116 - julho - 2017 - gazetavaleparaibana.com · a sociedade, uma máscara para disfarçar as reais...

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Ano X - Edição 117 - AGOSTO 2017 Distribuição Gratuita A VENEZUELA e NÓS por: Filipe de Sousa A Venezuela vive um dos momentos mais críticos da sua história. Acompanho crítica e solidariamente a revolução bolivariana desde o início via ONU. As conquistas sociais das últimas duas décadas são indiscu- tíveis. Para o provar basta consultar o relatório da ONU de 2016 sobre a evolução do índice de desenvolvi- mento humano. Diz o relatório: “O índice de desenvolvimento humano (IDH) da Venezuela em 2015 foi de 0.767 — o que colocou o país na categoria de elevado desenvolvimento humano —, posicionando-o em 71.º de entre 188 países e territórios. Tal classificação é partilhada com a Turquia.” De 1990 a 2015, o IDH da Venezuela aumentou de 0.634 para 0.767, um aumento de 20.9%. Entre 1990 e 2015, a esperança de vida ao nascer subiu 4,6 anos, o período médio de escolaridade aumentou 4,8 anos e os anos de escolari- dade média geral aumentaram 3,8 anos. O rendimento nacional bruto (RNB) per capita aumentou cerca de 5,4% entre 1990 e 2015. De notar que estes progressos foram obtidos em democracia, apenas momentaneamente interrompida pela tentativa de golpe de Es- tado em 2002 protagonizada pela oposição com o apoio ativo e descarado dos EUA. Para compreendermos por que provavelmente não haverá saída não violenta para a crise da Venezuela temos de saber o que está em causa no plano geoes- tratégico global. O que está em causa são as maiores reservas de petróleo do mundo existentes na Venezuela. Para os EUA, é crucial para o seu domínio glo- bal manter o controlo das reservas de petróleo do mundo. Qualquer país, por mais democrático, que tenha este recurso estratégico e não o torne acessível às multinacionais petrolíferas, na maioria, norte-americanas, põe-se na mira de uma intervenção imperial. Veja-se o golpe Brasileiro ocorrido o ano passado. A ameaça à segurança nacional, de que fala o Presidente dos EUA, não está sequer apenas no acesso ao petróleo, está sobretudo no fato de o comércio mun- dial do petróleo ser denominado em dólares, o verdadeiro núcleo do poder dos EUA, já que nenhum outro país tem o privilégio de imprimir as notas que bem entender sem isso afetar significativamente o seu valor monetário. Foi por esta razão que o Iraque foi invadido e o Médio Oriente e a Líbia arrasados (neste último caso, com a cumplicidade ativa da França de Sarkozy). Pela mesma razão, houve ingerência, hoje documentada, na crise brasileira, pois a exploração do petróleo do pré-sal estava nas mãos dos brasileiros. Pela mesma razão, o Irão voltou a estar em perigo. Pela mesma razão, a revolução bolivariana tem de cair sem ter tido a oportunidade de corrigir democraticamente os graves erros que os seus dirigentes cometeram nos últimos anos. MAS TEM MAIS.... Lésbicas: A invisibilidade leva a marginalização. 29 de agosto, é considerado o dia Nacional da visibilidade Lésbica. A data foi criada no 1º Seminário Nacional de Lésbicas em 1996, por lésbicas brasileiras. E qual o motivo de se criar uma data para elas? O motivo é sempre o mesmo quando falamos de minorias discriminadas e vítimas de preconceitos, mostrar as pessoas que essa realidade existe e que por conta disso a mulher lésbica sofre violência de todo tipo, física, verbal e psicológica em todos os lugares que frequenta. LEIA MAIS: Página 6 Wagner Falamos no artigo passado sobre Mahler que soube se aproveitar do crescimento monumental da músi- ca sinfônica do século XIX e trouxe para o séc. XX ideias que modifica- ram o pensamento da música sin- fônica. Mas curiosamente um dos compositores que mais contribuí- ram para o crescimento da orques- tra foi um compositor de óperas. Richard Wagner (1813-1883) Página 10 FLIP - Paraty - Brasil Agualusa: “Angola, como o Brasil, vive como um país cansa- do, dilacerado” Numa esquina de Huambo, cidade de 1 milhão de habitantes no centro de Angola, um garoto asso- bia uma melodia de Paulinho da Viola. Um huambense, de passa- gem, reconhece a canção e tece comentários acerca do Brasil, da qualidade do samba do músico ca- rioca e de suas próprias preferên- cias pelas cores verde e Manguei- ra. Página 16 Editorial Página 2 CULTURAonline BRASIL - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social Agora também no seu Baixe o aplicativo IOS NO SITE www.culturaonlinebr.org A única possibilidade de nos eternizamos nessa frágil vida, é plantando boas sementes. É a melhor herança que deixamos! Caos e desordem Para cada lado que olhamos e por todos os ângulos percebemos que estamos sofrendo as consequências do descaso das autoridades e dos órgãos públicos que dirigem essa nação, do capitalismo na educação, da incompetência judiciária perante os crimes... Página 1 Onde erramos? A Finlândia era, até 1950, um país pobre e exportava madeira e papel higiênico. Hoje, se destaca entre os países com maior índice de desenvolvimento humano e renda per capta. A Suécia era, em 1820, um país pobre. Em 1950, já tinha um alto padrão de vida. A Coreia do Sul era pobre nos anos 60 do século 20. Página 5 Cérebro processando felicidade Chega um momento na vida que o cérebro precisa processar, priori- zar o tempo, sentimentos e pesso- as. Como fazer isso? Será que conseguimos? Nosso tempo é relativo, depende do tanto que dedicamos às coisas que por muitas vezes são prioridades na vida e as pessoas que nem sempre são as que ocupam com qualidade... Página 7 www.culturaonlinebrasil.net /// CULTURAonline BRASIL /// www.culturaonlinebr.org

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Ano X - Edição 117 - AGOSTO 2017 Distribuição Gratuita

A VENEZUELA e NÓS por: Filipe de Sousa A Venezuela vive um dos momentos mais críticos da sua história. Acompanho crítica e solidariamente a revolução bolivariana desde o início via ONU. As conquistas sociais das últimas duas décadas são indiscu-tíveis. Para o provar basta consultar o relatório da ONU de 2016 sobre a evolução do índice de desenvolvi-mento humano. Diz o relatório: “O índice de desenvolvimento humano (IDH) da Venezuela em 2015 foi de 0.767 — o que colocou o país na categoria de elevado desenvolvimento humano —, posicionando-o em 71.º de entre 188 países e territórios. Tal classificação é partilhada com a Turquia.” De 1990 a 2015, o IDH da Venezuela aumentou de 0.634 para 0.767, um aumento de 20.9%. Entre 1990 e 2015, a esperança de vida ao nascer subiu 4,6 anos, o período médio de escolaridade aumentou 4,8 anos e os anos de escolari-dade média geral aumentaram 3,8 anos. O rendimento nacional bruto (RNB) per capita aumentou cerca de

5,4% entre 1990 e 2015. De notar que estes progressos foram obtidos em democracia, apenas momentaneamente interrompida pela tentativa de golpe de Es-tado em 2002 protagonizada pela oposição com o apoio ativo e descarado dos EUA. Para compreendermos por que provavelmente não haverá saída não violenta para a crise da Venezuela temos de saber o que está em causa no plano geoes-tratégico global. O que está em causa são as maiores reservas de petróleo do mundo existentes na Venezuela. Para os EUA, é crucial para o seu domínio glo-bal manter o controlo das reservas de petróleo do mundo. Qualquer país, por mais democrático, que tenha este recurso estratégico e não o torne acessível às multinacionais petrolíferas, na maioria, norte-americanas, põe-se na mira de uma intervenção imperial. Veja-se o golpe Brasileiro ocorrido o ano passado. A ameaça à segurança nacional, de que fala o Presidente dos EUA, não está sequer apenas no acesso ao petróleo, está sobretudo no fato de o comércio mun-dial do petróleo ser denominado em dólares, o verdadeiro núcleo do poder dos EUA, já que nenhum outro país tem o privilégio de imprimir as notas que bem entender sem isso afetar significativamente o seu valor monetário. Foi por esta razão que o Iraque foi invadido e o Médio Oriente e a Líbia arrasados (neste último caso, com a cumplicidade ativa da França de Sarkozy). Pela mesma razão, houve ingerência, hoje documentada, na crise brasileira, pois a exploração do petróleo do pré-sal estava nas mãos dos brasileiros. Pela mesma razão, o Irão voltou a estar em perigo. Pela mesma razão, a revolução bolivariana tem de cair sem ter tido a oportunidade de corrigir democraticamente os graves erros que os seus dirigentes cometeram nos últimos anos.

MAS TEM MAIS....

Lésbicas: A invisibilidade leva a marginalização.

29 de agosto, é considerado o dia Nacional da visibilidade Lésbica. A data foi criada no 1º Seminário Nacional de Lésbicas em 1996, por lésbicas brasileiras. E qual o motivo de se criar uma data para elas? O motivo é sempre o mesmo quando falamos de minorias discriminadas e vítimas de preconceitos, mostrar as pessoas que essa realidade existe e que por conta disso a mulher lésbica sofre violência de todo tipo, física, verbal e psicológica em todos os lugares que frequenta. LEIA MAIS:

Página 6

Wagner Falamos no artigo passado sobre Mahler que soube se aproveitar do crescimento monumental da músi-ca sinfônica do século XIX e trouxe para o séc. XX ideias que modifica-ram o pensamento da música sin-fônica. Mas curiosamente um dos compositores que mais contribuí-ram para o crescimento da orques-tra foi um compositor de óperas. Richard Wagner (1813-1883)

Página 10

FLIP - Paraty - Brasil Agualusa:

“Angola, como o

Brasil, vive como

um país cansa-

do, dilacerado”

Numa esquina de

Huambo, cidade

de 1 milhão de

habitantes no

centro de Angola, um garoto asso-

bia uma melodia de Paulinho da

Viola. Um huambense, de passa-

gem, reconhece a canção e tece

comentários acerca do Brasil, da

qualidade do samba do músico ca-

rioca e de suas próprias preferên-

cias pelas cores verde e Manguei-

ra.

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Editorial Página 2 CULTURAonline BRASIL - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social

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A única possibilidade de nos eternizamos nessa frágil vida, é plantando boas sementes. É a melhor herança que deixamos!

Caos e desordem Para cada lado que olhamos e por todos o s â n g u l o s percebemos que estamos sofrendo as consequências do d e s c a s o d a s autoridades e dos

órgãos públicos que dirigem essa nação, do capitalismo na educação, da incompetência judiciária perante os crimes...

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Onde erramos? A Finlândia era, até 1950, um

país pobre e exportava madeira

e papel higiênico. Hoje, se

destaca entre os países com

m a i o r í n d i c e d e

desenvolvimento humano e

renda per capta. A Suécia era, em 1820, um país

pobre. Em 1950, já tinha um alto padrão de vida. A

Coreia do Sul era pobre nos anos 60 do século 20.

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Cérebro processando felicidade

Chega um momento na vida que o

cérebro precisa processar, priori-

zar o tempo, sentimentos e pesso-

as. Como fazer isso? Será que

conseguimos?

Nosso tempo é relativo, depende

do tanto que dedicamos às coisas que por muitas

vezes são prioridades na vida e as pessoas que

nem sempre são as que ocupam com qualidade...

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AGOSTO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 2

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Por que fazem escolhas assim?

Dias atrás, saiu uma reportagem sobre uma adolescente alemã que juntou ao Estado Islâmico e, que está detida no Iraque, e deseja voltar para casa, está arrependida. Veja bem, o problema não é alguém gostar da religião islâmica, querer se tornar muçulmano, simpatizar com a crença. Fé espiritual é algo íntimo de cada pessoa, tem gente que não sente falta de religião e tem gente que sente falta. O que eu questiono é a opção dessas pessoas pelo radicalismo e pelo terrorismo, pela agressividade, pelo ódio. Eu que estou fora da Europa, eu tendo a imaginar que, mesmo com alguns problemas típicos da existência humana, quem vive lá vive bem. Não tem grandes problemas financeiros, não tem problemas de passar fome e sede, de ficar na fila do hospital aguardando atendimento demorado, não tem problemas com transporte público, mesmo quem não é rico tem uma vida com dignidade lá. Em tempos de crise econômica, as pessoas têm problemas típicos de terceiro mundo, mas não é para sempre, a crise passa e a vida normaliza. Entretanto, está evidente que tem gente na Europa que não está satisfeita com o sistema como a sociedade funciona. Não se adapta às exigências do status quo. Creio que a real questão não é a fé religiosa em si, mas uma desculpa para reagir com violência às frustrações, às decepções com a sociedade, uma máscara para disfarçar as reais motivações de ser agressivo. No contexto do Japão, a maioria das pessoas que não conseguem se enquadrar nas exigências do sistema comete suicídio. Pessoas que não encontram aceitação na sociedade em que vivem, ficam desorientadas, perdidas, querem entender qual é o seu lugar neste mundo chamado Terra. Provavelmente devem ter famílias desestruturadas e, tiveram dificuldades com os estudos escolares, e não conseguem emprego com facilidade. Uma pessoa de bem com a vida não entraria num grupo extremista e terrorista.

Na nossa opinião, as diversas sociedades das diversas nações precisam considerar rever conceitos. Todo mundo quer que os seus filhos e netos se deem bem nos estudos, na profissão, na vida, que vençam na vida, prosperem, sejam tidos pela coletividade como bons exemplos para os demais. Desde à Alemanha e demais países europeus, passando pelo Japão e outros países asiáticos até mesmo aqui no Brasil, a sociedade tem que repensar o modelo de sistema. Ao invés de cobrar, de exigir, de pressionar, não seria melhor tentar ajudar essas pessoas complicadas a descobrirem os seus dons, os seus talentos, os seus ativos naturais em suas mentes, e trabalharem com aquilo que realmente gostam e sabem fazer bem em vez de força-las a se adaptarem aos achismos da sociedade? Será que a coletividade não podia exigir menos e ajudar mais os indivíduos a encontrarem o seu lugar neste mundo?

João Paulo E. Barros

* * *

DIZ O DITO POPULAR

Sobre dinheiro não há companheiro, * * *

Trabalha o feio, pro bonito comer. * * *

Não há amigo nem irmão, não havendo dinheiro na mão.

* * * Dinheiro é chave que destranca toda

porta. * * *

Dinheiro muito, fartura de poucos. * * *

Com dinheiro na mão, em toda parte há função.

* * * Dinheiro emprestaste, inimigo criaste.

* * * Com dinheiro, língua e latim, vai-se do

mundo até o fim. * * *

Boa conta, má conta, tudo é conta. * * *

Dinheiro emprestado parte rindo, e volta chorando.

* * * Defunto rico, defunto chorado.

* * * De dinheiro e santidade, metade da

metade. * * *

Esperdício de rico é economia de pobre. * * *

Pobre com rica casado, mais que marido é criado.

* * * Dinheiro não tem cheiro.

* * * Administrar dinheiro é fácil. Difícil é

administrar a falta dele. * * *

Rico em casa de pobre é perdição de galinha.

* * * Viúva rica, com um olho chora e com

outro repinica. * * *

Viúva rica casada fica. * * *

Mês que vem... Tem mais!

Como você já deve ter reparado, apresentamos um novo espaço no site da Gazeta Valeparaibana.

Um dos objetivos da reformulação é tornar o site ainda mais cola-borativo e, assim, fazer jus ao lema de ser “o ponto de encontro da educação”.

Tendo em mente essa missão, de se tornar uma verdadeira comunidade virtual que une todos os profissio-nais e temas relacionados à educação, cultura e sustentabilidade Social, investiu na plataforma que se propõe a veicular trabalhos científicos da área.

É o ‘GV - Ciência’. Espaço 100% colaborativo e GRATUITO! A proposta surge para ser o meio em que trabalhos científicos sejam veiculados na imprensa, dano a eles o devido destaque.

Todo internauta do Portal Comunique-se pode fazer uso do ‘C-SE Acadêmico’, basta seguir dois passos...

1º - ENVIAR o trabalho para: [email protected] (em Word sem formatação com letra Arial 11). NÃO ESQUECER de enviar todos os seus dados: Nome Completo, Documento de Identidade, Nome do Curso, Faculdade.

2º - Depois de analisado, será publicado no espaço “GV - ciência” do site e na edição do mês subsequen-te no Jornal Digital.

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AGOSTO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 3

Crônica do mês CAOS E DESORDEM

Para cada lado que olhamos e por todos os ângulos percebemos que estamos sofrendo as consequências do descaso das autoridades e dos órgãos públicos que dirigem essa nação, do capitalismo na educação, da incompetência judiciária perante os crimes, dessa alienação por efeito das drogas que impera entre os jovens, o desenfreado ritmo em que cresce a corrupção, a falta de idoneidade em quase todos os segmentos sociais, o desinteresse dos intelectuais que há tempos não contribuem para a história, a mídia embriagada pela audiência e um povo iludido por entretenimentos além do futebol e sofrendo crueldades, mazelas e, as consequências da impunidade e da fome.

O desamor entre as pessoas, a falta de perspectiva, o falso apoio de quem finge proteger, as igrejas com discursos dirigidos apenas em prol de interesses financeiros e longe de serem solidárias. O consumo desenfreado, a idolatria pelo corpo, o descuido da alma e isso tudo nos levando para o caminho da frustração na vida profissional, pessoal e social.

O que vemos são jovens unidos pela mesma música e dança sórdida, pela mesma ganância, pelo mesmo trivial do consumo e desejo de TER cada vez mais e o falso moralismo instalado entre pais e filhos.

Não se trabalha para comer, crescer, construir e sim, para pagar academias, ostentação e conquistar uma posição social a qualquer custo, por reconhecimento banal e, o mais triste, ninguém vê e nem cobra para onde vão todos os impostos que pagamos e que não nos são revertidos em benefícios.

O homem tem a pretensão de querer ser imortal, mas, esquece que, morrer é inevitável e para ser eterno é preciso deixar conhecimentos, exemplos, obras feitas, e o

melhor de si que irá ficar, se não para a humanidade, pelo menos para sua família.

Antes de morrer, para onde irá nosso olhar para ver o que de nós ficou? Pra que lado da vida e do país, pelos caminhos que percorremos, haverá nossa verdadeira contribuição como seres humanos? Deixaremos marcas e registro de bem feitores?

Não teremos sido nada se morrermos e formos esquecidos, substituídos tão rápido como trocávamos de carro, de investimentos, de parceiros, de sapatos, de hábitos em prol da performance.

Para qualquer lado que olharmos, veremos que são sempre as mesmas coisas, os mesmos discursos, a mesma multidão com a mesma solidão e um vazio rumo ao caos.

Não podemos deixar que nossas vidas fiquem abaixo da dignidade e que nossa luta continue a ser partilhada desigualmente, pois nossa índole, não é sorte e sim muito trabalho, resignação, estudos, força e dedicação.

Portanto, nossa política governamental, não pode continuar a se valer de suas “normas injustas” interferindo no curso de nossas vidas induzindo a vontade coletiva tirando nossos direitos de escolher e decidir. Nessa situação de tantas desigualdades os que têm menos perdem a capacidade de sentirem-se livres para desenvolverem-se e garantir seus direitos como cidadãos que devem ser inegociáveis.

Sem atitudes, o que resta é esperar que com o “andar da carruagem, as abóboras se acomodem”. Assim como nas guerras, depois que a desordem e o caos se instalam, tudo acaba e todos se tornam iguais.

Todos ficarão sem NADA, todos virarão NADA para então recomeçar...

Talvez assim, o amor volte a habitar a gruta do coração do homem para que revise seu contexto e aprenda a sorrir gratuitamente encarecendo a raiva para mover-se num sentido melhor e certo, com coragem, humildade e alvorecer com dignidade.

A vida é uma mistura do amargo e do doce que, a cada ocasião, traz um aprendizado, mas, para isso, é preciso estar munido de energia, amor, fé e sem arrebatar do outro o que não lhe pertence.

Genha Auga - Jornalista - MTB: 15320

Calendário

Algumas datas comemorativas 01 - Dia Nacional do Selo 05 - Dia Nacional da Saúde 06 - Dia de São Salvador do Mundo 09 - Dia Internacional dos Povos Indígenas 11 - Dia da Televisão 11 - Dia do Estudante 12 - Dia Internacional da Juventude 12 - Dia Nacional das Artes 14 - Dia dos Pais 19 - Dia Mundial da Fotografia 19 - Dia do Historiador 22 - Dia do Folclore

Ver mais sobre na Página 12

A educação em saúde é um campo multifacetado, para o qual convergem diversas concepções, das á-reas tanto da educação, quanto da saúde, as quais espelham diferentes compreensões do mundo, demar-cadas por distintas posições político-filosóficas sobre o homem e a sociedade.

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem en-sino, afirma Paulo Freire em sua obra, Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Isto porque, segundo o autor, faz parte da natureza da prática docente a indagação, a busca e a pesquisa, portanto, em sua formação permanente é preciso que ele se perceba e se assuma como pesquisador.

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AGOSTO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 4

Ensinar a ler com prazer Desafio do professor é tornar

leitura prazerosa, diz Dad Squarisi`

O hábito de ler é essencial para a forma-ção intelectual do ser humano. Leitura favorece aprendizado de conteúdos, me-lhora o raciocínio e a capacidade de inter-pretação, além de aprimorar fala e escri-ta. Esses benefícios, no entanto, ainda não são priorizados no Brasil. No ranking mundial de educação em leitu-ra de 2015, o País ficou na 59ª posição entre 70 países, segundo dados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). Também naquele ano, a 4ª e mais recente edição da pesquisa Retra-tos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro, mostrou que 44% da população brasileira era de não leitores; 30% nunca comprou um livro. Para Dad Squarisi, professora de portu-guês e editora de opinião do jornal Correi-o Braziliense, é preciso despertar o pra-zer da leitura. “Pode ser tão bom quanto jogar videogame ou ver televisão”, afirma, pontuando que incentivar jovens a gostar de livros é tarefa de pais e educadores. Por telefone, Dad, libanesa, falou ainda do interesse pela língua portuguesa, de valorização do professor e de dicas para se sair bem falando e escrevendo portu-guês. Autora de livros didáticos, lançou recentemente 'Sete pecados da língua', em que trata de deslizes cometidos no dia-a-dia. Ops! dia a dia. O acordo ortográfi-co simplificou o uso do hífen – embora pudesse ter simplificado mais. Confira os principais trechos da entrevis-ta: Portal CPP: A língua portuguesa é consi-derada difícil, sobretudo quando se trata de escrever. Hoje, temos a escrita mais exposta, nas redes sociais, por exemplo. Que cuidado devemos ter para escrever bem? Dad Squarisi: Primeiro, tem que saber que texto não é obra que cai do céu ou salta do inferno. Texto é produção. Re-quer planejamento, redação e revisão. Temos três etapas para fazer bom texto. No planejamento tenho que saber o que falar, para que público, taxar um objetivo e buscar argumentos que sustentem mi-nha tese. Depois, escrevo e reviso. E não é uma só revisão. São várias. Hemingway [Ernest Hemingway, escritor norte-americano] disse que reescreveu 30 ve-zes Adeus às Armas [1929] até se sentir satisfeito. Marguerite Yourcenar [escritora europeia] levou 28 anos escrevendo Me-mórias de Adriano [1951], escrevendo e reescrevendo, até nos brindar com a obra-prima. Revisar é corrigir erros gramati-cais, estruturais e aplicar três regras de ouro do estilo. Primeira: menor é melhor. Buscar palavras curtas, estruturas curtas, que são mais contemporâneas. Textos

muito longos as pessoas não captam, não conseguem entender. Segunda: menos é mais. Buscar concisão, o que não signifi-ca privar o leitor de informações. É dizer com menos palavras o que deve ser dito. Digo assim: o homem que planta café. Tenho cinco palavras. Se souber, digo cafeicultor. A palavra diz exatamente o que as cinco diziam. Terceira: variar para agradar. Usar vocabulário variado, isto é, não repetir palavras desnecessariamente. Buscamos sinônimos, outras estruturas, jeitos diferentes de dizer. As três regras de ouro: menor é melhor, menos é mais, variar para agradar. Como priorizar revisões em tempos ace-lerados? Quanto mais treino, melhor. Sou editoria-lista do Correio Braziliense, tenho muito treino na escrita. Escrevo muito e sempre. Então, meu texto sai quase perfeito. Quando bato o ponto final tenho pouca coisa para alterar. É treinar, treinar e treinar. Escrever muito e sempre. Pelo menos um texto todos os dias. Vale qualquer assunto. O capítulo da novela, uma notícia, um encontro. O importante é desinibir a mão e a mente. Praticar. Escrever é habilidade. E como toda habilidade, nadar, digitar, jogar bola, exige treino. Quanto mais treinar, melhor e mais rápido se escreve. Não precisa nem de revisor. A prática desperta pala-vras adormecidas, histórias, estruturas. No momento que vou escrever tudo isso está vivo. E posso escolher. Porque só somos livres quando podemos escolher. Se só conheço a palavra casa, por exem-plo, sou escrava. Posso me comunicar direitinho, falar casa em qualquer circuns-tância e ser entendida. Mas não terei a precisão que teria se conhecesse as pala-vras lar, residência, domicílio, habitação, pouso, pousada, apartamento, mansão. Todas têm o significado de abrigo que a casa oferece, mas com acepções diferen-tes. Quanto mais vocabulário eu tiver, melhor a minha escolha. E quanto mais posso escolher, mais livre sou. Isso é li-berdade. Esse conhecimento aponta para forma-ção intelectual, que evidentemente vem de leitura. Dados do Pisa (Programa In-ternacional de Avaliação de Estudantes) 2015 mostram que 60% dos estudantes brasileiros ficaram abaixo do nível 2 em proficiência em leitura. De 70 países, fica-mos na 59ª posição na área. Como me-lhorar esse cenário? Temos que estimular a leitura. E ela pre-cisa ser prazerosa. Não é para cobrar estudo de personagem, de tempo. Não é para cobrar. O desafio de pais e de pro-fessores é tornar a leitura prazerosa. Po-de ser tão bom quanto jogar videogame ou ver televisão. Se conseguirmos despertar o prazer da leitura, o aluno vai sozinho, ele mesmo

busca livros. Alunos precisam ler determi-nadas obras, sim, mas é importante moti-vá-los a ler pelo prazer que o livro pode dar. Se conseguirmos isso será um gran-de passo. Até ler jornal. Podemos ler notí-cias prazerosamente. Então, é despertar o aspecto lúdico da leitura. O prazer. Existem técnicas pra despertar esse lado lúdico da leitura? A primeira coisa é deixar a criança esco-lher. O que ela quer ler? É ofertar vários livros. Há quem goste de esportes, de princesas, de aventura. Obrigar todos os alunos de uma turma a ler um livro só às vezes é necessário, mas nem sempre agrada. Se eles puderem escolher na biblioteca ou num baú de livros deixado ao alcance é melhor. Eles escolhem. Po-dem manusear o livro. Apenas olhar a capa. Só folhear. Olhar as imagens. Ler uma página e não ler a outra. Ler todo o livro. É preciso dar liberdade de escolha. No começo da vida escolar isso é extre-mamente importante. Tem que ter livros interessantes à disposição das crianças, para que ganhem intimidade com o livro. É fundamental. Depois da intimidade, quando passam a gostar, até um livro obrigatório é lido com prazer. O papel do professor é determinante, não? Descreva um bom professor de lín-gua portuguesa. Que características ele deve ter? Primeiro, ele precisa conhecer a matéria. Há professor que não conhece. Vai dar aula de análise sintática, mas não sabe análise sintática. Faz uma confusão dana-da na cabeça do estudante. Segundo, é motivar o aluno, tornar as aulas divertidas e instigantes. Terceiro é cobrar, não ter medo de corrigir. E correção não significa desqualificar o aluno. Significa simples-mente dizer que o jovem pode fazer me-lhor. Sempre motivar a andar para frente. Estimular a aprender mais, a escrever, a escrever melhor. Os alunos são muito curiosos. Crianças e adolescentes são extremamente ávidos de conhecimento. São esponjinhas que podemos molhar com ensinamentos úteis. Agora, só faz isso o professor que conhece a disciplina. Professores com deficiências precisam estudar. O aluno só avança no conteúdo quando o professor domina esse conteú-do. Como você avalia a formação do profes-sor no Brasil, especialmente de língua portuguesa? Os cursos de pedagogia, de letras, de história, cursos destinados à sala de aula, ultimamente têm tido menores notas no vestibular. São estudantes que não con-seguem passar – a maioria, não todos – em medicina, direito, informática, e esco-lhem cursos pedagógicos, que são os que exigem média mais baixa. Hoje, nosso professor é malformado por-que a base dele não é a melhor. Ele, em

geral, fez um ensino fundamental malfei-to, um ensino médio malfeito, e aí tende a cursar uma faculdade que exija menos dele. Pode terminar o curso sem a habili-dade de escrever bom texto, de fazer boa dissertação, bom trabalho de fim de cur-so. O Brasil precisa pegar os excelentes, a-queles alunos muito bons para professo-res. A excelência do professor vai deter-minar a excelência do ensino. Podemos falar de professor de excelência sem carreira valorizada? Defendo professor como carreira de Esta-do, tal qual a Receita, a Diplomacia, o Tesouro. O Estado tem de investir nisso. Professor precisa ser muito bem pago, ter promoção. Até para que as pessoas se interessem pela atividade. Na Finlândia, por exemplo, que tem o melhor ensino do mundo ocidental, a car-reira mais disputada é a de professor. Porque paga o melhor salário. O profis-sional é selecionado entre os melhores, faz dois anos de treinamento antes de entrar na sala de aula e é acompanhado na carreira. O centro da qualidade é o professor. No Brasil, praticamente inexiste carreira. A educação permanente é fraca. Não há avaliação. Avaliamos o aluno, mas não avaliamos o professor. Precisamos de avaliação de desempenho. Parece utópi-co, mas é o que precisamos para tornar nossa educação excelente. Não podemos nem aceitar o bom, pois o mundo é muito competitivo. Temos que querer excelên-cia. Na seleção. Na carreira. No acompa-nhamento. Aqui, joga-se o professor na sala e ele se vira. Quem paga o preço em primeiro lu-gar é o aluno, em segundo, a sociedade. Que balanço faz da experiência em sala de aula? Fui professora em todos os níveis de en-sino. Do ensino fundamental à pós-graduação. Lecionei no Instituto Rio Bran-co (MRE) durante 12 anos. Tenho voca-ção para o magistério. Gosto muito de ensinar e também aprendo muito com os alunos. Minha avaliação como professora é de uma curiosa que se interessa por dividir conhecimento. Até hoje frequento salas de aula. Visito escolas, levo livros, porque sou autora de obras infantis, e consigo fazer com que pessoas se interessem pela leitura. No fim, os jovens andam sozinhos e sa-bem mais do que nós. Hoje as crianças são tão informadas, os adolescentes têm tanta informação.

É troca. Enriquecimento de ambos.

Leandro Silva

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AGOSTO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 5

Por um Brasil de todos!

Onde erramos?

A Finlândia era, até 1950, um país pobre e

exportava madeira e papel higiênico. Hoje, se

destaca entre os países com maior índice de

desenvolvimento humano e renda per capta. A

Suécia era, em 1820, um país pobre. Em 1950,

já tinha um alto padrão de vida. A Coreia do Sul

era pobre nos anos 60 do século 20. Hoje é um

país desenvolvido, de primeiro mundo. A

Noruega também era pobre até a década de 60

e hoje é um dos países mais desenvolvidos do

mundo.

O território do Brasil é, de longe, mais rico em

recursos naturais do que o território de qualquer

um desses países citados. O Brasil é rico em

florestas, em água potável, em nióbio, em

petróleo, em ferro, em manganês, em bauxita,

em ouro e cobre, a agricultura brasileira é uma

das melhores do mundo, o Brasil não tem

grandes problemas com matéria prima. O

território do Brasil é muito bom.

Mas, por que o Brasil não consegue elevar o

índice de desenvolvimento humano e nem a

renda per capta da sua população?

Porque os diversos governos que o Brasil teve,

tanto governos federais, estaduais e

municipais, não fizeram um investimento

adequado na educação escolar da população

brasileira. Nem no quesito quantidade, muito

menos no quesito qualidade. Já os demais

países citados no texto, fizeram um

investimento adequado na educação escolar de

seus habitantes e transformaram a realidade de

suas sociedades. Se a grande maioria da

população brasileira fosse muito bem

escolarizada, com o território rico que o Brasil

tem, esse país seria um dos mais ricos e

avançados do mundo. Mas por que não se

investe bem em educação pública primária e

secundária no Brasil?

Por que se investe mal nas escolas públicas?

O que é que esse pessoal tem tanto contra o

povo do Brasil?

Por que as pessoas no Brasil não saem às ruas

e não fazem panelaço, barulho, protestos para

que os serviços públicos de educação escolar

primária e secundária melhorem de qualidade?

Por que não há pressão popular nas ruas?

Porque no mundo há um senso comum que

países só se desenvolvem se houver ótima

educação escolar.

Além da educação escolar pública de boa

qualidade, também é igualmente necessário

investir-se bem em pesquisas científicas. É

questão de interesse nacional.

Professores e cientistas só vão ter motivação

para trabalhar muito e bem se forem bem

remunerados, se os empregos deles

compensarem para eles financeiramente.

Agora, num país onde governadores estaduais

mandam a polícia bater em professores

grevistas em vez de tentar dialogar com eles,

me faz perder as esperanças quanto ao futuro

de tal país.

João Paulo E. Barros

Porque precisamos fazer a Reforma Política Popular no Brasil?

Seus impostos merecem boa administração. Bons políticos não vem do nada. Para que existam bons políticos para

administrar o país, toda a sociedade precisa colaborar para que eles possam nascer e terem sucesso. É preciso um sistema eleitoral moderno para melhorar a qualidade da política. Os políticos "tradicionais" tem horror à reforma política, porque ela pode mudar a situa-ção atual onde eles usam e manipulam o eleitor e são pouco cobrados !

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Por uma Reforma Política democrática com participação popular

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Direitos humanos - Minorias

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AGOSTO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 6

Lésbicas: A invisibilidade leva a marginalização.

29 de agosto, é considerado o dia Nacional

da visibilidade Lésbica. A data foi criada no 1º

Seminário Nacional de Lésbicas em 1996, por

lésbicas brasileiras. E qual o motivo de se criar

uma data para elas? O motivo é sempre o

mesmo quando falamos de minorias

discriminadas e vítimas de preconceitos,

mostrar as pessoas que essa realidade existe

e que por conta disso a mulher lésbica sofre

violência de todo tipo, física, verbal e

psicológica em todos os lugares que

frequenta. Enfrentam a lesbofobia, a

misoginia, e as mulheres negras lésbicas

ainda enfrentam o preconceito racial junto. As

mulheres lésbicas são invisíveis no sentido de

que sua realidade é ignorada. Ser desprezada

por sua orientação sexual, ter seus direitos

violados, sofrer estupro corretivo ( Estuprar

com a finalidade de corrigir e punir as lésbicas,

bissexuais, trans, com a intenção de

transformá-las em mulheres ), tamanha

violência e ignorância não tem explicação.

Acredita-se que o índice de suicídios entre as

lésbicas é maior do que se apresenta, mas há

poucos estudos sobre esses dados. A

invisibilidade já se apresenta nessa falta de

dados, sem um estudo mais detalhado dessa

realidade não se implementam políticas e

ações públicas para combater a violência e a

discriminação, como se o problema não

existisse. A violência contra essas mulheres é

ignorada pelo Estado, vários casos de

violência aconteceram recentemente e pouco

se falou sobre isso, não houve divulgação

desses assassinatos, não há essa

preocupação de fazer o registro e de saber

onde eles estão acontecendo, como estão

ocorrendo. O Estado ignora essa violência.

As lésbicas e bissexuais sofrem pelo menos

um estupro corretivo por mês. Os bissexuais,

os homens transgêneros estão incluídos

nessa violência toda. O que mais impressiona

é constatar que a violência também é

provocada por pessoas que convivem com a

vítima, pessoas próximas, ex- parceiros. O

preconceito ocorre em todos os espaços.

Muitas não sabem que podem contar com a

Lei Maria da Penha que também é para casais

homossexuais. Outra consequência da

invisibilidade é a desinformação e a falta de

preparo dos profissionais da saúde para lidar

com essa população. Não existem políticas

sexuais para essas mulheres, como se a

saúde sexual delas não fosse importante,

como se não estivessem sujeitas a doenças e

contaminação como qualquer pessoa.Os

direitos fundamentais do homem proclamados

na Constituição Federal e na Declaração dos

Direitos Humanos continuam sendo violados, o

desrespeito praticado pela sociedade em

geral, o despreparo dos profissionais da

educação, a discriminação religiosa, as

agressões de toda ordem, o ódio, a exclusão

provocada pela ignorância, são fatores

discriminatórios perpetrados contra os

homossexuais, o que acaba causando a

marginalização e a segregação social de

pessoas que têm uma sexualidade distinta.

Assim acontecem a cada hora atos de

violência, atos de crueldade e humilhação

contra a população homossexual, lésbicas,

gays, transexual.

Existir um dia da visibilidade lésbica é

necessário para que nos conscientizemos

sobre a desumanidade dos atos violentos que

são infligidos a essas mulheres diariamente,

para que a gente perceba a crueldade, a

humilhação, o descaso com essa população.

Quando chegará o dia em que a orientação

sexual não fará diferença? A orientação

sexual não diz quem a pessoa é, não faz o

seu caráter, os valores de uma pessoa não

são pautados pelo sexo, e sim por aquilo que

acreditam e respeitam. Ser mulher já é motivo

para sofrer discriminação, imagine mulher e

lésbica! Desrespeitar e desvalorizar alguém,

humilhando e discriminando em função de sua

orientação sexual, é tratar com desigualdade e

ferir a dignidade do ser humano. Não podemos

aceitar que discriminações/preconceitos

validem e limitem direitos que são essenciais

e fundamentais para a sociedade. O direito

independente de estar na Lei Maior, deve

antes ser importante para o indivíduo e para a

sociedade, deve ser fundamental para o ser

humano. A declaração Universal dos Direitos

Humanos proclama em seu “Artigo 1° “ Todos

os seres humanos nascem livres e iguais em

dignidade e em direitos. Dotados de razão e

de consciência, devem agir uns para com os

outros em espírito de fraternidade.”

Infelizmente o Brasil está entre os países em

que há o maior número de assassinatos por

orientação sexual. Pelo menos um a cada 28

horas, e mais de 90% deles motivados pela

homofobia., que é a aversão e o preconceito

aos homossexuais. É preciso respeitar essa

minoria, dar espaço para elas falarem, parar

com o massacre duplo que sofrem (mulher e

lésbica), parar de achar que a

heterossexualidade é obrigatória, mostrar aos

homens que elas não são ameaças ao seu

patriarcado, e que ser lésbica não é modinha.

Perseguir e marginalizar as lésbicas com a

intenção de calá-las não vai fazer com que o

problema desapareça. Lésbicas contribuem

para a sociedade tanto quanto qualquer outra

pessoa. A ONU reconhece o dia da

visibilidade lésbica., criou a campanha “Livres

e Iguais” que destaca a importância do apoio

familiar para as pessoas LGBT, conscientiza

sobre o preconceito e luta por uma sociedade

mais justa. É preciso que os casais LGBT

tenham uma legislação que lhes garanta os

seus direitos, vamos legitimar o que já é

jurisprudência.

A dignidade da pessoa humana só está

garantida quando direitos fundamentais como

liberdade e igualdade estão protegidos,

garantidos, e, principalmente respeitados, pelo

Estado que deve zelar e cuidar de seus

cidadãos, e pela sociedade que deve ter um

olhar de igualdade e sem preconceito com o

ser humano independente de sua orientação

sexual

.e-mail: [email protected]

Mariene Hildebrando

O direito das minorias

Hugo Nigro Mazzill

iJá nos acostuma-mos a ouvir que de-mocracia é governo da maioria. Mas é mais que isso.

Democracia não é apenas o governo

da maioria, e sim da maioria do povo. Isso significa que democracia não é o governo da maioria das elites, nem da maioria das corporações, nem da maioria dos grupos econômicos, nem mesmo da maioria de alguns grupos políticos, que, muitas ve-zes, são aqueles que efetivamente fazem a lei mas nem sempre defendem os interesses da popula-ção.

A democracia legítima não é despótica, pois mes-mo a maioria não pode escravizar a minoria.

A propósito, cabe lembrar o dito que, com humor,

assim define democracia direta: três lobos e uma ovelha votam em quem vai ser o jantar; e democracia representativa: as ovelhas elegem quais serão os lobos que vão escolher quem será o jantar.

A democracia moderna é mais do que apenas uma vontade majoritária. É o governo que se faz de a-cordo com a vontade da maioria do povo, colhida de maneira direta (plebiscito, eleições) ou de ma-neira indireta (pelo sistema representativo), mas desde que respeitados os direitos da minoria.

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AGOSTO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 7

Crônicas, Contos e Poesia FOME E MISÉRIA

Genha Auga

Homens hoje são como ratos,

Para cada lado que olhamos é o

mesmo fato,

A miséria humana aumentando pelo descaso.

Ironicamente em um país que é quase

O celeiro do mundo e onde povo se solidariza,

Cegamente com futebol e carnaval.

E, cada vez mais,

O miserável da rua vira um fato

Invisível e quase normal...

Aqui nos separamos pela classe e pela cor

Não importa se é criança, jovem ou idoso,

Dá-se importância pelo seu mau cheiro

E falta de dentes e de rosto

Para eles, não há espaço para amor.

O bom jantar de quem cuida,

Dessa falta de cuidado,

São fartos e com nosso dinheiro regado.

Mas, dizem que a fome faz sublimar,

Que é melhor passar fome do que desperdiçar.

Quem diz isso, não tem filhos em casa,

Sem ter nem a sobra do almoço para jantar,

Não são religiosos que tem propósitos para jejuar,

São miseráveis que olham

Pra quem desvia o olhar.

Da fome dessa gente revirando lixo,

É criança sem futuro que vai virar bandido.

São nossos, e eleitos por nós,

Os políticos!

E quem come, sabe reclamar que na sua calçada,

Esse faminto, seu imóvel irá desvalorizar.

Essa tirania de egoístas faz a contramão dos fatos

Pois pra ser miserável, tem que morar do lado do rico.

Ironicamente vivem desse lixo,

Porque nem lixo, eles se dão ao luxo de ter.

Nosso país tem gente ganhando sem nunca ter traba-

lhado,

Muito menos estudado.

E, quem passa fome, nem teve essa oportunidade.

Ainda veja bem o fato

De que a gente que teve e se empenhou

Nessa oportunidade,

Hoje está fadado a viver

Cada vez mais com dificuldade.

Se ainda não pensou nisso,

Conte e guarde seu dinheiro.

Ainda dá tempo de ter essa

Infeliz experiência,

Morar na rua e não ter o que comer!

Seu endereço ainda pode ser:

www.fome@miserável.pontocom.br

Passar fome dói! Pense nisso.

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CÉREBRO PROCESSANDO FELICIDADE

Chega um momento na vida que o cérebro

precisa processar, priorizar o tempo, senti-

mentos e pessoas. Como fazer isso? Será

que conseguimos?

Nosso tempo é relativo, depende do tanto

que dedicamos às coisas que por muitas

vezes são prioridades na vida e as pessoas

que nem sempre são as que ocupam com

qualidade nosso tempo.

O que queremos de fato? Responder a essa

pergunta será realmente o primeiro passo

para o cérebro digitalizar e corrigir, aprofun-

dar e ter nossa assinatura na decisão da

felicidade que buscamos.

Pensar: vamos e fazemos porque não tem

outro jeito ou, pensar e fazer de outro jeito o

que de fato gostaríamos.

Exemplos: Por que o natal tem que ser

sempre do mesmo jeito? Muitas pessoas

nem gostam de passar o natal com quem

nem realmente amam e, se realmente as

amam, porque não fazer isso durante o a-

no? Natal não é obrigatório. Natal é uma

história bonita e dos cristãos, mas, se não

praticamos o ano todo, que sentido há, em

só no natal, nos abraçarmos?

Desejar levar a vida que escrevemos, não é

“carma” ou sorte, e sim o que fazemos e o

que fizemos. Cultura não tem código genéti-

co, não passa pelo sangue e sim irá escor-

rer pelo sangue da vida com o empenho e

vontade de tê-la. Nosso “Curriculum Vitae” é

feito de cultura, hábitos e vontades.

Ah! Mas o cérebro processa a má fé da

gente com a gente mesmo, quando nos per-

guntamos: Por que não fui feliz no casa-

mento? Porque não encontrei a pessoa cer-

ta.... Mas, quem foi o roteirista dessa cena e

a quem demos o papel de protagonista?

Se errarmos, pensemos que isso é um pro-

cesso criador porque antes de nos dar bem

erramos. O que é preciso e o que quere-

mos? Quanto temos de capacidade para

esse querer?

Mas, não podemos confundir comprar e

consumir com felicidade. Compramos muito,

mas as roupas e objetos não serão nossas

companhias, nas redes soc ia is

“bombamos”, mas na verdade somos pes-

soas apenas esvaziadas, mostrando a vida

social que vivemos em alguns momentos,

mas, esse confessionário nos faz inclusos

pela propaganda sem marcas e, conse-

quentemente por isso as farmácias viraram

lojas de produtos que nos fazem “felizes”...

Gastamos tudo para comprar objetos para

sermos lindos, mostrar nossos talentos, ser-

mos adorados mesmo que como objetos de

consumo. Queremos ser consumidos, chei-

rados como perfumes, mas esquecemos da

dignidade.

Reconstruir-se e ver qual parte nossa temos

que melhorar com menos crenças e mais

esforços e, se não deu certo ainda, é por-

que há muito que lutar, a vida nos desafia,

mas temos que saber qual luta valerá a pe-

na e mudar nossas vidas e, não ficar so-

mente na luta do trânsito, com a família ou

pelas redes sociais. Nossa luta é com o que

somos e o que ainda poderemos ser. Pen-

sar que hoje é nosso primeiro dia de vida e

reinventar-se aproveitando toda oportunida-

de que surgir para Ser e não apenas para

Ter e verdadeiramente sermos felizes junto

de quem realmente queremos e amamos e

não simplesmente tolerando, lutando e re-

clamando cegamente cheios de ódio.

Não é preciso ofender caso não concorde

com o pensamento de quem é contraditório,

pois mesmo que não sejamos donos do uni-

verso, podemos cuidar de nossas vidas e

não tomar o veneno da ira porque ele mata

somente quem prova.

Não basta parecermos felizes e sim sermos

felizes. Para isso é preciso ajustar-se ho-

nestamente consigo mesmo e....

Viver feliz!

Genha Auga – Jornalista mtb: 15.320

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AGOSTO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 8

Sociedade Global

Por que aprender idiomas?

Eu gosto desse assunto sobre aprender no-vos idiomas. E eu recomendo à todas as pes-soas que tente aprender ao menos um idioma de outro país. A globalização é um fato consu-mado, e o português infelizmente não é um idioma popular entre os não lusófonos.

Poderá vir a ser, talvez. Ainda não o é.

O inglês é a língua franca do mundo nos dias atuais, então acaba sendo a primeira língua estrangeira a ser aprendida pela maioria. Es-tando o Brasil na América do Sul, é quase au-tomático que o espanhol seja a segunda lín-gua estrangeira mais procurada pela maioria.

Quase todos os nossos vizinhos têm o espa-nhol como língua oficial.

Para aqueles que têm interesse na Europa, o alemão tem ganhado muito espaço no merca-

do de ensino de idiomas, e o francês ainda se destaca lá.

O francês é uma língua elegante, e se desta-ca também na África, no Canadá, no Caribe e na região do Oceano Pacífico.

O alemão é uma língua de destaque nos ra-mos da ciência e da tecnologia, ao lado do inglês.

Outra língua também elegante, principalmente no mundo da música, é o italiano, também útil na Europa.

Para as pessoas religiosas cristãs praticantes, línguas como o hebraico e o grego, os idio-mas originais do antigo testamento e novo testamento bíblicos, não é investimento perdi-do.

Já foram encontrados diversos erros de tradu-ção na Bíblia e o conhecimento desses dois idiomas supre muitas necessidades de exege-se e hermenêutica bíblicas.

Quem é budista praticante, lhe compensa a-prender sânscrito ou páli.

No contexto do Brasil, principalmente quem é descendente, compensa para muita gente a-prender japonês, pois muita gente vai ao Ja-pão em busca de trabalho.

Adolescentes que gostam de mangás (histórias em quadrinhos japonesas) e animês (desenhos animados japoneses) e música ja-ponesa, também se interessam em aprender essa língua tão diferente do português.

Mas não deixa de ser um grande diferencial no currículo.

Há outras opções destacáveis como o russo, o árabe e o mandarim.

Cada pessoa tem as suas necessidades es-pecíficas. Mas é aconselhável que as pessoas escolham pelo menos um idioma estrangeiro para aprender. Principalmente pela internet, portas se abrem para quem sabe outros idio-mas.

É questão de valorizar o próprio currículo. Am-plia-se a capacidade de comunicação huma-na, permite-se estabelecer vínculos de amiza-des com gente de outros países e outras cul-turas, que nos trazem aprendizado e cresci-mento, nos faz abrir a mente para novas reali-dades.

Eu aconselho às pessoas, experimentem a-prender um novo idioma, cresça pessoalmen-te, encontre novas portas abertas na vida.

João Paulo E. Barros

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A rua e a rede global

José Dirceu, em recente entrevista para um

site argentino, comentou que as ruas são

mais importantes que a "rede".

Não sei se poderíamos concordar com essa

afirmação.

A Rede não só é a nova rua, em certo sentido,

como ela antecipa o que vai ocorrer nas ruas.

Onde nasceram os "coxinhas"?

Na Rede.

E depois tomaram as ruas.

Onde nasceram os movimentos fascistas, co-

mo o MBL e o Vem pra Rua?

Na Rede, e depois tomaram as ruas.

Onde nasceu o impeachment de Dilma?

Na Rede, e depois tomou a rua.

Onde nasceram as "10 Medidas Contra a Cor-

rupção"?

Na Rede e depois saíram - em busca de assi-

naturas e apoio - para a rua.

Onde nasceram - por meio da disseminação

repetitiva e goebbeliana, de mentiras, mitos e

paradigmas - as mais recentes derrotas para

a democracia brasileira?

Na indiferença das lideranças que deveriam

defendê-la na Rede e na mais absoluta inca-

pacidade de reação na internet de modo ge-

ral, que depois se refletiu nas ruas.

No exterior, e com razão - li uma vez, em uma

pichação, em um muro de Berlim: Netz zuerst,

strasse dann ! se diz que o trabalho na Rede -

principalmente no sentido do convencimento e

da mobilização - precede a ocupação - no

sentido da marcação simbólica de território e

de demonstração de apoio da população - do

asfalto.

Onde nasceu - e está crescendo a cada dia -

a candidatura Bolsonaro, mais uma vez sem

nenhuma reação digna de nota, por parte da-

queles que dizem estar preocupados com o

futuro da democracia brasileira?

Para reflexão e debate:

No Facebook - 4.5 milhões de curtidas na

principal página de Bolsonaro (não interessa

se "fakes" ou não) contra menos de 3 milhões

para Lula.

No Google, 458.000 resultados - a maioria ne-

gativos - para Luis Inácio Lula da Silva, contra

980.000 citações para Jair Messias Bolsona-

ro.

No Youtube, 18.600 resultados para Luis Iná-

cio Lula da Silva, contra 19.800 para Jair Mes-

sias Bolsonaro.

Junte-se a isso, 2.900.000 curtidas de Moro

apenas em suas duas principais páginas,

398.000 resultados para Sérgio Fernando Mo-

ro no Google, e 77.000 vídeos para ele no

Youtube, e dá para ter - olavetes, villetes, lo-

betes, somadas - uma ideia aproximada do

recente crescimento do eleitorado de extrema

-direita no Brasil.

MAURO SANTAYANNA

Jornalista

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AGOSTO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 9

E agora José?

ESCOLA SEM PARTIDO E A FALTA DE ENTENDIMENTO SOBRE OS

DIREITOS HUMANOS

O Movimento Escola Sem Partido ingressou na justiça contra o INEP (Instituto de Pesqui-sas Educacionais Anísio Teixeira) alegando que o próprio órgão desrespeita os Direitos Humanos. O Escola Sem Partido afirma que a redação do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) é subjetiva e que força o candidato a “seguir a cartilha ideológica do Plano Nacional de Direitos Humanos”.

Bem, a princípio temos três discussões: 1) Ex-plicar a questão da redação no ENEM e; 2) Discutir a afirmação de que o Plano Nacional de Direitos Humanos constitui-se numa carti-lha ideológica e; 3) Averiguar a possibilidade de o ENEM apresentar uma redação “neutra”.

Novamente faço uso deste espaço para escre-ver sobre o Movimento Escola Sem Partido. Um movimento que já deveria ter morrido, face as suas proposições.

A questão da redação do ENEM e o Escola Sem Partido

A redação do ENEM é avaliada a partir de cin-co critérios. São eles:

Demonstrar domínio da modalidade escrita for-mal da língua portuguesa

Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa

Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista

Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a argumentação

Elaborar proposta de intervenção para o pro-blema abordado, respeitando os direitos hu-manos

O Movimento Escola Sem Partido, através do advogado Miguel Nagib, entende que o item 5 é tendencioso e subjetivo ao forçar o aluno se-guir uma cartilha do governo de inspiração es-querdista. Entendem também que a escola brasileira tem sido um palco de doutrinação marxista usurpando o direito dos nossos alu-nos aprenderem as matérias escolares.

Os critérios da redação acima descritos ser-vem para que os corretores contratados pelo INEP utilizem uma escala de 0 a 200 pontos para construir a avaliação sobre a redação. Porém, ainda que o candidato tenha 800 pon-tos, provenientes dos itens 1 a 4, caso ele des-respeite os direitos humanos, sua redação é zerada.

O Movimento Escola Sem Partido prega uma “neutralização” sobre a redação. Fico pensan-do, o que é ser neutro, diante de uma situação que desrespeita os direitos humanos, como é o caso da violência contra a pessoa, a intole-rância religiosa ou a tortura?

Plano Nacional de Direitos Humanos e o Esco-la Sem Partido

O Plano Nacional de Direitos Humanos (a car-tilha ideológica doutrinadora esquerdista, co-mo aponta o Escola Sem Partido) é um docu-mento que apresenta uma longa discussão so-bre os direitos humanos (de acordo com a De-claração Universal dos Direitos Humanos, de 1948) e indica objetivos estratégicos para atin-gir tais direitos. O documento pode ser conferi-do neste link: https://goo.gl/D7RQkg. Leia-o e tire suas conclusões.

O fato é que o Movimento Escola Sem Partido não é lá muito fã dos Direitos Humanos. Por vezes me pergunto se é falta de estudo ou se é má fé mesmo, a começar pelo seu maior de-fensor Miguel Nagib, que deveria ter maior cla-reza sobre o que são Direitos Humanos, liber-dade, etc.

Nagib questiona o que o Governo Federal en-tende por “direitos humanos”, afirmando que ele “impõe uma série de assuntos controver-sos, como a defesa do direito ao aborto, ques-tões relativas à identidade sexual, à relativiza-ção do direito à propriedade rural e ao controle dos meios de comunicação”. Longe de querer defender algum governo, eu questiono, nova-mente, o que o advogado entende por direitos humanos. Ao ler a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948 e ler o Plano Na-cional de Direitos Humanos eu questiono se realmente não há má fé em suas declarações.

Fica claro que a parte do “Sem Partido” não existe. O que existe é o partido das ideias con-servadoras. Ideias que sobrepõem pressupos-tos cristãos à liberdade do indivíduo.

A redação neutra e o Escola Sem Partido

Em vários momentos é possível identificar no discurso do Nagib, e de seus doutrinados, a suposta “neutralização da escola brasileira”. Novamente chamo a atenção para a impossi-bilidade de ser neutro diante de um problema. Cada indivíduo tem (ou deveria ter) a liberdade de escolher um lado da moeda. Obviamente que quando se fala no professor, o mesmo também deve ter tal liberdade. O que se espe-ra do professor é que ele não imponha seu ponto de vista, mas que se permita que o mes-mo possa emiti-lo.

O Artigo 19 da Declaração Universal dos Direi-tos Humanos NÃO diz que:

Toda pessoa, exceto o professor, tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opi-niões e de procurar, receber e transmitir infor-mações e ideias por quaisquer meios e inde-pendentemente de fronteiras.

Em alguns momentos, Nagib afirma que “O candidato não é obrigado a concordar com a legislação brasileira, ele só não pode incitar ao crime”. Ora, novamente não sei se lhe falta clareza ou sobra má fé, uma vez que não é possível permitir que o candidato apenas não incite ao crime. Novamente convido-o a ler a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Não se pode permitir o racismo, a invasão da privacidade, a tortura ou o trabalho infantil em detrimento de uma “liberdade de expressão”.

Para que você tenha maior clareza sobre os temas das redações do ENEM, segue abaixo a lista desde 1998.

LISTA DOS TEMAS DO ENEM

2016 1º aplicação CAMINHOS PARA COMBA-TER A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NO BRA-SIL

2016 2º aplicação - CAMINHOS PARA COM-BATER O RACISMO NO BRASIL

2015 1º aplicação: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira

2015 2º aplicação: O histórico desafio de se valorizar o professor

2014 Publicidade infantil em questão no Brasil

2013 Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil

2012 O movimento imigratório para o Brasil no século XXI

2011 Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado

2010 O trabalho na construção da dignidade humana

2009 O indivíduo frente à ética nacional

2008 Escolha sobre uma, de três possibilida-des, para manter a “máquina de chuva da A-mazônia” funcionando (não houve propriamen-te um tema, como os outros)

2007 O desafio de se conviver com a diferença

2006 O poder de transformação da leitura

2005 O trabalho infantil na realidade brasileira

2004 Como garantir a liberdade de informação e evitar abusos nos meios de comunicação?

2003 A violência na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo?

2002 O direito de votar: como fazer dessa con-quista um meio para promover as transforma-ções sociais de que o Brasil necessita?

2001 Desenvolvimento e preservação ambien-tal: como conciliar os interesses em conflito?

2000 Direitos da criança e do adolescente: co-mo enfrentar esse desafio nacional?

1999 Cidadania e participação social

1998 Viver e Aprender

O Movimento Escola Sem Partido só atesta a falta de qualidade da escola brasileira. Já que, se a escola brasileira fosse de qualidade (ou tivesse sido em algum momento da história), esse movimento jamais teria nascido.

IVAN CLAUDIO GUEDES Geógrafo e Pedagogo

[email protected] Fontes de consulta:

http://www.rededecontrolems.org.br/noticia/agu-impede-escola-sem-partido-de-obter-liminar-contra-critario-de-correaao-do-enem/1930 https://www.portalabre.com.br/home.php?id=31&artigo_id=6226 http://www.gazetadopovo.com.br/educacao/escola-sem-partido-vai-a-justica-contra-exigencia-de-redacao-do-enem-5oypovvpee7vlh2210iwnwijf http://www.escolasempartido.org/artigos-top/346-por-um-enem-sem-ideologia http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Declara%C3%A7%C3%A3o-Universal-dos-Direitos-Humanos/declaracao-universal-dos-direitos-humanos.html

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AGOSTO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 10

Cultura Musical Grandes figuras da música ocidental

VI - Wagner

Falamos no artigo passado sobre Mahler que soube se aproveitar do crescimento monu-mental da música sinfônica do séx XIX e trou-xe para o séc. XX ideias que modificaram o pensamento da música sinfônica.

Mas curiosamente um dos compositores que mais contribuíram para o crescimento da or-questra foi um compositor de óperas. Richard Wagner (1813-1883)

Wagner foi uma das personalidades artísticas mais polêmicas e criativas da História.

Além de compositor ele era escritor, poeta, inventor e empreendedor.

A maioria dos compositores líricos (que com-põem ópera) tem a colaboração de um esc-ritor/poeta que escreve o libretto que é o texto que conta a história e que é cantado pelos personagens.

Wagner foi um dos únicos casos na História da ópera que escreveu seus próprios librettos.

Ele se baseava em histórias escritas por ou-tros autores, por lendas nórdicas, cristãs, e mesmo esotéricas e criou marcos importantís-simos na história da arte.

A ópera é um espetáculo onde uma história é contada através da música e do teatro. Tradi-cionalmente ela é montada em um teatro on-de os cantores, atores e bailarinos ficam no palco e a orquestra fica no fosso. Um lugar reservado abaixo do palco onde ficam os mú-sicos e o regente. Num teatro normal de ópe-ra o público enxerga parte da orquestra e o maestro. Wagner se incomodava com isso. Ele queria que a pessoa entrasse numa sala

de espetáculo escura e a única coisa que ela visse era o palco, e a atuação dos persona-gens. A música deveria ser apenas ouvida e não vista. Quase como um cinema hoje em dia! Ele foi um visionário e projetou um teatro onde o fosso da orquestra ficasse por baixo do palco, numa inclinação tal que a orquestra não é vista em nenhum ponto do teatro. Esse teatro fica em Bayreuth na Alemanha: https://www.bayreuther-festspiele.de/ onde acontece anualmente um festival das óperas do compo-sitor, com ingressos concorridíssimos, com-prados com anos de antecedência.

Wagner também inovou em iluminação e efei-tos cênicos. Além de ter inventado alguns ins-trumentos para a própria orquestra.

Tudo isso já seria monumental para a carreira de um homem só não fosse a revolução que ele causou na ópera, ou drama musical, como ele preferia que fosse chamado.

A ópera, especialmente a italiana, era com-posta por números, como se fosse divida em canções (árias), números de conjuntos, balés, uma sequencia de músicas que tinham um começo e um fim, e que contavam a história com pausa entre eles. Wagner queria que o espetáculo não parasse, que fosse hipnoti-zante. Ele criou então a música contínua, a história é contada na sequencia, como numa peça de teatro, mas não há “canções" ou “números musicais”, nem espaço para aplau-sos ou qualquer outra interrupção dentro de um ato.

Falar sobre a obra de Wagner exige muito mais que um artigo, mas vamos destacar al-guns marcos importantes.

As óperas que podemos destacar compostas por Wagner em ordem cronológica

Der fliegender Höllander - O Navio Fantasma (ou o Holandês Voador) - 1840-41

https://youtu.be/b9b97PZUykE

Tannhäuser - 1842-45

https://youtu.be/kl7oUK3sMQo

Lohengrin - 1850

https://youtu.be/VXwSV0sjYzg

Der Ring des Nibelungen - O anel do Nibe-lungo - Sua mais ambiciosa obra. Uma sa-

ga em quatro óperas:

1. Das Rheingold (O ouro do Reno) - 1853–54 - https://youtu.be/3ZP-yXsNV2E

2. Die Walküre (A Valquíria) - 1854–56

https://youtu.be/hnKxz5PBr8M (Atos I e II) https://youtu.be/SfcEfYN6PjU (Ato III)

3. Siegfried (Siegfried) - 1856–71

https://youtu.be/7Y2-aiKrvAw (Atos I e II); https://youtu.be/uOjBYl7l1qw (Ato III)

4. Götterdämerung (Crepúsculo dos deuses) - 1869–74

https://youtu.be/ifPEx6rAFFs (Prólogo e Ato I) https://youtu.be/--8oJoiM9_k (Ato III)

Tristan und Isolde - Tristão e Isolda - 1857–59 https://youtu.be/IdjFBW-S3z0

Die Meistersinger von Nürnberg - Os mestres cantores de Nuremberg 1845-67

https://youtu.be/6tG9lOL_1Xk

Parsifal - Parsifal - 1877-1882

https://youtu.be/3F4pm8LUZZc

O grande diferencial da obra de Wagner como um todo é a escolha dos argumentos, objeto de discussão até hoje. Histórias irreais, cheias de simbologia, e por isso abertas a muita dis-cussão e especulação.

Sendo ele mesmo o escritor de seus libretos foi alvo de muita crítica na área política e filo-sófica.

Com acusações de todo o tipo, desde anti-semita a envolvimento com o surgimento da esquerda, o que o fez ser exilado da Alema-nha por muito tempo. Ao mesmo tempo Hitler adorava sua música e por causa das acusa-ções de anti-semitismo de Wagner usou a música de Wagner para promover o Nazismo. Isso tudo gera discussão sobre a obra de Ri-chard Wagner até hoje. Até hoje há fanatismo em volta do compositor, de um lado e de ou-tro, de amor e ódio.

Daniel Baremboim, um regente argentino de origem judaica, foi o criador junto com xxxxx da orquestra DIVAN - WESTERN - EASTERN http://www.west-eastern-divan.org/, uma or-questra que abriga músicos israelenses e pa-lestinos, várias vezes executou obras de Wagner e é um dos israelitas defensores do compositor. Mesmo assim é alvo de protestos em Israel.

Há um artigo em inglês na Wikipedia sobre as polêmicas que Wagner se envolveu e que são assuntos de discussão até hoje, vale a pena conhecer o artigo:

h t t p s : / / e n . w i k i p e d i a . o r g / w i k i /Wagner_controversies

Abraços musicais

Mto. Luís Gustavo Petri

Rádio web CULTURAonline Brasil

NOVOS HORÁRIOS e NOVOS PROGRAMAS

Prestigie, divulgue, acesse, junte-se a nós !

A Rádio web CULTURAonline Brasil, prioriza a Educação, a boa Música Nacional e programas de interesse geral sobre sustentabilidade social, cidadania nas temáticas: Educação, Escola, Professor , Família e Sociedade.

Uma rádio onde o professor é valorizado e tem voz e, onde a Educação se discute num debate aberto, crítico e livre. Mas com responsabilidade!

Acessível no link: www.culturaonlinebrasil.net

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AGOSTO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 11

Saiba como ver o eclipse solar sem machucar os olhos

Foto: India.com

Em pouco menos de um mês, no dia 21 de agosto, mais de 300 mi-lhões de pessoas dos Estados Unidos terão a rara oportunidade de ver um eclipse total do sol. Ele acontecerá de costa a costa, do oeste ao leste, atravessando uma faixa de mais de 110 quilômetros do esta-do de Oregon até a Carolina do Sul.

Mais

Os espectadores poderão observar este raro momento em que a Lua cobrirá completamente o círculo visível do Sol durante no máximo 2 minutos e 40 segundos. O eclipse demorará uma hora e meia para atravessar o céu, a partir da costa do Pacífico, onde começará às 10h15 EST e irá até às 14h45 EST.

Embora outros eclipses solares já tenham ocorrido, espera-se que es-te seja o mais fotografado e filmado.

Mais

“Este é um evento geracional. Será o mais documentado e o mais ad-mirado da história,” assegurou a cientista da NASA Madhulika Guha-thakurta em declarações citadas pela EFE.

São da NASA as recomendações para que os curiosos e amantes da ciência protejam a visão ao contemplar o fenômeno, que provavel-mente será único em suas vidas.

– Usar óculos de sol. Eles devem incluir a norma internacional ISO 12312-2, junto com o nome e o endereço do fabricante no produto, sinais que comprovam que ele é autêntico e confiável. Antes de olhar diretamente para o Sol, os olhos devem ser cobertos com os óculos ou com um visor solar. Depois, deve-se virar na direção oposta e reti-rar o filtro.

– O único momento em que se pode observar o Sol sem o filtro solar é durante o eclipse total. Quando a Lua o cobrir completamente e tu-do escurecer, é seguro retirar o filtro, mas assim que a luz do Sol vol-tar a aparecer, coloque imediatamente o visor solar para observar a parte restante do eclipse, enquanto o Sol vai sendo parcialmente des-coberto.

– Nunca olhar diretamente para o Sol não eclipsado ou parcialmente eclipsado através de uma câmera, telescópio, binóculos ou outros dis-positivos similares sem filtro, pois os intensos raios solares que pas-sam por estes dispositivos podem causar danos significativos aos o-lhos.

– Não se deve usar lentes com mais de 3 anos de idade, ou que te-nham sido riscadas ou amassadas.

– Uma máscara usada por soldadores, com um filtro de 14 ou mais escuro, também seria eficaz, mas nem todas cumprem este padrão, por isso é importante verificar antes de usar.

– Outra opção é criar um projetor com uma caixa de cereal, um peda-ço de papel branco e um pouco de papel alumínio. A explicação em inglês está disponível aqui.

– Quase 5 mil bibliotecas norte-americanas estão distribuindo óculos para ver o eclipse. Para quem estiver nos Estados Unidos, vale a pe-na verificar se há alguma perto de você.

Se você não está na região do eclipse, não se preocupe: a NASA transmitirá o evento pela Internet, usando câmeras espalhadas pelos Estados Unidos, juntamente com outras presentes em aviões de gran-de altitude e a bordo da Estação Espacial Internacional.

Benito Kozman

Curiosidades

Na terra da pizzas e gelatos, como os italianos conseguem se manter o povo mais magro do

ocidente?

Os italianos não só prezam pela qualidade dos alimentos, como tam-bém prezam pela qualidade de tempo para apreciá-los.

Os italianos não só prezam pela qualidade dos alimentos, como tam-bém prezam pela qualidade de tempo para apreciá-los.

Mais

É difícil falar da Itália sem pensar nas deliciosas e tradicionais massas frescas, pizzas, gelatos e lasanhas que ganharam fama mundo afora.

Apesar de o nosso imaginário sobre o país remeter às "mamas" re-chunchudas na cozinha com o batido avental branco, o que dá a en-tender que o país das massas e vinhos incríveis é um país de obesos, os italianos são magros e muito saudáveis.

A Itália é o terceiro país que apresenta a menor taxa de obesidade de todo o mundo, e só perde para os orientais Coreia do Sul e Japão. De acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvi-mento Econômico), a taxa de obesidade da população adulta é de 9,8% -- bem diferente da taxa dos Estados Unidos, onde 38,2% da população é obesa. No Brasil, mais da metade dos adultos (54,1%) estão com sobrepeso, sendo 20% deles obesos.

Ironicamente, algumas das comidas preferidas dos americanos (e dos brasileiros) são pizza e massas. Então, o que explica o inventor des-sas obras primeira ser um país de magros e os que "replicam" suas receitas não terem o mesmo destino?

Para início de conversa, as pizzas que tanto conhecemos e adoramos (principalmente os paulistanos) não têm nada a ver com a tradicional -- está mais para a pizza americana. Com bordas recheadas, tama-nhos gigantescos, muito recheio processado e massa bem grossa, as pizzas brasileiras são uma explosão calórica, enquanto na Europa, a pizza é mais "delicada", com massa fina, recheios moderados e fres-cos.

Os alimentos frescos, por exemplo, são um dos motivos que ajudam a manter as silhuetas dos italianos. Regra máxima de uma tradicional família italiana é comprar alimentos naturais, frescos, diretos de pro-dutores em feiras a céu aberto ou em mercadões.

Não é difícil encontrar um mercado de produtores locais em qualquer cidade na Itália. "Apesar da cozinha italiana ser reconhecida no exte-rior por seus pratos bem calóricos, nossa dieta tradicional é a Mediter-rânea (rica em frutas e vegetais)", disse a repórter especializada em alimentação e comida do HuffPost Itália, Silvia Renda.

Luiza Belloni

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AGOSTO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 12

Datas comemorativas

01 - Dia Nacional do Selo

12 - Dia Internacional da Juventude

Esta data homenageia a emissão do primeiro selo postal pelos Correi-os brasileiros, em 1º de agosto de 1843.

O Brasil é conhecido como o segundo país do mundo a aprovar o uso de selos postais nas correspondências, sendo antecedido apenas pe-la Inglaterra (criadora do sistema de selos postais).

Os selos postais foram criados numa tentativa de evitar prejuízos com a devolução das correspondências. Antigamente, o pagamento das cartas era feito pelos destinatários, caso este não aceitasse a corres-pondência, o Correio ficava no prejuízo.

O diretor do sistema de correios de Londres, Rowland Hill descobriu que as pessoas utilizavam códigos secretos nos envelopes para se comunicar com outras pessoas, sem a necessidade de receber a car-ta e, consequentemente, sem precisar pagar por ela.

Com a chamada “reforma postal”, em 3 de dezembro de 1839, a In-glaterra emitiu o primeiro selo postal, fazendo com que o remetente tivesse que pagar o envio da carta antecipadamente, evitando prejuí-zos para o sistema de correios.

O primeiro selo inglês se chamava “Penny Black”, enquanto que os brasileiros ficaram conhecidos por “Olho-de-boi”.

A data tem o objetivo de conscientizar a sociedade brasileira sobre a importância da educação sanitária, despertando na população o valor da saúde e dos cuidados para com ela.

O Dia da Saúde também serve para homenagear e recordar a vida e o trabalho de Oswaldo Cruz, um dos principais responsáveis pelas erradicações de perigosas epidemias que acometiam o Brasil no final do século XIX e começo do século XX.

O principal propósito desta data é lembrar a importância da conscien-tização sobre a inclusão dos povos indígenas nos direitos humanos, sendo que muitas vezes são marginalizados ou excluídos.

Outra finalidade é garantir a preservação da cultura tradicional de ca-da um dos povos indígenas, como fonte primordial de sua identidade.

O Dia Internacional dos Povos Indígenas ainda presta homenagem a todas as contribuições culturais e sabedorias milenares que esses po-vos transmitiram para as mais diversas civilizações no mundo.

De acordo com o senso demográfico de 2010, no Brasil existem mais de 800 mil indígenas, representando aproximadamente 305 etnias di-ferentes, com cerca de 274 línguas indígenas.

Esses dados mostram que no Brasil ainda existe uma cultura indígena muito forte e que deve ser preservada. No entanto, lamentavelmente neste Governo Ilegítimo, o que temos visto é o assassinato em série dos indígenas.

A data celebra uma atividade básica dos cidadãos, responsável pela busca por conhecimento, através do estudo constante sobre todas as coisas que rodeiam e fazem parte da humanidade e do universo.

Uma boa educação e ensino escolar ajudam a formar uma sociedade sólida e com senso crítico apurado para solucionar crises, além de formar profissionais qualificados.

Origem do Dia do Estudante

Tudo começou em 11 de agosto de 1827, quando o Imperador D. Pe-dro I instituiu no Brasil os dois primeiros cursos de ensino superior do país, nas áreas de ciências jurídicas e ciências sociais, nas cidades de São Paulo e Olinda.

O Dia do Estudante de Direito, no entanto, é comemorado em 19 de maio no Brasil, por ser o mesmo dia de Santo Ivo, o padroeiro dos ad-vogados. Antes, quem quisesse fazer um curso de nível superior tinha

que ir para a Europa.

Na comemoração dos 100 anos do curso de Direito, em 1927, Celso Gand Ley, um dos participantes da celebração, propôs que o dia 11 de agosto ficasse registrado como o Dia Nacional do Estudante.

O principal objetivo desta data é focar na educação e conscientização dos jovens sobre a responsabilidade que assumem como represen-tantes do futuro do planeta.

O Dia Internacional da Juventude foi criado, originalmente, através da resolução 54/120, por iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1999, como consequência da Conferência Mundial dos Mi-nistros Responsáveis pelos Jovens, em Lisboa, Portugal.

A Assembleia Geral da ONU decretou o ano de 2010 como “Ano Inter-nacional da Juventude”, período em que foram debatidos diversos as-suntos relacionados com o tema “Diálogo e Compreensão Mútua”.

Atualmente, por meio do Programa Mundial de Ação para a Juventu-de, a ONU incentiva ações políticas e diretrizes que ajudam a apoiar a melhoria na qualidade de vida dos jovens de todo o mundo.

A data celebra as atividades artísticas, que podem abranger diversas áreas, como o teatro, o cinema, a literatura, o circo, a pintura e etc. A lista pode ser mesmo bastante grande!

De acordo com a legislação brasileira, o artista é o profissional que "cria, interpreta ou executa obra de caráter cultural de qualquer natu-reza, para efeito de exibição ou divulgação pública, através de meios de comunicação de massa ou em locais onde se realizam espetáculos de diversão pública".

O artista usa de toda a sua imaginação, criatividade e talento para e-mocionar, chocar ou mesmo registrar momentos importantes da histó-ria da humanidade. A arte nasceu com o homem e permanecerá após a sua morte.

A fotografia é uma das invenções mais extraordinárias da história da humanidade e que revolucionou a sociedade a partir de meados do século XIX, assim como a cultura, a economia, as arte e etc.

Origem do Dia Mundial da Fotografia

A escolha do dia 19 de agosto para celebrar esta data é uma homena-gem a invenção do daguerreótipo, o antecessor das câmeras fotográ-ficas. Foi em 19 de agosto de 1839 que a Academia Francesa de Ci-ências anunciava mundialmente a nova invenção.

Este aparelho foi desenvolvido pelo francês Louis Daguerre, em 1837, graças aos estudos de Joseph Niépce, que havia criado a héliographie alguns anos antes.

Em 1839 também foi inventado o calótipo, um outro sistema de captu-ra de imagens, criado por William Fox Talbot. Por causa dessas incrí-veis invenções, 1839 se consagrou como o Ano da Invenção da Foto-grafia.

O principal objetivo desta data é homenagear os profissionais que se dedicam a estudar e conhecer sobre a história das civilizações e co-munidades. A criação do Dia do Historiador foi oficializada a partir do Decreto de Lei nº 12.130, de 17 de dezembro de 2009. A escolha do dia 19 de agosto é uma homenagem a data de nascimento de Joaquim Nabuco (1849 - 1910), um dos historiadores mais icônicos do país, responsável por ser um dos fundadores da Academia Brasi-leira de Letras. Joaquim também ficou conhecido por ser um dos mai-ores abolicionistas do país.

Fonte: Callendar

05 - Dia Nacional da Saúde

09 - Dia Internacional dos Povos Indígenas

11 - Dia do Estudante

12 - Dia Nacional das Artes

19 - Dia Mundial da Fotografia

19 - Dia do Historiador

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AGOSTO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 13

Globalização x Educação

A Educação no Contexto da Globalização

Prof. Elian Alabi Lucci

(autor de livros didáticos)

A globalização econômica é um processo que ocorre em ondas, com avanços e retrocessos separados por inter-valos que podem durar séculos. Para um certo número de estudiosos, a primeira onda globalizante se deu por ocasião da ascensão do Império Romano. Enquanto os gregos se dedicavam à filosofia em suas cidades-estados e ilhas, os romanos articula-vam seu sistema legal, difundiam o uso da moeda e pro-tegiam o comércio contra as investidas dos piratas. Com a queda do Império Romano, acabou ocorrendo uma feudalização política e comercial, pondo fim ao primeiro movimento de globalização. A segunda globalização se deu nos séculos XIV e XV, com o ingresso do mundo ocidental na era dos grandes descobrimentos marítimos. Mas o grande surto do co-mércio internacional, com a abertura comercial para o Oriente, foi frequentemente interrompido por guerras religiosas e dinásticas das monarquias europeias. Foi nesse período que, pela primeira vez, se falou verdadei-ramente em globalização da economia. Segundo S-chumpeter (History of Economic Analysis, 1954, p. 85), isso coube ao Arcebispo de Florença, S. Antonino (1439), que na sua Suma Teológica, em que tratava de ética e economia, propôs uma economia moderna con-cebida globalmente e cujo objetivo mais importante era, sem dúvida, promover a justiça social. No tocante à pro-priedade, Antonino diz que o destino universal dos bens é um direito natural e, portanto, inalienável a que todos temos direito.

"Schumpeter ha escrito sobre Antonino de Florencia que ‘probablemente se trate del primer autor que debamos una

aproximación global a la economia en sus distintos aspectos esenciales’. Es este, sin duda, un gran homenaje para un

dominico que se convertiría en arzobispo de Florencia y escri-biria una Suma Teológica de la que ha podido un auténtico

tratado de economia de factura asombrosamente moderna."

LAUBIER, Patrick de. Hacia la civilizacion del a-

mor. Madrid, Rialp, 1993, p.71 A própria economia social de mercado, defendida pela China hoje, teve origem, segundo Schumpeter e outros economistas e cientistas sociais, nas tentativas de Anto-nino de promover regulações de caráter ético, quanto aos preços em economia. A terceira globalização se daria mais recentemente, no século XIX, no final das guerras napoleônicas. Ainda nesse século, o liberalismo sobrepujou o mercantilismo e começou a ganhar espaço a democracia política. Mas essa nova onda globalizante sofreria uma abrupta inter-rupção com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). A quarta e atual globalização passou a ocorrer logo a-pós a Segunda Guerra Mundial e se acelerou bastante com o colapso do socialismo em 1989-1991. Essa reto-mada da tendência à globalização é caracterizada pelo aparecimento de organizações internacionais (ONU, Gatt - substituído pela OMC, Bird etc), pela formação de blocos regionais, como o Mercado Comum Europeu (atual UE-União Européia), pelo enorme surto de expan-são das empresas multinacionais, pelo crescimento do comércio internacional e pela interligação dos mercados financeiros, possível graças à revolução da telemática. Com o colapso do socialismo, reduziram-se as barreiras comerciais e aumentou o fluxo de investimentos para a Europa Oriental. A China começou a abrir-se comercial-mente a partir de 1978, sendo, atualmente, o segundo país que mais absorve capitais estrangeiros, só perden-do para os EUA. Nota-se, cada vez mais, que a grande

clivagem entre o capitalismo e o socialismo parece, em retrospecto, uma "guerra civil" dentro do Ocidente, uma vez que tanto o liberalismo quanto o marxismo são cria-ções da cultura ocidental. O marxismo chinês e o de outros países asiáticos possuem características culturais próprias. Daí podermos dar razão a Samuel Huntingthon - diretor do Instituto de Estudos Estratégicos da Univer-sidade de Harvard e autor de The Clash of Civilizations and the Remaking of World Order - quando diz que os futuros conflitos não serão mais entre sistemas socioe-conômicos, mas entre civilizações.

"Após a Guerra Fria, a política mundial deixou de reger-se por posturas ideológicas; agora se realiza segundo pautas

culturais. A maior fonte de conflitos internacionais não será o

enfretamento ideológico, mas o choque de civilizações."

HUNTINGTHON, S. Aceprensa (Pensamiento), Madrid, junho de 1997, p. 2 O atual processo globalizante tornou-se muito mais rápi-do, mais intensamente acelerado, com a revolução nas comunicações e mesmo com o maior avanço dos meios de transportes em geral. Também tornou-se mais abran-gente, envolvendo não só comércio, produção e capi-tais, mas também serviços, arte, educação etc. Não sem razão, esse processo tem causado muito mais apreen-são do que entusiasmo. A globalização em sua fase atual teve uma contribuição importante dos japoneses com o conceito de "just in ti-me", aplicado à produção, sobretudo industrial. Com o "just in time", começaram a surgir vários conceitos, co-mo: reengenharia, "downsizing", terceirização e qualida-de total. A reengenharia, criação dos anos 90, trouxe alterações na atividade industrial que contribuíram para acelerar o processo de desemprego em massa nos países industri-ais e que vem atingindo também os países ditos emer-gentes. A Importância da Educação Com o advento da quarta globalização, que para muitos se confunde com uma nova era, a do conhecimento, a educação é tida como o maior recurso de que se dispõe para enfrentar essa nova estruturação do mundo. Dela depende a continuidade do atual processo de desenvol-vimento econômico e social, também conhecido como era pós-industrial, em que notamos claramente um de-clínio do emprego industrial e a multiplicação das ocupa-ções em serviços diferenciados: comunicação, saúde, turismo, lazer e informação.

O maior recurso - a educação "Através da história e em virtualmente toda a parte da Terra, os homens viveram e multiplicaram-se, criando alguma forma de cultura. Sempre e em toda parte encontraram seus meios de subsistência e algo para poupar. Civilizações foram ergui-das, floresceram e, na maioria dos casos, declinaram e pere-ceram. Este não é o lugar para examinar porque pereceram; podemos dizer, porém, que deve ter havido alguma falta de

recursos. Na maioria dos casos, novas civilizações desponta-ram, no mesmo terreno, o que seria assaz incompreensível

se apenas os recursos materiais tivessem falhado antes. Co-

mo teriam podido reconstituir-se tais recursos? Toda a história - assim como toda a experiência atual - apon-ta para o fato de ser o homem, e não a natureza, quem pro-porciona o primeiro recurso: o fator-chave de todo o desen-

volvimento econômico brota da mente humana. Subitamente, ocorre um surto de ousadia, iniciativa, invenção, atividade

construtiva, não em um campo apenas, mas em muitos cam-pos simultaneamente. Talvez ninguém seja capaz de dizer de onde isso surgiu, em primeiro lugar, mas podemos ver como se conserva e até se fortalece: graças a vários tipos de esco-las, por outras palavras, pela educação. Numa acepção bas-

tante real, por conseguinte, podemos afirmar que a educa-

ção é o mais vital de todos os recursos." SCHUMACHER, E.F. O negócio é ser pequeno. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1983, p. 67 Lester Thurow, ex-diretor do Instituto de Tecnologia de Massachussets e coordenador do Instituto Ásia-Pacífico, disse em São Paulo, em julho de 1997: "adaptado à no-va ordem estará o país que, aberto à competitividade global, realize gigantescos investimentos em educação, já que a maior riqueza nacional passou a ser a mão-de-

obra qualificada." Tudo leva a crer que no século XXI, a principal atividade "industrial" será o turismo. Com a redução das jornadas de trabalho na maior parte do mundo industrializado ou "ex-industrializado" e a idade avançada de seus habitan-tes, até pelo menos durante o período de reposição da população, o que as pessoas farão com o seu tempo disponível? Vão fazer mais viagens e irão em busca de mais entretenimento. A arte também, nesse processo de mudanças, passará a ter um papel mais importante do que teve até agora, uma vez que o tipo de profissional exigido no século XXI será o homem "global". Esse homem "global" terá por obrigação estudar durante toda a vida para se manter atualizado e membro da so-ciedade do conhecimento. Aprendendo a aprender "Educação básica significa tradicio-nalmente, por exemplo, a capacidade de efetuar multiplica-ções ou algum conhecimento da história dos EUA. Mas a

sociedade do conhecimento necessita também do conheci-mento de processos - algo que as escolas raramente tenta-ram ensinar. Na sociedade do conhecimento, as pessoas

precisam aprender como aprender. Na verdade, na socieda-de do conhecimento as matérias podem ser menos importan-tes que a capacidade dos estudantes para continuar apren-

dendo e que a sua motivação para fazê-lo. A sociedade pós-capitalista exige aprendizado vitalício. Para isso, precisamos de disciplina. Mas o aprendizado vitalício exige também que

ele seja atraente, que traga em si uma satisfação."

DRUCKER, P. Sociedade pós-capitalista. São Paulo, Pioneira, 1995, p.156

Quanto às mudanças na educação, além do novo enfo-que exigido sobretudo em ciências sociais, do ponto de vista da pedagogia global, será preciso trabalhar mais com a informalidade, que por sua vez, só pode ser al-cançada através da pedagogia da alegria e da positivi-dade, cujos principais representantes são Georges Sny-ders (Alunos felizes) e Francisco Gomes de Matos (Pedagogia da positividade). Um dos caminhos, dentre muitos, para a informalidade do ensino é o lúdico. Por que o lúdico? Usando uma terminologia psicanalíti-ca, o lúdico pode ser considerado um "material auxiliar expressivo", isto é, faz parte da terapêutica para a cura de muitos males do ensino. Desses males, o maior de-les é o que nos lembram o grande poeta grego Píndaro (500 anos a.C.) e São Tomás de Aquino (século XIII): "o homem é um ser que esquece". Assim , ele precisa ser constantemente lembrado, principalmente do essencial, uma vez que o acidental o homem sempre traz na lem-brança. O homem é um ser que esquece "Se perguntássemos à milenar tradição do pensamento pelos fundamentos filo-sóficos da Educação, os antigos dar-nos-iam esta sen-tença - tão simples - para meditar: "O homem é um ser

que esquece!" No Ocidente, já entre os gregos (de Hesíodo a Aristóte-les, de Safo a Platão), encontramos um extraordinário papel dado à memória (por vezes personificada

em Mnemosyne), na educação.

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AGOSTO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 14

Cultura simbólica

IMPORTÂNCIA DA CULTURA SIMBÓLICA NA ALTA CULTURA

Loryel Rocha

Se ao falarmos em CULTURA pensássemos em CULTIVO muitas violências e ignorâncias seriam evitadas. Há 2 tipos de CULTIVO: o do CORPO e do ESPÍRITO/ALMA. Por conse-guinte, a CULTURA ( a ALTA CULTURA) é o Cultivo Simultâneo do Corpo e do Espírito, mas, não como opostos polares, emblema por excelência das oposições máximas e irredutí-veis, mas, sim como opostos polares comple-mentares. “Os opostos polares complementa-res não são apenas as extremidades de uma escala, mas as matrizes de uma harmonia […] Entre esses dois planos, separados por muitos “mundos”, deve haver necessariamente muitas transições e atenuações” (Olavo de Carvalho). Esses dois planos (do Corpo e do Espírito) es-tão conectados por “cima”, podem estar em “analogia”.

Na Simbólica das Tradições Espirituais um símbolo não tem jamais o mesmo significado quando considerado em planos diferentes de realidade, por exemplo, o coração do homem e o coração do Sagrado Coração de Maria. O que estabelece a analogia é o fato de ambos os entes (o coração) estarem ligados a um mesmo princípio. Assim, entre o Corpo e o Es-pírito há muitos “mundos” e é preciso, portan-to, analogias para subir da percepção sensível ( Corpo) à apreensão da essência espiritual (Espírito), ou seja, ir do visível ao invisível, ir da Natureza à Graça e, vice-versa. A escada das analogias é uma espécie de Escada de Jacó, nos degraus do Paraíso de Dante, tran-sitando em todas as Hierarquias do Conheci-mento Espiritual.

A CULTURA SIMBÓLICA, por meio das analo-

gias, visa transpor esse hiato de oposição po-lar para atingir um Conhecimento vivido e con-creto do universal. O SÍMBOLO é o elo perdi-do entre o mundo dos sentidos e os conceitos universais. A CULTURA SIMBÓLICA ao iniciar investigações de Solve et Coagula, ou seja, pela alternância alto-baixo (materializada na fórmula alquímica “A Materialização do Espíri-to e a Espiritualização da Matéria”), universal-particular , realiza em modo constante a subi-da e a descida das analogias da Escada de Jacó e ela constitui TODO o objetivo da edu-cação espiritual, sendo portanto, fundamental e substancialmente, uma DISCIPLINA DA AL-MA.

Assim, uma CULTURA que não eduque o Cor-po e o Espírito os fazendo relacionar e intera-gir por meio das analogias é um simulacro de cultura. Eis o que se chama “cultura de mas-sa”, onde desaparece o Ser Humano com toda a fenomenalidade que o envolve em dialética simbólica com o Cosmos. Eis a cultura atual do Brasil, materialista, por essência, mas, já de uma matéria vazia de sentido, uma vez que o próprio conceito de matéria só faz sentido à luz do Espírito, e vice-versa.

ALTA CULTURA é a vida intelectual superior de um país, o patrimônio mais valioso de uma nação (Olavo de Carvalho). Inexiste ALTA CULTURA sem CULTURA SIMBÓLICA. CUL-TURA SIMBÓLICA é uma DISCIPLINA DA AL-MA, fala em Corpo e em Alma, de Corpo e de Alma.

“Com símbolos, expressamos o que não poderíamos fazer de outro modo, porque, com ele, transmitimos o intransmis-sível”.

Mário Ferreira dos Santos

Numa sociedade movida à dinheiro e hipocrisia, encontramos pessoas propensas aos mais diversos rumos incluindo-se a devassidão. Cuidado com quem andas, pois tua companhia sumariza quem és. Não tenha medo de lutar pelo que acredita, apenas seja você mesmo nos mais diver-gentes momentos que possam surgir. Fazendo isto, certamente afetará os que estão à tua volta que não gostam do que veem. Saberão fazer a triagem do joio e do trigo. Só tome cuidado com o lado com que ficará, pois uma escolha errada pode te afetar drasticamente. Pense no seu futuro. Sua escolha hoje, será o seu futuro amanhã. Seja feliz, haja com honestidade sempre. Mas acima de tudo, cuidado com o que te tornarás!

Filipe de Sousa

FRASES SOBRE

POVO

San Tiago Dantas: “A Índia tem uma elite ma-ravilhosa, mas um povo de merda. No Brasil nós temos um povo maravilhoso, mas uma

elite de merda”. * * *

Ditado popular: “Cada povo tem o governo que merece”.

* * * Roquette Pinto: “Forte é o povo honesto, que não entesoura violências para esmagar vizi-nhos e roubá-los pelas mãos de seus guer-

reiros”. * * *

Karl Marx: “O povo que subjuga outro forja suas próprias cadeias”.

* * * Guerra Junqueiro: “O povo, coitado, é sobe-rano como fora Jesus para beber o fel, para morrer na cruz, para pagar impostos, para

morrer na guerra”. * * *

Guerra Junqueiro, de novo: “Povo é uma cri-ança eterna. Aquele que mais lhe bate é

quem melhor governa”. * * *

Cecília Meireles: “A terra tão rica / E – ó al-mas inertes! /O povo tão pobre… / Ninguém

que proteste! * * *

José do Patrocínio: “Somos um povo que ri, quando devia chorar”.

* * * Ralph W. Emerson: “O povo deve ser toma-

do em doses bem pequenininhas”. * * *

Não sei quem: “A paciência do povo é a man-jedoura dos tiranos”.

* * * Miguel Couto: “Não há raças humanas, nem superiores nem inferiores, o que há são po-vos adaptados ao meio em que nasceram e

se formaram”. * * *

Heitor (um amigo meu, depois de repetidas cutucadas de barbatanas no rosto, durante

um chuvisqueiro): “O povo brasileiro não es-tá preparado para andar de guarda-chuva”.

* * * Ditado popular: “O povo aumenta, mas não

inventa”.

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AGOSTO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 15

EUROPA hoje e ontem (artigo continuado)

Por: Michael Löwy

Sociólogo, é nascido no Brasil, formado em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo, e

vive em Paris desde 1969. Diretor emérito de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS). Homenageado, em 1994, com a medalha de prata do CNRS em Ciências Sociais, é autor de Walter Benjamin: aviso de

incêndio (2005), Lucien Goldmann ou a dialética da totalidade (2009), A teoria da revolução no

jovem Marx (2012) e organizador de Revoluções (2009) e Capitalismo como religião (2013), de

Walter Benjamin

Capitalismo e democracia na Europa

PARTE XX

O retorno às moedas nacionais (o dracma, no caso grego) é uma propaganda nacionalista extorsiva: a moeda reflete os interesses e as perspectivas sociais do Estado que a emite. própria manifestação independente.

A desvalorização monetária provocaria uma carestia enorme para as massas populares, em condições de enorme desemprego e de uma economia em queda livre.[47] A saída do euro e da UE só não seria aventureira, e se situaria numa perspectiva superadora da crise, como parte de um horizonte internacionalista e socialista: a aliança de todos os trabalhadores europeus na luta pela unidade socialista da Europa, Rússia incluída.

O referendo provocou uma polarização e uma clarificação políticas. Em 2012, os sectários, em primeiro lugar o Partido Comunista da Grécia (KKE), rechaçaram a luta por um “governo de esquerda” quando o povo grego deu uma virada política maior ao romper com os partidos e burocracias tradicionais. Nessas condições, um governo de Syriza e outros partidos reformistas aceleraria o processo político na Grécia.

Em junho de 2015, o Partido Comunista novamente chamou à abstenção no referendo, posto que seus termos autorizariam Syriza e seu aliado direitista no governo a retomar às negociações com a troïka, o que era um fato. Mas como desenvolver a experiência do povo até o final em relação a Syriza sem impulsionar a mobilização de massas, com seu eixo no referendo e no não?

O KKE celebrou uma reunião na Praça Syntagma. Seu secretário geral, Dimitris Koutsoumbas, advogou pelo voto nulo no referendo, mediante o uso de uma papeleta especial impressa e distribuída pelo KKE, que serviria como manifestação de protesto: “NÃO tanto ao governo de Syriza como aos Memorandos da UE”; “uma alienação da realidade de uma burocracia esclerosada, que põe sua própria conservação por cima dos interesses de classe dos trabalhadores, e ao serviço do sistema capitalista em crise, em condições em que os orquestradores da

histérica campanha em favor da UE revivem as velhas consignas dos anticomunistas e a propaganda imperialista durante a guerra civil grega da década de 1940. Os burocratas dirigentes do KKE desacreditam o comunismo. Antarsya, coalizão de umas vinte organizações centristas, junto a uma pequena frente nacionalista chamada MAS, fez sua própria reunião frente ao antigo prédio da Universidade de Atenas, no mesmo local em que o EEK celebrou sua própria manifestação independente. Pediram votar NÃO, criticando, ao mesmo tempo Syriza com uma retórica semelhante à do KKE, exigindo romper com a UE e o euro e o retorno à dracma, mas sem romper com o capitalismo”.

Se o não ganhasse no referendo, Grécia “não teria lugar na zona do euro”, alertaram (ameaçaram) os porta-vozes do Eurogrupo. O não confrontou aberta e frontalmente essa perspectiva. A Grécia sofrera dois “resgates” da troïka, sete pacotes de austeridade e de “reformas”, de fevereiro de 2010 a julho de 2013, 24 trimestres consecutivos de crescimento negativo, totalizando um retrocesso econômico de 26%. Os efeitos sociais foram catastróficos, inauditos em tempo de paz.

A taxa de desemprego chegou a 27,5%; entre os jovens baixou só um pouco do seu pico de 65% devido a uma ligeira retomada no setor turístico. 3,9 milhões de pessoas, mais de um terço da população, vive abaixo do limiar da pobreza. O rendimento nacional per capita baixou de 25.474 dólares em 2008 para 20.744 dólares em 2013.

Os salários foram cortados em 27,4% em média, de uma forma regressiva, sendo mais severos os cortes na metade inferior da tabela. As despesas com a educação e com a saúde baixaram em 25%. Três milhões de pessoas, um quarto da população, não tem qualquer direito a assistência médica.

Enquanto isso, a dívida pública grega – apesar do cancelamento parcial em março de 2012, no segundo “resgate” – aumentou em termos absolutos de 263,28 bilhões de euros em 2008 para 316,97 bilhões de euros em 2014, passando de 105,4% para 174,9% do PIB.

A distribuição do orçamento da Grécia mostra a predominância dos gastos com a dívida sobre todos os demais gastos estatais: os gastos com o pagamento de empréstimos, outras obrigações de dívida, juros e outros custos absorvem 56% do orçamento estatal.

No meio da mobilização pelo referendo, o governo de Alexis Tsipras decretou a restrição de saques em caixas eletrônicos, um corralito que afetou a vida cotidiana de trabalhadores e aposentados, limitando a retirada de dinheiro a € 60, bem como ordenando o fechamento de bancos e mercados até o dia 7 de julho.

Houve uma feroz campanha do campo político do sim, com quase todos os meios de comunicação à sua disposição, e respaldada pelos líderes da zona do euro, que utilizaram toda sua força política e financeira para

exercer pressão sobre o eleitorado. Jornais, revistas e TVs se posicionaram quase todos em favor do sim, da aceitação do pacote de ajuste da troïka.

Os líderes das instituições europeias e do FMI empreenderam uma campanha de ameaças e chantagens, advogando abertamente pela mudança de regime e pelo sim. O Banco Central Europeu (BCE) obrigou aos bancos a fechar durante a campanha do referendo.

O Financial Times publicou uma história falsa de que os bancos gregos iriam aplicar uma redução de 30% nos depósitos de mais de oito mil euros. Os patrões gregos usaram todo tipo de táticas , incluindo a intimidação direta aos trabalhadores, para que votassem pelo sim, ameaçando reter salários, demissões, etc. De fato, foi uma tentativa de golpe institucional. Os líderes da zona do euro não se molestaram em ocultar o fato de que seu objetivo era o de utilizar o que esperavam seria um voto pelo sim para forçar a demissão do governo de Syriza e substituí-lo por um “governo de unidade nacional” submisso a eles e composto por tecnocratas.

Nessas condições, diante (e apesar) da propaganda da direita que uniu a abertura dos caixas eletrônicos com o sim, com o 61,3% dos votos pelo não no referendo do domingo 5 de julho de 2015, a população grega mostrou sua indignação contra a política da União Europeia, do FMI e do Banco Central Europeu, o privilégio dado aos lucros dos grandes bancos, os ajustes que cortaram os salários, as pensões e os empregos, em detrimento das condições de vida da população e da classe trabalhadora.

O EEK fez campanha pelo não durante todo o referendo, apesar de não fazer parte do governo, sabendo que o não abriria uma nova fase na luta das massas contra a opressão da União Europeia. O resultado do referendo foi uma derrota dos banqueiros e dos capitalistas da zona do euro. As previsões de que o sim teria uma base nas zonas rurais se mostrou equivocada.

A revista Public Issue publicou uma análise desagregada do voto não por idade, sexo, ocupação. Por grupos de idade, ficou claro que foi a juventude que lhe deu a vitória.

70,9% dos trabalhadores do setor público e 71,3% dos trabalhadores do setor privado, bem como 72.9% dos desempregados, votaram não; médicos, advogados e engenheiros votaram majoritariamente pelo sim, embora por uma margem pequena.

Também votaram não 85,2% dos estudantes.

A votação foi claramente de esquerda, com um apoio ao não de 91% dos que se declaram de esquerda e de 73,6% dos que se consideram de centro-esquerda. Entre os que votaram por Syriza em 25 de janeiro, 87,3% votaram não, quase tanto quanto os eleitores do Partido Comunista, o KKE (86,9%) apesar da linha do partido de votar nulo.

CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO

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FLIP - Paraty - Brasil

Agualusa: “Angola, como o Brasil, vive como

um país cansado, dilacerado”

Numa esquina de Huambo, cidade de 1 mi-

lhão de habitantes no centro de Angola, um

garoto assobia uma melodia de Paulinho da

Viola. Um huambense, de passagem, reco-

nhece a canção e tece comentários acerca do

Brasil, da qualidade do samba do músico cari-

oca e de suas próprias preferências pelas co-

res verde e rosa – símbolos da Estação Pri-

meira de Mangueira.

A cena, que tem algo de quimérica, é retirada

do livro A Sociedade dos Sonhadores Involun-

tários, que o escritor angolano José Eduardo

Agualusa acaba de lançar pela Editora Plane-

ta. Na Festa Literária de Paraty (Flip), onde

participa de eventos fora da programação ofi-

cial, Agualusa diz que a relação de seus per-

sonagens com os sonhos é como a que ele

próprio cultiva: define-se como um sonhador

profissional.

Assim, a integração entre países lusófonos

presente na cena de seu último romance e em

muitos de seus outros tantos – pra lá de 20 –

livros é só um sonho? Porque ao menos no

Brasil, é necessário admitir, ainda pouco se

sabe de Angola, Moçambique, em suma, de

África. Ele acredita que não. Brasil e Angola

são países siameses, com uma história com-

partilhada, que é cada vez mais perseguida,

estudada e cultivada.

“O Brasil já foi totalmente fechado sobre si

próprio. Ignorava não apenas África, mas o

resto do mundo. Hoje melhorou bastante. Um

bom exemplo é a própria literatura, hoje você

tem um escritor africano, e estou a falar de

Mia Couto, que vende mais do que a generali-

dade dos brasileiros, por exemplo”.

Em A Sociedade dos Sonhadores Involuntá-

rios, Agualusa romantiza a história recente

dos revus, um movimento pacifista de jovens

angolanos que, inspirados pela Primavera Á-

rabe, de 2011, saíram às ruas pedindo por

democracia – o país africano tem sido presidi-

do por José Eduardo dos Santos desde 1979,

quatro anos depois da independência. Os as-

sim chamados revus ficaram famosos quan-

do, em 2015, um de seus integrantes, o rap-

per Luaty Beirão – que está na programação

principal da Flip deste sábado – foi preso e

fez uma greve de fome durante 35 dias, que

mobilizou uma comunidade solidária interna-

cional e nacional. Depois disso, relembra A-

gualusa, esperava-se que Eduardo dos San-

tos fosse renunciar, mas não foi o que aconte-

ceu.

A mobilização esfriou e só foi em 2016, por

motivos de saúde, que o presidente disse que

convocaria novas eleições, que estão para

acontecer dentro de um mês.

“Neste momento, assim como aqui no Brasil,

Angola vive como um país cansado, dilacera-

do e, nesse momento, desanimado, no senti-

do original da palavra: o de ‘perder a alma”. E

se os dois países andam cansados politica-

mente, sem um rumo certo, não é de se espe-

rar que as relações também esfriem? “Não.

Ainda que o Governo brasileiro, se é que pos-

sível falar em um Governo brasileiro atual-

mente, tenha abandonado a política externa,

as sociedades civis estão a fazer essas cone-

xões”, diz.

Para ele, algo que foi plantado não pode ser

retirado.

De repente, o mundo inteiro ficou capitalista.

O sistema socialista acabou, mas esse capita-

lismo parecer não ser capaz de responder aos

grandes problemas políticos, ambientais, eco-

nômicos

No romance, o movimento dos revus que co-

meçou animado pela Primavera Árabe tem

final mais bem sucedido do que de fato acon-

teceu. Primavera Árabe, revus, junho de

2013... As coisas não saíram como sonha-

das?

“Realmente não, mas acho que o que está a

acontecer no mundo é uma tímida emergên-

cia de qualquer coisa que não sabemos bem

o que é. De repente, o mundo inteiro ficou ca-

pitalista. O sistema socialista acabou, mas es-

se capitalismo parecer não ser capaz de res-

ponder aos grandes problemas políticos, am-

bientais, econômicos. Não estamos agora a

ver muito bem o que está a entrar na onda”,

diz Agualusa.

Falar de Brasil e Angola, lembra o escritor, faz

pensar também em Odebrecht, corrupção,

desvios econômicos, já que a empresa tem

diversos negócios em solo angolano. Mas não

só nisso.

“Seria bom que tivesse ocorrido de outra ma-

neira, mas não ocorreu. É uma pena. A cor-

rupção é mesmo algo que destrói tudo. É um

grande problema”.

Falar de um mundo à beira de algo novo, que

não se sabe bem o que é, dá também certa

vertigem. E o escritor, com seus livros preen-

chidos de lugares fora do tempo, dá sua res-

posta em A Sociedade dos Sonhadores Invo-

luntários: o que é preciso fazer é perder o me-

do, sonhar que é possível não sentir medo e,

assim, nascerá qualquer coisa parecida com a

união.

Só utopia?

Ao ler Agualusa, sente-se que talvez seja pos-

sível.

ANDRÉ DE OLIVEIRA

AGOSTO 2017 - Última página

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