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Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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Projeto LEARN2WORK
Relatório (IO1) O Modelo das Escolas de Produção
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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Descrição do documento
Nome do Documento Relatório (IO1)
O Modelo das Escolas de Produção
Resumo
Descrição do modelo das Escolas de Produção
Dinamarquesas e da forma de adaptação do
modelo à realidade da Formação Profissional em
Itália, Espanha e Portugal
Versão 8
Autores PSF
Data de criação 29.01.2016
Data da versão 15.06.2016
Estado Versão final
Destinatários Equipa do projeto Learn2Work
Número do “Output” 1
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História
Versão Lista de alterações, Autor (es) / Revisores Data
1 PSF 29.01.2016
2 EDIT VALUE 25.02.2016
3 ARSUTORIA 26.02.2016
4 INESCOP 02.03.2016
5 CEC 10.03.2016
6 CTCP 14.03.2016
7 PSF 14.03.2016
8 PSF 15.06.2016
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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Tabela de Conteúdos
1. Porquê realizar este relatório? ............................................................................................................... 5
2. Introdução: Adaptação e transferência do modelo das Escolas de Produção...................................... 7
3. Uma introdução às Escolas de Produção Dinamarquesas ..................................................................... 8
3.1. Escolas de Produção – Um resumo da sua história ....................................................................... 8
3.2. O que é uma Escola de Produção? ................................................................................................. 8
4. A Carta de Princípios da Escola de Produção Dinamarquesa .............................................................. 11
4.1. Trabalho e Produção numa Comunidade de Trabalho unida ...................................................... 12
4.1.1. Exemplo ................................................................................................................................. 13
4.2. Aprendizagem entre pares ........................................................................................................... 14
4.2.1. Exemplo ................................................................................................................................. 15
4.3. Desenvolvimento de competências profissionais, sociais e pessoais ......................................... 16
4.3.1. Exemplo ................................................................................................................................. 17
4.4. Aprendizagem teórica no Workshop ........................................................................................... 18
4.4.1. Exemplo ................................................................................................................................. 18
4.5. Documentação e avaliação ........................................................................................................... 19
4.5.1. Exemplo ................................................................................................................................. 20
5. O Papel do formador numa escola de produção ................................................................................. 22
6. Principais aspetos do modelo das Escolas de Produção ...................................................................... 24
7. Sistemas e Iniciativas em Itália Portugal e Espanha: Adaptação do modelo das escolas de produção
aos sistemas de Formação Profissional em Itália, Portugal e Espanha ...................................................... 27
8. Itália ....................................................................................................................................................... 29
8.1. O sistema de formação italiano.................................................................................................... 29
8.1.1. ITS - Instituto Técnico Superior ............................................................................................ 29
8.1.2. IFTS – Instrução e Formação Técnica Superior..................................................................... 30
8.1.3. Formação Contínua e Aprendizagem para Adultos ............................................................. 31
8.1.4. Taxa de abandono em Itália ................................................................................................. 32
8.2. Itália: Possibilidades de adaptação .............................................................................................. 33
9. Portugal ................................................................................................................................................. 35
9.1. O Sistema de Formação Profissional Português .......................................................................... 35
9.1.1. Iniciativas de Projetos em Portugal ...................................................................................... 36
9.1.2. Taxas de Abandono Escolar em Portugal ............................................................................. 36
9.2. Portugal: possibilidades de adaptação ........................................................................................ 37
10. Espanha ............................................................................................................................................. 39
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10.1. O Sistema de Formação Profissional em Espanha ................................................................... 39
10.1.1. Segunda oportunidade: formação profissional básica ........................................................ 40
10.1.2. A Garantia Europeia Jovem em Espanha ............................................................................. 41
10.1.3. Taxa de abandono escolar em Espanha ............................................................................... 41
10.2. Espanha: Possibilidades de adaptação ..................................................................................... 42
11. Sumário e Conclusões ....................................................................................................................... 44
12. Bibliografia: ....................................................................................................................................... 48
Anexo 1: O plano de ação individual dos formandos .............................................................................. 51
Anexo 2: O Quadro de Competências de um Workshop ............................................................................. 53
Anexo 3: Certificado de Competências do Aluno ........................................................................................ 55
Anexo 4: A História das Escolas de Produção .............................................................................................. 58
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1. Porquê realizar este relatório?
O relatório sobre a adaptação e transferência do modelo das Escolas de Produção faz parte do projeto
Learn2work, apoiado pelo programa Erasmus+, e tem como objetivo promover o acesso ao Ensino
Vocacional e Profissional nos grupos de risco, bem como, o desenvolvimento de um Ensino Profissional e
Vocacional de elevada qualidade. O público-alvo são os jovens com idade compreendida entre os 16 e os
25 anos, e que nem estão a estudar ou em formação nem a trabalhar (NEET). Com este projeto pretende-
se cativar este público para obterem formação profissional no setor do calçado, mediante a aplicação da
metodologia das Escolas de Produção originária da Dinamarca.
Pretende-se que a adaptação do modelo das Escolas de Produção à realidade do Ensino Profissional e
Vocacional em Portugal, Espanha e Itália seja uma solução sustentável para os jovens, que poderão
beneficiar de um programa de formação com prevalência da componente prática e, que reconhece os
alunos de um ponto de vista holístico.
A estratégia Europa 2020 definiu uma meta ao nível da educação que passa por reduzir a taxa de abandono
escolar em 10% e, aumentar para 40% a percentagem da população (com idade entre os 30 e os 34 anos)
que completou com sucesso o 12º ano ou equivalente, até 2020. Itália, Espanha e Portugal continuam
entre os 5 países da UE com a maior taxa de abandono precoce do sistema do ensino e formação
profissional. Apesar destes países terem conseguido diminuir as suas taxas de desemprego, continua a ser
significativa a taxa de desemprego daqueles que abandonaram a escola ou formação de forma precoce. É
precisamente para este grupo de indivíduos que se assume fundamental desenvolver uma nova
abordagem de aprendizagem de modo a mantê-los no sistema de ensino.
Figura 1: Indivíduos que abandonaram precocemente o sistema de ensino/formação, por situação face ao
emprego, EU-28, 2008 e 20131
Fonte: Eurostat online data code
1 Eurostat 2013: Espanha, Malta, Portugal, Roménia e Itália superam os 17% de abandono escolar.
Empregado
Desempregado mas que
gostaria de estar a trabalhar
(quer esteja à procura de
emprego ou não)
Desempregado, não quer
trabalhar.
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Simultaneamente, a Europa tem vindo a ser fustigada com a falta de competências técnicas adaptadas aos
setores de atividade, assim como falta de competências transversais orientadas para o trabalho e que
facilitam a integração com sucesso de novos trabalhadores no mercado de trabalho. Por conseguinte, a
metodologia das Escolas de Produção tem desde logo e acima de tudo, de ser integrada onde a indústria
sinta necessidade de trabalhadores, no sentido de complementar a lacuna entre a necessidade existente
dos jovens reforçarem as suas competências e a necessidade de reforço das competências certas para
certos setores da indústria que carecem de trabalhadores qualificados.
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2. Introdução: Adaptação e transferência do modelo das Escolas de
Produção
O presente relatório tem como objetivo principal apresentar e analisar os métodos de aprendizagem
utilizados nas Escolas de Produção Dinamarquesas, os quais acreditamos que podem ser utilizados no
Ensino Profissional e Vocacional em Itália, Portugal e Espanha no âmbito das profissões relacionadas com a
indústria. Isto significa que alguns - mas nem todos - os princípios pedagógicos e métodos podem ser
adaptados com maior ou menor extensão à realidade dos países referidos.
É importante respeitar os princípios básicos das Escolas de Produção Dinamarquesas, mas ao mesmo
tempo ter em atenção as leis e requisitos existentes nestes países, que tornarão esta metodologia possível.
O ensino Profissional e Vocacional está largamente implementado em Itália, Portugal e Espanha, e o
Relatório do Modelo das Escolas de Produção é, neste sentido, dirigido a todos os atores intervenientes do
sistema de Ensino Profissional que pretendam dar uso ao relatório. Não obstante, este relatório foi
desenhado tendo em conta os objetivos do projeto Learn2work e, foi desenvolvido em cooperação com
empresas de calçado e com os Programas do Ensino Profissional e Vocacional que nos conduzem às
profissões deste tipo de indústria.
Portanto, o relatório foi elaborado com a cooperação dos parceiros do PROJETO Learn2work, em particular
com o conhecimento técnico do Centro Tecnológico do Calçado de Portugal (CTCP), do Instituto
Technologico del Calzado y Conexas (INESCOP) e da Arsutoria School - todos eles centros tecnológicos do
setor do calçado com vasta experiência em Ensino Profissional aplicado às necessidades da indústria.
Na primeira parte do relatório sobre o modelo das Escolas de Produção será feita uma introdução sobre o
que são as Escolas de Produção Dinamarquesas e sobre a Carta de Princípios utilizada nas Escolas de
Produção. Tendo por base a Carta de Princípios o relatório desenvolverá 5 pontos, os quais serão
concretizados e exemplificados. Pretende-se que o relatório do modelo das Escolas de Produção seja
utilizado na prática e não apenas teoricamente. Sempre que possível serão anexados ao relatório alguns
exemplos.
Na segunda parte do relatório serão apresentados os sistemas de Ensino Profissional e outras iniciativas
pedagógicas em Itália, Portugal e Espanha. Simultaneamente, será indicado aos parceiros como poderão
incorporar a metodologia das Escolas de Produção nas sessões-piloto a realizar.
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3. Uma introdução às Escolas de Produção Dinamarquesas
3.1. Escolas de Produção – Um resumo da sua história
Desde a constituição da primeira Escola de Produção em 1978, as Escolas de Produção Dinamarquesas
evoluíram para um formato de escola independente, tendo obtido legislação própria em 1986. O objetivo
fundamental da Escola de Produção continua a ser o mesmo desde o seu início: criar um ambiente de
aprendizagem prático, que permita qualificar jovens para iniciarem e completarem o ensino geral e
vocacional, assim como, qualificar os jovens para a sua inserção no mercado de trabalho.
Os formandos inseridos numa Escola de Produção têm a oportunidade de desenvolver competências
profissionais, sociais e pessoais através de trabalho prático nas profissões produtivas, bem como,
aconselhamento individual. O leque de workshops nas Escolas de Produção Dinamarquesas pode variar
entre as tradicionais competências dos artesãos que trabalham o metal, a carpintaria e os têxteis até ao
teatro, música, comunicação e TIC’s e, pode ainda abranger áreas como a saúde, beleza e bem-estar.
Com a constituição formal das primeiras Escolas de Produção em finais dos anos 70 estas escolas
enfrentaram crescentes exigências legais o que as levou para um caminho de maior aproximação e
alinhamento com o sistema formal de ensino. De salientar que a partir de 1996, as Escolas de Produção
começaram a ser financiadas essencialmente pelo Estado.
As alterações legislativas que afetam as Escolas de Produção podem ser descritas na essência como uma
mudança onde deixam de ser parte integrante dos esforços para reduzir o desemprego e passam a ser
encaradas como uma oferta preliminar de preparação dos jovens para integrarem o ensino secundário.
Isto está em linha com o foco político que existe atualmente na educação. Nos dias que correm o objetivo
do Governo passa por ter 95% de jovens com o ensino secundário completo2. Uma história mais técnica
das Escolas de Produção está disponível no Anexo 4.
3.2. O que é uma Escola de Produção?
Uma Escola de Produção é uma escola e um local de trabalho, logo, este novo conceito de escola oferece
educação baseada em trabalho prático e produção. Existem atualmente (2016) 82 Escolas de Produção
distribuídas por toda a Dinamarca e que variam em termos de dimensão e ofertas educativas. No que
respeita à dimensão, estas escolas tem, aproximadamente, entre 40 a 200 alunos. Já relativamente à oferta
educativa estas escolas devem ter, pelo menos, 3 workshops em 3 áreas diferentes.
2 Os governos dinamarqueses têm um target oficial de 95%, isto é, o que significa que 25 anos após uma pessoa ter
terminado 9 anos de educação obrigatória deveria ter pelo menos o ensino secundário completo. Atualmente, estima-se que numa turma de 2014 tenderá, em 2039, 92,2% dos alunos terá, pelo menos, completado o ensino secundário. Dentro de 10 anos, (2024) espera-se que a percentagem seja de 86,5%. Fonte: UVM Statistics.
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Por ano cada Escola de Produção é frequentada por aproximadamente 15.000 alunos, sendo que a média
de formandos por formador numa Escola de Produção é entre 10 a 12. Note-se que um jovem pode
frequentar uma Escola de Produção por um período máximo de 1 ano, contudo a média de permanência
por aluno é de aproximadamente 6 meses.
Outros requisitos para que os jovens possam frequentar uma escola de produção são:
1) ter completado os 9 anos da escolaridade obrigatória;
2) não podem ter terminado o ensino secundário;
3) fazer parte de um grupo-alvo avaliado por um Conselheiro Juvenil; e,
4) ter menos de 25 anos no início do plano formativo.
Os jovens que frequentam uma Escola de Produção auferem um salário3, o qual pode ser ajustado em caso
de situações de absentismo. Após a frequência numa Escola de Produção, o jovem receberá um Certificado
de Competências no qual estão identificadas as competências adquiridas.
Em 2013, 57% dos formandos continuaram os seus estudos depois de terem frequentado uma Escola de
Produção, e 7% foram integrados no mercado de trabalho, enquanto os restantes continuaram com outras
atividades incluindo o desemprego. Os formandos numa Escola de Produção entram numa comunidade de
trabalho centrada em atividades práticas e num contexto real de produção de bens e serviços. É suposto
que este tipo de experiências clarifique o seu futuro escolar e eventuais oportunidades no mercado de
trabalho. Para além do trabalho prático nos workshops, os formandos recebem não só aconselhamento
individual pelo menos uma vez de três em três meses, como também, uma mentoria contínua que
acontece ao longo das atividades dos workshops.
Adicionalmente, as Escolas de Produção são requisitadas para ministrar aulas de matemática e de
dinamarquês, mas estas são facultativas para os formandos. Durante o período em que frequenta a Escola
de Produção, o formando tem a possibilidade de participar num conjunto variado de ofertas. Ao longo da
sua participação nas Escolas de Produção os jovens podem ser integrados num posto de trabalho de uma
empresa; numa vertente formativa que combine a Escola de Produção e a cooperação com uma Escola de
Ensino Profissional no sentido de experimentar a formação profissional; ou ainda, podem ser integrados
em grupos segmentados na Escola de Produção que significa uma orientação para uma vocação específica,
que o formando já conhece e pretende seguir.
O trabalho prático e a produção de bens e serviços é o pilar das Escolas de Produção dinamarquesas, e é a
partir daqui que tudo de desenrola. Por conseguinte, os capítulos seguintes apresentarão a Carta de
3Salário por semana: Formandos com idade inferior a 18 anos: 658 Coroas dinamarquesas, com idade superior a 18
anos e a viver com os pais: 849 Coroas dinamarquesas, com idade superior a 18 anos e a viver sozinho: 1576 Coroas dinamarquesas.
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Princípios da Escola de Produção Dinamarquesa e, posteriormente, será dado maior enfoque à pedagogia e
ao discurso desta alternativa de ensino.
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4. A Carta de Princípios da Escola de Produção Dinamarquesa4
Esta Carta de Princípios foi elaborada em conformidade com o disposto na legislação sobre as
Escolas de Produção Dinamarquesas, e também confirma as perspetivas partilhadas em
publicações anteriores pela Associação Dinamarquesa de Escolas de Produção.
A Carta de Princípios pretende ser uma proclamação dos valores comuns e da filosofia das
Escolas de Produção Dinamarquesas tendo em vista a subsequente proclamação de princípios
comuns semelhantes para as Escolas de Produção Europeias enquadrado numa Carta Europeia
de Princípios. Com esta Carta, nós, as Escolas de Produção Dinamarquesas, pretendemos
enaltecer aquilo que partilhamos e que temos em comum e aquilo que, ao mesmo tempo,
desejamos especificar e apoiar. A Associação Dinamarquesa de Escolas de Produção reconhece
assim os princípios descritos em baixo como a imagem de marca das Escolas de Produção
Dinamarquesas.
PRINCÍPIOS DAS ESCOLAS DE PRODUÇÃO DINARMAQUESAS
1: As caraterísticas fundamentais das escolas de produção são a realização de trabalho prático
e produção.
2: A aprendizagem ocorre numa Comunidade de Trabalho Unida. O objetivo é promover o
desenvolvimento pessoal, social e profissional dos jovens.
3: As instruções teóricas são integradas no desenvolvimento de trabalhos práticos e de produção.
4: Os participantes estão ligados a um workshop e a um professor, envolvendo os
participantes não só na produção como também em outras atividades escolares.
5: As escolas oferecem um leque de workshops diversificado e com qualidade profissional,
que abrangem áreas profissionais que refletem as necessidades do atual mercado de trabalho.
6: É oferecida formação aos participantes em diversas áreas, inclusive formação ao nível
cultural e cívico.
7: As escolas de produção admitem e dispensam os participantes autonomamente. O apoio é
4 Para consultar o texto completo da Carta de Princípios em dinamarquês, inglês ou alemão, basta aceder a:
www.psf.nu ou em inglês em: http://www.psf.nu/images/charter/charter_engelsk.pdf.
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dado com um caráter contínuo, tendo em consideração as necessidades de cada um dos
participantes.
8: Os participantes receberão um pagamento sob a forma de subsídio escolar pela sua
participação ativa.
9: As escolas de produção apoiam cada um dos participantes na definição de objetivos
realistas e na prossecução desses mesmos objetivos durante a sua permanência na escola.
10: O desenvolvimento das competências de cada um dos jovens é documentado num
certificado da escola de produção.
11: As escolas são instituições autónomas e independentes.
4.1. Trabalho e Produção numa Comunidade de Trabalho unida
Uma das questões centrais das instituições que trabalham com públicos NEET (jovens que não estão a
estudar, a receber formação nem a trabalhar) é: como é que os jovens nas escolas de produção “aprendem
a trabalhar” (learn2work)? A resposta a esta questão está espelhada nos princípios acima descritos. Tal
como já foi referido, o pilar das Escolas de Produção passa pelo trabalho prático e pela produção de bens e
serviços (Carta de Princípios: 1º Princípio).
A produção de bens e serviços, que posteriormente serão disponibilizados a condições de mercado, tal
como qualquer outro produto ou serviço, é um elemento central com o qual os formandos são
confrontados desde o primeiro dia na escola de produção.
Por conseguinte, o formador tem a possibilidade de permitir que o formando participe numa determinada
tarefa, a qual acrescenta valor a todos os envolvidos – para quem está a aprender, para a escola e, para o
potencial comprador. A produção de bens ou serviços, por si só, não é um objetivo final, mas para que
funcione enquanto um meio para atingir um fim, tem de ser um objetivo final.
É com o trabalho didático do formador do workshop, por intermédio do uso das suas capacidades
profissionais e pedagógicas, que é possível conciliar a criação de um produto ou prestação de um serviço
com o desenvolvimento profissional, social e pessoal do formando.
Durante a permanência do formando numa escola de produção, este deve ter a oportunidade de
experimentar e aprender a partir do contacto com todos os processos, o que pode ser encarado como
parte do conceito de “trabalho”. O conceito de trabalho na sua essência pode ser dividido em quatro
categorias, sendo que o aluno deve aprender com todas elas. Assim, as categorias são: 1) tomada de
decisão, 2) planeamento, 3) execução e 4) avaliação. O trabalho em qualquer produto ou serviço deve ser
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organizado e, portanto, deverá promover um sentimento de pertença do formando numa comunidade de
trabalho unida (conforme disposto na Carta de Princípios: 2º Princípio). Uma comunidade de trabalho
unida é construída com base numa verdadeira cooperação, na partilha de responsabilidades e tem de fazer
sentido para todas as partes envolvidas. Não é esperado que os formandos saibam ou que sejam capazes
de fazer o mesmo que os seus colegas mais experientes. Estamos a falar do conceito de comunidade e,
como tal, é o grupo que trabalha como um todo para alcançar os seus objetivos e não apenas o indivíduo.
A perceção de trabalho num workshop de uma Escola de Produção assenta no facto de que o trabalho
prático contribui para 1) obter experiências conjuntas de conhecimento, 2) mobilizar os jovens para um
propósito comum, 3) definir um perfil pessoal e uma identidade, 4) procurar uma participação ativa e 5)
criar rotinas diárias. Deste modo, os formandos serão capazes de compreender que o seu trabalho é
necessário nesta comunidade de trabalho.
De facto, o trabalho prático que é desenvolvido nos workshops das escolas da produção permitirá envolver
mais os formandos, os quais terão uma clara perceção da ligação entre o trabalho prático e o processo de
aprendizagem. Esta ligação entre a atual execução/ação e o processo de aprendizagem é vital para os
formandos que frequentam as escolas de produção. É muito importante que os formandos tenham
perceção de que a aprendizagem não assume só a forma de um processo mental, mas também pode
significar que podemos aprender fazendo. A descoberta de que a aprendizagem pode ser alcançada
incorporando uma componente prática também sensibiliza os formandos para facto de que para serem
bons em alguma coisa terão de praticar. A descoberta de que através da prática os alunos estão a exercer
uma profissão também é importante para o desenvolvimento dos formandos. Outro aspeto importante da
aprendizagem é que este processo não tem por base o indivíduo, mas sim assenta na colaboração entre os
indivíduos – num contexto social. Através da observação do modo como os colegas fazem determinadas
tarefas é expectável que fiquem inspirados a adaptar os seus próprios métodos de trabalho. Esta é uma das
razões pela qual é importante que os formandos integrem uma comunidade de trabalho unida aquando da
sua entrada num workshop das escolas de produção.
4.1.1. Exemplo
O Jacob e a Louise são formandos num workshop de carpintaria numa escola de produção. A Louise
frequentou o workshop durante 5 meses e o Jacob durante 3 semanas. O formador do workshop, John,
pediu aos 2 formandos que começassem a produzir um banco, o qual tinha sido solicitado pelo município
para uma casa de repouso local. John deu-lhes um esboço de um banco simples, mas pediu-lhes que
usassem esse esboço apenas como um referência fazendo o seu próprio desenho técnico. O formador
atribuiu esta tarefa a Louise porque esta já tinha participado na construção de um banco anteriormente, e
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a Jacob porque tinha informações de que ele tinha sensibilidade para o desenho detalhado. John sabe que
ao fazer este desenho ambos os formandos sentirão que estão a apostar neles para a construção deste
produto – eles fazem parte da tomada de decisão no processo de planeamento. A Louise automaticamente
assume a liderança da execução da tarefa (tal como já o fez anteriormente) e pratica as suas competências
de liderança enquanto Jacob irá aprender mais sobre carpintaria, mas também praticar o desenho de
esboços.
Ambos sabem que dependem um do outro para concluir com sucesso a conceção do produto dentro do
prazo limite. Durante as três semanas que demoraram a construir o banco a Louise, que outrora teve
alguma dificuldade em manter a sua assiduidade e a ser pontual, está mais estável. Ela apercebeu-se que
nos dias em que chegava mais tarde, o Jacob ficava um pouco aborrecido com ela pois ele não conseguia
avançar com o trabalho sem a ajuda dela. Assim, o processo de trabalho torna-se mais interessante e
eficiente quando ambos sentem prazer em dar uso a todas as suas capacidades. Quando o produto está
terminado, o John leva Jacob e Louise à casa de repouso local para montar o banco. Aqui, a Louise e o
Jacob conseguem sentir o agradecimento dos residentes da casa, que estão ansiosos por utilizar o banco.
Um senhor mais idoso também confessou ao Jacob que os detalhes esculpidos no banco ficaram muito
bonitos – isto faz o Jacob sentir-se realmente bem e ficar ansioso por dar continuidade a este tipo de
trabalhos.
4.2. Aprendizagem entre pares
Em qualquer workshop de uma escola de produção, o formador é a pessoa responsável pelo workshop
como um todo. Os formandos recebem instruções, apoio e orientação do formador do workshop, mas
também dos seus colegas de formação. Tal como referido anteriormente, não é o indivíduo que faz a
totalidade do trabalho, mas sim a comunidade. Qualquer workshop tem uma ampla variedade de produtos
com características específicas que requerem diferentes níveis de competências. Os formandos podem dar
instruções e apoiarem-se uns aos outros em áreas onde são mais competentes / em que tem mais
conhecimentos. Num workshop de uma escola de produção, os diferentes níveis de competências estão
assegurados pelo fato de os formandos estarem constantemente a ser admitidos e dispensados.
Adicionalmente, os diferentes níveis de conhecimento permite que sejam desenvolvidas algumas sinergias.
Note-se que os formandos recém-chegados têm a possibilidade de aprender com outros formandos mais
experientes. Mas é também uma experiência de aprendizagem para os formandos mais experientes que
tem a oportunidade de transmitir a sua perícia a outros formandos que não são tão competentes em
determinadas áreas e que entendem e executam as tarefas de diferentes formas. Ter de dar instruções a
terceiros é uma grande fonte de aprendizagem, pois implica que os formandos sejam capazes de transmitir
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e explicar processos e soluções, bem como, lidar com questões e equívocos. Tudo isto conduz o instrutor
ao desenvolvimento de novas ideias sobre as competências que a certa altura trabalhou para adquirir. De
facto, o processo cognitivo de ter de explicar aquilo que já sabemos a terceiros ajuda a consolidar o
conhecimento e a enaltecer a compreensão da matéria por parte do instrutor. Fazer com que os
formandos assumam o papel de instrutores também serve um propósito diferente: obter o
reconhecimento e uma avaliação por parte dos seus colegas. A atribuição de tarefas mais complicadas ou,
ser solicitado para dar instruções a um colega de formação, também funciona como reconhecimento por
parte do formador.
A atribuição de tarefas produtivas num workshop varia em função de diversas razões: a altura do ano, os
colaboradores, os clientes, as competências dos formandos, entre outros aspetos. Isto significa que mesmo
que um formando não seja um formando “novo” na escola de produção, continuará a ser introduzido a
tarefas com as quais nunca teve contacto. Assim, todos os formandos, independentemente do tempo que
estiveram no workshop terão a oportunidade de assumir a função de instrutor e de formando. Esta
realidade é parte de “aprendizagem situada”5: o facto de alguém ser capaz de assumir diferentes posições
na comunidade consoante o contexto, a atividade ou a cultura e o facto de a aprendizagem ser um
processo social.
4.2.1. Exemplo
A Louise e o Jacob estão a construir um banco para uma casa de repouso. O formador do workshop, o
John, pediu a Louise e a Jacob que trabalhassem em conjunto porque têm diferentes pontos fortes e
fraquezas. No passado a Louise já construiu um banco e, apesar de ainda precisar de alguma orientação,
ela já conhece o processo de produção e é uma pessoa muito orientada para o resultado final. O Jacob dá
grande atenção aos detalhes e é uma pessoa mais perfecionista, por isso estes dois formandos
complementam-se muito bem. O John também reconhece que a personalidade mais extrovertida da Louise
pode ser um desafio para o Jacob que é mais introvertido, no entanto, o John também sabe que a Louise é
fascinada pela capacidade de desenhar do Jacob e como tal, ele antecipa que a Louise será respeitadora e
capaz de cooperar com Jacob, e complementarmente espera que Jacob possa vir a falar mais. O trabalho
em conjunto no desenvolvimento de um produto irá permitir que o Jacob e a Louise encontrem soluções
em conjunto (em vez de questionarem o John sempre que tenham dúvidas), que dividam o trabalho entre
eles, que reconheçam os pontos fortes de cada um e, no fundo, que aprendam um com o outro.
Durante o trabalho a Louise lidera o processo – no início explica as diversas questões ao Jacob de uma
forma mais ampla, mas quanto mais trabalham em conjunto mais a Louise explica as questões com maior
5 Teoria da aprendizagem situada: Bibliografia: Lave e Wenger
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detalhe. Assim, o Jacob consegue compreender melhor o processo de construção de um banco e a Louise
tem a possibilidade de praticar as suas capacidades de exposição. Quando chega a altura de esculpir o
banco, o Jacob assume o comando do processo e explica os seus desenhos a Louise, enquanto Louise
mostra a Jacob como utilizar as ferramentas elétricas necessárias.
Os formandos continuam a procurar a atenção de John sempre que têm dúvidas, e é nestas situações que
o formador os ajuda a perceber o processo e a encontrar soluções para os aspetos profissionais, mas
também sugere quando é uma boa ideia que a Louise a assuma o comando ou quando é melhor que seja o
Jacob a fazê-lo. Assim, o John faz com que eles fiquem mais conscientes de quais são os seus pontos fortes.
4.3. Desenvolvimento de competências profissionais, sociais e pessoais
Do ponto de vista teórico, o objetivo de uma formação das escolas de produção passa por criar um
ambiente de aprendizagem diferente e mais dinâmico para os jovens que precisam de novas perspetivas
sobre a importância das competências e do conhecimento. Isto é aplicável a todo o tipo de competências.
De facto, as escolas de produção trabalham no desenvolvimento das competências profissionais, sociais e
pessoais (2º princípio da Carta de Princípios).
No seio das escolas de produção, tem sido repetidamente comprovado que, virtualmente, todos os jovens
têm capacidades de aprendizagem desde que lhes sejam disponibilizadas as condições adequadas. É de
grande importância para as escolas de produção parar com marginalização constante deste grupo de
jovens, visto que uma parte significativa dos indivíduos integra as ações de formação já com um
sentimento de derrota, mesmo que todos eles tenham pontos fortes, competências e capacidades
desenvolvidas.
O trabalho desenvolvido nos workshops oferece aos formandos a possibilidade de integrarem uma
comunidade de trabalho unida, para a qual têm de contribuir profissionalmente, mas também ao nível
social e profissional. As escolas de produção assentam na premissa de que a aprendizagem acontece num
contexto social, sendo impossível aprender uma profissão sem usar as competências sociais e pessoais. No
mesmo sentido, também é impossível alguém ter uma participação ativa no mercado de trabalho sem tirar
partido das suas competências pessoais e sociais. É por esta razão que as tarefas de apoio aos formandos
no desenvolvimento destas competências assumem um papel de destaque nas escolas de produção.
Efetivamente, alguns formandos frequentam estas formações devido à necessidade que têm de trabalhar
as suas competências sociais.
A perspetiva das escolas de produção é de que o desenvolvimento das competências sociais e pessoais
num workshop está altamente relacionado com o desenvolvimento das competências profissionais.
Conforme mencionado, o envolvimento dos indivíduos numa comunidade de trabalho unida promove o
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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desenvolvimento das competências profissionais, pessoais e sociais. Assim, as competências desenvolvidas
através do trabalho prático respeitam aos indivíduos como um todo6. Adicionalmente, é importante ter
consciência de que o desenvolvimento das competências sociais e pessoais também ocorre fora do
workshop.
As escolas de produção também têm um historial de se interessarem na promoção da educação geral. A
educação geral é o processo através do qual cada individuo é capaz de exceder os seus horizontes e tornar-
se um membro ativo na sua comunidade, não apenas enquanto trabalhador, mas também como cidadão
de uma comunidade cívica e um melhor ser humano7. A educação serve o propósito de ajudar os
formandos a desenvolverem as suas qualidades enquanto seres humanos. Os intervalos para almoço, por
exemplo, ajudam os participantes a perceber como se devem comportar num determinado ambiente,
trazem um sentimento de comunidade e ajuda os participantes a compreender melhor as suas
necessidades fisiológicas. Neste intervalo permite também falar sobre a atualidade (notícias, política e
problemas). As atividades desportivas dão especial enfoque ao trabalho em equipa, enquanto as visitas de
estudo podem também contribuir para oferecer aos formandos um sentido mais alargado de sociedade.
4.3.1. Exemplo
Durante o trabalho de construção do banco o Jacob e a Louise têm de usar as suas competências sociais e
pessoais para poderem trabalhar em equipa. O Jacob vai praticando as suas capacidades de comunicação e
de diálogo dado que durante o trabalho a Louise vai fazendo inúmeras perguntas. Como o Jacob também
vai pedindo a Louise que se concentre mais nos detalhes do seu trabalho, esta acaba por ir treinando a sua
capacidade de estar mais atenta aos pormenores e de estar mais concentrada enquanto trabalha.
Mais tarde no espaço comum, quando todos os formandos estão sentados para almoçar, dois formandos
de cozinha apresentam a ementa do dia e, ao mesmo tempo, relembram os colegas de que não devem
colocar mais comida no prato além daquela que são capazes de comer. Isso não seria bom nem para a
pessoa, que acaba por comer demasiado, nem para o ambiente, pois contribui para o desperdício de
comida. Isto é um lembrete para o Jacob, que ao ouvir o aviso acaba por colocar menos comida no prato.
Quando estão a terminar o almoço, a diretora Rita, questiona os formandos se ouviram ou viram alguma
coisa interessante nas notícias do dia anterior e, se sim, se querem partilhar com os colegas. Quando
ninguém diz nada, a diretora introduz um tema. Hoje a Louise quer fazer uma pergunta. Ela viu algo nas
notícias sobre as novas regras para os cidadãos estrangeiros a morar no país e, agora está preocupada
6 Ponto de vista holístico
7 Ou; um tipo de escolaridade que promove o desenvolvimento da pessoa como um todo – intelectualmente,
emocionalmente, socialmente e fisicamente.
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porque os pais de uma das suas amigas não são cidadãos dinamarqueses. Ela questiona sobre o que lhes
irá acontecer. Mas a Rita não consegue dar uma resposta relativa ao caso específico, mas aconselha a
Louise a perguntar à sua amiga. Esta questão permite que a Rita informe os formandos sobre questões da
atualidade política.
4.4. Aprendizagem teórica no Workshop
A aprendizagem teórica e as instruções são em grande parte integradas no trabalho prático dos workshops
e na produção (Carta de Princípios: 3º princípio). As instruções teóricas devem ser alargadas e integradas
em todo o tipo de workshops sempre que possível. Num workshop das escolas de produção a teoria é vista
como o conhecimento intelectual de uma atividade (a profissão) e, portanto, a teoria e a prática estão
interligadas e, não podem ser dissociadas entre si.
Nos workshops os formadores incluem os aspetos teóricos em paralelo com o trabalho prático. Isto
acontece com o objetivo de poderem explicar e explorar outras opções ou soluções para um determinado
problema, ou para promover um maior envolvimento do formando num determinado tema. Para a maior
parte dos formandos das escolas de produção a teoria dissociada dos problemas práticos não faz grande
sentido. É precisamente em contexto de trabalho num workshop, que os formandos se apercebem da
importância da componente teórica (por exemplo, dos conhecimentos de matemática) na resolução de
problemas práticos.
Adicionalmente, por lei as escolas de produção dinamarquesas são obrigadas a oferecer aulas de
matemática e de dinamarquês. No que respeita à restante oferta formativa, estas escolas têm liberdade
para alargar a sua oferta a outras áreas como as ciências sociais, geografia, saúde, etc. (Carta de Princípios:
6º Princípio). O rácio do número de alunos por professor nas escolas de produção é menor
comparativamente com as escolas básicas e secundárias, o que permite um maior foco no aluno.
4.4.1. Exemplo
Logo no início da construção do banco, a Louise e o Jacob tiveram de descobrir qual o tipo de madeira mais
adequado para o seu produto. Nesse momento, o formador, o John, tem a oportunidade de instruir os
formandos sobre os diferentes tipos madeira existentes e quais as melhores opções para mobiliário de
exterior. Simultaneamente explica aos formandos qual o tratamento da superfície que deverá ser feito no
banco posteriormente e, tem ainda a oportunidade de perguntar ao Jacob e à Louise se sabem onde
tradicionalmente crescem os diferentes tipos de madeira. A Louise tenta responder à questão,
demonstrando ter já algum conhecimento de causa e, neste contexto, o John explica de onde é originária a
madeira que a escola tem em stock. Toda esta conversa se desenrola no local do workshop onde está
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armazenada a madeira. Por conseguinte, o Jacob e a Louise podem ver e sentir a madeira sobre a qual
estão a falar e ambos já estão a pensar na produção que se comprometeram a fazer. Consequentemente,
consideram, de forma imediata, a utilidade do conhecimento que o John lhes está a transmitir. Durante o
processo de construção do banco a Louise e o Jacob usam diversas competências no âmbito da
matemática: medem o comprimento e ângulos, fazem cálculos em percentagem e fazem multiplicações
quando têm de fazer os desenhos à escala do banco. O John atua como supervisor verificando o trabalho
dos formandos ocasionalmente, e fazendo-lhes algumas questões teóricas relacionadas com seu trabalho.
4.5. Documentação e avaliação
As escolas de produção focam-se na avaliação e documentação do desenvolvimento social, pessoal e
profissional dos formandos. O registo da evolução dos formandos pode assumir diversas formas e,
complementam-se com outros métodos que são adaptados à escola e ao formando. A orientação e
avaliação dos formandos devem assumir um caráter constante nos workshops. De acordo com a legislação
aplicável às escolas de produção (Carta de Princípios: 9º Princípio), é obrigatório que os formandos tenham
reuniões com o seu orientador pelo menos uma vez de 3 em 3 meses. Adicionalmente, é requerido que
cada escola acompanhe o progresso dos formandos através de um plano de ação individual. No entanto,
este não é apenas um plano de educação, mas também um plano pessoal, que tem em consideração o
desenvolvimento social e pessoal do formando – assim como o seu desenvolvimento profissional. O
objetivo do plano de ação individual é descrever e clarificar o processo de aprendizagem em curso para
formandos que estejam indecisos relativamente às suas opções em termos escolares ou profissionais. No
anexo 1 poder ser encontrado o modelo usado para o plano de ação individual.
A maioria das escolas de produção dinamarquesas usa um Quadro de Competências para monitorizar as
competências profissionais dos formandos (Anexo 2). Um Quadro de Competências é particularmente
direcionado para monitorizar o desenvolvimento das competências profissionais dos formandos e é
sempre específico consoante o workshop. No quadro do Workshop estão listadas as competências que
podem ser adquiridas, e os diferentes níveis de cada competência são ilustrados com cores diferentes
consoante seja principiante, intermédio, experiente ou competente. Os quadros de competências são
apresentados em grandes formatos, e são afixados num local visível no workshop. Assim, os formandos
podem discutir o seu progresso e o desenvolvimento de oportunidades com o seu formador e, o formador
vai “ilustrando-as” (e atualizando-as) no quadro de competências. Deste modo, o desenvolvimento de
ompetências na escola de produção é visível diariamente. O quadro de competências é também uma
ferramenta de trabalho útil na preparação do Certificado de Competências.
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Um portfolio pode ser uma ferramenta útil na escola de produção, sendo que permite ao formando juntar
os seus diplomas, exemplos de produtos, referências, etc. O portfolio é uma coleção sistemática do
trabalho e das experiências do formando, mas pode também descrever os seus esforços, a sua evolução e
conquistas.
Um Gráfico de Aranha8 é utilizado para visualizar as competências sociais e pessoais do formando. Este
gráfico mostra as competências do aluno em áreas como a capacidade de aceitar novos desafios, o
envolvimento nas atividades da escola e nos workshops, cooperação, responsabilidade, responsabilização,
iniciativa e independência, entre outros.
Por fim, o resultado formal (o verdadeiro resultado é o desenvolvimento das competências de um jovem)
da documentação e avaliação, que é posta em prática ao longo da permanência do formando na escola, é
um Certificado de Competências (Anexo 3). A escola de produção emite o Certificado de Competências do
formando no momento em que este deixa a escola, e tem como objetivo evidenciar as competências
profissionais adquiridas em áreas específicas (Carta de Princípios: 10º princípio).
4.5.1. Exemplo
Depois da Louise e o Jacob terminarem o fabrico do banco, eles fotografaram o produto, e no dia seguinte
sentaram-se na sala de informática e escreverem um pequeno texto sobre o processo e os resultados
alcançados – estes elementos constam do seu portfolio. Adicionalmente, a Louise teve também uma
conversa com o seu formador. O John e a Louise falam à frente do quadro de competências sobre o
progresso de Louise durante as últimas semanas. Tendo assistido ao desenvolvimento de novas
competências por parte da Louise, o seu formador decidiu aumentar-lhe um nível num conjunto de
diferentes áreas. Este curso de ação deixou a Louise muito orgulhosa de si – especialmente porque decidiu
inscrever-se numa escola profissional depois do Verão. Passado um mês a Louise deixa da escola de
produção, e recebe o seu Certificado de Competências, do qual também sente muito orgulho. Ela sente-se
realizada e, sente que o seu trabalho foi reconhecido, o que lhe dá certeza de querer ingressar numa
Escola Profissional.
O Jacob também teve uma reunião com o seu orientador. Ele já frequenta a escola de produção há alguns
meses e está na altura de prosseguir com o seu plano curricular. De facto, o Jacob sente mais
autoconfiança e, está mais preponderante para assumir responsabilidades. Isto resulta do reconhecimento,
por parte do John, das capacidades do Jacob ao longo do workshop, e também do reconhecimento que
obteve por parte dos seus colegas.
8 Também denominado gráfico radial
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No entanto, em conversa com o seu orientador, o Jacob sente que depois da escola de produção talvez
devesse apostar em algo relacionado com as suas competências de desenho criativo. Neste ponto o
orientador questiona o Jacob se ele pretende mudar para um workshop onde possa trabalhar mais as suas
capacidades de desenho. Apesar de Jacob querer responder afirmativamente, não deixa de ter algum
receio por ter de integrar um novo grupo de formandos. Não obstante, duas semanas mais tarde o Jacob
acaba por mudar para o workshop de artes gráficas.
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5. O Papel do formador numa escola de produção
Quando um diretor de uma escola pretende contratar novos formadores, ele procura uma pessoa que
tenha tanto competências profissionais como sociais. Os formadores são profissionais na sua área de
trabalho e, na generalidade dos casos, já tiveram um emprego na área em que se estão a tornar
formadores na escola de produção. É importante para os formandos reconhecerem que os seus
formadores estão comprometidos com a sua profissão, têm as competências técnicas adequadas e
dedicam o tempo necessário a cada um dos formandos no workshop.
A relação de proximidade quer ao nível pessoal quer profissional que se vai criando entre os formandos e o
formador é um dos elementos mais importantes dos workshops nas escolas de produção e, que faz destes
um espaço único de aprendizagem e desenvolvimento. Por norma, os laços criados entre formador e
formando são fulcrais para a continuação dos estudos por parte do formando e para o seu
desenvolvimento profissional, pessoal e social, designadamente no caso dos jovens mais vulneráveis.
Foi já realçado em inúmeros projetos9 e observações que a relação positiva entre o formando e o formador
é uma das principais diferenças relativamente a outros sistemas educativos frequentados pela maioria dos
alunos do ensino profissional. Os formadores são uma referência para os formandos e são alguém com
quem podem contar.
Ser um formador numa escola de produção é um constante ato de equilíbrio. Quando se trabalha com
jovens vulneráveis que passaram por más experiências na escola – e até na própria vida pessoal – é do
conhecimento geral que as taxas de abandono escolar são elevadas. Neste sentido, o formador tem de
encontrar as ferramentas pedagógicas e os trabalhos adequados para cada indivíduo. Dois formadores
explicam-no da seguinte forma:
Orgulho-me de ser capaz de diferenciar e agregar os formandos em níveis diferentes
dependendo de quem são. Algumas questões e trabalhos têm de ser comunicados ao
workshop como um grupo, mas na maior parte das vezes ensino os formandos individualmente
ou aos pares. O trabalho corre melhor quando os formandos fazem o seu trabalho e depois
encontram o problema. É quando nós damos resposta ao problema.
Traduzido do Læring og Arbejde, p. 30
Depende do formando. Obviamente que tenho alguns métodos e que tentarei colocá-los em
prática no início, mas depois tento descobrir qual o tipo de pessoa que está à minha frente.
Também depende do que vai acontecendo ao longo do workshop.
Traduzido Læring og Arbejde, p. 30
9 See bibliography: no. X,x,x,x
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Quando o âmbito de atuação não se resume apenas à formação técnica mas também ao desenvolvimento
social e pessoal, o formador tem que usar as suas competências pessoais e não apenas as competências
técnicas. A honestidade e a paciência são virtudes importantes num formador de uma Escola de Produção.
Muitos formadores afetam o seu tempo “pessoal” aos formandos. Com isto quer-se dizer que os
formadores focam-se em aspetos da vida tais como a compreensão, a proximidade, a solidariedade e a
força interior. Mas ao mesmo tempo mantém uma distância profissional dos formandos com o intuito de
não ficar psicologicamente sobrecarregado. Um formador explica a questão desta forma:
No meu entendimento temos de ser muito pacientes e capazes de aceitar a natureza do Ser
Humano. É preciso ser compreensivo e aceitar como os alunos são e não julgá-los. É
fundamental gostar do trabalho que se está a fazer. Na minha opinião temos de estar na zona
cinzenta entre um estilo de vida e um emprego normal. No fundo é preciso gostar mesmo
desta profissão.
Traduzido de Læring og Arbejde, p. 76
Cabe ao formador individual (tendo em consideração os limites do curso) definir o seu papel enquanto
formador de uma escola de produção, de modo a cumprir os objetivos do curso e a fomentar a
participação dos formandos no workshop. Os formadores podem melhorar as suas qualificações por
intermédio de cursos pedagógicos, os quais são disponibilizados, por exemplo, pela Associação das Escolas
de Produção Dinamarquesas. Nesta associação, estas 3 linhas são por norma apontadas como uma regra
de ouro:
→ Ser sempre profissional
→ Ser sempre pessoal
→ Nunca ser privado
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6. Principais aspetos do modelo das Escolas de Produção
Os principais aspetos do modelo das escolas de produção que poderiam ser implementados nos sistemas
de formação profissional em Itália, Portugal e Espanha, mais concretamente no setor do calçado, podem
ser resumidos conforme se segue:
As escolas de produção são projetos que ganharam maior relevância nos anos 70, num momento em que
os níveis de desemprego aumentavam significativamente, tendo sido necessário tomar medidas especiais
para lidar com o desemprego jovem. O estado disponibilizou apoio financeiro aos municípios com o
objetivo de que estes fossem capazes de implementar programas curriculares para jovens desempregados
e vulneráveis. Os programas que conciliavam o trabalho e a educação provaram ser muito populares e,
alguns deles foram designados escolas de produção. Não obstante, no final dos anos 70 foi reconhecida a
necessidade de criar uma estratégia de longo prazo, o que deu origem à publicação de legislação em 1986,
enquanto as escolas de produção se começavam a disseminar por todo o país. Em 1996, as escolas de
produção passaram a obter financiamento do por via do orçamento de Estado e sob a forma de subvenção
por cada formando/participante a tempo inteiro.
Cumpre referir que o objetivo fundamental das escolas de produção continua a ser o mesmo desde a sua
constituição: criar um ambiente de aprendizagem prático que permita qualificar jovens para iniciarem e
completarem com sucesso o ensino tradicional e profissional ou qualificar os jovens de forma a
ingressarem no mercado de trabalho. As alterações legislativas que afetaram as escolas de produção
podem ser descritas na sua essência como uma mudança entre serem uma medida de combate ao
desemprego e, passarem a fazer parte das ofertas preliminares para preparar os jovens para integrarem o
ensino secundário. Mais de metade dos formandos das Escolas de Produção ingressa no Ensino
Profissional.
Conforme descrito na legislação, o público-alvo são todas as pessoas com menos de 25 anos, que tenham
terminado a escolaridade obrigatória e, que não sejam capazes de começar ou completar uma educação
profissional superior ou, ainda, os jovens que tenham escolhido interromper o seu percurso escolar. Os
formandos são maioritariamente jovens que não se conseguiram adaptar-se ao sistema de ensino
convencional – devido a problemas escolares ou pessoais. Estes alunos podem sofrer, por exemplo, de
dislexia, do Transtorno do défice de atenção com hiperatividade (ADHD- Attention deficit hyperactivity
disorder) ou podem ser jovens com baixa autoestima que tem problemas no cumprimento de horários de
manhã ou que tem falta de apoio escolar em casa. Estes jovens fazem parte dos jovens NEET, um dos
públicos-alvo, sendo que a maioria dos jovens tem problemas do foro social e pessoal. Esta questão está
diretamente relacionada com o facto de estes jovens não conseguirem ingressar ou mesmo completar os
seus estudos e/ou encontrar o seu lugar no mercado de trabalho. No entanto, também podem ser
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simplesmente jovens que não têm sido capazes de encontrar emprego ou que não sabem qual o percurso
educativo que devem escolher. As escolas de produção são, antes de tudo o resto, direcionadas para
jovens com aptidão para trabalhos práticos que têm dificuldades em aprender no sistema de ensino
tradicional.
Nas escolas de produção podemos encontrar workshops que vão desde a carpintaria e cozinha até
workshops de TIC e teatro. Os workshops são estruturados de modo a que os formandos possam resolver e
levar a cabo trabalhos encomendados por clientes. Todos os produtos desenvolvidos nos workshops
representam valor acrescentado para quem os recebe. Esta valorização do produto é uma peça-chave. De
facto, o valor acrescentado pode refletir-se de várias formas – por exemplo sob a forma de pagamento de
um cliente, através da prestação de um serviço a um jardim-de-infância que não tenha condições para
pagar pelo mesmo (isto irá refletir-se na felicidade das crianças) ou, pode ser a própria escola de produção
a precisar de algum serviço de manutenção. Isto significa que os workshops são mais oficinas de trabalho
do que salas de aulas. O formador das escolas de produção faz parte da equipa e em conjunto com os
formandos formam uma comunidade de trabalho unida. O rácio de formandos por formador é mais
pequeno do que numa sala de aula tradicional e os papéis são alternáveis dependendo das ações e das
tarefas do workshop. A relação formando-formador não é uma relação de superioridade, mas sim
caraterizada pela igualdade e pelo respeito. Não obstante, a hierarquia profissional continua a estar
presente na medida que o formador é o “mestre” e os formandos são os “aprendizes”. Quer as
competências técnicas quer as relacionais são de extrema importância. O papel de um formador numa
escola de produção é comparável à relação mestre-aprendiz ou empregador-empregado acrescendo o
facto de que o formador tem de investir numa relação de maior proximidade pessoal do que um típico
empregador.
Para além do foco na relação formador-formando, que assenta no reconhecimento, a metodologia
apresentada sobre as escolas de produção, contém aspetos que se considera poderem ser adaptados a
diferentes sistemas de formação profissional. Os estudantes dos sistemas de formação profissional em
Itália, Portugal e Espanha necessitam de ser inspirados e atraídos para a indústria do calçado durante o
tempo em que estão a frequentar a escola profissional. A comunidade de trabalho unida, a aprendizagem
em conjunto, o foco no desenvolvimento de competências sociais e pessoais e não só nas competências
técnicas e, ainda, a integração das questões teóricas nos workshops, são adaptáveis em maior ou menor
grau aos sistemas de formação profissional mais tradicionais. Estas questões serão aprofundadas nos
capítulos seguintes.
Apesar de o grupo alvo incluído nas sessões piloto, a serem realizadas pelos parceiros em Itália, Portugal e
Espanha, não refletir os típicos formandos das escolas de produção, existem algumas semelhanças entre
estes públicos. Frequentemente as razões que estão na origem do abandono escolar prendem-se com a
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falta de motivação, dificuldade em encontrar o percurso académico adequado, falta de confiança ou outros
problemas relacionados com o indivíduo. Estas dificuldades estão usualmente relacionadas com o facto de
que algumas pessoas têm maior facilidade em aprender quando fazem as tarefas com as suas próprias
mãos e quando estão inseridas num contexto mais prático, deste modo têm maior aptidão para adquirirem
conhecimento técnico sobre uma determinada profissão. Assim, a adaptação da metodologia das escolas
de produção, que tem por base a aprendizagem orientada para a prática e a relação formador-formando, e
as ferramentas suscetíveis de serem adaptadas aos sistemas de formação profissional existentes, no
sentido de promover o aumento do número de estudantes neste sistema, pode ser um bom começo.
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7. Sistemas e Iniciativas em Itália Portugal e Espanha: Adaptação do
modelo das escolas de produção aos sistemas de Formação Profissional
em Itália, Portugal e Espanha
A segunda parte do relatório do modelo das escolas de produção inclui a apresentação dos sistemas de
formação profissional por parte dos parceiros Centro Tecnológico do Calçado de Portugal (CTCP), Instituto
Tecnologico del Calzado y Conexas (INESCOP) e Arsutoria School – todas estas entidades são centros
tecnológicos do setor do calçado e, tem uma vasta experiência na formação profissional aplicada à
indústria do calçado.
A principal diferença entre as escolas de produção na Dinamarca e a implementação deste processo no
setor do calçado é que as escolas de produção dinamarquesas trabalham no sentido de ajudar os
estudantes a perceber qual será o seu percurso educativo. No entanto, no projeto aqui descrito os jovens
já estão informados e já sabem qual o percurso que querem seguir, mas é preciso encontrar uma
metodologia que ajude no combate ao abandono escolar.
No que respeita à adaptação do modelo das escolas de produção à realidade da formação profissional em
Portugal, Espanha e Itália, a experiência da Associação das Escolas de Produção Dinamarquesas diz-nos que
é fundamental que haja uma mudança na estrutura da sala de formação/trabalho tradicional. É a forma
como os formandos aprendem e trabalham e a forma como o professor/formador ensina que tem de ser
alterada de modo a que haja um maior foco no indivíduo e nas suas competências, ao mesmo tempo não
descurando a análise do grupo enquanto uma comunidade de trabalho. Para melhor percebermos a
pedagogia das escolas de produção, cada um tem de mudar a sua perceção de aprendizagem e da relação
entre professor e aluno.
Numa situação em que as turmas sejam maiores do que nos tradicionais workshops das escolas de
produção, é necessário perceber como se pode implementar esta nova metodologia – por esta razão não é
possível que haja uma transferência direta, numa fase inicial tem de ser adaptada e alterada a realidade
dos três países. As escolas de produção dinamarquesas – desde a sua implementação até à sua
formalização legal – já exercem a sua atividade há cerca de 40 anos. Devido a diferentes iniciativas do foro
político e aos variados tipos de sistemas de ensino que estão implementados, é importante perceber em
que medida os sistemas de formação profissional de Itália, Portugal e Espanha podem ser adaptados e de
que aspetos poderão beneficiar. Consequentemente, os próximos capítulos apresentam os sistemas de
formação profissional em Itália, Portugal e Espanha, dando especial enfase à educação no setor do calçado.
Também será dado destaque às taxas de abandono escolar e às principais razões da sua existência, assim
como será referida a importância de implementar novas ferramentas e métodos pedagógicos de forma a
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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evitar o aumento do abandono escolar. Após cada capítulo, serão ilustradas as possibilidades que cada
sistema de formação profissional tem em termos de adaptação do modelo das escolas de produção.
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8. Itália
8.1. O sistema de formação italiano
Em Itália a escolaridade obrigatória abrange todos os jovens entre os 6 e os 16 anos, o que significa que
após 10 anos de escolaridade, o jovem é livre de decidir se continua ou não os seus estudos. Os cursos de
formação profissional são organizados ao nível do ensino secundário, o qual tem início nos últimos anos da
escolaridade obrigatória (por norma a idade dos jovens estudantes está entre os 14/15 e os 19 anos), e pós
ensino secundário, neste caso é exigido um certificado da escola secundária.
Ao nível do ensino secundário, a formação profissional pode ser organizada de três formas:
Institutos Técnicos (cursos de 5 anos);
Institutos Profissionais (cursos de 5 anos);
Aprendizagem e Formação Profissional Regional (cursos de 3 anos).
Após concluírem o ensino secundário (o que requer um certificado de habilitações do ensino secundário),
os estudantes podem optar por ingressar numa Universidade ou podem escolher dar continuidade à sua
formação profissional através dos cursos de IFTS (Instrução e Formação Técnica Superior) ou de ITS
(Institutos Técnicos Superiores).
8.1.1. ITS - Instituto Técnico Superior
A formação técnica no ITS requer um certificado de habilitações do ensino secundário.
Duração: 1800 a 2000 horas ministradas em 2 anos;
30% do tempo deve ser despendido num estágio numa empresa;
50% dos professores devem ter experiência na indústria;
Um curso confere ao formando um certificado EQF de nível 510;
Os cursos do ITS são financiados por cada Região com fundos do Ministério Italiano da Educação.
Um ITS só pode ser constituído sob a forma de fundação, isso implica que haja uma parceria entre as
seguintes instituições: uma escola acreditada; uma Universidade (que confere os créditos no final do
curso); uma empresa e um organismo público local do Governo.
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A definição dos diferentes níveis do Enquadramento de Qualificações Europeu (EQF): https://ec.europa.eu/ploteus/content/descriptors-page
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Periodicamente a Região analisa as necessidades da indústria local e define as prioridades no que toca aos
cursos de formação que devem estar disponíveis. O currículo detalhado é definido pela escola que organiza
o curso do ITS, baseado no perfil profissional que será ministrado. A Região avalia os currículos propostos
pelas fundações ITS e elabora um ranking para o financiamento.
Apresentamos abaixo um exemplo de um plano de estudos para a área de fabrico de calçado:
ITS MODA CALZATURE
TÉCNICO SUPERIOR DE QUALIDADE E INOVAÇÃO NO DESIGN E PRODUÇÃO DE CALÇADO
Detalhes
4 semestres;
1800 horas/ 800 horas em estágio;
Para se inscrever é necessário ter um
diploma de conclusão do ensino
secundário;
A inscrição só pode ser realizada após ser
feito um exame de admissão.
Conteúdos
Informática;
Inglês;
Design de calçado com o sistema CAD
(2D/3D) e prototipagem rápida;
Conhecimentos sobre as componentes
do calçado e a sua utilidade;
Gestão dos processos de fabrico de
calçado de forma eficiente;
Organização da logística interna;
Coordenação de coleções de moda.
8.1.2. IFTS – Instrução e Formação Técnica Superior
A IFTS oferece formação profissional a jovens que tenham um diploma de conclusão do ensino secundário.
Duração: de 800 a 1000 horas durante o período de 1 ano;
30% do tempo deve ser alocada à realização de um estágio numa empresa;
50% dos professores devem ter experiência na indústria;
Os cursos do IFTS são financiados pela Região com fundos do Ministério Italiano da Educação.
A estrutura dos IFTS é mais simples que a estrutura dos ITS porque não exige a criação de uma fundação.
Alternativamente, basta que haja uma Associação Temporária de Atividade. Os cursos dos IFTS estão
associados ao financiamento regional e os seus princípios são similares aos dos cursos dos ITS.
Apresentamos abaixo um exemplo de um plano curricular para o calçado e o couro:
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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ACOF MODA
TÉCNICO SUPERIOR DE DESIGN E PRODUÇÃO DE BENS “ Made in Italy “: CALÇADO E COURO
Detalhes
2 semestres;
1000 horas / 300 horas em estágio;
Para se inscrever é necessário ter um
diploma de conclusão do ensino secundário;
Disponível apenas para estudantes com
idade inferior a 35 anos;
Só podem participar estudantes
residentes na região.
Conteúdos
Design de calçado e acessórios;
Desenho digital;
Marketing e pesquisa de tendências;
Portfólio e desenvolvimento de coleção;
Conceção de patentes e protótipos de
calçado e bolsas;
Sistema CAD;
Inglês empresarial e comunicação.
8.1.3. Formação Contínua e Aprendizagem para Adultos
Dado que ambos os planos de estudo requerem educação secundária, naturalmente existirá um grupo de
jovens e adultos que não podem aceder nem aos ITS nem aos IFTS. Por conseguinte, os cursos oferecidos
ao nível da Formação Contínua e Aprendizagem para Adultos não requerem nenhum diploma e também
não têm qualquer limitação em termos de idade. A formação profissional é gerida e organizada ao nível
regional e o financiamento pode ser público, privado ou uma combinação de ambos. Se o financiamento é
público os cursos são gratuitos e, por norma, são mais direcionados a pessoas desempregadas com o
objetivo específico de encontrarem emprego ou de se realocarem. A sua duração é mais reduzida do que
nos ITS/IFTS, o que significa que decorre em menos de 1 ano (1000 horas).
Financiamento Privado
Os participantes pagam o curso;
As empresas suportam os custos da formação (ex: através de fundos inter-profissionais);
As agências de emprego (através de um fundo com o nome “ Formatemp”);
A empresa ou as agências de emprego decidem qual o currículo, as competências e a
metodologia (ex: tempo despendido em aula, em atividades práticas num workshop ou na
empresa).
Financiamento Público
O financiamento é em grande parte proveniente do Fundo Social Europeu (FSE) através de
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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entidades do governo nacional, regional ou local;
A candidatura da formação normalmente define o público-alvo (critérios de elegibilidade) e o
perfil de competências a ser desenvolvido;
A entidade formativa tem de estar acreditada na Região.
Exemplo de um curso de formação para adultos no setor do calçado:
POLITECNICO CALZATURIERO
Especialização em Design técnico de calçado
Detalhes
1 semestre;
740 horas/ 40 horas por semana / 160 horas
de estágio;
As inscrições estão abertas a todos
interessados mas há preferência para pessoas
com experiência no setor do calçado ou com
formação em moda.
Conteúdos
Marketing e tendências da moda;
Planeamento de coleções;
Desenvolvimento de modelos e protótipos;
Portfolio.
8.1.4. Taxa de abandono em Itália
Todos os anos11 em Itália 167.083 estudantes optam por não prosseguir os seus estudos depois de
terminarem o ensino secundário. A percentagem de estudantes que não prosseguem os seus estudos é
particularmente elevada nas instituições do ensino técnico (34,1%) e profissional (32%)12. De acordo com
os dados disponíveis, 3 em cada 4 estudantes que não continuam com os seus estudos para o ensino
superior, são proveniente das escolas de ensino técnico/profissional. Os restantes provêm das escolas
secundárias tradicionais, colégios de professores e escolas de arte.
Existe ainda um número elevado de desistências no primeiro ano do ensino secundário com uma taxa de
abandono próxima dos 40% e também algumas desistências quando completam o segundo ano do ensino
secundário, que coincide com o fim da escolaridade obrigatória que em Itália é de 10 anos.
Isto significa que os jovens não estão a conseguir alcançar os seus objetivos no que toca à sua educação
onde, por exemplo, poderiam enveredar por uma especialização no setor do calçado. Para os estudantes
11
Relatório “TUTTO SCUOLA” elaborado com base na informação do Ministero Dell’ Istruzione, Universita’ E Della Ricerca. 12
Relatório “TUTTO SCUOLA” elaborado com base na informação do Ministero Dell’ Istruzione, Universita’e Della Ricerca.
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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que decidem abandonar a escola antes de obterem o certificado de conclusão do ensino secundário, existe
uma discrepância entre os cursos de formação disponíveis e as necessidades do mercado de trabalho.
Acredita-se também que o aumento das desistências se deve ao insucesso e à rejeição dos alunos, que
resulta dos métodos pedagógicos tradicionais à luz dos quais todos os estudantes são avaliados de acordo
com os mesmos critérios e os mesmos parâmetros quando se transferem de uma escola para outra no ano
seguinte.
8.2. Itália: Possibilidades de adaptação
Relativamente à adaptação e implementação do modelo das escolas de produção a solução mais adequada
poderá passar pela integração do modelo na Área de Formação Contínua para Adultos. O público-alvo é
desempregado/não qualificado e os cursos não exigem nenhuma qualificação ou habilitação mínima.
Assim, este público, apesar de ser alargado a todas as idades, é aquele que mais se aproxima aos grupos-
alvo das escolas de produção: pessoas que tiveram insucesso no sistema de ensino. Todavia, quando
abordamos a Formação Contínua e Aprendizagem para Alunos (FCAA), os estudantes sabem os objetivos
da sua aprendizagem.
Outro aspeto diretamente ligado à FCAA, é o facto de já terem sido implementados outros cursos de
formação profissional italianos na sua estrutura. Acresce ainda o facto de a Arsutoria reconhecer a FCAA
como um programa flexível e disposto a implementar novas formas de aprendizagem.
No FCAA, a empresa ou a entidade de recrutamento decidem sobre o currículo, os métodos de
aprendizagem e as competências pretendidas. Consequentemente, é da máxima importância haver uma
cooperação de grande proximidade com a empresa/entidade de recrutamento aquando da implementação
e adaptação do modelo italiano de escolas de produção.
Finalmente é também fundamental que a adaptação do modelo seja implementada num formato onde a
formação prática seja prioritária. O parceiro Arsutoria também terá de ter o cuidado de trabalhar com
indivíduos na faixa etária mais adequada, uma vez que estarão autorizados a usar os equipamentos das
instalações da Arsutoria. Além disso, é muito provável que este modelo de formação venha a ter lugar nas
suas instalações.
O mais adequado será adaptar o modelo das escolas de produção às áreas de engenharia e indústria tendo
em conta a tipologia de carreiras existentes no setor de calçado. Assim os formandos são desafiados a
garantir o fornecimento de um determinado produto com mesma qualidade de serviço de qualquer outra
empresa. O calçado italiano é reconhecido pela sua elevada qualidade e como tal é importante que os
formandos estejam preparados para lidar com prazos e elevados padrões de qualidade. Isto também é algo
normal nas escolas de produção – quando a pessoa que adquire um dos seus produtos é um cliente real, o
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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produto deve estar finalizado e pronto a ser utilizado/consumido. No entanto, os prazos devem ser
realistas. Isto significa que na FCAA deve ser tido em consideração que o processo de fabrico de um
produto é mais lento e vai requerer um maior acompanhamento e supervisão durante o processo
formativo. Na FCAA, existem estudantes com diferentes competências, experiências e conhecimentos, o
que é muito útil quer para o nível do produto quer para a formação dos estudantes. Adicionalmente, ter
estudantes em níveis diferentes permitem à FCAA a possibilidade de incorporar no programa uma
aprendizagem entre pares (de formando para formando).
No que respeita à aprendizagem da teoria através da realização de tarefas/atividades práticas, é
importante salientar que é algo que já está implementado na FCAA. Os estudantes aprendem melhor
quando põem “a mão na massa”, algo que é um bom ponto de partida para o professor das aulas teóricas e
o formador da componente prática trabalharem em conjunto e criarem exercícios teóricos que possam ser
aplicados nas atividades produtivas/parte prática. Os cursos de formação na FCAA são muito limitados em
termos de documentação e avaliação. Para que os estudantes tenham noção do seu próprio progresso,
pode ser benéfico trabalhar com o quadro de competências, de modo a que estas constem num certificado
de competências no final do curso. Seja num novo certificado ou incorporando as competências (por
exemplo, desenvolvimento pessoal e social) num certificado já existente.
Ao adaptar o modelo das escolas de produção, é importante averiguar quais os métodos da formação
original que são possíveis de implementar no sistema italiano e quais os mais benéficos. Em termos do
trabalho e da produção, o facto de os produtos criados pelos próprios formandos serem vendidos e
valorizados pelos clientes, origina um grande estímulo para os formandos. Em Itália pode haver problemas
em vender um produto no mercado convencional, e ao mesmo tempo obter financiamento do governo. Se
tal não for viável é importante repensar como alcançar o valor de produzir um produto que é útil para
alguém quando este está pronto a ser consumido. O dinheiro tem um valor óbvio, mas é possível pensar
noutro tipos de valores, como por exemplo, produzir com fins sociais.
Ao cooperar com a FCAA utilizando as próprias instalações, podemos considerar que a Arsutoria tem boas
bases para a implementação e adaptação do modelo das escolas de produção no seu programa de
formação profissional.
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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9. Portugal
9.1. O Sistema de Formação Profissional Português
O sistema de formação profissional em Portugal inclui programas baseados no ensino escolar tradicional
(financiados pelo Ministério da Educação) e que incluem componentes de aprendizagem prática) e,
programas de formação profissional de cariz mais prático (financiados pelo Ministério do Trabalho) e que
são mais orientados para as necessidades do mercado). No que respeita à componente prática, a diferença
mais relevante entre os dois programas é que a formação num contexto empresarial é maior no modelo
formação profissional do que no modelo tradicional.
De acordo com o Catálogo Nacional das Qualificações, os principais cursos de formação no setor do
calçado são os seguintes:
1. Técnico de fabrico de calçado - Nível 4 (CNQ13);
2. Técnico de calçado e de gestão de produção de artigos em couro - Nível 4 (CNQ);
3. Técnico de calçado e de manutenção de máquinas de artigos em couro - Nível 4 (CNQ);
4. Técnico de criação de modelos de calçado - Nível 4 (CNQ);
5. Operário fabril de calçado - Nível 2 (CNQ);
6. Designer de calçado - Nível 5 (CNQ);
7. Técnico de qualidade de calçado e artigos em couro (Sistema Vocacional).
Componente
de
Formação/
Educação
Sistema
vocacional
Sistema de
Aprendizagem
CET -
Especialização
Tecnológica
Formação para Adultos (dupla certificação)
Min. 6 anos
escolaridade
Min. 9 anos
escolaridade
Min. 10 anos
escolaridade
Min. 11 anos
escolaridade
Percurso de
formação /
Qualificação
Técnico de
Qualidade
de Calçado
e artigos
em couro
(nível 4)
Todos os
cursos de
nível 4
referidos em
cima
Todos os
cursos de
nível 5 -
Design de
calçado
Todos os cursos de nível
2 - Operário fabril de
calçado
Todos os cursos de
nível 4 referidos em
cima
Sociocultural 1000 775 150 400-900 550+85 200+70 100+65
13
CNQ: Catálogo Nacional de Qualificações
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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(competênci
as - chave14))
*
Científico 500 1100 850 850 1100 1100 1100
Tecnológico 1100
Formação na
empresa 600 - 840 1500
Não
obrigatório 120 210 210 210
TOTAL 3200 - 3440 3375 1000 1370 - 1875 1945 1580 1475
Nº anos 3 anos 3 anos 1 ano 1 - 1,5 anos 1,5 anos 1 ano 1 ano
Unidade: Horas
9.1.1. Iniciativas de Projetos em Portugal
Atualmente estão a decorrer em Portugal alguns projetos financiados pela União Europeia, os quais têm
como público-alvo jovens NEET e, cujo objetivo é apostar no aumento do nível de escolaridade e formação
dos jovens bem como na sua empregabilidade. Estes projetos implicam uma identificação prévia de grupos
em risco de abandono escolar e consequentemente a utilização de uma metodologia de intervenção
pessoal e individualizada15.
9.1.2. Taxas de Abandono Escolar em Portugal
O Eurostat (2012) evidenciou que Portugal é o país europeu com a maior diminuição do número de jovens
que abandonam a escola. No entanto, mesmo com esta redução, o abandono escolar precoce em Portugal
continua a ser muito elevado quando comparado com a maioria dos países europeus. As razões do
abandono do ensino profissional foram clarificadas16 e agrupadas em quatro áreas:
Insatisfação vocacional:
Mudança de curso na mesma escola ou transferência para outra escola;
Perfil profissional inadequado para o curso;
O curso não corresponde às expectativas do formando.
14
Dependendo do número de anos de escolaridade no momento de inscrição num curso. 15
Projeto Erasmus+ KA2: ”EARLY identification, INDIVIDUALISED targeting and TAILORED intervention for young people at risk of NEET – flexible pathways and an effective methodology for the transition into the labour market” 16
Projeto 2013-1-PT1-LEO05-15461: “In-VET Preventing Initial Dropout and fostering trainee’s inclusion – report on the national situation – Portugal”
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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Insatisfação Motivacional:
Estar cansado de estudar ou ser incapaz de perceber o objetivo de estudar;
Sentimento de exclusão na escola;
Ter muitas dificuldades na escola.
Razões económicas:
Ter de arranjar um emprego e começar a trabalhar;
Perda de apoio financeiro;
Desemprego na família (pai, mãe, ambos ou outro membro da família);
Perda da capacidade económica devido a questões familiares (divórcio, separação, etc).
Razões Circunstanciais:
Mudança de residência (em Portugal ou para o estrangeiro);
Serviço Militar;
Razões de saúde.
9.2. Portugal: possibilidades de adaptação
Para que seja possível adaptar o modelo das escolas de produção ao sistema de formação profissional
português é preciso, em primeiro lugar, analisar os cursos de formação profissional disponibilizados na área
do calçado, de modo a compreender quais os que têm maior taxa de abandono. Esta análise permitirá
compreender quais os cursos que precisam de uma abordagem pedagógica diferente para atrair um maior
número de jovens.
Na perspetiva do sistema português, o maior interesse está relacionado com os métodos de motivação
utilizados nas escolas de produção. De facto, a falta de motivação é um dos fatores de risco que estão na
origem das elevadas taxas de abandono escolar. É crucial atrair a atenção dos jovens e mantê-los
interessados durante o seu percurso formativo no setor do calçado.
As sessões piloto poderão ser implementadas num curso de formação profissional que esteja a decorrer no
setor do calçado, mais concretamente ao nível do design/engenharia do produto e, fabricação de produtos
de elevada qualidade. Deste modo, as sessões piloto poderiam ocorrer nos cursos que exijam uma grande
componente manual no fabrico de calçado ou ao nível da qualidade do calçado em pele (couro).
Alternativamente, o CTCP pode dar início ao seu próprio modelo de formação, através do qual seja
implementado o modelo das escolas de produção, mas dando enfase a um programa baseado no trabalho.
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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Nas sessões piloto do presente projeto, não será possível desenvolver produtos para vender em condições
de mercado, não obstante o produto poderá ser vendido sem intuito lucrativo. Isto faz com que os
produtos desenvolvidos pelos jovens sejam considerados “produção real”, visto que poderão vir a ser
usados por pessoas que não estão a participar na formação. Neste caso, é importante destacar que as
pessoas que recebam os produtos devem precisar deles. É importante para quem está a desenvolver o
produto, que este seja entregue a alguém que precisa dele e, consequentemente, que o irá utilizar.
Se as sessões piloto forem introduzidas num curso já existente no sistema de formação português poderá
limitar, mas não exclui, a possibilidade de haver uma aprendizagem assente na troca de conhecimentos e
experiências entre pares. Não obstante, os estudantes - assim como as pessoas em geral - têm sempre
diferentes forças e fraquezas, por isso, mesmo que os estudantes em teoria estejam ao mesmo nível,
deverá ser possível incorporar a aprendizagem através da troca de experiências entre os participantes. É
importante ter consciência de que o formador só poderá estimular este tipo de aprendizagem se conhecer
muito bem os estudantes.
A motivação dos estudantes é enfatizada como sendo um fator-chave para os manter na escola, o
desenvolvimento das competências sociais, pessoais e profissionais é algo que deve ser trabalhado nestas
sessões piloto e, assim, a evolução destas competências deverá ser visível nos estudantes. A motivação do
estudante depende da motivação do formador e por conseguinte, o sucesso da sessão está amplamente
dependente da formação e preparação dos formadores e, é por isso, que o projeto contempla a realização
de um evento de “formação dos formadores”.
No sistema de formação profissional português é sugerido como aconselhável que haja uma combinação
entre a componente teórica e a prática. Isto significa que, é possível haver um ensino que contemple em
simultâneo a teoria e a prática. Portanto, é possível levar os trabalhos práticos para, por exemplo, a aula de
matemática. Isto é indiscutivelmente, algo em que os professores estão já versados, mas mesmo assim é
importante que os formadores dos workshops e os professores trabalhem em conjunto para trazer os
trabalhos das aulas para os workshops.
No que respeita à documentação e avaliação, o sistema de formação profissional português tem já
métodos documentais em curso, os quais são definidos por regulamentos, e claro as necessidades dos
formandos de permanecerem ativos para as sessões piloto. Alguns destes aspetos podem ser adaptados -
podem passar a incluir materiais visualmente mais atrativos e interativos, ao invés de textos, de modo a
que os formandos fiquem mais motivados. No workshop, é recomendado que o Quadro de Competências
seja utilizado, enquanto complemento de outros materiais documentais já utilizados.
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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10. Espanha
10.1. O Sistema de Formação Profissional em Espanha
A formação profissional básica tem um caráter gratuito e consiste em dois ciclos com a duração total de
dois anos, que contemplam 2000 horas de formação teórico-prática, das quais 240 horas devem ser
passadas em centros de trabalho.
A formação profissional específica divide-se em dois níveis educacionais - o nível intermédio e nível
superior - sendo que ambos incluem ocupações padrão. A formação profissional de nível médio e superior
também tem a duração de dois anos e, contemplam 1600 horas de ensino teórico e 400 horas de prática. A
formação prática em todos os níveis (básica, intermédio ou superior) é desenvolvida nas empresas. Mais
concretamente, no caso da formação profissional básica, as 240 horas de formação prática estão
distribuídas por 6 semanas, com 8 horas de trabalho em cada dia.
Os ciclos de formação profissional básica são destinados a jovens que não tenham completado o ensino
secundário obrigatório e, que queiram agora redirecionar os seus estudos para a área que entendem ter
mais aptidão. Estes estudos fazem parte do ensino obrigatório gratuito e substituem os antigos Programas
de Formação Profissional Iniciais (PFPI). Esta formação permite a obtenção de qualificações oficiais com
valor académico e profissional. O objetivo principal da formação profissional básica é que os alunos possam
obter um diploma equivalente à escolaridade obrigatória e, ao mesmo tempo, ganhem conhecimento
básico do setor (têxtil, calçado, etc…).
O objetivo é que os estudantes prossigam com a sua educação, já que a formação profissional básica não
lhes proporciona uma formação prática ao nível, por exemplo, do design e produção de calçado. Para se
especializarem os estudantes precisarão de formação adicional.
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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Figure 2: Diagram of the Spanish educational system
10.1.1. Segunda oportunidade: formação profissional básica
A segunda oportunidade é um ciclo de formação profissional básica para jovens entre os 17 e os 24 anos
(ou indivíduos com menos de 30 anos que tenham uma incapacidade reconhecida de pelo menos 33%),
que não tenham completado a educação secundária obrigatória e, que tenham estado desempregados ou
sem formação por mais de 30 dias. Está em causa uma formação profissional pública e gratuita, com a
duração de 2 anos que compreendem 2000 horas de formação. Das 32 horas de trabalho semanais, 25
horas são destinadas a formação prática e, as restantes são direcionadas ao ensino de matemática, ciências
e sociolinguísticas. Por cada ano completo o aluno tem direito a um Certificado Profissionalizante. Se
completar com sucesso os dois anos, o aluno poderá passar ao nível de formação profissional intermédio.
Para fazer o pedido de registo é obrigatório que o aluno esteja inscrito no Sistema de Garantia de
Juventude.
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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O sistema de segunda oportunidade é uma solução potencial para os jovens com mais de 17 anos, uma vez
que estes têm menor probabilidade de serem aceites na formação profissional básica. Neste último é dada
prioridade aos jovens que tem entre 15 e 16 anos.
10.1.2. A Garantia Europeia Jovem em Espanha
Em Espanha, a iniciativa Garantia Europeia Jovem está incluída na Estratégia de Empreendedorismo e
Emprego Jovem 2013-2016 aprovada pelo Ministério do Emprego e Segurança Social de Espanha. A
Estratégia tem uma abordagem íntegra, preventiva e de intervenção atempada e, é expectável que
contribua para a melhoria da empregabilidade e facilite o acesso ao mercado de trabalho por parte dos
jovens.
O grupo alvo são jovens com menos de 30 anos, que também estejam incluídos no grupo NEET (jovens que
não estudam, não trabalham nem recebem formação profissional). O típico aluno de uma escola de
produção seria facilmente enquadrado na categoria NEET e a sua participação num programa de formação
profissional ou um projeto similar, classificar-se-ia como ser-lhe dado acesso ao mercado de trabalho e/ou
a uma nível mais elevado de educação.
Embora a Estratégica tenha como objetivo fomentar o empreendedorismo e favorecer o acesso ao
mercado de trabalho, o foco dos jovens neste projeto será o acesso ao mercado de trabalho por
intermédio da educação e formação profissional. Por conseguinte, foram criadas 100 medidas que visam
favorecer a inserção dos jovens no mercado de trabalho, sendo que, o ponto relativo à “Educação,
formação e melhorar a empregabilidade” é a estratégia que pode ser aplicável ao modelo de produção a
ser adaptado ao caso espanhol.
Educação, formação e melhoria da empregabilidade17
1. Extensão dos programas de formação que permitam a obtenção de Certificados Profissionais
que incluam um compromisso de contratação após a formação;
2. Desenvolvimento de estímulos para a obtenção de um Certificado de conclusão da
escolaridade obrigatória.
10.1.3. Taxa de abandono escolar em Espanha
A desistência normalmente acontece aos 15 anos, quando os alunos têm um fraco desempenho
académico. Adicionalmente, o relatório PISA “Estudantes de Baixo Rendimento” indica que o abandono
escolar por parte dos jovens espanhóis acontece maioritariamente quando os jovens têm situações
17
Estrategia de Emprendimiento y Empleo Joven – Garantía juvenile.
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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familiares desfavoráveis, quando são jovens imigrantes ou, quando estão inseridos em famílias de baixos
rendimentos.
10.2. Espanha: Possibilidades de adaptação
A formação profissional básica espanhola e, especialmente a formação profissional básica de segunda
oportunidade constitui uma excelente oportunidade para o modelo de Escolas de Produção encontrar o
público-alvo correto, no qual os jovens podem beneficiar da abordagem das escolas de produção
dinamarquesas.
Para que os alunos encontrem o valor e a motivação no seio da sua educação, é fundamental que estejam
envolvidos no processo de desenvolvimento de algo que outras pessoas precisem (e na qual estariam
dispostas a gastar dinheiro). No caso da formação profissional básica não é possível que os alunos
participem na parte da “produção real”, alternativamente, isto pode acontecer no nível de formação
profissional intermédia, no qual os estudantes têm no mínimo 16 anos. Contudo, independentemente da
fase de formação profissional em que os alunos estejam, o modelo das escolas de produção pode ser
adaptado, e acredita-se que um formador é capaz de criar um ambiente de trabalho autêntico, no qual os
estudantes estão conscientes do seu nível de desempenho. Simultaneamente, o facto de os estudantes
serem recompensados pelo seu trabalho também é um elemento de motivação. Quando os produtos são
produtos reais, isso torna a responsabilidade dos estudantes mais real e, naturalmente, estes sentem-se
mais motivados. Os estudantes que participem na formação profissional podem fazer parte do
desenvolvimento na íntegra dos produtos, e devem ter consciência de que as componentes dos produtos
que estão a ser produzidas são fundamentais.
Nas ações de formação profissional participam estudantes que podem perfeitamente ser comparados com
os participantes das escolas de produção. Apesar de não terem sucesso no ensino tradicional, evidenciam
ter aptidão para as profissões mais manuais e, estão motivados para investirem nelas.
As sessões de formação profissional também enfatizam as capacidades como a responsabilidade. Pode ser
um problema consciencializar os formadores para o facto de que também eles podem ajudar os estudantes
a desenvolver as suas competências pessoais e sociais e, que são poucos os casos em que o apoio
psicológico é realmente necessário.
Os estudantes no nível de formação básica são estudantes que têm uma autoestima baixa e que já
vivenciaram muitas rejeições ao longo do seu percurso, e por isso, têm tendência a reagir com raiva e
atitudes de rebelião. As ferramentas para saber lidar com esta realidade devem ser concedidas aos
formadores no evento de “Formação dos Formadores”.
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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O conceito de Quadro de Competências não é novo no sistema de formação profissional espanhol, neste já
se considera muito útil refletir as experiências dos alunos num quadro, assim como o nome do supervisor
designado. Por norma o Quadro de Competências inclui competências pessoais e profissionais. Ao nível das
competências profissionais o supervisor avalia os seus colegas. A avaliação entre pares também é vista
como uma mais-valia que deve ser incorporada nas sessões piloto. Na formação profissional básica é
identificado um supervisor por semana e, é importante que haja uma distribuição equitativa de modo a
que cada estudante possa assumir a função de supervisor. No entanto, o que a aprendizagem entre pares
sugere é que cada aluno deve assumir o papel de supervisor na sua área de experiência/na qual tem as
competências mais desenvolvidas e, não apenas numa determinada semana.
As competências e conhecimentos na área das línguas e da matemática também precisam de ser
melhoradas para muitos alunos dos cursos profissionais, e definitivamente poderia ser mais vantajoso se
houvesse consciência de como é que a distribuição de trabalhos pode estar relacionada com os trabalhos
de matemática e línguas.
Implementar uma versão adaptada do modelo das escolas de produção nas ações de formação profissional
em Espanha ou nas ações de formação de segunda oportunidade, está destinado a ser adequado e de
sucesso. É nesta faixa etária que mais aumentam as taxas de desistência e que os estudantes podem
beneficiar de uma abordagem distinta ao nível do processo de aprendizagem. O INESCOP tem contactos
em escolas nas quais a formação profissional na indústria do calçado está a ser ou foi recentemente
implementada. Portanto, o plano é implementar este modelo nestas escolas. Existem já três escolas
secundárias 18 que oferecem esta possibilidade e, uma delas oferece, inclusive, a modalidade de formação
de segunda oportunidade19.
18
La Torreta em Elda, Sixto Marco em Elche e Virgen de Vico em Arnedo.
19 La Torreta em Elda
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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11. Sumário e Conclusões
Na segunda parte do relatório sobre o modelo das escolas de produção foram apresentados os sistemas de
formação profissional disponíveis nos países dos diferentes parceiros. Mais concretamente foi aproveitado
o conhecimento adquirido pelo CTCP (Portugal), o INESCOP(Espanha «) e Arsutoria School (Itália), que são
três centros tecnológicos da indústria do calçado com vasta experiência na formação profissional no setor
do calçado. A principal diferença entre as escolas de produção dinamarquesas e o processo de
implementação destas metodologias na formação profissional vocacionada para a indústria do calçado em
Itália, Portugal e Espanha, é que o modelo dinamarquês contempla apoiar os jovens no processo de
clarificação de quais as escolhas educacionais mais adequadas. Alternativamente, neste projeto, os jovens
já estão mais esclarecidos, mas a metodologia tem como objetivo prevenir o abandono escolar. As
semelhanças entre os alunos das escolas de produção e o grupo alvo do projeto Learn2Work, são as razões
que estão na base do abandono escolar: a falta de motivação, problema em alinhar as habilidades com as
expectativas, falta de confiança, entre outros aspetos. Consequentemente, a metodologia utilizada nas
escolas de produção e que se prende com o uso de uma metodologia baseada na aprendizagem prática e
na relação formador-formando podem ser adaptadas para o sistema de formação profissional com o
objetivo de diminuir a taxa de abandono escolar na formação orientada para o setor do calçado.
A Arsutoria, em Itália, pretende implementar e trabalhar em conjunto com a Formação Contínua e
Aprendizagem para Alunos (FCAA). Esta instituição, a FCAA, tem experiências a testar novos métodos e
ferramentas pedagógicas e, a Arsutoria pretende utilizar esse conhecimento nas suas instalações, nas
sessões piloto. O CTCP tem muitas opções em aberto, podendo incorporar as sessões piloto nos programas
de formação profissional que já tem em curso na área do design/engenharia do produto no setor do
calçado ou, podem começar a sua própria sessão piloto do zero nas suas instalações, estando assim
responsáveis por encontrar o grupo-alvo. A INESCOP tem a oportunidade de implementar as sessões piloto
em parceria com as escolas secundárias que oferecem soluções de formação profissional e formação
profissional de segunda oportunidade.
Todos os parceiros devem procurar um sistema de formação profissional no qual a componente de
trabalho prático seja mais relevante do que no sistema de ensino tradicional, uma vez que o público-alvo
dos programas mencionados corresponde a jovens (adultos) que aprendem melhor com atividades
práticas.
Neste relatório sobre a metodologia das escolas de produção é dado ênfase ao papel do
formador/professor no workshop e aos conceitos de:
1) Trabalho e produção numa comunidade de trabalho unida;
2) Aprendizagem em conjunto;
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3) Desenvolvimento das competências profissionais, sociais e pessoais;
4) Aprendizagem teórica no workshop e;
5) Documentação e avaliação.
1. O trabalho em qualquer dos produtos deve ser organizado de modo a envolver o formando na
comunidade de trabalho unida, que deverá ser construída tendo por base a cooperação real e a
responsabilidade conjunta. Não é esperado que o indivíduo saiba tudo, mas que em conjunto no workshop
seja capaz de realizar determinado trabalho. Consequentemente, os formandos acabam por perceber que
são importantes nesta comunidade. Adicionalmente, cumpre relembrar que a aprendizagem tem sempre
lugar num contexto social. Aprender fazendo liga o trabalho real com o processo de aprendizagem e, este
processo que envolve tanto a execução como a aprendizagem é vital para o estudante.
Os parceiros do Learn2Work devem garantir que os formadores escolhidos são capazes de envolver os
alunos na prossecução de determinado processo, no qual os alunos podem utilizar os seus pontos fortes e
trabalhar as suas fraquezas. Os participantes da ação de formação devem trabalhar em equipa, em
conjunto com o seu formador/professor. O valor associado ao que os formandos fizeram também deve ser
visível, quer seja vendido por uma quantia monetária ou não (esse não é o ponto fulcral); os formandos
devem receber algum tipo de reconhecimento pelo seu trabalho.
2. A aprendizagem entre pares ocorre quando os alunos aprendem uns com os outros, o que é possível
acontecer em qualquer workshop independentemente das tarefas atribuídas. Diferentes tarefas requerem
diferentes competências, pelo que os alunos podem ensinar e ajudar-se mutuamente nas áreas em que
cada um detém mais competências/conhecimentos. Tanto os formandos mais experientes como os
formandos que têm menos experiência podem beneficiar de uma aprendizagem em conjunto, visto que
tem de comunicar e explicar os processos e soluções aos outros, o que também é uma excelente forma de
aprendizagem. O processo cognitivo de ter de explicar um processo aos outros ajuda a interiorizar o
conhecimento e reforça o conhecimento que o instrutor tem dessa matéria. Adicionalmente, o
reconhecimento e valorização que ocorrem quando alguém é capaz de instruir os seus colegas é uma
ótima fonte para o desenvolvimento da autoestima.
Os parceiros do Learn2Work devem procurar formadores/professores que identifiquem bem os pontos
fracos e pontos fortes dos formandos. As escolas de produção admitem e dispensam formandos numa
base contínua, mas nas sessões piloto os formandos estarão mais ou menos no mesmo nível profissional -
pelo menos do ponto de vista sistémico. No entanto, para um formador que tenha uma boa relação com os
seus formandos, continuará a ser possível promover o trabalho em pares ou em equipas, no qual os
formandos podem aprender entre eles.
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3. Ao trabalhar num workshop de uma escola de produção, os formandos podem dar a sua contribuição
não só ao nível profissional, como também social e pessoalmente, o que fomenta o desenvolvimento
destas competências. A premissa nas escolas de produção é que o processo de aprendizagem e de trabalho
são realizados num contexto social, visto que é impossível aprender uma profissão sem usar os três tipos
de competências referidos. Consequentemente é uma tarefa importante ajudar os formandos a
desenvolverem estas competências. Alguns dos formandos estão numa escola de produção precisamente
porque precisam de trabalhar, por exemplo, o seu relacionamento interpessoal/social.
Os parceiros do Learn2Work devem assegurar que os formadores encaram os formandos de um ponto de
vista global, garantindo que olham para o individuo enquanto um todo e não olham apenas para os
aspetos/competências profissionais. As sessões piloto também devem ir além dos workshops e os
formadores devem tentar perceber, por exemplo, como podem alargar o nível de conhecimentos dos
participantes. É importante reconhecer claramente o valor de ensinar a um estudante algo técnico, mas
também é fundamental que os conhecimentos sejam aplicáveis no seu quotidiano – por exemplo, um
professor que explique uma situação partindo de um contexto histórico ou social.
4. A aprendizagem teórica é integrada, o máximo possível, nos workshops e vice-versa. Os formadores
incluem os aspetos teóricos em paralelo com o trabalho prático, de modo a explicar e explorar outras
opções ou soluções para um problema ou, inspirar os participantes a envolverem-se mais em determinada
temática. Para a maioria dos estudantes das escolas de produção a teórica dissociada dos problemas
práticos não faz muito sentido. É quando estão a trabalhar no workshop que os formandos percebem a
importância da teoria (por exemplo competências matemáticas) na resolução de problemas práticos.
Os parceiros do Learn2Work devem assegurar que os formadores e os professores compreendem a
importância de construir uma ponte entre o que são as sessões práticas/de trabalho e as sessões teóricas.
Isto implica que haja uma grande cooperação entre o professores das partes mais teóricas e o formadores
do workshop. A teoria está bastante incorporada nas sessões de trabalho das ações de formação
profissional dos diferentes parceiros. Assim, se os professores responsáveis pelas sessões já estiverem bem
convictos da importância de trazer a teoria da sala de aula para o workshop, o foco adicional deve versar
sobre a importância de trazer tarefas práticas dos workshops para as salas de aula.
5. A documentação e a avaliação numa escola de produção são combinadas de modo diferente consoante
a escola. Alguns são exigidos por lei enquanto outros são opcionais. As ferramentas ajudam a documentar
o desenvolvimento dos participantes nas ações de formação. Todas as ferramentas têm um caráter
contínuo e precisam de ser atualizadas, maioritariamente por intermédio de conversações com os
formandos. Isto aplica-se, por exemplo, ao Quadro de Competências, ao plano de ação individual e ao
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Certificado de Competências. Conversar com o formador, professor ou conselheiro numa base contínua
poderá ajudar os formandos a reconhecerem o seu potencial de desenvolvimento.
Os parceiros do Learn2Work devem assegurar que os formadores procuram de forma constante uma
maneira de incluírem as ferramentas de documentação e de avaliação nas metodologias existentes. As
ferramentas descritas no capítulo 4.4. focam-se nos quatro aspetos supramencionados. O Quadro de
Competências é altamente recomendado para todos os parceiros enquanto sendo uma ferramenta útil
para acompanhar o desenvolvimento profissional dos formandos. O portfolio também é uma ferramenta
muito importante nas sessões piloto, visto que também pode ser usado para trazer atividades do workshop
para o contexto educacional tradicional. Por fim, é recomendado que os parceiros procurem formas de
incorporar o reconhecimento do desenvolvimento social e pessoal nos certificados, os quais normalmente
se focam apenas nas capacidades profissionais.
A cooperação entre as partes envolvidas, as quais estão a implementar algo novo, implica sempre um
conhecimento aprofundado do problema em causa. Assim, é importante que as partes envolvidas falem
sobre os pontos destacados aqui no relatório sobre o modelo das escolas de produção, de modo a
promover um conhecimento mais claro e garantindo que os pontos são compreendidos de igual modo.
Esta é também a razão pela qual é importante incorporar exemplos. Os formadores, professores, mentores
e conselheiros têm um papel crucial nas sessões piloto. O papel dos formadores nas escolas de produção é
comparável ao de um mestre-aprendiz ou empregador-empregado com o aspeto adicional de que o
formador tem de investir mais no desenvolvimento de uma relação pessoal em comparação com um típico
empregador.
Para o modelo das escolas de produção ser implementado na realidade da formação profissional em Itália,
Portugal e Espanha é preciso garantir a existência de uma equipa de formadores robusta, que seja capaz de
compreender a essência dos pensamentos pedagógicos da metodologia das escolas de produção. Este
projeto tem um tutorial para os conselheiros/professores, um evento direcionado à educação vocacional e
formação e as sessões piloto. Estas atividades são fundamentais, mas antes de serem realizadas, tem de
existir um acordo entre os representantes do sistema de formação profissional nacional (ou outros
envolvidos relevantes) e os parceiros deste projeto. As pessoas responsáveis por implementar a
metodologia das escolas de produção têm de perceber e acreditar tanto nas metodologias a implementar
como os parceiros do Learn2Work.
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12. Bibliografia:
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Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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Anexo 1: O plano de ação individual dos formandos
Plano Individual
Primeira entrevista*
Nome Data
Workshop Data de inscrição
Experiência académica Escolaridade concluída, exames nos quais obteve aprovação, etc…
Experiência profissional Emprego a tempo completo ou parcial, experiência,…
Pontos Fortes No que sou bom, o que gosto de fazer, passatempos.
Pontos Fracos Vocação, dificuldades pessoais e sociais, doenças, alergias, uso de
Medicamentos.
Objetivo da minha
participação na escola de
produção
Porquê esta escola? Porquê este workshop? Porque estou aqui?
Objetivos profissionais No workshop, possibilidade de aprendizagem teórica
Objetivos pessoais e
sociais Concentração, estabilidade, independência, tomar a iniciativa
Plano para o futuro Aspirações académicas e profissionais
Data para a próxima entrevista
Plano Individual
Próxima entrevista
Nome Data
Workshop Data de inscrição
Período temporal
na escola
Taxa de
absentismo
Objetivos profissionais Com o que já trabalhei? O que aprendi? Em que me tornei melhor? O que não
tem sido tão bom?
Objetivos pessoais e
sociais Como evoluiu a estabilidade, concentração,…
Bem-estar A minha relação com os professores, com outros participantes no workshop,
com a escola em geral?
Prática/ Cursos de
combinação** Período, conteúdo, benefícios…
Futuro – objetivos para o No workshop, ao nível pessoal, nas atividades práticas, nos cursos combinados,
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próximo período na aprendizagem teórica,…
Compromissos Compromissos concretos
Dispensas Razões para a extinção de uma estadia de um ano, se isto for o pretendido
Data para a próxima entrevista
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Anexo 2: O Quadro de Competências de um Workshop
Legenda: Imagem tirada na Escola de Produção Korsør, Novembro de 2015 no Workshop de Reparação de Navios. Na
próxima página, é apresentada uma versão traduzida do quadro. O Quadro de Competências deverá estar na mesma
sala onde os alunos e os formadores começam o dia. Debaixo do Quadro de Competências, é possível encontrar o
plano de trabalho de cada aluno.
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Nome Trabalho com
máquinas Trabalho manual
Métodos de montagem
Medição e desenho
Manutenção de barcos
Equipamento de barcos
Segurança Navegação Geral Geral e Profissional
Niv
elad
ora
A
pla
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Se
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ão
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Idio
ma
Mat
emát
icas
Cristóvão
Ricardo
Matias
Kenni
Mateus
Nicole
Iván
Roberto
Cristiano
Sebastião
Principiante (1)
Praticante (2)
Experiente (3)
Competente (4)
GGG
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Anexo 3: Certificado de Competências do Aluno
C e r t i f i c a d o d e C o m p e t ê n c i a s Este certificado é emitido em conformidade com o parágrafo n.º 2, do artigo 2 da Lei das Escolas de Produção
Escola de Produção:
Nome do Participante: Número de Identificação.: Data de início: Data de fim:
Ole Olsen 110693-1365 15.03.12 18.01.13
Período: Atividades do Workshop: Competências adquiridas:
15.03.12 – 18.01.13
Workshop do metal
Tarefa de construção
Interpretar desenhos técnicos
Produção de elementos metálicos
Tarefa de montagem/metal
Soldadura
CO2
Praticante
Experiente
Principiante
Competente
X-købing Produktionsskole
Produktionsskolevej 11, 7890X-købing
www.x-købing.dk
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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TIC
Segurança
Conhecimento das regras de segurança
Máquinas e ferramentas manuais
Conhecimento dos materiais
Praticante
Experiente
Experiente
Experiente
Período: Outras atividades Competências alcançadas:
15.08.12 – 18.01.13
Educação que segue outra legislação educacional:
Curso dinamarquês, FVU at VUC X-købing
Curso de 5 meses, 4 h/semana
Aprovado, nível F, Dinamarquês
Cf. Anexo 1: Diploma
22.10.12 – 02.11.12
’Cursos de combinação’:
Produção e Desenvolvimento, EUC X-købing
Curso de 2 semanas, 30 h/semana
Maior clareza e preparação
educacional.
Cf. Anexo 2: Diploma Combinado
07.01.13 – 18.01.13 Estágio:
X-købing Maskinfabrik, 2 semanas
Conhecimento da indústria:
Cf. Anexo 3:Projeto de estágio
22.10.12 – 24.10.12
Cursos de créditos:
Saúde e segurança no trabalho relacionados com o processo de soldagem e
corte térmico (§ 26 curso)
Cf. Anexo 4: Diploma do curso
Data: Assinatura da Escola
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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As escolas de produção oferecem uma aprendizagem baseada no trabalho prático e produção É suposto que a aprendizagem contribua para o
desenvolvimento das competências pessoais, sociais e profissionais dos formandos, de modo a incrementar a possibilidade de continuarem os seus estudos ou
de ingressarem o mercado de trabalho.
Taxonomia
Principiante Trabalha de acordo com as regras e instruções.
O participante trabalha com a técnica necessária, mas ainda precisa de instruções exatas.
Praticante
Trabalha com base na experiência.
O participante já desenvolveu uma visão global sobre o processo de trabalho, mas ainda precisa de
instruções.
Experiente
Trabalha parcialmente de forma independente.
O participante tem uma visão global sobre o processo de trabalho, mas ocasionalmente ainda precisa de
aconselhamento.
Competente
Trabalha independentemente.
O participante avalia e faz as correções necessárias ao processo de trabalho e, pode fazer parte da avaliação
de qualidade. É capaz de instruir os colegas sobre as tarefas.
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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Anexo 4: A História das Escolas de Produção
No início de 1970 a Dinamarca registou um incremento significativo nas suas taxas de desemprego. Por
isso, em 1974 o parlamento decidiu tomar medidas especiais para lidar com esta situação. Foi definido um
grupo de trabalho e, em 1975 o mesmo grupo elaborou um conjunto de medidas que tinham potencial de
contribuir para a redução do desemprego jovem.
Figura 3: Taxas de desemprego das estatísticas Dinamarquesas
Nos anos que se seguiram, o estado concedeu o apoio necessário para os municípios desenvolverem
programas educacionais para os jovens desempregados. Até aí a maneira tradicional de lidar com o
desemprego passava por definir e apoiar as tarefas de trabalho público enquadradas no município. Agora,
estas medidas passaram a ser complementadas e, em alguns casos combinadas, com programas
educacionais, como a formação profissional.
Contudo, revelou ser difícil atrair os jovens desempregados para estes programas. Isto significa que as
autoridades e as instituições de educação também começaram a (re) considerar como poderiam melhorar
o contacto com os jovens em geral e, especificamente, com os jovens numa situação mais vulnerável.
Neste sentido, houve um foco maior nos aspetos de orientação e aconselhamento enquanto elementos
importantes nos programas educacionais.
Foram distribuídos meios financeiros, através do Ministério da Educação Dinamarquês, de modo a que
estes pudessem monitorizar a necessidade dos programas educacionais e das atividades ao nível municipal.
Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
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Isto demonstrou que os programas mais populares entre os jovens eram aqueles que combinavam a
educação teórica com atividades práticas e, com algum apoio financeiro para os participantes. A partir
desse momento, os programas combinados passaram a ser uma das ferramentas principais utilizadas para
lidar com as taxas de abandono escolar dos jovens.
Alguns destes jovens estavam na fase denominada “escolas de produção” (o que reflete dois aspetos:
educação e trabalho) ou “comunidades de produção” (indica uma abordagem de cooperação, a qual
ganhou relevância nos anos 70).
O município contribuiu com algumas instalações e equipamentos. Isto frequentemente significava, por
exemplo, a disponibilização de uma quinta antiga que precisava de trabalhos de reconstrução significativos.
No final dos anos 70 as autoridades começaram a reconhecer a necessidade de implementar uma
estratégia de longo prazo e desenvolver a legislação de apoio necessária (a qual entrou em vigor em 1986).
O plano foi apresentado em 78, e tinha como principal alvo três grupos de jovens: aqueles que passaram
diretamente da escola para o mercado de trabalho sem terem qualquer formação, aqueles que
abandonaram uma formação profissional ou outro tipo de educação e, por fim, aqueles que terminaram a
sua educação (independentemente do nível em causa) mas que não conseguiram encontrar um
emprego20.
No mesmo ano, tornou-se possível que as instituições se candidatassem para obter apoio financeiro do
estado com o objetivo de desenvolverem um projeto relacionado com os programas de educação
combinada e trabalho. Nos anos que se seguiram o desenvolvimento das escolas de produção alargou-se a
todo o país.
Desde o início, os fundadores imaginaram que a produção só por si já seria uma contribuição financeira
significativa para os programas ou até para a produção de um excedente. Contudo este nunca foi o caso.
Aquilo que se verifica é que os workshops contribuem para a economia das escolas por intermédio do
trabalho manual, por exemplo através da construção, reparação e manutenção dos edifícios e
equipamentos das escolas.
Em 1990, foi publicada uma lei sobre a ativação dos jovens desempregados. Em muitos municípios, as
escolas de produção eram a principal instituição utilizada para este propósito. Isto significou um aumento
destas escolas de 67 para 104 em 6 meses.
Em 1996 a escola de produção passou a fazer parte do orçamento do estado sob a forma de contribuição
por cada estudante a tempo integral. O município continua a ter de fornecer um subsídio básico para as
escolas.
20
Desde 1996 não se permite o acesso às escolas de produção aos jovens que não tenham terminado o ensino obrigatório.