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Direito, moral, religião Referências: 15. Normas éticas: características distintivas 16. Relações entre o Direito e a Moral

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Direito, moral, religião

Referências:15. Normas éticas: características distintivas16. Relações entre o Direito e a Moral

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Normas éticas

• As normas éticas são:– Imperativas– Violáveis– Contrafáticas

• Além disso, correspondem a fenômenos tridimensionais:– Fato + valor + norma

• As principais espécies de normas éticas são:– Direito, moral social, moral individual e religião

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Direito, moral, religião

• Definições• Características distintivas• Comparações• Relações entre Direito e Moral

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Normas religiosas

• Fundadas na “f锕 Orientam o ser humano para obter a felicidade

eterna• Esperam realizar os valores divinos limitando as

condutas humanas– Ex. Mandamentos:• Não matarás.• Não furtarás.• Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seus servos

ou servas, nem seu boi ou jumento, nem coisa alguma que lhe pertença.

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Normas morais individuais

• Fundadas na esfera íntima de cada um• Visando o bem individual• Esperam aperfeiçoar o ser humano em sua

individualidade– Para que se realize enquanto ser autônomo

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Normas morais sociais

• “etiquetas sociais”– Deveres do indivíduo para com seu grupo social

• Buscam aperfeiçoar o ambiente social– Cortesia, cavalheirismo, pontualidade,

galanteria...

• Fundam-se em usos, hábitos, costumes

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Máximas, conselhos moraes, pensamentos, memórias, sentimentos nobres e provérbios – Matthias da Luz Soares, 1863

“Não imiteis a certas pessoas que ao assentar-se em um sofá estendem-se ao comprido, com o que indicam o seu pouco respeito aos circunstantes.

Os meninos mal criados tem as pernas em contínuo movimento, agitam-se sobre a cadeira para mostrar o seu desgosto e impaciência. A meninas é isto principalmente dirigido. A decência deve brilhar todas as acções de uma mulher, pois no vosso sexo basta a postura para decidir a favor ou contra uma pessoa.

Por esta razão as meninas devem tomar menos liberdades que rapazes: o que n´estes seria um estouvamento ou uma leviandade, naquellas passaria por uma indecência.

Uma Senhora bem educada não cruza os joelhos não se deixa sobre as costas da cadeira e tem cuidado em que o vestido lhe cubra os pés até o sapato.”

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Código do Bom Tom – José Ignácio Roquete, 1867“Ainda que os melhores cumprimentos, meus

filhos, sam os que nascem do coração, e se exprimem sem outra arte, que a candura e a verdade, com tudo, como ainda não tendes experiência do mundo, dar-vos-hei alguns modelos, que entre nós estavam em uso, à imitação dos quaes podereis formar mil outros; attendendo sempre se a pessoa a quem fallais é superior, inferior ou igual, se com ella tendes muito conhecimento, pouco ou nenhum; pois nisto é que consiste toda a belleza dos cumprimentos, usando já de respeito, já de familiaridade, conforme os os tempos e as circumstâncias.”

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Código do Bom Tom – José Ignácio Roquete, 1867

“Entre todos os divertimentos da gente moça, nenhum há com que ella mais folgue do que a dança, a que por isso chamaram nossos antigos folias; porém, meus filhos, este mesmo prazer não deixa de ter seus dissabores para os homens polidos.

Deves, meu filho, pôr-te á disposição da senhora da casa, que, sem a menor dúvida, te pedirá que tires a dançar às abandonadas. Não sei se sabes bem a força d´esta expressão, que é franceza da gema (les abandonnêes), por isso t´a explico. Chamam-se abandonadas as senhoras desfavorecidas da formosura e das riquezas. Não te digo que seja agradável tomar o que os mais não querem, porém, mal sabes até que ponto chega a gratidão d´ essas senhoras e o que ellas sam capazes de dizer e fazer a teu favor em taes casos. Elogiar-te-hão em despeito de tudo, porão nas nuvens teus mais insignificantes merecimentos, correrão um véo sobre tuas maiores imperfeições e se de tua parte mostrares alguma condescendência e bom coração, terás na sociedade um forte partido que sustentará tua reputação e te defenderá em todas as occasiões.”

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Normas jurídicas

• Buscam o “bem” social• Esperam orientar a conduta para concretizar

valores sociais, sendo o maior deles a Justiça

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Direito, moral, religião

• Definições• Características distintivas• Comparações• Relações entre Direito e Moral

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Características distintivas das normas éticas

• Além de serem imperativas, violáveis e contrafáticas, as normas éticas podem apresentar outras características que as distinguem– Heteronomia– Coercibilidade– Bilateralidade– Atributividade

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Heteronomia

• Significa, literalmente, “regra feita pelo outro”• Devemos entender que uma norma é

heterônoma quando elaborada por outra pessoa que não seu próprio destinatário

• Nesse sentido, o destinatário é obrigado a submeter-se à norma, mesmo que não esteja intimamente convencido da correção de seu conteúdo– Mas, normalmente, uma norma heterônoma não se

preocupa com o pensamento subjetivo do destinatário, apenas com sua conduta exteriorizada

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Coercibilidade

• Uma norma é coercível se conta com a possibilidade de invocar o uso da força para ser respeitada

• Distinção:– Coação (coatividade, coativo ou coercitivo) = força

em ato– Coerção = força em potência (ameaça)

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Bilateralidade

• Uma norma é bilateral em dois sentidos:– Social: refere-se a uma relação intersubjetiva• Toda norma ética é socialmente bilateral

– Axiológica: estabelece uma proporção valorativa não arbitrária• Distribui direitos e deveres entre as pessoas envolvidas

na relação, sem desconsiderar qualquer uma delas• Visa à satisfação de valores sociais, sobretudo ao “bem

comum”• Nem toda norma ética é axiologicamente bilateral

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Atributividade

• É o poder, conferido por uma norma a uma pessoa, de se exigir um comportamento de outra pessoa bilateralmente envolvida na relação

• Mas esse poder deve gozar de alguma espécie de “garantia”– Há uma entidade social que “garante” a exigência

do comportamento– Exigibilidade garantida

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Direito, moral, religião

• Definições• Características distintivas• Comparações• Relações entre Direito e Moral

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Comparações

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Direito, moral, religião

• Definições• Características distintivas• Comparações• Relações entre Direito e Moral

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Relações entre direito e moral• Teoria do Mínimo Ético– Georg Jellinek (1851-1911)– Direito corresponde ao mínimo de regras morais

necessário para a sobrevivência da sociedade• Embora a moral seja cumprida de modo espontâneo, há a

possibilidade de violação• As regras morais mais importantes, se violadas, prejudicariam a

manutenção da sociedade• Tornam-se jurídicas

– O direito estaria contido pela moral• Direito < moral

– Críticas:• Normas jurídicas amorais• Normas jurídicas imorais

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Relações entre direito e moral

• Teoria da Separação entre o Direito e a Moral• Thomasius (1655-1728)– As regras morais referem-se ao comportamento

humano na esfera íntima– As regras jurídicas referem-se ao comportamento

humano exteriorizado• Críticas:

– Moral social– Regras jurídicas preocupadas com a esfera íntima (ex. Dolo,

culpa)

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Relações entre direito e moral• Teoria da Separação entre o Direito e a

Moral• Hans Kelsen (1881-1973)– Não há qualquer ponto de contato necessário

entre o Direito e a Moral– Existem várias morais em uma mesma

sociedade (relatividade da Moral)• Se o direito deve seguir uma moral, qual delas será

seguida?

– O Direito é o conjunto de regras que consegue impor-se socialmente com maior eficácia• Pode ser julgado pelas morais sociais, mas isso não

interfere no seu funcionamento

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Relações entre direito e moral

• Teoria dos “círculos secantes”• Claude du Pasquier– Existem regras jurídicas que coincidem com as

regras morais– Por outro lado, há regras morais e regras jurídicas

independentes