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www.cers.com.br ADVOCACIA PÚBLICA (PCJ) Direito Constitucional Flavia Bahia 1 HERMÊNEUTICA CONSTITUCIONAL 1- A DIFÍCIL ARTE DE INTERPRETAR 2- HERMENÊUTICA X INTERPRETAÇÃO 3- MÉTODOS (OU ELEMENTOS) CLÁSSICOS. ESCOLA DE SAVIGNY, 1840: A) LITERAL/GRAMATICAL B) B) HISTÓRICO C) C) SISTEMÁTICO D) D) TELEOLÓGICO 4- O PÓS GUERRA; A NORMATIVIDADE DOS PRINCÍPIOS. DWORKIN, ALEXY, CANOTILHO, PAULO BONAVIDES 5- OS PRINCÍPIOS DA HERMENÊUTICA CONTEMPORÂNEA E) A- A SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO F) B- A UNIDADE CONSTITUCIONAL G) C- A CONCORDÂNCIA PRÁTICA/HARMONIZAÇÃO H) D- EFEITO INTEGRADOR/EFICÁCIA INTEGRADORA I) E- JUSTEZA/CONFORMIDADE FUNCIONAL FENÔMENOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL Princípios Fundamentais 1. O Preâmbulo da Constituição Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 2. Dos Princípios Fundamentais Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 3. Formas de Governo A) MONARQUIA B) REPÚBLICA 4. Formas de Estado A) UNITÁRIO OU SIMPLES B) FEDERAL. CARACTERÍSTICAS DA FEDERAÇÃO. 5. A Separação de Poderes Art. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 6. Objetivos Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 7. Princípios que regem o Brasil perante a comunidade jurídica internacional. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

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HERMÊNEUTICA CONSTITUCIONAL 1- A DIFÍCIL ARTE DE INTERPRETAR 2- HERMENÊUTICA X INTERPRETAÇÃO 3- MÉTODOS (OU ELEMENTOS) CLÁSSICOS. ESCOLA DE SAVIGNY, 1840: A) LITERAL/GRAMATICAL B) B) HISTÓRICO C) C) SISTEMÁTICO D) D) TELEOLÓGICO 4- O PÓS GUERRA; A NORMATIVIDADE DOS PRINCÍPIOS. DWORKIN, ALEXY, CANOTILHO, PAULO BONAVIDES 5- OS PRINCÍPIOS DA HERMENÊUTICA CONTEMPORÂNEA E) A- A SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO F) B- A UNIDADE CONSTITUCIONAL G) C- A CONCORDÂNCIA PRÁTICA/HARMONIZAÇÃO H) D- EFEITO INTEGRADOR/EFICÁCIA INTEGRADORA I) E- JUSTEZA/CONFORMIDADE FUNCIONAL FENÔMENOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL Princípios Fundamentais 1. O Preâmbulo da Constituição Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 2. Dos Princípios Fundamentais Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 3. Formas de Governo A) MONARQUIA B) REPÚBLICA 4. Formas de Estado A) UNITÁRIO OU SIMPLES B) FEDERAL. CARACTERÍSTICAS DA FEDERAÇÃO. 5. A Separação de Poderes Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 6. Objetivos Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 7. Princípios que regem o Brasil perante a comunidade jurídica internacional. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

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Direitos Fundamentais: Conceito, Evolução Histórica E Características DIREITOS HUMANOS X DIREITOS FUNDAMENTAIS Os “direitos humanos” ou os “direitos fundamentais” formam o centro mais valioso dos direitos e se relacionam à vida, à liberdade, à propriedade, à segurança e à igualdade, com todos os seus desdobramentos. A expressão “direitos humanos” é utilizada pela Filosofia do Direito e ainda pelo Direito Internacional Público e Privado. Já os “direitos fundamentais” seriam os direitos humanos positivados em um sistema constitucional, analisados sob o enfoque do direito interno. DIREITOS X GARANTIAS FUNDAMENTAIS “Direito”, em sua acepção clássica, seria a disposição meramente declaratória que imprime existência legal ao direito reconhecido. È a proteção ao bem, ao interesse tutelado pela norma jurídica configurando verdadeiro patrimônio jurídico. As “garantias”, por sua vez, traduzem-se no direito dos cidadãos de exigir dos poderes públicos a proteção de seus direitos. Servem para assegurar os direitos através da limitação do poder, possuindo caráter instrumental, atuando como mecanismos prestacionais na tutela dos direitos. Dividem-se em garantias gerais e específicas. garantias fundamentais gerais: são aquelas que vêm convertidas em normas constitucionais que proíbem os abusos de poder e todas as espécies de violação aos direitos que elas asseguram e procuram tornar efetivos. Realizam-se por meio de princípios, tais como: o da legalidade, o da liberdade, princípio do devido processo legal etc. garantias fundamentais específicas: são aquelas que instrumentalizam, verdadeiramente, o exercício dos direitos, fazendo valer o conteúdo e a materialidade das garantias fundamentais gerais. São exemplos: o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data, o mandado de injunção, a ação popular, o direito de petição etc. São chamados de “remédios constitucionais” por designar um recurso

aquilo que combate o mal, qual seja, o desrespeito ao direito fundamental. DIREITOS HUMANOS: CARACTERÍSTICAS a) Relatividade Os direitos fundamentais não são absolutos, pois podem ser relativizados diante de situações em conflito. Importante destacar que de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 existiriam alguns direitos fundamentais que não poderiam em hipótese alguma ser desrespeitados, como por exemplo, a vedação à escravidão e à tortura, como abaixo transcrito: “Artigo IV Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.” “Artigo V Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.” b) Complementariedade Os direitos fundamentais não são analisados sob o prisma isolado, pois estão numa relação de complementariedade, ou seja, os direitos sociais reforçam os direitos individuais, os direitos difusos ampliam as garantias para a tutela coletiva e é nessa simbiose que eles devem ser compreendidos e respeitados. c) Indisponibilidade Como não possuem natureza econômico-financeira, o núcleo dos direitos fundamentais não poderá ser transacionado por inteiro, ainda que alguns aspectos concretos dos direitos fundamentais possam ser eventualmente passíveis de negociação, como nos contratos de reality show, por exemplo. d) Imprescritibilidade Os direitos fundamentais não estão sujeitos ao decurso do tempo, por isso se diz que são imprescritíveis. e) Universalidade Esta característica está em harmonia com o envolvimento dos países com a comunidade jurídica internacional depois da 2ª Guerra Mundial de uma maneira muito contundente e pode ser analisada sob dois enfoques. Inicialmente, a titularidade deverá proteger o maior

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número de destinatários, sem preconceitos de raça, cor, sexo, idade, nacionalidade ou condição social. Em segundo lugar, podemos falar na relativização do próprio conceito de soberania estatal, em prol da soberania do indivíduo. “Todos os seres humanos merecem igual respeito e proteção, a todo tempo e em todas as partes do mundo em que se encontrem” (Fábio Konder Comparato) f) Irrenunciabilidade Não há possibilidade de alguém renunciar ao núcleo do seu direito fundamental, esvaziando-o por completo. Com isso o Estado estaria protegendo o indivíduo contra si mesmo, por exemplo, o Brasil garante a todos o direito fundamental à vida, mas não o direito à morte, proibindo a eutanásia. g) Historicidade Os direitos fundamentais não tem natureza definitiva, pois continuam sendo construídos ao longo da história e estão em constante processo de modificação. Enfrentaram guerras, morte, lutas e as gerações dos direitos fundamentais explicam justamente isso, o ganho pontual que os direitos foram recebendo ao longo da história. GERAÇÕES OU DIMENSÕES DOS DIREITOS (Manoel Gonçalves Ferreira Filho) a) Direitos de primeira dimensão Inauguram o movimento constitucionalista, fruto dos ideários iluministas do século XVIII. Os direitos defendidos nessa geração cuidam da proteção das liberdades públicas, civis e direitos políticos. Nesta fase, o Estado teria um dever de prestação negativa, isto é, um dever de nada fazer, a não ser respeitar as liberdades do homem. Seriam exemplos desses direitos: a vida, a liberdade de locomoção, a liberdade de opinião, a liberdade de expressão, à propriedade, à manifestação, ao voto, ao devido processo legal. b) Direitos de segunda dimensão Sob a inspiração principal do Tratado de Versalhes, de 1919, pelo qual se definiram as condições de paz entre os Aliados e a

Alemanha e a criação da Organização Internacional do Trabalho – a OIT- nasce a denominada segunda dimensão de direitos fundamentais, que traz proteção aos direitos sociais, econômicos e culturais, onde do Estado não mais se exige uma abstenção, mas, ao contrário, impõe-se a sua intervenção. Nesse diapasão, seriam exemplos clássicos desses direitos: o direito à saúde, ao trabalho, à assistência social, à educação e o direito dos trabalhadores. c) Direitos de terceira dimensão Marcada pelo espírito de fraternidade ou solidariedade entre os povos com o fim da Segunda Guerra Mundial, a terceira geração representa a evolução dos direitos fundamentais para alcançar e proteger aqueles direitos decorrentes de uma sociedade já modernamente organizada, que se encontra envolvida em relações de diversas naturezas, especialmente aquelas relativas à industrialização e densa urbanização. Nesta perspectiva, são exemplos desses direitos: direito ao desenvolvimento, o direito à paz, o direito à comunicação, o direito à autodeterminação entre os povos e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. OS NOVOS DIREITOS FUNDAMENTAIS