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As eleições estão logo ai... Muito se fala na importância do voto e na necessidade de se escolherem bons candida- tos... AFINAL, O QUE É UM BOM CANDIDATO? Página 5 O QUE MUDA COM A REFORMA EM 2018? Aprovadas em outubro de 2017, muitas das mudanças acontecerão apenas a partir de 2020. Entre as que já valem para a próxima eleição, ainda poderão acontecer mudanças graduais, para amenizar seus impactos sobre a disputa. Página 11 Ano XI - Edição 126 - Abril 2018 Distribuição Gratuita CULTURAonline BRASIL - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social Baixe o aplicativo NO SITE www.culturaonlinebr.org Coragem para agir com o coração É preciso coragem para viver, para amar, para ser e estar. Algo tão importante que existe um dia para se comemorar: Dia 06 de maio. É preciso coragem para viver corretamente, para lutar pelo que se acredita, para ir em frente quando tudo parece desmoronar. Coragem para fazer a diferença e para reconhecer quando estamos errados. Leia mais: Página 4 A IMPORTÂNCIA DO IMAGINÁRIO E DA CULTURA SIMBÓLICA NA CULTURA LUSO-AFRO-BRASILEIRA Um postulado consagrado pela exegese grega, judaica e cristã sustenta que o símbolo é a eterna linguagem criadora, que falam-nos em símbolos a religião, a filosofia, a arte, a ciência, o cosmos, a natureza, os seres vivos, enfim, toda a gama do acontecer. Mário Ferreira dos Santos (in: Tratado de Simbóli- ca, 1956, p.11) afirma: “Com símbolos, expressamos o que não poderíamos fazer de outro modo, porque, com ele, transmitimos o intransmissível”. Leia mais: Página 10 Dia 27 - Dia Nacional da Mata Atlântica A Mata Atlântica é um bioma composto por um conjunto de florestas e ecossistemas que corresponde a 15% do território brasileiro. Desde 1500, essa área vem sofrendo com o desmatamento, as queimadas e a degradação do ambiente. É por isso que atualmente a vegetação corresponde a apenas 7% da mata original, com árvores de médio e grande porte, constituindo uma floresta densa e fecha- da. Considerado um dos mais ricos biomas do planeta, ou seja, com maior biodiversidade, a Mata Atlântica é a segunda maior floresta em extensão do Brasil,constituída de planaltos e serras. Sua área abrange a costa leste, sudeste e sul do Brasil e, além disso, uma parte do Paraguai e da Argentina. Dentre os estados brasileiros, está presente em 17 deles: Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Sergipe, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Cata- rina.

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Page 1: 126 - Maio -2018 - gazetavaleparaibana.com · Muito se fala na importância do voto e na necessidade de se escolherem bons candida-tos... AFINAL, O QUE É UM BOM ... ruim para você

As eleições estão logo ai... Muito se fala na importância do voto e na necessidade de se escolherem bons candida-tos...

AFINAL, O QUE É UM BOM CANDIDATO?

Página 5

O QUE MUDA COM A REFORMA EM 2018?

Aprovadas em outubro de 2017, muitas das mudanças acontecerão apenas a partir de 2020. Entre as que já valem para a próxima eleição, ainda poderão acontecer mudanças graduais, para amenizar seus impactos sobre a disputa.

Página 11

Ano XI - Edição 126 - Abril 2018 Distribuição Gratuita

CULTURAonline BRASIL

- Boa música Brasileira

- Cultura

- Educação

- Cidadania

- Sustentabilidade Social

Baixe o aplicativo

NO SITE

www.culturaonlinebr.org

Coragem para agir com o coração É preciso coragem para viver, para amar, para ser e estar. Algo tão importante que existe um dia para se comemorar: Dia 06 de maio.

É preciso coragem para viver corretamente, para lutar pelo que se acredita, para ir em frente quando tudo parece desmoronar.

Coragem para fazer a diferença e para reconhecer quando estamos errados.

Leia mais: Página 4

A IMPORTÂNCIA DO IMAGINÁRIO E DA CULTURA SIMBÓLICA NA CULTURA LUSO-AFRO-BRASILEIRA

Um postulado consagrado pela exegese grega, judaica e cristã sustenta que o símbolo é a eterna linguagem criadora, que falam-nos em símbolos a religião, a filosofia, a arte, a ciência, o cosmos, a natureza, os seres vivos, enfim, toda a gama do acontecer. Mário Ferreira dos Santos (in: Tratado de Simbóli-ca, 1956, p.11) afirma: “Com símbolos, expressamos o que não poderíamos fazer de outro modo, porque, com ele, transmitimos o intransmissível”.

Leia mais: Página 10

Dia 27 - Dia Nacional da Mata Atlântica A Mata Atlântica é um bioma composto por um conjunto de florestas e ecossistemas que corresponde a 15% do território brasileiro. Desde 1500, essa área vem sofrendo com o desmatamento, as queimadas e a degradação do ambiente. É por isso que atualmente a vegetação corresponde a apenas 7% da mata original, com árvores de médio e grande porte, constituindo uma floresta densa e fecha-da. Considerado um dos mais ricos biomas do planeta, ou seja, com maior biodiversidade, a Mata Atlântica é a segunda maior floresta em extensão do Brasil,constituída de planaltos e serras. Sua área abrange a costa leste, sudeste e sul do Brasil e, além disso, uma parte do Paraguai e da Argentina. Dentre os estados brasileiros, está presente em 17 deles: Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Sergipe, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Cata-rina.

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Maio de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 2

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

ALGUMAS DATAS COMEMORATIVAS 01-Dia do Trabalhador 01-Dia da Literatura Brasileira 03-Dia Internacional da Liberdade de Imprensa 03-Dia do Parlamento 03-Dia do Sertanejo 03-Dia do Pau-Brasil 05-Dia da Língua Portuguesa 05-Dia Nacional do Líder Comunitário 05-Dia Nacional das Comunicações 06-Dia da Coragem 07-Dia do Silêncio 10-Dia do Campo 10-Dia Internacional de Atenção à Pessoa com Lúpus 13-Dia das Mães 13-Abolição da Escravatura 13-Dia da Fraternidade 15-Dia do Assistente Social 15-Dia Internacional da Família 17-Dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade da Informação 18-Dia Internacional dos Museus 18-Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil 20-Dia do Pedagogo 21-Dia da Língua Nacional 22-Dia Internacional da Biodiversidade 22-Dia do Abraço 24-Dia do Vestibulando 25-Dia do Trabalhador Rural 25-Dia Internacional das Crianças Desaparecidas 25-Dia Nacional do Respeito ao Contribuinte 26-Dia Nacional de Combate ao Glaucoma 27-Dia Nacional da Mata Atlântica 27-Dia do Serviço de Saúde 28-Dia Nacional de Luta pela Redução da Mortalidade Materna 28-Dia Mundial dos Meios de Comunicação 29-Dia Mundial da Energia 30-Dia da Santa Joana d'Arc 31-Corpus Christi

FASES DA LUA

Reflexão do mês AMOR Acredite sempre no amor. Não fomos feitos para a solidão. Se você está sofrendo por amor, está com a pessoa errada ou amando de uma forma ruim para você. Caso tenha se separado, curta a dor, mas se abra para outro amor. E se estiver amando, declare o seu amor. Cada vez mais, devemos exercer o nosso direito de buscar o que queremos (sobretudo no amor). Mas atenção: elegância e bom senso são fundamentais. Arrisque! O amor não é para covardes. Quem fica a noite em casa sozinho, só terá que de-cidir que pizza pedir. E o único risco será o de engordar, mas lembre-se. "Curta muito a sua companhia." Casamento dá certo para quem não é dependente. Aprenda a viver feliz - mesmo sem homem/mulher ao lado. Se não tiver com quem ir ao cinema, vá com a pes-soa mais fascinante: VOCÊ!

Quem realmente causa as nossas frustrações?

Por que nós nos frustramos com frequência? Por que temos tantas decepções no decorrer da vida? Por que as coisas não ocorrem de a-cordo com o que queremos ou achamos ser o certo?

Quem realmente causa as nossas frustrações somos nós mesmos. Seja na política, seja na família, seja no trabalho, em qualquer núcleo do nosso círculo de convivência como seres humanos, nós criamos ex-pectativas demais, e as outras pessoas não correspondem e aí ficamos frustrados, chateados, decepcionados.

A mãe que cria expectativa na capacidade do filho de se dar muito bem na escola e tirar notas altas e o filho não tem sequer interesse em estudar, a namorada que tem a esperança de que o namorado vai a-bandonar algum mau hábito por amor a ela, após o casamento, e de-pois se torna uma esposa frustrada, o eleitor que tem um ideal políti-co, passa anos torcendo e esperando que o seu candidato seja eleito, e quando consegue, a oposição “move céus e terra” para não deixar o governo dele ser bem sucedido ou até o derruba do governo, tal eleitor tinha a expectativa que o direito do seu candidato de governar seria respeitado pela oposição segundo as regras da democracia mas tem a desilusão de ver que as coisas não são bem assim na prática pois no meio político há conflitos de interesses, o funcionário que se esforça muito, dá o melhor de si a ponto até de deixar colegas irritados, na es-perança de que o chefe lhe reconheça o valor que tem e lhe recompen-se pelos esforços com um aumento salarial ou uma promoção, e o che-fe tem o entendimento de que tal funcionário não faz mais do que a sua obrigação, nem ao menos o elogia.

É preferível ser surpreendido do quer se decepcionar, dói muito menos. Quem tem muitas expectativas, têm muitas chances de ter frustrações, e como consequência, de sofrer. Não compensa insistir em nadar contra a correnteza forte sem os recursos adequados para se so-brepor a força dela, porque chega um momento de exaustão e o tal não saiu do lugar, e acaba sendo levado pela correnteza. Cada um de nós tem o seu limite. Cada pessoa pode mudar a si mesma, mas nem sempre consegue mudar as outras pessoas. Ter objetivos a serem al-cançados, sim! Ter expectativa demais, não é aconselhável, porque não temos controle absoluto sobre tudo o que acontece, muita coisa foge ao nosso controle. Aquilo que realmente pudermos fazer, façamos o nosso melhor!

João Paulo E. Barros

Editorial

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Crônica do Mês

A FILA ANDA

Vivemos um tempo em que a velocidade impera de tal forma, que ao mesmo tempo, em que lutamos para ter longevidade, a cada dia mor-rem mais do que nascem pessoas.

O requinte de crueldade com que vemos ceifar vidas no dia a dia, no-tícias falsas que rapidamente se espalham pelas redes sociais sem ne-nhum escrúpulo e acompanhado de uma mídia sensacionalista que transforma-nos em números estatísticos de tragédias e desgraças.

Como ter esperanças se estamos entregues às “traças” e rendidos pe-lo crime que nos ataca por todos os lados. Perdemos a dignidade, o direito de ir e vir e, cada vez mais, estamos aprisionados em nossas próprias casas.

Pagamos altos impostos, pagamos “micos”, pagamos o “pato” e esta-mos excluídos da nossa própria sociedade, somos tratados com total descaso, nosso dinheiro é desviado para sustentar os bandidos de “cima e de baixo” e mediante total banalidade, ainda somos obrigados a votar.

Somos vítimas sociais nessa baderna, sem poder reagir porque as for-ças estão se esgotando e o mal vencendo e levando o futuro de nos-sas crianças e jovens, enquanto que o bem dos nossos corruptos e bandidos está assegurado.

Não podemos esquecer que um de nós ou dos nossos, poderá ser o próximo corpo estendido no chão e, o que se ouve de todos que per-dem seus entes queridos é: “Eu só quero JUSTIÇA” e, o que vem de-pois? Um grande silêncio até tudo cair no esquecimento. E assim, a fila anda...

Filhos mandam nos pais, alunos desrespeitam professores, bandido enfrentam polícia, menores estão à solta, a democracia virou um en-godo, adquirimos informação e não conhecimento, as drogas compe-tem com a educação e todo canal de comunicação deseduca, jorra sangue.

Estamos nas mãos de manipuladores que nos pisoteiam e deformam o caráter dessa nação e nos tiram a dignidade da alma e, nesse proces-so de exclusão, cada vez mais as portas se abrem para o crime e o povo brasileiro, está cada vez mais escravizado dentro da sua própria falsa liberdade.

Que se tente ler notícias, usando filtros e o bom senso para não conti-nuarmos nessa desesperança e com normas e disciplina que se tente trazer à tona uma reforma na sociedade que possa coibir essa impuni-dade.

Genha Auga – Jornalista – MTB: 15.320

Maio de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 3

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Pensamentos e Frases Ditos Populares

Deixar de Nhenhenhém Conversa interminável em tom de lamúria, irritante, monótona. Resmungo, rezinga. Nheë, em tupi, quer dizer falar. Quando os portugue-ses chegaram ao Brasil, eles não entendiam aquela falação estranha e diziam que os portugueses ficavam a dizer “nhen-nhen-nhen”. Pensando na morte da bezerra Estar distante, pensativo, alheio a tudo. Esta é bíblica. Como vocês sabem, o bezerro era ado-rado pelos hebreus e sacrificados para Deus num altar. Quando Absalão, por não ter mais bezerros, resolveu sacrificar uma bezerra, seu filho menor, que tinha gran-de carinho pelo animal, se opôs. Em vão. A bezerra foi oferecida aos céus e o garoto passou o resto da vida sentado do lado do altar “pensando na morte da bezer-ra”. Consta que meses depois veio a falecer. Não entender patavina Não saber nada sobre determinado assunto. Nada mesmo. Tito Lívio, natural de Patavium (hoje Pádova, na Itália), usava um latim horroroso, originário de sua região. Nem todos entendiam. Daí surgiu o Patavinismo, que originariamente significava não entender Tito Lívio, não entender patavina. Testa de ferro O Duque Emanuele Filiberto di Savoia, conhecido co-mo Testa di Ferro, foi rei de Chipre e Jerusalém. Mas tinha somente o título e nenhum poder verdadeiro. Daí a expressão ser atribuída a alguém que aparece como responsável por um por um negócio ou empresa sem que o seja efetivamente. Erro crasso Na Roma antiga havia o Triunvirato: o poder dos gene-rais era dividido por três pessoas. No primeiro destes Triunviratos, tínhamos: Caio Júlio, Pompeu e Crasso. Este último foi incumbido de atacar um pequeno povo chamado Partos. Confiante na vitória, resolveu aban-donar todas as formações e técnicas romanas e sim-plesmente atacar. Ainda por cima, escolheu um cami-nho estreito e de pouca visibilidade. Os Partos, mesmo em menor número, conseguiram vencer os romanos, sendo o general que liderava as tropas um dos primei-ros a cair. Desde então, sempre que alguém tem tudo para acertar, mas comete um erro estúpido, dizemos tratar-se de um “erro crasso“.

A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download na web

Diretor, Editor e Jornalista responsável Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J

- Genha Auga

- Mariene Hildebrando

- João Paulo E. Barros

- Filipe de Sousa

- Mauro Brandão

- Inara Chagas

- Isabela Souza

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- Lyria Reis

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- Luana C. Alves Perez

- ONU

- Elisa Navarrete

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- Luis Fern. Augusto

- Manuel Alegre

IMPORTANTE

Todas as matérias, reportagens, fotos e demais conteúdos são de inteira responsabilidade dos colaboradores que assinam as matérias, po-

dendo seus conteúdos não corresponderem à opinião deste Jornal.

Colaboram nesta edição

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Coragem para agir com o coração É preciso coragem para viver, para amar, para ser e estar. Algo tão importante que existe um dia para se comemo-rar: Dia 06 de maio.

É preciso coragem para viver corretamente, para lutar pelo que se acredita, para ir em frente quando tudo parece des-moronar.

Coragem para fazer a diferença e para reconhecer quando estamos errados.

Acredito ser a coragem uma qualidade que nem todos pos-suem. Todos nós sem exceção já passamos por situações que tínhamos vontade de fugir, de correr para não enfrentá-las, por serem situações dolorosas ou que nos apresenta-vam algum perigo. Aqueles que enfrentam essas situações são diferentes das pessoas digamos... “comuns”. São pes-soas que causam admiração e inveja. Ter coragem é supe-rar o medo.

É preciso coragem para reconhecer que às vezes desperdi-çamos tempo e sentimento com pessoas que não tem ne-nhuma função, nenhum valor, que não agregam que só es-tão fazendo figuração na nossa vida, e ainda nos sugam. Quanta energia desperdiçada. Desperdiçamos energia com situações e com coisas também, muitas vezes pelo simples fato de não saber dizer não. É a falta de coragem falando mais alto, não nos deixando agir com o coração.

Temos que tirar da nossa vida o que não nos faz bem. E isso inclui algumas amizades em que tu percebe que o ami-go é só tu. Mas é preciso coragem também para aceitar a felicidade. Sim! Quantas vezes nos boicotamos por medo de ser feliz, ou por acharmos que não merecemos tanta fe-licidade, por não acreditar em nós mesmos e pensar que essa história de ser feliz é um passo para algo ruim que vai chegar e nos desestabilizar, causando sofrimento. Recua-mos e tentamos não parecer tão felizes. Melhor não de-monstrar tanto, afinal, dizem que a inveja mata.

É meus caros, tenho que dizer que até para ser feliz preci-samos de coragem. Minha felicidade pode “incomodar” os mais “sensíveis”.

Precisamos de coragem para mudar aquilo que não está bom, a nossa vida, o rumo da nossa trajetória, sair da zona de conforto, daquilo que já não nos preenche, pelo contrá-rio, causa um desconforto. É preciso coragem para romper com paradigmas. É preciso coragem para entrar em um re-lacionamento e coragem para sair dele, quando já não nos preenche, quando já não faz crescer.

Que tal agir com mais coragem?

Quando agimos conforme aquilo que pensamos, e de acor-

do com nossa consciência e nosso coração, estamos agindo

com coragem.

Os desafios surgem a todo o momento, uns menores ou-tros maiores, faz parte de viver. Somos capazes de enfren-tá-los, basta tomarmos consciência da nossa capacidade e transformar o medo em um impulso de coragem e fazer a diferença.

Algumas decisões que sabemos que vão mexer profunda-mente com a gente e com a nossa vida, exigem mais tem-po e atenção, um olhar mais minucioso e uma visão das perspectivas que se apresentam. Depois de pensar e anali-sar, é jogar o medo fora e ir, sobretudo em frente, porque a vida não espera. Se terei a certeza de que estou fazendo o certo? Não sei, só o tempo dirá. Mas escolhas precisam ser feitas sempre, até quando escolho não fazer nada, já estou escolhendo, como diz a letra da canção de Charlie Brown Jr:

Cada escolha uma renúncia, isso é a vida...

E viver minha gente é muito bom. Experiências mil, todo tipo de emoção, risos, lágrimas de dor, de felicidade, so-nhos, vivências, aprendizados, um turbilhão de sensações, desejos, renúncias, escolhas, algumas boas, outras não tão acertadas assim, mas nos fazendo sentir vivos, parte de algo, parte da vida.

Viver é um ato de coragem que requer um conhecimento de nós mesmos, das nossas vontades, dos nossos desejos, nossos sonhos, nossas limitações. As possibilidades de a-certarmos são enormes quando o desejo vem da alma, daí nos surpreendemos com a coragem que nem sabíamos que possuíamos, que brota da nossa essência de sermos muito mais que corpo. Somos seres únicos com infinitas capaci-dades, somos seres sempre em construção. Somos alma antes de tudo.

Se você acha que a coragem é para quem não tem medo, se engana. A coragem é para quem é forte, para quem tem força de agir para mudar uma situação difícil, para quem quer fazer a diferença, para quem consegue ser da manei-ra que é sem importar com o que os outros vão pensar. É lutar pelo que se acredita e ir atrás dos seus sonhos. Viver é correr riscos, é se aventurar a todo instante.

“Frequentemente é necessário mais coragem para ousar

fazer certo do que temer fazer errado.” Abraham Lincoln

Mariene Hildebrando de Freitas

e-mail: [email protected]

Maio de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 4

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

Precisamos respeitar as minorias.

De acordo com declaração universal, não deve haver discriminação por raça, cor, gênero, idioma, nacionalidade, opinião ou outro motivo.

Imagine se os mais de 6,5 bilhões de habitantes do planeta fossem iguais. Não teria graça, não é mesmo? A diversidade é uma das maiores rique-zas do ser humano no planeta e a existência de indivíduos diferentes numa cidade, num país, com suas diferentes culturas, etnias e gerações fazem com que o mundo se torne mais completo.

Mas essa convivência só se torna possível se as diferenças forem respeitadas. O artigo 2º da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, diz que não deve haver, em nenhum momento, discriminação por raça, cor, gênero, idioma, nacionalidade, opinião ou qualquer outro motivo.

É possível que a extrema pobreza e a desigualdade sejam eliminadas, mas questões fundamentais ainda precisam ser enfrentadas, como a violên-cia, a prostituição infantil, o trabalho escravo e diversos outros problemas.

No Brasil, a proteção e a promoção dos direitos de todo ser humano são articuladas e colocadas em prática com o auxílio da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SDH), da Presidência da República. O órgão é responsável por colocar em prática princípios estabelecidos em estatutos e pela proteção dos direitos de cidadãos, das criança, dos adolescente, dos idosos, das minorias e das pessoas com deficiência.

Fonte: Centro de Informação da ONU no Brasil

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As eleições estão logo ai... Muito se fala na importância do voto e na necessidade de se escolherem bons candidatos...

AFINAL, O QUE É UM BOM CANDIDATO?

Não é incomum que no dia da votação, muitas pessoas ain-da não saibam em quem votar. Com tantas opções, como saber discernir sobre o que é ou não um bom candidato? Para que você não seja uma das pessoas que chega às ur-nas sem a certeza do seu voto, vamos dar algumas dicas para que você saiba identificar o candidato ideal.

1) ANTES DE CONHECER OS CANDIDATOS, VOCÊ PRECISA SE CONHECER

O candidato ideal e aquele que se encaixa no que você pensa ser o melhor para o país, que está alinhado com os seus valores e com as realizações que você considera mais importante. Para você, qual é o caminho correto para que o Brasil se torne um país melhor? O processo de autoco-nhecimento é imprescindível nas eleições, pois como saber quais sao as melhores propostas sem definir o que é mais importante para você?

Antes de começar a pesquisar os candidatos, pare e pense…

a) Qual o meu posicionamento ideológico?

Como o conjunto de coisas que eu defendo se encaixa no espectro ideológico? Eu tenho posicionamentos de esquer-da, direita ou centrais? Se você tem posicionamentos mais alinhados à direita política, não faz muito sentido você pes-quisar os candidatos daqueles partidos que estão à esquer-da no espectro ideológico, não é mesmo? Sabendo definir esse primeiro critério, você já pode cortar da sua lista de opções uma infinidade de candidatos.

Caso tenha dúvidas sobre como funciona o espectro ideoló-gico, confira a trilha de conteúdos que o Politize! preparou sobre isso!

b) O que é mais importante para mim?

Você prioriza investimentos em saúde ou educação? Quais pautas ocupam lugar de destaque entre as suas preocupa-ções? Muitos candidatos definem as áreas de atuação que são suas respectivas prioridades e que, portanto, será on-de buscarão mudanças caso sejam eleitos. É por isso que, antes de escolher seu candidato, você deve fazer o mes-mo. Há aqueles candidatos que estão preocupados em me-lhorar a transparência e a gestão pública, os que são des-taque em direitos humanos e defesa de minorias sociais, os que buscam maior independência econômica em relação ao

Estado… Defina o que é mais importante e você poderá, novamente, excluir uma série de opções da sua lista.

Contudo, lembre de se atentar ainda para pautas que se-jam boas para a maioria da população, não apenas para um pequeno grupo de pessoas. Afinal, os políticos eleitos irão governar para todos, não apenas para aqueles que o elegeram.

c) Que tipo de comportamento esperar de um candidato?

Quão ético precisa ser um candidato para que você consi-dere votar nele? Sabemos que a resposta ideal e 100%, ou deveria ser. Infelizmente, ainda é comum que pessoas vo-tem em candidatos investigados ou até condenados por al-gum crime, muitos deles crimes eleitorais. Lembre-se que seu candidato deve ser um reflexo de você. Portanto, refli-ta bem sobre o tipo de postura que você considera impor-tante que alguém, e até você mesmo, apresente. Vale a pena confiar algo tão importante como o voto em alguém que não cumpre esse requisito?

2) O PASSO A PASSO PARA ESCOLHER UM BOM CANDIDA-TO

Depois que você passar pelo processo de autoconhecimen-to, identificando o que em um candidato é mais importan-te, podemos passar para os próximos passos – saber como identificar o candidato ideal. Para isso, existe uma série de critérios e ferramentas que facilitarão a sua vida. São e-les…

1) Conhecer o histórico do seu candidato, refletindo sobre como o passado dele e um indício de como será sua futura gestão.

2) Conhecer o partido e a coligação do seu candidato, en-tendendo o poder que a legenda tem sobre o trabalho dos políticos eleitos.

3) Compreender as atribuições do cargo, as propostas e a afinidade de pensamento do seu candidato, entendendo como esses três quesitos te ajudam a analisar as promes-sas feitas durante a campanha.

PESQUISE O HISTÓRICO PESSOAL

A primeira coisa a se fazer é obter o maior número de in-formações sobre o seu possível candidato. Para isso, basta um simples serviço de busca, como o Google, que já é um meio muito prático de se obter as informações necessárias.

Mas é preciso saber escolher boas fontes, que tragam in-formações confiáveis. Dê preferência para os sites oficiais da Justiça Eleitoral, ou paginas de meios de comunicação mais conhecidos.

Procure se informar sobre o histórico pessoal e profissional do candidato, sua postura ética e a forma com que ele se relaciona com a sociedade. Este é um caminho que vai lhe ajudar a descobrir se o discurso enunciado realmente con-diz com a atuação dele em outros momentos da vida, fora do período eleitoral.

Observe também a situação do candidato perante a justiça. Pela internet é possível identificar se há algum processo criminal contra ele. É importante que ele não tenha um histórico de mau uso do dinheiro público ou outras práticas ilegais. Um bom candidato é aquele que respeita a nossa legislação, especialmente aqueles concorrendo a cargos le-gislativos, uma vez que eles trabalharão diretamente na manutenção das nossas leis.

Autora: Isabela Souza

Maio de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 5

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CALMA, MUITA CALMA! Genha Auga – Jornalista MTB:15320

Liguei para operadora do meu celular para me ajudarem a resolver um probleminha.

- Oi, estou vendo que você está ligando de um número de celular. Correto?

- Nossa, pensei, como é fantástico esse atendimento.

- Bem, continuando, diz a voz do outro lado da linha, se você que falar so-bre esse mesmo número, continue na linha, caso contrário, digite outro nú-mero.

Continuei na linha.

- Se o seu problema é informação digite 1, se for reclamação 2, se for para cancelar 3 e assim segue a voz até a sequência do número 9 para falar com dos operadores. Digitei o 9.

- Olá, em que posso ajudar? Pergunta a atendente.

- Estou com um problema de sinal, explico a ela. Toda vez que estou em u-ma ligação, não posso me mexer, nem sair do lugar e tenho que ficar bem próxima da janela, quase caindo do 10º andar senão a ligação é interrompi-da ou a voz fica pouco audível.

- Ok, por favor, me confirme seu CPF e data de nascimento para que possa-mos prosseguir.

- Passei a informação e, nisso, toca o interfone do meu apartamento...

Se saísse do lugar para atender perderia a ligação ou atenderia, pois poderi-a ser o pessoal que ficou de vir instalar a internet e se não me encontras-sem também perderia. Resolvi atender o interfone. Não era nada importan-te e a ligação do celular caiu.

Respirei fundo e retomei o processo.

- Oi, aquela voz do outro lado repete tudo novamente até chegar no ponto que estava. Confirmei o CPF, a data de nascimento e a atendente confirma que não havia nenhum problema com a operadora e ela iria me transferir para outro departamento.

- Olá, aquela voz que já estava até quase me parecendo um ente querido da família. Se você quer falar sobre sua fatura digite 1, se for problema téc-nico 2 e novamente até o 9 para falar com um dos operadores. Digitei o 9.

- Olá, em que posso ajudar? Pergunta a atendente.

- Explico todo o problema e ela me diz para verificar se o modem estava e-mitindo sinal de luz da antena, no que respondi:

- Não posso, se eu me mexer daqui a ligação cai e vou ter que ligar de no-vo.

- Sinto muito, diz a moça. Preciso que atenda esse procedimento e se a li-gação cair terá que ligar novamente.

- Moça, respondi, se eu sair daqui e a ligação cair novamente, eu enlouque-ço e sorte de não me jogar pela janela porque tem uma tela protetora.

- Bem, ela responde: então aguarde que vou transferir para outro setor e, o telefone ficou mudo, completamente mudo.

Tive o ímpeto de sair em disparada direto para a loja e reclamar pessoal-mente, mas, não poderia sair de casa para não perder o agendamento da instalação da internet.

Passei o dia todo remoendo o problema e presa em casa por conta do fun-cionário da internet, que não apareceu...

Maio de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 6

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NOVO RUMO Genha Auga

Jovem,

Junte-se aos bons,

Ainda dá!

Basta acreditar,

Vá conhecer outros caminhos.

E verás!

Espalhe palavras e poesias,

Sinta o poder da oração,

Bombeie seu coração com amor,

Experimente o frenesi

Desse movimento.

Mostre a quem te observa

Que a palavra é uma reza,

Seja um instrumento,

Seja o fogo que aquece,

Mantenha essa chama.

Eleve tua alma,

Conduza seus passos,

Junte-se aos sábios,

Conheças um mundo

Que a um rumo novo,

Possa te levar.

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Quem realmente prejudica o Brasil?

Muitas são as vozes no país clamam por justiça, por punição aos corruptos e aos corruptores. Sim, ninguém ne-ga em público que há um problema de corrupção sistêmica no Brasil. Teve até um cidadão que distribuiu muita cerveja de graça porque um ex-presidente da república acusado de corrupção foi preso num processo muito controverso, no qual segundo muitos juristas, não há nenhuma prova clara contra o réu, e o padrão adotado em situações similares é conceder o benefício da dúvida ao suspeito, mas como há muita, muita gente que não gosta da pessoa do réu em questão, há uma certa exigência de punição ao tal. Final-mente, estamos vendo o Brasil ser limpo das coisas erra-das?

Não, não e não! O problema real da nação brasileira é o jeito de ser, de pensar, de se comportar e de crer da maioria da população. O problema verdadeiro do Brasil não é um homem que foi presidente e que agora está preso. É a mentalidade predominante na sociedade civil brasileira. Tentando ser mais claro, o problema é composto por insci-ência mais imoralidade. Por exemplo, se o brasileiro médio perceber que os seus concidadãos estão melhorando de vi-da, e que já não pode mais se sentir alguém “melhor” do que eles, passa perto de “ter um ataque de nervos”. Uma população assim não precisa perder o seu tempo tendo es-perança de dias melhores no futuro. Uma sociedade com maioria avessa ao saber e que não sabe interpretar o que lê, com uma sociedade assim, a classe política não se sente no dever de dar satisfações a esse tipo de população e nem de respeitar os seus direitos mais básicos. E os próprios políticos saem do meio dessa mesma sociedade civil, refle-tem os ideais e os valores dessa mesma sociedade. A falta de ética e de moral no trato da coisa pública alastrou-se por todas as camadas da população, há uma cultura de prevaricação. É um problema cultural, de costumes.

O imperialismo dos Estados Unidos é algo clássico, não é novidade. Aquele país foi construído com alicerces no im-perialismo. É só estudar a história deles. Eles anexaram quase a metade do México, entre o Texas e a Califórnia, durante a formação do território nacional deles, do Atlânti-co ao Pacífico. Anexaram o Havaí a força, este que era um país independente no século XIX. Seja o presidente na Ca-sa Branca republicano ou democrata, é obvio que o gover-no americano está interessado nas reservas de hidrocarbo-netos do pré-sal brasileiro, assim como multinacionais es-trangeiras do petróleo. A China também se interessa no pré-sal do Brasil. A Europa, idem! As potências estrangei-ras não têm compromisso com o bem-estar do povo brasi-leiro, não é o objetivo deles. O interesse no bem-estar do povo brasileiro, logicamente e naturalmente deve ser de

brasileiros. E a absurda quantidade de brasileiros natos em posição de poder que optam por priorizar interesses do ca-pital estrangeiro em detrimento de interesses nacionais, é enorme. Um país bizarramente autofágico, que se recusa obstinadamente em alfabetizar bem a sua população, que persiste em baratear na marra a sua mão de obra, descon-siderando as necessidades básicas de sobrevivência das fa-mílias. Sim, quem realmente prejudica mais o Brasil do que estrangeiros são pessoas brasileiras natas. As grandes em-presas transnacionais, os grandes banqueiros estrangeiros, apenas aproveitam a oportunidade para espoliar esse mag-nífico território e seus habitantes com a ajuda de prontidão de pessoas dentre esses mesmos habitantes.

Uma sociedade civil com síndrome de Caco Antibes, um personagem de um programa de humor da TV, inter-pretado por um muito bom ator, o Miguel Falabella, perso-nagem que replica o comportamento típico de muita gente no Brasil. O Caco Antibes é um fictício homem que não tra-balha, vive do favor do irmão da sogra dele, o personagem Vavá interpretado pelo também muito bom ator Luiz Gus-tavo, mas o Caco tem horror a pobre apesar de ser pesso-almente pobre com aparência de rico, e diz diversas frases infames insultando as pessoas pobres e seus costumes. O Caco Antibes é o reflexo de muita gente no Brasil da vida real, gente que é financeiramente pobre mas, se identifica ou com os ricos ou com a classe média, e hostiliza os ou-tros pobres. A classe média é também explorada pela clas-se alta mas, uma boa parcela da classe média defende com fervor e paixão os interesses da classe alta, e reage furio-samente contra a ascensão financeira da classe baixa ou da sua própria classe média. Desse comportamento social, é humanamente impossível o Michel Temer, a Dilma, o Lula ou o Fernando Henrique Cardoso, ou o Aécio Neves, ou Jair Bolsonaro... qualquer um deles ser o culpado. Nenhum de-les deu origem a essa mentalidade de pobre ter ódio de po-bre, de classe média ter ódio de classe média e de pobre, de brasileiro odiar brasileiro, de o brasileiro “faltar ter um AVC” por causa de outro brasileiro ser próspero emergente.

O povo do Brasil é ultraconservador que renega qual-quer brasileiro arrojado e mentalmente evoluído que queira fazer as coisas diferentes do padrão costumeiro, experi-mentar novos métodos que funcionaram em países hoje desenvolvidos, uma nação com muita gente complicada, que podia simplesmente solucionar vários problemas nacio-nais só com uma excelente educação escolar pública e gra-tuita, alfabetizar bem a sua população. Não há como aju-dar um país cheio de gente que quer o mal do seu próxi-mo, que quer ver o seu próximo derrotado e preso a uma vida cheia de dificuldades, que não quer que as outras pes-soas melhorem de vida. Não existe governante que consiga ajudar um povo cheio de gente que pense assim. O próprio brasileiro prejudica o Brasil antes de qualquer potência es-trangeira.

João Paulo E. Barros

Maio de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 7

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A menina estudando sobre leis ética e cidadania, pergunta para mãe. Mãe porque essa leis não são aplicadas de igual para todo! como assim querida.? ué... veja bem não temos escolas decentes nem saúde que atenda a todos com dignidade, segurança nem se fala. ai eu me pergunto kd os responsáveis, quem paga por esse crimes cometidos contra o povo mãe! E me obrigam a votar ! que democracia fajuta é essa onde somos obrigados a votar e induzidos a temer , a ter esperança num futuro que não existirá, se o pre-sente não mudar.

Elisa Navarrete

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Quem realmente causou a divisão na Cristandade?

Por que o Cristianismo se dividiu tanto através dos sé-culos, desde a sua fundação? Por que hoje em dia vemos tantas Igrejas Evangélicas com nomes diferentes, por aí?

Na verdade, o Cristianismo era, originalmente, uma seita de outra religião, o Judaísmo. Era a seita dos Nazare-nos, e era vista como herege pelos demais ramos do Juda-ísmo, e foi perseguida e rejeitada pelo Judaísmo institucio-nal. Com a conversão e trabalho de Saulo de Tarso, reno-meado Paulo, houve um grande investimento evangelístico aos outros povos, e o número de gentios (gente de outras nações) superou o de judeus a ponto de “eclipsá-los”, entre os seguidores de Jesus de Nazaré. Inclusive, os livros que compõem o Novo Testamento, os originais foram escritos em grego koiné e não em hebraico como os livros do Anti-go Testamento, provavelmente para visar diversos povos da época. E com a destruição do templo em Jerusalém no ano 70 depois de Cristo, ali é considerado o rompimento definitivo entre o Judaísmo e o recém-nascido Cristianismo. Antes do imperador Constantino oficializar o Cristianismo como religião do Império Romano em 313, o Cristianismo primitivo teve divisões como os gnósticos, os arianos, os maniqueístas, os marcionitas, os montanistas, divisões na Cristandade veem de longa data.

A partir de Constantino, as Igrejas que hoje são a Ca-tólica Apostólica Romana e as Ortodoxas eram unidas e ti-das como o Cristianismo “legítimo”. Só que divergências de exegese e hermenêutica como a questão do Filioque, e di-vergências culturais e políticas entre Roma e Constantino-pla levaram ao Cisma de 1054. O Patriarca Miguel Cerulário da Igreja Bizantina foi excomungado pelo Papa Leão IX. Toda a Igreja oriental reagiu e excomungou o Papa Leão IX de volta. Ah, houve também a Igreja Celta na Alta Idade Média, nas atuais Grã-Bretanha e Irlanda, que tinha tradi-ções diferentes da Cristandade latina, mas depois foi assi-milada pela Igreja Católica Romana.

Mas a Reforma Protestante foi a mais impactante re-belião contra o Papado de Roma. Os reformistas que mais se destacaram foram o alemão Martinho Lutero e o francês João Calvino, dois clérigos católicos romanos. A intenção original era protestar reivindicando reformas, mudanças no sistema da Igreja Católica Apostólica Romana. A verdade é que a liderança política dos Papas sobre a Europa estava declinando no final da Idade Média, os próprios nobres e casas reais estavam incomodados com o poder papal. No decorrer dos séculos, novas e novas Igrejas, novos minis-térios eclesiásticos, foram surgindo. Uma pequena diver-gência teológica ou de interpretação basta para alguém fundar uma nova instituição eclesiástica, até mesmos inte-resses pessoais. Muitos, muitos nas igrejas neopentecos-tais dão destaque à questão financeira, à busca de benefí-cios materiais pelos fiéis somada à retribuição na forma de ofertas em dinheiro. Isso tudo que acontece hoje que é ti-do como reprovável poderia ter sido evitado? O problema do “se” é que não temos como saber se outras decisões ti-

vessem sido tomadas, se outros caminhos tivessem sido optados, não há como saber as consequências de supostas versões alternativas.

Mas o Papa Leão X, no século XVI, certamente teve a opção de ser mais flexível com Martinho Lutero, de reco-nhecer as reclamações e críticas dele como justas e aceitá-veis. E o Papa Leão IX, no século XI, certamente também teve a opção de ser mais flexível com o Patriarca Miguel Cerulário e demais ortodoxos. É fato que os Papas e seu clero católico romano adotaram regras indefensáveis atra-vés das épocas. Absurdos como o dogma da infalibilidade papal, não há ser humano perfeito, todos comentemos er-ros, todos temos falhas, ninguém é perfeito. Megalomania tem limite! A consagração do latim como idioma litúrgico, o Cristianismo é uma religião de origem israelita, hebraica, surgida no Oriente Médio. Se, se houver alguma língua sa-grada, então obviamente só pode ser o hebraico. Porém, o Novo Testamento foi escrito originalmente em grego e Je-sus, assim como os seus apóstolos, falavam aramaico. En-tão, pode-se levar em consideração também o aramaico e o grego. Mas o latim não tem nada a ver, o Cristianismo não nasceu na Península Itálica. Entretanto, o obvio é a li-turgia ser no idioma vigente do país para que as pessoas entendam. Entre outros detalhes. A exigência do Bispo de Roma por ter primazia sobre todos os demais, típico do au-toritarismo cultural romano, certamente prejudicou a uni-dade da Cristandade mundial. A partir da Reforma Protes-tante em diante, qualquer divergência ou “nova revelação”, funda-se um novo ministério. A Reforma abriu um novo precedente.

O autoritarismo dos Papas no passado foi o pontapé inicial que levou a Cristandade a se dividir tanto. O autoritarismo, a postura de impor a sua vontade e a recusa em dar ouvi-dos aos insatisfeitos, leva os insatisfeitos à rebelião e à op-ção pela ruptura. Segundo o que está escrito no livro bíbli-co de Lucas, capítulo nove, quando uma aldeia de samari-tanos recusou a receber Jesus, dois apóstolos queriam a punição daquela vila, e Jesus lhes repreendeu, já que o ob-jetivo de Jesus não era destruir as almas. Também, ao di-zer que o reino dele não é deste mundo, Jesus não ambi-cionava ter influência política ou poder sobre a sociedade, nem lucrar financeiramente com a religião institucional. O fundador do Cristianismo não se deixava influenciar pela infantilidade das pessoas, pela xenofobia, pela intolerância, tão persistentes na humanidade através das eras. Ele mes-mo não impôs aceitação de si pela força e pela violência. Muitos sucessores da primeira geração da Igreja Cristã, no decorrer dos séculos, infelizmente optaram pela imposição por força e violência, por autoritarismo, recorreram até a práticas criminosas como tortura e assassinato. E hoje ve-mos muitas Igrejas e instituições religiosas como verdadei-ras empresas privadas com fins lucrativos e para dar poder político aos seus fundadores e clérigos. E se os Papas no passado tivessem sido mais tolerantes, mais flexíveis?

João Paulo E. Barros

Maio de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 8

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Religiões

Religião é um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de visões de mundo, que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com a espiritualidade e seus próprios valores morais.

As religiões politeístas (politeísmo) admitem a existência de mais de um deus. Atualmente, as religiões monoteístas são dominantes no mundo: judaísmo, cristianismo e islamismo, juntos, agregam mais da metade dos seres humanos e quase a totalidade do

mundo ocidental.

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Por que o índice de negros em cargos políticos é baixo?

Será que no Brasil existe diversidade racial nas candidatu-ras? Por que existe um baixo índice de negros em cargos políticos? O que nós podemos fazer para mudar esta desi-gualdade?

POSSÍVEIS RAZÕES PARA POUCOS POLÍTICOS NEGROS

Já compreendemos que a desigualdade racial existe no se-tor político. Mas, por que isso acontece?

Em primeiro lugar, é importante a compreensão do signifi-cado do termo. Nós, do Politize!, já falamos sobre desigual-dade social, dá uma conferida!

Desigualdade significa a falta de equilíbrio entre as partes, então, a desigualdade racial seria esta diferença voltada aos grupos étnicos. No vídeo abaixo, do canal Super Inte-ressante, é mostrado o cenário atual de desigualdade racial no Brasil, mencionando, inclusive, a representatividade dos negros em cargos políticos:

Mas, voltando à explicação do porquê do baixo índice de negros na política brasileira, são vários os pontos de vista e reflexões possíveis a respeito. Aqui citamos alguns deles:

Recursos para investimento em campanhas

De acordo com o sociólogo Augusto Campos, mesmo que um percentual considerável de políticos negros se candida-te, a arrecadação que conseguem para investir em suas campanhas é baixa. Além disso, se comparados aos políti-cos brancos, os gastos também são menores. Isso aconte-ce porque não possuem um apoio tão concreto de seus partidos para suas candidaturas e nem sempre personali-dades que lutam por suas causas hoje em dia se candida-tam.

Políticas de equidade racial

No Brasil, não existe nenhum tipo de cota mínima obrigató-ria para partidos candidatarem políticos negros, diferente do percentual para gênero. A Lei das Eleições estabelece que os partidos preencham, no mínimo, 30%, e, no máxi-mo, 70% das candidaturas para cada gênero.

Histórico do negro no Brasil

Apesar do enfoque ser na baixa quantidade de negros em cargos políticos, este acaba não sendo o único lugar em que o índice é apontado. As diferenças em vários setores são resultado de séculos de preconceito, racismo e discri-minação no Brasil.

Após anos da abolição da escravatura, implementação de políticas públicas voltadas à inclusão deste grupo étnico e afins, as desigualdades raciais no Brasil ainda existem. Ain-da há muito o que fazer para atingir a equidade de raças/cores.

O cenário de parte significativa dos negros nos dias de hoje continua sendo reflexo desse histórico. Baixa escolaridade pode gerar menores oportunidades de emprego, que, como resultado, contribuem para uma renda baixa. Consequen-temente, tudo isso reverbera no que foi citado neste tópi-co: campanhas sem orçamento suficiente, falta de apoio dos partidos e tudo que já vimos.

EXEMPLOS DE NEGROS EM CARGOS POLÍTICOS NO BRA-SIL

Não é porque estamos discutindo o baixo índice de políticos

negros que quer dizer que não exista nenhum, certo? São notórios os personagens que contribuíram e/ou contribuem para causas de grande valor para o nosso país. Alguns e-xemplos são:

Nilo Peçanha (1867-1924): Considerado o primeiro presi-dente da república negro, também foi deputado, governa-dor e vice-presidente. Uma de suas medidas foi a criação da Escola de Aprendizes Artífices e seu lema de governo era “Paz e Amor”.

Antonieta de Barros (1901-1952): Jornalista e primeira parlamentar negra no Brasil, fundou o Curso Particular An-tonieta de Barros, com o objetivo de proporcionar uma e-ducação digna para a população carente.

Marielle Franco (1979-2018): Além de socióloga e vereado-ra do Rio de Janeiro, Marielle defendia, entre outros ideais, uma maior participação feminina na política. Chegou a pre-sidir a Comissão de Defesa da Mulher. Seu assassinato re-percutiu internacionalmente e motivou manifestações

Joaquim Barbosa (1954 – até os dias de hoje): Advogado, já foi ministro e primeiro presidente negro do Supremo Tri-bunal Federal (STF), além de vice-presidente do TSE. Tam-bém já foi membro do Ministério Público Federal (MPF).

Leci Brandão (1944 – até os dias de hoje): Além de canto-ra, compositora e atriz, Leci Brandão é deputada estadual pelo estado de São Paulo. Foi Conselheira da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e também membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mu-lher por quatro anos, além de lutar pelos direitos das mino-rias e ao respeito às religiões de matriz africana.

Alceu Collares (1927 – até os dias de hoje): Advogado, Al-ceu Collares foi o primeiro governador negro eleito demo-craticamente pelo estado do Rio Grande do Sul. Também foi prefeito de Porto Alegre e deputado federal. Chegou a sofrer racismo dentro do próprio partido.

COMO MUDAR ESTE BAIXO ÍNDICE DE NEGROS EM CAR-GOS POLÍTICOS?

Antes de buscarmos uma solução, de fato, para a desigual-dade racial entre os políticos no Brasil, vale ressaltar al-guns pontos. Como dito antes, ela surge por uma série de outros fatores, a raiz está mais no fundo. Não basta apenas uma atitude para que tudo se resolva, ou esperar que as coisas mudem de repente.

O senador Paulo Paim é o autor do Estatuto da Igualdade Racial, instituído em 2010. Ele possui o objetivo de estabe-lecer políticas visando a diminuição da desigualdade racial. De acordo com o senador, na lei havia um artigo de cotas para negros em cargos políticos. Contudo, o mesmo foi dei-xado de lado, porque acreditavam que, se permanecesse, o Estatuto não seria votado.

Sobretudo, uma solução interessante é um conjunto de po-líticas públicas voltadas para a igualdade social no Brasil. Isto tanto no setor comercial (sanar as diferenças salariais) como cultural (intolerância), educacional (acesso à educa-ção de qualidade) e afins. Ainda assim, é importante sali-entar que o racismo no Brasil existe. Não podemos nos a-comodar com este tipo de preconceito ou simplesmente ig-norá-lo.

Autora: Inara Chagas - Graduanda de Jornalismo pela Univer-sidade Federal de Santa Catarina. Acredita que o conhecimento é a chave para mudar o mundo.

Maio de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 9

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A IMPORTÂNCIA DO IMAGINÁRIO E DA CULTURA SIMBÓLICA NA CULTURA LUSO-AFRO-BRASILEIRA

Aparição de Cristo Crucificado a Afonso Henriques em Ourique (gravura da coleção da Sociedade Martins Sarmento)

Um postulado consagrado pela exegese grega, judaica e cristã sustenta que o símbolo é a eterna linguagem criadora, que falam-nos em símbolos a religião, a filosofia, a arte, a ciência, o cosmos, a natureza, os seres vi-vos, enfim, toda a gama do acontecer. Mário Ferreira dos Santos (in: Tratado de Simbólica, 1956, p.11) afirma: “Com símbolos, expressa-mos o que não poderíamos fazer de outro modo, porque, com ele, trans-mitimos o intransmissível”. No mesmo sentido e de modo lapidar Fernando Pessoa (Esp. 54–18)diz que “A verdade não pode ser transmitida à huma-nidade porque a humanidade não a compreenderia. Só por símbolo, por-tanto, pode a verdade ser-lhe dada de sorte que sinta a verdade, sem a compreender”.

O símbolo é uma linguagem universal e o simbolismo participa da nature-za central e imutável da tradição das coisas divinas enquanto que o saber discursivo se reporta à dualidade dos contrários, à eterna dialética oposito-ra do Bem e do Mal.

“Paradoxalmente, talvez nunca como hoje, face ao omnipresente e mediá-tico império da informação, da propaganda, e da semântica, foi tão eviden-te a confusão reinante ante as diferentes manifestações da cultura simbóli-ca, confusão que se compraz em confundir imaginação com fantasia, ou a reduzir, quer a imaginação, quer as categorias simbólicas do imaginário, a um sucedâneo subjectivo e obscuro da realidade[…] Nesta conformidade, uma vez alienado o seu dinamismo específico e perdidas as chaves desti-nadas à sua assunção consciente, tal como foram codificadas e transmiti-das tradicionalmente, a profanação dos símbolos parece inexoravelmente apresentar-se como um sinal dos tempos”( Manuel J. Gandra, in: Noese e Técnica do Símbolo 1, 2017, p.7–8).

Urge, portanto, alterar tal metodologia. Se ao falarmos em Cultura pensás-semos em Cultivo muitas violências e ignorâncias seriam evitadas. Há 2

tipos de Cultivo: o do Corpo e do Espírito/Alma. Por conseguinte, a Cultura é o Cultivo Simultâneo do Corpo e do Espírito, mas, não como opostos polares, emblema por excelência das oposições máximas e irredutíveis, mas, sim como opostos polares correspondentes e complementares. “Os opostos polares complementares não são apenas as extremidades de u-ma escala, mas as matrizes de uma harmonia […] Entre esses dois pla-nos, separados por muitos “mundos”, deve haver necessariamente muitas transições e atenuações” (Olavo de Carvalho, in: Dialética Simbólica). Es-ses dois planos (do Corpo e do Espírito) estão conectados por “cima”, po-dem estar em “analogia”.

Na simbólica das Tradições Espirituais um símbolo não tem jamais o mes-mo significado quando considerado em planos diferentes de realidade, por exemplo, o coração do homem e o coração do Sagrado Coração de Maria. O que estabelece a analogia é o fato de ambos os entes (o coração) esta-rem ligados a um mesmo Princípio Lógico, Ontológico ou Metafísico. As-sim, entre o Corpo e o Espírito há muitos “mundos” e é preciso, portanto, analogias para subir da percepção sensível (Corpo) à apreensão da es-sência espiritual (Espírito), ou seja, ir do visível ao invisível, ir da Natureza à Graça e, vice-versa. A escada das analogias é uma espécie de Escada de Jacó, nos degraus do Paraíso de Dante, transitando em todas as Hie-rarquias do Conhecimento Espiritual.

A Cultura Simbólica, por meio das analogias, visa transpor esse hiato de oposição polar para atingir um Conhecimento vivido e concreto do univer-sal. O símbolo, é a via, é o elo perdido entre o mundo dos sentidos e os conceitos universais. A Cultura Simbólica ao iniciar investigações de Solve et Coagula, ou seja, pela alternância alto-baixo/céu-terra, materializada na fórmula alquímica “A Materialização do Espírito e a Espiritualização da Matéria”, universal-particular, realiza em modo constante a subida e a des-cida das analogias da Escada de Jacó e ela constitui todo o objetivo da educação espiritual, sendo portanto, fundamental e substancialmente, u-ma Disciplina da Alma.

Assim, uma Cultura que não eduque simultaneamente o Corpo e o Espíri-to os fazendo relacionar e interagir por meio das analogias é um simulacro de cultura. Eis o que se chama “cultura de massa”, onde desaparece o Ser do Ser Humano com toda a fenomenalidade que o envolve em dialética simbólica com o Cosmos.

Esta é a cultura atual do Brasil, materialista por essência, mas, já de uma matéria vazia de sentido, uma vez que o próprio conceito de matéria só faz sentido à luz do Espírito, e vice-versa. Na cultura do Brasil atual foi es-vaziado o dinamismo do imaginário e seus conceitos operatórios, foram espargidas as fontes da cultura simbólica, foram destruídas as filosofias do simbolismo e seus respectivos sistemas hermenêuticos, foi profanado o simbolismo do Templo, foram invertidos os símbolos e forçada sua migra-ção de uma cultura para outra.

Tais descaminhos foram semeados pela historiografia brasileira que tem-se norteado, regra geral desde a Independência em 1822, à contemplação de um projeto ideológico de poder e enferma de uma visão autocentrada da história do Brasil desconectada das fontes e acervos tradicionais da História e da Cultura da Coroa Portuguesa. Compromissada com as igno-râncias, as omissões, as negações, as maldições e o perjúrio da realidade lusobrasílica que vigorou de 1500–1822, não passa, portanto, de uma lite-ratura de compromisso que está equivocada porquê assenta em um erro ou em uma deturpação, recusando-se a penetrar na alma autêntica do Brasil.

Convirá, por conseguinte, alterar essa metodologia, importa interrogar es-ses descaminhos a partir de disciplinas várias que consubstanciem uma visão de mundo tendo o Mitologema, a História e a Cultura portuguesa nas suas grandes linhas como base para a compreensão da realidade brasilei-ra.

Pois, com efeito, afirma Vicente Ferreira da Silva que o que denominamos Cultura é função, em sua configuração total, de um Mito dominante, que está inseparavelmente unido ao Mito do Divino. Com a criação desse Mito constitui-se a Cultura e o povo; antes não existe de modo algum. A essên-cia da Cultura brasileira está cifrada no Mitologema inicial de Portugal: a Batalha de Ourique. Toda a História tem um prólogo no céu e es-te lógos original, origem de todo o originado, encarna um mundo de signifi-cações, virtudes e valores. Para conhecer o Brasil é fundamental conhecer Portugal, pois, como afirmava Arlindo Veiga dos Santos, o presente que nega o passado não terá futuro.

Alta Cultura, afirma Olavo de Carvalho, é a vida intelectual superior de um país, o patrimônio mais valioso de uma nação. Inexiste Alta Cultura sem Cultura Simbólica. Cultura Simbólica é uma DISCIPLINA DA ALMA, fala em Corpo e em Alma, de Corpo e de Alma.

Eis o que nos cabe e pertence: conhecer o Brasil com os seus encantos e as suas tristezas para amá-lo conscientemente, como queria Roquette-Pinto.

Autor: Loryel Rocha

Maio de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 10

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REFORMA POLÍTICA: 8 MUDANÇAS PARA FICAR DE OLHO

O QUE MUDA COM A REFORMA

EM 2018?

Aprovadas em outubro de 2017, mui-tas das mudanças acontecerão ape-nas a partir de 2020. Entre as que já valem para a próxima eleição, ainda poderão acontecer mudanças gradu-ais, para amenizar seus impactos sobre a disputa.

Veja abaixo o que já começa a valer neste ano.

1) Limite de gastos

Se antes a lei eleitoral não estipulava um limite máximo para os gastos dos candidatos, agora a situação é outra. A partir de 2018, haverá um limite de gastos definido de acordo com cada cargo em disputa: Para quem disputa uma vaga nas assembleias legislativas estaduais, o teto de gastos estabelecido é de R$ 1 milhão, independente do estado; Para aqueles que almejam uma vaga na Câmara dos Deputados, o limite máximo que pode ser gasto é de R$, 2,5 milhões. Esse valor também independe do estado de origem do candidato. Quem está em busca de uma vaga no Senado Federal poderá gastar entre R$ 2,5 mi-lhões e R$ 5,6 milhões, dependendo do número de eleitores em seu estado. Já para os candidatos ao governo de estado, o teto máximo de gastos de campanha foi estipulado entre R$ 2,8 milhões e R$ 21 milhões, a depender do número de eleitores no estado. Por fim, quem quer o mais desejado cargo de Presidente da República poderá gastar até R$ 70 milhões no primeiro turno. Se houver um segundo turno, o limite é metade do teto do primeiro turno. Leia também: 5 permissões e 5 proibições em pré-campanhas. 2) Fundo Eleitoral

Este foi um dos pontos mais polêmicos da Reforma. Eis o motivo: A legislação brasileira já estabelece a existência de um fundo com verbas destinadas aos partidos políticos: o Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, mais conhecido como Fundo Partidário. Ele é mantido com dotações orçamentárias da União (isto é, as verbas previstas como despesas nos orçamentos públicos e destinadas a fins específicos), multas, penalidades, doações e outros recursos financeiros que lhes forem atribuídos por lei. Ainda assim, durante a discussão da Reforma Política, o Congresso aprovou a criação de um novo fundo – o Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC). Mantido com recursos públicos, o FEFC será constituído por dotações orçamentárias da União em ano eleitoral e terá sua verba distribuída aos partidos pelo TSE. Qual é então a diferença entre os dois fundos? O Fundo Partidário é destinado à manu-tenção dos partidos políticos, seja ano eleitoral ou não. Enquanto isso, o FEFC apoiará a realização das campanhas políticas, ou seja, existirá apenas em ano de eleição. Para 2018, o orçamento do FEFC ficou em 1,7 bilhão de reais, enquanto o fundo partidá-rio, que continua em vigor, terá um orçamento de cerca de 1 bilhão de reais para a mes-ma eleição. Composto por dinheiro público, o fundo terá a seguinte divisão: 2% dele será igualmente dividido entre todos os partidos registrados no TSE; 35% entre os partidos que tenham ao menos um representante na Câmara dos Deputa-dos, na proporção dos votos conquistados por ele na última eleição geral para a Câmara; 48% divididos entre as legendas na proporção do número de deputados na Câmara, con-sideradas as legendas dos titulares do mandato; 15% divididos entre os partidos na proporção de senadores, considerando a legenda dos titulares do mandato. 3) Cláusula de barreira

A cláusula de barreira ou desempenho é uma lei que restringe a atuação e o funciona-mento de partidos políticos que não obtiverem determinada porcentagem de votos para o Congresso. Como ela influencia as eleições em 2018? Da seguinte forma: para que os partidos tenham direito a um tempo mínimo de propaganda eleitoral e direito a uma parce-la do fundo partidário, eles precisarão: 1) alcançar no mínimo 1,5% do total de votos válidos em pelo menos 9 estados brasilei-ros, na disputa por vagas para a Câmara dos Deputados. Em cada um desses estados, a legenda precisa conquistar pelo menos 1% dos votos válidos. 2) Como alternativa, os partidos precisarão eleger pelo menos 9 deputados, distribuídos em no mínimo 9 estados brasileiros. 3)Os partidos que não alcançarem uma dessas alternativas perderão tempo de TV e direi-to ao fundo partidário já em 2019. A longo prazo, isso poderá levar à extinção de alguns dos 35 partidos políticos no país, por o percentual de votos mínimos irá crescer gradativa-

mente até 2030, quando a exigência será de pelo menos 3% dos voto válidos em no míni-mo um terço dos estados, com ao menos 2% dos votos válidos em cada um deles. 4) Propaganda eleitoral

Assim como em 2016, as eleições terão duração de 45 dias, não mais 90 como era até 2014. O horário eleitoral gratuito, aquele que passa nas rádios e emissoras de TV, terá duração de 35 dias. Fora do período eleitoral não serão mais veiculadas propagandas dos partidos ou candidatos. Para o segundo turno, as propagandas eleitorais começam a ser transmitidas na primeira sexta feira após a votação. Antes, elas iniciavam 48 horas após a votação do primeiro turno. Quanto às propagandas na internet, os candidatos e partidos continuam proibidos de pa-gar por propagandas em sites de terceiros (como em portais de notícias, por exemplo), mas as novas regras permitem que publicações em redes sociais e mecanismos de busca (como o Google) sejam impulsionadas (pagas). Os candidatos podem também criar sites próprios. Permanece proibido o uso de robôs ou perfis falsos para aumentar a visibilidade das pu-blicações de candidatos. Quer saber como os robôs serão utilizados nas eleições e apren-der a identificar um? Leia sobre os social bots nas eleições e como identificar fake news. 5) Doações, crowdfunding e autofinanciamento

Com o financiamento por parte das empresas ainda proibido, os candidatos terão como opção de arrecadação de recursos, além dos Fundos já citados, também a doação de pessoas físicas. A novidade é que agora essas arrecadações poderão ser feitas através de crowdfundings, as “vaquinhas online”. Além disso, os partidos poderão realizar a venda de bens e serviços e realizar eventos, tudo isso para arrecadar recursos para as campa-nhas dos seus candidatos. A arrecadação por campanhas online pode ser feita a partir de 15 de maio e os sites que oferecerem o serviço deverão divulgar a identidade dos doado-res e o valor de suas respectivas doações. O autofinanciamento por parte dos candidatos continua valendo e a tentativa de estipular um percentual limite para essa modalidade de arrecadação foi vetada pelo Presidente Michel Temer. Na prática, até 100% dos recursos angariados para as campanhas pode-rão ter origem no autofinanciamento. As doações de pessoas físicas continuam a valer da mesma forma que antes: são permiti-das doações equivalentes a até 10% do rendimento bruto do doador, declarado no ano anterior à eleição, nesse caso 2017. 6) Debates

Até as últimas eleições, as emissoras de rádio e televisão eram obrigadas a convidar para os debates os candidatos de todos os partidos com mais de nove parlamentares na Câ-mara dos Deputados. Defendida principalmente pelos partidos menores, a mudança esti-pula que a partir das eleições em 2018, as emissoras deverão chamar ao debate os no-mes dos partidos com pelo menos cinco cadeiras na Câmara. Isso quer dizer que no pró-ximo ano, veremos em debate candidatos de partidos menores, que poderão ter mais maiores chances de dar destaque às suas plataformas. 7) Voto impresso

Antes da Reforma Política, o voto dos eleitores ficava registrado apenas nas urnas eletrô-nicas. Agora, foi aprovada a impressão do registro de voto já para a eleição de 2018, mas o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) comunicou que não terá orçamento para implementar essa mudança em todo o país no próximo ano. Por isso, a situação do voto impresso con-tinua incerta. 8) A Reforma Política extinguiu as coligações partidárias?

Um dos principais pontos de mudança na Reforma Política diz respeito às coligações par-tidárias. Já falamos por aqui quais motivos levam os partidos a se coligarem. Pois bem, a extinção das coligações partidárias foi um dos pontos mais polêmicos na Reforma. A me-dida já foi aprovada e sancionada pelo Presidente Michel Temer, mas passará a valer somente nas eleições de 2020. Isto não quer dizer que os partidos não poderão mais for-mar alianças, mas que isso agora será feito através das federações partidárias, As coligações partidárias foram extintas somente no sistema proporcional, isto é, as elei-ções para deputados e vereadores. Nas eleições que funcionam através do sistema majo-ritário (presidente, senador, governador e prefeito) as coligações continuam a valer.

Apesar da Reforma Política já ter sido aprovada no Congresso e sancionada pelo Presi-dente, muitos dos seus pontos ainda estão sendo discutidos no TSE. Por isso, é importan-te que você fique atento: muita coisa ainda pode mudar até o dia da eleição.

Agora que você já conhece as principais mudanças da Reforma Política, não tem mais desculpas para não ficar de olho no seu candidato durante as eleições. É imprescindível que, assim como você, seu candidato também esteja ciente das novas regras eleitorais. Esse é, inclusive, um bom critério para avaliar quais candidatos merecem seu voto.

Autora: Isabela Souza Estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Maio de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 11

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O florentino Nicolao Maquiavel e a maldição de seus tradutores para

português

Em algum ponto do universo (no céu ou no inferno ou ne-nhures, a depender do leitor) o florentino Nicolau Maquia-vel convive com a descoberta de que passou de Florença para a posterioridade na forma de adjetivo negativo. Nos-sas hipocrisias transformaram Maquiavel em “maquiavélico”, simbolizando o maligno e significando mui-to que se crê que Maquiavel teria dito, ainda que não o te-nha escrito. Nessa categoria, uma lista de sentenças não localizadas co-mo “fazei o mal, mas fingi fazer o bem”, “sede bruto e mi-serável”, “quando apunhalar o inimigo o faça pelas costas”, a par da mais da mais significativa de todas: “Os fins justi-ficam os meios”. Na tradição ocidental Maquiavel é a pró-pria encarnação da astúcia, da hipocrisia, da crueldade; é lugar comum lembrar que o substantivo próprio transfor-mou-se em adjetivo prenhe de antropologia negativa. Mais. Como demonstrarei mais adiante, Maquiavel também sofre nas mãos de seus maiores algozes: seus tradutores traido-res; ou, ainda, os faz sofrer. O florentino também tem seus méritos. Afastou da teoriza-ção política a fabulização da realidade. Não nos vendeu ne-nhuma utopia. Também não nos legou nenhuma premoni-ção de um mundo distópico. O futuro não é sombrio, e nem nirvânico. É apenas o resultado de nossa ação, pautado por nossos cálculos, e também influenciado por eventos exter-nos, que fogem a nosso controle. É bíblico: colhemos na velhice o que semeamos na juventude. A principal preocupação de Maquiavel consistia no esforço em influenciar a condução dos negócios públicos na cidade-república na qual vivia. Era um prático. Maquiavel defen-deu a república florentina, a ordem estabelecida; inspecio-nava pessoalmente as fortalezas da cidade. Era um homem de costumes simples, de hábitos plebeus e anticonvencio-nais, gostava da boa conversa e sentava-se com desemba-raço com qualquer tipo de gente. Com a queda da república florentina em 1512 Maquiavel viveu seu inferno. Em 1513 foi preso e torturado. Tinha 44 anos. Retornou aos negócios da cidade de Florença em 1519. Em 1521 teve de abandonar a vida pública. Dedicou-se a literatura. Morreu em 21 de junho de 1527, aos 58 a-nos. Estava pobre e não exercia nenhuma influência políti-ca. Seu legado, tomando-o sem qualquer folclore, consiste no fato de que deixou de fabulizar a realidade política, como o fizeram Platão e Morus, por exemplo, intervindo na vida re-al, aliás, a única que nos permite algum espaço de ação prática. Menos do que as prosaicas e úteis instruções dei-xadas no “Príncipe”, talvez o maior legado de Maquiavel se-ja o próprio exemplo, no sentido de que entendamos que a vida nos exige muita ação e muita energia. Maquiavel é personagem emblemático do Renascimento, época que se opunha ao misticismo, ao coletivismo, ao an-tinaturalismo, ao teocentrismo e ao geocentrismo. O Re-nascimento era marcado por intensa defesa do racionalis-mo, do individualismo, do antropocentrismo, do heliocen-trismo. O humanismo foi também um dos traços definido-res daquele tempo, centrado na retomada dos valores gre-co-romanos, circunstância muito característica na obra de Maquiavel.

Especialmente no “Príncipe”, sua obra mais conhecida, Ma-quiavel suscita problemas de difícil solução. Trato da ques-tão dos tradutores e me refiro à parte final do Capítulo XXV. Nesse capítulo, Maquiavel acrescenta a sorte (fortuna) à virtude, como indicativos do pleno sucesso e domínio do príncipe. O poder exige qualidades (virtude) mas de algum modo também depende de um contexto pré-determinado (a fortuna, ou a sorte). No original: “perché la fortuna à donna, et è necessario, volendola tenere sotto, batterla er untala”. Maquiavel equiparou a fortuna à mulher. E afirmou que a sorte seria obtida com força e violência, a exemplo de co-mo mulheres seriam tratadas. Há aqui um tremendo pro-blema que todo tradutor deve enfrentar, especialmente porque não pode passar ao largo para com a dignidade da pessoa humana. Vejamos o que escreveram os tradutores de Maquiavel pa-ra nossa língua. Na prestigiosa tradução da Editora Martins Fontes lemos: “a fortuna é mulher, e é necessário, para submetê-la, bater nela e maltratá-la”. Na tradução da Co-leção Os Pensadores, optou-se por “a sorte é mulher e, pa-ra dominá-la, é preciso bater-lhe e contrariá-la”; essa op-ção também foi a da Edipro, que manteve a versão da Edi-tora Abril[3], bem como foi a opção da Ediouro. A tradução da Martim Claret foi mais metafórica: “a sorte é uma mu-lher, sendo necessário, para dominá-la, empregar a força”. Na edição da Golden Books optou-se por; “a sorte é uma mulher e, se quiseres conquista-la, precisas enfrenta-la e subjuga-la”. A tradução da Paz e Terra é das mais agressivas: “a sorte é mulher e é necessário, para subjuga-la, espanca-la e surra-la”. A tradução da Cultrix também é pesada: “a sorte é mulher, e é necessário, para domina-la, bater-lhe e feri-la”. De igual modo, a tradução do Jardim dos Livros: “a for-tuna é mulher e convém, se a queremos subjugar, batê-la e humilha-la”. Na tradução da Companhia das Letras (que tem prefácio de Fernando Henrique Cardoso) a passagem também foi traduzida com aspereza: “a fortuna é mulher, e é preciso, case se queira mantê-la submissa, dobrá-la e força-la”. Na tradução da L&PM Pocket tem-se a impressão que o tra-dutor registrou seu espanto com a passagem, colocando um “sic” em seguida do excerto: “a fortuna é mulher e, pa-ra mantê-la submissa, é preciso bater-lhe e maltrata-la [sic]”. Na tradução da Revista dos Tribunais manteve-se o tom pesado: “a sorte é mulher e é necessário, para domina-la, bater-lhe e agredi-la”. As traduções de Portugal mantém o mesmo tom de misogi-nia infinita. Na edição do Círculo dos Leitores “a fortuna é mulher e é necessário, querendo-a ter debaixo, vergá-la e acomete-la”. Na edição da Europa-America optou-se por “a fortuna é mulher e, para a conservar submissa, é necessá-rio bater-lhe e contrariá-la”, tradução também utilizada na edição da Casa Coisas de Ler. Pesadíssima a tradução do Editorial Presença: “a fortuna é mulher e, se quiser mantê-la submissa, há que espanca-la e contraria-la”. Na edição da Casa Guimarães também se optou por uma fórmula for-te: “a fortuna é mulher, e é necessário, se se quer domina-la, bater-lhe e feri-la”. Todas as traduções acima indicadas são medonhas e agres-sivas para com a condição feminina. São inaceitáveis, ain-da que registrem o que Maquiavel escreveu. Não há her-menêutica ou teoria da tradução que explique o que Maqui-avel tinha em mente quando compôs essa sentença. Esse excerto é mais um componente, entre tantos outros, que confirmam que não entendemos o passado, que o pas-sado não nos explica e que a possibilidade de compreensão universal é próxima do nada. Persiste o mundo, e as rela-ções humanas, como um perpétuo mal entendido, no qual falamos o que não pensamos e ouvimos apenas o que que-remos ouvir. E se a fortuna de alguém dependa de maus tratos para com qualquer ser humano, melhor perecermos na desgraça e na adversidade.

Autor: Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy

Maio de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 12

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A importância de conhecer a nossa história

Para um país como o Brasil, em que a diversidade cultural é imen-sa, pode parecer estranho quando se fala na história dos nossos antepassados. Ainda mais se pensarmos na forma como ocorreu a formação da nossa sociedade, a partir das influências recebidas dos diferentes ciclos migratórios.

Saber a história de uma nação significa resgatar e preservar a tra-dição daqueles que contribuíram para que chegássemos ao ponto em que nos encontramos. Trata-se de uma oportunidade única pa-ra compreender, inclusive, a nossa própria identidade.

A despeito da visão europeia, que ainda é predominante nos livros didáticos e paradidáticos, há outra corrente que defende que a his-tória da humanidade seja contada com base em outros relatos e visões de mundo. Nesse sentido, existe uma legislação federal que torna obrigatório o ensino nas escolas da cultura afro-brasileira e indígena. Essa lei, que acaba de completar dez anos, infelizmente ainda é pouco conhecida. Compete a nós, militantes e especialistas da área de educação, colocarmos isso em prática.

Como exemplo, podemos citar o que ocorre em Santo André, na região do ABC paulista. No final de 2013, teve início a capacitação sobre cultura indígena para os professores de educação física da rede municipal de ensino. O objetivo é fazer com que o docente passe a utilizar em suas aulas as danças, os jogos cooperativos e as brincadeiras oriundas dessa tradição.

Trazer essa visão de mundo para os alunos é importante para se perceber como a influência desse povo se faz muito presente no nosso dia a dia. Para ficar em um só aspecto, vale mencionar o há-bito do banho diário. Sem falar nas centenas de palavras e termos de origem indígena que usamos para nos expressarmos.

Essa percepção, que por vezes passa despercebida face ao con-texto globalizado em que vivemos, é fundamental para mostrar às nossas crianças e jovens a riqueza da cultura e da tradição dos pri-meiros habitantes do nosso país.

Ao oferecer essa possibilidade aos alunos, estamos contribuindo para resgatar o papel dos índios na formação do Brasil. Serve, ain-da, para evitar possíveis percepções preconceituosas em relação a esse povo, que deve ser reverenciado pelas inúmeras contribui-ções que, hoje, se encontram naturalmente incorporadas ao nosso cotidiano. Significa também dar à cultura indígena o devido prota-gonismo que ela tanto merece.

Autor: Gilmar Silvério, professor da rede estadual de ensino [email protected].

Cultura popular: sua diversidade e importância

Nada é mais incisivo como marcador da identidade de um povo do que a cultura em que este povo mesmo se define. Sem ela, tal identidade simples-mente desaparece, dissolve-se, dei-xando ali, como consequência, uma amorfa massa humana. Daí ser impe-rativo o reconhecimento, incentivo e preservação da cultura popular de for-ma que as gerações futuras sintam-se não só herdeiras, mas também valedo-

ras de gigantesco e precioso tesouro. São elementos constitutivos da cultura popular os ritos, mitos, sím-bolos, folclore, todas as crenças, em suma, tudo aquilo que foi cria-do e conservado por aqueles que existiram antes nós. É o que for-ma nossa autoconsciência e o que permite que nos reconheçamos no lugar e pertença de nosso povo. Ademais, é sempre bom lem-brar que é no ventre dos guetos, nas camadas pobres e interiora-nas que brotam as mais duradouras e valorosas manifestações dessa cultura. Não obstante o advento da globalização, que visa “derrubar” fron-teiras e mundializar os espaços geográficos, algumas regiões brasi-leiras procuram preservar costumes e tradições. Sendo um país de dimensão continental e tendo como base principal da formação de seu povo o europeu, o negro e o índio, e com a chegada mais tarde dos japoneses, italianos, alemães e árabes, é natural haver no Bra-sil enorme variedade de culturas. Assim sendo, a pletora de culiná-rias, danças, religiões e festas, que caracterizam cada região do país, desenha, no conjunto, um complexo painel cultural. As celebrações e festas populares como o Círio de Nazaré e o fes-tival de Parintins no Norte; O bumba meu boi, o maracatu, o cabo-clinho e o frevo no Nordeste; as cavalhadas, a procissão do foga-réu, o caruru e os deliciosos pratos com os peixes do Pantanal des-tacam-se no Centro-Oeste; a Festa do divino, festejos da Páscoa e dos santos padroeiros, a peregrinação a Aparecida e o carnaval são marcas do Sudeste; com forte influência dos italianos, espa-nhóis, portugueses e alemães, o Sul nos dá a festa da uva (cultura italiana), a oktoberfest (cultura alemã), o fandango (influência portu-guesa e espanhola), o pau de fita e congada; da culinária sulista, o churrasco e o famoso chimarrão, pirão de peixe, marreco assado e o bom vinho encerram essa síntese cultural brasileira. Como se vê, nossa riqueza material e imaterial é de dimensão oce-ânica, o que impõe um incansável exercício de sua defesa e pre-servação. Todos, exatamente todos devemos cuidar de tal riqueza, pois é nela que estão resguardados os valores tão caros a nosso povo. Por outro lado, não bastam políticas públicas para este fim, é importante entender que a exacerbada valorização da cultura de massa, pautada no efêmero e no modismo de ocasião promove a nefasta confusão demoníaca, capaz de sepultar o que é sólido, pe-rene e possuidor de real valor.

Jorge Lyno

Maio de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 13

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Definição de Cultura Popular Brasileira

Cultura Popular Brasileira. Cultura segundo o seu mais profundo significado, é a transmissão de conhecimentos cultiva-dos, através de palavras, gestos, costumes, ritos, histórias, tradições, e suas mais diversas manifestações de um povo:

Dança, Música, Literatura, Folclore, Arte.

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Nossa Língua Portuguesa

Hoje vou falar um pouquinho da nossa língua portuguesa. A língua portuguesa é a língua oficial de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Aproximadamente 280 milhões de pessoas no mundo são falantes desta língua que é a sexta mais falada no mundo (atrás do mandarim, inglês, hindi, espanhol e árabe).

Mas porque falar da nossa língua? Porque, apesar de ser-mos todos falantes de português, existem muitas diferen-ças entre o modo de falar a língua em cada país e mesmo dentro de um mesmo país. No Brasil, percebe-se bem isso pelas diferentes palavras usadas e nas diferenças de sota-que entre as várias regiões. Até mesmo dentro de um mes-mo estado. Por exemplo, em Minas Gerais existem 5 dife-rentes dialetos “mineiros”. Em Portugal também são identi-ficados 9 diferentes dialetos que, com o tempo, vamos a-prendendo a diferenciar. Mas vou falar principalmente de algumas diferenças que existem na língua falada no Brasil e em Portugal porque pode ser muito útil para quem viaja e para quem pensa em viver em Portugal.

As diferenças existem não só na língua falada mas também na escrita. Por exemplo, muitos brasileiros quando vem pa-ra Portugal a passeio ou como imigrantes acham muito bom porque falamos a mesma língua e é mais fácil a comu-nicação. Sem dúvida que é muito mais fácil do que ter que aprender e falar outra língua mas, mesmo assim, existem algumas diferenças que podem causar alguma dificuldade de comunicação para os brasileiros. Eu penso que os portu-gueses já estão mais acostumados com o português brasi-leiro do que os brasileiros com o português falado em Por-tugal, afinal, desde 1977 que os portugueses assistem às novelas brasileiras.

Pra começar, os portugueses falam mais fechado que os brasileiros. Às vezes demora um pouco para um brasileiro treinar o ouvido para entender bem. Como vivo em Portu-gal há algum tempo já fui “intérprete” de português-português. Parece engraçado não é mesmo? Mas, em umas conferências feita por brasileiros em Portugal, algumas pa-lavras que usamos no Brasil não são compreendidas em Portugal (ou tem outro sentido e vice-versa). Em outra conferência feita por portugueses, alguns estudantes brasi-leiros que estavam há pouco tempo em Portugal também não entendiam… Mas, nada que o tempo não resolva.

Outras diferenças também estão no significado das pala-vras e vou dar alguns exemplos: Quando estiver passeando por Lisboa, aproveite para beber uma imperial (chopp) e comer uma bifana ou um prego. Uma bifana é um bife de porco no pão e um prego, um bife de vaca no pão. Mas, depois de algumas imperiais, se precisar de ir ao banheiro, peça para ir à “casa de banho” porque, em Portugal, “banheiro” é aquele homem que trabalha como salva-vidas na praia, também chamado de “nadador-salvador”.

Para as compras convém saber que as calcinhas femininas são cuecas e, antes que alguém pergunte, as cuecas mas-culinas também são cuecas. Camisolas (aquelas que as mulheres usam para dormir) são camisas de noite. As mei-as-calças são collants, as camisetas são Tshirt ou camisolas mas, roupa de inverno de lã tipo pulôver também é cami-sola e, se tiver abertura (botões ou zíper) aí é casaco. Um maiô ou uma sunga é um fato de banho. Se tiver um aci-dente, um corte no dedo por exemplo e precisar de band-aid, peça “pensos”. Os absorventes higiénicos também são pensos.

As mulheres normalmente gostam muito de olhar as vitri-nes, não é? Aqui veem as montras. E, acreditem, a dificul-dade é igual para os portugueses no Brasil. Outro dia uma senhora portuguesa contou na televisão que, no Rio de Ja-neiro, disse numa loja: “Eu queria ver aquela carteira da montra”. E não a entenderam… E o que ela queria era “Eu quero ver aquela bolsa da vitrine”.

São diferenças sutis da nossa língua portuguesa que nem sempre é fácil de saber logo a primeira vista. E porque? Porque quando falamos “quase” a mesma língua, geral-mente não sabemos qual palavra utilizar no lugar daquela que a gente conhece para sermos bem compreendidos.

Enquanto estiver passeando por Lisboa, se for pegar o trem diga que quer “apanhar o comboio”. Ônibus é auto-carro (ou camioneta). Se revolver pegar carona, peça “boleia” e, quando for atravessar uma rua, passe sempre pela passadeira (faixa de pedestres), os condutores respei-tam os peões (pedestres) que passam nas passadeiras.

Ahhh e os bondinhos que andam por Lisboa e Porto são os elétricos. Se for algum dos que sobem as colinas de Lisboa, aí são elevadores. Pode aproveitar e subir o elevador da Glória, da Bica ou o do Lavra.

Autora: Lyria Reis

Maio de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 14

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Você sabe o que é variação linguística?

A variação linguística é um fenômeno que acontece com a língua e pode ser compreendida por intermédio das variações históricas e regionais.

Em um mesmo país, com um único idioma oficial, a língua pode so-frer diversas alterações feitas por seus falantes. Como não é um sistema fechado e imutável, a língua portuguesa ganha diferentes nuances. O português que é falado no Nordeste do Brasil pode ser diferente do português falado no Sul do país. Claro que um idioma nos une, mas as variações podem ser consideráveis e justificadas de acordo com a comunidade na qual se manifesta.

As variações acontecem porque o princípio fundamental da língua é a comunicação, então é compreensível que seus falantes façam rearranjos de acordo com suas necessidades comunicativas. Os diferentes falares devem ser considerados como variações, e não como erros. Quando tratamos as variações como erro, incorremos

no preconceito linguístico que associa, erroneamente, a língua ao status. O português falado em algumas cidades do interior do estado de São Paulo, por exemplo, pode ganhar o estigma pejorati-vo de incorreto ou inculto, mas, na verdade, essas diferenças enri-quecem esse patrimônio cultural que é a nossa língua portuguesa.

As variações linguísticas acontecem porque vivemos em uma soci-edade complexa, na qual estão inseridos diferentes grupos sociais.

Alguns desses grupos tiveram acesso à educação formal, enquanto outros não tiveram muito contato com a norma culta da língua. Po-demos observar também que a língua varia de acordo com suas situações de uso, pois um mesmo grupo social pode se comunicar de maneira diferente, de acordo com a necessidade de adequação linguística. Prova disso é que você não vai se comportar em uma entrevista de emprego da mesma maneira com a qual você conver-sa com seus amigos em uma situação informal, não é mesmo?

Autora: Luana Castro Alves Perez

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A evolução da ideia e do conceito de família

INTRODUÇÃO

É certo que a família é sem dúvida a instituição e o agrupamento humano mais antigo, haja vista que todo ser humano, todo indiví-duo nasce em razão da família e, via de regra, no âmbito desta, as-sociando-se com seus demais membros.

A palavra família possui um significado que foge à ideia que temos de tal instituto hoje, vem do latim famulus e significa grupo de es-cravos ou servos pertencentes ao mesmo patrão.

A ideia do que vem a ser família, suas características, sua forma-ção e etc., é um conceito extremamente volátil e mutável no tempo, acompanhando sempre a evolução dos ideais sociais, das desco-bertas científicas e dos costumes da sociedade, sendo impossível se construir uma ideia sólida e fixa do que vem a ser família e quais suas características.

1- A INFLUÊNCIA DA SOCIEDADE E DAS CIÊNCIAS NA CONS-TRUÇÃO DO CONCEITO DE FAMÍLIA

A ideia que temos de família hoje não é a mesma de tempos atrás, vez que estamos em um momento de desenvolvimento social e jurí-dico sobre o tema, onde o conceito do que vem a ser família está sendo ampliado.

Antigamente, o modelo familiar predominante era o patriarcal, patri-monial e matrimonial. Em tal modelo tínhamos a figura do “chefe de família”, era o líder, o centro do grupo familiar e responsável pela tomada das decisões. Era tido como o provedor e suas decisões deveriam ser seguidas por todos.

Além disto, a ideia de família era patrimonial e imperialista, prova disso estava no fato de que as uniões entre pessoas não se davam pela afeição entre as mesmas, mas sim pelas escolhas dos patriar-cas, com o interesse de aumentar o poder e o patrimônio de suas famílias. Em tal modelo, muitas vezes os nubentes nem sequer se conheciam, mas se viam obrigados a contrair núpcias para honrar o bom nome da família e contribuir para seu fortalecimento econômi-co.

A família era constituída unicamente pelo casamento, não havia que se falar em nenhum outro meio de constituição familiar, como a união estável. Como consequência de tais fatos, a figura do divór-cio era inimaginável, vez que a felicidade dos membros não era mais importante do que a predominância da família como institui-ção, afinal, o divórcio representaria uma quebra no poderio econô-mico concretizado pelo casamento.

Temos então, que em tal modelo, a família é vista como uma insti-tuição, onde a felicidade e a liberdade de seus membros é um ideal secundário e que somente era levado em conta se atendido o ideal primário, que era o fortalecimento econômico/patrimonial da institui-ção familiar.

Ora, resta claro que tal ideia de família é tida como inconcebível atualmente, uma forma arcaica e, de certo modo, repudiada na atu-alidade. Porém, isto somente se deu pela evolução a que passou a sociedade ao lutar pela igualdade entre os indivíduos e pela valori-zação da dignidade da pessoa humana, conquistas estas que en-contram-se estabelecidas hoje em nosso mais alto regramento jurí-dico, a Constituição Federal de 1988.

Portanto, é errôneo não reconhecer à influência das conquistas so-ciais na elaboração do conceito de família, sendo, inclusive, este o motivo de tal conceito ser mutável ao longo do tempo.

2- O CONCEITO DE FAMÍLIA EM UMA VISÃO MODERNA

Com o passar do tempo e a evolução a que passou a sociedade, o modelo familiar mudou, fora influenciado pela ideia da democracia, do ideal de igualdade e da dignidade da pessoa humana.

A família passou a ser mais democrática, o modelo patriarcal fora abandonado, sendo empregado um modelo igualitário, onde todos

os membros devem ter suas necessidades atendidas e a busca da felicidade de cada indivíduo passou a ser essencial no ambiente familiar.

Porém, o maior avanço a que o ideal de família passou fora no ele-mento que a constitui, hoje, as pessoas se unem por haver uma a-tração entre elas, um querer. A união das pessoas possui um fim egoísta, porém no melhor sentido do termo, vez que esta se dá pe-lo fato de a outra pessoa lhe trazer prazer, felicidade e crescimento. Esse novo elemento para a criação da família é de suma importân-cia, principalmente para entendermos as mudanças à que passa a família.

Como se percebe, não há mais que se falar em casamento como elemento de criação da família, afinal é o sentimento que une seus membros, a vontade de cada um em se unir ao outro, por isso, hoje é possível vislumbrarmos que uniões estáveis podem constituir fa-mília, que há a família monoparental (mãe ou pai solteiro) e que há família na união de pessoas do mesmo sexo. Tudo isto porque o elemento responsável pela constituição da família é subjetivo e de-corre da vontade dos indivíduos.

A família passou a ser vista como um instrumento de desenvolvi-mento pessoal de cada indivíduo, e não mais como uma instituição. Essa mudança filosófica e institucional ainda não está completa-mente difundida na sociedade atual, porém encontra-se em cres-cente consolidação.

Tal mudança se deu principalmente pelo princípio da dignidade da pessoa humana, vez que hoje há uma proteção maior à pessoa, à sua felicidade e a seus direitos individuais. Não há mais que se fa-lar em obrigação matrimonial, hoje as pessoas podem se divorciar de forma imediata caso queiram, inclusive, sem o consentimento do outro cônjuge ou da família, não há mais a figura do chefe de famí-lia, sendo cada indivíduo responsável por suas escolhas, possuindo o livre arbítrio e não há mais que se falar em uma família patrimoni-alizada, vez que a via que cria os laços familiares é subjetiva e de-pende do elemento volitivo das partes.

Portanto, temos que a ideia de família já avançou consideravelmen-te, logicamente ainda há resquícios de um conceito antigo de famí-lia na sociedade atual, afinal, não se trata de um conceito universal, sendo a família composta por indivíduos, cada qual com uma ma-neira única de pensar. Porém, em um contexto generalizado, perce-bemos que o ideal de família evoluiu juntamente com a sociedade, evolução esta que ainda não se findou, vez que, como já dito, o conceito e a ideia de família é volátil e está em constante alteração.

CONCLUSÃO

Em face à evolução social que passamos, não há como ter uma vi-são estagnada do que vem a ser família. Hoje, muito se critica as novas formas familiares, como a família entre pessoas do mesmo sexo, porém, conforme já vimos, o elemento que cria a família é a vontade entre as partes, portanto, não há como negar o status de família à uniões estáveis, à famílias monoparentais e a família ad-vinda da união entre pessoas do mesmo sexo.

A dignidade da pessoa humana deve ser respeitada e protegida, não podendo utilizar uma ideia ultrapassada de família para privar a constituições de novos tipos familiares. Afinal, o que deve-se prote-ger é a felicidade, a liberdade e a igualdade entre os indivíduos, e não uma forma arcaica de pensamento.

É preciso que haja uma conscientização popular, para que seja di-fundida a ideia de família como um instrumento de felicidade e de desenvolvimento pessoal, e não como uma instituição.

Portanto, não devemos nos prender a um pensamento estagnado, mas sim evoluirmos juntamente com a sociedade, respeitando sem-pre a maior conquista já obtida ao longo do tempo, a liberdade, em todas as suas formas.

Autor: Luis Fernando Augusto

Maio de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 15

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REVOLUÇÃO DOS CRAVOS

Autor: Mauro Brandão

"não deixemos murchar o Cravo que Abril floriu"

Neste momento em que o Rio de Janeiro encontra-se sob intervenção federal, onde o Exército assumiu o controle da segurança pública do estado, vale co-nhecer um grande evento da história de Portugal, país irmão de sangue e de cultura, ocorrido em 1974, no dia 25 de abril, conhecido como Revolução dos Cravos.

Portugal foi governado por uma ditadura desde 1926, que encontrou em Antó-nio Salazar o ditador maior, de orientação fascista, governando por 36 anos, substituído por Marcello Caetano, deposto em 1974, onde se deu a Revolução dos Cravos, extinguindo com a ditadura fascista e transformando Portugal em uma democracia parlamentarista. A polícia política do regime, que recebeu for-mação da Gestapo e da CIA, tinha como objetivo censurar e controlar tanto a oposição como a opinião pública em Portugal e nas colônias. A ditadura privile-giou grupos comerciais e financeiros, o país permaneceu pobre até à década de 1960, e em consequência gerando um significativo acréscimo da emigra-ção, fortemente para o Brasil.

Mas este grande movimento político e social, a Revolução dos Cravos, depôs a ditadura e iniciou um processo democrático que culminou com a Constituição

de 25 de abril de 1976. A liderança da revolução que pôs fim à ditadura foi encabeçada por um movimento militar cha-mado Movimento das Forças Armadas, composto em sua maioria por capitães. O movimento nasceu do espírito corpo-rativista, que reivindicava prestígio às Forças Armadas, mas acabou ganhando a adesão da população, deixando o go-verno sem ação, sendo deposto, e com um baixíssimo número de mortes, apenas 4, lembrando que foi uma grande re-volução popular.

A estabilidade política aconteceu em 1975, um ano depois do histórico 25 de abril de 1974, lá, feriado nacional, e que em Portugal é conhecido como “O Dia da Liberdade”. Formou-se uma Assembleia Constituinte, promulgando a nova Constituição no ano seguinte. Portugal era um país periférico, marcado pelo isolamento rural, e que atrasou a descoloni-zação de Angola e Moçambique por 20 anos.

O espaço não permite a detalhamentos e nem a esmiuçar a história de Portugal desde lá até os dias atuais, e que ca-bem posteriores reparos do leitor. O certo é que a Revolução dos Cravos produziu transformações profundas e impor-tantes naquele pequeno, rico, de alto nível educacional, abundantemente cultural e peculiar país europeu que fica na ponta da península ibérica, características inversas do período ditatorial e salazarista. A Revolução dos Cravos se norte-ou por três princípios, os três D: Democratizar, Descolonizar e Desenvolver.

Claro que houve oscilações de 1974 até nos dias de hoje, destacando a entrada de Portugal na zona do euro, impedindo desde então a execução de qualquer forma de política monetária nacional, e depois, decorrente desta condição de sub-missão ao Banco Central Europeu, um período de profunda recessão causada pela crise econômica mundial de 2008.

Mas o espírito da Revolução dos Cravos permaneceu vivo em Portugal, que hoje é um dos países de melhor qualidade de vida do mundo , um país procurado por muitos turistas e até por muitos brasileiros que se decidiram migrar para Portugal em busca de mais qualidade de vida e de oportunidades. Portugal só se tornou livre depois que a democracia imperou, e esta liberdade proporcionou oportunidade de prosperidade ao povo. Há nos cravos de abril um valor sagrado que devemos perpetuar: a democracia, a verdadeira e única democracia. Nem que para isso valha a guerra, não a guer-ra da morte, mas a luta pela vida, a da vida em abundância.

Gazeta Valeparaibana

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País de Abril é o sítio do poema. Não fica nos terraços da saudade não fica nas longas terras. Fica exactamente aqui tão perto que parece longe. Mais aprende que o mundo é do tamanho que os homens queiram que o mundo tenha: o tamanho que os ventos dão aos homens quando sopram à noite no País de Abril.

Manuel Alegre