1 universidade federal do rio grande do norte programa de

85
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA EFEITOS DA VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA NOS MODOS CPAP E BI-NÍVEL SOBRE A TOLERÂNCIA AO EXERCÍCO NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CRÔNICA FLÁVIO EMANOEL SOUZA DE MELO Natal-RN 2016

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

EFEITOS DA VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA NOS MODOS CPAP E BI-NÍVEL

SOBRE A TOLERÂNCIA AO EXERCÍCO NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

CRÔNICA

FLÁVIO EMANOEL SOUZA DE MELO

Natal-RN

2016

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2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

EFEITOS DA VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA NOS MODOS CPAP E BI-NÍVEL

SOBRE A TOLERÂNCIA AO EXERCÍCO NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

CRÔNICA

Dissertação apresentada à Universidade Federal do

Rio Grande do Norte – Programa de Pós-Graduação

em Fisioterapia, submetido à avaliação à banca

examinadora para obtenção de título de Mestre em

Fisioterapia.

Orientadora: Prof. Dra. Patrícia Angélica de Miranda

Silva Nogueira

Natal-RN

2016

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3

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Sistema de Bibliotecas – SISBI

Catalogação da Publicação na Fonte - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências da Saúde – CCS

Melo, Flávio Emanoel Souza de.

Efeitos da ventilação não invasiva nos modos CPAP e Bi-nível sobre a tolerância ao

exercício na insuficiência cardíaca crônica / Flávio Emanoel Souza de Melo. - Natal, 2017.

85f.: il.

Dissertação (Mestrado em Fisioterapia)-Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia,

Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Orientadora: Profa. Dra. Patrícia Angélica de Miranda Silva Nogueira.

1. Pressão positiva continua nas vias aéreas - Dissertação. 2. Respiração com pressão

positiva inspiratória - Dissertação. 3. Teste de esforço - Dissertação. 4. Resistência física -

Dissertação. I. Nogueira, Patrícia Angélica de Miranda Silva. II. Título.

RN/UF/BSCCS CDU 615.816

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4

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia

Prof. Dr. Álvaro Campos Cavalcanti Maciel

III

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5

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

EFEITOS DA VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA NOS MODOS CPAP E BI-NÍVEL

SOBRE A TOLERÂNCIA AO EXERCÍCO NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

CRÔNICA

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª. Drª. Patrícia Angélica de Miranda Silva Nogueira – UFRN

Prof. Dr. Michel Silva Reis – UFRJ

Prof. Dr.Wouber Herickson de Brito Vieira – UFRN

IV

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6

Dedicatória

“... ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao

único Deus sábio, seja honra e glória para todo o

sempre. Amém.” (1 Tm 1.17)

V

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7

Agradecimentos

Agradeço aos meus pais, familiares e

amigos, assim como aos professores, alunos

bolsistas, voluntários e pacientes. Sem eles nada

disso seria possível!

VI

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8

SUMÁRIO

Dedicatória................................................................................................................................ V

Agradecimentos....................................................................................................................... VI

Lista de Abreviaturas.............................................................................................................. VII

Lista de Tabelas..................................................................................................................... ..IX

Lista de Figuras........................................................................................................................ .X

Resumo....................................................................................................................................XII

Abstract..................................................................................................................................XIII

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 16

2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................. 20

3 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 22

3.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 23

3.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 23

4 HIPÓTESES .......................................................................................................................... 24

5 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................. 26

5.1 Caracterização e local do estudo ........................................................................................ 27

5.2 População do estudo e amostra ....................................................................................... 27

5.2.1 População................................................................................................................. 27

5.2.2Cálculo amostral ....................................................................................................... 27

5.3Critérios de elegibilidade e procedimentos para seleção de sujeitos ............................... 28

5.3.1 Critérios de Inclusão ................................................................................................ 28

5.3.2 Critérios de Exclusão ............................................................................................... 28

5.3.3 Procedimentos para seleção dos sujeitos (Sigilo de alocação, randomização e

mascaramento) .................................................................................................................. 28

5.5Aspectos éticos ................................................................................................................ 29

5.6 Estudo piloto ................................................................................................................... 29

5.7 Medidas de avaliação...................................................................................................... 29

5.7.1 Desfecho primário ................................................................................................... 29

5.7.2 Desfecho secundário ................................................................................................ 30

5.8 Desenho do estudo .......................................................................................................... 30

5.8.1 Avaliação clínica e avaliação cognitiva................................................................... 32

5.8.2 Avaliação da qualidade de vida ............................................................................... 32

5.8.3 Avaliação da função pulmonar ................................................................................ 33

5.8.4Avaliação da fadiga e dispneia ................................................................................. 33

5.8.5 Avaliação das respostas afetivas.............................................................................. 33

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9

5.8.5Avaliação da tolerância ao esforço ........................................................................... 34

5.8.6 Protocolo de intervenção com VNI ......................................................................... 35

5.9 Análise estatística ........................................................................................................... 36

6 RESULTADOS ..................................................................................................................... 38

6.1 Artigo 1 ........................................................................................................................... 40

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 64

ANEXOS .................................................................................................................................. 72

APENDICE .............................................................................................................................. 80

VII

Page 10: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

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Lista de Abreviaturas

Antagonista RA – Antagonistas dos receptores da aldosterona

Bi-nível – Ventilação por dois níveis pressóricos nas vias aéreas

BRA – bloqueadores do receptor da angiotensina II

CPAP – Pressão positiva contínua nas vias aéreas

CVF – Capacidade vital forçada

DM – Diabete melitus

DSP – Distância percorrida

EPAP – Pressão positiva expiratória nas vias aéreas

FCmáx – Frequência cardíaca máxima

FEVE – Fração de ejeção de ventrículo esquerdo

FR – Frequência respiratória

HAS – Hipertensão arterial sistêmica

IC – Insuficiência Cardíaca

IECA – Inibidor da enzima conversora de angiotensina

IMC - Índice de Massa Corporal

IPAP – Pressão positiva inspiratória nas vias aéreas

MLHFQ – Minnesota living heart failure questionnaire

P1 – Pesquisador 1

P2 – Pesquisador 2

P3 – Pesquisador 3

PA – Pressão arterial

PAD – Pressão Arterial Diastólica

PAS – Pressão arterial sistólica

PSE-D – Percepção subjetiva de esforço em relação a dispneia

PSE-P – Percepção subjetiva de esforço das pernas

RC – Resposta cronotrópica

SpO2– Saturação periférica de oxigênio

SWT – Shuttle walking test

T-Bi – TGC após uso de Bi-nível mínimo (EPAP = 6/ IPAP =12)

T-BM – TGC após uso de Bi-nível máximo (8/14)

TC6 – Teste de caminhada de seis minutos

T-Co – TGC Controle

T-CP – TGC após o uso de CPAP.

TGC – Teste graduado da caminhada

VIII

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VEF1 – Volume expiratório forçado no primeiro segundo

VNI – Ventilação não invasiva

VO2máx– Consumo máximo de oxigênio

SSVV –Sinais Vitais

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Lista de Tabelas

Tabela 1. Caracterização da amostra--------------------------------------------------- 58

Tabela 2. Comparação entre os grupos da diferença dos SSVV obtidos no

momento de repouso daqueles encontrados após 30 minutos de VNI.-------------

60

Tabela 3. Efeito da intervenção com VNI, no modo Bi-nível e no modo CPAP,

aplicados antes do exercício, nos sinais vitais e na sensação de dispneia e fadiga

muscular obtidos em TGC.---------------------------------------------------------------

62

X

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13

Lista de Figuras

Da dissertação:

Figura 1. Desenho do estudo ------------------------------------------------------------

31

Figura 2. Esquema de organização do SWT. -----------------------------------------

35

Do artigo:

XI

Figura 1. Fluxograma e desenho do estudo:--------------------------------------------

56

Figura 2. Comparação entre os grupos da Distância Percorrida (A), bem como

da Resposta Cronotrópica (B), obtidas nos SWT.---------------------------------------

57

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Resumo

Introdução: Sabe-se que ventilação não invasiva (VNI) é capaz de aumentar capacidade

funcional em pacientes com insuficiência cardíaca (IC) crônica. Contudo, ainda há

divergências quanto ao modo ventilatório mais benéfico para essa população. Além disso, é

possível que haja influencia entre os níveis pressóricos ajustados na VNI e a magnitude dos

seus efeitos. Objetivo: 1) testar se há diferença entre os efeitos agudos da VNI na tolerância

ao exercício de indivíduos com IC, quando aplicada modo CPAP ou modo Bi-nível; e 2)

verificar se há discrepâncias nos efeitos agudos do modo Bi-nível sobre o desempenho físico

desses indivíduos, quando aplicado em níveis pressóricos distintos. Metodologia: Ensaio

clínico controlado, randomizado, duplo-cego e cross-over, composto por 14 voluntários,

portadores de IC crônica, com classe funcional II e III (New York Heart Association), em

situação de estabilidade clínica. O experimento ocorreu em quatro visitas distintas, com

intervalo mínimo de 48 horas entre elas. Na primeira visita, houve a triagem dos voluntários,

em seguida a aplicação de um SWT sem intervenção prévia. Em cada uma das 3 visitas

seguintes, obedecendo sequência randomizada, os voluntários utilizaram um modo diferente

de VNI por 30 minutos, imediatamente antes do SWT. Foram utilizados os seguintes modos:

Bi-nível com parâmetros mínimos (EPAP = 6 cmH2O e IPAP = 12 cmH2O), Bi-nível com

parâmetros máximos (EPAP = 8 cmH2O e IPAP = 14 cmH2O) e CPAP (6 cmH2O). Durante

os testes foram analisados a distância caminhada, níveis percebidos de fadiga e dispneia,

resposta afetiva, bem como outras variáveis fisiológicas. Para a análise estatística foi utilizado

o teste ANOVA para medidas repetidas, seguido do pós-teste de Bonferroni, considerando-se

o p-valor menor ou igual a 0,05 como estatisticamente significante. Resultados: Não foi

encontrada diferença entre a DSP obtida no SWT após CPAP (440,4+72,4m) e após o Bi-

nível mínimo (441,6+79,4m). Contudo, a DSP foi maior após o uso da VNI em relação àquela

observada no SWT sem intervenção prévia (381,2+79,8m). Conclusão: O uso de um suporte

ventilatório não invasivo, independentemente do modo, promove melhora na tolerância ao

exercício em pessoas com IC, o que pode permitir que essa população alcance, mais

amplamente, os benefícios oriundos do exercício físico sobre a sua funcionalidade e qualidade

de vida.

Palavras-chave: pressão positiva continua nas vias aéreas, respiração com pressão positiva

inspiratória, teste de esforço, resistência física.

XII

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Abstract

Introduction: Dyspnea and fatigue are the main clinical symptoms of heart failure and

primarily responsible for exercise intolerance found in this syndrome. Now, It is known that

the use of NIV in CPAP mode applied before exercise increases exercise tolerance in people

with heart failure; however, it's not yet known if the bi-level mode is able to generate similar

or even better results, due to pressure increase of the ventilatory support in this modality.

Moreover, it is possible that there is influence between the pressure levels set in the NIV and

the magnitude of its effect on the exercise in this population Objective:1) test for differences

between the acute effects of NIV on exercise tolerance in patients with HF, when applied

CPAP or bi-level mode; and 2) check for discrepancies in the acute effects of Bi-level mode

on the physical performance of these individuals, when applied at different pressure levels.

Methodology: This is a controlled, randomized, double-blind and cross-over clinical trial,

composed of 14 volunteers (age 63 ± 9 years), with chronic heart failure, functional class II

and III (New York Heart Association) in clinical stability. The experiment took place in four

different visits, with an minimum interval of 48 hours between them. At the first visit, the

volunteers were screened and performed a SWT without prior intervention. Following a

randomized sequence, In each of the 3 subsequent visits, the volunteers received a different

mode of NIV for 30 minutes immediately before the SWT. The following modes were used:

Bi-level with minimal parameters (EPAP = 6 cm H2O and IPAP = 12 cm H2O), Bi-level with

maximum parameters (EPAP = 8 cm H2O and IPAP = 14 cm H2O) and CPAP (6 cm H2O).

In the tests were observed walking distance (WD), perceived levels of fatigue and dyspnea,

affective response and other physiological variables. Statistical analysis was performed using

ANOVA for repeated measures followed by Bonferroni post-test, considering p-value less

than or equal to 0.05 as statistically significant. Results: No difference was found between the

WD obtained in T-CP (440.4 + 72,4m) and T-Bi (441.6 + 79,4m) (p = 1.00). However, the

WD was higher after the use of NIV in both the T-CP, as in T-Bi compared to that observed

in T-Co (381.2 + 79,8m) (p = 0.004 and p = 0.007, respectively). Conclusion: The use of a

non-invasive ventilatory support, regardless of mode, promotes improvement in exercise

tolerance in people with heart failure, which can allow this population range, more broadly,

the benefits from the exercise of its functionality and quality of life.

Keywords: Continuous positive airway pressure, Intermittent positive-pressure breathing,

exercise test, physical endurance.

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16

INTRODUÇÃO

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17

A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica complexa decorrente de qualquer

distúrbio cardiovascular estrutural ou funcional que ocasione perfusão sistêmica inadequada

para atender às demandas metabólicas do corpo (1).

Atualmente essa doença é considerada uma condição clínica endêmica em todo mundo,

de alto custo e elevada morbidade e mortalidade, constituindo-se um problema grave e

crescente de saúde pública (2, 3). A sua prevalência em ascensão se deve provavelmente ao

aumento da expectativa de vida, uma vez que acomete de forma preponderante faixas etárias

mais elevadas (2, 4). No Brasil, a IC é a primeira causa de internação entre as doenças

cardiovasculares, está entre as principais causas de mortalidade, e gera elevados gastos para o

Sistema Único de Saúde (SUS) (3, 5).

Essa síndrome também é responsável por grande impacto socioeconômico, psicológico

e físico nos pacientes (3, 6, 7). A sua característica principal é a reduzida tolerância ao esforço

físico, em geral, associada aos sintomas de fadiga muscular e dispneia, os quais geram

redução da capacidade funcional, dificultando a execução de atividades diárias, participação

em atividades sociais e laborais, reduzindo assim a qualidade de vida do indivíduo (8-13).

Dentre os fatores que contribuem para a intolerância ao exercício estão: uma função

cardíaca prejudicada, respostas ventilatórias anormais, além de disfunções vasculares e na

musculatura esquelética (14). Vale salientar que, no paciente com IC, a musculatura

respiratória está submetida a maiores exigências, decorrentes de fatores como a mecânica

ventilatória predominantemente restritiva (ex.: pulmão edematoso) (15), a fraqueza e fadiga

dos músculos inspiratórios (16-18), o ergorreflexo muscular exacerbado, e o aumento da

atividade simpática (14, 19).

O tratamento da IC é justamente voltado para a redução dos sintomas, melhoria da

capacidade funcional e, consequentemente, benefícios na qualidade de vida dos indivíduos

com IC. Esse tratamento pode ser farmacológico, não farmacológico ou cirúrgico (20). Dentre

os tratamentos não farmacológicos, destaca-se a reabilitação cardiovascular (RCV),

ferramenta consagrada na literatura, baseada principalmente em exercício físico regular (3, 5,

21-23).

Existem elevados níveis de evidência cientifica para a utilização de exercício aeróbio

nesses pacientes (5, 23, 24). Este pode gerar reversão de anormalidades decorrentes da IC

sobre as fibras musculares esqueléticas, inclusive dos músculos respiratórios (25, 26), estando

seus benefícios associados a melhorias na qualidade de vida, no prognóstico e até mesmo no

desfecho (21, 22, 27-29).

Page 18: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

18

Indivíduos sintomáticos, em geral, apresentam limitações para realização de exercícios,

o que dificulta sua reabilitação (3-8). Por isso, torna-se importante o desenvolvimento de

estratégias que possibilitem aumento da tolerância ao esforço físico, de forma a permitir que

tais indivíduos alcancem ou aperfeiçoem benefícios oriundos do exercício físico regular.

Dessa forma, é possível que qualquer intervenção que melhore a função muscular respiratória

também repercuta na tolerância ao exercício (14).

Nesse contexto, a Ventilação Não Invasiva (VNI) pode incrementar o desempenho

físico em pacientes com IC, justamente por gerar melhora na função cardiopulmonar e

redução de sintomas (17, 30, 31). Tais benefícios são decorrentes do aumento da capacidade

residual funcional e abertura de alvéolos colapsados, o que resulta no aumento da oxigenação

e complacência pulmonar, reduzindo o trabalho respiratório(31). Outro fator positivo é a sua

interferência na hemodinâmica mediante influência sobre a pressão transmural do ventrículo

esquerdo (VE) e na pressão intratorácica, o que reduz pré e pós-carga de VE, melhorando o

volume sistólico e o débito cardíaco (32). Além disso, com o uso da VNI, pode ocorrer

aumento da oxigenação na microcirculação muscular periférica e melhora do fluxo sanguíneo

local (33).

A VNI pode ser aplicada mediante um nível pressórico, como é o caso da continuous

positive airway pressure (CPAP), ou dois níveis pressóricos nas vias aéreas, como é o caso do

Bi-nível (30). O Bi-nível, além de uma pressão expiratória final (EPAP), semelhante ao

CPAP, pode reduzir ainda mais o trabalho respiratório por promover uma pressão de

assistência no momento da inspiração (IPAP) (16, 32). Essa redução do trabalho respiratório,

particularmente do diafragma, pode gerar aumento do fluxo sanguíneo para os músculos

esqueléticos ativos (33, 34), o que possivelmente torna o Bi-nível mais eficaz no aumento da

tolerância ao exercício em pessoas com IC (16). Além disso, sugere-se que essa modalidade

atenua a atividade do sistema nervoso simpático (SNS), comumente exacerbada nesses

pacientes, por meio de reflexo neural induzido pela insuflação regular do pulmão (35), o que

também pode contribuir para sua maior eficácia.

Comparado ao contexto das doenças pulmonares, o uso da VNI associada ao exercício

na IC é recente, e ainda são escassos estudos controlados e randomizados sobre esse tema

(36). Dentre os estudos encontrados, dois utilizaram CPAP, um com pressão de 5 cmH2O e o

outro de 10 cmH20, durante 30 minutos, antes deum teste de caminhada de 6 minutos (TC6)

(37, 38), enquanto um terceiro utilizou CPAP (5 cmH2O) durante testes de carga constante na

bicicleta ergométrica (39), observando-se aumento da tolerância ao exercício. Ainda nesse

contexto, achou-se apenas um estudo que empregou o modo Bi-nível, de forma ininterrupta,

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19

antes e durante teste de resistência muscular, obtendo-se melhora na resposta cardiovascular e

na fadiga muscular (30).

Apesar de tais estudos mostrarem a capacidade da VNI em aumentar a tolerância ao

esforço na IC, acabam por diferir quanto ao modo, momento de aplicação da terapia (antes ou

durante o exercício), método de avaliação, e níveis pressóricos utilizados. Nesse último ponto,

dois estudos de metodologia semelhantes, encontraram aumento na distância percorrida (DSP)

no TC6 após o uso do CPAP, no entanto, um deles (38) encontrou maior quantidade de

benefícios em variáveis cardiovasculares, respiratórias, bem como quanto à fadiga muscular e

dispneia relação ao outro (37), talvez pela diferença entre os níveis pressóricos ajustados em

cada pesquisa. Por sua vez, Reis et al. (40), ao comparar efeitos do CPAP no controle

autonômico do coração entre dois níveis pressóricos (5 cmH2O e 10 cmH2O), concluiu que

houve melhores respostas ventilatórias e no equilíbrio autonômico em pacientes com IC com

o uso de maior nível pressórico. Parece, portanto, que os níveis pressóricos aplicados na VNI

também podem influenciar suas respostas fisiológicas durante o exercício na IC.

Em suma, diante da progressiva intolerância ao esforço físico encontrada na IC em

contraste com a importância do exercício aeróbio para essa patologia, faz-se necessário

investigar e aperfeiçoar métodos que possam reduzir ou retardaras limitações ao exercício.

Um método eficaz nesse contexto é a VNI no modo CPAP, no entanto, é possível que haja

benefícios ainda superiores quando aplicada em outro modo, o Bi-nível, devido à adição de

uma pressão de suporte na fase inspiratória. Além disso, é possível que haja influência dos

níveis pressóricos ajustados na VNI sobre os seus efeitos sobre o exercício nessa população.

Portanto, é mister que se estude qual modo proporciona maiores benefícios no desempenho

físico desses pacientes, se o CPAP ou o Bi-nível, sendo este o primeiro foco do nosso estudo.

De mesma forma, torna-se imperativo verificar se há diferenças entre níveis pressóricos

distintos sobre a tolerância ao exercício na IC, sendo este segundo enfoque deste estudo

experimental.

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20

2 JUSTIFICATIVA

Page 21: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

21

O conhecimento sobre IC aumentou muito nos últimos anos, atualmente se conhece

melhor sua fisiopatologia e sua história natural, por conseguinte, têm-se novas opções

terapêuticas que permitem reduzir seus frequentes sintomas de dispneia e fadiga, modificando

a evolução da doença. Nesse sentido, é crescente o número de estudos sobre técnicas que

sejam eficazes e de baixo custo para o manejo dessa doença e de seus sintomas, visto que

possui alta prevalência mundial, tornando-se um importante problema de saúde pública.

O exercício físico talvez seja umas das formas de tratamento não farmacológicas mais

consagradas na literatura (21-26). Por meio deste, busca-se incrementar a capacidade

funcional do paciente como decorrência do aumento de sua tolerância ao esforço e da redução

da sensação de “falta de ar”. Contudo, é possível que o exercício físico seja mais eficaz

quando associado a outros recursos da fisioterapia do que aplicado isoladamente em pacientes

com IC.

A VNI, nos modos CPAP ou Bi-nível, acarreta efeitos hemodinâmicos e respiratórios

que podem ser benéficos durante o exercício no sentido de redução de sintomas limitantes,

sobretudo redução da dispneia. (14, 16, 33, 34, 39, 41). Contudo, por ser recente a associação

da VNI ao exercício em pessoas com IC crônica, ainda são necessários estudos que

investiguem a melhor forma de aplicação da VNI, esclarecendo os modos, níveis pressóricos,

interfaces, tempo de utilização, e momento de uso (antes ou durante o exercício), mais

adequados para que se obtenham, cada vez mais, melhorias para capacidade física desses

indivíduos. Além disso, parece que o nível pressórico ajustado na VNI pode influenciar nos

seus resultados sobre o paciente com IC (40; 42).

Diante dessas lacunas, o presente estudo foi desenvolvido na perspectiva de elucidar as

implicações da VNI no modo Bi-nível em comparação ao modo CPAP na tolerância ao

esforço em indivíduos com IC, bem como esclarecer se há uma pressão mais adequada para

alcançar maiores benefícios com o modo Bi-nível e, dessa forma, aperfeiçoar o tratamento

clínico dessa moléstia, possibilitando o alívio dos seus principais sintomas.

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3 OBJETIVOS

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3.1 Objetivo geral

O objetivo deste estudo é 1) testar se há diferença entre os efeitos agudos da VNI na

tolerância ao exercício de indivíduos com IC crônica, quando aplicada modo CPAP ou modo

Bi-nível; e 2) verificar se há discrepâncias nos efeitos agudos do modo Bi-nível sobre o

desempenho físico desses indivíduos, quando aplicado em níveis pressóricos distintos.

3.2 Objetivos específicos

Avaliar se a utilização da VNI antes do teste Shuttle walking test (SWT) influencia na

distância caminhada, sensação de fadiga e dispneia, resposta afetiva, variáveis

respiratórias e cardiovasculares, obtidas nesse teste.

Comparar se há diferenças entre as respostas obtidas no SWT após utilização do CPAP

e do Bi-nível.

Averiguar se há discrepâncias, entre CPAP e Bi-nível, no comportamento de variáveis

respiratórias e cardiovasculares obtidas no momento de repouso durante o uso da VNI.

Testar se há resultados distintos entre os dois níveis pressóricos de Bi-nível aplicados no

experimento.

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24

4 HIPÓTESES

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25

O presente estudo possui duas hipóteses principais. A primeira é que a VNI aplicada

antes do exercício traz aumento da tolerância ao exercício de pacientes com IC, porém com

resposta mais evidente após utilização do modo Bi-nível. A segunda é que o Bi-nível traz

resultados ainda melhores quando aplicado em níveis pressóricos ligeiramente mais elevados

no contexto da IC.

Page 26: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

26

5 MATERIAIS E MÉTODOS

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27

5.1 Caracterização e local do estudo

Trata-se de um ensaio clínico controlado e randomizado, duplo-cego e cross-over

realizado no ambulatório de fisioterapia do Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL,

localizado na cidade de Natal-RN, no período entre outubro de 2015 a março de 2016.

5.2 População do estudo e amostra

5.2.1 População

A população do presente estudo foi composta por indivíduos de ambos os gêneros, com

idade entre 40 e 75 anos, com IC crônica, clinicamente compensada, atendidos do

ambulatório de cardiologia do HUOL, mediante aquiescência do médico cardiologista

responsável.

5.2.2Cálculo amostral

A amostra do estudo foi resultante de um processo de amostragem do tipo não

probabilístico. O cálculo do número amostral foi realizado por meio de fórmula específica que

considera o pareamento dos casos (43):

Onde:

nP– número de pares; Zα/2 – valor do erro α, comumente de 1.96 (5%); Zβ – valor do erro β,

usualmente 0,84 (20%); Sd – desvio padrão da diferença entre os pares; D – média da

diferença entre os pares.

A estimativa do tamanho amostral foi baseada na magnitude do efeito na variável DSP

no SWT, tanto após o uso de CPAP quanto após uso de Bi-nível mínimo e máximo, obtida no

estudo piloto deste trabalho. Também foi considerada a natureza das variáveis (neste caso,

contínua) e a análise de variância para medidas repetidas como principal teste de hipóteses.

Para todos os cálculos, estabeleceu-se um valor de erro α= 0.05 e β=0.20 e foi considerado o

maior resultado como o n estimado para o presente estudo, a saber:14 participantes ou pares.

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28

Além disso, foram acrescidos 4 indivíduos (aproximadamente 30%) referente a possíveis

perdas amostrais, obtendo-se n final de 18 indivíduos ou pares.

5.3Critérios de elegibilidade e procedimentos para seleção de sujeitos

5.3.1 Critérios de Inclusão

Para participação no estudo os pacientes deveriam: 1) Ser paciente ambulatorial e estar

com o quadro de IC crônica compensada, sem hospitalizações nos últimos três meses; 2)

Apresentar classe funcional II e III (New York Heart Association); 3) Apresentar fração de

ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) ≤ 50%; 4) Não estar participando de programa de

reabilitação cardíaca; 5) Não ter sofrido Infarto do miocárdio nos últimos três meses; 6) Não

ter diagnóstico prévio de doença pulmonar obstrutiva crônica (relação VEF1/CVF > 70% na

espirometria); 7) Não ser fumante; 8) Não estar grávida; 9) Não apresentar alguma

doença/restrição clínica de origem osteomioarticular ou neurológica que impeça/limite de

realizar os testes propostos; 10) Apresentar uma pontuação superior a 22 na prova cognitiva

de Leganés – PCL [ANEXO A] (44).

5.3.2 Critérios de Exclusão

Foram adotados como critérios de exclusão: 1) Angina instável ou arritmias com

repercussão hemodinâmica; 2) Fibrilação atrial aguda ou bloqueio atrioventricular total; 3)

Pressão arterial sistêmica (PA) de repouso não controlada (≥ 180/110 mmHg ou ≤

80/40mmHg); 4) Frequência cardíaca (FC) de repouso ≤ 40 bpm ou ≥ 120 bpm; 5)

Necessidade de diálise; 6) Uso de broncodilatador; 7) Frequência respiratória (FR) de repouso

≥ 35 rpm; 8) Vômito frequente; 9) Intolerância a VNI; 10) infecção ou febre.

5.3.3 Procedimentos para seleção dos sujeitos (Sigilo de alocação, randomização e

mascaramento)

O estudo aplicou três tipos distintos de intervenção com VNI (Bi-nível mínimo, Bi-nível

máximo e CPAP), uma em cada dia experimental. Por se tratar de um estudo cross-over, o

voluntário foi submetido às três intervenções em sequência randomizada. A avaliação inicial,

bem como a aplicação da VNI foi realizada pelo pesquisador 1 (P1), o qual fez a

randomização no primeiro encontro com o voluntário, imediatamente após o momento de

Page 29: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

29

adaptação da VNI (segundo desenho do estudo a seguir), e foi o único a ter ciência se foi

aplicada alguma intervenção antes do SWT e qual modo havia sido utilizado, se Bi-nível

mínimo, Bi-nível máximo ou CPAP. Para a randomização foi utilizado o aplicativo

Randomizer para Smartphone Android (versão 0.2.6-beta).

Os pesquisadores 2 e 3 (P2 e P3), responsáveis pela aplicação do SWT, não sabiam se

havia sido realizada intervenção prévia com VNI ou não. Além disso, esses avaliadores, bem

como os próprios pacientes voluntários, não tinham conhecimento do tipo (Bi-nível mínimo,

Bi-nível máximo, ou CPAP) nem dos efeitos da intervenção aplicada, por esse motivo o

estudo foi classificado com duplo-cego.

5.5Aspectos éticos

O presente projeto foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte e recebeu parecer favorável (nº 1.268.548).

Para a admissão na pesquisa, os indivíduos foram informados sobre os objetivos,

procedimentos e caráter metodológico do estudo, em seguida assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido - TCLE [APÊNDICE A], conforme resolução 466/12 do

Conselho Nacional de Saúde (CNS).

5.6 Estudo piloto

Foi realizado um estudo piloto com 4 voluntários, com objetivo de nortear o que foi

executado durante o experimento, seguindo o mesmo protocolo de avaliação e intervenção.

Neste momento, houve oportunidade de obter informações necessárias para o cálculo do

tamanho amostral, além de identificar e corrigir possíveis falhas no que diz respeito aos

procedimentos propostos, além de terem sido fornecidos capacitação e treinamento aos

investigadores.

5.7 Medidas de avaliação

5.7.1 Desfecho primário

Foi considerada como variável primária a DSP no SWT.

Page 30: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

30

5.7.2 Desfecho secundário

As variáveis secundárias foram percepção de esforço das pernas (PSE-P) e sensação de

dispneia (PSE-D), variáveis respiratórias (FR e saturação periférica de oxigênio – SpO2) e

cardiovasculares (FC e PA), bem como a resposta afetiva após o SWT.

5.8 Desenho do estudo

O protocolo experimental ocorreu em quatro visitas, com intervalo mínimo de 48 horas

entre elas. Na primeira visita, os voluntários foram submetidos a uma triagem que consistiu

em avaliação clínica (ficha de avaliação) e cognitiva (prova cognitiva de Leganés), bem como

avaliação da função pulmonar (espirometria) e da qualidade de vida (MLHFQ). Em seguida,

foi realizado o SWT controle (T-Co), sem utilização prévia de VNI, a fim de determinar a

DSP e demais variáveis fisiológicas na ausência de intervenções. Por fim, ainda nesse dia, foi

feita uma sessão preliminar de VNI com intuito de ajuste da interface e adaptação do

voluntário à terapia.

Em cada uma das 3 visitas seguintes, obedecendo sequência randomizada, os

voluntários utilizaram um modo diferente de VNI, por 30 minutos, imediatamente antes do

SWT. No experimento, foram utilizados os seguintes modos: Bi-nível com parâmetros

mínimos (EPAP = 6 cmH2O e IPAP = 12 cmH2O), Bi-nível com parâmetros máximos (EPAP

= 8 cmH2O e IPAP = 14 cmH2O) e CPAP (6 cmH2O). Dessa forma, todos os voluntários

participaram de um SWT após CPAP (T-CP), de um SWT após Bi-nível com parâmetros

mínimos (T-Bi) e de um SWT após Bi-nível com parâmetros máximos (T-BM). O desenho do

estudo está esquematizado logo abaixo na Figura 1, já o detalhamento dos protocolos de

avaliação e de intervenção utilizados está descrito mais adiante.

Page 31: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

31

Figura 1 – Desenho do estudo:

FEVE = Fração de ejeção do ventrículo esquerdo; VNI = Ventilação não invasiva; SWT =

Shuttle walking test; T-CP= SWT após uso de CPAP; T-Bi= SWT após uso de Bi-nível com

pressão inspiratória de 12 cmH2O e pressão expiratória de 6 cmH2O; T-BM = SWT após uso

de Bi-nível com pressão inspiratória de 14 cmH2O e pressão expiratória de 8 cmH2O.

Um SWT por dia experimental, em

sequência randomizada:

T-CP/ T-Bi/ T-BM

(n=14)

*Um TGC por dia experimental, em

sequência aleatória

Incluídos na análise de

dados

(n=14)

Excluídos (n=4), por:

- Gripe (n=1)

- Motivos Pessoais (n=3)

SWT sem VNI prévia;

Adaptação a VNI e Randomização

(n=18)

Não incluídos (n=35), por:

-Dificuldades com transporte

para o local (n=11);

-Limitações para o SWT (n=9);

-Classe funcional I (n=5)

-FEVE preservada (n=5);

-Espirometria falha (n=3);

-Hospitalização recente (n=2).

Recrutamento

e Triagem

(n=53) Avaliação inicial

Questionários

Espirometria

1º VISITA

2º a 4º VISITA

ANÁLISE

Page 32: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

32

5.8.1 Avaliação clínica e avaliação cognitiva

Inicialmente foi realizada uma avaliação dos voluntários da pesquisa, por meio de uma

ficha de avaliação [APÊNDICE B]. Essa ficha teve a finalidade de direcionar a coleta de

dados pessoais, sinais vitais, medidas antropométricas (massa corporal, estatura, índice de

massa corpórea), antecedentes pessoais e patológicos, hábitos de vida, exame físico (inspeção

e palpação), exames complementares (eletrocardiograma, ecocardiograma, radiografia de

tórax) e laboratoriais prévios (hemograma completo, glicemia, lipidograma, marcadores

renais e hepáticos).

Vale salientar que, para avaliação do peso corporal, foi utilizada uma balança digital

Filizola® e os participantes deveriam estar descalços e usando roupas leves. Por sua vez, para

a mensuração da altura, foi utilizado um estadiômetro graduado em milímetros e o voluntário

teria que ficar o mais ereto possível com os calcanhares, panturrilhas, nádegas e dorso em

contato com o antropômetro, mantendo os calcanhares juntos. O Índice de Massa Corporal

(IMC) foi calculado dividindo-se o peso, em quilogramas, pela altura, em metros, ao quadrado

(kg/m²).

Para avaliação da cognição utilizou-se a prova cognitiva de Leganés – PCL [ANEXO

A] (44), a qual foi idealizada para ser um teste de rastreio cognitivo de fácil aplicação e sem

influência da escolaridade no escore final. Este teste possui 32 questões, as quais podem ser

agrupadas em 2 grandes grupos: domínio orientação e domínio memória. A pontuação total

varia de 0 a 32 pontos, podendo variar de 0 a 8 pontos no domínio orientação e de 0 a 24

pontos no domínio memória. Nesse instrumento, melhores escores estão associados a

melhores desempenhos, e o ponto de corte para déficit cognitivo é de 22 pontos.

5.8.2 Avaliação da qualidade de vida

Após serem atendidos os critérios de inclusão, foi aplicada, em forma de entrevista, a

versão em português do Minnesota Living with Heart Failure – MLHFQ (45). [ANEXO B].

Este questionário avalia qualidade de vida em pessoas com IC por meio de 21 questões sobre

aspectos físicos, socioeconômicos e emocionais. Cada questão vale de 0 a 5 pontos,

totalizando 105 pontos, e essa pontuação representa o grau máximo de gravidade relacionado

à percepção pessoal de qualidade de vida.

Page 33: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

33

5.8.3 Avaliação da função pulmonar

Foi avaliada a função pulmonar por meio de um espirômetro portátil digital KOKO®

(Longmont, USA), seguindo os procedimentos técnicos e os critérios de aceitabilidade da

Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (46). Foram avaliados o volume expiratório

forçado no 1º segundo (VEF1), a capacidade vital forçada (CVF) e a relação entre o VEF1 e a

CVF. Os valores previstos foram calculados mediante os valores de referência de Pereira et

al. (46).

Como os valores da função pulmonar foram importantes para a entrada do indivíduo no

estudo, no primeiro contato com o paciente, antes da primeira avaliação, foram dadas

informações sobre todos os procedimentos que deveriam ser seguidos antes da realização da

espirometria, sendo essas: não ter tido problemas respiratórios, como gripe, resfriado,

bronquite e pneumonia, nas últimas 3 semanas; não fazer uso de broncodilatadores de curta

duração por 4 horas e de longa duração por 12 horas antes do exame; não ingerir café ou chá

nas últimas 6 horas e evitar refeições volumosas 1 hora antes do teste. O teste foi realizado

sempre pelo mesmo pesquisador (P1), em sala climatizada e sempre no mesmo horário do dia.

5.8.4Avaliação da fadiga e dispneia

Para quantificar a percepção subjetiva de esforço (PSE) para a dispneia e para fadiga

muscular ao longo do momento experimental, foi utilizada a Escala subjetiva de esforço de

BORG em sua forma modificada (0-10), em que o indivíduo foi questionando,

separadamente, quanto o desconforto na respiração e nas pernas.

Essa escala é comumente usada para medir desconforto, esforço, fadiga, no repouso e

durante o exercício, uma vez que a medição é feita de forma direta no momento em que o

paciente está experimentando a sensação. Trata-se de uma escala vertical quantificada que

varia de 0 a 10, na qual 0 representa nenhum sintoma e 10 representa sintoma máximo (47)

[ANEXO C].

5.8.5 Avaliação das respostas afetivas

A escala de sentimento, ou felling scale, se propõe a medir resposta a afetiva durante o

exercício em relação ao sentimento de prazer/ desprazer. Essa escala bipolar é composta por

11 pontos, variando de -5 a +5, e apresenta as seguintes âncoras verbais: -5 = muito ruim; -3 =

ruim; -1 = bastante ruim; 0 = neutro; 1 = muito boa; 3 = bom; e 5 = muito bom [ANEXO D].

Page 34: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

34

Antes do SWT, os indivíduos foram orientados de forma padronizada quanto ao uso da

ES, segundo Hardy e Rejeski (48). Dessa forma, utilizou-se a seguinte introdução: “Ao

realizar exercícios é comum experimentar mudanças de humor. Algumas pessoas acham o

exercício prazeroso, enquanto outras desprazeroso (desagradável). Além disso, o sentimento

pode mudar ao longo do tempo, isso quer dizer que é possível se sentir bem ou mal diversas

vezes durante o exercício. Sendo assim, os cientistas desenvolveram uma escala para medir

essas respostas”. Em seguida a escala impressa era apresentada e explicada, então os

voluntários eram questionados como se sentiram durante o exercício, imediatamente no

momento em que o SWT era interrompido.

5.8.5Avaliação da tolerância ao esforço

Na clínica, geralmente são utilizados testes funcionais para mensurar a tolerância ao

esforço, avaliar a eficácia de intervenções, especificar estado funcional, verificar estabilidade

clínica, e até para prognóstico de morbidade e mortalidade na IC (46, 49, 50). Neste estudo,

optou-se pelo Shuttle Walking Test (SWT) ou Teste graduado da caminhada, o qual é um

instrumento considerado válido, confiável e seguro para avaliação da capacidade funcional

em pessoas com IC, e apresenta baixo índice de complicações (47, 49, 50).

Para o SWT, foi adotado o protocolo proposto por Singh et al. (51), o qual apresenta

12 estágios com um minuto de duração cada, velocidade inicial de 0,5 metros/segundo (m/s),

sendo a cada minuto acrescentado 0,17 m/s (equivalente a 10 metros/minuto). Durante o teste

o avaliador pode fornecer comando verbal padronizado ao fim de cada estágio com intuito de

informar ao indivíduo sobre o aumento da velocidade de caminhada, que é determinada por

meio de dois tipos de sinais sonoros: 1) um sinal (bipe) único que indica mudança de direção

e 2) um sinal (bipe) triplo que indica mudança de direção e de estágio.

Para realização desse teste utiliza-se uma pista de 10 metros, demarcada por dois

cones, com distância de nove metros entre eles e meio metro além de cada cone para o

retorno, conforme Figura 2.O indivíduo é instruído a caminhar de um cone ao outro, de

acordo com o ritmo determinado pelos sinais sonoros, emitidos por um aparelho de CD player

portátil Philco® até a fadiga ou presença de sintoma limitante. Como critério para interrupção

do teste está a incapacidade de manter o ritmo de deslocamento, ou seja, quando o indivíduo

não alcança o cone subsequente dentro do tempo estabelecido pelos sinais sonoros.

Figura 2 – Esquema de organização do SWT.

Page 35: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

35

Antes da realização do teste foram avaliadas a presença de possíveis contraindicações,

foram aferidos os sinais vitais (PA, FC, SpO2, FR) e a PSE, tanto das pernas (fadiga) quanto

da respiração (dispneia). Durante o teste, a FC e a SpO2 foram aferidas ao final de cada

estágio (minuto). Por fim, imediatamente após o teste, os sinais vitais e a PSE foram

registrados novamente, bem como a FC de repouso (no 1º, 2º, e 4º minutos pós-teste) e a

resposta afetiva. Ressalta-se que o SWT foi aplicado no mesmo horário do dia e sempre pelos

mesmos dois avaliadores (P2 e P3), os quais não tinham ciência se o voluntário havia

recebido alguma intervenção prévia, tampouco sabiam do tipo de intervenção recebida. Para

mensuração das variáveis cardiovasculares e respiratórias foi utilizado o cardiofrequencímetro

Beurer® (PM 50), o oxímetro de pulso Nonin® (modelo 2500), o Esfigmomanômetro

aneróide BIC® (INNOVA) com estetoscópio BIC® (EFFICACE).

Neste estudo, optou-se pelo SWT em lugar do TC6 por ser melhor preditivo para

eventos cardíacos em um ano (52), possuir forte associação (r=0,79, p<0,001) com o VO2pico

(51) e, sobretudo, não necessitar de uma sessão de familiarização. Nesse sentido, apesar de

não ser consenso, existem fortes evidências de que não há efeito aprendizado significativo

teste-reteste tanto em curto (53) quanto em longo prazo (54) no contexto da reabilitação

cardíaca. Característica esta que, no presente estudo, permitiu redução da quantidade de dias

de arrolamento dos voluntários, bem como do tempo de cada intervenção, visto que não foi

necessária adaptação em um dia alternativo, tampouco aplicação de dois testes no mesmo dia.

5.8.6 Protocolo de intervenção com VNI

Para aplicação da VNI foi utilizado o ventilador portátil Respironics®, modelo VIVO

40, com máscara nasal (tamanho P, M ou G), no modo PSV (Bi-nível) ou no modo CPAP.No

experimento foram utilizadas as seguintes intervenções com VNI:Bi-nível com parâmetros

mínimos (EPAP = 6 cmH2O e IPAP = 12 cmH2O), Bi-nível com parâmetros máximos (EPAP

= 8 cmH2O e IPAP = 14 cmH2O) e CPAP (6 cmH2O). Em cada dia experimental foi aplicada

Page 36: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

36

apenas uma dessas intervenções, por 30 minutos, imediatamente seguida de um SWT,

obedecendo uma sequência randomizada.

Os voluntários fizeram uso da VNI, em repouso na posição sentada, com as costas

apoiadas, aplicada pelo mesmo pesquisador (P1), em uma sala climatizada, sempre na mesma

hora do dia. Ressalta-se que foram aferidos os sinais vitais (FR, FC, PA e SpO2) no repouso,

no 15º minuto, e no 30º minuto de uso da VNI. Ratifica-se que o modo utilizado em casa dia

de intervenção não foi explicitado ao paciente (paciente cego) e dependeu da randomização

realizada pelo P1, o qual aplicou todas as intervenções com VNI, e não participou da

avaliação funcional do voluntário.

Na sessão preliminar de VNI foi aplicado seguinte método para adaptação do

voluntário: a pressão inspiratória (IPAP), iniciada em 6 cmH2O, foi acrescida em 2cmH2O a

cada 5 minutos até alcançar uma pressão de no máximo 14cmH2O, respeitando a sensação de

conforto e a tolerância do paciente. De forma concomitante, a pressão expiratória (EPAP),

iniciada em 4cmH2O, foi acrescida de 1 cmH2O a cada 5 minutos até alcançar o valor máximo

de 8cmH2O, também respeitando o conforto e tolerância do paciente.

A sensação de desconforto respiratório foi aferida nesse período preliminar, fazendo

uso de um escore arbitrário de conforto de 0 (sem desconforto) até 5 (muito desconfortável)

(55). Este parâmetro foi usado para limitar o aumento pressórico e indicar a interrupção

precoce do procedimento de adaptação, sempre que a classificação alcançada fosse 5.

5.9 Análise estatística

Inicialmente foi realizada a análise descritiva dos dados através das medidas de

tendência central e de dispersão. Após essa análise foi verificada a normalidade dos dados por

meio do teste de Shapiro-wilk. As variáveis hemodinâmicas e respiratórias avaliadas durante

os três SWT foram comparadas por meio da análise de variância de duas vias (ANOVA two-

way) para medidas repetidas, em que o teste (T-Co, T-Bi e T-CP) e o tempo (repouso e pico)

foram os principais fatores. Por sua vez, a distância caminhada, a resposta cronotrópica

(diferença entre a FC pico e a FC de repouso), e os escores da escala de sentimento, obtidos

nos três SWT, foram comparados por meio de análise de variância de uma via (ANOVA one-

way) para medidas repetidas. Sempre que o pressuposto de esfericidade foi violado, os graus

de liberdade foram ajustados e relatado usando a correção Épsilon Greenhouse-Geisser. O

parcial Eta quadrado (η2p) foi usado para determinar o tamanho do efeito dessas análises.

Quando detectada alguma diferença significativa na ANOVA, foi aplicado o teste post hoc de

Page 37: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

37

Bonferroni para a comparação de pares. Em relação aos SSVV durante o uso da VNI, foi

utilizado o Teste-t para amostras dependentes, para comparação dos SSVV entre o momento

pré- VNI e após 30 minutos de uso da VNI dentro de cada grupo. De forma semelhante, esse

teste foi utilizado para comparar a variação dos SSVV (diferença entre os valores pré- VNI e

aqueles obtidos após 30 min. de VNI) entre os grupos. Foi considerado um p-valor de 5%

(P<0,05) como significância estatística. Todos os procedimentos estatísticos foram realizados

por meio do software SPSS versão 20.0 para Windows (SPSS Inc., Chicago, IL, USA).

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38

6 RESULTADOS

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39

Os resultados e discussão do presente estudo serão apresentados na forma de artigo

científico. Para responder ao primeiro objetivo propõe-se o artigo intitulado: “CPAP e Bi-

nível antes do exercício igualmente incrementam a tolerância ao exercício na insuficiência

cardíaca crônica”. O manuscrito será traduzido para a língua inglesa para submissão ao

periódico “Brazilian Journal of Physical Therapy”, e está em fase de ajustes de acordo com

das normas de publicação em anexo (ANEXO E). Para responder ao segundo objetivo, está

em processo construção um segundo artigo abordado a diferença entre os efeitos do Bi-nível

sobre o desempenho físico quando aplicado em dois níveis pressóricos distintos, no entanto os

dados não foram apresentados nesta dissertação.

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40

6.1 Artigo 1

Título: Comparação entre os feitos do CPAP e do Bi-nível na tolerância ao exercício e nas

respostas cardiorrespiratórias de indivíduos com insuficiência cardíaca crônica.

Título resumido: CPAP vs. Bi-nível na insuficiência cardíaca.

Autores: FLÁVIO EMANOEL SOUZA DE MELO1, TAMARA MARTINS DA CUNHA2,

SAMARA RENALLE FONSECA BARBOSA2; MICHEL SILVA REIS3; IVAN DANIEL

NOGUEIRA4, PATRÍCIA ANGÉLICA DE MIRANDA SILVA NOGUEIRA5

1. Aluno do programa de pós graduação em fisioterapia da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte – UFRN – Natal (RN), Brasil.

2. Aluna da graduação em fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte –

UFRN – Natal (RN), Brasil.

3. Professor adjunto do departamento de fisioterapia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro – UFRJ – Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

4. Professor assistente do departamento de fisioterapia da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte – UFRN – Natal (RN), Brasil.

5. Professora adjunta do departamento de fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte – Natal (RN), Brasil.

Autor correspondente: Flávio Emanoel Souza de Melo; E-mail: [email protected];

Contato telefônico: (84) 99694-7002; Endereço: Rua Carangola, 4934, Neópolis, CEP:

59084-270 – Natal(RN), Brasil.

Palavras-chave: ventilação não invasiva, pressão positiva continua nas vias aéreas,

respiração com pressão positiva inspiratória, teste de esforço, resistência física.

Keywords: Noninvasive ventilation, continuous positive airway pressure, intermittent

positive-pressure breathing, exercise test, physical endurance, physical fitness.

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41

RESUMO

Introdução: Sabe-se que ventilação não invasiva (VNI) é capaz de aumentar capacidade

funcional em pacientes com insuficiência cardíaca (IC) crônica. Contudo, ainda há

divergências quanto ao modo ventilatório mais benéfico para essa população. Objetivo: testar

se há diferença entre os efeitos agudos da VNI na tolerância ao exercício e respostas

cardiorrespiratórias de indivíduos com IC crônica, quando aplicada no modo CPAP ou no

modo Bi-nível. Metodologia: Trata-se de um ensaio clínico controlado, cross-over, composto

por 14 voluntários (63+9 anos), portadores de IC crônica, sintomáticos porem clinicamente

estáveis. O experimento ocorreu em três visitas distintas, com intervalo de 48 horas entre elas.

Cada voluntário fez um Shuttle Walking Test (SWT) por visita: um SWT controle (T-Co),

outro após 30 minutos de VNI no modo CPAP (T-CP), e outro após 30 minutos de VNI no

modo Bi-nível (T-Bi), obedecendo sequência randomizada. Para a análise estatística foi

utilizado o teste ANOVA e o pós-teste de Bonferroni, considerando-se significante p-valor <

0,05. Resultados: Não houve diferença alguma entre T-Bi e T-CP. A distância percorrida no

SWT foi maior após o uso da VNI, tanto no T-CP (440,4+72m), quanto no T-Bi (442+79m),

em relação ao T-Co (381+80m) (p=0,004 e p=0,007, respectivamente). A resposta

cronotrópica no SWT também foi maior após VNI, tanto no T-CP (42+15), quanto no T-Bi

(38+15), em relação a T-Co (26+11) (p=0, 018 e p=0,001, respectivamente). Conclusão: A

VNI, seja no modo CPAP ou no Bi-nível, promove melhora na tolerância ao exercício e

aumento da resposta cronotrópica em pessoas com IC crônica.

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42

Bullet Points

VNI antes do exercício gera aumentos agudos na tolerância ao exercício na IC.

VNI antes do exercício permite maior variação da FC durante o exercício na IC.

Não há diferenças entre os efeitos do Bi-nível e do CPAP nessa população.

Apenas o Bi-nível reduziu a fadiga em pernas quando comparado ao controle.

Bi-nível e CPAP podem aumentar o alcance de benefícios oriundos do exercício.

Page 43: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

43

INTRODUÇÃO

A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome complexa, cuja característica principal é a

progressiva intolerância ao esforço físico, associada a sintomas de fadiga muscular e dispneia,

o que dificulta a execução de atividades de vida diária (AVD) e reduz a qualidade de vida

(QV) (1-3).

Dentre as formas de tratamento para IC, destaca-se o exercício físico aeróbio (4,5), o qual

pode reverter anormalidades decorrentes da doença acerca das fibras musculares esqueléticas,

inclusive da musculatura respiratória (6), gerando benefícios na QV (7), bem como no

prognóstico daqueles pacientes (8). Contudo, indivíduos sintomáticos apresentam limitações

para realização de exercícios, o que dificulta sua reabilitação (4, 2, 9).

Nesse sentido, a ventilação não invasiva (VNI) atua na redução dos sintomas da IC,

uma vez que potencializa a função cardiopulmonar (10, 11), o que pode gerar aumento no

desempenho físico aeróbio (12). Os estudos controlados e randomizados sobre o uso da VNI na

tolerância ao exercício em pessoas com IC utilizaram principalmente o modo CPAP, em que

se aplica um nível pressórico constante nas vias aéreas (13-16). Contudo, a VNI também pode

ser aplicada mediante dois níveis pressóricos, no modo Bi-nível (17). Esse modo, além de uma

pressão expiratória final, semelhante ao CPAP, promove uma pressão de assistência no

momento da inspiração, o que possivelmente traga maiores benefícios na tolerância ao

exercício em pessoas com IC (18, 19).

Dessa forma, para que sejam alcançados melhores resultados nessa população, faz-se

necessário investigar, sob um mesmo protocolo experimental, qual desses modos é mais

eficaz no aumento da tolerância ao exercício. Portanto, o objetivo do presente estudo foi testar

se há diferença entre os efeitos agudos da VNI sobre a tolerância ao exercício e respostas

cardiorrespiratórias de pessoas com IC crônica, quando aplicada no modo CPAP ou no modo

Bi-nível.

METODOLOGIA

Trata-se de um ensaio clínico controlado e randomizado, duplo-cego e cross-over, em

que foram selecionados 18 indivíduos com IC crônica a partir de um serviço ambulatorial

especializado, mediante aquiescência médica. Os pacientes deveriam estar com o quadro de

IC crônica compensada; apresentar classe funcional II e III (New York Heart Association),

com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) < 50%; não estar participando de

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44

programa de reabilitação cardíaca; e apresentar estabilidade clínica nos últimos três meses,

sem história de eventos anginosos ou coexistência de doença pulmonar obstrutiva

(VEF1/CVF > 70% na espirometria). Além disso, não deveriam apresentar alguma

doença/restrição clínica de origem osteomioarticular ou neurológica que os

impedisse/limitasse de realizar os testes propostos, bem como deveriam possuir uma

pontuação superior a 22 na prova cognitiva de Leganés – PCL (20). Em caso de intolerância a

VNI ou ao exercício, bem como em caso de não comparecimento aos experimentos nos dias

agendados seriam excluídos do estudo.

Vale salientar que a amostra foi resultante de um processo de amostragem do tipo não

probabilístico, calculado com base na magnitude do efeito da variável principal (DSP) após o

uso da terapia com VNI, obtido em estudo piloto. Além disso, o presente protocolo foi

aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Humanos da Universidade (CAAE:

49324415.0.000.5537).

Procedimento Experimental

O protocolo experimental ocorreu em três visitas, uma por dia, com intervalo mínimo de

48 horas entre elas. Na primeira visita os voluntários foram submetidos a uma triagem que

consistiu em avaliação clínica (ficha de avaliação) e cognitiva (prova cognitiva de Leganés),

bem como avaliação da função pulmonar (espirometria) e da qualidade de vida (MLHFQ).

Em seguida, foi realizado o Shuttle Walking Test (SWT) controle (T-Co), sem utilização

prévia de VNI, a fim de determinar a distância percorrida (DSP) e demais variáveis

fisiológicas na ausência de intervenções. Por fim, ainda nesta visita inicial, foi feita uma

sessão preliminar de VNI com intuito de ajuste da interface e adaptação do voluntário à

terapia.

Em cada visita subsequente, os voluntários realizaram um SWT imediatamente após uso

de 30 minutos de VNI, um dia no modo Bi-nível e outro no modo CPAP, seguindo sequência

randomizada. Dessa forma, todos os voluntários participaram de um SWT após CPAP (T-CP)

e de um SWT após Bi-nível (T-Bi). No experimento, a pressão do CPAP foi mantida em 6

cmH2O, enquanto que no Bi-nível foi ajustada uma pressão expiratória (EPAP) de 6 cmH2O e

uma pressão inspiratória (IPAP) de 12 cmH2O. O desenho do estudo está esquematizado na

Figura 1.

Avaliação clínica e avaliação cognitiva

Page 45: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

45

A ficha de avaliação aplicada teve por finalidade direcionar a coleta de dados pessoais,

sinais vitais (SSVV), medidas antropométricas (massa corporal, estatura, índice de massa

corpórea – IMC), antecedentes pessoais e patológicos, hábitos de vida, exame físico (inspeção

e palpação), exames complementares (eletrocardiograma, ecocardiograma, radiografia de

tórax) e laboratoriais prévios (hemograma completo, glicemia, lipidograma, marcadores

renais e hepáticos).

Para avaliação da cognição utilizou-se a prova cognitiva de Leganés (20), a qual foi

idealizada para ser um teste de rastreio cognitivo de fácil aplicação e sem influência da

escolaridade no escore final. Nesse instrumento, melhores escores estão associados a

melhores desempenhos, e o ponto de corte para déficit cognitivo é de 22 pontos.

Avaliação da qualidade de vida

Depois de atendidos os critérios de inclusão, foi aplicado, em forma de entrevista, o

Minnesota Living with Heart Failure – MLHFQ (21). Este questionário avalia qualidade de

vida em pessoas com IC por meio de 21 questões sobre aspectos físicos, socioeconômicos e

emocionais. Cada questão vale de 0 a 5 pontos, totalizando 105 pontos, que representa o grau

máximo de gravidade relacionado à percepção pessoal de qualidade de vida.

Avaliação da Função Pulmonar

Foi avaliada a função pulmonar por meio de um espirômetro portátil digital KOKO®

(Longmont, USA), seguindo os procedimentos técnicos e os critérios de aceitabilidade da

Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (22). Foram avaliados o volume expiratório

forçado no 1º segundo (VEF1), a capacidade vital forçada (CVF) e a relação entre o VEF1 e a

CVF. Os valores previstos foram calculados mediante os valores de referência de Pereira et

al. (22).

Avaliação da fadiga e dispneia

Para quantificar a percepção subjetiva de esforço (PSE) para a dispneia e para fadiga

muscular, foi utilizada a Escala subjetiva de esforço de BORG em sua forma modificada (0-

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46

10), em que o indivíduo foi questionando, separadamente, quanto ao “desconforto na

respiração” (dispneia) e nas “pernas” (fadiga) (12).

Avaliação da tolerância ao esforço

Neste estudo, optou-se pelo Shuttle Walking Test (SWT) ou teste graduado da

caminhada, um instrumento considerado válido, confiável e seguro para avaliação da

capacidade funcional em pessoas com IC, e que apresenta baixo índice de complicações (23).

Para o teste, adotou-se o protocolo elaborado por Singh et al., descrito por Monteiro et

al. (24), em que utilizou-se uma pista de 10 metros, demarcada por dois cones, com distância

de nove metros entre eles e de meio metro além de cada cone, para permitir que o paciente

fizesse o retorno. O indivíduo foi instruído a caminhar de um cone ao outro, de acordo com o

ritmo determinado pelos sinais sonoros, até a que não fosse possível alcançar o cone

subsequente dentro do tempo estabelecido pelos sinais (fadiga) ou pela presença de sintoma

limitante.

A principal variável avaliada foi a DSP, porém antes e após o exercício foram medidas

a PA, FC, SpO2, FR, além da PSE das pernas (fadiga muscular) e da respiração. Considerou-

se como resposta cronotrópica (RC) a diferença entre a FC pico e a FC de repouso (14).

Ressalta-se, também, que o SWT foi aplicado no mesmo horário do dia e sempre pelos

mesmos dois avaliadores (P2 e P3), os quais não tinham ciência se o voluntário havia

recebido ou não alguma intervenção prévia.

Protocolo de intervenção com VNI

Para a VNI foi utilizado o ventilador portátil Respironics®, modelo VIVO 40, com

máscara nasal (tamanho P, M ou G), no modo PSV (Bi-nível) – com IPAP de 12 cmH2O e

EPAP de 6 cmH2O, ou no modo CPAP – com pressão de 6 cmH2O.

Na segunda e terceira visitas foi aplicado 30 minutos de VNI seguido de um SWT. A

terapia foi administrada pelo mesmo pesquisador (P1), sempre na mesma hora do dia.

Ressalta-se que foi aferida a FR, FC, PA, e SpO2, imediatamente antes da instalação da VNI e

no 30º minuto de seu uso. Além disso, ratifica-se que o modo utilizado em cada visita não foi

explicitado ao paciente (paciente cego) e dependeu da randomização realizada pelo P1, o qual

aplicou todas as intervenções com VNI, e não participou da avaliação funcional do voluntário.

Page 47: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

47

Como forma de adaptação do voluntário à VNI, foi realizada uma sessão preliminar

com 20 minutos de duração, contendo o seguinte protocolo: EPAP, iniciado em 2 cmH2O, foi

acrescido de 1 cmH2O a cada 5 minutos até alcançar 6 cmH2O; concomitantemente, o IPAP,

iniciado em 4 cmH2O, foi acrescido de 2cmH2O a cada 5 minutos até alcançar 12 cmH2O. Em

todo o tempo foram respeitados o conforto e a tolerância do paciente.

Análise estatística

Foi realizada análise descritiva dos dados por meio das medidas de tendência central e

de dispersão. Verificou-se a normalidade dos dados por meio do teste de Shapiro-wilk. As

variáveis hemodinâmicas e respiratórias avaliadas durante os três SWT foram comparadas

com a ANOVA two-way para medidas repetidas. Por sua vez, a DSP, a RC, e a resposta

afetiva, obtidas no SWT, foram comparadas pela ANOVA one-way para medidas repetidas.

Quando detectada alguma diferença, aplicou-se o pós-teste de Bonferroni. Em relação aos

SSVV obtidos antes e durante o uso da VNI, inicialmente foi feita uma diferença entre os

valores encontrados durante o uso da VNI (no 30° minuto) com aqueles encontrados antes da

VNI; em seguida, comparou-se por meio do Teste-t essa variação entre o modo CPAP e o Bi-

nível. Foi considerado significante p<0,05, e a análise foi feita pelo software SPSS versão

20.0 para Windows (SPSS Inc., Chicago, IL, USA).

A estimativa do tamanho amostral foi baseada na magnitude do efeito na variável DSP

no SWT, tanto após o uso de CPAP quanto após uso de Bi-nível, medida no estudo piloto

deste trabalho. Também foi considerada a natureza das variáveis (neste caso, contínua) e a

análise de variância para medidas repetidas como principal teste de hipóteses. Para todos os

cálculos, estabeleceu-se um valor de erro α= 0.05 e β=0.20 e foi considerado o maior

resultado como o n estimado para o presente estudo, a saber: 14 participantes ou pares. Além

disso, foram acrescidos 4 indivíduos (aproximadamente 30%) referente a possíveis perdas

amostrais, obtendo-se o n final de 18 participantes ou pares.

RESULTADOS

Foram recrutados 53 indivíduos com IC crônica, porém a amostra final foi composta

por 14 indivíduos. O fluxograma das perdas está disposto na Figura 1, já as características

gerais da amostra estão descritas na Tabela 1.

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48

Em relação aos valores da espirometria, identificou-se 4 (28,57%) indivíduos com

distúrbio restritivo leve, no entanto não foram evidenciadas outras alterações da função

pulmonar na amostra. Vale salientar que, durante o estudo, não houve relato de intolerância a

VNI, também não ocorreu ajuste da dose ou tipo de medicamentos.

Variáveis cardiorrespiratórias durante o uso da VNI

Não houve diferença entre os modos ventilatórios no que concerne aos SSVV de

repouso e aqueles obtidos após 30 minutos de VNI. Contudo, em cada modo, foi encontrada

diferença significativa para as variáveis FC, FR, e SpO2, conforme exposto na Tabela 2.

Desempenho físico no SWT

A intervenção com VNI antes do SWT provocou diferenças na DSP entre os três testes

[F (2, 26) = 12,34; p <0,001; η2p= 0,48], com média de 381,2+79,8 no T-Co, de 440,36+72,4

no T-CP, e de 441,57+79,4 no T-Bi. A análise post hoc revelou que houve maior DSP tanto

no T-CP [59,1 (95% de IC: 19,15 a 99,14) m, p = 0,004] quanto no T-Bi [60,4 (95% de IC:

16,12 a 104,59) m, p = 0,007] em relação aos valores do T-Co. Contudo, não houve diferença

entre o T-CP e T-Bi [1,21 (95% de IC: -27,2 a 29,7) m, p = 1,000]. A Figura 2 mostra a

comparação tanto da DSP quanto da resposta cronotrópica (RC) entre T-Co, T-Bi e T-CP.

Variáveis cardiorrespiratórias no SWT

Houve diferença na resposta cronotrópica para T-Bi e T-CP em relação a T-Co [F (2,

26) = 13,6; p <0,001; η2p= 0,51]. Nesse sentido, foi encontrado aumento da resposta

cronotrópica de 10,4 bpm no T-Bi [(IC95%: 1,7 a 19,2) bpm, p = 0,018], e de 17,7 bpm no T-

CP [(IC95%: 7,5 a 27,9) bpm, p = 0,001] em relação a T-Co. Vale destacar que não houve

diferença significativa entre T-CP e T-Bi para nenhuma variável cardiorrespiratória avaliada,

conforme exposto na Tabela 3.

Percepção subjetiva de esforço

Foi observada interação significativa entre a PSE das pernas (fadiga muscular) no

SWT e tempo (pré e pós SWT), correspondente a uma diferença apenas entre T-CP e T-Co no

Page 49: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

49

momento pós teste [F (1,3; 14,1) = 5,7; p <0,025, η2p= 0,34], em que houve no T-CP aumento

de 1,2 (IC95%: 0,6 a 1,8) pontos (p < 0,001), conforme exposto na Tabela 3.

DISCUSSÃO

Este estudo mostrou que o uso da VNI antes do exercício, tanto no modo Bi-nível

quanto no CPAP, traz benefícios de igual magnitude no desempenho físico e na resposta

cronotrópica em pacientes com IC. Em geral, não houve discrepância para nenhuma variável

estudada entre os dois modos, porém, ao se comparar o modo CPAP ao controle, observou-se

mais acentuada sensação de fadiga em membros inferiores, o que não foi evidenciado para o

modo Bi-nível. Por sua vez, identificou-se que, durante o período de repouso antes do teste

físico, a VNI aplicada por 30 minutos foi capaz de reduzir significativamente a FC e FR, bem

como aumentar da SpO2, em relação aos valores obtidos antes da sua utilização, sem distinção

entre os modos ventilatórios.

Como forma de intervenção, optou-se pela aplicação da VNI em um momento de

repouso antes do exercício, em contraste com estudos recentes que aplicam VNI durante o

exercício (17, 16). Acredita-se que essa terapia durante o exercício possa trazer problemas

práticos, como desconforto com a interface, vazamentos de ar, necessidade de ajustes e de

supervisão constantes (25). É esperado, portanto, que a VNI aplicada antes do exercício seja

uma forma adequada no ambiente clínico, visto que também pode trazer benefícios ao

desempenho físico, mas sem os eventuais problemas práticos apresentados. Neste sentido, no

presente estudo não houve intolerância, necessidades de ajustes constantes, tampouco outras

intercorrências quanto ao uso da VNI.

Por sua vez, como instrumento de avaliação, optou-se pelo SWT, o qual tem sido

amplamente utilizado na cardiologia (23) uma vez que, diferente do teste da caminhada de 6

minutos (TC6), não há significativo efeito aprendizado teste-reteste, tanto em curto (26) quanto

em longo prazo (27). Tais afirmações conferem mais veracidade aos resultados aqui discutidos,

visto que cada voluntário realizou um total de três testes.

Como era esperado, evidenciou-se que a VNI aplicada por 30 minutos antes do

exercício no modo CPAP (6 cmH2O), é capaz de aumentar o desempenho funcional (medido

pela DSP) e cardiovascular (medido pela RC) em pessoas com IC. Nesse sentido, em estudo

semelhante, Chermont et al. (14) também observaram aumento da DSP e da RC em pessoas

com IC ao aplicar CPAP (6 cmH2O) por 30 minutos antes de TC6. Da mesma forma, Lima et

al. (15), ao aplicar CPAP (10 cmH2O) antes do TC6, identificaram melhora na DSP, duplo-

Page 50: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

50

produto, SpO2, dispneia, e concentração de lactato, em relação ao controle. Por sua vez, Reis

et al. (16), aplicando CPAP (5 cmH2O) durante teste de esforço de carga constante, encontrou

aumento no tempo do teste entre CPAP e controle.

Acrescenta-se a esse conhecimento existente, evidência de que a VNI no modo Bi-

nível (6 cmH2O/ 12 cmH2O), aplicada antes do exercício, traz benefícios de igual magnitude

aos do modo CPAP (6 cmH2O) para a DSP e a RC no SWT. Os efeitos do Bi-nível sobre a

tolerância ao exercício de pessoas com IC foram testados em dois estudos prévios, cujos

resultados corroboram com aqueles aqui expostos: Borghi-Silva et al.(18) fizeram uso da

modalidade de ventilação proporcional assistida – PAV durante teste de esforço de carga

constante, obtendo maior tolerância ao exercício, menor concentração de lactato, e menor

sensação de fadiga e dispneia em relação à VNI placebo; por sua vez, Da Silva et al. (17), ao

aplicar o Bi-nível convencional (EPAP= 7cmH2O/ IPAP= 14 cmH2O) por 20 minutos,

ininterruptamente, antes e ao longo do exercício isocinético de resistência, obtiveram aumento

no tempo de exercício, bem como redução da FC pico e da PAS, comparados à VNI placebo.

Visto que, no presente estudo, tanto o CPAP quanto o Bi-nível utilizaram pressão

positiva de 6 cmH2O no final da expiração, a semelhança encontrada entre os seus efeitos

sobre a tolerância ao exercício não é inesperada. De forma geral, a VNI pode gerar redução de

sintomas característicos da IC por trazer melhorias na sua função cardiopulmonar e muscular

(17, 10, 11). Fisiologicamente, em uma condição de exercício, pode ocorrer redirecionamento do

fluxo sanguíneo dos membros inferiores para a musculatura respiratória, submetida a uma

maior carga de trabalho, o que pode aumentar ainda mais a intolerância ao exercício em

pessoas com IC (2, 18). Sendo assim, a VNI pode atuar reduzindo o trabalho respiratório nessa

população por meio do aumento da capacidade residual funcional e abertura de alvéolos

colapsados, o que resulta no aumento da oxigenação e da complacência pulmonar (10). Já na

função cardíaca, essa terapia pode agir na diminuição das grandes variações na pressão

pleural durante o esforço, reduzindo após-carga de VE, melhorando assim o desempenho

contrátil durante o exercício e reduzindo a FC em ambos os modos (28, 17, 18).

Contudo, alguns autores sugerem que o Bi-nível seja mais eficaz no aumento da

tolerância ao exercício em pessoas com IC em relação ao CPAP, justamente pela adição de

uma pressão de suporte no momento da inspiração (19, 29). Este incremento pode reduzir ainda

mais a sobrecarga dos músculos respiratórios durante o exercício, causando maior redução do

trabalho respiratório, particularmente do diafragma, o que pode gerar aumento do fluxo

sanguíneo para os músculos esqueléticos ativos (18). Sugere-se ainda que o Bi-nível atenua a

Page 51: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

51

atividade do sistema nervoso simpático, comumente exacerbada nesses pacientes, por meio de

reflexo neural induzido pela insuflação regular do pulmão (19, 29).

Assim sendo, O’Donnel et al. (12) compararam os efeitos do CPAP (CPAP = 4,8

cmH2O) e da pressão de suporte (PS = 4,8 cmH2O) em uma situação de exercício no

cicloergômetro. Nesse trabalho constatou-se que, apesar de não haver diferenças diretas entre

o desempenho físico durante o uso da PS e do CPAP, apenas o primeiro modo aumentou de

forma significativa a tolerância ao exercício e reduziu o desconforto nos membros inferiores

em relação ao placebo, provavelmente por possibilitar redução da sobrecarga da musculatura

respiratória com consequente aumento da circulação sanguínea nos membros inferiores. Nesse

sentido, o presente estudo encontrou resultado semelhante para o Bi-nível no que concerne a

redução da sensação de fadiga nos membros inferiores comparada à sessão controle, o que

não ocorreu para o CPAP.

Este estudo também observou o comportamento dos SSVV em situação de repouso,

antes e ao longo da utilização da VNI. Foi encontrado semelhante redução das frequências

cardíaca e respiratória, bem como aumento da SpO2, para ambos os modos, em relação aos

valores basais. Sendo assim, acredita-se que os benefícios cardiorrespiratórios gerados pela

VNI utilizada em situação de repouso, sejam as causas do seu incremento sobre a tolerância a

esforço em pessoas com IC.

Considerações Metodológicas

O fato de ter sido aplicado um teste submáximo, pode ter interferido na magnitude dos

resultados da VNI sobre o desempenho físico nesses pacientes; mesmo assim, foram obtidos

resultados consistentes e, visto que a maioria das AVD são atividades submáximas, possuem

importância clínica. Em adição, neste estudo, o desempenho cardiovascular foi avaliado de

forma indireta. Apesar de ser um método válido e já consagrado na literatura, aconselha-se

que estudos futuros associem medidas diretas no contexto do uso da VNI e exercício.

Implicações para a fisioterapia

Tendo em vista a importância do exercício aeróbio no tratamento dessa patologia,

frente às limitações inerentes a mesma, o uso da VNI traz benefícios adicionais, possibilitando

maior alcance dos resultados oriundos do exercício. Esse fato é importante em programas de

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52

fisioterapia cardiovascular, uma vez que podem melhorar, adicionalmente, a capacidade

funcional do paciente.

CONCLUSÃO

O suporte ventilatório não invasivo, quer aplicado no modo CPAP ou no Bi-nível,

promove melhora na tolerância ao exercício e aumento da resposta cronotrópica em pessoas

com IC crônica, o que possivelmente contribua para um alcance mais abrangente dos

benefícios oriundos do exercício físico sobre a funcionalidade e qualidade de vida desses

pacientes.

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6.

Page 56: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

56

Figura 1. Fluxograma e desenho do estudo:

FEVE = Fração de ejeção do ventrículo esquerdo; VNI = Ventilação não invasiva; CPAP=

pressão positiva continua nas vias aéreas; Bi-nível = ventilação por dois níveis pressóricos nas

vias aéreas; SWT = Shuttle walking test.

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57

Figura 2. Comparação entre os grupos da Distância Percorrida (A), bem como da Resposta

Cronotrópica (B), obtidas nos SWT.

SWT = Shuttle Walking Test; T-Co = SWT sem VNI prévia; P-Bi = SWT após Bi-nível; T-

CP = SWT pós CPAP; Resposta cronotrópica (diferença entre frequência cardíaca pico e a de

reposo) *diferença em relação ao T-Co (p<0.05)

A

*

* *

B

*

* *

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58

Tabela 1. Características gerais da amostra.

Variáveis IC crônica (n=14)

Idade, anos 63,4±8,9

Gênero, Fem./Masc. 2 (14,3)/ 12 (85,7)

IMC 26,7±4,9

Minnesota 22,8±15,8

Clínica

Classe funcional II 14 (100)

FEVE % 31,2±9,5

Etiologia

Isquêmica 8 (57)

Dilatada 6 (43)

Comorbidades

Ex. Tabagista 10 (71,4)

IAM prévio 9 (64,3)

HAS 8 (57,1)

DM 8 (57,1)

Dislipidemia 6 (42,9)

Grupo de Medicamentos

B-bloqueador 14 (100)

IECA 4 (28,6)

BRA 8 (57,1)

Antagonista RA 6 (42,9)

Diurético 9 (64,3)

Anti-agregante 13 (92,8)

Estatinas 10 (71,4)

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59

Hipoglicemiantes 8 (57,1)

Função Pulmonar

CVF, % 78±10,1

VEF1 % 68±15,8

VEF1/CVF, % 77±0,06

Valores descritos em média + DP ou em n (%). IMC = Índice de massa corpórea; Minnesota =

Questionário de qualidade de vida; FEVE = Fração de ejeção de ventrículo esquerdo; IAM =

Infarto agudo do miocárdio; HAS = Hipertensão arterial sistêmica; DM = Diabete mellitus;

IECA = Inibidor da enzima conversora de angiotensina; Antagonista RA = Antagonistas dos

receptores da aldosterona; BRA = bloqueadores do receptor da angiotensina II; CVF =

capacidade vital forçada; VEF1 = volume expiratório forçado no primeiro segundo.

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60

Tabela 2. Comparação entre os grupos da diferença dos SSVV obtidos no momento de

repouso daqueles encontrados após 30 minutos de VNI.

Bi-nível (n=14) CPAP (n=14) Δ p-valor

FC

Pré VNI 72,9+11,7 69,7+8,0

30º min 66,4+8,6a 64,5+9,9a

Δ FC (IC 95%) 4,5+5,9 (1,1 a 7,9) 5,2+6,6 (1,4 a 9,0) 0,751

PAS

Pré VNI 102,31+12,3 106,9+9.5

30º min 124,7+15,5 130,0+19.6

Δ PAS (IC 95%) 3,2+10,9 (-3,4 a 9,9) 3,8+13,2 (-4,2 a 11,8) 0, 917

PAD

Pré VNI 67,1+8,9 67,9+10,7

30º min 72,9+12,7 c 70,7+12,7

Δ PAD (IC 95%) 1,5+5,5 (-1,8 a 4,9) 0,8+9,5 (-4,9 a 6,5) 0,776

FR

Pré VNI 18,5+43,3 18,0+3,4

30º min 16,0+3,0a 15,4+3,2a

Δ FR (IC 95%) 2,5+4,2 (0,1 a 4,9) 2,6+3,0 (1,0 a 4,4) 0,911

SpO2

Pré VNI 96,6+1,5 97,2+1,3

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61

30º min 97,6+1,2a 97,8+1,0a

Δ SpO2 (IC 95%) -1,0+1,5 (-0,2 a -1,8) -0,6+0,8 (-1,1 a -0,1) 0,254

Valores descritos em média e desvio padrão (Média+DP). a diferença significativa intra-grupo

em relação ao valor pré-VNI (p< 0,05). SWT = Shuttle Walking Test; FC = Frequência

cardíaca; PAS = Pressão artéria sistólica; PAD = Pressão arterial diastólica; FR = Frequência

respiratória; SpO2 = Saturação periférica de oxigênio; Δ = Variação; IC95% = Intervalo de

confiança de 95%.

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Tabela 3. Comparação de variáveis cardiorrespiratórias e percepção subjetiva de esforço

entre os grupos.

T-Co T-Bi T-CP ANOVA

Tempo Intervenção Interação

PAS

Pré SWT 106,3+8.8 102,31+12,3 106,9+9.5 0,000 0,176 0,827

Pós SWT 131,5+21.5 124,7+15,5 130,0+19.6

PAD

Pré SWT 67,9+10,5 67,1+8,9 67,9+10,7 0,031 0,909 0,623

Pós SWT 72,9+6,1 72,9+12,7 70,7+12,7

FR

Pré SWT 18,4+4,7 16,6+3,5 15,54+2,9 0,000 0,110 0,061

Pós SWT 22,4+4,7 23,1+3,3 21,85+4,5

SpO2

Pré SWT 96,9+1,2 96,8+1,6 97,7+1,3 0,075 0,086 0,150

Pós SWT 95,0+3,6 97,0+2,1 96,5+2,9

PSE pernas

Pré SWT 0,0+0,0 0,0+0,0 0,8+0,2 0,001 0,018 0,035*

Pós SWT 2,6+1,6 3,5+2,1 3,7+1,8 a

PSE dispneia

Pré SWT 0,0+0,0 0,3+0,6 0,2+0,6 0,001 0,154 0,735

Pós SWT 2,7+1,7 3,1+1,7 3,2+1,9

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63

Os valores estão descritos em Média+Desvio padrão ou em média (%); * significativo para

interação entre intervenção e tempo (p< 0,05); a diferente em relação ao controle (p< 0,05).

SWT = Shuttle walking test; T-Co = SWT sem VNI prévia; T-Bi = SWT com Bi-nível prévio;

T-Co = SWT com CPAP prévio; PAS = Pressão artéria sistólica; PAD = Pressão arterial

diastólica; FR = Frequência respiratória; SpO2 = Saturação periférica de oxigênio; PSE

fadiga: Percepção subjetiva de esforço para os membros inferiores; PSE dispneia: Percepção

subjetiva de esforço para a respiração (dispneia).

Page 64: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

64

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Page 65: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

65

O exercício físico é um dos principais tratamentos não farmacológicos para a

insuficiência cardíaca, no entanto alguns pacientes apresentam intolerância em decorrência

dos sintomas de fadiga e dispneia característicos da doença. Nesse contexto, foi observado

que o uso de 30 minutos de ventilação não invasiva, quando aplicada no modo CPAP ou no

Bi-nível, antes de um SWT proporcionou aumento da distância percorrida, não havendo

diferença entre os dois modos. Sendo assim, o uso de um suporte ventilatório não invasivo,

independente do modo, pode promover melhora na tolerância ao exercício em pessoas com

IC.

Acredita-se que os resultados encontrados, apesar de não ter sido esse o enfoque do

estudo, podem ser aplicados em programas de reabilitação cardíaca baseados em exercícios.

Dessa forma, é possível que essa terapia permita uma potencializarão dos efeitos do exercício

físico, visto que permite o alcance de maiores níveis de esforço físico, sem que haja um

aumento significativo da fadiga e da dispneia.

Page 66: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

66

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.

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72

ANEXOS

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73

ANEXO A: Prova Cognitiva de Leganes

NOME:___________________________________________________________________________

DATA:_____/______/______ Rg:______________

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74

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ANEXO B: Questionário de qualidade de vida

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77

ANEXO C: Escala de Borg Modificada (0-10)

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78

ANEXO D: Escala de sentimento

+5 MUITO BOM

+4

+3 BOM

+2

+1 RAZOAVELMENTE BOM

0 NEUTRO

-1 RAZOAVELMENTE RUIM

-2

-3 RUIM

-4

-5 MUITO RUIM

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79

ANEXO E: Instrução aos autores.

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80

APENDICE

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81

APÊNDICE A: Termo de consentimento livre e esclarecido.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Este é um convite para você participar da pesquisa: Efeitos agudos do suporte

ventilatório não invasivo sobre a tolerância ao exercício de indivíduos com insuficiência

cardíaca: um ensaio clínico placebo-controlado, randomizado e duplo-cego, que tem

como pesquisador responsável Dra. Patrícia Angélica de Miranda Silva Nogueira.

Esta pesquisa pretende avaliar os efeitos agudos que a terapia com suporte

ventilatório, um equipamento que ajuda na respiração, pode ter na sua capacidade de

realizar exercícios físicos.

O motivo que nos leva a fazer este estudo é para disponibilizar informações que

poderão ser utilizadas por profissionais da área da saúde na elaboração do tratamento

de muitos outros pacientes com insuficiência cardíaca.

Caso você decida participar, o Sr. (a) será submetido (a) aos seguintes

procedimentos: no primeiro momento (primeiro dia), será preenchida uma ficha de

avaliação com seus dados pessoais, serão aplicados alguns questionários para avaliar

falta de ar e cansaço físico, será avaliada a função de seus pulmões por meio de um

exame chamado espirometria, e será feito um momento de adaptação ao equipamento

que será utilizado nos outros dias da pesquisa. Esse período inicial terá duração

aproximada de duas horas.

O segundo momento será feito em três dias diferentes (uma hora por dia). Em

cada dia, o Sr.(a) utilizará um suporte ventilatório por 30 minutos e, em seguida,

realizará um teste de desempenho físico chamado ShuttleWalking Test. Esse suporte

ventilatório é aplicado por meio de uma máscara ligada a um equipamento capaz de

gerar fluxo de ar nas vias aéreas, o que ajuda na respiração. Por sua vez, o

ShuttleWalking Test um teste comumente utilizado para avaliar a capacidade funcional

Page 82: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

82

em pessoas com insuficiência cardíaca, nele a pessoa deve caminhar em um espaço de 10

metros, em uma velocidade crescente, determinada por um sinal sonoro.

Os riscos que podem ocorrer durante a pesquisa são inerentes à atividade física,

tais como: sensação de tontura, cansaço ou desconforto, dor de cabeça, dor muscular

durante ou após o esforço físico, vermelhidão no rosto, palpitações, desmaio. Porém,

para que isso não aconteça, o Sr.(a) estará continuamente monitorado por uma equipe

treinada e capacitada para identificar sinais e sintomas que indiquem interrupção

imediata do exercício. Além disso, todas as atividades físicas serão realizadas de acordo

com recomendações de segurança para pacientes com insuficiência cardíaca e haverá

assistência médica imediata em caso de alguma intercorrência.

Você terá como benefício o conhecimento de como está a sua condição física e

respiratória, receberá orientação profissional individualizada, além de estar

contribuindo para a adequação do melhor tratamento para o paciente com insuficiência

cardíaca.

Os dados que irá fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em

congressos ou publicações científicas, no entanto não haverá exposição de nenhuma

informação que possa te identificar. Os seus dados serão guardados pelo pesquisador

responsável em local seguro e por um período de 5 anos.

Se você tiver algum gasto que seja devido à sua participação na pesquisa, você

será ressarcido. Em qualquer momento, se você sofrer algum dano comprovadamente

decorrente desta pesquisa, você terá direito a indenização.

Você é livre para aceitar participar deste estudo ou poderá retirar-se do estudo a

qualquer momento, sem nenhum prejuízo para você. Qualquer dúvida sobre a ética

dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, telefone (84) 3215-3135.

Você ficará com uma via deste Termo e toda a dúvida que você tiver a respeito

desta pesquisa, poderá perguntar diretamente para a pesquisadora responsável, pelo

telefone ou endereço abaixo.

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO:

Eu, _____________________________________________declaro estar

ciente e informado(a) sobre os procedimentos de realização da

pesquisa, conforme explicados acima, e aceito participar

voluntariamente da mesma. Natal, ____/____/______.

Impressão

datiloscópica do participante

Page 83: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

83

Assinatura do participante da pesquisa:

PESQUISADOR RESPONSÁVEL

Eu,_______________________________________________ declaro que assumo a inteira

responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodológicos e direitos que

foram esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo, seguindo as diretrizes

propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde – CNS. Natal,

____/____/______.

Assinatura do pesquisador responsável:

ENDEREÇO: Rodovia BR-101/Campus Universitário/UFRN – Lagoa Nova –

Departamento de Fisioterapia, CEP: 59078970 – NATAL/RN, ou pelo telefone (84)

________________

Page 84: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

84

APÊNDICE B: Ficha de avaliação.

Page 85: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE

85