1 - letramento em libras vol 1

364

Click here to load reader

Upload: andreaguirredoamaral

Post on 24-Nov-2015

493 views

Category:

Documents


99 download

TRANSCRIPT

  • LETRAMENTO EM

    LIBRASLivro do professor - voLume i

  • 2010 IESDE Brasil S.A. proibida a reproduo, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorizao por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

    IESDE Brasil S.A.Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200Batel Curitiba PR0800 708 88 88 www.iesde.com.br

    Todos os direitos reservados.

    Capa: IESDE Brasil S.A.

    Imagem da capa: IESDE Brasil S.A.

    M 764l Montanher, Heloir; Diego, Jefferson; Fernandes, Sueli. / Letra-mento Em Libras. / Heloir Montanher, Jefferson Diego, Sueli

    Fernandes. - Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2010. ( Volume I Livro do professor ).364 p.

    ISBN: 978-85-387-0642-7

    1. Libras (Linguagem de Sinais). 2. Incluso Social. 3. Deficiente Auditivo. I. Ttulo.

    CDD 419

  • SumrioCOMUNICAO VISUAL ............................................................8

    O ALFABETO MANUAL ............................................................ 36

    OS NUMERAIS ............................................................................ 56

    A FAMLIA .................................................................................... 68

    SINALIZANDO A CASA ............................................................ 80

    BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS INFANTIS .....................116

    ALIMENTOS ...............................................................................142

  • A CIDADE E O CAMPO ...........................................................176

    A ESCOLA E OS MESES DO ANO ........................................208

    CONHECENDO O BRASIL......................................................250

    MATERIAL DE APOIO .............................................................289

  • ApresentaoA lngua de sinais utilizada pelas comunidades surdas no mundo todo, desde o

    sculo XIX. No entanto, apenas recentemente passou a ser objeto de interesse social e contedo que integra os currculos das escolas.

    Para as crianas surdas, aprender a Lngua Brasileira de Sinais (Libras), na escola, sig-nifica vivenciar experincias lingusticas mediadas por uma lngua acessvel, de modali-dade visual-espacial, pela qual ela ir ampliar as possibilidades de incluso social e exer-cer seu direito de acesso ao conhecimento historicamente acumulado pelas geraes anteriores.

    LETRAMENTO EM LIBRAS

  • Este material, que ora apresentamos, integra o projeto de Letramento em Libras e Lngua Portuguesa que se prope ao desafio de criar oportunidades para que as crianas surdas tenham acesso a experincias comunicativas em Libras, na Educao Infantil, de maneira mais natural possvel, de modo a constituir sua identidade lingustica e cultural.

    Como a interao com profissionais fluentes em Libras na infncia, preferencialmente surdos, uma realidade que no se concretiza na maioria das escolas, este material idealizado e desenvolvido por uma equipe de especialistas bilngues, surdos e no surdos, busca preencher essa lacuna, dando oportunidade para apropriao de conhecimentos bsicos da Lngua Brasileira de Sinais e da cultura visual dos surdos.

    Sendo o compromisso com a incluso das crianas surdas um dos pressupostos deste projeto, todas as atividades previstas devero integrar a formao dos demais colegas da turma, alm de outras pessoas que integram seus crculos de interao: pais, irmos, fa-miliares, pares surdos, professores e outros adultos.

    Todas as estratgias terico-metodolgicas propostas para crianas na faixa etria entre quatro e seis anos tm como finalidade favorecer a vivncia de experincias de letramento em ambas as lnguas, libras e portugus, de modo a concretizar o desafiador processo de bilinguismo em classes inclusivas.

    Bom trabalho a todos e todas!

  • CONCEITUAO E CONCEPES DE SURDEZ E DOS SUJEITOS SURDOS

    O processo de incluso escolar de alunos com necessidades especiais tem sido objeto de reflexo das escolas comprometidas com a participao e aprendizagem de todos os seus alunos.

    Alegar desconhecimento e despreparo para o trato das diferenas tm sido os argumentos mais utilizados pelos professores no enfrentamento do desafio da incluso. No caso de alunos surdos, em que a diferena que os caracteriza se situa no aspecto comunicativo e lingustico, fundamental refletir sobre as mudanas demandadas nos sistemas escolares para atender as suas necessidades.

    Este material tem como objetivo oferecer subsdios a essa questo, abordando eixos temticos envolvidos no bilinguismo na educao de surdos na atualidade, o que envolveria o debate e a reflexo sobre, no mnimo, como propor encaminhamentos metodolgicos para ensinar e aprender duas ln-guas no contexto escolar: a lngua de sinais e a lngua oficial do pas. Buscamos, com essa discusso, superar a concepo dominante de surdez como uma falta (de audio e de linguagem), para construir a perspectiva do ser surdo pautada na vivncia de experincias visuais ao longo da vida, produzindo uma cultura, uma comunicao e uma lngua visuais: a Lngua Brasileira de Sinais.

    Esperamos que o conjunto de ideias que ora oferecemos para discusso, possa trazer contribuies aos professores da Educao Infantil que contam com alunos surdos matriculados em suas turmas, fa-vorecendo sua real participao nos processos de educao escolar.

    A partir da dcada de 1990, o desafio da incluso escolar de alunos com necessidades educacionais especiais tem se apresentado como uma nova demanda aos sistemas de ensino uma vez que, histori-camente, a educao de alunos com deficincias e outros quadros esteve sob a responsabilidade da Educao Especial.

  • No entanto, esse processo no se restringiu apenas ao contexto escolar. Diferentes setores da sociedade foram chamados a colaborar no debate e proposio de aes afirmativas, que assegurassem a acessibilidade de todos os grupos em situao de excluso em funo de suas diferenas fsicas, intelectuais, emocionais, entre outras possibilidades.

    O movimento social de incluso desencadeou mudanas de atitude em toda a sociedade. Particular-mente, pela fora da mdia, passamos a prestar mais ateno s diferenas humanas, acompanhando pela TV, internet, revistas, entre outros veculos, cenas que nos pareceriam inconcebveis 30 anos atrs: novelas protagonizadas por crianas com Sndrome de Down, atletas com deficincia trazendo medalhas de ouro para o Brasil em esportes como natao e atletismo, grupos indgenas estudando nas universidades pblicas, milhares de pessoas desfilando pelas ruas de So Paulo na colorida manifestao do Dia do Orgulho Gay, para citar alguns exemplos.

    No caso de pessoas surdas, o processo de incluso chamou a ateno para o reconhecimento de um as-pecto de sua identidade que, at ento, somente era reconhecido pelas poucas pessoas que integravam seu crculo familiar e social: a lngua de sinais.

    Na televiso, o veculo que possui maior impacto na difuso da informao, podemos perceber a pre-sena de janelas com intrpretes sinalizando o contedo de programas religiosos, propagandas eleitorais e vinhetas informando as idades permitidas pela censura na programao. Embora a sinalizao envolva a linguagem corporal, mesmo atentos deparamo-nos com a incapacidade de compreender a mensagem que aquelas mos rpidas veiculam.

    Quem de ns j no viveu a desconfortante experincia de comunicao com uma pessoa surda? Quase sempre no sabemos como agir: falar devagar e de forma bem articulada? Usar gestos e mmica? Sentir falta daquele alfabeto manual que um dia algum nos vendeu no sinaleiro? Escrever? Todas essas tentativas, em-bora positivas do ponto de vista da aproximao, podem ser frustradas e no atingir o objetivo da comuni-cao.

    E na escola? Voc, professor, j vivenciou a experincia de receber alunos surdos e no saber como se comunicar com eles?

  • A escola inclusiva, que respeita e acolhe as diferenas individuais de todos os alunos, tem como compromisso reconhecer a importncia da Lngua Brasileira de Sinais nas interaes e mediaes envolvidas no processo de ensino e aprendizagem das crianas surdas. Alm disso, como qualquer outra criana, as crianas surdas devem aprender a ler e escrever em lngua portuguesa, que fun-cionar como segunda lngua no currculo escolar destas. A essa situao lingustica que envolve a Libras e a Lngua Portuguesa no ensino de crianas surdas denominamos de educao bilngue para surdos.

    O bilinguismo para surdos e as exigncias de mudanas poltico-pedaggicas nas escolas so fatos novos no cenrio educacional que passa a integrar as polticas brasileiras apenas ao final da dcada de 1990.

    Reconhecer a necessidade da lngua de sinais na educao de surdos no foi um processo fcil, j que no ltimo sculo acreditava-se que as crianas surdas deveriam apenas aprender a ler lbios e, desse modo, eram proibidas de sinalizar.

    Foram muitos anos de lutas dos movimentos surdos no mundo todo para que a lngua de si-nais fosse aceita e valorizada como um produto cultural da comunidade surda. Na dcada de 1980, por exemplo, houve uma ampla mobilizao na Gallaudet University, em Washington, para que um surdo assumisse a reitoria da instituio. Os estudantes fizeram greve, saram s ruas para manifestar e conseguiram atingir o objetivo.

    No Brasil, em 1999, mais de 500 pessoas foram para as ruas de Porto Alegre, durante a realiza-o do II Congresso Latino-Americano de Educao Bilngue para Surdos, para reivindicar a educa-o bilngue, a presena de intrpretes nas escolas e o respeito Libras, entre outras reivindicaes. A mobilizao resultou em um documento denominado A educao que ns surdos queremos?, que serviu de base elaborao do Decreto Federal 5626/2005, que regulamenta a Lei de Libras no Brasil.

    Voc sabia que a Libras oficial no Brasil? Conhece o que diz a Lei de Libras e quais as implica-es para sua prtica docente?

    O que muda nas escolas?

  • Com a oficializao da Libras houve vrias mudanas nos sistemas educacionais, uma vez que a legislao orienta para a mudana da situao lingustica do ambiente escolar, que passa a ser bilngue, ou seja, incorpora tambm a Libras em suas prticas. Outro aspecto muito importante a forma como os surdos so definidos pela Lei, reconhecendo-se sua potencialidade para a comunica-o visual. Vejamos a definio de pessoa surda no Decreto Federal:

    [...] considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experincias visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Lngua Brasileira de Sinais Libras. (DECRETO 5626/2005 Art. 2)

    Afirmar que surdo aquele que se comunica e interage visualmente com o mundo uma grande inovao no campo legal, j que, at ento, a definio usual que circulava na legislao, como tam-bm no senso comum, a de que os surdos so pessoas que no ouvem. Concordam?

    Sabe-se que o modo de designar as pessoas reflete nossa viso sobre elas. Em alguns casos, revelam concepes preconceituosas, em outros revelam nosso desconhecimento e, quase sempre, expressam nossas crenas e valores frente s diferenas das pessoas. Vamos refletir um pouco mais sobre essa conceituao, compreendendo que mudanas nas polticas e nas prticas, em direo incluso, exigem, tambm, mudanas nas terminologias adotadas.

    SER SURDO: DE QUEM ESTAMOS FALANDO?Iniciamos nossa reflexo, relembrando um fato amplamente divulgado pela mdia, em 2006,

    quando um jovem surdo ficou preso injustamente por 13 dias, ao ser confundido com um assaltante em um posto de gasolina. Vejam as manchetes que foram noticiadas em jornais e TVs:

    Mal-entendido leva surdo-mudo para cadeia em Londrina;

    Deficiente auditivo acusado de roubo libertado;

    Liberado jovem surdo preso depois de mal-entendido.

  • Embora todas as manchetes refiram-se a um mesmo fato, percebe-se claramente que os trs veculos optaram por diferentes nomenclaturas para denominar o jovem envolvido: surdo-mudo, deficiente auditivo e surdo.

    Por certo voc j ouviu e at mesmo j utilizou as trs possibilidades sem refletir sobre elas. Ser que essas denominaes tm significados distintos ou so apenas variaes possveis da lngua por-tuguesa?

    Na verdade, todas as expresses so apenas modos diferentes de se referir experincia da falta de audio. O que ocorre que a escolha das palavras que iremos utilizar reflete nossos pontos de vista e concepes acerca dos sujeitos a que estamos nos referindo. As palavras no so neutras, elas so portadoras de ideologias e expressam juzos de valor.

    Dizer preto, crioulo ou afrodescendente; bicha ou homossexual; aleijado ou pessoa com deficincia fsica, denota a forma como esses sujeitos so concebidos em nossos (pr)conceitos e revelam nossa compreenso sobre o conhecimento que temos a respeito deles, fazendo com que, por vezes sem saber, tenhamos uma postura discriminatria diante desses sujeitos.

    Voc j parou para pensar o que significa ser surdo? Reflita, por um momento, como seria seu dia se, desde o momento em que voc acorda, at a hora em que voc volta para casa, no escutasse nada. Agora multiplique essa experincia por 365 dias do ano e some todos os anos vividos at aqui.

    Provavelmente sua resposta para essa questo, como para a maioria das pessoas, parece ser muito simples: ser surdo significa no ouvir e, consequentemente, ter dificuldades na comunicao oral e atrasos na linguagem. Esse problema pode ser mais ou menos grave, a depender do grau de perda auditiva, j que h pessoas que escutam com dificuldades e outras que no escutam nada.

    De fato, essa viso das pessoas surdas como sujeitos deficientes da audio e da linguagem est presente na sociedade em geral. Vem da o uso de terminologias inadequadas e preconceituosas para se referir a esse grupo de pessoas como surdos-mudos, mudinhos e deficientes auditivos, entre outras denominaes.

  • Voc deve estar se perguntando por que essas terminologias so inadequadas, se um fato que grande parte dos surdos no articula palavras?

    A expresso surdo-mudo ou mudinho, embora muito usada, pejorativa e exemplifica um grande mito sobre as pessoas surdas. Os surdos no so mudos, apenas no falam porque no ou-vem, mas tm o aparelho fonoarticulatrio em plenas condies de funcionamento para a produo vocal, se for o caso. Na interao com pessoas surdas, percebemos que eles emitem gritos e alguns sons, muitas vezes desarticulados, mas que revelam que no h mudez. Esse o termo mais antigo e muito utilizado no senso comum, j que, ao no falar da forma encarada como normal pelas pessoas, esses surdos se comunicam mais por gestos e apontaes.

    Muitos surdos aprenderam a falar em escolas especiais e em programas de reabilitao oral de-senvolvidos por fonoaudilogos, que tm como objetivo ensinar a fala e a leitura labial. O que ocorre que h um nmero muito pequeno de surdos que consegue a oralizao, por ser um processo muito difcil e complexo, que depende de inmeras variveis, sendo rejeitado por muitos deles, que preferem apenas a comunicao por sinais e pela escrita.

    Vejamos como as pessoas surdas que aprenderam a falar se comunicam.

    A oralizao de pessoas surdas foi a principal diretriz das polticas educacionais nos ltimos sculos, transformando a escola em um espao clnico de reabilitao da audio e da fala, e os professores em terapeutas, esforando-se para reproduzir tcnicas de oralizao, sob a orientao de fonoaudilogos. Ocorre que, sob esse modelo denominado clnico-teraputico, muitos surdos fracassaram em sua escolarizao, no aprendendo a falar ou fazendo isso de forma muito limitada, e sendo proibidos de sinalizar.

    A oralizao demanda um esforo disciplinar intenso, a complementao teraputica com servios de audiologia (aparelhos auditivos e outras tecnologias da audio), o atendimento espe-cializado precoce e o acompanhamento intensivo da famlia. Condies, que nos cabe reconhecer, impraticveis para a maioria das famlias brasileiras, pertencentes s classes trabalhadoras. Mesmo no caso dos surdos que tm xito nesse processo, a comunicao continua restrita a poucos crculos, geralmente compreendida pelas pessoas j acostumadas com a linearidade entoacional caracters-

  • tica da fala surda. Isso se deve ao fato de que, embora aprendam a articular e produzir fonemas, pes-soas surdas no escutam a prpria voz para adequar a altura, a intensidade e a melodia ao contexto de conversao, fazendo com que a fala fique linear, sem traos meldicos, como comum a pessoas ouvintes. Sem dizer que esse tipo de comunicao demanda muito esforo e ateno.

    Veja que consideraes auxiliam a compreender os mitos de que os surdos so mudos. Eles no apresentam problemas orgnicos que impeam a emisso de voz, apenas no o fazem porque no escutam. Se submetidos a um longo e sistemtico processo de reabilitao oral poderiam aprender a falar, em tese.

    Agora que voc j compreendeu, evite a preconceituosa terminologia surdo-mudo e, quando tiver oportunidade, explique sua inadequao s pessoas que costumam utiliz-la.

    E a expresso deficiente auditivo usada em que situaes?

    Geralmente, esse termo utilizado por pessoas que tm dificuldades para ouvir, mas no so to-talmente surdas, alm daquelas que, mesmo sendo surdas, aprenderam a falar e no se comunicam por sinais. A maioria dos surdos rejeita essa terminologia e a considera preconceituosa.

    Segundo esse ponto de vista, chamar os surdos de deficientes expressa uma viso negativa sobre eles, em que se foca apenas o seu deficit auditivo. Ou seja, as pessoas costumam pensar que a deficincia no aparelho auditivo gera uma incapacidade geral, j que por no ouvir eles suposta-mente no falam, no desenvolvem a linguagem e possuem retardo mental.

    Essa viso da surdez como deficincia mental e das pessoas surdas como doentes/deficientes da linguagem histrica e se deve a inmeros fatores, principalmente pela viso veiculada na rea da sade.

    comum que mdicos e fonoaudilogos, por conta da natureza de sua ocupao, dediquem-se a tratar os problemas gerados pela surdez, indicando aparelhos auditivos, terapias de reabilitao da fala e da audio, entre outros procedimentos. O objetivo de seu trabalho o tratamento da orelha defeituosa e de suas consequncias para o desenvolvimento do que se considera normal: a lingua-gem falada. Por isso, comum que eles se refiram aos surdos como deficientes auditivos, uma termi-nologia que lhes parece mais adequada em funo do foco de sua ao: a deficincia.

  • Como a rea da sade goza de prestgio social, os discursos proferidos pelos mdicos e outros profissionais so incorporados e repetidos pela populao, que acaba disseminando a ideia de que os surdos possuem carncias e deficincias tambm em seus processos lingusticos, de aprendiza-gem e socializao, estendendo a necessidade de tratamento tambm ao processo educacional.

    Se observarmos a histria da educao de surdos, veremos que essa concepo foi predomi-nante e, desde as primeiras iniciativas, os surdos foram educados em escolas especiais, onde aprendi-am tcnicas para aprender a falar e melhorar sua percepo auditiva. Por mais de um sculo a lngua de sinais foi proibida e considerada prejudicial reabilitao oral dos surdos.

    por esse motivo que os surdos, atualmente, evitam o termo deficiente, porque querem ser reconhecidos pelas suas potencialidades, e no dificuldades.

    A partir de 1960, principalmente nos Estados Unidos, os surdos, seus familiares e simpatizantes organizam-se em movimentos sociais para reivindicar seus direitos a serem reconhecidos politica-mente como um grupo que fala outra lngua, e no como deficientes da linguagem.

    Os movimentos surdos em diferentes partes do mundo buscam denunciar a opresso que os surdos sofreram historicamente, sendo tratados como deficientes pelas escolas e obrigados a es-conder sua lngua. Objetivam divulgar as experincias surdas, suas formas de interagir entre si, con-tar sua histria e suas formas de manifestao artstica como a poesia, a arte, a literatura.

    Esses movimentos recusam rtulos e estigmas de deficincia e incapacidade que relegam os sujeitos Surdos a uma perspectiva de inferioridade. Querem demonstrar que a perda auditiva um fato secundrio em suas identidades e que a principal manifestao do Ser Surdo sua possibilidade de estabelecer vnculos com a realidade social por meio da comunicao e cultura visuais. O smbolo mais efetivo dessa manifestao a lngua de sinais, representada por esse sinal.

    Assim, esse grupo de surdos que forma uma grande comunidade mundial, reivindica o direito de ser denominado Surdos, com maiscula, que a palavra mais adequada sua diferena, cujo sinal este.

    Em resumo, o foco da mobilizao social dos Surdos a luta pelo reconhecimento poltico de sua condio de grupo cultural que representa uma minoria lingustica por utilizar uma lngua dife- rente daquela majoritria e oficial.

  • Por isso, em nossas aulas, utilizaremos a terminologia SURDO para referncia ao grupo, ainda que termos como deficincia/deficiente auditivo continuem a ser utilizados por mdicos e fonoaudilo-gos, que se ocupam do aspecto clnico-teraputico da surdez, devem ser evitados por pessoas que tm como foco os sujeitos, e no a sua deficincia. A opo pela palavra Surdo ideologicamente marcada e contempla o respeito opinio da comunidade surda, nesse momento histrico.

    Como podemos perceber, a escolha das palavras revela vises de mundo e (pr)conceitos sobre pessoas.

    Se voc sente-se suficientemente esclarecido, difunda essas ideias em sua famlia, em seu tra-balho e entre as pessoas de seu crculo social. Seja um multiplicador da nova concepo dos surdos como sujeitos que vivenciam uma experincia visual, que se comunicam em lngua de sinais, funda-mental ao seu desenvolvimento, aprendizagem e incluso social.

    Feitas essas consideraes iniciais, passaremos a conhecer elementos da cultura visual dos sur-dos, seus modos de comunicao, de interao do mundo que os cerca e sistematizarmos palavras e expresses da Lngua Brasileira de Sinais (Libras).

    Ao longo das 20 aulas desenvolveremos estratgias terico-metodolgicas que possibilitem s cri-anas surdas e ouvintes, na faixa etria entre quatro e seis anos, experincias de letramento em ambas as lnguas: libras e portugus, de modo a favorecer seu processo de alfabetizao em classes inclusivas e a apropriao significativa dos contedos, em seu processo de escolarizao, nas sries iniciais do Ensino Fundamental.

    As temticas selecionadas em cada mdulo esto voltadas a situaes cotidianas e elementos do universo ldico da criana pequena, buscando construir uma linguagem alternativa para intera-o entre surdos e ouvintes, nas mais diferentes situaes: na intimidade familiar, na sala de aula, nas brincadeiras, nos passeios na vizinhana, entre tantas outras possibilidades.

    A ideia entender que possvel nos comunicarmos com crianas surdas, desde que estejamos abertos experincia de novas descobertas.

  • COMUNICAO VISUALO tema da nossa primeira aula a Comunicao Visual, que pode ser definida como todas as formas de

    expresso da linguagem que possam ter seus contedos apreendidos pela viso. A manifestao desse con-tedo pode ser materializada pela linguagem verbal e no verbal.

    Esta aula apresenta como objetivo estimular a comunicao visual por meio de gestos, expresses faciais e corporais, que so meios potenciais de comunicao e expresso para os surdos e tem influncia determi-nante na realizao da sinalizao em Libras.

    Os professores devem saber que a ateno do olhar o aspecto mais significativo na comunicao com as crianas surdas, esta uma caracterstica do desenvolvimento de bebs surdos identificada em vrios estudos. Bebs surdos se comportam como bebs ouvintes, brincando com a linguagem oral ao produzir vocalizaes e sons universais, at aproximadamente seis meses. A partir da, a gesticulao predomina na comunicao e sua ateno fica totalmente voltada aos estmulos visuais do ambiente. Sua ateno est centrada em todos os movimentos produzidos sua volta, sobretudo os manuais e corporais. Os lbios se movendo sua volta no so lidos naturalmente, j que a leitura labial depende de domnio de habilidades que nem todos os surdos apresentam. Assim, a palavra falada desconhecida, mas pode ser deduzida pela expresso facial, movimentos corporais e apontaes que geralmente a acompanham.

    Pais, familiares e educadores devem se esforar para desenvolver uma forma de comunicao que priori-ze o corpo e a viso, como gestos, apontaes, dramatizaes, desenhos e fotos, at que possam aprender a lngua de sinais para assegurar os vnculos e interao em seu grupo familiar.

    H muitos sinais que podem ter seus significados facilmente apreendidos visualmente pelo interlocutor, denominados ICNICOS; outros, que no apresentam transparncia na significao, so totalmente arbitr-rios, o que impede a deduo do seu significado.

    Nesse sentido, a seguinte aula enfatizar o trao da ICONICIDADE da Libras, estimulando a comunicao por meio do corpo e da expresso facial, cuja finalidade ltima o desenvolvimento da ateno visual da criana para esses aspectos, considerando que crianas surdas utilizaro dois caminhos de forma combinada, ou isolada, na comunicao:

  • a linguagem gestual, que desenvolvem sem dificuldade, ainda que nunca tenham contato com outros Surdos, a qual possibilita a interao em situaes cotidianas;

    a lngua de sinais que potencializa suas possibilidades de representao e interao social, cuja aquisio dependente do contato com outros Surdos sinalizadores para a sua apropriao.

    A expresso facial e corporal est presente em ambas as formas de comunicao. Ocorre que na Libras esse um parmetro fundamental na organizao gramatical da lngua, determinando mu-dana de significados no discurso.

    Na verdade, o lxico (ou vocabulrio) da lngua de sinais formado por palavras (ou sinais) for-madas pelos seguintes parmetros:

    Configurao de mo (CM) Forma que a mo assume na representao de um sinal.

    Locao da mo (L) Posio da mo no espao de sinalizao.

    Movimento da mo (M)

    Orientao de mo Direcionamento da mo no espao.

    Expresses no manuais Faciais e corporais.

    Esses parmetros diferenciaro os sinais da Libras apresentados nesta aula.

  • PARA SABER MAISPara que voc compreenda a estrutura lingustica da Libras e suas singularidades em relao ao

    Portugus, recomendamos a leitura do livro Aspectos Lingusticos da Lngua Brasileira de Sinais LIBRAS. O livro apresenta, em linguagem didtica, objetiva e com ilustraes, exemplos das variaes dialetais da lngua de sinais, aspectos da gramtica, da formao de palavras, alm de comentrios sobre sua estrutura sinttica e elementos do discurso.

    FERNANDES, S.; STROBEL, K. L. Aspectos Lingusticos da Lngua Brasileira de Sinais LIBRAS. Curitiba: SEED/SUED/DEE, 1998. Disponvel em: .

  • ANOTAES

  • COMUNICAO VISUALNOMES VISUAIS

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    H E L O I RIE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    MEU SINAL

  • 9E U

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    M E U

    M I N H A

  • 10

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    S U E L I

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    MEU SINAL

  • 11

    E L AIE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

  • 12

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    j E F F E R S O N

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    MEU SINAL

  • 13

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .E L E

  • 14

    SURDOS E OUVINTES

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    OUVINTE

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 15

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    SURDO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 16

    AGORA VAMOS APRENDER OS SINAIS DE ALGUMAS PESSOAS E PERSONAGENS QUE VOC j CONHECE.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    A N A

    B E T O Z E C A

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 17

    AGORA VEjA SE VOC CONHECE ESTES PERSONAGENS.

    Dom

    nio

    pb

    lico.

    MICKEY

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 18

    Dom

    nio

    pb

    lico.

    MINNIE

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 19

    Dom

    nio

    pb

    lico.

    TIO PATINHAS

    Div

    ulga

    o

    War

    ner B

    ros.

    Cart

    oons

    .

    PIU-PIU

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

  • 20

    Div

    ulga

    ao

    Uni

    vers

    al P

    ictu

    res.

    PICA-PAU

    Div

    ulga

    o

    Nic

    kelo

    deon

    Ent

    erpr

    ises

    , Inc

    .

    BOB ESPONjA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 21

    E VOC? SER QUE TEM ALGUMA CARACTERSTICA VISUAL QUE CHAME A ATENO DAS PESSOAS?

    OLHOS GRANDES

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    OLHOS PUXADOS

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    Orientao para o professor: chamar a ateno para caractersticas fsicas das crianas, questionando sobre qual pode-ria ser o nome visual dos alunos, a partir das indicaes dadas.

  • 22

    E O SEU CABELO:

    TODAS ESSAS CARACTERSTICAS PODEM SER MOTIVOS PARA BATIZAR AS PES-SOAS COM UM NOME VISUAL.

    RASPADO.IESDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    COMPRIDO.IESDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ENCARACOLADO.IESDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 23

    E VOC?

    QUAL O SEU SINAL?

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    V O C

    S E U

    S U A

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 24

    DESENHE ELE AQUI.

  • 25

    EXPRESSES FACIAIS E CORPORAIS

    VAMOS BRINCAR DE COPIAR ESTAS EXPRESSES EM FRENTE AO ESPELHO?

    EXPRESSES FACIAIS

    FELIZ

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    NEGAO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    RAIVAIE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    DESCONFIANA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 26

    DVIDA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ADMIRAO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    AFIRMAO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    MEDO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    VERGONHA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 27

    EXPRESSES GESTUAIS

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    TCHAU CALOR

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    FRIO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    NO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    SIM

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    TER SONO

  • 28

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    FORTE

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    CANSADO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    DESANIMADO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    FOME

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    SATISFEITO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ACORDAR

    Orientao para o professor: na Libras h vrios sinais que podem ser identificados de forma imediata, pela relao de proximidade que eles apresentam com o referente que representam.

  • 29

    PRESTE ATENO NA IMAGEM E VEjA O QUE ELAS SIGNIFICAM.

    BORBOLETA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    CASA

    AGORA, OBSERVE OS SINAIS ICNICOS A SEGUIR, ELES SO FACILMENTE APRE-ENDIDOS PELA VISO.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    PASSARINHO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    RVORE

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

  • 30

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    PATO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    OVO

    VIU, ASSIM QUE OS SURDOS SE COMUNICAM! EM SEU MUNDO VISUAL AS MOS E O CORPO PODEM FALAR PELA LNGUA DE SINAIS.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    Orientao para o professor: destacar outros objetos e aes que podem ser representados iconicamente pelas crianas, fazendo relao com o sinal adequado. o caso de TELEFONE, CARRO, BOLA, CULOS, BON, COPO, CA-DEIRA e assim por diante. Consulte o dicionrio digital em Libras e descubra outros sinais icnicos. Disponvel em: .

  • 31

    ATIVIDADES1. RECORTE FOTOGRAFIAS DE REVISTAS EM QUE A EXPRESSO FACIAL DAS PESSOAS

    COMUNIQUE SENTIMENTOS DE ALEGRIA E TRISTEZA.

  • 32

    2. AGORA VAMOS DESENHAR. VEjA S COMO FCIL!

    ESTOU FELIZ. ESTOU TRISTE. ESTOU BRAVO.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 33

    3. OBSERVE AS EXPRESSES E FAA A CORRESPONDNCIA COM AS SITUAES A QUE ELAS SE REFEREM.

    ENVERGONHADO

    DESCONFIADO

    FELIZ

    TRISTE

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    BRAVO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 34

    4. LIGUE O DESENHO AO SINAL EM LIBRAS.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    TELEFONE

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    CARRO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    RVORE

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    PASSARINHO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    AVIO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    BETO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ANA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ZECA

  • 35

    5. AGORA PARA FINALIZAR NOSSAS ATIVIDADES VOC PODE BRINCAR COM O jOGO DA MEMRIA QUE EST NO SEU MATERIAL DE APOIO. S DESTACAR E BRINCAR.

    Orientao para o professor: a ideia que a criana perceba que cada sinal requer um formato de mo especfico.

  • O ALFABETO MANUALA Libras uma lngua de modalidade visual-espacial com estrutura gramatical prpria, que serve s mes-

    mas finalidades de comunicao e expresso de conceitos como as demais lnguas orais. Ocorre que, por ser uma lngua minoritria, ela sofre influncias da lngua oral dos pases em que so utilizadas, sobretudo em relao ao seu sistema de escrita. O alfabeto manual, tambm chamado de alfabeto datilolgico, um dos recursos utilizados na comunicao em Libras. O ato de soletrar com as mos denominado de soletrao digital ou datilologia. O mais interessante que, assim como a lngua de sinais, a comunidade surda de cada pas desenvolveu o seu prprio alfabeto manual, ainda que o sistema de escrita dos pases seja o mesmo.

    Na Libras, geralmente, usamos o alfabeto manual para soletrar nomes prprios e siglas, como SUELI, MARIA, BR, DVD..., como para soletrar termos especficos, nas mais diferentes reas de conhecimento, para as quais ainda no h sinais convencionais em Libras. Como exemplos temos SIMBOLISMO, TROMBOSE, BIODI-VERSIDADE; o que costumamos chamar de emprstimos lingusticos.

    H sinais que so utilizados tendo como configurao de mo (CM) uma letra do alfabeto que, geral-mente, corresponde letra inicial da palavra que o representa. o caso dos sinais ALUNO, em que a CM o A; VALOR, com CM V e IMPORTANTE, cuja CM o I.

    H registros histricos do uso da datilologia desde o sculo XVI, na Espanha. Como esses registros esto ligados ao de religiosos, costuma-se dizer que o alfabeto manual surgiu para favorecer a comunicao dos monges que faziam o voto de silncio nos mosteiros. As primeiras experincias educacionais com o alfabeto manual so atribudas a Pedro Ponce de Len (1508-1584), religioso espanhol que usava a datilologia para ensinar meninos surdos a escrever. No entanto, com outro espanhol, juan Pablo Bonet (1579-1633), que o alfabeto manual passa a ser difundido entre a populao e ser reconhecido como um recurso especfico para a comunicao com surdos.

    Dis

    pon

    vel e

    m: .

  • Em alguns pases o alfabeto sinalizado com apenas uma das mos, a mo dominante do si-nalizador, como o caso do Brasil. No entanto, h pases que utilizam alfabetos bimanuais, ou seja, em que ambas as mos so utilizadas para sinalizar, como o caso do Reino Unido, da Austrlia e da frica do Sul.

    Dis

    pon

    vel e

    m: .

  • No contexto da educao bilngue para surdos, o alfabeto manual constitui um importante re-curso para letramento dos alunos, uma vez que a verso manual para as letras do alfabeto. As crian-as surdas podem aprender a soletrar palavras desde muito pequenas, assim como crianas ouvintes brincam com os sons da lngua ao aprenderem travas-lnguas e parlendas.

    A metodologia utilizada para apresentao do alfabeto manual envolver OBjETO SINAL EM LIBRAS PALAVRA ESCRITA, sempre destacando a primeira letra em outra cor.

    IESD

    E Br

    asil

    S. A

    .

    BOLA

    IESD

    E Br

    asil

    S. A

    .

    A partir da temtica de uma aula-passeio, o professor sinalizar elementos da realidade co-tidiana da criana e a convidar a sinalizar e perceber que cada coisa tem um sinal e um nome. Para que a criana compreenda essa relao entre palavra e letra do alfabeto, a letra inicial de cada palavra ser destacada em cor diferente. importante frisar que, para as crianas surdas, exerccios do tipo A da abelha, da Ana, do avio, B da banana, da bola e assim por diante, no fazem sentido, uma vez que ela no estabelece relaes entre letra/som, devido falta de audio.

  • Assim, para que ela compreenda que B a letra/som inicial da palavra necessrio que a palavra toda seja visualizada, que ela saiba qual o sinal correspondente em Libras (sempre acompanhada de ilustraes) destacando-se a inicial correspondente no alfabeto. Uma vez que a criana no capaz de desenvolver a memria auditiva da palavra, por no ouvir sua pronncia, o professor deve estimu-lar atividades que permitam a memorizao visual da palavra, por meio da digitao, do destaque. O domnio do alfabeto manual, tanto pelo professor quanto pelos alunos, ser um recurso valioso no processo de letramento bilngue das crianas surdas.

    PARA SABER MAISVoc poder conhecer alfabetos manuais de outros pases consultando o site: .

    Para aprofundar informaes sobre a origem do alfabeto manual na histria da educao dos surdos, no contexto mundial, leia o texto Histria da datilologia, disponvel no site: .

  • IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    O ALFABETO MANUAL

  • IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    O ALFABETO MANUAL

  • 38

    HELOIR NA COZINHA COM AS FRUTAS E VERDURAS

    FRUTAS

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    . IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    AMEIXAIE

    SDE

    Bras

    il S.

    A. IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    BANANA

  • 39

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    CAQUI

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    FIGO

  • 40

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    GOIABA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    JABUTICABA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    KIWI

  • 41

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    LARANjA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    . IES

    DE

    Bras

    il S.

    A.

    MORANGO

  • 42

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    . PSSEGO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    UVA

    Orientao para o professor: chamar a ateno para as frutas que tm sinais icnicos como BANANA, MELANCIA, UVA, KIWI e jABUTICABA, comparando o sinal ao movimento que as identifica.

  • 43

    VERDURAS E LEGUMES

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ALFACEIE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    BERINjELA

  • 44

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    . IES

    DE

    Bras

    il S.

    A.

    CEBOLA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ERVILHA

  • 45

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    NABO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    PEPINO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .QUIABO

  • 46

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    . REPOLHO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    TOMATE

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    . JIL

  • 47

    A J S

    B K T

    C L U

    D M V

    E N W

    F O X

    G P Y

    H Q Z

    I R

  • 48

    ATIVIDADES1. INDICAR QUAL LETRA DO ALFABETO CORRESPONDE AS CONFIGURAES DE

    MO A SEGUIR.

  • 49

    2. MARQUE X NA OPO CORRETA.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    AMEIXALARANjA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 50

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    CAQUI

    3. IDENTIFICAR E CIRCULAR ENTRE AS ALTERNATIVAS QUAL CORRESPONDE AOS ITENS INDICADOS.

    ERVILHA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    A) BANANA B) KIWI

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 51

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    A) LARANjA B) RCULA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    A) FIGO B) UVA

  • 52

    4. PINTE O DESENHO DE ACORDO COM AS INDICAES EM LIBRAS.

    AA

    A

    A

    A

    AA A

    AA

    A

    A

    A

    B

    C

    C

    C

    C

    CC

    C

    C

    C C

    CC

    CC

    C

    C

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 53

    5. PASSE PARA O PORTUGUS AS PALAVRAS QUE ESTO EM ALFABETO MANUAL.

    A) .

    B) .

    C) .

    D) .

    E) .

  • 54

    6. LIGUE OS SINAIS S SUAS LETRAS, SIGA O EXEMPLO E RESOLVA AS ATIVIDADES A SEGUIR.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    VERDURAUVA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    QUIABO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    GOIABA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    Orientao para o professor: aqui possvel que a criana perceba as diferenas entre as letras do al-fabeto que so seme-lhantes.

  • 55

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ABACAXI

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    SALADA

    ALFACE

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ERVILHAIE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    FIGOTOMATE

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • OS NUMERAISComo observamos na aula passada, na Libras o alfabeto manual um recurso valioso, sobretudo na indi-

    cao de nomes prprios e soletrao de emprstimos lingusticos do Portugus.

    Esse conhecimento nos permite deduzir que a Libras tem seu lxico, ou seja, o conjunto de palavras da lngua, criado a partir de unidades mnimas as configuraes de mo, que so os formatos que as mos as-sumem ao sinalizar , alm do local do corpo em que se realiza a articulao do sinal.

    O sistema de numerao em Libras tambm se vale desses componentes para ser representado. Nesse sentido, nesta aula nos valeremos de contedos da matemtica, j conhecidos e dominados pelo professor da Educao Infantil, como a noo de nmero e numeral, a ordem e sequncia numrica, entre outros temas, para sistematizar os parmetros de sinalizao em Libras a envolvidos.

    Vejamos um exemplo: o sinal para o numeral cardinal 1 e o ordinal 1..

    Em Libras o numeral 1 representado por essa configurao de mo sem nenhum movimento;

    j o ordinal 1., alm da configurao de mo possui incorporado esse movimento.

  • Assim, percebemos que o movimento um trao distintivo importante na sinalizao, pois de-terminar se o numeral pertence ao conjunto de nmeros cardinais ou ordinais.

    A apresentao de contedos desta aula envolver momentos didtico-metodolgicos distin-tos, cujos objetivos sero, em primeiro lugar, dominar a FORMA do sinal, a fim de que a criana possa identificar a CONFIGURAO DE MO e o MOVIMENTO adequados sinalizao. Em segundo lugar, haver situaes aplicadas, em que o professor estabelecer a comunicao dialgica para fixar o SIGNIFICADO do sinal, com questionamentos e exemplos do cotidiano.

    Inicialmente, sero apresentados os numerais cardinais de 0 a 9, a fim de que sejam memoriza-das as configuraes de mo adequadas. Um problema que resulta nesse contedo diz respeito a adotarmos uma tendncia em utilizar gestos naturais a que estamos acostumados no dia a dia para indicar 1, 2 e 3.

    Ocorre que em Libras essas configuraes de mo tm a funo de expressar a noo de quan-tidade, e no de representao.

    Vejam, para dizer tenho 2 carros utilizo esse sinal que faz parte da linguagem gestual cotidiana, como uma conveno da linguagem gestual;

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • No entanto, para dizer o nmero de minha casa 22, a configurao de mo correta essa:

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    Sintetizando os contedos da aula de hoje, dizemos que a sinalizao dos numerais pode ocor-rer de trs formas:

    1. Nmeros Cardinais para indicar a representao do numeral, como nmero da casa ou apartamento, do telefone, da placa do carro, a idade, e assim por diante.

  • 2. Nmeros Cardinais para indicar quantidades, em que h mudanas na configurao de mo de 1 a 4.

    3. Nmeros Ordinais que so representados como os cardinais do caso 1, seguidos de um movimento para cima e para baixo.

    Orientao para o professor: estimular comparaes entre os numerais ordinais e cardinais. Os nmeros ordinais so aqueles que tm a diferenciao realizada apenas pelo MOVIMENTO.

  • PARA SABER MAISPara aprofundar seus conhecimentos sobre os nmeros, voc poder ler os livros:

    A Histria dos Nmeros, de Hlio jlio Gordon e Os Nmeros: a histria de uma grande inveno, de Georges Ifrah.

  • ANOTAES

  • OS NUMERAIS

  • IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 58

    NUMERAIS CARDINAIS E QUANTIDADES

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 59

    NUMERAIS ORDINAIS

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    1.

    2.

    3.

    4.

  • 60

    ATIVIDADES1. CIRCULE A OPO QUE CORRESPONDE AOS NMEROS:

    A) 1

    B) 5

    C) 3

  • 61

    D) 8

    E) 6

    F) 9

    G) 2

    5W 3

  • 62

    2. ORDENE OS NUMERAIS CARDINAIS.

    PARA REALIZAR ESTA ATIVIDADE DESTAQUE OS NUMERAIS ENCONTRADOS NO MATERIAL DE APOIO DO LIVRO E COLE-OS NOS ESPAOS EM BRANCO NA SEQUN-CIA CORRETA.

    A)

    B)

    C)

    D)

    E)

  • 63

    3. ESCREVA DENTRO DA jANELA O ORDINAL CORRESPONDENTE A CADA ANDAR.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 64

    4. LIGUE AS QUANTIDADES AOS NUMERAIS CORRESPONDENTES EM LIBRAS.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 65

    5. PINTE AS QUANTIDADES INDICADAS EM LIBRAS.

  • 66

    6. PINTE AS BOLINHAS FAZENDO A CORRESPONDNCIA ENTRE OS NMEROS E OS SEUS SINAIS.

    1 2 3 5 7 9

  • 67

    7. AGORA VOC PODE TREINAR COM O jOGO DA MEMRIA QUE EST NO MATE-RIAL DE APOIO. S DESTACAR E BRINCAR.

  • A FAMLIAEsta aula possui como tema a composio familiar, uma das principais lacunas na educao lingustica da

    criana surda. Por serem filhas de pais ouvintes, crianas surdas, na maioria das vezes, desconhecem as pala-vras que designam as pessoas de seu crculo familiar mais imediato, como pai, me, tio, av e assim por diante. Embora parea bvio, j que crianas ouvintes aprendem naturalmente a se referir a seus familiares, para as crianas surdas essa temtica contedo de linguagem, favorecendo o sentimento de pertencimento, pela aceitao no contexto familiar, imprescindveis ao fortalecimento de sua identidade surda.

    As experincias lingusticas vivenciadas pelas crianas na primeira infncia so fundamentais ao processo de aquisio e desenvolvimento da linguagem. O ambiente familiar cumpre um papel essencial nos proces-sos lingusticos das crianas, uma vez que oportunizam as primeiras interaes comunicativas, que serviro de base s futuras representaes simblicas e interiorizao de significados compartilhados socialmente.

    No entanto, os ambientes lingusticos em que as crianas surdas se desenvolvem so muito variados, acarretando experincias lingusticas muito diferentes. As crianas surdas, filhas de pais surdos, adquirem de forma espontnea a lngua de sinais, de modo semelhante ao que acontece entre as crianas ouvintes e a linguagem oral falada em sua famlia.

    No entanto, apenas um pequeno grupo das crianas surdas encontra-se nessa situao, j que mais de 90% delas nascem em lares de pais ouvintes que desconhecem a lngua de sinais, utilizando-se, exclusiva-mente, a linguagem oral para se comunicar com seus filhos surdos. Desse modo, se os pais no tentarem de-senvolver um mecanismo de compensao, valorizando as consequncias positivas que a linguagem gestual pode trazer para seus filhos, a criana surda poder passar por uma carncia verbal, s vezes total, prejudicial ao desenvolvimento normal de seus processos lingusticos, cognitivos, emocionais e sociais.

    Esta aula tem como objetivo suprir aspectos dessa lacuna lingustica, apresentando sinais que geral-mente so aprendidos na idade entre zero e trs anos, para referenciar os membros da famlia: pai, me, irmo, av, av e assim por diante. O contedo da aula dever ser socializado com os pais das crianas, a fim de que elas possam ter referncias reais dos sinais a serem apresentados.

  • fundamental que o professor complemente a aula com o ensino do nome prprio de cada um dos membros da famlia da criana, evitando que a criana desconhea a relao entre o substantivo comum me utilizado, genericamente, para designar uma classe de seres e o substantivo prprio Maria, Cristina ou joana para indicar que cada pessoa tem um nome e que as duas designaes so possveis na interao verbal. Para tanto, o professor dever utilizar a soletrao dos nomes com o alfabeto manual.

    Em relao organizao dos sinais, nessa aula sero introduzidos os primeiros sinais compos-tos, que so aqueles em que so combinados dois sinais para a formao de uma nova palavra, como o caso de MULHER+BENO= ME, ou HOMEM+BENO= PAI, MULHER+VELHO= AV, e assim por diante. O professor, com base nos sinais do livro do aluno, dever acompanhar, atentamente, se o aluno est utilizando a configurao de mo, movimentos e localizao da articulao adequados.

    PARA SABER MAISA literatura infantil uma forma ldica de abordar essa temtica to sria que a diferena cul-

    tural que envolve o nascimento de uma criana surda no seio de famlias ouvintes.

    O livro Tibi e Joca, uma Histria de Dois Mundos uma referncia importante para ser lido e de-batido com as crianas e seus pais, e tambm em sala de aula.

    BISOL, Cludia. Tibi e Joca uma histria de dois mundos. Porto Alegre: Mercado Aberto, 2001. (Ilus-traes Marco Cena. Participao especial de Tibiri Vianna Maineri.)

  • A FAMLIA

  • IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 70

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ME

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    FILHO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    PAI FILHA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

  • 71

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    AV/AV

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IRMO/IRM

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    TIO/TIA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    PRIMO/PRIMA

  • 72

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    SOBRINHO/SOBRINHA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    . IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    NETO/NETA

    CUNHADO/CUNHADA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    Orientao para o professor: como a distino de gnero, em alguns sinais, marcada pelo acrscimo do sinal MULHER para designar o feminino, para exercitar essa percepo, o professor pode se valer de questionamentos sobre o mundo animal, questionando as crianas sobre a diferenciao dos sinais de GATO/GATA, CACHORRO/CADELA, CAVALO/GUA, LEO/LEOA e assim por diante.

  • 73

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    hOMEM mULHER

  • 74

    mENINAmENINO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 75IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ATIVIDADES1. LIGUE OS PARES.

  • 76

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ( (

    ( (

    ( (

    ( (

    2. RELACIONE O SINAL ALTERNATIVA CORRETA E DESCUBRA QUEM .

  • 77

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    3. DESENHE AS PESSOAS DA FAMLIA QUE OS SINAIS ABAIXO REPRESENTAM.

  • 78

    4. LIGUE OS SINAIS AOS MEMBROS DA FAMLIA.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 79

    5. jOGO DA MEMRIA.

    AGORA VOC PODE TREINAR COM O jOGO DA MEMRIA QUE EST NO SEU MA-TERIAL DE APOIO. S DESTACAR E BRINCAR.

  • SINALIZANDO A CASA por meio da Lngua Brasileira de Sinais que ocorrer, para a criana, a apropriao de conhecimentos

    sobre o mundo que a rodeia. Uma vez que as aulas anteriores propiciaram a vivncia de aspectos da cultura visual, introduzindo temas que possibilitassem alm do autoconhecimento, o conhecimento de membros de sua famlia, esta aula ter como foco o ambiente da moradia da criana, de modo a possibilitar a represen-tao e expresso de aspectos de seu cotidiano mais imediato. A partir da aula 5 sero introduzidas outras noes gramaticais em Libras, a fim de estimular a linguagem dialgica, favorecendo situaes comunicati-vas, de forma ldica.

    Tendo como referncia os tipos de moradia e os locais e objetos da casa, sero introduzidos os pronomes demonstrativos/advrbios de lugar (ESTE(A)/AQUI, ESSE(A)/A e AQUELE(A)/L, ONDE). Em Libras estes pro-nomes demonstrativos referem-se ao que est prximo ou distante da pessoa que enuncia. Os pronomes ESTE(A)/AQUI relacionados 1. pessoa (EU) sinalizado apontando para o lugar perto, em frente ou ao lado da pessoa que fala, apontando e dirigindo o olhar para a pessoa com quem falamos. j no caso dos demons-trativos ESSE(A)/A, utilizado para indicar um referente que est prximo da pessoa com quem falamos, acompanhado de um olhar direcionado para o referente sinalizado, e no para a pessoa.

    j em relao aos demonstrativos AQUELE(A)/L, utilizado para apontar pessoas/lugares mais distantes (3. pessoa do singular), indicando e olhando o referente simultaneamente.

    ONDE no sinalizado com indicao de referente, mas sinalizado com o sinal abaixo, acompanhado da expresso facial interrogativa.

  • Uma vez que nesta aula esses contedos sero sinalizadas por meio de indicaes, funda-mental que o professor de sala de aula esteja atento percepo desses elementos pelos alunos, estimulando situaes de dilogos envolvendo objetos e pessoas da sala para exercitar essas noes de indicao espacial, direcionamento do olhar e expresso facial.

    A sugesto que o professor trabalhe com os pronomes interrogativos, a partir da localizao de objetos da sala de aula. Perguntas como aquele lpis, de quem ?, fulano, pegue esse (objeto) a e d para cicrana, esta aqui minha cadeira, e assim por diante, possibilitaro a compreenso da importncia do direcionamento do olhar para a pessoa ou para o referente de que se fala, no momento da apontao. Do mesmo modo, um passeio pela escola, mostrando os diversos lugares e locais correspondentes como banheiro, cozinha, sala dos professores etc. possibilitar o dilogo e fixao desses conceitos pelas crianas.

    Bom trabalho!

    PARA SABER MAISPara conhecer outros sinais relativos ao ambiente domstico, o professor poder acessar o Di-

    cionrio Digital da Lngua Brasileira de Sinais Libras, no site: .

    Uma outra obra que uma referncia na rea o primeiro dicionrio da Lngua Brasileira de Sinais Libras, produzido por uma equipe de pesquisadores da Universidade de So Paulo (USP) e publicado pela Edusp. O dicionrio tem o objetivo de servir de instrumento para a concretizao da educao bilngue no Brasil e o resgate da cidadania do surdo brasileiro. Ele possui milhares de ilustraes da Libras distribudas em dois volumes, num total de 1 620 pginas, em LibrasInglsPortugus.

  • SINALIZANDO A CASA

  • IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 82

    VAMOS CONHECER ALGU-MAS MORADIAS E APRENDER NOVOS SINAIS!I

    ESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    MORADIAS

  • 83

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    CASA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    CASAS

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    PRDIO ALTOPRDIO BAIXO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 84

    CAMPO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    CIDADE

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 85

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ESTA A MINHA CASA

    E VOC, ONDE MORA?

    DESENHE SUA MORADIA.

    Orientao para o professor: estimule a utilizao da descrio de diferentes tipos de moradias pelas crianas. Dessa forma, alm de dar oportunidade para a percepo visual de detalhes estticos e de arquitetura, a criana refinar a expresso das ideias, explorando a modalidade visual-espacial da Libras.

  • 86

    PORTA

    AMBIENTES DA CASA

    APARELHO DE SOM

    SALA

  • IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    APARELHO DE DVD

    TELEVISO QUADRO

    FILME

    SOF

  • 88

    CAMA

    TRAVESSEIRO

    QUARTO

  • COMPUTADOR

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ARMRIO OU GUARDA-ROUPA

    NOTEBOOK

  • 90

    BANHEIRO

    SABONETE ESPELHO

    PIA

  • IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    CHUVEIRO

    PAPEL HIGINICO

    XAMPU

  • 92

    GELADEIRA

    PIA

    CADEIRA

    COZINHA

  • IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    MESA

    FOGO

    MICRO-ONDAS

  • 94

    MQUINA DE LAVAR

  • IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    VARAL

    TANQUE

  • 96

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    CHURRASQUEIRA

  • 97IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    GARAGEM

  • 98

    CAMPAINHA PARA SURDOS

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 99

    ESTA SALA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    AQUELA COZINHA IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 100

    AQUELE QUARTO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ESTE BANHEIRO

    Orientao para o professor: ter claro que o que diferencia os sinais de ESTE e ESSE a posio de quem enuncia e a direo do olhar. Se o objeto est prximo do enun-ciador, temos ESTE. Se o objeto est prxi-mo do interlocutor, temos ESSE. Assim, nos exerccios em que ESSE for o foco, haver dois personagens na cena para demarcar essa distino.Resumindo:enunciador sozinho aponta: este;enunciador aponta para objeto prximo do interlocutor: esse;enunciador sozinho aponta para objeto distante: aquele.

  • 101

    ATIVIDADES1. LIGAR O SINAL AO TIPO DE MORADIA.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    PRDIO CASA MORADIA INDGENA CASA DE CAMPO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 102

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    2. OBSERVE AS FIGURAS E PINTE AQUELAS QUE VOC USA NO(A :

  • 103

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 104

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

  • 105

    3. NUMERE A SEGUNDA COLUNA DE ACORDO COM A PRIMEIRA.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ( 3 IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    ( 6

    ( 1

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ( 2

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ( 7

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ( 4

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ( 5

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ( IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ( IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ( IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ( IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .( IES

    DE

    Bras

    il S.

    A.

    ( IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ( IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

  • 106IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    4. NO MATERIAL DE APOIO VOC ENCONTRAR ALGUMAS FIGURAS QUE FAZEM PARTE DOS AMBIENTES DE UMA CASA. DESTAQUE E COLE NOS LUGARES DA CASA AOS QUAIS ELAS PERTENCEM.

  • 107

    5. ONDE ? MARQUE UM X NA ALTERNATIVA CORRETA.

    (

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    (

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    (

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    (

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    (

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    (

  • 108

    ( ) ( )

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    (

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    (

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ( IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    (

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 109

    6. PINTE A ALTERNATIVA CORRETA E MOSTRE ONDE OS PERSONAGENS MORAM.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 110

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ONDE ELE MORA?

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 111

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ONDE ELES MORAM?

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 112

    7. CIRCULE O SINAL CORRETO.

    ESTE O TRAVESSEIRO.

    ( )

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ( )

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 113

    ESSA A PORTA.

    ( )

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ( )

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 114

    AQUELE O SOF.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ( )

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ( )

  • 115

    AQUELA A jANELA.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ( )

    ( )

  • BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS INFANTIS

    O tema desta aula bastante familiar ao professor tanto da Educao Infantil quanto das sries iniciais do Ensino Fundamental, uma vez que os brinquedos e brincadeiras, prprios da infncia, so contedos de aprendizagem dessa etapa da Educao Bsica.

    Crianas surdas, assim como as demais crianas, brincam e se relacionam normalmente, no apresentan-do maiores dificuldades em interagir com seus pares. O que ocorre que os jogos e brincadeiras infantis j esto inseridos no universo do simblico, no qual a linguagem lugar central na internalizao de contedos. O brinquedo simblico das crianas pode ser entendido como um sistema muito complexo de fala atravs de gestos que comunicam e indicam os significados dos objetos usados para brincar (VYGOTSKY, 1984).

    O desenvolvimento da linguagem infantil dependente da qualidade das interaes a que a criana est exposta, sobretudo nos primeiros anos de vida. Como debatemos em aulas anteriores, pelo fato de mais de 90% das crianas surdas nascerem em famlias no surdas, faz com que estas permaneam por muito tempo em um ambiente de carncia lingustica e de acesso ao conhecimento, uma vez que o portugus no pode ser aprendido naturalmente, devido ao impedimento auditivo e ao desconhecimento da lngua de sinais por parte dos pais. Ainda que os pais ouvintes e crianas surdas criem um sistema gestual de comunicao pr-prio, cujos cdigos geralmente tm seus sentidos negociados apenas no restrito grupo familiar, essa forma de comunicao no serve a contextos mais abrangentes de interao. Portanto, ao contrrio da maioria das crianas brasileiras, que normalmente aprendem sua lngua materna com seus pais, as crianas surdas depen-dem da ao mediadora da escola para aprenderem a lngua de sinais. So bilngues por contingncia, e no por opo.

  • Por conta dessa especificidade, o espao escolar amplia sua finalidade primeira de garantir aces-so educao formal, estendendo-a para os domnios da educao lingustica das crianas surdas, suprindo (e, por vezes, substituindo) a lacuna deixada pela famlia (ouvinte) na promoo de um ambiente favorvel apropriao da linguagem.

    Nesse sentido, os jogos e brincadeiras cumprem uma funo essencial nas atividades pedag-gicas por seu carter ldico, permitindo a interao em Libras de forma natural, ainda que didatica-mente planejada.

    Quando chega escola, ainda que no saiba Libras, a criana surda se comunica por meio daquilo que chamamos de linguagem corporal, que assume um carter simblico importantssimo, uma vez que ser a primeira forma lingustica de manifestar intenes e agir sobre o outro, voluntariamente.

    Para Vygotsky (1984), clebre pensador russo que teorizou sobre a importncia dos jogos e brin-cadeiras para o desenvolvimento infantil, nessas situaes a interao propicia a internalizao de mediadores simblicos e da prpria relao social, j que a comunicao que se estabelece entre crianas e adultos, e entre crianas mais e menos experientes, permite a assimilao da experincia de muitas geraes e a formao do pensamento.

    Se os jogos e brincadeiras no so mediados por adultos e outros pares mais experientes, a criana ficar limitada apenas atividade motora imitativa, sem ter conscincia da ao, das regras, da organizao inerente atividade.

    Esta aula apresentar como primeiro objetivo a sinalizao dos brinquedos, objetos de seu coti-diano que funcionam como instrumentos para vivncia do faz de conta. Sabemos que na brincadeira os objetos so secundarizados, pois a criana passa a agir independentemente do real, inserindo-se em situaes imaginrias, em que aprende sobre comportamento social e regras de interao e so-cializao, prprias do universo do mundo adulto. So essas as situaes que devem ser exploradas pelo professor a partir do aprendizado do sinal convencional do brinquedo em Libras.

    O segundo objetivo de aprendizagem sero os jogos e brincadeiras que envolvem a conscincia de regras, de modo a desenvolver a capacidade simblica, aliada atividade prtica. As situaes que envolvem restrio da ao, mediante a compreenso do critrio para fazer parte do jogo, possibi-

  • litam que a criana renuncie aos seus impulsos imediatos, subordinando-se a determinadas regras. O atributo essencial na brincadeira que uma regra torna-se um desejo, uma fonte de prazer, o que, no futuro, constituir o nvel bsico de ao real e moralidade do indivduo1.

    Queremos dizer com isso que brincar possibilita o desenvolvimento da conscincia, da inteli-gncia prtica e abstrata que, em ltima anlise, estimulam a internalizao da linguagem, do pen-samento reflexivo e do comportamento voluntrio (VYGOTSKY, 1984).

    Todos os jogos e brincadeiras do universo infantil podem ser praticados por crianas surdas: brincadeiras de roda, esconde-esconde, pique, leno atrs, entre outras, desde que as regras estejam suficientemente claras. Isso apenas poder ocorrer se houver um territrio lingustico comum entre criana surda, demais crianas e professora, por meio do aprendizado de Libras.

    Seguem algumas sugestes de atividades para o desenvolvimento de conceitos por meio do brinquedo:

    A criana poder dramatizar uma histria conhecida ou ser estimulada a desenhar ou contar uma histria em lngua de sinais, com base em brinquedos disponibilizados pela professora.

    Sinalizar e descrever caractersticas de brinquedos e objetos em jogos de adivinhao uma experincia interessante para estimular as expresses faciais e corporais, alm da estruturao das primeiras narrativas em Libras.

    Os fantoches so timos instrumentos para a compreenso das regras e a participao nas brincadeiras de faz de conta, mas como sua utilizao ocupa as mos, dificultando a realizao dos sinais, oportuno utiliz-los com crianas mais velhas, que, pela maior flun-cia em Libras, podero sinalizar com uma das mos e com a outra segurar o fantoche.

    Com mscaras, indumentrias e outros objetos estimular jogos de representao, imita-o de aes de um personagem de uma histria infantil, de modo a estimular o universo imaginrio do faz de conta e potencializar as narrativas em Libras.

    1 OLIVEIRA, ZILMA DE MORAES RAMOS DE. L. S. VYGOTSKY: ALGUMAS IDEIAS SOBRE DESENVOLVIMENTO E jOGO INFANTIL. DISPONVEL EM: .

  • Lembre-se de que, alm dos brinquedos convencionais, h a possibilidade de criao de novos brinquedos, utilizando materiais diversos como papis coloridos, retalhos, caixas, garrafas Pet, embalagens etc.

    Propor variaes de brincadeiras prprias para ouvintes, o que tambm pode ser uma atividade inclusiva interessante. O telefone sem fio, por exemplo, na verso para surdos, coloca a palavra sina-lizada no lugar da palavra falada. As crianas ficam em fila, de costas para o primeiro. O primeiro faz um sinal para o segundo, que deve observar atentamente, pois seu objetivo reproduzi-lo pessoa seguinte. Cada participante repete o processo at o ltimo, que dever fazer o sinal para o grupo. No final do jogo, o primeiro participante reproduz para o grupo o sinal correto.

    PARA SABER MAISPara aprofundar os estudos sobre a importncia dos jogos e brincadeiras no desenvolvimento

    infantil recomendamos a leitura do texto de Zilma de Oliveira, L. S. Vygotsky: algumas ideias sobre de-senvolvimento e jogo infantil, no qual a autora explicita as principais teses do pensador russo sobre o tema. Disponvel em: .

    Um livro tambm muito interessante Como Brincam as Crianas Surdas da autora Daniele Nunes Henrique Silva; nele, o brincar, fonte promotora do desenvolvimento da criana, o tema principal. As reflexes da autora mostram a riqueza da atividade infantil vista nos enunciados recriados no jogo imaginrio, que esto vinculados a cenas realmente vividas e observadas; essas relaes compem o tema central, com nfase nas possibilidades imaginativas da criana surda.

  • Caso queira conhecer e indicar aos pais brinquedos em Libras para crianas h uma variedade de opes no mercado.

    Um deles o kit Libras Legal disponvel no site . O kit composto pelos seguintes materiais: manual do professor, fita de vdeo, cinco livros de histrias infantis, dois jogos didticos e um minidicionrio. Desses materiais os livros de histrias infantis e o minidicionrio esto editados em trs linguagens: a Libras falada, ilustrada por desenhistas surdos, colaboradores do projeto; o Sign Writing (escrita da lngua de sinais) e o portugus escrito. Os jogos didticos so ilustrados e apresentados em Libras. O vdeo todo em Libras, com legenda em Lngua Portuguesa.

    Uma outra opo so os brinquedos para surdos Deaf Toys, lanados pela Xalingo. A nova linha composta por cinco jogos, so eles: Alfatrico: um alfabeto histrico para Surdos, que promove conhecimento de cones da histria Surda. Bingobeto: um bingo que, ao invs de nmeros, utiliza as letras do alfabeto de Libras. Memorego: um jogo de memria do ego, que apresenta imagem dos elementos da realidade especfica dos Surdos. Domiletra: um domin com os animais brasi-leiros em extino. Conhecendo o Corpo Humano: as crianas devem montar um ilustrado tabulei-ro do corpo humano. Acesse o site: para conhecer esses brinquedos.

  • ANOTAES

  • BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS INFANTIS

  • 118

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    OLHE ESSES BRINQUEDOS! COM QUAL VOC GOSTA DE BRINCAR?

  • 119

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    O CARRINHOIESDE B

    rasi

    l S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    O CAMINHO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    O AVIO

  • 120

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    O TREM

    O TRATORIESDE B

    rasi

    l S.A

    .

    A BICICLETAIESDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 121

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    A BONECA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    O PIO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    A CASA DE BONECAS

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 122

    A PIPA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    jOGAR VIDEO GAME

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 123IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    SOLTAR PIPA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    PULAR CORDAIE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

  • 124

    BANDEIRA

    BOLA

    PLACAR

    TIMES

    JOGAR FUTEBOL

  • 125

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    JUIZ

    TORCIDA

  • 126

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ANA TEM UMA BONECA.

    TER NO TER

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 127

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ZECA NO TEM UM

    CARRINHO.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    ZECA E ANA TM UM

    VIDEO GAME.

    NO TER

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    TER

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 128

    VEjA ESTAS BRINCADEIRAS!

    BOLINHA DE GUDE

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 129

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    PEDRA-PAPEL-TESOURA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    A TESOURA CORTA O PAPEL!

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    A PEDRA QUEBRA A TESOURA!

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    O PAPEL EMBRULHA A PREDRA!

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 130

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    VAMOS jOGAR COM OS AMIGOS!

  • 131

    ATIVIDADES1. LIGUE O SINAL IMAGEM CORRETA.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 132

    2. CIRCULE O SINAL QUE CORRESPONDE S IMAGENS A SEGUIR.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    O CARRINHO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    O AVIO IESDE B

    rasi

    l S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 133

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    VIDEO GAME

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    BOLA DE GUDE I

    ESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 134

    3. CIRCULE A CONFIGURAO DE MO CORRETA PARA SINALIZAR:

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    CORDA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    VIDEO GAME IES

    DE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    TREM

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 135

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    CARRINHO

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .BOLA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    BOLINHA DE GUDE

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    BONECA

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 136

    4. DESENHE UM DOS BRINQUEDOS QUE NOSSO AMIGO EST SINALIZANDO.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .IE

    SDE

    Bras

    il S.

    A.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 137

    5. PINTE COM AS CORES CORRETAS OS SINAIS QUE CORRESPONDEM AOS BRIN-QUEDOS DE NOSSOS AMIGOS.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 138

    ANA TEM. IES

    DE

    Bras

    il S.

    A.

    BETO TEM. IES

    DE

    Bras

    il S.

    A.

    ZECA TEM. IES

    DE

    Bras

    il S.

    A.

    ZECA, ANA E BETO NO TM.

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 139

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 140

    6. ENCONTRE OS DESENHOS INDICADOS EM LIBRAS E PINTE!

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • 141

    IESD

    E Br

    asil

    S.A

    .

  • ALIMENTOSEssa temtica, alimentos, assume grande importncia na educao familiar da criana surda, pois est

    intrinsecamente relacionada s suas vivncias cotidianas. Surdos adultos, em seus relatos sobre a infncia, costumam afirmar o quanto era difcil manifestar aos pais e familiares suas preferncias alimentares. Segundo eles, muito comum que crianas surdas assumam uma postura inadequada, com comportamentos agressi-vos e inusitados, por no conseguirem expressar o desejo de comer ou beber algo, bem como a averso por algum alimento.

    At a dcada de 1980 era comum afirmar que a tendncia ao isolamento, problemas de comportamento, nervosismo, agressividade e crises de identidade eram caractersticas inerentes ao desenvolvimento de crian-as surdas. Isso se dava porque costumava-se compar-las aos seus pares ouvintes, tomando a linguagem oral como critrio de comparao e ignorando a possibilidade de que as lnguas de sinais se abrissem para um desenvolvimento normal.

    Assim, ao no conseguirem expressar desejos e sentimentos por meio da oralidade, e por no compre-enderem, minimamente, o que lhes era dito pela palavra falada, o impulso da comunicao corporal era ime-diato e utilizado como uma forma de extravasar suas frustraes. Esse comportamento que, via de regra, revelava-se agressivo ou introspectivo era avaliado, equivocadamente, como problema inerente condio da surdez.

    Desde a dcada de 1990 inmeras pesquisas realizadas no seio de famlias surdas demonstraram que crianas expostas a um ambiente lingustico favorvel, ou seja, que interagem com seus pais pela lngua de sinais, desde o nascimento, apresentam desenvolvimento normal, nos mesmos padres identificados para crianas no surdas.

    Aprender nomes de pessoas e objetos da casa, construir hipt