09 - capítulo 6 - a ordem das idéias

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Sexto capítulo do livro "Técnica de Redação: O que é Preciso para Bem Escrever" de Lucília Helena do Carmo GARCEZ. O restante da obra se encontra na minha conta do Scribd.

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Captulo 6 A ordem das idias 1. A concepo das idias Como vimos, antes mesmo de comear a escrever um texto h muitas etapas, e essas tarefas j podem ser consideradas parte integrante da escrita. preciso conhecer o assunto, ter idias, posies, e preciso tambm tomar decises a respeito da linguagem e do gnero de texto. Quando j estamos nessa fase, procuramos dar ordem s nossas idias. So decises relativas s informaes que sero utilizadas e s posies que assumimos em relao a essas informaes. Cada pessoa constri sua prpria tcnica de organizao inicial das idias. H muitas possibilidades, como vimos no captulo 2. Vamos explicar como o funcionamento de cada um desses processos, simulando as possibilidades de criao de um texto referente msica popular brasileira. a) Fazer anotaes independentes As idias surgem sem muita organizao. Vo constituindo um conjunto de aproximaes um pouco desordenado, medida que vamos fazendo leituras e reflexes acerca do tema. Surgem em momentos diferentes e devem ser anotadas logo que se formam para no se perderem no esquecimento. De posse88 TCNICA DE REDAJO de muitas anotaes, o redator rel e analisa esses registros, estabelecendo a hierarquia e a combinao entre eles para formar o texto preliminar. Assim pode trabalhar sobre um rascunho em que vrias idias, anotadas em momentos diferentes, foram concatenadas umas s outras em busca de uma ordenao preliminar lgica. Mais uma vez a literatura fornece exemplos. Observe o que conta Jos Castello a respeito do processo criativo de Clarice Lispector, no perodo de vida em que foi apoiada pela amiga Olga Borelli: Em gua Viva, Clarice leva sua esttica do fragmento ao paroxismo, ao escndalo. Difcil dizer o que lemos - e impressionante pensar que uma outra pessoa, Olga Borelli, sozinha com sua tesoura, montou o caos que Clarice anotou em guardanapos, lenos de papel, jornais, bulas de remdio. Quando Clarice no podia mais ordenar o que escrevia, Olga a escoltava. E, sem se intrometer no que lia, tratava de abrir um caminho, uma direo para a tempestade escoar. (..) Clarice lhe entregou uma pilha de fragmentos, que ela pacientemente dividiu em dezenas de envelopes, e depois foi encaixando-os, como as peas de um puzzle. Jos Castello. Inventrio das sombras. Rio de Janeiro: Record, 1999, pp. 30-1. Mesmo quando no se trata de literatura, uma posio a respeito de uma idia vai se construindo pouco a pouco, a partir de pequenas aproximaes e concluses. A partir dessas pequenas peas, vamos montando blocos de idias maiores e uma rede entre eles que vai formar o texto. Esse percurso, que na vida profissional mais flexvel e largo, num concurso, em que h limite rigoroso de tempo, reduzido e rpido, mas acontece a partir do momento em que o redator toma conhecimento do tema. Observe como podem se configurar anotaes registradas durante a leitura de diversos textos acerca da msica popular brasileira: A ORDEM DAS IDIAS Nota do corretor:Aqui fui corrigindo o que deu pra entender, j que no tinha o original em mos para redigitalizar melhor.Fim da nota.rdios - grvors 5io Luiz Gonzaga e HumLert.o eixeir Sos idi resistnci vem s feIic1e e cls riuez t55 origens 89 AFOPULABRASILEIRA Portugueses. escravos, ndios lunu e / / ritos ritos tribais crs religiosos /modinhas 1299 - Chiquinha Gonzaga reIs 1 marchinha de carnaval1917- Donga Pelo telefone -1 samba 50- smb-cno - bossa-nova es-e7 - festivais jovem-guarda Se -tropicalismo 70 - revoluo sa m jazz + instrumental rock brasileiro 50 - rock Brasileiro 90 - releitura da MPB - reciclagens pgocle, sx& sertanejo, nisngue-L7et muito 1 90 TCNICA DE REDAO b) Escrever tudo o que vem mente, de acordo com o fluxo do pensamento, para depois, ento, cortar e ordenar A msica popular brasileira muito rica, diversa e tem suas origens em diversas fontes culturais dos negros, ndios e portugueses. O samba nasceu da fuso de ritmos das trs raas. Mas h muitos outros ritmos e estilos que convivem e se influenciam mutuamente. Hoje os jovens retomam os ritmos primitivos e revalorizam as origens de nossa msica. Embora haja uma forte indstria cultural estrangeira que quer dominar o mercado no brasil, os brasileiros continuam preferindo nossa MPB porque ela reflete a nossa alma e muito rica. H msica para todos os gostos. Esse processo se aproxima muito da fala. Quando falamos, as idias vo surgindo rapidamente, sem planejamento, e, muitas vezes, no temos como disciplin-las. Se conseguimos captar esse fluxo e registr-lo, mesmo que de maneira ainda rudimentar, apreendemos um esboo que poder ser reformulado, desenvolvido ou reduzido posteriormente. A releitura fornece evidncias que devem ser consideradas para as transformaes. muito freqente, nesse tipo de texto, no haver pontuao nenhuma, existirem idias incompletas ou detalhes dispensveis. A linguagem apresenta, conseqentemente, um tom informal. um recurso muito produtivo para provocar a criao e apreenso de idias essenciais. c) Fazer uma lista de palavras-chave e reorden-las, hierarquizando-as Quando o redator tem bastante capacidade de sntese e habilidade mental de centralizar um pensamento numa nica palavra, esse um procedimento muito rpido para captar as idias. A palavra-chave um ncleo significativo que sintetiza uma idia maior, ainda formulada apenas na mente do redator. A ORDEM DAS IDIAS 91 Observe o registro preliminar de palavras-chave acerca da msica popular brasileira: ORIGEM - 3 ETNIAS FUSO SAMEA NOVOS ESTILOS ALMA BRASILEIRA RESISTNCIA EFERVECNCIA DA JUVENTUDE d) Construir um pargrafo para desbloquear e, depois, desenvolver as idias ali expostas Muitas pessoas tm dificuldade at comear a escrever. Enquanto esto trabalhando apenas mentalmente ainda se sentem inseguras e no conseguem avanar muito. Nesse caso, escrever logo um pargrafo para pensar em outras idias depois de rel-lo o caminho mais indicado. Mesmo que esse pargrafo seja ainda muito preliminar ou inadequado, o procedimento ajuda a gerar novos pensamentos sobre o assunto. Veja como se podem gerar novas idias a partir de um pargrafo: A msica brasileira o resultado da fuso dos ritmos trazidos pelas trs etnias que formaram o nosso povo: ndios, negros e portugueses. Os nativos possuam uma rica sonoridade para acompanhar seus ritos tribais. Os africanos trouxeram junto com os ritos e cerimnias religiosas uma musicalidade especial. Os colonizadores brancos tinham na bagagem msicas sacras, marchas oficiais e modinhas. DESENVOLVER A IDIA DE FUSO DA RICASONORIDADE DAS TRS ETNIAS e) Escrever a idia principal e as secundrias em frases isoladas para depois interlig-las; ou elaborar uma espcie de esquema geral do texto 92 TCNICA DE REDA O Muitas vezes, o esquema inicial vai sendo reformulado durante o desenvolvimento do trabalho e chega a ser completamente transformado. Mas a matriz inicial que fornece subsdios para esses aperfeioamentos. Observe um esquema j estruturado para desenvolvimento de um texto: A msica popular brasileira resiste dominao cultural ORIGENS 3 ETNIAS NEGROS - RITOS RELIGIOSOS (razes fortes) NDIOS - RITOS TRIBAIS BRANCOS - MSICA SACRA / MARCHAS /MODINHAS FUSO DOS RITMOS ORIGINAIS lundu, maxixe, modinha NOVOS ESTILOS samba (Pelo telefone - Donga) Fatores favorveis rdios e gravadoras OUTROS ESTILOS enriquecimento e fortalecimento fidelidade s origens alma brasileira RESISTNCIA DOMINAO gosto popular msica estrangeira secundria jovens preferem msica brasileira ORDEM DAS IDIAS 93 f) Elaborar um resumo das idias principais e depois acrescentar detalhes, exemplos, idias secundrias Um resumo, como j vimos, um texto denso e bem estruturado. A releitura do resumo indica os pontos que podem servir de alavanca para novos desenvolvimentos, inseres, ampliaes, explicaes. Analise este resumo e observe como ele tem muitas idias articuladas entre si, que podem ser ampliadas: A msica popular brasileira nasce sob o signo da integrao de diversas formas e estilos musicais provenientes das trs etnias que formam o brasil: negros, ndios e portugueses. Pela fuso e mtua influncia entre os vrios estilos nasce o samba, em 1917, e se consolida nas primeiras dcadas do sculo. Embora sofrendo influncia constante da produo estrangeira, a msica popular brasileira incorpora, recicla, absorve novas contribuies, mas resiste, original e soberana, sempre criativa e viva, voltada para suas razes. g) Organizar mentalmente grandes blocos de texto, escrevlos e reestrutur-los aps a releitura Esse um procedimento prprio de redatores maduros, que tm muita experincia e conseguem montar o texto na memria. Esse texto, depois de transcrito, passa por pequenas alteraes e ajustes ditados pela releitura cuidadosa. Em todos esses processos, quando se trata de escrever um texto no-literrio, h procedimentos comuns: gerao, seleo, hierarquizao e ordenao das idias. Na seleo, escolhemos o que vamos dizer e o que no vamos dizer. Na hierarquizao, decidimos a nfase a ser dada a cada idia e a submisso de uma idia outra. Na ordenao, estabelecemos como organizar a articulao entre as idias. O importante aqui criar um mapa inicial de sentidos, ou seja, uma matriz semntica, uma rede de relaes lgicas entre 94 TCNICA DE REDAO as idias do texto. Cada texto determina as articulaes que lhe so prprias. No h um modelo universal que atenda a todas as variaes. No texto dissertativo, expositivo ou argumentativo, de uma maneira geral, comeamos a tomar decises a respeito dessa rede de sentidos com uma noo ampla, ainda no muito delineada, do que queremos apresentar. Vamos especificando e detalhando nosso ponto de vista em relao idia preliminar pelo aprofundamento da nossa reflexo. E, tambm, pelo esclarecimento, para ns mesmos, de nossas posies em relao ao assunto. Entre todos os procedimentos apresentados, um mtodo bastante produtivo elaborar da forma mais clara e completa a idia principal que ser desenvolvida no texto. Essa elaborao demanda pacincia para que o redator faa vrias tentativas e reformulaes em busca de maior exatido para seu pensamento. A partir desse pequeno texto inicial como fio condutor, o desenvolvimento pode seguir as vertentes sugeridas pelo prprio assunto. A elaborao de um esquema prvio pode orientar o redator quanto ao percurso mais adequado. 2. Das anotaes para o texto Para estabelecer a rede e desenvolver a idia principal, utilizamos diversas formas de combinao e de articulao entre as informaes, constituindo assim uma estrutura temtica que transcende as frases e perodos, mas que tem sua prpria gramtica. Essa trama mais global se constitui a partir de procedimentos lgicos que constituem a seqncia e a progresso do texto. Esses procedimentos relacionam cada parte do texto parte que a antecede e que a sucede imediatamente, ou seja, ligam os pargrafos entre si. Alm disso, mantm, simultaneamente, relao de continuidade temtica com a idia principal e com a concluso do texto. Todas as idias e informaes colocadas em um texto se justificam em vista dessas relaes, pois nada casual. A ORDEM DAS IDIAS 95 Para que as ligaes se realizem de forma adequada e correta nas frases e perodos construdos no texto, tornando-o coeso, os recursos sintticos da gramtica da lngua so imprescindveis (como veremos no captulo 7). Todas as escolhas dependem da inteno do autor, da idia que forma de seu leitor, da situao e de muitos outros fatores que ultrapassam os limites do papel. Vamos observar um texto produzido a partir das idias registradas nos exemplos das pginas anteriores: Ttulo: resumo da idia principal O carter de resistncia da msica popular brasileira Idia principal - origem - resistncia A msica popular brasileira nasceu sob o signo da miscigenao. Trs etnias contriburam com seus ritmos para que chegssemos a constituir o talento que hoje encanta o mundo em termos de musicalidade. O ndio forneceu seu ritmo de ritos tribais, o negro trouxe a sonoridade de seus ritos religiosos e o branco portugus a melodia de sua msica sacra, de suas marchas oficiais e de suas modinhas populares. Sobre essa matriz rtmica multirracial, foram sendo criados novos estilos que configuram uma forte identidade musical brasileira, resistente invaso e dominao estrangeira. Desenvolvimento da idia de novos estilos - detalhamento, exemplificao. Introduo da idia de consolidao. Nessa base esto o lundu, o maxixe, a modinha, as marchinhas de carnaval, o chorinho, que ofereceram um terreno frtil onde nasceu o samba. A certido de idade oficial dessa criao tipicamente brasileira Pelo Telefone, de Donga, em 1917. No processo de consolidao do samba, houve influncia mtua de outros ritmos e o favorecimento do progresso tcnico, pois a era do rdio, das gravadoras e da profissionalizao dos msicos, compositores e intrpretes. Oposio idia de ritmo nico - ampliao da idia de novos estilos e manuteno da idia de consolidao das razes, introduo da idia de gosto popular. Entretanto, a msica nacional no se reduz ao samba, mas se multiplica em inmeras vertentes. Baio, samba-cano, bossa- 96 TCNICA DE REDAO nova, tropicalismo, jovem guarda, pagode, ax, sertanejo, rap e mangue-beat se sucedem e convivem, num enriquecimento e fortalecimento da base, que sempre uma revalorizao das razes brasileiras. Os diversos processos de fuso e reciclagem das nossas origens musicais tecem uma trama de ritmos e harmonias que reflete a alma do povo e por isso tem sua adeso incondicional. Concluso: a fora que sustenta a resistncia cultural vem dos alicerces, da riqueza e da afinidade com o povo. Dessa identidade entre a produo musical e o gosto popular, dessa sintonia extremamente afinada e bem construda, nasce uma fora indestrutvel que representa uma resistncia invaso e dominao que outras culturas tentam impor por meio de suas avanadas indstrias culturais. A msica estrangeira nunca deixou de ser um acessrio secundrio no nosso universo cultural. E a adeso das novas geraes ao que genuinamente nacional, em suas mltiplas configuraes, comprova que os alicerces da msica brasileira esto plantados em razes inabalveis. A idia principal est no ttulo e percorre todos os pargrafos de diversas maneiras. No pargrafo de apresentao, observamos a frase ncleo do texto: Sobre uma matriz rtmica multirracial foram sendo criados novos estilos que configuram uma forte identidade musical brasileira, resistente invaso e dominao estrangeira. O segundo pargrafo est ligado ao primeiro pelos processos de expanso, detalhamento e exemplificao do que foi anunciado no primeiro. O novo estilo por excelncia o samba. O terceiro se ope inferncia possvel de que s o samba importante, introduz a noo de diversidade e refora a idia de fidelidade s razes e de reflexo da alma popular. O pargrafo conclusivo retoma a idia de que a fora e a resistncia dominao vm da sintonia com a alma popular e da fidelidade s razes. A ORDEM DAS IDIAS 97 Como vimos, h uma certa carga de redundncia, ou seja, de repetio da mesma idia, necessria para que se mantenha a unidade temtica. 3. A organizao das idias Vamos analisar mais detalhadamente algumas dessas formas de articulao entre as idias. Em geral, mas no obrigatoriamente, so estratgias de delimitao e construo de pargrafos. Mas no devemos nos restringir a essa noo, pois servem para unir idias dentro de um mesmo pargrafo, e existem em textos que no apresentam pargrafos, como os resumos e os editoriais. Embora apresentem uma caracterstica predominante, essas articulaes no surgem de maneira exclusiva, mas se combinam e podem ser encaixadas em vrias classificaes simultaneamente, de acordo com o objetivo do trecho. a) Apresentao Em perodos introdutrios, apresentamos uma idia principal por meio, entre outros, de recursos como: Afirmao, declarao ou assero. Nas dissertaes, trabalhamos com a apresentao de verdades que so defendidas (texto argumentativo) ou apenas expostas (texto expositivo). Assim, o perodo afirmativo muito freqente, pois ele j traz em si as vertentes que devem ser ampliadas no desenvolvimento do texto. Observe estes dois exemplos de apresentao da idia principal por meio de perodos afirmativos: A msica popular brasileira resiste permanentemente invaso e dominao de ritmos estrangeiros que a indstria cultural dos pases mais desenvolvidos tenta impor. 98 TCNICA DE REDAO A filosofia trabalha com enunciados precisos e rigorosos, busca encadeamentos lgicos entre enunciados, opera com conceitos ou idias obtidos por procedimentos de demonstrao e prova, exige a fundamentao racional do que enunciado e pensado. Marilena Chaui. Convite Filosofia. So Paulo: Ed. Atica, 8 ed., 1997, p. 15. Negao O recurso de apresentar uma idia negando outra trabalha com o pressuposto de que h uma idia oposta j conhecida. Ou seja, parte do princpio de que o leitor pode estar pensando de maneira equivocada. Pretende-se, ento, negar essa possibilidade logo de incio. Observe o exemplo em que a autora inicia o texto negando a validade do senso comum em relao Filosofia: As indagaes fundamentais no se realizam ao acaso, segundo preferncias e opinies de cada um de ns. A filosofia no um "eu acho que" ou um "eu gosto de". No pesquisa de opinio maneira dos meios de comunicao de massa. No pesquisa de mercado para conhecer preferncias dos consumidores e montar uma propaganda. As indagaes filosficas se realizam de modo sistemtico. Marilena Chaui. ldeZj Definio ou conceito Conceito a representao de um objeto pelo pensamento, por meio de suas caractersticas gerais. a ao de formular um esclarecimento e, por isso, a estrutura com o verbo ser (X YYY) a mais freqente nesse caso. Quando uma posio subjetiva, pode-se apresentar como noo particular, concepo pessoal, apreciao, julgamento, avaliao, opinio. Aqui temos um exemplo de conceituao objetiva, em que a posio do redator no sobressai: A ORDEM DAS IDIAS 99 A intuio uma compreenso global e instantnea de uma verdade, de um objeto, de um fato. Nela, de uma s vez, a razo capta todas as relaes que constituem a realidade e a verdade da coisa intuda. um ato intelectual de discernimento e compreenso. Marilena Chaui. Idem, p. 63. Uma definio subjetiva apresenta outras formulaes, como: Acredito que a intuio ...; Penso que a intuio ...; Segundo meu ponto de vista...; Minha concepo de intuio ..; Eu acho que... Entretanto, essas formas no so bem aceitas em textos objetivos, acadmicos ou cientficos. Explicitao do objetivo do texto Nos trabalhos cientficos e acadmicos costume iniciar o texto pelo objetivo da pesquisa, assim como nos prefcios e introdues de livros comum um esclarecimento sobre as intenes, propsitos e limites da obra. Frases que orientam o leitor e indicam o objetivo so freqentemente utilizadas, tais como: o que desejamos nesse trabalho; o objetivo dessa investigao; pretendemos demonstrar; procuramos comprovar; estamos tentando provar.. Observe o exemplo: Este trabalho prope-se a refletir sobre a produo feminina sul-rio-grandense, resgatada dentro de uma investigao mais ampla sobre a vida literria do Rio Grande do Sul de 1870 a 1930, a partir do levantamento de informaes sobre as instituies atuantes e seu papel na produo e na difuso da literatura na sociedade. Vera Teixeira Aguiar. Resumos do Simpsio 500 anos de descobertas literrias. Universidade de Braslia. Departamento de Teoria Literria e Literaturas, 1999. 100 TCNICA DE REDAO Julgamento ou avaliao Quando uma apresentao pressupe uma anlise prvia, um conhecimento especfico ou uma avaliao anterior, as afirmaes envolvem julgamentos e tomada de posio acerca do objeto. Veja, no exemplo a seguir, a apresentao de um livro estruturada por meio de um juzo positivo de valor: Os captulos que compem estes 20 Textos que fizeram Histria refletem a vida recente do pas e, ao mesmo tempo, testemunham as virtudes e percalos do jornalismo praticado pela Folha. Da relativa ingenuidade dos textos que compem a cobertura do incndio no edifcio Joelma, em So Paulo, ao tom vigilante das coberturas sobre o mau uso do dinheiro pblico, passando pelo engajamento na defesa das eleies diretas, em 1984, o que se abre ao leitor um jornal em permanente movimento, decidido a exercer sua funo crtica e a informar seus leitores acima de qualquer obstculo. Folha de S. Paulo. 20 textos que fizeram Histria. So Paulo, 1991, p. 7. Comentrio de uma citao ou de um fato Assim como no item anterior, esse comentrio pressupe uma posio do redator em relao ao que vai apresentar. Essa posio pode ser definida por meio de figuras de linguagem como a comparao, a personificao, a metfora. Pode tambm trazer descries ilustrativas e outros recursos de nfase e valorizao dos aspectos que merecem a ateno do leitor. Observe o exemplo a seguir, em que a narrao descritiva da queda do muro de Berlim formulada com base na adjetivao e nas comparaes, focalizando as impresses do redator: A ORDEM DAS IDIAS 101 O cenrio parecia extrado de algum livro maluco de fico. jovens armados de ps e picaretas arremetiam, furiosos, contra o muro de cimento, em Berlim, estimulados por gritos, s vezes histricos, de dezenas de milhares de pessoas. Toda vez que uma laje do muro caa, o feito era comemorado como se tratasse de um ritual brbaro de luta e conquista. Folha de S. Paulo. 20 textos que fizeram Histria. So Paulo, 1991, p. 7. Interrogao Construir uma pergunta de efeito retrico, pois no para ser efetivamente respondida pelo leitor, uma das formas mais simples de apresentao de uma idia. Quem pergunta, promete a resposta. O desenvolvimento do texto ser, ento, a resposta questo formulada. Essa resposta exige ampliaes, explicaes, detalhes, que podem ocupar o pargrafo, o captulo ou o livro todo. Veja um exemplo: Muitos fazem essa pergunta: afinal, para que Filosofia? uma pergunta interessante. No ouvimos ningum perguntar: para que matemtica ou fsica? Marilena Chaui. Convite Filosofia. So Paulo: Ed. tica, 8 ed.,1997, p. l3j b) Ampliao e explicao Tanto a idia principal, em geral apresentada no incio do texto, como as secundrias passam por processos de expanso que envolvem detalhamento e aprofundamento. Esse recurso se constitui como: Esclarecimento do significado das expresses, palavras ou conceitos utilizados. Expresses como: isto , ou seja, o que quer dizer essa expresso significa, aparecem com freqncia 102 TCNiCA DE REDAO nessas situaes. H, ento, uma expanso de elementos j apresentados no texto, como nos exemplos: A palavra mtodo vem do grego, methodos composta de meta atravs de, por meio de, e de hodos; via, caminho Usar um mtodo seguir regular e ordenadamente um caminho atravs do qual uma certa finalidade ou um certo objetivo alcanado Marilena Chauj. Idem, p. 157. Quando se diz que a filosofia um frito grego, o que se quer dizer que ela possui certas caractersticas, apresenta certas formas de pensar e de exprimir os pensamentos, estabelece certas concepes sobre o que sejam a realidade, o pensamento a ao, as tcnicas, que so completamente diferentes das caractersticas desenvolvidas por outros povos e por outras culturas. Marilena Chaui. Idem, p. 20. Enumerao de fatores constitutivos ou acumulao de elementos que complementam a idia inicial. Observe um exemplo em que a enumerao assinalada por nmeros: No caso do conhecimento mtodo o caminho ordenado que o pensamento segue por meio de um conjunto de regras e procedimentos racionais, com trs finalidades 1. conduzir descoberta de uma verdade at ento desconhecida,. 2. permitir a demonstrao e a prova de uma verdade j conhecida 3. permitir a verificao de conhecimentos para averiguar se so ou no verdadeiros MarilenaChauiIdem 157 Nem sempre recursos de numerao, ou Outros que indiquem a diviso (como a, b, c ou sinais de itens), so necessrios: A ORDEM DAS IDIAS Os estudos recentes mostraram que mitos, cultos religiosos, instrumentos musicais, dana, msica, poesia, utenslios domsticos e de trabalho, formas de habitao, formas de parentesco e formas de organizao tribal dos gregos foram resultado de contatos profundos com as culturas mais avanadas do oriente e com a herana deixada pelas culturas que antecederam a grega, nas regies onde ela se implantou. Marilena Chaui. Idem, p. 27. Algumas expresses indicam de forma explcita que h uma insero de exemplo: para exemplificar podemos observar por exemplo, para comprovar o que foi dito, exemplo disso , como exemplo pode-se observar, assim o que ocorre no caso em que... A exemplificao um recurso muito til tanto nos textos didticos como nos textos argumentativos, nos quais os dados, as estatsticas, os testemunhos, as evidncias vm reforar a idia que defendida pelo autor. Os exemplos podem tornar o texto menos abstrato e facilitar a compreenso do leitor, como no seguinte fragmento: Um exemplo de luta social para interferir nas decises sobre as pesquisas e seus usos encontra-se nos movimentos ecolgicos e em muitos movimentos sociais ligados a reivindicaes de direitos. Marilena Chaui. Idem, p. 28J Um texto no existe sozinho. Ele traz o eco de vrios outros textos com os quais se relaciona e que constituem um contexto amplo em que se situa. Como j vimos anteriormente, h citaes implcitas, que um leitor experiente reconhece, mesmo sem marcas evidentes. H aluses. que so citaes apenas sugeridas e h citaes explcitas. Nessas, a voz do outro pode vir entre aspas, repetindo fielmente as palavras do texto original, e pode vir em forma de parfrase das 103 104 TCNICA DE REDAO palavras- do autor citado. H expresses que indicam claramente insero de citaes: segundo o especialista X, de acordo com o que afirma X, XJ afirmou que, conforme X, em sua obra, para X a questo ... Se fao uma parfrase, as aspas so dispensadas: Segundo Marilena Chaui, a filosofia uma importante forma de conhecimento do mundo. Se uso as prprias palavras do autor citado, tenho que marclas com aspas a partir do ponto em que comeo a transcrio: De acordo com Marilena Chaui (1997, p. 20), a Filosofia pode ser entendida como aspirao ao conhecimento racional, lgico e sistemtico da realidade natural e humana, da origem e das causas do mundo e das suas transformaes, da origem e das causas das aes humanas e do prprio pensamento . Ao inserir voz, declarao, opinio ou testemunho de outra pessoa, usamos verbos especiais, que so chamados dicendi. Tanto no discurso direto (que transcreve literalmente as palavras do outro aps um travesso) como no discurso indireto (em que a fala do outro est parafraseada pelo redator sem travesso) esses verbos so utilizados com freqncia. Podem agregar algum significado adicional ao simples ato de dizer impregnando-o de interpretao. Observe alguns desses verbos e analise o sentido que acrescentam idia de dizer: falar, ordenar, referir, asseverar, perguntar, afirmar, declarar, esclarecer, testemunhar, explicar, enunciar, concluir. registrar. informar discorrer acentuar ponderar, expressar, discursar, indicar, proferir, exclamar, narrar, descrever preceituar, declamar, bradar, pronunciar, aconselhar, comprovar, corroborar, A ORDEMDASIDIAS 105 ratificar, confirmar, demonstrar, refutar, argumentar, justificar, expor, mencionar, denunciar, citar, considerar, alegar, comunicar, negar, contestar, contradizer, replicar, discutir, questionar.. A escolha de um desses verbos indica um comentrio ao ato de falar do outro. Se prefiro o verbo ponderar ao verbo dizer, por exemplo, j estou informando que a posio de quem fala de reflexo. . Uma idia pode ser ampliada, aprofundada ou esclarecida por meio de histrias que lhe sirvam de ilustrao. Dependendo do tipo de texto, as histrias podem ser cmicas, engraadas, pitorescas, histricas, hericas... A escolha vai depender das intenes do autor e do tipo de texto. Observe o exemplo de narrao ilustrativa a seguir: Consta que, em certa ocasio, Bachelard interrompeu um jornalista que o entrevistava dizendo-lhe: parece que voc vive num apartamento e no numa casa . O que o senhor quer dizer com isso? , perguntou o entrevistador. A resposta de Bachelard foi: a diferena entre uma casa e um apartamento que, na primeira, alm da zona habitvel, h uma adega (para onde descemos) e um sto (para onde subimos). Quer dizer: no podemos viver limitados apenas ao nvel do cdigo restrito da cincia. Questes como o que o amor? e o que a amizade? so muito importantes. Por isso, ser humano por vezes significa subir ao sto, vale dizer, viver uma busca das significa es da existncia atravs dos smbolos filosficos, poticos, artsticos, religiosos etc. E descer adega por vezes significa olhar o que se passa nos subterrneos e nos fundamentos psicolgicos ou sociais de nossa existncia afim de discernir nossos condicionamentos, aquilo que nos esmaga ou nos liberta. Aos que jamais sobem ao sto ou descem adega falta uma dimenso humana relevante. Mas os que s vivem ou no sto ou na adega so pouco equilibrados. Hilton Jupiassu. Um desafio Educao. So Paulo: Letras e Letras, 1999, p. 266. (adaptado) 106 TCNICA DE REDAO Utilizar narraes ilustrativas interessantes depende de muita informao, experincia e leitura. Mais um motivo para procurar um bom convvio com textos de diversas naturezas. c) Diviso A diviso de uma idia em subtpicos abre novas vertentes de desenvolvimento do raciocnio. Geralmente, na diviso, utilizamos uma enumerao para antecipar as linhas em que o assunto vai se desenvolver. Cada aspecto exige desdobramentos e explanaes que representam progresso das informaes. Como j foi dito, h expresses que, combinadas entre si, indicam diviso de idias, facilitam a organizao do texto e a compreenso do leitor: em primeiro lugar... em segundo... por ltimo...; primeiramente... depois... em seguida... finalmente...; o primeiro aspecto ... um outro aspecto por um lado... por outro lado. Observe um exemplo em que o texto est organizado pela diviso da idia: Uma escola alem de Filosofia, a escola de Frankfurt, elaborou uma concepo conhecida como Teoria Crtica, na qual distingue duas formas da razo: a razo instrumental e a razo crtica. A razo instrumental a razo tcnico-cientfica, que faz das cincias e das tcnicas no um meio de libertao dos seres humanos, mas um meio de intimidao, medo, terror e desespero. Ao contrrio, a razo crtica aquela que analisa e interpreta os limites e os perigos do pensamento instrumental e afirma que as mudanas sociais, polticas e culturais s se realizaro verdadeiramente se tiverem como finalidade a emancipao do gnero humano e no as idias de controle e domnio tcnico-cientfico sobre a natureza, a sociedade e a cultura. Marilena Chaui. Idem, p. 50. A ORDEM DAS IDIAS 107 d) Oposio Muitas vezes a idia ou informao deve ser apresentada e discutida em confronto com outra posio ou forma de pensamento. Quando esse o caso, normalmente o texto estabelece duas (ou mais) linhas de desenvolvimento paralelas que ora se opem, ora se explicam, ora convergem, focalizando diferenas. Alm do exemplo do item anterior, que no segundo pargrafo apresenta uma oposio, observe o texto a seguir: A diferena entre os sofistas, de um lado, e Scrates e Plato, de outro, dada pelo fato de que os sofistas aceitam a validade das opinies e das percepes sensoriais e trabalham com elas para produzir argumentos de persuaso, enquanto Scrates e Plato consideram as opinies e as percepes sensoriais, ou imagens das coisas, como fonte de erro, mentira e falsidade, formas imperfeitas do conhecimento que nunca alcanam a verdade plena da realidade. Marilena Chaui. Idem, p. 40. e) Comparao ou analogia Como no caso anterior, duas ou mais idias so apresentadas, mas agora a posio de equilbrio, no de oposio, e so focalizadas as semelhanas, as igualdades. Observe no exemplo a seguir como o desdobramento da idia sugere duas linhas informativas para desenvolvimento do texto, uma acerca de Clarice Lispector e outra acerca de Guimares Rosa: As experincias radicais tanto de Clarice Lispector como de Guimares Rosa foram os limites do gnero romance e tocam a poesia e a tragdia. O heri procura ultrapassar o conflito que o constitui existencialmente pela transmutao mtica ou metafsica da realidade. Alfredo Bosi. Histria Concisa da Literatura Brasileira. So Paulo: Cultrix, 1989, p. 442. (adaptado) 108 TCNICA DE REDAO f) Situao no tempo e no espao Algumas informaes so colocadas no texto com o objetivo de contextualizar de forma explcita as idias, fatos e fenmenos. Tm relao com a cronologia e com o lugar. No exemplo a seguir, as informaes esclarecem o ambiente em que floresce a democracia, que a idia a ser desenvolvida posteriormente no texto: Com o desenvolvimento das cidades, do comrcio, do artesanato e das artes militares, Atenas tornou-se o centro da vida social e poltica e cultural da Grcia. vivendo seu perodo de esplendor conhecido como o Sculo de Pricles. a poca de maior florescimento da democracia. Marilena Chaui. Idem, p. 36. g) Concluso Em textos dissertativos, importante assinalar claramente para o leitor que as idias so conclusivas. Por isso, freqente o uso de palavras e expresses que indicam resumo de idias anteriores, encerramento de um raciocnio, concluso parcial ou final, tais como: em vista disso podemos concluir; diante do que foi dito; diante desse quadro; concluindo; em suma; em outras palavras; portanto; assim... Observe os exemplos: Em outras palavras, Filosofia um modo de pensar e exprimir os pensamentos que surgiu especificamente com os gregos e que, por razes histricas e polticas, tornou-se, depois, o modo de pensar e de se exprimir predominante da chamada cultura europia ocidental da qual, em decorrncia da colonizao portuguesa do Brasil, ns tambm participamos. Marilena Chaui. Idem, p. 21. A ORDEM DAS IDIAS 109 Em suma, a filosofia surge quando se descobriu que a verdade do mundo e dos humanos no era algo secreto e misterioso, que precisasse ser revelado por divindades a alguns escolhidos, mas que, ao contrrio, podia ser conhecida por todos; quando se descobriu que tal conhecimento depende do uso correto da razo ou do pensamento e que, alm da verdade poder ser conhecida por todos, podia, pelo mesmo motivo, ser ensinada ou transmitida a todos. Marilena Chaui. Idem, p. 23. h) Organizao textual Os pargrafos organizadores explicam como o texto est estruturado. Esclarecem objetivos, antecipam idias de forma resumida, concluem pensamentos, resumindo o que j foi dito. Citam o prprio texto, seus captulos e subdivises, articulando as idias entre si. So expresses e pargrafos que conduzem e facilitam os procedimentos e a interpretao do leitor, situando-o melhor em relao estrutura textual. Observe o exemplo a seguir: No captulo anterior vimos que a lngua grega possua duas palavras para referir-se linguagem: mythos e logos. Vimos tambm, tanto no estudo da linguagem quanto no da inteligncia, que falar e pensar so inseparveis. Por isso mesmo, podemos referir- nos a duas modalidades do pensamento, conforme predomine o mythos ou o logos. Marilena Chaui. Idem, p. 160. 4. Da concepo organizao das idias De acordo com o que apresentamos, h muitas possibilidades de captao, registro e organizao inicial das idias. Para gerar, selecionar e hierarquizar as idias voc pode: fazer 110 TCNICA DE REDAO anotaes independentes medida que as idias forem surgindo; escrever tudo que vem mente; listar palavraschave. construir logo um Primeiro pargrafo; partir de uma idia Principal e elaborar um esquema; partir de um pequeno resumo ou escrever blocos de texto independentes. Qualquer uma dessas tcnicas, e ainda outras que voc pode criar, pode funcionar como o incio da escrita propriamente dita. Depende de cada indivduo e de seu processo de atividade intelectual. Ao hierarquizar as idias de um texto observamos que elas apresentam caractersticas e funes distintas: apresentao; ampliao ou explicao; diviso; Oposio; comparao ou analogia; Situao no tempo ou no espao; concluso; organizao textual; entre outras que no foram relacionadas aqui neste livro. Quando o redator tem clareza sobre essas especificidades de cada trecho do texto, as Possibilidades de Construo tornam-se mais ntidas e o trabalho alcana um melhor resultado. 5. Prtica de organizao a) Escrever um artigo opinativo acerca do tema que est em maior evidncia hoje, para oferecer ao jornal de sua cidade como colaborao. Em geral, por motivo de economia de espao nos jornais esses artigos tm aproximadamente duas pginas de 30 linhas. Leia alguns artigos que tratem do tema. Faa anotaes. Depois de escrever, reler e reescrever at se sentir satisfeito com o resultado, analise as partes do texto e identifique as formas de organizao que Utilizou. b) Escolha outro tema e faa outro percurso. Leia alguns artigos que tratem do tema. Faa anotaes ou esquema. Estabelea, primeiramente a partir das suas anotaes a natureza de relao entre as idias de cada trecho. Desenvolva o texto acompanhando esse roteiro e o esquema das idias. c) Sempre que estiver lendo um texto, para o estudo ou trabalho, procure identificar, em cada trecho, qual a natureza da relao entre as idias.