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1. INTEGRALIZAÇÃO DE CAPITAL SOCIAL COM IMÓVEIS | INCIDÊNCIA DO ITBI Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) decide pelo recolhimento do ITBI sobre a diferença entre (i) o valor venal do imóvel integralizado no capital social e (ii) o valor pelo qual este foi integralizado no capital social da empresa. 2. STJ | NÃO RECOLHIMENTO DE ICMS | CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que a ausência de recolhimento de ICMS em operações próprias, declaradas nos livros fiscais do contribuinte, não pode ser considerada mero inadimplemento do tributo, mas crime de apropriação indébita tributária. 3. INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA | RET | RECEITAS AUFERIDAS APÓS FINALIZAÇÃO DA OBRA Receita Federal publicou Solução de Consulta determinando que a utilização do Regime Especial de Tributação (RET) concedido para incorporadoras imobiliárias só é aplicável para receitas auferidas até a finalização da obra. 4. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO | MUDANÇA NA LEGISLAÇÃO INFLUENCIA JULGAMENTO NO CARF Contribuinte utiliza nova redação da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) para requerer que o Conselho Superior do CARF aplique entendimento superado da jurisprudência ao julgamento do caso. NEWSLETTER TRIBUTÁRIO Nº 08/2018 – 11 de setembro de 2018

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Page 1: 1. INTEGRALIZAÇÃO DE CAPITAL SOCIAL COM IMÓVEIS ... · evitar o pagamento de ganho de capital, o valor utilizado para integralização (do capital) é o mesmo valor do custo de

1. INTEGRALIZAÇÃO DE CAPITAL SOCIAL COM IMÓVEIS | INCIDÊNCIA DO ITBITribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) decide pelo recolhimento do ITBI sobre a diferença entre (i) o valor venal do imóvel integralizado no capital social e (ii) o valor pelo qual este foi integralizado no capital social da empresa.

2. STJ | NÃO RECOLHIMENTO DE ICMS | CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIAO Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que a ausência de recolhimento de ICMS em operações próprias, declaradas nos livros fiscais do contribuinte, não pode ser considerada mero inadimplemento do tributo, mas crime de apropriação indébita tributária.

3. INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA | RET | RECEITAS AUFERIDAS APÓS FINALIZAÇÃO DA OBRAReceita Federal publicou Solução de Consulta determinando que a utilização do Regime Especial de Tributação (RET) concedido para incorporadoras imobiliárias só é aplicável para receitas auferidas até a finalização da obra.

4. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO | MUDANÇA NA LEGISLAÇÃO INFLUENCIA JULGAMENTO NO CARFContribuinte utiliza nova redação da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) para requerer que o Conselho Superior do CARF aplique entendimento superado da jurisprudência ao julgamento do caso.

NEWSLETTER TRIBUTÁRIO

Nº 08/2018 – 11 de setembro de 2018

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INFORMATIVO TRIBUTÁRIOFREITAS FERRAZ

Acórdão publicado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) determinou o recolhimento do ITBI sobre a diferença entre (i) o valor venal do imóvel integralizado no capital social e (ii) o valor pelo qual este foi integralizado no capital social da empresa.

O caso envolve uma sociedade de prestação de serviços de assessoria e consultoria em matéria de planejamento, organização, reengenharia, controle orçamentário, informação e gestão de empresas e organizações cujo capital social foi integralizado com quatro imóveis detidos por seus sócios.

A integralização de capital social com imóveis detidos por pessoas físicas é uma operação bastante comum, principalmente em grupos familiares. Regra geral, para evitar o pagamento de ganho de capital, o valor utilizado para integralização (do capital) é o mesmo valor do custo de aquisição do imóvel., i.e. o mesmo valor informado na Declaração de Ajuste Anual. Além disso, a Constituição Federal estabelece que não haverá incidência de ITBI, desde que a atividade imobiliária não seja a atividade preponderante da sociedade que está recebendo os imóveis.

Diante desse contexto, para fins de averbação da matrícula dos imóveis integralizados no capital social, os sócios da sociedade formalizaram o pedido de desoneração do tributo perante a Prefeitura Municipal de Ipatinga/MG.

Entretanto, a Prefeitura surpreendentemente determinou que a sociedade recolhesse o ITBI sobre a diferença entre o valor venal dos imóveis e o valor considerado na integralização do capital social. Por essa determinação, a sociedade impetrou Mandado de Segurança para afastar a cobrança do imposto municipal. Em primeira instancia, a decisão foi desfavorável ao contribuinte.

No julgamento da apelação, a cobrança de ITBI foi mantida pelos desembargadores, que considerarem que o valor venal dos imóveis integralizados é consideravelmente superior ao valor utilizado para integralização, de forma que a regra de não incidência prevista na Constituição seria restrita apenas à parcela integralizada e diante da comprovação de que a sociedade não detinha atividade imobiliária. (Apelação Cível nº 5001841-80.2016.8.13.0313, publicado em 10/08/18).

INTEGRALIZAÇÃO DE CAPITAL SOCIAL COM IMÓVEISINCIDÊNCIA DO ITBI 1

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INFORMATIVO TRIBUTÁRIO FREITAS FERRAZ

O STJ negou Habeas Corpus a dois empresários envolvidos em crime de apropriação indébita tributária pelo não recolhimento de ICMS em operações próprias, devidamente declaradas ao Estado de Santa Catarina.

Os contribuintes impetraram Habeas Corpus alegando, em síntese, que não houve dolo na ausência do recolhimento, uma vez que os débitos chegaram a ser declarados, e por se tratar de operações próprias, a ausência de recolhimento do tributo se caracteriza como mero inadimplemento fiscal.

O relator do caso entendeu que o crime de apropriação indébita tributária previsto na Lei nº 8.137/90 não deve ser aplicado em todos os casos em que não houver recolhimento de tributo, mas apenas quando o tributo for cobrado de outra parte (ex. repassado para o contribuinte final), e ainda assim não for recolhido.

Ao concluir o julgamento, os ministros do STJ definiram que não há necessidade de que o contribuinte tenha como objetivo fraudar o sistema tributário para que seja configurado o crime de apropriação indébita tributária. Para os julgadores, o simples conhecimento de que o tributo é devido e não foi pago já caracteriza o crime em questão, de forma que a acusação foi mantida para os empresários envolvidos no Habeas Corpus.

Para acesso à integra do acordão, clique aqui.

STJ NÃO RECOLHIMENTO DE ICMSCRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

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No último dia 27 de agosto, a Receita Federal publicou Solução de Consulta orientando os contribuintes sobre a utilização do Regime Especial de Tributação (“RET”) pelas sociedades incorporadoras imobiliárias.

De acordo com a determinação da Receita, o contribuinte que esteja dentro dos requisitos da Lei nº 10.931/04, que institui o RET, poderá se beneficiar da alíquota de tributação reduzida mesmo após o início das atividades de construção, de forma irretratável até o encerramento da obra. Entretanto, os contribuintes não poderão se valer do benefício do RET de forma retroativa ou para receitas auferidas após o encerramento da obra.

Vale lembrar, com o objetivo de esclarecer dúvidas sobre a aplicação do RET, a COSIT publicou as Soluções de Consulta nº 214 e 244 no ano de 2014, concluindo que:

(i) o RET pode ser adotado em relação às receitas recebidas após a efetivação da opção, referentes às unidades vendidas antes da conclusão da obra, mesmo que essas receitas sejam recebidas após a conclusão da obra ou a entrega do bem; e

(ii) não se sujeitam ao RET as receitas decorrentes das vendas das unidades imobiliárias realizadas após a conclusão da respectiva edificação.

INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIARET RECEITAS AUFERIDAS APÓS FINALIZAÇÃO DA OBRA

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No final do mesmo ano, a COSIT alterou o entendimento com relação à limitação prevista no item (ii), entendendo que o momento no qual a venda é realizada (se antes ou depois da extinção do regime de afetação) é irrelevante para fins de aplicação do RET.

Assim, era possível concluir que com a finalização da obra não se encerrava o RET e as receitas auferidas após o seu término deveriam ser tributadas pela alíquota de 4%, mesmo que decorrentes de vendas de unidades realizadas após a finalização da obra.

Entretanto, com a publicação da Solução de Consulta DISIT 2.009, o entendimento se consolidou da seguinte forma:

(i) as receitas decorrentes de unidades imobiliárias alienadas após a conclusão da respectiva edificação não se submetem ao RET; e

(ii) somente serão submetidas ao RET as receitas recebidas referentes às unidades alienadas antes da conclusão da obra, mesmo que essas receitas sejam recebidas após a conclusão da obra ou da entrega do bem.

Para acesso à Solução de Consulta, clique aqui.

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Ao julgar processo sobre a aplicação de multa na importação de mercadorias clandestinas, a 3ª Turma da Câmara Superior do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (“CARF”) se deparou com o pedido do contribuinte envolvendo a aplicação do artigo 24 da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro (LINDB) para orientar o julgamento. Em síntese, tal dispositivo determina que a revisão na esfera administrativa de atos, contratos e normas administrativas deverá levar em conta as orientações gerais da época.

O contribuinte alegou que no momento do ato – a importação de mercadorias – a jurisprudência do CARF era favorável ao contribuinte, entendimento este que se alterou de forma desfavorável ao longo dos anos, o que levou os julgadores do CARF a manterem a multa no valor das mercadorias importadas à sociedade.

Dessa forma, o contribuinte requereu que o artigo 24 da LINDB fosse aplicado de forma que a revisão do ato administrativo considerasse as orientações gerais da época do ato, ou seja, o entendimento de que a multa não fosse aplicada em virtude do posicionamento da jurisprudência à época da importação.

Entretanto, o relator do caso e o presidente da turma não aceitaram a alegação trazida com base na nova redação da LINDB. O entendimento dos conselheiros é que a redação do artigo 24 se refere à contratos firmados com a Administração Pública e não ao processo administrativo tributário, como pretendia o contribuinte. O processo está pendente de decisão final por pedido de vista de uma das conselheiras da Câmara Superior do CARF.

Vale lembrar, a alteração da LINDB foi promovida pela Lei nº 13.655/18, publicada em abril, de forma que ainda não conta com um entendimento uniforme da jurisprudência sobre a aplicação da legislação em processos tributários.

Para ter acesso às alterações promovidas pela Lei nº 13.655/18, clique aqui.

LINDB MUDANÇA NA LEGISLAÇÃO INFLUENCIA JULGAMENTO EM CONSELHO SUPERIOR DO CARF 4

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