11 edição do essencial

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Consumismo: a alma do negócio? Página 2 Reflexão ética. Página 3 Canções de Natal. Página 4 Construção da Paz. Página 5 Projeto Inclusão Digital 40 + Página 7 Entrevista: Leonardo Santos Página 6 Rede da Paz. Página 8 Bullyng. Página 10 Sintonia interna. Página 11 Quanto vale uma vida? Página 15 Informativo do GEEC Dezembro de 2009 - 11ª Edição

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11 Edição do Essencial

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Page 1: 11 Edição do Essencial

Consumismo: a alma do negócio? Página 2

Reflexão ética. Página 3

Canções de Natal. Página 4

Construção da Paz. Página 5

Projeto Inclusão Digital 40 + Página 7

Entrevista: Leonardo Santos Página 6

Rede da Paz. Página 8

Bullyng. Página 10

Sintonia interna. Página 11

Quanto vale uma vida? Página 15

Informativo do GEECDezembro de 2009 - 11ª Edição

Page 2: 11 Edição do Essencial

Página 2 Dezembro de 2009

A história de sucesso das nações hoje desenvolvidas possui um traço comum e inequívoco: a ascensão política e eco-nômica da classe média. Essa evolução foi primeiro observada na Europa, onde sociedades estratificadas e sem mobilida-de deram lugar a países dinâmicos após a irrupção do capitalismo. Esse fenôme-no chegou tardiamente ao Brasil e nunca fincou raízes sólidas e duradouras. Hou-ve fases de rápido crescimento, como a industrialização no início do século pas-sado e o milagre econômico dos anos 70.

Com a estabilização da economia a partir da implantação do Plano Real em 1994, o país tem demonstrado uma gran-de recuperação no poder de compra dos brasileiros. Agora, com a retomada do crescimento econômico, apesar da crise mundial, o Brasil tem excelentes pers-pectivas de crescimento. O país volta a se ver diante da oportunidade de romper, de maneira definitiva, com o subdesen-volvimento. Nos últimos anos, mais de 20 milhões de brasileiros saíram das ca-madas sociais mais baixas – as chamadas classes D e E – e alcançaram a classe C, a porta de entrada para a sociedade de con-sumo. E é aí que mora o perigo.

A sociedade, por força de divulgação publicitária maciça, cria padrões de con-sumo, de forma que quem não se enqua-dra nesses padrões é reprovado social-mente. Esse culto ao consumo vem desde os bancos escolares, onde cada um quer exibir um aparelho celular melhor do que o dos outros, o mesmo ocorrendo com os tênis, os relógios etc.. A reverência às marcas acaba marcando também a vida dos adultos, que se sentem inferiorizados quando não possuem acesso ao padrão de consumo imposto pela sociedade.

Por exemplo: por que meu filho sem-pre me pede um brinquedo novo? Por que minha filha quer mais uma boneca, se ela já tem uma caixa cheia de bone-cas? Por que a maquiagem para a filha, se ela tem apenas cinco anos? Por que não consigo dizer não? Ele pede, eu compro e, mesmo assim, meu filho sempre quer mais.

De onde vem esse desejo constante de consumo? Nesse caso, especificamen-te, podemos dizer que a criança se tornou a alma do negócio para a publicidade. A indústria descobriu que é mais fácil con-vencer uma criança do que um adulto. Então, as crianças são bombardeadas por propagandas que estimulam o consumo e que falam diretamente com elas.

A grande questão que se coloca nos dias de hoje é a seguinte: a necessidade (compulsiva) de consumir e de se sen-

tir provisoriamente preenchido coloca o objeto de consumo a preencher um lugar vazio em nós, o lugar que gostaríamos de ver ocupado por outras coisas, talvez devido à carência de algo ou da compre-ensão por parte de alguém ou até mesmo devido à tentativa de se isolar de algum problema pessoal ou conjugal. Consumir torna-se, nesses casos, satisfazer uma necessidade de amor. Por intermédio do objeto de consumo buscamos ser mais amados.

A compulsão é todo comportamento que uma pessoa repete habitualmente, porque não consegue evitá-lo. Ela sente ansiedade se não o fizer. Então, acaba fa-zendo de novo e de novo. E a ansiedade é essa inquietação dentro da gente, que nos deixa um pouco com medo, na expectati-va, inquieto, tenso.

Soma-se a tudo isso a concessão, muitas vezes indiscriminada, de crédito aos consumidores. O crédito concedido ao consumidor deve ser compatível com o poder de compra de cada pessoa. Do contrário, haverá o superendividamento, ou seja, a pessoa gastará muito, a ponto de não conseguir pagar as dívidas. Esse crédito é uma boa ferramenta nas mãos do consumidor. Entretanto, quando mal utilizado, produz efeitos catastróficos.

Por isso, o consumidor deve ter extre-mo cuidado com as despesas que contrai mediante o cartão de crédito ou com o cheque especial, cujos juros são absurda-mente altos. E olha que com dinheiro não se brinca, porque ele pode a ser a causa de muita alegria ou de infelicidade, quan-do mal utilizado.

O consumo deve apresentar-se como atividade natural e saudável, quando pra-ticado de forma consciente e dentro do necessário, sendo, assim, indispensável. O consumidor deve, portanto, refletir melhor quanto à aquisição impulsiva de qualquer produto.

Como se percebe, o consumo exage-rado depende muito mais do autocontrole do consumidor do que de mecanismos le-gais de proteção do consumidor. Apenas e tão somente nos casos de abuso do for-necedor ou mesmo diante da utilização de técnicas de “markentig” mais ousadas é que o consumidor poderá remediar o próprio consumismo. Nos demais casos, ele deverá arcar com as consequências.

Paulo César Pereira Economista (UIT), especialista em Gestão Estratégica em Finanças e

professor na FUNEDI/UEMG [email protected]

Está chegando mais um final de ano. Como sempre, o comércio agradece. E o Papai Noel, o santo católico transformado em vedete do consumo, sai com aquelas rou-pas de inverno europeu no verão brasileiro, para encantar as crianças com sonhos de brinquedos e doces.

Na materialidade e na superfi-cialidade do presente industrializa-do e vendido pela cultura de massa, esquece-se do Aniversariante e do sentido da mensagem dele.

Entre as propostas inovadoras e revolucionárias do Mestre de Nazaré, que nos presenteou com a presença e a mensagem dele há mais de 2000 anos, está a paz.

Ele disse: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz, não vo-la dou como o mundo a dá.” (Jo14,27).

Vejam o que um amigo espiritu-al disse sobre essa paz:

“O Mestre dos Mestres nos dis-se certa vez: ‘Eu vos deixo a minha paz’.

A paz da qual Ele falava não é a mesma paz do mundo.

A paz do mundo é, muitas ve-zes, a não existência de guerras, a não violência. Ela é a existência do sucesso, é apenas a satisfação dos prazeres.

Mas a paz que Jesus nos deixa é a paz do espírito, é a paz da cons-ciência tranquila. É a paz da única certeza possível e desejável, que é a fé no futuro e na bondade divina.

Essa é a paz que devemos dese-jar, porque é a única capaz de de-senvolver a verdadeira felicidade.

E essa paz não é apenas um es-tado de espírito, mas é uma atitude, porque não se contenta em si mes-ma e vai para a ação, para a prá-tica da verdadeira caridade, que é o amor em ação, a fraternidade e a solidariedade.

E é na prática do amor que con-solidamos essa paz interior e, con-quistando-a, alcançamos o estado esperado pelo Mestre, para que, ao lado dele, trabalhemos para a trans-formação e a renovação do Planeta num mundo de regeneração e de PAZ.” (João, 8 de novembro de 2009)

É dessa paz de Jesus que preci-samos, a paz que desejamos.

É sobre essa paz que “O Essen-cial” trata neste mês.

Expediente:O informativo O Essencial é instrumento de divulgação do GEEG - Grupo Educação, Ética e Cidadania, cuja sede está localizada na Rua coronel João Notini, número 800, sendo voltado para uma sociedade solidária e fraterna. O conteúdo dos artigos é de responsa-

bilidade dos respectivos autores. Projeto gráfico: Alexandre Carlos e Marol Lopes. Corretor ortográfico: Carlos Lopes Corrêa Tiragem: 2000 exemplares - Distribuição gratuita - Contato: [email protected]

EditorialOpinião

Consumismo: a alma do negócio?Na sociedade atual os consumidores, em certas ocasiões, são persuadidos a

comprar muito mais coisas do que realmente necessitam.

Page 3: 11 Edição do Essencial

Página 3Dezembro de 2009

Utilidade Pública

Reflexão ética

Minha avó materna chamava-se Emília.

Era uma mulher rústica, gordinha, rosada e muito sorridente, mas extrema-mente rigorosa no que se refere à educa-ção dos filhos.

Era um mulher de muito afeto, mas pouquíssimos afagos.

As filhas sentiam muito medo quan-do os rapazes se aproximavam. Davam logo aquela olhadinha de lado para ver se minha avó estava vigiando. Se ela percebesse uma paquera no ar, era bron-ca na certa. Bronca sempre acompanha-da de outros castigos. Minha mãe sem-pre contou sobre a vara de marmelo, que era tão comum nas casas, antigamente.

Quando minha mãe estava com qua-torze anos, ela tinha um caderno, des-ses de meninas, em que elas escrevem poemas, pensamentos, fazem desenhos. Enfim, um caderno de recordações.

Hoje, nenhuma garota tem um ca-derno desses. Acredito que tenham sido substituídos pelos blogs e orkuts.

O caderno de recordações de mi-nha mãe era guardado a sete chaves, no fundo de uma gaveta. Minha avó não poderia nem sonhar. Já pensou? Ela en-contrando versos de amor, perguntas ín-timas e desenhos apaixonados?

O fato é que o caderno de minha mãe desapareceu. Ela ficou desesperada. E se um dos irmãos o tivesse encontrado? E se mostrasse o caderno para minha avó? Foram três dias de pânico. Cada vez que vovó chamava pelo nome dela, ela pen-sava que tinha sido descoberta. Estava perdida. Não tinha desculpas. Havia escrito e assinado uns três poemas e se

minha avó prestasse um pouquinho de atenção, poderia até descobrir a quem eram destinados.

No final do terceiro dia minha mãe foi pegar uma camisola na gaveta. Qual não foi a surpresa dela ao encontrar o objeto das próprias preocupações guar-dadinho no fundo, sob umas roupas ín-timas?

Aflita, pegou o caderninho e come-çou a folheá-lo para ver se alguns dos irmãos teriam escrito algo ou mesmo arrancado alguma página. Naquele mo-mento, com o coraçãozinho disparado, chegou numa página onde havia um botão de rosa desenhado. Via-se clara-mente a dificuldade de quem o fez. Mar-cas de riscos apagados várias vezes, até conseguir um desenho razoável.

E logo abaixo, com letra redonda e tremida, o texto:

“O amor é um espinho rombudo, pontudo, que enche de gostosura o

coração da gente.”Mamãe.

13/12/1944

Essa história sempre me emocio-na muito. Quando me pediram para escrever um texto sobre mãe, logo me lembrei dela. Quero, assim, fazer uma homenagem a todas as mães do mundo. E dizer a elas que as palavras delas esta-rão sempre nas nossas lembranças.

Josiana Nogueira (Jô)Empresária e artista plástica

[email protected]

No término deste ano, faça uma re-flexão sobre se você comete algum dos disparate a seguir enumerados e repense sobre a sua atitude para o ano vindou-ro. “É triste falhar na vida. Porém, mais triste é ao tentar vencer.”

Muita paz e serenidade.

1 - Estaciona nas calçadas, até mes-mo debaixo das placas de estaciona-mento proibido.

2 - Fala ao celular enquanto dirige.

3 - Pára em filas duplas, triplas, em frente às escolas.

4 - Dirige após consumir bebida al-coólica.

5 - Fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas.

6 - Solicita atestados médicos sem estar doente, só para faltar ao trabalho.

7 - Faz gato de luz, de água e de te-levisão a cabo.

8 - Escreve que a cor da pele é mais morena, para poder ingressar na univer-sidade mediante o sistema de cotas.

9 - Quando viaja a serviço da empre-sa, solicita uma nota ou cupom fiscal no valor de R$ 20,00 referente a uma refei-ção que custou R$10,00.

10 - Estaciona em vagas exclusivas para deficientes físicos.

11 - Adultera o velocímetro do car-ro para vendê-lo como se fosse menos rodado.

12 - Adquire produtos pirateados com a plena consciência de que são pi-rateados.

13 – Subtrai pequenos objetos da empresa onde trabalha, como, por exemplo, canetas, clipes, envelopes e lápis, como se isso não fosse roubo.

14 - Comercializa os vales-transpor-te e os vales-refeição que recebe da em-presa onde trabalha.

15 - Quando encontra algum objeto perdido, na maioria das vezes não o de-volve.

Gilmar Alves BarbosaAdvogado e assessor júrídico do GEEC

[email protected]

Nossas gavetas

Page 4: 11 Edição do Essencial

Página 4

Estamos nos aproximando de uma época que, para mim, é uma das mais aguardadas do ano: o Natal. Particular-mente, porque tenho dois álbuns (cd´s) gravados com canções de Natal: o pri-meiro é “Cantos de Natal”, pela grava-dora Velas; o segundo, “Deus Menino”, pela gravadora Paulus (ambos você en-contra na Boutique do Livro).

A música tem a feliz virtude de emoldurar nossos sentimentos, de nos sintonizar tanto com os meios e as si-tuações externas como, também, com o nosso mais íntimo estado de espírito.

Existe uma infinidade de canções que nos trazem ou nos transmitem essa maravilhosa sensação de paz, como os largos, os adágios e os andantes, os quais compõem a estrutura de um con-certo erudito. Exemplos: o largo de um concerto para violino e orquestra de An-tonio Vivaldi (1678 / 1741), o “Largo de Xerxes”, de George Friedrich Händel (1685 / 1759) e o andante do Concer-to número 21 em C maior, de Wolfgang Amadeus Mozart (1756 / 1791). Sugiro que ouçam essas peças e façam o exer-cício de escolher um momento só para isso. E, então, verão.

Dentro das canções populares tam-bém podemos encontrar muitos temas e melodias que nos colocam também nes-se tão puro estado de consciência. Posso exemplificar com a música “A Paz”, de Gilberto Gil e João Donato, que tam-bém foi interpretada por vários grandes

Natal

talentos da música popular brasileira, tais como João Bosco, Rosas Passos e Zizi Possi, dentre outros, e pelo próprio Gilberto Gil.

“A paz / Invadiu o meu coração / De repente me encheu de paz / Como se o vento de um tufão / Arrancasse os meus pés do chão / Onde eu já não me enterro mais // A paz / Fez um mar da revolução / Invadiu meu destino / A paz / Como aquela grande explosão / De uma bom-ba sobre o Japão / Fez nascer o Japão na paz // Eu pensei em mim / Eu pensei em ti / Eu chorei por nós / Que contradição / Só a guerra faz / Nosso amor em paz // Eu vim / Vim parar na beira do cais

/ Onde a estrada chegou ao fim / Onde o fim da tarde é lilás / Onde o mar ar-rebenta em mim / O lamento de tantos ‘ais’.”

Encerro, desejando a todos que o clima de Natal tome conta de nossos corações e de nossas mentes, de nossos passos, dos nossos propósitos pessoais e dos nossos propósitos para com o pró-ximo.

Um grande abraço.

Gê Lara Cantor, compositor e coordenador do

Uirapuru Canto [email protected]

Falando de música

Pois é...

Dezembro de 2009

Page 5: 11 Edição do Essencial

A paz de Francisco de Assis

Em um dos mais bonitos “fiorettis” de são Francisco de Assis, ele conver-sa com o amigo frei Leão sobre o que seria a verdadeira alegria e conclui que é verdadeiramente feliz aquele que con-segue, apesar de todo o sofrimento que o mundo lhe impõe, permanecer sereno e em paz consigo mesmo. “Se, ao che-garmos à santa Maria, cheios de frio e de fome, batêssemos à porta e fôssemos mandados embora, insultados, e nós não nos perturbássemos com a injúria recebida e nos mantivéssemos alegres, pacientes e cheios de amor, nisso, sim, consiste a verdadeira alegria”, nos ensi-na o Pobre de Assis.

São Francisco nos fala, aqui, em úl-tima instância, sobre a paz. Só sente a verdadeira alegria aquele que está em paz. E Francisco, mais que santo, foi um homem que buscou a paz.

O livro “São Francisco de Assis, Ter-nura e Vigor”, de Leonardo Boff, nos apresenta o pensamento e a prática do santo da Úmbria, levando-nos ao enten-dimento da importância desse viver em paz consigo e com o universo.

Das ações e palavras de são Fran-cisco jorram o entendimento de mundo, amor, compaixão, cuidado, humanida-de, experiência do Sagrado e libertação, que gera o belo e o bom, o justo e o li-vre.

São Francisco foi pacifista e ecolo-gista muito antes da existência destes dois termos e deixou um legado de fé e de esperança em um mundo melhor que nos encanta – qualquer que seja a nossa religião – ainda hoje.

Aprendamos com ele a dar as boas-vindas a todas as coisas e a viver verda-deiramente na Paz!

Daniel BicalhoLivreiro e proprietário da

Boutique do [email protected]

Página 5

Para ler em voz altaLiteratura Um pensar sobre

Dezembro de 2009

O mês de dezembro e suas festivi-dades conferem as pessoas sentimentos que remetem a esperança e o anseio pela promoção da paz.

A violência crescente contribui para enfatizar a busca pela paz e sua preven-ção deve começar nos pequenos atos do cotidiano, estendendo-se até interações sociais mais amplas, sendo que a busca pela paz pode ser facilitada por intermé-dio de atitudes solidárias.

As medidas adotadas pelos governos não têm conseguido resolver problemas referentes à violência, visto que qual-quer solução para o processo de violên-cia crescente, passa pela transformação da sociedade através da mudança de paradigmas, da educação e do empenho individual de cada cidadão.

A única maneira eficaz de erradicar a violência da sociedade em geral seria combatê-la na causa, atuando em seus agentes causadores, por meio de repo-sicionamentos individuais e coletivos para a construção de uma cultura de promoção da paz.

Para a construção da paz e a redução

da violência receber apoio da socieda-de torna-se imprescindível, e este pode ocorrer através da participação da so-cial, do estímulo as características de paz existentes em diversas culturas e in-divíduos, e de novos meios de resolução de conflitos.

Todos devemos participar da cons-trução da paz, não apenas neste mo-mento do ano,e sim ao longo de nossas vidas, transformando pequenas atitudes cotidianas em gestos concretos para a promoção da paz.

A responsabilização individual, juntamente as medidas adotadas pelos governos, pode contribuir para a mo-dificação da realidade de violência em que nos encontramos; cabe ressaltar que qualquer indivíduo pode erradicar em si mesmo atitudes violentas, este é um po-sicionamento necessário para a constru-ção da uma sociedade livre da violência.

Maria Aparecida Reis CarvalhoPsicóloga do Instituto

Social Transdisciplinar de Saú[email protected]

CONSTRUÇÃO DA PAZ: UM POSICIONAMENTO NECESSÁRIO

PROMOÇÃO LIVROS A R$14,00 CADA

A proposta do coronel

Autor: Ariovaldo César JuniorGênero: RomancePáginas: 216

LIVRARIA GEEC (37) 3222 7644Entregamos em casa seu pedido!

Bairro dos Estranhos

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Estudando “Nosso Lar”

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Bairro dos Estranhos

Autor: Wilson Frungilo JúniorGênero: RomancePáginas: 192

Page 6: 11 Edição do Essencial

Página 6

O que significa paz para você? Qual a importância de se debater sobre esse tema atualmente?A paz implica, na ausência de violên-cia física e psicológica organizada, na satisfação das necessidades humanas básicas e, em nível institucional, nas estruturas representativas e de partilha de poder, bem como, na promoção e na proteção dos direitos humanos. O deba-te e o diálogo sobre o tema são funda-mentais para construirmos uma “cultura de paz”, como também para alinhar esse conceito tão complexo.

Como começou seu envolvimento com as questões que abrangem a vio-lência e a busca pela paz?Quando eu era estudante de Enferma-gem na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Viajei por diversas regiões do país, participando de projetos do Mi-nistério da Saúde com alguns movimen-tos sociais. Naquela época desenvolvi a minha sensibilidade por essas questões, o que foi se aprimorando com o passar do tempo. O envolvimento com ações de promoção da paz iniciou-se em mar-ço deste ano, quando fui indicado pela secretária municipal de Saúde Rose-nilce Chèrie Mourão Gontijo Resende para assumir a execução do projeto de implantação do “Núcleo de Combate à Violência e de Promoção da Cultura de Paz”.

Como você percebe a paz sob a óptica social, política e econômica?A paz está relacionada com os diversos setores socias, tanto econômicos quanto políticos. É difícil pensar em um tra-

balho cooperativo dos setores sociais em tempos de disputas individuais e de culto ao consumo, mas é preciso repen-sar esse modo de viver em sociedade. A cultura do TER ao invés do SER não favorece a promoção da paz. Mas esse, talvez, seja o grande desafio, a mudança cultural.

O que é o projeto Rede da Paz?O projeto Rede da Paz é o resultado de um movimento que se iniciou a partir do Núcleo de Saúde Coletiva da Fun-dação Educacional de Divinópolis (Funedi) em parceria com a Gerência Regional de Saúde e com a Secretaria Municipal de Saúde e com o apoio de professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Assim, é um projeto que nasceu por intermédio de diversas mãos e que, logo após o início da própria execução, vem multiplicando os parceiros e as ações pela PAZ desde a união de todas as instituições da cidade (governamentais e não governamentais) até a formação com profissionais pós-graduados.

Você é um dos idealizadores da Rede da Paz em Divinópolis. Mesmo tão jo-vem e não “nativo”, quer trazer para nossa cidade um título com reconhe-cimento mundial. A que se deve todo esse esforço?Primeiramente, o compromisso tico com essa cidade e com as pessoas que acreditaram em mim para ser parceiro nessa atual gestão. Retornei para Divi-nópolis a convite do atual governo mu-nicipal, mais exatamente da gestora de Saúde, e assumi a responsabilidade de somar esforços e de construir um sis-tema de saúde justo e resolutivo. Todo esse esforço tem um combustível sim-ples e que não tem preço nesse mercado atual: o prazer de ver as pessoas acredi-tando que nós mesmos somos capazes de construir uma saúde e uma cidade melhor. O prazer de resgatar sonhos co-letivos.

Como mensurar um aumento de paz na sociedade?Construir indicadores de paz será o grande desafio desse projeto, porque, atualmente, falamos somente de violên-cia. A mensuração do aumento da paz na cidade será embasada nos indicado-res de paz que estamos criando. E para essa ação as universidades e as faculda-des são grandes parceiras. É algo muito novo, que depende de muitos estudos e da pesquisa de experiências em outros estados e países. Creio que ninguém nunca ouviu falar sobre um “índice de paz” nas capitais brasileiras.

Você acha que a paz é um investimen-to social a longo prazo ou acredita que um indivíduo poderá se tornar mais pacífico tendo mais acesso a in-formações por conta própria?Acesso à informação não é suficiente para mudar o comportamento das pes-soas de forma a torná-las mais pacíficas. Considero que seja um investimento a longa prazo e que deva ser diário. In-vestir na mudança do comportamento humano será o grande desafio deste sé-culo. Para entender esse cenário, bas-ta analisar as três principais causas de mortes da população, causas que estão ligadas diretamente ao comportamento.

Quais são as maiores dificuldades em se construir uma “cultura de paz” na sociedade?A maior dificuldade está relacionada à nossa própria cultura atual, que mantém valores totalmente antagônicos à paz, como, por exemplo, consumo exacerba-do, disputa por poder, individualismo e falta de tolerância e de diálogo.

Como você percebe a abertura da so-ciedade para um tema que, apesar de amplo, começa na intimidade do lar?Nos dias atuais a sociedade pede paz. Talvez essa seja uma abertura por onde possamos iniciar um diálogo com a so-ciedade. A paz começa no indivíduo, vem de dentro e se alastra para o cole-tivo. Ela depende do desejo, da sensi-bilidade e da vontade de construir algo melhor para todos. Por isso tenho certe-za de que somente construiremos uma “Cidade da Paz” quando uma grande parcela da população divinopolitana – senão ela toda – desejar e se tornar sen-sível à paz.

Deixe uma mensagem para os nossos leitores.Em vez deixar uma mensagem para os leitores, prefiro provocar uma reflexão. Caro leitor, você já se imaginou mo-rando em uma “Cidade da Paz”, onde as prisões se tornem obsoletas com o passar do tempo, onde a justiça ensinará os direitos e os deveres das pessoas nas escolas, em vez de somente punir? Con-vido os leitores a fazerem esse exercício intelectual, conversando com os fami-liares e discutindo sobre isso no local de trabalho e na roda de amigos, para que, a partir do diálogo, cada pessoa come-ce a se perceber como um sujeito dessa transformação. E desejo, a todos e a to-das, boas vindas à Rede da Paz.

Contato:[email protected]

Entrevista do mês

Leonardo Luiz dos SantosDezembro de 2009

Com apenas 25 anos ele assume a frente de um projeto inédito: tornar Divinópolis a “Cidade da Paz”, com reconhecimento da UNESCO. Atual-mente, ele é gerente de Planejamento da Secretaria Municipal de Saúde de Divinópolis e coordenador do projeto Rede da Paz.

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Página 7

Projetos Sociais

O que é o Pró-adolescente?O Pró-adolescente é um projeto da

Secretaria de Desenvolvimento Social que visa a inclusão social do jovem. Esse programa acredita nos talentos e na força profissional dos adolescentes.

Nesse programa as pessoas da faixa etária entre 16 e 17 anos e 11 meses têm a oportunidade de entrar no mercado de trabalho e aprender determinadas tare-fas relacionadas às funções peculiares da secretaria municipal ou do órgão ao qual ele estiver.

Além disso, essas pessoas têm outros inúmeros benefícios, como assistência nas áreas psicológica e pedagógica.

No decorrer do programa também há muitas atividades executadas, como

gincanas, passeios a faculdades, diver-sões. A gincana, da qual elas partici-pam, contribui muito para o desenvol-vimento pessoal, educacional e social, objetivando uma melhor convivência e socialização entre os jovens.

Muitos adolescentes estão fazendo sucesso profissional nas secretarias mu-nicipais em que estão trabalhando. Há secretários municipais que até solicitam empregos para os adolescentes nas em-presas, porque ficam admirados com o

desempenho desses jovens.Esse projeto, então, é importan-

tíssimo para o desenvolvimento dos jovens no século XXI, pois muitos participantes dele estão em risco de vulnerabilidade social.

Helon Guimarães CordeiroTem 17 anos e

integra o projeto Pró[email protected]

A partir das 10 horas do dia 11 de novembro de 2009 reuniram-se na sede do Grupo Educação, Ética e Cidada-nia (GEEC), localizada na rua Coronel João Notini, número 800, Centro, em Divinópolis, estado de Minas Gerais, alguns membros do Rotary Divinópolis Leste – dente os quais, o presidente em exercício Paulo Ramos e o governador rotário Carlos Alberto Dias Coelho –, Letícia Enes, assessora do deputado es-tadual Domingos Sávio Resende, Julia-no Soares Luiz, represente do vice-pre-feito José Francisco Martins, o vereador Edson de Souza, a secretária municipal de Desenvolvimento Social Rosali Fra-casso Kunz, o coordenador do projeto Pró-adolescente Randal Wender, a di-retora executiva do GEEC Alessandra Oliveira, o diretor de projetos do GEEC Jomar Teodoro Gontijo, a diretora insti-tucional do GEEC Maria José Gontijo, funcionários do GEEC e muitos outros convidados, para a inauguração da ex-tensão física do GEEC, onde uma sala foi destinada para a implementação do projeto Inclusão Digital 40+, o qual consiste na realização de cursos de in-formática básica para pessoas com ida-

de acima dos quarenta anos.Na solenidade foi oficializada a par-

ceria do GEEC com o Rotary Divinópo-lis Leste, o qual colaborou na reforma do pavimento térreo e da fachada da sede do GEEC, contribuindo financeira-mente para a melhoria da acessibilida-de e para a adequação de um ambiente propício ao aprendizado das pessoas participantes do projeto Inclusão Digi-tal 40+.

Com este projeto pretende-se aten-der a, aproximadamente, 120 pessoas por semestre, objetivando diminuir a disparidade entre quem sabe lidar com a informática e quem não conhece os equipamentos e procedimentos dessa ciência, porque, infelizmente, ainda há

barreiras variadas que impedem o aces-so à tecnologia, seja por condições fi-nanceiras – no caso das camadas mais pobres – ou por preconceitos, muitas vezes presentes quando adultos e idosos desejam aprender sobre a utilização de computadores.

O projeto é destinado para homens e mulheres com idade acima de quarenta anos, que desejam aprender informática e que sejam financeiramente carentes. Nele serão ministrados os cursos “Intro-dução à Informática”, “Internet” e “Edi-tores de Texto e de Planilhas Eletrôni-cas”, com duas entradas de turmas por ano, ou seja, em fevereiro e em agosto.

O início das aulas será em 2010. Maiores informações no 3222-7644.

Inauguração das instalações do projeto Inclusão Digital 40+

Dezembro de 2009

Page 8: 11 Edição do Essencial

Página 8

“Não existe um Caminho para a PAZ. A PAZ é o Caminho.”

Mahatma Gandhi

Respeitar a vida e a diversidade, rejeitar a violência, ouvir o outro para compreendê-lo, preservar o planeta, re-descobrir a solidariedade, buscar o equi-líbrio nas relações de gênero e étnicas, fortalecer a democracia e os direitos hu-manos: tudo isso faz parte de uma “cul-tura de paz” e facilita a convivência.

Muitos são os movimentos que sur-gem com o ideal de paz. Igualmente nu-merosas são as propostas para se atingir esse objetivo.

Dezembro é um mês propício a esse despertar. Uma época em que, simbo-licamente, se “finaliza” uma etapa e se propõe uma reflexão e na qual a solida-riedade se torna mais comum entre as pessoas.

Em Divinópolis, o especialista em Planejamento e Gestão Leonardo San-tos teve a iniciativa de tornar “palpá-vel”, de trazer para nossa cidade, me-diante a elaboração de um projeto, o tí-tulo de “Cidade da Paz”, outorgado pela UNESCO, além de outros benefícios.

CENÁRIO ATUAL

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a violência um sério problema de saúde pública na atualida-de, uma vez que, além de provocar forte impacto sobre as taxas de mortalida-de, apresenta importantes repercussões econômicas nessa área.

Na cidade de Divinópolis os fatores externos (acidentes e violência) repre-sentam a primeira causa de morte na faixa etária dos 20 aos 49 anos e a ter-ceira causa de morte na população em geral. Em 10 anos (1997 a 2007) as cau-

sas de morte por agressões (homicídios) aumentaram 70,1% e as lesões autopro-vocadas (suicídios), em 61,9%.

(Fonte: MS / DATASUS / 2009)

O século atual, em que pesem os avanços em vários ramos do saber, está sendo marcado, infelizmente, por uma crescente onda de violência. No Brasil, e de resto em todo o planeta, a socie-dade contemporânea vê caírem por terra muitos valores, como a solidariedade, o respeito e a tolerância, embora não seja de forma generalizada.

Com o propósito de promover uma “cultura de paz”, a Secretaria Munici-pal de Saúde, juntamente com outras instituições públicas e algumas organi-zações não-governamentais de Divinó-polis, iniciou a construção da Rede da PAZ. Como toda rede, esta é composta de nós e de conexões entre eles. A mis-são é a de propiciar condições para o di-álogo e o trabalho entre pessoas, empre-sas e instituições que queiram melhorar a qualidade de vida da população.

A Rede da PAZ tem como objetivo primordial promover processos colabo-rativos, que resultem em pesquisas e no desenvolvimento de soluções, para au-xiliar, de forma integrada e cooperativa, na administração da cidade, com as res-pectivas políticas sociais, em busca de um objetivo comum, a PAZ.

O projeto realiza uma série de ações focadas em um só objetivo, as quais são desenvolvidas com a cooperação de diversos setores sociais. O objetivo é a PAZ e não o combate à violência. Não se pretende usar da violência para com-bater a ele mesma.

A ideia é a de unir esforços e ofe-recer atividades pacíficas, que garantam alternativas de uma vida saudável e fe-liz para todos os cidadãos.

Se dirigimos nossa indignação para o alvo errado, isto é, se combatemos o agressor, em vez de combater a agres-são, perdemos a oportunidade de esta-belecer uma nova relação com o outro. Quando a vítima reage, se tornando um novo agressor, o ciclo vicioso da violên-cia é alimentado.

OBJETIVOS E AÇÕES

• União dos três poderes pela PAZ: ação que visa uma aproximação e um trabalho conjunto dos poderes público municipais (Executivo, Legis-lativo e Judiciário). Com essa união e cooperação pretende-se potencializar o Estado para o enfrentamento da violên-cia e a promoção da “cultura de paz”.

• Rede social de solidariedade: articular e estruturar a rede social da ci-dade por intermédio da catalogação de

Rede da PAZDezembro de 2009

(Fonte: MS / DATASUS / 2009)

Page 9: 11 Edição do Essencial

educação permanente, que garantirá aos trabalhadores da Rede Social uma qualificação e a capacitação para o en-frentamento da violência e para a pro-moção da PAZ. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é uma das instituições que coopera com o projeto por intermédio da Transferência de Tec-nologia em Aborgadem à Violência e Promoção da Cultura de Paz.

• Mobilização social: é o envolvi-mento ativo dos cidadãos, das organiza-ções sociais e das empresas nos rumos e acontecimentos de nossa sociedade. Ela se traduz em pequenas ou grandes ações e pode ser desempenhada de diferentes formas. De forma ampla, a participação da sociedade garante um maior controle das políticas públicas. Permitir o acesso à saúde, à educação e à moradia, dentre outros benefícios, é uma das principais ferramentas para a sustentabilidade na busca pela paz na cidade. Nesse âmbi-to, o projeto prevê várias ações, como rodas de conversas, encontros com as lideranças comunitárias e os integrantes dos conselhos de direitos.

Marol LopesColaboradora da Rede da Paz

[email protected]

Página 9Dezembro de 2009

todas as instituições prestadoras de ser-viços públicos e voluntários (secretarias municipais de Saúde, de Educação, de Cultura, de Esporte e organizações não governamentais) e da disponibilização do catálogo em formato virtual para todos os interessados. As redes da PAZ têm um caráter essencialmente emanci-patório. Por definição, devem ser aber-tas, democráticas e auto-organizativas. Elas facilitam a comunicação e se ali-mentam de informações, experiências e ações dos próprios membros, abrindo novas possibilidades e gerando espaços participativos e inclusivos.

• Observatório de Violência e PAZ: o objetivo dessa ação é o de mo-nitorar a violência e as ações de paz no município, pesquisando, desenvolven-do e aplicando tecnologias da informa-ção, as quais possam ser utilizadas pelos profissionais envolvidos na gestão dos sistemas municipais e pela comunida-de em geral. Pretende-se que a atuação se dê de forma intersetorial, apoiando a produção de informações adequadas à identificação da vulnerabilidade nos níveis individual, familiar e comunitá-rio, a promoção da “cultura de paz” e a formulação de políticas públicas desti-nadas ao enfrentamento da violência. O observatório contará com a cooperação das universidades / faculdades na análi-se dos dados, na produção e na dissemi-nação do conhecimento.

• Capacitação profissional: esse projeto conta com um programa de

A Rede da Paz tem a inten-ção de diminuir os índices de violência e mensurar o aumento da Paz em Divinópolis.

Para isso, é essencial a co-municação entre todos os que estiverem interessados.

Para saber mais, acesse o site www.divinopolis.mg.gov.br/rededapaz

E também na rua Minas Ge-rais, nº 900 - 3º Andar - Centro - Divinópolis - MG

Telefone: (37) 3229-6828

E-mail: [email protected]

Cadastre-se e receba novidades no seu e-mail.

Page 10: 11 Edição do Essencial

Página 10

Este texto procura chamar a atenção para um fenômeno que tem tido pouco destaque nas escolas de Divinópolis. Há anos tenho atuado junto às escolas dessa comunidade e nunca ouvi qualquer tipo de declaração, seja dos pais, dos educadores ou dos estudantes a respeito desse fenô-meno, que, como veremos, é muito fre-quente nas escolas e tem aumentado.

O silêncio diante desse tema levou-me a questionar sobre a razão pela qual as pessoas não falam sobre o “bullying” nas escolas em Divinópolis. Como pes-quisadora, transitando há alguns anos pelas escolas públicas, nunca ouvi sobre um seminário ou alguma discussão pro-movida pelo poder público ou pelas esco-las para discutir esse fato. E os pais? Já identificaram o sofrimento do filhos com o “bullying”? O que fizeram?

O termo inglês “bullying” ainda não recebeu qualquer tradução em idioma português para descrever uma típica cena escolar: “alunos zoando algum colega”. Ora, o que há de novo aí? Podemos nos indagar: isso é apenas uma “coisa da ida-de, um comportamento comum entre os escolares, sem maiores consequências”? Lamento dizer que, se você pensou isso e, especialmente, se você tem filhos na esco-la, é melhor rever a sua opinião.

Voltemos à etimologia das palavras “bully”, “bullie” e “bullying”. Assim, talvez, comecemos a nos preocupar, pois o “bullying” deve chamar a atenção dos adultos.

“Bully” é um termo em inglês que pode ser usado como verbo e como subs-tantivo. Como verbo ele tem o significado de “ameaçar, maltratar, assustar, oprimir”; como substantivo ele pode ser traduzido como “valentão, tirânico, mandão” ou, ainda, como “rixa”.

O termo “bullie” refere-se a quem pratica tal violência, enquanto o termo “bullying” significa “o desejo consciente e deliberado de maltratar outra pessoa e colocá-la sob tensão”.

O “bullying” “compreende todas as atitudes agressivas, intencionais e repeti-tivas, que ocorrem sem motivação eviden-te, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder, tornando possível a in-timidação da vítima”.

Com essas “traduções” e “definições” acredito que já podemos – ou mesmo de-vemos – redefinir a nossa impressão da cena inicial do texto, que, na verdade, pode ser uma cena cotidiana de “bullying”, se a olharmos a partir da estatística. Definiti-vamente ela não expressa uma brincadeira “normal” para a idade; ela é, sim, uma for-ma de violência que há anos frequenta os bancos escolares e que, segundo os estu-diosos do assunto, tem aumentando. Esses

alimentares”.Há, ainda, outros desdobramentos pro-

movidos pelo “bullying”, porque, certa-mente, o jovem que pratica essa violência na escola transborda tal violência para a sociedade, como já demostram algumas pesquisas.

Outra questão que claramente compõe o “bullying” é a intolerância em relação ao que é diferente, como expressa Marta-ni. Há, inclusive, a preocupação de alguns profissionais da Justiça, a exemplo do professor e promotor de Justiça de Minas Gerais Lélio Braga Calhau, que faz mui-tas reflexões importantes, associando os “bullies” e a formação das gangues, dentre outros desdobramentos. Buscando com-preender o “bullying” mediante as pesqui-sas do psicólogo norte-americano Bandu-ra, ele chama a atenção para a necessidade de um trabalho interdisciplinar com o ob-jetivo de lidar com o esse fenômeno.

Outro desdobramento do “bullying” é a expansão dele para o “cyber” espaço. Por intermédio dos aparelhos de telefonia móvel – ou seja, dos celulares – e da Inter-net, os “bullies” – os “valentões” – alcan-çam as próprias vítimas. Pesquisas, tanto na Inglaterra quanto nos Estados Unidos, demostraram que cerca de 20% dos estu-dantes têm sofrido algum tipo de violência através do “cyber” espaço (esses temas po-derão ser desenvolvidos em uma próxima oportunidade).

Há muita discussão na Internet – há, in-clusive, “blogs” de pessoas que sofreram o “bulyling” – entre pedagogos e psicólogos que tentam ampliar a compreensão desse fenômeno tão corrosivo para tantas pes-soas, sejam aquelas que o praticam, sejam aquelas que, principalmente, o sofrem.

Como vemos, há várias questões en-volvidas nesse ato aparentemente “ba-nal”: “zoação” entre colega de escola. Na verdade, esse é um desafio para toda a comunidade. A experiência de outros pa-íses e de outras cidades do Brasil mostra que somente um trabalho de grupo é ca-paz de diminuir o “bullying”. E para que isso aconteça é fundamental que, antes de mais nada, as pessoas conversem sobre o “bullying”, se informem sobre o que ele é, percebam o sofrimento que ele produz e denunciem as consequências desastrosas que ele acarreta, a curto e a longo prazos, para toda a sociedade.

Marilene Tavares CortezTerapeuta cognitiva,

professora no curso de Psicologia da FUNEDI

e doutoranda em Estudos Linguísticos na UFMG

[email protected]

profissionais nos alertam, também, sobre algumas outras estatísticas referentes ao “bullying”, como a alta incidência dele e o crescimento da respectiva incidência.

A pessoa que sofre o “bullying” pode desenvolver diversos tipos de dificuldades, dependendo do grau de violência a que foi submetida. Em uma das edições da revista inglesa “Marie Claire” foi publicada uma reportagem sobre o “bullying”. Na capa, a fotografia de oito pessoas do meio artístico que sofreram tal violência e, em destaque, a informação de que uma daquelas oito ví-timas se matara. Assim, a cada oito vítimas do “bullying”, uma irá se matar.

É preciso pensar sobre isso, porquanto os pais, os educadores e os representantes dos poderes públicos devem fazer algo so-bre isso. O primeiro passo é reconhecer o “bullying” em nossas escolas.

Parece distante tal realidade? Ou po-derá acontecer na sua escola? Ou já está acontecendo na escola do seu filho, na escola que você frequenta? Com você ou com o seu amigo ou com o seu filho? Não foi o que aconteceu com dois garotos bra-sileiros em 2003 e, recentemente, com dois garotos norte-americanos?

Em 2003, um dos garotos brasileiros voltou à escola onde havia estudado e ati-rou em 50 pessoas, atingindo sete, e em seguida se matou.

Em 2009, os garotos estadunidenses, um da Geórgia e o outro de Massachusetts (ambos com 11 anos), mataram-se porque sofriam intensa violência dos colegas, os quais os acusavam de ser “gays”.

Com isso identificamos mais um as-pecto envolvido na prática do “bullying”, agora ligado à pessoa que sofre esse ato de violência, nas palavras da psicóloga Silvana Martani: “o que potencializa de-finitivamente uma pessoa a se tornar alvo é a fragilidade emocional associada à di-ferença de padrão. Estar fora do padrão exige um fortalecimento dos recursos emocionais para enfrentar as reações dos colegas e, muitas vezes, o indivíduo acaba sucumbindo e se abatendo, o que gera um empobrecimento da autoestima e o impede de procurar ajuda ou reagir. Com isso, a insociabilidade e a passividade aumentam, fazendo despencar tanto o rendimento es-colar quanto a frequência e o interesse na escola”.

Assim, pais e educadores devem iden-tificar e diferenciar uma brincadeira de co-legiais do “bullying”, pois, como se sabe, a pessoa que sofre o “bullying” terá grande chance de desenvolver algum problema emocional. Como confirma Martani, “esse quadro pode levar os jovens a desenvol-verem uma série de doenças emocionais ou físicas devido ao estresse a que estão expostos diariamente, dentre as quais, a depressão, a síndrome do pânico, a asma, a bronquite, a colite, a gastrite e distúrbios

Dezembro de 2009

Bullyng

Page 11: 11 Edição do Essencial

Nutrição

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A energia entra em sintoniza com os semelhantes e o ser humano é uma estação geradora, transmissora e recep-tora de energias. Portanto, ele é o único responsável pela construção do próprio destino, pela própria vida. Cada um emana um tipo de energia, que reflete o mundo interior e o grau de amplitude da consciência. Assim, o ser humano pode emanar energias desequilibradas ou har-moniosas, que transmitem inquietação ou paz.

É o ser humano que molda o próprio futuro. Mediante o ele que emite inter-namente, surgem as antipatias ou afini-dades com as pessoas que estão à volta. Nesse caso, entra-se em contato com o campo vibracional do outro e reage-se a ele, positivamente ou não, de acordo com a essência de cada um.

Cabe salientar um aspecto importan-te: muitas vezes, a reação da pessoa não é propriamente ao campo de energia da outra e, sim, uma resposta interna às in-quietações de si mesmo. Como exemplo podemos citar algumas situações.

Suponhamos que certa pessoa te-nha o mesmo cheiro ou a mesma forma de falar ou qualquer característica que lembre um antigo relacionamento afeti-vo, que fez a pessoa sofrer muito. Ela, instintivamente, poderá reagir com anti-patia ou sentindo mal-estar.

Outras vezes, a pessoa que está à sua frente está funcionando como uma for-ma de espelho, na medida em que pos-sui as mesmas falhas suas. Assim, ela mostrará tudo o que, internamente, você já sabe que tem de mudar, mas, ainda, não tomou a iniciativa ou, pode-se di-zer, não deu conta de lidar com essas questões. E isso, com certeza, lhe inco-modará profundamente.

Em outras situações, a pessoa pode exibir tudo aquilo que você gostaria de ser ou fazer, assim transmitindo-lhe o quanto você não teve a coragem de ir à luta pelos seus ideais.

Para saber distinguir e entender essas

diferenças é indispensável o autoconhe-cimento, o qual é conseguido mediante um contínuo processo de autoestudo.

Esse entendimento é a base para sa-ber direcionar a construção do próprio futuro, por intermédio de mudanças nas atitudes diárias e, consequentemente, nas mudanças dos acontecimentos sub-sequentes.

Júnior ValadaresNutricionista e terapeuta

especializadoem tratamentos naturais

[email protected]

A sintonia interna e a construção do próprio futuro

Clube da FraternidadeO GEEC é uma ONG sem fins lucrativos que visa contribuir em benefício de um mundo

melhor.

Vários projetos sociais são oferecidos à comunidade como forma de melhorar a sociedade em que vivemos. No entanto, a

dificuldade financeira é um fator que inibe nossa ação.

Para não encerrar as atividades por falta de recursos foi criado o

Clube da Fraternidade.

As pessoas que contribuem com qualquer quantia são cadastra-das e recebem uma carteirinha de sócio, com a qual podem

usufruir de descontos em vários estabelecimentos comerciais.

Economia e Solidariedade jun-tas para o bem de todos.

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(37) 3222-7644

Dezembro de 2009

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base aos futuros terapeutas para que tenham condições de compreender o ser humano nos

eus aspectos físico, energético, emocional e psíquico, orientando-o na prevenção de

doenças e promeovend a qualidade de vida.

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Page 12: 11 Edição do Essencial

Página 12

Para entendermos os significados das pala-vras de Jesus, analisemos os elementos pre-sentes nesta parábola.

a) OBJETOS

O Reino dos Céus: Possui diversas interpre-tações. Seja qual for a interpretação, trata-se do objetivo que Jesus nos apresenta. É o alvo que devemos alcançar. É a felicidade, a paz. Segundo Jesus, está dentro de nós. Para o Espiritismo, a felicidade só é alcan-çada com a evolução intelecto-moral. Todos a alcançaremos, mais cedo ou mais tarde. Todos os ensinamentos de Jesus objetivam ajudar-nos a alcançar o Reino dos Céus, ou seja, ensinar-nos o caminho para a nossa evolução espiritual.

Boa semente: É uma semente. A semente é pequena, mas contém tudo que é necessário para a formação de uma grande árvore. Ela representa o potencial que todos nós possuí-mos para sermos felizes, para alcançarmos a perfeição. Representa, também, as palavras, os pensamentos e os sentimentos, que po-dem nos fazer crescer. Dentro de nós está toda a possibilidade do bem.

Campo: Campo é o lugar onde são semea-das as sementes, as palavras, os ensinamen-tos. É o coração e a mente dos homens. É a nossa consciência, onde crescem o trigo e o joio, as coisas boas e as coisas más. Semear no campo é semear em nossos corações e em nossas mentes.

Joio: É o mal. É a falsidade. É a mentira. Parece com o trigo, mas não é. Não se faz pão com joio. É algo que não é desejado, que atrapalha a plantação, uma erva dani-nha. São contra-valores, as paixões e os ví-cios, que tanto prejudicam a humanidade e o homem em particular.

Erva e fruto: Toda semente se transforma numa erva e a erva produz os próprios fru-tos. Enquanto as sementes são as palavras, os pensamentos e os sentimentos, as ervas são as atitudes, as virtudes e a transforma-ção moral, e o fruto, os resultados advindos, ou seja, a evolução espiritual e a felicidade. Sendo a semente o nosso potencial para a perfeição, a erva e o fruto são as realizações deste potencial.

Trigo: É erva e o fruto da boa semente.

Tempo da ceifa: É a morte do corpo físico ou a transição planetária. Após a morte é que se colhem os atos da vida. Se agirmos bem, em conformidade com nossa consciência, ela estará tranquila. Se fazermos coisas das quais nos arrependemos, mas não procura-mos repará-las, a culpa e o arrependimen-to nos assombrarão. Por outro lado, haverá um tempo de ceifa planetário, quando nosso

planeta passará a ser um planeta de rege-neração. Aqui ficarão habitando apenas os espíritos que estiverem com a evolução em conformidade com a evolução planetária.

Celeiro: Celeiro é onde se guarda o trigo. É a realidade espiritual onde ficam os espíritos que conseguem cumprir a missão de fruti-ficar a boa semente, ou seja, de realizar a potencialidade para o bem. São colônias de felicidade e de aprendizagem.

b) AÇÕES

Semear: É espalhar a semente no campo para que ela cresça e frutifique. Nós deve-mos espalhar o bem em nós mesmos, nas nossas famílias e nos nossos próximos. São os atos de estudar, escutar, falar, pensar, re-fletir, divulgar, ensinar e exemplificar.

Dormir: É deixar o estado de vigília. É não vigiar e não vigiar-se. É perder, momenta-neamente, a consciência, ou não ouvi-la.

Retirar-se: Quem semeia o mal não mantém as próprias ações. Age durante nossa invi-gilância e se retira sorrateiramente quando nossa consciência desperta. Retira-se por-que sabe que os respectivos atos não são bons.

Crescer e dar fruto: É a expressão da mara-vilhosa lei da evolução. No decorrer do tem-po crescemos e damos frutos e pelos frutos conhecemos a árvore. No reino humano, crescer e dar fruto representa compreender e praticar.

Veio, apareceu: O bem e o mal estão presen-tes em nossas vidas. Vícios e virtudes estão em nosso ser. Mas não aparecem simples-mente do nada. Foram semeados nesta ou em outras vidas e vão crescendo dentro de nós.

Chegando: Quem chega aproxima-se. Os servos do Senhor do campo chegam perto de nós para nos indagar, nos incentivar e nos ajudar.

Arrancar, arrancar juntamente: Arrancar o joio é não permitir o mal no mundo, é im-pedir que o mal se manifeste. Porém, isso nos tiraria a liberdade, o mérito e o processo de aprimoramento espiritual, iria “arrancar juntamente” a possibilidade do desenvolvi-mento de muitas virtudes, como a caridade e a resistência, dentre outras.

Crescer ambos juntos: Significa permitir que o bem e o mal, a sabedoria e a ignorân-cia, vivam lado a lado, permitindo aos espí-ritos uma multiplicidade de escolhas.

Ajuntai em feixes para queimá-los: O mal, a ignorância e os contra-valores são ilusões.

O joio e o trigo

Eles serão agrupados nas experiências pas-sageiras, as quais serão abandonadas, es-quecidas, porque não são verdadeiras. Eles serão destruídos, da mesma forma que a luz destrói as sombras. E os homens que susten-taram invigilantemente o mal sofrerão as consequências dos próprios atos.

Recolhei: Recolher é diferente de ajuntar. Recolhe para guardar, porque é útil, bom e belo. O trigo faz o pão, que mata a fome do espírito. Os servos do Senhor guardarão ca-rinhosamente cada ramo do trigo no celeiro.

c) SUJEITOS

Homem: Nós. Eu e você.

Homem inimigo: Quais são os nossos inimi-gos verdadeiros? O mal, a inferioridade, os vícios, os defeitos morais, principalmente o orgulho e o egoísmo. O homem inimigo, em verdade, é o homem possuído por nos-sos inimigos. O homem inimigo pode ser, inclusive, nós mesmos.

Servos do dono do campo: Os espíritos do Senhor. Os nossos protetores e mentores espirituais. São os intermediários de Deus para com os homens. Também são chama-dos de providência divina.

Dono do campo: Deus. Só pode ser Ele, Pai de toda a criação, Criador de todas as sementes. Deus bom, soberanamente justo e perfeito em todas as perfeições, que não quer que nenhuma das ovelhas se perca, mas que todos, mais lenta ou rapidamente, cheguem à perfeição.

Resumindo, a parábola pode ficar assim:

O Reino dos Céus (felicidade) é semelhante a uma pessoa que, ouvindo a consciência, percebeu os bons potenciais e procurou desenvolvê-los. Mas, estando invigilante, permitiu ser influenciado negativamente por erros e ilusões. Quando chegou o mo-mento da real transformação e da felicidade, apareceram, junto com as virtudes, muitos vícios que o impediram de ser feliz. A pro-vidência divina poderia interferir, mas Deus quer que o mal e o bem convivam juntos, para que possamos ser livres e responsáveis por nossas decisões. Porém, no momento da morte, os homens maus serão ajuntados e sofrerão as consequências dos próprios atos e os homens de bem, que vencerem e resis-tirem até o final, serão acolhidos nos planos de felicidade.

Jomar Teodoro GontijoMestre em Educação e

diretor de ensino do [email protected]

Parábola Comentada

“O Reino dos Céus é semelhante a um homem que semeou a boa semente no próprio campo. Mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo e retirou-se. Quando a erva cresceu e deu fruto, também apareceu o joio. Che-

gando os servos do dono do campo, disseram-lhe: Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Pois de onde vem o joio? Res-pondeu-lhes: Homem inimigo é que fez isso. Os servos continuaram: Queres, então, que vamos arrancá-lo? Não – respondeu ele

–, para que não suceda que, tirando o joio, arranqueis, juntamente com ele, o trigo. Deixai crescer ambos juntos até a ceifa. E no tempo da ceifa direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio e atai-o em feixes para queimá-los, mas recolhei o trigo no meu celeiro.”

Jesus, Mateus XIII, 44

Dezembro de 2009

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Página 13

Algumas pessoas se surpreendem quando o espírita afirma que é cristão e que procura, como tal, vivenciar o Evangelho ensinado por Jesus. Outras, mais radicais, se sentem profundamente ofendidas em nome de Jesus, daquele Jesus que, segundo a religião que pro-fessam, não se harmonizaria com al-guns dos Princípios Fundamentais do Espiritismo.

É inegável que elas têm razão, por-que a visão espírita de Jesus e do Cris-tianismo difere completamente das re-ligiões tradicionais. Pode-se fazer uma analogia simples para melhor compre-ensão do significado do Cristianismo dentro da Doutrina Espírita. Para ela, ele é como a água da nascente do rio, que brota cristalina, livre da impure-za que vai adquirindo à medida que percorre o próprio leito, recebendo os afluentes que a contaminam e a redire-cionam, mudando-lhe o curso no tempo e no espaço.

A essência e a força do Cristianis-mo são constituídas pela ética e pela moral dos ensinamentos de Jesus, que os exemplificou com a própria vivência e com a coerência entre o pensar, o fa-lar e o agir dele. Assim, “O Evangelho Segundo o Espiritismo” contém toda a pureza dos ensinamentos do Mestre dos Mestres ao alcance de toda a humani-dade, porque atende a todos, indiscri-minadamente. É cristalino como a água da nascente e, sendo a essência dele os princípios universais, não gera polêmi-cas infrutíferas. Nele se encontram os ensinamentos de Jesus, as parábolas ou analogias por Ele utilizadas para melhor ser compreendido nas próprias coloca-ções.

Mesmo assim, dois mil anos depois da vinda de Jesus a este planeta, a hu-manidade continua recalcitrante, pre-ferindo as trevas da ignorância à luz brilhante do Conhecimento que Ele nos trouxe, seguindo um caminho do qual desconhece a direção, o sentido e o significado e negando-se a confiar nas palavras de vida, mediante as quais Ele nos ensina o verdadeiro caminho para a construção do Reino de Deus no íntimo de cada um (esse é, segundo o Espiri-tismo, o objetivo de cada existência hu-mana).

O espírita evita questionamentos polêmicos, notadamente os que discu-tem a respectiva origem histórica, os “milagres” e, principalmente, aqueles que não dizem respeito ao objetivo da vinda de Jesus à Terra, ou seja, o que é importante é o motivo da reencarnação missionária de Jesus como referencial de vida para o processo evolutivo dos seres humanos.

Jesus não veio para ser o salvador de ninguém (onde estaria o livre arbítrio,

se assim o fosse?) e muito menos mor-reu na cruz para redimir os pecados da humanidade (e a responsabilidade pelos atos de cada um?). E Ele não é a tercei-ra pessoa da Santíssima Trindade (Deus não é uma tríade).

Para o Espiritismo Jesus é um irmão maior, Mestre dos Mestres, cuja evolu-ção é superior a qualquer outro espírito que já encarnou na Terra. Não objetivou fundar uma religião, nada deixou escri-to que formulasse essa intenção, mas os discípulos dele foram instruídos para que difundissem os ensinamentos dele para toda a humanidade.

A Doutrina Espírita tem como um dos princípios básicos a fé sólida e ra-cional em Jesus e no Evangelho dele, cujo conhecimento, somado à Ciência e à Filosofia, consolida a unidade do pro-cesso de aprendizagem pela qual todos que habitam este planeta estão submeti-dos por Lei Natural.

A Doutrina Espírita é inquestiona-velmente cristã, mas segue um Cristia-nismo que apenas tem em comum com o das outras religiões os ensinamentos do Mestre Jesus referentes à moral e à ética, os quais, sem dúvida alguma, são universais.

Maria JoséÉ diretora institucional do GEEC e

membro do Grupo de Contextualização Espírita

[email protected]

A Doutrina Espírita perante o Cristianismo

Contextualizando o Espiristismo

O Grupo de Contextualização Espírita

se reúne todas as segundas-feiras, das

19 às 21 horas,no GEEC, e está aberto a todos os interessados.

Informações: (37) 3222-7644.

Notas e Notícias

Dezembro de 2009

Estudo e bate-papo com Ronaldo Lobo

(Sociedade Brasileira de Estu-dos Espíritas)

Contextualizando a Doutrina Espírita

Dia 19 de dezembro.

De 10 às 12 horas e de 14 às 17 horas.

Local: GEEC - Rua coronel João Notini, 800. Centro.

Informações 3222-7644

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Página 14

Tenho passado uns maus bocados com meu marido, que é alcoólatra e

não aceita que se diga. Estou tentando encontrar soluções e paciência para enfrentar as dificuldades. Trabalho feito louca para ajudá-lo a pagar as dívidas referentes ao primeiro casa-

mento dele. Gostaria que ele arranjas-se outro emprego, para ajudar mais

em casa, porque o que ele dá é pouco. Mas ele acha que faz o suficiente

trabalhando oito horas por dia. E não aceita que eu vá ao Brasil com minha filha, para visitar meus outros filhos e o meu pai de 82 anos, após dois anos

sem vê-los. Será que é egoísmo da minha parte alegar que a viagem é

cara e que ele não precisa ir, porque o Brasil não é terra natal dele? Eu

suo muito para ganhar dinheiro e não consigo guardar um centavo para as horas de necessidade. Tudo fica para as despesas da casa e da família. Eu

acho que mereço matar as sauda-des, sem ter a obrigação de pagar as

despesas de viagem para ele também. Obrigada pela ajuda.

C.T

Como você é espírita, você sabe que habitamos um mundo de expiações e provas. Isso significa que quando erra-mos o caminho e percorremos uma tri-lha que está fora das leis universais ou das leis divinas, essas leis exercem em nós uma reação que nos conduz à har-monia com elas.

A isso chamamos de educação, ree-ducação ou correção de caminhos. Nun-ca podemos chamar a isso de castigo, pois não estaríamos sendo justos com Deus, que nos abençoa com as oportu-nidades de sempre voltar para o leito do rio que nos leva à perfeição.

Expiação, pela própria palavra, quer dizer: ex = para fora, pio = pureza, bon-dade. Logo, expiação significa colocar para fora a pureza que está em nós.

Muitas vezes sentimos dores, priva-ções e sofrimentos e, mesmo assim, não estamos nos expiando, porque somente nos expiamos quando, mesmo sob dores e sofrimentos, conseguimos externar a nossa pureza e a nossa bondade.

Ao chegarmos nesse ponto, signifi-ca que a desarmonia provocada pelos nossos erros está chegando ao fim e, por isso, as reações ou efeitos indesejáveis desses erros cessam.

Portanto, eu lhe proponho essas re-flexões:

Clube do LivroEspírita

janeiroDOUTRINÁRIO

Minutos com Chico XavierAutor: José Carlos de LuccaEditora: Bezerra de MenezesGênero: Atualização

Esse livro é valioso para o nosso dia-a-dia, próprio para ser utilizado nos momentos em que, perdidos em meio a tantos problemas, nós precisamos de um amigo que nos ajude a encontrar o caminho da felicidade. Esse amigo passou pela Terra e a vida dele foi um dos mais belos testemunhos de amor e de superação das adversidades que já se houve em nosso planeta. Chico Xavier não se limitou a ser intermediário dos Espíritos. A maior tarefa dele na Terra foi a de testemunhar o amor, a fé e a bondade para as milhares de criaturas que encontrou pelo caminho.

ROMANCE

Em Outra DimensãoAutor: Valdemir P. BarbosaEditora: O ClarimGênero: Romance mediúnico

Durante uma intervenção cirúrgi-ca, Alan Smith teve a mais insólita e maravilhosa experiência da vida dele. Enquanto o corpo recebia os cuidados pertinentes à operação, ele assistia à equipe médica, pressurosa, que traba-lhava para lhe salvar a vida. Porém, Alan já não se encontrava presente. Ele fora arrebatado em espírito para uma outra dimensão na companhia de seres espirituais, dos quais jamais imagina-ra a existência. Esse é um livro que aborda a EQM – Experiência de Quase Morte –, uma obra resultante da ciência com a espiritualidade.

INFANTIL

A Descoberta do Dr. CorujãoAutor: Regina TimbóGênero: Infanto-juvenilEditora: IDE Depois de muito tempo longe, estu-dando com os melhores professores, o jovem Dr. Corujão retornou para casa. O que o Dr. Corujão nem desconfiava é que ainda havia muito aprendizado e uma grande descoberta, a qual o trans-formou para sempre. Qual a descoberta do Dr. Corujão?

Atendimento Fraterno– Diante de suas inseguranças, dores

e sofrimentos, você já consegue exter-nar a sua bondade e a sua pureza?

– Você, verdadeiramente, confia em Deus?

Errar e acertar fazem parte da vida e ambos nos ensinam a saborear o gos-to de viver plenamente as escolhas e a aprendermos a sermos seres humanos por excelência, com menos dores e so-frimentos.

É assim que evoluimos e “re-evolui-mos”, ou seja, quando nos predispomos a mudar de atitudes equivocadas do nosso passado assim que as detectamos, porque elas nos chamam à consciência e nos exigem soluções.

Mas não devemos cultivar as culpas como se quiséssemos parecer perfeitos e incapazes de errar.

Os humildes transformam as pró-prias culpas em responsabilidades e re-param os erros cometidos, aprendendo com eles e os superando.

Nessa hora devemos contar com os recursos da Medicina ou de psicotera-peutas para nos ajudarem e devemos confiar em Jesus, que nunca nos repre-ende pelos nossos erros passados, mas nos alerta sobre a necessidade de corri-gi-los e de não errarmos mais doravan-te. Ele disse: “Vá e não peques mais”.

Continue a estudar e a se esforçar para ser uma boa cristã e siga o seu co-ração, tendo sempre como referência a frase de Jesus: “Fazei aos outros aquilo que você deseja que os outros lhe fa-çam”. Essa frase nos faz abrir os cora-ções para novas amizades e para novas redes de relações afetivas, além de nos ajudar a aprimorar as que já possuímos.

O Espiritismo nos ensina que a única coisa que pode nos salvar de nossas pró-prias mazelas é a prática da caridade. E isso está ao alcance de qualquer pessoa e em quaisquer tempos e lugares, por-que a caridade é o amor em ação.

José AmaralBacharel em Filosofia,

palestrista e escritor

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Dezembro de 2009

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sas transitórias para as duradouras. Isso dependerá do crescente convencimento de que não somos apenas um composto bioelétrico, corpos que se desfazem na terra depois de um certo período de rea-ções bioquímicas. Está aí a mais impor-tante tarefa do Espiritismo: disseminar a tese da imortalidade, da reencarnação e da existência de um Criador, além da possibilidade do contato intermundos.

Quanto mais estivermos convenci-dos de que a vida é muito mais do que o intervalo entre o berço e o túmulo, mais valor terá a vida, por ser imortal.

Nunca antes a humanidade necessi-tou tanto de informações sobre a vida além-matéria, sobre as responsabilida-des assumidas a partir de nossas esco-lhas e atitudes, sobre a continuidade dos relacionamentos com afetos e desafetos. É preciso “matar a morte”, dando a ela o verdadeiro significado de “um parto ao contrário”, como escreveu Léon Denis.

A certeza da imortalidade – e não a mera crença a partir de informações vagas – promoverá a indispensável mu-dança de comportamento, para que a so-ciedade se renove com base em valores mais estáveis, desprovida de preconcei-tos, fundamentalismos, discriminações, dentro da certeza de que Deus é Pai de todos e não de alguns.

O aumento do efetivo policial e mi-litar, o aperfeiçoamento das estratégias de combate ao crime organizado e à corrupção e o uso de armas cada vez mais sofisticadas podem até conter, par-cialmente, a escalada da violência, mas não erradicarão as raízes dela, as quais estão imersas no medo, na insegurança, na ambição e no egoísmo. Será preci-so avançar mais no esclarecimento das pessoas sobre a realidade espiritual, de modo a promover uma verdadeira e de-finitiva revolução interior.

Paulo SantosSociólogo e professor universitário

[email protected]

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Programa Projeto Futuro

Dezembro - 2009

Dia 5 : Tema “Jesus Cristo, o Pedagogo”, com Plauto Giani. Será que podemos chamar Jesus de pe-dagogo? Como Jesus teria contri-buído para a educação no planeta Terra? Amar ao próximo, benevo-lência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias, perdão das ofensas: seria tudo isso uma maneira de educar as pessoas? Fique ligado!

Dia 12 : Tema “Vida e Obra de Jesus Cristo”, com Márcio Torres. Quem foi Jesus? Um espírito pri-vilegiado, que foi criado perfeito, com todos aqueles dons e conheci-mentos? Qual o verdadeiro sentido da vinda dele ao nosso mundo? O Evangelho foi escrito por outras pessoas. Ele mesmo não escreveu nada. Por quê? Ouça o programa e fique por dentro!

Dia 19 : Tema “Visão Espírita do Natal”, com Gilmar Barbosa. Como surgiu o Natal? Por que a idéia de presentear as pessoas? Je-sus teria mesmo nascido no dia 25 de dezembro, como está registrado na história? Como o Espiritismo percebe o Natal? O Natal para o es-piritismo é muito diferente do Natal vivenciado pelas outras religiões? Não percam esse programa!

Dia 26 : Tema “Deus, Pai Cria-dor”, Com Clodovir. O que ou quem é Deus? Deus existe ou tudo o que existe é mera coincidência? Será que, mesmo com tantas injustiças no mundo, com tanta violência, nós podemos dizer que Ele é de infinita bondade e de infinita misericórdia? Por que ocorrem as grandes catás-trofes, matando milhares de pes-soas? Por que uns nascem na mais completa miséria e outros, na far-tura, na riqueza? Ouça o programa!

Todos os sábados,das 10 às 11 horas.

Rádio Minas AM, 1.140 Khtz.Radio Minas 99.3 FM

Pela Internet:www.projetofuturo.radio.br

Opinião Espírita

Dezembro de 2009

A vida é o bem absoluto, por isso não tem preço. Assim, podemos come-çar essa ligeira reflexão pela conclusão e não pelos argumentos.

A discussão sobre a pena de morte, sobre o aborto e tudo o mais que pos-sa implicar em interrupção voluntária da existência física, seja também pelo suicídio, seja por condenações diversas, cai no vazio, considerando que todos os esforços humanos devem ser direciona-dos no sentido da conservação da vida humana e das outras espécies.

A natureza tem os próprios mecanis-mos de controle populacional. Desde o determinismo biológico do envelheci-mento seguido de morte, passando pe-las doenças e acidentes, a interrupção da vida se dá dentro do sistema geral de controle em atendimento à Providência Divina, que rege e regula a existência de tudo e de todos do universo. A Lei de Destruição, conforme ensina a Doutri-na Espirita, não precisa de um empur-rãozinho dos humanos, não fosse nossa escassez de entendimento e de evolução moral.

A violência, que parece ter explodi-do em todas as comunidades atuais nos últimos quinze ou vinte anos, sem dúvi-da está fora de controle. A humanidade está doente. Doente pela escassez de va-lores que priorizem a vida e a existência terrena dentro de parâmetros razoáveis de qualidade. É bem verdade que o pro-blema é hipercomplexo, envolvendo questões espirituais, psicossociais, eco-nômicas, políticas, históricas, demográ-ficas etc..

Se admitirmos como verdadeiras as informações que nos dão conta de, apro-ximadamente, trinta bilhões de seres humanos (espíritos) habitando a Terra, dos quais mais de seis bilhões na condi-ção de encarnados, teremos uma visão mais ampla da proporção de atividades em ambos os lados da vida – a material e a espiritual –, dentro de um intenso in-tercâmbio de ideias e de iniciativas dire-cionadas para o bem comum e, também, para atividades que priorizam interesses discutíveis de organizações voltadas para o poder e para a dominação.

Não pode mais haver dúvidas de que, para vivermos em paz na Terra, será ne-cessária uma profunda reformulação em nossos padrões culturais, de modo a transferir o foco de interesse nas coi-

QUANTO VALE UMA VIDA?

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GEEC EM FOTOS

Jovens integrantes do projeto Pró-adolescente recebem gratuitamente aulas de Design Gráfico com prof. Alexandre Carlos. Dia 26 de novembro de 2009.

Randal Wender, Alexandre Mol, Valdemar Amaral e Jomar Teo-doro nas instalações do ABC Hipermercado em palestra para inte-grantes do projeto Pró-adolescente em 13 de novembro de 2009.

Dezembro de 2009

Júlio Brandão, integrante do Pró-adolescente, em ativi-dade na sede dos Correios, no auxílio ao projeto “Papai

Noel do Correios”, dia 1º de dezembro de 2009.

Prof. Sandro David na entrega dos certificados de conclu-são do curso de Filosofia no GEEC. Dia 02 de dezembro

de 2009.