182 ao falar sobre as fontes, jieun kim, a designer da...
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Ao falar sobre as fontes, JiEun Kim, a designer da Samsung demonstra sua
preocupação em abraçar todos os conflitos que possam existir e vir a existir quando na
relação do cliente Samsung com seus produtos.
Na minha opinião, uma boa fonte deve ser claramente legível, mesmo depois de longas horas de leitura. Mas isso não significa que há uma fonte universal que é melhor para todos os dispositivos; dependendo das diferenças de resolução de tela, tamanho de tela, proporção e até mesmo cores de fundo, a mesma fonte pode parecer bastante diferente em dispositivos diferentes ", explicou Kim (SAMSUNG, 201596).
Neste capítulo apresentamos conceitos e características da tipografia digital. São
referências que consideramos fundamentais para que possamos prosseguir de acordo com os
nossos estudos. No próximo capítulo trataremos especificamente do meio revista e do
veículo Elle.
95 Disponível em: https://news.samsung.com/global/create-the-face-of-galaxy-devices-font-designer-jieun-kim. Acesso em 01 fev. 2017. 96 Disponível em: https://news.samsung.com/global/create-the-face-of-galaxy-devices-font-designer-jieun-kim. Acesso em 18 fev. 2017.
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Capítulo IV - REVISTA, UM MEIO QUE SE RENOVA
Do elenco dos meios de comunicação nacionais sobre os quais poderíamos optar para
ser aquele sobre o qual trataríamos, a revista foi escolhida por que é onde o estilo prevalece.
A revista “apresenta estética particular em que arte e texto são percebidos como unidade”,
diz Benetti (20013, p. 44), e concordamos com a autora. Sendo assim a Elle combinaria com
outro meio de comunicação ou ela foi feita para ser revista? Sim, evidentemente sabemos
que foi concebida para ser revista, porém o projeto gráfico que possui é tão particular que a
análise do meio tornou-se prazerosa e instigante, dia após dia, porque a revista revela uma
série de características que até então não tínhamos conhecimento profundo.
No caso da revista Elle, a exploração da diagramação e o caráter de impacto das
imagens, faz do uso da tipografia uma forma de expressão específica: na Elle as fontes não
se escondem, são estilo, são identidade, são atitude, pois ficam em evidência.
Este quarto capítulo de nosso estudo trata especificamente da comunicação voltada a
um meio específico - como se sabe: a revista - e, particularmente, um veículo: a revista Elle
Brasil. Num primeiro momento, e de maneira muito breve - uma vez que autores já
consagrados abordaram o tema -, tratamos do conceito de revista e das revistas femininas:
quais são as suas especificidades, a segmentação de público e também da evolução das
revistas impressas para o ambiente digital - questão importante por conta da evolução
tecnológica a qual trouxe não somente mudanças para as revistas femininas como também
para as revistas como um todo.
Adiante, no segundo item do capítulo, tratamos do design para a revista, focalizando
nossas observações nas capas - que são o carro-chefe destes veículos quando publicados.
Abordamos as capas e a importância que as mesmas possuem num contexto amplo, como
sua força enquanto elemento que identifica o título e seu potencial de atração do leitor - seja
por chamadas de capa, seja por impacto por meio de uma foto de capa etc. Além disso, os
tipos de capa que existem para as revistas e, por fim, ainda dentro do aspecto do design,
tratamos dos elementos da composição de uma capa: cor, imagens, textura, o grid, os
formatos e principalmente a tipografia, que é objeto do nosso estudo.
Por fim abordamos a revista Elle Brasil. Isto no terceiro e último item deste capítulo
e sobre a qual apresentamos também uma breve história, com sua trajetória ao longo do
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tempo. Tratamos, na sequência, especificamente da Elle Brasil - a qual foi lançada em nosso
país apenas em 1988, bastante tempo após o seu surgimento em 1945 na França. Mesmo
assim ela permanece até hoje fazendo parte do grande elenco dos títulos de sua Editora. Para
finalizar, trataremos da Elle Brasil em versão digital, cuidando das suas nuances e ajustes
tanto para as plataformas digitais quanto para o meio impresso - já que a partir do ano 2000
a revista Elle Brasil trabalha para também estar presente nas plataformas digitais.
1. Revista e revista feminina: conceitos e breve contextualização
1.1. Alguns conceitos sobre revista
Dentre as características e conceitos encontrados sobre “revista”, destacamos
algumas perspectivas que vão da prática à teoria, porém, sem a pretensão de sermos
definitivos, uma vez que não há consenso sobre uma definição para revista, visto a sua
complexidade. Comecemos com a definição de Fátima Ali97, que foi publisher e editora na
Editora Abril, maior empresa editora de revistas de nosso país, em algumas das quais Ali
trabalhou efetivamente. No livro lançado no ano de 2009, ela diz logo na introdução: “não
tenho nenhuma pretensão de ensinar nada, mas apenas transmitir o que aprendi e funcionou
ao longo da minha experiência. E, se possível, passar um pouco do meu entusiasmo...”. É
por conta desta experiência que trazemos aqui as colocações desta editora corporativa, pois
o design gráfico é práxis e está sob o comando, na maioria das vezes, de quem não é
designer mas tem a visão ampla e geral de todas as influências, conflitos, facilidades etc. a
que está sujeita a produção visual (ou ao menos deve ter).
A revista é um meio de comunicação com algumas vantagens sobre os outros: é portátil, fácil de usar e oferece grande oportunidade de informação por um custo pequeno. Entra na nossa casa, amplia nosso conhecimento, nos ajuda a refletir sobre nós mesmos e, principalmente, nos dá referências para formarmos nossa opinião (ALI, 2009, p. 18).
Evidente que algumas dessas características podem ser aplicadas hoje a outros meios,
como o jornal, o rádio, a televisão, devido aos dispositivos móveis (smartphones, tablets,
97 Fátima Ali tem mais de 30 anos de experiência na criação, direção e edição de revistas. Foi diretora de redação e publisher de várias delas, entre as quais Nova, em que foi diretora-fundadora; diretora editorial de Nova, que durante sua gestão saltou de uma circulação de 150.000 para 700.000 exemplares mensais. Desenvolveu o projeto da edição brasileira da revista Estilo; criou o primeiro CD-Rom brasileiro, o Almanaque Abril. Foi ainda diretora-fundadora da MTV no Brasil e vice-presidente do Grupo Abril.
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notebooks, tablets). Porém, quando se trata da versão impressa da revista, consideramos que
a definição da publisher abarca algumas das características do veículo.
Temos também as considerações sobre a origem da palavra revista, as quais a autora
trata sob dois vocábulos: review e magazine. Vejamos
A origem da palavra revista: a palavra revista vem do inglês review, que quer dizer, entre outras coisas, revista, resenha e crítica literária. A palavra review era comum em várias revistas literárias inglesas, que eram os modelos imitados em todo mundo nos séculos 17 e 18. Daí a origem da palavra revista na Língua Portuguesa. Entretanto, na Inglaterra, EUA e outros países de língua inglesa, revista é chamada de magazine, que vem da palavra árabe al-mahazen, que significa armazém ou depósito de mercadorias variadas. Isso porque, diferente do livro que é geralmente monotemático, a revista apresenta uma variedade de assuntos. De mesma origem é a palavra francesa magazine, que, além de revista, significa loja de departamentos (ALI, 2009, p. 18).
Por sua vez, Marília Scalzo (2016), em seu livro Jornalismo de Revista, define as
diversas facetas da revista que convergem para jornalismo e entretenimento:
Uma revista é um veículo de comunicação, um produto, um negócio, uma marca, um objeto, um conjunto de serviços, uma mistura de jornalismo e entretenimento. Nenhuma dessas definições está errada, mas também nenhuma delas abrange completamente o universo quem envolve uma revista e seus leitores. A propósito, o editor espanhol Juan Caño define revista como uma história de amor com o leitor. Como toda relação, esta também é feita de confiança, credibilidade, expectativas, idealizações, erros, pedidos de desculpas, acertos, elogios, brigas, reconciliações [...].
Revista também é um encontro entre um editor e um leitor, um contrato que se estabelece por um fio invisível que une um grupo de pessoas e, nesse sentido, ajuda a compor a personalidade, isto é, estabelece identificações, dando a sensação de pertencer a um determinado grupo (SCALZO, 2016, pp. 11 e 12).
Marcia Benetti, em outra perspectiva, apresenta uma reflexão mais profunda e
teórica, mas focalizando o jornalismo de revista, sem mesclá-lo ao entretenimento. A autora
relaciona primeiro o jornalismo como campo de conhecimento, referindo-se a Adelmo
Genro Filho, que no livro O Segredo da Pirâmide, apresenta o jornalismo como forma de
conhecimento do mundo, ao lado da ciência e das artes (1987); depois a revista como
materialidade do jornalismo. Benetti parte de várias premissas para estabelecer essa relação,
primeiro apontando as premissas do jornalismo. Entre elas destacamos “o jornalismo como
forma de conhecimento que trata do presente e dos eventos que dizem respeito ao homem”;
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seu papel na consolidação de “normas, práticas, quadros interpretativos e supostos
consensos”; e a sua estruturação “a partir das noções de verdade e de credibilidade” (2013,
p. 44).
Já a revista é definida por Benetti como:
1. É uma materialidade com características singulares; 2. Está subordinada interesses econômicos e institucionais; 3. É segmentada por público e por interesses; 4. É periódica; 5. É durável e colecionável; 6. Apresenta-se como repositório diversificado de temas da atualidade; 7. Trabalhar com a reiteração de grandes temáticas; 8. Contribui para formar opinião e o gosto; 9. Permitir o exercício de diferentes estilos de texto; 10. Utiliza critérios de seleção específicos para definir a capa; 11. Apresenta uma estética particular, em que a arte textos são percebidos como unidade; 12. Compreender a leitura com o processo de fruição estética; e 13. Estabelece uma relação direta emocional com leitor (BENETTI, 2013, p. 44-45).
Portanto, na prática jornalística da revista, as premissas do jornalismo se relacionam
e se materializam no formato revista - diferentemente do jornal, uma vez que o meio oferece
possibilidades estéticas no exercício de estilos (no aspecto gráfico e de texto) -,
aprofundamento e segmentação, que devem ser considerados pelos profissionais que atuam
em revistas (obviamente, nem sempre isso acontece). Conforme comentamos anteriormente,
torna-se delicado apresentar um conceito sobre revista, justamente porque a definição pode
estar inscrita em quadros teóricos diferentes, em perspectivas práticas como as de Ali e
Scalzo, mas também no âmbito do discurso, das teorias da linguagem, como trata de
esclarecer Benetti. Portanto, em nosso estudo, consideramos as características mencionadas
por essas autoras complementares nos aspectos mencionados, como síntese do fenômeno
revista, que apresenta segmentação por público e interesse, durabilidade e
contemporaneidade, riqueza temática, emotividade com o leitor, estilos de vida e de
produção gráfica e editorial, além de vínculos com interesses institucionais e editoriais,
principalmente. Essas características colaboram para que o jornalismo de revista, ou a
revista, por sua complexidade, diversificação e especialização, engendre “olhares e
percepções sobre o mundo, sobre si e sobre o outro, e é nessa articulação que reside seu
amplo e fecundo poder” (BENETTI, 2013, p. 55).
Assim, desde sempre a revista tornou-se uma fonte de atualização, delineando um
jornalismo especializado e segmentado. Como jornalismo especializado podemos
considerar, de acordo com Del Moral, “uma estrutura informativa que penetra e analisa a
realidade através de distintas especialidades do saber, a coloca em um contexto amplo,
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oferece uma visão global ao leitor e elabora uma mensagem que atende a interesses e
necessidades desse leitor” (FERNÁNDEZ DEL MORAL, 1983, apud BERGANZA
CONDE, 2005, p. 61). De outro lado, a segmentação está associada à globalização, às
necessidades do mercado, do consumidor, logo à sua diversificação:
O público possui múltiplas identidades que se manifestam de acordo com as condições e situações vividas. O acesso à informação está internacionalizado e a delimitação de um só tema ou grupo de informações que contemplem um certo público facilita a vida dos indivíduos cercados pela tirania da aceleração do tempo e da velocidade com que se encontram novas notícias. As publicações segmentadas acabam exercendo um papel de selecionador daquilo que pode interessar, poupando o tempo do consumidor de fatos jornalísticos (GIRARDI; LOOSE, 2009, p. 131).
A primeira revista surge em 1663 na Alemanha, com o título Erbauliche Monaths-
Unterredungen, ou Edificantes Discussões Mensais, já mostrando o seu caráter de
aprofundamento de temas. Como estilo gráfico, parecia mais um livro que revista, tal qual
conhecemos hoje este tipo de publicação. Aos poucos, foi evoluindo para uma linguagem
própria, abandonando o estilo livresco. A revista feminina surge também no século XVII e
foi se especializando e ganhando novos formatos. No próximo tópico, apresentamos um
breve panorama de revista feminina e sua presença na imprensa.
1.2. A revista feminina
Lá se vão mais de 350 anos, desde que surgiu o primeiro título de revista no mundo,
Erbauliche Monaths-Unterredungen ou Edificantes Discussões Mensais, em 1663, na
Alemanha. Desde então, ao longo do tempo, as revistas, assim como os jornais impressos,
foram se adaptando e evoluindo em sintonia com o contexto, conforme as possibilidades
existentes, as condições econômicas para lançamento, sustentação e evolução. A agilidade
das revistas, propondo novos projetos editoriais e gráficos para o consumo de notícias e
informações, fez e faz da revista um meio que penetrou no cotidiano do público.
As revistas femininas fizeram emergir um universo de temas ligados aos interesses
desse público em momentos diferentes da história: da educação dos filhos e dos cuidados
com a casa, essencialmente, nos primórdios, à busca de maior prazer no sexo e do
aprimoramento profissional no mercado de trabalho, temas que ampliam as pautas das
revistas na atualidade.
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Apesar da ampliação e da evolução dos temas presentes nas revistas femininas,
voltados ao que se denomina universo feminino, muitos assuntos foram tratados - e ainda
são por muitas publicações - de maneira estereotipada e preconceituosa, porém, nesta tese
não vamos entrar nesse mérito, embora concordemos com essa análise. Vamos considerar,
para efeito de análise de nosso objeto de pesquisa, que em geral as revistas femininas
acabaram se especializando em temas de interesse da mulher, ligados à moda, beleza,
educação dos filhos, culinária, literatura, sexo, mercado de trabalho, cultura etc.
A revista feminina compõe o universo da imprensa feminina, que surgiu no mundo,
conforme comenta Mira (2013), com a iniciativa dos britânicos, sendo “a mais antiga,
remontando ao século XVII, e caracterizando-se por uma enorme quantidade de títulos: nos
anos 60, havia quase meia centena de revistas femininas com altas tiragens”. Sobre a
imprensa feminina nos EUA, Itália e França, nos séculos XIX e XX, a autora revela os
títulos de grande impacto no mercado editorial e suas grandes tiragens:
Nos EUA, as tiragens são extraordinárias. Os títulos mais tradicionais, como Ladies Home Journal, Mc Call’s, Good Housekeeping ou Cosmopolitan, e as revistas de moda Harper’s Bazaar e Vogue, surgem no final do século XIX e superam os 5 milhões de exemplares de tiragem ainda na primeira metade do século XX. Na Itália, como vimos, a imprensa feminina explode no pós-guerra com a fotonovela, mas no mesmo período, acirrando a disputa entre Roma e Milão, produzem-se revistas mais luxuosas, como Ariana ou Grazia, dirigidas às mulheres de classe média. A imprensa feminina francesa, que também floresce no século XIX, conhece novo surto nos anos 30 com Confidences, correio sentimental de espetacular repercussão. Nos anos 40 e 50 surgem as fotonovelas vindas da Itália e as atuais revistas de moda, Marie Claire (1937) e Elle (1945) (MIRA, 2013, p. 44).
No Brasil, a imprensa feminina desenvolve-se e demonstra ser um fio condutor do
tipo de conteúdo jornalístico consumido pelas mulheres em nosso país, espelhando o perfil
feminino interessado pelas publicações. Considerando o grande analfabetismo que havia na
época, a imprensa demorou a se desenvolver, como vemos nos comentários de Dulcília
Buitoni (2009):
No Brasil, a imprensa feminina começou no século XIX. Um dos principais motivos desse retardamento foi o fato de não termos imprensa, o que só nos foi concedido com a vinda de D. João VI. Logicamente, o surgimento da imprensa feminina refletia as transformações pelas quais passava nossa sociedade. No período colonial, a participação ativa da mulher fora dos limites do lar era bastante pequena (BUITONI, 2009, p. 30).
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Existe uma sequência de publicações que construíram a história da imprensa
feminina em nosso país, abaixo trazemos um elenco delas, baseando-nos em Buitoni (2009)
e traçando uma sequência na linha do tempo, com a significativa observação de que os
títulos iam se sucedendo e no seu crescimento adotavam assuntos como moda, literatura,
variedades - os quais agradavam suas leitoras. Temas como romances também eram
presentes.
Provável primeiro periódico feminino brasileiro, do Rio de Janeiro: O Espelho Diamantino (1827), um periódico de política, literatura, belas-artes, teatro e modas, dedicado às senhoras brasileiras.
Também do Rio de Janeiro, os Anais da Biblioteca Nacional (1865), periódico de política, literatura, belas-artes, teatro e modas.
O Correio das Modas (1839), também do Rio de Janeiro, trazia modas, literatura, bailes e teatro.
O Espelho das Brazileiras (1831), em Recife. Jornal de Variedades (1835), também em Recife. Relator de Novellas (1838), Recife. Espelho das Bellas (1841), entre outras.
Na sequência um bom número de títulos foi sucedendo-se não somente no Rio de
Janeiro e Recife, mas também em outros Estados, principalmente Rio de Janeiro e São
Paulo, considerados por Dulcília Buitoni (2009) como “os dois centros editores de maior
importância”. A autora nos traz a informação de que em 1860, por Henrique Fleiuss, foi
lançada a Semana Illustrada, pois antes circulavam apenas pequenos jornais de caricaturas.
Diz a autora que na Semana Ilustrada colaboraram escritores e jornalistas da época como:
Quintino Bocaiuva, Joaquim Nabuco, Pedro Luis, Bernardo Guimarães, Machado de Assis,
Joaquim Manuel de Macedo, entre outros. Outras publicações ilustradas foram se
sucedendo.
Na sequência, em 1º de janeiro de 1876, surgiu a Revista Illustrada, fundada por
Ângelo Agostini, foi um verdadeiro acontecimento no jornalismo brasileiro chegando a
atingir 4 mil exemplares - tiragem que ainda não havia sido atingida por nenhum periódico
no continente. Após a Revista Illustrada várias outras publicações foram dando andamento à
imprensa no Brasil e a imprensa feminina especificamente passava a ter maior
representatividade.
Muitos anos depois, em 1914, chega a Revista Feminina, que, segundo Lima (2007),
teve grande importância na difusão da imprensa feminina nacional:
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A Revista Feminina, publicação escrita e dirigida por mulheres, inteiramente voltada ao público feminino, criada no início do séc. XX (1914-1936), não foi uma iniciativa pioneira na imprensa brasileira. Corajosas precursoras, mais ousadas em suas denúncias ou conformadas com a condição que a sociedade lhes impunha, já haviam aberto caminho. No entanto, a Revista Feminina veio ocupar um espaço importante no variado e numeroso universo de publicações de revistas da época (LIMA, 2007, p. 225).
Segundo a autora (2007, p. 225), a Revista Feminina manteve-se em seus anos de
existência graças ao empenho de sua fundadora, Virgilina Salles de Souza que:
[...] pacientemente organizou um arquivo com mais de 60.000 endereços de pessoas residentes em todo o Brasil a quem pudesse interessar sua publicação, e, com uma tiragem de 30.000 exemplares, distribuídos gratuitamente até o nº 7, procurou angariar assinaturas para continuar a circular (LIMA, 2007, p. 225).
A publicação conseguiu manter-se, porém também com a ajuda de uma empresa de
produtos de beleza, que anunciava em suas páginas (e que era do irmão de Virgilina, um
médico e farmacêutico que desenvolvia seus produtos - a tintura para cabelos Petalina e o
creme Dermina).
1.3. Evolução das revistas femininas no Brasil
Destacamos a partir daqui a presença da revista feminina na história da imprensa no
Brasil, onde essas publicações encontraram o seu espaço e mantiveram a sustentação
econômica a ponto de proliferarem-se de maneira que a mulher encontrou nelas uma forma
de ter acesso a informações e a garantia de um veículo para que ela pudesse se espelhar. Nas
capas de revista atuais os imperativos estimulam muitas leitoras: Vá à luta! ou algo do tipo:
Levante, vamos curtir o verão!
Mas a revista nem sempre foi tão convidativa, no sentido de tirar a mulher de casa
para curtir o verão ou ir à luta. Como a mulher esteve e ainda está associada ao ambiente
doméstico, ao ambiente privado, a primeira revista feminina no Brasil está inserida em um
contexto em que algumas das importantes conquistas das mulheres ainda estavam distantes.
Por isso, Mira explica que “a ligação entre revista e mulher deve ser buscada no lar” (2013,
p. 44). De acordo com a autora:
Na sociedade burguesa, a intimidade da mulher e do casal tem seu lugar no recesso do lar. [...] Por hora, basta lembrar que saída da mulher dessa esfera
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doméstica, seu ingresso no mercado de trabalho e sua equiparação ao homem na esfera pública são mudanças das mais revolucionárias da história contemporânea, uma vez que alteram um dos fundamentos antropológicos das sociedades humanas: a ancestral e rígida divisão entre o mundo masculino e feminino, sendo que esse último sendo considerado inferior, menos transcendente. Assim, a ligação entre a revista e a mulher deve ser buscada no lar, lugar onde muitas delas, ainda hoje, passam a maior parte de suas vidas (MIRA, 2013, p. 44).
Dessa forma, as revistas femininas nem sempre podem ser identificadas como
engajadas na emancipação feminina. É a imprensa feminista que vai cumprir esse papel,
tornando-se muitas vezes um contraponto ao conteúdo veiculado nas revistas femininas.
Muito se revela no papel dessas duas imprensas para uma visão da sociedade feminina e da
imprensa. Buitoni diz que:
[...] no século XIX, encontramos duas direções bem definidas na imprensa feminina: a tradicional, que não permite liberdade de ação fora do lar e que engrandece as virtudes domésticas e as qualidades femininas; e a progressista, que defende os direitos das mulheres, dando grande ênfase à educação” (BUITONI, 2009, p.47).
Lima (2007) nos apresenta a vividez da dinâmica para a imprensa feminista quando
cita a Revista Feminina, um dos maiores “estandartes” da imprensa feminista nacional:
As mulheres ganhavam espaço nas matérias e propagandas das revistas de maior circulação, mas não tinham, então, uma publicação que a elas se dedicasse exclusivamente. Esse espaço veio a ser preenchido pela Revista Feminina.
[...]
A Revista Feminina, publicação “escrita” e dirigida por mulheres, inteiramente voltada ao público feminino, criada no início do séc. XX (1914-1936), não foi uma iniciativa pioneira na imprensa brasileira. Corajosas precursoras, mais ousadas em suas denúncias ou conformadas com a condição que a sociedade lhes impunha, já haviam aberto caminho. No entanto, a Revista Feminina veio ocupar um espaço importante no variado e numeroso universo de publicações de revistas da época. (LIMA, 2009, pp. 224-225).
Para exemplificar o que mencionamos, apresentamos exemplos de capas de revistas
femininas e feministas, destacando as revistas de grande sucesso voltadas à mulher em nosso
país. Como nosso tema é a tipografia na comunicação visual, chamamos a atenção para a
expressão gráfica de forte apelo nas vistas segmentadas ao público feminino, orientando
sobre diversas faces da vida em cada momento histórico.
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Pode se verificar uma evolução no design dessas revistas, como as análises
individuais apontam abaixo, as quais mostram que as mudanças na tipografia refletem as
transformações sociais, culturais e tecnológicas. O elenco de revistas aqui apresentando
confirma a visão de estilo, de cuidado com produção gráfica, a ligação com o emocional, a
especialização e a segmentação, mencionada por autores já citados anteriormente como Ali
(2009), Benetti (2013), Del Moral (1983) e Scalzo (2016).
FIGURA 103 - Página de rosto do Novelista Brasileiro ou Armazem de Novellas
Escolhidas.
Fonte: adaptado de BUITONI, 2009, p. 223.
(Rio de Janeiro, 1851. Editores: Eduardo e Henrique Laemmert. Tamanho original: 20 x 26,5 cm.)
Verifica-se como as primeiras revistas se aproximaram no formato e no design com
os livros. Percebe-se também o cuidado em trazer uma delicadeza que vemos no uso dos
ornamentos que percorrem as margens de toda a capa, adornando seus limites. Há também
uma grande diversidade de fontes tipográficas as quais são utilizadas com o uso,
principalmente, das caixas altas (letras maiúsculas). A composição do texto é organizada. O
texto é alinhado pelo centro e ainda é interrompido, numa leitura de cima a baixo, por uma
ilustração que condiz com o conteúdo da revista. Apesar dos poucos recursos de impressão e
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com a simplicidade do uso de uma só cor (preto), é um bom exemplo de composição
harmônica e que cumpre o papel de boa legibilidade e de ênfase ao nome do veículo,
chamando a atenção do leitor.
FIGURA 104 - A Moda da Revista Feminina.
Fonte: adaptado de BUITONI, 2009, pp. 226 e 227.
(São Paulo, 1918.)
Como pode ser observado, a tipografia aqui já se apresenta organizada em colunas de
texto, mantendo as páginas dentro de uma conduta de leitura onde, mesmo com grande
volume de texto, o mesmo não se mostra cansativo mediante as entrelinhas amplas. As
ilustrações de moda ganham espaço e são bastante demonstrativas - acreditamos que a
intenção seja realmente oferecer ao público a oportunidade de perceber detalhes do figurino.
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FIGURA 105 - Página de A Cigarra.
Fonte: adaptado de BUITONI, 2009, p. 230.
(Tamanho original: 21,5 x 30 cm.)
Trata-se de uma edição de 1932, com uma crônica de Elsie Lessa. Pode-se observar
que a tipografia ajuda a compor uma diagramação que por si só ornamenta a página devido
ao posicionamento não uniforme de seus textos quando analisamos a base das colunas de
textos, que acompanham os ornamentos laterais da base inferior. Porém, a tipografia é
utilizada com recursos diversos, por exemplo: alinhamentos e fontes diferentes quando
usadas nos títulos e nos textos (superiores e inferiores). Temos também o uso de uma
capitular no início do texto inferior (a letra “P”). Valorização do nome da autora, no centro,
na base do layout, com espaçamento maior nas entre-letras e entre-palavra e encerrando a
página.
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FIGURA 106 - Capa de Grande Hotel.
Fontes: adaptado de BUITONI, 2009, p. 232 e site Colecione, 201798.
(Rio de Janeiro, Vecchi, n. 37, 1948. Tamanho original: 23 x 32,5 cm.)
Nessa época, os romances eram em quadrinhos; a fotonovela só foi aparecer em
1951. Observamos a ausência de chamadas na capa (pouco texto) e a ênfase dada com força
à ilustração. Grande Hotel primava pelos romances e a ilustração era fortemente utilizada. É
interessante o logotipo Grande Hotel em fonte tipográfica que lembra o neon de letreiros de
fachada. Não temos aí o uso significativo da tipografia, e vemos que o apelo à imagem é
bastante forte: seja na ilustração que toma praticamente toda a capa, seja no logotipo, onde a
tipografia aparece em destaque. O uso da cor é extenso e o tema da ilustração de capa busca
aqui a sensualidade.
98 Disponível em: http://www.colecione.com.br/grandehotel.html. Acesso em 23 fev. 2017.
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FIGURA 107 - Capa de Capricho.
Fontes: BUITONI, 2009, p. 233 e blog As Fotonovelas, 201599.
(São Paulo, Editora Abril, n. 1, segunda quinzena de junho de 1952.)
O tamanho era pequeno (14 x 19 cm) e só a partir do nº 9 passou a ter o formato de
21 x 27 cm. Trouxe a fotonovela desde o nº 1. Para uma revista ganhar aumento de
dimensões, pode-se concluir que era um sucesso entre o público leitor. O uso das ilustrações
em grande tamanho permanece constante e a tipografia é aplicada em vários locais na capa.
99 Disponível em: http://asfotonovelas.blogspot.com.br/2011/03/capricho-n-1-1952-raridade.html. Acesso em 23 fev. 2017.
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FIGURA 108 - Capa de Claudia.
Fontes: BUITONI, 2009, p. 235 e site Jorwik (USP), 2014100.
(São Paulo, Editora Abril, n. 11, ago. 1962.)
As primeiras capas de Claudia eram ilustradas com desenho; só a partir de setembro
de 1963 é que passaram a ter fotografia. Esta capa já demonstra o uso da tipografia com
escolha de fontes que têm presença forte e que facilitam a legibilidade, mesmo com as
chamadas de capa começando a ampliar sua presença. Temos aí duas fontes: a do logotipo
de Claudia e a que é utilizada nas chamadas. Nota-se o alinhamento das chamadas de capa
com alinhamentos diferentes (à esquerda e à direita) acompanhando a ilustração de fundo.
100 Disponível em: http://www.usp.br/cje/jorwiki/exibir.php?id_texto=156. Acesso em 23 fev. 2017.
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FIGURA 109 - Capa de Carícia.
Fontes: BUITONI, 2009, p. 236 e blog Revista Melodias, 2013101.
(São Paulo, Editora Abril, n. 65, 1980. Tamanho original: 13,5 x 20,5 cm.)
O formato pequeno para revista feminina com fotonovela firmou-se no mercado.
Carícia é uma revista que já inicia com fotografia nas suas capas e têm, mesmo que indo
contra as regras de ortografia, seu nome todo escrito em letras minúsculas. Assim como na
revista Claudia, citada anteriormente, Carícia usa duas fontes em sua capa e trata as várias
chamadas de capa com a disposição em alinhamentos que contornam a foto de fundo,
valorizando a imagem. Vemos também o uso das fontes em itálico nas chamadas, dando
dinamismo à leitura, já que não são poucas chamadas.
101 Disponível em: http://revistamelodias.blogspot.com.br/search/label/REVISTA%20CAR%C3%8DCIA. Acesso em 23 fev. 2017.
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FIGURA 110 - Capa do jornal Nós Mulheres.
Fontes: BUITONI, 2009, p. 237 e site Fundação Carlos Chagas (FCC), 2017102.
(São Paulo, n. 1, jun. 1976. Tamanho original: 29 x 38 cm.)
Aqui temos um exemplo de jornal publicado pela Associação das Mulheres e que é
um exemplo de produto da imprensa feminista em nosso país. Nele, vemos o uso da
tipografia com o uso de fontes modernas e com dois detalhes interessantes: o primeiro é que
não há chamadas de capa e o segundo é que o logotipo do jornal possui todas as letras em
caixa baixa (minúsculas), tornando-o diferenciado já que os nomes costumam ao menos ter a
letra inicial em caixa alta (maiúscula). Vale-nos comentar sobre o valor da ilustração que
toma grande parte da capa e que possui ligação direta com o que indaga o título da edição
(“Quem somos?”), já que a mesma tem vários tipos de mulheres e em diferentes situações.
102 Disponível em: http://www.fcc.org.br/conteudosespeciais/nosmulheres/. Acesso em 23 fev. 2017.
200
FIGURA 111 - Capa do jornal Mulherio.
Fontes: BUITONI, 2009, p. 238 e site Biblioteca Digital UNESP, 2011103.
(São Paulo, n. 4, 1981.)
Temos acima mais um exemplo onde a tipografia é utilizada com grande impacto,
principalmente no logotipo do veículo, já que é diferenciada e que ganha evidência por estar
em negativo, ou seja, um fundo com letras vazadas. O impacto é forte e mas conduz um
equilibrado diálogo visual com a ilustração, que toma grande área da capa da publicação,
sem que nenhuma das duas perde a atenção do leitor, nem mesmo o confunde. Ainda, temos
a presença da grafia manuscrita, bastante legível, na própria ilustração de capa, onde seu
autor, Henfil - então renomado chargista e ilustrador brasileiro - escreve o diálogo entre os
personagens. Por fim, temos o uso de outra fonte tipográfica, a qual é utilizada para
apresentar a manchete da edição.
103 Disponível em: http://bibdig.biblioteca.unesp.br/handle/10/25219. Acesso em 23 fev. 2017.
201
FIGURA 112 - Revista feminina Íntima.
Fonte: adaptado de BUITONI, 2009, p. 239.
(São Paulo, Salles Editora, nº 1, abr. 1999.)
Como pode ser observado na capa acima, a revista tentava se posicionar como
produtora de ensaios com nus masculinos para leitoras mulheres, o que foi uma novidade,
até então. Vemos nesta capa o uso da tipografia com alinhamento único para as chamadas de
capa mas, mesmo assim, contornando a imagem de fundo (um ator de TV, celebridade,
galã), para manter seu valor. As cores diferentes nas chamadas de capa buscam descontração
e valorizam os assuntos que a edição traz. Percebe-se que nem todos os títulos das chamadas
têm a mesma cor (vermelho) e que o nome do galã (Humberto Martins) está em vermelho,
acompanhando o logotipo da revista, acima.
Como pode se observar, não houve intenção de apresentar todas as mudanças
ocorridas nas capas das revistas femininas impressas, especialmente no que se refere à
tipografia, mas sim de ilustrar como esse elemento está em sintonia com o seu tempo, seu
público e o perfil editorial da publicação.
202
1.4. O foco no público feminino
Como já foi dito, as revistas são segmentadas e a segmentação é uma das ferramentas
principais do marketing para desenvolver produtos e serviços voltados a um público
específico, conseguindo atingir um nicho de mercado. Por conta de oportunidades de
diálogo com públicos diferentes, ocupa-se deste espaço a revista feminina. Dessa forma,
apresentamos a seguir alguns dados das últimas pesquisas feitas em 2015 pela ANER
(Associação Nacional dos Editores de Revistas), órgão nacional que monitora o meio revista
e tem como uma de suas ações a produção de informações mercadológicas não só para
anunciantes, como também para a equipe editorial. Este documento é chamado de Fact Book
e compreende as informações de mercado tanto dos associados da entidade como os que não
participam da mesma - o que garante uma visão geral do mercado de revistas no Brasil.
Podemos também ter uma visão sobre a participação feminina no consumo do meio
revista na atualidade, identificando a classe socioeconômica e a faixa etária que são as mais
expressivas. Desta forma, é possível associar conteúdos editoriais, perfil da revista e os
públicos. Os dados para o setor editorial de revistas são essenciais para a análise do mercado
de consumo, oferece às empresas editoras informações para delinearem a produção de seus
títulos, indo ao encontro das demandas do leitor e, por consequência, mantendo o foco
editorial.
203
FIGURA 113 - Perfil demográfico dos consumidores de revista.
Fonte: Fact Book 2015 da ANER (Associação Nacional dos Editores de Revistas), 2015104.
Neste gráfico podemos verificar que o número de leitoras femininas (60%) ainda é
representativo diante do público masculino. Parafraseando BUITONI (2009, p. 21), quando
diz “imprensa, substantivo feminino”, poderíamos dizer: “revista, meio de comunicação
feminino” - considerando o número de leitoras e o potencial de que 83% delas, de todas as
classes sociais “costumam fazer compras em mercados, sendo que 42% são as únicas
responsáveis pelas compras no lar”, como diz a pesquisa. Vemos também que é na idade
entre 20 a 29 anos que concentra-se o maior percentual (22%) da faixa etária que consome
este meio de comunicação. O público de 30 a 39 anos diferencia-se apenas por um ponto
percentual a menos, sendo desta diferença tão mínima a ponto de considerarmos permitido
aglomerar as duas faixas etárias, o que chega ao número de 43% de leitores estando entre 20
a 39, sendo então uma grande faixa de consumo (importante para anunciantes), já que ao
analisar todo o público, são 53% pertencentes às classes AB e que podemos também
considerar que é a soma destas faixas etárias principais que os perfis de títulos de revistas
diferentes e seus conteúdos editoriais e projetos gráficos exclusivos devem atender -
104 Disponível em: http://aner.org.br/wp-content/uploads/2014/05/Factbook_2015_Site-FINAL.pdf. Acesso em 22 fev 2017.
204
satisfazendo-os com assuntos que necessitam encontrar e com a estética que os permita
sentir bem em um ambiente visual construído pelas escolhas estéticas de seus criadores e
profissionais que compõe o elenco de produção.
No gráfico abaixo podemos verificar a grande diversidade de títulos para atender e
oportunamente conversar com os públicos leitores de revistas. O acesso à segmentação do
mercado editorial nacional é demonstrado em forma de um ranking que considera os
veículos com maior circulação no país, auditados pelo IVC (Instituto Verificador de
Comunicação). Podemos ver que a Elle (Editora Abril), nosso objeto de estudo, segue acima
da Vogue (Edições Globo / Condé Nast), revista que tem maior semelhança de linha
editorial, o que nos é relevante por ser a Vogue uma revista que promove-se fortemente
junto ao público-alvo levando a acreditar que é superior à Elle em tamanho de mercado
alcançado.
FIGURA 114 - Ranking de revistas pagas no Brasil (Participação da Elle Brasil).
Fonte: Fact Book 2015 da ANER (Associação Nacional dos Editores de Revistas), 2015105.
105 Disponível em: http://aner.org.br/wp-content/uploads/2014/05/Factbook_2015_Site-FINAL.pdf. Acesso em 22 fev 2017.
205
Comparando os dados das revistas impressas com as digitais, ou seja, como o leitor
consome os conteúdos das revistas, recorremos novamente a Jenkins (2009) para mencionar
que a convergência tecnológica e cultural na era da internet faz com que os leitores utilizem
diversos meios para se informar. A oferta de uma mesma publicação em diferentes suportes
tem sido comum para várias empresas jornalísticas.
A seguir observamos na pesquisa sobre hábitos dos consumidores por dispositivo -
feita em 2015 - que notebook/netbook/laptop é o dispositivo mais utilizado para a
visualização de revistas online, seguido pelo desktop/computador de mesa e, em terceiro
lugar temos os smartphones. Essa mudança de comportamento é comentada por Suzana
Barbosa, pesquisadora do Projeto Laboratório de Jornalismo Convergente, da Universidade
Federal da Bahia (UFBA). De acordo com a pesquisadora (informação verbal106):
O smartphone é o dispositivo no qual mais se acessa conteúdos disponibilizados na internet (apenas não podemos dizer que sejam conteúdos de revistas). O tablet não é o dispositivo mais usado, embora seja extremamente adequado ao conteúdo das revistas, pelo tamanho da tela. Essa tendência contradiz as expectativas da indústria quando houve o lançamento do dispositivo (BARBOSA, 2017).107
106 Entrevista concedida por BARBOSA, Suzana. Entrevista I. [fev. 2017]. Entrevistadora: Audrey Marques Duarte. Salvador, 2017. 1 arquivo .mp3 (52 min.). A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Apêndice A desta tese. 107 Profa. Dra. Suzana Barbosa, professora Adjunta do Departamento de Comunicação (Jornalismo) e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (PósCom | UFBA). Em 2008, recebeu o Prêmio Adelmo Genro Filho de “Melhor Tese de Doutorado em Jornalismo” (intitulada “Jornalismo Digital em Base de Dados (JDBD) - Um paradigma para produtos jornalísticos digitais dinâmicos”), da Associação Brasileira dos Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor). Áreas de pesquisa: Jornalismo em Redes Digitais, Jornalismo em Base de Dados, Jornalismo Móvel, Convergência Jornalística, Inovação no Jornalismo. Atualmente, é diretora da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (2013-2017).
206
FIGURA 115 - Utilização de dispositivos para leitura de revistas online.
Fonte: Fact Book 2015 da ANER (Associação Nacional dos Editores de Revistas), 2015108.
Por fim, apresentamos a pesquisa que também nos interessa e que demonstra o hábito
de leitura de revistas: leitura de revistas impressas (revistas off-line), leitura de revistas
impressas e online ao mesmo tempo e revistas somente online. Como nosso estudo analisa a
tipografia impressa e digital na capa de uma revista (a qual é oferecida no ambiente físico e
digital) é bastante interessante ter conhecimento destes números, assim como da figura
anterior, pois observamos que as revistas impressas têm mais de 80% de adesão dos leitores,
dado bem superior aos que revelam a adesão à revista online, mesmo que tendo um público
majoritariamente jovem: de 20 a 39 anos, conforme mostrou anteriormente o gráfico sobre
perfil demográfico sobre os leitores de revista.
108 Disponível em: http://aner.org.br/wp-content/uploads/2014/05/Factbook_2015_Site-FINAL.pdf. Acesso em 22 fev 2017.
207
FIGURA 116 - Consumo de revistas impressas (off-line) e online.
Fonte: Fact Book 2015 da ANER (Associação Nacional dos Editores de Revistas), 2015109.
Além dos formatos tradicionais impressos e de suas versões online, abordamos ainda
uma oferta de conteúdo de revistas digitais que é acessado via dispositivos móveis e é
chamada de “revista automática” que tem feeds de RSS. A revista digital Flipboard é a mais
popular e trabalha com conteúdos das mídias digitais e redes sociais. Zappaterra (2013) nos
esclarece a respeito deste tipo de acesso às informações, destacando que a revista digital é
mais direcionada ainda, uma vez que o leitor pode receber, por meio de algoritmos,
conteúdos que deseja:
Com feeds de RSS, a revista automática é uma realidade com algoritmos (processos de cálculo/resolução de problemas realizados por um computador) que convertem o conteúdo que o leitor quer e o entregam via aplicativo de software para diferentes dispositivos móveis. Em 2012, o provedor mais popular de conteúdo agregado era o Flipboard, que foi fundado nos Estados Unidos dois anos antes, por Mike McCue e Evan Doll. Flipboard é uma revista digital que agrega conteúdo de mídias sociais como o Facebook e o Twitter e exibe o conteúdo em formato de revista em um dispositivo móvel do tipo iPad ou Android. Os usuários também podem “folhear” notícias por meio de feeds de sites
109 Disponível em: http://aner.org.br/wp-content/uploads/2014/05/Factbook_2015_Site-FINAL.pdf. Acesso em 22 fev 2017.
208
que tem parceria com a empresa, por exemplo, os assinantes do New York Times agora podem ler conteúdo da publicação no Flipboard. [...] A maneira como o Flipboard divide até do iPad ao meio é muito inteligente, ele remete a uma revista sem diretamente imitá-la” (ZAPPATERRA, 2013, p. 227).
Mostramos a seguir uma imagem de página da revista digital Flipboard:
FIGURA 117 - Flipboard.
Fonte: ZAPPATERRA, 2013, p. 61.
2. Design das capas de revista
A capa deve ser convidativa para que o público tenha interesse em desvendar os
assuntos que vêm na sequência e que estão ali dentro - seja na versão impressa, seja na
versão digital, pois tanto a capa impressa como a homepage ou capa - como a chamam,
serve para que haja a ligação entre o veículo e o seu leitor. A revista também é um reflexo
do público que a consome, o qual se identifica com seu projeto gráfico exclusivo e que
traduz os valores que possui. A capa deve ser marcante, diferenciado-a diante da
concorrência vinda de outros títulos. Seja numa banca de jornais ou revistas, seja mediante
tantos sites, blogs etc. a capa e/ou a homepage funcionam para o veículo como porta de
entrada. A capa ambienta o leitor de acordo com o veículo e os valores que possui. Também
gera a expectativa sobre qual será o tema principal da próxima edição e sobre como será a
nova capa?
209
A capa provoca em si a evolução para o número seguinte da revista, independente da
periodicidade. Não devemos esquecer que a permanência da capa deve ocorrer até que se
publique uma nova edição. Conforme dissemos antes, deve ser convidativa pois a
expectativa que o leitor tem sobre os assuntos que ali dentro estão é uma expectativa que
deve ser criada para que o interesse pelo veículo em si seja mantido. Tanto a capa de uma
revista impressa como a homepage da revista em sua versão digital, devem ser atraentes e
seu projeto gráfico deve ser adaptado ao meio no qual é veiculada, evitando perdas de
qualidade na comunicação visual. O design gráfico aplicado às capas de revista deve sempre
permanecer como um design itinerante, que acompanhe o meio e que acompanhe o veículo,
sempre que conveniente.
Nas situações onde esse veículo venha a estar, o logotipo - que costuma ser o próprio
nome do veículo -, deve estar em evidência porque é como se chamássemos uma pessoa
pelo seu nome. Chamamos a revistas pelo nome independente das circunstâncias que a
rodeiam. A capa segue como se fosse a locomotiva de um trem. É ela quem carrega todos os
vagões (que poderíamos chamar páginas internas) e que tem destino definido: o público-
alvo.
2.1. A importância das capas de revista
As capas de revista, como já mencionamos acima, são responsáveis por atrair a
atenção do leitor. Nesse sentido, diz Ali (2009) que ela “é a página mais importante” da
publicação, portanto precisa fisgar o leitor rapidamente. É o que a autora nos traz:
Uma revista tem 5 segundos para atrair a atenção do leitor na banca. Nessa fração de tempo, a capa tem de transmitir a identidade e o conteúdo da publicação, deter o leitor, levá-lo a pegar o exemplar, abri-lo e comprá-lo. A capa é a página mais importante. O consumidor médio leva 5 segundos para decidir se vai ou não comprar uma revista, de acordo com o estudo realizado pelo The New York Times Magazine Group. Esse é o tempo que o leitor leva para analisar o pacote inteiro. A maior parte, senão todo esse tempo, é devotado ao assunto da capa e às chamadas. Mais ou menos 60% dos que compram em bancas não têm determinada a revista que vão comprar. Uma capa tem de ser muito boa para captar a atenção do leitor potencial. (ALI, 2009, p. 68).
Ali complementa dizendo que independente da situação de venda, “por assinaturas
[...], situação controlada [...], distribuída gratuitamente como suplemento de um jornal”, ou
210
seja, “a capa ainda tenta vender a edição para seu leitor e determinar se o seu exemplar será
aberto imediatamente, mais tarde ou nunca” (ALI, 2009, p. 68).
Dada a devida importância à capa, como comenta a autora acima, temos então a
necessidade de analisar esse momento entre o primeiro contato do leitor e a edição da revista
com bastante cautela, já que ao ver a capa como algo por onde se inicia a comunicação entre
o leitor e a edição da revista, temos que considerar o cuidado e sensibilidade com que essa
capa venha a ser elaborada e produzida - já que muitas fichas estão depositadas sobre ela.
A professora doutora Suzana Barbosa, pesquisadora na área da comunicação voltada
às questões digitais, em sua entrevista para esta tese, reforça a importância da capa:
[...] A capa é uma entrada. Ela não está à toa ali. Despende-se muito tempo para saber-se qual será a manchete no jornal, qual é o tratamento da imagem que se vai seguir. Nem sempre é a mesma imagem da revista. No caso da Elle a capa é um destaque. Apresentar uma das melhores imagens do ensaio de moda com uma modelo usando algumas peças mais os destaques daquela edição. Na capa há vários paratextos. Pode-se classificar de possibilidades de entrada, de leitura, pois eu sei que há; está em destaque ali! Quando eu entro, eu já quero ir direto naquela matéria que me interessa [...] (BARBOSA, 2017).
Quando o veículo possui presença em diferentes ambientes, deve permanecer com as
mesmas características visuais para que haja identificação com o mesmo. Ali (2009),
comenta sobre os impactos que uma capa deve possuir. Vejamos:
A capa deve atrair o leitor a distância pelo conteúdo e pelo impacto visual. Cores vivas são melhores que as apagadas. A experiência mostra que as três cores que mais funcionam são branco, preto e vermelho. A capa deve ser limpa, de preferência com grande área lisa e um elemento único. Muitos detalhes mais afastam do que atraem o leitor. De preferência, o fundo deve ser uniforme, liso e contrastante; as chamadas com tipografia clara e legível a distância (ALI, 2009, p. 70).
Já sabemos que a capa tem grande importância e reconhecemos o seu valor mediante
todas as necessidades que ela deve suprir. Porém é necessário que tenhamos a definição do
que o termo capa compreende, pois conforme informa Zappaterra (2013), a seguir, a capa
abrange fisicamente mais do que pensamos, ou seja, elas são quatro. Diz a autora:
O termo “capa” compreende a capa frontal (primeira capa), o verso desta (segunda capa), a face interna da capa traseira (terceira capa) e a capa traseira (quarta capa ou contracapa). Na maioria dos periódicos, todas, exceto a primeira capa, podem ser usadas para publicidade, mas, caso a estratégia comercial não
211
seja seguida, vale a pena lembrar que essas páginas são infinitamente mais valiosas do que quaisquer outras páginas disponíveis, exceto, obviamente, a primeira capa (ZAPPATERRA, 2013, p. 69).
FIGURA 118 - As capas de uma revista.
Fonte: adaptado de CAVICHIOLI, 2011110.
Neste estudo, consideramos a primeira capa como objeto empírico, de forma que as
demais não serão analisadas.
2.2. Os elementos de composição: cor, textura, imagens, tipografia, formatos e grid
A capa deve gerar impacto e garantir mais valor para a marca, além do interesse que
deve conquistar junto aos leitores para que tomem conhecimento do conteúdo interno da
revista. Na figura a seguir podemos verificar o apontamento sobre cada um dos elementos
que compõe uma capa. Neste caso, estamos considerando os elementos tradicionais de uma
capa de revista e as nomenclaturas utilizadas. O designer gráfico deve evidentemente
respeitar a pertinência que o projeto gráfico deve possuir em relação ao perfil da revista que
deve ser diretamente ligado com o escopo de suas características editoriais e mercadológicas
e seu público-alvo.
110 Disponível em: https://pt.slideshare.net/barao/revistas-8084955. Acesso em 24 fev. 2017.
212
FIGURA 119 - Localização clássica dos elementos da capa (grid).
Fonte: ZAPATERRA, 2013, p. 86.
Zappaterra (2013), em seu livro Design Editorial, apresenta-nos informações
relativas aos elementos que são como componentes de uma capa, ou seja, logotipo, cor,
chamadas e lombada, bem como aponta as tendências desses componentes. Quanto ao
logotipo, a autora recomenda que ele deve aparecer sempre nas diversas plataformas,
mostrando a personalidade da publicação. A cor ajuda a provocar comportamentos e são
pensadas em seu impacto emocional. Fundos verdes e azuis não vendem, já o vermelho sim;
o amarelo é pouco popular, porém, é preciso considerar que qualquer cor pode ser usada
para enfatizar e destacar, de outro lado, as cores específicas podem ser usadas
213
simbolicamente ou provocar emoções e lembranças. Zapaterra destaca também que as
chamadas de capa e as lombadas são elementos igualmente importantes para a capa. As
chamadas são aplicadas exclusivamente a periódicos, sendo que as chamadas (tamanhos e
cores) dizem respeito sobre a revista e sua personalidade -, em grande parte, são
responsabilidades para o designer. Por fim, as lombadas, embora desvalorizadas pelos
profissionais, segundo Zapaterra, têm grande contribuição para a venda das revistas, “é um
excelente lugar para reforçar a marca e o estilo do título” (ZAPATERRA, 2013, pp. 69-73).
Como podemos observar nas considerações de Zapaterra, esses elementos são
fundamentais para as revistas impressas - e também para as digitais, com as devidas
adaptações ao meio, no sentido harmônico e atraente que eles devem sugerir ao leitor.
Logotipo, cores, chamadas, principalmente, foram num conjunto que deve ser articulado de
acordo com o perfil editorial, público e suporte midiático.
Nesse sentido, a capa trabalha em prol da apresentação de uma nova edição da
revista, trazendo normalmente um conteúdo novo, atualizado. Os leitores identificam:
“Aquela edição, que tem o ator X na capa Y”, ou às vezes: “Isso foi publicado naquela
edição onde a capa tinha letras vermelhas e com a foto de tal”. A capa é uma referência
sobre um conteúdo determinado que foi publicado em uma das edições do veículo. Ela pode
ser marcante para o público leitor, uma referência de quando aquele assunto foi abordado.
Graficamente a capa respeita o projeto gráfico do veículo mas trabalha para inovar
os conteúdos que recheiam seu grid. Ela é expressão máxima da revista: sua cara, sua face,
sua identidade que a diferencia das demais - no caso das revistas - e onde a escolha da
tipografia cunha a sua expressão visual juntamente com o uso das cores e o estilo como as
imagens - fotografia, ilustração - são postas ali (grid). É a capa que dá conta da
personalidade do veículo, podendo adaptá-lo a outros formatos desde que a levem consigo.
Todos os elementos que compõe a apresentação visual do veículo de comunicação
são importantes. São mensagens em foram de imagem, discursos com o objetivo de atingir,
impactar o leitor e manter o relacionamento com ele. Como diz Charadeau (2006, p. 233), “a
imprensa tem suas próprias exigências de visibilidade, de legibilidade e de inteligibilidade”.
Ele congrega os conceitos em conjunto com a aplicação dos mesmos de forma que possamos
analisar a capa como instrumento da comunicação do veículo com seu público. As
considerações feitas para os jornais também se aplicam às revistas, uma vez que se reportam
à visibilidade, legibilidade e inteligibilidade.
214
Charadeau salienta que a visibilidade impõe uma composição de página como um
roteiro de fácil busca aos leitores, e isso abrange elementos da paginação (fotos, rubricas,
desenhos, tipos de colunas etc.) e da titulação (títulos, subtítulos etc.). Para Charadeau, “Tais
elementos constituem formas textuais em si e têm uma tripla função: fática, de tomada de
contato com o leitor, epifânica, de anúncio da notícia, e sinóptica, de orientação ao percurso
visual do leitor no espaço informativo do jornal”. Já a legibilidade abrange o
“acontecimento relatado” e a forma como estão dispostos os elementos da página,
“localização, moldura, ilustrações, tipografia” e aos títulos. Dessa forma:
[...] tem a ver principalmente com entendimento, ela se manifesta e toma todo o seu valor no modo de escritura dos artigos, devendo estes, por contrato, ser acessíveis ao maior número possível de leitores no âmbito de um alvo pré-construído (CHARADEAU, 2006, p. 233).
Quanto à inteligibilidade, o autor considera que a mesma se aplica principalmente ao
comentário do acontecimento como também ao entendimento, ou seja, saber as razões das
notícias. “Manifesta-se em determinados elementos da paginação (novamente pelas
molduras, pelos gráficos etc.), mas particularmente pelas formas textuais que se apresentam
como comentários (editoriais, crônicas, análises etc.)” (CHARADEAU, 2006, p. 233).
Suzana Barbosa (2017), no momento em que nos ofereceu sua entrevista,
colaborando com abordagens referentes às características que a apresentação de um veículo
seja na forma impressa ou na forma digital deve possuir para garantir a boa qualidade do
conteúdo escrito por meio da visualização, também comenta sobre o papel do designer
gráfico, e, por fim, brevemente, atenta e valoriza a questão da tecnologia estar atrelada ao
jornalismo para que o mesmo possa existir. Vejamos:
Para que o produto esteja disponibilizado na plataforma digital é necessário observar o que é preciso para isso. Do mesmo modo que ocorre para o produto impresso, quando devo ter boa qualidade da imagem, em alta resolução, por exemplo, para que seja impressa. No caso do site ela também tem que estar adequada ao padrão. Tudo está dentro de um aspecto muito técnico e passa por um trabalho de pessoas que obviamente entendam dessa área. Tudo isso precisa de fato de gente que conheça, que observe e que saiba qual o resultado que será obtido garantindo que não terá uma surpresa desagradável ao imprimir um exemplar e o mesmo sair borrado ou de não ter boa definição nas imagens, no texto e tudo mais. Antigamente o jornal sujava tudo, a tinta saía na mão, o jornal era só preto e branco, era o preto. Dos tipos móveis e a dificuldade para trabalhar com eles. Isso evoluiu. Evoluiu com a melhoria técnica. Não é possível falar de jornalismo dissociando-o da técnica, técnica como tecnologia. O jornalismo desde
215
sempre existiu por isso ao longo dos anos, dos séculos, foi evoluindo também nesse aspecto. É tudo conjunto, não é separado, não há como (BARBOSA, 2017).
3. A revista Elle no mundo e no Brasil
Elle é uma revista que se diferencia das demais não somente pela maneira como ela
foi idealizada e produzida em 1945 e todo o contexto do pós-guerra que era o cenário da
sociedade francesa. Ela permanece fiel ao conceito de trazer ao público leitor conteúdos
relacionados à moda e ao estilo de vida, os quais a sua criadora originalmente imprimiu a
este veículo internacional com mais de 70 anos de existência. A trajetória de Elle é feita de
nuances, a revista foi se adaptando às mudanças da sociedade, especialmente à realidade das
mulheres. No site Elle International Network encontramos informações sobre como foi a
trajetória da pioneira Hélène Lazareff para a criação de Elle.
Em 21 de novembro de 1945, Hélène Lazareff, de origem russa, criada em Paris, lançou uma revista feminina moderna, que se tornaria um elemento básico na casa de cada mulher na França e, mais tarde, em todo o mundo. Inspirada durante sua vivência em Nova York durante a Segunda Guerra Mundial, trabalhando como jornalista para os principais títulos de mídia, Lazareff começou a desenvolver seu próprio conceito para uma revista feminina cuja principal abordagem editorial era proporcionar às mulheres acesso exclusivo e incomparável à moda e à beleza, mantendo a proximidade com seus leitores. (ELLE INTERNATIONAL NETWORK, 2017111).
111 Disponível em: http://ellearoundtheworld.com/. Acesso em 22 fev. 2017.
216
FIGURA 120 - Criadora de Elle, Hélène Lazareff.
Fonte: site Elle International Network, 2017112.
À frente dessa empreitada, Hélène Lazareff assumiu a publicação, lançando a
primeira edição da revista, na qual podemos ver a seguir, já na capa de seu primeiro número,
a valorização da mulher, assim como a valorização do logotipo de Elle, em pleno destaque
no topo da página (o nome sofreu muito pequenos ajustes até os dias de hoje, mantendo as
principais características da fonte tipográfica que o desenha).
Ainda, temos neste primeiro número a ausência das chamadas de capa -
provavelmente por alguma intenção específica de seus editores e que nos foge ao
conhecimento por não encontrarmos, para este momento de nosso estudo a informação
necessária. De qualquer forma, percebemos que a imagem já é anunciada com forte apelo ao
posicionamento da revista e que os temas moda e mulher, juntamente com estilo (numa
análise breve da cena, vemos uma mulher, elegantemente vestida que, em vez de
simplesmente estar numa pose tradicional para valorizar somente as vestes, mostra-se numa
atitude alegre com um gato - uma ilustração, ainda sem o uso da fotografia.
112 Disponível em: http://ellearoundtheworld.com/. Acesso em 22 fev. 2017.
217
FIGURA 121 - A primeira capa de Elle, 1945.
Fonte: site Correio do Povo, 2014113.
Neste momento gostaríamos de aproveitar as palavras de Suzana Barbosa em relação
às revistas, especialmente falando da revista Elle enquanto revista feminina e de jornalismo
especializado. Seguem abaixo as colocações da professora Suzana:
É um jornalismo de revista que tem uma outra especificação, que caminha pela via temática. Então ela (a revista) se diferencia por diversas características desse segmento. Então: ela é jornalismo, ela é uma revista no seu escopo e na sua definição editorial - como eu disse, ela vem sendo revista, ela está no contexto atual e aí de alguns anos fazendo as suas adaptações a aquilo que vem trazendo desafios para o jornalismo. Conforme eu disse antes, eu não vejo divisão em jornalismo (BARBOSA, 2017).
Dessa forma, concordamos com Barbosa quando a mesma identifica a publicação
como jornalística, embora reconheçamos as críticas feitas à revista em relação aos padrões
de mulher e de beleza que ela dissemina. Para nosso estudo, o que destacamos é o fato de se
113 Disponível em: http://www.correiodopovo.com.br/blogs/correiofeminino/2014/07/14028/elle-para-madames-e-mademoiselles/. Acesso em 22 fev. 2017.
218
tratar de uma publicação longeva, com um design singular (que será exposto mais à frente),
que nasceu no pós-guerra e que se atualizou, buscando se adaptar aos meios impresso e
digital.
Destaca-se nessa trajetória que o grande salto de expansão internacional da revista
nos anos 1988 e de 1989, com o lançamento de edições específicas para determinados
países, inclusive no Brasil (a Elle Brasil é lançada em 1989). Segue o comentário presente
no site Elle International Network, de propriedade da marca que se constituiu em marca
global:
A internacionalização de Elle começou nos Estados Unidos e no Reino Unido em 1985 e atualmente conta 46 edições em todo o mundo, com mais por vir. As visões únicas de Lazareff (Hélène Lazareff, sua idealizadora) foram transformadas em um conceito tão forte e relevante para as mulheres que se tornou uma marca global (ELLE INTERNATIONAL NETWORK, 2017.114).
Também é interessante perceber que a partir de 2002 o look das modelos e
celebridades das capas de lançamento nos países passa a ser composto com a figura
aparecendo quase de corpo inteiro (antes, somente o rosto era utilizado, salvo uma ou outra
exceção). Por fim, é fundamental também comentar que a tipografia utilizada no logotipo
causa o mesmo impacto desde a primeira edição, perpetuando a força da representação
gráfica da marca e atribuindo valor a um produto jornalístico que já completou mais de 70
anos de idade. Nesse sentido, é possível observar a pouca variação da logotipia, que se
conserva como elemento de extrema relevância na ligação com seu público.
Apresentamos a capa de lançamento da Elle Brasil (1988) juntamente com a capa de
lançamento de Elle na França (1945), onde podemos apreciar a tipografia eficaz e perene da
revista em sua capa, mais de 40 anos depois:
114 Disponível em: http://ellearoundtheworld.com/. Acesso em 22 fev. 2017.
219
FIGURA 122 - Análise da tipografia na capa de Elle (edições de lançamento
1945/França e 1988/Brasil).
Fontes: Elle francesa: site Correio do Povo, 2014115; Elle Brasil: blog Por Dentro da Moda, 2017116.
Tanto o grid quanto o elenco de fontes que mantiveram características da capa de
Elle Brasil desde o seu lançamento no país, em maio de 1988, valorizam as fontes
tipográficas usadas na primeira edição. O grid é aquele que sofreu menos alterações até os
dias atuais. Já as fontes utilizadas, ganharam novas participantes desde 1988, data da estreia
de Elle no Brasil, como visto anteriormente. Vemos que o principal continua sendo a
manutenção do projeto gráfico original, com respeito ao logotipo da revista e, apesar da
redução de seu tamanho original (24 x 30 cm) para o tamanho atual (20,8 x 27,4 cm), a
edição nacional de Elle mantém o padrão de identidade visual de seu projeto gráfico original
onde ao invés de eliminar ou substituir todas as fontes, opta por trazem novas fontes para
manter a harmonização da composição visual mesmo com um novo perfil de leitor que
também se formou ao longo do tempo.
115 Disponível em: http://www.correiodopovo.com.br/blogs/correiofeminino/2014/07/14028/elle-para-madames-e-mademoiselles/. Acesso em 22 fev. 2017. 116 Disponível em: http://pordentrodamodabymarinact.blogspot.com.br/. Acesso em 22 fev. 2017.
220
Dentre tantas edições lançadas em diversos países, com uma periodicidade mensal, e
um número expressivo de leitores, Elle parece manter seu dever de garantir a este público
que receba o conteúdo esperado todos os meses. A identidade visual faz pequenos ajustes
para se atualizar - mas mantém as características que já estavam presentes na primeira
edição: a valorização do logotipo da revista e também a valorização da mulher, da moda e
da atitude.
A tipografia utilizada mantém a harmonia do projeto gráfico sem haver troca
constante das fontes e sim o uso frequente do elenco que compõem as famílias tipográficas
das fontes principais. Mantém as chamadas de capa, que foram aparecendo no decorrer da
evolução das capas de revista, em suas laterais, sem a atrapalhar a visualização do elemento
principal de capa de cada edição: a fotografia, seja da modelo ou da celebridade - sempre
numa atitude de estilo. A tipografia em algumas edições interage com a imagem, deixando
de lado as formas de alinhamento de texto tradicionais e passando a contornar a foto de
fundo; já no logotipo de Elle vemos, na maioria das vezes, a interação com a fotografia -
muitas vezes alguma letra do logotipo de Elle sendo substituída pela fotografia -, mas que
em nada prejudica a imagem da marca, demonstrando que na revista Elle os elementos de
estilo permanecem como prioridade.
Destacamos ainda que, apesar de tantas variações que as sociedades de países
diferentes atravessam - com os impactos repercutindo também nas equipes que trabalham
neste ambiente jornalístico -, podemos constatar a perenidade de Elle e a manutenção de sua
identidade visual.
Zapaterra (2013) chama a atenção sobre uma outra função da capa no ambiente
digital, ou seja, um ponto de entrada para a navegação no conteúdo e de suas ferramentas:
“Para as edições digitais, a capa serve para reforçar a marca, mas também atua como um
ponto de entrada para o conteúdo, que faz parte do kit de ferramentas de navegação”
(ZAPPATERRA, 2013, p. 44).
Zapaterra também reforça que a capa deve ter a mesma identidade visual, em outros
meios: “A mesma imagem da capa aparecerá na edição impressa, no site, para o tablet e
qualquer aplicativo, dependendo dos formatos preferidos. Um diretor de arte precisa criar
uma capa, portanto, com essa variedade de formatos em mente (ZAPPATERRA, 2013, p.
44)”.
221
Para ilustrar as nossas colocações somadas aos apontamentos da autora, acima, temos
um relato sobre as demandas que se impuseram à diretora de arte da Elle, Suzanne Sykes,
que atravessou mudanças não somente em sua carreira como também nos veículos em que
atuava. Ao chegar à Elle britânica, aproveitou o contexto do momento para implementar
inovações para a marca levando-a para a versão online - o que não parece ser algo fácil já
que estamos tratando de um produto que atravessa vários anos e tem uma imagem bastante
forte no mercado. Vejamos o que diz Zapaterra sobre a referida diretora de arte:
Suzanne Sykes é uma diretora de arte britânica conhecida por seu trabalho em reinventar revistas de moda. Ela foi a designer de lançamento da Marie Claire britânica em 1989, com a editora Glenda Bailey. Seus vários prêmios de design da D&AD vieram por seu trabalho em Grazia, que pegou a estética de moda glamourosa mensal e a traduziu para uma fórmula semanal acelerada, cheia de novidades.
Depois de uma temporada em Nova Iorque como diretora de arte da Marie Claire Estados Unidos (2007 a 2012) Suzanne encarou um redesign ambicioso da Elle britânica, que teve seu auge nos anos 80, dominados por supermodelos. Sykes reconheceu a necessidade de responder a um público em transformação, agora menos propenso a comprar revistas, mas ávido por usar as mídias sociais para obter conselhos de moda. Com o diretor de arte Mark Leeds, ela criou uma versão on-line e uma impressa da publicação que ligava diretamente ambas as plataformas - ao contrário da concorrência, o que produziu versões irmãs a partir do título mestre impresso.
Falando sobre impressão digital, em março de 2013 ela disse: “A impressão é a marca do herói. Montamos nossa barraca no formato impresso, encaminhando os leitores para a arena digital”. Em 2013, Elle vendeu 177.094 cópias em papel; o público do site foi de 450.000 usuários individuais por mês. Elle foi a primeira revista britânica feminina a ter 1,13 milhão de seguidores no Facebook. Sykes diz que, com a editora Lorraine Candy, ela está “visando que o leitor seja capaz de comprar diretamente da página” (ZAPPATERRA, 2014, p. 225).
A habilidade da editora de arte em perceber o momento de migrar para plataformas
digitais, utilizando as redes sociais para a circulação dos conteúdos e angariar seguidores
para a Elle estabeleceu um link entre as edições impressa e digital - para vários dispositivos -
mostrando que o prestígio da revista se ampliou no universo online.
222
FIGURA 123 - A expansão da marca Elle por meio do design de Suzanne Sykes.
Fonte: ZAPPATERRA, 2013, p. 225.
O design de Suzanne segue a marca-mãe, mas se expande para a versão na forma de aplicativo: (<http://elle.com>). Aqui, a modelo de capa Rosie Huntington aparece em um vídeo na ElleTV, dando ao leitor uma variedade de maneiras de explorar e compartilhar conteúdo.
No Brasil a Editora Abril, pelas mãos de Roberto Civita, foi a responsável por trazer
a Elle para nosso país, compondo e expandindo o portfólio de títulos da Editora, conforme é
citado na biografia de Civita, escrita por Carlos Maranhão (2016). É num contexto político,
223
permeado por um avanço econômico que a família Civita vive, que a Abril investe na
criação de edições nacionais de revistas cujos alguns assuntos ainda não estavam cobertos
pela imprensa.
Foi com esse intuito que a Editora Abril, desde os idos de 1960, estabeleceu a
estratégia, segundo Maranhão, de “basear-se em fórmulas editoriais, comerciais e
publicitárias testadas e vitoriosas nos Estados Unidos ou na Europa”. Já uma outra estratégia
seria de “obter o licenciamento de produtos consagrados, com o pagamento de royalties,
entre eles Playboy, Elle e Cosmopolitan” (2016, p. 81).
Considerando o porquê e a atenção que a Editora Abril deu à Elle no momento de
negociar e trazê-la para o nosso país, devemos atentar para a presença forte,
economicamente, do veículo em termos de expansão internacional e dos números que a
apontavam como produto editorial com força mercadológica.
Nos idos dos anos 80, quando Elle efetivamente chega ao Brasil, passávamos pelo
fim da ditadura política e com uma economia marcada por uma profunda crise econômica,
levando muitos a chamar a época de “a década perdida”. Conforme cita o texto de Gilberto
Marangoni, na revista de informações e debates do IPEA (Instituto de Economia Aplicada):
Os anos 1980, na América Latina, ficaram conhecidos como “a década perdida”, no âmbito da economia. Das taxas de crescimento do PIB à aceleração da inflação, passando pela produção industrial, poder de compra dos salários, nível de emprego, balanço de pagamentos e inúmeros outros indicadores, o resultado do período é medíocre. No Brasil, a desaceleração representou uma queda vertiginosa nas médias históricas de crescimento dos cinquenta anos anteriores.
Mas, sob o ponto de vista político, aquela foi literalmente uma década ganha. Não apenas se formaram e se firmaram inúmeras entidades e partidos populares – fruto das maiores mobilizações sociais de toda a história brasileira -, como se abriu uma nova fase histórica para o país, através do fim da ditadura e da promulgação da Constituição de 1988 (MARANGONI, 2012117).
Assim, Maranhão cita em seu livro sobre a vinda de Elle, que mais garantiu prestígio
à Editora Abril na época em que aqui foi lançada do que efetivamente lucros. Diz o autor:
Dentro de sua estratégia de se associar a grandes editoras internacionais, Roberto (Civita) acompanhou de perto o lançamento de duas (revistas) mensais que teriam
117 Disponível em: http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2759:catid=28&Itemid=23. Acesso em 02 fev. 2017.
224
uma longa existência pela frente: Elle e Superinteressante. A Elle surgiu em parceria com a editora francesa Hachette. Do segmento sofisticado do mundo da moda, daria prestígio à Abril, mas pouco dinheiro. Na verdade, traria prejuízos na maior parte do tempo.
Cada um desses filhotes veio à luz por ter sido gerado pela percepção dos editores de uma determinada área coberta pela revista - decoração, moda e culinária, para lembrar novamente o exemplo de Claudia - despertava interesse nos leitores (e nos anunciantes) a ponto de justificar a concepção de mais um título voltado exclusivamente para esse segmento. Algumas revistas não sobreviveram. Outras viriam a caminhar sozinhas e cresceriam. Nenhuma, porém, alcançou o êxito da Veja São Paulo (MARANHÃO, 2016, p. 304).
No ambiente internacional, que também atingia nosso país, propagando informações
que afetavam nosso modo de pensar e também de vestir, as mudanças em termos de estilo e
moda ocorriam. As mulheres estavam assumindo um papel mais autônomo na sociedade.
Numa dada época em que Elle chega ao Brasil, os “Anos 80”, traziam, segundo Thassiana
Barbosa (2015, p. 3):
A moda da década de 80 é definida e reconhecida pela exuberância, ostentação e extravagância no modo de vestir. Tudo era demasiadamente colorido, brilhante e reluzente: quanto mais paetês, lantejoulas e cores neon [...] esta nova mulher, que contrapõem os ideais vigentes das décadas anteriores, busca demonstrar sua autossuficiência por meio de um corpo magérrimo e altamente definido, conquistado com exercícios e dietas que influenciavam seu dia-a-dia e sua forma de vestir. [...] Um exemplo que demonstra a exuberância e o poder propostos neste período, é a cantora Madonna, que eu aparecer com os cabelos descoloridos, maquiagem agressiva, roupas sensuais insinuantes, mostra que a mulher é dotada de opiniões e comportamentos bem definidos, não dependendo mais da permissão ou aprovação do outro para ser quem quiser (BARBOSA, 2015, pp. 3-4).
3.1 Os números de Elle
Os números que o Elle International Network informa na última atualização de seu
site (dados de 2015) são expressivos, devido à cobertura que a revista ocupa em vários
países - e que possui importância para nosso estudo já que a Elle Brasil respeita e segue o
padrão mundial da publicação. A revista é competitiva já que não reduz o ritmo de seus
investimentos e ajustes editoriais para manter-se atuante - basta analisarmos suas investidas,
junto aos leitores na própria versão impressa, que os direciona para o ambiente digital, assim
também como a expansão da marca, que vemos na figura posterior, com informações
também trazidas do site.
225
FIGURA 124 - Números de Elle no mundo.
46 edições Mais de 100 suplementos e 49 spin-offs118
21.000.000 de leitores 600 números publicados em 2015
Circulação mensal mundial de 6.560.000 cópias vendidas
160.237 páginas em 2015 a partir das quais
49.095 páginas de publicidade e 111.142 páginas editoriais
Fonte: adaptado do site Elle International Network, 2017119. Tradução nossa.
A seguir apresentamos os dados da revista impressa e, em seguida, os dados da
presença digital de Elle no mundo.
FIGURA 125 - Números mundiais para a versão impressa de Elle.
Fonte: site Elle International Network, 2017120.
118 Spin-off: também chamado de derivagem, é um termo utilizado para designar aquilo que foi derivado de algo já desenvolvido ou pesquisado anteriormente. É utilizado em diversas áreas, como em negócios, na mídia, em tecnologia etc. Disponível em https://www.significados.com.br/spin-off/. Acesso em 25 mai 2017. 119 Disponível em: http://ellearoundtheworld.com/. Acesso em 22 fev. 2017. 120 Disponível em: http://ellearoundtheworld.com/. Acesso em 24 fev. 2017.
226
Pudemos ver que Elle possui 46 edições no mundo e mais de 200 suplementos e spin-
offs. Soma-se ao elenco um número de 25 edições dedicadas à decoração, 6 edições voltadas
à gastronomia, duas edições para garotas e três edições voltadas exclusivamente a homens.
Assim, a Elle no mundo congrega uma soma de 9.600.000 revistas com 33 milhões de
leitores.
E, para concluir a explanação com dados em números sobre a expressividade da Elle,
apresentamos os números impactantes de alto alcance no ambiente digital, principalmente
pelo número de aplicativos vinculados à marca, tanto para tablets quanto para smartphones.
São 86 aplicativos para tablets, sendo 46 emags, ou seja, a presença da revista online (o total
das edições internacionais estão presentes online) somando-se a 40 aplicativos, todos
voltados para tablets. Além disso, temos o conteúdo voltado para smartphones: há mais 60
aplicativos para mobile, sendo que destes 30 são otimizações dos próprios sites de Elle com
mais 30 aplicativos específicos para mobile.
FIGURA 126 - Números mundiais para a versão digital de Elle.
Fonte: site Elle International Network, 2017121.
3.2 O mercado de Elle no Brasil
Na contemporaneidade, o público de Elle no Brasil converge com uma sociedade de
consumo, na qual as mulheres avançam, mas ainda estão divididas entre o mundo privado e
público, entre o doméstico e profissional (LIPOVETISKY, 2000). Conforme revela Roberta
121 Disponível em: http://ellearoundtheworld.com/. Acesso em 24 fev. 2017.
227
Queiróz, para a revista Meio Digital (2008), as buscas e a orientação destas mulheres em
relação ao uso da internet estão ligadas ao seu cotidiano:
Mais do que ter conhecimento tecnológico, elas buscam facilidades para seu dia-a-dia, informações e serviços que as ajudam nas tarefas domésticas, como mães, como profissionais e, claro, como mulheres. Elas querem comprar, se atualizar, trocar experiências, falar e serem ouvidas (QUEIRÓZ, 2008, p. 27).
Para o mercado, a revista Elle apresenta o seu Midia-Kit, disponibilizado pela
Editora Abril no site. A oferta da revista é referida (também pela Elle internacional) como
plataformas (que são as formas da revista acontecer para seu público-alvo). O elenco que
compõe a plataforma nacional possui: revista impressa, aplicativos, revista digital (tablet e
smartphone), eventos, redes sociais e coleções. Vejamos a seguir a apresentação da Elle
Brasil.
FIGURA 127 - Dados comerciais de Elle (I).
Fonte: Mídia-Kit da Elle Brasil, 2014122.
122 Disponível em: http://publiabril.abril.com.br/marcas/elle. Acesso em 24 fev. 2017.
228
FIGURA 128 - Dados comerciais de Elle (II).
Fonte: Mídia-Kit da Elle Brasil, 2014123.
Nas primeiras referências relacionadas aos dados comerciais da revista Elle Brasil,
apresentadas em seu Mídia-Kit, podemos verificar a importância dada ao posicionamento de
sua marca. O posicionamento é relevante a para que o produto tenha sua identidade
diferenciada em relação à concorrência. O posicionamento também auxilia na revelação dos
objetivos aos quais o produto se propõe. No caso da revista Elle Brasil, o posicionamento,
não somente no conteúdo como também no seu projeto gráfico, que é uma âncora para
diferenciá-la de todos os outros veículos.
Elle Brasil, conforme figura 127, se coloca à frente quando diz que aposta no novo.
Podemos confirmar isto na figura 128, quando ela informa, no último tópico, que foi a
primeira revista a criar um aplicativo de realidade aumentada. É uma revista que mantém
conexão permanente com o público no intervalo de cada edição impressa, que é quando este
leitor pode acessar seu conteúdo todos os dias, a qualquer momento - seja via aplicativos,
seja via redes sociais ou acessando a edição impressa na versão digital, disponível no portal
M de Mulher da Editora Abril.
123 Disponível em: http://publiabril.abril.com.br/marcas/elle. Acesso em 24 fev. 2017.
229
FIGURA 129 - Leitor: comportamento, classe social e faixa etária da Elle Brasil.
Fonte: Mídia-Kit da Elle Brasil, 2014124.
O comportamento, a classe social e a faixa etária dos leitores da Elle Brasil
resumem-se principalmente naqueles que estão posicionados como classe alta, ou seja,
classe AB. O percentual é expressivo (83%). Podemos dizer que é um público jovem adulto,
pois 56% deste público tem até 29 anos de idade. Assim Elle, no Brasil, define-se como um
veículo voltado a leitores antenados com a realidade.
124 Disponível em: http://publiabril.abril.com.br/marcas/elle. Acesso em 24 fev. 2017.
230
FIGURA 130 - Dados atuais sobre audiência da Elle Brasil (impressa e digital).
Fonte: site PubliAbril, - Marcas e Plataformas Elle, 2017125.
Este quadro específico sobre a audiência da Elle Brasil permite ter uma visão ampla
do alcance da revista em termos de número de leitores como também aos acessos que ela
possui em seu site. Com um total de 9.913.000 de páginas visitadas em seu site onde
5.206.142 visitantes são únicos e ali permanecem numa média de tempo de dois minutos e
32 segundos, podemos considerar que o acesso ao conteúdo digital da Elle Brasil é
significativo.
Devemos lembrar também que isto faz com que haja uma dedicação da equipe da
revista durante todos os sete dias semana, para a produção e atualização de conteúdo, mas
considera-se que deve ser um ótimo recurso a presença frequente online, pois isto permite o
relacionamento com seu público aquecido - já que a versão impressa tem periodicidade
mensal - e também pode motivá-lo a interagir com o meio, o que é uma oferta característica
dos veículos quando em plataformas online. Portanto os cuidados com a identidade visual da
revista têm aí um argumento forte para que a mesma se mantenha fiel ao projeto gráfico
também na versão digital e em todos os dias do mês, considerando todas as horas de cada
dia. Assim, a Elle Brasil poderá garantir presença constante junto àqueles que estão
interessados em mantê-la como revista de referência.
Nota-se, ao comparar a conduta da Elle em nosso país, que a mesma segue a Elle
internacional e que, como um todo, a revista conduz seus esforços para, como já
125 Disponível em: http://publiabril.abril.com.br/marcas/elle. Acesso em 24 fev. 2017.
231
comentamos anteriormente, estar presente junto ao público em todas as oportunidades
possíveis, basta ver sua abrangência. A seguir, apresentamos o elenco da plataforma Elle
internacional (o que é chamado de Global Brand). Ao compararmos com a Elle Brasil
vemos que ainda há formas não exploradas pela Elle Brasil como e-commerce, TV, outras
publicações e licenciamento de marca, mas os demais elementos que compõe a Global
Brand de Elle já ocorrem no Brasil: há pouco tempo tivemos a Elle e a C&A (cadeia
internacional de lojas de vestuário com presença no Brasil) em promoção conjunta, também
temos a presença da revista em aplicações para iPad e mobile, há os eventos que Elle
participa e organiza. Vejamos:
FIGURA 131 - Global Brand Elle.
Fonte: site Elle International Network, 2017126.
3.3 Elle versão digital
A ampliação da presença da revista Elle em diferentes locais mostra que há uma
estratégia complexa e bem controlada de sua marca e do conteúdo que produz enquanto
comunicadora de conteúdo referente à moda e estilo de vida. É uma rede de transmissão de
126 Disponível em: http://ellearoundtheworld.com/. Acesso em 24 fev. 2017.
232
informações dinâmica e que não deixa a revista impressa de lado, pelo contrário, mantém a
conexão entre todo o elenco da plataforma Elle em sintonia. A revista impressa faz pontes
com outras plataformas onde o conteúdo editorial e a identidade visual estão expostos.
Conforme Suzana Barbosa, em sua entrevista:
A revista tem hoje a preocupação de também poder oferecer o seu conteúdo, produto, e também estar presente em outras plataformas porque a revista Elle, falando especificamente, assim como outras revistas semanais e mensais de moda, com as suas especificidades temáticas e distintas, estão e têm buscado fazer a adequação a uma outra realidade - e isto já fazem alguns anos - o digital. Digital no sentido de que primeiro, com a web se tinha uma disponibilidade, uma possibilidade a mais de veiculação, isto é, disponibilizar também na plataforma web o mesmo produto, exatamente o mesmo. Depois houve muito aprendizado e obviamente foi uma caminhada tão rápida passar a ter produtos com este outro olhar para a internet. Não estou falando que o impresso perdeu a sua importância. Eu jamais diria isso.
O que é importante? Quando a gente fala de convergência jornalística a ideia é justamente que uma empresa jornalística, uma organização jornalística, tem que pensar bem no seu produto, o seu produto estar circulando em várias plataformas. Não dá para ele ficar restrito apenas à forma impressa porque ele tem um público específico que gosta do impresso e outro que não vai consumir o impresso ou vai, principalmente, para o tablet (e o tablet acabou sendo um dispositivo que muitas revistas aderiram porque consideraram um dispositivo por ser o tipo de produto sofisticado com uma tela maior (BARBOSA, 2017).
Para ilustrar os vínculos dos formatos diferentes, apresentamos a seguir as ações da
revista Elle Brasil no sentido de direcionar o leitor a interagir com os formatos diferentes
para ampliar a experiência da notícia. Ao analisar a edição de fevereiro/2017 da revista Elle
Brasil, encontramos mais uma vez, em diferentes páginas, os avisos e instruções para que o
leitor possa acessar o conteúdo digital. Ao testar estas conexões, nota-se que a expansão da
notícia realmente acontece e que a identidade visual de Elle nunca deixa de estar presente.
Os leitores são conduzidos aos dois ambientes ao mesmo tempo ao invés de ficar apenas em
um. É uma estratégia ousada e que requer recursos - como a programação de TI e também a
certeza de servidores com capacidade para conter a demanda de acessos virtuais, entre
outros elementos que compõem esta infraestrutura - mas que mantém a revista unindo e
tornando dependentes um ambiente do outro, o físico e o digital, para que o leitor fique mais
satisfeito ainda.
Porém, antes, vale-nos os comentários de Zappaterra, que aborda a questão do
mercado influenciar o conteúdo e a forma como ele transita entre os participantes do
233
processo comunicacional da revista com seus leitores. O exemplo da revista americana Real
Simple, citado pela autora, vai ao encontro com as ações de Elle, ou seja: vincular
fortemente um ambiente ao outro.
Na publicação de revistas, o tipo de mercado dita o conteúdo e o modo de envio. No editorial de moda, as edições impressas ainda abrigam anúncios em papel brilhante e defendem valores de produção elevados, mas os sites correspondentes oferecem um conteúdo aprimorado com imagens animadas e ofertas exclusivas para seus leitores. Na linha estilo de vida, como a Real Simple, nos EUA, o conteúdo da revista alimenta o site e este, por sua vez, apresenta aos leitores a versão impressa e atrai assinantes (ZAPPATERRA, 2013, p. 36).
Pensar novos padrões é alargar as possibilidades de perenidade de um conceito de
revista que até então parecia-nos feito apenas para o impresso. Convergir as plataformas
obtendo um efeito de complementaridade e troca de conteúdos e experiências de leitura com
o meio tem agregado valor à marca Elle. Isto corrobora com o que diz Longhi (2009)
quando trata da remediação para modelos de mídia diferentes, aproveitando “as
possibilidades de convergência de linguagens própria do meio digital” e também propondo
“fusões conceituais que resultam em formas inovadoras de informação” (LONGHI, 2009).
Neste trânsito entre meios, ocorrem remediações e midiamorfoses pela presença de
Elle nas diferentes plataformas. Nos dispositivos móveis vê-se a integração, com
sobreposições de formas e conteúdos e inovações constantes. As necessidades do próprio
veículo em manter-se junto a seus públicos, interagindo com o mesmo, a impulsiona a
experimentar novos formatos de apresentação de conteúdo (por exemplo, pequenos vídeos
em tempo real, no Facebook, quando a Elle transmite trechos de eventos internacionais,
como desfiles de grandes grifes da moda).
A revista permanece atenta às tendências da comunicação notando-se sua atenção não
somente para o como vai ser seu conteúdo disponibilizado, mas também o conteúdo
noticioso e publicitário existente nela. A seguir, exemplos da convergência na oferta da Elle
ao leitor:
234
FIGURA 132 - Revista Elle Brasil - Seção Elle Online.
Fonte: Elle Brasil, edição de fevereiro 2017. Foto da autora, 2017.
A figura anterior, apresenta página interna de Elle Brasil onde o layout reproduz uma
tela de computador desktop. A seção chama-se Elle Online.
FIGURA 133 - Revista Elle Brasil - Mobile View (MV).
Fonte: Elle Brasil, edição de fevereiro 2017. Foto da autora, 2017.
235
Na Figura 133 há um convite aos leitores para acessar o Mobile View (MV), onde o
leitor tem a possibilidade de acessar conteúdos exclusivos disponibilizados online para
tablets e smartphones.
FIGURA 134 - Elle Brasil e matéria com Mobile View (MV).
Fonte: Elle Brasil, edição de fevereiro 2017. Foto da autora, 2017.
Sobre a foto da matéria, na Figura 134, a revista induz os leitores a utilizar o
aplicativo Mobile View (MV) e ampliar o conhecimento do conteúdo, o qual promete
estender-se no ambiente online.
236
FIGURA 135 - Instruções para utilizar o Mobile View (MV).
Fonte: Elle Brasil, edição de fevereiro 2017. Foto da autora, 2017.
Na mesma edição da revista, na Figura 135, mais uma vez encontramos, de forma
diferente e tomando espaço considerável em uma de suas páginas internas, as instruções para
utilizar o Mobile View (MV).
237
FIGURA 136 - Aplicativo para acesso à Elle Brasil e Elle Brasil nas redes sociais.
Fonte: Elle Brasil, edição de fevereiro 2017. Foto da autora, 2017.
Por fim, na Figura 136, o convite específico da Elle Brasil para que os leitores
tenham acesso ao seu exclusivo aplicativo e também para que sigam a revista nas redes
sociais.
Quanto à tipografia no ambiente digital, precisamos destacar a presença forte da
tipografia na capa de Elle, que valoriza a identidade visual e comunica que aquele conteúdo
tem origem naquela revista, dando autenticidade e valor ao conteúdo presente. Conforme
Suzana Barbosa (informação verbal), sobre identidade visual:
É óbvio que se eu tenho um produto impresso e se ele tem uma marca, eu vou querer o máximo possível manter uma identidade. [...] Mas a preocupação principal é a identidade visual: onde quer que eu esteja, em qualquer plataforma, eu vou reconhecer onde eu estou, qual site é e, obviamente, isso é pela marca. É a marca e qual a identidade visual e gráfica que eu tenho. As cores, tudo isso. Então, em geral, os sites que estão relacionadas a uma marca existente no impresso, ou na TV ou vice-versa, sempre vão manter a sua identidade visual [...] outros produtos que só existem no digital vão tratar disso de outro modo, mas do mesmo jeito vão assegurar o que que eles querem que eu veja: que eu olhe e eu identifique aquela marca - como Coca-Cola em qualquer país do mundo, é a mesma forma (BARBOSA, 2017).
Como já foi mencionado, a capa é objeto da realidade da revista seja este na versão
impressa, seja este na versão digital, mas, principalmente, na memória emocional de seus
leitores - o que faz dela necessária para que o público a reencontre a cada nova edição, cada
238
post feito em redes sociais, cada análise de tendências de moda que venha a oferecer
cotidianamente durante uma nova estação. As condições tecnológicas que levam a estas
ações são condições convenientes e pertinentes à manutenção da identidade da revista com a
mesma qualidade que sempre foi encontrada nos meios impressos, ou seja: os critérios de
usabilidade, acessibilidade e legibilidade (principalmente esta última).
Conforme a colocação de Guimarães (2008), quando traz McLuhan ao considerar as
relações referentes ao corpo expandido, ou seja, artefatos tecnológicos que são como uma
extensão, uma parte destacada de nosso próprio corpo - e que podem alterar a percepção
humana e a relação entre nós.
O ser humano é o único que consegue se apoderar das conexões lógicas existentes entre os objetos e os fatos da realidade e transferi-las, por invenção e construção, para outros objetos. A técnica é um modo de ser, está identificada com o movimento pelo qual o homem realiza sua posição no mundo, transformando este de acordo com o projeto que dele faz. A atividade instrumental foi voltada para a superação de desvantagens morfológicas do humano, ao buscar converter as contingências randômicas e potencialmente perigosas do ambiente em um mundo objetivo de coisas e acontecimentos previsíveis e controláveis. Ao fazê-lo, a mudança técnica não terá apenas os hábitos da vida, mas também as estruturas de pensamento e dos valores humanos (GUIMARÃES, 2008, p. 23).
3.4 A tipografia utilizada nas capas de Elle
Para iniciarmos nossa análise no ambiente digital, devemos apontar a tipografia que a
revista Elle Brasil possui em suas capas. Abaixo, segue a capa de uma das edições da revista
e as fontes utilizadas no logotipo e também nas chamadas para que possamos acompanhar a
performance de cada uma delas.
239
FIGURA 137 - Capa da Elle Brasil (também presente na versão digital) e a presença
das fontes tipográficas.
Fonte: capa da Elle Brasil, edição nº 344, publicada em janeiro de 2017127.
É importante comentar que as fontes presentes na capa acima têm redesenhos sobre
sua origem, ou seja, houve ajustes sobre a fonte original, atendendo os objetivos do designer
127 Disponível em: http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=46183debd501f902a52187cac3dd76d2. Acesso em 28 mai. 2017.
Didot Condensed Bold
Garamond
Condensed Italic
Futura Light
Condensed
Bold
Futura
Condensed
Futura Medium
240
responsável, mas mesmo assim percebem-se as características de cada uma delas, pois há
variações, derivações a partir da origem, do histórico.
Também é importante comentar que o logotipo da Elle é baseado na fonte Didot (a
primeira do elenco de fontes que apresentamos a seguir), com as devidas alterações e ajustes
que as fontes permitem aos designers gráficos para que possam atender às suas expectativas
no que se refere tanto à criação em si como também a adequações mediante fatores
relacionados à produção gráfica e aprovações, ou não, do cliente ou superior.
Há uma mescla de fontes no projeto gráfico da revista Elle Brasil, estas mesmas
fontes são usadas ao largo das páginas internas, compondo a identidade visual da revista.
Nitidamente na capa percebe-se o aproveitamento de Didot, Garamond e Futura como base
de sua tipografia, assim como a larga utilização das famílias destas fontes - começando pelo
logotipo da revista (Didot) até as chamadas de capa (mescla de Didot, Garamond, Futura...).
As decorrências são, principalmente, o trabalho com as variações entre caixa-alta e baixa,
itálico e normal e também entre bold e normal.
Temos a Didot como uma fonte tradicional, assim como a Garamond, clássicas, que
trazem elegância e também temos a Futura, que é moderna e vem a contrastar com a
tradição das anteriores. Assim o projeto gráfico ganha valor na utilização destas variações
nas chamadas de capa, juntamente com elementos como as cores e as imagens (fotografia)
que garantem características exclusivas à identidade visual da revista. A tipografia na capa
de Elle Brasil soma ao veículo um potencial de atração para que a mesma permaneça
diferenciada, sem prejudicar a leitura e a mantenha pertinente ao segmento que a revista
atua: feminino, com foco em moda e estilo.
241
FIGURA 138 - Tipografia utilizada como base para o logotipo de Elle (Didot
Condensed Bold).
FIGURA 139 - Tipografia utilizada nas chamadas de capa de Elle (Didot Bold).
242
FIGURA 140 - Tipografia utilizada nas chamadas de capa de Elle (Didot Italic).
FIGURA 141 - Tipografia utilizada nas chamadas de capa de Elle (Garamond).
243
FIGURA 142 - Tipografia utilizada nas chamadas de capa de Elle (Garamond Italic).
FIGURA 143 - Tipografia utilizada nas chamadas de capa de Elle (Garamond
Condensed).
244
FIGURA 144 - Tipografia utilizada nas chamadas de capa de Elle (Garamond
Condensed Italic).
FIGURA 145 - Tipografia utilizada nas chamadas de capa de Elle (Futura Light).
245
FIGURA 146 - Tipografia utilizada nas chamadas de capa de Elle (Futura Extra Bold).
FIGURA 147 - Tipografia utilizada nas chamadas de capa de Elle (Futura Medium).
246
FIGURA 148 - Tipografia utilizada nas chamadas de capa de Elle (Futura Condensed).
Conforme comentamos anteriormente, existe uma série de usos e aplicações comuns
aos designers em relação às fontes que utilizam. Isto acabou tornando-se como que um
elenco de regras ou mandamentos - conforme tratamos em capítulo anterior - os quais
orientam a boa utilização das fontes de acordo com os objetivos dos projetos gráficos.
A escolha das fontes acima para o projeto gráfico da revista Elle atende a boa
visualização e consequentemente ao entendimento da mensagem que o texto, em sua capa,
traz. Existe uma adequação destas fontes não somente à criatividade do layout da revista -
que procura ser diferenciado em relação à concorrência - mas também a efetividade da
leitura da mensagem vinda por meio dos textos que estas fontes carregaram em si e, ainda,
cumprindo o papel de tornarem-se agentes disponíveis a manter a identidade visual do
veículo de comunicação.
247
Capítulo V - TIPOGRAFIA: PERFORMANCE NOS FORMATOS
IMPRESSO E DIGITAL
A tipografia, objeto de estudos do nosso trabalho científico, permite-nos perceber
qual tamanho é o seu alcance e perenidade ao longo dos consideráveis avanços que a
humanidade vem traçando em sua história. Consequente das necessidades da leitura das
letras escritas, a tipografia demonstra sua utilidade nas comunicações, no cotidiano dos
processos comunicacionais, seja em meios impressos ou meios digitais. Analisando as
alternativas mais modernas para que o homem possa interagir com tais conteúdos, a
tipografia adequa-se às novas tecnologias e caracteriza-se como performática no sentido de
que procura atuar e desempenhar, por exemplo, uma de suas funções naturais: auxiliar a
leitura.
Do elenco dos meios de comunicação nacionais sobre os quais poderíamos optar para
ser aquele sobre o qual trabalharíamos nossas análises, a revista foi escolhida porque se trata
de um veículo que necessita de contemplação do leitor, ou seja, não se trata apenas de uma
relação instrumental no sentido de conhecer as principais manchetes do dia, mas de apreciar
a riqueza de cores, imagens e texto da capa ao conteúdo, que destacam os principais temas
em um determinado período de tempo. Dentre as revistas, escolhemos a Elle Brasil, pelo
impacto, longevidade e a trajetória da publicação, sendo referência em revista feminina
especializada em moda no mundo e particularmente no Brasil.
1. Percurso metodológico
Nosso percurso baseia-se em conceitos de estudo de caso sobre a aplicação da
tipografia nas capas de revistas, propriamente a revista Elle Brasil, quando presente em
plataformas digitais. No âmbito da comunicação temos a comunicação visual e no contexto
da comunicação visual, temos a tipografia como um dos elementos que estão à disposição
para que, visualmente, a comunicação possa ocorrer, apesar de haver outros elementos como
a forma, a cor, a ilustração, a fotografia etc.
A presença tipográfica na revista Elle Brasil ocorria somente na forma impressa até
idos dos anos 2000. A partir deste período, a revista Elle Brasil passa a ser oferecida para o
público via internet e, então, tivemos a tipografia levada a outro ambiente - o digital -
248
acompanhando a evolução e expansão da revista. Esta necessidade de adequação da
tipografia original de Elle utilizada em seu projeto gráfico, a colocou em análise para que
fosse verificada a sua qualidade também no ambiente digital, considerando a capa da revista
- com seu logotipo e suas chamadas de capa. Por analogia, e considerados os devidos
ambientes (físico e digital), a presença da capa da revista também possui grande importância
para os veículos digitais: identidade e porta de entrada para que o leitor a encontre e
desfrute de seu conteúdo.
1.1. O estudo
A cada dia mais as opções em formatos e formas de se apresentar na internet crescem
e são disponibilizadas para os usuários de dispositivos móveis. Considerando a evolução
tecnológica como cenário recorrente para a adaptação das mídias em todos os novos
modelos que existam ou que sejam criados, a tipografia acompanha os veículos de
comunicação nesta transição, mesmo que careça de adaptações para manter a mesma
identidade das formas apresentadas off-line - no caso da revista Elle Brasil, seria a sua
versão original impressa.
Tendo em vista que o veículo está presente em outras plataformas, observamos tal
fenômeno no âmbito da comunicação social e temos, como objetivo geral de nossa pesquisa
investigar como os elementos tipográficos presentes na versão impressa da capa da
revista Elle Brasil se apresentam no ambiente digital por meio dos dispositivos
utilizados pela revista para apresentar-se em desktop, notebook, tablet e smartphone,
tendo em vista as características desses novos suportes, a necessidade de se estabelecer
uma comunicação visual satisfatória e a manutenção da identidade visual do veículo.
Os objetivos secundários que se pretende atingir com nosso estudo são:
Apresentar as características da tipografia e sua evolução na plataforma digital;
Estabelecer a forma de utilizar os critérios (legibilidade e usabilidade) para analisar a
tipografia no ambiente digital;
Elencar fatores positivos e negativos da tipografia quando levada do ambiente físico
para o ambiente digital;
Identificar as diferenças de adaptação da capa em diversos suportes;
Refletir sobre o papel da tipografia no ambiente digital.
249
Devido ao advento da Internet - tendo início efetivo para os meios de comunicação
em meados dos anos 90 e que é uma parte de todo este processo que promove a digitalização
da produção e difusão, conjuntamente com o crescimento da oferta de equipamentos
(computadores etc.) - há de se ponderar que deve haver impacto visual tanto na capa da
revista impressa quanto na versão digital - fato que não se pode considerar “natural”, já que
deve haver um elenco de condições presentes para a criação e produção, mediante os
processos de impressão para o formato impresso que não são os mesmos para a versão
digital e vice-versa - é neste ponto que então buscamos um meio de comunicação específico
(revista) e um veículo tradicional que atravessou décadas e permanece com sua versão
oferecida em bancas de jornal e por assinatura como também em versão digital: a revista
Elle, uma revista feminina de moda francesa publicada desde 1945, mas que em nosso país é
lançada somente em 1988, pelas mãos da Editora Abril e, a partir dos anos 2000 passa a ser
oferecida também na versão digital.
Para tanto a pergunta inicial que fazemos, ou seja, nossa pergunta-problema é: Como
se apresenta a performance da tipografia na capa da publicação na versão digital, para
atender satisfatoriamente os requisitos do controle da produção dos elementos visuais que
compõem as capas de revista nesse ambiente? Como a tipografia digital ali se comporta?
1.2. Perspectiva e procedimentos metodológicos
Nosso trabalho trata de um que possui características de análise morfológica, de
acordo com Marques de Melo em seu título Estudos de Jornalismo Comparado, embora nos
estudos de jornalismo digital não se mencione essa técnica. A maior parte dos estudiosos na
área fazem análises descritivas sobre o jornalismo na internet, por meio de categorias, assim
como este estudo, tendo em vista as características do suporte. Dessa forma, nesta tese, nos
inspiramos em Marques de Melo (1972), mas não consideramos, como o autor, que a análise
morfológica seria uma análise preliminar, mais superficial, na medida em que a tipografia no
meio digital interfere na leitura e compreensão dos conteúdos.
Enquadra-se em estudo qualitativo, exploratório e descritivo, com o uso de pesquisa
bibliográfica, análise de conteúdo das capas da revista Elle Brasil e entrevista
semiestruturada com pesquisadora científica que atualmente é expoente nos assuntos
relacionados a jornalismo digital de terceira geração e jornalismo convergente.
250
Há vários autores que conceituam o que é um estudo exploratório e descritivo.
Optamos pelas considerações de Gil (2008) o qual descreve a pesquisa exploratória como
aquela que proporciona maior familiaridade com o problema e que pode envolver
levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas experientes no problema pesquisado.
Também geralmente assume a forma de pesquisa bibliográfica e estudo de caso, o que é a
realidade de nosso estudo. Quanto ao estudo de caso, o autor afirma que consiste no estudo
profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e
detalhado conhecimento.
Em nosso estudo escolhemos as capas da revista Elle Brasil, sendo que a amostra
estudada é intencional, ou seja, o foco principal da escolha é a tipografia e suas nuances. A
força da identidade visual nas capas de Elle Brasil por meio de seu projeto gráfico tem sido
mantida há muitos anos, em todas as edições publicadas em vários países - e na edição
brasileira não é diferente. A capa é considerada a porta de entrada do leitor, como já foi dito,
seja no ambiente físico ou no digital. As capas analisadas são originárias de 10 edições, as
quais estão dispostas na versão digital da revista. O detalhamento da amostra será feito mais
adiante, em tópico específico. A partir dessa escolha foi possível realizar as análises da
presença tipográfica nos dispositivos diferentes onde a mesma é oferecida atualmente
(desktops128, notebooks129, smartphones130 e tablets131). Na análise, foram consideradas as
alternativas de leitura e todos os equipamentos - fixos e móveis, estando conectados à
internet, para se observar a presença da Elle Brasil no ambiente digital.
Também apresentamos as características de cada dispositivo analisado, com suas
possibilidades e limitações. Destacamos que o smartphone, tornou-se o dispositivo com
maior uso entre os brasileiros para acesso à internet, conforme informa a 27ª Pesquisa Anual
de Administração e Uso da Tecnologia da Informação nas Empresas, realizada pela
Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), de 2016. Entre os dados da pesquisa, são
significativos os que seguem abaixo, mostrando a tendência de consumo de conteúdos:
128 Desktop: Computador de mesa. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=desktop. Acesso em 18 mar. 2017. 129 Notebook: Computador portátil, geralmente com pesos e dimensões de um livro de tamanho médio. 130 Smartphone: Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=smartphone. Acesso em 18 mar. 2017. 131 Tablet: Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=tablet. Acesso em 18 mar. 2017.
251
O número de aparelhos smartphones em uso no Brasil chegará a 168 milhões em maio, de acordo com dados da 27ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas.
Segundo a pesquisa, a projeção é que, até 2018, o número de smartphones chegue a 236 milhões.
O estudo mostra ainda que há mais smartphones que computadores no país (notebooks, tablets e desktops). O número de computadores ficará, em maio, em 160 milhões.
Com a soma entre smarts e computadores, a densidade de disponíveis conectados à internet será de 1,6 aparelho para cada habitante no país.
Para efeito de comparação, há seis anos, o número era de um dispositivo para cada dois brasileiros.
Em 2018, a projeção de densidade de dispositivos conectados à internet será de dois por habitante, alcançando 416 milhões de aparelhos (FGV-SP, 2016)132.
No Capítulo 3 de nosso estudo, o qual refere-se à Tipografia Digital, tratamos das
propriedades das aplicações móveis com os autores Bernal (2002) e Lee (2005), quando
expõem no artigo científico “Comunicações móveis: tecnologias e aplicações” e
“Aplicações móveis: arquitetura, projeto e desenvolvimento”, respectivamente, o que
repetimos abaixo e que identificamos como alguns apontamentos importantes para essa nova
realidade:
Portabilidade: a capacidade de ser facilmente transportável. Há dois fatores
importantes que afetam a portabilidade de um dispositivo:
O tamanho do dispositivo e seus acessórios;
O peso do dispositivo e seus acessórios.
Usabilidade: deve ser utilizado por tipos de pessoas diferentes em diversos ambientes
e depende de fatores como:
Características do usuário: uma interação do usuário com um dispositivo
móvel depende, até certo ponto, de suas características pessoais.
Tamanho e força (alguns dispositivos são aconselhados para
crianças);
Flexibilidade e destreza;
Conhecimento e capacidade (dispositivos intuitivos). Ex.: tablet para
crianças - interface e formato adequado para mãos pequenas e de fácil
compreensão.
Características do ambiente: depende de que tipo de local ele será usado.
132 Disponível em: http://eaesp.fgvsp.br/ensinoeconhecimento/centros/cia/pesquisa. Acesso em 25 mai. 2017.
252
Corporativo (escritórios, reuniões de negócios etc.);
Lazer (praia, clubes, shows musicais etc.);
Doméstico (rotinas do dia-a-dia, ajuda nas tarefas domésticas etc.).
Características do dispositivo: o formato do dispositivo, seus acessórios e
funcionamento interferem diretamente na usabilidade.
Tempo de inicialização;
Integridade dos dados;
Interface com o usuário (teclado, caneta stylus, mouse etc.);
Robustez/resistência.
Funcionalidade: as funcionalidades são implementadas na forma de aplicações e os
dispositivos têm múltiplas aplicações que rodam neles. As aplicações podem ser
divididas em duas categorias:
Independentes: executam sem contato com qualquer outro usuário ou sistema
(relógio, calculadora etc.);
Dependentes: precisam se conectar a outros usuários ou sistema (GPS,
correio eletrônico etc.).
Conectividade: mesmo que muitos dispositivos tenha a capacidade de usar
aplicações de forma independente, sua função primária é conectar pessoas e/ou
sistemas e transmitir e receber informações. Um dispositivo móvel opera em três
modos:
Sempre conectado;
Parcialmente conectado;
Nunca conectado.
Dente todas as características acima, em nosso estudo observamos principalmente a
portabilidade, a usabilidade, a funcionalidade e a conectividade. Todas as características
também são importantes para o acesso, visualização e manuseio considerando a presença
digital da tipografia na Elle Brasil quando online.
Na questão da portabilidade tanto o tamanho quanto o peso do dispositivo são
fatores que podem afetar a visita e permanência do público aos dispositivos aonde a Elle
Brasil é oferecida. Nas pesquisas apresentadas anteriormente, vemos que não somente o
conteúdo é acessado por meio de dispositivos diferentes - por mais que o tablet já tenha sido
253
considerado ideal para revistas digitais mediante seu formato e o uso do recurso flip (virar
páginas com o toque e arrasto dos dedos sobre as telas).
Já na questão da usabilidade, todas as características descritas podem afetar a
interação do público com a revista online. Porém, o perfil do público da Elle Brasil tende a
corresponder de forma positiva não somente a possuir como também a manusear o
dispositivo com satisfação, desde que tenha motivação e interesse para tal pois a revista,
com oferta do conteúdo em todos os tipos de dispositivos que elencamos para nosso estudo
(desktop, notebook, tablet e smartphone) dedica-se a disponibilizar seu conteúdo de forma
que não haja conflitos para o acesso.
No que diz respeito à funcionalidade, também é uma característica que pode afetar a
interatividade para com a revista Elle Brasil, pois dos dois tipos que esta característica
apresenta (Independência e Dependência), é a Dependência que o leitor tem de se conectar a
um sistema - estamos considerando wi-fi um sistema, assim como o correio eletrônico - para
que o(s) dispositivo(s) possa corresponder às necessidades de funções que ele possa vir a
utilizar.
Por fim, a conectividade é uma característica importante pois independente da
necessidade ou desejo do leitor para acesso ao conteúdo da revista, o dispositivo pode estar
num dos três modos apresentados acima - sempre conectado, parcialmente conectado, nunca
conectado - que a revista tem condições de ser vista ou lida (ela permite que sejam feitos
downloads para que sejam vistos off-line).
2. Equipamentos utilizados para a análise de tipografia da Elle Brasil em diversos
suportes
Importante ainda ressaltar que apresentamos a seguir os equipamentos utilizados para
a realização dos registros das imagens, em razão de os mesmos serem de diferentes marcas.
A descrição dos equipamentos é importante para esclarecer por quais dispositivos a presença
das capas da Elle Brasil estiveram apresentadas. Sabemos que a qualidade dos equipamentos
pode influenciar na visualização do conteúdo, porém essa é uma condição que a equipe
editorial e de design deve considerar em produtos digitais.
Por isso, não tivemos qualquer intenção em escolher marcas específicas. Apenas
consideramos o tipo de dispositivo: computador desktop, notebook, tablet e smartphone. No
254
momento do registro das imagens, todos estes dispositivos estavam conectados à internet,
com boa taxa de transmissão de dados e com a câmera fotográfica posicionada sobre tripé,
fixa, a uma distância média de 50 cm do conjunto de dispositivos. Também registramos aqui
que as imagens foram realizadas em ambiente interno, com apoio de luz elétrica e todas
realizadas no período noturno.
QUADRO 13 - Equipamentos utilizados para o registro de capas da Elle Brasil em
dispositivos para acesso à internet, meio digital.
EQUIPAMENTO TELA/LENTE PROCESSADOR MEMÓRIA
RAM MARCA MODELO
Câmera Fotográfica*
Lente Nikkor 42x Wide Optical Zoom ED VR 4.3 -180mm 1:3 - 5.9
--------------- ----------- Nikon Coolpix P510
Desktop
24 polegadas com resolução de 1900 x 1200 pixels
Intel Core i5 com 2,3 GHz 8GB Apple
MacMini OsX
Notebook 14 polegadas com resolução de 1366 x 768 pixels
Intel Core i5 com 1,8 GHz 6GB Dell
Inspiron 3241
Tablet 9,7 polegadas com 768 x 1024 pixels
Dual Core A5 com 16 GB 512MB Apple iPad 2
Smartphone 4 polegadas com 640 x 1136 pixels
Apple AC com 16 GB 1GB Apple
iPhone 5C
* Fotografamos com a máxima resolução do equipamento: 16,1 megapixels, em qualidade fine.
2.1 Modelo da ficha para avaliação de cada capa de revista
Conforme comentado, aqui apresentamos o modelo da ficha que será utilizado para
analisar cada capa da revista Elle Brasil. As categorias de análise serão detalhadas em tópico
específico neste capítulo.
255
FIGURA 149 - Modelo de ficha para análise da capa da revista.
FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO:
MÊS/ANO:
IDENTIFICAÇÃO: (Reprodução da imagem da capa analisada) FATORES
DISPOSITIVOS DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE
LEGIBILIDADE/ LEITURABILIDADE
Movimento da
fonte
Tamanhos/Corpos
das fontes
Fontes com e sem
serifa
Uso de caixas alta
e baixa
Uso de itálico
Uso de bold
Alinhamento
Cor
Figura e fundo
Textura
USABILIDADE
Visibilidade
Feedback
Consistência
Affordance
Acessibilidade
Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).
Para as duas categorias de análise, Legibilidade/Leiturabilidade e Usabilidade, foram
usados os ícones Positivo: 😊, Negativo: ☹ e Neutro: (---). Quando estes ícones são
utilizados, representam que quando as 10 capas da revista Elle Brasil foram acessadas, cada
categoria e suas subcategorias foram analisadas pelo critério estabelecido para aquela
subcategoria, atendendo ou não as condições satisfatórias para a
Legibilidade/Leiturabilidade e a Usabilidade da tipografia presente na amostra.
No momento em que o ícone “Neutro” (---) é apontado, saiba-se que não houve ali
condição para julgamento e, portanto, não há implicações negativas para que a tipografia
seja utilizada. Porém, também não há nenhum aspecto que a faça distinta e de valor para ser
aplicada.
256
2.2 Entrevista semiestruturada
Outra técnica de pesquisa utilizada foi a entrevista semiestruturada. Segundo
Triviños (1987), parte de questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que
interessam à pesquisa, oferecendo em seguida, amplo campo de interrogativas à medida que
são obtidas as respostas dos informantes. O roteiro da entrevista levou em consideração o
conhecimento e a experiência do entrevistado, sendo que as questões-tema foram
estruturadas com foco na busca de respostas/informações sobre 5 pontos principais: o
formato do meio revista no ambiente digital, a revista feminina, a revista Elle Brasil, a
comunicação visual, a tipografia nesta transição e a tecnologia presente nos dispositivos que
nos servem até o momento atual deste estudo.
Para as entrevistas prevíamos a participação de três profissionais, cada um em área
específica de atuação (pesquisador científico, designer gráfico da equipe de produção da
revista Elle Brasil e também a editora-chefe da Elle Brasil), todos com aderência ao
contexto de nosso estudo. Porém, apesar do aceite de todos em participar, a única entrevista
realizada, mesmo com alargamento de prazos e oferta para oferecer todas as condições aos
demais entrevistados com intenção de obter suas participações, foi a da pesquisadora
científica Profa. Dra. Suzana Barbosa diretora da Faculdade de Comunicação da
Universidade Federal da Bahia, quem vem apresentando produção relevante no campo do
jornalismo convergente e sua presença em plataformas 3.0 (dispositivos móveis),
particularmente sobre revistas em tablets. A docente atua junto ao Labcom - Laboratório de
Comunicação, da Universidade da Beira Interior, em Portugal, ao lado de Marcos
Palacios133.
Para tanto, a partir do momento que estabelecemos este plano, fizemos formalmente
o convite à entrevistada, que previamente recebeu todos os esclarecimentos sobre os
objetivos de nossa pesquisa, aceitando contribuir conosco, tomando consciência e assinatura,
inclusive, do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) da Universidade
Metodista de São Paulo.
133 Marcos Palacios atua na área de pesquisa e ensino da comunicação, com ênfase em Webjornalismo, Jornalismo Comparado e Novas Tecnologias de Comunicação. É professor titular e pesquisador da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente integra projeto internacional envolvendo a Universidad del Pais Vasco (Espanha) e a Universidade da Beira Interior (Portugal), para estudos comparativos do Jornalismo Contemporâneo. Co-criador dos grupos de pesquisa Ciberpesquisa (UFBA) e Grupo de Pesquisa em Jornalismo Online (GJOL), um dos grupos pioneiros do ciberjornalismo no Brasil (1995).
257
Agendamos a entrevista via Skype134, conforme a disponibilidade da participante: A
entrevista foi realizada e gravada em áudio. Depois a transcrevemos para fins de análise e a
disponibilizamos no apêndice deste trabalho, estando ela disponível para consulta.
A análise da entrevista foi realizada por meio da sistematização dos tópicos, que
levou em consideração:
1 - As questões advindas do seu problema de pesquisa (o que ele indaga, o que quer saber); 2 - As formulações da abordagem conceitual que adota (gerando pólos específicos de interesse e interpretações possíveis para os dados); 3 - A própria realidade sob estudo (que exige um “espaço” para mostrar suas evidências e consistências) (BIASOLI-ALVES; DIAS DA SILVA,1992, s/n).
Dessa forma pudemos explorar os seguintes aspectos, a partir da sistematização dos
dados: 1) o formato do meio revista no ambiente digital, 2) a especialização no jornalismo;
3) a comunicação visual e a tipografia na transição entre impresso e digital; 4) a tecnologia
presente nos dispositivos móveis.
Conforme mencionam as autoras Biasoli-Alves e Dias da Silva (1992): “São fatos
inquestionáveis que as entrevistas semi-estruturadas em que o discurso dos sujeitos foi
gravado e transcrito na íntegra, produzem um volume imenso de dados que se acham
extremamente diversificados pelas peculiaridades da verbalização de cada um”.
2.3 Seleção das capas da Elle Brasil
A amostra que utilizamos em nosso estudo é uma amostra qualitativa, não
probabilística e intencional. Segundo Kirk e Miller (1986), a pesquisa qualitativa identifica a
presença ou ausência de algo (que tipo de coisa e o que a qualifica), opondo-se à pesquisa
quantitativa, que envolve a medição do grau em que determinada coisa se apresenta e
complementam: “Suas diversas expressões incluem a indução analítica, a análise de
conteúdo, semiótica, hermenêutica, entrevistas com a elite, o estudo de histórias de vida, e
certas manipulações utilizando arquivos, computador e manipulação estatística (KIRK;
134 Skype: é um software que possibilita comunicações de voz e vídeo via Internet, permitindo a chamada gratuita entre usuários em qualquer parte do mundo. [...] O Skype foi lançado no ano de 2003. Em 2005 foi vendido para a empresa eBay e em 2011 foi adquirido pela Microsoft. Disponível em: https://www.significados.com.br/skype/. Acesso em 04 mar. 2017.
258
MILLER, 1986, p. 10)”. Os autores ainda complementam dizendo que a pesquisa
qualitativa, embora tenha consigo retidos alguns dos princípios do método científico, devido
ao seu caráter exploratório, foge de certos aspectos mais estritos do método, pois isto
facilitaria a descoberta do novo e do inesperado, sem, no entanto, perder a objetividade.
Segundo Marconi e Lakatos (2002), amostra “é uma porção ou parcela,
convenientemente selecionada do universo (população); é um subconjunto do universo”.
Para a amostra escolhida, optamos pela amostra não probabilística que, segundo Mattar
(1996, p. 132), descreve-a como “aquela em que a seleção dos elementos da população para
compor a amostra depende ao menos em parte do julgamento do pesquisador ou do
entrevistador no campo”, o que é pertinente ao nosso estudo já que a amostra probabilística
seria inadequada para a conduta da pesquisa pois segundo o autor a amostra probabilística “é
aquela em que cada elemento da população tem uma chance conhecida e diferente de zero
de ser selecionado para compor a amostra. As amostragens probabilísticas geram amostras
probabilísticas”.
Existem três tipos de amostras não probabilísticas:
- Amostra por conveniência ou acidentais;
- Amostras intencionais ou por julgamento;
- Amostra por quotas ou proporcionais.
Das opções acima, a mais adequada ao nosso estudo é a amostra intencional por
julgamento, pois neste caso a seleção das amostras é realizada de acordo o julgamento do
pesquisador e se for adotado um critério pertinente de julgamento, pode-se chegar a
resultados positivos.
Assim, utilizamos um número de 10 capas de 10 edições da revista Elle Brasil, onde
em ordem sequencial, temos:
As capas da revista Elle Brasil onde, tradicionalmente estão aplicadas as fontes
tipográficas;
Edições da revista Elle Brasil de abril de 2016 em diante, finalizando com a última
edição disponível até o momento que concluímos este texto, ou seja, fevereiro de
2017 (assim teremos o número de 10 capas, sendo que a edição de maio/2016
curiosamente não foi disponibilizada pela Editora Abril/GoRead). Optamos por estas
edições por serem as mais recentes e disponíveis para todos os dispositivos que
259
trabalhamos em nosso estudo. Todas podem ser acessadas por meio do GoRead135,
plataforma online para leitura e assinaturas de revistas da Editora Abril, empresa
licenciada para a Elle no nosso país. Estas edições possuem a tipografia apresentada
em nuances, para que possamos analisar sua performance quando no ambiente
digital.
Consideramos que um número de 10 (dez) edições são suficientes para que possamos
analisar a performance tipográfica nas capas sendo que, conforme comentamos
anteriormente, o projeto gráfico de Elle é permanente, não há alterações ao longo do tempo,
mesmo em outros países onde a revista é publicada. Se pensarmos que, anualmente, a revista
Elle, que tem periodicidade mensal, mantem o calendário de publicações anual, teremos 12
edições em um ano, como é de praxe. Assim, considerando 10 edições como amostra temos
uma perspectiva ampla, de quase um ano de publicações da Elle, considerando a sequência
destas edições, o respeito ao prazo para estar nas bancas ou no offline, que nos interessa para
este estudo; sem incluir edições comemorativas da revista.
FIGURA 150 - Conjunto de capas da Elle Brasil utilizado em nosso estudo.
Fonte: GoRead, 2017136.
135 GoRead: plataforma de revistas digitais lançada pela Editora Abril. Disponível em: http://publiabril.abril.com.br/destaques/grupo-abril-lanca-go-read-plataforma-de-revistas-digitais. Acesso em 04 mar. 2017. 136 Disponível em: https://www.goread.com.br/minha-biblioteca#/minhas-revistas/elle. Acesso em 04 mar 2017. Obs.: os interessados podem acessar, sem custo algum, o portal durante o período de 30 dias.
260
Os aspectos que serão analisados nestas capas escolhidas para nossa pesquisa são
sempre a tipografia e a sua presença no logotipo e nas chamadas de capa, sendo para:
O logotipo Elle: as propriedades que a tipografia assume em cada edição: textura,
cor, efeitos, pertencimento ao projeto gráfico da revista, fortalecimento da
identidade visual, composição com a imagem/fotografia;
As chamadas de capa: movimento, cor, fonte, composição com a imagem.
Vale observar que não temos a pretensão de discutir a criatividade do Diretor de Arte
e/ou do Editor-chefe, pois não é este o foco de nosso estudo, apesar de que as decisões sobre
a tipografia estão sob suas mãos. Porém, o elenco apresentado acima sustenta o material que
é necessário para nossas análises. As categorias de análise serão melhor descritas em tópico
específico.
A seguir apresentamos em quadro dividido em três colunas: na primeira, a
reprodução da capa, em formato reduzido; na coluna seguinte temos a numeração dada à
capa para nosso estudo; na terceira coluna, apresentamos o número da edição à qual a capa
pertence, sua data de publicação e o link para acesso na internet.
QUADRO 14 - Conjunto de capas de Elle Brasil, identificação e acesso.
CAPA Nº EDIÇÃO, DATA, ENDEREÇO NA INTERNET
1
EDIÇÃO Nº: 335
MÊS/ANO: ABRIL 2016 http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=67840698b9ecc18a74cae7eaad95559e
2
EDIÇÃO Nº: 337 MÊS/ANO: JUNHO 2016
http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=70f9ee4a659a6a36ddcdad007f55fc59
3
EDIÇÃO Nº: 338 MÊS/ANO: JULHO 2016
http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=ce5a3015625b5482e687baae08bf8695
4
EDIÇÃO Nº: 339 MÊS/ANO: AGOSTO 2016
http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=17fa09a6df3e53bcab277c62aaa8df98
261
5
EDIÇÃO Nº: 340 MÊS/ANO: SETEMBRO 2016
http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=d53eef41114c3911819f99caa17d96dd
6
EDIÇÃO Nº: 341 MÊS/ANO: OUTUBRO 2016
http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=0f9f0e7365258193de9f7387f1c051f5
7
EDIÇÃO Nº: 342 MÊS/ANO: NOVEMBRO 2016
http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=cfcdc061c4722b77824c978c88d6f999
8
EDIÇÃO Nº: 343 MÊS/ANO: DEZEMBRO 2016
http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=4ed86bc6d26d19579076cf3c33f61e43
9
EDIÇÃO Nº: 344 MÊS/ANO: JANEIRO 2017
http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=46183debd501f902a52187cac3dd76d2
10
EDIÇÃO Nº: 345 MÊS/ANO: FEVEREIRO 2017
http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=720e04733a19d734fe4f5677fdade46d
2.4 Categorias de análise
As categorias de análise são constantes nas análises de conteúdo. Nelas encontram-se
as possibilidades de esquematização e ordenação de classes de acontecimentos. Segundo
Bardin (2011), as categorias podem ser criadas a priori ou a posteriori, isto é, a partir
apenas da teoria ou após a coleta de dados. A autora também afirma que as categorias devem
possuir certas qualidades como exclusão mútua (cada elemento só pode existir em uma
categoria), homogeneidade (para definir uma categoria, é preciso haver só uma dimensão na
análise. Se existem diferentes níveis de análise, eles devem ser separados em diferentes
categorias), pertinência (as categorias devem dizer respeito às intenções do investigador, aos
objetivos da pesquisa às questões norteadoras, às características da mensagem etc.),
262
objetividade e fidelidade (se as categorias forem bem definidas, se os temas e indicadores
que determinam a entrada de um elemento uma categoria forem bem claros, não haverá
distorções devido à subjetividade dos analistas) e produtividade (as categorias serão
produtivas se os resultados forem férteis em inferências, em hipóteses novas, em dados
exatos).
Assim, apresentamos nossas categorias para o estudo que se faz presente, sendo que
este elenco foi abordado anteriormente em nosso Capítulo 3. São elas:
QUADRO 15 - Categorias e subcategorias de análise.
CATEGORIAS DEFINIÇÃO SUB-CATEGORIAS
Legibilidade/ Leiturabilidade
É um dos fundamentos principais aos quais a tipografia digital está atrelada não somente pelo fato de ter como responsabilidade organizar, estruturar, apresentar, entre outras coisas o texto como também promover conceitos de facilidade e conforto pela leitura.
Movimento da fonte Tamanhos/corpos das fontes Fontes com e sem serifa Uso de caixas alta e baixa Uso de itálico Uso de bold Alinhamento Cor Figura e fundo Textura
Usabilidade
“A usabilidade é a capacidade funcional em termos humanos de algo ser fácil de ser usado e não demandar esforço por um grupo específico de usuários sem obter treinamento ou suporte, para atingir uma quantidade específica de tarefas em uma quantidade específica de cenários e ambientes.” (SCHACKEL, 1991, p. 22).
Visibilidade
Feedback
Restrições
Consistência Affordance Acessibilidade
Relembramos aqui os conceitos já citados anteriormente, sobre a Legibilidade e a
Usabilidade para que tornemos evidente, na estrutura deste capítulo, a importância das
categorias escolhidas de forma que o leitor possa seguir adiante sem haver a necessidade de
retornar e relembrar tais colocações.
2.4.1 Categoria 1 - Legibilidade/Leiturabilidade
É um dos fundamentos principais aos quais a tipografia digital está atrelada não
somente pelo fato de ter como responsabilidade organizar, estruturar, apresentar, entre
outras coisas o texto em si mas também promover conceitos de facilidade e conforto pela
leitura (conforme detalhado no Capítulo 3 desta tese). Tratamos a Leiturabilidade como
263
fator concomitante à Legibilidade para o estudo da tipografia digital porque ambas podem
utilizar as mesmas subcategorias já que traduzem o potencial de conhecimento e impacto do
texto nas telas dos dispositivos.
Subcategorias:
Movimento da fonte: “Como no caso da dimensão, o elemento visual do movimento se
encontra mais frequentemente implícito do que explícito no modo visual. Contudo, o
movimento talvez seja uma das forças visuais mais dominantes da experiência humana”
(DONDIS, 1991). Refere-se ao dinamismo aplicado pelo uso das fontes.
Tamanhos/corpos de fontes: “Os tipos são medidos do topo da versal à parte inferior da
descendente mais baixa, com mais um espacinho extra. [...] A altura-x de um tipo afeta
seu tamanho aparente, sua eficiência espacial e seu impacto visual como um todo. [...] O
tamanho de um tipo é uma questão de contexto. Proporções menores afetam a
legibilidade [...]” (LUPTON, 2013, p. 37); 2) “Altura de uma letra, normalmente medida
em pontos, corresponde, aproximadamente, à medida do topo da ascendente até a base da
descendente” (SPIEKERMANN, 2011, p. 186).
Fontes com e sem serifa: “Traço adicionado ao início ou ao fim dos traços principais de
uma letra” (BRINGHURST, 2001, p. 378).
Uso de caixa alta e baixa: “Letras maiúsculas e letras minúsculas, respectivamente”
(CARRAMILLO, 1997).
Uso de itálico: Itálico é 1) “Tipo de letra inclinada para a direita, o que realça a escrita;
aldino, grifo, letra grífica, letra itálica” (MICHAELIS, 2017); 2) “Classe de letras mais
cursivas que o romano mas menos cursivas que as manuscritas” (BRINGHURST, 2001).
Uso de bold: 1) “Diz-se de um tipo mais grosso que o comum, usado no texto para pôr
em destaque alguma parte dele; bold, negrita, normandinho” (MICHAELIS, 2017); 2)
“Negrito: versão mais pesada de um determinado tipo. Pode variar de Semi Bold, Bold,
Extra Bold, Black, Extra Black” (SPIEKERMAN, 2011, p. 116).
Alinhamento: “Escolher o alinhamento do texto como justificado, centralizado ou
irregular é um ato tipográfico fundamental. Os quatro modos de alinhamento formam a
gramática básica da composição tipográfica. Cada um carrega sua bagagem histórica que
que é percebida intuitivamente pelos leitores” (LUPTON, 2013, p. 108).
Cor: “As representações monocromáticas que tão prontamente aceitamos nos meios de
comunicação visual são substitutos tonais da cor, substitutos disso que na verdade é um
mundo cromático, nosso uni- verso profusamente colorido. Enquanto o tom está
264
associado a questões de sobrevivência, sendo, portanto, essencial para o organismo
humano, a cor tem maiores afinidades com as emoções” (DONDIS, 1991).
Figura e fundo: “Uma relação estável de figura e fundo existe quando uma forma ou
figura destaca-se claramente de seu fundo. [...] Imagens e composições representando
figura e fundo ambíguos desafiam o observador a encontrar um ponto focal estável”
(LUPTON, 2015, p. 106).
Textura: “A textura é o elemento visual que com frequência serve de substituto para as
qualidades de outro sentido, o tato. Na verdade, porém, podemos apreciar e reconhecer a
textura tanto através do tato quanto da visão, ou ainda mediante uma combinação de
ambos” (DONDIS, 1991).
Dando sequência aos critérios utilizados para as análises em nosso estudo,
apresentamos abaixo a segunda categoria, a Usabilidade, acompanhada do elenco de
subcategorias que a compõem.
2.4.2 Categoria 2 - Usabilidade
É a capacidade funcional em termos humanos de algo ser fácil de ser usado e não
demandar esforço por um grupo específico de usuários, sem obter treinamento ou suporte,
para atingir uma quantidade específica de tarefas em uma quantidade específica de cenários
e ambientes (conforme detalhado no Capítulo 3 desta tese).
Subcategorias:
Visibilidade: Quanto mais visíveis forem as funções, mais os usuários saberão como
proceder. [...] Em contrapartida, quando as funções não estão visíveis, torna-se mais
difícil de encontra-las e de saber como usá-las.
Feedback: O feedback está relacionado ao conceito de visibilidade. [...] O feedback
se refere ao retorno de informações a respeito de que ação foi feita e do que foi
realizado, permitindo à pessoa continuar a atividade. Vários tipos de feedback estão
disponíveis para o design de interação - áudio, tátil, verbal, visual ou combinação
destes.
Restrições: O conceito de restrição refere-se a determinar formas de delimitar os
tipos de interação de usuário que podem ocorrer em um determinado momento.
Existem várias maneiras de fazer isso. Uma prática comum no design de interfaces
265
gráficas de usuário é desativar as opções do menu com sombreamento em cinza,
restringindo as ações do usuário somente àquelas permitidas nessa fase da atividade.
Uma das vantagens dessa forma de restrição é impedir que o usuário selecione
opções incorretas, reduzindo a chance de que cometa um erro.
Consistência: Refere-se a projetar interfaces de modo que tenham operações
semelhantes e utilizem elementos semelhantes para a realização de tarefas similares.
Uma interface consistente é aquela que segue regras, como o uso da mesma operação
para selecionar todos os objetos. [...] Um dos benefícios de interfaces consistentes,
portanto, é serem mais fáceis de aprender e de usar. Os usuários aprendem único
modo de operação, que é aplicável em todos os objetos. Esse princípio funciona bem
para interfaces simples, com operações limitadas.
Affordance: Esse é um termo usado para se referir a um atributo de um objeto que
permite que as pessoas saibam como utilizá-lo. Por exemplo, um botão do mouse nos
convida a pressioná-lo (o que ativa o clique) pela maneira como está fisicamente
posicionado em sua concha de plástico. Simplificando, affordance significa “dar uma
pista” (apud Norman, 1999, p. 28).
[...] Norman (1999) sugere que existem dois tipos de affordance: a percebida e a real. Objetos físicos possuem affordances reais, como a de segurar, que são a óbvias e que não precisam ser aprendidas. Em contraste, interfaces de usuários baseadas em tela são virtuais e não tem esses tipos de affordances reais. [...] Alternativamente, interfaces baseadas em telas são mais bem conceituadas como affordances percebidas, que essencialmente são convenções aprendidas. Existem inúmeros guias e páginas na internet que fornecem conjuntos mais exaustivos de princípios de design, os quais foram somente citados aqui, com exemplos específicos para o design para a web, para as interfaces gráficas de usuário (ou interfaces gráficas, ou simplesmente GUIs - Graphical User Interface) e para o design de interação no geral (ROGERS, 2013, pp. 28-29).
Acessibilidade: Trazemos a definição que consideramos mais pertinente a este
momento do estudo: “Acessibilidade não diz respeito apenas ao público PNE137, mas
também está relacionada à promoção de acesso a tecnologias de informação para
pessoas de diferentes níveis de percepção, cognição, motricidade, além de diferenças
de idade, gênero, classe social, cultura, escolaridade e de experiência no uso de
tecnologias de Informação e comunicação” (FADEL; LICHESKI, 2013, p. 120).
137 PNE: Portador de Necessidades Especiais.
266
A análise da acessibilidade irá compor o conjunto de subcategorias presentes na
categoria Usabilidade. Consideramos que os critérios para aferir sobre a presença
tipográfica neste quesito são suficientes mediante a recepção por parte do usuário, quando
leitor das capas de Elle Brasil dos dispositivos para acesso digital, pois, conforme afirma
Rogers (2013), baseado em Quesenbery (2009), a acessibilidade já está considerada nos
padrões para aferir a usabilidade do site, vejamos:
Quesenbery (2009) comentar sobre como a acessibilidade é muitas vezes considerada a certificação da inexistência de quaisquer barreiras para o acesso a tecnologias assistivas, mas sem levar em consideração a usabilidade; já a usabilidade normalmente foca em todos os que utilizam uma página da internet ou produto, sem considerar as pessoas com deficiências. O desafio é criar uma boa experiência de usuário para pessoas com deficiência que seja ao mesmo tempo acessível e usável (ROGERS, 2013, p. 17).
Consideramos que é de suma importância que o avaliador das imagens em telas tenha
sua visão na média nos espectadores das mensagens visuais e que sua acuidade visual138
esteja de acordo com os padrões estabelecidos pela medicina como de boa visão, já que o
desempenho do sistema visual é absolutamente individual e não se limita à visão, mas
também à percepção de fatores como, por exemplo, a luz - aquela que tanto pode ser do
ambiente, quanto da própria tela do dispositivo. Todo o cenário que abraça a análise das
telas deve ser preparado de forma que haja a melhor conveniência possível para que sejam
feitas as análises documentadas.
Dentro da capacidade de análise da tipografia digital, a analista possui acuidade
visual na média dos espectadores e este aspecto é um fator importante para o estudo já que a
condição de interagir com as telas onde as capas das revistas Elle estarão dispostas
legitimam a pesquisa e trazem a avaliação sobre os aspectos relacionados às categorias de
análise, como também as subcategorias. Este critério não somente contribuirá para este
estudo, como também poderá valer-se para aplicações deste modus operandi em análises
realizadas por outros pesquisadores, levando em conta, continuamente, as características do
universo em questão.
138 É importante também levar em consideração a questão da acuidade visual como avaliação para aquele que está analisando telas de dispositivos digitais, como coloca o Dr. Bicas (2002): A avaliação da acuidade visual é, muito provavelmente, o procedimento mais comum entre todos os usados em Oftalmologia. De fato, embora não seja o único dos parâmetros de desempenho funcional do sistema visual, o índice com que se quantifica a capacidade de discriminação de formas e contrastes é o que mais genericamente exprime sua adequação (BICAS, 2002, p. 375).
267
No sentido de tornar o registro deste nosso estudo o mais adequado possível, dentro
dos parâmetros científicos, optamos por fotografar os dispositivos com as capas da revista
Elle, sendo que a fotografia foi o processo escolhido por apresentar uma forma de registro
de imagem estática que traz fidelidade ao percurso científico quando estabelecemos a
necessidade de buscar a máxima proximidade da visão humana (a visão da autora) por meio
da lente da câmera fotográfica (já apresentamos os equipamentos utilizados em tópico
anterior).
3. O desenho da pesquisa
Nosso estudo busca tratar um delineamento específico para o tratamento das
observações trazidas de nossas análises científicas mediante a verificação da aplicação das
categorias propostas acima e o objeto de estudo em si, ou seja, analisar as capas da revista
Elle que escolhemos mediante os itens que compõem as categorias de análise. Com a
condução de nossas etapas de planejar, implementar e analisar o estudo para que tenhamos
as condições satisfatórias para responder a nossa pergunta-problema.
As análises serão realizadas sobre cada uma das 10 capas da revista Elle Brasil
selecionadas para este estudo e já descritas anteriormente. As etapas:
1. Considerar as fontes - com os alfabetos completos, numerais e sinais - que fazem
parte da composição visual da capa da revista Elle Brasil. Didot, Garamond e Futura
são as fontes utilizadas, com as variações: Didot Condensed Bold, Didot Bold, Didot
Italic, Garamond, Garamond Italic, Garamond Condensed, Garamond Condensed
Italic, Futura Light, Futura Extra Bold, Futura Medium e Futura Condensed. (Salvo
uma edição da revista que possa vir a ser publicada e utilize outra(s) fonte(s), mesmo
assim nota-se que são estas fontes citadas acima as quais funcionam como âncora
em todas as edições.
2. Obter os endereços das capas de revista na web (conforme dissemos anteriormente,
todas as capas escolhidas como nosso conjunto de amostra estão na plataforma off-
line para leitura de revistas da Editora Abril, chamada GoRead).
3. Utilizando um computador desktop, um notebook, um tablet e um smartphone,
acessamos o endereço na internet (link) para visitar a capa de cada revista
pertencente ao conjunto de nossa amostra.
268
4. Estando a capa em cada dispositivo, numa distância focal que proporcione conforto
visual, posicionamos uma câmera fotográfica para que esta sirva de olho humano no
sentido de capturar a cena, datando este momento e registrando a presença da capa
no conjunto de dispositivo e analisando as categorias em cada um dos dispositivos.
5. Em ficha desenvolvida pela autora, composta de itens que correspondem desde a
identificação da capa (edição, ano, mês) às categorias e subcategorias de análise de
nosso estudo, vamos aferir avaliações positivas 😊, negativas ☹ e neutras (---) sobre
cada capa, em cada dispositivo. É considerada “negativa” quando a avaliação é
contrária ao positivo; é considerada neutra aquela que não possui características ou
condições para análise.
A seguir trazemos mais uma vez a capa da revista Elle com a identificação das
fontes, conforme feito no Capítulo 4 apenas para que o leitor possa relembrar a presença
tipográfica na capa de Elle e aproximar-se do processo pelo qual analisamos esta
performance da tipografia que apresenta-se dentro do uso do elenco de fontes que fazem
parte do projeto gráfico da capa da revista.
269
FIGURA 151 - Capa da Elle Brasil utilizada também na versão digital e a presença das
fontes tipográficas.
Fonte: capa da Elle Brasil, edição nº 344, publicada em janeiro de 2017139.
É importante relembrar, conforme comentado no Capítulo 4, que as fontes presentes
na capa acima têm redesenhos sobre sua origem, ou seja, houve ajustes a fonte original para
atender aos objetivos da publicação para a capa da edição. 139 Disponível em: http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=46183debd501f902a52187cac3dd76d2. Acesso em 28 mai. 2017.
Didot Condensed Bold
Garamond
Condensed Italic
Futura Light
Condensed
Bold
Futura Condensed
Futura Medium
270
4. Análises
Passamos a realizar as análises, apresentando as Fichas de Análise preenchidas, o
registro da experiência (fotografia com a presença da capa nos dispositivos) e os
comentários referentes à presença tipográfica em cada capa mediante as categorias e
subcategorias de análise.
4.1 Capa nº 1
FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO Nº: 335
MÊS/ANO: ABRIL 2016
IDENTIFICAÇÃO:
FATORES DISPOSITIVOS
DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE
CATEGORIA 1 LEGIBILIDADE/
LEITURABILIDADE
Movimento da fonte 😊 😊 😊 ☹ Tamanhos/Corpos das fontes 😊 😊 😊 ☹ Fontes com e sem serifa 😊 😊 😊 😊 Uso de caixas alta e baixa
😊 😊 😊 😊 Uso de itálico 😊 😊 😊 😊
Uso de bold 😊 😊 😊 😊
Alinhamento 😊 😊 😊 😊
Cor 😊 😊 😊 😊
Figura e fundo 😊 😊 😊 😊
Textura --- --- --- ---
CATEGORIA 2: USABILIDADE
Visibilidade 😊 😊 😊 😊
Feedback 😊 😊 😊 😊
Consistência 😊 😊 😊 😊
Affordance 😊 😊 😊 😊
Acessibilidade 😊 😊 😊 😊
Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).
271
FIGURA 152 - Presença online em todos os dispositivos, ao mesmo tempo - Elle Brasil
(Capa 1).
Legenda: 1: Desktop; 2: Notebook; 3: Tablet; 4: Smartphone.
Fonte: desenvolvido pela autora.
CATEGORIA 1 - LEGIBILIDADE/LEITURABILIDADE
Subcategorias:
Movimento da fonte:
o É positivo pelo uso variado das fontes em sua composição. As fontes são
apresentadas de maneiras diferentes sem perder a harmonia, trazendo
movimento. Somente para o smartphone as fontes não deram a aparência de
movimento, sendo necessária a ampliação da imagem na tela (usabilidade)
para que o usuário as compreendesse.
Tamanhos/Corpos das fontes:
o Há tamanhos diferentes mas isto não afeta a legibilidade e a leitura. Ocorre o
mesmo ponto negativo que acima: as fontes ficam muito pequenas no
1
2
3
4
272
aparelho e a leitura é prejudicada. É necessário usar o recurso da usabilidade
para ampliar as imagens.
Fontes com e sem serifa:
o De todo o texto existe a presença de fontes com e sem serifa e todas elas
mantêm uma boa leitura legibilidade e leiturabilidade quando usadas.
Usos de caixa alta e baixa:
o Utiliza caixa alta em apenas uma palavra de todas que surgem na capa; mas
não está isolada e compõe a mensagem de texto sem qualquer problema.
Uso de itálico:
o Uso do itálico é em menor tamanho mas está presente e serve para dinamizar
as informações.
Uso de bold:
o Há um uso mínimo de bold na chamada de capa, ela está em meio ao logotipo
de Elle, mas são apenas duas palavras - que em nada atrapalham e seguem
harmonicamente.
Alinhamento:
o Alinhamentos são diversificados e mantém a boa leitura. Neste caso, a
tipografia surge contornando a modelo (que é elemento central da capa).
Cor:
o Todas as fontes estão em cor branca sobre o fundo azul claro, ou seja, todas
as letras são vazadas e mantém a sua boa legibilidade/leiturabilidade. Todas
as fontes trabalham harmonicamente aparecem com clareza sobre o fundo,
conforme comentamos no item anterior.
Figura e fundo:
o Todas as fontes aparecem com clareza sobre o fundo. Há contraste suficiente
para que sejam vistas e compreendidas.
Textura:
o Não uma textura para que possamos analisar categoria e, portanto,
consideramos “Neutro”. É importante apontar o fato de que não é comum o
uso de textura nas fontes de capa da Elle. Apesar de ocorrer em algumas
edições, pode-se considerar que o não uso frequente de “textura” faz parte do
projeto gráfico da revista.
273
CATEGORIA 2 - USABILIDADE
Subcategorias:
Visibilidade:
o Todas as funções estão disponíveis para que o leitor possa acessar o conteúdo
visual da maneira que melhor lhe satisfaça. As funções dos dispositivos
auxiliam na visibilidade da tipografia como por exemplo a ampliação da
imagem para leitura de determinados textos.
Feedback:
o É praxe em todos os dispositivos, quando acessamos a revista Elle Brasil, que
hajam formas diferentes para que possamos acessá-la e também para que
possamos interagir com ela.
Consistência:
o É positiva porque é bastante didática a maneira de utilizamos os dispositivos
para ter acesso ao conteúdo. Toda a operação é bastante simples e aplica-se,
com as devidas características de cada dispositivo testado.
Affordance:
o É positiva porque todas as opções disponíveis contribuem para que possamos
explorar o conteúdo.
Acessibilidade:
o Através da navegação por meio dos dispositivos temos formas simples e
didáticas para usá-los dispositivos e visualizar esta capa. Não há dificuldades.
- Considerações gerais sobre a tipografia nesta capa da Elle Brasil:
Considerações quanto à Legibilidade e Leiturabilidade:
o O logotipo da Elle se apresenta com a mesma família tipográfica, ou seja,
Didot. O tamanho das fontes do logotipo aparece proporcional em todos os
suportes, sendo que se observa nesta edição, especialmente, a inserção de
uma chamada de capa entre os dois “Ls”. A fonte da chamada, Futura
Condensed, garante essa diferenciação em relação ao logotipo, demarcando
perfeitamente os limites entre as duas informações: a marca Elle e o destaque
da chamada para informação no interior da revista. A postura da modelo não
atrapalha a legibilidade do logotipo, nem das chamadas. No caso do logotipo,
274
a cabeça da mulher se sobrepõe à marca Elle, porém, é perfeitamente visível
o contorno da letra “L”, mesmo que a continuidade não seja totalmente
visível.
o Especificamente nas chamadas, temos o uso de caixa alta e baixa, além de
bold e itálico, oferecendo, dentro das famílias tipográficas, uma gama de
possibilidades dessas duas famílias: x e y. Ao todo são 3 chamadas, sendo
que uma na parte superior, compondo o logotipo, uma à esquerda, trazendo
um movimento no sentido vertical, e a outra à direita. A mistura das fontes
tradicionais de Elle e a localização dos blocos de texto dão um grande
dinamismo à leitura, como se percorrendo a silhueta da modelo.
Considerações sobre à Usabilidade:
o Para o smartphone tivemos maior dificuldade de leitura, porém, ao ampliar a
imagem a qualidade da resolução das letras é excelente. Isto demonstra que a
revista está disposta e preparada para atender ao público em todos os
aparelhos e de todas as formas. As dificuldades são rapidamente sobrepostas
pela usabilidade, que corrige o problema.
o Para todos os dispositivos ocorrem affordances, sendo que cada um deles
possui uma forma específica de lidar com a capa exposta e sugestivamente
temos formas de ampliar, reduzir, movimentar as capas de acordo com a
necessidade.
275
4.2 Capa nº 2
FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO Nº: 337
MÊS/ANO: JUNHO 2016
IDENTIFICAÇÃO:
FATORES DISPOSITIVOS
DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE
CATEGORIA 1 LEGIBILIDADE/
LEITURABILIDADE
Movimento da fonte
😊 😊 😊 😊
Tamanhos/Corpos das fontes
😊 😊 😊 😊
Fontes com e sem serifa
😊 😊 😊 😊
Uso de caixas alta e baixa
😊 😊 😊 😊
Uso de itálico 😊 😊 😊 😊
Uso de bold 😊 😊 😊 😊
Alinhamento 😊 😊 😊 😊
Cor 😊 😊 😊 😊
Figura e fundo 😊 😊 😊 😊
Textura --- ---- --- ---
CATEGORIA 2: USABILIDADE
Visibilidade 😊 😊 😊 😊
Feedback 😊 😊 😊 😊
Consistência 😊 😊 😊 😊
Affordance 😊 😊 😊 😊
Acessibilidade 😊 😊 😊 😊
Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).
276
FIGURA 153 - Presença online em todos os dispositivos, ao mesmo tempo - Elle Brasil
(Capa 2).
Legenda: 1: Desktop; 2: Notebook; 3: Tablet; 4: Smartphone.
Fonte: desenvolvido pela autora.
CATEGORIA 1 - LEGIBILIDADE/LEITURABILIDADE
Subcategorias:
Movimento da fonte:
o As fontes causam movimento pelas cores, principalmente: são brancas e o
fundo é vermelho. Ainda vale observar que o movimento dos cabelos da
modelo ajudam a dar movimento à capa.
Tamanhos/Corpos das fontes:
o Temos tamanhos diferentes e todos eles atendem bem à legibilidade e
leiturabilidade. Destaque para o número “418” e para a palavra “Inverno”
(comentamos nas considerações finais sobre esta capa, adiante.).
Fontes com e sem serifa:
o Somente o título principal e o logotipo Elle têm serifas. Elas estão legíveis.
1
2
3
4
277
Usos de caixa alta e baixa:
o De todas as chamadas há apenas duas palavras em caixa baixa (“crush de”) e
uma palavra em caixa alta e baixa (“Inverno”). Em nenhum dispositivo
tivemos problemas. Positivo.
Uso de itálico:
o Somente na palavra principal da capa: “Inverno”. Parece acompanhar o
movimento dos cabelos da modelo.
Uso de bold:
o Há o uso de bold em somente uma palavra “Exclusivo!” e também nos sinais
de “+” que ficam no texto, próximo ao rodapé. O uso está correto porque
explora a criatividade, em padrão de família de fontes estabelecida pela
revista.
Alinhamento:
o O alinhamento organiza a capa e, mesmo com tamanhos diferentes de fonte,
mantém as chamas e o título principal - todos alinhados pela borda da página
no local mais próximo de onde estão. Alinhamento permite que vejamos com
clareza os detalhes da modelo e contribui para que as fontes venham a
encaixar-se perfeitamente com a fotografia.
Cor:
o Todas as fontes estão em cor branca sobre o fundo azul claro, ou seja, todas
as letras são vazadas e mantém a sua boa legibilidade/leiturabilidade.
Figura e fundo:
o Todas as fontes aparecem com clareza sobre o fundo. Há contraste suficiente
para que sejam vistas e compreendidas, já que são brancas e estão sobre cores
de fundo, vê-se que não há qualquer problema.
Textura:
o Não há uma textura para que possamos analisar categoria e, portanto,
consideramos “Neutro”.
CATEGORIA 2 - USABILIDADE
Subcategorias:
Visibilidade:
278
o Todas as funções estão disponíveis para que o leitor possa acessar o conteúdo
visual da maneira que melhor lhe satisfaça. As funções dos dispositivos
auxiliam na visibilidade da tipografia como por exemplo a ampliação da
imagem para leitura de determinados textos.
Feedback:
o É praxe em todos os dispositivos, quando acessamos a revista Elle Brasil, que
hajam formas diferentes para que possamos acessá-la e também para que
possamos interagir com ela.
Consistência:
o É positiva porque é bastante didática a maneira de utilizamos os dispositivos
para ter acesso ao conteúdo. Toda a operação é bastante simples e aplica-se,
com as devidas características de cada dispositivo testado.
Affordance:
o É positiva porque todas as opções disponíveis contribuem para que possamos
explorar o conteúdo.
Acessibilidade:
o Por meio da navegação nos dispositivos, temos formas simples e didáticas
para utilizá-los e visualizar esta capa. Não há dificuldades.
- Considerações gerais sobre a tipografia nesta capa de Elle:
A chamada principal acompanha o movimento dos cabelos da modelo. A atenção
maior vai para a tipografia valorizando, com estilo, a informação sobre a nova
estação (inverno), que para o mundo da moda a troca de estações são muito
relevantes, pois é onde ocorrem as apresentações das novas coleções.
É interessante o número “418”, com tamanho grande, quase passando da metade do
tamanho do logotipo Elle. Isto valoriza a quantidade de “peças incríveis” que a
revista está sugerindo para o closet do leitor.
Nesta capa, diferente da Capa nº 1, a legibilidade e leiturabilidade não estão
prejudicadas no smartphone. Acreditamos que isto ocorra porque as fontes em
tamanho menos estão em cor branca sobre fundo vermelho e a leitura, neste caso, é
melhor (para a Capa nº 1 as letras pequenas eram brancas sobre fundo azul claro).
279
Em comparação com o conjunto de capas, esta pode ser considerada uma das que
menos têm chamadas de capa e a tipografia apresenta-se com letras em tamanho
maior na chamada principal: “Crush de Inverno”.
Não tivemos nenhuma ocorrência negativa para esta capa e houve apenas avaliação
neutra para a subcategoria “Textura”, pois ela não está presente na capa.
4.3 Capa nº 3
FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO Nº: 338
MÊS/ANO: JULHO 2016
IDENTIFICAÇÃO:
FATORES DISPOSITIVOS
DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE
CATEGORIA 1 LEGIBILIDADE/
LEITURABILIDADE
Movimento da fonte
😊 😊 😊 😊
Tamanhos/Corpos das fontes
☹ ☹ ☹ ☹
Fontes com e sem serifa
😊 😊 😊 😊
Uso de caixas alta e baixa
😊 😊 😊 😊
Uso de itálico 😊 😊 😊 😊
Uso de bold 😊 😊 😊 😊
Alinhamento 😊 😊 😊 😊
Cor 😊 😊 😊 😊
Figura e fundo 😊 😊 😊 😊
Textura --- ---- --- ---
CATEGORIA 2: USABILIDADE
Visibilidade 😊 😊 😊 😊
Feedback 😊 😊 😊 😊
Consistência 😊 😊 😊 😊
Affordance 😊 😊 😊 😊
Acessibilidade 😊 😊 😊 😊
Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).
280
FIGURA 154 - Presença online em todos os dispositivos, ao mesmo tempo - Elle Brasil
(Capa 3).
Legenda: 1: Desktop; 2: Notebook; 3: Tablet; 4: Smartphone.
Fonte: desenvolvido pela autora.
CATEGORIA 1 - LEGIBILIDADE/LEITURABILIDADE
Subcategorias:
Movimento da fonte:
o Positivo, já que esta capa possui poucas chamadas de capa e, ainda, vê-se as
fontes em movimento - impressão causada pela palavra “deluxe”.
Tamanhos/Corpos das fontes:
o Negativo para as chamadas de capa, que têm seus subtítulos pequenos e que
estão com fonte muito condensada. A legibilidade e a leiturabilidade ficaram
prejudicadas.
Fontes com e sem serifa:
1
2 3
4
281
o A única palavra que possui fonte com serifa está em caixa baixa (“deluxe”) e,
em nenhuma de suas letras há serifa. Porém a ausência da serifa não
prejudica a legibilidade.
Usos de caixa alta e baixa:
o Há caixa baixa somente em uma palavra “deluxe”, a qual valoriza-se pelo
tipo de fonte e pela cor, que lhe garantem sofisticação e leveza. Positivo.
Uso de itálico:
o O uso é somente da palavra “deluxe”. Leitura e legibilidade sem conflitos.
Uso de bold:
o Como título é usado somente na palavra “jeans” e destaca-a das demais.
Também é usado para valorizar o nome do estilista Christian Dior, no topo da
página, em meio ao logotipo. Positivo.
Alinhamento:
o O bloco de texto que leva a manchete de capa está desalinhado, mas mantém-
se em harmonia. Os demais alinhamentos não prejudicam.
Cor:
o Todas as fontes estão em PB, e mantém a harmonia com o restante da
composição.
Figura e fundo:
o O contraste das fontes com o fundo mantém a boa leitura e a legibilidade.
Textura:
o Não há textura para que analisemos. Assim, o valor é “Neutro”.
CATEGORIA 2 - USABILIDADE
Subcategorias:
Visibilidade:
o Todas as funções estão disponíveis para que o leitor possa acessar o conteúdo
visual da maneira que melhor lhe satisfaça. As funções dos dispositivos
auxiliam na visibilidade da tipografia como por exemplo a ampliação da
imagem para leitura de determinados textos.
Feedback:
282
o Em todos os dispositivos, quando acessamos a revista Elle Brasil, há a oferta
de formas diferentes para que possamos acessá-la e também para que
possamos interagir com ela.
Consistência:
o É positiva porque é bastante didática a maneira de utilizamos os dispositivos
para ter acesso ao conteúdo. Toda a operação é bastante simples e aplica-se,
com as devidas características de cada dispositivo testado.
Affordance:
o É positiva porque todas as opções disponíveis contribuem para que possamos
explorar o conteúdo.
Acessibilidade:
o Por meio da navegação nos dispositivos, temos formas simples e didáticas
para utilizá-los e visualizar esta capa. Não há dificuldades.
- Considerações gerais sobre a tipografia nesta capa de Elle:
É interessante a falta da primeira letra “L” do logotipo de Elle, sendo preenchido
pela cabeça da modelo. Completamos automaticamente a marca por memória de seu
logotipo, mesmo que inconscientes.
A capa valoriza muito o tema da matéria principal da edição: o “Jeans”, sendo que a
tipografia valoriza a palavra, estando ela em tamanho grande e na cor preta sobre
fundo cinza claro.
Há uma ligação entre as cores da tipografia no logotipo (em branco) com a palavra
“deluxe”, também em branco - mas que acompanha o “Jeans”. De qualquer forma, a
tipografia e disposição das letras na composição da página nos leva a,
subliminarmente, ler “Elle deluxe”, o que agrega mais valor à marca.
A legibilidade e a leiturabilidade para tablet e smartphone foram muito prejudicadas
nas chamadas menores, principalmente pelo uso da fonte condensada como
subtítulos das chamadas. Este conflito é corrigido pela usabilidade, que mostra-se
sempre presente com todo o elenco de subcategorias trabalhando em prol da boa
imagem e da leitura satisfatória dos elementos tipográficos de capa.
Sobre a usabilidade, observa-se o mesmo que na edição anterior.
283
4.4 Capa nº 4
FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO Nº: 339
MÊS/ANO: AGOSTO 2016
IDENTIFICAÇÃO:
FATORES DISPOSITIVOS
DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE
CATEGORIA 1 LEGIBILIDADE/
LEITURABILIDADE
Movimento da fonte
😊 😊 😊 😊
Tamanhos/Corpos das fontes
☹ ☹ ☹ ☹
Fontes com e sem serifa
😊 😊 😊 😊
Uso de caixas alta e baixa
😊 😊 😊 😊
Uso de itálico 😊 😊 😊 😊 Uso de bold 😊 😊 😊 😊 Alinhamento 😊 😊 😊 😊 Cor 😊 😊 😊 😊
Figura e fundo ☹ ☹ ☹ ☹
Textura --- ---- --- ---
CATEGORIA 2: USABILIDADE
Visibilidade ☹ ☹ ☹ ☹
Feedback 😊 😊 😊 😊
Consistência 😊 😊 😊 😊
Affordance 😊 😊 😊 😊
Acessibilidade 😊 😊 😊 😊
Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).
284
FIGURA 155 - Presença online em todos os dispositivos, ao mesmo tempo - Elle Brasil
(Capa 4).
Legenda: 1: Desktop; 2: Notebook; 3: Tablet; 4: Smartphone.
Fonte: desenvolvido pela autora.
CATEGORIA 1 - LEGIBILIDADE/LEITURABILIDADE
Subcategorias:
Movimento da fonte:
o As fontes, dão a impressão de estarem estáticas. Pouco movimento. Porém,
na composição por completo, mantém o movimento, principalmente pelo
título de capa, que suaviza a rigidez das fontes (talvez pelo alinhamento e
pelo posicionamento das mesmas, deixando o layout “duro”).
Tamanhos/Corpos das fontes:
o Há pouca variação nos tamanhos, mas ganha destaque a manchete “Geração
Atitude”, com o uso de tamanho grande, mas que traz sofisticação ao layout.
O tamanho das fontes nas chamadas de capa é pequeno e a legibilidade e a
leitura foram prejudicadas.
1
2 3
4
285
Fontes com e sem serifa:
o Não há o uso de serifa nas chamadas, porém este fato não prejudica em
nenhum momento a legibilidade já que fontes sem serifa são capacitadas para
manter a boa leitura.
Usos de caixa alta e baixa:
o Todas as fontes estão em caixa alta. Nada de negativo.
Uso de itálico:
o Não há uso de itálico nas fontes desta capa. Porém, nada prejudica a leitura
com as fontes em “normal”.
Uso de bold:
o Há o uso de bold nos títulos das chamadas de capa, valorizando os assuntos.
Alinhamento:
o As fontes estão alinhadas de forma que os bloco de texto ganham
organização e adornam a figura central da capa (modelo fotografada).
Cor:
o A cor vermelha dos títulos das chamadas, em contraste com o fundo cinza,
gerou falta de legibilidade e de leiturabilidade. Negativo.
Figura e fundo:
o Idem acima, pois o fundo cinza apenas valorizou os textos das chamadas e a
manchete, pois estão em letras brancas, assim como o logotipo Elle.
Textura:
o Não há textura para que analisemos. Valor “Neutro”.
CATEGORIA 2 - USABILIDADE
Subcategorias:
Visibilidade:
o Todas as funções estão disponíveis para que o leitor possa acessar o conteúdo
visual da maneira que melhor lhe satisfaça. As funções dos dispositivos
auxiliam na visibilidade da tipografia como por exemplo a ampliação da
imagem para leitura de determinados textos.
Feedback:
286
o Em todos os dispositivos, quando acessamos a revista Elle Brasil, há a oferta
de formas diferentes para que possamos acessá-la e também para que
possamos interagir com ela.
Consistência:
o É positiva porque é bastante didática a maneira de utilizamos os dispositivos
para ter acesso ao conteúdo. Toda a operação é bastante simples e aplica-se,
com as devidas características de cada dispositivo testado.
Affordance:
o É positiva porque todas as opções disponíveis contribuem para que possamos
explorar o conteúdo.
Acessibilidade:
o Por meio da navegação nos dispositivos, temos formas simples e didáticas
para utilizá-los e visualizar esta capa. Não há dificuldades.
- Considerações gerais sobre a tipografia nesta capa de Elle:
Toda a presença tipográfica está bem conduzida na composição da capa, porém, a
escolha da cor vermelha, sobre fundo cinza, para os títulos das chamadas de capa e
para o endereço de Elle na internet (fica na vertical, junto ao primeiro “E” de Elle),
tornou a legibilidade prejudicada, a qual manteve-se assim mesmo com o auxílio das
subcategorias da usabilidade (a subcategoria visibilidade permaneceu prejudicada).
Esta é uma das poucas capas que não combina fontes com e sem serifa nas chamadas
de capa, mas mesmo assim a performance da fonte sem serifa mantém a boa leitura e
a composição equilibrada.
Como em outras capas, há o uso do bold (negrito) nas palavras dos subtítulos das
chamadas para quando querem chamar mais atenção do leitor.
É também uma das poucas capas que aposta no uso de uma fonte que não seja a
Didot Italic ou Garamond Italic mescladas com Futura no título principal da edição
(Geração Saúde).
Sobre a usabilidade, observa-se o mesmo que na edição anterior.
287
4.5 Capa nº 5
FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO Nº: 340
MÊS/ANO: SETEMBRO 2016
IDENTIFICAÇÃO:
FATORES DISPOSITIVOS
DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE
CATEGORIA 1 LEGIBILIDADE/
LEITURABILIDADE
Movimento da fonte
😊 😊 😊 😊
Tamanhos/Corpos das fontes
😊 😊 😊 😊
Fontes com e sem serifa
😊 😊 😊 😊
Uso de caixas alta e baixa
😊 😊 😊 😊
Uso de itálico 😊 😊 😊 😊
Uso de bold 😊 😊 😊 😊
Alinhamento 😊 😊 😊 😊
Cor 😊 😊 😊 😊
Figura e fundo 😊 😊 😊 😊
Textura --- ---- --- ---
CATEGORIA 2: USABILIDADE
Visibilidade 😊 😊 😊 😊
Feedback 😊 😊 😊 😊
Consistência 😊 😊 😊 😊
Affordance 😊 😊 😊 😊
Acessibilidade 😊 😊 😊 😊
Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).
288
FIGURA 156 - Presença online em todos os dispositivos, ao mesmo tempo - Elle Brasil
(Capa 5).
Legenda: 1: Desktop; 2: Notebook; 3: Tablet; 4: Smartphone.
Fonte: desenvolvido pela autora.
CATEGORIA 1 - LEGIBILIDADE/LEITURABILIDADE
Subcategorias:
Movimento da fonte:
o As fontes demonstram movimento. Positivo.
Tamanhos/Corpos das fontes:
o O tamanho das fontes é aprazível. Destaque para o número ”579”, em
destaque e demonstrando sofisticação, assim como a produção fez com a
modelo de capa.
Fontes com e sem serifa:
o É um numeral - “579” - quem está responsável pelo uso de serifa. As demais
fontes não possuem serifa. É interessante notar a boa performance da fonte
1
2
3
4
289
quando expressa em um numeral, estando ele em destaque e onde o desenho
do caractere valoriza a expressão do design.
Usos de caixa alta e baixa:
o Nesta capa há o uso de caixa alta e baixa. Tudo trabalha harmonicamente,
com mais chamadas à esquerda, “nas costas” da modelo, mais espaço à
direita, apesar de a modelo estar curvada ligeiramente à direita, oferecendo
mais espaço para texto. A criatividade está em explorar o número “579”, em
tamanho bem superior às demais fontes das chamadas na capa.
Uso de itálico:
o Somente no número “579”, o que, além de valorizar seu tamanho grande - já
comentado anteriormente, se conjuga com o elemento cor, destacando essa
informação.
Uso de bold:
o O uso é somente para destaque na palavra “Exclusivo” e em determinadas
palavras das chamadas. Ocorre perfeitamente, valorizando a composição. No
caso da palavra “Exclusivo”, na mesma cor do logotipo e do numeral em
destaque, mostra uma conjugação com o bold para reforçar o equilíbrio dos
elementos da capa.
Alinhamento:
o O alinhamento contribui para a organização da página. Como na maioria das
capas, o alinhamento trabalha, também, para emoldurar a capada revista,
quando alinha os textos das chamadas de capa para as bordas da página,
sendo que a quantidade de texto distribuída diferentemente no contorno da
modelo é compensada pela exploração do tamanho da fonte, da presença do
numeral e da cor entre os elementos.
Cor:
o Cores sofisticadas, especialmente o dourado, que valorizam o conceito de
nobreza, elegância para os leitores.
Figura e fundo:
o Não temos conflitos neste quesito.
Textura:
o Não temos textura para analisar. Avaliação “Neutro”. Mais uma vez vemos
que como se explora muitos elementos das famílias tipográficas no projeto
290
gráfico da revista, como também a cor, o tamanho das fontes, além da
fotografia das modelos, verifica-se que é uma opção da revista não trabalhar
com texturas para atuar na legibilidade do texto da capa.
CATEGORIA 2 - USABILIDADE
Subcategorias:
Visibilidade:
o Todas as funções estão disponíveis para que o leitor possa acessar o conteúdo
visual da maneira que melhor lhe satisfaça. As funções dos dispositivos
auxiliam na visibilidade da tipografia como por exemplo a ampliação da
imagem para leitura de determinados textos.
Feedback:
o Em todos os dispositivos, quando acessamos a revista Elle Brasil, há a oferta
de formas diferentes para que possamos acessá-la e também para que
possamos interagir com ela.
Consistência:
o É positiva porque é bastante didática a maneira de utilizamos os dispositivos
para ter acesso ao conteúdo. Toda a operação é bastante simples e aplica-se,
com as devidas características de cada dispositivo testado.
Affordance:
o É positiva porque todas as opções disponíveis contribuem para que possamos
explorar o conteúdo.
Acessibilidade:
o Por meio da navegação nos dispositivos, temos formas simples e didáticas
para utilizá-los e visualizar esta capa. Não há nenhuma questão que interfira
na usabilidade.
- Considerações sobre a tipografia nesta capa de Elle:
Mais uma vez a valorização da quantidade de peças enumerada na capa - “579”, com
a fonte em tamanho razoável. Interessante a cor destes números acompanhar a cor do
logotipo de Elle e também a palavra “EXCLUSIVO”, causando assim a
291
oportunidade para uma leitura paralela como se quisesse dizer que é exclusivo da
Elle apresentar as 579 peças.
O uso da cor ocre no logotipo, nos números “579” e em “EXCLUSIVO” deram
nobreza à capa, que tem fundo branco e chamadas com variações de Didot e Futura
em preto onde foi explorado o leque de bold (negrito), light, normal e condensado.
O destaque tipográfico fica para o “579” que é a única fonte em itálico e que inicia a
frase, título de capa da edição.
O alinhamento da tipografia (totalmente à esquerda no lado esquerdo e totalmente à
direita no lado direito) tornam a atenção voltada para o centro da página onde está a
modelo em foto colorida.
Mesmo não havendo combinação de fontes com serifa (no sentido de estarem
sobrepostas, entrelaçadas etc.), o uso do numeral - que tem origem em fonte serifada
- estando presente na composição da capa como um todo, trouxe equilíbrio e
movimento à composição.
A usabilidade mais uma vez auxilia nas questões da legibilidade/leiturabilidade
quando, por exemplo no smartphone, utilizando o “touch”, ampliamos a imagem de
capa para que possamos visualizar não somente o texto com a fonte em maior
tamanho, como também para ampliar a fotografia e ver os detalhes do figurino que a
modelo veste. Esta ocorrência é comum nos dispositivos que possuem o touch.
292
4.6 Capa nº 6
FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO Nº: 341
MÊS/ANO: OUTUBRO 2016
IDENTIFICAÇÃO:
FATORES DISPOSITIVOS
DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE
CATEGORIA 1 LEGIBILIDADE/
LEITURABILIDADE
Movimento da fonte
😊 😊 😊 😊
Tamanhos/Corpos das fontes
😊 😊 😊 😊
Fontes com e sem serifa
😊 😊 😊 😊
Uso de caixas alta e baixa
😊 😊 😊 😊
Uso de itálico 😊 😊 😊 😊 Uso de bold 😊 😊 😊 😊
Alinhamento 😊 😊 😊 😊
Cor 😊 😊 😊 😊
Figura e fundo 😊 😊 😊 😊
Textura --- ---- --- ---
CATEGORIA 2: USABILIDADE
Visibilidade 😊 😊 😊 😊
Feedback 😊 😊 😊 😊
Consistência 😊 😊 😊 😊
Affordance 😊 😊 😊 😊
Acessibilidade 😊 😊 😊 😊
Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).
293
FIGURA 157 - Presença online em todos os dispositivos, ao mesmo tempo - Elle Brasil
(Capa 6).
Legenda: 1: Desktop; 2: Notebook; 3: Tablet; 4: Smartphone.
Fonte: desenvolvido pela autora.
CATEGORIA 1 - LEGIBILIDADE/LEITURABILIDADE
Subcategorias:
Movimento da fonte:
o As fontes possuem vigor. É utilizada uma fonte diferente do usual como fonte
da manchete de capa.
Tamanhos/Corpos das fontes:
o Os tamanhos estão adequados à composição.
Fontes com e sem serifa;
o As fontes sem serifa mantém a boa legibilidade e, apesar de não haver a
presença das serifadas, a composição tipográfica ocorre satisfatoriamente
para a legibilidade/leiturabilidade já que a fonte escolhida sustenta esta
capacidade.
1
2
3
4
294
Usos de caixa alta e baixa:
o Todo o texto está em caixa alta. Não há conflitos.
Uso de itálico:
o Assim como no quesito anterior, o fato de não haver o uso de itálico nas
fontes das chamadas de capa não prejudica em nada a questão da
legibilidade/leiturabilidade.
Uso de bold:
o O uso de bold ocorre em todas as chamadas e na manchete. É positivo por
estar adequado, chamando atenção para os conteúdos principais da edição.
Alinhamento:
o Todos os alinhamentos organizam a composição e ajudam a delimitar a
imagem dentro do espaço gráfico. A tipografia funciona como suporte para o
auxílio em dar destaque à fotografia, valorizando a imagem de capa.
Cor:
o O uso da cor azul vibrante para a manchete de capa e também para o logotipo
de Elle deu uma dinâmica para a composição, sendo que a modelo parece
estar segurando o “L” e a cor de sua pele também soma ao visual agradável
da composição. Neste caso vê-se que a criatividade no uso de uma cor pode
gerar grande impacto no layout da capa e que, apesar de haver o status quo
do melhor uso de cores para situações da composição visual, a criatividade
supera o que parece estar estabelecido e promove o diferencial,
potencializando o impacto da comunicação visual.
Figura e fundo:
o O fundo branco da capa e as letras em preto da chama garante uma
legibilidade e leiturabilidade perfeitas, pelo contraste. Não há choque
negativo mas sim contraste positivo nas cores aplicadas à tipografia.
Textura:
o Não há textura para analisar. Avaliação “Neutro”.
CATEGORIA 2 - USABILIDADE
Subcategorias:
Visibilidade:
295
o Todas as funções estão disponíveis para que o leitor possa acessar o conteúdo
visual da maneira que melhor lhe satisfaça. As funções dos dispositivos
auxiliam na visibilidade da tipografia como por exemplo a ampliação da
imagem para leitura de determinados textos.
Feedback:
o Em todos os dispositivos, quando acessamos a revista Elle Brasil, há a oferta
de formas diferentes para que possamos acessá-la e também para que
possamos interagir com ela.
Consistência:
o É positiva porque é bastante didática a maneira de utilizamos os dispositivos
para ter acesso ao conteúdo. Toda a operação é bastante simples e aplica-se,
com as devidas características de cada dispositivo testado.
Affordance:
o É positiva porque todas as opções disponíveis contribuem para que possamos
explorar o conteúdo.
Acessibilidade:
o Por meio da navegação nos dispositivos, temos formas simples e didáticas
para utilizá-los e visualizar esta capa. Não há dificuldades.
- Considerações sobre a tipografia nesta capa de Elle:
Dentro de nosso conjunto de capas aparece, pela primeira vez, a tipografia
interagindo com a fotografia pois a modelo está como que segurando o segundo “L”
de Elle - o qual fica entre sua mão e seus cabelos.
O primeiro “L” não existe e, mais uma vez, a revista oportunamente aproveita seu
logotipo tradicional para que o mesmo seja completado pela memorização do leitor,
de forma sutil. Não se sente a falta da letra. Neste caso, a ausência tipográfica não se
torna um erro já que não prejudica.
A modelo, ao interagir com a tipografia do logo valoriza a marca Elle.
Fundo branco com todas as chamadas com mesma fonte para os títulos, como outra
fonte utilizada para todos os subtítulos.
296
O título da capa vem em cor que é idêntica à cor escolhida para o logotipo, além de
somar-se a um “X” subliminar do figurino da modelo, que “une” o título da edição
ao “Elle” do logotipo.
Não há qualquer conflito ou prejuízo no uso da tipografia como um todo.
4.7 Capa nº 7
FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO Nº: 342
MÊS/ANO: NOVEMBRO 2016
IDENTIFICAÇÃO:
FATORES DISPOSITIVOS
DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE
CATEGORIA 1 LEGIBILIDADE/
LEITURABILIDADE
Movimento da fonte
😊 😊 😊 😊
Tamanhos/Corpos das fontes
😊 😊 😊 😊
Fontes com e sem serifa
😊 😊 😊 😊
Uso de caixas alta e baixa
😊 😊 😊 😊
Uso de itálico 😊 😊 😊 😊
Uso de bold 😊 😊 😊 😊
Alinhamento 😊 😊 😊 😊
Cor ☹ ☹ ☹ ☹
Figura e fundo ☹ ☹ ☹ ☹
Textura --- ---- --- ---
CATEGORIA 2: USABILIDADE
Visibilidade ☹ ☹ ☹ ☹
Feedback 😊 😊 😊 😊
Consistência 😊 😊 😊 😊
Affordance 😊 😊 😊 😊
Acessibilidade 😊 😊 😊 😊
Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).
297
FIGURA 158 - Presença online em todos os dispositivos, ao mesmo tempo - Elle Brasil
(Capa 7).
Legenda: 1: Desktop; 2: Notebook; 3: Tablet; 4: Smartphone.
Fonte: desenvolvido pela autora.
CATEGORIA 1 - LEGIBILIDADE/LEITURABILIDADE
Subcategorias:
Movimento da fonte:
o As fontes utilizadas junto com a categoria “cor”, causam muito movimento.
Positivo.
Tamanhos/Corpos das fontes
o Há a utilização de tamanhos diferentes de fonte e, mesmo assim, nenhum
tamanho - grande ou pequeno - implicou em conflitos para a legibilidade e a
leiturabilidade.
Fontes com e sem serifa:
o O uso das fontes, apesar de não haver serifa, é positivo e mantém a boa
leitura.
1
2
3
4
298
Usos de caixa alta e baixa:
o As fontes em caixa alta permitem a boa leitura e o uso de todas as letras
maiúsculas demonstra a boa utilização das características da fonte para que
mantenha a leitura e mantenha o equilíbrio da composição da capa como um
todo.
Uso de itálico:
o Não temos o uso do itálico neste caso e isto não prejudica em nada a boa
leitura.
Uso de bold
o O uso de bold ocorre somente nas palavras “Beleza Real”. Destaca a palavra
sobre o fundo azul que, ainda mantém o contraste negativo para a visão mas
consideramos que é devido à cor e não ao uso de bold propriamente.
Alinhamento:
o Grande parte do texto das chamadas de capa alinhado à esquerda. Percebe-se
que o alinhamento auxiliou na valorização da modelo de capa.
Cor:
o As cores, apesar de vibrantes, causaram algum desconforto por razão do
vermelho sobre fundo azul. O designer deve testar sua escolha para que fatos
como este não ocorram.
Figura e fundo:
o Da figura e fundo lamentavelmente temos que comentar o fato de que a
escolha das cores foi ruim. É preciso analisar, testar o uso das cores para que
não haja este prejuízo para o leitor.
Textura
o Não há textura para que possamos avaliar. Avaliação “Neutro”.
CATEGORIA 2 - USABILIDADE
Subcategorias:
Visibilidade:
o Um dos poucos casos onde a usabilidade não compensou as distorções da cor.
Feedback:
299
o Em todos os dispositivos, quando acessamos a revista Elle Brasil, há a oferta
de formas diferentes para que possamos acessá-la e também para que
possamos interagir com ela.
Consistência:
o É positiva porque é bastante didática a maneira de utilizamos os dispositivos
para ter acesso ao conteúdo. Toda a operação é bastante simples e aplica-se,
com as devidas características de cada dispositivo testado.
Affordance:
o É positiva porque todas as opções disponíveis contribuem para que possamos
explorar o conteúdo.
Acessibilidade:
o Por meio da navegação nos dispositivos, temos formas simples e didáticas
para utilizá-los e visualizar esta capa. Não há dificuldades.
- Considerações sobre a tipografia nesta capa de Elle:
Toda a tipografia tem duas cores: ou preto ou vermelho, sendo que o vermelho está
sobre as palavras principais, inclusive no logotipo, que tem a modelo cobrindo parte
dele (segundo “L” de Elle), mas que, novamente, não prejudica o entendimento.
É interessante a composição do título da edição à esquerda e exatamente sobre o
nível do mar (foto de fundo).
As fontes sem serifa cumprem perfeitamente o papel da legibilidade/leiturabilidade e
somam ao layout.
A cor vermelha sobre o fundo azul claro, nas palavras “Beleza Real” e no nome
“Jean-Paul Gaultier”, mesmo com uso de subcategorias da usabilidade, não tornaram
a legibilidade ajustada, apesar se sua leitura ser completamente possível. Acredita-se
que é a questão das cores sendo apresentadas em telas iluminadas (caso de nossos
dispositivos) que deixam o vermelho mais vibrante e, por sua tonalidade, aparecem
manchas.
Esta capa ganhou destaque na imprensa por ser uma modelo transexual (Valentina
Sampaio) estreando sua primeira capa. Não é a primeira capa de Elle com modelo
transexual.
300
4.8 Capa nº 8
FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO Nº: 343
MÊS/ANO: DEZEMBRO 2016
IDENTIFICAÇÃO:
FATORES DISPOSITIVOS
DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE
CATEGORIA 1 LEGIBILIDADE/
LEITURABILIDADE
Movimento da fonte
😊 😊 😊 😊
Tamanhos/Corpos das fontes
😊 😊 😊 😊
Fontes com e sem serifa
😊 😊 😊 😊
Uso de caixas alta e baixa
😊 😊 😊 😊
Uso de itálico 😊 😊 😊 😊 Uso de bold 😊 😊 😊 😊
Alinhamento 😊 😊 😊 😊
Cor 😊 😊 😊 😊
Figura e fundo 😊 😊 😊 😊
Textura 😊 😊 😊 😊
CATEGORIA 2: USABILIDADE
Visibilidade 😊 😊 😊 😊
Feedback 😊 😊 😊 😊
Consistência 😊 😊 😊 😊
Affordance 😊 😊 😊 😊
Acessibilidade 😊 😊 😊 😊
Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).
301
FIGURA 159 - Presença online em todos os dispositivos, ao mesmo tempo - Elle Brasil
(Capa 8).
Legenda: 1: Desktop; 2: Notebook; 3: Tablet; 4: Smartphone.
Fonte: desenvolvido pela autora.
CATEGORIA 1 - LEGIBILIDADE/LEITURABILIDADE
Subcategorias:
Movimento da fonte:
o É uma capa diferenciada pela “modelo-robô” que está nesta edição. As fontes
escolhidas somam à fotografia mantendo o dinamismo da capa.
Tamanhos/Corpos das fontes
o Há dois textos na capa, somente. Um deles é de uma chamada de capa e outro
é continuidade do logotipo. Em ambos a diferença de tamanho das fontes não
afeta negativamente a leitura.
Fontes com e sem serifa:
o A presença tipográfica, com ou sem serifa não prejudica em nada neste caso.
Não há o uso de serifa nas fontes mas as que estão presentes garantem a
legibilidade/leiturabilidade.
1
2 3
4
302
Usos de caixa alta e baixa:
o Temos a presença de todas as fontes em caixa alta, como que “protegendo” a
leitura do texto que aparece sobre a modelo. Esta condição garante a boa
leitura das chamadas de capa.
Uso de itálico:
o Não há texto em itálico mas a forma como as fontes se apresentam (estão em
“normal”), está satisfatória para a boa legibilidade/leiturabilidade.
Uso de bold:
o A letra bold é utilizada para compor a manchete da edição. Cumpre bem o
seu papel.
Alinhamento:
o Como o texto é mínimo na capa, os alinhamentos ajudam os dois blocos de
texto a equilibrar o título da edição que está na capa.
Cor:
o As cores da capa são leves e ganha destaque realmente a modelo-robô. A
tipografia imita letras com os pequenos quadrados característicos dos pixels e
são escuras, já que possuem uma textura. Nesta edição, para o título em
destaque, a fonte foi substituída para compor o layout da capa que apela para
a tecnologia.
Figura e fundo:
o Apesar das fontes estarem quase totalmente sobre o figurino da modelo-robô,
a legibilidade e a leiturabilidade não foram prejudicadas, pois as cores
favorecem o contraste.
Textura:
o As fontes possuem uma textura diferenciada: a textura Matrix (vide abaixo).
Bem aplicada pois não prejudica a leitura do texto e, sendo raro uso da
textura nas capas de Elle, vemos aqui a utilização de uma textura que não
somente permitiu a boa leitura como também somou à ambientação do tema
da edição (tecnologia).
o Vale comentar que a “textura Matrix” é relacionada aos filmes longa-
metragens de cinema “Matrix”, onde a estética e o uso de fundo preto com os
dígitos verdes em franco movimento - como na tela do sistema operacional
303
DOS - passaram popularmente a chamar o uso deste layout de “Matrix”,
relacionando-o com o filme.
FIGURA 160 - Cartaz do filme Matrix.
Fonte: site A Era de Ouro, 2011140.
FIGURA 161 - Textura Matrix.
Fonte: site Cinemais, 2012141.
CATEGORIA 2 - USABILIDADE
Subcategorias:
Visibilidade: 140 Disponível em: http://2012aeradeouro.webnode.com.br/products/analise-do-filme-matrix/. Acesso em 06 mar. 2017. 141 Disponível em: http://cinemais2012.xpg.uol.com.br/matrix.html. Acesso em 06 mar. 2017.
304
o Todas as funções estão disponíveis para que o leitor possa acessar o conteúdo
visual da maneira que melhor lhe satisfaça. As funções dos dispositivos
auxiliam na visibilidade da tipografia como por exemplo a ampliação da
imagem para leitura de determinados textos.
Feedback:
o Em todos os dispositivos, quando acessamos a revista Elle Brasil, há a oferta
de formas diferentes para que possamos acessá-la e também para que
possamos interagir com ela.
Consistência:
o É positiva porque é bastante didática a maneira de utilizamos os dispositivos
para ter acesso ao conteúdo. Toda a operação é bastante simples e aplica-se,
com as devidas características de cada dispositivo testado.
Affordance:
o É positiva porque todas as opções disponíveis contribuem para que possamos
explorar o conteúdo.
Acessibilidade:
o Por meio da navegação nos dispositivos, temos formas simples e didáticas
para utilizá-los e visualizar esta capa. Não há dificuldades.
A usabilidade mais uma vez apresentou-se como auxílio na visualização e leitura da
capa da revista, com o recurso de ampliação da imagem.
- Considerações sobre a tipografia nesta capa de Elle:
O tema da edição é tecnologia (a modelo da foto de capa é um robô) e a tipografia
acompanha a temática com o logotipo de Elle ganhando textura que nos remete ao
filme “Matrix”, um ícone cinematográfico de ficção considerado por muitos como
uma obra de arte multimídia. Nos cenários é amplo o uso do que tematiza conforme
vimos acima.
Novamente a modelo sobrepõe-se sobre o logo de Elle, o qual não é prejudicado pela
falta do segundo “L”.
A modelo está em grande evidência na capa e, apesar do traje ter bastante detalhes, o
título “FUTURO”, com tipografia também texturizada (assim como o logotipo de
305
Elle), ainda tem recortes para remeter à tecnologia, como se a “pixelização” tomasse
conta das letras.
É interessante o alinhamento do título, que começa com tamanho de fonte menor e
alinhado à esquerda, dando destaque à palavra “FUTURO” que quase toma toda a
extensão horizontal da capa.
Com fundo branco, a tipografia possui cor preta quando não com a textura “Matrix”.
Não há chamadas. Somente o título e subtítulo.
Em todos os dispositivos não há nenhuma implicação negativa do uso tipográfico.
4.9 Capa nº 9
FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO Nº: 344
MÊS/ANO: JANEIRO 2017
IDENTIFICAÇÃO:
FATORES DISPOSITIVOS
DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE
CATEGORIA 1 LEGIBILIDADE/
LEITURABILIDADE
Movimento da fonte
😊 😊 😊 😊
Tamanhos/Corpos das fontes
😊 😊 😊 😊
Fontes com e sem serifa
😊 😊 😊 😊
Uso de caixas alta e baixa
😊 😊 😊 😊
Uso de itálico 😊 😊 😊 😊
Uso de bold 😊 😊 😊 😊
Alinhamento 😊 😊 😊 😊
Cor 😊 😊 😊 😊
Figura e fundo 😊 😊 😊 😊
Textura 😊 😊 😊 😊
CATEGORIA 2: USABILIDADE
Visibilidade 😊 😊 😊 😊
Feedback 😊 😊 😊 😊
Consistência 😊 😊 😊 😊
Affordance 😊 😊 😊 😊
Acessibilidade 😊 😊 😊 😊
Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).
306
FIGURA 162 - Presença online em todos os dispositivos, ao mesmo tempo - Elle Brasil
(Capa 9).
Legenda: 1: Desktop; 2: Notebook; 3: Tablet; 4: Smartphone.
Fonte: desenvolvido pela autora.
CATEGORIA 1 - LEGIBILIDADE/LEITURABILIDADE
Subcategorias:
Movimento da fonte:
o As fontes oferecem dinamismo pois há o movimento de origem do uso do
“itálico” com o “normal”, ampliando o movimento pela cor quente utilizada
nas fontes e o fundo claro, que permite à tipografia também aproveitar o
espaço livre que ali está e, junto à modelo, criar uma tensão no lado direito da
capa, já que enquanto a modelo está voltada à esquerda, a fonte stá em itálico
para a direita.
Tamanhos/Corpos das fontes:
1
2 3
4
307
o Há tamanhos diferentes de fontes. Todas funcionando bem pois mantém a
legibilidade apesar das diferenças de pesos visuais. Inclusive, há tamanhos
diferentes no título da edição (“Vibe Relax”).
Fontes com e sem serifa:
o A combinação de fontes com e sem serifa garantem modernidade e
sofisticação ao projeto gráfico desta capa, além de conseguir manter a
legibilidade/leiturabilidade.
Usos de caixa alta e baixa:
o São utilizadas ambas na composição. Torna-se uma combinação muito
agradável e que demonstra a boa performance dos tipos, pois dão mais
movimento à capa e estão em sintonia com o esvoaçar do vestido da modelo.
Uso de itálico:
o O uso de itálico ocorre somente no título (manchete) da capa. Ocorre de
forma positiva, pois as chamadas de capa possuem bold e estão em caixa alta
e baixa. Isso demonstra versatilidade na exploração de elementos na
tipografia, que varia de uma capa a outra.
Uso de bold:
o O uso de bold ocorre para chamar atenção do público quando lê as chamadas
de capa. Está bem colocado.
Alinhamento:
o Quase todas as chamadas estão alinhadas à esquerda e somente o título da
edição e um breve texto que o acompanha garantem assim uma organização e
harmonia para a capa, valorizando a modelo que abre esta edição.
Cor:
o As cores seguem dentro de uma mesma paleta que vai do vinho ao rosa e ao
cinza. As cores das fontes são únicas e trabalham com a composição como
um todo, sem qualquer conflito.
Figura e fundo:
o As letras possuem uma cor que as desenha muito bem, valorizando seus
detalhes. O fundo é claro e o contraste com as letras se faz com qualidade.
Textura:
o No logotipo de Elle há uma textura que imita mármore, o que soma-se ao
fundo de capa que está marmorizado. Assim, temos a combinação do
308
logotipo com o fundo de capa, onde mesmo com tonalidades diferentes,
compõem conjunto visual com texturas semelhantes.
CATEGORIA 2 - USABILIDADE
Subcategorias:
Visibilidade:
o Todas as funções estão disponíveis para que o leitor possa acessar o conteúdo
visual da maneira que melhor lhe satisfaça. As funções dos dispositivos
auxiliam na visibilidade da tipografia como por exemplo a ampliação da
imagem para leitura de determinados textos.
Feedback:
o Em todos os dispositivos, quando acessamos a revista Elle Brasil, há a oferta
de formas diferentes para que possamos acessá-la e também para que
possamos interagir com ela.
Consistência:
o É positiva porque é bastante didática a maneira de utilizamos os dispositivos
para ter acesso ao conteúdo. Toda a operação é bastante simples e aplica-se,
com as devidas características de cada dispositivo.
Affordance:
o É positiva porque todas as opções disponíveis contribuem para que possamos
explorar o conteúdo.
Acessibilidade:
o Por meio da navegação nos dispositivos, temos formas simples e didáticas
para utilizá-los e visualizar esta capa. Não há dificuldades.
- Considerações sobre a tipografia nesta capa de Elle:
O logotipo Elle tem sua tipografia com textura que se assemelha ao fundo da capa
(rocha em tons róseos). Provoca a sensação de transparência e assume a coloração
vinho.
A cor do logotipo de Elle e de toda a tipografia presente na capa é vinho. Não há
outra cor sobre as letras.
309
Há o uso das fontes tradicionais para as chamadas de capa de Elle, com o uso do
sinal “+” em tamanho maior do que as letras das quais está próximo, além de estar
em outra variação (bold).
A modelo cobre duas letras do logotipo de Elle, que mais uma vez não é prejudicado,
mediante sua tradição.
Apesar de não haver um entrelaçamento ou sobreposição de fonte serifada com não-
serifada, temos o título da edição em serifada e italic próximo à sem-serifa e normal.
Assim, consideramos que a proximidade, fazendo um conjunto visual, uma mancha
visual, convergem para nossa análise, que é positiva.
Não há qualquer problema com a presença tipográfica, em todas as suas nuances,
nesta capa. Atende aos padrões das categorias de análise.
310
4.10 Capa nº 10
FICHA DE ANÁLISE - CAPA DA REVISTA ELLE BRASIL EDIÇÃO Nº: 345
MÊS/ANO: FEVEREIRO 2017
IDENTIFICAÇÃO:
FATORES DISPOSITIVOS
DESKTOP NOTEBOOK TABLET SMARTPHONE
CATEGORIA 1 LEGIBILIDADE/
LEITURABILIDADE
Movimento da fonte
😊 😊 😊 😊
Tamanhos/Corpos das fontes
😊 😊 😊 😊
Fontes com e sem serifa
😊 😊 😊 😊
Uso de caixas alta e baixa
😊 😊 😊 😊
Uso de itálico 😊 😊 😊 😊
Uso de bold 😊 😊 😊 😊
Alinhamento 😊 😊 😊 😊
Cor 😊 😊 😊 😊
Figura e fundo 😊 😊 😊 😊
Textura --- ---- --- ---
CATEGORIA 2: USABILIDADE
Visibilidade 😊 😊 😊 😊
Feedback 😊 😊 😊 😊
Consistência 😊 😊 😊 😊
Affordance 😊 😊 😊 😊
Acessibilidade 😊 😊 😊 😊
Legenda: Positivo = 😊; Negativo = ☹; Neutro = (---).
311
FIGURA 163 - Presença online em todos os dispositivos, ao mesmo tempo - Elle Brasil
(Capa 10).
Legenda: 1: Desktop; 2: Notebook; 3: Tablet; 4: Smartphone.
Fonte: desenvolvido pela autora.
CATEGORIA 1 - LEGIBILIDADE/LEITURABILIDADE
Subcategorias:
Movimento da fonte:
o As fontes apresentam-se de forma a movimentar a capa, em diferentes
famílias, em tamanhos também diferentes. As fontes estão em forte sintonia
com a modelo, cujos cabelos estão completamente desalinhados.
Tamanhos/Corpos das fontes:
o A diferença principal ocorre do título da edição para as chamadas de capa.
Mas a junção de todas elas (logotipo e chamadas) permitem uma composição
interessante e satisfatória, pois colaboram para o destaque da modelo ao
mesmo tempo em que contribuem para dar destaque aos assuntos da revista.
Fontes com e sem serifa:
1
2 3
4
312
o Temos fonte com serifa e fonte sem serifa. A legibilidade e a leiturabilidade
estão garantidas, com qualidade pois a presença das fontes assim mantém,
neste layout, o equilíbrio e a boa visualização.
Usos de caixa alta e baixa:
o Também temos o uso de caixa alta e baixa. Ambas funcionado bem na
composição, com efeito de movimento e orientação na leitura.
Uso de itálico:
o O uso de itálico ocorre comente no título da edição (“Novos Tempos”), mas
está disposto de forma estratégica, aproveitando o fundo claro sobre o qual
está e ganhando impacto visual. A leitura ocorre muito bem e a legibilidade
idem.
Uso de bold:
o O uso de bold é eficaz pois neste caso garante boa leitura e chama atenção do
leitor para o assunto que ilustra.
Alinhamento:
o Temos dois tipos de alinhamento na capa (à esquerda e à direita) e ambos
mantém a composição visual em equilíbrio, dando-nos uma boa legibilidade e
leitura dos assuntos, na capa.
Cor:
o A cor promove o contraste e também acaba por facilitar mais ainda a boa
leitura, já que a chamada de capa, com letras em cor branca, está sobre o
fundo rosa vibrante. Já o título da edição tem cor preta, assim como o texto
que o acompanha e ambos estão sobre fundo branco, favorecendo o contraste.
Figura e fundo:
o Vale aqui o comentário e análise feitos na subcategoria “cor”, no qual
tratamos também sobre a figura e o fundo (letras e o fundo).
Textura:
o Não temos o uso de textura nesta capa e, assim nossa avaliação é “Neutro”.
CATEGORIA 2 - USABILIDADE
Subcategorias:
Visibilidade:
313
o Todas as funções estão disponíveis para que o leitor possa acessar o conteúdo
visual da maneira que melhor lhe satisfaça. As funções dos dispositivos
auxiliam na visibilidade da tipografia como por exemplo a ampliação da
imagem para leitura de determinados textos.
Feedback:
o Em todos os dispositivos, quando acessamos a revista Elle Brasil, há a oferta
de formas diferentes para que possamos acessá-la e também para que
possamos interagir com ela.
Consistência:
o É positiva porque é bastante didática a maneira de utilizamos os dispositivos
para ter acesso ao conteúdo. Toda a operação é bastante simples e aplica-se,
com as devidas características de cada dispositivo.
Affordance:
o É positiva porque todas as opções disponíveis contribuem para que possamos
explorar o conteúdo.
Acessibilidade:
o Por meio da navegação nos dispositivos, temos formas simples e didáticas
para utilizá-los e visualizar esta capa. Não há dificuldades.
- Considerações sobre a tipografia nesta capa de Elle:
Mais uma vez a modelo sobrepondo-se ao logotipo, onde a cabeça sempre costuma
estar à altura da marca. Neste caso, os dois “Ls” de Elle praticamente desaparecem,
restando os dois “Es”, que ficam em destaque na parte superior da página. Nota-se
que a modelo parece estar na diagonal do logotipo pois ela está sobre o logotipo mas
não completamente: o segundo “E” de Elle está em primeiro plano, tornando esta
sensação de diagonal presente, porém sutil. É uma composição visual que trabalha
bastante com planos diferentes da imagem, forte apelo à profundidade e perspectiva.
Utilizando o fundo claro do figurino da modelo, o título da edição, desalinhado,
encaixa-se no espaço e, curto, divide-se em duas linhas, com tamanhos de fonte
diferentes para cada uma das duas palavras que o compõe (“Novos tempos”).
A haste do “p” de “tempos”, no título, é usada para dar o espeço necessário ao botão
do figurino e, logo abaixo já se encaixa o bloco de texto que remete ao título, porém
em outra fonte e em tamanho menos, com alinhamento centralizado.
314
Não há entrelaçamento ou sobreposição de fonte serifada com não-serifada e vice-
versa. Porém, a proximidade de ambas no título (como na capa anterior, de nº 9),
pois realçam o movimento, além de manter a leitura eficaz.
A tipografia atende a todos os quesitos das categorias.
5. Considerações sobre as análises realizadas
Quanto à Legibilidade e Leiturabilidade
Como resumo geral das avaliações nas fichas, apresentamos a seguir algumas
percepções obtidas ao avaliá-las. Estas percepções podem auxiliar no sentido de considerar
as adequações da tipografia especificamente em determinados dispositivos, sendo as
mesmas pela tipografia em si ou pelo uso de um dos elementos da comunicação visual
visitados como subcategorias de análise de legibilidade/leiturabilidade. No Capítulo 1 deste
estudo temos as contribuições de Dondis (1991) quando apresenta os elementos da
comunicação visual, depois Lupton (2015) e Zappaterra (2014) quando tratam do design
gráfico e as telas e, por fim, Lupton (2015) quando explicita as pertinências e impertinências
dos tipos e também Ali (2009) quando fala sobre a revista em si e que nos será de grande
importância nos comentários a seguir.
Podemos observar que as capas possuem a tipografia como grande aliada no quesito
chamadas de capa, pois ela, diante da forma como é aplicada, mantém um equilíbrio entre
as informações e o impacto visual. Acaba por trazer uma hierarquia e organização das
informações, pelo tamanho das letras e pela disposição como são ali colocadas.
O alinhamento costuma ser à esquerda para as chamadas que se localizam do lado
esquerdo da capa, como também o texto será alinhado à direita quando próximo ao lado
direito. Temos o título da capa na maioria das vezes “solto” pela capa, sem lugar fixo.
A tipografia utilizada nas capas tem uso, na maioria das vezes, de fontes com e sem
serifa e assim também ocorre frequentemente com o uso de caixa alta e baixa no texto ali
publicado. No caso do uso dos tipos que não possuem serifa não há nenhum tipo de
desconforto para a leitura, mesmo quando estão sobre imagens, conforme o contraste figura
fundo.
315
A maior parte das fontes da capa da Elle Brasil utiliza o modo normal, porém o uso
do bold ocorre para que haja ênfase em chamadas de capa. As chamadas de capa são breves
e o alinhamento as auxilia porque já que são texto sintético a disposição como estão ali
colocados pode trazer um impacto que motive o público à leitura, o que é bastante aprazível.
As fotografias de capa em sua maioria são sempre de tamanho que abranja a
totalidade do espaço, muitas vezes indo além dos seus limites. Ocupando a página inteira, as
fotografias costumam ser coloridas e desempenham papéis importantes como auxiliar a capa
a propagar o veículo, como também corroborar para a sua identidade visual.
As capas de Elle possuem forte personalidade, a confiança nisso se expressa pelas
poucas mudanças ocorridas em seu logotipo e nas famílias tipográficas que as compõem. É
uma revista voltada à moda e ao estilo, que busca atrair novidade e sofisticação do conteúdo
e da forma. O contraste que existe entre as fotografias e a tipografia valoriza o projeto
gráfico da revista, uma marca de sua identidade visual em meio às outras. Por mais que varie
o tema, há um diálogo entre tipografia e imagem de capa de maneira que elas são
complementares, cada uma cumprindo o seu papel na comunicação visual.
Há vezes que a tipografia ganha textura, porém isso é feito de maneira distinta
somente para algumas edições, pois nota-se que a prioridade é valorizar a mensagem que o
título e as breves chamadas de capa trazem, sendo que não podemos negar o fato de que as
imagens sempre tentam protagonizar a capa, já que é uma revista de moda. Queremos dizer
que a textura torna-se presente para reforçar a mensagem que a capa traz, como por exemplo
o uso da textura Matrix no logotipo da Elle Brasil.
Outro tópico que vale a pena analisar, apesar de não estar entre as categorias
analisadas, é o fato de que o grid da capa da revista Elle Brasil sempre é respeitado e apesar
de parecer que limita a ideia criativa do designer, a capa da revista Elle fornece grande
oportunidade criativa pelos usos diversos das famílias das fontes que ali estão.
O uso das cores, o alinhamento, o uso de bold ou não, caixas altas ou baixas levam a
uma uniformidade para que haja localização das informações. Sabemos que são vários
detalhes para que tenhamos a tipografia aplicada corretamente. Vamos lembrar que Ali
(2009) disse que a revista dispõe de 5 segundos para atrair atenção do leitor e que nesse
intervalo deve transmitir a identidade e o conteúdo da publicação, assim devemos considerar
que o investimento em tempo para o desenvolvimento da capa de revista é de grande
316
importância pela responsabilidade que a mesma possui, como já dissemos em vários
sentidos, para o sucesso do veículo.
Como pode ser observado, as capas da versão impressa são as mesmas da versão
digital, sendo que a legibilidade e a leiturabilidade dependem não só do planejamento da
equipe de profissionais da revista, que se apropria dos diversos elementos da tipografia para,
ao lançar mão deles, dar movimento, contraste, dinamismo e destaques, como também exige
criatividade na escolha dos destaques e como apresentá-los e sintonia com a equipe editorial,
preservando a sintonia entre fotografia, tipografia e conteúdo editorial. Para que esse
equilíbrio se dê também na versão digital, uma vez que o meio é outro, é preciso pensar nos
impactos das escolhas para a legibilidade no meio digital e nas condições de recepção do
leitor. As adaptações, como vimos, se não dão no nível da usabilidade, que promove ajustes,
nas eventuais perdas de legibilidade, conforme mencionamos a seguir.
Quanto à Usabilidade
Um primeiro aspecto a considerar é quanto ao tamanho da tela, que proporciona
maior conforto visual e mantém em alta a legibilidade e a leiturabilidade. Pode-se constatar
que, em todas as capas analisadas, apenas nas capas de números 4 e 7 houve prejuízo, sendo
que o elemento COR causou o conflito quando aplicado sobre fundo e tipografia. Isto vai ao
encontro do que comentamos no Capítulo 1, item 1.5.5, abordando o design gráfico no
contexto dos meios da comunicação: “A expressão do design gráfico deve ocorrer
continuamente em ambientes onde possa haver percepção e entendimento do que ele
pretende transmitir seja através da forma, da cor, do texto etc.”. Complementamos com as
considerações - também citadas anteriormente - de JiEun Kim, da Samsung que afirma:
Na minha opinião, uma boa fonte deve ser claramente legível, mesmo depois de longas horas de leitura. Mas isso não significa que há uma fonte universal que é melhor para todos os dispositivos; dependendo das diferenças de resolução de tela, tamanho de tela, proporção e até mesmo cores de fundo, a mesma fonte pode parecer bastante diferente em dispositivos diferentes, explicou Kim (SAMSUNG, 2015142).
Outro ponto a considerar é que o smartphone é o dispositivo que requer maior
interatividade com a tipografia da capa pelo simples fato da tela ser pequena. A usabilidade
142 Disponível em: https://news.samsung.com/global/create-the-face-of-galaxy-devices-font-designer-jieun-kim. Acesso em 18 fev. 2017.
317
é mais evidente quando faz-se necessária a leitura no smartphone e o touch é fundamental
para a ampliação do tamanho das letras, imagens etc., com o objetivo de que o leitor tenha
condições de enxergar e entender o conteúdo. Conforme apresenta Lupton (2015), os
diversos tipos de gestos e toques ajudam a compensar algumas perdas, especialmente
quando se trata de telas menores. A autora complementa fazendo considerações ao designer
quando o mesmo busca alternativas para que haja condições do público alcançar o conteúdo
satisfatoriamente, sendo que para isto pesquisam formas de interatividade. Vejamos:
À medida que os designers exploram novas abordagens de interatividade, a linguagem padrão da navegação vem se expandindo. As telas de toque apresentam uma relação diferente entre o usuário e o conteúdo, agregando um rico vocabulário de gestos ao léxico consagrado da interatividade. A tela de um tablet ou dispositivo móvel pode ser pequena, mas se expande neste novo mundo de toques e gestos (LUPTON, 2015, p. 108).
No caso de Elle é necessário ampliar a imagem para ler todas as chamadas de capa -
sendo que ao ampliar teremos condições de verificar todos os detalhes das fontes. As
imagens ampliadas não apresentam distorção, ou seja, há planejamento para que sejam
utilizadas em todos os dispositivos e que sejam preservadas as suas características. Torna-se,
então, necessário afirmar que a produção do conteúdo deve estar de acordo com o uso amplo
em todos os dispositivos e que este conteúdo esteja preparado para ser expandido, reduzido,
levado de um lado a outro na tela etc. para que a leitura e a legibilidade sejam de padrão
satisfatório àquele receptor das mensagens.
Conforme Suzana Barbosa, e as pesquisas citadas nesta tese, o smartphone já é
considerado o dispositivo por meio do qual mais se acessa conteúdos digitais. Portanto, a
boa experiência do público receptor com o veículo deve ser plena e o smartphone, então,
deve ter grande relevância na preparação das capas digitais, quando não do restante da
revista também.
Uma outra observação quanto à usabilidade é que no notebook a capa não possui
adequação para aparecer inteira: é preciso rolar a imagem para conhecer a capa como um
todo. Diferentes, nos demais dispositivos, inclusive no desktop utilizado.
Este é o padrão do aplicativo GoRead. Assim, mantém-se a satisfação dos leitores
quando utilizado este dispositivo. No que diz respeito à tipografia, permanece a afirmação
de que funciona plenamente nesse dispositivo não somente pelo tamanho de sua tela - que
apenas perde para a tela do desktop que utilizamos - mas que teria tamanho muito similar às
318
telas mais usadas em desktops no Brasil, apresentando ótima qualidade para todas as
utilizações das fontes em sua capa.
Temos aí a constatação de que a rolagem é um dos artifícios que podem ser
utilizados para atingir satisfatoriamente o receptor sendo que o nível de sucesso quando
analisados pelo foco das subcategorias visibilidade, consistência e affordance é muito
positivo.
No que diz respeito à imagem da capa em si, vimos mais uma vez que quando há a
necessidade de ampliação da imagem, a Elle não perde as suas características (não distorce,
não granula etc.). O uso do design responsivo valoriza a questão da flexibilidade como
condição necessária para que a mensagem seja adaptada ao dispositivo que a apresente,
acomodando-se de forma tal que mantenha o estímulo e a motivação para que o receptor
continue absorvendo o conteúdo exposto. Repetimos abaixo o que Lupton (2015) afirma: Os adeptos do designer responsivo planejam e desenvolvem páginas da web que exibem seu conteúdo de maneira diferente dependendo de como o usuário estiver visualizando o site ao invés de criar versões diferentes e autônomas para diferentes dispositivos (LUPTON, 2015, p. 56).
Ao confrontar legibilidade/leiturabilidade e usabilidade percebemos nas diversas
plataformas digitais, percebe-se que as demandas para uma boa comunicação visual, para a
identidade do veículo, para uma revista que exige estilo e sofisticação, para um público mais
jovem e feminino são contempladas.
319
CONCLUSÃO
Tratamos, neste estudo, de um dos principais elementos da comunicação visual: a
tipografia. Marcamos sua presença sobre um dos mais tradicionais meios de comunicação: a
revista. Buscamos um ambiente que contextualiza a nossa época: a tecnologia em plena Era
da Informação.
Durante o nosso trabalho fizemos uma longa visita à história tipográfica - o que, pela
profundidade, nos despertou o sentido visual de tal forma que foi natural estabelecer uma
conexão direta entre passado e futuro, junto com o que encontramos hoje na tipografia
digital presente nos dispositivos móveis: o “re-conhecimento” da importância da tipografia.
Este se faz porque ela não somente documenta a escrita por meio de formas que a mesma
possa ter, mas também porque ela nos caracteriza enquanto identidades sociais,
marcadamente históricas. Queremos dizer que a tipografia auxilia na identidade de um
produto humano, veiculado em um meio de comunicação quando se conecta com o seu
receptor, o seu público-alvo.
Para fazer o percurso desta tese uma necessidade inicial nos levou a esse estudo: a
inquietação do conhecimento. Assistir as mudanças e não envolver-se com elas poderia
caracterizar um pesquisador que não está, em sua origem, apto para as tarefas que a pesquisa
científica requer. Como diz Rubem Alves:
[...] o cientista não é um discípulo mudo perante os fatos. Os fatos (...) O cientista é o juiz. Faz perguntas. E pergunta porque a sua razão só se satisfaz ao compreender o complô, a trama, a teia de relações que torna os fatos inteligíveis (ALVES, 1981, p. 108).
E, em nosso caso, o incômodo tornou-se praticamente cotidiano. Chegar à decisão de
pesquisar mais profundamente a tipografia digital foi tão natural quanto é hoje ligarmos
nossos aparelhos conectados à internet e encontrá-la ali presente.
As transformações que o design gráfico vem sofrendo demonstram a sua
territorialidade, força e a necessidade de sua presença em meio aos veículos de
comunicação. Ser perene, em meio a tantas transformações tecnológicas e sociais, e ter
consigo o investimento de empresas, indústrias e profissionais que: adquirem equipamentos,
compram softwares, buscam ampliar seus conhecimentos em cursos de capacitação,
experimentam novas formas de uso da tipografia em tantos suportes - sejam eles impressos
320
ou digitais - mostra que o design por si só é uma ferramenta necessária à comunicação na
sociedade.
Temos que reconhecer o valor que as artes gráficas emprestam à imprensa nacional,
devido aos produtos editoriais que a mesma industrializa e muitas vezes aprimora para que
sejam atendidos não somente os desejos de seus leitores, interlocutores, receptores mas
também que se chegue à população de maneira geral e que todos possam ter acesso ao
produto gráfico de acordo com as suas possibilidades.
Nosso percurso teórico elencou autores que contribuíram para contextualizar a teoria
da comunicação com nosso tema, a comunicação visual, sobre a qual sentimos falta de
literatura à disposição em nosso país - mas que, nos estudos liderados por Ken Smith,
pudemos encontrar pistas nas discussões sobre a comunicação e a visibilidade. Dondis, com
as características dos elementos da comunicação visual, nos permitiu elaborar um quadro
onde tornou-se mais didática a visualização de todos os itens para analisar, categorizar e
especificar o que poderia ocorrer com a presença tipográfica além da própria anatomia que
ela possui. Canevacci e Bestley e Robles também foram fundamentais para entender as
raízes da comunicação visual sob a abordagem antropológica e também a estrutura da
pesquisa teórica no campo da comunicação visual, respectivamente.
Em outras questões, específicas da tipografia, tivemos Pierre Duplan, Erik
Spiekermann e Ellen Lupton; estes, apesar de terem nascido em anos bem diferentes,
contribuíram para as definições da linguagem tipográfica e das especificidades históricas e
da construção, estrutura e denominações de fontes tipográficas, assim como os contextos por
onde desenvolveram-se na história. Para o design editorial, Zapaterra foi a autora com maior
impacto em nossos estudos, pois colaborou para os temas que trataram da convergência do
uso da tipografia com o ambiente do design editorial, já que nosso suporte de estudos foi a
revista - inclusive, junto a Ellen Lupton, abordou a tipografia nas telas. Já Ellen Lupton
contribuiu grandemente sobre a tipografia nas telas pois o desenvolvimento de experimentos
feitos por essa autora são bastante valiosos para as questões tipográficas na atualidade. De
outro lado Priscila Farias é a única autora brasileira que voltou seus estudos à tipografia
digital, porém com abordagens mais voltadas à semiótica e à construção de famílias de
fontes para o digital, mas que nos permitiu apresentar os elementos essenciais ao tema,
como a busca de uma definição para o que denominamos tipografia digital em nosso
contexto nacional e também como a tipografia é vista pelo foco de representações de
sentidos da mensagem visual. As questões da interação homem-computador e as bases de
321
usabilidade, acessibilidade e legibilidade tiveram a maior contribuição vinda de Yvonne
Rogers.
Acerca de revistas e revista feminina, pudemos nos balizar em estudos de Dulcília
Buitoni, Maria Celeste Mira, Marcia Benetti, Marília Scalzo, Bianca Alighieri e Fátima Ali,
as quais deram várias contribuições a partir de suas perspectivas - práticas e teóricas - sobre
o papel da revista, suas características como veículo que permite o exercício do estilo textual
e gráfico e o aprofundamento da notícia, devido à sua especialização e segmentação de
público. Além do conjunto de nossas referências, contamos ainda com a entrevista com
Suzana Barbosa, pesquisadora especializada em jornalismo digital e que possui estudos
sobre revistas em plataformas digitais.
Optamos pelo meio de comunicação revista, a qual tem por característica - salvo
alguns casos - a oferta da informação vinda em textos e imagens (fotografias, ilustrações,
projetos gráficos com a tipografia em variadas formas de se apresentar etc.). São necessários
mais aprofundamentos, análises, diagnósticos que possam estruturar a forma como a
tipografia digital acomodava-se neste meio, dada a sua importância para a percepção da
mensagem. Seguimos então em busca de resposta para a nossa pergunta problema: Como se
apresenta a performance da tipografia na capa da publicação na versão digital, para atender
satisfatoriamente os requisitos do controle da produção dos elementos visuais que compõem
as capas de revista nesse ambiente? Como a tipografia digital ali se comporta?
Para responder à pergunta problema, dividimos a nossa análise em duas grandes
categorias: Legibilidade/Leiturabilidade e Usabilidade. Para cada uma criamos
subcategorias, as quais foram definidas a partir da pesquisa bibliográfica. A partir disso,
podemos concluir que, primeiramente, para analisar a tipografia digital é essencial observar
as características do meio e as condições de recepção do público. É dessa forma que a
comunicação visual por meio da tipografia no meio digital se realiza. A
legibilidade/leiturabilidade depende das condições de usabilidade do meio, portanto, a
performance eficaz da tipografia digital não se efetiva sem se considerar as condições de
usabilidade.
Nesse sentido, é possível destacar que o design nem sempre leva em consideração
essas condições, pois é necessário ter profissionais que considerem o processo de
comunicação, na sua complexidade, no âmbito da produção e da recepção, da forma e do
conteúdo e do acesso tecnológico.
322
No caso da Elle Brasil, constatamos que o tamanho das telas é de grande valia para
boa leitura e conforto visual, assim como o fato de que a tipografia digital carece
fundamentalmente de estar ajustada para as mais diferentes formas de visualização
(diferentes dispositivos de acesso à web como desktops, notebooks, tablets e smartphones),
sempre que houver a migração da versão impressa para a versão digital e sua oferta
simultânea. Por isso, ter performance eficaz na comunicação visual é um exercício
simultâneo de aplicação da tipografia em dois meios que se relacionam, o digital e o
impresso, que se tornam hoje expressões de identidade visual das revistas (e de outros
veículos jornalísticos), como a Elle Brasil. Nesse aspecto o papel do design gráfico e da
tipografia (impressa e digital) se tornaram ainda mais complexos.
Além disso, verificamos que no ambiente digital a usabilidade foi o grande fator que
trabalhou em prol da tipografia nos experimentos e análises que fizemos, pois apesar de em
algumas capas da amostra analisada não apresentarem tipografia de maneira satisfatória, nas
subcategorias de análise da usabilidade vimos que é possível haver certo ajuste que venha a
deixá-la ideal, como por exemplo o uso do touch, para redimensionar o tamanho das fontes
e/ou arrastar telas e imagens (fotografias, ilustrações, textos etc.).
Quanto à acessibilidade, estas dependem principalmente dos recursos dos
dispositivos, no caso da Elle, eles estavam prontos a atender as necessidades dos receptores
nas suas necessidades, inclusive os portadores de algum tipo de deficiência visual. Porém,
observamos também que a cor é algo que a usabilidade não tem como resolver. Em algumas
capas da Elle Brasil na amostra selecionada, determinadas cores em contraste com a cor do
fundo prejudicaram a legibilidade. É fundamental ter cautela para aplicação de cores,
especialmente em se tratando de tipografia. A necessidade de testes em todos os suportes é
necessária, para a melhor legibilidade/leiturabilidade.
Também observamos que a boa performance da tipografia, no caso da revista Elle
Brasil, é usada para representar a identidade da revista como se fosse a sua própria letra, o
seu estilo de escrita. No ambiente digital, ela assume o papel da representação visual da
linguagem escrita da revista. E mais: estando presente em dispositivos digitais, promove a
legitimidade das versões impressas da revista quando online, pela ampla possibilidade de
acesso à publicação por meio dos dispositivos digitais e móveis. A revista adequa-se ao
outro ambiente e amplia a sua presença na mídia, agregando recursos multimídias (audio,
vídeo, touchscreen, telas de retina etc.), além de a interatividade com o público se ampliar
em muito. Nas nossas análises em todas as versões para todos os dispositivos utilizados, a
323
tipografia de cada edição da revista Elle Brasil apresentou-se majoritariamente preparada
para atender as necessidades de leitura com o uso dos dispositivos digitais, seja para o
simples toque ou clique, seja para ampliação, seja para deslocamento horizontal, vertical,
diagonal das telas etc.
Elle Brasil dedicou-se a preparar sua presença em ambiente digital, planejando o uso
de sua tipografia quando, nos anos 2000, passa a ser oferecida a versão brasileira via
internet. Conforme demonstra seu histórico e sua presença atual em várias plataformas pelo
mundo, é um produto editorial que acompanha a evolução social e tecnológica, com uma
identidade visual consolidada, mantendo a tipografia como estratégia e performance eficaz
para atrair o leitor e estabelecer uma comunicação visual. Consideramos adequado trazer
aqui, como reflexão, o final da entrevista concedida à revista Veja (páginas amarelas, início
da edição do dia 02 de novembro de 2016) pelo professor do MIT143, Erik Brynjolfsson -
autor de A Segunda Era das Máquinas, livro onde ele afirma que é o desenvolvimento da
inteligência artificial que levará a humanidade a uma transformação só comparável à
provocada pela Revolução Industrial. Porém, quando questionado sobre “o que os
computadores jamais conseguirão desenvolver?” O professor responde: “Atualmente, está
muito claro que os computadores são ótimos para encontrar respostas, mas ainda não são
capazes de desenvolver questões. Essa habilidade e até agora parece ser unicamente humana
e tem alto valor”.
Refletir também sobre o quão é presente e dinâmico o movimento da cultura da
convergência, a qual impacta e colabora para que as “trans-formações” culturais e
tecnológicas mudem a vida cotidiana, pela apropriação dos sujeitos - tanto para o bem,
quanto para o mal. A tecnologia trouxe Gutenberg com sua prensa de tipos móveis - uma
revolução em termos de práticas sociais e culturais. A tecnologia digital nos traz a internet -
com o ciberespaço e a ubiquidade tecnológica, que implicaram em novos modos de produzir
revistas e de fazer leituras e trocas de informação sobre o mundo e pelo mundo.
Assim, em futuros estudos há a necessidade de se considerar que a capacidade de
leitura do mundo, através dos meios de comunicação, poderá ser influenciada pela busca
incessante do diálogo entre tipografia, fotografia e conteúdo editorial em produtos
jornalísticos, aliadas às potencialidades do meio e as condições de recepção e de interação -
o que representa o processo de comunicação. Pensamos que mais que os meios serem 143 MIT: Massachusetts Institute of Technology (EUA).
324
mensagens, como nos ensina McLuhan, que meios e mensagens são dois lados da mesma
moeda. Por isso é preciso avançar em novos estudos sobre essa relação, que se caracteriza
nas midiamorfoses entre impresso, eletrônico e digital, e nas remediações que a
convergência nos remete.
O que está por vir será por consequência legítima da evolução da sociedade e o nosso
estudo coloca-se humildemente como contribuição científica ao campo comunicacional para
avançar nos oceanos que, por obra divina, não ultrapassam os limites da beira do mar, mas
que estão cheios de movimentos internos: aqueles que vemos, os que ainda não podemos ver
e os que estão por vir. Apenas chegamos num porto. Os mares da comunicação, do design,
da tecnologia, do homem são infinitos e a ciência foi feita para o movimento, para o
caminhar.
325
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332
APÊNDICES
APÊNDICE A - Entrevista I
Transcrição da entrevista com a Profa. Dra. Suzana Barbosa
Salvador, fev. 2017. 1 arquivo .mp3 (52 min.).
Legenda:
Profa. Dra. Suzana Barbosa: (SB)
Doutoranda Profa. Me. Audrey Duarte: (AD)
Entrevista:
AD: Professora, nossa primeira pergunta, baseada no roteiro enviado anteriormente a você,
é: Sendo a revista um meio de comunicação tradicional, qual é a sua visão para a revista nos
dias atuais?
SB: Dos formatos impressos vigentes, os mais antigos são justamente o jornal e a revista. A
revista é uma publicação diferenciada, com outras especificidades em relação ao jornal
impresso, obviamente. Porém o que hoje eu acho de qualquer revista que se autodenomine
como tal, no sentido de que ainda temos a publicação impressa como um carro-chefe - pois
ela tem o seu público leitor que é assinante da revista, que quer receber a revista - esta
revista tem hoje a preocupação de também poder oferecer o seu conteúdo, seu produto e
também estar presente em outras plataformas. A revista Elle, falando especificamente, assim
como outras revistas semanais e mensais de moda, com as suas especificidades temáticas e
distintas, também têm buscado fazer a adequação a uma outra realidade - e isto já fazem
alguns anos - que é o ambiente digital. Digital no sentido de que ela com a web tem uma
possibilidade a mais de veiculação, isto é, disponibilizar também na plataforma web o
mesmo produto, exatamente o mesmo. Houve muito aprendizado e, obviamente, foi uma
caminhada tão rápida passar a ter produtos com este outro olhar para a internet. Não estou
333
falando que o impresso perdeu a sua importância. Eu jamais diria isso. O que é importante?
Quando a gente fala de convergência jornalística a ideia é justamente que uma empresa
jornalística, uma organização jornalística, tenha que pensar bem no seu produto. Pensar
sobre o seu produto estar circulando em várias plataformas. Não é possível ficar restrito
apenas à forma impressa porque ele tem um público específico que gosta do impresso e
outro que não vai consumir o impresso ou vai, principalmente, para o tablet (e o tablet
acabou sendo um dispositivo que muitas revistas aderiram porque consideraram um
dispositivo sofisticado, com uma tela maior. Mas hoje todas as pesquisas mostram que o
smartphone é o dispositivo principal de acesso à internet, isso em todo o mundo). No Brasil
há uma pesquisa recente, divulgada no resto do mundo, tanto na Europa quanto nos Estados
Unidos, sobre isto.
Então, hoje, a revista como um formato específico já vem passando por algumas
transformações. Quando surgiu principalmente o iPad, surgiram novos produtos
jornalísticos voltados a ele, os quais diziam que formato ideal para o iPad era a revista.
É um produto digital que eu dou um nome de revista, mas é claro que no formato impresso
essa definição clara de uma revista é muito mais fácil perceber, pois quem trabalha na área
digital como designer, com planejamento visual gráfico, tem muito mais capacidade de
mostrar estas características, mas nós consumidores, leitores, pesquisadores, também
conhecemos os formatos e os distinguimos.
A forma jornal, a forma revista, nós sabemos: são muito fáceis de serem reconhecidos.
Portanto, quando a web surge, o jornal permanece chamando-se jornal. Independente disso,
vemos os jornais em outros formatos como os portais de notícias. Os portais jornalísticos
não foram tanto nessa linha, eram muito mais portais de entretenimento. No Brasil nós
possuímos muitos portais nacionais jornalísticos e outros portais. O portal vingou também
como um outro tipo de formato. No caso da revista, como também já tinha um formato
estabelecido, teve também que passar por suas adequações, suas adaptações por conta do
digital e também de outros dispositivos.
O jornal passou por redesenho de gráficos e adequações para atualização, e, no caso da
revista Elle, que é uma revista impressa muito bem diagramada, uma revista de moda, de
estilo, é feminina, com várias características que agregam valor e acabam formando um
produto diferenciado, também houve esta necessidade. Do formato impresso para o digital,
os veículos sempre estão fazendo as pontes. Aquilo que denominamos vínculos, tendo as
334
conexões do mesmo texto do formato impresso alinhado com seu dispositivo, com um
aplicativo onde você possa ler melhor - já que lá há outras opções, até por conta das
propriedades destes outros dispositivos.
Não há uma divisão entre o jornalismo impresso e o jornalismo digital. Creio que essas
divisões hoje já não são cabíveis. Porque? Porque o que nós temos é “jornalismo”. E ele vai
ter produtos em formatos distintos circulando por distintas plataformas. Isso ocorre porque
toda empresa quer fazer o máximo possível para abranger públicos distintos - e os públicos
distintos estão em diversas plataformas.
Portanto é uma atuação multiplataforma, uma atuação convergente, obviamente onde há
aqueles produtos que só circulam nas plataformas digitais e outros já existentes, que quando
surgiram todos esses novos de dispositivos já existiam e agora também passam a adequar a
sua produção, o seu conteúdo para também circular, ser publicado e recircular, esta última
uma propriedade a ser observada nas redes digitais. Seja na plataforma digital web, seja
tablet, seja o smartphone, sejam as redes sociais - isso por enquanto, porque daqui a pouco,
outros tipos, outras possibilidades também serão agregadas, porque não há nada estático. É
preciso ter essa visão. Eu insisto, desde os meus textos de 2013, que o jornalismo se
estendeu. Nós temos um suporte impresso e de repente vem a adequação. Isto ocorreu em
1995, com o surgimento da web - que veio trazendo outros formatos e outras possibilidades.
Então essa mudança já vem se dando há algum tempo. Aquilo que a gente sempre pensava
nas fases do jornalismo na web, na transposição e das adequações que ocorrem para depois
você ter o descolamento de produtos e fatos que passam a ser produzidos com características
desse novo suporte digital não mais tão arraigados, presos ao impresso... O meu discurso
desde a minha tese - e já se vão 10 anos - é que havia uma divisão de sessões na web tal qual
no impresso, e isso tudo foi sendo modificado porque quanto mais apropriação de um novo
meio, quanto melhor se conhece, mais possibilidades se tem ao se apropriar e passa-se a
produzir a partir de uma relação muito mais estreita dentro daquilo que oferece o novo meio.
No contexto dos meios digitais, obviamente, também temos que lembrar que é preciso ter
boa conexão, boas redes etc.
Nós já chegamos em um momento desses e, portanto, hoje nós temos uma diversidade muito
maior de produtos, formatos distintos e isso foi sempre uma atenção que eu tive em observar
diversos formatos. Eu trabalhei com a ideia de portal na minha dissertação, no doutorado já
abri muito mais o olhar, observar outros produtos e ver aonde havia muito mais
335
possibilidade de inovação e isso desde lá. Então, o que a gente tem hoje em contexto de
produto é o mais diversificado, principalmente porque os dispositivos móveis vieram com
muita força desde do iPad, em 2010. Isso abriu uma outra área de expansão para o
jornalismo e hoje, como eu falei, todas as pesquisas apontam que o maior uso da internet em
acesso, seja para ler conteúdos jornalísticos, seja para acesso em redes sociais, e-mail, o que
quer que seja, é via smarthphones. Então, eu acho que a revista, a Elle, como qualquer outra
que não está preocupada olhando para isso, está perdendo possibilidades do seu produto
circular e chegar a muito mais usuários, conteúdos e fidelizar. E no modelo de negócios de
cada uma dessas empresas jornalísticas isso não pode deixar de ser desconsiderado.
AD: Que contribuições o jornalismo digital traz para a revista feminina nos âmbitos político,
social e cultural?
SB: O jornalismo digital traz experiências sobre como é que as revistas femininas,
considerando-as como um segmento específico de produto dentro da área das revistas, estão
fazendo essas adequações. Como foi dito anteriormente: o jornalismo digital traz
contribuição? Não. A revista ela é um formato, ela é apropriada do ponto de vista
jornalístico, como ela também é do ponto de vista da publicidade e de outros tantos
segmentos que se apropriam da revista. Seja como produto de assessoria de imprensa, de um
órgão governamental etc. São diversas apropriações. Quando se fala de um segmento
específico como a Elle, deve-se considerar que ela não é uma revista semanal. Ela é
jornalismo, mas um outro tipo de jornalismo, aquele que chamamos de jornalismo
especializado. É um jornalismo de revista que tem uma outra especificação, que caminha
pela via temática. E se diferencia por diversas características desse segmento. Então, ela é
jornalismo. Ela é uma revista no seu escopo e na sua definição editorial. Ela vem sendo
revista, ela está no contexto atual e de alguns anos para cá vem fazendo as suas adaptações.
Eu não vejo divisão em jornalismo. Eu trabalhei em redação, sou formada em jornalismo,
atuei, trabalhei muito tempo na área e vi isso começar em algumas redações e como se fez
essa mudança, essa adequação e como, até hoje, ainda se tem muitos desafios e muitas
dificuldades na cultura profissional dentro de uma redação quando você quer implantar
mudanças. Isso ocorreu lá atrás, na chegada do computador na redação efetivamente. E isso
afeta o produto? Claro que sim. Há uma melhoria no produto, do ponto de vista de design
gráfico, de como ele vai ser entregue, como ele é produzido etc. Produzido, considerando
todos os aspectos, de como se produz, de como se chega ao conteúdo, desde a sua pauta, dos
métodos e formas, possibilidade de apuração que a web trouxe, que a internet trouxe nesse
336
sentido de apuração. Como eu apuro, eu tenho muito mais acesso a fontes diversas. Eu não
fico presa. O jornal antes ele tinha fontes muitos específicas de onde recebia informação. E
isso vinha das agências de notícias, por telex, de assessorias. Também tinha outro modo de
operacionalização dentro da redação, com as pautas criadas ali e o repórter, para fazer a sua
apuração, ia para rua, com fontes, telefonando, descobrindo fontes. Desde o uso do telefone
vemos o impacto maior ao longo do tempo: com o próprio uso do telefone atualmente, muita
gente diz assim: “Quase não se sai para rua para fazer matéria!”. Isso é uma crítica muitas
vezes, por exemplo, a portais jornalísticos de internet, a sites de internet; mas o jornal
impresso também é feito muito de dentro da redação, sem muitas vezes sair, então isso é um
outro contexto que afeta pois há seus aspectos positivos e negativos. E o que é negativo? É
tudo que é preguiçoso. Se é feito de um modo preguiçoso, da maneira torpe, é obviamente
que isso não vai ser bom. Porém, quem produz bom conteúdo se destaca e quem só reproduz
do outro - copiando e colando - não tem sucesso, e isso a gente sabe. Então em um momento
em que se discute tanto “pós-verdade” ou aquilo que recentemente a figura do governo
Trump classificou como “verdade alternativa”, para não dizer, notícias falsas, aí então você
acha que tudo é possível de considerar, e não é assim. Jornalismo para ser bom, tem que ser
feito da melhor maneira, da forma correta, e isso tem a ver com a formação profissional.
Aquele que está na universidade e está passando nos cursos, deve saber que não há
facilidade. Você vai precisar correr muito atrás de ter fontes, fidelizar fontes, dizer quem
você é, ser digno com as suas fontes, porque se não, quando eu quiser obter uma informação
de uma fonte, na hora em que eu vá divulgar, acabo publicando de qualquer jeito, colocando
coisas que não foram ditas, eu não vou ter credibilidade, assim como não vai haver
credibilidade o jornal o que se eu faço isso para o meu editor eu estou fazendo uma cadeia
de redes, então esse entendimento, principalmente no aspecto ético também, porque eu acho
que tudo isso é fundamental, então eu não vejo de maneira descolada. Como eu estava
dizendo, é jornalismo, a forma de saída ela é distinta, ela vai para várias plataformas, mas
como que eu faço porque que a revista Elle é de uma forma e outras revistas tem outro.
Claro que ela é uma revista, é uma marca mundial, circula em outros países. Ela tem
certamente do ponto de vista de quem tem o controle dela, ditas algumas normas,
parâmetros que tem que seguir em todos os países. Quando se publica a revista, então se tem
algumas definições que vem de maneira centralizada e quem está nesses postos sabe qual é a
realidade, não é? Então se você vai querer um produto descolado, totalmente de uma
realidade, um contexto que se vive hoje da mulher que é a consumidora da revista Elle, que
é a mulher que trabalha, é a executiva, é a adolescente também, então se tem um público
337
muito distinto, feminino, mas com variações dentro desse grupo específico, mas ela está
fazendo o trabalho dela. Assim como se a gente for falar de algumas outras revistas
semanais que são jornalísticas, com suas sessões específicas, mas tratando temas como
revistas semanais que é distinto de como a abordagem que vai ter de outros sites
jornalísticos que trabalham muito com a atualização contínua, e isso é quando a web surge, e
isso vai lá na segunda metade dos anos 90 quando se aprendeu a produzir aquilo que se
chamou de o uso do tempo real. E o tempo real não ficou específico e preso a sites
jornalísticos ligados a marca de jornais, mas também de revistas, revistas semanais que
quebram a sua temporalidade produzindo notícia o dia inteiro, porque isso forçou também a
mudança interna, tem que ter redações, jornalistas que produzem não só para aquele produto
semanal, mas também para o diário que está ali no site, não é? Então é um contexto maior
que aí eu acho que essas revistas, obvio as revistas, que eu estou falando aqui em específico,
mas qualquer produto hoje não está desalinhado, aquele que está, está perdendo tempo,
oportunidade, por isso que eu não faço, não diria que contribuição o jornalismo dá para a
revista. A revista está inserida em um contexto de jornalismo que hoje se tem muito mais
complexo, ou como quis ou chamou aquele relatório lá, que foi divulgado em 2013, da
Columbia, do jornalismo pós-industrial, se assim se quiser “jornalismo pós-industrial”, tem
várias denominações, certo? O importante é entender que hoje nós não temos, porque eu não
faço, para mim é “jornalismo”. Se antes foi importante fazer diferenciação, considerando
isso uma modalidade distinta de jornalismo foi importante. Isso não foi de um dia para o
outro que se estabeleceu. E ainda hoje se tem muita crítica, mas a crítica não está só no
jornalismo que é feito na internet. Está no jornalismo como um todo. Fazer telejornalismo,
hoje, da maneira temos em alguns formatos de telejornais a mim acho que já não é o
suficiente para informar, para educar uma população que pouco sabe da sua realidade e que,
notícias jogadas rapidamente não informam quem não está acompanhando, não lê;
efetivamente não sabe o que está acontecendo. É por isso que a temos talvez uma população,
do ponto de vista político, que ainda está precisando de muito, muito mais tomar pé da
situação e saber, por exemplo, votar melhor em um país como o nosso.
AD: Professora, o formato da notícia é alterado quando ela está impressa e depois vai para
uma plataforma digital?
SB: Como eu disse, um conteúdo que é pensado especificamente para o impresso vai
diretamente, às vezes, estar no site? Vai. Do mesmo modo que vai estar na revista? Vai. Se
essa é a forma que ela produz. Em outros casos dependendo da pauta daqui que ele vai
338
distinguir, ele pode estar com um outro tratamento, uma outra adequação para estar
publicado naquela outra plataforma, então nós temos vários formatos distintos hoje. Como
aquilo que veio como snowfall de jornalismo, que são aquelas reportagens imensas onde
você tem tudo integrado: vídeos, infográficos, linhas de tempo: tudo aparece de modo
integrado. Então são peças que são obviamente muito mais demoradas para serem
produzidas e, em muitos casos, aqui no Brasil, a produção desse tipo de conteúdo é colocado
como especial - mas no dia a dia com toda a situação que está ocorrendo - redução de
equipes, momento de crise - há muita coisa que se vê exatamente igual, até porque muitos
jornais têm um padrão de matéria de três, quatro parágrafos, por exemplo. Já no caso das
revistas, o que pode ocorrer? Muitas vezes, se eu sou leitora e acompanho a revista, eu quero
ir lá no site dela e comprar algo exatamente, o mesmo conteúdo. Porém isso não significa
que ele não possa me oferecer mais. Se eu vejo uma peça de um estilista que está na revista
Elle, eu posso ter muito mais daquele mesmo estilista desenvolvido em conteúdos que estão
lá no site ou na edição específica para tablet. Isso quer dizer que a forma de tratar este
conteúdo pode ser diferente e pode com isso estar apropriando-se de outras características e
possibilidades que os dispositivos móveis, por exemplo, ou a própria web oferecem. Então é
distinto, mas eu vou ter sempre aqueles conteúdos que são transpostos, como dizemos. É a
transposição de como a notícia foi publicada: da mesma forma como ela foi impressa, aquele
mesmo conteúdo é o qual vai estar lá no site, vai estar na edição do tablet, vai estar no
celular - mas eu posso além disso combinar ter outros conteúdos que me ofereçam mais pois
eu tenho mais possibilidades. Quando se falava de tudo o que o hipertexto dava ao
jornalismo lá atrás, quando ninguém sabia o que era isso. E há também o recurso do
hiperlink - o hiperlink foi específico do jornalismo. O jornalista passou a empregá-lo como
hipertexto e isso teve toda uma forma diferente de fazer. Não é só incrustar aqui o link. Vou
agregar um hiperlink no conteúdo para a pessoa ir até o site dessa organização, como um
Ministério, o Procon - ou algo assim que está citado na matéria. Isto é o básico. E lá atrás,
bem no início, ainda era mais complicado: você tinha que fazer tudo isso escrevendo um
código. Os sistemas de publicação de conteúdo evoluíram bastante para ficar e se tornarem
adequados ao trabalho e às necessidades jornalísticas. Então eu não sei qual é o sistema
publicador da revista Elle. O sistema publicador vai dizer muito sobre o que eu posso fazer.
Porque sem um bom sistema publicador certamente pouco poderá ser feito. Atualmente acho
difícil que tenham publicações desse tipo como a revista Elle que não possuam um bom
sistema de conteúdo porque isso é definidor daquilo que vemos - chama-se front end de um
site. Mas é o back end, lá atrás daquilo que eu produzo, como eu faço, que vai me dizer se
339
eu posso usar fotos, se eu posso usar vídeos e o que mais eu posso fazer. Qual é o formato
definido para aquele conteúdo? Porque eu posso ter um padrão de dois parágrafos de
abertura e no outro eu tenho que continuar de outra forma. Isso é de cada organização. Isso
difere. Isso tem a ver com os princípios editoriais e com outras especificidades de cada
empresa, de cada organização jornalística. O que é o foco paro O Globo e para o Estadão
não é o mesmo de um site como a agência pública, que é focada em outra área. Então o
interesse é outro. Portanto ela tem conteúdos muito mais densos, mais longos no tamanho, se
a gente quiser. Então isso tudo é um conjunto de características que vai definir aquilo que eu
vejo como produto é obvio, o resultado de uma revista desde a capa é o que eu tenho de
profissional, o que eu tenho de possibilidade de tecnologia que eu uso, softwares de
tratamento de imagem, o próprio sistema publicador. Porque o sistema publicador tem que
dar o suporte a redação como um todo, ela sendo o produto que vai para o impresso, o
produto que vai para o site, o produto que vai para a plataforma móvel, tem que integrar
tudo isso.
AD: O tráfego de dados para uma revista em plataforma digital, deve sofrer alguns ajustes
para que ela possa permanecer na mesma qualidade de impacto que a revista impressa tem,
em termos de comunicação visual. A senhora concorda com isso?
SB: Veja só, como eu falei. O produto para ele estar disponibilizado na plataforma digital
ele tem que observar o que é preciso para isso, do mesmo modo o impresso. Eu tenho que
ter boa qualidade de imagem, ela tem que dar dentro da definição para o formato da
imagem, como que é, em alta resolução, para estar no impresso, para imprimir, e ela tem que
estar em altíssima resolução, muito boa. No caso do site ela também tem que estar adequada
aquilo o que é o padrão para então, isso é tudo um aspecto muito técnico, mas isso passa por
um trabalho de pessoas que obviamente entendam dessa área. E isso tudo precisa de fato de
gente que conheça, que observe e que saiba aquilo que é o resultado que vai sair que garanta
de não terá surpresa ao imprimir um exemplar, dele sair borrado, dele não ter boa definição
nas imagens, no texto e tudo mais. Como se criticava que o jornal sujava tudo, a tinta saía na
mão, o jornal era só preto e branco, era o preto que estava ali, a tinta. Dos tipos móveis a
dificuldade se tinha para fazer, então isso evoluiu, evoluiu com a melhoria técnica. Não dá
para falar de jornalismo dissociando de técnica, técnica como tecnologia. O jornalismo
desde sempre existiu por isso. E ao longo dos anos, dos séculos, foi evoluindo também nesse
aspecto. É tudo conjunto, não é separado, não tem como.
340
AD: Quando a gente vai para a capa, a capa da revista, quando nós pegamos a capa de uma
revista impressa conhecemos, agora, quando essa capa vai para o meio digital,
especificamente da Elle, vou tratar da Elle, você pode acessar a Elle se for assinante, como
se ela fosse um e-book, e você também entra em um portal da Editora Abril chamado M de
Mulher, onde a revista Elle ela está fragmentada, estão com as mesmas notícias, porém
fragmentadas, e a capa da Elle ela se torna apenas um pedacinho como quando a gente vai
ver no site da Folha de São Paulo, a capa da edição. Então assim...
SB: É, porque aí é diferente. É aquela história se eu quero a edição do dia, eu quando acesso
o site da Folha ou um site local daqui de Salvador, eu quero ver o que está destacado. Mas
eu, a minha preocupação eu quero ver qual é a capa do impresso, o que foi destacado como
manchete, porque aí eu vou saber qual é a hierarquia em um site, então, porque é de distinto,
é uma homepage de um site. O formato e-book da revista, de como eu vou passar, ele é
distinto, e como eu vou priorizar a maneira como ele vai ser lido e o que eu vou colocar
como na hierarquia de conteúdo às vezes pode não ser exatamente o que está lá, mas eu vou
ter que ter a imagem da capa, e se eu quiser navegar, folhear “revista do mesmo modo que
ela está”, isso também está oferecido. Em muitos casos sim. O Globo me dá essa visão
exatamente, se eu entro no site e eu vejo que é em geral a manchete do dia, ela está
contemplada na homepage logo cedo. E ao longo do dia ela vai tendo atualizações por conta
do dia-a-dia, tudo isso é muito dinâmico, então, eu posso clicar na imagem da capa e
navegar página por página, tal qual a edição impressa. Então é são oferecidas várias
possibilidades, não apenas a especifica que foi impressa que está na banca ou que chegou na
casa do assinante. Do mesmo modo a revista, ela não pode apenas oferecer tal e qual a
edição que está lá e eu transfiro, certo? Tem alguns casos de jornais, por exemplo, que
fazem tratamento diferenciado. Eu tenho revistas dominicais, em alguns casos, que eles não
põem tudo, primeiro eles só vão dar aquela matéria especial, reportagem especial, um dia
depois, às vezes.
AD: Vamos lá! Professora, qual é na sua opinião enquanto jornalista, pesquisadora, o papel
da capa de uma revista mediante a esse leitor? E já emendando, esse leitor é diferente? O
leitor mudou? A capa da revista se adequou?
SB: Isso tudo é especificamente a função do leitor que vai lhe dizer, vai responder melhor.
Mas a capa, assim como como a homepage de um site, tem entradas possíveis para você. Ela
é um guia, me destaca, e eu vou acessá-la. Então o paratexto ou os paratextos, que autores
trabalharam, mas o texto na internet, o texto sem olhar exatamente sobre o texto jornalístico,
341
faz muito mais essa discussão, essa abordagem. Considerando o hipertexto e o paratexto,
devemos ver o que é que muda no leitor, como é que ele acessa. São pesquisas de recepção
para poder verificar melhor. Em trabalhos que vão mais por essa linha, podem ser uma
possibilidade de você verificar melhor, mas a capa é uma entrada. Não é à toa que ali
despende de muito tempo para eu saber, como no jornal, qual é a manchete, qual é o
tratamento da imagem que vai seguir, nem sempre às vezes é a mesma imagem da revista.
No caso da Elle, ela se destaca no seu ensaio mais importante com uma modelo usando
algumas peças e os destaques daquela edição. Então são ali vários paratextos como a gente
chama, pode-se classificar de possibilidades de entrada, de leitura, eu sei que tem, está
destacada ali, quando eu entro eu já quero ir direto naquela matéria que me interessa. Mas
eu, diariamente abro sites noticiosos, vendo a partir da homepage, é diferente, é minha
preocupação, meu olhar é outro. Eu não posso te dizer que eu sou um público, um alguém
do público que é alguém que não tem essa preocupação, eu quero entrar lá porque eu quero
ver outras coisas. Porque eu sou jornalista, porque eu sou professora e porque eu sou
pesquisadora, então eu tenho outras preocupações, que não são as mesmas, por exemplo, dos
meus orientandos que já não navegam assim, do mesmo modo, então, isso que fala da
recepção aí é distinto, você precisaria fazer uma pesquisa para verificar. Sempre foram feitas
pesquisas para saber como se navegava, o que que era importante para cada um, e não será
igual. É aí que entra a diversidade e os desafios que trazem para os sites, para o jornalismo
de um modo geral, porque esse controle do leitor, texto no jornal, não quer dizer que se eu
pegar a edição, todos os cadernos, eu vá ler tudo, e eu vou fazer as minhas escolhas. Na
revista é do mesmo modo, eu posso passar todas as páginas e eu vou parar em algumas.
Então a forma de consumo ela varia, mas a capa é uma porta de entrada daquilo que você
estava mostrando, que você tem aquela edição, do mesmo modo a homepage. Mas a
homepage vai poder integrar muito mais, porque ela tem o que a tecnologia lhe permite, eu
tenho uma homepage muito mais longa ou muito mais curta, eu adéquo, isso é de produto
para produto. Alguns seguem uma linha outros seguem outra, mas isso é muito mais
complexo, que eu acho que você está entrando em uma outra área que é da recepção. E se eu
falo de produção de conteúdo, eu estou falando de produção, estou falando de circulação,
estou aí. Se eu estou falando de um modelo de negócio eu estou aí, se eu estou falando de
como o leitor vê isso, aí já é recepção. E aí já é uma outra área, que exige mais no sentido de
referencial e de acompanhar esse olhar e de como a pessoa realmente de fato está
consumindo. E as pesquisas sempre mostram o que é distinto, o comportamento é distinto.
Nem sempre a pessoa clica em um, todos clicam no mesmo, não é à toa que os sites
342
mostram lá as mais lidas, as mais vistas, as que mais tem e-mail que as pessoas reenviam,
isso é aquilo que a gente chama de estatística dinâmica de um site, que é uma das
características, que é quando as bases de dados foram sendo mais integradas, e como se
trabalhavam o sistema de conteúdos desse site, os sistemas publicadores melhor dizer.
Então, justamente porque eu estou querendo saber como é que meu site é lido, e o que que é
mais lido naquela edição diariamente. Hoje é o que, a gente já tem outras questões de
mensuração editorial que é a temática da tese do meu orientando do doutorado. Ele está
trabalhando a questão de mensuração do editorial, das métricas de como isso afeta a
produção jornalística hoje, então são aspectos que vão influenciando toda a forma de se
produzir, de fazer circular, publicar, circular, editar e consumir o conteúdo jornalístico. Isso
falando de revista, falando de jornal, de site, do que quer que seja, de qualquer coisa. Tipo
uma rádio: está ali transmitindo e não deixa de ter várias telas para verificar. Isso que eu
estou falando de métrica, como é que está sendo o acesso dele, como é que está, quem está
ouvindo a rádio, o áudio, quem que está na internet, quem está acessando, porque isso gera
métricas que implica em mensuração editorial que vai atingir a questão de publicidade, de
anúncio etc, etc, etc. Até o que diz respeito a própria produção de cada repórter ter, então ele
chama isso de um critério de noticiabilidade que é agregado atualmente, e da complexidade
que se tem.
AD: Professora, você acha que com a evolução tecnológica a capacidade das pessoas que
lidam com a produção visual da revista, dos aspectos do tratamento das imagens, dos textos,
etc., tudo o que compõe isso, o controle da qualidade ele ficou mais fácil de acontecer?
Ficou mais tranquilo, digamos assim, para quem é responsável por isso com a tecnologia?
SB: Olhe só, eu acho que a tecnologia deve trazer várias ferramentas para quem trabalha
com isso avaliar, aí eu não teria como responder. Teria que ouvir de quem faz essas revistas,
porque é óbvio que a tecnologia vai trazer vários softwares que ele vai acompanhar. Pode
trabalhar isso melhor e pode do mesmo modo ter dificultado. Ter trazido maior
complexidade, exigido maior profissionalização. Não é qualquer um que vai fazer isso. É
preciso ter um olho, um olhar treinado. Não é só a tecnologia em si, mas é, por exemplo,
como se eu não fosse um bom jornalista: eu não vou produzir nada, seja em qual plataforma
for. Então, para mim, o principal é isso, a formação, é o jornalista, do como eu vou fazer. Eu
vou ter em momento distintos possibilidades distintas, e eu vou precisar ter formação
suficiente para agregar isso, certo? No conjunto de habilidades que eu vou precisar
desenvolver, do mesmo modo que qualquer profissional, seja o que lida com o design, o que
343
lida com os softwares, enfim, o engenheiro do software, o planejamento, o design gráfico, o
fotografo etc.
AD: Nós sabemos que há muito tempo atrás a fonte times ela foi desenvolvida para o jornal
The Times. Hoje, porque ela provocava o quê? O melhor conforto visual para leitura de
notícias impressas, e jornais, várias páginas e por aí vai, do conforto visual que se adequava
ao conforto da recepção da notícia e por aí vai. E nós sabemos que existem várias famílias
de fontes. O designer busca uma fonte que esteja adequada não só ao produto de
comunicação, ao veículo, mas ao meio também. Nos colocando como público receptor de
mensagens, quando vamos para o lado da tipografia, lembramos de capas como as da revista
Elle, assim como também lembramos da capa da revista Veja, da capa da revista Cláudia e
de muitas outras revistas. Aquela fonte tipográfica emblemática, que identifica aquele
veículo de comunicação, quando passa do impresso para o digital, em termos técnicos, você
poderia comentar a respeito sobre o que ocorre com a tipografia?
SB: É, eu acho que ele é muito específico, porque está se tratando de identidade visual, é
óbvio que se eu tenho um produto impresso e se ele tem uma marca, eu vou querer o
máximo possível manter uma identidade, é o que eu penso, mas para eu ter certeza disso eu
teria que saber investigar diretamente com essas pessoas, dessa área porque não é a minha.
Mas a preocupação principal é o que? A de identidade visual. É onde quer que eu esteja, em
qualquer plataforma eu vou reconhecer onde eu estou, que site é, e obviamente isso é pela
marca. É a marca e qual é a identidade visual e gráfica que eu tenho. As cores, tudo isso,
então em geral, os sites que estão relacionados a uma marca existente no impresso, ou na TV
ou vice-versa, sempre vai manter a sua identidade visual. Isso é o que se vê, mas outros
produtos que só existem no digital vão tratar disso de outro modo, mas do mesmo vai
assegurar o que ele quer que eu veja, que eu olhe e que eu identifique aquela marca, como
Coca-Cola em qualquer país do mundo, é a mesma forma. A mim me parece, mas eu não
sou profissional dessa área.
AD: Quando a gente fala de três aspectos como a legibilidade, acessibilidade e a
usabilidade. Se nós pegarmos esses três aspectos para a leitura da Elle na plataforma digital.
SB: Aí eu não vou poder lhe responder, como eu disse. São questões muitos especificas da
Elle que você tem que ver com quem está olhando para isso diretamente, ou leitores que
você pudesse observar e depois saber melhor dele o que é isso, que às vezes o leitor não
identifica isso, ele está acessando, isso para ele não é importante. Quem está com tudo isso é
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quem pesquisa, é quem lá está como profissional, quem é profissional de usabilidade, da
web, especificamente falando e em outras áreas, são tão importantes quanto. Tem de quem
trabalhe para impresso quanto para quem trabalha em outras plataformas. Então aí também é
muito específico.
AD: Professora, dentro de um mundo onde a gente vê o jovem ser tão capturado por
imagens, o discurso da imagem nas plataformas digitais ele permite um apelo muito mais
forte do que o próprio conteúdo em termo de texto por causa desse leitor jovem que é tão
acelerado, imediatista?
SB: Não sei se é só o jovem, conheço muita gente que não tem paciência para ler, e são
pessoas de mais 40 anos, às vezes. Isso eu acho que depende muito de qual é o seu interesse
por aquilo que você está vendo, o vídeo tem grande apelo. Tem muito apelo. Toda vez, todo
ano aparece, como o ano do vídeo, só cresce o uso do vídeo na web como formato. É real, as
pessoas vão para o YouTube e assistem, essa é uma geração nova, a chamada Geração
Millenium, Geração Y, consome muito vídeo, é real, eles estão preocupados com isso, não
estão em uma outra linha. Há aqueles dentro dessa camada de jovens novos que também
gostam disso, então eu não sei se é possível dizer isso de uma maneira generalizada, que tem
apelo o vídeo? Tem. A imagem tem? Tem. Foto, slideshow, tudo o que tem imagem, certo?
E hoje se pode usar muito mais imagem, vídeos, porque a rede permite, as conexões hoje são
boas, elas permitem muito mais. E é mais e mais exigidos conteúdos audiovisuais. O
audiovisual é produção de conteúdo de grande apelo, então há cada vez mais uma força para
essa área. Pelos públicos que você também custa atingir. Não é só o texto. Eu não vou
concordar nunca quando se diz: “Na internet tudo é curto, o texto é curto”. Quem disse? É
curto na medida em que eu quero ver, que eu como usuária, como leitora eu vou procurar.
Se eu quiser mais eu vou procurar. Mas é isso: as pessoas nem sempre ultrapassam o
primeiro ou segundo parágrafo de um texto. Para mim, isso vale também para revista e
jornal - mas é do mesmo modo: isso depende de faixas etárias, níveis de interesse, tem aí
outros fatores que eu não creio que dá para dizer assim, mas isso não sou só eu; você tem
que ouvir mais pessoas e que de fato lidam com essa área do que estão observando esse
discurso, o diferencial do discurso escrito, do audiovisual etc.
AD: Professora, você começou aqui a nossa conversando comentando a respeito das
pesquisas que dizem que o smartphone hoje é o aparelho. Você acha que o tablet tem seus
dias contatos?
345
SB: Ah, eu não diria isso. Não sou do tipo de ter essas previsões de que tudo com a data de
como tudo se vê. Eu acho que o tablet quando surgiu em 2010, e ele não é um produto de
2010, nos anos 90 já se imaginava o que seria. O formato, e não se previa a internet nem a
web, isso em 95. Então lá em 2010 é que de fato se concretiza com o Ipad da Apple. E os
primeiros de 2010 até 2013 estavam fortíssimos, inclusive com produtos específicos que
foram por nós estudados aqui no Projeto Laboratório de Jornalismo Convergente e tivemos
vários textos publicados sobre esse assunto. E naquela época, quando estava na época,
muitos produtos sendo criados para tablet, o smartphone era outro dispositivo forte, mais
passou a ter maior protuberância e hoje as pesquisas, como eu falei, estão apontando que o
maior uso de internet dentro de dispositivos como smartphones, porque eles passaram a ter
maior capacidade, cada vez mais boas definições, boa tela, imagem, eu posso assistir tudo,
posso ter tudo. Então é um dispositivo. Se a pessoa pode eleger, ela elege o celular. Ela fica
sem Ipad, muita gente que nem acessa seu computador em casa porque tem seu smartphone,
então é um uso forte. Se como é que vai ficar para o tablet, não se sabe, pesquisas que
podem apontar que ele está com dos dias contados. Eu não diria, porque tudo o que se fala
dessa forma, assim muito categórica, essa afirmação assim às vezes não costuma, às vezes
dar voltas, e a coisa retorna. Então do mesmo modo pode-se dizer que o desktop acabou, que
ninguém usa, é errado, usa notebook. É uma variedade muito maior, agora como dispositivo
ter conteúdos produzidos especificamente para ele, muitas organizações jornalísticas, por
exemplo, que tinham produtos exclusivos para o Ipad já não tem mais. Eles foram fechados,
descontinuados e outros foram lançando muito mais. E hoje o que a gente tem? É o chamado
design responsivo, onde o seu conteúdo está adequado a qualquer tela. Uma vez você
trabalhando o seu produto com o design responsivo, ele vai estar bem na web, na tela do
tablet, no celular, no smartphone. Então hoje é muito mais nessa linha. É o uso do HTML
para produzir aquilo que vai ficar bem em qualquer tela. Justamente porque hoje o contexto
é de última performance. Eu não posso ter um produto no qual eu pense que ele vai estar só
na web. Eu vou me preocupar de como ele vai estar sendo visto no smartphone etc.
AD: Professora, para finalizar última pergunta. O designer ele deve trabalhar em conjunto
com aqueles que desenvolvem, que são os cabeças daquele veículo de comunicação. Você já
falou da própria formação, do profissionalismo desse profissional. O designer ele também
tem que ser um pouco jornalista?
SB: Então, eu não diria, as equipes são multidisciplinares, eu não posso pensar em uma
redação, seja lá qual for sem ter um designer integrado, o profissional de desenvolvimento
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de software, o jornalista etc. As equipes hoje são multidisciplinares justamente para pensar
melhor como vai se produzir conteúdo. Então o designer, não digo que ele tem que ser um
pouco jornalista, ele tem que entender o que está fazendo, o contexto onde está inserido.
Se ele é um profissional que atua em uma empresa editorial e que trabalha com vários
produtos, ele vai ter que saber sobre tudo o que se passa ali. Por exemplo, caso ele trabalhe
em uma empresa que produz capas de discos, ou que ele tem que fazer isso, é distinto, ele
vai ter que entender um pouco, mas eu não preciso do meu modo jornalista se eu tivesse
conhecimento, melhor para mim. Se eu pudesse lidar com o software, se eu entendo disso eu
vou ter um diálogo muito melhor, mas as equipes são multi, elas são interdisciplinares,
justamente para dar conta do que tem de exigência nessa produção, então eu não estou
dizendo que o designer tem que ser um pouco jornalista, ele tem que entender o que é, o que
ele está fazendo e onde ele está. Se ele é um designer da área de conteúdo, ele logo aprende
isso, certo? Quem trabalha com dados, com jornalismo de dados não tem que ser
necessariamente programador, mas se conhece de software e tem bom desempenho nisso ele
vai estar bem mais à frente do que qualquer outro jornalista que já sabe o que é isso.
AD: Professora Suzana, agradeço sua gentileza e a oferta de conversar e trocar seu
conhecimento, suas informações e também em contribuir para meus estudos, minha pesquisa
científica. Foi muito enriquecedor para mim. Deus a abençoe.
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APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) - Entrevista
com Profa. Dra. Suzana Barbosa
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