13- pg rcc manejo e gestão de residuos solidos na construção civil (caixa)

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MANUAL DE ORIENTAO MANUAL DE ORIENTAO1 1COMO IMPLANTAR UMSISTEMA DE MANEJO E GESTODOS RESDUOS DA CONSTRUO CIVILNOS MUNICPIOSCOMO IMPLANTAR UMSISTEMA DE MANEJO E GESTODOS RESDUOS DA CONSTRUO CIVILNOS MUNICPIOSMANEJO E GESTODE RESDUOSDA CONSTRUO CIVILMANEJO E GESTODE RESDUOSDA CONSTRUO CIVILMinistriodas CidadesMinistrio doMeio AmbienteRepblica Federativa do BrasilLuiz Incio Lula da SilvaPresidenteMinistrio das CidadesOlvio DutraMinistro de EstadoAbelardo de Oliveira FilhoSecretrio Nacional de Saneamento AmbientalMarcos Helano Fernandes MontenegroDiretor do Departamento de Desenvolvimento e Cooperao TcnicaMinistrio do Meio AmbienteMarina SilvaMinistra de EstadoVictor Zular ZveibilSecretrio Nacional de Qualidade Ambiental nos Assentamentos HumanosMarcos SorrentinoDiretor do Programa Nacional de Educao AmbientalCaixa Econmica FederalJorge Eduardo Levi MattosoPresidenteJorge Fontes HeredaVice presidente de Desenvolvimento Urbano e GovernoAnecir ScherreDiretor Executivo da Vice Presidnciade Desenvolvimento Urbano e GovernoRogrio de Paula TavaresSuperintendente Nacional de Saneamento e Infra-estruturaAdailton Ferreira TrindadeGerente Nacional de Produtos de FinanciamentoEquipe tcnicaCoordenao TcnicaTarcsio de Paula PintoJuan Lus Rodrigo GonzlezMinistrio das CidadesNadja Limeira ArajoCssio Humberto Versiani VelosoJoo Batista PeixotoCaixa Econmica FederalCarlos Antnio Aguiar TeixeiraMrcia Frota RibeiroJorge Luiz DietrichLudmila Aucar FelipeCarlos Marcelo dos Santos MarinCarlos Andr Lins RodriguezApoio TcnicoJunko Dalva Igarashi - consultora convidada PNUD/CAIXAYara Faria Xavier - consultora convidada PNUD/CAIXAJos Antonio Ribeiro de LimaGlauco Antnio Bologna Garcia de FigueiredoFlvia Witkowski FrangettoLucila Fernandes LimaSueli PereiraEdson Siloto da SilvaCAIXA ECONMICA FEDERAL, atenta ao seu papel de principal agente do Governo Federal noapoio ao Desenvolvimento Urbano, bem como de principal agente financeiro na aplicao dos recursosdo Fundo de Garantia do Tempo de Servio (FGTS) nos setores de Saneamento Ambiental e Infra-estrutura, vem disponibilizar, em uma ao articulada com o Ministrio das Cidades e o Ministrio doMeio Ambiente, s entidades dos setores pblico e privado o Manual de Gesto de Resduos da Constru-o Civil. O material em questo apresentado em dois volumes, que tratam, respectivamente, dagesto dos resduos da construo civil e da modalidade de financiamento destinada a fornecer recursosaos empreendimentos vinculados ao manejo desses resduos.Para que a implantao de projetos seja sustentvel, tanto do ponto de vista econmico-financeiro,quanto em relao ao meio-ambiente, necessrio desenvolver um novo posicionamento dos agentespblicos e privados envolvidos nessa atividade, criando regulamentao que consolide as novas respon-sabilidades e posturas tcnicas preconizadas pela legislao ambiental e que promova condies favor-veis para o exerccio dessa atividade econmica. Com tal objetivo, o primeiro volume dirigido aosagentes envolvidos na gesto e no manejo dos resduos da construo civil. A CAIXA, atuando emestreita colaborao com o Ministrio das Cidades, e com apoio do Ministrio do Meio Ambiente, buscatornar acessveis tcnicas e procedimentos de gesto que, com base em experincias realizadas emalguns municpios brasileiros, exemplificam, passo a passo, como implantar um sistema de gesto deresduos da construo civil em consonncia com as diretrizes da Resoluo n 307 do Conselho Nacio-nal do Meio Ambiente (CONAMA).Alm disso, em decorrncia de convnio firmado com a Associao de Normas Tcnicas Brasileiras(ABNT), apresentado um conjunto de normas tcnicas, recentemente aprovadas e destinadas a discipli-nar essas atividades, com o objetivo de contribuir para a consolidao de uma postura tcnica especifica-mente voltada para o aproveitamento desses importantes recursos minerais que tm sido sistematica-mente desperdiados.O segundo volume apresenta a modalidade de financiamento, formulada pelo Ministrio das Cidades,em parceria com a CAIXA e outras entidades da sociedade civil, e aprovada pelo Conselho Curador doFundo de Garantia do Tempo de Servio, visando a criao de mecanismos financeiros de apoio ainiciativas decorrentes da assuno de uma nova postura ambiental. Como resultado dessa proposta,fica criada a modalidade de financiamento aos "Resduos da Construo Civil", que viabiliza recursosaos agentes pblicos e privados na implementao de seus projetos. Assim, ao publicar este trabalho,a CAIXA est cumprindo seu papel de apoiar as polticas pblicas no campo da gesto urbana,de incentivar o estabelecimento de novas atividades econmicas, com a criao de novos postos detrabalho e gerao de renda e, sobretudo, de contribuir para o desenvolvimento ambiental sustentado.Jorge Eduardo Levi MattosoPresidenteAMANUAL DE ORIENTAOVolume 1COMO IMPLANTAR UM SISTEMA DE MANEJO E GESTODOS RESDUOS DA CONSTRUO CIVIL NOS MUNICPIOSSUMRIO1.UMA NOVA POLTICA DE GESTO PARA OS RESDUOS DA CONSTRUO CIVIL1.1. A nova legislao .......................................................................................................... 091.2. Diretrizes gerais para uma nova forma de gesto ........................................................ 102.ELABORAR UM DIAGNSTICO2.1.Consideraes preliminares .......................................................................................... 152.2. Diagnstico - Identificao dos agentes envolvidos na gerao, transportee recepo dos resduos da construo e demolio.................................................. 152.3. Diagnstico - Estimativa da quantidade de resduos da construo e demolio gerada no municpio........................................... 192.4. Diagnstico -Impactos ambientais ................................................................................ 252.5. Diagnstico - Impactos econmicos ............................................................................. 292.6. Diagnstico - Outros aspectos que devem ser considerados....................................... 313.DEFINIR UM PLANO INTEGRADO DE GERENCIAMENTO NO MUNICPIO3.1. Estratgia de implantao das aes ........................................................................... 343.2. Estruturao do sistema de gesto sustentvel paraos resduos da construo civil e resduos volumosos ................................................ 363.3. O licenciamento das atividades .................................................................................... 603.4. A operao do novo sistema de gesto ........................................................................ 604.O FINANCIAMENTO DE SOLUES ....................................................................................715.ANEXOS5.1. Legislao ..................................................................................................................... 735.2. Normas Tcnicas ......................................................................................................... 125LISTA DE QUADROSQ1 - Caractersticas gerais dos agentes coletores no municpio .............................................................................................. 17Q2 - Deposies irregulares identificadas em alguns municpios ............................................................................................. 18Q3 - Bota-foras identificados em alguns municpios .................................................................................................................. 18Q4 - Caractersticas gerais dos bota-foras existentes ............................................................................................................... 19Q5 - Participao das edificaes novas, reformas e demolies no total de projetos aprovados em diversos municpios .... 20Q6 - Estimativa da quantidade de resduos gerada em novas edificaes ............................................................................... 21Q7 - Participao das reformas, ampliaes e demolies no total de viagens realizadas, em vrios municpios (%) ............ 21Q8 - Estimativa da quantidade de resduos gerada em reformas, ampliaes e demolies ................................................... 22Q9 - Estimativa da quantidade de resduos recolhida em deposies irregulares .................................................................... 22Q10 - Estimativa do total de resduos gerado no municpio ...................................................................................................... 23Q11 - Condies de gerao de resduos da construo em diversos municpios ................................................................... 24Q12 - Incidncia da remoo de RCD em deposies irregulares sobre o total gerado em diversos municpios .................... 27Q13 - Dados sobre os impactos ambientais no municpio......................................................................................................... 27Q14 - Custo comparativo de atividades corretivas em alguns municpios brasileiros ............................................................... 29Q15 - Custos relativos correo de deposies irregulares ................................................................................................... 30Q16 - Custos relativos disposio final em aterros ou bota-foras .......................................................................................... 30Q17 - Custos relativos s atividades de fiscalizao ................................................................................................................. 30Q18 - Custos relativos s atividades de controle de zoonoses ................................................................................................. 30Q19 - Custo final de atividades corretivas no municpio ............................................................................................................ 31Q20 - Classes em que deve ser enquadrado o RCD triado ...................................................................................................... 39Q21 - Recepo e remoo diferenciada dos resduos nos pontos de entrega ........................................................................ 43Q22 - rea bsica demandada para o manejo dos resduos .................................................................................................... 48Q23 - Equipamentos bsicos e funcionrios para a reciclagem dos resduos aps triagem .................................................... 50Q24 - Instituies municipais a serem contatadas para parceria .............................................................................................. 53Q25 - Planilha de controle da entrada de resduos ................................................................................................................... 62Q26 - Planilha de controle da sada de resduos ....................................................................................................................... 62Q27 - Planilha de controle do disque coleta .............................................................................................................................. 63Q28 - Algumas possibilidades de destinao dos resduos recebidos ...................................................................................... 63Q29 - Estimativa dos custos de implantao da Ao 1 no municpio Rede de reas para gesto de pequenos volumes (pontos de entrega com 200 m2 a 600 m2) ..................................... 65Q30 - Estimativa dos custos de operao da Ao 1 no municpio Rede de reas para gesto de pequenos volumes .......... 66Q31 - Estimativa dos custos de implantao da Ao 2 no municpioRede de reas para gesto de grandes volumes(reas de Triagem e Reciclagem) ...................................................... 66Q32 - Estimativa dos custos e receitas de operao da Ao 2 no municpioRede de reas para gesto de grandes volumes(reas de Triagem e Reciclagem) ...................................................... 69Q33 - Indicadores gerais para comparao de custos e de receitas......................................................................................... 701. UMA NOVA POLTICA DE GESTO PARA OSRESDUOS DA CONSTRUO CIVILMANEJO E GESTO DERESDUOS DA CONSTRUO CIVILMANUAL DE ORIENTAOVolume1COMO IMPLANTAR UM SISTEMA DE MANEJO E GESTODOS RESDUOS DA CONSTRUO CIVIL NOS MUNICPIOS...................................................................................................... 9.................................................101.2.1. Institucionalizao do Plano Integrado de Gerenciamento.........................111.2.2. Definio do carter das redes de servios necessrias............................121.1. A nova legislao1.2. Diretrizes gerais para uma nova forma de gestoNovaPolticadeGesto91. UMA NOVA POLTICA DE GESTO PARA OS RESDUOS DA CONSTRUO CIVIL1.1.A nova legislaoO Estatuto das Cidades, Lei Federal n 10.257, promulgada em 10/6/2001, determina novas eimportantesdiretrizesparaodesenvolvimentosustentadodosaglomeradosurbanosnoPas.Eleprev a necessidade de proteo e preservao do meio ambiente natural e construdo, com umajustadistribuiodosbenefciosenusdecorrentesdaurbanizao,exigindoqueosmunicpiosadotem polticas setoriais articuladas e sintonizadas com o seu Plano Diretor. Uma dessas polticassetoriais, que pode ser destacada, a que trata da gesto dos resduos slidos.No processo de consolidao urbana que o pas atravessa, compreensvel que o esforo dosmunicpios brasileiros tenha, num primeiro momento, focado o manejo adequado e sustentvel dosresduos domiciliares, direcionando-se para o reaproveitamento de uma parcela crescente dessesresduos,atravsdosprocedimentosderecuperaodereciclveisedecompostagem,almdabuscadesoluesmaisconsistentesparaoacondicionamento,acoletaeadestinaofinaldosresduos particularmente perigosos gerados nos estabelecimentos de ateno sade. Em que peseoquadrodecarnciasqueaindapersiste,inegveloavanodessesegmento,sobretudonosmaiores centros urbanos do pas.Dadoslevantadosemdiversaslocalidadesondeexpressivaageraodosresduosdaconstruo civil mostram, por outro lado, que eles tm uma participao importante no conjunto dosresduosproduzidos,podendoalcanaracifraexpressivadeatduastoneladasdeentulhoparacada tonelada de lixo domiciliar. Tais dados mostram, tambm, que a ausncia de tratamento adequadopara tais resduos est na origem de graves problemas ambientais, sobretudo nas cidades em processomais dinmico de expanso ou renovao urbana, o que demonstra a necessidade de avanar, emtodos os municpios, em direo implantao de polticas pblicas especificamente voltadas para ogerenciamento desses resduos.Nesse contexto foi aprovada a Resoluo n 307, de 05/07/2002, pelo Conselho Nacional doMeio Ambiente CONAMA, que criou instrumentos para avanar no sentido da superao dessarealidade, definindo responsabilidades e deveres e tornando obrigatria em todos os municpios dopasenoDistritoFederalaimplantaopelopoderpbicolocaldePlanosIntegradosdeGerenciamento dos Resduos da Construo Civil, como forma de eliminar os impactos ambientaisdecorrentes do descontrole das atividades relacionadas gerao, transporte e destinao dessesmateriais. Tambmdeterminaparaosgeradoresaadoo,semprequepossvel,demedidasqueminimizem a gerao de resduos e sua reutilizao ou reciclagem; ou, quando for invivel, que elessejam reservados de forma segregada para posterior utilizao.A natureza desses resduos e as caractersticas dos agentes envolvidos no seu manejo, por outrolado,requeremquetaispolticassejamdotadasdecarterespecfico,cabendoaopoderpblico,nessecaso,umaparticipaopreferencialmentevoltadaregulamentaoedisciplinamentodas10atividades e aos agentes geradores privados o exerccio de suas responsabilidades pelo manejo edestinao dos resduos gerados em decorrncia de sua prpria atividade, luz dessa regulamentao.1.2. Diretrizes gerais para uma nova forma de gestoTendo em vista a diversidade das caractersticas dos agentes envolvidos na gerao, no manejoe destinao dos resduos da construo civil (resduos oriundos da construo e demolio RCD),a Resoluo 307 do CONAMA define diretrizes para que os municpios e o Distrito Federal desenvolvame implementem polticas estruturadas e dimensionadas a partir de cada realidade local. Essas polticasdevem assumir a forma de um Plano Integrado de Gerenciamento de Resduos da Construo Civil,disciplinador do conjunto dos agentes, incorporando necessariamente: Programa Municipal de Gerenciamento de Resduos da Construo Civil, com as diretrizestcnicas e procedimentos para o exerccio das responsabilidades dos pequenos geradores etransportadores, e ProjetosdeGerenciamentodeResduosdaConstruoCivilqueorientem,disciplinemeexpressemocompromissodeaocorretaporpartedosgrandesgeradoresderesduos,tanto pblicos quanto privados.Cabe aos municpios, segundo essa poltica, a soluo para os pequenos volumes, geralmentemal dispostos, e o disciplinamento da ao dos agentes envolvidos com o manejo dos grandes volumesde resduos. A determinao a de que, em nvel local, sejam definidas e licenciadas reas para omanejo dos resduos em conformidade com a Resoluo, cadastrando e formalizando a presenados transportadores dos resduos, cobrando responsabilidades dos geradores, inclusive no tocanteao desenvolvimento de Projetos de Gerenciamento nela previstos.Portanto, o conjunto de aes deve ser direcionado, entre outros, aos seguintes objetivos: Destinao adequada dos grandes volumes; Preservao e controle das opes de aterro; Disposio facilitada de pequenos volumes; Melhoria da limpeza e da paisagem urbana; Preservao ambiental; Incentivo s parcerias; Incentivo presena de novos agentes de limpeza; Incentivo reduo de resduos na fonte; Reduo dos custos municipais.Para que essa poltica seja sustentvel, tanto do ponto de vista ambiental quanto econmico, necessriaumabuscapermanentedesolueseficienteseduradouras.Masparaissopreciso11adotar diretrizes de gesto que permitam o traado e a aferio dessas solues a partir da realidadefsica, social e econmica de cada municpio.A nova poltica de gesto dos resduos da construo e demolio, incorporando os chamadosresduos volumosos que, inevitavelmente, participam dos mesmos fluxos, deve, em primeiro lugar,buscarasuperaodacondioatualpresentenagrandemaioriadosmunicpiosbrasileiros,caracterizada pela ao corretiva, adotando solues de carter preventivo e criando condies paraque os agentes envolvidos na cadeia produtiva possam exercer suas responsabilidades sem produzirimpactossocialmentenegativos.Assoluespropostasdevem,portanto,seguirestasdiretrizesbsicas: Facilitar a ao correta dos agentes; Disciplinar a ao dos agentes e os fluxos dos materiais; Incentivar a adoo dos novos procedimentos.Facilitar a ao correta dos agentes implica criar os instrumentos institucionais, jurdicos e fsicospara que possam, cada um de acordo com suas caractersticas e condies sociais e econmicas,exercer suas responsabilidades dando aos resduos que geram a destinao adequada.Disciplinar a ao dos agentes significa estabelecer regras claras e factveis que definam asresponsabilidades e os fluxos de todos eles e dos materiais envolvidos, elaboradas a partir de processosde discusso com os interessados e que, considerando a diversidade de condies, garantam que oscustos decorrentes de cada elo da cadeia operativa sejam atribudos de forma transparente.Incentivar a adoo dos novos procedimentos implica adotar medidas que tornem ambiental,econmica e socialmente vantajosa a migrao para as novas formas de gesto e de destinao porparte do conjunto dos agentes. So resultados concretos desses incentivos a minimizao da geraode resduos e a reutilizao e reciclagem dos materiais.1.2.1. Institucionalizao do Plano Integrado de Gerenciamento necessria a criao de um arcabouo legal que d sustentao ao novo sistema de gesto,dando um carter institucional s diretrizes anteriormente definidas, estabelecendo inclusive fisicamenteos meios necessrios para a captao e destinao de forma sustentvel dos pequenos e grandesvolumes de resduos, nos moldes da Resoluo 307 do CONAMA.Convm,coerentementecomoestabelecidonasnormasconstitucionais,queopoderpblicopreserve seu papel de agente gestor do sistema implantado, criando estruturas gerenciais adequadase renovando os procedimentos de informao e de fiscalizao de modo a resguardar a permannciados novos paradigmas de gesto institudos.121.2.2. Definio do carter das redes de servios necessriasPara a definio concreta de um Plano Integrado de Gerenciamento, nos moldes da Resoluo307 do CONAMA, necessrio realizar um diagnstico que permita identificar as condies de gerao,os fluxos de materiais e os impactos (tanto ambientais quanto econmicos) decorrentes das atividadesem cada local. Entretanto, essa resoluo estabelece a necessidade de implantar uma rede de serviopara possibilitar a destinao correta dos materiais por parte dos pequenos geradores e outra rededestinada aos grandes volumes. O novo sistema de gesto deve, em princpio, estabelecer carterdistinto para as aes e eventuais instalaes fsicas decorrentes do cumprimento desse dispositivo.As aes destinadas aos resduos dos pequenos geradores, de um modo geral provenientes depequenas construes e reformas em regies menos centrais dos municpios, por princpio, devemser definidas, no mbito do Programa Municipal de Gerenciamento, como um servio pblico decoleta, ancorado em uma rede de pontos de entrega, instrumento de ao pblica, que expressa oscompromissos municipais com a limpeza urbana, de maneira consistente com as caractersticas dosproblemas encontrados nos diversos bairros dos centros urbanos.As aes destinadas, por sua vez, ao disciplinamento do fluxo dos grandes volumes de RCD,conseqncia, em geral, da ao das empresas privadas de coleta, caracterizam-se claramente comouma ao de agentes privados regulamentada pelo poder pblico municipal. Essas aes devemsesubmeter,pormeiodosProjetosdeGerenciamentodeResduosedoscompromissoscomtransportadores cadastrados e reas de recepo licenciadas, aos princpios e diretrizes contidos noPlano Integrado de Gerenciamento e ao gestora do poder local. A figura apresentada a seguirpermite uma visualizao da articulao dessas redes de servios.PLANO INTEGRADO DE GERENCIAMENTODOS RESDUOS DA CONSTRUO CIVIL(Resoluo CONAMA n 307)Programa Municipalde GerenciamentoPequenos geradoresdescartam em reascadastradas (Pontosde Entrega)Projetos deGerenciamento deResduosGrandes geradoresauto-declaramcompromisso deuso detransportadorescadastrados e reasde manejolicenciadasGERADORESDEPEQUENOSVOLUMESGERADORESDEGRANDESVOLUMESLinha divisria entre pequenos e grandesgeradores a critrio tcnico do sistema delimpeza urbana local13Odimensionamentodessesserviosdeformaaatendersituaorealdecadalocalidade,como j foi dito, decorre da realizao de um diagnstico a ser definido com base no conhecimentodasituaoencontrada.necessrioidentificar,emcadalocalidade,opotencialdegeraoderesduos, tipificar os geradores e transportadores, os fluxos desses materiais dentro da malha urbanae os impactos ambientais e econmicos decorrentes dessa atividade. Os procedimentos necessriospara a realizao do diagnstico so detalhados a seguir.2. ELABORAR UM DIAGNSTICODiagnsticoMANEJO E GESTO DERESDUOS DA CONSTRUO CIVILMANUAL DE ORIENTAOVolume1COMO IMPLANTAR UM SISTEMA DE MANEJO E GESTODOS RESDUOS DA CONSTRUO CIVIL NOS MUNICPIOS2.1. Consideraes preliminares2.2. Diagnstico - Identificao dos agentes envolvidos na gerao,transporte e recepo dos resduos da construo e demolio2.3. Diagnstico - Estimativa da quantidade de resduos daconstruo e demolio gerada no municpio2.4.Diagnstico-Impactosambientais2.5. Diagnstico-Impactoseconmicos2.6. Diagnstico - Outros aspectos que devem ser considerados..................................................................................15........................ 15..................... ................................. 192.3.1.Resduos gerados emedificaes novas................................................. .. 192.3.2.Resduos gerados emreformas, ampliaes e demolies........................ 212.3.3.Resduos removidos de deposies irregulares.........................................23....................................................................... 25....................................................................29........................... 31,a222.3.4.Estimativa do total de RCDgerado no municpio........................................152. ELABORAR UM DIAGNSTICO2.1. Consideraes preliminaresO primeiro passo para se elaborar, de forma eficaz, um Plano Integrado de Gerenciamento dosResduos da Construo Civil, nos moldes da Resoluo 307 do CONAMA, realizar um diagnsticocom o levantamento das caractersticas locais um bom inventrio que indique a quantidade (massase volumes) de resduos gerados localmente, identifique os agentes envolvidos com a gerao, coletae transporte dos resduos e inventarie as condies de operao dos diversos agentes pblicos eprivados que atuam nesse segmento, alm da estimativa dos impactos resultantes dos processosatuais.A gerao desses resduos oriunda de demolies e, em maior parte, de atividades construtivas,tanto para implantao de novas edificaes quanto para reforma e ampliao de edificaes existentes,realizadas em ampla maioria por agentes privados. desejvel que a implementao do Plano IntegradodeGerenciamentoprocuredisciplinaroconjuntodasatividadesrelacionadasaotema,deformaaresultar num sistema sustentvel, em que os agentes responsveis pela gerao dos resduos sejamresponsabilizados por sua correta destinao, tanto do ponto de vista ambiental quanto nos aspectosfinanceiros.O diagnstico da situao na escala local deve ter as seguintes informaes: quantitativosgerados; a identificao e caracterizao dos agentes envolvidos nas etapas de gerao, remoo,recebimento e destinao final; e os diversos impactos que efetivamente resultam de tais atividades, oquepermite,posteriormente,quesejamdefinidasepriorizadasassoluesadequadasparacadacaso.2.2. Diagnstico Identificao dos agentes envolvidos na gerao, transporte e re-cepo de resduos da construo e demolioA gerao dos resduos de construo e demolio (RCD) nas cidades cresceu significativamentea partir de meados da dcada de 90. So resduos provenientes da construo da infra-estruturaurbana,deresponsabilidadedopoderpblicoe,principalmente,daaodainiciativaprivadanaconstruo de novas edificaes (residenciais, comerciais, industriais etc.), nas ampliaes e reformasdeedificaesexistentesedesuademolio,demodoapropiciarnovosusosparaolocal.Osagentes geradores podem ser mais facilmente identificados e caracterizados por meio de consultaquelesquetransportamseusresduos.Osprincipaisresponsveispelageraodevolumessignificativos que devem ser considerados no diagnstico so: Executores de reformas, ampliaes e demolies - atividade que, raramente, formalizadacom a aprovao de plantas e solicitao de alvars, mas que, no conjunto, consiste na fonteprincipal desses resduos; Construtoresdeedificaesnovas,trreasoudemltiplospavimentos-comreasdeconstruo superiores a 300 m2, cujas atividades quase sempre so formalizadas;16 Construtores de novas residncias, tanto aquelas de maior porte, em geral formalizadas, quantoas pequenas residncias de periferia, quase sempre autoconstrudas e informais.Ogrficoapresentadoemseguidainforma,segundoessaclassificao,amdiaderesduosRCD gerada em alguns municpios brasileiros diagnosticados.Origem do RCD em algumas cidades brasileiras (% da massa total)fonte: ,&7 nformaes e TcnicasEm meados dos anos 90, teve incio o crescimento das empresas e coletores autnomos prestan-do servios de remoo dos resduos. Em muitas cidades, houve forte presena das caambas met-licas estacionrias removidas por caminhes equipados com poliguindaste, que, em alguns casos,respondem pela remoo de 80% a 90% do total de resduos gerados. Em outros municpios, ocorre opredomnio de caminhes com caambas basculantes ou com carrocerias de madeira e, tambm, decarroas de trao animal, s vezes centenas, constituindo-se, nestes casos, em agentes de grandeimportncia e que no podem ser desprezados na nova poltica de gesto. Para o reconhecimento doconjunto dos coletores presentes no municpio, o quadro a seguir indica os itens que so levantadosno diagnstico.17Q1 - Caractersticas gerais dos agentes coletores no municpio(1) Os caminhes tm capacidades diversas; os nmeros indicados podem ser tomados como referncia para os clculos.(2) As caminhonetes e carroas costumam transportar os materiais mais leves; os nmeros indicados referem-se aos limites de capacidade e podem ser tomados como referncia. importante delimitar em cada municpio as informaes anunciadas no quadro anterior, relativasaos percursos realizados, preos vigentes, total de veculos em operao, viagens realizadas, paracomposio do conjunto de dados que permitiro o planejamento necessrio. Os coletores organizadosna forma de empresas atuam principalmente em bairros de renda mais elevada e podem ser acessadosdiretamentenabuscadasinformaesnecessriasaodimensionamentodesuacapacidadeoperacional e de sua atividade efetiva, procurando identificar as regies de maior concentrao deatividades na malha urbana do municpio. J os pequenos veculos e carroas, geralmente espalhadosempontosdealuguelououtroslocaisdeconcentrao,teroqueserprocurados.Informaesrelacionadasaodimensionamentodaatividadedessesagentestambmpodemserobtidaspelamdia das indicaes captadas junto a segmentos mais organizados (transportadores, setores decadastro e limpeza pblica da prefeitura, entre outros).Partedosresduosgeradaporpopulaodebaixarenda,quenoconseguerecorreraoscoletores e faz os descartes em pontos avulsos as deposies irregulares o que exige aocorretivaporpartedasmunicipalidades.Muitasdessasreasrecebem,tambm,descargasdosagentes coletores, principalmente os de pequeno porte.18Q2 - Deposies irregulares identificadas em alguns municpiosfonte: I&T Informaes e TcnicasA maior parte dos resduos descartada em bota-foras como so chamadas as reas, pblicasou privadas, de maior dimenso utilizadas para atividades de aterro realizadas sem nenhum controletcnico. Essas reas quase sempre so oferecidas para aterramento porque h interesse em corrigirsua topografia, e, comumente, se esgotam com rapidez. Por isso, comum encontrar diversos bota-foras operando simultaneamente em um mesmo municpio, muitos deles clandestinos. O quadro aseguir mostra situaes de vrios municpios.Q3 - Bota-foras identificados em alguns municpiosfonte: I&T Informaes e Tcnicasfundamentalsaberquantosbota-forasemoperaoexistem,quemsoosproprietriosdosterrenos e quem os opera, para que essas reas possam ser envolvidas na nova poltica de gesto. Opreenchimento do quadro sugerido a seguir, devendo conter os dados de uma pesquisa de campo19consistente, constitui um passo importante na elaborao do diagnstico da situao do municpio.Q4 - Caractersticas gerais dos bota-foras existentesObs.: importante analisar tambm o uso de lixes ou aterros como destino dos entulhos.2.3. Diagnstico Estimativa da quantidade de resduos da construo e demoliogerada no municpioOs dados relativos ao volume de resduos de construo e demolio dificilmente esto imediata-mente disponveis, como acontece com maior freqncia com os resduos domiciliares. necessriolevantar informaes em diversas fontes para que, ao final, o resultado do quadro de estimativas sejarazoavelmente seguro.Para se atingir uma estimativa segura, o mtodo sugerido somar trs indicadores: Aquantidadederesduosoriundosdeedificaesnovasconstrudasnacidade,numdeterminado perodo de tempo (dois anos, por exemplo); A quantidade de resduos provenientes de reformas, ampliaes e demolies, regularmenteremovida no mesmo perodo de tempo; A quantidade de resduos removidos de deposies irregulares pela municipalidade, igualmenteno mesmo perodo.Essemtodo1,aplicadoavriosmunicpios,temdemonstradoeficincia.Nosprximositens,soapresentados os procedimentos para compilao e anlise de cada um dos indicadores.2.3.1. Resduos gerados em edificaes novasPara a obteno deste indicador, utilizam-se os registros da prefeitura municipal relacionados aprovao de projetos de edificao (alvars de construo), com a rea construda correspondente.O levantamento dos dados deve abranger um perodo de tempo necessrio para que as variaesconjunturais da atividade construtiva decorrente de desequilbrios da economia, bem como das ocor-1 - Para mais detalhes sobre a metodologia e os indicadores utilizados nesta seo ver: PINTO, Tarcsio de Paula. Metodologia para gesto diferenciada de resduosslidos da construo urbana. Tese de Doutorado apresentada Escola Politcnica da USP, So Paulo,1999.20rnciassazonaisqueinfluemnoritmoconstrutivo(perododechuvasmaisintenso,porexemplo),sejam diludas na amostragem.Esse levantamento fornece o dado inicial para o clculo do primeiro indicador. Ele dever, porm,ser expurgado dos dados relacionados s reformas, ampliaes e demolies, uma vez que a fontemais confivel para a quantificao desses dados se concentra nos coletores levantamento que seranalisado no prximo item.A grande maioria dos projetos aprovados pelo poder pblico, em geral, se refere execuo denovas edificaes. Informaes coletadas em alguns municpios, como referncia, esto expostas noquadro seguinte.Q5 - Participao das edificaes novas, reformas e demolies no total de projetos aprovadosem diversos municpios (% dos projetos)fonte: I&T Informaes e TcnicasConhecidaamdiadereaanualrelativasedificaesnovas,noperodoanalisado(oqualdeve ser o mais longo possvel) a estimativa da quantidade de resduos gerada pela atividade constru-tiva feita com base em indicadores de perdas pesquisados em diversas regies brasileiras. A quan-tidade de resduos a ser removida durante as construes pode ser estimada em 150 quilos por metroquadrado construdo (kg/m2).21Q6 - Estimativa da quantidade de resduos gerada em novas edificaes(1) Para a definio desse indicador, considerar 26 dias ao ms.Muito provavelmente no estaro consideradas, na rea de construo detectada, as pequenasedificaes novas em bairros de baixa renda na periferia da zona urbana (autoconstruo e outroseventos). So construes de muito pequeno porte que, mesmo sendo numerosas, implicaro peque-na quantidade total de resduos. Os resduos gerados nessas atividades comumente acabam descar-tados em deposies irregulares e sero analisados no item correspondente ao aspecto. 2.3.2. Resduos gerados em reformas, ampliaes e demoliesAs reformas, ampliaes e demolies, nas raras ocasies em que so levadas aprovao dosrgos municipais, surgem como atividades com pequena rea construda, que no traduzem a eleva-da gerao de resduos ocorrida.Informaesobtidasdosagentescoletores,principalmenteaquelesorganizadosnaformadeempresasqueatuamnacidade,revelarooporcentualdomovimentoreferentesatividadesdereformas, ampliaes e demolies. Em vrias localidades diagnosticadas, esse porcentual sempremuito elevado.Q7 - Participao das reformas, ampliaes e demolies no totalde viagens realizadas, em vrios municpios (%)fonte: I&T Informaes e Tcnicas22Apesquisadeinformaesjuntoaoscoletoresdevereconhecer,comonoquadroanterior,aorigem dos resduos coletados, o tipo de equipamento de transporte utilizado, o destino dado ao ma-terial e os preos praticados. Pode ser necessrio realizar a pesquisa em apenas alguns coletores,compondo uma amostra segura das condies de operao do total dos coletores estimado para omunicpio.Estimado o nmero total de viagens e a massa de resduos transportada pelos agentes coletores,o indicador da gerao de resduos na atividade calculado considerando-se apenas o porcentualcoletado das reformas, ampliaes e demolies.Q8 - Estimativa da quantidade de resduos gerada em reformas, ampliaes e demolies.(1) Estes dados decorrem dos levantamentos do quadro 1 Q1.(2) Para a definio desse indicador considerar 26 dias ao ms.2.3.3. Resduos removidos de deposies irregularesEste indicador deve ser obtido com o setor responsvel pelos servios de limpeza urbana. Osresduos de deposies irregulares so removidos por caminhes com caambas basculantes, paraos quais podem ser adotadas capacidades de carga lanadas em um quadro anterior. Por ser comumnesses servios incluir a remoo de outros resduos, como os volumosos e podas, os dados devemcontabilizar apenas o porcentual referente aos resduos da construo e demolio. Q9 - Estimativa da quantidade de resduos recolhida em deposies irregulares(1) A massa dos resduos pode ser obtida dos levantamentos feitos no quadro 1 - Q1.(2) Para a definio desse indicador, considerar 26 dias ao ms.232.3.4. Estimativa do total de RCD gerado no municpioAps o levantamento de informaes e a definio dos trs indicadores necessrios, possvelestimar o quantitativo total de resduos de construo e demolio (RCD) gerado na cidade. Um cuida-do especial deve ser tomado para que aspectos especficos no sejam duplamente considerados, emsobreposio.O mtodo desenvolvido expurga os eventos de reformas, ampliaes e demolies no clculo doprimeiro indicador e, na juno final das informaes, deve ser decidido se o indicador referente sdeposies irregulares ser includo. As deposies irregulares ao longo dos cursos dgua e das viaspblicas, muitas vezes, so o resultado do descarte inadequado dos coletores que atuam com peque-nos veculos. Para o cmputo final, o indicador referente limpeza das deposies irregulares nodeve ser considerado, caso o registro do movimento dos pequenos coletores se mostre consistente eesteja agregado aos dados dos outros coletores.Q10 - Estimativa do total de resduos gerado no municpio(1) Atualizar a estimativa de populao aplicando ao dado do ltimo censo IBGE a taxa de crescimento anual mdio veri-ficada na dcada anterior.Obs.: os indicadores devem estar referenciados no mesmo perodo de anos e em 26 dias ao ms.O quadro a seguir mostra referncias sobre as estimativas e os indicadores obtidos em diagns-ticos dos municpios listados.24Q11 - Condies de gerao de resduos da construo em diversos municpiosfonte: I&T Informaes e TcnicasA aplicao desse mtodo de quantificao em diversas localidades tem sido til para aferir aquantidade e a origem do RCD. O grfico a seguir demonstra a predominncia desses resduos noconjunto dos resduos gerados, confirmando a necessidade de uma poltica de gesto adequada paraa conduo do problema.Presena dos diversos componentes nos resduos slidos urbanos, em massa(mdia de 11 municpios)fonte: I&T Informaes e TcnicasObs.:RCDResduosdeConstruoeDemolio(noincludaamovimentaodesolo);DOM Resduos Domiciliares (includos resduos de comrcio e servios, varrioetc.);OutrosabrangemosRSSResduosdosServiosdeSadeeosresduosvolumosos (podas, mveis e inservveis).252.4. Diagnstico Impactos ambientaisA gerao elevada desses resduos, combinada com a atuao desregrada de parte dos agentes,implica a imposio populao de um nmero significativo de reas degradadas, na forma de bota-foras clandestinos ou de deposies irregulares.Os bota-foras clandestinos surgem principalmente da ao de empresas que se dedicam aotransporte dos resduos das obras de maior porte e que descarregam os materiais de forma descontro-lada, em locais freqentemente inadequados para esse tipo de uso e sem licenciamento ambiental.Em grande nmero de casos, contudo, h consentimento tcito ou explcito das administraeslocais.As deposies irregulares, geralmente em grande nmero, resultam na maioria das vezes depequenas obras ou reformas realizadas pelas camadas da populao urbana mais carentes de recur-sos, freqentemente por processos de autoconstruo, e que no dispem de recursos financeirospara a contratao dos agentes coletores formais que atuam no setor. Colabora fortemente para adegradaoambientalresultantedessasdeposiesirregularesaatuaodospequenosveculoscoletores com baixa capacidade de deslocamento, dentre os quais se destacam as carroas de traoanimal.Esses problemas so comuns, principalmente, em bairros perifricos de menor renda, onde onmero de reas livres maior. Com freqncia, as reas degradadas - tanto bota-foras como depo-sies irregulares colocam em risco a estabilidade de encostas e comprometem a drenagem urba-na, demonstrando que os agentes responsveis pelo descarte de resduos no esto preocupadoscom os custos sociais que a atividade representa para as cidades.Bota-forasemvalesevrzeas,deposiesirregularesaolongodoscursosdgua,so,sabidamente, fonte de constantes problemas na maioria das localidades. Um exemplo dessa relaoestreita, existente entre as reas degradadas e os crregos municipais, pode ser constatado no mapaelaborado pelo municpio de Guarulhos-SP, com a indicao dos bota-foras, das deposies irregula-res e dos cursos dgua. importante notar ainda que, com grande freqncia, as deposies descontroladas de RCDprovocam uma atrao praticamente irresistvel para o lanamento clandestino de outros tipos deresduos no inertes, de origem domstica e industrial, acelerando sua degradao ambiental e tor-nando ainda mais complexa e cara a possibilidade de sua recuperao futura.26MAPA DIAGNSTICO EM GUARULHOS-SPfonte: I&T Informaes e TcnicasO quadro a seguir revela a situao das deposies irregulares diagnosticada em diversas loca-lidades.27Q12 - Incidncia da remoo de RCD em deposiesirregulares sobre o total gerado em diversos municpiosfonte: I&T Informaes e TcnicasOs impactos provocados pela inexistncia de solues adequadas para a captao desses res-duos urbanos no se restringem aos observados nos aspectos j mencionados. Tambm podem ocor-rer impactos nas vias de trnsito, com prejuzo tanto para pedestres como veculos, e impactos relati-vos ao favorecimento da multiplicao de vetores (mosquitos e outros insetos, animais peonhentos,roedores).O prximo quadro destina-se ao registro dos impactos verificados no municpio para o preparode mapa especfico, com informaes sobre o posicionamento de deposies irregulares, bota-forase outras reas que sofram impacto indesejvel.Q13 - Dados sobre os impactos ambientais no municpio28Cabe ressaltar que os impactos verificados provm da ao de segmentos importantes da ativida-de econmica de qualquer municpio, sendo, por essa razo, impossvel pretender sua supresso,numa nova poltica de gesto, a menos que sejam construdas solues eficazes e que possibilitem, acada agente, cumprir suas responsabilidades para com a cidade.Deposio irregular na Regio Oeste de Belo Horizonte- MGDeposio irregular em Diadema - SPfonte: I&Tfonte: I&T292.5. Diagnstico Impactos econmicosOs impactos ambientais relatados no item anterior geram prejuzos no s paisagem e quali-dade de vida, mas tambm implicam custos sociais interligados, pessoais ou pblicos. Comprometema capacidade de drenagem nos espaos urbanos, prejudicam a capacidade viria, possibilitam a mul-tiplicao de vetores epidmicos e obrigam aes pblicas corretivas.Vrios desses impactos dificilmente podero ser fixados em termos financeiros, mas os custosdiretos das atividades corretivas de limpeza urbana podem ser determinados.Q14 - Custo comparativo de atividades corretivas em alguns municpios brasileirosfonte: I&T Informaes e TcnicasOs custos municipais variam conforme o grau de dificuldade de execuo, em cada caso. A vari-aotambmocorreemfunodapossibilidadedeessesserviosseremexecutadospormeiosmecnicos ou manuais, com o conseqente impacto sobre os custos de mo-de-obra. Alm do dife-rencial imposto pelas caractersticas intrnsecas da remoo corretiva, influem significativamente aspeculiaridadeslocaisrelativasestruturaviriadisponveledistnciadosbota-forasouaterrosutilizados como destino final para os resduos removidos.Na composio dos custos locais, devem ser levados em conta os equipamentos e o pessoalalocado nas atividades de remoo (as equipes, em geral, utilizam ps-carregadeiras e caminhescom caambas basculantes), disposio em aterro ou bota-fora (onde comum o uso de tratores deesteira), e de fiscalizao, controle de zoonoses e outras. A partir dos quadros a seguir podem sercoletados os dados sobre os impactos econmicos no municpio.30Q15 - Custos relativos correo de deposies irregularesQ16 - Custos relativos disposio final em aterros ou bota-forasQ17 - Custos relativos s atividades de fiscalizaoQ18 - Custos relativos s atividades de controle de zoonoses31Q19 - Custo final de atividades corretivas no municpio(1) O custo dos equipamentos, prprios ou locados, pode ser definido a partir do custo horrio do equipamento nomercado.(2) Entre os trabalhadores envolvidos no devem ser considerados os operadores de equipamentos caso seu custoesteja incluso no valor de locao.(3) Para a converso de toneladas em metros cbicos, considerar a massa especfica de 1,2 t/m3.(4) Deve ser considerada como referncia a populao do municpio no momento da coleta de dados, como indicado noitem 2.3.4. Q10UmaparcelasignificativadosgastoscomaescorretivasdamdisposiodoRCDcujodescarte usualmente efetuado com outros tipos de resduos slidos (volumosos, podas etc.) deveser debitada ao uso de equipamentos absolutamente inadequados. costumeiro o uso de equipa-mentospesadospscarregadeirasecaminhesbasculantesnaremooderesduospoucodensos, por falta de outras alternativas. Esses e outros aspectos merecem ateno nos estudos paraa introduo de polticas de gesto mais eficientes, com estratgias que redundem em menores cus-tos unitrios.2.6. Diagnstico Outros aspectos que devem ser consideradosOs estudos j disponveis permitem deduzir que, na imensa maioria dos municpios brasileiros, bastante crtica a situao no tocante aos resduos slidos que so gerados pelas economias locais,permitindo enunciar, para os resduos da construo e demolio, algumas generalizaes que po-dem orientar os estudos especficos que cada realidade local exige, tais como: Osmunicpiosmaispopulosos,comtaxaselevadasdecrescimentonosltimosdecnios,no foram capazes de acompanhar essa evoluo com uma poltica adequada para a gestodoRCDgerado,sendovisvelumimpactoambientalnegativoeademandadesoluesabrangentes; De um modo geral, as administraes municipais ainda so refns de um processo de gestocorretiva, meramente emergencial, insuficiente e insustentvel a mdio e longo prazo, comresultados muito aqum do necessrio; OsagentesenvolvidoscomoRCDexigemumamelhordefiniodepolticasmunicipais.Principalmente no caso dos agentes coletores, necessrio um maior aprofundamento do32dilogo com as administraes locais, de forma a potencializar cada papel, j que eles seconstituem em importantes agentes da limpeza urbana; possvel identificar, em muitos municpios, agentes interessados em estabelecer parceriascomosetorpblicoparaimplantarsoluesqueapontemparaagestosustentvelereciclagem do RCD gerado.Numcenrioemqueadegradaoambientalsetransformaemquestosocialeeconmicacandente, as organizaes sociais e ministrios pblicos cada vez mais atuantes e sob a gide daLei9.605(LeiFederaldoMeioAmbiente)cobramdasmunicipalidadesinstrumentosdeaoadequados para o cumprimento das leis orgnicas, que, em geral, j estabelecem como sendo dacompetncia de cada municpio preservar o meio ambiente local e prover a localidade de solueseficazesdelimpezaedestinaoderesduos. AediodaResoluo307doCONAMAmotivocentral deste manual coloca as diretrizes que devero ser cumpridas pelos municpios.3.DEFINIR UM PLANO INTEGRADO DEGERENCIAMENTO NO MUNICPIOPlanoIntegradoMANEJO E GESTO DERESDUOS DA CONSTRUO CIVILMANUAL DE ORIENTAOVolume1COMO IMPLANTAR UM SISTEMA DE MANEJO E GESTODOS RESDUOS DA CONSTRUO CIVIL NOS MUNICPIOS....................................................................34..........................................363.2.1. Aes estruturantes do novo sistema de gesto......................................403.2.2. Outras aes complementares..................................................................573.2.3. Construo da base jurdica para sustentao do novo sistema..............58...............................................................................60..................................................................603.4.1. Formao do Ncleo Permanente de Gesto .dos Resduos de Construo e Resduos Volumosos.............................603.4.2. Os custos de implantao e operao do novo sistema de gesto.........643.1. Estratgia de implantao das aes3.2. Estruturao do sistema de gesto sustentvel para .os resduos da construo civil e resduos volumosos3.3. O licenciamento das atividades3.4. A operao do novo sistema de gesto333. DEFINIR UM PLANO INTEGRADO DE GERENCIAMENTO NO MUNICPIONa maioria dos municpios brasileiros j esto implantados, ao menos na etapa de coleta, siste-masdegerenciamentopararesduosmaisagressivoscomoosdomiciliareseosdosserviosdesade.Entretanto,paraosresduosdaconstruo,menosincmodospornoserememgeralputrescveis, acaba-se por aceitar a no-responsabilizao dos geradores e a multiplicao das depo-sies e bota-foras irregulares, embora sejam tambm altamente impactantes sobre a qualidade davida urbana.A Resoluo 307 do CONAMA, aprovada em julho de 2002, como j descrito, criou instrumentospara a superao dos problemas que vm se verificando, ao definir responsabilidades e deveres,abrindo caminho para o novo sistema de gesto que se torna necessrio. Tambm impe aos geradoresaobrigatoriedadedareduo,reutilizaoereciclagem,quando,prioritariamente,ageraodosresduos no puder ser evitada. Considerando a diversidade das caractersticas desses geradores,define diretrizes para que os municpios e o Distrito Federal desenvolvam e implementem polticasespecficas de gesto local, na forma de Planos Integrados de Gerenciamento, nos quais expressemasresponsabilidadesdessesgeradoresdiversificadosdeacordocomascaractersticasdecadarealidade. Obedecendo s diretrizes gerais da Resoluo, cabe aos municpios assumir a soluopara o problema dos pequenos volumes, quase sempre mal dispostos, bem como o disciplinamentoda ao dos agentes envolvidos com os grandes volumes de resduos.Foram anteriormente definidos os princpios gerais que devem orientar a formulao dos PlanosIntegrados de Gerenciamento: Facilitar a ao do conjunto dos agentes evolvidos; Disciplinar sua ao institucionalizando atividades e fluxos; e Incentivar sua adeso tornando vantajosos os novos procedimentos.Esses princpios devem materializar-se em duas aes principais.A Ao 1, que se estrutura enquanto um Programa Municipal e assume o carter de um serviopblicocomaimplantaodeumarededeserviospormeiodaqualospequenosgeradoresetransportadores podem assumir suas responsabilidades na destinao correta dos resduos da cons-truo civil e volumosos decorrentes de sua prpria atividade. Inclui um conjunto de pontos de entregapara pequenos volumes, a montagem, por parte da administrao pblica, de um circuito de coletadesses materiais, a sua destinao final adequada e algumas parcerias.A Ao 2, que d sustentabilidade aos Projetos de Gerenciamento, obrigatrios para os grandesgeradores de resduos, materializa-se numa rede de servios abrangendo todas os elos da cadeiaoperativa relacionada ao transporte, manejo, transformao e disposio final dos grandes volumesde resduos da construo civil. Inclui, alm dos servios, as instalaes fsicas para a realizao dasdiversas operaes, viabilizando aos agentes de maior porte o exerccio de suas responsabilidadescom relao aos seus resduos. Caracteriza-se como um conjunto de atividades privadas regulamen-tadas pelo poder pblico municipal.343.1. Estratgia de implantao das aesOserviopblicodecoletaprestadoparaacaptaodospequenosvolumesnecessitaserorganizado de forma a atender a toda a rea urbanizada, com a instalao de pontos de entregavoluntria nos bairros, estabelecidos de acordo com bacias de captao, zonas homogneas queatraiam a maior parcela possvel do RCD gerado em sua rea de abrangncia.O ideal que a definio do local desses pontos de entrega, equipamentos pblicos a implantarem reas pblicas (ou em reas privadas formalmente cedidas administrao municipal), incorporefluxos j reconhecidos para os resduos, sem alter-los, fazendo-se com que as novas instalaesocupem, preferencialmente, locais j inventariados como atuais deposies irregulares, ou se locali-zem em sua vizinhana imediata.Os pontos de entrega voluntria devem ser divulgados entre a populao da redondeza (gerado-ra potencial de RCD), bem como aos coletores desses resduos que recolhem pequenos volumes,como instalao permanente (ou duradoura) e adequada para o descarte de resduos. A concentraode pequenos volumes nos pontos de entrega permite maior eficincia sua remoo adequada, como estabelecimento de circuitos de coleta pela administrao pblica.Deve ser ressaltado, junto populao, que, se mal dispostos, esses resduos facilitam a prolife-raodevetoresecomprometemaqualidadeambiental,equeessespontosfuncionamtambmcomo locais intermedirios para o descarte de resduos volumosos (mveis e utenslios inservveis,podas da arborizao privada, embalagens de grande porte e outros) parcela importante dos res-duos slidos urbanos que tambm no vem sendo adequadamente gerenciada em grande parte dosmunicpios brasileiros e que, freqentemente, descartada clandestinamente em locais imprprios,em conjunto com resduos da construo e demolio, obrigando a administrao municipal a recolh-los periodicamente, junto com estes, geralmente em condies adversas.Ao mesmo tempo, os pontos de entrega podem e devem ser utilizados como alternativa para aimplantao ou expanso da coleta seletiva da parcela seca dos resduos domiciliares (papis, plsti-cos, vidros e metais) gerados na zona urbana do municpio o que d resultados de maior alcancepara os investimentos destinados implantao dessas instalaes.A implantao dos pontos de entrega deve ocorrer de forma gradativa, concomitante com doisoutros processos: o primeiro, dedicado recuperao de todos os locais de deposio irregular pre-sentes na bacia de captao, possibilitando o resgate da qualidade urbanstica; o segundo, dedicado promoo de informao concentrada, seguida de fiscalizao renovada, com vistas alterao deculturaeadesodetodosaocompromissocomocorretodescarteedestinaodosresduos. Aimplantaogradativaemonitoradadospontosfacilitaumamelhoranlisedaspossibilidadesdeotimizao da distribuio das unidades e a conseqente reduo dos investimentos.A ao privada regulamentada sugerida para solucionar o problema dos grandes volumes deresduos, recolhidos e transportados por coletores que utilizam veculos de maior capacidade volumtrica35e de carga elimina os impactantes bota-foras existentes, que acabam sendo substitudos por umnmero menor de reas mais adequadas e duradouras, projetadas para triagem do conjunto do RCDgerado, reciclagem da maior parcela possvel e vivel e o transbordo da frao no reaproveitvelpara outras instalaes, onde possa receber destino adequado.O destino a ser dado ao RCD deve priorizar as solues de reutilizao e reciclagem ou, quandoinevitvel, adotar a alternativa do Aterro de Resduos de Construo Civil indicado na Resoluo 307do CONAMA e normatizado pela ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas. Esse novo tipode aterro poder ser executado em duas hipteses: ou para a correo de nvel de terrenos, para umaocupao futura dos mesmos (disposio definitiva); ou para a reservao (disposio temporria)dos resduos de concretos, alvenarias, argamassas, asfalto e de solos limpos, visando ao seu aprovei-tamento futuro.As reas para manejo dos grandes volumes devem ser operadas, preferencialmente, por agentesprivados, os responsveis pela gerao e coleta da maior parte dos resduos. importante o estabe-lecimento de parcerias com entidades de representao de empresas coletoras e construtoras even-tualmente existentes, para a constituio de uma estrutura de gesto compartilhada. Essas parcerias,j experimentadas em alguns municpios brasileiros, podem avanar para o estabelecimento de con-vniosnombitolocal,comaeventualcessodereaspblicasparaasinstalaesdetriagem,transbordo ou reciclagem, nos termos estabelecidos pelas Leis Orgnicas Municipais.Na impossibilidade de formao de parcerias, conveniente incentivar a ao direta dos agentesprivados, seja por meio de uma mera regulamentao da atividade ou pela realizao de licitao paraoperaodereaspblicasparatriagem,transbordo,reciclageme/oureservaoderesduosdaconstruo provenientes da coleta pblica corretiva, com possibilidade de recepo dos resduos deorigem privada.Mesmo que, em alguns municpios, a presena das administraes pblicas se faa mais neces-sria, importante que os custos decorrentes do manejo correto dos resduos, exigido pela Resoluo307 do CONAMA, sejam apurados de forma eficaz e transparente e transferidos para os geradores etransportadores dos resduos. Essa uma condio bsica de sustentabilidade para a nova poltica degesto.Para que sejam criadas condies mais favorveis transio dos agentes privados para o novosistema, a administrao municipal pode introduzir aes incentivadoras, tais como: Facilitar o acesso a alternativas tecnolgicas adequadas para a destinao de resduos maisproblemticos; Criar a obrigatoriedade de consumo de agregados resultantes da adequada reciclagem deRCD em determinados tipos de obras pblicas; Fornecer apoio na obteno de financiamentos para investimentos nas reas de operao,como os apresentados neste manual, para as Sociedades de Propsito Especfico atuantesno municpio.36A consolidao das novas reas pressupe o exerccio de uma fiscalizao rigorosa do siste-ma condio importante para a municipalidade atingir progressivamente suas metas: eliminar osbota-foras; coibir a presena de coletores irregulares e descompromissados com o sistema; disciplinara ao dos geradores e garantir o uso adequado dos equipamentos de coleta e das instalaes deapoio.3.2. Estruturao do sistema de gesto sustentvel para os resduos da construocivil e resduos volumososNo organograma, apresentado adiante, esto expressas as principais iniciativas estruturadorasdonovosistemadegestosustentvel,paraasuperaodosatuaisproblemaseadefiniodasresponsabilidades, deveres e direitos dos agentes envolvidos.O sistema inclui aes centrais, com a implantao de duas redes de novas reas de apoio e odesenvolvimentodedoisprogramasespecficos.Todasessasiniciativastmcomoobjetivoumaalterao significativa na gesto dos resduos de construo e resduos volumosos.Esse conjunto de aes forma uma unidade, cuja formulao se alicera no reconhecimento dofluxo cumprido pelos resduos, bem como no respeito aos limites de atuao de cada agente socialenvolvido nesse fluxo de atividades. A implementao das aes pode ser realizada de forma evolutiva,com metas de curto e mdio prazo.37A implantao da rede de pontos de entrega de pequenos volumes e da rede de reas paramanejodegrandesvolumes(reasdetriagemetransbordo,reasdereciclagem,aterrosparareservao e aterros definitivos de resduos da construo) cria as condies de infra-estrutura para oexerccio das responsabilidades a serem definidas no novo modelo de gesto. O objetivo facilitar odescarte do RCD sob condies e em locais adequados; o disciplinamento dos atores e dos fluxos; eoincentivominimizaodageraoereciclagem,apartirdatriagemobrigatriadosresduosrecolhidos.Os esforos precisam ser acompanhados de um programa de informao ambiental especficoe capaz de mudar o atual comportamento, descompromissado, para uma nova postura no manejodesses resduos, na qual os geradores e coletores tenham compromisso com a qualidade ambientalda cidade. O processo de educao ambiental deve ser implementado, abrangendo o conjunto de38atores, sempre acompanhado de um programa de fiscalizao, que seja rigoroso e capaz de ampliaraadeso(aindaquecompulsria)snovasreasdeapoioofertadasedifundiranecessidadedecompromissos por parte de geradores, coletores e receptores de resduos.O conjunto nico de aes que define o sistema de gesto sustentvel dos resduos de cons-truoeresduosvolumososprecisaserpreservadoporumncleogestor,quegarantaasuaeficincia, a manuteno de sua simplicidade e do carter facilitador, o exerccio das responsabilida-des e a busca de resultados nas interaes em parcerias, com a implementao de um processo demonitoramentoemelhoriacontnua,reduzindosignificativamentenomunicpioanecessidadedasantigas aes corretivas.Ooferecimentodereasdecaptaoprximasszonasgeradorascaracterizaesseslocaiscomosoluodefinitiva(ouduradoura)paraoproblema;e,pornoelevaroscustos,preservaascondies de trabalho dos coletores agentes importantes como parte do sistema global de limpezaurbana. Alm disso, esses locais conferem condies de sustentabilidade ao desenvolvimento urba-no, expressas inclusive pela melhoria ambiental e de qualidade de vida nos bairros residenciais.A triagem do RCD em classes diferenciadas, obrigatria para os resduos recebidos, tal comoestabelece a Resoluo 307 do CONAMA (ver quadro Q20), propicia as condies iniciais indispens-veis para a reciclagem, induzida ainda pelo incentivo ao uso de agregados reciclados em obras pbli-cas. O avano da reciclagem significa reduo dos custos de limpeza pblica e das obras pblicasondeosrecicladosforemutilizados,e,conseqentemente,preservaodavidatildasreasdeaterro remanescentes, com o alvio do ritmo de seu esgotamento.39Q20 - Classes em que deve ser enquadrado o RCD triadoObs.: conforme definies da Resoluo 307 do CONAMA.A triagem dos resduos em classes passo fundamental para a sua gesto adequada, razo pelaqual devem ser incentivadas as prticas de desmontagem seletiva (desconstruo planejada dasedificaes) em substituio demolio sem critrios, principalmente em edificaes que contenhamresduos das classes C e D. Por outro lado, a transio do modelo vigente para o sistema preconizadoneste manual deve ocorrer de forma gradativa, considerando que o desejvel a reciclagem da tota-lidade dos resduos de construo gerados.Com a implantao gradativa e articulada do conjunto de aes anteriormente proposto, comeaum processo, tambm gradativo, de erradicao das deposies irregulares e fechamento dos bota-foras existentes o que elimina os episdios de agresso paisagem urbana, de comprometimentode ambientes naturais importantes e, no caso dos bota-foras, de riscos quanto estabilidade. Esseprocesso pode incluir, ainda, a transio daqueles bota-foras que satisfaam aos requisitos tcnicosessenciais para a nova forma de aterros de resduos da construo civil, definida na Resoluo307 do CONAMA.40O prximo item detalha as quatro aes que do forma ao novo Sistema de Gesto, destinado aocumprimento da Resoluo 307 do CONAMA.3.2.1. Aes estruturantes do novo sistema de gestoAO 1 Rede de reas para manejo de pequenos volumesA definio fsica da rede de pontos de entrega para pequenos volumes dever ser feita apartir das informaes colhidas durante o diagnstico do municpio, como indicado no item 2 destemanual. Conhecendo a localizao das deposies irregulares e o perfil dos agentes geradores ecoletores dos pequenos volumes, possvel definir os limites das bacias de captao e a localizaodos pontos de entrega voluntria, respeitando-se, tanto quanto seja tecnicamente possvel e financei-ramente vivel, os atuais fluxos de coleta e lanamento desses resduos.As bacias de captao de resduos so reas de caractersticas relativamente homogneas,com dimenso tal que permita o deslocamento dos pequenos coletores de seu permetro at o res-pectivo ponto de entrega voluntria, inibindo, assim, o despejo irregular dos resduos, pela facilidadeconferida sua entrega num local para isso designado. Sempre que possvel, esse ponto deve estarsituado nas proximidades do centro geomtrico da bacia de captao a que ir servir, e, de prefe-rncia, onde j ocorra uma deposio irregular. Disciplinam-se, com isso, atividades que j ocorremespontaneamente.Para definir os limites da bacia, como fica explicitado nos mapas apresentados, devem ser leva-dos em conta os seguintes fatores: A capacidade de deslocamento dos pequenos coletores (equipados com carrinhos, carroase outros pequenos veculos) em cada viagem, ou seja, algo entre 1,5 km e 2,5 km; A altimetria da regio, para que os coletores no sejam obrigados a subir ladeiras ngremescom os veculos carregados, para realizar o descarte dos resduos; As barreiras naturais que impedem ou dificultam o acesso ao ponto de entrega.41Ospontosdeentregavoluntriadevemocuparreaspblicasoureasprivadascedidasemparceria,ou,ainda,reasalugadasouarrendadasparatalfinalidadedeprefernciautilizandoretalhos de formato irregular resultantes do arruamento urbano, com rea entre 200 m2 e 600 m2. Asreas pblicas podero ser bens dominiais, reas institucionais subutilizadas ou, ainda, trechos dereas verdes que se encontrem deterioradas, sem capacidade de exercer seu papel.42fonte: I&T Informaes e TcnicasMapa com definio das bacias de captao de RCD em Guarulhos-SPO projeto de cada ponto de entrega deve incorporar os seguintes aspectos: Prever a colocao de uma cerca viva nos limites da rea, para reforar a imagem de qualidadeambiental do equipamento pblico; Diferenciar os espaos para a recepo dos resduos que tenham de ser triados (resduos daconstruo, resduos volumosos, resduos secos da coleta seletiva etc.), para que a remooseja realizada por circuitos de coleta, com equipamentos adequados a cada tipo de resduo(ver quadro);43 Aproveitar desnvel existente, ou criar um plat, para que a descarga dos resduos pesadosresduosdaconstruosejafeitadiretamentenointeriordecaambasmetlicasestacionrias; Garantir os espaos corretos para as manobras dos veculos que utilizaro a instalao como pequenos veculos de geradores e coletores, alm dos veculos de carga responsveispela remoo posterior dos resduos acumulados; Preparar placa, totem ou outro dispositivo de sinalizao que informe populao do entornoe a eventuais passantes sobre a finalidade dessa instalao pblica, como local correto parao descarte do RCD e de resduos volumosos. essencial que se instale no ponto de entrega uma pequena guarita, com sanitrio, para facilitara presena contnua de um funcionrio uma espcie de zelador local, que acompanhe o uso corretodo equipamento pblico e as condies de higiene local. Os bons resultados obtidos em vrios muni-cpios com esse tipo de equipamento pblico esto vinculados presena do funcionrio, represen-tante da ao direta da administrao pblica na soluo dos problemas ocasionados por esses res-duos.Q21 - Recepo e remoo diferenciada dos resduos nos pontos de entrega(1) Comumente os resduos metlicos ferrosos ou no-ferrosos captados esto na forma de utenslios ou componentes,que, como tal, podem ser caracterizados como leves.44Correo de deposiao irregularLayout sugerido para ponto de entregaA rede de pontos de entrega para pequenos volumes a expresso fsica do servio pblicode coleta. interessante, para que exeram plenamente sua funo facilitadora, que esses equipa-mentos pblicos contem com a instalao de uma linha telefnica local (disque coleta para pequenosvolumes) um canal de contato dos geradores com pequenos coletores cadastrados atuantes nafonte: I&Tfonte: I&T45regio, os quais devem ser incentivados a agrupar-se ao seu redor. A iniciativa implica a reduo daspossibilidades de descarte irregular dos resduos.Convm, ainda, para uma operao correta e eficiente do ponto de entrega, dar treinamento aofuncionrio que ficar responsvel pela unidade. Estes so os aspectos operacionais importantespara abordagem nesse treinamento: O limite estabelecido para o volume mximo das cargas individuais de resduos que possamserrecebidosgratuitamentenaunidade.Emdiversosmunicpios,aprticaconsideradepequeno volume as quantidades limitadas a 1 m3; Impedimento do descarte de resduos orgnicos domiciliares, de resduos industriais e deresduos dos servios de sade; A organizao racional dos resduos recebidos, para possibilitar a organizao de circuitosde coleta que devem ser executados com o auxlio de equipamentos e meios de transporteadequados.Os circuitos de coleta destinados a cobrir a rede de pontos de entrega voluntria permitiro aconcentrao de cargas de mesma natureza e, por conseguinte, a transformao de pequenos emgrandes volumes, viveis para o manejo nas instalaes especficas da outra rede que, em conjunto,ir compor o sistema municipal de manejo e gesto sustentvel dos resduos de construo eresduos volumosos.Os quadros Q29 e Q30, adiante, apresentam os registros necessrios para o dimensionamentodos custos de implantao e de operao dos equipamentos pblicos compreendidos nesta Ao 1.AO 2 Rede de reas para manejo de grandes volumesConforme explicao anterior, a definio da localizao dos pontos de entrega na zona urbanadeve partir dos fluxos j informalmente estabelecidos para a movimentao de pequenos volumes deRCD.Poroutrolado,adefiniodalocalizaodasinstalaesparamanejodegrandesvolumesdesses tipos de resduos deve ser precedida da anlise aprofundada de diversos fatores, com desta-que para estes itens condicionantes: Regulamentao do uso do solo no municpio; Localizaodasregiescommaiorconcentraodegeradoresdegrandesvolumesderesduos (reas residenciais ou comerciais com populao de maior renda e que estejam emprocesso de implantao ou expanso); Existnciadeeixosvirios,paraagilizarodeslocamentodeveculosdecargademaiorporte.46Essa anlise servir como suporte para o trabalho de articulao, com os agentes privados, daestratgia de gesto para o processamento de grandes volumes de RCD, contemplando as seguintesinstalaes: reas de triagem; reas de reciclagem de resduos classe A; Aterros de resduos classe A da construo civil.Essasinstalaes,implantadasemcarterpereneouduradouroeemconformidadecomasnovas normas tcnicas da ABNT, substituem com inmeras vantagens os bota-foras causadores,na maioria dos municpios, de tantos impactos negativos ao meio ambiente.As diversas funes dessas instalaes triagem, reciclagem e aterro podem estar concen-tradas em um mesmo local, principalmente em municpios de menor porte. Apenas nos municpioscom maior populao e economia mais dinmica que so indicadas as reas exclusivamente desti-nadas triagem e reciclagem, capazes de receber e processar com eficincia os resduos para elasencaminhados e situadas nas proximidades das regies da zona urbana em que ocorre sua geraocom maior intensidade. Nesses casos, os aterros tendem a ser localizados em regies mais perifri-cas da malha urbana.AsreasdestinadasaoprocessamentodegrandesvolumesdeRCDpodemserpblicasouprivadas. A deduo de que, em mdia, apenas 15% dos resduos de construo gerados acabam porsetransformaremresduopblico,pelasuamdisposioemlocaisquedeverosercorrigidos(conforme informaes do item 2.4), indica a convenincia de que seja dada prioridade iniciativaprivada na implantao e operao dessas instalaes, devidamente regulamentadas pelo poder p-blico. Em todo caso, essas reas devem ser submetidas s diretrizes do novo sistema e ao gestorae fiscalizadora do poder pblico municipal, sendo que a gesto compartilhada das operaes sem-pre uma soluo interessante. A idia que a participao ativa dos geradores seja legitimada, pormeio de convnios, e que os custos decorrentes do manejo correto dos resduos sejam transparentese adequadamente repassados aos agentes econmicos efetivamente responsveis por sua gerao.O mapa do municpio de Guarulhos, apresentado a seguir a ttulo de exemplo, revela como vemsendo equacionada a rede de instalaes para o processamento de grandes volumes de RCD.47Mapa das reas destinadas a grandes volumes em Guarulhos-SPfonte: I&T Informaes e Tcnicasreas de triagem e reciclagem, operando em conjunto, podem ser organizadas como indica odiagrama a seguir em reas especficas para o manejo dos resduos predominantes (resduos deconstruo classe A, solo, madeira e resduos volumosos), distribudas em torno de um grande ptiode recepo e triagem.O projeto dessas instalaes, em cada situao especfica, deve seguir as especificaes conti-das nas normas tcnicas brasileiras (apresentadas como anexo neste volume). Especial ateno exigida ao projeto dos acessos dos veculos instalao, para que sejam reduzidos ao mnimo pos-svelosimpactosnegativosnasviaspblicasadjacentes. Almdisso,osespaosnecessriosmovimentao interna de veculos e o volume de material a ser recebido e processado determinaroa rea de terreno necessria em cada caso. O quadro a seguir indica de forma aproximada as reasnecessrias para as atividades descritas:48Q22 - rea bsica demandada para o manejo dos resduos fonte: I&T Informaes e Tcnicas(1) Os solos so tambm considerados, na Resoluo CONAMA, como RCD classe A.49Sugesto de layout para organizao de rea de triagem e reciclagemfonte: I&T Informaes e TcnicasA rea de reciclagem do RCD classe A abriga os processos de triturao e peneirao dos resdu-os de concreto, alvenaria, argamassas e outros, para produo dos agregados reciclados. A reciclagemdamadeirapresentenosresduosdeconstruotambmenvolveotrabalhodetriturao,comoempregodeequipamentosmecnicosespecficos,paraaproduodecavacos;ouenvolveseucorte simples, com ferramentas manuais, de modo que possam ser utilizados em processos diversos,como a gerao de energia. A recuperao de solos sujos um processo relativamente simples, depeneirao, para remoo de galharia, lixo e entulhos de seu interior.Os equipamentos bsicos para implantao do manejo dos resduos nessas reas e o nmeroestimado de funcionrios envolvidos em cada uma das atividades que ela demanda esto indicadosno quadro a seguir.50Q23 - Equipamentos bsicos e funcionrios para a reciclagem dos resduos aps triagemEmboraareutilizaooureciclagemdosresduossejaaalternativamaisfavorvel,apssuaadequada triagem, o resultado dificilmente poder ser alcanado de forma integral em um primeiromomento; devendo, assim, ser fruto de um processo de avanos gradativos, que inclua a implantaode aterros de resduos da construo civil para a adequada destinao da parcela dos resduos classeA, cuja reutilizao ou reciclagem no seja imediatamente possvel ou vivel.A implantao desses novos aterros, precedida pela adequada triagem dos resduos, tal comoexigeaResoluo307doCONAMA,constituiummomentoestratgicoparaqueosmunicpios,disciplinando a destinao com nvel de investimento relativamente pequeno, possam substituir osbota-foras degradantes hoje existentes.Os projetos de implantao de aterros de resduos da construo civil, normatizados pela ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas, so muito mais simples que os de aterros sanitriosdestinadosdisposiodealgunsdosresduosslidosurbanosconvencionaiseoutrostiposdeaterros, para resduos mais impactantes, tal como os gerados na maioria dos processos industriais.Sua operao igualmente pouco complexa. Em diversos casos, quando as condies fsicas eambientais so favorveis, os atuais bota-foras podero ser adequados s novas exigncias, desdeque licenciados para isso. Com o mesmo objetivo, devero ser incentivadas parcerias com empresasdedicadas extrao e/ou beneficiamento de pedra, areia e argila, j que as cavas resultantes dalavra desses produtos constituem, em princpio, timos locais para a implantao de aterros de res-duos da construo civil.Conforme mencionado na Resoluo 307 do CONAMA, os novos aterros para resduos classe Apreviamente triados podem ser implantados em duas situaes:51 Aterros para a correo de nvel de terrenos, visando a uma ocupao futura para a rea,segundoprojetodeocupaoapresentadoaosrgospblicoscompetenteseporelesaprovados; Aterros para a reservao de materiais limpos, nos quais so dispostos em locais diferenciadose especficos os resduos de concreto e alvenaria, os solos, os resduos de pavimentaoasfltica e outros resduos inertes, tendo em vista facilitar sua futura extrao (minerao)e reciclagem.A Resoluo 307 do CONAMA no permite mais que o RCD seja simplesmente lanado no meioambiente em bota-foras, sem qualquer tipo de controle como acontece sistematicamente em todo oBrasil. Se esse resduo no for imediatamente til para a cidade propiciando sua utilizao comomatria-prima na execuo de aterros, regularizando reas pblicas ou privadas e no puder serimediatamente reutilizado ou reciclado, ter que ser adequadamente reservado para reaproveitamentofuturo.O resultado das exigncias do CONAMA e das normas da ABNT ser uma melhoria da qualidadedas reas que, por terem aterrado unicamente resduos classe A, dispostos convenientemente sobreo solo natural, passaro a servir perfeitamente como suporte fsico para os usos a que tenham sidodestinadas; e, no caso dos aterros para reservao de resduos reutilizveis, podero ser utilizadaspor longos perodos, continuando a receber novos resduos, medida em que processam e permitema reutilizao de resduos anteriormente reservados.As principais aes a serem desenvolvidas no novo sistema de gesto e manejo sustentvel doRCD, para a promoo da viabilidade dessa rede de reas de triagem, reciclagem e aterro, so asseguintes: Simplificar o rito de licenciamento dessas instalaes e incentivar a sua perenizao; Revisar a regulamentao de cadastro para a atuao dos agentes coletores de entulhos,com impedimento atuao de coletores no regulares; Tornarobrigatrioodescartedosresduosemgrandesvolumesexclusivamentenasinstalaes da rede, impedindo a operao de bota-foras; Tornar obrigatria a destinao adequada da totalidade dos resduos resultantes das operaesnas reas de triagem; Fornecerorientaotcnicaparafacilitaroacessodosagentesprivados,devidamenteregulamentados,sfontesdefinanciamento,paraaquisiodeequipamentoseoutrosinvestimentos afins;52 Incentivar a reciclagem de RCD, usando o poder de compra da administrao pblica paraestabeleceroconsumopreferencialdeagregadosreciclados,comprovadamentedeboaqualidade, principalmente em obras de infra-estrutura.Os quadros Q31eQ32, adiante, apresentam os registros necessrios para o dimensionamento doscustos de implantao e dos custos e receitas operacionais das atividades compreendidas nesta Ao 2.AO 3 Programa de informao ambientalAimplantaodasinstalaesprecisaseracompanhadadacriaoeimplementaodeumeficiente Programa de Informao Ambiental, capaz de mobilizar os diversos agentes sociais envolvi-dos na gerao ou no transporte de resduos, para que assumam efetivamente suas responsabilida-des e se comprometam com a manuteno e melhoria permanente da qualidade ambiental da cidadeem que vivem e exercem sua atividade econmica.O programa deve ter aes voltadas reduo da gerao desses resduos, difuso do poten-cial de sua reutilizao e reciclagem e ampla divulgao sobre a localizao das reas destinadasa seu descarte correto.Principais aes a serem desenvolvidas no programa: Divulgao massiva entre os pequenos geradores e coletores sobre as opes para a corretadisposio de resduos no municpio, informando a rede de pontos de entrega voluntria e apossibilidade de solicitao telefnica da prestao de servios, por meio do disque coletapara pequenos volumes, se estiver implantado; Informao especialmente dirigida, nos bairros residenciais, s instituies pblicas e privadascompotencialmultiplicador(escolas,igrejas,clubes,associaes,lojasedepsitosdemateriais para a construo e outras); Divulgao concentrada entre os grandes agentes coletores e geradores, incluindo a promoodo seu contato com novas alternativas para a reduo e a valorizao de resduos; Realizao de atividades de carter tcnico para disseminao de informaes relacionadas utilizao de agregados reciclados na construo civil. importante a organizao de uma listagem das instituies do municpio que devero ser bus-cadas como parceiras, para que atuem como agentes multiplicadores das solues que estaro sendoimplementadas. A listagem pode ser organizada como indicado no quadro a seguir, cuidando-se delanar a sua localizao em mapa, para que sejam desenvolvidas estratgias especiais para aquelassediadas nas proximidades dos locais onde ocorrem as deposies irregulares.53Q24 - Instituies municipais a serem contatadas para parceria54O material informativo para a populao e instituies parceiras deve divulgar a localizao dospontosdeentregavoluntriaeasresponsabilidadesdosagentesenvolvidos.Seguem,attulodeexemplo, modelos de folheto e cartaz utilizados por municpio que j implementou essas aes.Face interna dofolheto utilizadoExemplo: Faceexterna dofolheto utilizado(21 cm x 30 cm,uma dobra)55Exemplo: Cartaz de orientao (30 cm x 42 cm) utilizado56Na implantao das aes, outro instrumento de informao importante a sinalizao adequadanos locais onde ocorrem deposies irregulares, para orientar os muncipes quanto ao novo local parao correto descarte dos resduos.Exemplo: Faixa de orientao utilizadafonte: I&T Informaes e TcnicasAO 4 - Programa de fiscalizaoUma vez criadas as condies para a correta gesto dos resduos por parte da administraopblica e pelos agentes privados envolvidos, necessrio implantar um Programa de Fiscalizaorigoroso. Essa fiscalizao, num primeiro momento, deve permitir a migrao ordenada da atual situ-ao para o novo sistema de gesto e, num segundo momento, garantir o pleno funcionamento doconjunto das aes. necessrio evitar, de um lado, aes que venham a degradar o meio ambientee, de outro, a ao dos agentes que tenham carter predatrio, a includa a concorrncia desleal doscoletoresclandestinoscomempresasoucoletoresautnomoslicenciados,comprometidoscomonovo sistema regulamentado.A fiscalizao dos agentes um importante instrumento de gesto e complementar oferta dasinstalaes como soluo concreta para o problema do manejo adequado do RCD e ao programa deinformao e mobilizao social.A idia que o novo programa renove as prticas de fiscalizao de posturas j eventualmenteexistentes no municpio, ou introduza novas estruturas e procedimentos de controle. Em todo caso, hnecessidade de se rever o sistema de fiscalizao a partir da definio precisa das competncias eregras para atuao dos geradores, coletores, receptores e, inclusive, dos gestores municipais, esta-57belecendo-se, para o descumprimento de cada regra, as penalidades que permitiro o disciplinamentodesses diversos agentes.As principais aes implementadas nesse programa especfico so: Fiscalizar a adequao de todos os agentes coletores s normas do novo sistema de gesto,inclusive seu cadastro nos rgos municipais competentes; Fiscalizar a ao dos geradores, inclusive quanto ao correto uso dos equipamentos de coleta,de forma que eles no repassem aos coletores responsabilidades que no lhes competem; Fiscalizar a existncia e cumprimento dos Projetos de Gerenciamento de Resduos, previstosna Resoluo 307 do CONAMA para as obras de maior porte; Coibir a continuidade de operao de antigos bota-foras e o surgimento de outras reas paraa deposio de RCD no licenciadas e incompatveis com o novo sistema de gesto; Estabelecerinstrumentosderegistrosistemticodasaesdefiscalizaoecontroleempreendidasdemaneiraatornarpossvelaavaliaoperidicadasuaeficciaeaperfeioamento.Paraconheceremdetalhesosmecanismosdefiscalizaoeficientesquepreservamonovosistema, basta verificar as minutas de legislao propostas neste manual.3.2.2. Outras aes complementaresAlm das aes anteriormente descritas e que podem ser consideradas estruturantes do novosistema de manejo e gesto sustentvel dos resduos da construo e resduos volumosos, h outrasaes, de carter complementar, que podem ser adotadas para a ampliao da eficincia geral dosistema, tais como: Articular a rede de pontos de entrega com um programa de coleta seletivaA rede de pontos de entrega voluntria para pequenos volumes pode ser articulada s aesde coleta seletiva dos resduos secos reciclveis domiciliares. Para isso, o projeto dos pontosde entrega deve prever um local especfico para a instalao de um conjunto de contineres ealgumasbaiascobertasquepermitamoarmazenamentotemporriodessesresduos.Ospontos de entrega podem, igualmente, funcionar como suporte fsico atuao de grupos queatuem na coleta seletiva, captando resduos nas ruas do entorno e em aes conjuntas comas instituies parceiras da regio. Criar um programa para capacitao de carroceiros e outros pequenos coletoresComograndepartedasdeposiesirregularesderesduossoresultantesdaaodospequenoscoletoresedesuaslimitaesquantosuacapacidadededeslocamento,suainseroformalnonovosistemadegestopossibilitamelhoresresultadosparaalimpezaurbana e reduo de seu custo operacional, alm de propiciar a ampliao da renda dessesagentes. A exemplo da experincia muito positiva da Prefeitura de Belo Horizonte - MG, pode58ser desenvolvido um programa especfico de apoio aos carroceiros, abrangendo a orientaoveterinriaparaoadequadotratodosanimaisdetrao,viabilizaodacessodemedicamentos veterinrios, de pneumticos "meia-vida" captados nos pontos de entrega, derepassedesolicitaesdeserviorecebidaspelosistematelefnico"disquecoletaparapequenos volumes" e outras possibilidades de melhoria de sua renda e condies de trabalho.Para receber o apoio do programa, esses pequenos coletores devero se cadastrar no novosistemaeassumirtotalcompromissodequefaroacorretadisposiodosresduosnospontos de entrega. Esse tipo de programa promove a incluso social dos pequenos coletoresdo RCD gerado na cidade e, ainda, faz com que esses trabalhadores passem de degradadoresambientais a novos e valiosos agentes da limpeza urbana. Criar um banco de reas para aterramentoPara ampliar as possibilidades de disposio do RCD classe A, poder ser criado um bancodereasparaaterramento-compostodelotesoupequenasglebasurbanas,pblicasouparticulares, que necessitem de aterramento de seus relevos, em carter definitivo e de formaadequada, com vistas implantao posterior de outra atividade urbana.A implantao desse banco de reas deve conter, alm do cadastro das reas disponveispara aterramento, critrios corretos para atender demanda de materiais limpos, definiodasresponsabilidadeseprocedimentosparaolicenciamentoeexecuodoaterramento.Tambm deve ser exigido dos responsveis pelas obras o uso exclusivo dos resduos classeA, adequadamente triados nas instalaes do novo sistema de gesto.3.2.3. Construo da base jurdica para sustentao do novo sistemaOcumprimentodaResoluo307doCONAMAeaimplantaodonovosistemadegestodesenvolvido como parte de um Plano Integrado de Gerenciamento permitem que os municpios su-perem incapacidades e entraves crnicos e exeram efetivamente o papel que a imensa maioria dasLeis Orgnicas Municipais j prev como sua competncia, no que diz respeito a "... prover sobre alimpeza das vias e logradouros pblicos, sobre a remoo e destino dos resduos de qualquer nature-za...".Novos instrumentos jurdicos municipais devem ser criados para a consolidao do novo sistemade gesto e expressar o papel regulador e fiscalizador do poder pblico municipal. imprescindvelque as regras estabeleam limites e normas para a atuao dos diversos atores sociais, como ferra-menta indutora de novas prticas de interesse coletivo, para a preservao e sustentabilidade dosambientes urbanos e naturais.Os novos instrumentos legais, luz da Resoluo 307 do CONAMA, devem alterar alguns dispo-sitivos que passam a no mais fazer sentido - como o dispositivo que obriga os municpios, na regula-mentao de servios de limpeza urbana, a remover at 50 ou 100 litros de RCD descartados juntocom os resduos slidos dispostos para coleta domiciliar. Essa prtica uma reminiscncia de postu-ras antigas e que no consideram a necessidade de manejo diferenciado dos resduos slidos urba-59nos e deve ser evitada. A base jurdica do novo sistema deve ser estruturada, fundamentalmente, emduas iniciativas. A primeira a preparao e encaminhamento do Projeto de Lei Cmara Municipal,explicitando, de forma abrangente, todos os princpios e diretrizes necessrios para a gesto e manejosustentveisdoRCDnombitodomunicpio. Asegunda,denaturezacomplementar,consistenaelaborao de Decreto Municipal regulamentador de aspectos especficos da lei proposta. Esses de-cretos devem detalhar as responsabilidades, as competncias, os procedimentos para a concessode licenas e estabelecimento de parcerias, os requisitos para a concesso de incentivos e outrosaspectosnecessriosconsolidaoderegrasclarasparaaatuaoharmnicadoconjuntodosagentes.So sugeridas, entre os anexos deste manual, minutas para a legislao necessria, como indicao quadro a seguir.Lei e Decreto necessrios para a gesto e manejo sustentveis de RCD603.3. O licenciamento das atividadesOs rgos de controle ambiental de diversos estados ainda no definiram os procedimentos parao licenciamento ambiental das atividades que devero ser efetivadas com os resduos da construocivil. No Estado de So Paulo, por exemplo, que j comeou a legislar sobre a questo das reasreceptoras dos grandes volumes, o licenciamento das reas de triagem visto como incumbnciamunicipal, enquanto o licenciamento de reas de reciclagem e de aterros para resduos da construo colocado na dependncia do porte do empreendimento, podendo ficar restrito a consultas locais ouincluir processos mais detalhados no mbito do estado.Quantoaolicenciamentodasreasreceptorasdospequenosvolumes,aprticadediversosmunicpios que j implantaram os pontos de entrega para pequenos volumes em terrenos de pequenoporte, de considerar estes equipamentos pblicos como expresso da ao da administrao pbli-ca para a interrupo da agresso ao meio ambiente. Sua implantao deve respeitar os ditames deproteo local (reas de proteo permanente, faixas de proteo e outras). De qualquer maneira,ser sempre necessrio ajustar os procedimentos legislao de cada regio.Considerando que as demandas de licenciamentopara o tratamento e disposio em aterros deresduos da construo civil iniciam-se, propriamente, a partir da implementao da Resoluo CONAMAN 307, recomendvel a verificao de eventuais restries legais implantao e operao dosempreendimentosjunto aos rgos responsveis pela emisso de licenas ambientais.3.4. A operao do novo sistema de gesto3.4.1.FormaodoNcleoPermanentedeGestodosResduosdeConstruoeResduos VolumososA multiplicidade de aes necessrias para a implementao e a consolidao do Sistema deGesto dos Resduos de Construo e Resduos Volumosos torna imprescindvel a constituio deum Ncleo Permanente de Gesto, preservador da unicidade dessas aes.O Ncleo Permanente de Gesto imprescindvel tambm pelo carter indito das aes a se-rem implementadas. Novos procedimentos de gesto, para uma nova poltica pblica, no podem serconstrudos sem a designao de responsabilidades e atribuies explcitas aos profissionais respon-sveis.ONcleodeGestodeveestarincorporadoaorgomunicipalresponsvelpelagestoderesduos urbanos e ser formado por um coordenador e uma equipe de apoio proporcional ao porte domunicpio. imprescindvel, no entanto, que seja estruturada uma instncia de discusso e deciso,com reunies gerais rotineiras, para permitir a unificao das aes entre rgos dedicados a temasdiferenciados e importantes na nova gesto de resduos, tais como meio ambiente, limpeza urbana,servios urbanos, obras, desenvolvimento econmico, assistncia social e outros. Sempre que poss-vel,deveserviabilizadaapresenadoNcleodeGestoemconselhosmunicipais(Conselhode61Sane-amento e Limpeza Urbana, Conselho de Defesa do Meio Ambiente, Conselho de Sade e ou-tros) que permitam a interao com representantes formais dos agentes geradores, coletores e recep-tores dos resduos.Principais atribuies do Ncleo Perm