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182 Ao falar sobre as fontes, JiEun Kim, a designer da Samsung demonstra sua preocupação em abraçar todos os conflitos que possam existir e vir a existir quando na relação do cliente Samsung com seus produtos. Na minha opinião, uma boa fonte deve ser claramente legível, mesmo depois de longas horas de leitura. Mas isso não significa que há uma fonte universal que é melhor para todos os dispositivos; dependendo das diferenças de resolução de tela, tamanho de tela, proporção e até mesmo cores de fundo, a mesma fonte pode parecer bastante diferente em dispositivos diferentes ", explicou Kim (SAMSUNG, 2015 96 ). Neste capítulo apresentamos conceitos e características da tipografia digital. São referências que consideramos fundamentais para que possamos prosseguir de acordo com os nossos estudos. No próximo capítulo trataremos especificamente do meio revista e do veículo Elle. 95 Disponível em: https://news.samsung.com/global/create-the-face-of-galaxy-devices-font-designer-jieun-kim. Acesso em 01 fev. 2017. 96 Disponível em: https://news.samsung.com/global/create-the-face-of-galaxy-devices-font-designer-jieun-kim. Acesso em 18 fev. 2017.

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Ao falar sobre as fontes, JiEun Kim, a designer da Samsung demonstra sua

preocupação em abraçar todos os conflitos que possam existir e vir a existir quando na

relação do cliente Samsung com seus produtos.

Na minha opinião, uma boa fonte deve ser claramente legível, mesmo depois de longas horas de leitura. Mas isso não significa que há uma fonte universal que é melhor para todos os dispositivos; dependendo das diferenças de resolução de tela, tamanho de tela, proporção e até mesmo cores de fundo, a mesma fonte pode parecer bastante diferente em dispositivos diferentes ", explicou Kim (SAMSUNG, 201596).

Neste capítulo apresentamos conceitos e características da tipografia digital. São

referências que consideramos fundamentais para que possamos prosseguir de acordo com os

nossos estudos. No próximo capítulo trataremos especificamente do meio revista e do

veículo Elle.

95 Disponível em: https://news.samsung.com/global/create-the-face-of-galaxy-devices-font-designer-jieun-kim. Acesso em 01 fev. 2017. 96 Disponível em: https://news.samsung.com/global/create-the-face-of-galaxy-devices-font-designer-jieun-kim. Acesso em 18 fev. 2017.

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Capítulo IV - REVISTA, UM MEIO QUE SE RENOVA

Do elenco dos meios de comunicação nacionais sobre os quais poderíamos optar para

ser aquele sobre o qual trataríamos, a revista foi escolhida por que é onde o estilo prevalece.

A revista “apresenta estética particular em que arte e texto são percebidos como unidade”,

diz Benetti (20013, p. 44), e concordamos com a autora. Sendo assim a Elle combinaria com

outro meio de comunicação ou ela foi feita para ser revista? Sim, evidentemente sabemos

que foi concebida para ser revista, porém o projeto gráfico que possui é tão particular que a

análise do meio tornou-se prazerosa e instigante, dia após dia, porque a revista revela uma

série de características que até então não tínhamos conhecimento profundo.

No caso da revista Elle, a exploração da diagramação e o caráter de impacto das

imagens, faz do uso da tipografia uma forma de expressão específica: na Elle as fontes não

se escondem, são estilo, são identidade, são atitude, pois ficam em evidência.

Este quarto capítulo de nosso estudo trata especificamente da comunicação voltada a

um meio específico - como se sabe: a revista - e, particularmente, um veículo: a revista Elle

Brasil. Num primeiro momento, e de maneira muito breve - uma vez que autores já

consagrados abordaram o tema -, tratamos do conceito de revista e das revistas femininas:

quais são as suas especificidades, a segmentação de público e também da evolução das

revistas impressas para o ambiente digital - questão importante por conta da evolução

tecnológica a qual trouxe não somente mudanças para as revistas femininas como também

para as revistas como um todo.

Adiante, no segundo item do capítulo, tratamos do design para a revista, focalizando

nossas observações nas capas - que são o carro-chefe destes veículos quando publicados.

Abordamos as capas e a importância que as mesmas possuem num contexto amplo, como

sua força enquanto elemento que identifica o título e seu potencial de atração do leitor - seja

por chamadas de capa, seja por impacto por meio de uma foto de capa etc. Além disso, os

tipos de capa que existem para as revistas e, por fim, ainda dentro do aspecto do design,

tratamos dos elementos da composição de uma capa: cor, imagens, textura, o grid, os

formatos e principalmente a tipografia, que é objeto do nosso estudo.

Por fim abordamos a revista Elle Brasil. Isto no terceiro e último item deste capítulo

e sobre a qual apresentamos também uma breve história, com sua trajetória ao longo do

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tempo. Tratamos, na sequência, especificamente da Elle Brasil - a qual foi lançada em nosso

país apenas em 1988, bastante tempo após o seu surgimento em 1945 na França. Mesmo

assim ela permanece até hoje fazendo parte do grande elenco dos títulos de sua Editora. Para

finalizar, trataremos da Elle Brasil em versão digital, cuidando das suas nuances e ajustes

tanto para as plataformas digitais quanto para o meio impresso - já que a partir do ano 2000

a revista Elle Brasil trabalha para também estar presente nas plataformas digitais.

1. Revista e revista feminina: conceitos e breve contextualização

1.1. Alguns conceitos sobre revista

Dentre as características e conceitos encontrados sobre “revista”, destacamos

algumas perspectivas que vão da prática à teoria, porém, sem a pretensão de sermos

definitivos, uma vez que não há consenso sobre uma definição para revista, visto a sua

complexidade. Comecemos com a definição de Fátima Ali97, que foi publisher e editora na

Editora Abril, maior empresa editora de revistas de nosso país, em algumas das quais Ali

trabalhou efetivamente. No livro lançado no ano de 2009, ela diz logo na introdução: “não

tenho nenhuma pretensão de ensinar nada, mas apenas transmitir o que aprendi e funcionou

ao longo da minha experiência. E, se possível, passar um pouco do meu entusiasmo...”. É

por conta desta experiência que trazemos aqui as colocações desta editora corporativa, pois

o design gráfico é práxis e está sob o comando, na maioria das vezes, de quem não é

designer mas tem a visão ampla e geral de todas as influências, conflitos, facilidades etc. a

que está sujeita a produção visual (ou ao menos deve ter).

A revista é um meio de comunicação com algumas vantagens sobre os outros: é portátil, fácil de usar e oferece grande oportunidade de informação por um custo pequeno. Entra na nossa casa, amplia nosso conhecimento, nos ajuda a refletir sobre nós mesmos e, principalmente, nos dá referências para formarmos nossa opinião (ALI, 2009, p. 18).

Evidente que algumas dessas características podem ser aplicadas hoje a outros meios,

como o jornal, o rádio, a televisão, devido aos dispositivos móveis (smartphones, tablets,

97 Fátima Ali tem mais de 30 anos de experiência na criação, direção e edição de revistas. Foi diretora de redação e publisher de várias delas, entre as quais Nova, em que foi diretora-fundadora; diretora editorial de Nova, que durante sua gestão saltou de uma circulação de 150.000 para 700.000 exemplares mensais. Desenvolveu o projeto da edição brasileira da revista Estilo; criou o primeiro CD-Rom brasileiro, o Almanaque Abril. Foi ainda diretora-fundadora da MTV no Brasil e vice-presidente do Grupo Abril.

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notebooks, tablets). Porém, quando se trata da versão impressa da revista, consideramos que

a definição da publisher abarca algumas das características do veículo.

Temos também as considerações sobre a origem da palavra revista, as quais a autora

trata sob dois vocábulos: review e magazine. Vejamos

A origem da palavra revista: a palavra revista vem do inglês review, que quer dizer, entre outras coisas, revista, resenha e crítica literária. A palavra review era comum em várias revistas literárias inglesas, que eram os modelos imitados em todo mundo nos séculos 17 e 18. Daí a origem da palavra revista na Língua Portuguesa. Entretanto, na Inglaterra, EUA e outros países de língua inglesa, revista é chamada de magazine, que vem da palavra árabe al-mahazen, que significa armazém ou depósito de mercadorias variadas. Isso porque, diferente do livro que é geralmente monotemático, a revista apresenta uma variedade de assuntos. De mesma origem é a palavra francesa magazine, que, além de revista, significa loja de departamentos (ALI, 2009, p. 18).

Por sua vez, Marília Scalzo (2016), em seu livro Jornalismo de Revista, define as

diversas facetas da revista que convergem para jornalismo e entretenimento:

Uma revista é um veículo de comunicação, um produto, um negócio, uma marca, um objeto, um conjunto de serviços, uma mistura de jornalismo e entretenimento. Nenhuma dessas definições está errada, mas também nenhuma delas abrange completamente o universo quem envolve uma revista e seus leitores. A propósito, o editor espanhol Juan Caño define revista como uma história de amor com o leitor. Como toda relação, esta também é feita de confiança, credibilidade, expectativas, idealizações, erros, pedidos de desculpas, acertos, elogios, brigas, reconciliações [...].

Revista também é um encontro entre um editor e um leitor, um contrato que se estabelece por um fio invisível que une um grupo de pessoas e, nesse sentido, ajuda a compor a personalidade, isto é, estabelece identificações, dando a sensação de pertencer a um determinado grupo (SCALZO, 2016, pp. 11 e 12).

Marcia Benetti, em outra perspectiva, apresenta uma reflexão mais profunda e

teórica, mas focalizando o jornalismo de revista, sem mesclá-lo ao entretenimento. A autora

relaciona primeiro o jornalismo como campo de conhecimento, referindo-se a Adelmo

Genro Filho, que no livro O Segredo da Pirâmide, apresenta o jornalismo como forma de

conhecimento do mundo, ao lado da ciência e das artes (1987); depois a revista como

materialidade do jornalismo. Benetti parte de várias premissas para estabelecer essa relação,

primeiro apontando as premissas do jornalismo. Entre elas destacamos “o jornalismo como

forma de conhecimento que trata do presente e dos eventos que dizem respeito ao homem”;

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seu papel na consolidação de “normas, práticas, quadros interpretativos e supostos

consensos”; e a sua estruturação “a partir das noções de verdade e de credibilidade” (2013,

p. 44).

Já a revista é definida por Benetti como:

1. É uma materialidade com características singulares; 2. Está subordinada interesses econômicos e institucionais; 3. É segmentada por público e por interesses; 4. É periódica; 5. É durável e colecionável; 6. Apresenta-se como repositório diversificado de temas da atualidade; 7. Trabalhar com a reiteração de grandes temáticas; 8. Contribui para formar opinião e o gosto; 9. Permitir o exercício de diferentes estilos de texto; 10. Utiliza critérios de seleção específicos para definir a capa; 11. Apresenta uma estética particular, em que a arte textos são percebidos como unidade; 12. Compreender a leitura com o processo de fruição estética; e 13. Estabelece uma relação direta emocional com leitor (BENETTI, 2013, p. 44-45).

Portanto, na prática jornalística da revista, as premissas do jornalismo se relacionam

e se materializam no formato revista - diferentemente do jornal, uma vez que o meio oferece

possibilidades estéticas no exercício de estilos (no aspecto gráfico e de texto) -,

aprofundamento e segmentação, que devem ser considerados pelos profissionais que atuam

em revistas (obviamente, nem sempre isso acontece). Conforme comentamos anteriormente,

torna-se delicado apresentar um conceito sobre revista, justamente porque a definição pode

estar inscrita em quadros teóricos diferentes, em perspectivas práticas como as de Ali e

Scalzo, mas também no âmbito do discurso, das teorias da linguagem, como trata de

esclarecer Benetti. Portanto, em nosso estudo, consideramos as características mencionadas

por essas autoras complementares nos aspectos mencionados, como síntese do fenômeno

revista, que apresenta segmentação por público e interesse, durabilidade e

contemporaneidade, riqueza temática, emotividade com o leitor, estilos de vida e de

produção gráfica e editorial, além de vínculos com interesses institucionais e editoriais,

principalmente. Essas características colaboram para que o jornalismo de revista, ou a

revista, por sua complexidade, diversificação e especialização, engendre “olhares e

percepções sobre o mundo, sobre si e sobre o outro, e é nessa articulação que reside seu

amplo e fecundo poder” (BENETTI, 2013, p. 55).

Assim, desde sempre a revista tornou-se uma fonte de atualização, delineando um

jornalismo especializado e segmentado. Como jornalismo especializado podemos

considerar, de acordo com Del Moral, “uma estrutura informativa que penetra e analisa a

realidade através de distintas especialidades do saber, a coloca em um contexto amplo,

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oferece uma visão global ao leitor e elabora uma mensagem que atende a interesses e

necessidades desse leitor” (FERNÁNDEZ DEL MORAL, 1983, apud BERGANZA

CONDE, 2005, p. 61). De outro lado, a segmentação está associada à globalização, às

necessidades do mercado, do consumidor, logo à sua diversificação:

O público possui múltiplas identidades que se manifestam de acordo com as condições e situações vividas. O acesso à informação está internacionalizado e a delimitação de um só tema ou grupo de informações que contemplem um certo público facilita a vida dos indivíduos cercados pela tirania da aceleração do tempo e da velocidade com que se encontram novas notícias. As publicações segmentadas acabam exercendo um papel de selecionador daquilo que pode interessar, poupando o tempo do consumidor de fatos jornalísticos (GIRARDI; LOOSE, 2009, p. 131).

A primeira revista surge em 1663 na Alemanha, com o título Erbauliche Monaths-

Unterredungen, ou Edificantes Discussões Mensais, já mostrando o seu caráter de

aprofundamento de temas. Como estilo gráfico, parecia mais um livro que revista, tal qual

conhecemos hoje este tipo de publicação. Aos poucos, foi evoluindo para uma linguagem

própria, abandonando o estilo livresco. A revista feminina surge também no século XVII e

foi se especializando e ganhando novos formatos. No próximo tópico, apresentamos um

breve panorama de revista feminina e sua presença na imprensa.

1.2. A revista feminina

Lá se vão mais de 350 anos, desde que surgiu o primeiro título de revista no mundo,

Erbauliche Monaths-Unterredungen ou Edificantes Discussões Mensais, em 1663, na

Alemanha. Desde então, ao longo do tempo, as revistas, assim como os jornais impressos,

foram se adaptando e evoluindo em sintonia com o contexto, conforme as possibilidades

existentes, as condições econômicas para lançamento, sustentação e evolução. A agilidade

das revistas, propondo novos projetos editoriais e gráficos para o consumo de notícias e

informações, fez e faz da revista um meio que penetrou no cotidiano do público.

As revistas femininas fizeram emergir um universo de temas ligados aos interesses

desse público em momentos diferentes da história: da educação dos filhos e dos cuidados

com a casa, essencialmente, nos primórdios, à busca de maior prazer no sexo e do

aprimoramento profissional no mercado de trabalho, temas que ampliam as pautas das

revistas na atualidade.

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Apesar da ampliação e da evolução dos temas presentes nas revistas femininas,

voltados ao que se denomina universo feminino, muitos assuntos foram tratados - e ainda

são por muitas publicações - de maneira estereotipada e preconceituosa, porém, nesta tese

não vamos entrar nesse mérito, embora concordemos com essa análise. Vamos considerar,

para efeito de análise de nosso objeto de pesquisa, que em geral as revistas femininas

acabaram se especializando em temas de interesse da mulher, ligados à moda, beleza,

educação dos filhos, culinária, literatura, sexo, mercado de trabalho, cultura etc.

A revista feminina compõe o universo da imprensa feminina, que surgiu no mundo,

conforme comenta Mira (2013), com a iniciativa dos britânicos, sendo “a mais antiga,

remontando ao século XVII, e caracterizando-se por uma enorme quantidade de títulos: nos

anos 60, havia quase meia centena de revistas femininas com altas tiragens”. Sobre a

imprensa feminina nos EUA, Itália e França, nos séculos XIX e XX, a autora revela os

títulos de grande impacto no mercado editorial e suas grandes tiragens:

Nos EUA, as tiragens são extraordinárias. Os títulos mais tradicionais, como Ladies Home Journal, Mc Call’s, Good Housekeeping ou Cosmopolitan, e as revistas de moda Harper’s Bazaar e Vogue, surgem no final do século XIX e superam os 5 milhões de exemplares de tiragem ainda na primeira metade do século XX. Na Itália, como vimos, a imprensa feminina explode no pós-guerra com a fotonovela, mas no mesmo período, acirrando a disputa entre Roma e Milão, produzem-se revistas mais luxuosas, como Ariana ou Grazia, dirigidas às mulheres de classe média. A imprensa feminina francesa, que também floresce no século XIX, conhece novo surto nos anos 30 com Confidences, correio sentimental de espetacular repercussão. Nos anos 40 e 50 surgem as fotonovelas vindas da Itália e as atuais revistas de moda, Marie Claire (1937) e Elle (1945) (MIRA, 2013, p. 44).

No Brasil, a imprensa feminina desenvolve-se e demonstra ser um fio condutor do

tipo de conteúdo jornalístico consumido pelas mulheres em nosso país, espelhando o perfil

feminino interessado pelas publicações. Considerando o grande analfabetismo que havia na

época, a imprensa demorou a se desenvolver, como vemos nos comentários de Dulcília

Buitoni (2009):

No Brasil, a imprensa feminina começou no século XIX. Um dos principais motivos desse retardamento foi o fato de não termos imprensa, o que só nos foi concedido com a vinda de D. João VI. Logicamente, o surgimento da imprensa feminina refletia as transformações pelas quais passava nossa sociedade. No período colonial, a participação ativa da mulher fora dos limites do lar era bastante pequena (BUITONI, 2009, p. 30).

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Existe uma sequência de publicações que construíram a história da imprensa

feminina em nosso país, abaixo trazemos um elenco delas, baseando-nos em Buitoni (2009)

e traçando uma sequência na linha do tempo, com a significativa observação de que os

títulos iam se sucedendo e no seu crescimento adotavam assuntos como moda, literatura,

variedades - os quais agradavam suas leitoras. Temas como romances também eram

presentes.

Provável primeiro periódico feminino brasileiro, do Rio de Janeiro: O Espelho Diamantino (1827), um periódico de política, literatura, belas-artes, teatro e modas, dedicado às senhoras brasileiras.

Também do Rio de Janeiro, os Anais da Biblioteca Nacional (1865), periódico de política, literatura, belas-artes, teatro e modas.

O Correio das Modas (1839), também do Rio de Janeiro, trazia modas, literatura, bailes e teatro.

O Espelho das Brazileiras (1831), em Recife. Jornal de Variedades (1835), também em Recife. Relator de Novellas (1838), Recife. Espelho das Bellas (1841), entre outras.

Na sequência um bom número de títulos foi sucedendo-se não somente no Rio de

Janeiro e Recife, mas também em outros Estados, principalmente Rio de Janeiro e São

Paulo, considerados por Dulcília Buitoni (2009) como “os dois centros editores de maior

importância”. A autora nos traz a informação de que em 1860, por Henrique Fleiuss, foi

lançada a Semana Illustrada, pois antes circulavam apenas pequenos jornais de caricaturas.

Diz a autora que na Semana Ilustrada colaboraram escritores e jornalistas da época como:

Quintino Bocaiuva, Joaquim Nabuco, Pedro Luis, Bernardo Guimarães, Machado de Assis,

Joaquim Manuel de Macedo, entre outros. Outras publicações ilustradas foram se

sucedendo.

Na sequência, em 1º de janeiro de 1876, surgiu a Revista Illustrada, fundada por

Ângelo Agostini, foi um verdadeiro acontecimento no jornalismo brasileiro chegando a

atingir 4 mil exemplares - tiragem que ainda não havia sido atingida por nenhum periódico

no continente. Após a Revista Illustrada várias outras publicações foram dando andamento à

imprensa no Brasil e a imprensa feminina especificamente passava a ter maior

representatividade.

Muitos anos depois, em 1914, chega a Revista Feminina, que, segundo Lima (2007),

teve grande importância na difusão da imprensa feminina nacional:

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A Revista Feminina, publicação escrita e dirigida por mulheres, inteiramente voltada ao público feminino, criada no início do séc. XX (1914-1936), não foi uma iniciativa pioneira na imprensa brasileira. Corajosas precursoras, mais ousadas em suas denúncias ou conformadas com a condição que a sociedade lhes impunha, já haviam aberto caminho. No entanto, a Revista Feminina veio ocupar um espaço importante no variado e numeroso universo de publicações de revistas da época (LIMA, 2007, p. 225).

Segundo a autora (2007, p. 225), a Revista Feminina manteve-se em seus anos de

existência graças ao empenho de sua fundadora, Virgilina Salles de Souza que:

[...] pacientemente organizou um arquivo com mais de 60.000 endereços de pessoas residentes em todo o Brasil a quem pudesse interessar sua publicação, e, com uma tiragem de 30.000 exemplares, distribuídos gratuitamente até o nº 7, procurou angariar assinaturas para continuar a circular (LIMA, 2007, p. 225).

A publicação conseguiu manter-se, porém também com a ajuda de uma empresa de

produtos de beleza, que anunciava em suas páginas (e que era do irmão de Virgilina, um

médico e farmacêutico que desenvolvia seus produtos - a tintura para cabelos Petalina e o

creme Dermina).

1.3. Evolução das revistas femininas no Brasil

Destacamos a partir daqui a presença da revista feminina na história da imprensa no

Brasil, onde essas publicações encontraram o seu espaço e mantiveram a sustentação

econômica a ponto de proliferarem-se de maneira que a mulher encontrou nelas uma forma

de ter acesso a informações e a garantia de um veículo para que ela pudesse se espelhar. Nas

capas de revista atuais os imperativos estimulam muitas leitoras: Vá à luta! ou algo do tipo:

Levante, vamos curtir o verão!

Mas a revista nem sempre foi tão convidativa, no sentido de tirar a mulher de casa

para curtir o verão ou ir à luta. Como a mulher esteve e ainda está associada ao ambiente

doméstico, ao ambiente privado, a primeira revista feminina no Brasil está inserida em um

contexto em que algumas das importantes conquistas das mulheres ainda estavam distantes.

Por isso, Mira explica que “a ligação entre revista e mulher deve ser buscada no lar” (2013,

p. 44). De acordo com a autora:

Na sociedade burguesa, a intimidade da mulher e do casal tem seu lugar no recesso do lar. [...] Por hora, basta lembrar que saída da mulher dessa esfera

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doméstica, seu ingresso no mercado de trabalho e sua equiparação ao homem na esfera pública são mudanças das mais revolucionárias da história contemporânea, uma vez que alteram um dos fundamentos antropológicos das sociedades humanas: a ancestral e rígida divisão entre o mundo masculino e feminino, sendo que esse último sendo considerado inferior, menos transcendente. Assim, a ligação entre a revista e a mulher deve ser buscada no lar, lugar onde muitas delas, ainda hoje, passam a maior parte de suas vidas (MIRA, 2013, p. 44).

Dessa forma, as revistas femininas nem sempre podem ser identificadas como

engajadas na emancipação feminina. É a imprensa feminista que vai cumprir esse papel,

tornando-se muitas vezes um contraponto ao conteúdo veiculado nas revistas femininas.

Muito se revela no papel dessas duas imprensas para uma visão da sociedade feminina e da

imprensa. Buitoni diz que:

[...] no século XIX, encontramos duas direções bem definidas na imprensa feminina: a tradicional, que não permite liberdade de ação fora do lar e que engrandece as virtudes domésticas e as qualidades femininas; e a progressista, que defende os direitos das mulheres, dando grande ênfase à educação” (BUITONI, 2009, p.47).

Lima (2007) nos apresenta a vividez da dinâmica para a imprensa feminista quando

cita a Revista Feminina, um dos maiores “estandartes” da imprensa feminista nacional:

As mulheres ganhavam espaço nas matérias e propagandas das revistas de maior circulação, mas não tinham, então, uma publicação que a elas se dedicasse exclusivamente. Esse espaço veio a ser preenchido pela Revista Feminina.

[...]

A Revista Feminina, publicação “escrita” e dirigida por mulheres, inteiramente voltada ao público feminino, criada no início do séc. XX (1914-1936), não foi uma iniciativa pioneira na imprensa brasileira. Corajosas precursoras, mais ousadas em suas denúncias ou conformadas com a condição que a sociedade lhes impunha, já haviam aberto caminho. No entanto, a Revista Feminina veio ocupar um espaço importante no variado e numeroso universo de publicações de revistas da época. (LIMA, 2009, pp. 224-225).

Para exemplificar o que mencionamos, apresentamos exemplos de capas de revistas

femininas e feministas, destacando as revistas de grande sucesso voltadas à mulher em nosso

país. Como nosso tema é a tipografia na comunicação visual, chamamos a atenção para a

expressão gráfica de forte apelo nas vistas segmentadas ao público feminino, orientando

sobre diversas faces da vida em cada momento histórico.

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Pode se verificar uma evolução no design dessas revistas, como as análises

individuais apontam abaixo, as quais mostram que as mudanças na tipografia refletem as

transformações sociais, culturais e tecnológicas. O elenco de revistas aqui apresentando

confirma a visão de estilo, de cuidado com produção gráfica, a ligação com o emocional, a

especialização e a segmentação, mencionada por autores já citados anteriormente como Ali

(2009), Benetti (2013), Del Moral (1983) e Scalzo (2016).

FIGURA 103 - Página de rosto do Novelista Brasileiro ou Armazem de Novellas

Escolhidas.

Fonte: adaptado de BUITONI, 2009, p. 223.

(Rio de Janeiro, 1851. Editores: Eduardo e Henrique Laemmert. Tamanho original: 20 x 26,5 cm.)

Verifica-se como as primeiras revistas se aproximaram no formato e no design com

os livros. Percebe-se também o cuidado em trazer uma delicadeza que vemos no uso dos

ornamentos que percorrem as margens de toda a capa, adornando seus limites. Há também

uma grande diversidade de fontes tipográficas as quais são utilizadas com o uso,

principalmente, das caixas altas (letras maiúsculas). A composição do texto é organizada. O

texto é alinhado pelo centro e ainda é interrompido, numa leitura de cima a baixo, por uma

ilustração que condiz com o conteúdo da revista. Apesar dos poucos recursos de impressão e

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com a simplicidade do uso de uma só cor (preto), é um bom exemplo de composição

harmônica e que cumpre o papel de boa legibilidade e de ênfase ao nome do veículo,

chamando a atenção do leitor.

FIGURA 104 - A Moda da Revista Feminina.

Fonte: adaptado de BUITONI, 2009, pp. 226 e 227.

(São Paulo, 1918.)

Como pode ser observado, a tipografia aqui já se apresenta organizada em colunas de

texto, mantendo as páginas dentro de uma conduta de leitura onde, mesmo com grande

volume de texto, o mesmo não se mostra cansativo mediante as entrelinhas amplas. As

ilustrações de moda ganham espaço e são bastante demonstrativas - acreditamos que a

intenção seja realmente oferecer ao público a oportunidade de perceber detalhes do figurino.

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FIGURA 105 - Página de A Cigarra.

Fonte: adaptado de BUITONI, 2009, p. 230.

(Tamanho original: 21,5 x 30 cm.)

Trata-se de uma edição de 1932, com uma crônica de Elsie Lessa. Pode-se observar

que a tipografia ajuda a compor uma diagramação que por si só ornamenta a página devido

ao posicionamento não uniforme de seus textos quando analisamos a base das colunas de

textos, que acompanham os ornamentos laterais da base inferior. Porém, a tipografia é

utilizada com recursos diversos, por exemplo: alinhamentos e fontes diferentes quando

usadas nos títulos e nos textos (superiores e inferiores). Temos também o uso de uma

capitular no início do texto inferior (a letra “P”). Valorização do nome da autora, no centro,

na base do layout, com espaçamento maior nas entre-letras e entre-palavra e encerrando a

página.

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FIGURA 106 - Capa de Grande Hotel.

Fontes: adaptado de BUITONI, 2009, p. 232 e site Colecione, 201798.

(Rio de Janeiro, Vecchi, n. 37, 1948. Tamanho original: 23 x 32,5 cm.)

Nessa época, os romances eram em quadrinhos; a fotonovela só foi aparecer em

1951. Observamos a ausência de chamadas na capa (pouco texto) e a ênfase dada com força

à ilustração. Grande Hotel primava pelos romances e a ilustração era fortemente utilizada. É

interessante o logotipo Grande Hotel em fonte tipográfica que lembra o neon de letreiros de

fachada. Não temos aí o uso significativo da tipografia, e vemos que o apelo à imagem é

bastante forte: seja na ilustração que toma praticamente toda a capa, seja no logotipo, onde a

tipografia aparece em destaque. O uso da cor é extenso e o tema da ilustração de capa busca

aqui a sensualidade.

98 Disponível em: http://www.colecione.com.br/grandehotel.html. Acesso em 23 fev. 2017.

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FIGURA 107 - Capa de Capricho.

Fontes: BUITONI, 2009, p. 233 e blog As Fotonovelas, 201599.

(São Paulo, Editora Abril, n. 1, segunda quinzena de junho de 1952.)

O tamanho era pequeno (14 x 19 cm) e só a partir do nº 9 passou a ter o formato de

21 x 27 cm. Trouxe a fotonovela desde o nº 1. Para uma revista ganhar aumento de

dimensões, pode-se concluir que era um sucesso entre o público leitor. O uso das ilustrações

em grande tamanho permanece constante e a tipografia é aplicada em vários locais na capa.

99 Disponível em: http://asfotonovelas.blogspot.com.br/2011/03/capricho-n-1-1952-raridade.html. Acesso em 23 fev. 2017.

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FIGURA 108 - Capa de Claudia.

Fontes: BUITONI, 2009, p. 235 e site Jorwik (USP), 2014100.

(São Paulo, Editora Abril, n. 11, ago. 1962.)

As primeiras capas de Claudia eram ilustradas com desenho; só a partir de setembro

de 1963 é que passaram a ter fotografia. Esta capa já demonstra o uso da tipografia com

escolha de fontes que têm presença forte e que facilitam a legibilidade, mesmo com as

chamadas de capa começando a ampliar sua presença. Temos aí duas fontes: a do logotipo

de Claudia e a que é utilizada nas chamadas. Nota-se o alinhamento das chamadas de capa

com alinhamentos diferentes (à esquerda e à direita) acompanhando a ilustração de fundo.

100 Disponível em: http://www.usp.br/cje/jorwiki/exibir.php?id_texto=156. Acesso em 23 fev. 2017.

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FIGURA 109 - Capa de Carícia.

Fontes: BUITONI, 2009, p. 236 e blog Revista Melodias, 2013101.

(São Paulo, Editora Abril, n. 65, 1980. Tamanho original: 13,5 x 20,5 cm.)

O formato pequeno para revista feminina com fotonovela firmou-se no mercado.

Carícia é uma revista que já inicia com fotografia nas suas capas e têm, mesmo que indo

contra as regras de ortografia, seu nome todo escrito em letras minúsculas. Assim como na

revista Claudia, citada anteriormente, Carícia usa duas fontes em sua capa e trata as várias

chamadas de capa com a disposição em alinhamentos que contornam a foto de fundo,

valorizando a imagem. Vemos também o uso das fontes em itálico nas chamadas, dando

dinamismo à leitura, já que não são poucas chamadas.

101 Disponível em: http://revistamelodias.blogspot.com.br/search/label/REVISTA%20CAR%C3%8DCIA. Acesso em 23 fev. 2017.

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FIGURA 110 - Capa do jornal Nós Mulheres.

Fontes: BUITONI, 2009, p. 237 e site Fundação Carlos Chagas (FCC), 2017102.

(São Paulo, n. 1, jun. 1976. Tamanho original: 29 x 38 cm.)

Aqui temos um exemplo de jornal publicado pela Associação das Mulheres e que é

um exemplo de produto da imprensa feminista em nosso país. Nele, vemos o uso da

tipografia com o uso de fontes modernas e com dois detalhes interessantes: o primeiro é que

não há chamadas de capa e o segundo é que o logotipo do jornal possui todas as letras em

caixa baixa (minúsculas), tornando-o diferenciado já que os nomes costumam ao menos ter a

letra inicial em caixa alta (maiúscula). Vale-nos comentar sobre o valor da ilustração que

toma grande parte da capa e que possui ligação direta com o que indaga o título da edição

(“Quem somos?”), já que a mesma tem vários tipos de mulheres e em diferentes situações.

102 Disponível em: http://www.fcc.org.br/conteudosespeciais/nosmulheres/. Acesso em 23 fev. 2017.

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FIGURA 111 - Capa do jornal Mulherio.

Fontes: BUITONI, 2009, p. 238 e site Biblioteca Digital UNESP, 2011103.

(São Paulo, n. 4, 1981.)

Temos acima mais um exemplo onde a tipografia é utilizada com grande impacto,

principalmente no logotipo do veículo, já que é diferenciada e que ganha evidência por estar

em negativo, ou seja, um fundo com letras vazadas. O impacto é forte e mas conduz um

equilibrado diálogo visual com a ilustração, que toma grande área da capa da publicação,

sem que nenhuma das duas perde a atenção do leitor, nem mesmo o confunde. Ainda, temos

a presença da grafia manuscrita, bastante legível, na própria ilustração de capa, onde seu

autor, Henfil - então renomado chargista e ilustrador brasileiro - escreve o diálogo entre os

personagens. Por fim, temos o uso de outra fonte tipográfica, a qual é utilizada para

apresentar a manchete da edição.

103 Disponível em: http://bibdig.biblioteca.unesp.br/handle/10/25219. Acesso em 23 fev. 2017.

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FIGURA 112 - Revista feminina Íntima.

Fonte: adaptado de BUITONI, 2009, p. 239.

(São Paulo, Salles Editora, nº 1, abr. 1999.)

Como pode ser observado na capa acima, a revista tentava se posicionar como

produtora de ensaios com nus masculinos para leitoras mulheres, o que foi uma novidade,

até então. Vemos nesta capa o uso da tipografia com alinhamento único para as chamadas de

capa mas, mesmo assim, contornando a imagem de fundo (um ator de TV, celebridade,

galã), para manter seu valor. As cores diferentes nas chamadas de capa buscam descontração

e valorizam os assuntos que a edição traz. Percebe-se que nem todos os títulos das chamadas

têm a mesma cor (vermelho) e que o nome do galã (Humberto Martins) está em vermelho,

acompanhando o logotipo da revista, acima.

Como pode se observar, não houve intenção de apresentar todas as mudanças

ocorridas nas capas das revistas femininas impressas, especialmente no que se refere à

tipografia, mas sim de ilustrar como esse elemento está em sintonia com o seu tempo, seu

público e o perfil editorial da publicação.

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1.4. O foco no público feminino

Como já foi dito, as revistas são segmentadas e a segmentação é uma das ferramentas

principais do marketing para desenvolver produtos e serviços voltados a um público

específico, conseguindo atingir um nicho de mercado. Por conta de oportunidades de

diálogo com públicos diferentes, ocupa-se deste espaço a revista feminina. Dessa forma,

apresentamos a seguir alguns dados das últimas pesquisas feitas em 2015 pela ANER

(Associação Nacional dos Editores de Revistas), órgão nacional que monitora o meio revista

e tem como uma de suas ações a produção de informações mercadológicas não só para

anunciantes, como também para a equipe editorial. Este documento é chamado de Fact Book

e compreende as informações de mercado tanto dos associados da entidade como os que não

participam da mesma - o que garante uma visão geral do mercado de revistas no Brasil.

Podemos também ter uma visão sobre a participação feminina no consumo do meio

revista na atualidade, identificando a classe socioeconômica e a faixa etária que são as mais

expressivas. Desta forma, é possível associar conteúdos editoriais, perfil da revista e os

públicos. Os dados para o setor editorial de revistas são essenciais para a análise do mercado

de consumo, oferece às empresas editoras informações para delinearem a produção de seus

títulos, indo ao encontro das demandas do leitor e, por consequência, mantendo o foco

editorial.

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FIGURA 113 - Perfil demográfico dos consumidores de revista.

Fonte: Fact Book 2015 da ANER (Associação Nacional dos Editores de Revistas), 2015104.

Neste gráfico podemos verificar que o número de leitoras femininas (60%) ainda é

representativo diante do público masculino. Parafraseando BUITONI (2009, p. 21), quando

diz “imprensa, substantivo feminino”, poderíamos dizer: “revista, meio de comunicação

feminino” - considerando o número de leitoras e o potencial de que 83% delas, de todas as

classes sociais “costumam fazer compras em mercados, sendo que 42% são as únicas

responsáveis pelas compras no lar”, como diz a pesquisa. Vemos também que é na idade

entre 20 a 29 anos que concentra-se o maior percentual (22%) da faixa etária que consome

este meio de comunicação. O público de 30 a 39 anos diferencia-se apenas por um ponto

percentual a menos, sendo desta diferença tão mínima a ponto de considerarmos permitido

aglomerar as duas faixas etárias, o que chega ao número de 43% de leitores estando entre 20

a 39, sendo então uma grande faixa de consumo (importante para anunciantes), já que ao

analisar todo o público, são 53% pertencentes às classes AB e que podemos também

considerar que é a soma destas faixas etárias principais que os perfis de títulos de revistas

diferentes e seus conteúdos editoriais e projetos gráficos exclusivos devem atender -

104 Disponível em: http://aner.org.br/wp-content/uploads/2014/05/Factbook_2015_Site-FINAL.pdf. Acesso em 22 fev 2017.

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satisfazendo-os com assuntos que necessitam encontrar e com a estética que os permita

sentir bem em um ambiente visual construído pelas escolhas estéticas de seus criadores e

profissionais que compõe o elenco de produção.

No gráfico abaixo podemos verificar a grande diversidade de títulos para atender e

oportunamente conversar com os públicos leitores de revistas. O acesso à segmentação do

mercado editorial nacional é demonstrado em forma de um ranking que considera os

veículos com maior circulação no país, auditados pelo IVC (Instituto Verificador de

Comunicação). Podemos ver que a Elle (Editora Abril), nosso objeto de estudo, segue acima

da Vogue (Edições Globo / Condé Nast), revista que tem maior semelhança de linha

editorial, o que nos é relevante por ser a Vogue uma revista que promove-se fortemente

junto ao público-alvo levando a acreditar que é superior à Elle em tamanho de mercado

alcançado.

FIGURA 114 - Ranking de revistas pagas no Brasil (Participação da Elle Brasil).

Fonte: Fact Book 2015 da ANER (Associação Nacional dos Editores de Revistas), 2015105.

105 Disponível em: http://aner.org.br/wp-content/uploads/2014/05/Factbook_2015_Site-FINAL.pdf. Acesso em 22 fev 2017.

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Comparando os dados das revistas impressas com as digitais, ou seja, como o leitor

consome os conteúdos das revistas, recorremos novamente a Jenkins (2009) para mencionar

que a convergência tecnológica e cultural na era da internet faz com que os leitores utilizem

diversos meios para se informar. A oferta de uma mesma publicação em diferentes suportes

tem sido comum para várias empresas jornalísticas.

A seguir observamos na pesquisa sobre hábitos dos consumidores por dispositivo -

feita em 2015 - que notebook/netbook/laptop é o dispositivo mais utilizado para a

visualização de revistas online, seguido pelo desktop/computador de mesa e, em terceiro

lugar temos os smartphones. Essa mudança de comportamento é comentada por Suzana

Barbosa, pesquisadora do Projeto Laboratório de Jornalismo Convergente, da Universidade

Federal da Bahia (UFBA). De acordo com a pesquisadora (informação verbal106):

O smartphone é o dispositivo no qual mais se acessa conteúdos disponibilizados na internet (apenas não podemos dizer que sejam conteúdos de revistas). O tablet não é o dispositivo mais usado, embora seja extremamente adequado ao conteúdo das revistas, pelo tamanho da tela. Essa tendência contradiz as expectativas da indústria quando houve o lançamento do dispositivo (BARBOSA, 2017).107

106 Entrevista concedida por BARBOSA, Suzana. Entrevista I. [fev. 2017]. Entrevistadora: Audrey Marques Duarte. Salvador, 2017. 1 arquivo .mp3 (52 min.). A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Apêndice A desta tese. 107 Profa. Dra. Suzana Barbosa, professora Adjunta do Departamento de Comunicação (Jornalismo) e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (PósCom | UFBA). Em 2008, recebeu o Prêmio Adelmo Genro Filho de “Melhor Tese de Doutorado em Jornalismo” (intitulada “Jornalismo Digital em Base de Dados (JDBD) - Um paradigma para produtos jornalísticos digitais dinâmicos”), da Associação Brasileira dos Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor). Áreas de pesquisa: Jornalismo em Redes Digitais, Jornalismo em Base de Dados, Jornalismo Móvel, Convergência Jornalística, Inovação no Jornalismo. Atualmente, é diretora da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (2013-2017).

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FIGURA 115 - Utilização de dispositivos para leitura de revistas online.

Fonte: Fact Book 2015 da ANER (Associação Nacional dos Editores de Revistas), 2015108.

Por fim, apresentamos a pesquisa que também nos interessa e que demonstra o hábito

de leitura de revistas: leitura de revistas impressas (revistas off-line), leitura de revistas

impressas e online ao mesmo tempo e revistas somente online. Como nosso estudo analisa a

tipografia impressa e digital na capa de uma revista (a qual é oferecida no ambiente físico e

digital) é bastante interessante ter conhecimento destes números, assim como da figura

anterior, pois observamos que as revistas impressas têm mais de 80% de adesão dos leitores,

dado bem superior aos que revelam a adesão à revista online, mesmo que tendo um público

majoritariamente jovem: de 20 a 39 anos, conforme mostrou anteriormente o gráfico sobre

perfil demográfico sobre os leitores de revista.

108 Disponível em: http://aner.org.br/wp-content/uploads/2014/05/Factbook_2015_Site-FINAL.pdf. Acesso em 22 fev 2017.

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FIGURA 116 - Consumo de revistas impressas (off-line) e online.

Fonte: Fact Book 2015 da ANER (Associação Nacional dos Editores de Revistas), 2015109.

Além dos formatos tradicionais impressos e de suas versões online, abordamos ainda

uma oferta de conteúdo de revistas digitais que é acessado via dispositivos móveis e é

chamada de “revista automática” que tem feeds de RSS. A revista digital Flipboard é a mais

popular e trabalha com conteúdos das mídias digitais e redes sociais. Zappaterra (2013) nos

esclarece a respeito deste tipo de acesso às informações, destacando que a revista digital é

mais direcionada ainda, uma vez que o leitor pode receber, por meio de algoritmos,

conteúdos que deseja:

Com feeds de RSS, a revista automática é uma realidade com algoritmos (processos de cálculo/resolução de problemas realizados por um computador) que convertem o conteúdo que o leitor quer e o entregam via aplicativo de software para diferentes dispositivos móveis. Em 2012, o provedor mais popular de conteúdo agregado era o Flipboard, que foi fundado nos Estados Unidos dois anos antes, por Mike McCue e Evan Doll. Flipboard é uma revista digital que agrega conteúdo de mídias sociais como o Facebook e o Twitter e exibe o conteúdo em formato de revista em um dispositivo móvel do tipo iPad ou Android. Os usuários também podem “folhear” notícias por meio de feeds de sites

109 Disponível em: http://aner.org.br/wp-content/uploads/2014/05/Factbook_2015_Site-FINAL.pdf. Acesso em 22 fev 2017.

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que tem parceria com a empresa, por exemplo, os assinantes do New York Times agora podem ler conteúdo da publicação no Flipboard. [...] A maneira como o Flipboard divide até do iPad ao meio é muito inteligente, ele remete a uma revista sem diretamente imitá-la” (ZAPPATERRA, 2013, p. 227).

Mostramos a seguir uma imagem de página da revista digital Flipboard:

FIGURA 117 - Flipboard.

Fonte: ZAPPATERRA, 2013, p. 61.

2. Design das capas de revista

A capa deve ser convidativa para que o público tenha interesse em desvendar os

assuntos que vêm na sequência e que estão ali dentro - seja na versão impressa, seja na

versão digital, pois tanto a capa impressa como a homepage ou capa - como a chamam,

serve para que haja a ligação entre o veículo e o seu leitor. A revista também é um reflexo

do público que a consome, o qual se identifica com seu projeto gráfico exclusivo e que

traduz os valores que possui. A capa deve ser marcante, diferenciado-a diante da

concorrência vinda de outros títulos. Seja numa banca de jornais ou revistas, seja mediante

tantos sites, blogs etc. a capa e/ou a homepage funcionam para o veículo como porta de

entrada. A capa ambienta o leitor de acordo com o veículo e os valores que possui. Também

gera a expectativa sobre qual será o tema principal da próxima edição e sobre como será a

nova capa?

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A capa provoca em si a evolução para o número seguinte da revista, independente da

periodicidade. Não devemos esquecer que a permanência da capa deve ocorrer até que se

publique uma nova edição. Conforme dissemos antes, deve ser convidativa pois a

expectativa que o leitor tem sobre os assuntos que ali dentro estão é uma expectativa que

deve ser criada para que o interesse pelo veículo em si seja mantido. Tanto a capa de uma

revista impressa como a homepage da revista em sua versão digital, devem ser atraentes e

seu projeto gráfico deve ser adaptado ao meio no qual é veiculada, evitando perdas de

qualidade na comunicação visual. O design gráfico aplicado às capas de revista deve sempre

permanecer como um design itinerante, que acompanhe o meio e que acompanhe o veículo,

sempre que conveniente.

Nas situações onde esse veículo venha a estar, o logotipo - que costuma ser o próprio

nome do veículo -, deve estar em evidência porque é como se chamássemos uma pessoa

pelo seu nome. Chamamos a revistas pelo nome independente das circunstâncias que a

rodeiam. A capa segue como se fosse a locomotiva de um trem. É ela quem carrega todos os

vagões (que poderíamos chamar páginas internas) e que tem destino definido: o público-

alvo.

2.1. A importância das capas de revista

As capas de revista, como já mencionamos acima, são responsáveis por atrair a

atenção do leitor. Nesse sentido, diz Ali (2009) que ela “é a página mais importante” da

publicação, portanto precisa fisgar o leitor rapidamente. É o que a autora nos traz:

Uma revista tem 5 segundos para atrair a atenção do leitor na banca. Nessa fração de tempo, a capa tem de transmitir a identidade e o conteúdo da publicação, deter o leitor, levá-lo a pegar o exemplar, abri-lo e comprá-lo. A capa é a página mais importante. O consumidor médio leva 5 segundos para decidir se vai ou não comprar uma revista, de acordo com o estudo realizado pelo The New York Times Magazine Group. Esse é o tempo que o leitor leva para analisar o pacote inteiro. A maior parte, senão todo esse tempo, é devotado ao assunto da capa e às chamadas. Mais ou menos 60% dos que compram em bancas não têm determinada a revista que vão comprar. Uma capa tem de ser muito boa para captar a atenção do leitor potencial. (ALI, 2009, p. 68).

Ali complementa dizendo que independente da situação de venda, “por assinaturas

[...], situação controlada [...], distribuída gratuitamente como suplemento de um jornal”, ou

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seja, “a capa ainda tenta vender a edição para seu leitor e determinar se o seu exemplar será

aberto imediatamente, mais tarde ou nunca” (ALI, 2009, p. 68).

Dada a devida importância à capa, como comenta a autora acima, temos então a

necessidade de analisar esse momento entre o primeiro contato do leitor e a edição da revista

com bastante cautela, já que ao ver a capa como algo por onde se inicia a comunicação entre

o leitor e a edição da revista, temos que considerar o cuidado e sensibilidade com que essa

capa venha a ser elaborada e produzida - já que muitas fichas estão depositadas sobre ela.

A professora doutora Suzana Barbosa, pesquisadora na área da comunicação voltada

às questões digitais, em sua entrevista para esta tese, reforça a importância da capa:

[...] A capa é uma entrada. Ela não está à toa ali. Despende-se muito tempo para saber-se qual será a manchete no jornal, qual é o tratamento da imagem que se vai seguir. Nem sempre é a mesma imagem da revista. No caso da Elle a capa é um destaque. Apresentar uma das melhores imagens do ensaio de moda com uma modelo usando algumas peças mais os destaques daquela edição. Na capa há vários paratextos. Pode-se classificar de possibilidades de entrada, de leitura, pois eu sei que há; está em destaque ali! Quando eu entro, eu já quero ir direto naquela matéria que me interessa [...] (BARBOSA, 2017).

Quando o veículo possui presença em diferentes ambientes, deve permanecer com as

mesmas características visuais para que haja identificação com o mesmo. Ali (2009),

comenta sobre os impactos que uma capa deve possuir. Vejamos:

A capa deve atrair o leitor a distância pelo conteúdo e pelo impacto visual. Cores vivas são melhores que as apagadas. A experiência mostra que as três cores que mais funcionam são branco, preto e vermelho. A capa deve ser limpa, de preferência com grande área lisa e um elemento único. Muitos detalhes mais afastam do que atraem o leitor. De preferência, o fundo deve ser uniforme, liso e contrastante; as chamadas com tipografia clara e legível a distância (ALI, 2009, p. 70).

Já sabemos que a capa tem grande importância e reconhecemos o seu valor mediante

todas as necessidades que ela deve suprir. Porém é necessário que tenhamos a definição do

que o termo capa compreende, pois conforme informa Zappaterra (2013), a seguir, a capa

abrange fisicamente mais do que pensamos, ou seja, elas são quatro. Diz a autora:

O termo “capa” compreende a capa frontal (primeira capa), o verso desta (segunda capa), a face interna da capa traseira (terceira capa) e a capa traseira (quarta capa ou contracapa). Na maioria dos periódicos, todas, exceto a primeira capa, podem ser usadas para publicidade, mas, caso a estratégia comercial não

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seja seguida, vale a pena lembrar que essas páginas são infinitamente mais valiosas do que quaisquer outras páginas disponíveis, exceto, obviamente, a primeira capa (ZAPPATERRA, 2013, p. 69).

FIGURA 118 - As capas de uma revista.

Fonte: adaptado de CAVICHIOLI, 2011110.

Neste estudo, consideramos a primeira capa como objeto empírico, de forma que as

demais não serão analisadas.

2.2. Os elementos de composição: cor, textura, imagens, tipografia, formatos e grid

A capa deve gerar impacto e garantir mais valor para a marca, além do interesse que

deve conquistar junto aos leitores para que tomem conhecimento do conteúdo interno da

revista. Na figura a seguir podemos verificar o apontamento sobre cada um dos elementos

que compõe uma capa. Neste caso, estamos considerando os elementos tradicionais de uma

capa de revista e as nomenclaturas utilizadas. O designer gráfico deve evidentemente

respeitar a pertinência que o projeto gráfico deve possuir em relação ao perfil da revista que

deve ser diretamente ligado com o escopo de suas características editoriais e mercadológicas

e seu público-alvo.

110 Disponível em: https://pt.slideshare.net/barao/revistas-8084955. Acesso em 24 fev. 2017.

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FIGURA 119 - Localização clássica dos elementos da capa (grid).

Fonte: ZAPATERRA, 2013, p. 86.

Zappaterra (2013), em seu livro Design Editorial, apresenta-nos informações

relativas aos elementos que são como componentes de uma capa, ou seja, logotipo, cor,

chamadas e lombada, bem como aponta as tendências desses componentes. Quanto ao

logotipo, a autora recomenda que ele deve aparecer sempre nas diversas plataformas,

mostrando a personalidade da publicação. A cor ajuda a provocar comportamentos e são

pensadas em seu impacto emocional. Fundos verdes e azuis não vendem, já o vermelho sim;

o amarelo é pouco popular, porém, é preciso considerar que qualquer cor pode ser usada

para enfatizar e destacar, de outro lado, as cores específicas podem ser usadas

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simbolicamente ou provocar emoções e lembranças. Zapaterra destaca também que as

chamadas de capa e as lombadas são elementos igualmente importantes para a capa. As

chamadas são aplicadas exclusivamente a periódicos, sendo que as chamadas (tamanhos e

cores) dizem respeito sobre a revista e sua personalidade -, em grande parte, são

responsabilidades para o designer. Por fim, as lombadas, embora desvalorizadas pelos

profissionais, segundo Zapaterra, têm grande contribuição para a venda das revistas, “é um

excelente lugar para reforçar a marca e o estilo do título” (ZAPATERRA, 2013, pp. 69-73).

Como podemos observar nas considerações de Zapaterra, esses elementos são

fundamentais para as revistas impressas - e também para as digitais, com as devidas

adaptações ao meio, no sentido harmônico e atraente que eles devem sugerir ao leitor.

Logotipo, cores, chamadas, principalmente, foram num conjunto que deve ser articulado de

acordo com o perfil editorial, público e suporte midiático.

Nesse sentido, a capa trabalha em prol da apresentação de uma nova edição da

revista, trazendo normalmente um conteúdo novo, atualizado. Os leitores identificam:

“Aquela edição, que tem o ator X na capa Y”, ou às vezes: “Isso foi publicado naquela

edição onde a capa tinha letras vermelhas e com a foto de tal”. A capa é uma referência

sobre um conteúdo determinado que foi publicado em uma das edições do veículo. Ela pode

ser marcante para o público leitor, uma referência de quando aquele assunto foi abordado.

Graficamente a capa respeita o projeto gráfico do veículo mas trabalha para inovar

os conteúdos que recheiam seu grid. Ela é expressão máxima da revista: sua cara, sua face,

sua identidade que a diferencia das demais - no caso das revistas - e onde a escolha da

tipografia cunha a sua expressão visual juntamente com o uso das cores e o estilo como as

imagens - fotografia, ilustração - são postas ali (grid). É a capa que dá conta da

personalidade do veículo, podendo adaptá-lo a outros formatos desde que a levem consigo.

Todos os elementos que compõe a apresentação visual do veículo de comunicação

são importantes. São mensagens em foram de imagem, discursos com o objetivo de atingir,

impactar o leitor e manter o relacionamento com ele. Como diz Charadeau (2006, p. 233), “a

imprensa tem suas próprias exigências de visibilidade, de legibilidade e de inteligibilidade”.

Ele congrega os conceitos em conjunto com a aplicação dos mesmos de forma que possamos

analisar a capa como instrumento da comunicação do veículo com seu público. As

considerações feitas para os jornais também se aplicam às revistas, uma vez que se reportam

à visibilidade, legibilidade e inteligibilidade.

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Charadeau salienta que a visibilidade impõe uma composição de página como um

roteiro de fácil busca aos leitores, e isso abrange elementos da paginação (fotos, rubricas,

desenhos, tipos de colunas etc.) e da titulação (títulos, subtítulos etc.). Para Charadeau, “Tais

elementos constituem formas textuais em si e têm uma tripla função: fática, de tomada de

contato com o leitor, epifânica, de anúncio da notícia, e sinóptica, de orientação ao percurso

visual do leitor no espaço informativo do jornal”. Já a legibilidade abrange o

“acontecimento relatado” e a forma como estão dispostos os elementos da página,

“localização, moldura, ilustrações, tipografia” e aos títulos. Dessa forma:

[...] tem a ver principalmente com entendimento, ela se manifesta e toma todo o seu valor no modo de escritura dos artigos, devendo estes, por contrato, ser acessíveis ao maior número possível de leitores no âmbito de um alvo pré-construído (CHARADEAU, 2006, p. 233).

Quanto à inteligibilidade, o autor considera que a mesma se aplica principalmente ao

comentário do acontecimento como também ao entendimento, ou seja, saber as razões das

notícias. “Manifesta-se em determinados elementos da paginação (novamente pelas

molduras, pelos gráficos etc.), mas particularmente pelas formas textuais que se apresentam

como comentários (editoriais, crônicas, análises etc.)” (CHARADEAU, 2006, p. 233).

Suzana Barbosa (2017), no momento em que nos ofereceu sua entrevista,

colaborando com abordagens referentes às características que a apresentação de um veículo

seja na forma impressa ou na forma digital deve possuir para garantir a boa qualidade do

conteúdo escrito por meio da visualização, também comenta sobre o papel do designer

gráfico, e, por fim, brevemente, atenta e valoriza a questão da tecnologia estar atrelada ao

jornalismo para que o mesmo possa existir. Vejamos:

Para que o produto esteja disponibilizado na plataforma digital é necessário observar o que é preciso para isso. Do mesmo modo que ocorre para o produto impresso, quando devo ter boa qualidade da imagem, em alta resolução, por exemplo, para que seja impressa. No caso do site ela também tem que estar adequada ao padrão. Tudo está dentro de um aspecto muito técnico e passa por um trabalho de pessoas que obviamente entendam dessa área. Tudo isso precisa de fato de gente que conheça, que observe e que saiba qual o resultado que será obtido garantindo que não terá uma surpresa desagradável ao imprimir um exemplar e o mesmo sair borrado ou de não ter boa definição nas imagens, no texto e tudo mais. Antigamente o jornal sujava tudo, a tinta saía na mão, o jornal era só preto e branco, era o preto. Dos tipos móveis e a dificuldade para trabalhar com eles. Isso evoluiu. Evoluiu com a melhoria técnica. Não é possível falar de jornalismo dissociando-o da técnica, técnica como tecnologia. O jornalismo desde

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sempre existiu por isso ao longo dos anos, dos séculos, foi evoluindo também nesse aspecto. É tudo conjunto, não é separado, não há como (BARBOSA, 2017).

3. A revista Elle no mundo e no Brasil

Elle é uma revista que se diferencia das demais não somente pela maneira como ela

foi idealizada e produzida em 1945 e todo o contexto do pós-guerra que era o cenário da

sociedade francesa. Ela permanece fiel ao conceito de trazer ao público leitor conteúdos

relacionados à moda e ao estilo de vida, os quais a sua criadora originalmente imprimiu a

este veículo internacional com mais de 70 anos de existência. A trajetória de Elle é feita de

nuances, a revista foi se adaptando às mudanças da sociedade, especialmente à realidade das

mulheres. No site Elle International Network encontramos informações sobre como foi a

trajetória da pioneira Hélène Lazareff para a criação de Elle.

Em 21 de novembro de 1945, Hélène Lazareff, de origem russa, criada em Paris, lançou uma revista feminina moderna, que se tornaria um elemento básico na casa de cada mulher na França e, mais tarde, em todo o mundo. Inspirada durante sua vivência em Nova York durante a Segunda Guerra Mundial, trabalhando como jornalista para os principais títulos de mídia, Lazareff começou a desenvolver seu próprio conceito para uma revista feminina cuja principal abordagem editorial era proporcionar às mulheres acesso exclusivo e incomparável à moda e à beleza, mantendo a proximidade com seus leitores. (ELLE INTERNATIONAL NETWORK, 2017111).

111 Disponível em: http://ellearoundtheworld.com/. Acesso em 22 fev. 2017.

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FIGURA 120 - Criadora de Elle, Hélène Lazareff.

Fonte: site Elle International Network, 2017112.

À frente dessa empreitada, Hélène Lazareff assumiu a publicação, lançando a

primeira edição da revista, na qual podemos ver a seguir, já na capa de seu primeiro número,

a valorização da mulher, assim como a valorização do logotipo de Elle, em pleno destaque

no topo da página (o nome sofreu muito pequenos ajustes até os dias de hoje, mantendo as

principais características da fonte tipográfica que o desenha).

Ainda, temos neste primeiro número a ausência das chamadas de capa -

provavelmente por alguma intenção específica de seus editores e que nos foge ao

conhecimento por não encontrarmos, para este momento de nosso estudo a informação

necessária. De qualquer forma, percebemos que a imagem já é anunciada com forte apelo ao

posicionamento da revista e que os temas moda e mulher, juntamente com estilo (numa

análise breve da cena, vemos uma mulher, elegantemente vestida que, em vez de

simplesmente estar numa pose tradicional para valorizar somente as vestes, mostra-se numa

atitude alegre com um gato - uma ilustração, ainda sem o uso da fotografia.

112 Disponível em: http://ellearoundtheworld.com/. Acesso em 22 fev. 2017.

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FIGURA 121 - A primeira capa de Elle, 1945.

Fonte: site Correio do Povo, 2014113.

Neste momento gostaríamos de aproveitar as palavras de Suzana Barbosa em relação

às revistas, especialmente falando da revista Elle enquanto revista feminina e de jornalismo

especializado. Seguem abaixo as colocações da professora Suzana:

É um jornalismo de revista que tem uma outra especificação, que caminha pela via temática. Então ela (a revista) se diferencia por diversas características desse segmento. Então: ela é jornalismo, ela é uma revista no seu escopo e na sua definição editorial - como eu disse, ela vem sendo revista, ela está no contexto atual e aí de alguns anos fazendo as suas adaptações a aquilo que vem trazendo desafios para o jornalismo. Conforme eu disse antes, eu não vejo divisão em jornalismo (BARBOSA, 2017).

Dessa forma, concordamos com Barbosa quando a mesma identifica a publicação

como jornalística, embora reconheçamos as críticas feitas à revista em relação aos padrões

de mulher e de beleza que ela dissemina. Para nosso estudo, o que destacamos é o fato de se

113 Disponível em: http://www.correiodopovo.com.br/blogs/correiofeminino/2014/07/14028/elle-para-madames-e-mademoiselles/. Acesso em 22 fev. 2017.

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tratar de uma publicação longeva, com um design singular (que será exposto mais à frente),

que nasceu no pós-guerra e que se atualizou, buscando se adaptar aos meios impresso e

digital.

Destaca-se nessa trajetória que o grande salto de expansão internacional da revista

nos anos 1988 e de 1989, com o lançamento de edições específicas para determinados

países, inclusive no Brasil (a Elle Brasil é lançada em 1989). Segue o comentário presente

no site Elle International Network, de propriedade da marca que se constituiu em marca

global:

A internacionalização de Elle começou nos Estados Unidos e no Reino Unido em 1985 e atualmente conta 46 edições em todo o mundo, com mais por vir. As visões únicas de Lazareff (Hélène Lazareff, sua idealizadora) foram transformadas em um conceito tão forte e relevante para as mulheres que se tornou uma marca global (ELLE INTERNATIONAL NETWORK, 2017.114).

Também é interessante perceber que a partir de 2002 o look das modelos e

celebridades das capas de lançamento nos países passa a ser composto com a figura

aparecendo quase de corpo inteiro (antes, somente o rosto era utilizado, salvo uma ou outra

exceção). Por fim, é fundamental também comentar que a tipografia utilizada no logotipo

causa o mesmo impacto desde a primeira edição, perpetuando a força da representação

gráfica da marca e atribuindo valor a um produto jornalístico que já completou mais de 70

anos de idade. Nesse sentido, é possível observar a pouca variação da logotipia, que se

conserva como elemento de extrema relevância na ligação com seu público.

Apresentamos a capa de lançamento da Elle Brasil (1988) juntamente com a capa de

lançamento de Elle na França (1945), onde podemos apreciar a tipografia eficaz e perene da

revista em sua capa, mais de 40 anos depois:

114 Disponível em: http://ellearoundtheworld.com/. Acesso em 22 fev. 2017.

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FIGURA 122 - Análise da tipografia na capa de Elle (edições de lançamento

1945/França e 1988/Brasil).

Fontes: Elle francesa: site Correio do Povo, 2014115; Elle Brasil: blog Por Dentro da Moda, 2017116.

Tanto o grid quanto o elenco de fontes que mantiveram características da capa de

Elle Brasil desde o seu lançamento no país, em maio de 1988, valorizam as fontes

tipográficas usadas na primeira edição. O grid é aquele que sofreu menos alterações até os

dias atuais. Já as fontes utilizadas, ganharam novas participantes desde 1988, data da estreia

de Elle no Brasil, como visto anteriormente. Vemos que o principal continua sendo a

manutenção do projeto gráfico original, com respeito ao logotipo da revista e, apesar da

redução de seu tamanho original (24 x 30 cm) para o tamanho atual (20,8 x 27,4 cm), a

edição nacional de Elle mantém o padrão de identidade visual de seu projeto gráfico original

onde ao invés de eliminar ou substituir todas as fontes, opta por trazem novas fontes para

manter a harmonização da composição visual mesmo com um novo perfil de leitor que

também se formou ao longo do tempo.

115 Disponível em: http://www.correiodopovo.com.br/blogs/correiofeminino/2014/07/14028/elle-para-madames-e-mademoiselles/. Acesso em 22 fev. 2017. 116 Disponível em: http://pordentrodamodabymarinact.blogspot.com.br/. Acesso em 22 fev. 2017.

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Dentre tantas edições lançadas em diversos países, com uma periodicidade mensal, e

um número expressivo de leitores, Elle parece manter seu dever de garantir a este público

que receba o conteúdo esperado todos os meses. A identidade visual faz pequenos ajustes

para se atualizar - mas mantém as características que já estavam presentes na primeira

edição: a valorização do logotipo da revista e também a valorização da mulher, da moda e

da atitude.

A tipografia utilizada mantém a harmonia do projeto gráfico sem haver troca

constante das fontes e sim o uso frequente do elenco que compõem as famílias tipográficas

das fontes principais. Mantém as chamadas de capa, que foram aparecendo no decorrer da

evolução das capas de revista, em suas laterais, sem a atrapalhar a visualização do elemento

principal de capa de cada edição: a fotografia, seja da modelo ou da celebridade - sempre

numa atitude de estilo. A tipografia em algumas edições interage com a imagem, deixando

de lado as formas de alinhamento de texto tradicionais e passando a contornar a foto de

fundo; já no logotipo de Elle vemos, na maioria das vezes, a interação com a fotografia -

muitas vezes alguma letra do logotipo de Elle sendo substituída pela fotografia -, mas que

em nada prejudica a imagem da marca, demonstrando que na revista Elle os elementos de

estilo permanecem como prioridade.

Destacamos ainda que, apesar de tantas variações que as sociedades de países

diferentes atravessam - com os impactos repercutindo também nas equipes que trabalham

neste ambiente jornalístico -, podemos constatar a perenidade de Elle e a manutenção de sua

identidade visual.

Zapaterra (2013) chama a atenção sobre uma outra função da capa no ambiente

digital, ou seja, um ponto de entrada para a navegação no conteúdo e de suas ferramentas:

“Para as edições digitais, a capa serve para reforçar a marca, mas também atua como um

ponto de entrada para o conteúdo, que faz parte do kit de ferramentas de navegação”

(ZAPPATERRA, 2013, p. 44).

Zapaterra também reforça que a capa deve ter a mesma identidade visual, em outros

meios: “A mesma imagem da capa aparecerá na edição impressa, no site, para o tablet e

qualquer aplicativo, dependendo dos formatos preferidos. Um diretor de arte precisa criar

uma capa, portanto, com essa variedade de formatos em mente (ZAPPATERRA, 2013, p.

44)”.

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Para ilustrar as nossas colocações somadas aos apontamentos da autora, acima, temos

um relato sobre as demandas que se impuseram à diretora de arte da Elle, Suzanne Sykes,

que atravessou mudanças não somente em sua carreira como também nos veículos em que

atuava. Ao chegar à Elle britânica, aproveitou o contexto do momento para implementar

inovações para a marca levando-a para a versão online - o que não parece ser algo fácil já

que estamos tratando de um produto que atravessa vários anos e tem uma imagem bastante

forte no mercado. Vejamos o que diz Zapaterra sobre a referida diretora de arte:

Suzanne Sykes é uma diretora de arte britânica conhecida por seu trabalho em reinventar revistas de moda. Ela foi a designer de lançamento da Marie Claire britânica em 1989, com a editora Glenda Bailey. Seus vários prêmios de design da D&AD vieram por seu trabalho em Grazia, que pegou a estética de moda glamourosa mensal e a traduziu para uma fórmula semanal acelerada, cheia de novidades.

Depois de uma temporada em Nova Iorque como diretora de arte da Marie Claire Estados Unidos (2007 a 2012) Suzanne encarou um redesign ambicioso da Elle britânica, que teve seu auge nos anos 80, dominados por supermodelos. Sykes reconheceu a necessidade de responder a um público em transformação, agora menos propenso a comprar revistas, mas ávido por usar as mídias sociais para obter conselhos de moda. Com o diretor de arte Mark Leeds, ela criou uma versão on-line e uma impressa da publicação que ligava diretamente ambas as plataformas - ao contrário da concorrência, o que produziu versões irmãs a partir do título mestre impresso.

Falando sobre impressão digital, em março de 2013 ela disse: “A impressão é a marca do herói. Montamos nossa barraca no formato impresso, encaminhando os leitores para a arena digital”. Em 2013, Elle vendeu 177.094 cópias em papel; o público do site foi de 450.000 usuários individuais por mês. Elle foi a primeira revista britânica feminina a ter 1,13 milhão de seguidores no Facebook. Sykes diz que, com a editora Lorraine Candy, ela está “visando que o leitor seja capaz de comprar diretamente da página” (ZAPPATERRA, 2014, p. 225).

A habilidade da editora de arte em perceber o momento de migrar para plataformas

digitais, utilizando as redes sociais para a circulação dos conteúdos e angariar seguidores

para a Elle estabeleceu um link entre as edições impressa e digital - para vários dispositivos -

mostrando que o prestígio da revista se ampliou no universo online.

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FIGURA 123 - A expansão da marca Elle por meio do design de Suzanne Sykes.

Fonte: ZAPPATERRA, 2013, p. 225.

O design de Suzanne segue a marca-mãe, mas se expande para a versão na forma de aplicativo: (<http://elle.com>). Aqui, a modelo de capa Rosie Huntington aparece em um vídeo na ElleTV, dando ao leitor uma variedade de maneiras de explorar e compartilhar conteúdo.

No Brasil a Editora Abril, pelas mãos de Roberto Civita, foi a responsável por trazer

a Elle para nosso país, compondo e expandindo o portfólio de títulos da Editora, conforme é

citado na biografia de Civita, escrita por Carlos Maranhão (2016). É num contexto político,

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permeado por um avanço econômico que a família Civita vive, que a Abril investe na

criação de edições nacionais de revistas cujos alguns assuntos ainda não estavam cobertos

pela imprensa.

Foi com esse intuito que a Editora Abril, desde os idos de 1960, estabeleceu a

estratégia, segundo Maranhão, de “basear-se em fórmulas editoriais, comerciais e

publicitárias testadas e vitoriosas nos Estados Unidos ou na Europa”. Já uma outra estratégia

seria de “obter o licenciamento de produtos consagrados, com o pagamento de royalties,

entre eles Playboy, Elle e Cosmopolitan” (2016, p. 81).

Considerando o porquê e a atenção que a Editora Abril deu à Elle no momento de

negociar e trazê-la para o nosso país, devemos atentar para a presença forte,

economicamente, do veículo em termos de expansão internacional e dos números que a

apontavam como produto editorial com força mercadológica.

Nos idos dos anos 80, quando Elle efetivamente chega ao Brasil, passávamos pelo

fim da ditadura política e com uma economia marcada por uma profunda crise econômica,

levando muitos a chamar a época de “a década perdida”. Conforme cita o texto de Gilberto

Marangoni, na revista de informações e debates do IPEA (Instituto de Economia Aplicada):

Os anos 1980, na América Latina, ficaram conhecidos como “a década perdida”, no âmbito da economia. Das taxas de crescimento do PIB à aceleração da inflação, passando pela produção industrial, poder de compra dos salários, nível de emprego, balanço de pagamentos e inúmeros outros indicadores, o resultado do período é medíocre. No Brasil, a desaceleração representou uma queda vertiginosa nas médias históricas de crescimento dos cinquenta anos anteriores.

Mas, sob o ponto de vista político, aquela foi literalmente uma década ganha. Não apenas se formaram e se firmaram inúmeras entidades e partidos populares – fruto das maiores mobilizações sociais de toda a história brasileira -, como se abriu uma nova fase histórica para o país, através do fim da ditadura e da promulgação da Constituição de 1988 (MARANGONI, 2012117).

Assim, Maranhão cita em seu livro sobre a vinda de Elle, que mais garantiu prestígio

à Editora Abril na época em que aqui foi lançada do que efetivamente lucros. Diz o autor:

Dentro de sua estratégia de se associar a grandes editoras internacionais, Roberto (Civita) acompanhou de perto o lançamento de duas (revistas) mensais que teriam

117 Disponível em: http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2759:catid=28&Itemid=23. Acesso em 02 fev. 2017.

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uma longa existência pela frente: Elle e Superinteressante. A Elle surgiu em parceria com a editora francesa Hachette. Do segmento sofisticado do mundo da moda, daria prestígio à Abril, mas pouco dinheiro. Na verdade, traria prejuízos na maior parte do tempo.

Cada um desses filhotes veio à luz por ter sido gerado pela percepção dos editores de uma determinada área coberta pela revista - decoração, moda e culinária, para lembrar novamente o exemplo de Claudia - despertava interesse nos leitores (e nos anunciantes) a ponto de justificar a concepção de mais um título voltado exclusivamente para esse segmento. Algumas revistas não sobreviveram. Outras viriam a caminhar sozinhas e cresceriam. Nenhuma, porém, alcançou o êxito da Veja São Paulo (MARANHÃO, 2016, p. 304).

No ambiente internacional, que também atingia nosso país, propagando informações

que afetavam nosso modo de pensar e também de vestir, as mudanças em termos de estilo e

moda ocorriam. As mulheres estavam assumindo um papel mais autônomo na sociedade.

Numa dada época em que Elle chega ao Brasil, os “Anos 80”, traziam, segundo Thassiana

Barbosa (2015, p. 3):

A moda da década de 80 é definida e reconhecida pela exuberância, ostentação e extravagância no modo de vestir. Tudo era demasiadamente colorido, brilhante e reluzente: quanto mais paetês, lantejoulas e cores neon [...] esta nova mulher, que contrapõem os ideais vigentes das décadas anteriores, busca demonstrar sua autossuficiência por meio de um corpo magérrimo e altamente definido, conquistado com exercícios e dietas que influenciavam seu dia-a-dia e sua forma de vestir. [...] Um exemplo que demonstra a exuberância e o poder propostos neste período, é a cantora Madonna, que eu aparecer com os cabelos descoloridos, maquiagem agressiva, roupas sensuais insinuantes, mostra que a mulher é dotada de opiniões e comportamentos bem definidos, não dependendo mais da permissão ou aprovação do outro para ser quem quiser (BARBOSA, 2015, pp. 3-4).

3.1 Os números de Elle

Os números que o Elle International Network informa na última atualização de seu

site (dados de 2015) são expressivos, devido à cobertura que a revista ocupa em vários

países - e que possui importância para nosso estudo já que a Elle Brasil respeita e segue o

padrão mundial da publicação. A revista é competitiva já que não reduz o ritmo de seus

investimentos e ajustes editoriais para manter-se atuante - basta analisarmos suas investidas,

junto aos leitores na própria versão impressa, que os direciona para o ambiente digital, assim

também como a expansão da marca, que vemos na figura posterior, com informações

também trazidas do site.

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FIGURA 124 - Números de Elle no mundo.

46 edições Mais de 100 suplementos e 49 spin-offs118

21.000.000 de leitores 600 números publicados em 2015

Circulação mensal mundial de 6.560.000 cópias vendidas

160.237 páginas em 2015 a partir das quais

49.095 páginas de publicidade e 111.142 páginas editoriais

Fonte: adaptado do site Elle International Network, 2017119. Tradução nossa.

A seguir apresentamos os dados da revista impressa e, em seguida, os dados da

presença digital de Elle no mundo.

FIGURA 125 - Números mundiais para a versão impressa de Elle.

Fonte: site Elle International Network, 2017120.

118 Spin-off: também chamado de derivagem, é um termo utilizado para designar aquilo que foi derivado de algo já desenvolvido ou pesquisado anteriormente. É utilizado em diversas áreas, como em negócios, na mídia, em tecnologia etc. Disponível em https://www.significados.com.br/spin-off/. Acesso em 25 mai 2017. 119 Disponível em: http://ellearoundtheworld.com/. Acesso em 22 fev. 2017. 120 Disponível em: http://ellearoundtheworld.com/. Acesso em 24 fev. 2017.

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Pudemos ver que Elle possui 46 edições no mundo e mais de 200 suplementos e spin-

offs. Soma-se ao elenco um número de 25 edições dedicadas à decoração, 6 edições voltadas

à gastronomia, duas edições para garotas e três edições voltadas exclusivamente a homens.

Assim, a Elle no mundo congrega uma soma de 9.600.000 revistas com 33 milhões de

leitores.

E, para concluir a explanação com dados em números sobre a expressividade da Elle,

apresentamos os números impactantes de alto alcance no ambiente digital, principalmente

pelo número de aplicativos vinculados à marca, tanto para tablets quanto para smartphones.

São 86 aplicativos para tablets, sendo 46 emags, ou seja, a presença da revista online (o total

das edições internacionais estão presentes online) somando-se a 40 aplicativos, todos

voltados para tablets. Além disso, temos o conteúdo voltado para smartphones: há mais 60

aplicativos para mobile, sendo que destes 30 são otimizações dos próprios sites de Elle com

mais 30 aplicativos específicos para mobile.

FIGURA 126 - Números mundiais para a versão digital de Elle.

Fonte: site Elle International Network, 2017121.

3.2 O mercado de Elle no Brasil

Na contemporaneidade, o público de Elle no Brasil converge com uma sociedade de

consumo, na qual as mulheres avançam, mas ainda estão divididas entre o mundo privado e

público, entre o doméstico e profissional (LIPOVETISKY, 2000). Conforme revela Roberta

121 Disponível em: http://ellearoundtheworld.com/. Acesso em 24 fev. 2017.

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Queiróz, para a revista Meio Digital (2008), as buscas e a orientação destas mulheres em

relação ao uso da internet estão ligadas ao seu cotidiano:

Mais do que ter conhecimento tecnológico, elas buscam facilidades para seu dia-a-dia, informações e serviços que as ajudam nas tarefas domésticas, como mães, como profissionais e, claro, como mulheres. Elas querem comprar, se atualizar, trocar experiências, falar e serem ouvidas (QUEIRÓZ, 2008, p. 27).

Para o mercado, a revista Elle apresenta o seu Midia-Kit, disponibilizado pela

Editora Abril no site. A oferta da revista é referida (também pela Elle internacional) como

plataformas (que são as formas da revista acontecer para seu público-alvo). O elenco que

compõe a plataforma nacional possui: revista impressa, aplicativos, revista digital (tablet e

smartphone), eventos, redes sociais e coleções. Vejamos a seguir a apresentação da Elle

Brasil.

FIGURA 127 - Dados comerciais de Elle (I).

Fonte: Mídia-Kit da Elle Brasil, 2014122.

122 Disponível em: http://publiabril.abril.com.br/marcas/elle. Acesso em 24 fev. 2017.

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FIGURA 128 - Dados comerciais de Elle (II).

Fonte: Mídia-Kit da Elle Brasil, 2014123.

Nas primeiras referências relacionadas aos dados comerciais da revista Elle Brasil,

apresentadas em seu Mídia-Kit, podemos verificar a importância dada ao posicionamento de

sua marca. O posicionamento é relevante a para que o produto tenha sua identidade

diferenciada em relação à concorrência. O posicionamento também auxilia na revelação dos

objetivos aos quais o produto se propõe. No caso da revista Elle Brasil, o posicionamento,

não somente no conteúdo como também no seu projeto gráfico, que é uma âncora para

diferenciá-la de todos os outros veículos.

Elle Brasil, conforme figura 127, se coloca à frente quando diz que aposta no novo.

Podemos confirmar isto na figura 128, quando ela informa, no último tópico, que foi a

primeira revista a criar um aplicativo de realidade aumentada. É uma revista que mantém

conexão permanente com o público no intervalo de cada edição impressa, que é quando este

leitor pode acessar seu conteúdo todos os dias, a qualquer momento - seja via aplicativos,

seja via redes sociais ou acessando a edição impressa na versão digital, disponível no portal

M de Mulher da Editora Abril.

123 Disponível em: http://publiabril.abril.com.br/marcas/elle. Acesso em 24 fev. 2017.

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229

FIGURA 129 - Leitor: comportamento, classe social e faixa etária da Elle Brasil.

Fonte: Mídia-Kit da Elle Brasil, 2014124.

O comportamento, a classe social e a faixa etária dos leitores da Elle Brasil

resumem-se principalmente naqueles que estão posicionados como classe alta, ou seja,

classe AB. O percentual é expressivo (83%). Podemos dizer que é um público jovem adulto,

pois 56% deste público tem até 29 anos de idade. Assim Elle, no Brasil, define-se como um

veículo voltado a leitores antenados com a realidade.

124 Disponível em: http://publiabril.abril.com.br/marcas/elle. Acesso em 24 fev. 2017.

Page 49: 182 Ao falar sobre as fontes, JiEun Kim, a designer da ...tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1764/3... · Genro Filho, que no livro O Segredo da Pirâmide, apresenta o jornalismo

230

FIGURA 130 - Dados atuais sobre audiência da Elle Brasil (impressa e digital).

Fonte: site PubliAbril, - Marcas e Plataformas Elle, 2017125.

Este quadro específico sobre a audiência da Elle Brasil permite ter uma visão ampla

do alcance da revista em termos de número de leitores como também aos acessos que ela

possui em seu site. Com um total de 9.913.000 de páginas visitadas em seu site onde

5.206.142 visitantes são únicos e ali permanecem numa média de tempo de dois minutos e

32 segundos, podemos considerar que o acesso ao conteúdo digital da Elle Brasil é

significativo.

Devemos lembrar também que isto faz com que haja uma dedicação da equipe da

revista durante todos os sete dias semana, para a produção e atualização de conteúdo, mas

considera-se que deve ser um ótimo recurso a presença frequente online, pois isto permite o

relacionamento com seu público aquecido - já que a versão impressa tem periodicidade

mensal - e também pode motivá-lo a interagir com o meio, o que é uma oferta característica

dos veículos quando em plataformas online. Portanto os cuidados com a identidade visual da

revista têm aí um argumento forte para que a mesma se mantenha fiel ao projeto gráfico

também na versão digital e em todos os dias do mês, considerando todas as horas de cada

dia. Assim, a Elle Brasil poderá garantir presença constante junto àqueles que estão

interessados em mantê-la como revista de referência.

Nota-se, ao comparar a conduta da Elle em nosso país, que a mesma segue a Elle

internacional e que, como um todo, a revista conduz seus esforços para, como já

125 Disponível em: http://publiabril.abril.com.br/marcas/elle. Acesso em 24 fev. 2017.

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231

comentamos anteriormente, estar presente junto ao público em todas as oportunidades

possíveis, basta ver sua abrangência. A seguir, apresentamos o elenco da plataforma Elle

internacional (o que é chamado de Global Brand). Ao compararmos com a Elle Brasil

vemos que ainda há formas não exploradas pela Elle Brasil como e-commerce, TV, outras

publicações e licenciamento de marca, mas os demais elementos que compõe a Global

Brand de Elle já ocorrem no Brasil: há pouco tempo tivemos a Elle e a C&A (cadeia

internacional de lojas de vestuário com presença no Brasil) em promoção conjunta, também

temos a presença da revista em aplicações para iPad e mobile, há os eventos que Elle

participa e organiza. Vejamos:

FIGURA 131 - Global Brand Elle.

Fonte: site Elle International Network, 2017126.

3.3 Elle versão digital

A ampliação da presença da revista Elle em diferentes locais mostra que há uma

estratégia complexa e bem controlada de sua marca e do conteúdo que produz enquanto

comunicadora de conteúdo referente à moda e estilo de vida. É uma rede de transmissão de

126 Disponível em: http://ellearoundtheworld.com/. Acesso em 24 fev. 2017.

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informações dinâmica e que não deixa a revista impressa de lado, pelo contrário, mantém a

conexão entre todo o elenco da plataforma Elle em sintonia. A revista impressa faz pontes

com outras plataformas onde o conteúdo editorial e a identidade visual estão expostos.

Conforme Suzana Barbosa, em sua entrevista:

A revista tem hoje a preocupação de também poder oferecer o seu conteúdo, produto, e também estar presente em outras plataformas porque a revista Elle, falando especificamente, assim como outras revistas semanais e mensais de moda, com as suas especificidades temáticas e distintas, estão e têm buscado fazer a adequação a uma outra realidade - e isto já fazem alguns anos - o digital. Digital no sentido de que primeiro, com a web se tinha uma disponibilidade, uma possibilidade a mais de veiculação, isto é, disponibilizar também na plataforma web o mesmo produto, exatamente o mesmo. Depois houve muito aprendizado e obviamente foi uma caminhada tão rápida passar a ter produtos com este outro olhar para a internet. Não estou falando que o impresso perdeu a sua importância. Eu jamais diria isso.

O que é importante? Quando a gente fala de convergência jornalística a ideia é justamente que uma empresa jornalística, uma organização jornalística, tem que pensar bem no seu produto, o seu produto estar circulando em várias plataformas. Não dá para ele ficar restrito apenas à forma impressa porque ele tem um público específico que gosta do impresso e outro que não vai consumir o impresso ou vai, principalmente, para o tablet (e o tablet acabou sendo um dispositivo que muitas revistas aderiram porque consideraram um dispositivo por ser o tipo de produto sofisticado com uma tela maior (BARBOSA, 2017).

Para ilustrar os vínculos dos formatos diferentes, apresentamos a seguir as ações da

revista Elle Brasil no sentido de direcionar o leitor a interagir com os formatos diferentes

para ampliar a experiência da notícia. Ao analisar a edição de fevereiro/2017 da revista Elle

Brasil, encontramos mais uma vez, em diferentes páginas, os avisos e instruções para que o

leitor possa acessar o conteúdo digital. Ao testar estas conexões, nota-se que a expansão da

notícia realmente acontece e que a identidade visual de Elle nunca deixa de estar presente.

Os leitores são conduzidos aos dois ambientes ao mesmo tempo ao invés de ficar apenas em

um. É uma estratégia ousada e que requer recursos - como a programação de TI e também a

certeza de servidores com capacidade para conter a demanda de acessos virtuais, entre

outros elementos que compõem esta infraestrutura - mas que mantém a revista unindo e

tornando dependentes um ambiente do outro, o físico e o digital, para que o leitor fique mais

satisfeito ainda.

Porém, antes, vale-nos os comentários de Zappaterra, que aborda a questão do

mercado influenciar o conteúdo e a forma como ele transita entre os participantes do

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processo comunicacional da revista com seus leitores. O exemplo da revista americana Real

Simple, citado pela autora, vai ao encontro com as ações de Elle, ou seja: vincular

fortemente um ambiente ao outro.

Na publicação de revistas, o tipo de mercado dita o conteúdo e o modo de envio. No editorial de moda, as edições impressas ainda abrigam anúncios em papel brilhante e defendem valores de produção elevados, mas os sites correspondentes oferecem um conteúdo aprimorado com imagens animadas e ofertas exclusivas para seus leitores. Na linha estilo de vida, como a Real Simple, nos EUA, o conteúdo da revista alimenta o site e este, por sua vez, apresenta aos leitores a versão impressa e atrai assinantes (ZAPPATERRA, 2013, p. 36).

Pensar novos padrões é alargar as possibilidades de perenidade de um conceito de

revista que até então parecia-nos feito apenas para o impresso. Convergir as plataformas

obtendo um efeito de complementaridade e troca de conteúdos e experiências de leitura com

o meio tem agregado valor à marca Elle. Isto corrobora com o que diz Longhi (2009)

quando trata da remediação para modelos de mídia diferentes, aproveitando “as

possibilidades de convergência de linguagens própria do meio digital” e também propondo

“fusões conceituais que resultam em formas inovadoras de informação” (LONGHI, 2009).

Neste trânsito entre meios, ocorrem remediações e midiamorfoses pela presença de

Elle nas diferentes plataformas. Nos dispositivos móveis vê-se a integração, com

sobreposições de formas e conteúdos e inovações constantes. As necessidades do próprio

veículo em manter-se junto a seus públicos, interagindo com o mesmo, a impulsiona a

experimentar novos formatos de apresentação de conteúdo (por exemplo, pequenos vídeos

em tempo real, no Facebook, quando a Elle transmite trechos de eventos internacionais,

como desfiles de grandes grifes da moda).

A revista permanece atenta às tendências da comunicação notando-se sua atenção não

somente para o como vai ser seu conteúdo disponibilizado, mas também o conteúdo

noticioso e publicitário existente nela. A seguir, exemplos da convergência na oferta da Elle

ao leitor:

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FIGURA 132 - Revista Elle Brasil - Seção Elle Online.

Fonte: Elle Brasil, edição de fevereiro 2017. Foto da autora, 2017.

A figura anterior, apresenta página interna de Elle Brasil onde o layout reproduz uma

tela de computador desktop. A seção chama-se Elle Online.

FIGURA 133 - Revista Elle Brasil - Mobile View (MV).

Fonte: Elle Brasil, edição de fevereiro 2017. Foto da autora, 2017.

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Na Figura 133 há um convite aos leitores para acessar o Mobile View (MV), onde o

leitor tem a possibilidade de acessar conteúdos exclusivos disponibilizados online para

tablets e smartphones.

FIGURA 134 - Elle Brasil e matéria com Mobile View (MV).

Fonte: Elle Brasil, edição de fevereiro 2017. Foto da autora, 2017.

Sobre a foto da matéria, na Figura 134, a revista induz os leitores a utilizar o

aplicativo Mobile View (MV) e ampliar o conhecimento do conteúdo, o qual promete

estender-se no ambiente online.

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FIGURA 135 - Instruções para utilizar o Mobile View (MV).

Fonte: Elle Brasil, edição de fevereiro 2017. Foto da autora, 2017.

Na mesma edição da revista, na Figura 135, mais uma vez encontramos, de forma

diferente e tomando espaço considerável em uma de suas páginas internas, as instruções para

utilizar o Mobile View (MV).

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FIGURA 136 - Aplicativo para acesso à Elle Brasil e Elle Brasil nas redes sociais.

Fonte: Elle Brasil, edição de fevereiro 2017. Foto da autora, 2017.

Por fim, na Figura 136, o convite específico da Elle Brasil para que os leitores

tenham acesso ao seu exclusivo aplicativo e também para que sigam a revista nas redes

sociais.

Quanto à tipografia no ambiente digital, precisamos destacar a presença forte da

tipografia na capa de Elle, que valoriza a identidade visual e comunica que aquele conteúdo

tem origem naquela revista, dando autenticidade e valor ao conteúdo presente. Conforme

Suzana Barbosa (informação verbal), sobre identidade visual:

É óbvio que se eu tenho um produto impresso e se ele tem uma marca, eu vou querer o máximo possível manter uma identidade. [...] Mas a preocupação principal é a identidade visual: onde quer que eu esteja, em qualquer plataforma, eu vou reconhecer onde eu estou, qual site é e, obviamente, isso é pela marca. É a marca e qual a identidade visual e gráfica que eu tenho. As cores, tudo isso. Então, em geral, os sites que estão relacionadas a uma marca existente no impresso, ou na TV ou vice-versa, sempre vão manter a sua identidade visual [...] outros produtos que só existem no digital vão tratar disso de outro modo, mas do mesmo jeito vão assegurar o que que eles querem que eu veja: que eu olhe e eu identifique aquela marca - como Coca-Cola em qualquer país do mundo, é a mesma forma (BARBOSA, 2017).

Como já foi mencionado, a capa é objeto da realidade da revista seja este na versão

impressa, seja este na versão digital, mas, principalmente, na memória emocional de seus

leitores - o que faz dela necessária para que o público a reencontre a cada nova edição, cada

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post feito em redes sociais, cada análise de tendências de moda que venha a oferecer

cotidianamente durante uma nova estação. As condições tecnológicas que levam a estas

ações são condições convenientes e pertinentes à manutenção da identidade da revista com a

mesma qualidade que sempre foi encontrada nos meios impressos, ou seja: os critérios de

usabilidade, acessibilidade e legibilidade (principalmente esta última).

Conforme a colocação de Guimarães (2008), quando traz McLuhan ao considerar as

relações referentes ao corpo expandido, ou seja, artefatos tecnológicos que são como uma

extensão, uma parte destacada de nosso próprio corpo - e que podem alterar a percepção

humana e a relação entre nós.

O ser humano é o único que consegue se apoderar das conexões lógicas existentes entre os objetos e os fatos da realidade e transferi-las, por invenção e construção, para outros objetos. A técnica é um modo de ser, está identificada com o movimento pelo qual o homem realiza sua posição no mundo, transformando este de acordo com o projeto que dele faz. A atividade instrumental foi voltada para a superação de desvantagens morfológicas do humano, ao buscar converter as contingências randômicas e potencialmente perigosas do ambiente em um mundo objetivo de coisas e acontecimentos previsíveis e controláveis. Ao fazê-lo, a mudança técnica não terá apenas os hábitos da vida, mas também as estruturas de pensamento e dos valores humanos (GUIMARÃES, 2008, p. 23).

3.4 A tipografia utilizada nas capas de Elle

Para iniciarmos nossa análise no ambiente digital, devemos apontar a tipografia que a

revista Elle Brasil possui em suas capas. Abaixo, segue a capa de uma das edições da revista

e as fontes utilizadas no logotipo e também nas chamadas para que possamos acompanhar a

performance de cada uma delas.

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FIGURA 137 - Capa da Elle Brasil (também presente na versão digital) e a presença

das fontes tipográficas.

Fonte: capa da Elle Brasil, edição nº 344, publicada em janeiro de 2017127.

É importante comentar que as fontes presentes na capa acima têm redesenhos sobre

sua origem, ou seja, houve ajustes sobre a fonte original, atendendo os objetivos do designer

127 Disponível em: http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=46183debd501f902a52187cac3dd76d2. Acesso em 28 mai. 2017.

Didot Condensed Bold

Garamond

Condensed Italic

Futura Light

Condensed

Bold

Futura

Condensed

Futura Medium

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responsável, mas mesmo assim percebem-se as características de cada uma delas, pois há

variações, derivações a partir da origem, do histórico.

Também é importante comentar que o logotipo da Elle é baseado na fonte Didot (a

primeira do elenco de fontes que apresentamos a seguir), com as devidas alterações e ajustes

que as fontes permitem aos designers gráficos para que possam atender às suas expectativas

no que se refere tanto à criação em si como também a adequações mediante fatores

relacionados à produção gráfica e aprovações, ou não, do cliente ou superior.

Há uma mescla de fontes no projeto gráfico da revista Elle Brasil, estas mesmas

fontes são usadas ao largo das páginas internas, compondo a identidade visual da revista.

Nitidamente na capa percebe-se o aproveitamento de Didot, Garamond e Futura como base

de sua tipografia, assim como a larga utilização das famílias destas fontes - começando pelo

logotipo da revista (Didot) até as chamadas de capa (mescla de Didot, Garamond, Futura...).

As decorrências são, principalmente, o trabalho com as variações entre caixa-alta e baixa,

itálico e normal e também entre bold e normal.

Temos a Didot como uma fonte tradicional, assim como a Garamond, clássicas, que

trazem elegância e também temos a Futura, que é moderna e vem a contrastar com a

tradição das anteriores. Assim o projeto gráfico ganha valor na utilização destas variações

nas chamadas de capa, juntamente com elementos como as cores e as imagens (fotografia)

que garantem características exclusivas à identidade visual da revista. A tipografia na capa

de Elle Brasil soma ao veículo um potencial de atração para que a mesma permaneça

diferenciada, sem prejudicar a leitura e a mantenha pertinente ao segmento que a revista

atua: feminino, com foco em moda e estilo.

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241

FIGURA 138 - Tipografia utilizada como base para o logotipo de Elle (Didot

Condensed Bold).

FIGURA 139 - Tipografia utilizada nas chamadas de capa de Elle (Didot Bold).

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FIGURA 140 - Tipografia utilizada nas chamadas de capa de Elle (Didot Italic).

FIGURA 141 - Tipografia utilizada nas chamadas de capa de Elle (Garamond).

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FIGURA 142 - Tipografia utilizada nas chamadas de capa de Elle (Garamond Italic).

FIGURA 143 - Tipografia utilizada nas chamadas de capa de Elle (Garamond

Condensed).

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FIGURA 144 - Tipografia utilizada nas chamadas de capa de Elle (Garamond

Condensed Italic).

FIGURA 145 - Tipografia utilizada nas chamadas de capa de Elle (Futura Light).

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FIGURA 146 - Tipografia utilizada nas chamadas de capa de Elle (Futura Extra Bold).

FIGURA 147 - Tipografia utilizada nas chamadas de capa de Elle (Futura Medium).

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FIGURA 148 - Tipografia utilizada nas chamadas de capa de Elle (Futura Condensed).

Conforme comentamos anteriormente, existe uma série de usos e aplicações comuns

aos designers em relação às fontes que utilizam. Isto acabou tornando-se como que um

elenco de regras ou mandamentos - conforme tratamos em capítulo anterior - os quais

orientam a boa utilização das fontes de acordo com os objetivos dos projetos gráficos.

A escolha das fontes acima para o projeto gráfico da revista Elle atende a boa

visualização e consequentemente ao entendimento da mensagem que o texto, em sua capa,

traz. Existe uma adequação destas fontes não somente à criatividade do layout da revista -

que procura ser diferenciado em relação à concorrência - mas também a efetividade da

leitura da mensagem vinda por meio dos textos que estas fontes carregaram em si e, ainda,

cumprindo o papel de tornarem-se agentes disponíveis a manter a identidade visual do

veículo de comunicação.

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247

Capítulo V - TIPOGRAFIA: PERFORMANCE NOS FORMATOS

IMPRESSO E DIGITAL

A tipografia, objeto de estudos do nosso trabalho científico, permite-nos perceber

qual tamanho é o seu alcance e perenidade ao longo dos consideráveis avanços que a

humanidade vem traçando em sua história. Consequente das necessidades da leitura das

letras escritas, a tipografia demonstra sua utilidade nas comunicações, no cotidiano dos

processos comunicacionais, seja em meios impressos ou meios digitais. Analisando as

alternativas mais modernas para que o homem possa interagir com tais conteúdos, a

tipografia adequa-se às novas tecnologias e caracteriza-se como performática no sentido de

que procura atuar e desempenhar, por exemplo, uma de suas funções naturais: auxiliar a

leitura.

Do elenco dos meios de comunicação nacionais sobre os quais poderíamos optar para

ser aquele sobre o qual trabalharíamos nossas análises, a revista foi escolhida porque se trata

de um veículo que necessita de contemplação do leitor, ou seja, não se trata apenas de uma

relação instrumental no sentido de conhecer as principais manchetes do dia, mas de apreciar

a riqueza de cores, imagens e texto da capa ao conteúdo, que destacam os principais temas

em um determinado período de tempo. Dentre as revistas, escolhemos a Elle Brasil, pelo

impacto, longevidade e a trajetória da publicação, sendo referência em revista feminina

especializada em moda no mundo e particularmente no Brasil.

1. Percurso metodológico

Nosso percurso baseia-se em conceitos de estudo de caso sobre a aplicação da

tipografia nas capas de revistas, propriamente a revista Elle Brasil, quando presente em

plataformas digitais. No âmbito da comunicação temos a comunicação visual e no contexto

da comunicação visual, temos a tipografia como um dos elementos que estão à disposição

para que, visualmente, a comunicação possa ocorrer, apesar de haver outros elementos como

a forma, a cor, a ilustração, a fotografia etc.

A presença tipográfica na revista Elle Brasil ocorria somente na forma impressa até

idos dos anos 2000. A partir deste período, a revista Elle Brasil passa a ser oferecida para o

público via internet e, então, tivemos a tipografia levada a outro ambiente - o digital -

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acompanhando a evolução e expansão da revista. Esta necessidade de adequação da

tipografia original de Elle utilizada em seu projeto gráfico, a colocou em análise para que

fosse verificada a sua qualidade também no ambiente digital, considerando a capa da revista

- com seu logotipo e suas chamadas de capa. Por analogia, e considerados os devidos

ambientes (físico e digital), a presença da capa da revista também possui grande importância

para os veículos digitais: identidade e porta de entrada para que o leitor a encontre e

desfrute de seu conteúdo.

1.1. O estudo

A cada dia mais as opções em formatos e formas de se apresentar na internet crescem

e são disponibilizadas para os usuários de dispositivos móveis. Considerando a evolução

tecnológica como cenário recorrente para a adaptação das mídias em todos os novos

modelos que existam ou que sejam criados, a tipografia acompanha os veículos de

comunicação nesta transição, mesmo que careça de adaptações para manter a mesma

identidade das formas apresentadas off-line - no caso da revista Elle Brasil, seria a sua

versão original impressa.

Tendo em vista que o veículo está presente em outras plataformas, observamos tal

fenômeno no âmbito da comunicação social e temos, como objetivo geral de nossa pesquisa

investigar como os elementos tipográficos presentes na versão impressa da capa da

revista Elle Brasil se apresentam no ambiente digital por meio dos dispositivos

utilizados pela revista para apresentar-se em desktop, notebook, tablet e smartphone,

tendo em vista as características desses novos suportes, a necessidade de se estabelecer

uma comunicação visual satisfatória e a manutenção da identidade visual do veículo.

Os objetivos secundários que se pretende atingir com nosso estudo são:

Apresentar as características da tipografia e sua evolução na plataforma digital;

Estabelecer a forma de utilizar os critérios (legibilidade e usabilidade) para analisar a

tipografia no ambiente digital;

Elencar fatores positivos e negativos da tipografia quando levada do ambiente físico

para o ambiente digital;

Identificar as diferenças de adaptação da capa em diversos suportes;

Refletir sobre o papel da tipografia no ambiente digital.

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Devido ao advento da Internet - tendo início efetivo para os meios de comunicação

em meados dos anos 90 e que é uma parte de todo este processo que promove a digitalização

da produção e difusão, conjuntamente com o crescimento da oferta de equipamentos

(computadores etc.) - há de se ponderar que deve haver impacto visual tanto na capa da

revista impressa quanto na versão digital - fato que não se pode considerar “natural”, já que

deve haver um elenco de condições presentes para a criação e produção, mediante os

processos de impressão para o formato impresso que não são os mesmos para a versão

digital e vice-versa - é neste ponto que então buscamos um meio de comunicação específico

(revista) e um veículo tradicional que atravessou décadas e permanece com sua versão

oferecida em bancas de jornal e por assinatura como também em versão digital: a revista

Elle, uma revista feminina de moda francesa publicada desde 1945, mas que em nosso país é

lançada somente em 1988, pelas mãos da Editora Abril e, a partir dos anos 2000 passa a ser

oferecida também na versão digital.

Para tanto a pergunta inicial que fazemos, ou seja, nossa pergunta-problema é: Como

se apresenta a performance da tipografia na capa da publicação na versão digital, para

atender satisfatoriamente os requisitos do controle da produção dos elementos visuais que

compõem as capas de revista nesse ambiente? Como a tipografia digital ali se comporta?

1.2. Perspectiva e procedimentos metodológicos

Nosso trabalho trata de um que possui características de análise morfológica, de

acordo com Marques de Melo em seu título Estudos de Jornalismo Comparado, embora nos

estudos de jornalismo digital não se mencione essa técnica. A maior parte dos estudiosos na

área fazem análises descritivas sobre o jornalismo na internet, por meio de categorias, assim

como este estudo, tendo em vista as características do suporte. Dessa forma, nesta tese, nos

inspiramos em Marques de Melo (1972), mas não consideramos, como o autor, que a análise

morfológica seria uma análise preliminar, mais superficial, na medida em que a tipografia no

meio digital interfere na leitura e compreensão dos conteúdos.

Enquadra-se em estudo qualitativo, exploratório e descritivo, com o uso de pesquisa

bibliográfica, análise de conteúdo das capas da revista Elle Brasil e entrevista

semiestruturada com pesquisadora científica que atualmente é expoente nos assuntos

relacionados a jornalismo digital de terceira geração e jornalismo convergente.

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Há vários autores que conceituam o que é um estudo exploratório e descritivo.

Optamos pelas considerações de Gil (2008) o qual descreve a pesquisa exploratória como

aquela que proporciona maior familiaridade com o problema e que pode envolver

levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas experientes no problema pesquisado.

Também geralmente assume a forma de pesquisa bibliográfica e estudo de caso, o que é a

realidade de nosso estudo. Quanto ao estudo de caso, o autor afirma que consiste no estudo

profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e

detalhado conhecimento.

Em nosso estudo escolhemos as capas da revista Elle Brasil, sendo que a amostra

estudada é intencional, ou seja, o foco principal da escolha é a tipografia e suas nuances. A

força da identidade visual nas capas de Elle Brasil por meio de seu projeto gráfico tem sido

mantida há muitos anos, em todas as edições publicadas em vários países - e na edição

brasileira não é diferente. A capa é considerada a porta de entrada do leitor, como já foi dito,

seja no ambiente físico ou no digital. As capas analisadas são originárias de 10 edições, as

quais estão dispostas na versão digital da revista. O detalhamento da amostra será feito mais

adiante, em tópico específico. A partir dessa escolha foi possível realizar as análises da

presença tipográfica nos dispositivos diferentes onde a mesma é oferecida atualmente

(desktops128, notebooks129, smartphones130 e tablets131). Na análise, foram consideradas as

alternativas de leitura e todos os equipamentos - fixos e móveis, estando conectados à

internet, para se observar a presença da Elle Brasil no ambiente digital.

Também apresentamos as características de cada dispositivo analisado, com suas

possibilidades e limitações. Destacamos que o smartphone, tornou-se o dispositivo com

maior uso entre os brasileiros para acesso à internet, conforme informa a 27ª Pesquisa Anual

de Administração e Uso da Tecnologia da Informação nas Empresas, realizada pela

Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), de 2016. Entre os dados da pesquisa, são

significativos os que seguem abaixo, mostrando a tendência de consumo de conteúdos:

128 Desktop: Computador de mesa. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=desktop. Acesso em 18 mar. 2017. 129 Notebook: Computador portátil, geralmente com pesos e dimensões de um livro de tamanho médio. 130 Smartphone: Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=smartphone. Acesso em 18 mar. 2017. 131 Tablet: Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=tablet. Acesso em 18 mar. 2017.

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O número de aparelhos smartphones em uso no Brasil chegará a 168 milhões em maio, de acordo com dados da 27ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas.

Segundo a pesquisa, a projeção é que, até 2018, o número de smartphones chegue a 236 milhões.

O estudo mostra ainda que há mais smartphones que computadores no país (notebooks, tablets e desktops). O número de computadores ficará, em maio, em 160 milhões.

Com a soma entre smarts e computadores, a densidade de disponíveis conectados à internet será de 1,6 aparelho para cada habitante no país.

Para efeito de comparação, há seis anos, o número era de um dispositivo para cada dois brasileiros.

Em 2018, a projeção de densidade de dispositivos conectados à internet será de dois por habitante, alcançando 416 milhões de aparelhos (FGV-SP, 2016)132.

No Capítulo 3 de nosso estudo, o qual refere-se à Tipografia Digital, tratamos das

propriedades das aplicações móveis com os autores Bernal (2002) e Lee (2005), quando

expõem no artigo científico “Comunicações móveis: tecnologias e aplicações” e

“Aplicações móveis: arquitetura, projeto e desenvolvimento”, respectivamente, o que

repetimos abaixo e que identificamos como alguns apontamentos importantes para essa nova

realidade:

Portabilidade: a capacidade de ser facilmente transportável. Há dois fatores

importantes que afetam a portabilidade de um dispositivo:

O tamanho do dispositivo e seus acessórios;

O peso do dispositivo e seus acessórios.

Usabilidade: deve ser utilizado por tipos de pessoas diferentes em diversos ambientes

e depende de fatores como:

Características do usuário: uma interação do usuário com um dispositivo

móvel depende, até certo ponto, de suas características pessoais.

Tamanho e força (alguns dispositivos são aconselhados para

crianças);

Flexibilidade e destreza;

Conhecimento e capacidade (dispositivos intuitivos). Ex.: tablet para

crianças - interface e formato adequado para mãos pequenas e de fácil

compreensão.

Características do ambiente: depende de que tipo de local ele será usado.

132 Disponível em: http://eaesp.fgvsp.br/ensinoeconhecimento/centros/cia/pesquisa. Acesso em 25 mai. 2017.

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Corporativo (escritórios, reuniões de negócios etc.);

Lazer (praia, clubes, shows musicais etc.);

Doméstico (rotinas do dia-a-dia, ajuda nas tarefas domésticas etc.).

Características do dispositivo: o formato do dispositivo, seus acessórios e

funcionamento interferem diretamente na usabilidade.

Tempo de inicialização;

Integridade dos dados;

Interface com o usuário (teclado, caneta stylus, mouse etc.);

Robustez/resistência.

Funcionalidade: as funcionalidades são implementadas na forma de aplicações e os

dispositivos têm múltiplas aplicações que rodam neles. As aplicações podem ser

divididas em duas categorias:

Independentes: executam sem contato com qualquer outro usuário ou sistema

(relógio, calculadora etc.);

Dependentes: precisam se conectar a outros usuários ou sistema (GPS,

correio eletrônico etc.).

Conectividade: mesmo que muitos dispositivos tenha a capacidade de usar

aplicações de forma independente, sua função primária é conectar pessoas e/ou

sistemas e transmitir e receber informações. Um dispositivo móvel opera em três

modos:

Sempre conectado;

Parcialmente conectado;

Nunca conectado.

Dente todas as características acima, em nosso estudo observamos principalmente a

portabilidade, a usabilidade, a funcionalidade e a conectividade. Todas as características

também são importantes para o acesso, visualização e manuseio considerando a presença

digital da tipografia na Elle Brasil quando online.

Na questão da portabilidade tanto o tamanho quanto o peso do dispositivo são

fatores que podem afetar a visita e permanência do público aos dispositivos aonde a Elle

Brasil é oferecida. Nas pesquisas apresentadas anteriormente, vemos que não somente o

conteúdo é acessado por meio de dispositivos diferentes - por mais que o tablet já tenha sido

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considerado ideal para revistas digitais mediante seu formato e o uso do recurso flip (virar

páginas com o toque e arrasto dos dedos sobre as telas).

Já na questão da usabilidade, todas as características descritas podem afetar a

interação do público com a revista online. Porém, o perfil do público da Elle Brasil tende a

corresponder de forma positiva não somente a possuir como também a manusear o

dispositivo com satisfação, desde que tenha motivação e interesse para tal pois a revista,

com oferta do conteúdo em todos os tipos de dispositivos que elencamos para nosso estudo

(desktop, notebook, tablet e smartphone) dedica-se a disponibilizar seu conteúdo de forma

que não haja conflitos para o acesso.

No que diz respeito à funcionalidade, também é uma característica que pode afetar a

interatividade para com a revista Elle Brasil, pois dos dois tipos que esta característica

apresenta (Independência e Dependência), é a Dependência que o leitor tem de se conectar a

um sistema - estamos considerando wi-fi um sistema, assim como o correio eletrônico - para

que o(s) dispositivo(s) possa corresponder às necessidades de funções que ele possa vir a

utilizar.

Por fim, a conectividade é uma característica importante pois independente da

necessidade ou desejo do leitor para acesso ao conteúdo da revista, o dispositivo pode estar

num dos três modos apresentados acima - sempre conectado, parcialmente conectado, nunca

conectado - que a revista tem condições de ser vista ou lida (ela permite que sejam feitos

downloads para que sejam vistos off-line).

2. Equipamentos utilizados para a análise de tipografia da Elle Brasil em diversos

suportes

Importante ainda ressaltar que apresentamos a seguir os equipamentos utilizados para

a realização dos registros das imagens, em razão de os mesmos serem de diferentes marcas.

A descrição dos equipamentos é importante para esclarecer por quais dispositivos a presença

das capas da Elle Brasil estiveram apresentadas. Sabemos que a qualidade dos equipamentos

pode influenciar na visualização do conteúdo, porém essa é uma condição que a equipe

editorial e de design deve considerar em produtos digitais.

Por isso, não tivemos qualquer intenção em escolher marcas específicas. Apenas

consideramos o tipo de dispositivo: computador desktop, notebook, tablet e smartphone. No

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momento do registro das imagens, todos estes dispositivos estavam conectados à internet,

com boa taxa de transmissão de dados e com a câmera fotográfica posicionada sobre tripé,

fixa, a uma distância média de 50 cm do conjunto de dispositivos. Também registramos aqui

que as imagens foram realizadas em ambiente interno, com apoio de luz elétrica e todas

realizadas no período noturno.

QUADRO 13 - Equipamentos utilizados para o registro de capas da Elle Brasil em

dispositivos para acesso à internet, meio digital.

EQUIPAMENTO TELA/LENTE PROCESSADOR MEMÓRIA

RAM MARCA MODELO

Câmera Fotográfica*

Lente Nikkor 42x Wide Optical Zoom ED VR 4.3 -180mm 1:3 - 5.9

--------------- ----------- Nikon Coolpix P510

Desktop

24 polegadas com resolução de 1900 x 1200 pixels

Intel Core i5 com 2,3 GHz 8GB Apple

MacMini OsX

Notebook 14 polegadas com resolução de 1366 x 768 pixels

Intel Core i5 com 1,8 GHz 6GB Dell

Inspiron 3241

Tablet 9,7 polegadas com 768 x 1024 pixels

Dual Core A5 com 16 GB 512MB Apple iPad 2

Smartphone 4 polegadas com 640 x 1136 pixels

Apple AC com 16 GB 1GB Apple

iPhone 5C

* Fotografamos com a máxima resolução do equipamento: 16,1 megapixels, em qualidade fine.

2.1 Modelo da ficha para avaliação de cada capa de revista

Conforme comentado, aqui apresentamos o modelo da ficha que será utilizado para

analisar cada capa da revista Elle Brasil. As categorias de análise serão detalhadas em tópico

específico neste capítulo.

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FIGURA 149 - Modelo de ficha para análise da capa da revista.

FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO:

MÊS/ANO:

IDENTIFICAÇÃO: (Reprodução da imagem da capa analisada) FATORES

DISPOSITIVOS DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE

LEGIBILIDADE/ LEITURABILIDADE

Movimento da

fonte

Tamanhos/Corpos

das fontes

Fontes com e sem

serifa

Uso de caixas alta

e baixa

Uso de itálico

Uso de bold

Alinhamento

Cor

Figura e fundo

Textura

USABILIDADE

Visibilidade

Feedback

Consistência

Affordance

Acessibilidade

Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).

Para as duas categorias de análise, Legibilidade/Leiturabilidade e Usabilidade, foram

usados os ícones Positivo: 😊, Negativo: ☹ e Neutro: (---). Quando estes ícones são

utilizados, representam que quando as 10 capas da revista Elle Brasil foram acessadas, cada

categoria e suas subcategorias foram analisadas pelo critério estabelecido para aquela

subcategoria, atendendo ou não as condições satisfatórias para a

Legibilidade/Leiturabilidade e a Usabilidade da tipografia presente na amostra.

No momento em que o ícone “Neutro” (---) é apontado, saiba-se que não houve ali

condição para julgamento e, portanto, não há implicações negativas para que a tipografia

seja utilizada. Porém, também não há nenhum aspecto que a faça distinta e de valor para ser

aplicada.

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2.2 Entrevista semiestruturada

Outra técnica de pesquisa utilizada foi a entrevista semiestruturada. Segundo

Triviños (1987), parte de questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que

interessam à pesquisa, oferecendo em seguida, amplo campo de interrogativas à medida que

são obtidas as respostas dos informantes. O roteiro da entrevista levou em consideração o

conhecimento e a experiência do entrevistado, sendo que as questões-tema foram

estruturadas com foco na busca de respostas/informações sobre 5 pontos principais: o

formato do meio revista no ambiente digital, a revista feminina, a revista Elle Brasil, a

comunicação visual, a tipografia nesta transição e a tecnologia presente nos dispositivos que

nos servem até o momento atual deste estudo.

Para as entrevistas prevíamos a participação de três profissionais, cada um em área

específica de atuação (pesquisador científico, designer gráfico da equipe de produção da

revista Elle Brasil e também a editora-chefe da Elle Brasil), todos com aderência ao

contexto de nosso estudo. Porém, apesar do aceite de todos em participar, a única entrevista

realizada, mesmo com alargamento de prazos e oferta para oferecer todas as condições aos

demais entrevistados com intenção de obter suas participações, foi a da pesquisadora

científica Profa. Dra. Suzana Barbosa diretora da Faculdade de Comunicação da

Universidade Federal da Bahia, quem vem apresentando produção relevante no campo do

jornalismo convergente e sua presença em plataformas 3.0 (dispositivos móveis),

particularmente sobre revistas em tablets. A docente atua junto ao Labcom - Laboratório de

Comunicação, da Universidade da Beira Interior, em Portugal, ao lado de Marcos

Palacios133.

Para tanto, a partir do momento que estabelecemos este plano, fizemos formalmente

o convite à entrevistada, que previamente recebeu todos os esclarecimentos sobre os

objetivos de nossa pesquisa, aceitando contribuir conosco, tomando consciência e assinatura,

inclusive, do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) da Universidade

Metodista de São Paulo.

133 Marcos Palacios atua na área de pesquisa e ensino da comunicação, com ênfase em Webjornalismo, Jornalismo Comparado e Novas Tecnologias de Comunicação. É professor titular e pesquisador da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente integra projeto internacional envolvendo a Universidad del Pais Vasco (Espanha) e a Universidade da Beira Interior (Portugal), para estudos comparativos do Jornalismo Contemporâneo. Co-criador dos grupos de pesquisa Ciberpesquisa (UFBA) e Grupo de Pesquisa em Jornalismo Online (GJOL), um dos grupos pioneiros do ciberjornalismo no Brasil (1995).

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Agendamos a entrevista via Skype134, conforme a disponibilidade da participante: A

entrevista foi realizada e gravada em áudio. Depois a transcrevemos para fins de análise e a

disponibilizamos no apêndice deste trabalho, estando ela disponível para consulta.

A análise da entrevista foi realizada por meio da sistematização dos tópicos, que

levou em consideração:

1 - As questões advindas do seu problema de pesquisa (o que ele indaga, o que quer saber); 2 - As formulações da abordagem conceitual que adota (gerando pólos específicos de interesse e interpretações possíveis para os dados); 3 - A própria realidade sob estudo (que exige um “espaço” para mostrar suas evidências e consistências) (BIASOLI-ALVES; DIAS DA SILVA,1992, s/n).

Dessa forma pudemos explorar os seguintes aspectos, a partir da sistematização dos

dados: 1) o formato do meio revista no ambiente digital, 2) a especialização no jornalismo;

3) a comunicação visual e a tipografia na transição entre impresso e digital; 4) a tecnologia

presente nos dispositivos móveis.

Conforme mencionam as autoras Biasoli-Alves e Dias da Silva (1992): “São fatos

inquestionáveis que as entrevistas semi-estruturadas em que o discurso dos sujeitos foi

gravado e transcrito na íntegra, produzem um volume imenso de dados que se acham

extremamente diversificados pelas peculiaridades da verbalização de cada um”.

2.3 Seleção das capas da Elle Brasil

A amostra que utilizamos em nosso estudo é uma amostra qualitativa, não

probabilística e intencional. Segundo Kirk e Miller (1986), a pesquisa qualitativa identifica a

presença ou ausência de algo (que tipo de coisa e o que a qualifica), opondo-se à pesquisa

quantitativa, que envolve a medição do grau em que determinada coisa se apresenta e

complementam: “Suas diversas expressões incluem a indução analítica, a análise de

conteúdo, semiótica, hermenêutica, entrevistas com a elite, o estudo de histórias de vida, e

certas manipulações utilizando arquivos, computador e manipulação estatística (KIRK;

134 Skype: é um software que possibilita comunicações de voz e vídeo via Internet, permitindo a chamada gratuita entre usuários em qualquer parte do mundo. [...] O Skype foi lançado no ano de 2003. Em 2005 foi vendido para a empresa eBay e em 2011 foi adquirido pela Microsoft. Disponível em: https://www.significados.com.br/skype/. Acesso em 04 mar. 2017.

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MILLER, 1986, p. 10)”. Os autores ainda complementam dizendo que a pesquisa

qualitativa, embora tenha consigo retidos alguns dos princípios do método científico, devido

ao seu caráter exploratório, foge de certos aspectos mais estritos do método, pois isto

facilitaria a descoberta do novo e do inesperado, sem, no entanto, perder a objetividade.

Segundo Marconi e Lakatos (2002), amostra “é uma porção ou parcela,

convenientemente selecionada do universo (população); é um subconjunto do universo”.

Para a amostra escolhida, optamos pela amostra não probabilística que, segundo Mattar

(1996, p. 132), descreve-a como “aquela em que a seleção dos elementos da população para

compor a amostra depende ao menos em parte do julgamento do pesquisador ou do

entrevistador no campo”, o que é pertinente ao nosso estudo já que a amostra probabilística

seria inadequada para a conduta da pesquisa pois segundo o autor a amostra probabilística “é

aquela em que cada elemento da população tem uma chance conhecida e diferente de zero

de ser selecionado para compor a amostra. As amostragens probabilísticas geram amostras

probabilísticas”.

Existem três tipos de amostras não probabilísticas:

- Amostra por conveniência ou acidentais;

- Amostras intencionais ou por julgamento;

- Amostra por quotas ou proporcionais.

Das opções acima, a mais adequada ao nosso estudo é a amostra intencional por

julgamento, pois neste caso a seleção das amostras é realizada de acordo o julgamento do

pesquisador e se for adotado um critério pertinente de julgamento, pode-se chegar a

resultados positivos.

Assim, utilizamos um número de 10 capas de 10 edições da revista Elle Brasil, onde

em ordem sequencial, temos:

As capas da revista Elle Brasil onde, tradicionalmente estão aplicadas as fontes

tipográficas;

Edições da revista Elle Brasil de abril de 2016 em diante, finalizando com a última

edição disponível até o momento que concluímos este texto, ou seja, fevereiro de

2017 (assim teremos o número de 10 capas, sendo que a edição de maio/2016

curiosamente não foi disponibilizada pela Editora Abril/GoRead). Optamos por estas

edições por serem as mais recentes e disponíveis para todos os dispositivos que

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trabalhamos em nosso estudo. Todas podem ser acessadas por meio do GoRead135,

plataforma online para leitura e assinaturas de revistas da Editora Abril, empresa

licenciada para a Elle no nosso país. Estas edições possuem a tipografia apresentada

em nuances, para que possamos analisar sua performance quando no ambiente

digital.

Consideramos que um número de 10 (dez) edições são suficientes para que possamos

analisar a performance tipográfica nas capas sendo que, conforme comentamos

anteriormente, o projeto gráfico de Elle é permanente, não há alterações ao longo do tempo,

mesmo em outros países onde a revista é publicada. Se pensarmos que, anualmente, a revista

Elle, que tem periodicidade mensal, mantem o calendário de publicações anual, teremos 12

edições em um ano, como é de praxe. Assim, considerando 10 edições como amostra temos

uma perspectiva ampla, de quase um ano de publicações da Elle, considerando a sequência

destas edições, o respeito ao prazo para estar nas bancas ou no offline, que nos interessa para

este estudo; sem incluir edições comemorativas da revista.

FIGURA 150 - Conjunto de capas da Elle Brasil utilizado em nosso estudo.

Fonte: GoRead, 2017136.

135 GoRead: plataforma de revistas digitais lançada pela Editora Abril. Disponível em: http://publiabril.abril.com.br/destaques/grupo-abril-lanca-go-read-plataforma-de-revistas-digitais. Acesso em 04 mar. 2017. 136 Disponível em: https://www.goread.com.br/minha-biblioteca#/minhas-revistas/elle. Acesso em 04 mar 2017. Obs.: os interessados podem acessar, sem custo algum, o portal durante o período de 30 dias.

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Os aspectos que serão analisados nestas capas escolhidas para nossa pesquisa são

sempre a tipografia e a sua presença no logotipo e nas chamadas de capa, sendo para:

O logotipo Elle: as propriedades que a tipografia assume em cada edição: textura,

cor, efeitos, pertencimento ao projeto gráfico da revista, fortalecimento da

identidade visual, composição com a imagem/fotografia;

As chamadas de capa: movimento, cor, fonte, composição com a imagem.

Vale observar que não temos a pretensão de discutir a criatividade do Diretor de Arte

e/ou do Editor-chefe, pois não é este o foco de nosso estudo, apesar de que as decisões sobre

a tipografia estão sob suas mãos. Porém, o elenco apresentado acima sustenta o material que

é necessário para nossas análises. As categorias de análise serão melhor descritas em tópico

específico.

A seguir apresentamos em quadro dividido em três colunas: na primeira, a

reprodução da capa, em formato reduzido; na coluna seguinte temos a numeração dada à

capa para nosso estudo; na terceira coluna, apresentamos o número da edição à qual a capa

pertence, sua data de publicação e o link para acesso na internet.

QUADRO 14 - Conjunto de capas de Elle Brasil, identificação e acesso.

CAPA Nº EDIÇÃO, DATA, ENDEREÇO NA INTERNET

1

EDIÇÃO Nº: 335

MÊS/ANO: ABRIL 2016 http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=67840698b9ecc18a74cae7eaad95559e

2

EDIÇÃO Nº: 337 MÊS/ANO: JUNHO 2016

http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=70f9ee4a659a6a36ddcdad007f55fc59

3

EDIÇÃO Nº: 338 MÊS/ANO: JULHO 2016

http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=ce5a3015625b5482e687baae08bf8695

4

EDIÇÃO Nº: 339 MÊS/ANO: AGOSTO 2016

http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=17fa09a6df3e53bcab277c62aaa8df98

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5

EDIÇÃO Nº: 340 MÊS/ANO: SETEMBRO 2016

http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=d53eef41114c3911819f99caa17d96dd

6

EDIÇÃO Nº: 341 MÊS/ANO: OUTUBRO 2016

http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=0f9f0e7365258193de9f7387f1c051f5

7

EDIÇÃO Nº: 342 MÊS/ANO: NOVEMBRO 2016

http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=cfcdc061c4722b77824c978c88d6f999

8

EDIÇÃO Nº: 343 MÊS/ANO: DEZEMBRO 2016

http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=4ed86bc6d26d19579076cf3c33f61e43

9

EDIÇÃO Nº: 344 MÊS/ANO: JANEIRO 2017

http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=46183debd501f902a52187cac3dd76d2

10

EDIÇÃO Nº: 345 MÊS/ANO: FEVEREIRO 2017

http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=720e04733a19d734fe4f5677fdade46d

2.4 Categorias de análise

As categorias de análise são constantes nas análises de conteúdo. Nelas encontram-se

as possibilidades de esquematização e ordenação de classes de acontecimentos. Segundo

Bardin (2011), as categorias podem ser criadas a priori ou a posteriori, isto é, a partir

apenas da teoria ou após a coleta de dados. A autora também afirma que as categorias devem

possuir certas qualidades como exclusão mútua (cada elemento só pode existir em uma

categoria), homogeneidade (para definir uma categoria, é preciso haver só uma dimensão na

análise. Se existem diferentes níveis de análise, eles devem ser separados em diferentes

categorias), pertinência (as categorias devem dizer respeito às intenções do investigador, aos

objetivos da pesquisa às questões norteadoras, às características da mensagem etc.),

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objetividade e fidelidade (se as categorias forem bem definidas, se os temas e indicadores

que determinam a entrada de um elemento uma categoria forem bem claros, não haverá

distorções devido à subjetividade dos analistas) e produtividade (as categorias serão

produtivas se os resultados forem férteis em inferências, em hipóteses novas, em dados

exatos).

Assim, apresentamos nossas categorias para o estudo que se faz presente, sendo que

este elenco foi abordado anteriormente em nosso Capítulo 3. São elas:

QUADRO 15 - Categorias e subcategorias de análise.

CATEGORIAS DEFINIÇÃO SUB-CATEGORIAS

Legibilidade/ Leiturabilidade

É um dos fundamentos principais aos quais a tipografia digital está atrelada não somente pelo fato de ter como responsabilidade organizar, estruturar, apresentar, entre outras coisas o texto como também promover conceitos de facilidade e conforto pela leitura.

Movimento da fonte Tamanhos/corpos das fontes Fontes com e sem serifa Uso de caixas alta e baixa Uso de itálico Uso de bold Alinhamento Cor Figura e fundo Textura

Usabilidade

“A usabilidade é a capacidade funcional em termos humanos de algo ser fácil de ser usado e não demandar esforço por um grupo específico de usuários sem obter treinamento ou suporte, para atingir uma quantidade específica de tarefas em uma quantidade específica de cenários e ambientes.” (SCHACKEL, 1991, p. 22).

Visibilidade

Feedback

Restrições

Consistência Affordance Acessibilidade

Relembramos aqui os conceitos já citados anteriormente, sobre a Legibilidade e a

Usabilidade para que tornemos evidente, na estrutura deste capítulo, a importância das

categorias escolhidas de forma que o leitor possa seguir adiante sem haver a necessidade de

retornar e relembrar tais colocações.

2.4.1 Categoria 1 - Legibilidade/Leiturabilidade

É um dos fundamentos principais aos quais a tipografia digital está atrelada não

somente pelo fato de ter como responsabilidade organizar, estruturar, apresentar, entre

outras coisas o texto em si mas também promover conceitos de facilidade e conforto pela

leitura (conforme detalhado no Capítulo 3 desta tese). Tratamos a Leiturabilidade como

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263

fator concomitante à Legibilidade para o estudo da tipografia digital porque ambas podem

utilizar as mesmas subcategorias já que traduzem o potencial de conhecimento e impacto do

texto nas telas dos dispositivos.

Subcategorias:

Movimento da fonte: “Como no caso da dimensão, o elemento visual do movimento se

encontra mais frequentemente implícito do que explícito no modo visual. Contudo, o

movimento talvez seja uma das forças visuais mais dominantes da experiência humana”

(DONDIS, 1991). Refere-se ao dinamismo aplicado pelo uso das fontes.

Tamanhos/corpos de fontes: “Os tipos são medidos do topo da versal à parte inferior da

descendente mais baixa, com mais um espacinho extra. [...] A altura-x de um tipo afeta

seu tamanho aparente, sua eficiência espacial e seu impacto visual como um todo. [...] O

tamanho de um tipo é uma questão de contexto. Proporções menores afetam a

legibilidade [...]” (LUPTON, 2013, p. 37); 2) “Altura de uma letra, normalmente medida

em pontos, corresponde, aproximadamente, à medida do topo da ascendente até a base da

descendente” (SPIEKERMANN, 2011, p. 186).

Fontes com e sem serifa: “Traço adicionado ao início ou ao fim dos traços principais de

uma letra” (BRINGHURST, 2001, p. 378).

Uso de caixa alta e baixa: “Letras maiúsculas e letras minúsculas, respectivamente”

(CARRAMILLO, 1997).

Uso de itálico: Itálico é 1) “Tipo de letra inclinada para a direita, o que realça a escrita;

aldino, grifo, letra grífica, letra itálica” (MICHAELIS, 2017); 2) “Classe de letras mais

cursivas que o romano mas menos cursivas que as manuscritas” (BRINGHURST, 2001).

Uso de bold: 1) “Diz-se de um tipo mais grosso que o comum, usado no texto para pôr

em destaque alguma parte dele; bold, negrita, normandinho” (MICHAELIS, 2017); 2)

“Negrito: versão mais pesada de um determinado tipo. Pode variar de Semi Bold, Bold,

Extra Bold, Black, Extra Black” (SPIEKERMAN, 2011, p. 116).

Alinhamento: “Escolher o alinhamento do texto como justificado, centralizado ou

irregular é um ato tipográfico fundamental. Os quatro modos de alinhamento formam a

gramática básica da composição tipográfica. Cada um carrega sua bagagem histórica que

que é percebida intuitivamente pelos leitores” (LUPTON, 2013, p. 108).

Cor: “As representações monocromáticas que tão prontamente aceitamos nos meios de

comunicação visual são substitutos tonais da cor, substitutos disso que na verdade é um

mundo cromático, nosso uni- verso profusamente colorido. Enquanto o tom está

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associado a questões de sobrevivência, sendo, portanto, essencial para o organismo

humano, a cor tem maiores afinidades com as emoções” (DONDIS, 1991).

Figura e fundo: “Uma relação estável de figura e fundo existe quando uma forma ou

figura destaca-se claramente de seu fundo. [...] Imagens e composições representando

figura e fundo ambíguos desafiam o observador a encontrar um ponto focal estável”

(LUPTON, 2015, p. 106).

Textura: “A textura é o elemento visual que com frequência serve de substituto para as

qualidades de outro sentido, o tato. Na verdade, porém, podemos apreciar e reconhecer a

textura tanto através do tato quanto da visão, ou ainda mediante uma combinação de

ambos” (DONDIS, 1991).

Dando sequência aos critérios utilizados para as análises em nosso estudo,

apresentamos abaixo a segunda categoria, a Usabilidade, acompanhada do elenco de

subcategorias que a compõem.

2.4.2 Categoria 2 - Usabilidade

É a capacidade funcional em termos humanos de algo ser fácil de ser usado e não

demandar esforço por um grupo específico de usuários, sem obter treinamento ou suporte,

para atingir uma quantidade específica de tarefas em uma quantidade específica de cenários

e ambientes (conforme detalhado no Capítulo 3 desta tese).

Subcategorias:

Visibilidade: Quanto mais visíveis forem as funções, mais os usuários saberão como

proceder. [...] Em contrapartida, quando as funções não estão visíveis, torna-se mais

difícil de encontra-las e de saber como usá-las.

Feedback: O feedback está relacionado ao conceito de visibilidade. [...] O feedback

se refere ao retorno de informações a respeito de que ação foi feita e do que foi

realizado, permitindo à pessoa continuar a atividade. Vários tipos de feedback estão

disponíveis para o design de interação - áudio, tátil, verbal, visual ou combinação

destes.

Restrições: O conceito de restrição refere-se a determinar formas de delimitar os

tipos de interação de usuário que podem ocorrer em um determinado momento.

Existem várias maneiras de fazer isso. Uma prática comum no design de interfaces

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gráficas de usuário é desativar as opções do menu com sombreamento em cinza,

restringindo as ações do usuário somente àquelas permitidas nessa fase da atividade.

Uma das vantagens dessa forma de restrição é impedir que o usuário selecione

opções incorretas, reduzindo a chance de que cometa um erro.

Consistência: Refere-se a projetar interfaces de modo que tenham operações

semelhantes e utilizem elementos semelhantes para a realização de tarefas similares.

Uma interface consistente é aquela que segue regras, como o uso da mesma operação

para selecionar todos os objetos. [...] Um dos benefícios de interfaces consistentes,

portanto, é serem mais fáceis de aprender e de usar. Os usuários aprendem único

modo de operação, que é aplicável em todos os objetos. Esse princípio funciona bem

para interfaces simples, com operações limitadas.

Affordance: Esse é um termo usado para se referir a um atributo de um objeto que

permite que as pessoas saibam como utilizá-lo. Por exemplo, um botão do mouse nos

convida a pressioná-lo (o que ativa o clique) pela maneira como está fisicamente

posicionado em sua concha de plástico. Simplificando, affordance significa “dar uma

pista” (apud Norman, 1999, p. 28).

[...] Norman (1999) sugere que existem dois tipos de affordance: a percebida e a real. Objetos físicos possuem affordances reais, como a de segurar, que são a óbvias e que não precisam ser aprendidas. Em contraste, interfaces de usuários baseadas em tela são virtuais e não tem esses tipos de affordances reais. [...] Alternativamente, interfaces baseadas em telas são mais bem conceituadas como affordances percebidas, que essencialmente são convenções aprendidas. Existem inúmeros guias e páginas na internet que fornecem conjuntos mais exaustivos de princípios de design, os quais foram somente citados aqui, com exemplos específicos para o design para a web, para as interfaces gráficas de usuário (ou interfaces gráficas, ou simplesmente GUIs - Graphical User Interface) e para o design de interação no geral (ROGERS, 2013, pp. 28-29).

Acessibilidade: Trazemos a definição que consideramos mais pertinente a este

momento do estudo: “Acessibilidade não diz respeito apenas ao público PNE137, mas

também está relacionada à promoção de acesso a tecnologias de informação para

pessoas de diferentes níveis de percepção, cognição, motricidade, além de diferenças

de idade, gênero, classe social, cultura, escolaridade e de experiência no uso de

tecnologias de Informação e comunicação” (FADEL; LICHESKI, 2013, p. 120).

137 PNE: Portador de Necessidades Especiais.

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A análise da acessibilidade irá compor o conjunto de subcategorias presentes na

categoria Usabilidade. Consideramos que os critérios para aferir sobre a presença

tipográfica neste quesito são suficientes mediante a recepção por parte do usuário, quando

leitor das capas de Elle Brasil dos dispositivos para acesso digital, pois, conforme afirma

Rogers (2013), baseado em Quesenbery (2009), a acessibilidade já está considerada nos

padrões para aferir a usabilidade do site, vejamos:

Quesenbery (2009) comentar sobre como a acessibilidade é muitas vezes considerada a certificação da inexistência de quaisquer barreiras para o acesso a tecnologias assistivas, mas sem levar em consideração a usabilidade; já a usabilidade normalmente foca em todos os que utilizam uma página da internet ou produto, sem considerar as pessoas com deficiências. O desafio é criar uma boa experiência de usuário para pessoas com deficiência que seja ao mesmo tempo acessível e usável (ROGERS, 2013, p. 17).

Consideramos que é de suma importância que o avaliador das imagens em telas tenha

sua visão na média nos espectadores das mensagens visuais e que sua acuidade visual138

esteja de acordo com os padrões estabelecidos pela medicina como de boa visão, já que o

desempenho do sistema visual é absolutamente individual e não se limita à visão, mas

também à percepção de fatores como, por exemplo, a luz - aquela que tanto pode ser do

ambiente, quanto da própria tela do dispositivo. Todo o cenário que abraça a análise das

telas deve ser preparado de forma que haja a melhor conveniência possível para que sejam

feitas as análises documentadas.

Dentro da capacidade de análise da tipografia digital, a analista possui acuidade

visual na média dos espectadores e este aspecto é um fator importante para o estudo já que a

condição de interagir com as telas onde as capas das revistas Elle estarão dispostas

legitimam a pesquisa e trazem a avaliação sobre os aspectos relacionados às categorias de

análise, como também as subcategorias. Este critério não somente contribuirá para este

estudo, como também poderá valer-se para aplicações deste modus operandi em análises

realizadas por outros pesquisadores, levando em conta, continuamente, as características do

universo em questão.

138 É importante também levar em consideração a questão da acuidade visual como avaliação para aquele que está analisando telas de dispositivos digitais, como coloca o Dr. Bicas (2002): A avaliação da acuidade visual é, muito provavelmente, o procedimento mais comum entre todos os usados em Oftalmologia. De fato, embora não seja o único dos parâmetros de desempenho funcional do sistema visual, o índice com que se quantifica a capacidade de discriminação de formas e contrastes é o que mais genericamente exprime sua adequação (BICAS, 2002, p. 375).

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No sentido de tornar o registro deste nosso estudo o mais adequado possível, dentro

dos parâmetros científicos, optamos por fotografar os dispositivos com as capas da revista

Elle, sendo que a fotografia foi o processo escolhido por apresentar uma forma de registro

de imagem estática que traz fidelidade ao percurso científico quando estabelecemos a

necessidade de buscar a máxima proximidade da visão humana (a visão da autora) por meio

da lente da câmera fotográfica (já apresentamos os equipamentos utilizados em tópico

anterior).

3. O desenho da pesquisa

Nosso estudo busca tratar um delineamento específico para o tratamento das

observações trazidas de nossas análises científicas mediante a verificação da aplicação das

categorias propostas acima e o objeto de estudo em si, ou seja, analisar as capas da revista

Elle que escolhemos mediante os itens que compõem as categorias de análise. Com a

condução de nossas etapas de planejar, implementar e analisar o estudo para que tenhamos

as condições satisfatórias para responder a nossa pergunta-problema.

As análises serão realizadas sobre cada uma das 10 capas da revista Elle Brasil

selecionadas para este estudo e já descritas anteriormente. As etapas:

1. Considerar as fontes - com os alfabetos completos, numerais e sinais - que fazem

parte da composição visual da capa da revista Elle Brasil. Didot, Garamond e Futura

são as fontes utilizadas, com as variações: Didot Condensed Bold, Didot Bold, Didot

Italic, Garamond, Garamond Italic, Garamond Condensed, Garamond Condensed

Italic, Futura Light, Futura Extra Bold, Futura Medium e Futura Condensed. (Salvo

uma edição da revista que possa vir a ser publicada e utilize outra(s) fonte(s), mesmo

assim nota-se que são estas fontes citadas acima as quais funcionam como âncora

em todas as edições.

2. Obter os endereços das capas de revista na web (conforme dissemos anteriormente,

todas as capas escolhidas como nosso conjunto de amostra estão na plataforma off-

line para leitura de revistas da Editora Abril, chamada GoRead).

3. Utilizando um computador desktop, um notebook, um tablet e um smartphone,

acessamos o endereço na internet (link) para visitar a capa de cada revista

pertencente ao conjunto de nossa amostra.

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4. Estando a capa em cada dispositivo, numa distância focal que proporcione conforto

visual, posicionamos uma câmera fotográfica para que esta sirva de olho humano no

sentido de capturar a cena, datando este momento e registrando a presença da capa

no conjunto de dispositivo e analisando as categorias em cada um dos dispositivos.

5. Em ficha desenvolvida pela autora, composta de itens que correspondem desde a

identificação da capa (edição, ano, mês) às categorias e subcategorias de análise de

nosso estudo, vamos aferir avaliações positivas 😊, negativas ☹ e neutras (---) sobre

cada capa, em cada dispositivo. É considerada “negativa” quando a avaliação é

contrária ao positivo; é considerada neutra aquela que não possui características ou

condições para análise.

A seguir trazemos mais uma vez a capa da revista Elle com a identificação das

fontes, conforme feito no Capítulo 4 apenas para que o leitor possa relembrar a presença

tipográfica na capa de Elle e aproximar-se do processo pelo qual analisamos esta

performance da tipografia que apresenta-se dentro do uso do elenco de fontes que fazem

parte do projeto gráfico da capa da revista.

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FIGURA 151 - Capa da Elle Brasil utilizada também na versão digital e a presença das

fontes tipográficas.

Fonte: capa da Elle Brasil, edição nº 344, publicada em janeiro de 2017139.

É importante relembrar, conforme comentado no Capítulo 4, que as fontes presentes

na capa acima têm redesenhos sobre sua origem, ou seja, houve ajustes a fonte original para

atender aos objetivos da publicação para a capa da edição. 139 Disponível em: http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=46183debd501f902a52187cac3dd76d2. Acesso em 28 mai. 2017.

Didot Condensed Bold

Garamond

Condensed Italic

Futura Light

Condensed

Bold

Futura Condensed

Futura Medium

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270

4. Análises

Passamos a realizar as análises, apresentando as Fichas de Análise preenchidas, o

registro da experiência (fotografia com a presença da capa nos dispositivos) e os

comentários referentes à presença tipográfica em cada capa mediante as categorias e

subcategorias de análise.

4.1 Capa nº 1

FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO Nº: 335

MÊS/ANO: ABRIL 2016

IDENTIFICAÇÃO:

FATORES DISPOSITIVOS

DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE

CATEGORIA 1 LEGIBILIDADE/

LEITURABILIDADE

Movimento da fonte 😊 😊 😊 ☹ Tamanhos/Corpos das fontes 😊 😊 😊 ☹ Fontes com e sem serifa 😊 😊 😊 😊 Uso de caixas alta e baixa

😊 😊 😊 😊 Uso de itálico 😊 😊 😊 😊

Uso de bold 😊 😊 😊 😊

Alinhamento 😊 😊 😊 😊

Cor 😊 😊 😊 😊

Figura e fundo 😊 😊 😊 😊

Textura --- --- --- ---

CATEGORIA 2: USABILIDADE

Visibilidade 😊 😊 😊 😊

Feedback 😊 😊 😊 😊

Consistência 😊 😊 😊 😊

Affordance 😊 😊 😊 😊

Acessibilidade 😊 😊 😊 😊

Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).

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FIGURA 152 - Presença online em todos os dispositivos, ao mesmo tempo - Elle Brasil

(Capa 1).

Legenda: 1: Desktop; 2: Notebook; 3: Tablet; 4: Smartphone.

Fonte: desenvolvido pela autora.

CATEGORIA 1 - LEGIBILIDADE/LEITURABILIDADE

Subcategorias:

Movimento da fonte:

o É positivo pelo uso variado das fontes em sua composição. As fontes são

apresentadas de maneiras diferentes sem perder a harmonia, trazendo

movimento. Somente para o smartphone as fontes não deram a aparência de

movimento, sendo necessária a ampliação da imagem na tela (usabilidade)

para que o usuário as compreendesse.

Tamanhos/Corpos das fontes:

o Há tamanhos diferentes mas isto não afeta a legibilidade e a leitura. Ocorre o

mesmo ponto negativo que acima: as fontes ficam muito pequenas no

1

2

3

4

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272

aparelho e a leitura é prejudicada. É necessário usar o recurso da usabilidade

para ampliar as imagens.

Fontes com e sem serifa:

o De todo o texto existe a presença de fontes com e sem serifa e todas elas

mantêm uma boa leitura legibilidade e leiturabilidade quando usadas.

Usos de caixa alta e baixa:

o Utiliza caixa alta em apenas uma palavra de todas que surgem na capa; mas

não está isolada e compõe a mensagem de texto sem qualquer problema.

Uso de itálico:

o Uso do itálico é em menor tamanho mas está presente e serve para dinamizar

as informações.

Uso de bold:

o Há um uso mínimo de bold na chamada de capa, ela está em meio ao logotipo

de Elle, mas são apenas duas palavras - que em nada atrapalham e seguem

harmonicamente.

Alinhamento:

o Alinhamentos são diversificados e mantém a boa leitura. Neste caso, a

tipografia surge contornando a modelo (que é elemento central da capa).

Cor:

o Todas as fontes estão em cor branca sobre o fundo azul claro, ou seja, todas

as letras são vazadas e mantém a sua boa legibilidade/leiturabilidade. Todas

as fontes trabalham harmonicamente aparecem com clareza sobre o fundo,

conforme comentamos no item anterior.

Figura e fundo:

o Todas as fontes aparecem com clareza sobre o fundo. Há contraste suficiente

para que sejam vistas e compreendidas.

Textura:

o Não uma textura para que possamos analisar categoria e, portanto,

consideramos “Neutro”. É importante apontar o fato de que não é comum o

uso de textura nas fontes de capa da Elle. Apesar de ocorrer em algumas

edições, pode-se considerar que o não uso frequente de “textura” faz parte do

projeto gráfico da revista.

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CATEGORIA 2 - USABILIDADE

Subcategorias:

Visibilidade:

o Todas as funções estão disponíveis para que o leitor possa acessar o conteúdo

visual da maneira que melhor lhe satisfaça. As funções dos dispositivos

auxiliam na visibilidade da tipografia como por exemplo a ampliação da

imagem para leitura de determinados textos.

Feedback:

o É praxe em todos os dispositivos, quando acessamos a revista Elle Brasil, que

hajam formas diferentes para que possamos acessá-la e também para que

possamos interagir com ela.

Consistência:

o É positiva porque é bastante didática a maneira de utilizamos os dispositivos

para ter acesso ao conteúdo. Toda a operação é bastante simples e aplica-se,

com as devidas características de cada dispositivo testado.

Affordance:

o É positiva porque todas as opções disponíveis contribuem para que possamos

explorar o conteúdo.

Acessibilidade:

o Através da navegação por meio dos dispositivos temos formas simples e

didáticas para usá-los dispositivos e visualizar esta capa. Não há dificuldades.

- Considerações gerais sobre a tipografia nesta capa da Elle Brasil:

Considerações quanto à Legibilidade e Leiturabilidade:

o O logotipo da Elle se apresenta com a mesma família tipográfica, ou seja,

Didot. O tamanho das fontes do logotipo aparece proporcional em todos os

suportes, sendo que se observa nesta edição, especialmente, a inserção de

uma chamada de capa entre os dois “Ls”. A fonte da chamada, Futura

Condensed, garante essa diferenciação em relação ao logotipo, demarcando

perfeitamente os limites entre as duas informações: a marca Elle e o destaque

da chamada para informação no interior da revista. A postura da modelo não

atrapalha a legibilidade do logotipo, nem das chamadas. No caso do logotipo,

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a cabeça da mulher se sobrepõe à marca Elle, porém, é perfeitamente visível

o contorno da letra “L”, mesmo que a continuidade não seja totalmente

visível.

o Especificamente nas chamadas, temos o uso de caixa alta e baixa, além de

bold e itálico, oferecendo, dentro das famílias tipográficas, uma gama de

possibilidades dessas duas famílias: x e y. Ao todo são 3 chamadas, sendo

que uma na parte superior, compondo o logotipo, uma à esquerda, trazendo

um movimento no sentido vertical, e a outra à direita. A mistura das fontes

tradicionais de Elle e a localização dos blocos de texto dão um grande

dinamismo à leitura, como se percorrendo a silhueta da modelo.

Considerações sobre à Usabilidade:

o Para o smartphone tivemos maior dificuldade de leitura, porém, ao ampliar a

imagem a qualidade da resolução das letras é excelente. Isto demonstra que a

revista está disposta e preparada para atender ao público em todos os

aparelhos e de todas as formas. As dificuldades são rapidamente sobrepostas

pela usabilidade, que corrige o problema.

o Para todos os dispositivos ocorrem affordances, sendo que cada um deles

possui uma forma específica de lidar com a capa exposta e sugestivamente

temos formas de ampliar, reduzir, movimentar as capas de acordo com a

necessidade.

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4.2 Capa nº 2

FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO Nº: 337

MÊS/ANO: JUNHO 2016

IDENTIFICAÇÃO:

FATORES DISPOSITIVOS

DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE

CATEGORIA 1 LEGIBILIDADE/

LEITURABILIDADE

Movimento da fonte

😊 😊 😊 😊

Tamanhos/Corpos das fontes

😊 😊 😊 😊

Fontes com e sem serifa

😊 😊 😊 😊

Uso de caixas alta e baixa

😊 😊 😊 😊

Uso de itálico 😊 😊 😊 😊

Uso de bold 😊 😊 😊 😊

Alinhamento 😊 😊 😊 😊

Cor 😊 😊 😊 😊

Figura e fundo 😊 😊 😊 😊

Textura --- ---- --- ---

CATEGORIA 2: USABILIDADE

Visibilidade 😊 😊 😊 😊

Feedback 😊 😊 😊 😊

Consistência 😊 😊 😊 😊

Affordance 😊 😊 😊 😊

Acessibilidade 😊 😊 😊 😊

Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).

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FIGURA 153 - Presença online em todos os dispositivos, ao mesmo tempo - Elle Brasil

(Capa 2).

Legenda: 1: Desktop; 2: Notebook; 3: Tablet; 4: Smartphone.

Fonte: desenvolvido pela autora.

CATEGORIA 1 - LEGIBILIDADE/LEITURABILIDADE

Subcategorias:

Movimento da fonte:

o As fontes causam movimento pelas cores, principalmente: são brancas e o

fundo é vermelho. Ainda vale observar que o movimento dos cabelos da

modelo ajudam a dar movimento à capa.

Tamanhos/Corpos das fontes:

o Temos tamanhos diferentes e todos eles atendem bem à legibilidade e

leiturabilidade. Destaque para o número “418” e para a palavra “Inverno”

(comentamos nas considerações finais sobre esta capa, adiante.).

Fontes com e sem serifa:

o Somente o título principal e o logotipo Elle têm serifas. Elas estão legíveis.

1

2

3

4

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Usos de caixa alta e baixa:

o De todas as chamadas há apenas duas palavras em caixa baixa (“crush de”) e

uma palavra em caixa alta e baixa (“Inverno”). Em nenhum dispositivo

tivemos problemas. Positivo.

Uso de itálico:

o Somente na palavra principal da capa: “Inverno”. Parece acompanhar o

movimento dos cabelos da modelo.

Uso de bold:

o Há o uso de bold em somente uma palavra “Exclusivo!” e também nos sinais

de “+” que ficam no texto, próximo ao rodapé. O uso está correto porque

explora a criatividade, em padrão de família de fontes estabelecida pela

revista.

Alinhamento:

o O alinhamento organiza a capa e, mesmo com tamanhos diferentes de fonte,

mantém as chamas e o título principal - todos alinhados pela borda da página

no local mais próximo de onde estão. Alinhamento permite que vejamos com

clareza os detalhes da modelo e contribui para que as fontes venham a

encaixar-se perfeitamente com a fotografia.

Cor:

o Todas as fontes estão em cor branca sobre o fundo azul claro, ou seja, todas

as letras são vazadas e mantém a sua boa legibilidade/leiturabilidade.

Figura e fundo:

o Todas as fontes aparecem com clareza sobre o fundo. Há contraste suficiente

para que sejam vistas e compreendidas, já que são brancas e estão sobre cores

de fundo, vê-se que não há qualquer problema.

Textura:

o Não há uma textura para que possamos analisar categoria e, portanto,

consideramos “Neutro”.

CATEGORIA 2 - USABILIDADE

Subcategorias:

Visibilidade:

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o Todas as funções estão disponíveis para que o leitor possa acessar o conteúdo

visual da maneira que melhor lhe satisfaça. As funções dos dispositivos

auxiliam na visibilidade da tipografia como por exemplo a ampliação da

imagem para leitura de determinados textos.

Feedback:

o É praxe em todos os dispositivos, quando acessamos a revista Elle Brasil, que

hajam formas diferentes para que possamos acessá-la e também para que

possamos interagir com ela.

Consistência:

o É positiva porque é bastante didática a maneira de utilizamos os dispositivos

para ter acesso ao conteúdo. Toda a operação é bastante simples e aplica-se,

com as devidas características de cada dispositivo testado.

Affordance:

o É positiva porque todas as opções disponíveis contribuem para que possamos

explorar o conteúdo.

Acessibilidade:

o Por meio da navegação nos dispositivos, temos formas simples e didáticas

para utilizá-los e visualizar esta capa. Não há dificuldades.

- Considerações gerais sobre a tipografia nesta capa de Elle:

A chamada principal acompanha o movimento dos cabelos da modelo. A atenção

maior vai para a tipografia valorizando, com estilo, a informação sobre a nova

estação (inverno), que para o mundo da moda a troca de estações são muito

relevantes, pois é onde ocorrem as apresentações das novas coleções.

É interessante o número “418”, com tamanho grande, quase passando da metade do

tamanho do logotipo Elle. Isto valoriza a quantidade de “peças incríveis” que a

revista está sugerindo para o closet do leitor.

Nesta capa, diferente da Capa nº 1, a legibilidade e leiturabilidade não estão

prejudicadas no smartphone. Acreditamos que isto ocorra porque as fontes em

tamanho menos estão em cor branca sobre fundo vermelho e a leitura, neste caso, é

melhor (para a Capa nº 1 as letras pequenas eram brancas sobre fundo azul claro).

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Em comparação com o conjunto de capas, esta pode ser considerada uma das que

menos têm chamadas de capa e a tipografia apresenta-se com letras em tamanho

maior na chamada principal: “Crush de Inverno”.

Não tivemos nenhuma ocorrência negativa para esta capa e houve apenas avaliação

neutra para a subcategoria “Textura”, pois ela não está presente na capa.

4.3 Capa nº 3

FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO Nº: 338

MÊS/ANO: JULHO 2016

IDENTIFICAÇÃO:

FATORES DISPOSITIVOS

DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE

CATEGORIA 1 LEGIBILIDADE/

LEITURABILIDADE

Movimento da fonte

😊 😊 😊 😊

Tamanhos/Corpos das fontes

☹ ☹ ☹ ☹

Fontes com e sem serifa

😊 😊 😊 😊

Uso de caixas alta e baixa

😊 😊 😊 😊

Uso de itálico 😊 😊 😊 😊

Uso de bold 😊 😊 😊 😊

Alinhamento 😊 😊 😊 😊

Cor 😊 😊 😊 😊

Figura e fundo 😊 😊 😊 😊

Textura --- ---- --- ---

CATEGORIA 2: USABILIDADE

Visibilidade 😊 😊 😊 😊

Feedback 😊 😊 😊 😊

Consistência 😊 😊 😊 😊

Affordance 😊 😊 😊 😊

Acessibilidade 😊 😊 😊 😊

Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).

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FIGURA 154 - Presença online em todos os dispositivos, ao mesmo tempo - Elle Brasil

(Capa 3).

Legenda: 1: Desktop; 2: Notebook; 3: Tablet; 4: Smartphone.

Fonte: desenvolvido pela autora.

CATEGORIA 1 - LEGIBILIDADE/LEITURABILIDADE

Subcategorias:

Movimento da fonte:

o Positivo, já que esta capa possui poucas chamadas de capa e, ainda, vê-se as

fontes em movimento - impressão causada pela palavra “deluxe”.

Tamanhos/Corpos das fontes:

o Negativo para as chamadas de capa, que têm seus subtítulos pequenos e que

estão com fonte muito condensada. A legibilidade e a leiturabilidade ficaram

prejudicadas.

Fontes com e sem serifa:

1

2 3

4

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281

o A única palavra que possui fonte com serifa está em caixa baixa (“deluxe”) e,

em nenhuma de suas letras há serifa. Porém a ausência da serifa não

prejudica a legibilidade.

Usos de caixa alta e baixa:

o Há caixa baixa somente em uma palavra “deluxe”, a qual valoriza-se pelo

tipo de fonte e pela cor, que lhe garantem sofisticação e leveza. Positivo.

Uso de itálico:

o O uso é somente da palavra “deluxe”. Leitura e legibilidade sem conflitos.

Uso de bold:

o Como título é usado somente na palavra “jeans” e destaca-a das demais.

Também é usado para valorizar o nome do estilista Christian Dior, no topo da

página, em meio ao logotipo. Positivo.

Alinhamento:

o O bloco de texto que leva a manchete de capa está desalinhado, mas mantém-

se em harmonia. Os demais alinhamentos não prejudicam.

Cor:

o Todas as fontes estão em PB, e mantém a harmonia com o restante da

composição.

Figura e fundo:

o O contraste das fontes com o fundo mantém a boa leitura e a legibilidade.

Textura:

o Não há textura para que analisemos. Assim, o valor é “Neutro”.

CATEGORIA 2 - USABILIDADE

Subcategorias:

Visibilidade:

o Todas as funções estão disponíveis para que o leitor possa acessar o conteúdo

visual da maneira que melhor lhe satisfaça. As funções dos dispositivos

auxiliam na visibilidade da tipografia como por exemplo a ampliação da

imagem para leitura de determinados textos.

Feedback:

Page 101: 182 Ao falar sobre as fontes, JiEun Kim, a designer da ...tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1764/3... · Genro Filho, que no livro O Segredo da Pirâmide, apresenta o jornalismo

282

o Em todos os dispositivos, quando acessamos a revista Elle Brasil, há a oferta

de formas diferentes para que possamos acessá-la e também para que

possamos interagir com ela.

Consistência:

o É positiva porque é bastante didática a maneira de utilizamos os dispositivos

para ter acesso ao conteúdo. Toda a operação é bastante simples e aplica-se,

com as devidas características de cada dispositivo testado.

Affordance:

o É positiva porque todas as opções disponíveis contribuem para que possamos

explorar o conteúdo.

Acessibilidade:

o Por meio da navegação nos dispositivos, temos formas simples e didáticas

para utilizá-los e visualizar esta capa. Não há dificuldades.

- Considerações gerais sobre a tipografia nesta capa de Elle:

É interessante a falta da primeira letra “L” do logotipo de Elle, sendo preenchido

pela cabeça da modelo. Completamos automaticamente a marca por memória de seu

logotipo, mesmo que inconscientes.

A capa valoriza muito o tema da matéria principal da edição: o “Jeans”, sendo que a

tipografia valoriza a palavra, estando ela em tamanho grande e na cor preta sobre

fundo cinza claro.

Há uma ligação entre as cores da tipografia no logotipo (em branco) com a palavra

“deluxe”, também em branco - mas que acompanha o “Jeans”. De qualquer forma, a

tipografia e disposição das letras na composição da página nos leva a,

subliminarmente, ler “Elle deluxe”, o que agrega mais valor à marca.

A legibilidade e a leiturabilidade para tablet e smartphone foram muito prejudicadas

nas chamadas menores, principalmente pelo uso da fonte condensada como

subtítulos das chamadas. Este conflito é corrigido pela usabilidade, que mostra-se

sempre presente com todo o elenco de subcategorias trabalhando em prol da boa

imagem e da leitura satisfatória dos elementos tipográficos de capa.

Sobre a usabilidade, observa-se o mesmo que na edição anterior.

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283

4.4 Capa nº 4

FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO Nº: 339

MÊS/ANO: AGOSTO 2016

IDENTIFICAÇÃO:

FATORES DISPOSITIVOS

DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE

CATEGORIA 1 LEGIBILIDADE/

LEITURABILIDADE

Movimento da fonte

😊 😊 😊 😊

Tamanhos/Corpos das fontes

☹ ☹ ☹ ☹

Fontes com e sem serifa

😊 😊 😊 😊

Uso de caixas alta e baixa

😊 😊 😊 😊

Uso de itálico 😊 😊 😊 😊 Uso de bold 😊 😊 😊 😊 Alinhamento 😊 😊 😊 😊 Cor 😊 😊 😊 😊

Figura e fundo ☹ ☹ ☹ ☹

Textura --- ---- --- ---

CATEGORIA 2: USABILIDADE

Visibilidade ☹ ☹ ☹ ☹

Feedback 😊 😊 😊 😊

Consistência 😊 😊 😊 😊

Affordance 😊 😊 😊 😊

Acessibilidade 😊 😊 😊 😊

Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).

Page 103: 182 Ao falar sobre as fontes, JiEun Kim, a designer da ...tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1764/3... · Genro Filho, que no livro O Segredo da Pirâmide, apresenta o jornalismo

284

FIGURA 155 - Presença online em todos os dispositivos, ao mesmo tempo - Elle Brasil

(Capa 4).

Legenda: 1: Desktop; 2: Notebook; 3: Tablet; 4: Smartphone.

Fonte: desenvolvido pela autora.

CATEGORIA 1 - LEGIBILIDADE/LEITURABILIDADE

Subcategorias:

Movimento da fonte:

o As fontes, dão a impressão de estarem estáticas. Pouco movimento. Porém,

na composição por completo, mantém o movimento, principalmente pelo

título de capa, que suaviza a rigidez das fontes (talvez pelo alinhamento e

pelo posicionamento das mesmas, deixando o layout “duro”).

Tamanhos/Corpos das fontes:

o Há pouca variação nos tamanhos, mas ganha destaque a manchete “Geração

Atitude”, com o uso de tamanho grande, mas que traz sofisticação ao layout.

O tamanho das fontes nas chamadas de capa é pequeno e a legibilidade e a

leitura foram prejudicadas.

1

2 3

4

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285

Fontes com e sem serifa:

o Não há o uso de serifa nas chamadas, porém este fato não prejudica em

nenhum momento a legibilidade já que fontes sem serifa são capacitadas para

manter a boa leitura.

Usos de caixa alta e baixa:

o Todas as fontes estão em caixa alta. Nada de negativo.

Uso de itálico:

o Não há uso de itálico nas fontes desta capa. Porém, nada prejudica a leitura

com as fontes em “normal”.

Uso de bold:

o Há o uso de bold nos títulos das chamadas de capa, valorizando os assuntos.

Alinhamento:

o As fontes estão alinhadas de forma que os bloco de texto ganham

organização e adornam a figura central da capa (modelo fotografada).

Cor:

o A cor vermelha dos títulos das chamadas, em contraste com o fundo cinza,

gerou falta de legibilidade e de leiturabilidade. Negativo.

Figura e fundo:

o Idem acima, pois o fundo cinza apenas valorizou os textos das chamadas e a

manchete, pois estão em letras brancas, assim como o logotipo Elle.

Textura:

o Não há textura para que analisemos. Valor “Neutro”.

CATEGORIA 2 - USABILIDADE

Subcategorias:

Visibilidade:

o Todas as funções estão disponíveis para que o leitor possa acessar o conteúdo

visual da maneira que melhor lhe satisfaça. As funções dos dispositivos

auxiliam na visibilidade da tipografia como por exemplo a ampliação da

imagem para leitura de determinados textos.

Feedback:

Page 105: 182 Ao falar sobre as fontes, JiEun Kim, a designer da ...tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1764/3... · Genro Filho, que no livro O Segredo da Pirâmide, apresenta o jornalismo

286

o Em todos os dispositivos, quando acessamos a revista Elle Brasil, há a oferta

de formas diferentes para que possamos acessá-la e também para que

possamos interagir com ela.

Consistência:

o É positiva porque é bastante didática a maneira de utilizamos os dispositivos

para ter acesso ao conteúdo. Toda a operação é bastante simples e aplica-se,

com as devidas características de cada dispositivo testado.

Affordance:

o É positiva porque todas as opções disponíveis contribuem para que possamos

explorar o conteúdo.

Acessibilidade:

o Por meio da navegação nos dispositivos, temos formas simples e didáticas

para utilizá-los e visualizar esta capa. Não há dificuldades.

- Considerações gerais sobre a tipografia nesta capa de Elle:

Toda a presença tipográfica está bem conduzida na composição da capa, porém, a

escolha da cor vermelha, sobre fundo cinza, para os títulos das chamadas de capa e

para o endereço de Elle na internet (fica na vertical, junto ao primeiro “E” de Elle),

tornou a legibilidade prejudicada, a qual manteve-se assim mesmo com o auxílio das

subcategorias da usabilidade (a subcategoria visibilidade permaneceu prejudicada).

Esta é uma das poucas capas que não combina fontes com e sem serifa nas chamadas

de capa, mas mesmo assim a performance da fonte sem serifa mantém a boa leitura e

a composição equilibrada.

Como em outras capas, há o uso do bold (negrito) nas palavras dos subtítulos das

chamadas para quando querem chamar mais atenção do leitor.

É também uma das poucas capas que aposta no uso de uma fonte que não seja a

Didot Italic ou Garamond Italic mescladas com Futura no título principal da edição

(Geração Saúde).

Sobre a usabilidade, observa-se o mesmo que na edição anterior.

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4.5 Capa nº 5

FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO Nº: 340

MÊS/ANO: SETEMBRO 2016

IDENTIFICAÇÃO:

FATORES DISPOSITIVOS

DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE

CATEGORIA 1 LEGIBILIDADE/

LEITURABILIDADE

Movimento da fonte

😊 😊 😊 😊

Tamanhos/Corpos das fontes

😊 😊 😊 😊

Fontes com e sem serifa

😊 😊 😊 😊

Uso de caixas alta e baixa

😊 😊 😊 😊

Uso de itálico 😊 😊 😊 😊

Uso de bold 😊 😊 😊 😊

Alinhamento 😊 😊 😊 😊

Cor 😊 😊 😊 😊

Figura e fundo 😊 😊 😊 😊

Textura --- ---- --- ---

CATEGORIA 2: USABILIDADE

Visibilidade 😊 😊 😊 😊

Feedback 😊 😊 😊 😊

Consistência 😊 😊 😊 😊

Affordance 😊 😊 😊 😊

Acessibilidade 😊 😊 😊 😊

Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).

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288

FIGURA 156 - Presença online em todos os dispositivos, ao mesmo tempo - Elle Brasil

(Capa 5).

Legenda: 1: Desktop; 2: Notebook; 3: Tablet; 4: Smartphone.

Fonte: desenvolvido pela autora.

CATEGORIA 1 - LEGIBILIDADE/LEITURABILIDADE

Subcategorias:

Movimento da fonte:

o As fontes demonstram movimento. Positivo.

Tamanhos/Corpos das fontes:

o O tamanho das fontes é aprazível. Destaque para o número ”579”, em

destaque e demonstrando sofisticação, assim como a produção fez com a

modelo de capa.

Fontes com e sem serifa:

o É um numeral - “579” - quem está responsável pelo uso de serifa. As demais

fontes não possuem serifa. É interessante notar a boa performance da fonte

1

2

3

4

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289

quando expressa em um numeral, estando ele em destaque e onde o desenho

do caractere valoriza a expressão do design.

Usos de caixa alta e baixa:

o Nesta capa há o uso de caixa alta e baixa. Tudo trabalha harmonicamente,

com mais chamadas à esquerda, “nas costas” da modelo, mais espaço à

direita, apesar de a modelo estar curvada ligeiramente à direita, oferecendo

mais espaço para texto. A criatividade está em explorar o número “579”, em

tamanho bem superior às demais fontes das chamadas na capa.

Uso de itálico:

o Somente no número “579”, o que, além de valorizar seu tamanho grande - já

comentado anteriormente, se conjuga com o elemento cor, destacando essa

informação.

Uso de bold:

o O uso é somente para destaque na palavra “Exclusivo” e em determinadas

palavras das chamadas. Ocorre perfeitamente, valorizando a composição. No

caso da palavra “Exclusivo”, na mesma cor do logotipo e do numeral em

destaque, mostra uma conjugação com o bold para reforçar o equilíbrio dos

elementos da capa.

Alinhamento:

o O alinhamento contribui para a organização da página. Como na maioria das

capas, o alinhamento trabalha, também, para emoldurar a capada revista,

quando alinha os textos das chamadas de capa para as bordas da página,

sendo que a quantidade de texto distribuída diferentemente no contorno da

modelo é compensada pela exploração do tamanho da fonte, da presença do

numeral e da cor entre os elementos.

Cor:

o Cores sofisticadas, especialmente o dourado, que valorizam o conceito de

nobreza, elegância para os leitores.

Figura e fundo:

o Não temos conflitos neste quesito.

Textura:

o Não temos textura para analisar. Avaliação “Neutro”. Mais uma vez vemos

que como se explora muitos elementos das famílias tipográficas no projeto

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290

gráfico da revista, como também a cor, o tamanho das fontes, além da

fotografia das modelos, verifica-se que é uma opção da revista não trabalhar

com texturas para atuar na legibilidade do texto da capa.

CATEGORIA 2 - USABILIDADE

Subcategorias:

Visibilidade:

o Todas as funções estão disponíveis para que o leitor possa acessar o conteúdo

visual da maneira que melhor lhe satisfaça. As funções dos dispositivos

auxiliam na visibilidade da tipografia como por exemplo a ampliação da

imagem para leitura de determinados textos.

Feedback:

o Em todos os dispositivos, quando acessamos a revista Elle Brasil, há a oferta

de formas diferentes para que possamos acessá-la e também para que

possamos interagir com ela.

Consistência:

o É positiva porque é bastante didática a maneira de utilizamos os dispositivos

para ter acesso ao conteúdo. Toda a operação é bastante simples e aplica-se,

com as devidas características de cada dispositivo testado.

Affordance:

o É positiva porque todas as opções disponíveis contribuem para que possamos

explorar o conteúdo.

Acessibilidade:

o Por meio da navegação nos dispositivos, temos formas simples e didáticas

para utilizá-los e visualizar esta capa. Não há nenhuma questão que interfira

na usabilidade.

- Considerações sobre a tipografia nesta capa de Elle:

Mais uma vez a valorização da quantidade de peças enumerada na capa - “579”, com

a fonte em tamanho razoável. Interessante a cor destes números acompanhar a cor do

logotipo de Elle e também a palavra “EXCLUSIVO”, causando assim a

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291

oportunidade para uma leitura paralela como se quisesse dizer que é exclusivo da

Elle apresentar as 579 peças.

O uso da cor ocre no logotipo, nos números “579” e em “EXCLUSIVO” deram

nobreza à capa, que tem fundo branco e chamadas com variações de Didot e Futura

em preto onde foi explorado o leque de bold (negrito), light, normal e condensado.

O destaque tipográfico fica para o “579” que é a única fonte em itálico e que inicia a

frase, título de capa da edição.

O alinhamento da tipografia (totalmente à esquerda no lado esquerdo e totalmente à

direita no lado direito) tornam a atenção voltada para o centro da página onde está a

modelo em foto colorida.

Mesmo não havendo combinação de fontes com serifa (no sentido de estarem

sobrepostas, entrelaçadas etc.), o uso do numeral - que tem origem em fonte serifada

- estando presente na composição da capa como um todo, trouxe equilíbrio e

movimento à composição.

A usabilidade mais uma vez auxilia nas questões da legibilidade/leiturabilidade

quando, por exemplo no smartphone, utilizando o “touch”, ampliamos a imagem de

capa para que possamos visualizar não somente o texto com a fonte em maior

tamanho, como também para ampliar a fotografia e ver os detalhes do figurino que a

modelo veste. Esta ocorrência é comum nos dispositivos que possuem o touch.

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292

4.6 Capa nº 6

FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO Nº: 341

MÊS/ANO: OUTUBRO 2016

IDENTIFICAÇÃO:

FATORES DISPOSITIVOS

DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE

CATEGORIA 1 LEGIBILIDADE/

LEITURABILIDADE

Movimento da fonte

😊 😊 😊 😊

Tamanhos/Corpos das fontes

😊 😊 😊 😊

Fontes com e sem serifa

😊 😊 😊 😊

Uso de caixas alta e baixa

😊 😊 😊 😊

Uso de itálico 😊 😊 😊 😊 Uso de bold 😊 😊 😊 😊

Alinhamento 😊 😊 😊 😊

Cor 😊 😊 😊 😊

Figura e fundo 😊 😊 😊 😊

Textura --- ---- --- ---

CATEGORIA 2: USABILIDADE

Visibilidade 😊 😊 😊 😊

Feedback 😊 😊 😊 😊

Consistência 😊 😊 😊 😊

Affordance 😊 😊 😊 😊

Acessibilidade 😊 😊 😊 😊

Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).

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FIGURA 157 - Presença online em todos os dispositivos, ao mesmo tempo - Elle Brasil

(Capa 6).

Legenda: 1: Desktop; 2: Notebook; 3: Tablet; 4: Smartphone.

Fonte: desenvolvido pela autora.

CATEGORIA 1 - LEGIBILIDADE/LEITURABILIDADE

Subcategorias:

Movimento da fonte:

o As fontes possuem vigor. É utilizada uma fonte diferente do usual como fonte

da manchete de capa.

Tamanhos/Corpos das fontes:

o Os tamanhos estão adequados à composição.

Fontes com e sem serifa;

o As fontes sem serifa mantém a boa legibilidade e, apesar de não haver a

presença das serifadas, a composição tipográfica ocorre satisfatoriamente

para a legibilidade/leiturabilidade já que a fonte escolhida sustenta esta

capacidade.

1

2

3

4

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294

Usos de caixa alta e baixa:

o Todo o texto está em caixa alta. Não há conflitos.

Uso de itálico:

o Assim como no quesito anterior, o fato de não haver o uso de itálico nas

fontes das chamadas de capa não prejudica em nada a questão da

legibilidade/leiturabilidade.

Uso de bold:

o O uso de bold ocorre em todas as chamadas e na manchete. É positivo por

estar adequado, chamando atenção para os conteúdos principais da edição.

Alinhamento:

o Todos os alinhamentos organizam a composição e ajudam a delimitar a

imagem dentro do espaço gráfico. A tipografia funciona como suporte para o

auxílio em dar destaque à fotografia, valorizando a imagem de capa.

Cor:

o O uso da cor azul vibrante para a manchete de capa e também para o logotipo

de Elle deu uma dinâmica para a composição, sendo que a modelo parece

estar segurando o “L” e a cor de sua pele também soma ao visual agradável

da composição. Neste caso vê-se que a criatividade no uso de uma cor pode

gerar grande impacto no layout da capa e que, apesar de haver o status quo

do melhor uso de cores para situações da composição visual, a criatividade

supera o que parece estar estabelecido e promove o diferencial,

potencializando o impacto da comunicação visual.

Figura e fundo:

o O fundo branco da capa e as letras em preto da chama garante uma

legibilidade e leiturabilidade perfeitas, pelo contraste. Não há choque

negativo mas sim contraste positivo nas cores aplicadas à tipografia.

Textura:

o Não há textura para analisar. Avaliação “Neutro”.

CATEGORIA 2 - USABILIDADE

Subcategorias:

Visibilidade:

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o Todas as funções estão disponíveis para que o leitor possa acessar o conteúdo

visual da maneira que melhor lhe satisfaça. As funções dos dispositivos

auxiliam na visibilidade da tipografia como por exemplo a ampliação da

imagem para leitura de determinados textos.

Feedback:

o Em todos os dispositivos, quando acessamos a revista Elle Brasil, há a oferta

de formas diferentes para que possamos acessá-la e também para que

possamos interagir com ela.

Consistência:

o É positiva porque é bastante didática a maneira de utilizamos os dispositivos

para ter acesso ao conteúdo. Toda a operação é bastante simples e aplica-se,

com as devidas características de cada dispositivo testado.

Affordance:

o É positiva porque todas as opções disponíveis contribuem para que possamos

explorar o conteúdo.

Acessibilidade:

o Por meio da navegação nos dispositivos, temos formas simples e didáticas

para utilizá-los e visualizar esta capa. Não há dificuldades.

- Considerações sobre a tipografia nesta capa de Elle:

Dentro de nosso conjunto de capas aparece, pela primeira vez, a tipografia

interagindo com a fotografia pois a modelo está como que segurando o segundo “L”

de Elle - o qual fica entre sua mão e seus cabelos.

O primeiro “L” não existe e, mais uma vez, a revista oportunamente aproveita seu

logotipo tradicional para que o mesmo seja completado pela memorização do leitor,

de forma sutil. Não se sente a falta da letra. Neste caso, a ausência tipográfica não se

torna um erro já que não prejudica.

A modelo, ao interagir com a tipografia do logo valoriza a marca Elle.

Fundo branco com todas as chamadas com mesma fonte para os títulos, como outra

fonte utilizada para todos os subtítulos.

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O título da capa vem em cor que é idêntica à cor escolhida para o logotipo, além de

somar-se a um “X” subliminar do figurino da modelo, que “une” o título da edição

ao “Elle” do logotipo.

Não há qualquer conflito ou prejuízo no uso da tipografia como um todo.

4.7 Capa nº 7

FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO Nº: 342

MÊS/ANO: NOVEMBRO 2016

IDENTIFICAÇÃO:

FATORES DISPOSITIVOS

DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE

CATEGORIA 1 LEGIBILIDADE/

LEITURABILIDADE

Movimento da fonte

😊 😊 😊 😊

Tamanhos/Corpos das fontes

😊 😊 😊 😊

Fontes com e sem serifa

😊 😊 😊 😊

Uso de caixas alta e baixa

😊 😊 😊 😊

Uso de itálico 😊 😊 😊 😊

Uso de bold 😊 😊 😊 😊

Alinhamento 😊 😊 😊 😊

Cor ☹ ☹ ☹ ☹

Figura e fundo ☹ ☹ ☹ ☹

Textura --- ---- --- ---

CATEGORIA 2: USABILIDADE

Visibilidade ☹ ☹ ☹ ☹

Feedback 😊 😊 😊 😊

Consistência 😊 😊 😊 😊

Affordance 😊 😊 😊 😊

Acessibilidade 😊 😊 😊 😊

Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).

Page 116: 182 Ao falar sobre as fontes, JiEun Kim, a designer da ...tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1764/3... · Genro Filho, que no livro O Segredo da Pirâmide, apresenta o jornalismo

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FIGURA 158 - Presença online em todos os dispositivos, ao mesmo tempo - Elle Brasil

(Capa 7).

Legenda: 1: Desktop; 2: Notebook; 3: Tablet; 4: Smartphone.

Fonte: desenvolvido pela autora.

CATEGORIA 1 - LEGIBILIDADE/LEITURABILIDADE

Subcategorias:

Movimento da fonte:

o As fontes utilizadas junto com a categoria “cor”, causam muito movimento.

Positivo.

Tamanhos/Corpos das fontes

o Há a utilização de tamanhos diferentes de fonte e, mesmo assim, nenhum

tamanho - grande ou pequeno - implicou em conflitos para a legibilidade e a

leiturabilidade.

Fontes com e sem serifa:

o O uso das fontes, apesar de não haver serifa, é positivo e mantém a boa

leitura.

1

2

3

4

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Usos de caixa alta e baixa:

o As fontes em caixa alta permitem a boa leitura e o uso de todas as letras

maiúsculas demonstra a boa utilização das características da fonte para que

mantenha a leitura e mantenha o equilíbrio da composição da capa como um

todo.

Uso de itálico:

o Não temos o uso do itálico neste caso e isto não prejudica em nada a boa

leitura.

Uso de bold

o O uso de bold ocorre somente nas palavras “Beleza Real”. Destaca a palavra

sobre o fundo azul que, ainda mantém o contraste negativo para a visão mas

consideramos que é devido à cor e não ao uso de bold propriamente.

Alinhamento:

o Grande parte do texto das chamadas de capa alinhado à esquerda. Percebe-se

que o alinhamento auxiliou na valorização da modelo de capa.

Cor:

o As cores, apesar de vibrantes, causaram algum desconforto por razão do

vermelho sobre fundo azul. O designer deve testar sua escolha para que fatos

como este não ocorram.

Figura e fundo:

o Da figura e fundo lamentavelmente temos que comentar o fato de que a

escolha das cores foi ruim. É preciso analisar, testar o uso das cores para que

não haja este prejuízo para o leitor.

Textura

o Não há textura para que possamos avaliar. Avaliação “Neutro”.

CATEGORIA 2 - USABILIDADE

Subcategorias:

Visibilidade:

o Um dos poucos casos onde a usabilidade não compensou as distorções da cor.

Feedback:

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o Em todos os dispositivos, quando acessamos a revista Elle Brasil, há a oferta

de formas diferentes para que possamos acessá-la e também para que

possamos interagir com ela.

Consistência:

o É positiva porque é bastante didática a maneira de utilizamos os dispositivos

para ter acesso ao conteúdo. Toda a operação é bastante simples e aplica-se,

com as devidas características de cada dispositivo testado.

Affordance:

o É positiva porque todas as opções disponíveis contribuem para que possamos

explorar o conteúdo.

Acessibilidade:

o Por meio da navegação nos dispositivos, temos formas simples e didáticas

para utilizá-los e visualizar esta capa. Não há dificuldades.

- Considerações sobre a tipografia nesta capa de Elle:

Toda a tipografia tem duas cores: ou preto ou vermelho, sendo que o vermelho está

sobre as palavras principais, inclusive no logotipo, que tem a modelo cobrindo parte

dele (segundo “L” de Elle), mas que, novamente, não prejudica o entendimento.

É interessante a composição do título da edição à esquerda e exatamente sobre o

nível do mar (foto de fundo).

As fontes sem serifa cumprem perfeitamente o papel da legibilidade/leiturabilidade e

somam ao layout.

A cor vermelha sobre o fundo azul claro, nas palavras “Beleza Real” e no nome

“Jean-Paul Gaultier”, mesmo com uso de subcategorias da usabilidade, não tornaram

a legibilidade ajustada, apesar se sua leitura ser completamente possível. Acredita-se

que é a questão das cores sendo apresentadas em telas iluminadas (caso de nossos

dispositivos) que deixam o vermelho mais vibrante e, por sua tonalidade, aparecem

manchas.

Esta capa ganhou destaque na imprensa por ser uma modelo transexual (Valentina

Sampaio) estreando sua primeira capa. Não é a primeira capa de Elle com modelo

transexual.

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4.8 Capa nº 8

FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO Nº: 343

MÊS/ANO: DEZEMBRO 2016

IDENTIFICAÇÃO:

FATORES DISPOSITIVOS

DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE

CATEGORIA 1 LEGIBILIDADE/

LEITURABILIDADE

Movimento da fonte

😊 😊 😊 😊

Tamanhos/Corpos das fontes

😊 😊 😊 😊

Fontes com e sem serifa

😊 😊 😊 😊

Uso de caixas alta e baixa

😊 😊 😊 😊

Uso de itálico 😊 😊 😊 😊 Uso de bold 😊 😊 😊 😊

Alinhamento 😊 😊 😊 😊

Cor 😊 😊 😊 😊

Figura e fundo 😊 😊 😊 😊

Textura 😊 😊 😊 😊

CATEGORIA 2: USABILIDADE

Visibilidade 😊 😊 😊 😊

Feedback 😊 😊 😊 😊

Consistência 😊 😊 😊 😊

Affordance 😊 😊 😊 😊

Acessibilidade 😊 😊 😊 😊

Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).

Page 120: 182 Ao falar sobre as fontes, JiEun Kim, a designer da ...tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1764/3... · Genro Filho, que no livro O Segredo da Pirâmide, apresenta o jornalismo

301

FIGURA 159 - Presença online em todos os dispositivos, ao mesmo tempo - Elle Brasil

(Capa 8).

Legenda: 1: Desktop; 2: Notebook; 3: Tablet; 4: Smartphone.

Fonte: desenvolvido pela autora.

CATEGORIA 1 - LEGIBILIDADE/LEITURABILIDADE

Subcategorias:

Movimento da fonte:

o É uma capa diferenciada pela “modelo-robô” que está nesta edição. As fontes

escolhidas somam à fotografia mantendo o dinamismo da capa.

Tamanhos/Corpos das fontes

o Há dois textos na capa, somente. Um deles é de uma chamada de capa e outro

é continuidade do logotipo. Em ambos a diferença de tamanho das fontes não

afeta negativamente a leitura.

Fontes com e sem serifa:

o A presença tipográfica, com ou sem serifa não prejudica em nada neste caso.

Não há o uso de serifa nas fontes mas as que estão presentes garantem a

legibilidade/leiturabilidade.

1

2 3

4

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302

Usos de caixa alta e baixa:

o Temos a presença de todas as fontes em caixa alta, como que “protegendo” a

leitura do texto que aparece sobre a modelo. Esta condição garante a boa

leitura das chamadas de capa.

Uso de itálico:

o Não há texto em itálico mas a forma como as fontes se apresentam (estão em

“normal”), está satisfatória para a boa legibilidade/leiturabilidade.

Uso de bold:

o A letra bold é utilizada para compor a manchete da edição. Cumpre bem o

seu papel.

Alinhamento:

o Como o texto é mínimo na capa, os alinhamentos ajudam os dois blocos de

texto a equilibrar o título da edição que está na capa.

Cor:

o As cores da capa são leves e ganha destaque realmente a modelo-robô. A

tipografia imita letras com os pequenos quadrados característicos dos pixels e

são escuras, já que possuem uma textura. Nesta edição, para o título em

destaque, a fonte foi substituída para compor o layout da capa que apela para

a tecnologia.

Figura e fundo:

o Apesar das fontes estarem quase totalmente sobre o figurino da modelo-robô,

a legibilidade e a leiturabilidade não foram prejudicadas, pois as cores

favorecem o contraste.

Textura:

o As fontes possuem uma textura diferenciada: a textura Matrix (vide abaixo).

Bem aplicada pois não prejudica a leitura do texto e, sendo raro uso da

textura nas capas de Elle, vemos aqui a utilização de uma textura que não

somente permitiu a boa leitura como também somou à ambientação do tema

da edição (tecnologia).

o Vale comentar que a “textura Matrix” é relacionada aos filmes longa-

metragens de cinema “Matrix”, onde a estética e o uso de fundo preto com os

dígitos verdes em franco movimento - como na tela do sistema operacional

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303

DOS - passaram popularmente a chamar o uso deste layout de “Matrix”,

relacionando-o com o filme.

FIGURA 160 - Cartaz do filme Matrix.

Fonte: site A Era de Ouro, 2011140.

FIGURA 161 - Textura Matrix.

Fonte: site Cinemais, 2012141.

CATEGORIA 2 - USABILIDADE

Subcategorias:

Visibilidade: 140 Disponível em: http://2012aeradeouro.webnode.com.br/products/analise-do-filme-matrix/. Acesso em 06 mar. 2017. 141 Disponível em: http://cinemais2012.xpg.uol.com.br/matrix.html. Acesso em 06 mar. 2017.

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304

o Todas as funções estão disponíveis para que o leitor possa acessar o conteúdo

visual da maneira que melhor lhe satisfaça. As funções dos dispositivos

auxiliam na visibilidade da tipografia como por exemplo a ampliação da

imagem para leitura de determinados textos.

Feedback:

o Em todos os dispositivos, quando acessamos a revista Elle Brasil, há a oferta

de formas diferentes para que possamos acessá-la e também para que

possamos interagir com ela.

Consistência:

o É positiva porque é bastante didática a maneira de utilizamos os dispositivos

para ter acesso ao conteúdo. Toda a operação é bastante simples e aplica-se,

com as devidas características de cada dispositivo testado.

Affordance:

o É positiva porque todas as opções disponíveis contribuem para que possamos

explorar o conteúdo.

Acessibilidade:

o Por meio da navegação nos dispositivos, temos formas simples e didáticas

para utilizá-los e visualizar esta capa. Não há dificuldades.

A usabilidade mais uma vez apresentou-se como auxílio na visualização e leitura da

capa da revista, com o recurso de ampliação da imagem.

- Considerações sobre a tipografia nesta capa de Elle:

O tema da edição é tecnologia (a modelo da foto de capa é um robô) e a tipografia

acompanha a temática com o logotipo de Elle ganhando textura que nos remete ao

filme “Matrix”, um ícone cinematográfico de ficção considerado por muitos como

uma obra de arte multimídia. Nos cenários é amplo o uso do que tematiza conforme

vimos acima.

Novamente a modelo sobrepõe-se sobre o logo de Elle, o qual não é prejudicado pela

falta do segundo “L”.

A modelo está em grande evidência na capa e, apesar do traje ter bastante detalhes, o

título “FUTURO”, com tipografia também texturizada (assim como o logotipo de

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305

Elle), ainda tem recortes para remeter à tecnologia, como se a “pixelização” tomasse

conta das letras.

É interessante o alinhamento do título, que começa com tamanho de fonte menor e

alinhado à esquerda, dando destaque à palavra “FUTURO” que quase toma toda a

extensão horizontal da capa.

Com fundo branco, a tipografia possui cor preta quando não com a textura “Matrix”.

Não há chamadas. Somente o título e subtítulo.

Em todos os dispositivos não há nenhuma implicação negativa do uso tipográfico.

4.9 Capa nº 9

FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO Nº: 344

MÊS/ANO: JANEIRO 2017

IDENTIFICAÇÃO:

FATORES DISPOSITIVOS

DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE

CATEGORIA 1 LEGIBILIDADE/

LEITURABILIDADE

Movimento da fonte

😊 😊 😊 😊

Tamanhos/Corpos das fontes

😊 😊 😊 😊

Fontes com e sem serifa

😊 😊 😊 😊

Uso de caixas alta e baixa

😊 😊 😊 😊

Uso de itálico 😊 😊 😊 😊

Uso de bold 😊 😊 😊 😊

Alinhamento 😊 😊 😊 😊

Cor 😊 😊 😊 😊

Figura e fundo 😊 😊 😊 😊

Textura 😊 😊 😊 😊

CATEGORIA 2: USABILIDADE

Visibilidade 😊 😊 😊 😊

Feedback 😊 😊 😊 😊

Consistência 😊 😊 😊 😊

Affordance 😊 😊 😊 😊

Acessibilidade 😊 😊 😊 😊

Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).

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306

FIGURA 162 - Presença online em todos os dispositivos, ao mesmo tempo - Elle Brasil

(Capa 9).

Legenda: 1: Desktop; 2: Notebook; 3: Tablet; 4: Smartphone.

Fonte: desenvolvido pela autora.

CATEGORIA 1 - LEGIBILIDADE/LEITURABILIDADE

Subcategorias:

Movimento da fonte:

o As fontes oferecem dinamismo pois há o movimento de origem do uso do

“itálico” com o “normal”, ampliando o movimento pela cor quente utilizada

nas fontes e o fundo claro, que permite à tipografia também aproveitar o

espaço livre que ali está e, junto à modelo, criar uma tensão no lado direito da

capa, já que enquanto a modelo está voltada à esquerda, a fonte stá em itálico

para a direita.

Tamanhos/Corpos das fontes:

1

2 3

4

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307

o Há tamanhos diferentes de fontes. Todas funcionando bem pois mantém a

legibilidade apesar das diferenças de pesos visuais. Inclusive, há tamanhos

diferentes no título da edição (“Vibe Relax”).

Fontes com e sem serifa:

o A combinação de fontes com e sem serifa garantem modernidade e

sofisticação ao projeto gráfico desta capa, além de conseguir manter a

legibilidade/leiturabilidade.

Usos de caixa alta e baixa:

o São utilizadas ambas na composição. Torna-se uma combinação muito

agradável e que demonstra a boa performance dos tipos, pois dão mais

movimento à capa e estão em sintonia com o esvoaçar do vestido da modelo.

Uso de itálico:

o O uso de itálico ocorre somente no título (manchete) da capa. Ocorre de

forma positiva, pois as chamadas de capa possuem bold e estão em caixa alta

e baixa. Isso demonstra versatilidade na exploração de elementos na

tipografia, que varia de uma capa a outra.

Uso de bold:

o O uso de bold ocorre para chamar atenção do público quando lê as chamadas

de capa. Está bem colocado.

Alinhamento:

o Quase todas as chamadas estão alinhadas à esquerda e somente o título da

edição e um breve texto que o acompanha garantem assim uma organização e

harmonia para a capa, valorizando a modelo que abre esta edição.

Cor:

o As cores seguem dentro de uma mesma paleta que vai do vinho ao rosa e ao

cinza. As cores das fontes são únicas e trabalham com a composição como

um todo, sem qualquer conflito.

Figura e fundo:

o As letras possuem uma cor que as desenha muito bem, valorizando seus

detalhes. O fundo é claro e o contraste com as letras se faz com qualidade.

Textura:

o No logotipo de Elle há uma textura que imita mármore, o que soma-se ao

fundo de capa que está marmorizado. Assim, temos a combinação do

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308

logotipo com o fundo de capa, onde mesmo com tonalidades diferentes,

compõem conjunto visual com texturas semelhantes.

CATEGORIA 2 - USABILIDADE

Subcategorias:

Visibilidade:

o Todas as funções estão disponíveis para que o leitor possa acessar o conteúdo

visual da maneira que melhor lhe satisfaça. As funções dos dispositivos

auxiliam na visibilidade da tipografia como por exemplo a ampliação da

imagem para leitura de determinados textos.

Feedback:

o Em todos os dispositivos, quando acessamos a revista Elle Brasil, há a oferta

de formas diferentes para que possamos acessá-la e também para que

possamos interagir com ela.

Consistência:

o É positiva porque é bastante didática a maneira de utilizamos os dispositivos

para ter acesso ao conteúdo. Toda a operação é bastante simples e aplica-se,

com as devidas características de cada dispositivo.

Affordance:

o É positiva porque todas as opções disponíveis contribuem para que possamos

explorar o conteúdo.

Acessibilidade:

o Por meio da navegação nos dispositivos, temos formas simples e didáticas

para utilizá-los e visualizar esta capa. Não há dificuldades.

- Considerações sobre a tipografia nesta capa de Elle:

O logotipo Elle tem sua tipografia com textura que se assemelha ao fundo da capa

(rocha em tons róseos). Provoca a sensação de transparência e assume a coloração

vinho.

A cor do logotipo de Elle e de toda a tipografia presente na capa é vinho. Não há

outra cor sobre as letras.

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309

Há o uso das fontes tradicionais para as chamadas de capa de Elle, com o uso do

sinal “+” em tamanho maior do que as letras das quais está próximo, além de estar

em outra variação (bold).

A modelo cobre duas letras do logotipo de Elle, que mais uma vez não é prejudicado,

mediante sua tradição.

Apesar de não haver um entrelaçamento ou sobreposição de fonte serifada com não-

serifada, temos o título da edição em serifada e italic próximo à sem-serifa e normal.

Assim, consideramos que a proximidade, fazendo um conjunto visual, uma mancha

visual, convergem para nossa análise, que é positiva.

Não há qualquer problema com a presença tipográfica, em todas as suas nuances,

nesta capa. Atende aos padrões das categorias de análise.

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310

4.10 Capa nº 10

FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO Nº: 345

MÊS/ANO: FEVEREIRO 2017

IDENTIFICAÇÃO:

FATORES DISPOSITIVOS

DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE

CATEGORIA 1 LEGIBILIDADE/

LEITURABILIDADE

Movimento da fonte

😊 😊 😊 😊

Tamanhos/Corpos das fontes

😊 😊 😊 😊

Fontes com e sem serifa

😊 😊 😊 😊

Uso de caixas alta e baixa

😊 😊 😊 😊

Uso de itálico 😊 😊 😊 😊

Uso de bold 😊 😊 😊 😊

Alinhamento 😊 😊 😊 😊

Cor 😊 😊 😊 😊

Figura e fundo 😊 😊 😊 😊

Textura --- ---- --- ---

CATEGORIA 2: USABILIDADE

Visibilidade 😊 😊 😊 😊

Feedback 😊 😊 😊 😊

Consistência 😊 😊 😊 😊

Affordance 😊 😊 😊 😊

Acessibilidade 😊 😊 😊 😊

Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).

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311

FIGURA 163 - Presença online em todos os dispositivos, ao mesmo tempo - Elle Brasil

(Capa 10).

Legenda: 1: Desktop; 2: Notebook; 3: Tablet; 4: Smartphone.

Fonte: desenvolvido pela autora.

CATEGORIA 1 - LEGIBILIDADE/LEITURABILIDADE

Subcategorias:

Movimento da fonte:

o As fontes apresentam-se de forma a movimentar a capa, em diferentes

famílias, em tamanhos também diferentes. As fontes estão em forte sintonia

com a modelo, cujos cabelos estão completamente desalinhados.

Tamanhos/Corpos das fontes:

o A diferença principal ocorre do título da edição para as chamadas de capa.

Mas a junção de todas elas (logotipo e chamadas) permitem uma composição

interessante e satisfatória, pois colaboram para o destaque da modelo ao

mesmo tempo em que contribuem para dar destaque aos assuntos da revista.

Fontes com e sem serifa:

1

2 3

4

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312

o Temos fonte com serifa e fonte sem serifa. A legibilidade e a leiturabilidade

estão garantidas, com qualidade pois a presença das fontes assim mantém,

neste layout, o equilíbrio e a boa visualização.

Usos de caixa alta e baixa:

o Também temos o uso de caixa alta e baixa. Ambas funcionado bem na

composição, com efeito de movimento e orientação na leitura.

Uso de itálico:

o O uso de itálico ocorre comente no título da edição (“Novos Tempos”), mas

está disposto de forma estratégica, aproveitando o fundo claro sobre o qual

está e ganhando impacto visual. A leitura ocorre muito bem e a legibilidade

idem.

Uso de bold:

o O uso de bold é eficaz pois neste caso garante boa leitura e chama atenção do

leitor para o assunto que ilustra.

Alinhamento:

o Temos dois tipos de alinhamento na capa (à esquerda e à direita) e ambos

mantém a composição visual em equilíbrio, dando-nos uma boa legibilidade e

leitura dos assuntos, na capa.

Cor:

o A cor promove o contraste e também acaba por facilitar mais ainda a boa

leitura, já que a chamada de capa, com letras em cor branca, está sobre o

fundo rosa vibrante. Já o título da edição tem cor preta, assim como o texto

que o acompanha e ambos estão sobre fundo branco, favorecendo o contraste.

Figura e fundo:

o Vale aqui o comentário e análise feitos na subcategoria “cor”, no qual

tratamos também sobre a figura e o fundo (letras e o fundo).

Textura:

o Não temos o uso de textura nesta capa e, assim nossa avaliação é “Neutro”.

CATEGORIA 2 - USABILIDADE

Subcategorias:

Visibilidade:

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313

o Todas as funções estão disponíveis para que o leitor possa acessar o conteúdo

visual da maneira que melhor lhe satisfaça. As funções dos dispositivos

auxiliam na visibilidade da tipografia como por exemplo a ampliação da

imagem para leitura de determinados textos.

Feedback:

o Em todos os dispositivos, quando acessamos a revista Elle Brasil, há a oferta

de formas diferentes para que possamos acessá-la e também para que

possamos interagir com ela.

Consistência:

o É positiva porque é bastante didática a maneira de utilizamos os dispositivos

para ter acesso ao conteúdo. Toda a operação é bastante simples e aplica-se,

com as devidas características de cada dispositivo.

Affordance:

o É positiva porque todas as opções disponíveis contribuem para que possamos

explorar o conteúdo.

Acessibilidade:

o Por meio da navegação nos dispositivos, temos formas simples e didáticas

para utilizá-los e visualizar esta capa. Não há dificuldades.

- Considerações sobre a tipografia nesta capa de Elle:

Mais uma vez a modelo sobrepondo-se ao logotipo, onde a cabeça sempre costuma

estar à altura da marca. Neste caso, os dois “Ls” de Elle praticamente desaparecem,

restando os dois “Es”, que ficam em destaque na parte superior da página. Nota-se

que a modelo parece estar na diagonal do logotipo pois ela está sobre o logotipo mas

não completamente: o segundo “E” de Elle está em primeiro plano, tornando esta

sensação de diagonal presente, porém sutil. É uma composição visual que trabalha

bastante com planos diferentes da imagem, forte apelo à profundidade e perspectiva.

Utilizando o fundo claro do figurino da modelo, o título da edição, desalinhado,

encaixa-se no espaço e, curto, divide-se em duas linhas, com tamanhos de fonte

diferentes para cada uma das duas palavras que o compõe (“Novos tempos”).

A haste do “p” de “tempos”, no título, é usada para dar o espeço necessário ao botão

do figurino e, logo abaixo já se encaixa o bloco de texto que remete ao título, porém

em outra fonte e em tamanho menos, com alinhamento centralizado.

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Não há entrelaçamento ou sobreposição de fonte serifada com não-serifada e vice-

versa. Porém, a proximidade de ambas no título (como na capa anterior, de nº 9),

pois realçam o movimento, além de manter a leitura eficaz.

A tipografia atende a todos os quesitos das categorias.

5. Considerações sobre as análises realizadas

Quanto à Legibilidade e Leiturabilidade

Como resumo geral das avaliações nas fichas, apresentamos a seguir algumas

percepções obtidas ao avaliá-las. Estas percepções podem auxiliar no sentido de considerar

as adequações da tipografia especificamente em determinados dispositivos, sendo as

mesmas pela tipografia em si ou pelo uso de um dos elementos da comunicação visual

visitados como subcategorias de análise de legibilidade/leiturabilidade. No Capítulo 1 deste

estudo temos as contribuições de Dondis (1991) quando apresenta os elementos da

comunicação visual, depois Lupton (2015) e Zappaterra (2014) quando tratam do design

gráfico e as telas e, por fim, Lupton (2015) quando explicita as pertinências e impertinências

dos tipos e também Ali (2009) quando fala sobre a revista em si e que nos será de grande

importância nos comentários a seguir.

Podemos observar que as capas possuem a tipografia como grande aliada no quesito

chamadas de capa, pois ela, diante da forma como é aplicada, mantém um equilíbrio entre

as informações e o impacto visual. Acaba por trazer uma hierarquia e organização das

informações, pelo tamanho das letras e pela disposição como são ali colocadas.

O alinhamento costuma ser à esquerda para as chamadas que se localizam do lado

esquerdo da capa, como também o texto será alinhado à direita quando próximo ao lado

direito. Temos o título da capa na maioria das vezes “solto” pela capa, sem lugar fixo.

A tipografia utilizada nas capas tem uso, na maioria das vezes, de fontes com e sem

serifa e assim também ocorre frequentemente com o uso de caixa alta e baixa no texto ali

publicado. No caso do uso dos tipos que não possuem serifa não há nenhum tipo de

desconforto para a leitura, mesmo quando estão sobre imagens, conforme o contraste figura

fundo.

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315

A maior parte das fontes da capa da Elle Brasil utiliza o modo normal, porém o uso

do bold ocorre para que haja ênfase em chamadas de capa. As chamadas de capa são breves

e o alinhamento as auxilia porque já que são texto sintético a disposição como estão ali

colocados pode trazer um impacto que motive o público à leitura, o que é bastante aprazível.

As fotografias de capa em sua maioria são sempre de tamanho que abranja a

totalidade do espaço, muitas vezes indo além dos seus limites. Ocupando a página inteira, as

fotografias costumam ser coloridas e desempenham papéis importantes como auxiliar a capa

a propagar o veículo, como também corroborar para a sua identidade visual.

As capas de Elle possuem forte personalidade, a confiança nisso se expressa pelas

poucas mudanças ocorridas em seu logotipo e nas famílias tipográficas que as compõem. É

uma revista voltada à moda e ao estilo, que busca atrair novidade e sofisticação do conteúdo

e da forma. O contraste que existe entre as fotografias e a tipografia valoriza o projeto

gráfico da revista, uma marca de sua identidade visual em meio às outras. Por mais que varie

o tema, há um diálogo entre tipografia e imagem de capa de maneira que elas são

complementares, cada uma cumprindo o seu papel na comunicação visual.

Há vezes que a tipografia ganha textura, porém isso é feito de maneira distinta

somente para algumas edições, pois nota-se que a prioridade é valorizar a mensagem que o

título e as breves chamadas de capa trazem, sendo que não podemos negar o fato de que as

imagens sempre tentam protagonizar a capa, já que é uma revista de moda. Queremos dizer

que a textura torna-se presente para reforçar a mensagem que a capa traz, como por exemplo

o uso da textura Matrix no logotipo da Elle Brasil.

Outro tópico que vale a pena analisar, apesar de não estar entre as categorias

analisadas, é o fato de que o grid da capa da revista Elle Brasil sempre é respeitado e apesar

de parecer que limita a ideia criativa do designer, a capa da revista Elle fornece grande

oportunidade criativa pelos usos diversos das famílias das fontes que ali estão.

O uso das cores, o alinhamento, o uso de bold ou não, caixas altas ou baixas levam a

uma uniformidade para que haja localização das informações. Sabemos que são vários

detalhes para que tenhamos a tipografia aplicada corretamente. Vamos lembrar que Ali

(2009) disse que a revista dispõe de 5 segundos para atrair atenção do leitor e que nesse

intervalo deve transmitir a identidade e o conteúdo da publicação, assim devemos considerar

que o investimento em tempo para o desenvolvimento da capa de revista é de grande

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importância pela responsabilidade que a mesma possui, como já dissemos em vários

sentidos, para o sucesso do veículo.

Como pode ser observado, as capas da versão impressa são as mesmas da versão

digital, sendo que a legibilidade e a leiturabilidade dependem não só do planejamento da

equipe de profissionais da revista, que se apropria dos diversos elementos da tipografia para,

ao lançar mão deles, dar movimento, contraste, dinamismo e destaques, como também exige

criatividade na escolha dos destaques e como apresentá-los e sintonia com a equipe editorial,

preservando a sintonia entre fotografia, tipografia e conteúdo editorial. Para que esse

equilíbrio se dê também na versão digital, uma vez que o meio é outro, é preciso pensar nos

impactos das escolhas para a legibilidade no meio digital e nas condições de recepção do

leitor. As adaptações, como vimos, se não dão no nível da usabilidade, que promove ajustes,

nas eventuais perdas de legibilidade, conforme mencionamos a seguir.

Quanto à Usabilidade

Um primeiro aspecto a considerar é quanto ao tamanho da tela, que proporciona

maior conforto visual e mantém em alta a legibilidade e a leiturabilidade. Pode-se constatar

que, em todas as capas analisadas, apenas nas capas de números 4 e 7 houve prejuízo, sendo

que o elemento COR causou o conflito quando aplicado sobre fundo e tipografia. Isto vai ao

encontro do que comentamos no Capítulo 1, item 1.5.5, abordando o design gráfico no

contexto dos meios da comunicação: “A expressão do design gráfico deve ocorrer

continuamente em ambientes onde possa haver percepção e entendimento do que ele

pretende transmitir seja através da forma, da cor, do texto etc.”. Complementamos com as

considerações - também citadas anteriormente - de JiEun Kim, da Samsung que afirma:

Na minha opinião, uma boa fonte deve ser claramente legível, mesmo depois de longas horas de leitura. Mas isso não significa que há uma fonte universal que é melhor para todos os dispositivos; dependendo das diferenças de resolução de tela, tamanho de tela, proporção e até mesmo cores de fundo, a mesma fonte pode parecer bastante diferente em dispositivos diferentes, explicou Kim (SAMSUNG, 2015142).

Outro ponto a considerar é que o smartphone é o dispositivo que requer maior

interatividade com a tipografia da capa pelo simples fato da tela ser pequena. A usabilidade

142 Disponível em: https://news.samsung.com/global/create-the-face-of-galaxy-devices-font-designer-jieun-kim. Acesso em 18 fev. 2017.

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317

é mais evidente quando faz-se necessária a leitura no smartphone e o touch é fundamental

para a ampliação do tamanho das letras, imagens etc., com o objetivo de que o leitor tenha

condições de enxergar e entender o conteúdo. Conforme apresenta Lupton (2015), os

diversos tipos de gestos e toques ajudam a compensar algumas perdas, especialmente

quando se trata de telas menores. A autora complementa fazendo considerações ao designer

quando o mesmo busca alternativas para que haja condições do público alcançar o conteúdo

satisfatoriamente, sendo que para isto pesquisam formas de interatividade. Vejamos:

À medida que os designers exploram novas abordagens de interatividade, a linguagem padrão da navegação vem se expandindo. As telas de toque apresentam uma relação diferente entre o usuário e o conteúdo, agregando um rico vocabulário de gestos ao léxico consagrado da interatividade. A tela de um tablet ou dispositivo móvel pode ser pequena, mas se expande neste novo mundo de toques e gestos (LUPTON, 2015, p. 108).

No caso de Elle é necessário ampliar a imagem para ler todas as chamadas de capa -

sendo que ao ampliar teremos condições de verificar todos os detalhes das fontes. As

imagens ampliadas não apresentam distorção, ou seja, há planejamento para que sejam

utilizadas em todos os dispositivos e que sejam preservadas as suas características. Torna-se,

então, necessário afirmar que a produção do conteúdo deve estar de acordo com o uso amplo

em todos os dispositivos e que este conteúdo esteja preparado para ser expandido, reduzido,

levado de um lado a outro na tela etc. para que a leitura e a legibilidade sejam de padrão

satisfatório àquele receptor das mensagens.

Conforme Suzana Barbosa, e as pesquisas citadas nesta tese, o smartphone já é

considerado o dispositivo por meio do qual mais se acessa conteúdos digitais. Portanto, a

boa experiência do público receptor com o veículo deve ser plena e o smartphone, então,

deve ter grande relevância na preparação das capas digitais, quando não do restante da

revista também.

Uma outra observação quanto à usabilidade é que no notebook a capa não possui

adequação para aparecer inteira: é preciso rolar a imagem para conhecer a capa como um

todo. Diferentes, nos demais dispositivos, inclusive no desktop utilizado.

Este é o padrão do aplicativo GoRead. Assim, mantém-se a satisfação dos leitores

quando utilizado este dispositivo. No que diz respeito à tipografia, permanece a afirmação

de que funciona plenamente nesse dispositivo não somente pelo tamanho de sua tela - que

apenas perde para a tela do desktop que utilizamos - mas que teria tamanho muito similar às

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telas mais usadas em desktops no Brasil, apresentando ótima qualidade para todas as

utilizações das fontes em sua capa.

Temos aí a constatação de que a rolagem é um dos artifícios que podem ser

utilizados para atingir satisfatoriamente o receptor sendo que o nível de sucesso quando

analisados pelo foco das subcategorias visibilidade, consistência e affordance é muito

positivo.

No que diz respeito à imagem da capa em si, vimos mais uma vez que quando há a

necessidade de ampliação da imagem, a Elle não perde as suas características (não distorce,

não granula etc.). O uso do design responsivo valoriza a questão da flexibilidade como

condição necessária para que a mensagem seja adaptada ao dispositivo que a apresente,

acomodando-se de forma tal que mantenha o estímulo e a motivação para que o receptor

continue absorvendo o conteúdo exposto. Repetimos abaixo o que Lupton (2015) afirma: Os adeptos do designer responsivo planejam e desenvolvem páginas da web que exibem seu conteúdo de maneira diferente dependendo de como o usuário estiver visualizando o site ao invés de criar versões diferentes e autônomas para diferentes dispositivos (LUPTON, 2015, p. 56).

Ao confrontar legibilidade/leiturabilidade e usabilidade percebemos nas diversas

plataformas digitais, percebe-se que as demandas para uma boa comunicação visual, para a

identidade do veículo, para uma revista que exige estilo e sofisticação, para um público mais

jovem e feminino são contempladas.

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CONCLUSÃO

Tratamos, neste estudo, de um dos principais elementos da comunicação visual: a

tipografia. Marcamos sua presença sobre um dos mais tradicionais meios de comunicação: a

revista. Buscamos um ambiente que contextualiza a nossa época: a tecnologia em plena Era

da Informação.

Durante o nosso trabalho fizemos uma longa visita à história tipográfica - o que, pela

profundidade, nos despertou o sentido visual de tal forma que foi natural estabelecer uma

conexão direta entre passado e futuro, junto com o que encontramos hoje na tipografia

digital presente nos dispositivos móveis: o “re-conhecimento” da importância da tipografia.

Este se faz porque ela não somente documenta a escrita por meio de formas que a mesma

possa ter, mas também porque ela nos caracteriza enquanto identidades sociais,

marcadamente históricas. Queremos dizer que a tipografia auxilia na identidade de um

produto humano, veiculado em um meio de comunicação quando se conecta com o seu

receptor, o seu público-alvo.

Para fazer o percurso desta tese uma necessidade inicial nos levou a esse estudo: a

inquietação do conhecimento. Assistir as mudanças e não envolver-se com elas poderia

caracterizar um pesquisador que não está, em sua origem, apto para as tarefas que a pesquisa

científica requer. Como diz Rubem Alves:

[...] o cientista não é um discípulo mudo perante os fatos. Os fatos (...) O cientista é o juiz. Faz perguntas. E pergunta porque a sua razão só se satisfaz ao compreender o complô, a trama, a teia de relações que torna os fatos inteligíveis (ALVES, 1981, p. 108).

E, em nosso caso, o incômodo tornou-se praticamente cotidiano. Chegar à decisão de

pesquisar mais profundamente a tipografia digital foi tão natural quanto é hoje ligarmos

nossos aparelhos conectados à internet e encontrá-la ali presente.

As transformações que o design gráfico vem sofrendo demonstram a sua

territorialidade, força e a necessidade de sua presença em meio aos veículos de

comunicação. Ser perene, em meio a tantas transformações tecnológicas e sociais, e ter

consigo o investimento de empresas, indústrias e profissionais que: adquirem equipamentos,

compram softwares, buscam ampliar seus conhecimentos em cursos de capacitação,

experimentam novas formas de uso da tipografia em tantos suportes - sejam eles impressos

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ou digitais - mostra que o design por si só é uma ferramenta necessária à comunicação na

sociedade.

Temos que reconhecer o valor que as artes gráficas emprestam à imprensa nacional,

devido aos produtos editoriais que a mesma industrializa e muitas vezes aprimora para que

sejam atendidos não somente os desejos de seus leitores, interlocutores, receptores mas

também que se chegue à população de maneira geral e que todos possam ter acesso ao

produto gráfico de acordo com as suas possibilidades.

Nosso percurso teórico elencou autores que contribuíram para contextualizar a teoria

da comunicação com nosso tema, a comunicação visual, sobre a qual sentimos falta de

literatura à disposição em nosso país - mas que, nos estudos liderados por Ken Smith,

pudemos encontrar pistas nas discussões sobre a comunicação e a visibilidade. Dondis, com

as características dos elementos da comunicação visual, nos permitiu elaborar um quadro

onde tornou-se mais didática a visualização de todos os itens para analisar, categorizar e

especificar o que poderia ocorrer com a presença tipográfica além da própria anatomia que

ela possui. Canevacci e Bestley e Robles também foram fundamentais para entender as

raízes da comunicação visual sob a abordagem antropológica e também a estrutura da

pesquisa teórica no campo da comunicação visual, respectivamente.

Em outras questões, específicas da tipografia, tivemos Pierre Duplan, Erik

Spiekermann e Ellen Lupton; estes, apesar de terem nascido em anos bem diferentes,

contribuíram para as definições da linguagem tipográfica e das especificidades históricas e

da construção, estrutura e denominações de fontes tipográficas, assim como os contextos por

onde desenvolveram-se na história. Para o design editorial, Zapaterra foi a autora com maior

impacto em nossos estudos, pois colaborou para os temas que trataram da convergência do

uso da tipografia com o ambiente do design editorial, já que nosso suporte de estudos foi a

revista - inclusive, junto a Ellen Lupton, abordou a tipografia nas telas. Já Ellen Lupton

contribuiu grandemente sobre a tipografia nas telas pois o desenvolvimento de experimentos

feitos por essa autora são bastante valiosos para as questões tipográficas na atualidade. De

outro lado Priscila Farias é a única autora brasileira que voltou seus estudos à tipografia

digital, porém com abordagens mais voltadas à semiótica e à construção de famílias de

fontes para o digital, mas que nos permitiu apresentar os elementos essenciais ao tema,

como a busca de uma definição para o que denominamos tipografia digital em nosso

contexto nacional e também como a tipografia é vista pelo foco de representações de

sentidos da mensagem visual. As questões da interação homem-computador e as bases de

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usabilidade, acessibilidade e legibilidade tiveram a maior contribuição vinda de Yvonne

Rogers.

Acerca de revistas e revista feminina, pudemos nos balizar em estudos de Dulcília

Buitoni, Maria Celeste Mira, Marcia Benetti, Marília Scalzo, Bianca Alighieri e Fátima Ali,

as quais deram várias contribuições a partir de suas perspectivas - práticas e teóricas - sobre

o papel da revista, suas características como veículo que permite o exercício do estilo textual

e gráfico e o aprofundamento da notícia, devido à sua especialização e segmentação de

público. Além do conjunto de nossas referências, contamos ainda com a entrevista com

Suzana Barbosa, pesquisadora especializada em jornalismo digital e que possui estudos

sobre revistas em plataformas digitais.

Optamos pelo meio de comunicação revista, a qual tem por característica - salvo

alguns casos - a oferta da informação vinda em textos e imagens (fotografias, ilustrações,

projetos gráficos com a tipografia em variadas formas de se apresentar etc.). São necessários

mais aprofundamentos, análises, diagnósticos que possam estruturar a forma como a

tipografia digital acomodava-se neste meio, dada a sua importância para a percepção da

mensagem. Seguimos então em busca de resposta para a nossa pergunta problema: Como se

apresenta a performance da tipografia na capa da publicação na versão digital, para atender

satisfatoriamente os requisitos do controle da produção dos elementos visuais que compõem

as capas de revista nesse ambiente? Como a tipografia digital ali se comporta?

Para responder à pergunta problema, dividimos a nossa análise em duas grandes

categorias: Legibilidade/Leiturabilidade e Usabilidade. Para cada uma criamos

subcategorias, as quais foram definidas a partir da pesquisa bibliográfica. A partir disso,

podemos concluir que, primeiramente, para analisar a tipografia digital é essencial observar

as características do meio e as condições de recepção do público. É dessa forma que a

comunicação visual por meio da tipografia no meio digital se realiza. A

legibilidade/leiturabilidade depende das condições de usabilidade do meio, portanto, a

performance eficaz da tipografia digital não se efetiva sem se considerar as condições de

usabilidade.

Nesse sentido, é possível destacar que o design nem sempre leva em consideração

essas condições, pois é necessário ter profissionais que considerem o processo de

comunicação, na sua complexidade, no âmbito da produção e da recepção, da forma e do

conteúdo e do acesso tecnológico.

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No caso da Elle Brasil, constatamos que o tamanho das telas é de grande valia para

boa leitura e conforto visual, assim como o fato de que a tipografia digital carece

fundamentalmente de estar ajustada para as mais diferentes formas de visualização

(diferentes dispositivos de acesso à web como desktops, notebooks, tablets e smartphones),

sempre que houver a migração da versão impressa para a versão digital e sua oferta

simultânea. Por isso, ter performance eficaz na comunicação visual é um exercício

simultâneo de aplicação da tipografia em dois meios que se relacionam, o digital e o

impresso, que se tornam hoje expressões de identidade visual das revistas (e de outros

veículos jornalísticos), como a Elle Brasil. Nesse aspecto o papel do design gráfico e da

tipografia (impressa e digital) se tornaram ainda mais complexos.

Além disso, verificamos que no ambiente digital a usabilidade foi o grande fator que

trabalhou em prol da tipografia nos experimentos e análises que fizemos, pois apesar de em

algumas capas da amostra analisada não apresentarem tipografia de maneira satisfatória, nas

subcategorias de análise da usabilidade vimos que é possível haver certo ajuste que venha a

deixá-la ideal, como por exemplo o uso do touch, para redimensionar o tamanho das fontes

e/ou arrastar telas e imagens (fotografias, ilustrações, textos etc.).

Quanto à acessibilidade, estas dependem principalmente dos recursos dos

dispositivos, no caso da Elle, eles estavam prontos a atender as necessidades dos receptores

nas suas necessidades, inclusive os portadores de algum tipo de deficiência visual. Porém,

observamos também que a cor é algo que a usabilidade não tem como resolver. Em algumas

capas da Elle Brasil na amostra selecionada, determinadas cores em contraste com a cor do

fundo prejudicaram a legibilidade. É fundamental ter cautela para aplicação de cores,

especialmente em se tratando de tipografia. A necessidade de testes em todos os suportes é

necessária, para a melhor legibilidade/leiturabilidade.

Também observamos que a boa performance da tipografia, no caso da revista Elle

Brasil, é usada para representar a identidade da revista como se fosse a sua própria letra, o

seu estilo de escrita. No ambiente digital, ela assume o papel da representação visual da

linguagem escrita da revista. E mais: estando presente em dispositivos digitais, promove a

legitimidade das versões impressas da revista quando online, pela ampla possibilidade de

acesso à publicação por meio dos dispositivos digitais e móveis. A revista adequa-se ao

outro ambiente e amplia a sua presença na mídia, agregando recursos multimídias (audio,

vídeo, touchscreen, telas de retina etc.), além de a interatividade com o público se ampliar

em muito. Nas nossas análises em todas as versões para todos os dispositivos utilizados, a

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tipografia de cada edição da revista Elle Brasil apresentou-se majoritariamente preparada

para atender as necessidades de leitura com o uso dos dispositivos digitais, seja para o

simples toque ou clique, seja para ampliação, seja para deslocamento horizontal, vertical,

diagonal das telas etc.

Elle Brasil dedicou-se a preparar sua presença em ambiente digital, planejando o uso

de sua tipografia quando, nos anos 2000, passa a ser oferecida a versão brasileira via

internet. Conforme demonstra seu histórico e sua presença atual em várias plataformas pelo

mundo, é um produto editorial que acompanha a evolução social e tecnológica, com uma

identidade visual consolidada, mantendo a tipografia como estratégia e performance eficaz

para atrair o leitor e estabelecer uma comunicação visual. Consideramos adequado trazer

aqui, como reflexão, o final da entrevista concedida à revista Veja (páginas amarelas, início

da edição do dia 02 de novembro de 2016) pelo professor do MIT143, Erik Brynjolfsson -

autor de A Segunda Era das Máquinas, livro onde ele afirma que é o desenvolvimento da

inteligência artificial que levará a humanidade a uma transformação só comparável à

provocada pela Revolução Industrial. Porém, quando questionado sobre “o que os

computadores jamais conseguirão desenvolver?” O professor responde: “Atualmente, está

muito claro que os computadores são ótimos para encontrar respostas, mas ainda não são

capazes de desenvolver questões. Essa habilidade e até agora parece ser unicamente humana

e tem alto valor”.

Refletir também sobre o quão é presente e dinâmico o movimento da cultura da

convergência, a qual impacta e colabora para que as “trans-formações” culturais e

tecnológicas mudem a vida cotidiana, pela apropriação dos sujeitos - tanto para o bem,

quanto para o mal. A tecnologia trouxe Gutenberg com sua prensa de tipos móveis - uma

revolução em termos de práticas sociais e culturais. A tecnologia digital nos traz a internet -

com o ciberespaço e a ubiquidade tecnológica, que implicaram em novos modos de produzir

revistas e de fazer leituras e trocas de informação sobre o mundo e pelo mundo.

Assim, em futuros estudos há a necessidade de se considerar que a capacidade de

leitura do mundo, através dos meios de comunicação, poderá ser influenciada pela busca

incessante do diálogo entre tipografia, fotografia e conteúdo editorial em produtos

jornalísticos, aliadas às potencialidades do meio e as condições de recepção e de interação -

o que representa o processo de comunicação. Pensamos que mais que os meios serem 143 MIT: Massachusetts Institute of Technology (EUA).

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mensagens, como nos ensina McLuhan, que meios e mensagens são dois lados da mesma

moeda. Por isso é preciso avançar em novos estudos sobre essa relação, que se caracteriza

nas midiamorfoses entre impresso, eletrônico e digital, e nas remediações que a

convergência nos remete.

O que está por vir será por consequência legítima da evolução da sociedade e o nosso

estudo coloca-se humildemente como contribuição científica ao campo comunicacional para

avançar nos oceanos que, por obra divina, não ultrapassam os limites da beira do mar, mas

que estão cheios de movimentos internos: aqueles que vemos, os que ainda não podemos ver

e os que estão por vir. Apenas chegamos num porto. Os mares da comunicação, do design,

da tecnologia, do homem são infinitos e a ciência foi feita para o movimento, para o

caminhar.

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APÊNDICES

APÊNDICE A - Entrevista I

Transcrição da entrevista com a Profa. Dra. Suzana Barbosa

Salvador, fev. 2017. 1 arquivo .mp3 (52 min.).

Legenda:

Profa. Dra. Suzana Barbosa: (SB)

Doutoranda Profa. Me. Audrey Duarte: (AD)

Entrevista:

AD: Professora, nossa primeira pergunta, baseada no roteiro enviado anteriormente a você,

é: Sendo a revista um meio de comunicação tradicional, qual é a sua visão para a revista nos

dias atuais?

SB: Dos formatos impressos vigentes, os mais antigos são justamente o jornal e a revista. A

revista é uma publicação diferenciada, com outras especificidades em relação ao jornal

impresso, obviamente. Porém o que hoje eu acho de qualquer revista que se autodenomine

como tal, no sentido de que ainda temos a publicação impressa como um carro-chefe - pois

ela tem o seu público leitor que é assinante da revista, que quer receber a revista - esta

revista tem hoje a preocupação de também poder oferecer o seu conteúdo, seu produto e

também estar presente em outras plataformas. A revista Elle, falando especificamente, assim

como outras revistas semanais e mensais de moda, com as suas especificidades temáticas e

distintas, também têm buscado fazer a adequação a uma outra realidade - e isto já fazem

alguns anos - que é o ambiente digital. Digital no sentido de que ela com a web tem uma

possibilidade a mais de veiculação, isto é, disponibilizar também na plataforma web o

mesmo produto, exatamente o mesmo. Houve muito aprendizado e, obviamente, foi uma

caminhada tão rápida passar a ter produtos com este outro olhar para a internet. Não estou

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falando que o impresso perdeu a sua importância. Eu jamais diria isso. O que é importante?

Quando a gente fala de convergência jornalística a ideia é justamente que uma empresa

jornalística, uma organização jornalística, tenha que pensar bem no seu produto. Pensar

sobre o seu produto estar circulando em várias plataformas. Não é possível ficar restrito

apenas à forma impressa porque ele tem um público específico que gosta do impresso e

outro que não vai consumir o impresso ou vai, principalmente, para o tablet (e o tablet

acabou sendo um dispositivo que muitas revistas aderiram porque consideraram um

dispositivo sofisticado, com uma tela maior. Mas hoje todas as pesquisas mostram que o

smartphone é o dispositivo principal de acesso à internet, isso em todo o mundo). No Brasil

há uma pesquisa recente, divulgada no resto do mundo, tanto na Europa quanto nos Estados

Unidos, sobre isto.

Então, hoje, a revista como um formato específico já vem passando por algumas

transformações. Quando surgiu principalmente o iPad, surgiram novos produtos

jornalísticos voltados a ele, os quais diziam que formato ideal para o iPad era a revista.

É um produto digital que eu dou um nome de revista, mas é claro que no formato impresso

essa definição clara de uma revista é muito mais fácil perceber, pois quem trabalha na área

digital como designer, com planejamento visual gráfico, tem muito mais capacidade de

mostrar estas características, mas nós consumidores, leitores, pesquisadores, também

conhecemos os formatos e os distinguimos.

A forma jornal, a forma revista, nós sabemos: são muito fáceis de serem reconhecidos.

Portanto, quando a web surge, o jornal permanece chamando-se jornal. Independente disso,

vemos os jornais em outros formatos como os portais de notícias. Os portais jornalísticos

não foram tanto nessa linha, eram muito mais portais de entretenimento. No Brasil nós

possuímos muitos portais nacionais jornalísticos e outros portais. O portal vingou também

como um outro tipo de formato. No caso da revista, como também já tinha um formato

estabelecido, teve também que passar por suas adequações, suas adaptações por conta do

digital e também de outros dispositivos.

O jornal passou por redesenho de gráficos e adequações para atualização, e, no caso da

revista Elle, que é uma revista impressa muito bem diagramada, uma revista de moda, de

estilo, é feminina, com várias características que agregam valor e acabam formando um

produto diferenciado, também houve esta necessidade. Do formato impresso para o digital,

os veículos sempre estão fazendo as pontes. Aquilo que denominamos vínculos, tendo as

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conexões do mesmo texto do formato impresso alinhado com seu dispositivo, com um

aplicativo onde você possa ler melhor - já que lá há outras opções, até por conta das

propriedades destes outros dispositivos.

Não há uma divisão entre o jornalismo impresso e o jornalismo digital. Creio que essas

divisões hoje já não são cabíveis. Porque? Porque o que nós temos é “jornalismo”. E ele vai

ter produtos em formatos distintos circulando por distintas plataformas. Isso ocorre porque

toda empresa quer fazer o máximo possível para abranger públicos distintos - e os públicos

distintos estão em diversas plataformas.

Portanto é uma atuação multiplataforma, uma atuação convergente, obviamente onde há

aqueles produtos que só circulam nas plataformas digitais e outros já existentes, que quando

surgiram todos esses novos de dispositivos já existiam e agora também passam a adequar a

sua produção, o seu conteúdo para também circular, ser publicado e recircular, esta última

uma propriedade a ser observada nas redes digitais. Seja na plataforma digital web, seja

tablet, seja o smartphone, sejam as redes sociais - isso por enquanto, porque daqui a pouco,

outros tipos, outras possibilidades também serão agregadas, porque não há nada estático. É

preciso ter essa visão. Eu insisto, desde os meus textos de 2013, que o jornalismo se

estendeu. Nós temos um suporte impresso e de repente vem a adequação. Isto ocorreu em

1995, com o surgimento da web - que veio trazendo outros formatos e outras possibilidades.

Então essa mudança já vem se dando há algum tempo. Aquilo que a gente sempre pensava

nas fases do jornalismo na web, na transposição e das adequações que ocorrem para depois

você ter o descolamento de produtos e fatos que passam a ser produzidos com características

desse novo suporte digital não mais tão arraigados, presos ao impresso... O meu discurso

desde a minha tese - e já se vão 10 anos - é que havia uma divisão de sessões na web tal qual

no impresso, e isso tudo foi sendo modificado porque quanto mais apropriação de um novo

meio, quanto melhor se conhece, mais possibilidades se tem ao se apropriar e passa-se a

produzir a partir de uma relação muito mais estreita dentro daquilo que oferece o novo meio.

No contexto dos meios digitais, obviamente, também temos que lembrar que é preciso ter

boa conexão, boas redes etc.

Nós já chegamos em um momento desses e, portanto, hoje nós temos uma diversidade muito

maior de produtos, formatos distintos e isso foi sempre uma atenção que eu tive em observar

diversos formatos. Eu trabalhei com a ideia de portal na minha dissertação, no doutorado já

abri muito mais o olhar, observar outros produtos e ver aonde havia muito mais

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possibilidade de inovação e isso desde lá. Então, o que a gente tem hoje em contexto de

produto é o mais diversificado, principalmente porque os dispositivos móveis vieram com

muita força desde do iPad, em 2010. Isso abriu uma outra área de expansão para o

jornalismo e hoje, como eu falei, todas as pesquisas apontam que o maior uso da internet em

acesso, seja para ler conteúdos jornalísticos, seja para acesso em redes sociais, e-mail, o que

quer que seja, é via smarthphones. Então, eu acho que a revista, a Elle, como qualquer outra

que não está preocupada olhando para isso, está perdendo possibilidades do seu produto

circular e chegar a muito mais usuários, conteúdos e fidelizar. E no modelo de negócios de

cada uma dessas empresas jornalísticas isso não pode deixar de ser desconsiderado.

AD: Que contribuições o jornalismo digital traz para a revista feminina nos âmbitos político,

social e cultural?

SB: O jornalismo digital traz experiências sobre como é que as revistas femininas,

considerando-as como um segmento específico de produto dentro da área das revistas, estão

fazendo essas adequações. Como foi dito anteriormente: o jornalismo digital traz

contribuição? Não. A revista ela é um formato, ela é apropriada do ponto de vista

jornalístico, como ela também é do ponto de vista da publicidade e de outros tantos

segmentos que se apropriam da revista. Seja como produto de assessoria de imprensa, de um

órgão governamental etc. São diversas apropriações. Quando se fala de um segmento

específico como a Elle, deve-se considerar que ela não é uma revista semanal. Ela é

jornalismo, mas um outro tipo de jornalismo, aquele que chamamos de jornalismo

especializado. É um jornalismo de revista que tem uma outra especificação, que caminha

pela via temática. E se diferencia por diversas características desse segmento. Então, ela é

jornalismo. Ela é uma revista no seu escopo e na sua definição editorial. Ela vem sendo

revista, ela está no contexto atual e de alguns anos para cá vem fazendo as suas adaptações.

Eu não vejo divisão em jornalismo. Eu trabalhei em redação, sou formada em jornalismo,

atuei, trabalhei muito tempo na área e vi isso começar em algumas redações e como se fez

essa mudança, essa adequação e como, até hoje, ainda se tem muitos desafios e muitas

dificuldades na cultura profissional dentro de uma redação quando você quer implantar

mudanças. Isso ocorreu lá atrás, na chegada do computador na redação efetivamente. E isso

afeta o produto? Claro que sim. Há uma melhoria no produto, do ponto de vista de design

gráfico, de como ele vai ser entregue, como ele é produzido etc. Produzido, considerando

todos os aspectos, de como se produz, de como se chega ao conteúdo, desde a sua pauta, dos

métodos e formas, possibilidade de apuração que a web trouxe, que a internet trouxe nesse

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sentido de apuração. Como eu apuro, eu tenho muito mais acesso a fontes diversas. Eu não

fico presa. O jornal antes ele tinha fontes muitos específicas de onde recebia informação. E

isso vinha das agências de notícias, por telex, de assessorias. Também tinha outro modo de

operacionalização dentro da redação, com as pautas criadas ali e o repórter, para fazer a sua

apuração, ia para rua, com fontes, telefonando, descobrindo fontes. Desde o uso do telefone

vemos o impacto maior ao longo do tempo: com o próprio uso do telefone atualmente, muita

gente diz assim: “Quase não se sai para rua para fazer matéria!”. Isso é uma crítica muitas

vezes, por exemplo, a portais jornalísticos de internet, a sites de internet; mas o jornal

impresso também é feito muito de dentro da redação, sem muitas vezes sair, então isso é um

outro contexto que afeta pois há seus aspectos positivos e negativos. E o que é negativo? É

tudo que é preguiçoso. Se é feito de um modo preguiçoso, da maneira torpe, é obviamente

que isso não vai ser bom. Porém, quem produz bom conteúdo se destaca e quem só reproduz

do outro - copiando e colando - não tem sucesso, e isso a gente sabe. Então em um momento

em que se discute tanto “pós-verdade” ou aquilo que recentemente a figura do governo

Trump classificou como “verdade alternativa”, para não dizer, notícias falsas, aí então você

acha que tudo é possível de considerar, e não é assim. Jornalismo para ser bom, tem que ser

feito da melhor maneira, da forma correta, e isso tem a ver com a formação profissional.

Aquele que está na universidade e está passando nos cursos, deve saber que não há

facilidade. Você vai precisar correr muito atrás de ter fontes, fidelizar fontes, dizer quem

você é, ser digno com as suas fontes, porque se não, quando eu quiser obter uma informação

de uma fonte, na hora em que eu vá divulgar, acabo publicando de qualquer jeito, colocando

coisas que não foram ditas, eu não vou ter credibilidade, assim como não vai haver

credibilidade o jornal o que se eu faço isso para o meu editor eu estou fazendo uma cadeia

de redes, então esse entendimento, principalmente no aspecto ético também, porque eu acho

que tudo isso é fundamental, então eu não vejo de maneira descolada. Como eu estava

dizendo, é jornalismo, a forma de saída ela é distinta, ela vai para várias plataformas, mas

como que eu faço porque que a revista Elle é de uma forma e outras revistas tem outro.

Claro que ela é uma revista, é uma marca mundial, circula em outros países. Ela tem

certamente do ponto de vista de quem tem o controle dela, ditas algumas normas,

parâmetros que tem que seguir em todos os países. Quando se publica a revista, então se tem

algumas definições que vem de maneira centralizada e quem está nesses postos sabe qual é a

realidade, não é? Então se você vai querer um produto descolado, totalmente de uma

realidade, um contexto que se vive hoje da mulher que é a consumidora da revista Elle, que

é a mulher que trabalha, é a executiva, é a adolescente também, então se tem um público

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muito distinto, feminino, mas com variações dentro desse grupo específico, mas ela está

fazendo o trabalho dela. Assim como se a gente for falar de algumas outras revistas

semanais que são jornalísticas, com suas sessões específicas, mas tratando temas como

revistas semanais que é distinto de como a abordagem que vai ter de outros sites

jornalísticos que trabalham muito com a atualização contínua, e isso é quando a web surge, e

isso vai lá na segunda metade dos anos 90 quando se aprendeu a produzir aquilo que se

chamou de o uso do tempo real. E o tempo real não ficou específico e preso a sites

jornalísticos ligados a marca de jornais, mas também de revistas, revistas semanais que

quebram a sua temporalidade produzindo notícia o dia inteiro, porque isso forçou também a

mudança interna, tem que ter redações, jornalistas que produzem não só para aquele produto

semanal, mas também para o diário que está ali no site, não é? Então é um contexto maior

que aí eu acho que essas revistas, obvio as revistas, que eu estou falando aqui em específico,

mas qualquer produto hoje não está desalinhado, aquele que está, está perdendo tempo,

oportunidade, por isso que eu não faço, não diria que contribuição o jornalismo dá para a

revista. A revista está inserida em um contexto de jornalismo que hoje se tem muito mais

complexo, ou como quis ou chamou aquele relatório lá, que foi divulgado em 2013, da

Columbia, do jornalismo pós-industrial, se assim se quiser “jornalismo pós-industrial”, tem

várias denominações, certo? O importante é entender que hoje nós não temos, porque eu não

faço, para mim é “jornalismo”. Se antes foi importante fazer diferenciação, considerando

isso uma modalidade distinta de jornalismo foi importante. Isso não foi de um dia para o

outro que se estabeleceu. E ainda hoje se tem muita crítica, mas a crítica não está só no

jornalismo que é feito na internet. Está no jornalismo como um todo. Fazer telejornalismo,

hoje, da maneira temos em alguns formatos de telejornais a mim acho que já não é o

suficiente para informar, para educar uma população que pouco sabe da sua realidade e que,

notícias jogadas rapidamente não informam quem não está acompanhando, não lê;

efetivamente não sabe o que está acontecendo. É por isso que a temos talvez uma população,

do ponto de vista político, que ainda está precisando de muito, muito mais tomar pé da

situação e saber, por exemplo, votar melhor em um país como o nosso.

AD: Professora, o formato da notícia é alterado quando ela está impressa e depois vai para

uma plataforma digital?

SB: Como eu disse, um conteúdo que é pensado especificamente para o impresso vai

diretamente, às vezes, estar no site? Vai. Do mesmo modo que vai estar na revista? Vai. Se

essa é a forma que ela produz. Em outros casos dependendo da pauta daqui que ele vai

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distinguir, ele pode estar com um outro tratamento, uma outra adequação para estar

publicado naquela outra plataforma, então nós temos vários formatos distintos hoje. Como

aquilo que veio como snowfall de jornalismo, que são aquelas reportagens imensas onde

você tem tudo integrado: vídeos, infográficos, linhas de tempo: tudo aparece de modo

integrado. Então são peças que são obviamente muito mais demoradas para serem

produzidas e, em muitos casos, aqui no Brasil, a produção desse tipo de conteúdo é colocado

como especial - mas no dia a dia com toda a situação que está ocorrendo - redução de

equipes, momento de crise - há muita coisa que se vê exatamente igual, até porque muitos

jornais têm um padrão de matéria de três, quatro parágrafos, por exemplo. Já no caso das

revistas, o que pode ocorrer? Muitas vezes, se eu sou leitora e acompanho a revista, eu quero

ir lá no site dela e comprar algo exatamente, o mesmo conteúdo. Porém isso não significa

que ele não possa me oferecer mais. Se eu vejo uma peça de um estilista que está na revista

Elle, eu posso ter muito mais daquele mesmo estilista desenvolvido em conteúdos que estão

lá no site ou na edição específica para tablet. Isso quer dizer que a forma de tratar este

conteúdo pode ser diferente e pode com isso estar apropriando-se de outras características e

possibilidades que os dispositivos móveis, por exemplo, ou a própria web oferecem. Então é

distinto, mas eu vou ter sempre aqueles conteúdos que são transpostos, como dizemos. É a

transposição de como a notícia foi publicada: da mesma forma como ela foi impressa, aquele

mesmo conteúdo é o qual vai estar lá no site, vai estar na edição do tablet, vai estar no

celular - mas eu posso além disso combinar ter outros conteúdos que me ofereçam mais pois

eu tenho mais possibilidades. Quando se falava de tudo o que o hipertexto dava ao

jornalismo lá atrás, quando ninguém sabia o que era isso. E há também o recurso do

hiperlink - o hiperlink foi específico do jornalismo. O jornalista passou a empregá-lo como

hipertexto e isso teve toda uma forma diferente de fazer. Não é só incrustar aqui o link. Vou

agregar um hiperlink no conteúdo para a pessoa ir até o site dessa organização, como um

Ministério, o Procon - ou algo assim que está citado na matéria. Isto é o básico. E lá atrás,

bem no início, ainda era mais complicado: você tinha que fazer tudo isso escrevendo um

código. Os sistemas de publicação de conteúdo evoluíram bastante para ficar e se tornarem

adequados ao trabalho e às necessidades jornalísticas. Então eu não sei qual é o sistema

publicador da revista Elle. O sistema publicador vai dizer muito sobre o que eu posso fazer.

Porque sem um bom sistema publicador certamente pouco poderá ser feito. Atualmente acho

difícil que tenham publicações desse tipo como a revista Elle que não possuam um bom

sistema de conteúdo porque isso é definidor daquilo que vemos - chama-se front end de um

site. Mas é o back end, lá atrás daquilo que eu produzo, como eu faço, que vai me dizer se

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eu posso usar fotos, se eu posso usar vídeos e o que mais eu posso fazer. Qual é o formato

definido para aquele conteúdo? Porque eu posso ter um padrão de dois parágrafos de

abertura e no outro eu tenho que continuar de outra forma. Isso é de cada organização. Isso

difere. Isso tem a ver com os princípios editoriais e com outras especificidades de cada

empresa, de cada organização jornalística. O que é o foco paro O Globo e para o Estadão

não é o mesmo de um site como a agência pública, que é focada em outra área. Então o

interesse é outro. Portanto ela tem conteúdos muito mais densos, mais longos no tamanho, se

a gente quiser. Então isso tudo é um conjunto de características que vai definir aquilo que eu

vejo como produto é obvio, o resultado de uma revista desde a capa é o que eu tenho de

profissional, o que eu tenho de possibilidade de tecnologia que eu uso, softwares de

tratamento de imagem, o próprio sistema publicador. Porque o sistema publicador tem que

dar o suporte a redação como um todo, ela sendo o produto que vai para o impresso, o

produto que vai para o site, o produto que vai para a plataforma móvel, tem que integrar

tudo isso.

AD: O tráfego de dados para uma revista em plataforma digital, deve sofrer alguns ajustes

para que ela possa permanecer na mesma qualidade de impacto que a revista impressa tem,

em termos de comunicação visual. A senhora concorda com isso?

SB: Veja só, como eu falei. O produto para ele estar disponibilizado na plataforma digital

ele tem que observar o que é preciso para isso, do mesmo modo o impresso. Eu tenho que

ter boa qualidade de imagem, ela tem que dar dentro da definição para o formato da

imagem, como que é, em alta resolução, para estar no impresso, para imprimir, e ela tem que

estar em altíssima resolução, muito boa. No caso do site ela também tem que estar adequada

aquilo o que é o padrão para então, isso é tudo um aspecto muito técnico, mas isso passa por

um trabalho de pessoas que obviamente entendam dessa área. E isso tudo precisa de fato de

gente que conheça, que observe e que saiba aquilo que é o resultado que vai sair que garanta

de não terá surpresa ao imprimir um exemplar, dele sair borrado, dele não ter boa definição

nas imagens, no texto e tudo mais. Como se criticava que o jornal sujava tudo, a tinta saía na

mão, o jornal era só preto e branco, era o preto que estava ali, a tinta. Dos tipos móveis a

dificuldade se tinha para fazer, então isso evoluiu, evoluiu com a melhoria técnica. Não dá

para falar de jornalismo dissociando de técnica, técnica como tecnologia. O jornalismo

desde sempre existiu por isso. E ao longo dos anos, dos séculos, foi evoluindo também nesse

aspecto. É tudo conjunto, não é separado, não tem como.

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AD: Quando a gente vai para a capa, a capa da revista, quando nós pegamos a capa de uma

revista impressa conhecemos, agora, quando essa capa vai para o meio digital,

especificamente da Elle, vou tratar da Elle, você pode acessar a Elle se for assinante, como

se ela fosse um e-book, e você também entra em um portal da Editora Abril chamado M de

Mulher, onde a revista Elle ela está fragmentada, estão com as mesmas notícias, porém

fragmentadas, e a capa da Elle ela se torna apenas um pedacinho como quando a gente vai

ver no site da Folha de São Paulo, a capa da edição. Então assim...

SB: É, porque aí é diferente. É aquela história se eu quero a edição do dia, eu quando acesso

o site da Folha ou um site local daqui de Salvador, eu quero ver o que está destacado. Mas

eu, a minha preocupação eu quero ver qual é a capa do impresso, o que foi destacado como

manchete, porque aí eu vou saber qual é a hierarquia em um site, então, porque é de distinto,

é uma homepage de um site. O formato e-book da revista, de como eu vou passar, ele é

distinto, e como eu vou priorizar a maneira como ele vai ser lido e o que eu vou colocar

como na hierarquia de conteúdo às vezes pode não ser exatamente o que está lá, mas eu vou

ter que ter a imagem da capa, e se eu quiser navegar, folhear “revista do mesmo modo que

ela está”, isso também está oferecido. Em muitos casos sim. O Globo me dá essa visão

exatamente, se eu entro no site e eu vejo que é em geral a manchete do dia, ela está

contemplada na homepage logo cedo. E ao longo do dia ela vai tendo atualizações por conta

do dia-a-dia, tudo isso é muito dinâmico, então, eu posso clicar na imagem da capa e

navegar página por página, tal qual a edição impressa. Então é são oferecidas várias

possibilidades, não apenas a especifica que foi impressa que está na banca ou que chegou na

casa do assinante. Do mesmo modo a revista, ela não pode apenas oferecer tal e qual a

edição que está lá e eu transfiro, certo? Tem alguns casos de jornais, por exemplo, que

fazem tratamento diferenciado. Eu tenho revistas dominicais, em alguns casos, que eles não

põem tudo, primeiro eles só vão dar aquela matéria especial, reportagem especial, um dia

depois, às vezes.

AD: Vamos lá! Professora, qual é na sua opinião enquanto jornalista, pesquisadora, o papel

da capa de uma revista mediante a esse leitor? E já emendando, esse leitor é diferente? O

leitor mudou? A capa da revista se adequou?

SB: Isso tudo é especificamente a função do leitor que vai lhe dizer, vai responder melhor.

Mas a capa, assim como como a homepage de um site, tem entradas possíveis para você. Ela

é um guia, me destaca, e eu vou acessá-la. Então o paratexto ou os paratextos, que autores

trabalharam, mas o texto na internet, o texto sem olhar exatamente sobre o texto jornalístico,

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faz muito mais essa discussão, essa abordagem. Considerando o hipertexto e o paratexto,

devemos ver o que é que muda no leitor, como é que ele acessa. São pesquisas de recepção

para poder verificar melhor. Em trabalhos que vão mais por essa linha, podem ser uma

possibilidade de você verificar melhor, mas a capa é uma entrada. Não é à toa que ali

despende de muito tempo para eu saber, como no jornal, qual é a manchete, qual é o

tratamento da imagem que vai seguir, nem sempre às vezes é a mesma imagem da revista.

No caso da Elle, ela se destaca no seu ensaio mais importante com uma modelo usando

algumas peças e os destaques daquela edição. Então são ali vários paratextos como a gente

chama, pode-se classificar de possibilidades de entrada, de leitura, eu sei que tem, está

destacada ali, quando eu entro eu já quero ir direto naquela matéria que me interessa. Mas

eu, diariamente abro sites noticiosos, vendo a partir da homepage, é diferente, é minha

preocupação, meu olhar é outro. Eu não posso te dizer que eu sou um público, um alguém

do público que é alguém que não tem essa preocupação, eu quero entrar lá porque eu quero

ver outras coisas. Porque eu sou jornalista, porque eu sou professora e porque eu sou

pesquisadora, então eu tenho outras preocupações, que não são as mesmas, por exemplo, dos

meus orientandos que já não navegam assim, do mesmo modo, então, isso que fala da

recepção aí é distinto, você precisaria fazer uma pesquisa para verificar. Sempre foram feitas

pesquisas para saber como se navegava, o que que era importante para cada um, e não será

igual. É aí que entra a diversidade e os desafios que trazem para os sites, para o jornalismo

de um modo geral, porque esse controle do leitor, texto no jornal, não quer dizer que se eu

pegar a edição, todos os cadernos, eu vá ler tudo, e eu vou fazer as minhas escolhas. Na

revista é do mesmo modo, eu posso passar todas as páginas e eu vou parar em algumas.

Então a forma de consumo ela varia, mas a capa é uma porta de entrada daquilo que você

estava mostrando, que você tem aquela edição, do mesmo modo a homepage. Mas a

homepage vai poder integrar muito mais, porque ela tem o que a tecnologia lhe permite, eu

tenho uma homepage muito mais longa ou muito mais curta, eu adéquo, isso é de produto

para produto. Alguns seguem uma linha outros seguem outra, mas isso é muito mais

complexo, que eu acho que você está entrando em uma outra área que é da recepção. E se eu

falo de produção de conteúdo, eu estou falando de produção, estou falando de circulação,

estou aí. Se eu estou falando de um modelo de negócio eu estou aí, se eu estou falando de

como o leitor vê isso, aí já é recepção. E aí já é uma outra área, que exige mais no sentido de

referencial e de acompanhar esse olhar e de como a pessoa realmente de fato está

consumindo. E as pesquisas sempre mostram o que é distinto, o comportamento é distinto.

Nem sempre a pessoa clica em um, todos clicam no mesmo, não é à toa que os sites

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mostram lá as mais lidas, as mais vistas, as que mais tem e-mail que as pessoas reenviam,

isso é aquilo que a gente chama de estatística dinâmica de um site, que é uma das

características, que é quando as bases de dados foram sendo mais integradas, e como se

trabalhavam o sistema de conteúdos desse site, os sistemas publicadores melhor dizer.

Então, justamente porque eu estou querendo saber como é que meu site é lido, e o que que é

mais lido naquela edição diariamente. Hoje é o que, a gente já tem outras questões de

mensuração editorial que é a temática da tese do meu orientando do doutorado. Ele está

trabalhando a questão de mensuração do editorial, das métricas de como isso afeta a

produção jornalística hoje, então são aspectos que vão influenciando toda a forma de se

produzir, de fazer circular, publicar, circular, editar e consumir o conteúdo jornalístico. Isso

falando de revista, falando de jornal, de site, do que quer que seja, de qualquer coisa. Tipo

uma rádio: está ali transmitindo e não deixa de ter várias telas para verificar. Isso que eu

estou falando de métrica, como é que está sendo o acesso dele, como é que está, quem está

ouvindo a rádio, o áudio, quem que está na internet, quem está acessando, porque isso gera

métricas que implica em mensuração editorial que vai atingir a questão de publicidade, de

anúncio etc, etc, etc. Até o que diz respeito a própria produção de cada repórter ter, então ele

chama isso de um critério de noticiabilidade que é agregado atualmente, e da complexidade

que se tem.

AD: Professora, você acha que com a evolução tecnológica a capacidade das pessoas que

lidam com a produção visual da revista, dos aspectos do tratamento das imagens, dos textos,

etc., tudo o que compõe isso, o controle da qualidade ele ficou mais fácil de acontecer?

Ficou mais tranquilo, digamos assim, para quem é responsável por isso com a tecnologia?

SB: Olhe só, eu acho que a tecnologia deve trazer várias ferramentas para quem trabalha

com isso avaliar, aí eu não teria como responder. Teria que ouvir de quem faz essas revistas,

porque é óbvio que a tecnologia vai trazer vários softwares que ele vai acompanhar. Pode

trabalhar isso melhor e pode do mesmo modo ter dificultado. Ter trazido maior

complexidade, exigido maior profissionalização. Não é qualquer um que vai fazer isso. É

preciso ter um olho, um olhar treinado. Não é só a tecnologia em si, mas é, por exemplo,

como se eu não fosse um bom jornalista: eu não vou produzir nada, seja em qual plataforma

for. Então, para mim, o principal é isso, a formação, é o jornalista, do como eu vou fazer. Eu

vou ter em momento distintos possibilidades distintas, e eu vou precisar ter formação

suficiente para agregar isso, certo? No conjunto de habilidades que eu vou precisar

desenvolver, do mesmo modo que qualquer profissional, seja o que lida com o design, o que

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lida com os softwares, enfim, o engenheiro do software, o planejamento, o design gráfico, o

fotografo etc.

AD: Nós sabemos que há muito tempo atrás a fonte times ela foi desenvolvida para o jornal

The Times. Hoje, porque ela provocava o quê? O melhor conforto visual para leitura de

notícias impressas, e jornais, várias páginas e por aí vai, do conforto visual que se adequava

ao conforto da recepção da notícia e por aí vai. E nós sabemos que existem várias famílias

de fontes. O designer busca uma fonte que esteja adequada não só ao produto de

comunicação, ao veículo, mas ao meio também. Nos colocando como público receptor de

mensagens, quando vamos para o lado da tipografia, lembramos de capas como as da revista

Elle, assim como também lembramos da capa da revista Veja, da capa da revista Cláudia e

de muitas outras revistas. Aquela fonte tipográfica emblemática, que identifica aquele

veículo de comunicação, quando passa do impresso para o digital, em termos técnicos, você

poderia comentar a respeito sobre o que ocorre com a tipografia?

SB: É, eu acho que ele é muito específico, porque está se tratando de identidade visual, é

óbvio que se eu tenho um produto impresso e se ele tem uma marca, eu vou querer o

máximo possível manter uma identidade, é o que eu penso, mas para eu ter certeza disso eu

teria que saber investigar diretamente com essas pessoas, dessa área porque não é a minha.

Mas a preocupação principal é o que? A de identidade visual. É onde quer que eu esteja, em

qualquer plataforma eu vou reconhecer onde eu estou, que site é, e obviamente isso é pela

marca. É a marca e qual é a identidade visual e gráfica que eu tenho. As cores, tudo isso,

então em geral, os sites que estão relacionados a uma marca existente no impresso, ou na TV

ou vice-versa, sempre vai manter a sua identidade visual. Isso é o que se vê, mas outros

produtos que só existem no digital vão tratar disso de outro modo, mas do mesmo vai

assegurar o que ele quer que eu veja, que eu olhe e que eu identifique aquela marca, como

Coca-Cola em qualquer país do mundo, é a mesma forma. A mim me parece, mas eu não

sou profissional dessa área.

AD: Quando a gente fala de três aspectos como a legibilidade, acessibilidade e a

usabilidade. Se nós pegarmos esses três aspectos para a leitura da Elle na plataforma digital.

SB: Aí eu não vou poder lhe responder, como eu disse. São questões muitos especificas da

Elle que você tem que ver com quem está olhando para isso diretamente, ou leitores que

você pudesse observar e depois saber melhor dele o que é isso, que às vezes o leitor não

identifica isso, ele está acessando, isso para ele não é importante. Quem está com tudo isso é

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quem pesquisa, é quem lá está como profissional, quem é profissional de usabilidade, da

web, especificamente falando e em outras áreas, são tão importantes quanto. Tem de quem

trabalhe para impresso quanto para quem trabalha em outras plataformas. Então aí também é

muito específico.

AD: Professora, dentro de um mundo onde a gente vê o jovem ser tão capturado por

imagens, o discurso da imagem nas plataformas digitais ele permite um apelo muito mais

forte do que o próprio conteúdo em termo de texto por causa desse leitor jovem que é tão

acelerado, imediatista?

SB: Não sei se é só o jovem, conheço muita gente que não tem paciência para ler, e são

pessoas de mais 40 anos, às vezes. Isso eu acho que depende muito de qual é o seu interesse

por aquilo que você está vendo, o vídeo tem grande apelo. Tem muito apelo. Toda vez, todo

ano aparece, como o ano do vídeo, só cresce o uso do vídeo na web como formato. É real, as

pessoas vão para o YouTube e assistem, essa é uma geração nova, a chamada Geração

Millenium, Geração Y, consome muito vídeo, é real, eles estão preocupados com isso, não

estão em uma outra linha. Há aqueles dentro dessa camada de jovens novos que também

gostam disso, então eu não sei se é possível dizer isso de uma maneira generalizada, que tem

apelo o vídeo? Tem. A imagem tem? Tem. Foto, slideshow, tudo o que tem imagem, certo?

E hoje se pode usar muito mais imagem, vídeos, porque a rede permite, as conexões hoje são

boas, elas permitem muito mais. E é mais e mais exigidos conteúdos audiovisuais. O

audiovisual é produção de conteúdo de grande apelo, então há cada vez mais uma força para

essa área. Pelos públicos que você também custa atingir. Não é só o texto. Eu não vou

concordar nunca quando se diz: “Na internet tudo é curto, o texto é curto”. Quem disse? É

curto na medida em que eu quero ver, que eu como usuária, como leitora eu vou procurar.

Se eu quiser mais eu vou procurar. Mas é isso: as pessoas nem sempre ultrapassam o

primeiro ou segundo parágrafo de um texto. Para mim, isso vale também para revista e

jornal - mas é do mesmo modo: isso depende de faixas etárias, níveis de interesse, tem aí

outros fatores que eu não creio que dá para dizer assim, mas isso não sou só eu; você tem

que ouvir mais pessoas e que de fato lidam com essa área do que estão observando esse

discurso, o diferencial do discurso escrito, do audiovisual etc.

AD: Professora, você começou aqui a nossa conversando comentando a respeito das

pesquisas que dizem que o smartphone hoje é o aparelho. Você acha que o tablet tem seus

dias contatos?

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SB: Ah, eu não diria isso. Não sou do tipo de ter essas previsões de que tudo com a data de

como tudo se vê. Eu acho que o tablet quando surgiu em 2010, e ele não é um produto de

2010, nos anos 90 já se imaginava o que seria. O formato, e não se previa a internet nem a

web, isso em 95. Então lá em 2010 é que de fato se concretiza com o Ipad da Apple. E os

primeiros de 2010 até 2013 estavam fortíssimos, inclusive com produtos específicos que

foram por nós estudados aqui no Projeto Laboratório de Jornalismo Convergente e tivemos

vários textos publicados sobre esse assunto. E naquela época, quando estava na época,

muitos produtos sendo criados para tablet, o smartphone era outro dispositivo forte, mais

passou a ter maior protuberância e hoje as pesquisas, como eu falei, estão apontando que o

maior uso de internet dentro de dispositivos como smartphones, porque eles passaram a ter

maior capacidade, cada vez mais boas definições, boa tela, imagem, eu posso assistir tudo,

posso ter tudo. Então é um dispositivo. Se a pessoa pode eleger, ela elege o celular. Ela fica

sem Ipad, muita gente que nem acessa seu computador em casa porque tem seu smartphone,

então é um uso forte. Se como é que vai ficar para o tablet, não se sabe, pesquisas que

podem apontar que ele está com dos dias contados. Eu não diria, porque tudo o que se fala

dessa forma, assim muito categórica, essa afirmação assim às vezes não costuma, às vezes

dar voltas, e a coisa retorna. Então do mesmo modo pode-se dizer que o desktop acabou, que

ninguém usa, é errado, usa notebook. É uma variedade muito maior, agora como dispositivo

ter conteúdos produzidos especificamente para ele, muitas organizações jornalísticas, por

exemplo, que tinham produtos exclusivos para o Ipad já não tem mais. Eles foram fechados,

descontinuados e outros foram lançando muito mais. E hoje o que a gente tem? É o chamado

design responsivo, onde o seu conteúdo está adequado a qualquer tela. Uma vez você

trabalhando o seu produto com o design responsivo, ele vai estar bem na web, na tela do

tablet, no celular, no smartphone. Então hoje é muito mais nessa linha. É o uso do HTML

para produzir aquilo que vai ficar bem em qualquer tela. Justamente porque hoje o contexto

é de última performance. Eu não posso ter um produto no qual eu pense que ele vai estar só

na web. Eu vou me preocupar de como ele vai estar sendo visto no smartphone etc.

AD: Professora, para finalizar última pergunta. O designer ele deve trabalhar em conjunto

com aqueles que desenvolvem, que são os cabeças daquele veículo de comunicação. Você já

falou da própria formação, do profissionalismo desse profissional. O designer ele também

tem que ser um pouco jornalista?

SB: Então, eu não diria, as equipes são multidisciplinares, eu não posso pensar em uma

redação, seja lá qual for sem ter um designer integrado, o profissional de desenvolvimento

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de software, o jornalista etc. As equipes hoje são multidisciplinares justamente para pensar

melhor como vai se produzir conteúdo. Então o designer, não digo que ele tem que ser um

pouco jornalista, ele tem que entender o que está fazendo, o contexto onde está inserido.

Se ele é um profissional que atua em uma empresa editorial e que trabalha com vários

produtos, ele vai ter que saber sobre tudo o que se passa ali. Por exemplo, caso ele trabalhe

em uma empresa que produz capas de discos, ou que ele tem que fazer isso, é distinto, ele

vai ter que entender um pouco, mas eu não preciso do meu modo jornalista se eu tivesse

conhecimento, melhor para mim. Se eu pudesse lidar com o software, se eu entendo disso eu

vou ter um diálogo muito melhor, mas as equipes são multi, elas são interdisciplinares,

justamente para dar conta do que tem de exigência nessa produção, então eu não estou

dizendo que o designer tem que ser um pouco jornalista, ele tem que entender o que é, o que

ele está fazendo e onde ele está. Se ele é um designer da área de conteúdo, ele logo aprende

isso, certo? Quem trabalha com dados, com jornalismo de dados não tem que ser

necessariamente programador, mas se conhece de software e tem bom desempenho nisso ele

vai estar bem mais à frente do que qualquer outro jornalista que já sabe o que é isso.

AD: Professora Suzana, agradeço sua gentileza e a oferta de conversar e trocar seu

conhecimento, suas informações e também em contribuir para meus estudos, minha pesquisa

científica. Foi muito enriquecedor para mim. Deus a abençoe.

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APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) - Entrevista

com Profa. Dra. Suzana Barbosa

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