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RESUMO A Região demarcada do Douro (RDD) - é a região vinícola protegida e regulamentada mais antiga do mundo, sendo recentemente reconhecida como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO. No entanto a noção de efluente e a sua gestão são conceitos muito recentes na fileira vitivinícola. Durante muitos anos privilegiaram-se os aspectos enológicos e higiénicos das adegas, sem dúvida factores indispensáveis à qualidade dos vinhos. Recentemente, com o aumento das preocupações ambientais e a introdução do princípio do poluidor-pagador, o tratamento dos efluentes passou a integrar a concepção e o projecto das adegas A indústria da vinificação é caracterizada por ter diferentes actividades/etapas ao longo do ano, cada uma produzindo efluentes vinícolas (EVs) com características qualitativas e quantitativas diferentes, variando segundo a região, as tecnologias utilizadas, o consumo de água, o tipo de vinho e a dimensão da instalação. Em Portugal estima-se que sejam produzidos EVs com uma carga poluente equivalente à gerada por 2 milhões de habitantes. A Região Demarcada do Douro (RDD) enferma tradicionalmente de problemas específicos de poluição provocados principalmente pela indústria vitivinícola. Poluição é qualquer modificação físico-química ou microbiológica do ecossistema natural, provocando desequilíbrio, susceptível de criar perigo ou dano nos organismos vivos, levando à degradação rápida do meio. O seu impacto negativo sente-se quer nos cursos de água na proximidade das adegas pela falta generalizada de Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETARs) individuais adequadas, quer provocando mau funcionamento das ETARs municipais vocacionadas para o tratamento de efluentes domésticos, muito menos poluentes e de composição muito diferente dos EVs (estes são entre 10 e 100 vezes mais poluentes que os efluentes urbanos). As técnicas aplicáveis ao tratamento de EVs necessitam por isso de adaptações específicas tendo em atenção as elevadas flutuações de carga hidráulica e volúmica, a elevada concentração e a carência em nutrientes, podendo realizar-se por processos físicos, biológicos ou por combinações destes. O tratamento biológico de EVs pode ser realizado com sucesso por processos aeróbios ou anaeróbios, intensivos ou extensivos. Os mais comuns recorrem ao fornecimento artificial de oxigénio aos microorganismos, através de sistemas mecânicos, usando tecnologias de filme fixo ou biomassa em suspensão. A maior parte dos processos são baseados no sistema de lamas activadas. Fonte: Pirra, A. (2008). Manual de Boas Práticas Ambientais na Adega. APHVIN- GHEVID (Associação portuguesa da história da Vinha e do Vinho - Grupo de estudos de história da Viticultura Duriense e do Vinho do Porto), Financiado pelo Instituto do Vinho do Douro e Porto. ISBN 978-972-98969-5-8. Porto, 231 pg Campos Destileria Origem dos efluentes Os EVs favorecem a asfixia do meio aquático, levando á destruição do ecossistema Distribuição no solo Bagaços Fundos de cuba Borra s Os materiais contidos nos EVs podem ter valor agronómico O aproveitamento dos sub-produtos permite reduzir a carga poluente dos EVs, reduzindo o seu impacto ambiental A actividade dos m.o. permite depurar os EVs. Os mo em excesso constituem as lamas, podendo estas ser utilizadas em agricultura Armazenamento arejado (AA) No AA as fases de arejamento e decantação realizam-se na mesma cuba. Após a decantação é possível o despejo no meio ambiente O processo de LA funciona em contínuo: a população de mo e regulada graças à recirculação de lamas do decantador até ao arejador Lagunagem anaerobia Este é um processo extensivo: geralmente não permite o despejo directo no meio ambiente Tratamentos anaeróbios: Reactor anaeróbio O reactor anaeróbio não permite tratar completamente o EV para despejo no meio ambiente, pelo que será necessário um tratamento complementar aeróbio Leito plantado de macrófitas Os mo encontram na raízes das plantas um meio favorável para a degradação da poluição orgânica. Os resultados obtidos experimentalm ente devem ser comprovados à escala industrial O tratamento por evaporação só será aplicável em zonas com déficit hídrico elevado (excepto se utilizar ventilação mecânica) Processo físico: Tratamento por evaporação Valorização de subprodutos Lamas activadas (LA) Impacto dos efluentes vinícolas sobre o meio ambiente Tratamento de Efluentes Vinícolas A. Pirra (1) ; F. Bianchi-de-Aguiar (1) , L. Arroja, (2) e M. Capela (2) (1) Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; Deptº Agronomia, UTAD; Apartado 1013; 5001-911 Vila Real; Portugal; e-mail: [email protected] (2) Universidade de Aveiro; Deptº Ambiente Micro- organismos Algas O 2 O 2 O 2 Oxígeno del aire L u z Fotosíntesis reducida Efluentes vinícolas Agua Efluentes depósito tampón Vertido al medio ambiente Aireación Decantación recirculación de los fangos Vertido Aireación Decantación Pretratamiento Evaporación natural Evaporación forzada almacén tampón final aeróbico antes de verter al rio regulación T°, pH tratamiento anaeróbico O 2 CH 4 CO 2 + Alternativas de tratamento: Os mo depuradores desenvolvem- se sobe um suporte inerte, dentro do depósito. O tratamento normalmente não permite o despejo directo no meio ambiente Leito bacteriano Vertido directo a un tratamiento final soporte inerte

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RESUMO

A Região demarcada do Douro (RDD) - é a região vinícola protegida e

regulamentada mais antiga do mundo, sendo recentemente reconhecida como

Património Mundial da Humanidade pela UNESCO. No entanto a noção de efluente e

a sua gestão são conceitos muito recentes na fileira vitivinícola. Durante muitos anos

privilegiaram-se os aspectos enológicos e higiénicos das adegas, sem dúvida factores

indispensáveis à qualidade dos vinhos. Recentemente, com o aumento das

preocupações ambientais e a introdução do princípio do poluidor-pagador, o

tratamento dos efluentes passou a integrar a concepção e o projecto das adegas

A indústria da vinificação é caracterizada por ter diferentes actividades/etapas ao longo

do ano, cada uma produzindo efluentes vinícolas (EVs) com características

qualitativas e quantitativas diferentes, variando segundo a região, as tecnologias

utilizadas, o consumo de água, o tipo de vinho e a dimensão da instalação. Em

Portugal estima-se que sejam produzidos EVs com uma carga poluente equivalente à

gerada por 2 milhões de habitantes.

A Região Demarcada do Douro (RDD) enferma tradicionalmente de problemas

específicos de poluição provocados principalmente pela indústria vitivinícola.

Poluição é qualquer modificação físico-química ou microbiológica do ecossistema

natural, provocando desequilíbrio, susceptível de criar perigo ou dano nos organismos

vivos, levando à degradação rápida do meio. O seu impacto negativo sente-se quer nos

cursos de água na proximidade das adegas pela falta generalizada de Estações de

Tratamento de Águas Residuais (ETARs) individuais adequadas, quer provocando

mau funcionamento das ETARs municipais vocacionadas para o tratamento de

efluentes domésticos, muito menos poluentes e de composição muito diferente dos

EVs (estes são entre 10 e 100 vezes mais poluentes que os efluentes urbanos).

As técnicas aplicáveis ao tratamento de EVs necessitam por isso de adaptações

específicas tendo em atenção as elevadas flutuações de carga hidráulica e volúmica, a

elevada concentração e a carência em nutrientes, podendo realizar-se por processos

físicos, biológicos ou por combinações destes.

O tratamento biológico de EVs pode ser realizado com sucesso por processos aeróbios

ou anaeróbios, intensivos ou extensivos. Os mais comuns recorrem ao fornecimento

artificial de oxigénio aos microorganismos, através de sistemas mecânicos, usando

tecnologias de filme fixo ou biomassa em suspensão. A maior parte dos processos são

baseados no sistema de lamas activadas.

Fonte: Pirra, A. (2008). Manual de Boas Práticas Ambientais na Adega. APHVIN-

GHEVID (Associação portuguesa da história da Vinha e do Vinho - Grupo de estudos

de história da Viticultura Duriense e do Vinho do Porto), Financiado pelo Instituto do

Vinho do Douro e Porto. ISBN 978-972-98969-5-8. Porto, 231 pg

La utilización de los subproductos permite reducir la carga contaminante de los efluentes vinicolas y reduir su impactoambiental.

Burbas

Orujos

Campos

Heces

Destileria

Origem dos

efluentes

Os EVs

favorecem a

asfixia do

meio

aquático,

levando á

destruição do

ecossistema

Distribuição no solo

Bagaços

Fundos de

cuba

Borra

s

Os materiais

contidos

nos EVs

podem ter

valor

agronómico

O aproveitamento

dos sub-produtos

permite reduzir a

carga poluente

dos EVs,

reduzindo o seu

impacto

ambiental

A actividade

dos m.o.

permite

depurar os

EVs. Os mo

em excesso

constituem

as lamas,

podendo

estas ser

utilizadas em

agricultura

Armazenamento arejado (AA)

No AA as

fases de

arejamento e

decantação

realizam-se

na mesma

cuba. Após a

decantação

é possível o

despejo no

meio

ambiente

O processo

de LA

funciona em

contínuo: a

população de

mo e regulada

graças à

recirculação

de lamas do

decantador

até ao

arejador

Lagunagem anaerobia

Este é um

processo

extensivo:

geralmente

não permite o

despejo

directo no

meio

ambiente

Tratamentos anaeróbios: Reactor anaeróbio

O reactor

anaeróbio não

permite tratar

completamente

o EV para

despejo no

meio ambiente,

pelo que será

necessário um

tratamento

complementar

aeróbio

Leito plantado de macrófitas

Os mo

encontram na

raízes das

plantas um

meio favorável

para a

degradação da

poluição

orgânica. Os

resultados

obtidos

experimentalm

ente devem ser

comprovados à

escala

industrial

O

tratamento

por

evaporação

só será

aplicável em

zonas com

déficit

hídrico

elevado

(excepto se

utilizar

ventilação

mecânica)

Processo físico: Tratamento por evaporação

Valorização de subprodutos

Lamas activadas (LA)

Impacto dos efluentes vinícolas sobre o meio ambiente

Tratamento de Efluentes VinícolasA. Pirra(1) ; F. Bianchi-de-Aguiar(1) , L. Arroja, (2) e M. Capela(2)

(1)Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; Deptº Agronomia, UTAD;

Apartado 1013; 5001-911 Vila Real; Portugal; e-mail: [email protected](2)Universidade de Aveiro; Deptº Ambiente

Los desechos vinícolas favorecen la asfixia del medio acuático, conllevando a la destrucción de su ecosistema.

Micro-organismos

Algas O2

O2 O2

Oxígeno del aire

Luz

Fotosíntesisreducida

Efluentesvinícolas

Después de su utilización , el agua sucia se convierte en efluente y es evacuada.

Agua Efluentes

La actividad de los microorganismos permite depurar lasaguas residuales. Los microorganismos en exceso cons-tituyen los fangos y son utilizados en agricultura.

La utilización de la cisterna permite realizar el repartoagrícola sobre los terrenos alejados de la cava.

depósito tampón

El proceso de fangos activos funciona en continuo : lapoblación de microorganismos depuradores se regulagracias a la recirculación de fangos del clarificador hacia el aireador.

Vertido almedio ambiente

Aireación

Decantación

recirculaciónde los fangos

Vertido

Aireación

Decantación

En la técnica del depósito aireado, las fases de aireacióny de decantación se realizan en la misma cuba.Después de la aireación es posible verter al medio ambiente.

Excepto en determinadas instalaciones que incluyen un sistema de ventilación artificial, el tratamiento por evaporación sólo es aplicable en regiones con unimportante déficit hídrico.

Pretratamiento

Evaporación naturalEvaporación forzada

Los microorganismos encuentran en las raíces un mediofavorable para la degradación de la polución orgánica.Los resultados de las experiencias realizadas se debencomprobar a escala industrial.

El reactor anaeróbico no permite tratar completamentela contaminación vinícola para autorizar un vertidor al medio ambiente. Es necesario un tratamiento complementario aeróbico.

almacén tampón

final aeróbico antesde verter al rio

regulación T°, pH

tratamiento anaeróbico

Este proceso de tratamiento es extensivo. Generalmenteno permite verter directamente al medio ambiente.

O2

CH4 CO 2 +

Alternativas de tratamento:

Leito bacteriano

Os mo

depuradores

desenvolvem-

se sobe um

suporte inerte,

dentro do

depósito. O

tratamento

normalmente

não permite o

despejo directo

no meio

ambiente

Leito bacteriano

Los microorganismos que realizan la depuración, sedesarrollan sobre un soporte inerte dentro del depósito.El tratamiento no permite generalmente un vertido directo al medio ambiente.

Vertido directo a un tratamiento final

soporte inerte