores, observando sempre a ordem determinada pela lei.O pagamento ser realizado por mandado judicial ou cheque, a escolha do juiz, que determinar tambm o prazo para que o credor beneficiado levante o valor que lhe devido, caso o credor no cumpra esse prazo, dever ser intimado a no prazo de 60 dias realizar o levantamento, no obedecendo a essa intimao, o valor volta para a massa falida, para que seja feito rateio entre os credores que ainda aguardam a satisfao de seu crdito.Art. 150 Alm da ordem de pagamento trazida acima, a lei determina tambm algumas antecipaes, isto , determina que o administrador utilize o dinheiro que estiver em caixa para quitar o que vem expressamente no dispositivo, o pagamento das despesas que sejam indispensveis a administrao da falncia e tambm caso o juiz determine aqueles pagamentos necessrio a continuao provisria das atividades do falido (art. 99, XI).Art.151 No mesmo sentido do artigo anterior, o legislador determina a antecipao dos crditos salariais, no caso sero pagos os ltimos 3 meses de salrios, com limite de 5 salrios mnimos por empregado. Essa antecipao visa proteger a dignidade do trabalhador, para quem o salrio representa sua subsistncia e a da sua famlia.Importante destacar que as antecipaes trazidas nesses 2 artigos no podero atrapalhar a satisfao dos demais credores, assim as antecipaes sero feitas quando o administrador judicial, perceber que elas no traro prejuzo aos demais pagamentos que precisam ser realizados, observando os crditos extraconcursais e tambm as classes de credores.Art. 152 Os crditos so todos analisados, contestados e impugnados como determina a lei, mas pode acontecer de credores agirem de m f ou/e dolo para se beneficiarem com o pagamento, constituindo crditos ou garantias de maneira errada, nesses casos devero restituir massa falida, o valor que foi beneficiado em dobro acrescido ainda de juros legais.Art.153 Esse artigo traz uma hiptese muito rara, em que todos os credores so pagos, inclusive no que se refere aos juros de seu crdito, e ainda assim sobram recursos da massa. Nesse caso o administrador judicial entregar esses valores ao falido, que se for empresrio individual o receber, podendo inclusive retornar a pratica de atividade empresarial se no tiver sido no processo falimentar condenado por crime falimentar, e se se tratar de sociedade empresaria o valor restante ser dividido entre os scios de maneira proporcional participao de cada um no capital social, e a sociedade esta dissolvida, por falncia ser uma das formas de dissoluo trazidas pelo Codigo Civil. Do encerramento da falncia e da extino das obrigaes do falido (arts. 154 a 160) 7 artigosArt. 154 - Com a venda dos bens do falido, e a distribuio do ativo arrecadado entre os credores, dever o administrador judicial prestar contas do que realizou durante o processo falimentar. Ele prestar essas contas ao juiz no prazo de 30 dias, devendo apresentar documentos que comprovem como o ativo foi utilizado para a satisfao do passivo, esses documentos e as contas apresentadas sero apensados ao processo de falncia, uma vez que sero autuados em separado.O juiz quem disponibilizar as contas prestadas pelo administrador judicial para que os interessados possam analisa-las e se acharem cabvel impugna-las no prazo de 10 dias. Posteriormente a realizao de necessrias diligencias para comprovar fatos, o juiz intimar o MP, que tambm se manifestar sobre as contas prestadas, no prazo de 5 dias, aps, o administrador judicial ser chamado a se manifestar a respeito de possveis impugnaes ou mesmo um possvel parecer contrario as contas prestado pelo MP. Com todo esse procedimento concludo cabe ao juiz julgar as contas apresentadas, dando sentena nesse sentido. Caso as contas sejam rejeitadas o administrador judicial poder ter a indisponibilidade ou sequestro de seus bens determinados pelo magistrado, servindo a sentena inclusive como titulo executivo para que ele tenha que indenizar a massa. O administrador poder apelar da sentena.Art. 155 Depois do procedimento adotado quanto as contas do administrador, esse ter ainda que apresentar um relatrio final, que dever conter o valor do ativo e o produto de sua realizao, o valor do passivo e o dos pagamentos feitos aos credores. Esse relatrio ter que conter tambm a especificao das responsabilidades que ainda tem o falido, uma vez que muito comum o ativo da massa no conseguir quitar os crditos de maneira integral ou pelo menos parcial conforme a lei exige para ter a extino de obrigaes do falido (pagamento de 50% dos crditos quirografrios).Art. 156 Aps a apresentao do relatrio final, o juiz dar, atravs de sentena, por encerrado o processo falimentar, importante frisar que isso no extingue imediatamente as obrigaes do falido, mas sim o processo falimentar, isso porque o processo no se faz mais necessrio, no h qualquer outro procedimento para ser tomado no sentido da execuo coletiva. Porm cabvel apelao da sentena que determinar esse encerramento, justamente por haver a possibilidade de um credor no concordar que todos os procedimentos devidos foram tomados pelo administrador judicial ou mesmo pelo juiz.Seguindo a principio da publicidade, a sentena que decreta o encerramento da falncia ser publicada por edital.Art. 157 O art. 6 dessa mesma lei determina que os prazos prescricionais de aes e execues, com as devidas excees trazidas pela lei, em face do falido sero suspensos a partir da decretao da falncia. O momento para que o prazo prescricional dessas aes e execues voltem a correr justamente o de encerramento do processo falimentar, mais precisamente o momento em que se tem o transito e julgado da sentena que determina esse encerramento.Art. 158 Esse dispositivo elenca as situaes que acarretaram a extino das obrigaes do falido. Trata-se de tema importante uma vez que o falido pode ficar afastado do exerccio de atividade empresarial durante o processo de falncia, ou enquanto durarem suas obrigaes, a inteno do legislador ento no punir de maneira perpetua aquele que por vezes no responsvel pelo insucesso do negocio. Esse reabilitao do falido far mais sentido se pensarmos na pessoa fsica, ou seja, no empresrio individual, que depender da reabilitao para retornar a pratica de atividade empresaria, j para a sociedade empresaria a reabilitao seria pertinente somente se seu representante legal for condenado por crime falimentar, uma vez que conforme j foi comentado a falncia pe fim a sociedade.Extinguem as obrigaes do falido:I) O modo usual de se ter a extino de obrigaes o efetivo adimplemento dessas obrigaes. Assim o falido estar isento de obrigao, se tiver efetivamente quitado todos os crditos, est realidade um pouco difcil na falncia, j que o ativo muitas vezes no capaz de satisfazer o passivo.II) Como dito o pagamento integral das obrigaes do falido, ou seja, a satisfao integral dos credores muito difcil de acontecer em um processo falimentar, por isso o legislador relativizou um pouco a condio de pagamento para que o falido tivesse a extino de suas obrigaes. Assim se o ativo for capaz de satisfazer mais de 50% dos crditos quirografrios, as obrigaes do falido sero dadas por extintas. Importante observar que os crditos extraconcursais e as restituies, bem como os crditos com algum tipo de preferncia j foram quitados, basta que se quite tambm mais de 50% dos quirografrios, sendo ignoradas as classes abaixo dessa. Alm de permitir o pagamento parcial de alguns crditos, o legislador da ao falido tambm a possibilidade de, caso o ativo no for suficiente para atender a essa opo de pagamento, depositar a quantia necessria para que atinja o percentual exigido.III) Outra forma das obrigaes do falido serem extintas o decurso do tempo, assim passados 5 anos do encerramento da falncia, mesmo que no tenha sido cumprido os incisos anteriores, h a prescrio das dvidas e a extino das obrigaes do falido, com a exceo trazida no inciso abaixo.IV) Para que o falido tenha suas obrigaes extintas pelo decurso do tempo, ser necessrio que se passe 5 anos do encerramento da falncia, porm se o mesmo foi condenado por qualquer um dos crimes trazidos por essa lei, os chamados crimes falimentares, esse prazo ser aumentado para 10 anos.Art.159 Para que tenha realmente suas obrigaes extintas caber ao falido solicitar ao juiz falimentar que assim as determine por sentena, obviamente quando se encaixar em uma das hipteses de extino trazidas e comentadas acima. O juiz ao receber o requerimento que dever ser instrudo com os devidos documentos e sero autuados em separado, determinar a publicao dos mesmos com o intuito de dar publicidade aos credores, que tero o prazo de 30 dias da publicao para se opor ao pedido feito pelo falido.Sergio Campinho pontua que caso haja oposio a solicitao do falido dever ser dado a ele a chance de se manifestar a respeito, visando a proteo da ampla defesa e do contraditrio, posteriormente o juiz ter 5 dias para decidir por sentena sobre a extino solicitada, h tambm a possibilidade desse requerimento ser realizado antes do encerramento da falncia, oportunidade que a sentena de encerramento pode abranger tambm a deciso referente a extino das obrigaes.Todas as pessoas e entidades que tiverem sido comunicadas da decretao da falncia devero ser tambm informadas sobre a extino das obrigaes do falido.Aps o transito e julgado da sentena que declarar extinta as obrigaes do falido, os autos do requerimento, sero apensados aos autos do processo falimentar. Lembrando que da sentena caber apelao.Importante pontuar que a extino das obrigaes pelos motivos listados acima so suficientes para que o falido volte a atividade empresarial, porm caso tenha sido condenado penalmente ou se estiver sendo processado nessa seara, dever se reabilitar alm de civilmente tambm penalmente para que volte a exercer atividades no campo empresarial.Art. 160 O scio de responsabilidade ilimitada como trazido pelo art. 81 desta lei, sofrer com os efeitos da falncia, e por isso o legislador d a ele as mesmas condies de solicitar sua reabilitao perante o juzo falimentar, obedecendo ao que foi comentado acima.

RECUPERAO JUDICIALDisposies Gerais:A Lei 11.101/05 inovou ao trazer dentre os seus princpios basilares, o principio da preservao da empresa, empresa essa que deve ter meios de se recuperar, que seja vivel o seu restabelecimento, atendendo uma srie de requisitos tambm trazidos na lei. O objetivo de implantar institutos para recuperar as empresas que passam por situao econmica difcil est ligado ao fato de o legislador entender que pela funo social da empresa, que alm de gerar lucros a seus scios, ou ao empresrio individual, tambm responsvel pela maior parte dos postos de empregos do nosso pas, bem como pelo fornecimento de bens e servios indispensveis comunidade. Diante disso que o Estado cria mecanismos (recuperao judicial ou extrajudicial que venha a ser homologada) para intervir por meio do Poder Judicirio na relao credores/ devedor, j que o que acontece dentro dessa relao particular atinge a coletividade.A recuperao judicial um processo, e como todo processo tem um objetivo a ser alcanado, diferentemente da falncia, o intuito principal da recuperao no a satisfao dos credores, ainda que isso esteja entre os propsitos, aqui o que mais importa o reestabelecimento da empresa que por algum motivo no consegue se manter de forma estvel no mercado, mas atende a requisitos que demonstram a viabilidade de sua recuperao.Os requisitos para que seja requerida a recuperao judicial esto dispostos no art. 48, da lei e so: dever o devedor exercer a mais de 2 anos regularmente sua atividade empresarial, esse requisito visa recuperar aquelas empresas que j esto maduras no mercado; no ser falido e se j tiver sido que suas obrigaes j tenha sido extintas por sentena transitada em julgado; no ter a menos de 5 anos obtido a concesso de recuperao judicial, aqui tenta o legislador evitar que o processo de recuperao vire algo costumeiro para as empresas, uma vez se tratar de meio extraordinrio, a regra a empresa consegui se manter de maneira satisfatria no mercado sem necessitar da interveno estatal; no ter obtido concesso de recuperao judicial h menos de 8 anos nos casos do plano de recuperao estipulado para micro e pequenas empresas; e por fim que no tenha em seu quadro de administradores ou de scios pessoa condenada por crime falimentar.Em regra todos os creditos existentes no momento do requerimento da recuperao esto sujeitos a ela, mesmo aqueles ainda por vencer, e os credores mantero seus direitos contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso, assim como sero mantidas as condies originarias dos crditos anteriores a recuperao. O art. 49 traz algumas excees ao que foi dito anteriormente, excluindo alguns credores na incidncia da recuperao, o caso dos titulares de crditos que se constiturem aps o ingresso do pedido de recuperao, isso porque seria complicado o empresrio conseguir crdito para tentar reerguer sua empresa se esse crdito fosse sujeito as condies da recuperao; o fiducirio, o arrendador mercantil ou o negociante de imvel se houver sido estipulada clausula de irrevogabilidade e irretratabilidade no contrato; os bancos credores por adiantamento aos exportadores; tambm so excludos os crditos tributrios, tendo o devedor que inclusive apresentar certido negativa comprovando que est solvente com o fisco, h possibilidade tambm da apresentao de certido comprovando a parcelamento do debito. Os credores excludos pelo artigo no sofrem nenhum efeito da recuperao judicial, podendo exercer seus direitos quanto a esses crditos.Meios de recuperao judicial:O art. 50 traz uma srie de medidas que podem ser tomadas dentro de uma recuperao judicial, trata-se de rol exemplificativo, uma vez que o caput do dispositivo abre espao para que outras medidas possam ser tomadas, sempre observando a legislao pertinente. Assim devero o empresrio individual ou os scios da sociedade empresaria se reunirem com contadores e/ou advogados e analisarem quais so as medidas que podem ser efetivas no intuito de reerguer a empresa, analisando no s os exemplos trazidos pela lei, mas qualquer outra medida que se mostre pertinente a realidade econmica em que se encontra a empresa.Mesmo dando certa liberdade para que os empresrios definam as medidas a serem tomadas, algumas so vedadas por lei, como o caso do disposto no art. 54, que diz respeito a impossibilidade de o plano de recuperao determinar o pagamento de crditos derivados da legislao do trabalho ou de acidentes de trabalho vencidos at o requerimento de recuperao, em um prazo superior a 1 ano, da mesma forma impossvel que seja estabelecido o pagamento dos crditos decorrentes dos ltimos 3 meses trabalhados anteriores ao pedido de recuperao, no limite de cinco salrios mnimos por trabalhador, em um prazo superior a 30 dias.Procedimento da recuperao:A legitimidade ativa para fazer o pedido de recuperao em principio do devedor, estendendo essa legitimidade ao cnjuge, herdeiros, inventariante ou scio remanescente em caso de falecimento daquele. O legitimado para realizar o pedido de recuperao dever faz-lo atravs de petio inicial que dever conter de maneira completa um relato das causas que levaram o devedor quela situao econmica, bem como a verdadeira situao patrimonial que se encontra a empresa. Alm disso essa petio dever ser instruda com todos os documentos exigidos no art. 51, trata-se de documentao robusta que visa identificar todo o cenrio econmico do requerente da recuperao, poder acontecer de o devedor no conseguir reunir toda a documentao at o momento de ingressar com a petio, nesse caso o juiz pode deferir um prazo razovel para que a inicial seja emendada com o restante da documentao, se isso no for feito o processo extinto sem resoluo do mrito.Caso a documentao exigida seja apresentada de maneira correta, o juiz deferir o processamento da recuperao e proceder a nomeao do administrador judicial, bem como outras providencias, tais como ordenar a suspenso das aes e execues em tramite em desfavor do devedor, conforme art. 6 (inclusive as excees l disciplinadas), intimar ou MP e comunicar as fazendas Publicas das localidades em que o devedor tiver estabelecimento. Nesse mesmo ato caber ao magistrado ordenar a publicao de edital com o intuito de dar publicidade ao pedido deferido, tal edital dever conter um resumo do pedido, a relao dos credores, assim como a discriminao dos crditos. Aos credores facultado requerer assembleia geral de credores a qualquer tempo para que seja constitudo o comit geral de credores, e eles sero advertidos pelo edital sobre os prazos para que habilitem seus crditos, conforme art. 7 desta mesma lei.O devedor dever apresentar seu plano de recuperao judicial, no prazo de 30 dias aps a publicao do deferimento da recuperao, caso no proceda essa apresentao, haver a convolao da recuperao em falncia. O plano deve conter a especificao das medidas de recuperao que pretende o devedor adotar, a demonstrao econmica de que tem viabilidade para isso e laudos que comprovem as informaes prestadas, obviamente assinados por profissional ou empresa habilitada. O juiz publicar edital para que os credores tomem conhecimento do plano apresentado, e no prazo de 30 dias poder qualquer credor se opor ao mesmo, situao que far com que o juiz convoque assembleia de credores com o fim de discutir o plano, onde poder haver alteraes desde que haja concordncia do devedor. Se a assembleia geral rejeitar o plano de recuperao, caber ao juiz decretar a falncia do devedor.O juiz conceder a recuperao judicial quando no houver objees ao plano apresentado pelo devedor, ou o mesmo tenha sido aprovado pela assembleia, bem como quando ainda que no aprovado tenha recebido apoio considervel por parte dos credores, conforme disposto nos incisos do art.58. Dessa deciso do magistrado em conceder a recuperao caber agravo, a ser interposto pelo MP ou por qualquer credor, mas tal agravo no ter efeito suspensivo.Efeitos da concesso da recuperaoOs efeitos da recuperao abranger todos os credores, at mesmo os de creditos no vencidos, com exceo daqueles j comentados acima, ou seja, mesmo que a concesso da recuperao tenha sido feita baseando-se no disposto no art. 58, em que no h aceitao unanime dos credores, aquele que discordou dever se curvar a deciso do quorum exigido, estando assim sujeito ao efeitos da recuperao. A recuperao judicial implica na novao dos crditos anteriores ao pedido, crditos que podero tambm ser alterados e renegociados no sentido de reorganizao da empresa, essas medidas tero validade com o sucesso do plano, isso porque se houver a convolao da recuperao em falncia, os credores voltam ao estado original, como se no houvesse a recuperao, descontado entretanto aquilo que j tiverem recebido.J os efeitos quanto ao devedor, a recuperao no implicar necessariamente no afastamento de administradores ou scios da atividade empresarial, isso porque benfico para a empresa que quem a conhece de maneira completa esteja no seu comando, fazendo os esforos necessrio para seu restabelecimento, mas haver fiscalizao por parte do juiz, do comit de credores e mesmo do administrador judicial, no intuito de que a recuperao seja eficaz. As hipteses de afastamento dos scios ou administradores da empresa esto descritas no art. 64 , e quando isso acontecer cabe ao juiz convocar a assembleia de credores para que seja deliberado o nome de um gestor judicial, que tomar a frente da empresa, enquanto isso no acontecer, ficar a cargo do administrador judicial.A alienao ou onerao de bens ou direitos do devedor tambm restaro prejudicadas aps a distribuio do pedido de recuperao, sendo possvel somente se o juiz reconhecer a utilidade, ouvindo o comit dos credores, e com a fiscalizao sempre constante do administrador judicial.Por fim a recuperao implica tambm em reclassificao de crditos, assim aqueles crditos constitudos posteriormente ao pedido de recuperao, ou melhor durante a recuperao judicial, sero extraconcursais em caso de decretao de falncia, afinal de contas o credor forneceu bens ou servios ao devedor que assumidamente estava passando por dificuldade econmicas, muito provavelmente no faria isso se no tivesse a garantia de receber seu crdito com certa preferncia caso houvesse a decretao de falncia. J aqueles credores quirografrios que continuaram fornecendo bens e servios normalmente durante a recuperao vero seus crditos serem includos nos crditos de privilgio geral em caso de falncia, respeitado o limite do valor do que foi fornecido durante a recuperao.Convolao da recuperao em falncia:Convolao a medida declarada pelo juiz que converte a recuperao de um devedor em falncia do mesmo.O devedor estar sob o regime de recuperao judicial at que se cumpram as obrigaes previstas no plano que se vencerem at 2 anos depois que a recuperao foi concedida, durante esse tempo se houver descumprimento de alguma dessas obrigaes assumidas no plano, poder haver a converso da recuperao em falncia, caso isso ocorra, resalvado as alteraes citadas acima, voltaro os crditos para a condio original, descontando-se o que j houver sido quitado. Os atos praticados na recuperao sero validos se praticados dentro da lei, independente do insucesso dessa recuperao.Alm do descumprimento, o art. 73 traz outras trs hipteses de convolao da recuperao, so eles: deliberao da assembleia de credores; se o devedor for inerte durante o prazo estipulado para a apresentao do plano de recuperao estipulado no art. 53; e por fim quando o plano for rejeitado os termos do 1 do art. 61.Ressalva-se tambm que o inadimplemento de obrigaes do falido quanto queles crditos no abrangidos pela recuperao poder ocasionar a decretao de falncia nos termos dos incisos I ou II do caput do art. 94 desta Lei, ou por prtica de ato previsto no art. 94, III.

RECUPERAO EXTRAJUDICIALA recuperao extrajudicial uma figura nova trazida pela lei 11.101/05, e diz respeito a um acordo extrajudicial entre o devedor e os credores, onde os crditos podem ser renegociados, com o intuito de que haja o restabelecimento da empresa devedora. Segundo Fabio Ulhoa no h requisitos para que possa haver o acordo extrajudicial entre o devedor e os credores, se eles manifestarem vontade no sentido de novar ou renegociar os referidos crditos, basta que assinem os instrumentos que expressam isso. O que a lei traz a respeito de requisitos a serem cumpridos nesse tipo de recuperao, no sentido dos acordos feitos extrajudicialmente, mas que sero levados a homologao judicial. Para tanto o devedor para propor e negociar a recuperao extrajudicial dever cumprir os requisitos estipulados para a recuperao judicial, bem como os outros estipulados no art. 161.No estaro sujeitos a recuperao extrajudicial os crditos trabalhistas inclusive os decorrentes de acidente no trabalho, isso porque a lei de falncias por varias vezes protege o trabalhador e essa impossibilidade mas uma vez tem esse objetivo; os tributrios, uma vez que qualquer negociao quanto a impostos deve ser feita mediante lei nesse sentido, devendo ser respeitado o regime do direito publico; Proprietrio fiducirio, arrendador mercantil, vendedor ou promitente vendedor de imvel por contrato irrevogvel e vendedor titular de reserva de domnio; e Instituio financeira credora por adiantamento ao exportador.A lei d plena liberdade para a negociao das partes, mas impe certas limitaes, como o fato de no poder ser previsto no acordo o beneficiamento de credores em detrimento de outros, isso devido a um dos principios dessa lei que trata da paridade no tratamento dos credores. Alm disso no poder haver requerimento do devedor de homologao do plano de recuperao extrajudicial quando estiver pendente a homologao de outro, ou a pendncia for um pedido de recuperao judicial, assim como tiver sido realizado qualquer desses pedidos em menos de 2 anos. Outro ponto importante a no suspenso de aes ou execues em face do devedor, ou mesmo a decretao da falncia com o pedido de homologao da recuperao extrajudicial.O plano da recuperao extrajudicial no precisa ser levado a homologao para fazer efeito sobre aqueles que o aprovaram mediante assinatura, mas na maioria da vezes acontece essa homologao, que poder ser de dois tipos, facultativa ou obrigatria.HOMOLOGAO FACULTATIVAA homologao facultativa assim chamada porque ela uma opo que tem o devedor para trazer mais solenidade para o acordo feito com todos os seus credores, isto , como todos os credores assinaram o plano, eles j esto vinculados quele plano que contem novao, renegociao de crditos, garantias, etc., no seria necessria a homologao, e a nica diferena que com isso pode haver alienao por hasta judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor se estiver disposto no plano. Esse tipo de homologao exige apenas que o devedor instrua sua petio com a justificativa daquele plano feito, bem como o termo de acordo onde est a assinatura de todos os credores que o aderiram.HOMOLOGAO OBRIGATORIAA homologao obrigatria por sua vez, um tanto mais complexa, isso porque no se tem a aprovao do plano por todos os credores, e deve ser analisado o quorum trazido pelo art. 163. Sendo assim poder o devedor pedir a homologao do plano que for aprovado por mais de 3/5 de todos os crditos de cada espcie por ele abrangido, as espcies que esto sujeitas a isso so as dos credores com garantia real, com privilegio especial, com privilegio geral, quirografrios e subordinados. O plano pode abranger tambm a totalidade de uma ou algumas das citadas espcies, e assim que homologado obrigar a todos os credores que estiverem na espcie abrangida por ele, inclusive a minoria que no o aderiu, essa disposio foi implantada pelo legislador com o propsito de no ter a recuperao de uma empresa impedida devido a oposio de um numero pequeno de credores.Os crditos que como dito anteriormente no podem ser objeto de renegociao, ou seja no podem estar no plano de recuperao extrajudicial, no sero contabilizados no quorum exigido acima, nem tampouco os crditos cujos titulares esto relacionados no art. 43 da lei. A instruo da petio inicial para esse tipo de homologao exige alm dos documentos comuns homologao facultativa, tambm a exposio da situao patrimonial do devedor, atravs de demonstraes contbeis realizadas especialmente para esse fim e tambm os documentos hbeis a provar os poderes dos credores que assinaram o plano, bem como a discriminao pormenorizada dos respectivos creditos.PROCEDIMENTO DA HOMOLOGAO DA RECUPERAO EXTRAJUDICIALAmbos os tipos de homologao obedecero o disposto no art. 164. Assim que o juiz receber a solicitao de homologao do plano dever dar publicidade a ele, atravs de edital no rgo oficial e em jornal de grande circulao, ficando assim os credores convocados para que apresentem suas impugnaes ao plano, essas impugnaes s podero versar sobre o no preenchimento do quorum exigido para homologao obrigatria; pratica de atos descritos no art. 94, III ou art. 130 desta lei por parte do devedor; ou descumprimento de outra exigncia legal. Caso seja apresentada a impugnao, preservando o principio do contraditrio, ter o devedor o prazo de 5 dias para se manifestar, ao fim desse prazo os autos iro conclusos para que o juiz avalie as impugnaes e a manifestao, e por meio de sentena homologue ou no o plano, dessa sentena caber apelao, e ela constituir ttulo executivo judicial.Nada obsta que o devedor que tiver seu plano indeferido, apresente novo pedido de homologao de plano de recuperao extrajudicial.