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Intolerância e ódio até quando? Neste mês de Março, houve mais um atentado terrorista para ficar registrado na história da humanidade. Mas dessa vez, houve uma diferença. Antes, os terroristas eram associados ao Islamismo, que estereoti- pou os muçulmanos de forma negativa pelo mundo. Dessa vez, os muçulmanos são as vítimas do atentado terrorista , Página 2 MUDEM DE ATITUDE O ano de 2019 iniciou-se com turbulências para a Nação, mas de- veríamos considerar também que será de muito aprendizado e tal- vez se usarmos nossas forças, quem sabe seremos capazes de recuperar o que é nosso por direito e encarando nossa atual reali- dade, mais do que nunca, Página 3 Ano XI - Edição 137 - Abril de 2019 Distribuição Gratuita CULTURAonline BRASIL Palestras e boa música Palestras: - Cultura - Educação - Meio Ambiente - Cidadania Baixe o aplicativo Google Play no site www.culturaonlinebr.org O FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO E A PRO- FANAÇÃO O SAGRADO A história tem mostrado que o crescimento do con- servadorismo sempre está associado ao funda- mentalismo religioso. Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar Comemorando a lusofonia Por que o Brasil deveria se importar com a morte de abelhas. Somente nos últimos 3 meses, agrotóxicos mataram cerca de 500 milhões de abelhas no Brasil. País enfrenta mortandade de colmeias em vários estados. Diminuição das espécies tem impactos na agricultura, meio ambiente e economia. Onze sinais do fascismo, segundo Umberto Eco Segundo pensador italiano, o culto à tradição; a repulsa ao moderno; o machismo; o racismo; a guerra permanente são típicos do “fascismo eterno”. Ou seja, a ame- aça já está implantada entre nós, mesmo que não siga seu nome. Tenho refletido e escrito sobre a perda de vitalidade da democraci- a. Mas acho que agora já entramos num perigoso caminho de des- construção da democracia, uma ameaça que vem na esteira do golpe do impeachment e se expressa hoje no nosso governo híbri- do, civil-militar, com sua agenda antidireitos. UM COELHO CHATO Existia no meio da floresta um condomínio onde viviam vários animais, alguns órfãos, outros já velhos e os que se perderam da família e, juntos, construíram essa morada de amigos que se ajudavam. Deseducar para controlar Nestes dias tão conturbados em que pre- senciamos e vivemos cataclismos políticos e sociais tão evidentes, a figura do autômato descrita pelo Filósofo e Historiador Alemão Walter Benjamin me veem a cabeça. Intoxicações agudas por causa de agrotóxicos triplicam em Minas Novos registros podem trazer avanços tec- nológicos e produtos com a toxicidade me- nor.

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Intolerância e ódio até quando? Neste mês de Março, houve mais um atentado terrorista para ficar registrado na história da humanidade. Mas dessa vez, houve uma diferença. Antes, os terroristas eram associados ao Islamismo, que estereoti-pou os muçulmanos de forma negativa pelo mundo. Dessa vez, os muçulmanos são as vítimas do atentado terrorista ,

Página 2

MUDEM DE ATITUDE O ano de 2019 iniciou-se com turbulências para a Nação, mas de-veríamos considerar também que será de muito aprendizado e tal-vez se usarmos nossas forças, quem sabe seremos capazes de recuperar o que é nosso por direito e encarando nossa atual reali-dade, mais do que nunca,

Página 3

Ano XI - Edição 137 - Abril de 2019 Distribuição Gratuita

CULTURAonline BRASIL

Palestras e boa música

Palestras:

- Cultura

- Educação

- Meio Ambiente

- Cidadania

Baixe o aplicativo Google Play no site

www.culturaonlinebr.org

O FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO E A PRO-FANAÇÃO O SAGRADO

A história tem mostrado que o crescimento do con-servadorismo sempre está associado ao funda-mentalismo religioso.

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

Comemorando a lusofonia

Por que o Brasil deveria se importar com a morte

de abelhas. Somente nos últimos 3 meses, agrotóxicos mataram cerca de 500 milhões de abelhas no Brasil.

País enfrenta mortandade de colmeias em vários estados. Diminuição das espécies tem impactos na agricultura, meio ambiente e economia.

Onze sinais do fascismo, segundo Umberto Eco Segundo pensador italiano, o culto à tradição; a repulsa ao moderno; o machismo; o racismo; a guerra permanente são típicos do “fascismo eterno”. Ou seja, a ame-

aça já está implantada entre nós, mesmo que não siga seu nome.

Tenho refletido e escrito sobre a perda de vitalidade da democraci-a. Mas acho que agora já entramos num perigoso caminho de des-construção da democracia, uma ameaça que vem na esteira do golpe do impeachment e se expressa hoje no nosso governo híbri-do, civil-militar, com sua agenda antidireitos.

UM COELHO CHATO

Existia no meio da floresta um condomínio onde viviam vários animais, alguns órfãos, outros já velhos e os que se perderam da família e, juntos, construíram essa morada de amigos que se ajudavam.

Deseducar para controlar

Nestes dias tão conturbados em que pre-senciamos e vivemos cataclismos políticos e sociais tão evidentes, a figura do autômato descrita pelo Filósofo e Historiador Alemão Walter Benjamin me veem a cabeça.

Intoxicações agudas por causa de agrotóxicos triplicam em

Minas

Novos registros podem trazer avanços tec-nológicos e produtos com a toxicidade me-nor.

Intolerância e ódio até quando?

Neste mês de Março, houve mais um atentado terrorista para ficar registrado na história da humanidade. Mas dessa vez, houve uma diferença.

Antes, os terroristas eram associados ao Islamismo, que estereotipou os muçulmanos de forma negativa pelo mundo. Dessa vez, os muçulmanos são as vítimas do atentado ter-rorista e o autor não é muçulmano. O australiano de extrema-direita Breton Tarrant é res-ponsável pela morte de 49 pessoas na cidade de Christchurch, na Nova Zelândia. A Aus-trália e a Nova Zelândia são dois países distintos, e o Breton Tarrant foi querer impor a sua opinião política em outro país que não é o seu. Em um manifesto de 73 páginas pu-blicado na internet, ele fez menção ao Brasil de forma negativa, criticado a diversidade racial brasileira. Um possível perdedor sociopata com ideologia de extrema-direita, que põe a culpa dos seus possíveis fracassos pessoais nos imigrantes que buscam vida me-lhor em países mais desenvolvidos.

Para começo de conversa, os habitantes humanos originais da Austrália são os aboríge-nes e os da Nova Zelândia são os polinésios maoris. Os brancos são imigrantes ou des-cendentes de imigrantes e colonos europeus. E a própria Grã-Bretanha, colonizadora da Austrália e da Nova Zelândia, recebeu imigrantes a mais de mil anos atrás. Os habitan-tes originais eram celtas. Até que vieram os romanos, depois vieram os saxões, anglos, jutos e vikings. Ou seja, os próprios anglo-saxões são descendentes de imigrantes, na atual Inglaterra.

Também a questão da religião e fé, por que as pessoas não podem ter a suas crenças e poderem ficar sossegadas? Por que o cristão não pode ser cristão em paz? Por que o muçulmano não pode ser muçulmano em paz? O mesmo para os adeptos das demais formas de crenças em entes espirituais ou sobrenaturais. Por que os ateus não podem ser ateus em paz? Por que a religião é usada como pretexto para conflitos? Por que as pessoas não conseguem ter divergências de opiniões e conviverem em paz entre si? Por que optar pela agressividade, pela violência? Por que tanta dificuldade para resolver di-vergências através de diálogo e respeito? É desanimador testemunhar tanta má vontade por parte de pessoas de se relacionarem em paz.

João Paulo E. Barros

Abril de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 3

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A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download na web

Diretor, Editor e Jornalista responsável Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J

Mariene Hildebrando Genha Auga Filipe de Sousa João Paulo E. Barros Roberto Ravagnani Clarissa Neher Cândido Grzybowski Gilvandro Filho Guilherme Lima Boaventura de Sousa Santos Sandro Ari Andrade de Miranda Ludmila Pizarro ilusionviajera Eduardo de Paula Barreto

IMPORTANTE

Todas as matérias, reportagens, fotos e demais conteúdos são de inteira responsa-bilidade dos colaboradores que assinam as

matérias, podendo seus conteúdos não corresponderem à opinião deste Jornal.

Colaboraram nesta edição

PRECISA-SE de voluntário revisor de textos - Contato: [email protected]

Deixe-os nus

Deixe-os deitados nas redes No aconchego das ocas

Sonhando com as verdes Folhas de mandioca

Deixe-os correr pelados Com os pés enlameados Com o húmus da floresta Deixe-os caçar e pescar

E com destemor se armar Com seus arcos e flechas.

Deixe-os exercer a fé Com seus místicos rituais

E acreditar que o pajé Tem poderes sobrenaturais Para que irmanados fiquem Ligados ao grande cacique Que criou todas as tribos Deixe-os sempre isolados

Para não serem transformados Em civilizados indignos. Deixe-os ser o que são

Donos da terra onde todos Compartilham o pão

E fazem do corpo A única vestimenta

Que orgulhosa ostenta Cocares, braceletes e brincos

Eles são herdeiros da salvação Por viverem em comunhão

Por isso deixe-os ser índios.

Eduardo de Paula Barreto. Esta data homenageia a figura do herói na-cional Joaquim José da Silva Xavier, popu-larmente conhecido por Tiradentes , refe-rência ao seu ofício de dentista.

A celebração desta data é importante por-que Tiradentes é considerado um brasileiro que lutou pela independência de Minas Ge-rais do domínio dos portugueses.

História de Tiradentes

Quem foi?

Tiradentes foi um dentista, comerciante, mi-nerador, militar e ativista político brasileiro, e atuava na época do Brasil Colonial nas capitanias de Minas Gerais e Rio de Janei-ro.

Tiradentes foi reconhecido como herói na-cional e um mártir daInconfidência Mineira, quando a República brasileira foi instalada através de um golpe em 15 de novembro de 1889.

Um dos primeiros atos do novo governo foi

transformar a data em que ele foi executa-do, 21 de abril, em uma festa cívica a ser celebrada nos quartéis.

Tiradentes é considerado um grande líder por ter lutado por seu povo e seus ideais, apesar de ser o mais humilde entre todos os membros do movimento, Tiradentes foi quem assumiu as maiores responsabilida-des.

Como morreu?

Tiradentes foi enforcado e posteriormente esquartejado, no Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1792.

Partes de seu corpo foram expostos nos principais centros urbanos do Rio de Janei-ro e Minas Gerais. A sua casa foi queima-da, o terreno salgado e todos os seus bens confiscados.

A prisão onde foi encarcerado é a atual se-de da Assembleia estadual do Rio de Janei-ro e recebe o nome de Palácio Tiradentes. Igualmente, a cidade onde nasceu mudou de nome e passou a se chamar Tiradentes.

21 - Tiradentes

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02 - Dia Internacional do Livro Infantil 08 - Dia Nacional do Sistema Braille 09 - Dia Nacional da Biblioteca 13 - Dia do Hino Nacional Brasileiro 13 - Dia do Jovem 13 - Dia da Carta Régia 15 - Dia do Desarmamento Infantil 16 - Dia Mundial da Voz 18 - Dia de Monteiro Lobato 18 - Dia do Amigo 19 - Dia do Índio 19 - Dia do Exército Brasileiro 20 - Dia do Diplomata 21 - Tiradentes 21 - Páscoa 22 - Descobrimento do Brasil pelos portugueses 22 - Dia da Terra 22 - Dia da Comunidade Luso-Brasileira 23 - Dia Mundial do Livro 24 - Dia Internacional do Jovem Trabalhador 28 - Dia da Educação 29 - Dia Internacional da Dança

MUDEM DE ATITUDE

O ano de 2019 iniciou-se com turbulências para a Nação, mas deveríamos considerar também que será de muito aprendizado e talvez se usarmos nossas forças, quem sa-be seremos capazes de recuperar o que é nosso por direito e encarando nossa atual realidade, mais do que nunca, adotar a postura de resiliência para seguir em frente nos moldes que desejamos.

Afinal, são os momentos de crises e dificuldade que nos colocam à prova para trazer à tona o nosso melhor e, adotando posturas, seremos capazes de aprender com os erros, ficar mais fortes e preparados para enfrentar novos desafios e, ao invés de nos acomodar, irmos de encontro aos propósitos de nossas vidas.

Com a convicção de que temos possibilidades para não sucumbir aos impactos que recebemos a cada dia e para não sermos derrubados, temos que ter raízes fortes co-mo as árvores que resistem aos tornados e furacões e, assim como a luz está presen-te em nossos dias, perceber a luz que habita em nosso interior e fazê-la desabrochar com força, energia e sabedoria.

A política em nosso país tem sido até agora o passaporte para o cidadão ser transpor-tado à carência de educação e falência social sendo que deveríamos nos sentir apoia-dos na força política para acreditar num futuro melhor. No entanto, nos deparamos com um sistema governamental que corrompe a dignidade humana dos que aqui, vi-vem, e a indignação por tanta corrupção hoje é a indignação de nossas vidas.

Com a compra de votos, enriquecimento ilícito, falsidade ideológica, propaganda en-ganosa e inversão de valores, vivemos na amoralidade e condenados pelos desones-tos que usam de suborno e falcatruas para se promoverem e se elegerem através da fragilidade dos eleitores.

Essa prática evidencia o nepotismo, nomeações fantasmas, superfaturamento, caixa 2, sonegação, abuso de autoridade e isso tudo denegriu a administração pública e so-cial. Além de que, o infrator quando se sente ameaçado, correndo o risco de ser cas-sado, nega seus atos, defende a ética e moral, elimina as provas que o condena, une-se e se fortalece a outros corruptores e continuam contemplados com benefícios que deveriam ser do povo.

Assim, seguem a céu aberto, num mar de lama com altos salários debochando da jus-tiça e de nós e é comum essa prática em todos os níveis do governo que iludindo a falta de raciocínio do eleitor pelo tempo que foi privado do seu direito de estudar, ter saúde, segurança e uma vida digna acabou confiando muito e alienado demais.

Mas quando se fala em postura resiliente, significa que poderemos intervir e impedir a continuação da formação desses grupos de conluio e quadrilhas.

Precisamos deixar que “eles” se sintam ameaçados e inquietos com o poder de nossa força e, que não temam somente as delações premiadas e sim a nós que podemos ser os fiscais e delatores daqui pra frente para que nesse período de crise econômica e moral; mudemos de atitude para que nosso futuro não continue obscuro. Avaliar pro-jetos, adquirir conhecimentos, inteirar-se de tudo que se refere às nossas causas e necessidades e não só as imediatas, mas, também com propostas a longo prazo e que nos garantam lá na frente não ter novas surpresas desagradáveis e nocivas.

Não podemos hoje, repetir o que foi feito ontem, afinal, quem decide e escolhe ainda somos nós.

Com resiliência e mudança de atitudes retomaremos a condição de observar e decidir quem poderá continuar ao nosso lado, porém, sem acreditar demais, vigiando essa liberdade e cobrando nossos direitos com rigor.

A dor do brasileiro não passa porque se acostumou a conviver com ela. Essa dor é consequência da nossa falta de expressão e da falta de consciência dos nossos vo-tos.

Fomos e somos governados por desinteressados pelo povo. Sim, isso é verdade, mas, tomemos mais cuidado, pois os desinteressados nem sempre foram e são so-mente “eles”.

Genha Auga – Jornalista – MTB: 15.320

Abril de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 2

A forma inteligente de manter as pessoas pas-sivas e obedientes é limitar estritamente o es-pectro da opinião aceitável, mas permitir um debate intenso dentro daquele espectro.

Noam Chomsky

ALGUMAS DATAS COMEMORATIVAS (+ Datas? Visite nosso site)

Ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as perdas para refinar a paciência. Usar as falhas para esculpir a serenidade. Usar a dor para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligên-cia.

Augusto Cury

Sou muito grato às adversidades que aparece-ram na minha vida, pois elas me ensinaram a tolerância, a simpatia, o autocontrole, a perse-verança e outras qualidades que, sem essas adversidades, eu jamais conheceria.

Napoleon Hill

Por que o Brasil deveria se importar com a morte

de abelhas.

Somente nos últimos 3 meses, agrotóxicos mata-ram cerca de 500 milhões de abelhas no Brasil.

País enfrenta mortandade de colmeias em vários es-tados. Diminuição das es-pécies tem impactos na agricultura, meio ambiente e economia. Mas tema ainda é negligenciado.

A morte de abelhas não é um fenômeno recente: é

observada por pesquisadores ao menos desde a década passada. No entanto, nos últimos meses a mortandade alcançou números alarmantes no Brasil.

"A morte de abelhas não é só um risco para o Brasil, mas para o mundo todo. Quando se pensa em abelhas, se pensa em mel. O principal produtos delas, porém, é a polinização", afirma Fábia Pe-reira, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuá-ria (Embrapa) na área de Apicultura.

Apenas nos últimos três meses, 500 milhões de abelhas foram en-contradas mortas por apicultores no país, segundo um levantamen-to feito pela ONG Repórter Brasil em parceria com a Agência Públi-ca. A grande maioria dos casos foi registrada no Rio Grande Sul, seguido por Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e São Paulo.

Além da morte em massa de colmeias em apiários, cinco espécies nativas de abelhas estão ameaçadas de extinção – três delas habi-tam a Mata Atlântica, uma o Cerrado e outra o pampa gaúcho. Não há dados, porém, sobre a mortandade em comunidades selvagens.

As abelhas são responsáveis pela polinização de cerca de 70% das plantas cultivadas para alimentação, principalmente frutas e verduras. Sua morte coloca em risco a agricultura e, consequente-mente, a própria a segurança alimentar. Sem elas, o ser humano enfrentaria uma mudança drástica na sua dieta, que ficaria restrita apenas a culturas autopolinizáveis, como feijão, arroz, soja, milho, batata e espécies de cereais.

Além da agricultura, as abelhas são ainda agentes fundamentais para a polinização de florestas nativas. Seu desaparecimento pode-ria desencadear a morte de ecossistemas inteiros. "Se o homem parasse de fazer qualquer outra intervenção ambiental, e as abe-lhas apenas sumissem, haveria um desaparecimento da mata cor-respondente a entre 30% e 90% do que temos hoje, provocando um processo de extinção em cadeia até chegar em nós que esta-mos no topo", ressalta Pereira.

Essa mortandade tem ainda potencial para impactar a economia brasileira. O país é o oitavo produtor mundial de mel e, em 2017, as exportações totalizaram 121 milhões de dólares. A diminuição na produção diante da redução do número de colmeias resultaria nu-ma queda nas vendas. Além disso, em caso de mortes causadas por agrotóxicos, resíduos destas substâncias possivelmente poderi-am ser encontrados no mel, o que levaria compradores estrangei-ros a rejeitarem o produto brasileiro.

"A exportação para a Europa é muito exigente, e qualquer resíduo é detectado. O mel que foi produzido nos últimos meses está con-taminado. No exterior, ninguém vai querê-lo, e não há um mercado interno suficiente para a quantidade produzida. Isso vai desestimu-lar a apicultura", afirma o engenheiro agrônomo Aroni Sattler, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Números alarmantes

A morte de abelhas começou a chamar a atenção mundial a partir da identificação do Distúrbio do Colapso das Colônias (CCD), em 2006 nos Estados Unidos, quando um forte surto dizimou milhares de colmeias. Na Europa, fenômenos semelhantes estão sendo ob-servados desde o fim da década de 1990. Pesquisadores descobri-ram que, além das doenças e da redução do habitat das espécies,

os agrotóxicos são um dos fatores que desencadeia essa mortan-dade.

Além da toxidade elevada de alguns defensivos agrícolas, contribui para esse cenário o uso incorreto destas substâncias. Elas são a-plicadas durante o dia, quando as abelhas estão fora das colmeias, sem seguir parâmetros de segurança e sem comunicar apicultores para que possam deixar as caixas fechadas.

No atual caso brasileiro, pesticidas à base de neonicotinoiedes e de fipronil foram os principais agentes causadores das mortes. "O histórico da mortandades agudas que temos constatado deixa mui-to claro a sua relação com o uso de agrotóxicos", ressalta Sattler, especialista em apicultura.

No Rio Grande do Sul, onde mais de 400 milhões de abelhas mor-reram só no primeiro trimestre, 80% das mortes foi causada pelo fipronil, inseticida usado amplamente em lavouras de monoculturas, mas também em pequenas propriedades rurais. A substancia é ain-da muito popular no extermínio de formigas e em remédios veteri-nários para controle de insetos, como pulgas. Em Santa Catarina, resquícios do pesticida foram detectados em colmeias mortas entre o fim do ano passado e início deste.

"Precisamos começar a questionar o modelo agrícola atual. Os e-feitos da expansão do monocultivo baseados em agrotóxicos estão comprovados. Os Estados Unidos tinham 6 milhões de colmeias na década de 1940, e hoje estão com cerca de 2,5 milhões", destaca Sattler.

Pressão popular

Na Europa, a morte abelhas é há alguns anos um tema presente na mídia e na política. Em 2017, um estudo chamou atenção da opini-ão pública alemã ao revelar que as populações de insetos voado-res haviam recuado 75% ao longo de 25 anos no país. A pesquisa desencadeou um debate sobre a questão.

Atualmente na Alemanha, a iniciativa popular "Salvem as abelhas" que forçar o governo da Baviera a buscar soluções para a diminui-ção da biodiversidade. A proposta prevê o incentivo à agricultura orgânica, proteção de matas ciliares, a ampliação da ligação de ha-bitats naturais e o banimento de agrotóxicos.

A pressão popular e de ativistas ambientais foi fundamental para a União Europeia (UE) aprovar no ano passado a proibição de três substâncias neonicotinoides – clotianidina, imidacloprida e tiameto-xam, que danificam o sistema nervoso central de insetos, incluindo as abelhas. Já a França foi mais além e baniu cinco inseticidas desta categoria de derivados da nicotina.

Já o fipronil teve seu uso restrito na Europa. Proibida completamen-te na França desde 2004 e, posteriormente, em vários países euro-peus, a aplicação do pesticida na União Europeia foi limitada em 2013 a cultivos em estufas e de alho-poró, cebola, cebolinha e cou-ve. A substância também é banida da indústria alimentícia do blo-co, podendo ser usada apenas para combater pulgas, piolhos e carrapatos de animais domésticos.

A Europa patina, porém, ainda no banimento do glifosato, outro de-fensivo agrícola que, segundo uma pesquisa divulgada no ano pas-sado, é prejudicial às abelhas.

Enquanto países europeus estão reavaliando e restringindo o uso de agrotóxicos, o Brasil nos últimos meses tem incentivado a libera-ção de defensivos agrícolas. Em relação às abelhas, o tema ainda é negligenciado, ainda mais diante do impacto que a extinção des-tas espécies pode ter.

"Apesar de todos os esforços, ainda não conseguimos sensibilizar suficientemente o público em geral e o próprio governo sobre a im-portância de trabalharmos na proteção das abelhas. Já foram reali-zados eventos sobre o assunto, reuniões explicando a importância das abelhas e com sugestões de políticas públicas, mas ainda pre-cisamos avançar nas ações efetivas", ressalta Pereira.

Satller tem opinião semelhante. "A situação é bastante grave, mas ainda dá para reverter", afirma o pesquisador, que defende o ques-tionamento do atual modelo do agronegócio no país e a restrição do uso indiscriminado de agrotóxicos.

Clarissa Neher

Abril de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 4

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

Se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência.

Abril de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 5

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Antônio de Oliveira Salazar: “Autoridade ab-soluta pode existir, liberdade absoluta não e-

xiste nunca”.

* * *

Salazar, de novo: “Autoridade e liberdade são dois conceitos incompatíveis… Onde e-

xiste uma não pode existir a outra”.

* * *

Aristóteles: “A autoridade e a obediência não constituem coisas necessárias, apenas, mas

são também coisas úteis. Alguns seres, quan-do nascem, estão destinados a obedecer; ou-

tros, a mandar”.

* * *

Marie Jean Antoine Nicolas Caritat: “Julgamos exercer uma pequena vingança

contra a autoridade fazendo secretamente o que ela proíbe”.

* * *

Thomas Jefferson: “Quando as pessoas te-mem o governo, isso é tirania. Quando o go-

verno teme as pessoas, isso é liberdade”.

* * *

Paul Valéry: “O poder sem abuso perde o en-canto”.

* * *

Galileu Galilei: “A verdade é filha do tempo, e não da autoridade”.

* * *

Thomas Hobbes: “É a autoridade, não a ver-dade, que faz a lei”.

* * *

Louis Bonald: “A razão é a primeira autorida-de; a autoridade é a última razão”.

* * *

Ludwig Feuerbach: “Quando a moral se ba-seia na teologia, quando o direito depende da

autoridade divina, as coisas mais imorais e injustas podem ser justificadas e impostas”.

* * *

Golda Meir: “A autoridade envenena todo a-quele que a toma para si”.

* * *

Textos bíblicos: “Aquele que se arroga

autoridade será odiado”.

* * *

Textos judaicos: “O homem que não sabe controlar-se a si mesmo torna-se absurdo

quando quer controlar os outros”.

* * *

John Ruskin: “Não manda bem quem tem a ânsia de mandar”.

Responsabilidade Já deve ser conhecido do público uma propaganda da Empiricus Research, uma em-presa que atua no ramo de conteúdo financeiro e ideias de investimentos, ou seja, pres-ta serviço de assessoria financeira, na qual uma jovem mulher afirma ter conseguido transformar mil quinhentos e vinte reais em um milhão e quarenta dois mil reais de patri-mônio acumulado. Tal propaganda virou motivo de chacota nas redes sociais.

E qual é o problema nisso? O problema está nos excessos em propagandas como es-sa. O autor deste artigo aqui acredita que os ricos, principalmente aquelas famílias que são ricas a várias gerações, têm conhecimento sobre economia, sobre mercados e so-bre finanças que a maioria das pessoas não tem. E para se ter esse tipo de dedução, não é necessário ser formado em qualquer faculdade. É obvio que algumas pessoas têm muito mais habilidades de lidar com mercados do que outras. Ninguém dorme po-bre e acorda rico no dia seguinte. Enriquecimento precoce não existe. Ninguém fica rico através de milagres ou de encantamentos mágicos. Dinheiro não nasce em árvore e nem cai do céu. Para que todos os seres humanos da Terra vivam como magnatas, se-riam necessários talvez dez planetas similares ao nosso ou uma redução populacional humana para menos de um bilhão de pessoas e, inteligências sintéticas fazerem o tra-balho que o proletariado faz atualmente, para que os seres humanos vivam uma vida de luxo e de lazer. Na vida real, não temos nenhuma das duas opções. Portanto, não exis-te isso de “só não é rico quem não quer”. Muita gente é sim excluída da prosperidade pelo status quo. O básico para todo e qualquer ser humano é se tornar próspero, é ter uma boa educação, o que no Brasil pode até ser considerado privilégio, já que muitos não têm uma boa educação básica.

Para aqueles que querem realmente melhorar de vida, uma recomendação com “pés no chão”. Não é necessário estarem de acordo entre si sobre tudo o tempo todo. Inde-pendente de viés de esquerda, direita ou centro, no que se refere a interesses em co-mum, façam uma trégua e unam-se entre si pelas causas em comum. Por exemplo, um grupo de três pessoas, a primeira apoia o PT, a segunda apoia o PSDB e a terceira a-poia o PSL, mas as três precisam de aumento salarial, então o sensato é as três pesso-as fazerem uma trégua e se unirem para conseguir o aumento salarial que as três ne-cessitam. Uma sociedade composta por maioria egocêntrica não consegue grandes mudanças para melhor. O primeiro grande salto para uma vida melhor é a união entre as pessoas.

Muitas pessoas têm crenças sobre vários assuntos, inclusive assuntos econômicos e financeiros. E por isso, tem gente que faz confusão e trata o seu próprio ponto de vista sobre economia, mercado e finanças como dogma, ou seja, como verdade absoluta e incontestável. Infelizmente alguns realmente acreditam em frases como “só não é rico quem não quer”, “se eu consegui ficar milionário então qualquer um consegue”, “os po-bres são pobres por culpa somente deles mesmos”. Será que os moradores de rua vi-vem como vivem, por hobby? Será que os empregados que ganham salários baixos, fazem isso por puritanismo religioso? Por acharem que ser rico é pecado e imoral? Será que milhões de pessoas não consumiriam muito mais do que conseguem consumir atu-almente, se pudessem? Será que a maioria das pessoas não prefeririam ter mais lazer do que têm atualmente? Será que a maioria da população, se tivesse opção e soubesse como proceder, não deixaria de trabalhar duro para se tornar rentista? O mundo não estaria transbordando de banqueiros ricos?

Não é ser contra serviços de assessoria financeira, e sim não aprovar marketing agres-sivo e nem propagandas sensacionalistas. Pode acontecer de uma determinada pesso-a, mesmo ainda jovem, adotar uma estratégia e ficar rica num curto período. Pode! Mas não há garantia nenhuma que tal estratégia vá funcionar com todas as pessoas sem exceção. Propagandas devem ser feitas com senso de responsabilidade e “pés no chão”, sem estimular os consumidores a se aventurarem perigosamente e correrem ris-cos de terem resultados desastrosos. É regra no sistema capitalista visar lucro. Só que prudência é essencial e indispensável.

João Paulo E. Barros

Capitalismo enron: Você tem duas vacas. Vende três para a sua companhia de capital aberto usando ga-rantias de crédito emitidas por seu cunhado. Depois faz uma troca de dívidas por ações por meio de uma oferta geral associada, de forma que você consegue todas as quatro vacas de volta, com isenção fiscal para cinco vacas. Os direitos do leite das seis vacas são transferidos para uma companhia das Ilhas Cayman, da qual o sócio majoritário é secretamente o dono. Ele vende os direitos das sete vacas novamente para a sua com-panhia. O relatório anual diz que a companhia possui oito vacas, com uma opção para mais uma. Você vende uma vaca para comprar um novo presidente dos Estados Uni-dos e fica com nove vacas. Ninguém fornece balanço das operações e público compra o seu esterco.

.Onze sinais do fascismo, segundo Umberto Eco

Segundo pensador italiano, o cul-to à tradição; a repulsa ao moder-no; o machismo; o racismo; a guerra permanente são típicos do

“fascismo eterno”. Ou seja, a ameaça já está implantada entre nós, mesmo que não siga seu nome.

Tenho refletido e escrito sobre a perda de vitalidade da democraci-a. Mas acho que agora já entramos num perigoso caminho de des-construção da democracia, uma ameaça que vem na esteira do golpe do impeachment e se expressa hoje no nosso governo híbri-do, civil-militar, com sua agenda antidireitos. Claro, a institucionali-dade democrática formal está mantida até aqui, mas algo por den-tro vem corroendo os princípios e valores éticos e políticos vitais da democracia: o respeito incondicional da liberdade de ser, pensar e agir, a busca da maior igualdade possível, com direito à diversida-de, convivendo em solidariedade coletiva e baseando tudo em ativa participação cidadã. Tais princípios constituem o substrato de qual-quer democracia com potencial de transformar contradições e di-vergências, de potencial destrutivo, em forças construtivas de soci-edades mais livres e justas.

Hoje reconheço um vírus implantado em nosso seio que pode aca-bar com a democracia e nos levar ao fascismo como regime políti-co. Estamos diante de sinais inequívocos de tal vírus no campo de ideias e valores que foram se revelando e se condensaram na vitó-ria eleitoral e nas falas do presidente e de integrantes do governo empossado. A leitura de um discurso de Umberto Eco, de 24 de abril de 1995, na Universidade de Columbia, Nova York, publicado em espanhol por Bitacora, sob o título Los 14 síntomas del fascis-mo eterno, me inspirou. Segundo Eco, as características típicas do “Ur-Fascismo” ou “fascismo eterno” não se enquadram num siste-ma, “…mas basta com que uma delas esteja presente para fazer coagular uma nebulosa fascista” (em tradução livre). Vou lembrar aqui apenas alguns dos indícios do eterno fascismo que Eco apon-ta e que deixo aos leitores desta minha crônica identificar as suas expressões na realidade brasileira.

Culto da tradição – como se toda a verdade já estivesse revelada há muito tempo e o que precisamos é ser fiéis a ela. O tradicionalis-mo é uma espécie de cartilha na disputa de hegemonia fascista so-bre corações e mentes. O pensamento do principal guru dos “donos do poder”, a pregação das igrejas pentecostais e as falas – quando dizem algo – são impregnados de uma veneração da ver-dade já revelada em escritos sagrados e de valores espirituais mais tradicionais do cristianismo. “Deus, pátria, família e propriedade”, com a força que estão de volta como pregação, não deixam dúvida. Fascismo e fundamentalismo sempre vêm juntos.

Repulsa ao modernismo – que leva a considerar as conquistas hu-manas em termos de direitos e de emancipação social como per-versidades da ordem natural. Nega-se, em consequência, a racio-nalidade e, com ela, toda a ciência e a tecnologia. Não falta gente com tal forma de pensar no governo e seus seguidores. Para eles, direitos iguais são um absurdo. Mudança climática é uma “invenção de comunistas”. E por aí vai.

Culto da ação pela ação – fazer e agir, acima de tudo. Como diz Eco, para fascistas “pensar é uma forma de castração”. Daí a atitu-de de suspeita à cultura, pois é vista como algo crítico. Em conse-quência, todo mundo intelectual é suspeito. Ainda Eco, “O maior

empenho dos intelectuais fascistas oficiais consistia em acusar a cultura moderna e a intelligentsia liberal de ter abandonado os valo-res tradicionais”.

Não aceitação do pensamento crítico – pensar criticamente é fazer distinções e isto é sinal de modernidade, pois o desacordo é base do avanço do conhecimento científico. O fascismo eterno considera a divergência como traição. Deve-se aceitar a verdade da ordem estabelecida. Daí, “escola sem partido”, sem iniciação ao pensa-mento crítico e a liberdade de expressão e ação.

O racismo na essência – segundo Eco, com medo da diferença, o fascismo a explora e potencializa em nome da busca e da imposi-ção do consenso. Os e as diferentes não são bem vindos. Por isso, o fascismo eterno é essencialmente racista e xenofóbico. Daí a i-dentificar os diferentes como criminosos a linha é reta.

O apelo aos precarizados e frustrados – todos os fascismos históri-cos fizeram apelo aos grupos sociais que sofrem frustração e se sentem desleixados pela política. As mudanças no mundo do traba-lho, promovidas pela globalização econômica e financeira, são ter-reno fértil para o fascismo.

O nacionalismo como identidade social – nação como lugar de ori-gem, com os seus símbolos. Os e as que não se identificam com isso são inimigos da nação. Portanto, devem ser excluídos. Podem ser os nascidos fora da nação, como os imigrantes, ou por se arti-cularem com forças externas – o tal “comunismo internacional” – ou, ainda, por não se enquadrarem no padrão “normal” de naciona-lidade. O nacionalismo vulgar é o cimento agregador de qualquer fascismo.

A vida como guerra permanente – no fascismo, a gente não luta pela vida, liberdade, bem viver, mas vive para lutar. A violência é aceita como regra e a busca de paz uma balela. Vencem os mais fortes, armados. Há um culto pela morte na luta.

O heroísmo como norma – o herói, um ser excepcional, sem medo da morte, está em todas as mitologias. Aqui basta lembrar a explo-ração feita daquele atentado em Juiz de Fora. O herói vira mito re-al.

O machismo como espécie de virtude – em sendo difícil a guerra permanente e a demonstração de heroísmo, o fascismo potenciali-za as relações de poder na questão sexual, segundo Umberto Eco. Aqui também não faltam manifestações de patriarcalismo e machis-mo, com intolerância com o que é considerado divergente da nor-ma em questões sexuais. Não há lugar para a liberdade de opção sexual e de gênero.

O líder se apresenta como intérprete único da vontade comum – o povo é o seu povo, o seu entendimento do que seja o povo e sua vontade comum. Como diz Eco, estamos diante de um populismo de ficção.

Chamei atenção aqui para indícios de fascismo total apontados por Umberto Eco – não todos, para não ser enfadonho e talvez desvir-tuar o que o autor quis dizer – com a preocupação de dar atenção a ideias e imaginários que estão adquirindo legitimidade mobiliza-dora no nosso seio. Inspirado no atualmente renegado Antônio Gramsci, exatamente pelo emergente fascismo político e cultural, penso que a conquista de hegemonia no sentido de direção intelec-tual e moral precede o poder do fascismo pela força estatal. Ou se-ja, a ameaça de fascismo já está implantada entre nós, mesmo se o regime ainda não parece ser fascista.

Cândido Grzybowski

Abril de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 6

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

A data tem o objetivo de conscientizar a população sobre a impor-tância das políticas públicas para inclusão das pessoas cegas no sistema educacional do Brasil. A comemoração também visa a re-flexão sobre a empregabilidade de mecanismos que favoreçam o desenvolvimento intelectual, profissional e social das pessoas ce-gas ou com pouca visão.

O Braille é um sistema de códigos em alto relevo que representam todas as letras do alfabeto, números, símbolos aritméticos e etc. O sistema é composto por seis pontos, divididos em duas colunas de três pontos, formando no total 63 combinações diferentes, sendo cada um representante de um número, letra, pontuação e etc. O sistema Braille foi criado na França, em 1825, pelo francês Louis Braille, que perdeu a sua visão quando tinha apenas 3 anos de ida-de.

08 - Dia Nacional do Sistema Braille

UM COELHO CHATO

Existia no meio da floresta um con-domínio onde viviam vários ani-mais, alguns órfãos, outros já ve-lhos e os que se perderam da famí-lia e, juntos, construíram essa mo-rada de amigos que se ajudavam.

Para se morar lá, cada animal de-veria cumprir as regras impostas pela síndica geral dona coruja e a subsíndica dona girafa que priorizavam o respeito, cuidados com o meio ambiente, solidari-edade e dedicação pelo coletivo.

A cada mês, um animal era homenageado e convidado a preparar alguma ativi-dade para que todos pudessem participar e se divertir.

Eis que mês de abril, em virtude da Páscoa, seria a vez do coelho. Acontece que dentre eles, havia um muito peralta, que costumava passar dos limites e en-quanto não aborrecia grande parte dos animais, não sossegava.

Era malcriado com os mais velhos, insensível com os mais novos e, indo-lente nas tarefas em prol da comunidade.

Aprontava na festa dos outros animais e ficava ansioso para que chegasse abril porque gostava mesmo era de aparecer para os demais, e como ninguém aprontava com ele, a festa dele acabava sempre sendo eleita a melhor.

Esse coelhinho era bonitinho, de pelos macios e só perdia de ser querido por todos pelo que aprontava com os animais que viviam no bosque verde e bonito. Mentia para todos e provocava intrigas entre os amigos, fazia caretas para to-dos, escondia os brinquedos dos mais novos e sempre dava um jeito de escon-der alguma coisa importante nas festas para estragar o evento dos outros bi-chos.

Porém, dessa vez, os animais reuniram-se e resolveram dar uma lição no coe-lho chato e combinaram de estragar sua festa.

A véspera da Páscoa chegou e o coelhinho preparou caminhos de cenouras, frutas, sementes, peixes para que todos seguissem a trilha até encontrarem os ovos de chocolate que embrulhara em papéis coloridos e fitas douradas que providenciara para que achassem o prêmio e dessa forma, seria o destaque do ano já que, como sempre, ele aprontava nos eventos dos amigos estragando a festa deles.

Dessa vez, todos se reuniram e resolveram fazer um complô contra ele e, pelos caminhos, colocaram explosivos de festa junina para dificultar a trilha que levari-a aos ovos, o elefante fez uma chuvarada de água com sua tromba molhando todos os enfeites, colocaram placas com desenho do coelho fazendo as caretas que distribuía para todos só para irritar e, dentro das embalagens foi posto pe-dregulhos e nada de chocolate. Foi um trabalhão para a comunidade fazer isso sem que ele notasse, mas valeu a pena só de olhar a cara dele espantado e sem fala com tanto abuso dos animais em estragar sua festa.

Ele tentou esbravejar, mas como combinado, todos fizeram de conta que nada havia acontecido e se puseram a reclamar da falta de organização do coelho para com a festa o que lhe rendeu muitas broncas da síndica além de obrigá-lo a limpar toda sujeira e bagunça que ficara na floresta.

No dia seguinte todos ignoraram o “aprontão” que percorreu a floresta, cabisbai-xo, envergonhado pelo fiasco de sua festa. Tanto sentiu a desfeita que decidiu ir embora constrangido e de orelhas baixas.

Apesar de todos terem-se divertido com a lição que deram a ele, ficaram com pena e decidiram convidá-lo a ficar e fazer sua festa de verdade, mas com a promessa de que nunca mais iria fazer tolices e provocações aos animas do “Condomínio Verde”.

O coelho, muito feliz, prometeu que jamais faria isso de novo e preparou a me-lhor festa que ele pode para retribuir a atenção e desculpar-se com todos.

Divertiram-se muito e o coelho aprendeu que para ser querido é preciso ser edu-cado e saber respeitar o espaço e direitos de cada um.

Hoje ele vive bem entre todos e até foi convidado para dar palestras sobre o mal que faz debochar dos outros e que hoje entre os humanos chama-se bullying.

Moral da história: o silêncio da solidão não é bom e aquele que não trair, terá a melhor fama e os melhores amigos.

Genha Auga – jornalista MTB: 15.320

Abril de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 7

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21 DE ABRIL - PARA NÃO ESQUECER.

Genha Auga

PELO PAÍS E PELO POVO BRADOU!

E A LAMA DE HOJE É SANGUE DERRAMADO

DE QUEM SE ENTREGOU, SACRIFICOU-SE.

COMO TIRADENTES, MORRERAM EM VÃO.

QUANTOS TIRADENTES AINDA MORRERÃO

POR DESCASO E POR INJUSTIÇAS?

A ÁGUA NÃO MATA NOSSA SEDE,

DESTRÓI TUDO QUE VEM À SUA FRENTE.

QUANTAS TRAGÉDIAS AINDA VIRÃO

OS QUE DEVERIAM

MOSTRAR UM GRANDE FEITO...

TRIBUTAM A SOCIEDADE COM ALTOS

IMPOSTOS

ESQUARTEJANDO-NOS O ANO TODO.

COMO FORTALECER IDEIAS

SE O POVO FEZ-SE

NOVO TIRADENTES.

ENFORCADO POR SOFRIMENTOS,

REBELDE COM CAUSA,

DE TANTAS DORES, TORNOU-SE INDOLENTE.

PARA QUE MESMO O FERIADO?

PARA LEMBRAR

O QUE DIZIA NOSSO INCONFIDENTE,

- QUE PENA!

SE QUISESSEMOS, O BRASIL SERIA

UMA GRANDE NAÇÃO –

PARA NÃO ESQUECER O LEMA.

- LIBERDADE, AINDA QUE TARDIA -

QUE PENA! TIRADENTES,

SUA MORTE FOI EM VÃO...

Abril de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 8

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Deseducar para controlar: a ignorantização como projeto

de poder

Nestes dias tão conturbados em que presenciamos e vivemos cataclismos políticos e sociais tão evidentes, a figura do autô-

mato descrita pelo Filósofo e Historiador Alemão Walter Benjamin me veem a cabeça. Em seu texto Conceitos Sobre História, assim ele descreve este ser: “Conhecemos a história de um autômato construído de tal modo que podia responder a cada lance de um jogador de xadrez com um contra lance, que lhe assegurava a vitó-ria. Um fantoche vestido à turca, com um narguilé na boca, sentava-se diante do tabuleiro, colocado numa grande mesa. Um sistema de espelhos criava a ilusão de que a mesa era totalmente visível, em todos os seus pormenores. Na realidade, um anão corcunda se escondia nela, um mestre no xadrez, que dirigia com cordéis a mão do fantoche.”

O que de certa forma exprime a ideia contida no detalhamento da figura de um autômato fantoche, deixa mais do que claro as nuan-ces da situação brasileira atual. Vivemos como uma população ro-botizada, passando por falsas transformações que ocultam uma continuidade de engrenagens de poder que se perpetuam desde a formação do país enquanto nação. Tal qual o jogo de xadrez evi-denciada pelo pensador alemão, nossas jogadas são de cartas marcadas. Embora as peças sejam diferentes ao longo dos anos, nossa política, graças aos mecanismos de continuísmos, garante a perpetuação de uma série de privilégios, meandros e costumes ar-raigados no seu cerne.

Passando pelo período colonial, ao grito do Ipiranga dado por um Nobre Português com Disenteria proclamando a independência; da pompa do Período Imperial, vicejando a república velha e seu voto de cabresto; do (velho) Estado novo de Getúlio Vargas; da ditadura de uma noite sombria que durou 21 anos; até estes dias de treslou-cada de uma incongruente democracia republicana empedernida: mudaram-se sistemas de governo, pessoas, políticos, economia e os pormenores do tempo, mas algo conseguiu manter-se como per-manência em todas estas épocas.

Hábitos, costumes e uma certa cultura política e educacional calca-da no uso do estado, da nação e de todos os seus dispositivos pa-ra perpetuação de um Modus Operandi voltada para o ego individu-alista, onde poucos se beneficiam com as mazelas da maioria, on-de se deveria existir ações e pensamentos voltados para o bem-estar de todos, há o movimento contrário. Pelo sucesso individual, baseado na desgraça geral.

Instituições, empresas, órgãos públicos e privados, e a própria po-pulação são imbuídas de uma crença onde apenas o seu interesse deve ser o primordial para que seus objetivos, metas e satisfação

enquanto cidadão sejam supridos. Indo por este caminho, ocorre a cegueira geral de que o bem-estar e a empatia pelo outro é desne-cessária. Onde todos têm o mínimo de suas necessidades de vida, consumo, lazer, segurança, saúde e educação, a existência da so-ciedade e seu desenvolvimento atinge todas as expectativas e es-tabilidade para que aqueles pertencentes a ela se sintam aplaca-dos e satisfeitos em sua condição existencial.

E então fica a pergunta de por que aqueles que detêm o poder não fazem as mudanças preconizando e dando prioridade a estas ques-tões? Oras, pelo mesmo motivo que muitos tentam fraudar a bolsa de valores, enganar o arbitro em alguma competição esportiva, pra-ticar bullying, e por aí vai; a resposta final é o ganho individual em detrimento do interesse coletivo.

É nisto que reside a realidade concreta do Brasil, uma população a mercê de ilusões criadas por uma política que mesmo mudando suas jogadas e modelo, consegue perpetuar processos e atingir os mesmíssimos resultados, não importando se a partida e o sistema forem diferentes. O resultado sempre será o mesmo, ludibriando e dando a falsa ilusão daqueles que estão envolvidos no jogo, que podem conseguir uma vitória quando uma nova partida se inicia.

Ardilosa armadilha criada pelo Estabilishment desde os primórdios da nação brasileira, ele é tão eficiente por não depender de modelo político, econômico ou social: ele se mantém entranhado nos hábi-tos culturais bem como nos mecanismos da indução de pensamen-to e influência dos costumes. É a arma perfeita nas mãos do Status Quo, pois venceu e vence suas batalhas sem dar sequer um tiro.

Para que as mudanças que não mudem tenham sua continuidade, ocorre então a necessidade de ferramentas visando manter toda esta penúria, e o meio de alcançar estas metas é o sucateamento da educação brasileira. Vamos sendo criados de modo que a imen-sa maioria não perceba que está sendo iludida nos joguetes do po-der, e aqueles que sabem como funciona isso tudo entram num processo de conformismo com a situação.

Não existiu até hoje um verdadeiro plano de reforma educacional esclarecedora, primando pelo efetivo ensino que consiga quebrar com estas correntes de um nocivo controle das vontades do in-consciente e subconsciente brasileiro, não precisando aqui descre-ver o tenebroso projeto do Escola sem partido(sic). Hábitos e costu-mes tão profundamente incrustados no consciente nacional só são passíveis de mudança através da educação. Por isto, a educação brasileira permanece arcaica, pois vai de encontro aos interesses daqueles que, como o corcunda anão mestre no xadrez relatado por Walter Benjamin, tem nos políticos os fantoches de suas vonta-des.

Sendo assim, cada vez mais dou razão a afirmativa de Darcy Ribei-ro: “A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto”.

Guilherme Lima

Esta data marca a chegada dos navegadores portugueses ao terri-tório brasileiro pela primeira vez no ano de 1500. Oficialmente, o descobridor do Brasil foiPedro Álvares Cabral, mas o termo é usado apenas como referência, pois quando os portu-gueses chegaram o país já era habitado por várias comunidades indígenas. Estima-se que existiam no Brasil aproximadamente cin-co milhões de índios naquela época. O encontro entre os portugueses e os índios foi um verdadeiro cho-que cultural. Eles ficaram curiosos com os objetos, animais, metais e com as roupas. No início, o objetivo dos portugueses era catequizar os índios, mas depois iniciou-se o processo de colonização do Brasil e extração das matérias-primas do país, como o pau-brasil, por exemplo, fa-zendo com que a comunidade indígena fosse fortemente escraviza-da. Origem do Descobrimento do Brasil

O Brasil foi descoberto acidentalmente em 22 de abril de 1500, pela frota do navegador português Pedro Álvares Cabral. No entanto, alguns historiadores defendem que Cabral não teria sido o primeiro navegador a pôr os pés nas futuras terras brasileiras. Supostamente, em 1498, o comandante Duarte Pacheco Pereira teria atingido o litoral brasileiro na atual região norte, explorando parte das terras que pertencem aos estados do Pará e do Mara-nhão. Porém, essa descoberta teria sido guardada em segredo. Dois a-nos depois, Cabral partia em direção às Índias quando foi surpreen-dido com o litoral daquilo que futuramente seria o estado da Bahia. Carta de Pêro Vaz de Caminha Pêro Vaz de Caminha era o escrivão da frota de Pedro Álvares Ca-bral, e foi ele quem escreveu uma carta ao rei de Portugal, D. Ma-nuel I, contando à Corte Portuguesa as belezas das terras de Vera Cruz, o nome que inicialmente deram ao Brasil.

22 - Descobrimento do Brasil pelos portugueses

As três ignorâncias contra a democracia Numa fase dramática da crise civilizatória, enfrentamos simultanea-mente a arrogância do colonialismo, a indolência das transforma-ções inconclusas e a perversão das fake news. Será possível mu-dar o mundo, ainda assim?

POR: Boaventura de Sousa Santos

Escrevi há muito que qualquer sistema de conhecimentos é igual-mente um sistema de desconhecimentos. Para onde quer que se orientem os objetivos, os instrumentos e as metodologias para co-nhecer uma dada realidade, nunca se conhece tudo a respeito dela e fica igualmente por conhecer qualquer outra realidade distinta da que tivemos por objetivo conhecer. Por isso, e como bem viu Nico-lau de Cusa, quanto mais sabemos mais sabemos que não sabe-mos. Mas mesmo o conhecimento que temos da realidade que jul-gamos conhecer não é o único existente e pode rivalizar com mui-tos outros, eventualmente mais correntes ou difundidos. Dois e-xemplos ajudam. Numa escola diversa em termos étnico-culturais, o professor ensina que a terra urbana ou rural é um bem imóvel que pertence ao seu proprietário e que este, em geral, pode dispor dela como quiser.

Uma jovem indígena levanta o braço, perplexa, e exclama: “professor, na minha comunidade a terra não nos pertence, nós é que pertencemos à terra”. Para esta jovem, a terra é Mãe Terra, fonte de vida, origem de tudo o que somos. É, por isso, indisponí-vel. Durante um processo eleitoral numa dada circunscrição de u-ma cidade europeia, onde é majoritária a população roma (vulgo, cigana), as seções de voto identificam individualmente os eleitores recenseados. No dia das eleições, a comunidade roma apresenta-se em bloco nos lugares de votação reivindicando que o seu voto é coletivo porque coletiva foi a deliberação de votar num certo senti-do ou candidato. Para os roma não existem vontades políticas indi-viduais autônomas em relação às do clã ou família. Estes dois e-xemplos mostram que estamos em presença de duas concepções de natureza (e propriedade), num caso, e de duas concepções de democracia, no outro.

O primeiro modo de produção de ignorância (chamemos-lhe Modo 1) reside precisamente em atribuir exclusivamente a um modo de conhecimento o monopólio do conhecimento verdadeiro e rigoroso e desprezar todos os outros como variantes de ignorância, quer se trate de opiniões subjetivas, superstições ou atavismos. Este modo de produção de ignorância continua a ser o mais importante, sobre-tudo desde que a cultura eurocêntrica (um certo entendimento dela) tomou contato aprofundado com culturas extra-europeias, especial-mente a partir da expansão colonial moderna. A partir do século XVII, a ciência moderna consolidou-se como tendo o monopólio do conhecimento rigoroso. Tudo o que está para além ou fora dele é ignorância. Não é este o lugar para voltar a um tema que tanto me tem ocupado. Direi apenas que o Modo 1 produz um tipo de igno-rância: a ignorância arrogante, a ignorância de quem não sabe que há outros modos de conhecimento com outros critérios de rigor e tem poder para impor a sua ignorância como a única verdade.

O segundo modo de produção de ignorância (Modo 2) consiste na produção coletiva de amnésia, de esquecimento. Este modo de produção tem sido frequentemente ativado nos últimos cinquenta anos, sobretudo em países que passaram por longos períodos de conflito social violento. Esses conflitos tiveram causas profundas: gravíssima desigualdade socioeconômica; apartheid baseado em discriminação étnico-racial, cultural, religiosa; concentração de terra e consequente luta pela reforma agrária; reivindicação do direito à autodeterminação de territórios ancestrais ou com forte identidade social e cultural, etc. Estes conflitos, que muitas vezes se traduziri-am em guerras prolongadas, civis ou outras, produziram milhões de vítimas – entre mortos, desaparecidos, exilados e internamente deslocados. Para além das partes em conflito, houve sempre ou-tros atores internacionais presentes e interessados no desenrolar do conflito; a sua intervenção tanto conduziu ao agravamento do

conflito como (menos frequentemente) ao seu término. Em alguns poucos casos houve um vencedor e um vencido inequívocos. Foi esse o caso do conflito entre o nazismo e os países democráticos. Na maioria dos casos, porém, tende a ser questionável se houve ou não vencedores e vencidos, sobretudo quando a parte suposta-mente vencida impôs condições mais ou menos drásticas para a-ceitar o fim do conflito (veja-se o caso da ditadura brasileira que do-minou o país entre 1964 e 1985).

Em ambos os casos, terminado o conflito, inicia-se o pós-conflito, um período que visa reconstruir o país e consolidar a paz. Nesse processo participam com destaque as comissões de verdade, justi-ça e reconciliação, muitas vezes como componentes de um siste-ma mais amplo que inclui a justiça transicional e a identificação e apoio às vítimas. São disso exemplo a Coreia do Sul, Argentina, Guatemala, África do Sul, ex-Iugoslávia, Timor-Leste, Peru, Ruan-da, Serra Leoa, Colômbia, Chile, Guatemala, Brasil. Na maioria dos processos pós-conflito, forças diferentes militaram por razões dife-rentes para que a verdade não fosse plenamente conhecida. Quer porque a verdade era demasiado dolorosa, quer porque obrigaria a uma profunda mudança do sistema econômico ou político (desde a redistribuição de terra ao reconhecimento da autonomia territorial e a um novo sistema jurídico-administrativo e político). Por qualquer destas razões, preferiu-se a paz (podre?) à justiça, a amnésia e o esquecimento à memória, à história e à dignidade. Assim se produ-ziu uma ignorância indolente.

O Modo 3 de produção de ignorância consiste na produção ativa e consciente de ignorância por via da produção massiva de conheci-mentos de cuja falsidade os produtores estão plenamente consci-entes. O Modo 3 produz conhecimento falso para bloquear a emer-gência do conhecimento verdadeiro a partir do qual seria possível superar a ignorância. É este o domínio das fake news. Ao contrário dos Modos 1 e 2, a ignorância não é aqui um subproduto da produ-ção. É o produto principal e a sua razão de ser. Os exemplos, infe-lizmente, não faltam: a negação do aquecimento global; os imigran-tes e refugiados como agentes de crime organizado e ameaça à segurança da Europa ou dos EUA; a distribuição de armas à popu-lação civil como o melhor meio de combater a criminalidade; as po-líticas de proteção social das classes mais vulneráveis como forma de comunismo; a conspiração gay para destruir os bons costumes; a Venezuela ou Cuba como ameaças à segurança dos EUA; etc., etc.

Os três modos de produção produzem três tipos diferentes de igno-rância, estão articulados e acarretam consequências distintas para a democracias. O Modo 1 produz uma ignorância arrogante, abis-sal, que é simultaneamente radical e invisível na medida em que o monopólio do conhecimento dominante é generalizadamente acei-to. As verdades que não cabem na verdade monopolista não exis-tem e tão-pouco existem as populações que as subscrevem. Abre-se assim um campo imenso para a sociologia das ausências. Foi por isso que o genocídio dos povos indígenas e o epistemicídio dos seus conhecimentos (passe o pleonasmo) andaram de mãos da-das. O Modo 2 produz a ignorância indolente que se satisfaz super-ficialmente e que, por isso, permanece como ferida que arde sem se ver. É a ignorância-frustração que sucede à verdade-expectativa. Uma ignorância que bloqueia uma possibilidade e uma oportunidade emancipadoras que estiveram próximas, que eram realistas e, que, além disso, eram merecidas, pelo menos na opini-ão de vastos setores da população. Esta ignorância sugere uma sociologia das emergências, da emergência de uma sociedade que se afirma reconciliada consigo mesma, com base em justiça social, histórica, étnico-cultural, sexual. O Modo 3 cria uma ignorância ma-lévola, corrosiva e, tal como um cancro, dificilmente controlável, na medida em que as redes sociais têm um papel crucial na sua proli-feração. Esta ignorância está para além da ausência e da emergên-cia. Esta ignorância é a prefiguração da estase, a imobilidade que estrutura a vertigem do tempo imediato.

CONTINUA NA PÁGINA 14

Abril de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 9

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Esta data homenageia a força e presença do exército nacional bra-sileiro como entidade de proteção do território e nação brasileira.

O Dia do Exército é celebrado em 19 de abril em memória da Batalha dos Guararapes, que ocorreu em 19 de abril de 1648, no estado de Pernambuco.

Neste episódio, um grupo de brasileiros, de diferentes etnias, mas com o mesmo sentido patriótico, se reuniu pela primeira vez para combater a dominação holandesa.

Oficialmente, o Exército Brasileiro foi criado em 1822, como um ór-gão subordinado ao Ministério da Defesa.

Atualmente o Dia do Exército Brasileiro serve para comemorar essa vitória, enaltecer o espírito patriótico brasileiro e para divulgar a im-portância dessa Força Armada.

O Exército Brasileiro é um dos três braços das Forças Armadas Brasileiras, assim como a Marinha e a Aeronáutica.

Ver também: Dia do Soldado.

Existem cinco principais divisões dentro do Exército Brasileiro: a infantaria, a cavalaria, a artilharia, a engenharia e as comunica-ções.

Canção do Exército Brasileiro

Nós somos da Pátria a guarda, / Fiéis soldados, / Por ela amados. / Nas cores de nossa farda Rebrilha a glória, / Fulge a vitória. / Em nosso valor se encerra / Toda a esperança / Que um povo alcan-ça. / Quando altiva for a / Terra Rebrilha a glória, / Fulge a vitória. / A paz queremos com fervor, / A guerra só nos causa dor. / Porém, se a Pátria amada / For um dia ultrajada / Lutaremos sem temor. / Como é sublime / Saber amar, / Com a alma adorar / A terra onde se nasce! / Amor febril / Pelo Brasil / No coração / Nosso que pas-se. / E quando a nação querida, / Frente ao inimigo, / Correr peri-go, / Se dermos por ela a vida / Rebrilha a glória, / Fulge a vitória. / Assim ao Brasil faremos / Oferta igual / De amor filial. / E a ti, Pá-tria, salvaremos! / Rebrilha a glória, / Fulge a vitória. / A paz quere-mos com fervor, / A guerra só nos causa dor. / Porém, se a Pátria amada / For um dia ultrajada / Lutaremos sem temor.

Abril de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 10

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

.Nasce um exemplar de arara azul e salva

sua espécie da extinção

A arara-azul-grande ou simplesmente arara a-zul, foi declarada extinta por motivos desumanos, como tráfico e comércio ilegal dessas aves.

Uma notícia que se tor-nou oficial, o papagaio ou a arara azul havia

sido extinta. Mas outra obra da natureza deu uma luz de esperança para esta espécie, nos deu uma segunda chance com o nascimen-to de uma arara azul.Na semana passada, esta grande notícia foi anunciada, o nascimento desta bela ave foi gravado em uma ofici-na de aves da ONG “Associação de Ornitófilos e Aliados” na cidade de Luque, no Paraguai.

Luque está localizado a 15 quilômetros da capital paraguaia, As-sunção, o que indica que esta espécie estaria segura e poderia permanecer viva. Deve-se notar que “Última Hora”, uma agência de notícias no Paraguai, mencionou que a ave havia nascido em cati-veiro.

O responsável pela oficina de aves mencionada acima, Gustavo Espínola, acrescentou que cada um desses nascimentos em cati-veiro é um grande passo quando se quer salvar uma espécie. No caso desta arara azul, o filhote já mostra suas penas azuis iniciais e está em ótimo estado de saúde.

Ele também disse que não se deveria permitir que as aves nasci-das no Paraguai, e de imensa beleza, permaneça por tanto tempo em perigo de desaparecer. É uma das razões pelas quais precau-ções são tomadas no cuidado desta espécie.

Como este belo pássaro há muitas espécies em perigo de desapa-recer, e nós somos os únicos que devem dar o grande passo, con-tribuindo para tentar preservar a beleza natural que nos rodeia.

Fonte: ilusionviajera

19 - Dia do Exército Brasileiro

Esta data homenageia a importante função do diplomata, que tem a responsabilidade de informar, representar e negociar variados assuntos e discussões entre os interesses de diferentes países.

Um diplomata representa o seu país em um território estrangeiro, portanto deve ser um ótimo articulador na hora de debater sobre os assuntos internos de seu país com um representante de outra na-ção.

No Brasil, para se tornar diplomata o interessado deve prestar uma prova de concurso, caso seja aprovado, ainda deverá se submeter a um estágio probatório de dois anos. Após essa primeira fase, o diplomata vai progredindo em sua carreira, passando pelos cargos de Terceiro, Segundo e Primeiro Secretário consecutivamente; Conselheiro; Ministro de Segunda Classe e, por fim, Ministro de Pri-meira Classe (Embaixador).

Para garantir as várias oportunidades de viagens e o bom salário, o diplomata têm em mãos uma grande responsabilidade de represen-tar a nação fora do país. Dedicação, bons conhecimentos gerais, articulação e organização são componentes essenciais para um bom profissional.

Origem do Dia do Diplomata

O Dia do Diplomata no Brasil se comemora em 20 de abril em ho-menagem ao "Patrono da Diplomacia Brasileira", José Maria da Sil-va Paranhos, mais conhecido como Barão de Rio Branco.

O Barão de Rio Branco nasceu em 20 de abril de 1850 e já coman-dou o Ministério de Relações Exteriores brasileiro, participando em missões de paz no Paraguai (durante a guerra) e cônsul-geral na cidade de Liverpool, na Inglaterra.

Devido a grande contribuição que o Barão do Rio Branco trouxe para a Chanceleria Brasileira, o Dia do Diplomata é comemorado no dia de seu aniversário.

20 - Dia do Diplomata

A data tem como principal objetivo chamar a atenção da população em geral para os cuidados de preservação da voz, ficando alerta às alterações da voz, que podem ser um sinal de doenças. O câncer de laringe é um exemplo preocupante de como a falta de importân-cia com a voz pode se manifestar.

Profissionais que utilizam a sua voz diariamente (jornalistas, canto-

res, atores, e etc) podem estar mais atentos aos cuidados básicos com a saúde vocal, no entanto, o restante da população negligenci-a ou desconhece a dimensão dos efeitos negativos que os exces-sos com a voz podem causar para a sua qualidade de vida.

A primeira celebração em homenagem à voz surgiu no Brasil em 1999, porém só ganhou destaque mundial a partir de 2003, quando passou a ser comemorada nos Estados Unidos, Europa e Ásia.

16 - Dia Mundial da Voz

Intoxicações agudas por causa de agrotóxicos triplicam em Minas

Novos registros po-dem trazer avanços tecnológicos e pro-dutos com a toxici-dade menor

Entre as consequên-cias do uso de agro-tóxicos no Brasil e em Minas Gerais es-tão as intoxicações

agudas. Em 2008, foram registrados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) 181 casos de intoxicação aguda por agrotóxico agrícola em Minas Gerais. Em 2017, esse número foi de 625 casos, um cresci-mento de 245%. “É uma preocupação que produtores e trabalhado-res rurais sejam capacitados no manejo dos defensivos agrícolas e usem os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) de maneira adequada. Até porque (o agrotóxico) se trata de um fator de custo, que impacta o lucro do produtor rural”, explica a coordenadora da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Mi-nas Gerais (Faemg), Aline Veloso. A entidade, segundo ela, ofere-ce cursos com essa finalidade.

A pesquisadora explica, porém, que o aumento do registro de agro-tóxicos no país não é necessariamente ruim. “Novos registros po-dem trazer avanços tecnológicos e produtos com a toxicidade me-nor. Além disso, o país não conta hoje com defensivos para alguns produtos agrícolas”, afirma. Ela cita o exemplo da palma-forrageira, uma planta usada na alimentação do gado produzida no Norte do Estado e no Vale do Jequitinhonha que não conta com agrotóxico próprio para esse tipo de plantação.

Para o pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp), da Fiocruz, Luiz Cláudio Meirelles, a toxicidade dos pesticidas apro-vados nos últimos registros no país pode estar relacionada com o aumento de casos de intoxicação. “Não temos estudos comprovan-do, mas o registro de substâncias consideradas altamente tóxicas pode influenciar no aumento de intoxicações. E um aumento, inclu-sive, de intoxicações agudas, de quem tem contato com o produto e passa mal no outro dia. Não envolvem os casos de câncer, por exemplo, que são outro problema grave”, diz. No Brasil, o número de intoxicações agudas por agrotóxico mais que dobrou em uma década. Passou de 2.500 em 2008 para 5.238 em 2017.

“O uso de agrotóxicos na agricultura brasileira é um problema de saúde pública, dadas as contaminações no ambiente, em alimentos e as intoxicações na saúde humana. Se utilizadas de forma errada, as substâncias ficam como resíduos nos alimentos e podem causar sérios danos. As hortaliças estão entre os alimentos em que mais se encontram resíduos de agrotóxicos”, afirma a pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e doutora em fitopatologia, Wânia dos Santos Neves.

Economia regional. A agropecuária, segundo dados da Fundação João Pinheiro (FJP), é responsável por cerca de 7% do Produto In-terno Bruto (PIB) de Minas Gerais. Em 2010, esse percentual era de 5,6%. Para o pesquisador da FJP e professor de economia do Ibmec-BH Glauber Silveira, existe uma correlação entre produtivi-dade e agrotóxico. “O uso da substância afeta diretamente a produ-tividade, então é possível fazer essa correlação”, diz. Wânia lembra que Minas Gerais está entre os Estados que mais utilizam agrotóxi-cos no país. “Para a agricultura, existe um ganho na produtividade com agrotóxicos. Muitos desses produtos são eficientes no contro-le, mas, quando se olha pelo lado do bem-estar social, se perde quando se coloca em risco a saúde humana e os danos ao meio ambiente”, conclui.

Sustentação. Para o pesquisador da Fundação João Pinheiro (FJP) e professor do Ibmec-BH Glauber Silveira, a agropecuária “segurou” a economia mineira nos anos de recessão, de 2014 a 2016. “Quando o crescimento econômico estava perto de zero, foi por causa da agropecuária que a queda não foi maior”, avalia Sil-veira. A agropecuária era responsável por 5,6% do PIB mineiro em 2010 e chegou a 6,9% em 2016, último dado da FJP. Na mesma comparação, a indústria passou de 33,2% em 2010 para 24,8% em 2016.

Faltam produtos para controle das pragas nos orgânicos

Opção ao modelo convencional de agricultura, que se baseia em maquinários, fertilizantes, agrotóxicos e sementes produtivas, a a-gricultura orgânica e agroecológica padece de falta de produtos de controle de pragas. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em 2018, foram 450 produtos aprovados, só 17 permitidos para a produção orgânica, 3,7% do total. “Não é possível encontrar no país defensivos biológicos para a produção agroecológica. Minha plantação de repolho foi atacada por lesmas, e perdi a produção”, critica a advogada e pequena produtora Adria-na Alves do Valle.

Ela conta que não conseguiu crédito para iniciar sua produção. “Busquei dois bancos, e ambos solicitavam que eu já tivesse renda com o negócio. Uma delas pediu R$ 200 mil de renda anual. Isso não é viável para um pequeno produtor”, conta.

“Faltam linhas de financiamento para a produção orgânica e agroe-cológica no Brasil, enquanto não falta para compra de agrotóxicos”, afirma o pesquisador e nutricionista do Instituto Brasileiro de Defe-sa do Consumidor (Idec) Rafael Arantes. “Em alguns bancos, o cré-dito é liberado mais facilmente quando envolve compra de agrotóxi-cos”, diz o pesquisador da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) André Burigo.

Com uma propriedade de seis hectares e quatro deles preservados de Mata Atlântica, Adriana iniciou em 2018 a produção sem ne-nhum agrotóxico, no sítio Guatambu do Salgado, em Carandaí, re-gião Central do Estado, e vende sua produção por Facebook e Ins-tagram.

Ludmila Pizarro

Abril de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 11

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

O principal objeti-vo desta data é debater as con-sequências que os incentivos ao uso de armas de fogo por crianças podem provocar na vida destes futuros adultos.

Replicas de armas de fogo de brinquedo ou nos jogos de vídeo ga-

me, por exemplo, são alguns dos tópicos que provocam debates sobre até quando podem influenciar negativamente as crianças ao mundo do crime e banalizar a violência.

Durante esta data, a prefeitura de diversas cidades brasileiras, as-sim como escolas, centros e institutos de edução e outras institui-ções promovem palestras e espaços de discussão para conscienti-zar as pessoas sobre os reais perigos que as crianças são expos-tas ao utilizarem simuladores de armas de fogo.

Neste sentido, são programadas atividades esportivas, artísticas, culturais, entre outras, com o intuito de mostrar aos jovens as pos-sibilidades que estão disponíveis para eles na vida, ajudando a descobrir possíveis talentos e que não os leve a vida do crime.

15 - Dia do Desarmamento Infantil

Abril de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 12

Voluntariado e engajamento social Nos chamados tempos modernos, mais conhecido como o tempo presente, temos “necessidade” de informação e estarmos conecta-dos o tempo todo, pelo menos boa parte da população vive assim, e o trabalho voluntário tem passado por transformações importan-tes.

Tem se adaptado, felizmente, a legislação para evitar desvio que poderiam atentar contra os voluntários e as organizações, tem se adaptado as questões tecnológicas, trabalhos à distância, tem se empenhado em ser ético, inclusivo e funcionado como um grande aliado para diminuir as distancias com as ditas minorias.

Portanto vem passando por transformações pouco sentidas para quem pratica o voluntariado, mas muito importantes para a socie-dade e para nós divulgadores e trabalhadores da causa.

Chega o momento que o nome começa a passar por esta pequena transformação e adaptação ao tempo presente, começa um movi-mento de ser chamado de Engajamento Social, que sempre foi, na concepção da palavra, mas hoje cada vez mais começamos a ouvir este novo termo, por isso trago o assunto para nossa coluna, para começar por aqui também a difundir esta nova nomenclatura.

Por que mudar o nome de voluntariado para Engajamento Social? Excelente pergunta, pena que não tenho uma resposta, nem de

quem, pois não sei mesmo, que começou a utilizar e nem tenho uma pista pela minha experiencia de trabalho.

Tenho aqui uma teoria que o mundo acadêmico acaba fazendo muito isso, de tentar traduzir os nomes de muitas atividades para sua funcionalidade dentro da sociedade e sem duvidas é o que faz o trabalho voluntario, engaja as pessoas socialmente.

Vai mudar alguma coisa? Certamente que não. O importante é con-tinuarmos com a importância da filosofia do trabalho voluntário, com ou sem tecnologia, com ou sem todas as modernidades, trazer as pessoas para conhecerem este mundo de aprendizado e de co-laboração e de transformação.

O trabalho voluntário continua sendo uma grande ferramenta e quero muito que você experimente um dia qualquer esta atividade, o marketing moderno prega que os “clientes” hoje querem uma ex-periência e o trabalho voluntário oferece isso gratuitamente desde sua criação.

Roberto Ravagnani

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O FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO E A PROFA-

NAÇÃO O SAGRADO

A história tem mostrado que o crescimento do conservadoris-mo sempre está associado ao fundamentalismo religioso. As-sim foi na Inquisição, nos fas-

cismos espanhol, português e italiano e no Nazismo. Se o movi-mento de Hitler não era católico, como os demais fascismos, o seu alicerce religioso eram o cristianismo fanatizado, que vinha germi-nando no país desde a unificação, e a mitologia do arianismo. Em todos os casos, a crença acrítica em dogmas favoreceu a constru-ção de hordas armadas, violência e genocídios.

O lado contrário do fundamentalismo fanático é a tolerância, o res-peito às crenças e às diferenças, que é uma das bases da socieda-de democrática. Não existe mundo civilizado sem tolerância e esta deve ser absoluta, abarcar todos os tipos de crenças, sem limita-ções por um grupo hegemônico. No mundo civilizado, não existe um Deus, mas Deuses e Deusas das diversas crenças. O Estado não tem dono, não tem crenças, não segue dogmas, e todos e to-das tem o direito de escolher os seus caminhos.

Curiosamente, a tolerância é uma regra defendida pelos profetas de todas as religiões: Jesus, Maomé, Buda, Kardec, Confúcio, den-

tre tantos. Não conheço religião que pregue a violência, a agressão e a perseguição às diferenças. O Sagrado é algo que se encontra no íntimo dos indivíduos, é parte da sua existência. É possível ser espiritualizado e não ser vinculado a nenhuma igreja ou religião. É possível ver deuses e deusas em todos os elementos da vida e da natureza ou, não ver nenhum, acreditar exclusivamente na razão e na ciência. A prisão dogmática, o aprisionamento e a imposição de crenças representam violências extremas, pois destroem com a i-dentidade e corroem a alma das pessoas.

O Brasil é um país multiétnico, plurirreligioso e politeísta. As religi-ões de matriz africana e indígena tem a mesma importância e rele-vância do que as de origem asiática ou europeia. Deus, Buda, Alá., Tupã, Jaci, Oxalá, Shiva ou a Deusa da Terra estão no mesmo ní-vel de respeito pelo direito e pela nossa ordem constitucional. Quem define as suas crenças são cidadãos e cidadãs. Quem viola ou profana a crença de outrem comete crime de racismo e aquele tipificado no art. 208 do Código Penal. Propor uma matriz religiosa em qualquer etapa do ensino é inconstitucional e ato de improbida-de administrativa. A liberdade religiosa é plena, como já decidiu o STF no RE 494.601/RS.

Invadir a esfera do sagrado é um abuso totalitário, uma violação da honra, da dignidade e da intimidade dos seres humanos. Uma gra-ve ofensa a direitos fundamentais, motivo pelo qual tais condutas devem ser coibidas com rigor.

Sandro Ari Andrade de Miranda

Nesse dia, diversas homenagens ao escritor acontecem nas esco-las, bibliotecas e centros culturais. Leituras dramatizadas, teatros de fantoches e apresentações são realizadas em todo o país. A i-deia principal é incentivar a leitura e alertar para sua importância na formação dos seres humanos.

Segundo Monteiro Lobato: "Um país se faz com homens e livros."

Origem da Data

A Dia de Monteiro Lobato foi instituído por meio da Lei n.º 10.402, de 8 de janeiro de 2002. A partir daí, essa data promove diversas atividades relacionadas com o literatura infantil e a importância de adquirir o hábito da leitura desde cedo.

Atividades para o Dia de Monteiro Lobato

Desde a sanção da lei em 2002, escolas de educação infantil pro-movem eventos e atividades para esse dia. Algumas delas são:

- Idas às bibliotecas

- Leituras de estórias

- Apresentações teatrais

- Doação de livros aos alunos

Quem foi Monteiro Lobato?

Nascido em 18 de abril de 1882 na cidade de Taubaté, Monteiro Lobato foi um escritor e editor pré-modernista. Considerado um dos maiores escritores brasileiros do século XX, Lobato foi precursor da literatura infantil no Brasil. Sua obras que merecem destaque fazem parte da coleção composta por 23 volumes: "Sítio do Pica Pau A-marelo".

O escritor ficou famoso por criar personagens como Dona Benta, Narizinho e Pedrinho, Tia Nastácia, a boneca Emília, o Visconde de Sabugosa, o porco Rabicó e o rinoceronte Quindim. Monteiro Loba-to veio a falecer em 4 de julho de 1948.

18 - Dia de Monteiro Lobato

.Esta data é destinada ao incentivo e conscientização da importân-cia desde gênero literário para a formação de novos leitores. Ninguém nasce sendo um leitor. Por isso, o incentivo ao hábito da leitura tem que começar desde os primeiros anos de vida da crian-ça, e a literatura infantil é a porta de entrada para isso.

O principal objetivo desta data é incentivar a leitura como ferramen-ta base para a educação e formação dos indivíduos. A biblioteca é o local onde estão reunidos diferentes tipos de livros, que abrangem os mais variados assuntos. Este é um espaço es-sencial para a aquisição de conhecimentos e, por norma, procurado por pessoas que desejam explorar a literatura, estudar ou trabalhar. No Brasil, esta data surgiu em referência a Semana Nacional do Livro e da Biblioteca e o Dia do Bibliotecário, ambos instituídos a partir do decreto nº 84.631, de 9 de abril de 1980.

A música do Hino Nacional do Brasil foi composta por Francisco Manuel da Silva em 1822. A letra do Hino veio anos mais tarde, em 1909, escrita por Joaquim Osório Duque Estrada (1870 – 1927). O Hino Nacional Brasileiro – composto por Francisco Manuel da Silva – se tornou oficial durante as comemorações do centenário da Independência do Brasil, em 1922. No entanto, a letra e música que é conhecida atualmente – com-posta por Joaquim Osório Duque Estrada – só foi oficializada em 1º de setembro de 1971, através da lei nº 5.700. O Hino Nacional é um dos símbolos da República Federativa do Brasil, e desde 2009 é obrigatório que seja cantado pelo menos u-ma vez por semana em todas as escolas públicas e particulares do país. O processo de criação de um hino nacional que representasse a independência do Brasil foi bastante complicado. A escolha do dia 13 de abril para comemorar do Dia do Hino Nacio-nal é uma referência a uma manifestação que ocorreu nesta data em 1831, quando o ex-imperador do Brasil, D. Pedro I, embarcava para Portugal

.Esta importante data serve para lembrar e reforçar a identidade do povo indígena brasileiro e americano na história e cultura atual. Antes da chegada dos primeiros europeus em terras americanas, todos os países que formam este continente eram amplamente po-voados por grandes nações indígenas. Infelizmente, a ganância e a crueldade humana fizeram com que muitas tribos fossem totalmen-te dizimadas e grande parte da cultura indígena foi esquecida. Na tentativa de preservar as tradições e identidade dos indígenas, o Dia do Índio surgiu para não deixar as novas gerações esquece-rem das verdadeiras raízes que formam o povo brasileiro. A Funai - Fundação Nacional do Índio - é uma das principais institu-ições brasileiras que se dedica a defender a cultura e os direitos dos povos indígenas do país. Atualmente, ainda está em curso um violento ataque a essas na-ções, com tristes e constantes episódios de assassinatos de popu-lações e líderes indígenas.

A data foi criada em 1970, pelo senador norte-americano Gaylord Nelson que resolveu realizar um protesto contra a poluição da Ter-ra, depois de verificar as consequências do desastre petrolífero de Santa Barbara, na Califórnia, ocorrido em 1969. Inspirado pelos protestos dos jovens norte-americanos que contes-tavam a guerra, Gaylord Nelson, desenvolveu esforços para conse-guir colocar o tema da preservação da Terra na agenda política

norte-americana. A população aderiu em força à manifestação e mais de 20 milhões de americanos manifestaram-se a favor da preservação da terra e do ambiente.

Além de homenagear várias obras literárias e seus autores, a data também busca conscientizar as pessoas sobre os prazeres da leitu-ra. Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) criou a data do "Dia Mundial do Livro e dos Di-reitos de Autor" para encorajar as pessoas, especialmente os jo-vens, a descobrirem os prazeres da leitura, e conhecerem a enor-me contribuição dos autores de livros através dos séculos. Uma tradição catalã ligada aos livros já existia no dia 23 de abril, e parece ter influenciado a escolha da Unesco. Na tradição catalã, no dia de São Jorge (23 de abril), é costume dar uma rosa para quem comprar um livro. Trocar flores por livros já se tornou tradição em outros países também. Origem do Dia Mundial do Livro A UNESCO escolheu a data do Dia Mundial do Livro em 1995, em Paris, durante o XXVIII Congresso Geral. O dia 23 de abril foi escolhido por ser a data da morte de três gran-des escritores da história: William Shakespeare, Miguel de Cervan-tes, e Inca Garcilaso de la Vega.

A data serve para incentivar e conscientizar a população sobre a importância da educação, seja escolar, social ou familiar, para a construção de valores essenciais na vida em sociedade e do conví-vio saudável com outros indivíduos. Muitas pessoas associam a palavra "educação" com o ambiente escolar, o que não deixa de ser correto, porém não deve ser ape-nas a escola o único instrumento importante de educação de uma criança ou jovem. A família é a base da formação educacional de uma pessoa, os pais ou responsáveis devem estar atentos e participar da formação dos valores sociais, éticos e morais do indivíduo. Dia da Educação O dever do Estado é garantir condições para a formação educacio-nal de todos os cidadãos, com qualidade e gratuitamente. O Brasil ainda enfrenta graves problemas com a qualidade do ensi-no e educação, no entanto o número de analfabetos caiu bastante nos últimos dez anos, segundo dados do Ministério de Educação e Cultura - MEC. No Brasil, a educação também é motivo de destaque no dia 25 de agosto, quando se comemora o Dia Nacional da Educação Infantil, a partir da Lei nº Lei 12.602/12, sancionada pela presidente Dilma Rousseff.

Também conhecido como Dia Mundial da Dança, esta data é desti-nada a homenagear uma das manifestações artísticas mais anima-das e antigas que existem: a dança! Existem diversos estilos de dança diferentes, cada um com a sua própria personalidade. O Dia da Dança busca a valorização dessas identidades distintas. O Dia da Dança foi criado em 1982 pelo Comitê Internacional da Dança (CID) da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). O 29 de abril foi escolhido como Dia Internacional da Dança em ho-menagem a data de nascimento de Jean-Georges Noverre (1727-1810), um mestre do balé francês. Apenas por coincidência, a data está associada a uma personalida-de brasileira de importância no balé, Marika Gidali, bailarina co-fundadora do Ballet Stagium em São Paulo, que também nasceu no dia 29 de abril.

Abril de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 13

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+ ALGUMAS DATAS COMEMORATIVAS

19 - Dia do Índio

09 - Dia Nacional da Biblioteca

23 - Dia Mundial do Livro

13 - Dia do Hino Nacional Brasileiro

22 - Dia da Terra

02 - Dia Internacional do Livro Infantil

28 - Dia da Educação

29 - Dia Internacional da Dança

VISITE NOSSO SITE - Todas as datas comemorativas

A OTAN e o Brasil O Donald Trump trata mal o México, mas trata bem o Brasil? Ou é simpatia do presidente dos EUA pelo presidente do Brasil, especifi-camente?

Isto é uma discussão sociológica interessante já que muitos brasi-leiros têm o entendimento que o Brasil é parte integrante do Oci-dente cultural. Mas muitos europeus e norte-americanos não têm esse mesmo entendimento quanto ao Brasil ser parte do Ocidente cultural. Ocidente cultural seria composto apenas pela Europa Oci-dental, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Na opi-nião do Netanyahu, Israel também é um país ocidental.

A OTAN é a Organização do Tratado Atlântico Norte, nem as cultu-ralmente ocidentais Austrália e Nova Zelândia fazem parte.

A OTAM foi constituída para contrapor a União Soviética e inibir o avanço do bloco socialista no continente europeu. A guerra fria a-cabou em 1990, mas a OTAN permanece até os dias atuais.

A OTAN atacou a Iugoslávia em 1999, atacou a Líbia em 2011, a aliança é do interesse dos países europeus que não precisam ter grandes gastos militares pois podem ser apoiar nos EUA, e assim, direcionar gastos públicos para outras áreas mais interessantes pa-ra as sociedades europeias.

No passado recente, Donald Trump fez várias críticas aos seus ali-ados europeus da OTAN justamente por motivos de poucos gastos militares por parte de governos europeus. O próprio Donald Trump desdenha a OTAN, não é lá muito a favor da aliança atlântica.

Nas campanhas de eleição presidencial nos EUA, referente a políti-ca externa, Trump criticava a China e o México, mas demonstrava clara simpatia pela Rússia, até houve suspeitas da Rússia ter aju-dado Trump a vencer as eleições.

Se nos colocarmos no ângulo de visão geopolítica dos norte-americanos, primeiramente, o mundo de hoje não é o dos anos 90 e nem da era Bush.

Os Estados Unidos perderam parte de sua influência geopolítica, até perante alguns de seus aliados tradicionais como a Turquia e a Filipinas que se afastaram de Washington DC.

Houve alterações no relacionamento entre as nações, nas décadas mais recentes.

Se deixarmos de lado divergências de princípios e de culturas, real-mente a Rússia é uma das melhores opções para os Estados Uni-dos terem como país aliado.

A Rússia é herdeira da União Soviética; herdou o poderoso aparato militar soviético e o tem o modernizado.

Junto com os Estados Unidos a Rússia é pioneira na corrida espa-cial, são os dois países mais experientes no assunto da exploração do espaço sideral, astronáutica ou cosmonáutica, enquanto os alia-dos europeus querem que os Estados Unidos se responsabilizem

pela defesa e segurança da Europa.

Então, é obvio que o Donald Trump tenha considerado a Rússia como um dos parceiros mais interessantes, num passado recente, inclusive para contrapor a emergente superpotência China.

Só que, a Rússia não é submissa à vontade de nenhuma superpo-tência estrangeira, e prioriza os seus próprios interesses nacionais em detrimento de interesses estrangeiros.

Então, não é possível aos Estados Unidos ter uma posição de “soberano do mundo” e ter a Rússia como sua aliada geopolítica ao mesmo tempo, não é interessante para a Rússia.

Quanto ao Brasil, também é obvio que o Donald Trump fale tão simpaticamente ao Brasil. O Canadá é um país rico, mas está se-parado da América Latina e do Caribe justamente pelos Estados Unidos.

A América Latina andou elegendo governantes progressistas que resistem às vontades da superpotência do norte.

Além dos Estados Unidos, quem no continente tem tamanho para servir de contrapeso aos opositores dos norte-americanos e de ponto estratégico? De longe, a melhor opção é o Brasil! Logo, o Trump não é fã do povo brasileiro, o que Trump tem é o interesse de manter o Brasil submisso, e monitorar o Brasil mais de perto, já que o Brasil se opondo geopoliticamente aos Estados Unidos favo-recerá a Rússia e a China no continente.

Note-se também o quanto o litoral brasileiro entre o Rio Grande do Norte e o Amapá é ótimo para os Estados Unidos terem uma base militar para patrulhar o Atlântico, e a base de Alcântara para lançar foguetes da NASA ou de empresas privadas americanas para o es-paço.

Só que essas lisonjas ao Brasil, essa estratégia norte-americana de mexer na autoestima brasileira, não é interessante aos membros europeus da OTAN, pois eles não querem ter o trabalho de ter que proteger um país da América Latina, já que para os europeus, a O-TAN visa garantir a segurança da Europa.

Sendo assim, não faz sentido o Brasil ou outro país latino-americano ser membro pleno da OTAN. O ângulo de visão geopolí-tica europeia nem sempre está em harmonia com o dos Estados Unidos.

E quanto ao ângulo de visão daqui?

O Brasil ser membro da OTAN abalará as relações do Brasil com os seus vizinhos, gerará desconfiança e mal-estar; o Brasil vai per-der poder de barganha, já que os Estados Unidos têm muitos inimi-gos que passarão a ser inimigos também do Brasil.

O Brasil ainda tem condições de vir a ser, no futuro, um dos prota-gonistas geopolíticos. Para isso, basta olhar o futuro como perten-cente a si próprio e não como uma república sul americana coloni-zada pelo imperialismo.

João Paulo E. Barros

Abril de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 14

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CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 09

Os três modos de produção e as respectivas ignorâncias que pro-duzem não existem na sociedade de modo isolado. Articulam-se e potenciam-se por via das articulações que os tornam mais eficazes. Assim, a ignorância arrogante produzida pelo Modo 1 (monopólio da verdade) facilita paradoxalmente a proliferação da arrogância malévola produzida pelo Modo 3 (falsidade como verdade alternati-va). É que uma sociedade saturada pela fé no monopólio da verda-de científica torna-se mais vulnerável a qualquer falsidade que se apresente como verdade alternativa usando os mesmos mecanis-mos da fé. Por sua vez, a ignorância indolente produzida pelo Mo-do 2 (amnésia, esquecimento) desarma vastos setores da popula-ção para combater a ignorância produzida quer pelo Modo 1, quer pelo Modo 3. A ignorância arrogante é uma das principais causas da ignorância indolente, ou seja, da facilidade com que se esquece, normaliza e banaliza um passado de morte de inocentes, de sofri-mento injusto, de pilhagens convertidas em exercícios de proprie-dade, de corpos de mulheres e de crianças violentados como obje-tos de guerra. Quando a ignorância arrogante se complementa com a ignorância malévola, a ignorância indolente torna-se tão invisível

que é praticamente impossível de erradicar.

O impacto destes três tipos principais de ignorância nas democraci-as do nosso tempo é convergente, embora diferenciado. Todas es-tas ignorâncias contribuem para produzir democracia de baixa in-tensidade. A ignorância arrogante torna impossível a democracia intercultural e plurinacional, na medida em que outros saberes e modos de vida e de deliberação são impedidos de contribuir para o aprofundamento democrático; e faz com que vastos setores da po-pulação não se sintam representados pelos seus representantes e nem sequer participem nos processos eleitorais de raiz liberal. A ignorância indolente retira da deliberação democrática decisões so-bre justiça social histórica, sexual, e descolonizadora, sem as quais a prática democrática é vista por vastas camadas da população co-mo um jogo de elites, uma disputa interna entre os vencedores dos conflitos históricos. Mas a ignorância malévola é a mais antidemo-crática de todas. Sabemos que as deliberações democráticas são tomadas com base em fatos, percepções e opiniões. Ora a ignorân-cia malévola priva a democracia dos fatos e, ao fazê-lo, converte a boa fé dos que dela são vítimas em figurantes ou jogadores ingê-nuos num jogo perverso onde sempre perdem e, mais do que isso, se autoinfligem a derrota.

Abril de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 15

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Arrependimento?

Quem acompanha nos noticiários, as notícias internacionais, sabe que o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte quer sair da União Europeia, o Brexit. A saída britânica do bloco europeu foi de-cidida por consulta popular, um plebiscito. Mas o processo de saída do Reino Unido da União Europeia está causando transtornos ao governo britânico. E muitos cidadãos que votaram a favor, se arre-penderam depois.

A Europa é um continente cuja história é repleta de guerras e con-flitos. Após a Segunda Guerra Mundial, os europeus escolheram superar os conflitos do passado e em preparar o futuro conjunta-mente para a sua civilização comum. Foi feito um projeto audacioso de integrar os países daquele continente, trocar rivalidades por in-teresses comuns. E a ideia em si, não parece ser ruim. Teorica-mente, seria maravilhoso os povos deixarem de rivalizar e se junta-rem por causas em comum.

Só que a crise de 2008, que começou com a bolha imobiliária nos Estados Unidos, atingiu com força a União Europeia, na forma de crise da dívida pública. A Grécia foi o país mais atingido. A Europa Unida fez união monetária sem união fiscal. Vários países tomaram medidas de austeridade e receberam socorro financeiro. A confian-ça na viabilidade da união dos países europeus ficou abalada entre muitos cidadãos europeus. Mas o Reino Unido não adotou o euro, permaneceu com a sua moeda nacional, a libra esterlina. Desde o início da União Europeia, o Reino Unido atuou politicamente para se proteger da ameaça de controle por Bruxelas (e Berlim). Não esqueçamos que, até meados do século XX, Londres era a sede de um império intercontinental imponente, há na nação britânica um forte apego a soberania nacional. Também, a Europa Ocidental é um conjunto de países prósperos, o que faz da região um “ímã” de imigrantes vindos de regiões menos prósperas. E, como é típico em épocas de crise em todo o mundo, há surtos de xenofobia na Euro-pa. O que os cidadãos europeus devem ter se esquecido é de levar em consideração ao concordarem com a união da Europa, é que a aliança entre os países europeus para a manutenção da paz e a

prosperidade mediante um mercado único poderia naturalmente trazer alterações identidade interna de cada país, já que cada país estaria se conectando a outros países com diferenças culturais re-levantes. E, tanto a integração entre países quanto a separação têm custos, que costumam ser altos. Aí está o motivo do Brexit ser um grande transtorno para os britânicos a ponto de muitos terem se arrependido de ter votado a favor.

Tanto a formação da União Europeia quanto o Brexit são ótimos exemplos de aprendizado para todos nós enquanto cidadãos, mes-mo do Brasil. Quando as oligarquias de um país tomam uma deci-são referente a algum tratado internacional, pode estar se aventu-rando a uma experiência que pode não resultar em algo satisfatório para a população. A Suíça é um país onde muitas decisões são ba-seadas em consulta popular e, é um país que é famoso por tradi-ção de neutralidade. Qualquer que seja o governante, quando deci-dir por uma nova experiência que envolva relações com outro país, sempre ter a certeza de que tem o apoio da maioria da população antes de iniciar o procedimento de aliança. Porque o governo de-mocrático leva em consideração a vontade dos cidadãos. Como raramente há senso comum, então o governo democrático logica-mente favorece a maioria. Nem sempre a decisão tomada pela mai-oria é a correta, mas o governante ao menos tem o respaldo de não ter errado sozinho e não ter que assumir a culpa sozinho. E o eleitorado, tendo a experiência de uma decisão política, aprende com os seus erros e melhora, amadurece para tomar decisões pos-teriores.

Ao fazer aliança com outro país, o Brasil estará concordando em ceder em pontos importantes, inclusive se tornar desafeto ou sus-peito aos olhos dos países inimigos daquele país com quem o Bra-sil quer fazer aliança. Se o pacto é comercial, o Brasil poderá ter que prejudicar algum setor nacional de sua economia. A unificação do mercado europeu parecia ser vantajoso para todos os europeus, mas atualmente há quem se sinta prejudicado. É importante os e-leitores estarem acompanhando o que o governante eleito faz e o que os parlamentares também fazem, quanto a legislar.

João Paulo E. Barros

Defesa de ditadores é risco à democracia

Ao participar de uma cerimônia oficial internacional, na teórica con-dição de representante maior do Brasil, e abrir a boca para defen-der ditadores e torturadores, o presidente Jair Bolsonaro manda uma imagem preocupante para fora do país. E pratica o mesmo ti-po de violência política e institucional que comete aqui dentro.

Aqui, ele não se cansa de saudar e expelir loas a torturadores as-sassinos como o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, único bra-sileiro, até agora, condenado por tortura. E de apontar como exem-plos de governantes ditadores como o simplório Costa e Silva e o truculento Emílio Garrastazu Médici.

A bola da vez do presidente brasileiro é o falecido ditador paraguai-o Alfredo Stroessner, um modelo ser seguido segundo o "mito", que o elogiou durante a cerimônia de posse do novo diretor da Itaipu Binacional. Para o "capitão", Stroessner é um modelo, um ser irre-tocável, que salvou o Paraguai do comunismo.

A série de absurdos verbais foi proferida diante do presidente para-guaio, o conservador Mario Abdo Benítez, outro chefe de Estado da direita cuja hegemonia política ameaça tornar a América Latina em um quintal dos Estados Unidos.

O homenageado do dia foi, na verdade, um presidente cruel e san-guinário. E seu governo deixou como saldo mórbido de 3 mil mor-tos e desaparecidos. O "democrata" enaltecido por Bolsonaro rece-beu financiamento maciço das grandes corporações estrangeiras instaladas no Paraguai, especialmente as norte-americanas, e go-vernou para elas. Os governos dos EUA, em várias gestões, foram o seu grande esteio financeiro e político.

Stroessner "reinou" entre 1954 e 1989, maior período de uma única ditadura já existente na América do Sul. Assumiu pela primeira vez na garupa de um golpe de estado. Foi "reeleito" por sete vezes,

sempre em pleitos fraudados e sob severa censura e movido a tru-culência. Em 1977, perdeu a paciência com eleições e decidiu a-provar uma emenda constitucional que o tornou presidente vitalício.

Junto com o Brasil de Ernesto Geisel, com o Chile de Augusto Pi-nochet, a Argentina de George Videla e o Uruguai de Pacheco Are-co, além da colaboração da Bolívia de Hugo Banzer, o Paraguai de Stroessner participou com entusiasmo do maior crime organizado internacional da história do continente, a Operação Condor, logísti-ca mortal que caçava em um país adversários políticos do outro. Uma quadrilha sanguinária e muito bem estruturada de chefes de Estado, todos ditadores, formada para caçar, prender, torturar, ma-tar e sumir com os corpos dos seus opositores. Se possível sem deixar rastros.

Ao fazer mais esta apologia às ditaduras e à tortura, Bolsonaro manda para o pau de arara a Constituição brasileira, que, em seu Art. 5º determina: "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de gru-pos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. "

Como presidente da República, cargo que assumiu prometendo o-bedecer e zelar pela Constituição, ao defender torturadores como Ustra e governos ditatoriais latino-americanas dos anos 1960/80, entre as quais o Paraguai de Alfredo Stroessner foi uma estrela de primeira grandeza, Jair Bolsonaro deixa uma dúvida muito grande sobre o que pensa e o quer em relação à democracia brasileira.

Gilvandro Filho

Jornalista e compositor/letrista

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Comemorando a

lusofonia

Não é por acaso que se comemora o dia da Co-m u n i d a d e L u s o -Brasileira no dia 22 de abril. A data remete-nos ao descobrimento do

Brasil, uma data importante para nós, que marca a chegada dos primeiros portugueses em terras brasileiras, e também a data de celebração do Tratado de Amizade entre Brasil e Portugal, ocorrido nesse dia no ano de 2000.

Por esse tratado fica assegurado em seu artigo 1º “O desenvolvi-mento econômico, social e cultural alicerçado no respeito dos direi-tos e liberdades fundamentais. O estreitamento dos vínculos entre os dois povos com vista à garantia da paz e do progresso nas rela-ções internacionais. A consolidação da comunidade dos países de língua portuguesa,” entre outras decisões.

Existem laços de fraternidade, linguísticos e culturais entre esses dois países que nos ligam. A influência dos portugueses está por toda a parte, a língua é um dos grandes legados que nos une á to-dos. As circunstâncias históricas nos levam a ter muitas afinidades com esse país, afinal fomos colonizados por eles, e seus traços culturais estão marcados em nós. Desde a culinária, a música, arte, arquitetura, a religiosidade, enfim, não poderia ser diferente, muitos portugueses vieram para cá a procura de uma vida melhor e aqui se estabeleceram, aproximando e estreitando os vínculos entre am-bos. A comunidade Luso-Brasileira está totalmente integrada a so-ciedade Brasileira, preservando seus costumes, mas adaptados a nossa cultura.Espalhados por esse imenso Brasil, que agora tam-bém é seu país.

Um dos objetivos de se comemorar esse dia é o fortalecimento dos laços que unem Brasil e Portugal. Temos uma história partilhada que nos torna países irmãos e temos a lusofonia como integrador comum. Essa comemoração vai além, levando ao conhecimento de mais pessoas essa comunhão e os esforços feitos para que o es-paço lusófono seja mais conhecido do grande público. Uma realida-

de que aqui no Brasil é muito incipiente ainda. Em Portugal a luso-fonia tem uma representatividade e um papel mais importante, mas a realidade é que fora desse contexto, a lusofonia tem um papel quase insignificante entre os demais países falantes da língua por-tuguesa. A lusofonia e a perspectiva de acordos envolvendo a lín-gua em comum, se destaca em Portugal, mas no Brasil essas idei-as não encontram muito eco. Por isso qualquer data que faça nos lembrar dessas ligações, que aposte na formação de um espaço que se mobilize em torno dessa identidade linguística, que promo-va discussões que valorize as questões culturais é muito bem-vinda. A lusofonia continua sendo um desafio. O espaço lusófono ainda está em construção.

A língua é um fator determinante de união e de entendimento entre os países que fazem parte da CPLP( Comunidade dos países de língua portuguesa). Há que se comemorar esse dia e todos os ou-tros que promovam a união entre Brasil e Portugal, e, aproveitar esse momento para realizar ações culturais, políticas e sociais, que nos façam perceber a importância da lusofonia não só para a co-munidade lusófona, mas para a sociedade em geral. A Comunida-de Luso-Brasileira muito pode contribuir para esse avanço. Lusofo-nia é sinônimo de língua, história, cultura, sentimentos. É herança que une comunidades espalhadas pelo mundo. É a língua de Pes-soa, Camões, Machado de Assis, Eça de Queiróz, Jorge Amado, Padre Antonio Vieira, tantos que fizeram chegar ao mundo nossa língua, e unir de maneira única pessoas de tantos lugares em torno de um denominador comum.

Como escreveu Alberto de Lacerda, “esta língua portuguesa, capaz de tudo, como uma mulher realmente apaixonada, esta língua é mi-nha Índia constante, minha núpcia ininterrupta, meu amor para sempre, minha libertinagem, minha eterna virgindade”

Comemorar o dia da Comunidade Luso-Brasileira nos faz pensar na importância desses laços, e a língua faz parte dessa ligação, é uma identidade comum, são valores partilhados que enriquecem e contribuem para o estreitamento desse relacionamento e para o reforço da lusofonia.

Mariene Hildebrando

Mil Brasil - Presidente da Associação Brasileira para a União Lusófona

e-mail: [email protected]

Abril de 2019 ÚLTIMA PÁGINA

Esta data serve para lembrar a fraternidade entre Portugal e Brasil, através do Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta, também conhecido como "Estatuto de Igualdade", assinado em 22 de abril de 2000. A data é extremamente simbólica, pois era o ano que marcou os 500 anos da chegada dos primeiros portugueses em território na-cional.

Brasil e Portugal, devido ao contexto histórico, possuem grandes semelhanças culturais. Muitas tradições que atualmente marcam o povo brasileiro, nasceram a partir da influência dos portugueses,

durante o período da colonização.

Também na culinária com os pratos a base de bacalhau e mesmo a feijoada são de origem portuguesa.

Além do idioma, Brasil e Portugal são “nações irmãs” com diversas semelhanças, como a arquitetura, os traços étnicos, o folclore, a religião, o idioma, etc.

Após a independência, o Brasil acolheu diversos portugueses que vinham em busca de uma vida melhor e se tornaram comerciantes, profissionais liberais, agricultores, estreitando os laços entre ambos os países.

Origem da data

O Dia da Comunidade Luso-Brasileira foi criado a partir do projeto de lei do senador Vasconcelos Torres (1920-1982), através da Lei nº 5.270, de 22 de abril de 1967, que instituiu a data em todo o ter-ritório nacional. Algumas comunidades portuguesas no Brasil, como a de São Paulo, celebram a efeméride.

O Dia 22 de abril também é conhecido como o Dia do Descobri-mento do Brasil, quando o português Pedro Álvares Cabral chegou ao território que mais tarde seria o Brasil.

22 - Dia da Comunidade Luso-Brasileira