A APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS COMO UMA

POSSIBILIDADE PARA ENSINO DE LITERATURA NAS ESCOLAS

Mariana Pereira GUIDA (bolsista PIBID/UNIFAL-MG) 1

ORIENTADOR: Prof. Ms. Robson Santos de Carvalho

RESUMO

O artigo que segue tem por objetivo promover apontamentos a respeito do ensino de literatura no ensino bsico, lanando mo de incompletudes nele constatadas para

propor uma ideia de conduta metodolgica que promova um domnio proficiente de conceitos de arte/literatura. Partiremos de um esboo prvio sobre tais deficincias de aprendizagem verificadas em observaes e relatos das aulas tradicionais de literatura

acompanhadas pela pesquisadora na escola-parceira do Programa de Iniciao Docncia (PIBID-UNIFAL), do qual esta bolsista, para discutir a possvel eficcia de

preceitos da teoria pedaggica da Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL) nesta rea do ensino de Lngua Portuguesa. Palavras-chave: Ensino de literatura, PBL, leitura literria.

RESUMEN

El presente artculo busca hacer apuntamientos a respecto de la enseanza de literatura en la escuela secundaria, utilizando una conducta metodolgica que promueva un alto

dominio de los conceptos de arte y literatura. Como hay incoherencias en la enseanza de literatura, nosotros partimos de un esbozo previo sobre las deficiencias en el

aprendizaje, tal esbozo fue construido a partir de observaciones y relatos de las clases tradicionales de literatura. Todas las clases fueron acompaadas por la investigadora, becaria, en la escuela inserida en el Programa de Iniciao Docncia

(PIBID/UNIFAL), dnde fue posible empezar la discusin sobre la eficacia de los preceptos de la teora pedaggica del Aprendizaje Basado en Problemas (PBL), en el

rea de enseanza de lengua portuguesa. Palabras clave: Enseanza de la literatura, PBL, lectura literaria.

As aulas de literatura como sinnimo de aulas de histria da literatura.

A literatura inserida no currculo escolar no primeiro ano do ensino mdio com

o objetivo de, juntamente com o estudo da lngua, prover ao aluno o desenvolvimento

necessrio da competncia lingustica para compreender todas as formas de

representao que compem situaes que o cerca. Neste aspecto, o trabalho com arte

proporcionado pela literatura objetiva suscitar

formas institudas de construo do imaginrio coletivo,

patrimnios representativos da cultura, preservados no eixo

1 mariana13_muz@hotmail.com

temporal e espacial, manifestos em linguagens que detm estatutos

e cdigos prprios [...] (PCNEM, Brasil, 2010. 65, p.)

As aulas de literatura acompanhadas pela pesquisadora contemplaram este

segmento de iniciao ao ensino da literatura turmas de primeiro ano e o que se

pde constatar no condiz com as premissas do PCN, mas sim com as recentes estudos

sobre o ensino de lngua portuguesa no pas, que denunciam a inoperncia de nossos

alunos no que diz respeito leitura e compreenso de textos, o domnio de conceitos de

linguagem e noes de esttica textual. Compartilhamos da ideia de que parte

considervel do fulcro problemtico deste fato encontra-se no anacronismo das aulas

tradicionais, solapadas pelo imperativo mtodo racionalista moderno que concebe o

ensino como a transmisso de conceitos prontos, verdades absolutas ao aluno passivo

pelo professor detentor nico do conhecimento.

Este carter impositivo de um conhecimento pronto e irrefutvel a ser

absorvido com automatismo pelos alunos fica claro nas aulas de literatura. Ao invs

de promover a observao da obra literria e a reflexo dos aspectos de esttica,

temtica e linguagem nela presentes, o professor se limita a expor uma srie de

caractersticas-padro do modelo paradigmtico da escola literria de um determinado

perodo. O aluno, por sua vez, se v impelido a memorizar passagens histricas e

conceitos na maior parte das vezes abstratos ao seu entendimento para designar uma

determinada obra que, grande parte das vezes, traz uma linguagem estranha a ele.

Dessa forma, as aulas de literatura voltam-se completamente para a histria da

literatura, em detrimento do trabalho com linguagem, temtica, esttica e pensamento

que poderiam oferecer ao aluno, capacitando-o para a leitura de uma obra, como

descreve Luciano Amaral Oliveira:

A disciplina literatura, presente no currculo de todas as escolas

de ensino mdio no Brasil, deveria se chamar histria da literatura.

Afinal, os professores dessa disciplina tm de abordar os

movimentos literrios cronologicamente, apresentando aos alunos

as caractersticas prototpicas de cada movimento e os autores

tradicionalmente considerados mais representativos desses

movimentos e suas caractersticas mais proeminentes.

(OLIVEIRA, 2010. 172-173, p.).

Nesse sentido, tomam a palavra recentes teorias pedaggicas preocupadas em

atribuir ao aluno participao no processo de ensino/aprendizagem, como a da

cotidianidade, que busca no que Michel de Certeau (1998. 137-139, p.) denominou

artes de fazer dos alunos um instrumento para a aquisio do conhecimento. Optando

por tal princpio como vetor de encaminhamento terico, a pesquisadora buscou analisar

a possvel adaptao da metodologia da Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL)

ao ensino de literatura na escola.

A adaptao dos fundamentos tericos do PBL.

A Aprendizagem Baseada em Problemas uma proposta pedaggica que

comeou a ser desenvolvida no final da dcada de 60 na McMaster University (Canad)

e posteriormente na Universidade de Maastrich na Holanda. Seu preceito central

centrar os procedimentos de ensino no aluno, intensionando que este aprenda por si

prprio; suas caractersticas essenciais so a organizao temtica em torno de

problemas que contemplam a integrao interdisciplinar imbricando componentes

tericos e prticos e a nfase no desenvolvimento cognitivo.

O mtodo tem origem conceitual nas ideias do filsofo Jonh Dewey (1859

1952) que consistia, em essncia, no confronto de estudantes com problemas e na busca

de sua soluo por meio da discusso em grupos. A filosofia de Dewey fundamentava-

se nos conceitos da educao como reconstruo da experincia e crescimento e na

motivao como fora motriz da aprendizagem:

Essa uma forma de reviso reflexiva e sumarizao em que h

tanto discriminao quanto memorizao dos aspectos importantes

de uma experincia. Refletir olhar para o que aconteceu a fim de

extrair a rede de significados que constitui o principal material para

um comportamento inteligente em experincias futuras [...]

(DEWEY, 2010. 91, p.)

O aprendizado, como prtica da experincia, viabiliza, portanto, o contato do

aprendiz com as possibilidades que lhe so apresentadas pelo problema, cabendo a ele

prprio buscar caminhos que o levem ao entendimento dos elementos que o compe. A

inteno do presente artigo demonstrar a utilidade de uma metodologia que se

apropria da problematizao para deslocar o aluno da passividade do ensino tradicional,

tornando-o sujeito ativo e essencial no processo de aprendizagem. No , portanto,

nosso objetivo testar a implementao da proposta Curricular de Aprendizagem Baseada

em Problemas como se tem adotado em escolas de ensino superior (ESP/CE), mas

considerar a validade dos preceitos educacionais contidos no mtodo desenvolvido a

partir do pensamento de John Dewey para o ensino de literatura nas escolas, objeto

deste estudo.

No que diz respeito disciplina de literatura, esse problema poder se valer de

diferentes tipos de manifestaes sociodiscursivas (cartas, textos jornalsticos, crticas

literrias, textos publicitrios, documentrios...) para prover ao aluno o acesso ao

contexto social, ao pensamento filosfico e concepo esttica nos quais determinada

obra inseria-se. A literatura e as demais manifestaes artsticas podem ser descritas

como reprodues materiais do homem que o descrevem por ele prprio, bem como um

local de reconhecimento e identificao do mesmo consigo, dessa maneira, o objetivo

do trabalho transmitir essa ideia ao aluno durante seu contato com textos literrios.

Consideraes finais.

Apresentamos acima consideraes a respeito do que vem sendo ponderado

sobre o ensino de literatura na educao bsica e confirmado pela pesquisadora em sua

experincia no Programa de Iniciao Docncia para uma reflexo sobre possveis

abordagens que possam contornar a inoperncia do mesmo. Nossos apontamentos

puseram sob discusso a necessidade de se atribuir ao aluno maior participao no

processo de construo do conhecimento, bem como a utilizao de problemas pode ser

uma prerrogativa para isto.

Dentro desta perspectiva, concebemos o PBL como um possvel facilitador da

leitura literria, preterida pelos alunos por sua aparente hermeticidade, uma vez que a

discusso do problema pode permiti-los relacionar textos literrios e textos presentes em

seus cotidianos por meio de atividades que exigiro leitura interpretativa, estudo da

estrutura e da linguagem e o dilogo que os mesmos estabelecem entre si e com gneros

no-escritos.

Recentes resultados de avaliaes promovidas pelos sistemas de avaliao da

educao bsica em mbito federal apontam a reformulao das metodologias

empregadas no ensino bsico como uma necessidade primria para a melhora do

desempenho da leitura e compreenso de textos pelos alunos.

Considerando o PIBID um programa que incentiva seus bolsistas prtica de

discusses e propostas para esta realidade, a pesquisadora buscou demonstrar uma

possvel abordagem que busca promover ao ensino de literatura uma aproximao com

o cotidiano dos alunos. A aplicao das premissas centrais da proposta do PBL sob as

condies apresentadas apresenta-se passvel de promissores resultados no que diz

respeito a competncia leitora a ao domnio de ideias e conceitos presentes no

pensamento artstico-literrio por parte dos mesmos; consequentemente, representa uma

possvel proposta de abordagem a ser transmitida aos alunos de graduao dos cursos de

licenciatura e tambm a ser discutida pelos mesmos e seus docentes.

Referncias:

BRASIL. Secretaria de Educao Mdia e Tecnolgica. Parmetros Curriculares

Nacionais: ensino mdio, 2000. Disponvel em: <

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/14_24.pdf>. Acesso: Janeiro de 20013

ensino mdio. Braslia, DF: Ministrio da Educao, 1999.

CERTAU, M. A inveno do cotidiano. Traduo Ephraim Ferreira Alves. 3 ed.

Petrpolis, RJ: Editora Vozes, 1998. 137-139, p.

DEWEY, J. Experincia e educao. Traduo de Renata Gaspar. Petrpolis, RJ:

Editora Vozes, 2010. (Coleo Textos Fundantes de Educao).

OLIVEIRA, L. A. Coisas que todo professor de portugus precisa saber: a teoria na

prtica. So Paulo: Parbola Editorial, 2010. 171-189, p.