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John Bevere O Temor do Senhor Traduzido do original em inglês: The Fear of The Lord Copyright © 1996 by John Bevere Publicado originalmente por Creation House Tradução: Eliseu e Irene Pereira Revisão: Audrey Paixão Projeto gráfico: Roberta Vital Braga Capa: Marcelo Silva Segunda edição: Julho de 2002 EDITORA ATOS LTDA. Caixa Postal 402 30161 -970 - Belo Horizonte - MG Televendas: 0800-31-5580 -E.G.-

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John Bevere O Temor do Senhor

Traduzido do original em inglês: The Fear of The Lord

Copyright © 1996 by John Bevere Publicado originalmente por Creation House

Tradução: Eliseu e Irene Pereira

Revisão: Audrey Paixão

Projeto gráfico: Roberta Vital Braga

Capa: Marcelo Silva Segunda edição: Julho de 2002

EDITORA ATOS LTDA.

Caixa Postal 402

30161 -970 - Belo Horizonte - MG Televendas: 0800-31-5580

-E.G.-

_______________

Este livro foi digitalizado com o intuito de disponibilizar literaturas edificantes à todos aqueles que não tem condições financeiras ou não

tem boas literaturas ao seu alcance.

Muitos se perdem por falta de conhecimento como diz a Bíblia, e às vezes por que muitos cobram muito

caro para compartilhar este conhecimento.

Estou disponibilizando esta obra na rede para que você através de um meio de comunicação tão versátil

tenha acesso ao mesmo.

Espero que esta obra lhe traga edificação para sua vida espiritual.

Se você gostar deste livro e for

abençoado por ele, eu lhe recomendo comprar esta obra impressa para

abençoar o autor.

Esta é uma obra voluntária, e caso encontre alguns erros ortográficos

e queira nos ajudar nesta obra, faça a correção e nos envie.

Grato _______________

Sumário

Introdução Capítulo 1 - Vento do Céu Capítulo 2 - Glória Transformada Capítulo 3 - O Sermão do Universo

Capítulo 4 - Ordem, Glória, Julgamento: Parte 1 Capítulo 5 - Ordem, Glória, Julgamento: Parte 2 Capítulo 6 - Um Santuário Novo

Capítulo 7 - Uma Oferta Irreverente Capítulo 8 - Julgamento Adiado Capítulo 9 - A Glória Vindoura

Capítulo 10 - A Restauração da Glória de Deus Capítulo 11 - A Habilidade para Ver Capítulo 12 - De Glória em Glória Capítulo 13 - Amizade com Deus Capítulo 14 - As Bênçãos do Santo Temor Epílogo

AGRADECIMENTOS

Eu gostaria de dedicar este livro a minha esposa, Lisa. Sou um homem privilegiado por ser casado com esta mulher. Precisaria de outro livro para falar sobre suas virtudes e seu caráter piedoso, mas se fosse resumir sua vida em uma frase, seria: ela é uma mulher que teme ao Senhor.

Fala com sabedoria, e a instrução da bondade está na sua língua. Atende ao bom andamento da sua casa e não come o pão da preguiça. Levantam-se os seus filhos e lhe chamam ditosa, seu marido a louva, dizendo: Muitas mulheres procedem virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas. Enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada (Pv 31:26-

30).

Eu agradeço a ti, Pai, por tua filha, Lisa Bevere.

Minha gratidão mais profunda a

Minha esposa, Lisa. Depois do Senhor, você é meu maior

amor e tesouro. Obrigado pelas horas de trabalho com as quais você contribuiu para a preparação deste livro. Eu amo você, querida!

Aos nossos quatro filhos: todos vocês têm trazido grande ale-gria a minha vida. Obrigado por compartilharem do chamado de Deus e por me encorajarem a viajar e a escrever.

Aos meus pais, John e Kay Bevere: obrigado por me ensina-rem, desde o início, o temor do Senhor, e pelo estilo de vida

piedoso exemplificado por vocês. Aqueles que tomaram de seu tempo e deram uma porção de

suas vidas para ensinar-me e mostrar-me os caminhos do reino. Eu tenho visto diferentes aspectos de Jesus em cada um de vocês.

Obrigado a equipe do Ministério John Bevere pelo apoio cons-tante e fidelidade. Lisa e eu amamos cada um de vocês, com carinho.

Obrigado à equipe da Creation House, que tem trabalhado

conosco e tem apoiado tanto nosso ministério. É uma alegria trabalhar com vocês.

Acima de tudo, minha sincera gratidão ao meu Senhor. Como poderiam as palavras reconhecer adequadamente tudo que tu tens feito por mim e pelo teu povo? Eu jamais poderei expressar o quanto eu te amo. Eu te amarei sempre!

O santo temor é a chave para o firme fundamento de Deus, que revela os tesouros da salvação, da sabedoria

e do conhecimento.

INTRODUÇÃO

No verão de 1994, fui convidado a ministrar em uma igreja

no sul dos Estados Unidos. Aquela experiência acabou se transformando em uma das mais desagradáveis que já havia tido no meu ministério. Mas, apesar disso, uma busca ardente nasceu

no meu coração, uma busca para conhecer e compreender o temor do Senhor.

Dois anos antes, aquela igreja havia experimentado um poderoso mover de Deus. Um evangelista esteve ali por um período de quatro semanas, e o Senhor reavivou aquela igreja com sua

presença. Eles estavam experimentando uma plenitude do que

muitos chamam de "riso santo". Isso foi tão renovador que o pastor e muitas de suas ovelhas fizeram o que tão frequentemente acontece: permaneceram acampados no lugar de refrigério, ao invés de continuarem à busca de Deus. Eles desenvolveram mais interesse pelas manifestações de refrigério do que por conhecer ao Senhor que refrigera.

Na segunda noite de nossas reuniões, o Espírito de Deus me conduziu a pregar sobre o temor do Senhor. Nessa época, minha compreensão a respeito do temor do Senhor ainda estava se

formando, mas Deus conduziu-me a pregar sobre o que já havia me ensinado por meio das Escrituras.

Na noite seguinte, fui para o culto totalmente despreparado

para o que estava prestes a acontecer. Sem qualquer discussão prévia, o pastor da igreja se colocou de pé, após o período de louvor e adoração, e passou um espaço de tempo considerável corrigindo o que eu havia pregado na noite anterior. Eu estava sentado na primeira fila, um tanto chocado. A base da sua correção eram os crentes do Novo Testamento que não tinham

medo de Deus. Ele se baseou em I João 4:18:

No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor.

Ele havia confundido um espírito de medo com o temor do Senhor.

Na manhã seguinte, encontrei um local reservado fora do ho-tel, onde passei um bom tempo orando. Cheguei diante do Senhor com o coração aberto e me submeti a qualquer correção que Ele desejasse me aplicar. Tenho aprendido que a correção de Deus

visa sempre o meu bem. Ele nos corrige para que possamos nos

tornar participantes da sua santidade (Hb 12:7-11). Então, naquele momento, senti o imenso amor de Deus. Não

percebi Deus desapontado comigo pelo que eu havia pregado, mas

será o seu prazer. Lágrimas escorreram pelo meu rosto diante da

sua maravilhosa presença. Eu continuei em oração e, depois de algum tempo, me vi

clamando do fundo do meu espírito pelo conhecimento do temor do Senhor. Elevei minha voz e, reunindo toda a força que havia dentro de mim, clamei: "Pai, eu quero conhecer e quero andar no temor do Senhor!"

Quando terminei de orar, não me preocupei com o que poderia enfrentar no futuro. Tudo o que queria era conhecer o coração de Deus. Sentia que minha busca para aprender esse

aspecto da sua natureza santa o havia agradado profundamente. Desde aquele dia, Deus tem sido fiel em me revelar a importância do temor do Senhor. Ele tem revelado seu desejo para que todos

os cristãos também reconheçam a importância do temor. Embora sempre soubesse que o temor do Senhor era

importante, não compreendia muito bem como ele era essencial, até que Deus abriu meus olhos em resposta àquela oração. Sempre via o amor de Deus como o fundamento para o relacionamento com o Senhor. Descobri rapidamente que o temor

do Senhor era igualmente fundamental. Isaías diz:

O Senhor é sublime, pois habita nas alturas; encheu a Sião de direito e de justiça. Haverá, ó Sião, estabilidade nos teus tempos, abundância de salvação, sabedoria e conhecimento; o temor do Senhor será o teu tesouro (Is 33:5-6).

O santo temor é a chave para o firme fundamento de Deus,

que revela os tesouros da salvação, da sabedoria e do conhecimento. Juntamente com o amor de Deus, o temor constitui o próprio fundamento da vida! Nós aprenderemos que não poderemos amar a Deus verdadeiramente a menos que o

temamos, nem poderemos temê-lo corretamente a menos que o amemos.

Enquanto escrevia este livro, nossa família estava construindo uma nova casa. Visitei a obra muitas vezes, e Deus usou esses momentos para ensinar-me lições a partir de alguns princípios básicos de construção. A verdadeira construção começa

com o alicerce e o madeira-mento da casa. É isso que vai sustentar todos os componentes finais, tais como os azulejos, o carpete, as janelas, os armários e a pintura. Uma vez que a casa está completa, você já não vê qualquer parte do alicerce e da

estrutura, embora sustentem e protejam todas as belas mobílias e o acabamento interior. Sem essa estrutura, você não teria nada

mais do que uma pilha de materiais. O mesmo é verdade em relação à elaboração deste livro. Nós

vamos delinear claramente o temor de Deus e seu julgamento; daí

vamos prosseguir para um conhecimento íntimo de Deus. Vamos esboçar a proteção do julgamento providenciado por este temor e concluir com o papel do temor na nossa intimidade com Deus. Cada capítulo contém verdades que tanto informam quanto transformam.

Os primeiros capítulos proverão a estrutura para o restante

do livro. Eles vão desenvolver em nosso espírito a força para sustentar o que Deus nos revelará.

Leia este livro como se ele fosse uma casa em construção.

Não salte da estrutura para a colocação do carpete. Sem um telhado, o carpete precisará ser substituído antes que a construção esteja terminada. A construção é progressiva.

Tire um tempo para ler em oração e compreender cada capítulo antes de seguir para o próximo. Peça ao Espírito Santo para lhe revelar a Palavra de Deus por meio deste livro, porque a letra mata, mas o Espírito vivifica (2Co 3:6).

O temor do Senhor não é compreendido com a mente, mas

gravado em nossos corações. Ele é revelado pelo Espírito Santo quando nós lemos a sua Palavra. É uma das manifestações do Espírito de Deus (Is 11:1, 2). Deus o dará aos corações daqueles

que sinceramente o buscam (Jr 32:40). Vamos orar antes de começar:

"Pai, em nome de Jesus, eu abri este livro porque desejo conhecer e entender o santo temor do Senhor. Sei que isso é im-possível sem a ajuda do Espírito Santo. Peço que o Senhor me unja com seu Espírito. Abre meus olhos para ver, meus ouvidos para ouvir, e meu coração para que eu possa conhecer e compreender o que tu estás a me dizer.

Enquanto eu leio, faze-me ouvir tua voz nas palavras deste livro. Transforma-me, elevando-me de um nível de glória para outro. Então, eleva-me novamente com o alvo de, finalmente, verte face a face. Permita que minha vida seja transformada, de modo que eu nunca mais seja o mesmo.

Por isto, dou a ti todo o louvor, a glória e a honra, agora e

para sempre. Amém."

John Beyere Orlando, Flórida

Você acha que o Rei dos reis e Senhor dos senhores vai entrar em um lugar onde Ele não recebe a honra e a

reverência que merece?

CAPÍTULO 1

VENTO DO CÉU

Mostrarei a minha santidade naqueles que se cheguem a mim, e serei glorificado diante de todo o povo (Lv 10:3).

Era apenas o décimo dia do ano de 1997. Naqueles poucos

dias já havia estado na Europa e na Ásia para ministrar. Estava muito empolgado, quando novamente tomei um avião, dessa vez

para a América do Sul. Eu nunca estivera no Brasil e sentia-me honrado por ter sido convidado para falar em uma conferência nacional, que seria realizada em três das maiores cidades do país. Depois de viajar a noite toda, fui recebido no aeroporto por alguns

líderes muito ansiosos e cheios de expectativa. Eles haviam esperado muito por aquelas reuniões, e o entusiasmo deles me reavivou.

O primeiro culto seria realizado naquela mesma noite em Brasília, capital do país. Depois de algumas poucas horas de descanso, eu e o pr. Gary Haynes, meu intérprete, fomos

apanhados no nosso hotel e levados à reunião. Havia uma grande

aglomeração de carros no estacionamento e nas imediações, e eu pude ver que a reunião teria muitas pessoas. Quando nos aproximamos do edifício, pude ouvir a música que vinha através das janelas de ventilação, entre o alto da parede e o teto. Minha própria ansiedade e expectativa aumentaram quando ouvi as

canções de louvor familiares, cantadas em português. Uma vez dentro do auditório, fui conduzido diretamente à

plataforma. O local, que comportava cerca de quatro mil pessoas, estava repleto. A plataforma parecia balançar com músicas de louvor de alta intensidade e de qualidade muito boa, pois os

músicos eram qualificados e tocavam com harmonia. As canções

também eram excelentes, e os líderes eram dotados de vozes muito boas. Apesar de tudo, percebi rapidamente uma completa ausência da presença de Deus. Quando corri os olhos pela multidão e pelos músicos, pensei: "Onde está Deus?" Imediatamente perguntei: "Senhor, onde está tua presença?"

Enquanto esperava pela resposta do Senhor, prestei atenção

ao que estava acontecendo no edifício. Pelas luzes brilhantes da plataforma, eu podia ver as pessoas se movendo para todos os lados. Muitos em pé e de olhos abertos procuravam alguma coisa

ou alguém no auditório. Outros pareciam estar desinteressados, de mãos nos bolsos ou simplesmente inertes. Toda a postura das pessoas e seus semblantes davam a impressão de uma multidão

indiferente, esperando pacientemente pelo início de um show.

Alguns conversavam e outros perambulavam pelos corredores,

entrando e saindo do auditório. Eu comecei a me entristecer. Aquilo não era um culto evangelístico, mas uma conferência para crentes. Sabia que podia haver alguns entre os presentes que não eram crentes; contudo, também sabia que a maioria deles, naquela multidão desinteressada, era "cristã". Aguardei alguns momentos na esperança de que as pessoas entrariam em

verdadeira reverência ao Senhor. Eu pensei: "certamente este clima vai mudar". Mas não mudou. Depois de vinte ou trinta minutos, o ritmo das músicas tornou-se mais lento, o que

chamamos de "canções de adoração". Porém, o que eu presenciava estava longe de uma verdadeira adoração. Aquele mesmo comportamento desinteressado que havia observado quando

entrei no auditório, havia permanecido durante o culto. Quando o período de louvor terminou, parecia ter passado

mais de uma hora, mas, de fato, foram menos de quarenta minutos.

Os presentes foram convidados a se assentar, mas o ruído subjacente da conversação descuidada continuou. Um dos líderes

pegou o microfone para exortar as pessoas, porém, elas continuaram a conversar. O líder leu a Bíblia e ensinou. O tempo

todo eu ouvi o ruído surdo de muitas vozes falando ao mesmo tempo e muitas pessoas se movendo dentro da congregação. Também notei que muitos não prestavam atenção ao pregador. Mal podia acreditar no que estava presenciando. Frustrado, me

voltei para o pr. Gary Haynes e perguntei-lhe se aquele comportamento era normal nos seus cultos.

Ele compartilhou do meu desagrado. "Às vezes, eu tenho que me dirigir às pessoas e pedir-lhes que, por favor, prestem atenção", ele sussurrou. Naquele momento, eu estava ficando irado. Eu já havia estado em outras reuniões onde as pessoas se

comportaram daquele modo, mas nunca a tal ponto. Em cada uma dessas reuniões eu tinha encontrado uma atmosfera espiritual semelhante - opressão e vazio da presença de Deus. Agora, sabia que minha pergunta "Senhor, onde está sua presença?" havia sido respondida. Certamente a presença de Deus não estava ali.

Então, o Espírito de Deus me disse: "Eu quero que você con-fronte isto diretamente".

Quando finalmente fui apresentado, o murmúrio havia diminuído, mas ainda estava presente. Caminhei até o púlpito e

fiquei ali, encarando a multidão. Estava determinado a não dizer nada até que obtivesse a atenção deles. Sentia uma ira santa

queimando dentro do meu peito. Depois de um minuto, todos se calaram percebendo que algo estava acontecendo na plataforma.

Não me apresentei nem cumprimentei a multidão. Ao invés

disso, iniciei com esta pergunta: "Como você se sentiria se, enquanto você fala com uma pessoa, ela o ignora o tempo todo ou continua conversando com outra pessoa ao lado? Ou se a outra pessoa desviasse os olhos com desinteresse e desrespeito?"

Fiz uma pausa e, então, respondi minha própria pergunta: "Você não iria gostar disto, iria?"

Eu continuei a sondagem: "E se cada vez que tocasse a cam-painha para visitar a casa de um vizinho, você fosse recebido com uma atitude desinteressada e um suspiro de monotonia: oh, é

você novamente; entre?" Parei novamente, e então acrescentei: "Você não o visitaria

mais, visitaria?"

Então, declarei firmemente: "Você acha que o Rei dos reis e Senhor dos senhores vai entrar em um lugar onde não recebe a devida honra e reverência? Você acha que o Mestre de toda a criação irá falar quando a sua Palavra não é respeitada o bastante para ser ouvida atentamente? Se você acha que sim, você está enganado!"

Continuei: "Hoje à noite, quando entrei neste lugar, não senti a presença de Deus em nada. Nem no louvor, nem na

adoração, nem na exortação e nem durante a oferta. Há uma razão: o Senhor nunca está onde não é reverenciado. Até o presidente do país receberia todas as honras se estivesse nesta plataforma esta noite, por simples respeito ao seu cargo. Se eu

estivesse aqui com um dos seus jogadores de futebol favoritos, muitos de você estariam sentados à beira dos seus assentos, prestando toda atenção. Vocês estariam cheios de expectativa e ouviriam cada palavra que ele falasse. Contudo, quando a Palavra de Deus foi lida alguns momentos atrás, vocês mal a ouviram, porque a avaliaram levianamente".

Eu continuei, fazendo uma leitura sobre o que Deus requer daqueles que se aproximam dele:

Mostrarei a minha santidade naqueles que se cheguem a

mim, e serei glorificado diante de todo o povo (Lv 10:3).

Durante uma hora e meia, preguei a mensagem que Deus fazia arder no meu coração. As palavras vinham com coragem e autoridade, sem medo do que as pessoas pensariam nem como elas reagiriam.

"Se eles me mandarem embora deste país amanhã, eu não me importo; prefiro obedecer a Deus", disse a mim mesmo - e

estava falando sério. Você poderia ouvir um alfinete caindo nos momentos de

silêncio entre cada uma das minhas afirmações. Durante uma

hora e meia não houve nenhum ruído na multidão. Não havia mais desrespeito. O Espírito de Deus havia prendido a atenção das pessoas pela sua Palavra. A atmosfera estava mudando a cada instante. Podia sentir a Palavra de Deus batendo nos corações endurecidos.

No final da minha mensagem, pedi a todos os presentes para

fecharem os olhos. O chamado para arrependimento foi claro e breve: "Se você tem tratado como comum o que Deus chama santo, se tem vivido com urna atitude irreverente para com as

coisas de Deus, e se hoje à noite você foi convencido pelo Espírito Santo, por meio da sua Palavra, você está pronto a se arrepender diante do Senhor? Se está, fique em pé". Sem hesitar, 75% dos

que estavam presentes se colocaram de pé. Curvei minha cabeça e fiz esta oração simples e sincera em

voz alta: "Senhor, confirma a tua Palavra pregada hoje, à noite, a estas pessoas".

Imediatamente, a presença do Senhor encheu aquele auditó-rio. Embora não tivesse conduzido a congregação em oração,

podia ouvir a multidão caindo em choro e soluço. Era como se uma onda da presença de Deus tivesse varrido o auditório,

trazendo limpeza e refrigério. Não era possível que todos os presentes viessem ao altar; assim, dirigi uma oração de arrependimento que poderia ser repetida de onde estavam. Via as pessoas enxugando as lágrimas que escorriam. A maravilhosa

presença de Deus permanecia ali. Depois de alguns minutos, a sensação da presença de Deus

diminuiu. Eu encorajei as pessoas a não perderem a atenção no seu Mestre. Chegai-vos a Deus e ele se chegará a vós outros (Tg 4:8).

Alguns momentos se passaram, e outra onda da presença de

Deus inundou o auditório. Havia mais lágrimas, pois o pranto se intensificou. A presença de Deus era ainda mais abrangente dessa vez, e mais pessoas foram tocadas pelo Mestre. Isso durou alguns minutos e, então, novamente diminuiu. Eu exortei as pessoas a não se distraírem entre as ondas de manifestação, mas a manterem seus corações atentos.

Alguns minutos depois, ouvi o Espírito de Deus sussurrar no meu coração: "Eu estou voltando mais uma vez". Imediatamente senti isso e disse: "O Espírito de Deus está voltando novamente!"

O que escrevo agora de modo algum pode representar, com

precisão, o que aconteceu logo depois. Minhas palavras são tão limitadas, e Deus é tão tremendo! Também não vou exagerar, pois

isso seria irreverente. Consultei três outros líderes que estavam presentes para esclarecer e confirmar o que descrevo a seguir.

No mesmo instante em que pronunciei a palavra "novamen-

te", aconteceu o seguinte: a única maneira que poderia descrever isso é comparando como se eu estivesse a uns cem metros do fim de uma pista, com um enorme jato vindo em minha direção. Isso descreve o rugido do vento que soprou imediatamente sobre aquele auditório. Quase simultaneamente, as pessoas irromperam em fervorosa e intensa oração, com suas vozes elevando-se e

reunindo-se num clamor uníssono. Quando ouvi o rugir do vento pela primeira vez, pensei que

um jato estivesse passando bem em cima do edifício. De maneira

alguma queria atribuir a Deus algo que Ele realmente não estivesse fazendo. Minha mente rapidamente tentou se lembrar da distância do aeroporto. Mas não ficava perto daquele edifício, e

durante duas horas não houve nenhum som de avião sobrevoando aquele local.

Eu me voltei para o Espírito e percebi que podia sentir a pre-sença de Deus de uma maneira tremenda, e que as pessoas estavam explodindo em orações. Certamente isso não era uma reação ao som de um avião passando por cima do prédio.

Se fosse um avião, teria que estar voando numa altitude de não mais do que cem metros sobre o edifício para provocar um

barulho tão forte como aquele. E além disso, não poderia ouvir um ruído tão forte, acima do estrondo de três mil pessoas orando ruidosamente.

O som que eu ouvi era muito mais alto e claramente

superava todas as vozes. Mesmo com isso resolvido em minha mente - que o vento era o vento do Espírito Santo - não disse nada.

Não queria transmitir uma informação inexata ou tentar seduzir as pessoas com afirmações fervorosas de manifestação espiritual. O rugido desse vento durou aproximadamente dois

minutos. Quando diminuiu, deixou no seu rastro pessoas que oravam e choravam. A atmosfera ficou impregnada de reverência santa. A presença do Senhor era muito real e poderosa.

O resultado tremendo da sua presença ainda perdurou por quinze ou vinte minutos. Passei o púlpito para o líder e pedi para ser levado embora imediatamente. Muitas vezes, permaneço no

local e converso com as pessoas depois de um culto, mas, naquele momento, qualquer conversa casual parecia imprópria. Os líderes me pediram que me reunisse com eles para o jantar, mas recusei. Ainda trêmulo pela presença de Deus, respondi: "Não, eu apenas

quero voltar para o meu quarto no hotel". Eles me levaram até o carro. Voltei para o hotel

acompanhado pelo pr. Gary Haynes, Ludmila Ferber e seu marido, que eram os líderes. Aquela mulher era uma cantora que já havia

gravado e sua música era popular no país.

Ela entrou no carro chorando: "Vocês ouviram o vento?" Eu respondi depressa: "Aquilo era um avião". (Embora

sentisse no meu coração que não era, queria a confirmação e estava determinado a não ser o primeiro a dizer alguma coisa).

"Não", ela declarou e balançou a cabeça, "era o Espírito do Senhor".

Então, seu marido, um homem que achei ser muito quieto e reservado, firmemente afirmou: "Não havia nenhum avião em qualquer lugar perto do edifício".

"Realmente!"- eu exclamei. Ele continuou: "Além disso, o som daquele vento não passou

pela caixa de ressonância, não houve nenhuma leitura na caixa,

nem registro de qualquer ruído". Permaneci calado, em profunda reverência.

Mais tarde, descobri a razão daquele homem ter tanta certeza de que o vento que nós ouvimos não tinha sido causado por uma aeronave.

Havia seguranças e policiais fora do prédio, que informaram

ter ouvido um som poderoso que vinha lá de dentro. Do lado de fora, não houve vento, mas apenas outra tranquila noite

brasileira. Sua esposa continuou, com lágrimas rolando pela face: "Eu

vi ondas de fogo que caíam pelo edifício e anjos em todos os lugares!"

Mal podia acreditar no que escutava. Tinha ouvido essa mes-ma descrição feita por um ministro dois meses antes, durante as reuniões na Carolina do Norte. Havia pregado sobre o temor do Senhor, e a presença de Deus caiu poderosamente sobre aquela reunião - mais de cem crianças choraram copiosamente durante uma hora. Uma ministra visitante falou para o pastor que ela

havia visto ondas de bolas de fogo caindo sobre o edifício. Isso também havia sido confirmado por três membros do coral.

Naquele momento, só queria estar a sós com o Senhor. Uma vez na privacidade do meu quarto do hotel, tudo que queria fazer era adorar e orar.

Estava programado para eu ministrar em mais um culto

antes de partir para o Rio de Janeiro. Dessa vez, quando entrei no auditório, a atmosfera estava totalmente diferente. Podia sentir que o respeito pelo Senhor havia sido restaurado. A música não era meramente boa e sem a presença de Deus; era maravilhosa,

ungida, e a presença do Senhor era doce.

Davi diz: Entrarei na tua casa e me prostrarei diante do teu santo templo, no teu temor (SI 5:7). Toda verdadeira adoração é

ancorada em uma reverência da sua presença, pois Deus diz: [...]

e reverenciareis o meu santuário: Eu sou o Senhor (Lv 19:30). Naquele segundo culto, muitos receberam libertação e cura.

Outros que estavam aprisionados pela amargura e tinham abrigado ofensas foram libertos. Onde o Senhor é reverenciado,

sua presença se manifesta - e onde a sua presença se manifesta, as necessidades são supridas.

Agora nós podemos entender a insistência de Davi: Temei o Senhor, vós os seus santos, pois nada falta aos que o temem (Sl 34:9).

Esta é a mensagem que você tem em suas mãos hoje - o

temor do Senhor, nestas páginas, nós vamos procurar, com ajuda do Espírito Santo, não somente o significado do temor do Senhor, mas o que é caminhar nos tesouros da sua verdade. Nós vamos aprender sobre o julgamento que recai sobre nós quando há falta do santo temor, como também sobre os benefícios gloriosos encontrados no temor de Deus.

Há pessoas que são rápidas para reconhecei Jesus como

salvador, curador e libertador. Contudo, reduzem a sua glória ao nível dos homens corruptíveis por meio das suas açoes atitudes do coração.

CAPÍTULO 2

GLÓRIA TRANSFORMADA Pois quem nos céus é comparável ao Senhor? Entre os seres

celestiais, quem é semelhante ao Senhor? Deus é sobremodo tremendo na assembléia dos santos e temível sobre todos que o rodeiam (Sl 89:6-7).

Antes de discutirmos o temor do Senhor, temos que ter uma

idéia da grandeza e da glória do Deus que servimos.

O salmista, primeiramente, declara as tremendas maravilhas de Deus c depois faz a exortação para temê-lo. O que ele disse, numa linguagem moderna, poderia ser: "Quem no universo pode

se comparar ao Senhor?" Ele quer que nós meditemos na glória insondável de Deus, pois, como podemos respeitá-lo e honrá-lo devidamente se nós permanecemos inconscientes da sua grandeza ou do motivo pelo qual Ele merece isto?

FAMOSO, CONTUDO, DESCONHECIDO

Para explicar isso, vamos imaginar alguém que é famoso no

país mais poderoso da Terra. Ele é um homem talentoso e culto. Todas as pessoas no seu país conhecem sua grandeza e fama.É um inventor com as mais excelentes e significativas contribuições científicas e descobertas conhecidas pelo homem. É o atleta mais excelente desse país. De fato, ninguém pode competir com ele em

qualquer área da vida. Além de tudo isso, é o rei e um governante muito sábio.

Em todos os níveis e em todos os lugares do país, recebe um tremendo respeito e honra. Grandes desfiles e gloriosas recepções são oferecidas em sua honra.

Agora, o que aconteceria se esse rei viajasse para outro país,

onde sua posição e grandeza fossem desconhecidas? Que tipo de recepção ele teria num país estranho, inferior, em todos os sentidos, ao seu grande país?

Embora os maiores homens daquele país estejam abaixo do nível desse governador, ainda assim esse nobre rei decide visitar aquele lugar, como um homem comum, sem vestes reais, sem sua

comitiva de nobreza, força de segurança, conselheiros ou criados. Ele vai sozinho. Como será tratado?

Para simplificar, não será tratado de maneira diferente do que seria qualquer outro estrangeiro. Embora esse homem seja

muito maior do que o mais poderoso homem da nação, receberá pouco ou nenhum respeito. Ele até mesmo poderá, ser tratado

com desprezo, simplesmente porque é um estrangeiro. Suas invenções e descobertas científicas têm beneficiado grandemente

aquela nação; contudo, as pessoas ainda não o conhecem e,

consequentemente, não lhe darão o respeito e a honra que ele merece.

Agora, veja o relato de João a respeito de Jesus, Emanuel, Deus manifestado em carne:

O "Verbo estava no mundo e o mundo foi feito por intermédio

dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam (Jo 1:10-11).

É muito triste que Aquele que criou o universo e o próprio mundo em que vivemos não tenha recebido as boas-vindas e a honra que merece. Ainda mais trágico, veio para os que eram ,

aqueles que o esperaram e conheciam sua aliança, aqueles a quem Ele havia libertado várias vezes pelo seu poder; contudo, não recebeu honra. Embora as pessoas falassem sobre sua vinda, frequentassem o templo regularmente com essa expectativa da e orassem pelas bênçãos que acompanhavam seus mandamentos, eles não o reconheceram quando Ele veio.

Seu próprio povo não reconheceu a grandeza daquele que professavam servir fielmente. Os israelitas não apenas eram

ignorantes da grandeza do poder de Deus, mas também eram igualmente ignorantes da grandeza da sua sabedoria. Portanto, não é de se admirar que não tenham dado a Ele o temor ou a reverência que merecia. Deus explicou:

...Visto que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca e

com os seus lábios me honram, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens... (Is 29:13)

Ele disse: Seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens. Ele está dizendo que as pessoas tinham reduzido a glória do Senhor à glória do homem corruptível. Serviram a Deus na imagem que haviam criado, não segundo a verdadeira imagem de Deus, mas segundo seus próprios padrões.

TRANSFORMANDO A GLÓRIA DO DEUS INCORRUPTÍVEL Isso não se limitou à geração de Jesus, embora se tenha

estendido por todo o tempo durante a época dele. O mesmo erro se repetiu ao longo das gerações daqueles a quem foram entregues e supostamente confiados os oráculos de Deus.

Nós vemos essa irreverência demonstrada até mesmo na transgressão de Adão. Ele deu ouvidos à sabedoria da serpente: Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal (Gn

3:5).

... O Deus, quem, é semelhante a ti? - o salmista pergunta no Salmo 71:19. Assim, era inútil Adão pensar que ele ainda poderia ser como Deus, mesmo estando separado dele. Na vaidade da sua mente, Adão reduziu Deus ao nível de um mero homem.

Se você olhar o pecado dos filhos de Israel no deserto, você

descobrirá a mesma raiz como a causa da sua rebelião. Seu temor de Deus foi amoldado pela própria imagem errônea da sua glória.

Moisés subiu ao Monte Sinai para receber a Palavra de Deus. Vários dias se passaram, então o povo[...] acercou-se de Arão (Êx 32:1). Sempre surgem problemas quando as pessoas se reúnem em sua própria sabedoria, apartadas do poder e da

presença de Deus. Em vez de esperar que Ele dê as ordens, as pessoas se reúnem e tentam fazer algo para satisfazerem a si mesmas. O que apenas Deus pode prover é substituído por uma imitação temporária.

Eles tinham visto o poder de Deus se manifestar várias vezes; contudo, fizeram um bezerro de ouro. Hoje, isso pode

parecer ridículo, mas não era tão ridículo para os israelitas. Por mais de quatrocentos anos, eles tinham visto objetos semelhantes no Egito. Era um aspecto familiar da cultura egípcia e, portanto,

comum. Uma vez feito, o bezerro de ouro foi trazido diante das

pessoas que, de comum acordo, disseram: ...São estes, ó Israel, os

teus deuses, que te tiraram da terra do Egito! (Êx 32:4) Então, uma proclamação foi feita pelo seu líder: ...Amanhã será festa ao Senhor(Êx 32:5). Para compreender o que estavam dizendo, temos de olhar a palavra hebraica para "Senhor", no versículo 5. E a

palavra Yehovah, também conhecida como Jeová ou Yahweh. Esta palavra é definida como "Aquele que existe", o nome próprio do Deus verdadeiro.

Eles usaram o nome do único Deus verdadeiro. Este era o nome daquele sobre quem Moisés pregou, o nome daquele com quem Abraão tinha uma aliança, o nome daquele a quem nós

servimos. Jeová não é usado para descrever nenhum dos falsos deuses na Bíblia. Este nome, Jeová ou Yahweh, era tão sagrado que mais tarde não foi permitido aos escribas hebreus escreverem a palavra por completo; eles omitiam as vogais intencionalmente em reverência à santidade do nome.

Assim, as pessoas, como também os líderes, apontaram para

aquele bezerro dourado e o chamaram de Jeová, o Deus

verdadeiro que libertara do Egito! Não disseram: "Este é Baal, aquele que libertou vocês do Egito", nem usaram o nome de qualquer outro falso deus. Deram àquele bezerro o nome do Senhor, reduzindo, assim, a grandeza do Senhor a termos comuns

e imagens finitas, com os quais eles estavam tão familiarizados.

É interessante notar que os israelitas ainda reconheceram que Jeová os libertara de sua escravidão. Não negaram o que Deus fez; apenas reduziram a grandeza a um nível com o qual estavam mais acostumados a lidar. A saída do Egito, no Velho Testamento, é um tipo que representa o sair do mundo e ser salvo, como ensina o Novo Testamento. Os acontecimentos naturais do Velho

Testamento são tipos e figuras do que haveria de vir no Novo Testamento.

SERVINDO A DEUS NAS IMAGENS QUE NÓS FIZEMOS Agora veja o que Paulo escreve para nós, no Novo

Testamento:

Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno

poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são por isso indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o

glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato (Rm 1:20,21).

Note que eles não o glorificaram como Deus. Os filhos de Is-

rael reconheceram a libertação de Jeová, mas não deram a Ele a

honra, a reverência ou a glória que merecia. Bem, isso não mudou muito. Basta olhar para o que Paulo diz sobre as pessoas que viviam nos tempos do Novo Testamento, que não davam a Deus a reverência merecida:

e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da

imagem do homem corruptível (Rm 1:23).

Novamente nós vemos reduzida a imagem gloriosa do Deus verdadeiro. Desta vez não é reduzida a um bezerro, mas à imagem do homem corruptível. Israel estava rodeado por uma sociedade

que adorava imagens de ouro à semelhança de animais e insetos. A igreja de hoje está rodeada por uma cultura que adora o homem.

Durante os últimos anos, esta declaração tem, constantemente, percorrido minha mente: "Nós servimos a Deus

na imagem que nós temos feito".

Em minhas viagens a centenas de igrejas, tenho encontrado uma linha de pensamento que reduz a imagem e a glória de Deus à imagem de mero homem corruptível. Esta mentalidade permeia

a igreja.

Há pessoas que são rápidas para reconhecer Jesus como salvador, curador e libertador. Com aboca, reconhecem o senhorio de Jesus; contudo, reduzem sua glória ao nível de homem corruptível por meio das suas ações e atitudes do coração.

Elas dizem: "Deus é meu amigo, compreende o meu coração". É verdade que Deus compreende os nossos corações do

modo mais completo do que nós mesmos podemos entender. Mas, normalmente, este comentário é emitido com o objetivo de justificar as ações que contradizem sua aliança. O fato é que estão

em desobediência à Palavra de Deus. Nas Escrituras, as únicas pessoas que eu vejo Deus chama de amigos são aqueles que tremem com a sua Palavra, a Sua presença e são rápidos para

obedecer, não importa o preço. Portanto, Ele não recebe a honra e a reverência que merece,

senão eles o obedeceriam imediatamente. Com seus lábios honram a Deus, mas seu temor para com Ele é ensinado por mandamentos de homens. Filtraram a Palavra de Deus e seus mandamentos por meio do seu próprio pensamento influenciado

pela cultura. A imagem que eles têm da glória de Deus é formada por suas percepções limitadas, ao invés de ser formada pela sua

verdadeira imagem, revelada por meio da sua Palavra viva. Isso predispõe esses homens e mulheres a serem rápidos

para criticarem a autoridade, como nossa sociedade é tão rápida em fazer. Nós temos programas de televisão, desde humor até

programas de entrevistas, que constantemente criticam a autoridade. A mídia zomba da autoridade constituída e exalta o desobediente e o rebelde. Mas, e se a liderança é realmente corrupta? O que Deus diz a respeito disto? Ele diz: Não falará mal de uma autoridade do teu povo (At 23:5). Contudo, nós

presumimos que Deus aprova a crítica à liderança corrupta

porque nós reduzimos sua resposta ao nível da nossa sociedade, reduzindo-o à imagem de homem corruptível, até mesmo em nossas igrejas.

Eu tenho ouvido líderes de igreja justificarem um divórcio com: "Deus quer que eu seja feliz". Eles, na verdade, crêem que

sua felicidade tem primazia sobre sua obediência à Palavra de Deus e sobre a aliança que fizeram com Deus.

Um líder me falou: "John, eu decidi me divorciar da minha mulher porque nós não nos demos bem por dezoito anos. Nós não assistimos a filmes juntos nem fazemos coisas divertidas. Você

sabe que eu amo Jesus, e se eu não estiver fazendo a coisa certa,

Ele me mostrará". Por que Deus nos concederia uma audiência particular com , quando nós ignoramos o que já declarou?

De alguma maneira, esses indivíduos têm distorcido as pala-

vras de Jesus para justificarem uma exceção para eles mesmos. É

como se Jesus dissesse: "Quando disse na minha Palavra que odiava o divórcio, isto não se aplica a você. Eu quero que você seja feliz e tenha um cônjuge com quem você possa se divertir. Vá em frente e consiga o divórcio. Se for errado, você pode se arrepender mais tarde".

Este é o modo como a nossa sociedade pensa. Nossas pala-

vras não ditas declaram: "O preto e branco existem para os outros, mas para mim, é cinza. É errado para os outros porque isto não me afeta, mas se obedecer torna minha vida desconfortável, então

estou isento de obedecer!" Quando isto é feito individualmente, também será feito

coletividade. Assim, não é surpreendente que na igreja a glória de

Deus seja reduzida ao grau de homem corruptível, da vida de pessoas que constituem a liderança da igreja às mensagens pregadas no púlpito.

Que tipo de mensagem esta redução da glória de Deus trans-mite à congregação? Ela diz: "Deus não quer dizer isso ou fazer o que Ele diz". Então, nós nos perguntamos por que o pecado corre

solto entre nós e por que o temor de Deus foi perdido. Não é de se admirar que os pecadores se assentem passivamente em nossos

bancos e não se arrependam com nossa pregação. Não é de se admirar que a frieza prevalece em nossas "igrejas baseadas na Bíblia". Também não é de se admirar que as viúvas, os órfãos, os homens e as mulheres encarcerados e os doentes sejam

neglicenciados pelos crentes. Frequentemente, as mensagens que nós pregamos durante

os últimos vinte anos nos púlpitos e nas rádios têm dado a Deus a aparência de "Papai Noel do céu", cujo desejo é nos dar tudo o que queremos e quando queremos. Isto gera uma obediência de vida curta por motivos egoístas. Pais que criam seus filhos desta

maneira acabam tendo crianças mimadas. Crianças mimadas não têm o verdadeiro respeito à autoridade, especialmente quando não conseguem o que querem e quando querem. Sua falta de reverência pela autoridade as leva a ficarem facilmente ofendidas com Deus.

Como podemos ver a reverência ser restaurada, quando

temos nos afastado tanto da sua glória? Como a obediência pode prevalecer quando a desobediência e a rebelião são consideradas normais? Deus vai restaurar seu santo temor no seu povo e os trará de volta para si, para que possam lhe dar a verdadeira glória

e honra que é digno de receber. Ele prometeu: Porém, tão certo como eu vivo e como toda a terra se encherá da glória do Senhor

(Nm 14:21).

Quanto maior for a nossa compreensão da grandeza de Deus,

maior será a nossa capacidade para temê-lo ou reverenciá-lo.

CAPÍTULO 5

O SERMÃO DO UNIVERSO ...A minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja [...] para

ver a tua força e a tua glória (Sl 63:1, 2). Para darmos a Deus a devida reverência, nós temos que bus-

car o conhecimento da grandeza da sua glória. Este foi o clamor do coração de Moisés quando corajosamente declarou: ...Rogo-te que me mostres a tua glória (Êx 33:18).

Quanto maior for a nossa compreensão da grandeza de Deus (embora em si mesma ela seja incompreensível), maior será a

nossa capacidade para temê-lo ou reverenciá-lo. Esta é a razão porque o salmista nos encoraja: Deus é o Rei de toda a terra; salmodiai com harmonioso cântico (SI 47:7). Nós somos convidados a contemplar a sua grandeza.

O salmista ainda nos diz: Grande é o Senhor e mui digno de

ser louvado; a sua grandeza é insondável (SI 145:3). Isto me leva a recordar a história da morte de Santo Agostinho. Agostinho foi um dos maiores líderes da sua época. Seus escritos expunham as

tremendas maravilhas do nosso Deus. Por mais de mil anos faz-se

referência aos seus escritos. Um dos seus grandes trabalhos é intitulado "A Cidade de Deus".

Em seu leito de morte, cercado por seus amigos mais íntimos, quando Agostinho se foi para estar com o Senhor, sua respiração cessou, seu coração parou, e uma sensação maravilhosa de paz encheu o quarto. De repente, seus olhos se

reabriram, e com as faces brilhando, declarou aos que estavam presentes: "Eu vi o Senhor. Tudo o que eu escrevi é apenas palha". Então partiu para o seu lar eterno.

SANTO, SANTO, SANTO... Isaías teve uma visão da insondável glória de Deus. Viu o

Senhor na sala do seu trono, alto e elevado, e a sua glória enchia a sala. Ao seu redor estavam grandes anjos chamados serafins que, por causa da magnífica glória de Deus, cobriam suas faces com as asas e clamavam:

...Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra

está cheia da sua glória (Is 6:3).

Nós cantamos estas mesmas palavras em nossas igrejas em forma de hinos. Porém, na maioria das vezes, nossos louvores soam sem a paixão que encontramos nesses anjos. Você

provavelmente verá as pessoas bocejarem ou olharem para os

lados enquanto cantam as palavras do hino. Oh, como é diferente

a atmosfera na sala do trono de Deus! Esses poderosos e tremendos anjos não estão aborrecidos ou

inquietos; não estão apenas cantando canções agradáveis. Não dizem: "Deus, eu tenho cantado esta canção diante do Teu trono por milhões de anos. Tu não achas que poderia ser feita uma substituição? Eu gostaria de explorar outras partes do céu". De

modo algum! Eles não desejariam estar em nenhum outro lugar, a não ser clamar e cantar louvores diante do trono de Deus.

Esses anjos espetaculares não estão apenas cantando uma

canção. Estão respondendo àquilo que vêem. A cada momento, através dos olhos fechados, vêem brevemente uma outra faceta e uma dimensão maior da glória de Deus sendo revelada.

Impressionados, clamam: "Santo, santo, santo!" De fato, seu harmonioso clamor é tão alto que os batentes da porta são abalados por suas vozes e toda a sala se enche de fumaça. Uau! Algo que faria as ondas de som sacudirem um edifício aqui na Terra, mas tremer os batentes da arquitetura celestial é uma outra questão! Esses anjos estão ao redor do trono de Deus por tempos

incontáveis, por tempos imensuráveis. Porém, experimentam uma revelação perpétua do poder de Deus e da sua sabedoria. A

grandeza de Deus é verdadeiramente insondável. SUAS OBRAS FALAM SOBRE SUA GLÓRIA

No capítulo anterior, nós falamos sobre a grande loucura do

homem: reduzir a glória do Senhor à nossa imagem e à medida do homem corruptível. Nós comprovamos isto num grau alarmante na igreja. No restante deste capítulo, nós nos dedicaremos a tentar compreender apenas um pedacinho da glória de Deus e de como é revelada em sua criação. Vamos olhar além do natural e meditar na maravilha do que é descrito, pois sua criação prega um

verdadeiro sermão e nos fornece pontos para ponderar. O Salmo 145:10-11 diz: Todas as tuas obras te renderão

graças, Senhor; [...]falarão da glória do teu reino, e confessarão o teu poder.

Eu tenho quatro filhos. Houve um período em que eles eram interessados demais em um certo jogador de basquete

profissional. Ele é um dos atletas mais populares nos Estados Unidos e idolatrado por muitos nesta nação. Estavam acontecendo os jogos da Liga Americana de Basquete, e eu ouvia o nome desse jogador continuamente através da imprensa, dos meus filhos e dos

seus amigos. Estava com minha família ministrando na costa Atlântica.

Nós havíamos acabado de chegar da praia, onde os meninos tinham caído na água e pulado as ondas. Depois de nadarmos,

enquanto nos secávamos, eu me sentei com meus três filhos mais

velhos para um bate-papo. Apontando a janela, eu perguntei: "Meninos, que grande

oceano lá fora, hein?" Em uníssono, eles responderam: "É, papai". Eu continuei: "A gente só pode avistar cerca de dois ou três

quilômetros mas o oceano, na verdade, tem milhares de

quilômetros". Enrolados no calor e no conforto das toalhas, os meninos

falaram com olhos arregalados. "Uau!"

"E este aqui ainda não é o maior oceano; há outro maior chamado Oceano Pacífico. Depois, há mais dois além destes."

Os meninos balançaram a cabeça, em silêncio,

maravilhados, enquanto ouviam o poder das ondas da maré alta que se quebravam lá fora.

Sabendo, até certo ponto, que meus filhos haviam compreendido a vasta imensidão de água que havia descrito, perguntei: "Meninos, vocês sabem que Deus pesou toda a água que vocês vêem, e tudo aquilo que eu há pouco descrevi, na palma

da sua mão?" (Is 40:12) O rosto deles demonstrou uma verdadeira admiração. Antes,

eles ficavam impressionados porque aquela famosa figura do esporte podia segurar uma bola de basquete com uma mão! Segurar uma bola de basquete em uma mão parecia insignificante agora.

"Vocês sabem o que mais a Bíblia diz sobre como Deus é grande?"- perguntei.

"O quê, papai?" "A Bíblia declara que Deus pode medir o Universo com a pal-

ma da sua mão"(Is 40:12). Espalmando minha própria mão diante deles, demonstrei que um palmo era a distância da extremidade

do meu dedo polegar à extremidade do meu dedo mínimo. "Deus pode medir o universo com a distância do seu dedo polegar à extremidade do seu dedo mínimo!"

O SERMÃO SEM FIM O próprio Universo anuncia a glória do Senhor. Leia as pa-

lavras inspiradas de Davi: Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia

as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a

terra se faz. ouvir a sua voz, e a suas palavras, até aos confins do mundo (Sl 19:1-4).

Pare por um momento e pondere sobre a amplitude ilimitada do Universo. Faça isso e você terá uma vaga idéia da glória ilimitada de Deus! Nas palavras de Davi: "O universo proclama a glória de Deus". A criação de Deus não é limitada à Terra, ela abrange até mesmo o universo desconhecido. Ele organizou as estrelas nos céus com seus dedos (SI 8:3). Para a maioria de nós, é

difícil compreender a imensidão do universo. Além do nosso Sol, a estrela mais próxima está a 4,3 anos-

luz de distância. Vamos explicar o seguinte: a luz viaja à

velocidade de 299.727 quilômetros por segundo, não por hora, mas por segundo. Isto é, aproximadamente 1.078.030.000 quilômetros por hora. Nossos aviões voam a aproximadamente

800 quilômetros por hora. A órbita da Lua está a aproximadamente 384.551

quilômetros da Terra. Se nós viajássemos de avião à Lua, isso levaria dezenove dias. Mas a luz consegue chegar lá em 1,3 segundos!

Vamos continuar. O Sol está a 149.637.000 quilômetros da

Terra. Se você tomar um avião a jato hoje e viajar rumo ao Sol, sua jornada levaria mais de vinte e um anos! E isso sem parar!

Onde você estava há vinte e um anos atrás? Isso é muito tempo. Você pode imaginar voar esse longo tempo, sem um momento de intervalo, para chegar ao Sol? Para aqueles que preferem dirigir... bem, essa façanha não poderia ser feita em toda a vida. Levaria

aproximadamente duzentos anos, não incluindo qualquer parada para abastecer o carro ou descansar! Porém, a luz viaja essa dis-tância em meros oito minutos e vinte segundos!

Vamos deixar o Sol e passar para a estrela mais próxima. Nós já sabemos que ela está a 4,3 anos-luz da Terra. Se nós construíssemos um modelo em escala da Terra, do Sol e da estrela

mais próxima, o resultado seria o seguinte: em proporção, a Terra se reduziria ao tamanho de um grão de pimenta, e o Sol seria do tamanho de uma bola de oito polegadas de diâmetro. De acordo com essa escala de medidas, a distância da Terra ao Sol seria de quase vinte e quatro metros, que é apenas um quarto da largura de um campo de futebol. Mas, lembre-se de que para medir essa

distância de vinte e quatro metros, um avião levaria mais de vinte e um anos!

Assim, se essa é a proporção da Terra em relação ao Sol, você consegue imaginar a que distância a estrela mais próxima

estaria da nossa Terra de grão de pimenta? Você pensaria em mil metros, dois mil ou talvez três mil metros? Nem sequer chega

perto disso. Nossa estrela mais próxima seria colocada a 6,4 mil quilômetros distante do grão de pimenta! Isso significa que se você

colocar a Terra grão de pimenta em San Diego, Califórnia, a

estrela mais próxima em nosso modelo em escala seria posicionada para lá da cidade de Nova Iorque, no Oceano Atlân-tico, mais de mil e quinhentos quilômetros dentro do mar!

Para alcançar essa estrela mais próxima através de avião, levaria aproximadamente uns cinqüenta e um bilhões de anos, sem parar! Isto é, 51.000.000.000 de anos! Contudo, a luz dessa

estrela viaja para a Terra em apenas 4,3 anos! Vamos ampliai- este pensamento. As estrelas que você vê à

noite, a olho nu, estão de cem a mil anos-luz de distância. Porém,

há algumas estrelas que você pode ver a olho nu, que estão a quatro mil anos luz. Eu nem mesmo poderia tentar calcular a quantidade de tempo que levaria para um avião alcançar apenas

uma dessas estrelas. Mas, pense nisto: a luz viaja a uma velocidade de 299.727 quilômetros por segundo, e ainda leva quatro mil anos para chegar a Terra. Isso significa que a luz dessas estrelas foi lançada antes de Moisés dividir as águas do Mar Vermelho e viajou uma distância de um bilhão, setenta e oito milhões e trinta mil quilômetros por hora, sem reduzir a

velocidade ou sem parar desde então, e está chegando na Terra neste exato momento!

Mas essas são apenas as estrelas na nossa galáxia, que é um ajuntamento vasto de normalmente bilhões de estrelas. A galáxia na qual moramos é chamada Via Láctea. Assim, vamos continuar.

A galáxia mais próxima da nossa é a de Andrômeda. Sua distância da nossa galáxia é de aproximadamente 2,31 milhões de anos-luz! Imagine, mais de dois milhões de anos-luz de distância! Nós já chegamos ao limite da nossa compreensão?

Os cientistas calculam a existência de bilhões de galáxias, cada uma delas contendo bilhões de estrelas. Elas tendem a se

agrupar. A galáxia de Andrômeda e a nossa Via Láctea são parte de um agrupamento de, pelo menos, trinta galáxias. Outros agrupamentos podem conter outro tanto de milhares de galáxias.

O The Guinness Book of World Records (o livro de recordes mundiais) afirma que, em junho de 1994, foi descoberto um novo grupo de galáxias em forma de casulo. O comprimento desse

grupo de galáxias foi calculado em seiscentos e cinquenta milhões de anos-luz! Você pode imaginar quanto tempo levaria para atravessar uma distância tão vasta, de avião?

O The Guinness Book of World Records também afirma que o

mais remoto objeto já visto pelo homem parece estar a mais de

13,2 bilhões de anos-luz de distância. Nossas mentes finitas nem mesmo podem começar a compreender a distância dessa imensidão. Nós mal conseguimos ver as extremidades dos grupos

de galáxias, quanto mais as extremidades do universo. E Deus

pode medir tudo isso com a palma da sua mão! Para completar, o salmista nos diz: Conta o número das estrelas, chamando-as todas pelo seu nome. Grande é o Senhor nosso, e mui poderoso; o seu entendimento não se pode medir (SI 147:4, 5). Ele não somente pode contar os bilhões e bilhões de estrelas, mas sabe o nome de

cada uma delas! Não é de se admirar que o salmista exclame: Seu entendimento não se pode medir.

Salomão disse: Mas, de fato habitaria Deus na terra? Eis que os céus e até os céu dos céus, não te podem conter... (1 Rs 8:27)

Você está conseguindo compreender melhor a glória da Deus? A GLORIOSA SABEDORIA DE DEUS É REVELADA NA

CRIAÇÃO

O Senhor fez. a terra pelo seu poder; estabeleceu o mundo por

sua sabedoria... (Jr 10:12) Não somente a grandeza e o poder da glória de Deus são vis-

tos na criação, mas também a sua grande sabedoria e conhecimento. A ciência tem gasto anos e enormes quantias em

dinheiro para estudar o funcionamento deste mundo natural. Os desígnios de Deus e os blocos de construção permanecem uma maravilha.

Todas as formas de vida criada têm por base as células. As células são os blocos de construção do corpo humano, das plantas, dos animais e de tudo o que vive. O corpo humano, que em si mesmo é uma maravilha de engenharia, contém cerca de

100.000.000.000.000 células - (você consegue ler este número?) - dentre as quais há uma variedade imensa. Em sua sabedoria, Deus designou estas células para desempenharem tarefas

específicas. Elas crescem, se multiplicam e afinal morrem na hora certa.

Embora invisíveis a olho nu, as células não são as menores

partículas conhecidas pelo homem. Elas são constituídas por um grande número de estruturas menores ainda, chamadas moléculas, e as moléculas são compostas de estruturas menores ainda - chamadas elementos - e dentro dos elementos ainda podem ser encontradas estruturas ainda mais minúsculas, chamadas átomos.

Os átomos são tão pequenos, que o ponto no final desta sen-

tença contém mais de um bilhão deles. Um átomo é tão minúsculo, que é composto quase completamente de espaço vazio. O restante do átomo é composto de prótons, nêutrons e elétrons. Os prótons e os nêutrons estão agrupados a um núcleo minúsculo

e extremamente denso, bem no centro do átomo. Um pequeno

feixe de energia chamado elétrons vibram ao redor desse núcleo à velocidade da luz. Eles são o núcleo dos blocos de construção que mantêm todas as coisas unidas.

Assim, onde o átomo adquire sua energia? E que força man-tém unidas suas partículas de energia? Os cientistas chamam isso de energia atômica. Este é apenas um termo científico para

descrever o que eles não conseguem explicar, pois Deus já disse que Ele está sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder (Hb l:3). Colossenses 1:17 diz: Nele, tudo subsiste.

Pare e pondere sobre isto por apenas um momento. Aí está o glorioso Criador a quem nem sequer o universo pode conter. O

universo é medido pela palma da sua mão; contudo, Ele é tão minucioso nos seus desígnios em relação à pequenina Terra e suas criaturas, que deixa a ciência moderna confusa após anos de estudo.

Agora, você pode entender mais claramente o salmista quando ele declara: Graças te dou, visto que por modo

assombrosamente maravilhoso me formaste... (SI 139:14). Você também pode ver, especialmente nesta dispensação, com todo o conhecimento científico que nós acumulamos até agora, o motivo

pelo qual a Palavra diz: Diz o insensato no seu coração: Não há

Deus... (SI 14:1) É claro que muitos livros podem ser escritos sobre as

maravilhas e a sabedoria da criação de Deus. Este não é meu objetivo aqui. Meu propósito é despertar espanto e admiração pelas obras das mãos de Deus, porque elas proclamam a sua magnífica glória!

"NÓS VEMOS ISTO, PAPAI"

Voltando ao caso dos meus filhos, depois de relatar todas

estas informações científicas em termos que eles pudessem entender, eu concluí: "Então vocês estão impressionados com um homem que pode saltar de uma linha de quatro metros e meio em

uma quadra de basquete e pode colocar uma bola cheia de ar dentro de um pequeno aro?"

Eles disseram: "Nós vemos isto, papai!" "O que este jogador de basquete tem, que Deus não tenha

dado a ele?", questionei. de basquete agora são chamados "cartões de oração". Eles

estão orando pela salvação daqueles homens que os outros vêem

como heróis. Agora, você pode entender um pouco melhor o que Deus realmente estava querendo dizer, quando perguntou a Jó: Quem primeiro me deu a mim, para que eu haja de retribuir-lhe ? Pois o que está debaixo de todos os céus é meu (Jó 41:11).

O QUE É O HOMEM?

Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem para que dele te lembres? E o filho do homem, para que o visites? (Sl 8:3, 4)

Eu creio, embora eu não possa provar, que o Salmo 8 registra a reação de um anjo à criação de um dos poderosos anjos serafins, que estão ao redor do trono de Deus. Pare e pense nisto e tente ver através dos olhos desse anjo. Este tremendo e poderoso

Deus, que criou o Universo e pôs as estrelas no lugar com os seus dedos, agora vem para um pontinho de um planeta chamado Terra e transforma o que parece ser um pequenino e insignificante

pontinho de pó, no corpo de um homem. Mas o que realmente impressiona esse anjo é o enfoque total

da atenção de Deus. Ela está completamente fixa neste ser chamado homem. O salmista nos diz que os pensamentos dele a respeito de nós são preciosos, e que a soma deles é tão grande que se fossem contados excederiam os grãos de areia na Terra (SI

139:17, 18). Vendo isto, eu creio que esse anjo clamou: "O que é isto em que o Senhor está tão interessado e dispensando tanto

afeto? O que é aquela pequena coisa que está constantemente na sua mente - o enfoque total dos seus planos?"

Tire um tempo, fique quieto e considere as obras das mãos de Deus. Nós somos chamados a fazer isto. Quando você o fizer, a

criação vai pregar um sermão para você. Ela vai proclamar a sua glória!

Possivelmente faltando página 54

Porque Deus que disse: Das trevas resplandecerá luz, ele

mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do

conhecimento da glória de Deus na face de Cristo (2 Co 4:6).

Nos próximos capítulos, nós vamos estabelecer um

importante padrão que se encontra em toda a Bíblia. Ele vai se tornar uma estrutura histórica que apóia as questões pertinentes aos dias de hoje.

O PADRÃO DE DEUS

Era a primeira noite de quatro reuniões marcadas em Saskatchewan, Canadá. O pastor estava me apresentando e eu

iria assumir a plataforma dentro de três minutos. De repente, o Espírito de Deus começou a me conduzir rapi-

damente através da Bíblia, revelando um padrão que se encontra

ao longo de todo o Antigo e Novo Testamentos. O padrão é este: 1. Ordem divina 2. Glória de Deus 3. Julgamento Antes de Deus manifestar a sua glória, deve haver ordem

divina. Uma vez que a sua glória é revelada, há uma grande

bênção. Mas, por outro lado, uma vez que a sua glória é revelada, qualquer irreverência, desordem ou desobediência é recebida com

julgamento imediato. Deus abriu os meus olhos para este padrão em menos de

dois minutos e me fez saber que eu deveria pregar isso para a congregação de canadenses, sequiosa diante de mim. Naquela

noite, houve um dos cultos mais poderosos de que eu já havia participado, e eu quero compartilhar esta verdade com você.

DESDE O PRINCÍPIO

Para estabelecer uma base, vamos para o princípio de tudo, quando Deus criou os céus e a Terra:

A terra, porém, era sem forma e vazia; havia trevas sobre a

face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas (Gn 1:2).

As palavras "sem forma" são uma combinação das duas

palavras hebraicas, hayah e tohuw. Juntas, estas duas palavras apresentam um relato mais descritivo: "A terra se tornou sem forma e caótica". Não havia ordem, mas desordem.

Embora o Espírito de Deus pairasse ou chocasse sobre esse

caos, Ele não se moveu até que a Palavra de Deus foi liberada. Através das palavras faladas de Deus, a ordem divina foi colocada

em operação neste planeta. Deus preparou a Terra durante seis dias antes de liberar a sua glória sobre ela. Ele tomou um cuidado

especial com o jardim que tinha plantado para si mesmo. Aí,

então, Deus criou o homem para si - o centro da criação. Uma vez que o jardim estava preparado, Deus formou o

homem do pó da terra (Gn 2:7). A ciência tem encontrado muitos elementos químicos do corpo humano que existem na crosta terrestre. Deus projetou ambos com técnica e maravilha científica.

A ORDEM DIVINA TRAZ A GLÓRIA DE DEUS Deus passou seis dias trazendo ordem divina à Terra, e só

então introduziu ordem ao corpo do homem. Uma vez que a ordem

divina foi alcançada, Deus lhe soprou nas narinas o fôlego de vida,

e o homem passou a ser alma vivente (Gn 2:7). Deus literalmente soprou o seu Espírito no corpo humano.

O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, e depois a mulher foi tirada da costela do homem. Nenhum dos dois estavam vestidos nem cobertos. Ora, um e outro, o homem e sua

mulher, estavam nus e não se envergonhavam (Gn 2:25). Todas as outras criaturas receberam algo com que se cobrir. Os animais têm pelo, os pássaros têm penas e os peixes têm escamas ou conchas. Mas o homem não precisava de uma cobertura externa, pois o salmista nos diz que Deus o coroou com glória e honra (SI

8:5). A palavra hebraica para "coroou" é atar. Ela significa "fazer um círculo ao redor ou cercar". Em essência, o homem e a mulher foram vestidos com a glória do Senhor e não precisaram de roupa artificial.

As bênçãos que esse primeiro casal experimentou são indescritíveis. O jardim produzia sua força sem ter de ser

cultivado. Os animais estavam em harmonia com o homem. Não havia nenhuma enfermidade, doenças ou pobreza. Mas, o melhor de tudo é que esse casal teve o privilégio de andar com Deus em sua glória!

JULGAMENTO

Primeiro Deus trouxe a ordem divina por meio da sua Palavra e do seu Espírito e Sua glória foi revelada. Houve bênçãos abundantes, mas aí veio a queda. O Senhor Deus ordenou ao homem que não comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois a desobediência resultaria em morte espiritual imediata.

Zombando do Criador, Satanás desafiou a Palavra de Deus com palavras distorcidas: Então a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal (Gn 3:4-5). Então Adão, em pleno conhecimento

das suas ações, escolheu desobedecer a Deus. Sua irreverência

nada mais era do que uma alta traição. Quando isso aconteceu,

seguiu-se o julgamento. Imediatamente Adão e Eva descobriram que estavam nus.

Sem a glória de Deus, estavam descobertos e separados dele, num estado de morte espiritual. Numa tentativa vã de cobrirem sua nudez, eles prepararam apressadamente algumas folhas e cintas e se vestiram com o que suas próprias mãos fizeram. Deus viu o que

eles tinham feito, pronunciou o julgamento sobre eles e os vestiu com túnicas de peles, provavelmente de um cordeiro, prefigurando o Cordeiro de Deus que viria e restauraria o relacionamento do

homem com Deus. Então, o casal caído foi expulso do jardim, onde havia vida eterna. O julgamento foi severo - resultado da desobediência irreverente de Adão na presença da glória de Deus.

O TABERNÁCULO DA SUA GLÓRIA

Vários anos se passaram e Deus finalmente encontra um amigo em Abrão. Deus faz uma aliança de promessa com Abrão e muda seu nome para Abraão. Por meio da obediência desse homem, as promessas de Deus são asseguradas novamente às

gerações futuras. Os descendentes de Abraão foram parar no Egito, como escravos, por mais de quatrocentos anos. Em seu

sofrimento, Deus levanta um profeta e libertador, chamado Moisés.

Uma vez que os descendentes de Abraão foram libertos da escravidão, Deus os leva para o deserto. É no deserto do Monte

Sinai que Deus apresenta seu plano de habitar com o seu povo. Deus diz para Moisés: ...Eu sou o Senhor, seu Deus, que os tirou da terra do Egito, para habitar no meio deles... (Êx 29:46)

Mais uma vez Deus deseja caminhar com o homem, pois esse sempre foi o seu desejo. Contudo, por causa do estado caído

do homem, Deus não pôde habitar nele. Assim, ele instrui Moisés:

E me farão um santuário para que eu possa habitar no meio deles (Êxodo 25:8). Esse santuário foi chamado de tabernáculo.

Antes que venha a glória de Deus, primeiro deve haver a or-dem divina. Assim, Deus instruiu Moisés cuidadosamente acerca de como construir o tabernáculo. Ele é muito específico em todos

os pontos relativos a quem deve construir e quem deve servir no tabernáculo. Essas instruções são detalhadas no que se refere aos materiais, medidas, mobílias e ofertas. De fato, as instruções específicas tomam muitos capítulos do livro de Êxodo.

Esse santuário feito pelo homem refletia o celestial (Hebreus

9:23, 24). Deus advertiu Moisés: Vê que faças todas as cousas de

acordo com o modelo que te foi mostrado no monte (Hb 8:5 e Êx 25:40). Era de extrema importância que tudo fosse feito exatamente como mostrado. Isso proveria a ordem divina

necessária, antes da glória do Rei ser manifesta na presença deles.

Foi recebida uma oferta da congregação que supriu todos os materiais de que eles precisavam: ouro, prata, bronze, linhas azuis, purpúreas e escarlates, linho fino, peles, pelicas, madeira de acácia, óleos, especiarias e pedras preciosas.

O Senhor havia dito a Moisés:

Eis que chamei pelo nome a Bezalel [...], da tribo de Judá. E o enchi do Espírito de Deus, de habilidade, de inteligência, e de conhecimento, em todo o artifício [...] Eis que lhe dei por companheiro a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã; e dei habilidade a todos os homens hábeis, para que me façam tudo o que tenho ordenado (Éx 3:2, 3, 6).

O Espírito de Deus estava sobre aqueles homens para trazer

a ordem divina. O Espírito de Deus, trabalhando por intermédio daqueles homens, unidos e em harmonia com a Palavra de Deus, traria a ordem divina mais uma vez.

Então, todos aqueles homens qualificados começaram a

trabalhar no tabernáculo. Eles fizeram as cortinas, o véu e as colunas. Depois, construíram a arca do testemunho, o

propiciatório, o candelabro de ouro, o altar do incenso, o altar do holocausto e a bacia de bronze, as vestes sacerdotais e o óleo da unção.

Tudo segundo o Senhor ordenara a Moisés, as sim fizeram os

filhos de Israel toda a obra. Viu, pois, Moisés toda a obra, e eis que a tinham feito, segundo o Senhor havia ordenado; assim afizeram e Moisés os abençoou. Depois disse o Senhor a Moisés: No primeiro dia do primeiro mês, levantarás o tabernáculo da tenda da congregação (Êx 39:42,43; 40:1,2).

As instruções de Deus eram tão específicas que o

tabernáculo teve de ser erigido naquele dia exato. O primeiro dia do primeiro mês chegou, e Moisés e os

artesãos qualificados levantaram o tabernáculo. Então nós lemos: ...Assim Moisés acabou a obra (Êx 40:33).

Agora, tudo estava pronto. A ordem divina estava

estabelecida pela Palavra de Deus e as pessoas estavam submissas à liderança do Espírito Santo. Note o que aconteceu:

Então a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do Senhor encheu o tabernáculo. Moisés não podia entrar na tenda da

congregação, porque a nuvem permanecia sobre ela, e a glória do Senhor enchia o tabernáculo (Êx 40:34-35).

Uma vez que a ordem divina foi estabelecida, Deus revelou a

sua glória. A maioria de nós, na igreja, não tem uma compreensão

da glória do Senhor. Eu tenho assistido a muitas reuniões em que os ministros declaram, ou por ignorância ou por exagero: "A glória do Senhor está aqui". Antes de continuarmos, vamos discutir o que é a glória do Senhor.

A GLÓRIA DO SENHOR

Em primeiro lugar, a glória do Senhor não é uma nuvem. Alguns podem perguntar: "Então, por que uma nuvem é mencionada quase toda vez que a glória de Deus se manifesta nas

Escrituras?" A razão: Deus se oculta na nuvem. Ele é muito magnificente para ser contemplado pelo ser humano. Se a nuvem não encobrir seu semblante, todos ao redor dele são consumidos e

imediatamente mortos. Então ele (Moisés) disse: rogo-te que me mostres a tua glória.

Respondeu-lhe (Deus): Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá (Êx 33:18,20). (Parênteses acrescido pelo autor).

A carne mortal não pode estar na presença do Santo Senhor

em sua glória. Paulo diz: A qual, em suas épocas determinadas, há de ser revelada

pelo bendito e único Soberano, o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores; o único que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem homem algum jamais viu, nem ê capaz de ver. A ele honra e poder eternamente. Amém (l Tm 6:15,16).

Hebreus 12:29 nos diz que Deus é um fogo consumidor. Agora, quando você pensar nisto, não pense numa fogueira. Um fogo consumidor não pode ser contido no interior da sua lareira. Deus é luz e não há nele treva nenhuma (1 Jo 1:5). O tipo de fogo

que queima na sua lareira não produz luz perfeita. Ele contém escuridão. É acessível e você pode olhar para ele.

Então, passemos para uma luz mais intensa. Vamos considerar o raio laser. É uma luz muito concentrada e intensa, mas ainda não é uma luz perfeita. Embora seja uma luz muito brilhante e forte, ainda há escuridão no raio laser.

Vamos considerar o Sol. O Sol é enorme e inacessível,

luminoso e poderoso, mas ainda contém escuridão nos raios da sua luz.

Paulo diz em Timóteo que a glória de Deus é "luz inacessível, a qual nenhum homem já viu ou pode ver".

Paulo podia muito facilmente escrever isso, porque ele

experimentou uma dimensão dessa luz na estrada para Damasco.

Ele relatou esse acontecimento desta maneira ao Rei Agripa: Ao meio-dia, ó rei, indo eu caminho fora, vi uma luz no céu,

mais resplandecente que o sol, que brilhou ao redor de mim e dos

que iam comigo (At 26:13). Paulo disse que essa luz era mais brilhante do que o Sol do

meio-dia! Pare por um momento e tente olhar diretamente ao meio-dia. É difícil olhar, a menos que ele esteja encoberto por uma

nuvem. Deus, em sua glória, excede este brilho muitas vezes mais. Paulo não viu a face do Senhor; só viu a luz que emanava

dele, e teve de perguntar: Quem és tu, Senhor? Ele não pôde ver a forma dele ou as características da sua face e ficou completamente

cego pela luz que emanava da sua glória, que era mais forte do que o brilho do Sol do Oriente Médio!

Talvez isso explique porque os profetas Joel e Isaías, declararam que nos últimos dias, quando a glória do Senhor for revelada, o Sol será transformado em trevas. Eis que vem o Dia do Senhor [...] porque as estrelas e constelação do céu não darão a sua luz; o sol, logo ao nascer, se escurecerá, e a lua não fará

resplandecer a sua luz (Is 13:9-10). A glória de Deus supera qualquer outra luz. Ele é a luz

perfeita e a única luz que consome. Então os homens se meterão nas cavernas das rochas e nos buracos da terra, ante o terror do Senhor e a glória da sua majestade, quando Ele se levantar para

espantar a terra (Is 2:19). A glória de Deus é tão esmagadora, que quando Ele se

colocou diante dos filhos de Israel, no meio da nuvem escura no Sinai, o povo clamou de terror e se afastou. Moisés descreve isto:

Estas palavras falou o Senhor a toda a vossa congregação no

monte, do meio do fogo, da nuvem e da escuridade, com grande voz [...] Sucedeu que, ouvindo a voz do meio das trevas, enquanto ardia o monte em fogo, vos achegastes a mim, todos os cabeças das vossas tribos, e vossos anciãos e dissestes: Eis aqui o Senhor, nosso Deus, nos fez ver a sua glória e a sua grandeza, e ouvimos a sua voz do meio do fogo; hoje, vimos que Deus fala com o homem, e

este permanece vivo. Agora, pois, por que morreríamos? Pois este grande fogo nos consumiria; se ainda mais ouvíssemos a voz do Senhor nosso Deus, morreríamos (Dt 5:22-25).

Embora eles o vissem oculto pela escuridão espessa de uma

nuvem, ela não pôde esconder o brilho da sua glória.

TUDO QUE FAZ DEUS SER DEUS Então, façamos a pergunta: O que é a glória do Senhor? Em resposta, vamos voltar ao pedido de Moisés no monte de

Deus. Moisés pediu:

Rogo-te que me mostres a tua glória (Ex 33:18).

A palavra hebraica para glória usada por Moisés naquela situação era "kabowd". Ela é definida pelo Dicionário Bíblico Strong como "o peso de algo, mas apenas figurativamente no bom sentido". A sua definição também fala de explendor, abundância e

honra. Moisés estava pedindo: "Mostra-me a ti mesmo em todo o teu esplendor." Veja cuidadosamente a resposta de Deus:

...Farei passar toda a minha bondade diante de ti, e te

proclamarei o nome do Senhor...(Ex 33:19)

Moisés pediu toda a sua glória, e Deus se referiu a isto como: toda minha bondade... A palavra hebraica para bondade é "tuwb". Ela significa "bom" no sentido mais amplo. Em outras palavras, nada é retido.

Então, Deus diz: Eu te proclamarei o nome do Senhor. Antes de um rei terreno entrar na sala do trono, seu nome é sempre anunciado por proclamação. Então, ele entra com seu esplendor. A grandeza do rei é revelada, e em sua corte não há dúvida sobre quem é o rei. Se esse monarca saísse à rua de uma das cidades do seu país, trajado com roupas comuns, sem nenhum

acompanhante, poderia passar por aqueles que estão ao seu redor sem que percebessem sua verdadeira identidade. Assim, isso foi exatamente o que Deus fez com Moisés. Ele está dizendo: "Eu proclamarei meu próprio nome e passarei por você com todo o meu esplendor".

Nós vemos, então, que a glória do Senhor é tudo o que faz

Deus ser Deus. Todas as suas características, a autoridade, o poder, a sabedoria - o peso imensurável e a magnitude de Deus - estão contidos na sua glória. Nada está escondido ou retido!

A GLÓRIA DE DEUS É REVELADA EM CRISTO

Está escrito que a glória do Senhor é revelada na face de

Jesus Cristo (2Co 4:6). Muitos alegam ter tido uma visão de Jesus e terem visto sua face. Isso é bem possível. Paulo descreveu isto: Porque agora vemos como em espelho, obscuramente, então veremos face a face... (1 Co 13:12). A sua glória é encoberta por um espelho escuro, pois nenhum homem pode ver sua glória

completamente revelada e permanecer vivo. Alguém pode questionar: "Mas os discípulos viram a face de

Jesus depois que Ele ressuscitou dos mortos!" O que também está

correio. A razão pela qual isso é verdadeiro, é porque Ele não exibiu abertamente a sua glória. Alguns homens viram o Senhor, mesmo no Velho Testamento, mas Ele não foi revelado na sua

glória. O Senhor apareceu a Abraão nos carvalhais de Manre (Gn

18:1,2). Josué viu a face do Senhor antes de invadir Jericó (Js

5:13,14). O Senhor disse a ele: Descalça as sandálias de teus pés, porque o lugar em que estás é santo (v. 15).

O mesmo é verdadeiro após a Ressurreição. Os discípulos comeram peixe no café da manhã, com Jesus, no Mar de Tiberíades (Jo 21:9-12). Dois discípulos caminharam com Jesus

na estrada para Emaús: Os seus olhos, porém, estavam como que impedidos de o reconhecer (Lc 24:16). Todos eles viram a sua face porque Ele não exibiu a sua glória abertamente.

Em contraste, João, o apóstolo, viu o Senhor em Espírito e

teve um encontro totalmente diferente do que no café da manhã

com Ele no mar, pois João o viu em sua glória: Achei-me em Espírito, no Dia do Senhor, e ouvi, por detrás de

mim grande voz, como de trombeta[...] Voltei-me para ver quem falava comigo e, voltando, vi sete candeeiros de ouro, e, no meio dos candeeiros, um semelhante ao filho do homem, com vestes talares, e cingido, à altura do peito com uma cinta de ouro. A sua cabeça e

cabelo eram brancos como alva lã, como neve; os olhos, como chama de fogo; os pés, semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz, como que de muitas águas. Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força. Quando o vi, caía seus pés como morto... (Ap:10; 12-17)

Note que seu semblante era como o sol que brilha em toda a

sua força. Como João poderia olhar para Ele, então? A razão: ele estava no Espírito, exatamente como Isaías estava quando viu o trono e o serafim acima do trono, como também aquele que está

sentado no trono (Is 6:1 -4). Moisés não podia olhar a face de Deus, pois estava no seu corpo físico natural.

ELE TEM RETIDO SUA GLÓRIA PARA NOS PROVAR A glória do Senhor é tudo que Ele é como Deus. Isso supera

grandemente a nossa capacidade de compreensão e entendimento,

pois até mesmo o poderoso serafim continua aclamar: "Santo, santo, santo" em temor e tremendamente maravilhado.

Os quatro seres viventes diante do seu trono, clamam: ...Santo, santo, santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso,

aquele que era, que é e que há de vir... (Ap 4:8)

Quando esses seres viventes derem glória, honra e ações de graça ao que se encontra sentado no trono, ao que vive pelos séculos dos séculos, os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra sentado no trono, adorarão ao que vive pelos séculos dos séculos, e depositarão as suas coroas diante do

trono proclamando: Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a

glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas (Ap 4:9-11).

Ele merece mais glória do que qualquer ser vivo possa dar a

Ele por toda a eternidade!

Devemos nos lembrar de que servimos àquele que criou o universo e a Terra. Ele é de eternidade em eternidade! Não há nenhum outro como Ele. Em sua sabedoria, Ele retém a revelação da sua glória propositalmente para ver se nós o serviremos com

amor e reverência, ou se voltaremos nossa atenção para aquilo que recebe glória na Terra, embora sem brilho em comparação a Ele.

Nós não podemos esperar que seremos recebidos na sua presença com uma

atitude de desrespeito.

Possivelmente faltando página 68

De maneira que os sacerdotes não podiam estar ali para

ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor encheu a

Casa de Deus (2Cr 5:14). Uma vez que o tabernáculo foi levantado, a ordem divina foi

alcançada, assim que tudo estava no lugar. Então, a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do

Senhor encheu o tabernáculo. Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porque a nuvem permanecia sobre ela, e a glória do Senhor enchia o tabernáculo (Êx 40:34,35).

Depois da nossa discussão sobre a glória do Senhor,

podemos compreender porque mesmo o amigo de Deus, Moisés, não pôde entrar na tenda da congregação. O tabernáculo estava

repleto da glória do Senhor! A glória de Deus se manifestando e permanecendo sobre

Israel trouxe uma tremenda bênção. Na sua presença gloriosa havia provisão, direção, cura e proteção. Nenhum inimigo podia se levantar diante de Israel. A revelação da Palavra de Deus era abundante. Também havia o benefício de se ter a nuvem da sua

glória para proteger os filhos de Israel durante o dia, do calor do deserto, como também prover calor e iluminá-los à noite. Não havia falta de nada de que eles pudessem precisar.

Deus havia instruído Moisés previamente: Faze também vir para junto de ti Arão, teu irmão, e seus filhos com ele, dentre os

filhos de Israel, para me oficiarem como sacerdotes, a saber, Arão, e seus filhos Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar (Ex 28:1).

Esses homens foram separados e treinados para ministrar ao Senhor e se colocarem na brecha pelo povo. Os deveres e parâmetros para a adoração foram esboçados por meio de instruções bem específicas, transmitidas de Deus para Moisés. O

treinamento desses homens fazia parte da ordem divina. Após essas instruções e treinamento, houve a consagração desses

homens. Com tudo no seu devido lugar, o ministério deles começou.

Leia cuidadosamente o que dois daqueles sacerdotes fizeram depois que a glória do Senhor foi revelada no tabernáculo:

Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu

incensário, e puseram neles fogo, e sobre este, incenso, e trouxeram fogo estranho perante a face do Senhor, o que lhes não ordenara (Lv 10:1).

Observe que Nadabe e Abiú ofereceram fogo profano diante da presença do Senhor. Uma definição de "profano" no dicionário Webster é "demonstrar desrespeito ou desdém pelas coisas sagradas; irreverência".

Isto significa tratar aquilo que Deus chama santo ou sagrado

como se fosse comum. Esses dois homens tomaram os incensários que haviam sido separados para a adoração ao Senhor e os encheram com fogo e incenso da sua escolha, não a oferta prescrita por Deus. Eles foram descuidados com o que Deus tinha chamado santo e demonstraram falta de reverência. Eles entraram com irreverência na presença do Senhor e trouxeram uma oferta

inaceitável. Eles trataram o que era santo como se fosse comum. Veja o que aconteceu como resultado:

Então, saiu fogo de diante do Senhor, e os consumiu; e

morreram perante o Senhor (Lv 10:2).

Esses dois homens foram julgados imediatamente pela sua irreverência. Foram acometidos com morte imediata. A irreverência deles ocorreu depois da revelação da glória de Deus. Embora fossem os sacerdotes, não estavam isentos de render honra a Deus. Pecaram ao se aproximarem de um Deus santo como se Ele fosse comum! Tinham ficado muito familiarizados

com a presença dele! Agora, ouça as palavras imediatas de Moisés, após esse julgamento de morte:

E falou Moisés a Arão: Isto é o que o Senhor disse: Mostrarei a

minha santidade naqueles que se cheguem a mim, e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Arão se calou (Lv 10:3).

Deus já havia deixado claro que a irreverência não poderia

permanecer na presença de um Deus santo. De Deus não se zomba. Hoje não é diferente; Ele é o mesmo Deus santo. Nós não podemos esperar que seremos recebidos na sua presença com

uma atitude de desrespeito.

Nadabe e Abiú eram sobrinhos de Moisés. Mas Moisés sabia que era melhor não questionar o julgamento de Deus, porque sabia que Ele era justo. De fato, Moisés advertiu Arão e seus dois filhos sobreviventes a não lamentarem para que também não morressem. Isso foi ainda mais desonra ao Senhor e, assim, os

corpos de Nadabe e Abiú foram levados para fora do acampamento e enterrados.

Mais uma vez, nós vemos o padrão - a ordem divina, a glória revelada de Deus - e então, o julgamento pela irreverência.

UM NOVO SANTUÁRIO

Quase quinhentos anos mais tarde, o filho do Rei Davi, Salomão, deu início à construção de um templo para a presença do Senhor. Esse era um grande empreendimento. O estoque de

materiais, a maior parte do qual havia sido reunida sob o reinado

de Davi, era enorme. Antes da sua morte, Davi deu instruções a Salomão:

Eis que, com penoso trabalho, preparei para a casa do Senhor

cem mil talentos de ouro e um milhão de talentos de prata, e bronze e ferro em tal abundância que nem foram pesados; também

madeira e pedras preparei, cuja quantidade podes aumentar. Além disso, tens contigo trabalhadores em grande número, e canteiros, e pedreiros, e carpinteiros, e peritos em toda sorte de obra de ouro, e de prata, e também de bronze, e de ferro que se não pode contar. Dispõe-te, pois, e faze a obra, e o Senhor seja contigo! (l Cr 22:14-16)

Salomão acrescentou aos materiais já providos e começou a

construir o templo no quarto ano do seu reinado. A planta do templo era magnífica e sua ornamentação e seus detalhes eram extraordinários. Mesmo com uma força-tarefa de dez mil homens, o ajuntamento de materiais e a construção ainda levaram sete

anos completos. Nós lemos então:

Assim se acabou toda a obra que fez o rei Salomão para a casa do Senhor (2Cr 5:1).

Salomão, então, reuniu Israel em Jerusalém, onde o templo havia sido construído. Puseram os sacerdotes a arca da aliança do Senhor no seu lugar (2Cr 5:7). Todos os sacerdotes se santificaram. Não haveria nenhuma irreverência na presença de Deus. Eles se lembraram do destino dos seus parentes distantes, Nadabe e

Abiú. Então, os levitas, que eram os cantores e músicos, estavam

em pé, voltados para o oriente do altar, vestidos de linho branco, e com eles estavam cento e vinte sacerdotes que tocavam trombetas.

Mais uma vez, um grande cuidado, tempo, uma quantia enorme de trabalho e preparação trouxeram a ordem divina. E o

que veio após a ordem divina? Leiamos:

E quando em uníssono, a um tempo, tocaram as trombetas e cantaram para se fazerem ouvir, para louvar ao Senhor e render-lhe graças; e quando levantaram eles a voz com trombetas, címbalos e outros instrumentos músicos para louvar ao Senhor, porque ele é

bom, porque a sua misericórdia dura para sempre, então sucedeu que a casa, a saber, a casa do Senhor, se encheu de uma nuvem; de maneira que os sacerdotes não podiam estar ali para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor encheu a casa de

Deus (2Cr 5:13, 14).

Quando a ordem divina foi alcançada, a glória do Senhor se

revelou. Novamente, ela foi tão tremenda que os sacerdotes não podiam ministrar, pois a glória do Senhor encheu o templo.

JULGAMENTO Seguindo a revelação da glória de Deus, nós vemos

novamente a irreverência para com a sua presença e a sua Palavra. Embora os israelitas conhecessem a sua vontade, seus

corações se tornaram descuidados em relação àquilo que Deus chama sagrado e santo.

Também todos os chefes dos sacerdotes e o povo aumentavam mais e mais as transgressões, seguindo todas as abominações dos gentios; e contaminaram a casa que o Senhor tinha santificado em Jerusalém. O Senhor, Deus de seus pais, começando de madrugada, falou-lhes por intermédio dos seus mensageiros, porque se compadecera do seu povo e da sua própria

Morada. Eles, porém, zombavam dos mensageiros, desprezavam as palavras de Deus e mofavam dos seus profetas, até que subiu a ira do Senhor contra o seu povo, e não houve remédio algum (2Cr 36:14-16).

Eles ridicularizaram seus mensageiros e desconsideraram suas palavras de advertência. As pessoas escarneciam dos profetas de Deus. Eu tenho visto a mesma evidência de uma grande falta de temor hoje.

Recentemente, ministrei em uma grande igreja pregando uma forte mensagem sobre a obediência e o senhorio de Jesus. A

esposa de um dos membros da nossa equipe havia deixado o culto

com seu bebê e ido para o salão de entrada, onde o culto estava sendo transmitido por um circuito fechado de televisão. Ela escutou duas mulheres da igreja que discutiam o sermão: "Quem ele pensa que é? Vamos mandá-lo embora!", elas ridicularizaram. "Onde está o temor do Senhor?"

Israel e Judá sofreram repetido julgamento devido à sua falta de temor e respeito para com a presença sagrada de Deus e a sua Palavra. Seu julgamento alcançou o auge quando os descendentes de Abraão foram levados para o cativeiro babilônico. Leia este relato:

Eles, porém, zombavam dos mensageiros, desprezavam as palavras de Deus e mofavam dos seus profetas, até que subiu a ira do Senhor contra o seu povo, e não houve remédio algum. Por isso,

o Senhor fez subir contra eles o rei dos caldeus, o qual matou os

seus jovens à espada, na casa do seu santuário, e não teve piedade nem dos jovens nem das donzelas, nem dos velhos nem dos mais avançados em idade; a todos os deu nas suas mãos. Todos os utensílios da casa de Deus, grandes e pequenos, os tesouros da casa do Senhor, e os tesouros do rei e dos seus príncipes, tudo levou ele para a Babilônia. Queimaram a casa de

Deus e derrubaram os muros de Jerusalém; todos os seus palácios queimaram afogo, destruindo também todos os seus objetos preciosos (2Cr 36:16-19).

Eu quero que você pense cuidadosamente no que vou lhe

dizer. Nós relemos três relatos do jardim, do tabernáculo e do

templo. Em todos os casos o julgamento foi severo. Cada um resultou em morte e destruição.

O que é mais sério é o fato de que não estamos falando sobre pessoas que nunca tinham experimentado a glória de Deus ou a presença dele. Esses julgamentos foram contra aqueles que não só tinham ouvido a Palavra, como também haviam andado na Sua

presença e experimentado a sua glória! Agora que nós lançamos um fundamento do Velho

Testamento, vamos prosseguir para os dias do Novo Testamento. Nós vamos descobrir mais algumas verdades muito sérias e algumas revelações emocionantes!

Jesus deixa claro que nós devemos calcular os

custos antes de segui-lo. O preço é nada menos do que nossas vidas.

Possivelmente faltando página 78

... Porque nós somos santuários do Deus vivente, como ele

próprio disse: Habitarei e andarei entre eles... (2Co 6:16)

Sob a Velha Aliança, a presença gloriosa de Deus habitou

primeiro no tabernáculo, depois, no templo de Salomão. Agora Deus se prepara para morar naquela que sempre foi

sua habitação desejada - não um templo feito de pedra, mas o

templo que está nos corações dos seus filhos e filhas.

HABILITAR PARA O SENHOR UM POVO PREPARADO Primeiramente, teve que haver a ordem divina. Dessa vez, a

ênfase não seria na ordem externa, mas na ordem interna. Lá, na intimidade secreta do coração, é que a glória do Senhor seria revelada.

Esse processo de ordem e transformação começou com o mi-nistério de João Batista. Seria um erro ver João como um profeta do Velho Testamento, porque a Bíblia descreve seu ministério como o princípio do evangelho de Jesus Cristo (Mc 1:1). Sua pregação é encontrada no início de todos os quatro Evangelhos.

Jesus também enfatizou isso declarando: Â lei e os profetas vigoraram até João (Lc 16:16). Observe que Ele não disse: "A lei e os profetas vigoraram até Mim".

O nascimento de João foi anunciado a seu pai por um anjo. A força do seu ministério foi resumida por estas palavras: E

converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus. [...] habilitar para o Senhor um povo preparado (Lc 1:16, 17).

Observe que ele estava para habilitar para o Senhor um povo preparado. Da mesma maneira como Deus ungiu os artistas e artesãos para construir o tabernáculo nos dias de Moisés, assim

também Ele ungiu João para preparar o templo não feito por mãos humanas. Pelo Espírito de Deus, ele começou o processo de preparação para o novo templo.

Isaías profetizou a respeito de João: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor

[...] Todo vale será aterrado, e nivelados, todos os montes e outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos, aplanados. A gloria do Senhor se manifestará, e toda a carne a verá, pois a boca do Senhor o disse (Is 40:3-5).

Esses montes e outeiros não eram fortalezas de elementos naturais; eram os caminhos do homem que eram opostos aos

caminhos de Deus. O orgulho elevado e arrogante dos homens tinha de ser rebaixado. A irreverência e a estultícia do homem seriam confrontadas e aplainadas em preparação para a revelação da glória do Senhor.

A palavra hebraica para escabrosos no versículo acima é

"aqob". Strong a define como "fraudulento, enganoso, poluído ou escabroso". É fácil ver que escabroso não está se referindo a uma falta de perfeição física. Uma tradução mais precisa de aqob seria "enganoso".

João não foi enviado àqueles que não conheciam o nome do Senhor. Foi enviado àqueles que faziam parte da aliança com Jeová. O povo de Israel havia se tornado religioso; contudo, acreditava que tudo estava indo bem. Na verdade, Deus viu os israelitas como ovelhas perdidas. Os milhares que fielmente

assistiam na sinagoga, permaneciam ignorantes a respeito da

verdadeira condição dos seus corações. Estavam enganados e pensavam que sua a adoração e o culto eram aceitáveis a Deus.

João expôs esse engano e rasgou o manto que envolvia tal ilusão. Balançou os frágeis alicerces nos quais haviam se justificado como descendentes de Abraão. Trouxe à luz o erro nas doutrinas dos seus anciãos e expôs suas fórmulas de orações

desprovidas de paixão e de poder. Mostrou a futilidade de dar dízimos enquanto negligenciavam e até roubavam o pobre. Apontou a frivolidade dos seus hábitos religiosos sem vida e claramente revelou que os seus corações endurecidos estavam

longe de Deus. João veio pregando um batismo de arrependimento (Mc 1:4).

A palavra grega para batismo é baptisma, e é definida como "imersão". De acordo com o dicionário Webster, "imersão" significa "mergulhar". Assim, a mensagem de João não era de arrependimento superficial, mas de uma completa e radical mudança de coração.

A confrontação corajosa de João destruiu a falsa segurança que os israelitas tinham encontrado nas suas ilusões firmemente arraigadas. Sua mensagem era um chamado para os homens

voltarem seus corações para Deus. O Seu compromisso divino aplainou o solo dos corações que o receberam. As elevadas montanhas do orgulho e altivas colinas da religião foram

aplainadas, preparando as pessoas para receberem o ministério de Jesus.

O MESTRE CONSTRUTOR

Uma vez que o trabalho de João estava completo, Jesus veio preparar o templo sobre o terreno plano da humildade até que o

processo de construção estivesse completo. Jesus lançou o

fundamento e construiu: Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo (ICo 3:11).

Mais uma vez a Palavra de Deus trouxe ordem divina. Mas, dessa vez a sua Palavra foi revelada como a Palavra de Deus que

se fez carne! Jesus é o Mestre Construtor (Hb 3:1-4), não só por

seus ensinos, mas pela vida que viveu. Em todos os sentidos, Ele manifestou à humanidade o caminho aceitável do Senhor.

Aqueles que receberam o ministério de João estavam preparados para receber a obra do Seu Mestre Construtor. Da mesma forma, aqueles que rejeitaram João estavam despreparados para receber as palavras de Jesus, pois o solo dos

seus corações estava desnivelado e inconstante. Nenhum fundamento havia sido lançado. Eles eram como uma construção que não estava preparada para receber um santuário.

Jesus se dirigiu ao orgulho dos religiosos que resistiam a Ele:

Porque. João veio a vós outros no caminho da justiça, e não acreditastes nele; ao passo que publicanos e meretrizes creram. Vós, porém, mesmo vendo isto, não vos arrependestes, afinal para acreditardes nele (Mt 21:32).

Foram os pecadores daquela época que receberam a mensa-

gem de João e abriram seus corações a Jesus. Aproximaram-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir (Lc 15:1). Eles

não se sentiam confortados em sua religião e sabiam que precisavam de um Salvador.

O PASSO FINAL DA PREPARAÇÃO Quando Jesus cumpriu tudo o que seu Pai havia ordenado

que Ele fizesse em seu ministério na terra, Ele foi enviado à cruz por Caifás, o sumo sacerdote interino, como o Cordeiro do sacrifício. Esse foi o passo final e mais importante na preparação

do templo no coração do homem. O sacrifício de Jesus eliminou a natureza pecaminosa que separava o homem da presença de

Deus, desde a queda de Adão. Nós vimos a oferta do Cordeiro, do sacrifício prefigurado na

edificação do tabernáculo e na dedicação do templo.Quando o tabernáculo foi levantado, Arão, como sumo sacerdote, ofereceu sacrifícios ao Senhor. Um dos sacrifícios era um cordeiro sem

defeito. Depois que isso foi feito: Então entraram Moisés e Arão na tenda da congregação; e saindo, abençoaram o povo; e a glória do Senhor apareceu a todo o povo (Lv 9:23). Isso aconteceu pouco depois que Nadabe e Abiú foram julgados e mortos.

O sacrifício do Cordeiro de Deus é prefigurado na dedicação

do templo de Salomão. Então o rei e todo o povo ofereceram sacrifícios diante do

Senhor. Ofereceu o Rei Salomão em sacrifício vinte e dois mil bois e

cento e vinte mil ovelhas. Assim, o rei e todo o povo consagraram a

casa de Deus... (2Cr 7:4-6) Nesse mesmo dia a glória do Senhor foi revelada no templo.

O escritor de Hebreus compara o sacrifício de Cristo aos sacrifícios oferecidos no tabernáculo e no templo, dizendo:

Não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu

próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez, por todas, tendo obtido eterna, redenção (Hb 9:12).

Jesus, o Cordeiro de Deus, pendurado na cruz, derramando

cada gota do seu sangue inocente e real por nós. Uma vez que esse ato estava consumado, o véu do templo foi rasgado em dois, de alto a baixo (Lc 23:45). Deus se mudara! A glória de Deus nunca mais seria revelada em uma casa feita por mãos humanas. Sua glória havia sido revelada no templo em Ele sempre tinha desejado morar.

UM SÓ CORAÇÃO E UM SÓ PROPÓSITO

Agora leia o que aconteceu logo após a ressurreição de

Jesus: Ao cumprir-se o Dia de Pentecostes, estavam todos reunidos

no mesmo lugar; de repente veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles (At 2:1-3).

Mais uma vez a glória do Senhor se manifestou. Note que eles estavam todos reunidos no mesmo lugar. Ordem Divina. Como

você conseguiria um acordo entre cento e vinte pessoas? A resposta é simples: todas estavam mortas para si mesmas. Não tinham nenhum programa. Tudo que importava era que tinham obedecido às palavras de Jesus.

Nós sabemos que Jesus ministrou a dez mil pessoas em meu ministério de três anos e meio. Multidões o seguiram. Depois da Sua crucificação e ressurreição, Ele apareceu a mais de quinhentos seguidores (ICo 15:6). Contudo, no dia de Pentecostes, nós encontramos apenas cento e vinte seguidores na casa quando o Espírito de Deus se manifestou (At 1:15).

É interessante notar que os números continuaram diminuindo, e não aumentando. Onde estavam os milhares, após a crucificação? Por que Ele apareceu somente a quinhentos? No dia de Pentecostes, onde estavam os quinhentos? Foi somente a

cento e vinte discípulos que a glória de Deus foi revelada.

Depois da sua ressurreição, Jesus disse às pessoas que não saíssem de Jerusalém, mas esperassem pela promessa do Pai (At 1:4). Eu creio que todos os quinhentos esperaram pela promessa. Mas à medida que os dias se passaram, o tamanho do grupo encolheu. Impacientes, alguns devem ter decidido: "Nós temos que continuar nossas vidas; Ele se foi". Outros podem ter partido para

adorar a Deus, na sua sinagoga, da maneira tradicional. Outros ainda podem ter citado as palavras de Jesus: "Devemos ir por todo o mundo e pregar o evangelho. Deveríamos partir agora e fazer

isto!" Eu creio que o Senhor esperou até que aqueles que

permaneceram, disseram a si mesmos: "Mesmo que a gente tenha

que apodrecer, nós não vamos sair daqui, porque o Mestre disse para esperar". Somente aqueles que eram completamente submissos ao Mestre poderiam fazer tal compromisso. Nenhuma pessoa, atividade, ou coisa importava tanto quanto a obediência às palavras dele. Esses eram aqueles que tremiam diante da sua Palavra (Is 66:2). Eles temiam a Deus!

Aqueles que permaneceram, tinham ouvido atentamente quando Jesus falou à multidão, dizendo:

E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim, não

pode ser meu discípulo. Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e

verificar se tem meios para a concluir? Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo (hc 14:27-29, 33).

Jesus deixa claro que para segui-lo, devemos,

primeiramente, calcular o custo. Há um preço para seguir Jesus, e é Ele quem decide a quantia certa. O preço é nada menos do que nossas vidas!

Você pode questionar: "Eu pensei que a salvação fosse um presente gratuito, algo que não se pode merecer!?" Sim, a salvação é um presente que não pode ser comprado ou merecido. Porém,

você não pode retê-lo se não entregar toda a sua vida em troca! Até mesmo um presente deve ser protegido para não ser perdido ou roubado.

Jesus exorta: Aquele, porém, que permanecer até o fim, esse será salvo(Mt 10:22). A força para permanecer é encontrada na

doação espontânea da sua vida. Um crente verdadeiro, um discípulo, rende sua vida

completamente ao Mestre. Os discípulos permanecem firmes até o

fim. Convertidos e expectadores podem desejar os benefícios e as

bênçãos, mas não têm a resistência para permanecer até o fim. No final, eles desaparecem. Jesus deu-nos a Grande Comissão: Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações... (Mt 28:19). Ele nos comissionou a fazer discípulos, não convertidos.

Os remanescentes que permaneceram no dia de Pentecostes

tinham colocado aparte seus sonhos, ambições, metas e outros compromissos. Isso criou uma atmosfera em que podiam ter um só propósito e um só coração.

Esta é a unidade que Deus deseja para nós hoje. Tem havido

vários movimentos em prol da unidade em nossas cidades, entre alguns líderes e igrejas. Nós caminhamos juntos e buscamos a

unidade. Mas devemos nos lembrar de que só Deus pode verdadeira-

mente nos fazer um. A menos que nós deixemos tudo o mais de lado, os compromissos que estão ocultos virão à tona. Quando há motivos ocultos, os relacionamentos se desenvolvem em um nível superficial. O resultado é fraco e improdutivo. Podemos ter

unidade de propósito, sem obedecer ao coração do nosso Mestre. Desta forma, nossa produtividade é vã. Pois Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam... (SI 127:1).

Deus ainda está buscando aqueles que tremem diante da sua Palavra! Este é o lugar onde a verdadeira unidade é encontrada.

A GLÓRIA DO SENHOR É REVELADA

Aqueles que estavam reunidos no dia de Pentecostes tinham verdadeira unidade. Eles estavam unidos no propósito do seu Mestre. Seus corações estavam em ordem. A preparação do ministério de João havia se juntado ao ministério de Jesus e

resultou em ordem divina. A ordem divina foi alcançada nos corações dos homens. Em concordância com o padrão de Deus,

depois da ordem divina, veio a glória revelada de Deus. Leia novamente o que aconteceu naquele dia:

De repente, veio do céu um som como de um vento impetuoso,

e encheu toda a casa onde eles estavam assentados. E apareceram, distribuídas entre eles, línguas como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles (At 2:2, 3).

Uma porção da glória de Deus se manifestou sobre aqueles

cento e vinte homens e mulheres. Observe que línguas como de

fogo desceram sobre cada um deles. Esqueça as imagens que você tem visto no seu livro de escola dominical - pequenas chamas de fogo flutuando sobre as cabeças daqueles discípulos. Todos os presentes foram batizados ou imersos no fogo da sua gloriosa

presença (Mateus 3:11).

É claro que aquela não era a glória de Deus plenamente revelada, pois nenhum homem viu nem pode resistir à glória de Deus plenamente revelada (1 Tm 6:16). Porém, essa manifestação foi forte o bastante para atrair a atenção de multidões de judeus devotos, tementes a Deus que estavam em Jerusalém, de todos os países debaixo do céu (At 2:6,7).

Naquele momento, em resposta, Pedro se levantou e lhes pregou o Evangelho. Três mil pessoas foram salvas e acrescentadas à igreja naquele dia. Não foi um culto agendado,

nem houve qualquer anúncio. Como resultado: Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram

feitos por intermédio dos apóstolos (At 2: 43). Deus havia revelado uma porção da sua glória e as pessoas

ficaram profundamente atemorizadas pela sua presença e poder. Ele continuou a operar de uma maneira poderosa. Diariamente, havia testemunhos de tremendos milagres e libertações.

Não havia como negar que a poderosa mão de Deus estava operando. Homens e mulheres entravam no reino, em multidões.

Aqueles que anteriormente tinham entregado suas vidas a Jesus, foram renovados pela presença do seu Espírito.

Mas, como nós já vimos, se Deus revela sua glória e as pessoas reagem com falta de temor, há julgamento certo. De fato,

quanto maior a glória, maior e mais rápido o julgamento. No próximo capítulo, vamos examinar, mais profundamente, o evento trágico que ocorreu logo após a revelação da glória de Deus.

Se você deseja o louvor do homem, vai temer o homem. Se você teme o homem vai servi-lo,

porque você serve a quem você teme.

CAPÍTULO 7

UMA OFERTA IRREVERENTE

Pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo vosso procedimento, porque escrito está: sede santos, porque eu sou santo (IPe 1:15,16).

O tempo havia passado desde o dia de Pentecostes. A Igreja

havia provado os benefícios da presença de Deus e do seu poder. Multidões eram salvas, outros eram curados e libertos. Ninguém passava necessidade, pois todos compartilhavam o que tinham. Aqueles que tinham posses as vendiam e traziam a renda perante os apóstolos, para distribuírem aos que estivessem passando necessidades (At 4:34, 35).

A OFERTA DE UM ESTRANGEIRO

José, a quem os apóstolos deram o sobrenome de Barnabé, que quer dizer filho de exortação, levita, natural de Chipre, como tivesse um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos (At 4:36, 37).

Chipre era uma ilha abundantemente abençoada pelos

recursos naturais, famosa por suas flores e frutas. O vinho e o

óleo eram produzidos em abundância. Havia uma reserva de pedras preciosas variadas, mas sua principal fonte de riqueza eram as minas e florestas. Havia muita prata, cobre e minas de

ferro. Esse era um país transbordante de riqueza natural. Se alguém possuísse terra em Chipre, provavelmente essa pessoa era rica.

Imagine este quadro: um levita rico chamado Barnabé, de outro país, traz a quantia total que havia recebido pela venda da sua terra, que provavelmente era uma soma muito alta, e a coloca

à disposição dos apóstolos. Agora, leia cuidadosamente o próximo versículo:

Entretanto, certo homem, chamado Ananias, com sua mulher

Safira, vendeu uma propriedade (At 5:1).

Observe a primeira palavra desta sentença: entretanto. Na

Bíblia, nenhum pensamento novo é introduzido com a palavra entretanto. Lembre-se, os tradutores foram as pessoas que

separaram cada livro da Bíblia por capítulo e versículo. Originalmente, o Livro de Atos era apenas uma longa carta escrita

por um médico chamado Lucas.

Pelo emprego da palavra entretanto é óbvio que o que havia acabado de acontecer no quarto capítulo de Atos está ligado ao relato de Ananias e Safira no quinto capítulo. De fato, serei ousado o bastante para dizer que nós não podemos entender completamente o que está para acontecer sem levar em conta o

que aconteceu anteriormente. Isso explica a razão para a palavra entretanto no início da frase.

Vamos refletir sobre isto. Um recém-chegado, que é muito rico, junta-se à igreja e traz uma oferta muito grande de um

pedaço de terra que vendeu. A oferta desse homem leva Ananias e Safira a reagirem, vendendo algo que possuíam. Examine os

próximos versículos cuidadosamente: Mas, de acordo com sua mulher, reteve parte do preço e,

levando o restante, depositou-o aos pés dos apóstolos. Então, disse Pedro: Ananias, porque encheu Satanás teu coração, para que

mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? Conservando-o, porventura não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus (At 5:2-4).

Até esse ponto, Ananias e sua esposa provavelmente tinham

a reputação na igreja de serem os maiores doadores. É provável que recebessem muita atenção das pessoas pela sua generosidade. Observando a reação deles, estou certo de que desfrutaram muito dessa posição de respeito e do reconhecimento que recebiam pelo seu ministério de dar,

Agora haviam sido superados. A atenção havia voltado para

aquele novo homem, o levita de Chipre. Todos estavam exaltando as virtudes daquele homem generoso. As pessoas comentavam

entre si sobre como sua grande doação ajudaria muitos que passavam por necessidades. Era a conversa que se ouvia na igreja. O foco de atenção fora desviado de Ananias e Safira, criando um vazio com o qual não conseguiam lidar.

Eles reagiram imediatamente, vendendo um lote de terra. O terreno deles também era valioso e receberam uma grande soma de dinheiro. Provavelmente era a possessão mais importante que tinham. Juntos, devem ter concluído: "É muito dinheiro para desfazer. Nós não podemos dar tudo. Mas nós queremos que pareça que estamos dando tudo. Então, vamos dar apenas uma

parte dele e dizer que é tudo que recebemos", Eles concordaram em reter uma parte do lucro para si

mesmos, mas ainda queriam que aparentasse que tinham dado a quantia inteira. O pecado deles foi o engano. Não estava errado

reter uma parte do lucro da venda. O dinheiro era deles para fazer

o que desejassem. Mas estava errado dizer que tinham dado tudo que receberam, quando, de fato, isso era uma mentira. Eles queriam mais os louvores do homem do que a verdade e a integridade. A reputação era importante para eles. Eles provavelmente se confortaram, dizendo: "Que dano isto poderia causar? Nós estamos dando e satisfazendo as necessidades dos

menos afortunados. Isto é tudo que podemos dar". Se você deseja o louvor do homem, vai temer o homem. Se

teme o homem vai servi-lo, porque você serve a quem você teme.

Eles temeram mais o homem do que a Deus. Isso os levou a racionalizar suas ações e a se colocarem na presença de Deus sem o santo temor. Se tivessem temor de Deus, nunca teriam mentido

na presença dele. Ouvindo estas palavras, Ananias caiu e expirou, sobrevindo

grande temor a todos os ouvintes. Levantando-se os moços, cobriram-lhe o corpo e, levando-o, o sepultaram (At 5:5,6).

Esse homem trouxe uma oferta para os necessitados e foi ferido com a morte! O julgamento imediato ocorreu. Um grande

temor sobreveio sobre aqueles que testemunharam ou ouviram falar sobre o ocorrido. Continue lendo:

Quase três horas depois, entrou a mulher de Ananias não

sabendo o que ocorrera. Então, Pedro, dirigindo-se a ela, perguntou-lhe: Dize-me, vendestes por tanto aquela terra? Ela respondeu: Sim,

por tanto. Tornou-lhe Pedro: Por que entrastes em acordo para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e eles também te levarão. No mesmo instante caiu ela aos pés de Pedro e expirou. Entrando os jovens, acharam-na morta e, levando-a, sepultaram-na junto do marido. E

sobreveio grande temor a toda a igreja e a todos quantos ouviram a notícia destes acontecimentos (At 5:7-11).

É bem possível que Ananias e sua esposa tenham sido

alguns dos primeiros a receber a salvação pela graça. Eles podem ter sido os maiores doadores na igreja. Eles podem ter sacrificado

sua posição social e segurança financeira para servir a Deus. Mas os sacrifícios são inúteis quando não são acompanhados por corações que amam e temem a Deus.

Observe o último versículo do texto acima: E sobreveio gran-de temor a toda a igreja. Lembre-se da advertência de Deus a Arão

quando seus dois filhos morreram na presença de Deus por apresentarem suas ofertas irreverentes.

Mostrarei a minha santidade naqueles que se cheguem a mim

e serei glorificado diante de todo o povo (Lv 10:3).

Ao longo dos séculos, Deus não havia mudado. Sua Palavra

e nível de santidade não variaram. Sua Palavra não havia falhado desde que fora enviada, uns dois mil anos antes. Deus era, é, e sempre será o grande Rei e deve ser reverenciado como tal. Nós

não podemos tratar com leviandade o que Ele chama de santo. A Bíblia não diz que um grande temor veio sobre a cidade,

mas diz que um grande temor sobreveio sobre a igreja. A igreja estava desfrutando da presença do Senhor e de todas as suas

bênçãos. Quando as pessoas ficaram cheias do Espírito Santo, elas agiram como homens embriagados. Eu estou certo de que alguns riram de alegria, e o mais maravilhoso de tudo isso foi

quando todos eles falaram em línguas. Por que outro motivo eles foram confundidos com pessoas embriagadas às nove horas da manhã? (At 2:15)

Talvez, com o passar do tempo, as pessoas tenham ficado muito familiarizadas com a presença de Deus. Ele se tornou comum para algumas delas. Talvez se lembrassem de como Jesus

havia sido acessível e decidiram que o relacionamento delas com o Espírito Santo poderia se tornar semelhante. Embora Jesus seja o

Filho de Deus e a imagem exata do Deus que se fez carne, nós não podemos esquecer que Ele veio como Filho do homem e mediador, porque o homem não podia se aproximar da santidade de Deus.

Embora Eles sejam um, há um diferença entre Deus Pai,

Deus Filho e Deus Espírito Santo. Até mesmo Jesus disse que os homens podiam falar contra Ele e seriam perdoados, mas não lhes seria perdoado se falassem contra o Espírito Santo. Jesus estava lhes fazendo saber, de antemão, que uma santa ordem divina estava para ser restaurada. Antes da vinda do Filho, as pessoas sentiam medo ou terror de Deus sem temê-lo. Agora o homem

havia sido restaurado por Deus, e a ordem divina havia sido restabelecida.

A igreja desperta para a santidade de Deus quando Ananias e Safira caem mortos aos pés de Pedro. "Talvez nós devêssemos repensar algumas coisas", alguns podem ter ponderado. Outros podem ter pensado: "Facilmente poderia ter sido eu". Outros

tiveram seu conceito sobre Deus sacudido! "Acho que não o conheço tão bem quanto pensava. Eu não achava que Ele traria um julgamento tão rápido e tão severo." Mas todos exclamaram maravilhados e assombrados: "Ele é Santo e conhecedor de todas

as coisas!" Um grande temor sobreveio a toda a igreja quando examinaram seus corações, pasmados por esse Deus de temor e

maravilha. Tão amoroso, e, contudo, tão santo. Ninguém permaneceu impassível diante desse evento surpreendente.

PORTAI-VOS COM TEMOR DE DEUS Pedro, que caminhou com Jesus e testemunhou esse

julgamento, mais tarde foi inspirado a escrever esta repreensão sincera:

Pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou,

tornai-vos santos também vós mesmos, em todo vosso proce-dimento, porque escrito está: Sede santos porque eu sou santo. Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação (1 Pe 1:15-17).

Observe que ele não diz: "portai-vos com amor". Sim, nós

devemos andar em amor, pois sem ele nós não temos nada! Apartados do seu amor, nós não podemos nem mesmo conhecer o coração do Pai. Anteriormente, nessa mesma epístola, Pedro faz um comentário sobre o nosso amor pelo Senhor, que queima em

nossos corações: a quem, não havendo visto, amais (IPe 1:8). Fomos chamados para ter um relacionamento pessoal de amor com nosso Pai, mas Pedro acrescenta, logo em seguida, o

equilíbrio do temor de Deus. Nosso amor a Deus é limitado por uma falta do santo temor. Nossos corações devem ter a luz e o

calor de ambas as chamas. Você pode se perguntar como este amor poderia ser limitado.

Você só pode amar alguém apenas na medida em que o conhece. Se sua imagem de Deus é abaixo do que Ele é, então você tem apenas um conhecimento superficial daquele que você ama. O verdadeiro amor é fundado na verdade de quem Deus realmente é.

Você acha que Ele revela seu coração àqueles que o consideram levianamente? Você acha? De fato, Deus escolheu se ocultar (Is

45:15). O salmista se refere ao lugar em que Ele se esconde como esconderijo (Sl 91:1).

É aqui, em secreto, que nós descobrimos sua santidade e sua grandeza. Mas somente aqueles que o temem encontrarão

esse refúgio secreto, porque as Escrituras nos dizem: A intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele

dará a conhecer a sua aliança (Sl 25:14).

Agora, você pode entender melhor as palavras de Pedro.

Paulo, que não caminhou com Jesus na Terra, mas o conheceu na estrada para Damasco, fortaleceu esta exortação adicionando a palavra "tremor". Ele diz aos crentes: Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor (Fp 2:12). De fato, esta frase é usada três vezes

no Novo Testamento para descrever o relacionamento correto entre

um crente e Cristo. Paulo veio a conhecer Jesus por meio da revelação do Espí-

rito. Essa é a mesma maneira pela qual nós devemos conhecê-lo. E, se, antes conhecemos a Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo.(2Co 5:16) Se nós buscamos ter acesso ao

conhecimento de Deus e caminhamos com Ele como nós cami-nhamos com os homens naturais e corruptíveis, consequentemente, não daremos o devido valor à sua presença, como alguns fizeram na Igreja Primitiva.

Eu estou certo de que Ananias e Safira faziam parte daqueles que estavam admirados e empolgados na igreja primitiva de Atos. Todos tinham ficado pasmos diante dos abundantes

sinais e maravilhas. Até mesmo os sinais e as maravilhas se tornaram comuns quando houve falta do temor de Deus nos seus corações. O temor de Deus teria impedido a tolice daquele casal infeliz (Sl 34:11-13). O temor teria revelado a santidade de Deus.

Devemos nos lembrar destes dois atributos imutáveis: Deus é amor e Deus é um fogo consumidor (1 Jo 4:8 e Hb

12:29). Paulo se refere ao fogo experimentado pelos crentes quando estiverem diante de um Deus santo no trono do

julgamento. Lá, nós daremos conta das nossas obras feitas no corpo de Cristo, boas ou más (2Co 5:10). Paulo adverte então: Conhecendo o temor do Senhor, persuadimos aos homens ... (2Co

5:11) Por causa do amor de Deus, podemos ter confiança quando

nos aproximamos dele. A Bíblia acrescenta que devemos servi-lo e nos aproximarmos dele de maneira aceitável. Como? Com reverência e piedoso temor (Hb 12:28).

Aqueles que nasceram de novo conhecem a Deus como Aba Pai, mas isso não nega a posição dele como Juiz de toda a carne

(Gl 4:6-7 e Hb 12:23). Deus deixa isto claro: O Senhor julgará o seu povo (Hb 10:30).

Vamos considerar um rei terreno que tem filhos e filhas. No

palácio, ele é o marido e o papai. Mas na sala do trono, é o rei e deve ser reverenciado como tal, até mesmo pela sua esposa e seus filhos. Sim, há aquelas vezes em que eu sinto a chamada do Pai para que eu entre na sua câmara particular, de braços estendidos, me convidando: "Venha, pule em meu colo, vamos ficar abraçados e conversar". Eu adoro esses momentos. Eles são tão especiais!

Mas há vezes, quando estou orando ou estou participando de um

culto, em que eu temo e tremo na sua santa presença. Houve um desses cultos, em agosto de 1995, no final de

uma semana de reuniões em Kuala Lumpur, Malásia. O clima estava muito adverso, e aquele dia eu sentia que finalmente nós

tínhamos experimentado um avanço. A presença do Senhor

encheu o lugar, e várias pessoas riram quando sua alegria fluiu. Isso continuou por dez a quinze minutos, e depois houve uma pausa seguida por outra onda da presença de Deus. Mais pessoas foram tocadas. Novamente, houve uma calmaria, e então outra onda da presença de Deus inundada de alegria se espalhou pelo santuário, até que quase todos foram renovados e começaram a

rir. Então houve ainda outro intervalo. Foi quando ouvi o Senhor dizer: "Eu virei numa última onda,

mas será diferente das outras". Eu me mantive em silêncio e

esperei. Dentro de minutos, uma manifestação muito diferente da presença de Deus se espalhou pela igreja. Eu estava impressionado e um pouco assustado; contudo, fui levado por ela.

O clima se tornou carregado. As mesmas pessoas que estiveram rindo há poucos momentos antes, começaram a lamentar, chorar e clamar. Alguns gritavam estridentemente como se estivessem no fogo. Entretanto, esses não eram gritos de tormento causados por ação demoníaca.

Enquanto caminhava pela plataforma, este pensamento

passou por minha mente: "John, não faça nenhum movimento errado nem diga uma palavra errada. Se você o fizer, será um

homem morto". Eu não estou certo do que teria acontecido, mas este pensamento transmite a intensidade do que senti. Eu sabia que a irreverência não poderia existir diante daquela presença assombrosa. Testemunhei duas reações diferentes naquele dia -

ou as pessoas ficavam com medo e se afastavam da presença de Deus, ou sentiam temor de Deus e se aproximavam da sua tremenda presença. Aquela, definitivamente, não era uma das vezes em que Deus estava sussurrando: "Venha, pule no meu colo!"

Nós saímos da reunião envoltos em temor. Muitos se

sentiam completamente transformados pela tremenda presença de Deus. Um homem que foi poderosamente tocado pela presença de Deus, depois me disse: "Eu me sinto tão limpo por dentro!" Eu concordei, porque eu também me sentia purificado. Mais tarde eu encontrei este versículo: O temor do Senhor é límpido e permanece para sempre (Sl 19:9).

O TEMOR DO SENHOR PERMANECE

O temor do Senhor permanece para sempre! Se Lúcifer tives-se possuído temor, ele nunca teria caído do céu como um

relâmpago (Is 14:12-15 e Lc 10:18). Lúcifer era o querubim ungido

do santo monte de Deus e andava na presença do Senhor (Ez 28:14-17). Contudo, Lúcifer foi o primeiro a demonstrar a falta de temor a Deus.

Ouçam-me, povo de Deus: Vocês podem ter o santo óleo da

unção sobre vocês, como Nadabe e Abiú tiveram. Podem operar si-nais e maravilhas, expulsar demônios e curar os doentes no seu poderoso nome, mas falta o temor do Senhor! Sem ele, seu fim não será diferente que o de Nadabe e Abiú ou de Ananias e Safira, pois é o temor do Senhor que os leva a permanecerem diante da presença dele para sempre!

Adão e Eva andavam na presença do Senhor. Amavam as bênçãos da bondade de Deus. Nunca tinham sido ofendidos por qualquer autoridade. Viviam num ambiente perfeito. Contudo, eles

desobedeceram e caíram, sofrendo um grande julgamento. Eles nunca teriam caído se possuíssem o temor do Senhor.

O temor do Senhor dura para sempre! Se Ananias e Safira

tivessem temido a Deus, não teriam se comportado tão tolamente, pois pelo temor do Senhor os homens evitam o mal (Pv 16:6).

Alguns podem questionar: "Meu amor por Deus não me guarda do pecado?" Sim, mas quanto amor você pode ter, se faltar o temor de Deus? Quando visitei Jim Bakker na prisão, ele compartilhou comigo como a pressão da prisão o levara a

experimentar uma mudança completa de coração. Ele experimentou Jesus como Mestre, pela primeira vez.

Compartilhou como havia perdido sua família, ministério, tudo o que possuía, e então encontrou Jesus.

Eu me lembro claramente das suas palavras: "John, esta prisão não é o julgamento de Deus sobre minha vida, mas, sua

misericórdia. Acredito que se eu tivesse continuado no caminho em que estava, teria terminado no inferno!"

Jim Bakker compartilhou esta advertência para todos nós:' 'John, eu sempre amei Jesus; contudo, Ele não era o meu Senhor, e há milhões de americanos como eu!" Jim amava a imagem de Jesus outrora revelada a ele. O amor de Jim era imaturo, pois

faltava o temor do Senhor. Hoje, Jim Bakker é um homem que teme a Deus. Quando eu lhe perguntei o que ele faria quando saísse da prisão, respondeu depressa: "Se eu voltar para o caminho em que estava, eu serei julgado!"

NINGUÉM OUSAVA JUNTAR-SE A ELES

O que aconteceu a Ananias e Safira fez a igreja tremer. Trouxe à superfície as motivações do coração para serem analisadas. Aqueles que se viram na mesma irreverência de Ananias e Safira, rasgaram seus corações em arrependimento.

Outros calcularam o custo mais seriamente antes de se unirem à assembléia de crentes, em Jerusalém. Alguns podem ter ido

embora com medo do julgamento de Deus. O temor veio sobre a igreja, mas também assombrou a todos

que ouviram o que havia acontecido àquele casal. Estou certo de

que aquele acontecimento foi notícia durante algum tempo na cidade. As pessoas perguntavam umas às outras: "Você ouviu falar sobre o que aconteceu àqueles seguidores de Jesus? Um casal trouxe uma oferta para os necessitados e ambos caíram mortos!" A Bíblia registra:

Mas, dos restantes, ninguém ousava ajuntar-se a eles; porém, o povo lhes tributava grande admiração. E crescia mais e mais a multidão de crentes, tanto homens como mulheres (At 5:13, 14).

Parecia ser uma contradição: ninguém ousava unir-se a eles,

contudo, os versículos seguintes afirmam que o número de crentes

estava aumentando a cada dia. Como o número de crentes pôde aumentar se ninguém ousava juntar-se a eles? O que está sendo dito aqui, de fato? Eu creio que ninguém ousou se unir a Jesus até que tivessem calculado o custo. Não havia mais "juntar-se à igreja" por motivos egoístas. Eles vinham ao Senhor por causa de quem Ele era, não por causa do que Ele poderia fazer.

É fácil desenvolver rapidamente uma atitude de irreverência quando nós vimos ao Senhor pelo que Ele pode fazer para nós ou

pelo que pode nos dar. É uma relação baseada em bênçãos e eventos. Quando as coisas não saem à nossa maneira- e inevitavelmente isso vai acontecer - nós ficamos desapontados e, como crianças mimadas, acaba o nosso respeito. Quando a

irreverência é julgada, cada um avalia a sua vida e as motivações erradas são purificadas pela luz do julgamento. Esse é o estado dos verdadeiros corações arrependidos, cheios do temor de Deus.

POR QUE ELES?

Por que Ananias e Safira morreram? Eu conheço pessoas

que têm mentido a pregadores do evangelho e não foram julgadas tão severamente. De fato, têm acontecido atos muito mais irreverentes do que o de Ananias e Safira na história da igreja, e até mesmo na igreja dos dias de hoje. Ninguém mais cai morto nos cultos. Todo esse evento parece tão impossível hoje.

A resposta está escondida logo nos versículos seguintes a

este relato: ...a ponto de levarem os enfermos até pelas ruas e os colo-

carem sobre leitos e macas, para que, ao passar Pedro, ao menos a sua sombra se projetasse sobre algum deles (At 5:15).

Observe que eles deitavam os doentes nas ruas! Não na rua,

mas nas ruas, esperando apenas que a sombra de Pedro passasse

para que o doente pudesse ser curado. Agora, eu percebo que o

que estou para dizer está sujeito a argumentação, mas creio que a interpretação não está limitada apenas à sombra física de Pedro. Uma sombra não detém nenhum poder para curar um doente. Eu acredito que era a nuvem de Deus. A presença do Senhor era tão forte em Pedro, que uma nuvem cobria e ocultava a sua própria sombra. Da mesma maneira, quando Moisés desceu do monte, a

glória de Deus estava brilhando na sua face, de forma que a sua própria imagem foi coberta por ela. Será que o próprio Deus teria encoberto Pedro numa nuvem de sombra para esconder a sua

glória? Em Atos 5:15, tudo que Pedro tinha de fazer era lançar sua sombra sobre os doentes, e as multidões nas ruas eram curadas.

Nós sabemos que uma presença muito tangível da glória de

Deus repousava sobre Pedro, quando primeiramente Ananias e Safira mentiram para ele e caíram mortos. Em essência, Ananias e Safira caíram mortos porque eram irreverentes na presença do Senhor, cuja glória já havia sido revelada. Assim como com Adão, Nadabe, Abiú e os filhos de Israel, mais uma vez nós vemos o padrão de ordem, glória e julgamento.

Nos capítulos seguintes, nós aplicaremos este padrão à nossa igreja atuai. Enquanto aprofundarmos um pouco mais, nós

veremos por que o amor de Deus deve estar associado ao temor de Deus.

CAPÍTULO 8

JULGAMENTO ADIADO

Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo (2Co 5:10).

Enquanto escrevo, estamos nos aproximando do fim dos dois

mil anos desde a ressurreição do nosso Senhor Jesus. Vivemos no

início das semanas finais, dos dias e momentos que antecedem o seu retorno. Jesus disse que saberíamos a época, mas não o dia ou a hora (Mt 24:32-36). Nós estamos vivendo nesta época.

A PRIMEIRA E A ÚLTIMA CHUVA

As Escrituras proféticas anunciavam como Deus revelaria

sua glória de um modo poderoso no início e novamente no fim da era da Igreja, pouco antes da sua segunda vinda. Tiago descreveu isto:

Sede, pois, irmãos, pacientes, até a vinda do Senhor. Eis que

o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até

receber as primeiras e as últimas chuvas (Tg 5:7). Observe que Tiago se refere à primeira e à última chuva. Em

Israel, a primeira chuva caía e umidecia a terra seca no início da época de plantio. A terra, amolecida pela chuva, podia receber o

grão, que poderia firmemente criar sua raiz. As últimas chuvas vinham pouco antes da colheita e eram mais apreciadas porque amadureciam o fruto e o desenvolviam.

Tiago usou a chuva física como uma comparação para explicar o derramamento da glória de Deus. A primeira chuva caiu no dia de Pentecostes, como Pedro confirmou:

Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta

Joel: E acontecerá que nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas

derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão. Mostrarei prodígios em cima no céu e sinais embaixo na terra: sangue, fogo e vapor defumo. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor (At 2:16-20).

Pedro usou o termo derramarei. A terminologia para chuva

pesada é "aguaceiro". Pedro poderia ter dito "choverá forte", mas ele utilizou termos apropriados para enviar a chuva. Quem melhor que Pedro para descrever o derramamento da glória de Deus, experimentado no dia de Pentecostes? Mas, essa descrição não é limitada ao que acabara de experimentar, pois ao mesmo tempo

ele descreveu o derramamento da glória de Deus, anterior ao grande e temível dia do Senhor. O grande e temível dia do Senhor não se referia ao período de tempo no qual Pedro vivera, mas à segunda vinda de Cristo.

O Espírito de Deus fez, por meio de Pedro, o que havia feito tantas vezes antes: uniu dois períodos de tempo distintos na mesma mensagem profética ou Escritura. Sim, um grande

derramamento do Espírito de Deus começou no dia de Pentecostes. Tiago chamou-o de primeira chuva. A glória de Deus se manifestou e se espalhou por onde o Senhor enviou Seus discípulos com o evangelho. Não houve nenhuma parte do mundo conhecido que não foi afetada.

Contudo, esse grande derramamento não aumentou

continuamente. Ele foi acabando gradualmente e diminuiu quando os homens perderam sua paixão pela presença e pela

glória de Deus. Em lugar do amor e temor que uma vez queimaram, estava a frieza, altar sem vida e de desejos egoístas. Afastados, muitos se tornaram ocupados com atividades religiosas e doutrinas que uma vez mais obscureceram o propósito para o

qual Deus nos criou - caminhar com Ele. UM TEMPO DE EGOÍSMO, MESMO NA LIDERANÇA

Essa fase de aumento e diminuição da presença e da glória de Deus poderia ser comparada ao período de tempo entre a liderança de Moisés e o Rei Davi. Nos dias de Moisés, os filhos de

Israel vagaram no deserto durante anos, sob a glória manifesta de Deus. Os irreverentes foram julgados e encontraram a morte no deserto.

Mas a geração mais jovem temeu ao Senhor e o seguiu de todo o seu coração. Eles chegaram a possuir a Terra Prometida sob a liderança de Josué. Porém, foi também congregada a seus

pais toda aquela geração; e outra geração após deles se levantou, que não conhecia o Senhor, nem tão pouco as obras que fizera a Israel. (Jz 2:10).

A desobediência dessa nova geração os conduziu de volta à

escravidão e ao sofrimento. De tempos em tempos, Deus levantava

homens ou mulheres como juízes para conduzi-los. Por meio desses líderes, fontes de reavivamento e restauração surgiam para o seu povo. Embora esses fortes líderes fossem levantados por

Deus para conduzir o povo, a condição geral de Israel continuou

piorando. Israel reagia aos seus juízes, não à Deus, pois as Escrituras nos dizem: Sucedia, porém, que, falecendo o juiz, reincidiam e se tornavam piores do que seus pais... (Jz2:19)

A cada geração que passava, o coração do povo escolhido de Deus se tornava cada vez mais frio até que chegou ao ponto mais

baixo. Essa era a condição quando Eli foi sacerdote e juiz. Depois de julgar Israel por quarenta anos, o seu coração se tornou obscuro e a sua visão estava praticamente perdida.

Sob a autoridade de Eli, atuando como sacerdotes e líderes,

estavam seus dois filhos, Hofni e Finéias. A corrupção deles excedeu a de seu pai. Essa família de líderes ofendeu tanto a

Deus, que Ele declarou: Portanto, jurei à casa de Eli que nunca jamais lhe será expiada a iniquidade nem com sacrifício nem com oferta de manjares (l Sm 3:14).

Tal liderança ofensiva foi a razão pela qual a nação atingiu seu ponto mais baixo. Em tempos passados, quando a nação se

desviava, os líderes guiavam as pessoas de volta para Deus, mas esses líderes afastavam as pessoas por meio do seu persistente abuso de autoridade e perversão do poder.

Os filhos de Eli se envolveram em relações sexuais com as

mulheres que se reuniam à porta do tabernáculo. Eles não apenas eram sexualmente imorais, mas também usavam sua posição de

liderança para constranger à imoralidade as mulheres que tinham vindo buscar ao Senhor (1 Sm 2:22). Eles abusaram do poder da posição que Deus lhes havia dado para servir ao seu povo, e ao invés disso, usaram-no como um meio para satisfazer aos próprios desejos. Suas ações contrariaram grandemente o Senhor. Eli conhecia a imoralidade e a cobiça dos filhos, contudo, não os

impediu de pecarem continuamente, nem os removeu das posições de liderança.

A segunda violação deles foi na questão das ofertas. Nova-mente usaram a autoridade concedida por Deus para satisfazer a própria cobiça, engordando a si mesmos com ofertas obtidas por meio de manipulação e ameaças.

JULGAMENTO ADIADO Compare o pecado dos filhos de Eli com o pecado dos filhos

de Arão, Nadabe e Abiú, que morreram quando levaram fogo estranho diante do Senhor. É difícil deixar de questionar porque os filhos de Eli não foram julgados com a morte tão rapidamente.

O pecado deles era um desrespeito franco e total para com Deus, para com o seu povo e para com as suas ofertas. Então, por que eles não foram julgados da mesma maneira - com morte imediata no tabernáculo? A resposta se encontra no versículo seguinte:

O jovem Samuel servia ao Senhor, perante Eli. Naqueles dias, a palavra do Senhor era mui rara; as visões não eram frequentes. Certo dia, estando deitado no lugar costumado o sacerdote Eli, cujos olhos já começavam a escurecer-se, a ponto de não poder ver, e tendo-se deitado também Samuel, no templo do Senhor, em que estava a arca, antes que a lâmpada de Deus se apagasse (ISm 3:1-

3). Observe o seguinte: a Palavra do Senhor era rara - Deus não

estava falando como Ele falava com Moisés. Onde sua Palavra é rara, também é rara sua presença.

A revelação já não era comum - a revelação é encontrada na

presença do Senhor (Mt 16:17). Havia um conhecimento limitado dos caminhos de Deus devido à falta da sua presença.

Os olhos da liderança estavam tão obscurecidos, que eles não podiam ver - em Deuteronômio 34:7, nós encontramos: Tinha Moisés a idade de cento e vinte anos quando morreu. Não se lhe

escureceram os olhos, nem se lhe abateu o vigor. Moisés nunca perdeu a visão porque caminhou no meio da glória de Deus e seu corpo foi preservado de problemas típicos da velhice. A lâmpada

de Deus estava apagando devido à falta de óleo - a glória foi removida para tão distante, que a presença de Deus era apenas

uma luz bruxuleante. No caso dos filhos de Arão, a glória de Deus havia acabado

de se revelar e era forte. Saiu fogo do Senhor e os consumiu, e eles morreram diante dele. A presença e a glória de Deus eram muito poderosas. Mas os filhos de Eli estavam envoltos na escuridão de uma liderança quase cega e pelas sombras lançadas por uma

lâmpada fraca. A lâmpada de Deus estava quase se apagando. Restava somente um sinal da presença de Deus. A glória dele já se

havia retirado. O julgamento imediato só se dá na presença da sua glória. Então, o julgamento deles não foi imediato - foi adiado.

MAIOR GLÓRIA - JULGAMENTO MAIS RÁPIDO Esta verdade deve ser fixada em nossos corações. Embora

mencionada anteriormente, agora ela é cada vez mais evidente. Quanto maior for a glória revelada de Deus, maior e mais rápido será o julgamento da irreverência! Sempre que o pecado entra na presença da glória de Deus, há uma reação imediata. O pecado e qualquer pessoa que intencionalmente o pratica serão destruídos.

Quanto maior a intensidade de luz, menor é a chance das trevas

permanecerem. Imagine um auditório grande, sem janelas ou luz natural. A

escuridão dominaria. Você não poderia ver a própria mão na sua

frente. Então, risque um fósforo. Haveria luz, mas seria limitada.

A maior parte da escuridão permaneceria inalterada. Acenda uma única luz de sessenta watts. A luz aumentaria, mas a escuridão e as sombras ainda permeariam a maior parte do grande auditório. Então, imagine que de alguma maneira fosse possível colocar uma fonte de luz tão poderosa quanto o sol nesse salão. Você adivinhou: toda a escuridão seria aniquilada, e a luz penetraria

em cada fenda e em cada canto antes escuro. Assim é quando a gloriosa presença de Deus é limitada ou

rara. A escuridão é perpétua e não é confrontada. O julgamento é

adiado. Mas à medida que aumenta a luz da glória de Deus, também aumenta a execução do julgamento. Paulo explicou isso quando escreveu:

Os pecados de alguns homens são notórios e levam a juízo, ao

passo que os de outros, só mais tarde se manifestam (l Tm 5:24). O pecado irreverente de Ananias e Safira foi exposto pela

intensa luz da glória de Deus, e então recebeu julgamento

imediato. Isso explica porque muitos hoje, cujo pecado excede o de Ananias e Safira, têm escapado do julgamento imediato, apenas

para esperar a punição adiada. Estes não são diferentes dos filhos de Eli. Continuam pecando, cegamente confortados porque não percebem que ainda serão julgados. "Não aconteceu nada", eles pensam com um suspiro de alívio. "Eu devo ser isento do

julgamento de Deus. Ele faz vista grossa para o que eu faço." Esses indivíduos são confortados por um falso senso de graça e confundem a demora de julgamento da parte de Deus com a negação do julgamento.

Nós que vivemos na segunda metade do século vinte, temos testemunhado o pecado desregrado e irreprimido na igreja, não só

entre os membros, mas entre os líderes também. Em meus últimos dez anos de viagens, raramente passam três semanas sem que eu ouça que um pastor, ministro, presbítero ou algum outro líder da igreja esteja envolvido em pecado sexual, normalmente com mulheres da sua própria igreja.

Meu coração também tem sido afligido pela manipulação e

engano em relação aos atos de dar e recolher ofertas. Não apenas têm sido difundidas mentiras a respeito de ofertas como as de Ananias e Safira, mas várias vezes ouvi falar sobre a liderança ou os administradores desviando ou empregando mal o dinheiro da

igreja. Eu ouvi dois contadores especialistas em ministérios de dois Estados diferentes abrirem seus corações para mim e minha

esposa, sobre a cobiça e o engano que viam entre os ministros do evangelho. Um deles disse: "Se outro ministro entrar no rneu

escritório tentando achar um modo para conseguir mais dinheiro

e escapar das leis fiscais, eu vou fechar o escritório". Nós temos visto as ofertas serem motivadas pela cobiça e

pelo desejo, ao invés de serem dadas por causa das pessoas. Paulo disse: Não que eu procure o donativo, mas o que realmente me importa é o fruto que aumente o vosso crédito (Fp 4:17). Bem

diferente disto, tenho ouvido como os líderes são coniventes com os métodos de extrair a maior oferta possível do povo de Deus. Tenho visto o uso de cartas de manipulação, escritas por firmas de consultoria, contendo verdades distorcidas para adquirir dinheiro.

Alguns desses consultores ainda se gabam sobre como a consideram uma ciência, e podem projetar exatamente qual será o

retorno. Pedro advertiu que essa liderança surgiria nos últimos dias:

E muitos seguirão as suas práticas libertinas [...] farão

comércio de vós, com palavras fictícias [...] a sua destruição não dorme (2Pe 2:3).

Se este comportamento tivesse ocorrido na atmosfera encon-

trada no Livro de Atos, o julgamento teria sido certo e rápido.

Porém, o julgamento hoje está adiado, pois a lâmpada de Deus está escurecida. O último derramamento da glória de Deus ainda

está por vir. Salomão lamentou: Assim também vi as pessoas receberem a sepultura e en-

trarem no repouso, ao passo que os que frequentavam o lugar santo foram esquecidos na cidade onde fizeram o bem (Ec 8:10).

Ele disse que essas pessoas corruptas iam frequentemente

ao templo (igreja) e tinham boa reputação. É como se tivessem escarnecido de Deus por meio das suas ações e falecido sem julgamento aparente. A razão: o julgamento havia sido adiado.

Salomão continua:

Visto como se não executa logo a sentença sobre a má obra, o

coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto a praticar o mal. Ainda que o pecador faça o mal cem vezes, e os dias se lhe prolonguem, eu sei com certeza que bem sucede aos que temem a Deus (Ec 8:11, 12).

Por que o bem sucede aos que temem a Deus? Porque

julgamento adiado não é julgamento negado. Nós somos advertidos pelos seguintes versículos: Irmãos, não

vos queixeis uns aos outros, para não serdes julgados. Eis que o

juiz. está às portas (Tg 5:9). O Senhor julgará o seu povo. Horrível cousa é cair nas mãos do Deus vivo (Hb 10:30, 31). Essas exortações foram escritas para os crentes, não para os pecadores nas ruas!

Os filhos de Eli se sentiam seguros em seu pecado. Talvez

seus títulos ou obras para a igreja os tivessem seduzido. Talvez tenham julgado a si mesmos de acordo com o padrão ao seu redor. Qualquer que tenha sido o argumento, os filhos de Eli estavam enganados, pois acreditaram que a demora do julgamento de Deus

significava a ausência de julgamento. Essa corrupção da liderança apenas intensificou a decadência da condição espiritual

deteriorada de Israel.

GRAÇA PERVERTIDA Paulo tinha algumas dessas mesmas profecias sérias sobre a

condição do homem para descrever os tempos em que nós estamos vivendo hoje. Ele escreveu:

Sabe, porém, isto: Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis;

pois os homens serão jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, antes amigos dos prazeres

do que amigos de Deus (2 Tm 3A). A verdade mais sombria é que Paulo não está descrevendo

para a sociedade, mas para a Igreja, pois continua: Tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes

(2Tm 3:5). Eles vão à igreja frequentemente, ouvem a Palavra de Deus, falam dela, vangloriam-se da graça salvadora do Senhor,

mas rejeitam o poder que poderia torná-los piedosos. Qual é o poder que poderia torná-los piedosos? A resposta é

simples: é a mesma graça de Deus da qual se vangloriam. Nos últimos vinte ou trinta anos, a graça ensinada em muitas das

nossas igrejas não é a verdadeira graça, mas uma perversão dela. Este é o resultado de enfatizar demais a bondade de Deus e negligenciar o temor para com Ele.

Quando a doutrina do amor de Deus não é equilibrada com uma compreensão do temor de Deus, o resultado é o erro. Da mesma forma, quando o temor de Deus não é equilibrado com o

amor de Deus, nós temos os mesmos resultados. É por isso que nós somos exortados a considerar a bondade e a severidade de Deus (Rm 11:22). Ambas são requeridas e sem elas nós ficaremos desequilibrados.

Em várias conversas e em muitos púlpitos, tenho ouvido

crentes e líderes desculparem a desobediência, considerando todas as coisas cobertas pela graça ou o amor de Deus. A graça é imerecida e nos cobre, mas não da maneira como temos sido ensinados. Ela não é uma desculpa, é uma capacitação.

Esta falta de equilíbrio se infiltra em nosso pensamento, até que nos sentimos em completa liberdade para desobedecer a Deus

sempre que for conveniente ou não nos trouxer vantagem. Mesmo quando pecamos, convencemos a nós mesmos e sossegamos nossa consciência com um encolher de ombros e o pensamento:

"A graça de Deus cobrirá isso, porque Ele me ama e compreende como a minha vida é dura. Ele quer que eu seja feliz, não importa o custo! Certo?"

Admitindo isso, nós normalmente não verbalizamos esse processo de pensamento, contudo, ele ainda existe. Isso é evidenciado pelo fruto desse raciocínio tão precisamente descrito por Paulo.

Embora a graça cubra, ela não é meramente uma cobertura. Ela vai além disso. A graça nos habilita e nos capacita a viver uma

vida de santidade e obediência à autoridade de Deus. O escritor de Hebreus nos exorta: Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor (Hb 12:28). A descrição da graça aqui não é de cobertura ou de um tapete macio debaixo do qual se pode

esconder tudo, mas a força que nos capacita a servir a Deus de maneira aceitável com a devida reverência e o piedoso temor. Ela é a essência do poder por trás de uma vida de obediência. É a autenticação ou prova da nossa salvação.

Para refutar, alguns podem argumentar: "Mas a Bíblia diz: Pela graça sois salvos; isto não vem de vós, é dom de Deus"

(Ef'2:8,9). Sim, isto é verdade. É impossível, com nossa própria

força, vivermos uma vida digna da nossa herança no reino de Deus, pois todos pecamos e não alcançamos o padrão de justiça dele. Nenhum de nós jamais poderá se levantar diante de Deus e reivindicar que nossas obras, ações de caridade ou vidas retas obtiveram para nós o direito de habitar no reino dele. Todos nós

transgredimos e merecemos queimar eternamente no lago de fogo. A resposta de Deus para nossas imperfeições é o dom da sal-

vação através da sua graça, um dom que não pode ser conquistado (Rm 6:23). Muitos na igreja entendem isso. Porém, nós temos falhado por não enfatizar o poder da graça, não apenas

para nos redimir, mas também nos conceder capacidade para

vivermos nossas vidas de uma maneira totalmente diferente. A Palavra de Deus declara:

Assim também a fé, se não tiver obras, por si só está morta.

Mas alguém dirá: Tu tens fé e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé (Tg 2:77, 18).

Tiago não estava contradizendo Paulo. Ele estava esclarecen-

do a mensagem dele, declarando que a evidência de que uma pessoa recebeu a graça de Deus é uma vida de obediência ao Senhor. Essa graça não só cria um desejo de obediência reverente, como também a capacidade para permanecer nela. Uma pessoa

que constantemente desobedece à Palavra de Deus é alguém em quem não há fé ou nunca existiu fé verdadeiramente. Tiago continua:

Verificais que uma pessoa é justificada por obras, e não por fé

somente (Tg 2:24). Tiago introduziu esta declaração usando Abraão, o pai da fé,

como exemplo: Não foi por obras que o nosso pai Abraão foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque? (Tg 2:21) A fé foi comprovada por meio das ações de Abraão. Suas

ações ou obras confirmaram que sua fé era perfeita. E se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em

Deus, e isso lhe foi imputado para justiça (Tg 2:23). No nosso idioma, a palavra "crer" foi reduzida ao reconheci-

mento mental da existência de alguma coisa. Multidões têm feito a oração do pecador porque foram movidas emocionalmente apenas para retornarem aos seus caminhos anteriores de desobediência. Elas continuam vivendo para si mesmas e confiam o tempo todo

em uma salvação emocional desprovida de poder para transformá-las. Sim, elas crêem em Deus mas a Bíblia afirma: Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios crêem e tremem (Tg 2:19).

Que bem há em reconhecer Jesus Cristo quando não há

mudança de coração, e consequentemente, nenhuma mudança de atitude?

As Escrituras retratam um significado muito diferente para a palavra "crer". Ela significa mais do que o reconhecimento da existência de Jesus; traz consigo a obediência à Palavra de Deus e à sua vontade. Isto está explicado em Hebreus 5:9: E, tendo sido

aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem. Crer é obedecer, e obedecer é crer. A prova da fé de Abraão foi sua obediência correspondente. Ele ofereceu seu precioso filho para Deus. Nada, nem mesmo seu filho, significou

mais para Abraão do que obedecer a Deus. Essa é a verdadeira fé.

E por isso que Abraão é honrado como o pai da fé (Rm 4:16). Nós

vemos essa mesma fé e graça evidente em nossas igrejas hoje? Como nós fomos tão enganados?

"DEUS É COMO NÓS" Eli e seus filhos não enganaram somente o povo de Israel,

mas eles mesmos também foram enganados. Estavam com a consciência cauterizada e acreditaram que Deus fazia vista grossa para sua desobediência, pensando que estava de acordo com eles. Eles o mediram pelo que sabiam e viam.

Paulo continuou descrevendo pessoas na igreja de hoje, que não têm o poder para se tornarem piedosos. Mas os homens

perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados (2 Tm 3:13).

Seu discernimento profético é confirmado hoje. Aos líderes corruptos e falsos crentes na igreja, Deus declara:

Mas ao ímpio diz Deus: De que te serve repetires os meus preceitos e teres nos lábios a minha aliança, uma vez que aborreces a disciplina e rejeitas as minhas palavras? Se vês um ladrão, tu te comprazes nele e aos adúlteros te associas. Soltas a tua boca para o mal, e a tua língua trama enganos. Sentas-te para falar contra teu irmão e difamas o filho de tua mãe (Sl 50:16-20).

Deus pergunta: "Por que você está pregando minha Palavra

quando você não me teme nem me obedece? Por que você engana os outros e a si mesmo?" Ele diz a eles:

Tens feito estas cousas e me calei; pensavas que eu era teu

igual: mas eu te arguirei e porei tudo à tua vista (Sl 50:21).

Deus disse: "Eu me calei". O julgamento estava demorado, mas não seria negado, pois o Senhor assegurou: "Eu te arguirei e porei tudo à tua vista". Lembre-se, a ordem divina precede a glória

revelada. Uma vez que a glória é revelada, a desordem recebe julgamento imediato para assegurar a preservação da ordem divina. Deus prometeu àqueles cujo julgamento está aguardando: "Saiba, sem dúvida, de que haverá ordem, pois Eu a trarei".

Observe que a consciência dos desobedientes é que os conforta em seu comportamento irreverente. Eles acreditam que

Deus está de acordo com eles. Reduzem a imagem da glória de

Deus ao nível de homem corruptível! Povo de Deus, ouça suas palavras de misericórdia! Vocês

podem dizer: "Palavras de misericórdia? Eu pensei que você estivesse falando de julgamento. Não, na pregação profética e

escrita, Deus procura nos advertir para nos guardar do seu

julgamento. A mensagem dele é, pois, uma mensagem de misericórdia!

DEUS TEM UM REMANESCENTE

Pelo Espírito de Deus, Paulo viu a glória manifesta dele diminuir até alcançar novamente o ponto mais baixo. Os dias que

antecedem o segundo derramamento presenciariam exatamente esse mesmo clima espiritual. Os sacerdotes e o povo estariam corrompidos. Paulo profeticamente lamentou:

Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo

contrário, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias

cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos (2 Tm 4:3). É triste dizer, mas nós estamos vivendo estes dias. Muitos

pastores e ministros parecem ter o desejo de atrair multidões acima do desejo de preservar a justiça. Têm medo de pregar a verdade com coragem, preocupados com a possibilidade de pôr em

risco tudo o que se esforçaram tanto para construir. Assim, falam para as pessoas o que elas querem ouvir e evitam a confrontação.

Os resultados são devastadores. Os pecadores vêm às nossas congregações sem convicção do pecado e sem consciência do que significa retidão. Muitos desses indivíduos confusos supõem que são salvos, quando, de fato, não são. Ao mesmo

tempo, alguns ministros procuram o favor e as recompensas do homem sem considerar o favor de Deus, enquanto os crentes piedosos clamam: "Onde está Deus?" Pior de tudo, enquanto nossa sociedade permanece cativa pelas trevas, a Igreja é olhada com desdém. A Igreja realmente não pode ajudar a sociedade porque está infectada e doente pela falta do temor do Senhor.

Qual é a resposta de Deus? Ela é encontrada na palavra 're-manescente' . Assim como Deus encontrou um remanescente que tremia diante de sua palavra para encher da sua glória na primeira chuva, assim também Ele vai encontrar um remanescente de crentes nestes últimos dias da última chuva, por meio dos quais Ele vai revelar a sua glória novamente. O tamanho

ou o número desse grupo não é importante. Esses crentes amarão e obedecerão a Deus, não importa o custo para as suas próprias vidas. Há líderes, ministros e crentes por toda a Terra hoje que estão clamando por um derramamento como esse!

Não devemos olhar para o lugar onde já estivemos nem para onde estamos! Temos que elevar os nossos olhos para o alto e buscar a

glória de Deus disponível para nós!

CAPÍTUIO 9

A GLÓRIA VINDOURA

A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos (Ag 2:9).

Frequentemente, eu ouço ministros e crentes declarando que

estamos na última chuva. Eles falam como se a Igreja já estivesse

experimentando hoje o grande derramamento do Espírito de Deus

previsto pelos profetas; como se Jesus pudesse vir a qualquer dia e nos arrebatar. Eu ouço isto inúmeras vezes e respondo: "A visão de vocês é pequena demais! Vocês se conformaram com bem menos do que Deus realmente deseja fazer".

Muitas vezes, isto é falado por ignorância e tende a acontecer durante um movimento genuíno de Deus. Por mais

maravilhoso que seja um mover do Espírito de Deus nessas reuniões, ainda não significa que estamos experimentando a glória da última chuva. Confundimos um movimento renovador do

Espírito de Deus que, muitas vezes, é acompanhado pelo seu poder, unção e dons, com a glória de Deus que ainda está por vir. Falhamos em ver a glória de Deus disponível com os olhos do

nosso coração. Como outras, tais declarações são resultantes da preguiça

espiritual. Essas pessoas ficaram cansadas de insistir no alto chamado de Deus e acamparam num local distante, bem abaixo do lugar para onde Ele as chamou. Alguns não acamparam, mas estão vagando sem rumo por caminhos alternativos e mais

cômodos. Essas estradas têm nomes como compromissos, mundanismo, religião e falsa unidade. Em qualquer caso, os

indivíduos que viajam por esses caminhos se conformaram com a glória do homem e, se dormirem assim, vão acabar resistindo à glória de Deus quando ela for finalmente revelada.

Outros têm proclamado o derramamento da glória de Deus

por puro exagero, o que é mais perigoso, porque é muito irreverente. Deus falou ao meu coração: "Esses que se conformam com o falso, nunca verão o real". Se a sua irreverência continuar, essas pessoas experimentarão julgamento na revelação da glória de Deus - glória que deve trazer grande refrigério e alegria.

Alguns podem argumentar: "Mas há um aumento do poder

de Deus, de cura e de milagres hoje". Isto pode ser verdade, mas não indica automaticamente que se trata da última chuva. Devemos nos lembrar de que os dons do Espírito podem estar operando naqueles que ainda não estão agradando ao Senhor.

Quando a unção de Deus vem, não significa necessariamente que

ela é acompanhada pela aprovação de Deus. Jesus nos advertiu que muitos virão a Ele no dia do julgamento e dirão que eles expulsaram demônios, profetizaram e fizeram muitas maravilhas em seu nome; porém, Ele lhes dirá: "Afastem-se de mim, vocês que praticam iniquidades!"

Temos de nos lembrar do propósito de Deus para a criação.

Ele não colocou Adão no jardim para ter um pregador mundial, curador ou ministro de libertação. Não; Adão foi colocado no jardim para que Deus pudesse caminhar com ele. Deus desejava

ter um relacionamento com Adão, mas o relacionamento foi cortado devido à desobediência.

Nós fomos criados para Deus, para coexistir com a glória

dele. Mas a desobediência não pode existir dentro de nós se queremos agradar a Deus. A medida exata da nossa verdadeira condição espiritual é demonstrada pela nossa obediência real à sua vontade. Pode haver uma unção em nossas vidas, mas nós ainda podemos estar longe do coração de Deus. Considere os exemplos de Judas, Balaão e do rei Saul: cada um deles agiu sob

unção, mas fracassaram em seu andar na glória de Deus por causa dos seus motivos egoístas.

Deus não levanta seus filhos com o propósito de realizar milagres. Deus falou através da mula de Balaão no Velho Testamento, mas isso não fez daquela besta de carga uma habitação da glória de Deus! Passados seis milênios, Deus tem

trabalhado pacientemente em um templo para si mesmo, formado por seus filhos obedientes que o amam e o temem. Pedro escreveu: Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual... (IPe 2:5) E Paulo afirmou: No qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito (Ef 2:22).

Se formos honestos, vamos admitir que nós - seu templo -ainda não estamos preparados para a sua glória. O templo ainda está em construção. A ordem divina está sendo restabelecida dentro do coração do homem.

NOSSA CONDIÇÃO ATUAL Há outro período de tempo na história de Israel que se

compara à condição atual da igreja. Lembre-se de que os eventos e as lições de Israel são tipos e figuras de coisas que sucederão à igreja. Depois de setenta anos de cativeiro babilônico, um grupo

de judeus retornou à sua amada Terra Prometida. O julgamento

havia terminado e a restauração estava começando. Era tempo de reconstruir os muros e o templo.

Inicialmente, essa fase da reconstrução foi encarada com

muito entusiasmo, dedicação e trabalho duro. Porém, à medida

que a empolgação inicial foi diminuindo, o povo perdeu a motivação e seis anos mais tarde eles ainda não haviam concluído a restauração do templo. Seus compromissos pessoais tinham prioridade sobre a restauração da casa de Deus. Sua reverência havia desaparecido no embaraço dos seus próprios afazeres. O que Deus considerava importante e santo havia sido colocado em

último plano. Para despertar o povo, Deus levantou o profeta Ageu. Ele

confrontou o povo com esta pergunta: Acaso, é tempo de habitardes vós em casas apaineladas, enquanto esta casa permanece em ruínas? (Ag 1:4) Os israelitas tinham perdido a

perspectiva porque sua atenção havia se desviado de Deus para eles mesmos. Sempre que isso acontece, o amor e o desejo por Deus começa a diminuir.

Por meio desse profeta, Deus explicou a razão para tal descontentamento: Esperastes o muito, e eis que veio a ser pouco, e

esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu com um assopro o dissipei. Por quê? - diz. o Senhor dos Exércitos; por causa da minha casa, que permanece em ruínas, ao passo que cada um de vocês corre por causa de sua própria casa. Por isso, os céus sobre vós retêm o seu orvalho, e a terra, os seus frutos (Ag 1:9,10). A chuva de que necessitavam para suas colheitas havia sido retida. Sempre

que buscarmos as "bênçãos" em vez de buscar o Senhor, Ele removerá ou reterá a bênção, a fim de que nós clamemos novamente por Ele.

Nosso dilema é muito diferente hoje? Nós também vivemos em uma era de restauração, pois a Bíblia nos diz que Jesus não voltará até a restauração de todas as coisas (At 3:20,21). As

Escrituras prometem que tudo aquilo que estava perdido será restaurado antes da sua vinda. Deus restaurou o templo natural

de Israel; entretanto, nosso templo não é um templo natural, e sim o altar constituído por nossos corações. Este templo santo será reparado e restaurado para Sua ordem divina e para habitação da glória de Deus novamente.

Lamentavelmente, em nossa época de restauração, nós temos nos comportado como Israel. Temos perseguido as bênçãos e buscado conforto e comodidade, porque a maioria de nós tem empregado o nosso melhor para construir nossas próprias "casas apaineladas". Dedicamos a maior parte do nosso tempo a alcançar sucesso pessoal, de forma que possamos desfrutar conforto e

segurança. ONDE ESTÁ A MINHA HONRA?

Mais tarde, Deus questionou Israel novamente através de

Malaquias, o último profeta do Velho Testamento. Ele viveu no mesmo século de Ageu, durante o mesmo período de restauração e clamou:

O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou o pai,

onde está a minha honra? E, se eu sou Senhor, onde está o respeito

para comigo? - diz o Senhor dos Exércitos a vós outros, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome. Vós dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome? Ofereceis sobre o meu altar pão imundo, e ainda perguntais: Em que te havemos profanado? Nisto, que pensais: A mesa do Senhor é desprezível. Quando me trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mal? E quando trazeis

o coxo ou o enfermo, não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu gover-nador; acaso terá ele agrado de ti, e te será favorável? -diz o Senhor dos Exércitos (Ml 1:6-8).

Deus perguntou ao seu povo: "Vocês me chamam Senhor,

mas onde está minha honra e reverência?" Como Ele era desrespeitado? O povo retinha o que havia de melhor para si e lhe dava o que era de segunda categoria.

Deus chamou as ações do povo de desrespeito e irreverência. Para ajudar os israelitas a verem seu erro mais claramente, Deus os desafiou a "oferecer o que vocês me deram ao seu governador",

isto é, chefe, ou qualquer líder, bem abaixo do nível de Rei do Universo! Se a maioria de nós trabalhasse para nosso patrão do modo como trabalha para Deus, seria despedida na primeira semana.

Vamos olhar o grau de honra que frequentemente damos a Deus. Nós chegamos à igreja com dez minutos de atraso.

Sentamos e assistimos ao culto, nunca levantamos um dedo para

servir, criticando o tempo todo a liderança e aqueles que servem na igreja. Mantemos uma vigilância constante e desconfiada sobre como o dinheiro está sendo gasto, embora raramente demos nosso próprio dízimo integralmente. Na pressa de comer, saímos antes do final do culto. Assistimos somente aos cultos regulares e

ficamos frustrados quando somos convocados para reuniões especiais. Se o clima está ruim, ficamos em casa para evitar mais atritos. Se o clima está muito agradável, ficamos em casa para desfrutá-lo. Se o nosso programa favorito passar na televisão, perderemos o culto para assisti-lo. Quanto tempo esse nível de

desempenho duraria em um local de trabalho?

A maioria daqueles que trabalham nas igrejas ou ministérios está sobrecarregada de trabalho porque somente alguns estão dispostos a dar seu tempo para levar a tremenda carga de

trabalho envolvida no ministério. A maioria vem apenas para

receber ou ser espectador, mas nunca para dar ou servir. Assim, o pobre e o necessitado na congregação são negligenciados porque aqueles que possuem mais recursos estão ocupados demais com suas próprias vidas. Mas quando analisamos os verdadeiros motivos, todos estão ocupados em busca do seu próprio sucesso e são muito críticos em relação ao pastor, quando as necessidades

do pobre não são supridas. Este tipo de comportamento nada mais é do que irreverência

diante do Senhor. A maioria de nós hoje trabalha duro por muitos

horas para manter um padrão de vida. Mas ficamos aflitos se o culto no domingo passa meia hora além do tempo que achamos que deveria terminar. É preciso muito esforço para frequentarmos

as reuniões de oração e reclamamos que não temos tempo para alimentar e vestir os pobres.

A verdade é que tudo é estressante. Muitos pais nem mesmo passam tempo com suas próprias famílias, por quem eles trabalham arduamente para prover o sustento. Colocam suas famílias de lado e dizem defensivamente: "E claro que eu amo

vocês; vocês não podem ver que eu estou ocupado trabalhando para supri-los? Agora, deixem-me sozinho. Eu estou cansado e

não tenho tempo para vocês no momento!" Deus explica a perturbação deles: "Vocês esperaram muito,

mas na verdade tiveram pouco; e quando levaram para casa esse pouco, eu o assoprei. Por quê?"- diz o Senhor dos Exércitos. "Por

causa da minha casa que está em ruínas, enquanto cada um de vocês corre por causa da sua própria casa. Por isso a última chuva foi retida de sobre vocês e os frutos da colheita não vieram". (Tradução livre de Ageu 1:9,10).

ONDE ESTÃO OS VERDADEIROS PREGADORES?

Malaquias e Ageu eram verdadeiros profetas. Suas fortes palavras proféticas provocaram mudança nos corações do povo de Israel, que ouviu estas palavras: e...atenderam à voz do Senhor, seu Deus, e às palavras do profeta Ageu, as quais o Senhor, seu Deus tinha mandado dizer; e o povo temeu diante do Senhor (Ag

1:12). A reverência foi restabelecida. Agora o enfoque estava nova-

mente no templo; seus interesses pessoais tornaram-se secundários. Quando tememos a Deus, sempre colocaremos os interesses e os desejos dele acima dos nossos próprios interesses.

Precisamos de pregadores como Ageu ou Malaquias, pessoas

que evitam a popularidade para agradar a Deus. Precisamos de pregadores que falem palavras fiéis, palavras que as pessoas precisam ouvir, ao invés de palavras que elas querem ouvir. Hoje,

se uma pessoa escreve um livro sobre como melhorar o estilo de

vida ou alcançar sucesso, venderá bem. Nós escrevemos e pregamos sobre assuntos que são atrativos às pessoas. Mas onde estão aqueles que não levam em consideração a aceitação da sua mensagem na Terra, mas apenas com a aceitação no céu?

Quando viajo, meu tempo para falar é frequentemente limitado por certas restrições, normalmente cerca de uma hora e

meia. Há duas razões por trás disso: primeiro, há o temor de que se os cultos forem longos demais, a igreja perderá a frequência nos cultos à noite, como também os seus membros. É interessante

que os mesmos membros temperamentais podem sentar-se por duas horas ou mais para assistir a um filme ou por duas horas para assistir a grandes eventos esportivos, mas ficam frustrados

se o sermão prossegue por mais de sessenta minutos. Segundo, há a pressão que tais cultos impõem sobre as

pessoas que trabalham com crianças. Se esses obreiros ministrassem às crianças ao invés de entretê-las, elas experimentariam um genuíno mover de Deus! Eu participei de vários cultos que duraram três horas ou mais, e as crianças não

tiveram nenhuma dificuldade de permanecer sentadas. A razão é que as crianças não estavam sendo entretidas, mas, ministradas.

Isso não quer dizer que um culto deve ser longo para ser eficaz. Essas atitudes são simplesmente um reflexo do que nós con-sideramos digno da nossa atenção.

Percebo isso em igrejas muito grandes. Muitas vezes, a razão

pela qual uma igreja é grande é que ela atende aos convertidos desinteressados, que podem entrar e sair rapidamente, sem jamais fazer com que sintam desconforto.

Sim, se o Espírito Santo não estiver presente em um culto não há nenhuma razão para prosseguir por mais de uma hora e meia. Na verdade, até será muito tempo sem a presença do

Espírito Santo, eu concordo. Porém, o Espírito Santo será encontrado em cultos onde a liderança lhe permite fazer e dizer tudo o que Ele deseja!

Recentemente, estava com o pastor de uma grande igreja que me pediu para limitar o culto a uma hora e meia. Eu olhei para ele, e com respeito à sua posição, respondi-lhe: "É isto que

você quer? Você quer impor restrições ao tempo do Espírito Santo? Se é isto que você quer, sua igreja pode crescer, mas esqueça a possibilidade de ter um verdadeiro mover de Deus na igreja".

Ele concordou:' Tudo bem, mas por favor, termine em duas horas''.

Nosso último culto foi numa noite de segunda-feira, e eu preguei uma mensagem muito forte. Cerca de 80% das pessoas

vieram à frente quando fiz o apelo ao arrependimento. Notei que

meu tempo havia acabado e então, eu terminei o culto. Eu tenho aprendido que Deus se agrada quando respeito a autoridade que Ele estabeleceu sobre um corpo de crentes.

Eu tomei um avião para casa na manhã seguinte. No outro dia, o pastor me telefonou: "John, eu senti que você deveria ter orado pela minha equipe pastoral".

Eu concordei e respondi:' Eu também senti, mas eu não tive tempo''.

Ele continuou: "John, quando eu cheguei em casa, minha

esposa estava no meio do sala de estar, no chão, chorando. Ela olhou para mim e disse: 'Nós falhamos com Deus. As reuniões deveriam ter continuado. Nós temos recebido telefonemas o dia

todo, testemunhando de vidas que foram transformadas'. Os crentes de toda a região estão ligando para dizer: 'Nós ouvimos falar que Deus está fazendo algo em sua igreja. Há um culto hoje à noite?' Eu não posso acreditar que limitei seu tempo. Deus tem tratado comigo a respeito disto".

Eu respondi: "Pastor, eu estou cheio de alegria, porque vejo

que você tem um coração aberto". Ele pediu, então, que eu retornasse o mais breve possível

para realizar uma semana de reuniões. Eu gostaria de poder dizer que todos os pastores que encontrei, que limitaram o Espírito de Deus em suas igrejas, tiveram os mesmos corações abertos. Deus lamentou esta irreverência por meio de Jeremias:

Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: os

profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam de mãos dadas com eles; e é o que deseja o meu povo. Porém, que fareis quando estas cousas chegarem ao seu fim?(Jr 5:30,31)

E assustador, mas esta passagem descreve muito do que ve-mos hoje. Frequentemente, as palavras dos assim chamados "profetas" na igreja, não dão nenhuma edificação verdadeira ao coração do povo de Deus. Eles dão alívio temporário com a promessa de bênçãos. Mas, mais tarde, as pessoas ficam desencorajadas quando ficam desapontadas com Deus, porque a

palavra não se torna realidade. As mensagens de Ageu e Malaquias orientaram as pessoas a se voltarem novamente para o coração de Deus. Suas palavras proféticas trouxeram um saudável temor do Senhor de volta ao povo, que os conduziu à obediência.

É lamentável que a maioria das pregações e palavras proféti-cas pessoais alimenta atitudes erradas e conceitos que se têm

infiltrado no coração dos filhos de Deus. "Deus quer que você seja feliz, Deus quer que você seja abençoado! Há um estilo de vida

próspero esperando por você!" Faça um estudo para você mesmo

das profecias pessoais encontradas no Novo Testamento. Você encontrará somente algumas e a maioria diz respeito a cadeias, tribulações e morte que aguardavam aqueles que glorificarão a Deus (Jo 21:18,19; Atos 20:22, 23 e At 21:10,11). Bem diferentes das profecias pessoais de hoje!

O Senhor descreve um sacerdote como alguém que rege com

mão de ferro. Isso acontece quando os pastores regem para controlar, em vez reger pela obediência à direção do Espírito. É ofensivo para o Espírito Santo dizer que Ele tem apenas uma hora

e meia, do começo ao fim, para completar a sua obra. Desagrada-o quando os líderes seguem um padrão rígido e tomam decisões sem o conselho de Deus. Mas o que Deus acha mais alarmante é que o

seu povo gosta das coisas dessa maneira! Para muitos, tais limitações protegem sua própria irreverência e estilos de vida egocêntricos.

Com a primeira chuva, veio grande bênção, mas ela também trouxe julgamento rápido. Deus pergunta: "Mas o que fareis quando estas cousas chegarem ao seu fim?" Eu creio que Ele está

advertindo: "Se você não mudar, no dia da minha glória você será julgado, em vez de ser abençoado".

CONSIDERE O PRIMEIRO TEMPLO Vamos voltar a Ageu. Quando o temor do Senhor foi

restaurado nos corações dos filhos de Israel, sua atenção se voltou

para Deus. Ageu então chamou a atenção para a presente condição do templo: Quem há entre vós, que tenha sobrevivido, viu esta casa na sua primeira glória ? E como a vedes agora ? Não é ela como cousa de nada aos vossos olhos? (Ag 2:3)

Eu creio que Deus está fazendo a mesma pergunta para nós

hoje: "Quantos de vocês se lembram da igreja em sua primeira

glória? Com qual ela pode ser comparada agora? Como nós - o templo de Deus - a comparamos?"

Para responder, para efeito de comparação, vamos examinar a glória da Igreja no livro de Atos. O Pentecostes, o primeiro dia da primeira chuva, veio com tal força que captou a atenção das

multidões em Jerusalém. Não houve notícia no rádio, na televisão ou no jornal. Nenhum panfleto foi distribuído. De fato, nem mesmo a reunião havia sido programada. Contudo, Deus se manifestou tão poderosamente que as multidões ouviram as palavras ungidas de Pedro e milhares foram salvos. Essa reunião

não foi celebrada em uma igreja, nem em auditório ou estádio,

mas ao ar livre, nas ruas. Pouco tempo depois, Pedro e João estavam a caminho do

templo, quando viram um homem aleijado, que era coxo desde o

nascimento. Diariamente, ele era posto ali na rua para pedir

esmolas. Pedro o levantou sobre seus pés, e o homem aleijado foi curado em nome de Jesus. Dentro de poucos minutos, uma multidão de milhares de pessoas novamente havia se aglomerado no local. Pedro pregou e cinco mil homens foram salvos. Não havia nem tempo para um "apelo no altar", pois Pedro e João foram presos antes de terminar a pregação.

Em um espaço de tempo muito curto, a igreja havia crescido de cento e vinte membros para mais de oito mil.

Depois que Pedro e João foram soltos da prisão, eles volta-

ram a se reunir com os outros crentes. Juntos, eles oraram com tanta unidade, que o prédio onde estavam foi abalado. Isso é poder! Agora, eu conheço pregadores que podem ter a tendência

de exagerar, mas a Bíblia não faz isto! Quando ela diz que o local tremeu, é porque tremeu mesmo!

Logo depois, um homem e uma mulher trouxeram uma oferta e caíram mortos por causa da própria irreverência. Imediatamente após esse incidente, nós lemos:

A ponto de levarem os enfermos até pelas ruas e os colocarem sobre leitos e macas, para que, ao passar Pedro, ao menos a sua sombra se projetasse nalguns deles (At 5:15).

Observe que diz ruas, não "rua"! Jerusalém não era

nenhuma cidade pequena. A glória de Deus era tão forte, que tudo o que Pedro tinha de fazer era passar por essas pessoas e elas seriam curadas!

Depois, a perseguição se tornou tão intensa em Jerusalém que os crentes se espalharam por todas as regiões da Judéia e

Samaria. Um deles, Filipe, um homem que servia às mesas das viúvas, entrou numa cidade de Samaria e pregou o evangelho. A

cidade inteira respondeu, e as multidões lhe deram ouvidos quando viram os grandes milagres que ele fazia. O efeito do Espírito de Deus naquela cidade foi tão grande que a Bíblia registra: Havia grande alegria naquela cidade (At 8:8).

Um anjo do Senhor disse a Filipe que fosse para o deserto, onde ele encontrou um homem de grande autoridade da Etiópia. Ele o conduziu a Jesus e o batizou. Então, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe, de forma que ele desapareceu diante dos olhos do homem. Foi transladado do deserto para uma cidade chamada Azoto.

Logo depois, encontramos Pedro indo para uma cidade chamada Lida. Lá, ele encontrou um homem chamado Eneias, que estava paralítico havia oito anos. Pedro falou com ele no nome de Jesus, e aquele homem aleijado foi curado imediatamente.

A Bíblia diz: Viram-no todos os habitantes de Lida e Sarona,

os quais se converteram ao Senhor (At 9:35). Duas cidades inteiras foram salvas!

Mais tarde, nós vemos Deus operando poderosamente entre os gentios. Em todos os lugares que os crentes iam, cidades inteiras eram impactadas pelo evangelho. Os crentes eram

descritos como aqueles que têm transtornado o mundo chegaram também aqui (At 17:6).

A glória de Deus era tão poderosa que a Bíblia registra: Durou isto por espaço de dois anos, dando ensejo a que todos os habitantes da Asia ouvissem a palavra do Senhor, tanto judeus

como gregos (At 19:10). Que emoção! A Bíblia não diz: "Toda a Ásia ouviu a palavra". Isso seria mais fácil de engolir, pois significaria que todas as cidades haviam sido atingidas, mas não necessariamente significaria todas as pessoas.

Em vez disto está escrito: "Todos os habitantes da Ásia

ouviram a palavra do Senhor!" Isto quer dizer que todas as pessoas que moravam na Ásia ouviram a Palavra de Deus em apenas dois anos. A Ásia não é uma vila, não é uma cidade, nem é um país. É uma região inteira!

Tudo foi feito sem satélites, internet, televisão, rádio, carros,

bicicletas, fitas, livros ou vídeos. A Bíblia diz que todas as pessoas

ouviram o evangelho proclamado por aqueles primeiros cristãos. SETE VEZES MAIOR

Agora, você está entendendo como a Igreja de Atos era glori-osa durante a primeira chuva do Espírito de Deus? Vamos voltar novamente à pergunta de Deus: "Como a Igreja de hoje se

compara com a do livro de Atos?" Nós não somos nada? Se nós fôssemos honestos, nós responderíamos 'sim' a esta pergunta. Não há nenhum modo de comparar a Igreja de hoje com a Igreja

gloriosa de Atos. Nós podemos ter mais recursos, mas parece que temos menos fonte. [Nota do Tradutor: em inglês, um trocadilho com as palavras resources (recursos) e sources (fonte)]. Eu não

sou contra livros, fitas, televisão, computadores e tecnologia de satélite. Todos eles são recursos, mas se não são inspirados pela Fonte, eles serão insuficientes. Deus é a Fonte de todos os nossos recursos.

Deus faz essa pergunta para nos condenar? Absolutamente, não! Ele está meramente nos desafiando a ampliar a nossa visão.

Se achamos que já chegamos ao nosso destino, não vamos ter

desejo de prosseguir. Nossa paixão e senso de aventura estarão perdidos. Em Provérbios 29:18, Deus nos diz: Não havendo profecia (visão profética) o povo se corrompe... (Parênteses acrescido pelo autor).

Com esta revelação da nossa necessidade, Ele abre um

caminho para a sua visão profética. Leia a Palavra de Deus e veja a visão dele: A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos (Ag 2:9).

Que maravilha! Você consegue imaginar isso? Deus diz que a sua glória revelada excederá aquela exibida no livro de Atos!

Você percebe como ainda é pequena a visão que temos de Deus? Quando me falou em oração alguns anos atrás, o Senhor me

deixou aturdido: "John, a magnitude da minha glória revelada nos dias vindouros será sete vezes maior que aquela que meu povo

experimentou no livro de Atos!" Eu clamei imediatamente: "Senhor, eu não sei se posso crer

ou compreender isso! Eu preciso ver exatamente o que tu tens falado em tua Palavra para confirmar que é o Senhor que está me dizendo isso".

Eu tenho feito isso frequentemente, e o Senhor nunca me disciplinou por isso. As Escrituras dizem: Pela boca de duas ou

três testemunhas toda palavra será estabelecida (2Co 13:1). O Espírito de Deus não contradiz sua Palavra escrita e estabelecida.

O Senhor me respondeu imediatamente, derramando as Escrituras rapidamente em meu coração - não apenas dois ou três

versículos, mas vários. Primeiro, Ele perguntou: "John, eu não digo em minha

Palavra que quando o ladrão for apanhado, ele deve pagar sete vezes mais? (Pv 6:31). O ladrão tem roubado a Igreja, mas a minha Palavra diz que o céu deve receber Jesus até o tempo da restauração de todas as coisas! Essa restauração será sete vezes mais!"

Ele continuou: "John, eu não disse em minha Palavra que

derrotaria os inimigos que se levantarem contra meu povo? Por um caminho sairão contra ti, mas, por sete caminhos fugirão da tua presença" (Dt 28:7).

Então, usando um versículo de Eclesiastes, Ele perguntou: "John, Eu não disse em minha Palavra que 'Melhor é o fim das coi-

sas do que o seu princípio?' (Ec 7:8) O fim da era da Igreja será melhor que o começo".

Ele ainda falou mais uma vez, perguntando: "John, eu não guardei o melhor vinho para o final, no casamento de Cana da

Galiléia?" (Jo 2:1 -11) O vinho fala da sua presença tangível nas Escrituras.

Mais tarde, Ele me mostrou o versículo das Escrituras que

cimentou isso para mim em meu coração. O livro de Isaías, no capítulo 30, conta como o povo de Deus buscaria se fortalecer na força do Egito (o sistema do mundo). Eles iriam buscar forças nos

ídolos que o mundo cultua. Então, Deus teria de trazer o povo

para a purificação por meio da adversidade e da aflição. Nesse

processo, abandonariam seus ídolos e voltariam seus corações completamente para Deus. Uma vez que isso aconteceu, Deus disse:

Então o Senhor te dará chuva sobre a tua semente... (Is

30:23). Isaías não está falando de chuva natural, mas da chuva do

Espírito de Deus, descrita por Joel, Pedro e Tiago. Olhe o que

Isaías segue dizendo: A luz da lua será como a do sol, e a luz do sol, sete vezes

maior, como a luz de sete dias, no dia em que o Senhor atar aferida do seu povo, e curar a chaga do golpe que ele lhe deu (Is 30:26).

O sol natural não é sete vezes mais luminoso quando está

chovendo. Não; Deus está descrevendo a glória do seu Filho, a

quem as Escrituras chamam de o Sol da Justiça (Ml 4:2). Sua glória será sete vezes maior nos dias que antecedem à sua segunda vinda.

A última chuva da glória de Deus trará refrigério não apenas para o povo de Deus, mas também para aqueles ao seu redor. Eu

tenho ido a grandes reuniões em que Deus estava se movendo e onde havia milhares de pessoas todas as noites. Embora afluísse uma multidão de santos, desviados e pecadores, muitas vezes essas reuniões não faziam nenhum efeito sobre as cidades circunvizinhas. Enquanto me dirigia para os cultos, me perguntava quando a cidade inteira seria atingida. Por mais

maravilhosas que sejam as nossas reuniões, ainda espero a última chuva.

A última chuva será diferente dos reavivamentos passados. Esses reavivamentos atingiram uma cidade ou uma região aqui ou ali, como em Azusa e Gales. Eles também atingiram as nações, mas as pessoas tiveram de ir lá para participar dele. Mas, no livro de Atos, a glória de Deus se manifestou em todos os lugares onde

os seus discípulos foram. A glória de Deus foi derramada em todas as partes do mundo conhecido. A última chuva será derramada sobre toda a terra numa medida muito maior!

É com grande emoção que declaro: não devemos olhar onde já estivemos ou onde estamos agora! Temos que elevar nossos

olhos para o horizonte e buscar a glória da sua vinda!

Prepare o caminho do Senhor preparando o seu povo para a sua gloriai

CAPÍTULO 10

A RESTAURAÇÃO DA GLÓRIA DE DEUS

Porém tão certo como eu vivo, e como toda a terra se encherá da glória do Senhor (Nm 14:21).

Nós estamos nos aproximando rapidamente da última chuva

da glória de Deus. Haverá uma importante diferença entre a Igreja

de hoje e a Igreja anterior ao Pentecostes. No Livro de Atos, Deus derramou repentinamente e dramaticamente o seu Espírito, e só então, depois de muitos anos, isso começou a diminuir. Creio que as Escrituras revelam que a última chuva não será um derramamento súbito, mas uma rápida restauração. A primeira foi repentina, a última, rapidamente restaurada.

Para explicar melhor, vamos voltar ao tempo decorrido entre Moisés e o rei Davi. Moisés construiu o tabernáculo que representava a ordem divina, e aí, então, a glória do Senhor foi revelada de uma maneira poderosa e dramática. Foi repentino e tremendo. Logo que Moisés havia terminado o trabalho, o

tabernáculo foi envolvido por uma nuvem espessa da glória de

Deus. Essa glória diminuiu posteriormente devido ao pecado e à

indiferença para com o Senhor. Esse vai e vem gradual continuou até que Israel alcançou o ponto mais baixo, sob a liderança de Eli. A lâmpada de Deus estava para se apagar e a sua glória havia partido.

No dia em que Eli e seus filhos morreram, a arca de Deus foi capturada pelos filisteus. Eles levaram a arca para a cidade de Asdode, onde estava localizado o templo do seu deus Dagom. Mas

a mão do Senhor foi contra Dagom. A estátua do deus deles caiu e sua cabeça e suas mãos se quebraram diante da arca de Deus. Os filisteus levaram a arca para cinco cidades. Onde quer que

levassem a arca, os filisteus eram flagelados com tumores e morte. A devastação era tão imensa que a agonia do clamor da quinta cidade chegou até o céu (1 Sm 5). Depois de sete meses, os príncipes dos filisteus se reuniram com os seus sacerdotes e adivinhadores para decidir como mandar a arca de volta para Israel. Queriam honrar o Deus de Israel com uma oferta pela culpa dos cinco ratos de ouro e cinco tumores, representando as

suas cinco cidades e seus príncipes. Eles oraram para que Deus tirasse sua mão de castigo de sobre eles. Depois de colocar esses objetos de ouro num cofre, o colocaram ao lado da arca, num carro novo puxado por duas vacas, que tinham dado cria

recentemente, cujos bezerros foram colocados num cercado. Os

filisteus raciocinaram: "Se as vacas puxarem este carro para um território longe do mugir dos seus bezerros, então saberemos que é Deus quem nos feriu". As vacas puxaram a arca diretamente para o território de Israel, onde permaneceu intocada na casa de Abinadabe, na cidade de Quiriate-Jearím, durante vinte anos. É interessante notar que o primeiro rei de Israel, Saul, nunca tentou

restabelecer a arca de Deus para Israel.

A RESTAURAÇÃO DA GLÓRIA DE DEUS PARA ISRAEL

Depois do reinado de Saul, o rei Davi assentou-se no trono. Seu coração buscou a Deus e almejou a restauração da glória de Deus para Israel, mas essa glória não foi manifesta do mesmo

modo como fora com Moisés. Não foi repentina e poderosa, mas um processo de restauração.

Esse processo de restauração começou anos antes, com o profeta Samuel. Deus o comissionou a preparar o caminho, chamando o povo de volta ao coração de Deus. Sua mensagem era a batida do coração de todos os verdadeiros profetas.

Falou Samuel a toda a casa de Israel, dizendo: Se é de todo o vosso coração que voltais ao Senhor, tirai dentre vós todos os deuses estranhos e os astarotes, e preparai o vosso coração ao Senhor, e servi a ele só, e ele vos livrará da mão dos filisteus (ISm 7:3).

A HONRA QUE INSULTOU A DEUS

Uma vez que Davi se tornou o rei, ele tomou Jerusalém derrotando os filisteus. Aí, então, buscou restabelecer a arca ao seu lugar legítimo. Consultou Davi os capitães de mil e os de cem, e todos os príncipes (1 Cr 13:1). Eles decidiram reunir todo o Israel

para esse evento. Então, toda a congregação concordou em que assim se fizesse; porque isto pareceu justo aos olhos de todo o povo (v.4).

Leia cuidadosamente o que eles fizeram a seguir:

Puseram a arca de Deus num carro novo, e a levaram da casa de Abinadabe... (2Sm 6:3).

Onde os israelitas arrumaram a idéia de trazer a arca para

Jerusalém em um "carro novo"? Não foi exatamente daquela

maneira que os filisteus a enviaram de volta para Israel ?

Eles levaram a arca da casa de Abinadabe com dois homens, Aiô e Uzá, dirigindo o carro. Davi e toda a casa de Israel alegravam-se perante o Senhor com toda a sorte de instrumentos de pau de faia, com harpas, com saltérios, com tamboris, com

pandeiros e com címbalos (2Sm 6:5). O Primeiro Livro de Crónicas

13:8 diz que eles fizeram isso com toda sua força, mas, veja o que aconteceu:

Quando chegaram à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à

arca de Deus e a segurou, porque os bois tropeçaram. Então a ira

do Senhor se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta irreverência; e morreu junto à arca de Deus (2 Sm 6:6,7).

A Bíblia Nova, de King James, tem uma marca de referência

para a palavra 'erro'. Eu a localizei na coluna central e encontrei a palavra ' irreverência'. Outra tradução poderia ser:' 'Deus o feriu

ali por esta irreverência". (Nota do tradutor: a Bíblia em português, revista e atualizada, já traz esta tradução, como se vê no versículo transcrito acima).

Que coisa incrível! Apenas uma geração anterior, dois homens estavam cometendo adultério à porta do tabernáculo, onde a arca residia. A irreverência deles era descarada e excedia

em muito a desse homem que meramente estendeu sua mão para segurar a arca. Os sacerdotes imorais não foram julgados imediatamente por seu comportamento; contudo, Uzá foi julgado.

Por quê? No caso dos filhos de Eli, a glória havia ido embora. Com Uzá, a glória de Deus estava retornando. Quanto mais forte for a glória manifesta de Deus, mais rápido e mais severo será o seu

julgamento da irreverência. COM MEDO DE DEUS

Desgostou-se Davi porque o Senhor irrompera contra Uzá [...] Temeu Davi ao Senhor, naquele dia, e disse: Como virá a mim a arca do Senhor? (2 m 6:8, 9)

Não faltava entusiasmo a Davi, a seus líderes e ao povo de Israel. Houve um grande preparo para recuperar a arca para Israel. Uma vez que Israel voltou a possuir a arca novamente, o povo tocou instrumentos musicais com todas as suas forças. Eles acreditavam que estavam honrando a Deus, trazendo a arca em

um novo carro. Davi escolheu a dedo os dois homens que iriam dirigir o carro. Então, você pode entender o choque de Davi, quando Deus feriu de morte um dos homens escolhidos por ele.

Seu choque logo se transformou em desgosto. Davi pode ter questionado: "Por que Deus fez isto? Por que Ele não apenas

reprovou o nosso zelo, mas o rejeitou com tal julgamento?" Davi

deve ter pensado: "Eu fiz tudo que sabia para honrar a Deus, e meu melhor foi julgado inaceitável!" Depois de pensar bastante, seu desgosto se transformou em temor. Ele ficou com medo de

Deus. (Isso não é o mesmo que temer a Deus. Aqueles que têm

medo se afastam de sua presença, mas aqueles que O temem, aproximam-se dele. Nós veremos isso mais tarde, neste livro). Davi deve ter se perguntado: "Se o meu melhor homem foi julgado inaceitável, como a arca do Senhor pode chegar até a mim?"

Sempre que experimento frustração ou desgosto em relação ao Senhor, tenho afirmado rapidamente para mim mesmo que isso

acontece devido a minha própria falta de conhecimento ou entendimento, pois os caminhos de Deus são perfeitos. Eu tenho aprendido pessoalmente que uma pessoa pode ter um tremendo

zelo, contudo, ter falta de conhecimento. O zelo e o entusiasmo que não são temperados pela sabedoria e pelo conhecimento sempre trazem problemas. Além disso, tenho aprendido que é

minha responsabilidade buscar o conhecimento de Deus (Pv 2:1 -5).

RESPONSABILIDADE NEGLIGENCIADA Davi estava desgostoso com o Senhor, porém, o julgamento

tinha sobrevindo devido a uma falta de compreensão por parte de

Davi e de seus líderes. Moisés disse:

Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o Senhor, teu Deus, se te ensinassem, para que os cumprisses na terra a que passas para a possuir; para que temas ao Senhor teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e

mandamentos que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida; e que teus dias sejam prolongados (Dt 6:1-2).

Moisés deu uma diretriz clara: para temer a Deus, nós deve-

mos conhecer e obedecer a sua vontade acima de todas as coisas.

Este mandamento não apenas foi dirigido aos filhos de Israel, como também Deus deu mandamentos específicos ao rei.

Também quando se assentar no trono do seu reino, escreverá para si um traslado dessa lei num livro, do que está diante dos levitas sacerdotes. E o terá consigo, e nele lerá todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer ao Senhor, seu Deus... (Dtl7:18, 19)

O rei deveria ler a Palavra de Deus todos os dias. Por quê? A sabedoria e a honra de Deus seriam estabelecidas em seu coração, de forma que ele considerasse os caminhos de Deus superiores às idéias do homem. O erro de Davi e de seus líderes poderia ter sido

evitado.

Davi e seus homens se reuniram para discutir como eles achavam que a arca deveria ser trazida de volta. Não há nenhuma menção de que eles consultaram a Palavra escrita de Deus,

transmitida desde Moisés. Se Davi e os sacerdotes tivessem lido o

conselho da Palavra de Deus, teriam percebido que os únicos que poderiam levar a arca de Deus eram os levitas, não por meio de um carro, mas suspensa por meio de varais e carregada sobre seus ombros (Êx 25:14; Nm 4:15 e 7:9). Essa falta de conhecimento levou os israelitas a imitarem o modo gentil ou mundano de carregarem a arca do Senhor. Os filisteus foram

ignorantes quando mandaram de volta a arca por meio de um carro, mas a Israel haviam sido confiados os oráculos de Deus. Então, eles eram responsáveis.

A negligência deles em buscar o conselho de Deus por meio da sua Palavra resultou na redução da imagem da glória de Deus, porém, novamente conforme a percepção do homem corruptível.

Por isso, os israelitas honraram a Deus pelo mesmo método utilizado por aqueles que não tinham conhecimento dele. Imitaram o homem, em vez de receberem a inspiração de Deus. Foram zelosos, mas Deus ainda viu seus métodos como irreverentes.

QUAL É A FONTE DA NOSSA INSPIRAÇÃO? Nós estamos cometendo o mesmo erro hoje.

Frequentemente, nossas idéias de ministério são moldadas por uma reunião de homens. Nós recorremos ao poço da nossa própria sabedoria limitada, extraindo nosso conselho, que foi inconscientemente influenciado pelas tendências culturais. Estas

tendências estão bem diante de nós e são de acesso mais fácil do que esperar em Deus, pela revelação da sua vontade. Embora muitas ideias novas e diferentes estejam surgindo, será que nós sempre sabemos de onde vem a nossa inspiração? Nós temos substituído o conhecimento de Deus pelas técnicas de motivação adquiridas do homem não regenerado.

Como se pode observar nas Escrituras, a música desempenha um papel-chave e significativo para cultivar uma atmosfera para a presença do Senhor. A música tem a capacidade de abrir e preparar o coração de uma pessoa. Considere a música cristã contemporânea, que é muito popular hoje, inspirada na música demoníaca do mundo. Se o mundo tem hard rock, nós

também podemos ter! Se tem rap, nós o copiamos. Se o mundo tem uma certa dança, nós a imitamos. Se o mundo tem MTV (Music Television, canal fechado), nós também podemos ter! É claro que nós mudamos as palavras - mas o ritmo e a

apresentação são os mesmos. A lista continua. Em cada caso, nós tentamos copiar o mundo e até fazer melhor. Até onde isto irá? Se

você quer predizer a nova tendência do ministério de louvor, não ore apenas ligue a MTV e assista ou ouça o que o mundo está

fazendo. Então, quem está conduzindo quem? Se formos honestos,

vamos lamentar o fato de que homens demoníacos têm se tornado nossos profetas. Como podemos ser tão enganados?

Alguns argumentam: "Mas estamos usando a música como uma maneira para eles ouvirem. Para alcançar o perdido, encapamos a música de um modo que os pecadores possam recebê-la". Isso pode ser verdade em alguns casos (muito poucos,

de fato), mas tenho descoberto que a maioria dos jovens que ouvem esse tipo de música já está na igreja. O fato constrangedor é que, muitas vezes, eles são os mesmos jovens que bocejam ou

falam uns com os outros durante os períodos de verdadeira adoração! Como a carne deles está muito estimulada pelo mundo, esta geração moderna de jovens tende a menosprezar exatamente

aquilo de que eles têm mais necessidade. E constrangedor, mas muitas emissoras de rádio cristãs

contemporâneas se comunicam com seus ouvintes do mesmo modo que as emissoras seculares e copiam suas idéias das emissoras seculares que zombam de Deus. Alguns poderiam argumentar:' 'Nós estamos dando uma alternativa aos cristãos".

Que tipo de discípulo resulta dessas práticas? As pessoas gostam de ser entretidas. Os americanos comuns

assistem a quarenta e cinco horas de televisão por semana. As igrejas têm feito a mesma coisa que o mundo faz para atrair as pessoas. Na igreja, nós aprendemos a atrair as pessoas, apelando à sua tendência de desejarem entretenimento. Dessa prática tem

surgido o que muitos chamam igrejas "dos que buscam amizade" ou igrejas "dos que buscam sensação". Tenho pregado em algumas dessas igrejas e tenho descoberto que muitas vezes aqueles que "buscam sensação" são "insensíveis" a Deus. Essas igrejas podem atrair grandes multidões, mas, vale a pena ofender a Deus?

Eu tenho falado em igrejas que gastam milhares de dólares

anualmente paia entreter seu povo. Seus jovens são entretidos por joguinhos de fliperama, hóquei aéreo, futebol e até jogos Nintendo. E ainda assim os líderes da igreja se perguntam por que não há mover de Deus no departamento da mocidade e ficam perplexos com o número de adolescentes grávidas. Os números de frequência estão aumentando, mas, onde o fruto do Espírito está

sendo manifesto na vida desses jovens? Essa inspiração cultural não é limitada à liderança, mas

também tem afetado muitos crentes. Vamos olhai-um exemplo: nossa sociedade respeita a autoridade somente quando concorda

com ela. Há adesivos de pára-choques que proclamam: "Questione a autoridade!" Isto não diz respeito apenas ao mundo, pois muitas

igrejas também têm adotado esta linha de pensamento. Eles respeitam e obedecem a autoridade somente se concordam com

ela. A gente quase chega a pensar que o reino de Deus foi

transformado em uma democracia! É alarmante que esta atitude se estenda além da autoridade delegada, pois o povo honra a Deus com a mesma indiferença. Se gostam do que Ele está fazendo em suas vidas, eles o louvam; se não gostam, eles reclamam.

A lista é quase infinita. A questão é que existe muito na nossa maneira de ministrarmos ao Senhor que é inspirado pelo

mundo. O que nós faremos no fim? O que vai acontecer com nossas maneiras?

BUSQUE O CONHECIMENTO DE DEUS

Há muitos que clamam para que Deus restaure a sua glória. Estão orando pela última chuva (Zc 10:1). Eles se submetem ao

processo de purificação de Deus e não se queixam quando passam por provações. Não murmuram no deserto pelo qual estão passando espiritualmente. Logo, se regozijarão, pois Deus não retém sua glória daqueles que têm fome dele.

Essas pessoas são um contraste comparadas àquelas que buscam conforto e sucesso. Outras ficam no meio termo - elas

buscam a presença de Deus, contudo, como Davi, seu zelo não está de acordo com o seu conhecimento. Buscam a Deus à sua

própria maneira, por sua própria sabedoria. Ainda têm de perceber a glória e a santidade daquele que elas desejam.

Não devemos ignorar os textos das Escrituras que trazem correção, instrução, ajustamentos e que conduzem à santidade.

Ouça as palavras de Oséias: Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele nos despedaçou,

e nos sarará; fez aferida e a ligará. Depois de dois dias nos revigorará; ao terceiro dia, nos levantará, e viveremos diante dele (Os 6:1, 2).

Esta passagem é um texto profético das Escrituras que

descreve a purificação de Deus na sua igreja, em preparação para a sua glória. Ele despedaçou, mas vai sarar. Um dia para o Senhor é como mil anos (2Pe 3:8). Dois dias inteiros se passaram (dois mil anos) desde a ressurreição do Senhor. Nós estamos à beira do

reavivamento e da restauração da glória de Deus, ao seu templo. O terceiro dia fala do reinado milenar de Cristo, quando Ele viverá e reinará aqui, em pessoa. A seguir, Oséias dá mais instruções sobre como viver e o que buscar, enquanto nós nos prepararmos

para a glória de Deus.

Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva,

como chuva serôdia que rega a terra (Os 6:3).

Oséias nos assegura que a sua vinda gloriosa é tão certa

quanto o nascer do sol ao amanhecer. Há um tempo designado, estejamos prontos ou não. Nossa busca deve ser o conhecimento do Senhor. Davi e seus homens tinham fome da presença do

Senhor, mas faltou-lhes o conhecimento de Deus. Tal conhecimento poderia ter evitado a morte instantânea de Uzá. Hoje não é diferente. Nós somos admoestados:

Filho meu, se aceitares as minhas palavras, e esconderes contigo os meus mandamentos, para fazeres atento à sabedoria o teu ouvido e para inclinares o teu coração ao entendimento, e se

clamares por inteligência, e por entendimento alçares a voz, se buscares a sabedoria como a prata e como a tesouros escondidos a procurares, então entenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento de Deus (Pv2:1-5).

O caminho para a vida é claro. Se alguém dissesse a você que havia dez milhões de dólares escondidos em algum lugar, em sua casa, você procuraria continuamente, até encontrar a fortuna

escondida. Se fosse necessário, levantaria os tapetes, quebraria as paredes, e até colocaria a casa abaixo para achar tanto dinheiro. Muito mais importantes são as palavras da vida!

Quando obtemos nossa inspiração no mundo, estamos utili-zando a sabedoria de homens e teólogos. A reverência a Deus é ensinada somente pelo mandamento ou pela diretriz dos homens. Sem a busca do conhecimento de Deus, novamente nós vamos nos encontrar repetidas vezes na situação de Uzá - cheios de boas intenções, contudo, ofensivas à sua glória.

Com o aumento da glória de Deus nos últimos dias, haverá

novos relatos de acontecimentos semelhantes aos que ocorreram a Ananias e Safira. Isso não é o desejo de Deus nem o propósito da restauração da Sua glória. Tal julgamento é simplesmente o resultado de não respeitar corretamente e não honrar a grandeza da glória de Deus. De acordo com o grau da glória revelada, o

mesmo grau de julgamento será executado sempre que a glória de Deus for tratada com irreverência e desrespeito.

CORAÇÕES FORTALECIDOS Olhando novamente o livro de Tiago, nós encontramos a

mesma advertência:

Sede, pois, irmãos, pacientes, até a vinda do Senhor. Eis que

o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até

receber as primeiras e as últimas chuvas. Sede vós também

pacientes e fortalecei os vossos corações, pois a vinda do Senhor está próxima (Tg 5:7-8).

Observe que Tiago nos diz para sermos pacientes. A palavra

grega de fato significa "suportar e não desanimar". Então, Tiago

diz: "Fortaleçam seus corações". Em outras palavras, coloquem seus corações na ordem divina e mantenham esse estado", se não, nós poderemos nos encontrar sob o julgamento da glória de Deus. Tanto Paulo como Pedro nos instruem sobre como fortalecer os

nossos corações: Ora, como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim andai

nele, nele radicados e edificados e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graça (Cl 2:6,7).

Quando a submissão ao senhorio de Jesus nos fortalece,

então nós podemos crer firmemente no que o Espírito Santo nos

tem ensinado através das Escrituras. Pedro reafirma isso com: Por esta razão, sempre estarei pronto para trazer-vos lem-

brados acerca destas cousas, embora estejais certos da verdade já presente convosco e nela confirmados (2 Pe 1:12).

Pedro diz: "...sempre lembrá-los". Ele sabia da importância de

ser fortalecido na presente verdade. Pedro sabia, por experiência própria, como era fácil se desviar da verdade. Como discípulo que recebeu a revelação de quem era Jesus, só o fato de negar conhecer o Messias alguns meses após aquela incrível revelação,

fez Pedro saber o que era se desviar da verdade. Não é suficiente apenas buscar o conhecimento de Deus.

Para continuar nele, nós temos de vivê-lo. Muito frequentemente, nós vivemos longe daquilo que Deus fez no passado e deixamos de experimentá-lo no presente. Nós ainda citamos textos das Escrituras e falamos coisas boas, mas não temos fome dos

caminhos de Deus. Nós temos de retornar à natureza dócil do nosso primeiro

amor. Quando, antes, nós o conhecemos, líamos nossas Bíblias e ouvíamos mensagens com grande expectativa, ansiosos para que o nosso Senhor, o objeto do nosso amor, pudesse ser revelado em maiores dimensões. Mas, muito cedo começamos a introduzir este

tipo de atitude: "Vejamos o que este ministro tem". O motivo oculto da nossa atitude era descartar a verdade de tal pregação, justificando nossa apatia com: "Eu já sei isto" ou "Eu já ouvi tudo isto antes!" Outro sintoma desta atitude é ouvir ou ler para

escolher o que nós queremos, em vez de experimentar os

caminhos de Deus e procurar uma revelação mais profunda do seu coração. Nós somos advertidos:

Por esta razão, importa que nos apeguemos com mais firmeza,

às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos (Hb

2:1). Muitos estão sendo arrastados para fora de nossas igrejas,

porque não estão ancorados ou não estão firmados no

conhecimento de Deus. Eles perderam o desejo de buscar o conhecimento de Deus.

Os apóstolos e os profetas previram este afastamento e

diligentemente nos advertiram a permanecermos firmes para que nós pudéssemos ter alegria no final.

É temível considerar o que acontece quando os corações não estão em ordem. Muitos perderão a bênção da glória de Deus, en-quanto outros entrarão em julgamento!

O TABERNÁCULO DE DAVI RESTAURADO

Quando Davi viu o que acontecera a Uzá, retornou a Jerusa-

lém e, diligentemente, buscou o conhecimento de Deus. Três meses depois, fez uma proclamação:

Então, disse Davi: Ninguém pode levar a arca de Deus, senão

os levitas; porque o Senhor os elegeu, para levar a arca de Deus, e o servirem para sempre (1 Cr 15:2).

Dessa vez não houve nenhuma assembléia de homens para

discutir. Uma vez que Davi descobriu o conselho de Deus sobre o

assunto, corajosamente colocou a questão em andamento. Reuniu

Israel e separou os descendentes de Arão e os levitas. Ele disse a esses sacerdotes:

Vós sois os cabeças das famílias dos levitas: santificai-vos,

vós e os vossos irmãos, para que façais subir a arca do Senhor,

Deus de Israel, ao lugar que lhe preparei. Pois, visto que não a levastes na primeira vez, o Senhor, nosso Deus irrompeu contra nós, porque então não o buscamos, segundo nos fora ordenado (l Cr 15:12, 13).

A ordem apropriada para aqueles sacerdotes convocava-os a

se santificarem e ditou a estrutura externa e natural para carregar a arca a presença de Deus. Dessa vez a arca foi trazida a Jerusalém, para o tabernáculo que Davi havia preparado, e mais

uma vez a glória de Deus foi restaurada para Israel. Nossa ordem

apropriada para carregar a presença de Deus é encontrada nos recantos do coração. É dentro do coração que nós temos que nos preparar, porque Deus está para revelar a sua glória na Terra de uma maneira nunca vista antes. Ele declara: Porém tão certo como eu vivo, e como toda a terra se encherá da glória do Senhor (Nm

14:21). Quando Deus fez esta declaração, Ele havia lamentado o fato

de que seu povo não cria nele nem o obedecia. O fato é que chegaria um tempo, no futuro, quando seu povo o temeria, e

então, incondicionalmente, obedeceria a Ele. Esses crentes manifestariam a glória de Deus, porque seriam o templo da sua

glória. Mais tarde, Deus falou por meio do profeta Isaías: Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do

Senhor nasce sobre ti. Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos; mas sobre ti aparece resplendente o Senhor, e a sua glória se vê sobre ti. As nações se encaminham para a tua

luz, e os reis para o resplendor que te nasceu (Is 60:1-3). Observe que Isaías diz: A glória do Senhor nasce sobre ti.

Entretanto, nós também ouvimos a glória descrita como última chuva. Deus me falou, em oração, e comparou o derramar da sua

última chuva com o dilúvio de Noé. A Bíblia diz: ...romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as comportas do céu se abriram (Gn 7:11). A restauração da sua glória surgirá sobre aqueles que prepararem seus corações para Ele e ela cairá sobre as nações do mundo. Nenhuma cidade deixará de ser atingida

pela última chuva do Espírito de Deus. Deus diz que a sua glória será restaurada em Seu povo, e até

mesmo os descrentes serão atraídos para a sua luz. Amos diz:

Naquele dia, levantarei o tabernáculo caído de Davi, repararei

as suas brechas; e levantando-o das suas ruínas, restaurá-lo-ei

como nos dias da antiguidade (Am 9:11). A glória de Deus será restaurada na igreja e excederá a

glória manifesta nos dias de Davi. Tiago citou esta porção das Escrituras aos líderes da igreja e aplicou-a aos últimos dias,

dizendo:

Expôs Simão como Deus, primeiro visitou os gentios, a fim de constituir dentre eles um povo para o seu nome. Conferem com isto as palavras dos profetas, como está escrito: Cumpridas estas cousas, voltarei e reedificarei o tabernáculo caído de Davi; e,

levantando-o de suas ruínas, restaurá-lo-ei. Para que os demais

homens busquem ao Senhor, e todos os gentios sobre os quais tem sido invocado o meu nome, diz o Senhor, que faz estas cousas conhecidas desde séculos (At 15:14-18).

Pelo Espírito, Tiago viu essa grande colheita de crentes en-

trando no reino com a restauração da glória de Deus. Ele fala profe-ticamente, mas não completa a mensagem de Amos, pois isso se aplicava especificamente ao nosso tempo. Vejamos a conclusão da mensagem de Amos:

Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que o que lavra a terra

segue logo ao que ceifa, e o que pisa as uvas, ao que lança a

semente; os montes destilarão mosto, e todos os outeiros se derreterão (Am 9:13).

Deus diz que a colheita será tão abundante, o ceifeiro estará

tão atarefado com o trabalho, que ele não conseguirá completá-lo

antes que o lavrador venha preparar os campos para uma nova plantação. A tradução da Bíblia Vida Nova o diz desta maneira: {Nota do Tradutor, a citação abaixo foi extraída da versão revista e

atualizada). Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que, o que lavra segue

logo ao que ceifa (Am 9:13). Em termos simples, Deus está descrevendo uma colheita tão

abundante, que será tremenda. Glória a Deus! Espere por esse dia, porque ele está se aproximando rapidamente. O tempo é curto. Não resista à obra purificadora de Deus e não negligencie o conhecimento do Senhor.

Enquanto escrevia este livro, fiquei muito consciente da sua importância e momento. Ele é um clamor do Espírito soando para

a Igreja. Sua mensagem - "Preparar o caminho do Senhor preparando seu povo para a sua glória!" Enquanto Deus restaura a sua glória, vamos ser sábios e aprender com Davi e os seus homens. Esses eventos foram registrados por razões que vão além

de propósitos históricos. A Bíblia nos diz: Pois tudo quanto outrora foi escrito, para o nosso ensino foi escrito (Rm 15:4).

Agora que nós lançamos o fundamento para compreender os tempos, é hora de buscarmos a importância de aprender a andar no temor do Senhor.

Uma pessoa que teme a Deus, treme com a sua Palavra e na sua presença.

CAPÍTULO 11

A HABILIDADE PARA VER

Quem dera eles tivessem tal coração, que me temessem, e guardassem em todo o tempo todos os meus mandamentos, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos, para sempre! (Dt 5:29)

Nós sempre ouvimos mensagens extraídas da Primeira Carta

de Paulo aos Coríntios. Frequentemente se faz referência a esse

livro da Bíblia, especialmente em grupos onde há manifestações do Espírito. A igreja dos Coríntios foi estabelecida aproximadamente no ano 51 depois de Cristo (muitos anos depois do dia de Pentecostes) e era muito aberta e, portanto, grandemente beneficiada pelos dons espirituais. A unção do

Espírito Santo era forte entre os seus membros, não diferente de algumas de nossas igrejas hoje.

A Segunda Epístola de Paulo à igreja de Corinto não é mencionada com tanta frequência quanto a primeira. Essa carta contém uma ênfase maior sobre a ordem divina, o temor do

Senhor e a subsequente restauração da glória de Deus. Se

percebermos o contexto, veremos que essa carta contém uma mensagem forte e empolgante para os crentes de hoje. Ao examinarmos uma porção dela, devemos ter em mente que a Segunda Carta aos Coríntios foi escrito para pessoas cuja unção não era estranha e que frequentemente exercitavam os dons espirituais.

A GLÓRIA DA VELHA ALIANÇA X A GLÓRIA DA NOVA ALIANÇA

Nas duas as cartas de Paulo aos Coríntios, ele se referia frequentemente à saída dos filhos de Israel do Egito e à revelação da glória de Deus a eles no deserto. A experiência deles também

diz respeito a nós, pois tudo que aconteceu aos israelitas no sentido natural eram tipos e figuras do que nós experimentaríamos na realidade espiritual. Paulo enfatiza isto:

Estas cousas lhes sobrevieram como exemplos, e foram

escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins

dos séculos têm chegado (1 Co 10:11).

A Primeira Carta de Paulo trata de muitos elementos fundamentais da ordem divina do coração para o povo de Deus. Sua Segunda Carta foi ainda mais profunda. Ele prossegue

falando sobre o desejo de Deus de revelar sua glória e habitar no

coração do seu povo. Paulo começa comparando a glória de Deus

no deserto com a sua glória revelada na Nova Aliança. Fazendo um contraste, ele escreve: E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se

revestiu de glória, a ponto de os filhos de Israel não poderem fitar a face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, ainda que

desvanecente, como não será de maior glória o ministério do Espírito! (2 Co 3:7, 8)

No monte, Moisés contemplou a forma do Senhor e falou com Ele como um homem fala com seu amigo. Quando desceu do monte, Moisés cobriu sua face porque o brilho dela amedrontou as

pessoas. O semblante de Moisés refletia que ele estivera na presença da glória de Deus.

Na Nova Aliança, o plano de Deus não é refletir sua glória em nós, mas que sua glória seja vista em nós! Uma coisa é refletir algo, mas é outra coisa bem diferente permanecer nela e emiti-la! Este é o alvo final de Deus! É por isto que Paulo disse:

Porquanto, na verdade, o que, outrora, foi glorificado, neste

respeito, já não resplandece, diante da atual sobreexcelente glória (2Co 3:10).

Embora a glória da Velha Aliança não se compare com a

glória da Nova, a Velha ainda era tão tremenda que Paulo reitera: Para que os filhos de Israel não atentassem na terminação do que se desvanecia (v. 13). Entretanto, logo a seguir Paulo lamenta:

Mas os sentidos deles se embotaram (2Co 3:14).

Como é trágico que eles não pudessem ver justamente algo de que precisavam tão desesperadamente. Paulo nos adverte para não nos tornarmos cegos nem cairmos no mesmo dilema.

Assim, nós devemos perguntar: "Como suas mentes ficaram embotadas?" A resposta traz o conhecimento e a sabedoria que

desesperadamente nos falta: aquilo que nos falta é necessário para que nós andemos na glória de Deus! Para obter nossa resposta, devemos retornar à estrutura de tempo que Paulo discutiu.

TEMOR DE DEUS X MEDO DE DEUS

Israel havia acabado de sair do Egito e foi conduzido por Moisés ao Monte Sinai, onde Deus revelaria a sua glória.

Disse também o Senhor a Moisés: Vai ao povo e purifica-os

hoje e amanhã. Lavem eles as suas vestes e estejam prontos para o

terceiro dia; porque no terceiro dia o Senhor, à vista de todo o povo, descerá sobre o Monte Sinai (Êx 19:10,11).

Esta mensagem era profética, pois ela também fala dos nossos dias. Antes de Deus manifestar a sua glória, o povo deveria santificar-se. Isso incluía lavar suas roupas. Lembre-se de que um

dia para o Senhor é como mil anos. Já se passaram quase dois mil anos (dois dias) desde a ressurreição do Senhor Jesus Cristo. Deus disse que durante aqueles dois mil anos (dois dias), a igreja dele deveria se consagrar ou se apartar do mundo, em preparação

para a sua glória. Nossas vestes deverão estar limpas da imundície do mundo (2Co 6:16; 7:1). Deveremos nos tornar sua noiva sem mácula. Depois de dois mil anos, Ele novamente

manifestará sua glória. Agora leia o relato do que aconteceu na manhã do terceiro

dia: Ao amanhecer do terceiro dia, houve trovões, e relâmpagos, e

uma nuvem espessa sobre o monte, e mui forte clangor de trombeta,

de maneira que todo o povo que estava no arraial se estremeceu. E Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus; e puseram-se ao pé do monte. Todo o Monte Sinai fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo; a sua fumaça subiu como fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia grandemente (Êx 19:16-18).

Deus não só se manifestou através de visão, mas também

por meio de voz e som. Quando Moisés falou, Deus respondeu-lhe para que todos ouvissem. Muitas vezes, hoje, nos referimos a Deus como a um amigo, de uma maneira descuidada como se Ele fosse quase um camarada. Se nós pudéssemos vislumbrar o que

Moisés e os filhos Israel viram, poderíamos ter uma mudança

significativa de visão. Ele é o Senhor e Ele não mudou! Leia cuidadosamente a reação do povo quando Deus veio:

Todo o povo presenciou os trovões e os relâmpagos, e o

clangor da trombeta, e o monte fumegante; e o povo, observando, se

estremeceu e ficou de longe. Disseram a Moisés: Fala-nos tu, e te ouviremos; porém, não fale Deus conosco, para que não morramos. Respondeu Moisés ao povo: Não temais; Deus veio para vos provar, e para que o seu temor esteja diante de vós, afim de que não pequeis (Êx 20:18-20).

Observe que o povo tremeu e se afastou. Eles não quiseram mais ouvir a voz audível de Deus, nem quiseram ver ou estar na presença da sua glória - eles não podiam suportá-la.

Moisés rapidamente os advertiu: Não temais... encorajando-

os a voltarem à presença de Deus, quando explicou que Ele tinha vindo para prová-los.

Por que Deus nos prova? Para descobrir o que está em nossos corações? Absolutamente, não. Eleja sabe o que está escondido em nossos corações. Ele nos prova para que possamos

saber o que está em nossos corações. Qual era o propósito do teste para os israelitas? Para eles saberem se temiam ou não. Se eles o temessem, eles não pecariam. O pecado sempre resulta do nosso afastamento de Deus.

Moisés disse: Não temais. Então, disse que Deus tinha vindo para que o seu temor estivesse diante deles. Este versículo faz

uma distinção entre ter medo de Deus e temer a Deus. Moisés temia a Deus, mas o povo não. É uma verdade infalível: se não tememos a Deus, ficaremos com medo dele, na revelação da sua glória, pois todo joelho se dobrará a Ele, se não for por piedoso temor, então será por terror (2Co 5:10,11).

O povo estava de longe, em pé; Moisés, porém, se chegou à nuvem escura, onde Deus estava (Êx 20:21).

Veja a diferença nas reações à manifestação da glória de Deus: Israel se afastou, mas Moisés se aproximou. Isso ilustra as

diferentes reações dos crentes, hoje.

SEMELHANTE EM MUITAS MANEIRAS É importante perceber que os israelitas não eram tão

diferentes da nossa igreja moderna. Todos saíram do Egito, o que tipifica a salvação. Todos experimentaram e foram beneficiados

com os milagres de Deus, como muitos na igreja. Todos experimentaram a libertação dos seus opressores, o que muitos

têm experimentado hoje na igreja. Eles ainda desejavam seu velho estilo de vida, se fosse

possível tê-lo sem a escravidão a que anteriormente estavam submetidos. Quão frequentemente nós vemos isto na igreja, hoje. As pessoas são salvas e libertas, todavia, seus corações nunca

abandonam o estilo de vida do mundo, embora esse estilo de vida as conduza à escravidão.

Eles passaram pela experiência de receber a riqueza do ímpio, que Deus havia depositado sobre o justo. A Bíblia registra: Fez sair o seu povo, com prata e ouro...(Sl 105:37). Porém, eles

utilizaram essa bênção de Deus para construir um ídolo! Nós não fazemos o mesmo, hoje? Nós ouvimos falar de milagres financeiros, e muitas vezes aqueles que são mais abençoados, acabam dedicando seu afeto e suas forças às bênçãos materiais e

financeiras, em vez de se dedicarem ao Senhor que os abençoou.

Eles experimentaram o poder curador de Deus, pois quando deixaram o Egito, a Bíblia registra: E entre as suas tribos não havia um só invalido (SI 105:37). Isso é até melhor do que as maiores cruzadas de milagres, hoje. Moisés deixou o Egito com três milhões de pessoas fortes e saudáveis. Você pode imaginar

uma cidade de três milhões de habitantes, sem nenhum doente e nenhum hospital? Os israelitas tinham servido aos egípcios, debaixo de sofrimento, por quatrocentos anos. Imagine as curas e os milagres que aconteceram quando eles comeram o cordeiro da

Páscoa! A salvação de Deus, a cura, as obras milagrosas e o poder de

libertação não eram estranhos aos israelitas. Na realidade, eles comemoravam apaixonadamente sempre que Deus se movia milagrosamente a seu favor. Eles dançavam e louvavam a Deus, bem parecido com nossos cultos carismáticos ou com cultos de milagres cheios do Espírito (Êx 15:1,20). É interessante notar que os israelitas se aproximavam para suas manifestações milagrosas,

porque eram beneficiados com elas, mas ficavam assustados e se afastavam quando a glória de Deus era revelada!

Até que ponto somos diferentes, hoje? Ainda nos aproxima-

mos dos milagres. As pessoas ainda viajam muitos quilômetros e dão grandes ofertas, esperando receber porções dobradas de Deus em cultos de milagres. Mas, o que acontecerá quando a glória de

Deus for revelada? Os corações serão expostos na presença gloriosa de Deus. Podemos viver com o pecado encoberto ao redor do milagroso, mas o pecado não pode se esconder à luz da revelação da glória de Deus.

O QUE CEGOU O POVO

Quarenta anos depois, a geração mais velha havia morrido

no deserto, e Moisés repetiu as leis para uma nova geração que havia surgido, no monte onde Deus revelara a sua glória.

Sucedeu que, ouvindo a voz, do meio das trevas, enquanto ardia o monte em fogo, vos achegastes a mim, todos os cabeças das vossas tribos e vossos anciãos, e dissestes: Eis aqui o Senhor,

nosso Deus, nos fez ver a sua glória e a sua grandeza, e ouvimos a sua voz do meio do fogo; hoje, vimos que Deus fala com o homem, e este permanece vivo. Agora, pois, por que morreríamos? Pois este grande fogo nos consumiria; se ainda mais ouvíssemos a voz do Senhor, nosso Deus, morreríamos [...] Chega-te e ouve tudo o que disser o Senhor, nosso Deus; e tu nos dirás tudo o que te disser o

Senhor, nosso Deus, e o ouviremos e o cumpriremos (Dt 5:23-27). Eles clamaram: "Nós não podemos nos aproximar da sua

presença gloriosa, nem podemos permanecer diante dele e

continuar vivos." Queriam que Moisés ouvisse por eles e

prometeram ouvi-lo e fazer qualquer coisa que Deus dissesse para fazer! Tentaram viver nesse padrão por milhares de anos, mas não podiam obedecer às palavras de Deus. Até que ponto somos diferentes, hoje? Recebemos a Palavra de Deus através do nosso pastor e dos pregadores, mas nos retiramos do monte de Deus? Ficamos com medo de ouvir a sua voz que revela a condição dos

nossos corações? Esta atitude do coração não é nem um pouco diferente da atitude dos filhos de Israel.

Moisés ficou muito desapontado com a reação de Israel. Ele

não conseguia compreender a sua falta de fome da presença de Deus. Como podiam ser tão tolos? Como podiam ser tão cegos? Moisés trouxe suas preocupações diante de Deus, na esperança de

obter um remédio para essa condição. Mas veja o que aconteceu: Ouvindo, pois, o Senhor as vossas palavras, quando me

faláveis a mim, o Senhor me disse: Eu ouvi as palavras deste povo, que te disseram: em tudo falaram eles bem. (Dt 5:28)

Eu estou certo de que Moisés ficou chocado com a resposta de Deus. Ele deve ter pensado: "O quê? O povo está certo? Por

uma vez eles estão realmente certos! Eles realmente não podem entrar na presença de Deus. Por quê?" Deus o interrompeu com a resposta:

Quem dera que eles tivessem tal coração, que me temessem, e guardassem em todo o tempo todos os meus mandamentos, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos, para sempre! (Dt :29)

Deus lamentou: Oh, quem dera tivessem tal coração que me

temessem... Todos poderiam ter sido como Moisés, refletindo a

glória de Deus e conhecendo os seus caminhos, se possuíssem corações que temessem a Deus, como Moisés! Mas os corações permaneciam obscurecidos e as mentes, cegas para não verem exatamente aquilo de que eles precisavam tão desesperadamente.

O que os cegou? A resposta é clara: não tinham corações que temiam ao Senhor. Isso foi comprovado pela sua desobediência aos mandamentos e à Palavra de Deus. Se nós compararmos Moisés com os filhos de Israel, veremos a diferença entre aquele que teme a Deus e aquele que não o teme.

TREMENDO COM A PALAVRA DE DEUS Uma pessoa que teme a Deus, treme com a sua Palavra e na

sua presença (Is 66:2 e Jr 5:22). O que significa tremer da Palavra de Deus? Tudo pode ser resumido em uma declaração: obedecer a

Deus voluntariamente, até mesmo quando parece mais vantajoso

comprometer sua Palavra e não obedecê-la. Nossos corações devem estar firmemente estabelecidos no

fato de que Deus é bom. Ele não é um abusador de crianças. Uma pessoa que teme a Deus sabe disso, porque conhece o caráter de Deus. É por isso que a pessoa vai se aproximar de Deus, mesmo quando os outros se afastam dele com terror.

Essa pessoa percebe que qualquer dificuldade imediata ou iminente entregue na mão de Deus, no final, surtirá bons efeitos. A maioria concordaria mentalmente com isso, porém, nos tempos

de sofrimento o que nós acreditamos é claramente revelado. Só então nós veremos nossa fé como ela é, pela luz do fogo das provações.

Os sofrimentos que Israel enfrentou expuseram o conteúdo dos seus corações. Examinemos suas diferentes reações à Palavra de Deus: os filhos de Israel obedeciam à Palavra de Deus, contanto que vissem o benefício imediato. Mas, no momento em que eles sofriam ou já não podiam mais ver os benefícios, perdiam a visão de Deus e reclamavam amargamente.

Durante séculos, Israel havia orado e clamado pela libertação dos seus opressores egípcios. Eles desejaram retornar

para a Terra Prometida. Deus enviou-lhes o libertador, Moisés. O Senhor disse a Moisés: Por isso, desci a fim de livrá-los da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel (Êx 3:8).

Moisés foi à presença do Faraó e proclamou as palavras de Deus: Deixa ir o Meu povo. Mas Faraó respondeu aumentando o sofrimento deles. Já não iriam providenciar nenhuma palha para a imensa quantidade de tijolos que os escravos israelitas deveriam

produzir. Teriam que juntar a palha à noite e trabalhar durante o dia. O número total de tijolos não podia diminuir, embora a palha

tivesse sido removida. A Palavra de Deus de liberdade havia aumentado seu sofrimento. Reclamaram dessa opressão e disseram a Moisés: "Deixe-nos sozinhos e pare de pregar para o Faraó; você está tornando nossa vida pior."

Quando Deus finalmente os libertou do Egito, o coração do

Faraó estava endurecido novamente e ele perseguiu os israelitas no deserto com suas melhores carruagens e guerreiros. Quando os hebreus viram que o Egito havia se reunido contra eles e que estava entre eles e o Mar Vermelho, eles reclamaram novamente. Não é isso o que te dissemos no Egito: deixa-nos, para que sirvamos os egípcios? Pois melhor nos fora servir os egípcios do que

morrermos no deserto (Êx 14:12). Observe as palavras: Pois melhor nos fora. Em essência, eles

estavam dizendo: "Por que nós deveríamos obedecer a Deus,

quando Ele está apenas tornando nossas vidas miseráveis?

Estamos em pior situação; não, melhor". Eles eram rápidos para comparar seu estilo de vida anterior com a sua presente condição. Sempre que as coisas não se equilibravam, os israelitas queriam voltar. Eles desejavam o conforto acima da obediência à vontade de Deus. Oh, como lhes faltava o temor de Deus! Eles não tremiam da Palavra de Deus.

Deus dividiu o mar, os filhos de Israel atravessaram em terra seca e viram seus opressores encobertos pela água. Celebraram a bondade de Deus, dançaram e louvaram diante de Deus. Estavam

certos de que nunca mais poderiam duvidar da sua bondade! Mas não conheciam os seus próprios corações. Outro teste surgiria e novamente exporia sua infidelidade. Três dias depois reclamaram

novamente, dizendo que não queriam água amarga, queriam água doce (Êx 15:22-25).

Com que frequência fazemos a mesma coisa? Queremos palavras suaves e agradáveis, quando o amargo é o que é necessário para nos purificar das impurezas. Por isso, Salomão disse: Mas à alma faminta todo amargo é doce (Pv 27:7).

Alguns dias se passaram e os filhos de Israel se queixaram novamente da falta de comida. Eles disseram: Quem nos dera tivéssemos morrido pela mão do Senhor na terra do Egito (Êxl6:1-4). Você pode ver como eles estavam se comportando de maneira

religiosa? Mais uma vez os israelitas reclamaram da falta de água (Êx

17:1-4). Reclamavam sempre que encontravam uma nova dificuldade. Se a situação lhes parecesse boa, mantinham a Palavra de Deus. Mas se obediência significasse sofrimento, os israelitas rapidamente reclamavam.

UM CORAÇÃO DIFERENTE

Moisés era bem diferente. Seu coração já havia sido provado muito tempo antes. A Bíblia nos diz:

Pela fé, Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado

filho da filha de Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo

de Deus, a usufruir prazeres transitórios do pecado; porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão (Hb 11:24-26).

Os filhos de Israel não escolheram a escravidão. Moisés foi

presenteado com o melhor de tudo que o mundo poderia oferecer, mas recusou tudo para sofrer aflição com o povo de Deus. Sua atitude era bem diferente da atitude dos filhos de Israel. Eles quiseram voltar para o Egito (o mundo), esquecendo rapidamente

a opressão. Apenas se lembravam que haviam se deleitado nas

coisas que lhes faltavam agora no deserto da provação de Deus. Moisés escolheu o sofrimento ... porque contemplava o galardão. Que galardão ele estava procurando? Encontramos a resposta em Êxodo, capítulo 33:

Disse o Senhor a Moisés: Vai, sobe daqui, tu e o povo que tiraste da terra do Egito para a terra a respeito da qual jurei a Abraão, a Isaque e a Jacó, dizendo: à tua descendência a darei. Enviarei o anjo diante de ti; lançarei fora os cananeus, os amorreus, os heteus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. Sobe para uma terra que mana leite e mel; eu não subirei no meio de ti, porque és povo de dura cerviz, para que não te consuma eu no caminho (Êx

33:1-3). Deus disse para Moisés descer e levar o povo à terra que Ele

tinha prometido, a mesma terra que tinham esperado, por centenas de anos, receber por herança. Deus prometeu para

Moisés até mesmo a escolta de um anjo escolhido, sendo que Ele não os acompanharia.

Mas Moisés respondeu rapidamente: Se a tua Presença não vai comigo, não nos faça subir deste lugar (Êx 33:15).

Eu me alegro que a opção de entrar na Terra Prometida sem

Deus não tenha sido colocada diante dos filhos de Israel. Se pudessem ter escolhido uma vida confortável no Egito, ao invés de Deus, certamente teriam escolhido a Terra Prometida. Provavelmente teriam feito uma festa e partido sem pensar duas vezes! Mas como Moisés não tinha fixado sua visão na Terra Prometida, sua resposta foi diferente.

Moisés disse: "A promessa não é nada sem a sua presença!" Ele recusou a oferta de Deus porque sua recompensa era a

presença do Senhor. Pense na posição de Moisés quando respondeu: Não nos faça subir deste lugar. Onde era "este lugar"? O deserto!

Moisés vivia sob as mesmas condições que o resto de Israel. Não era dotado de habilidades sobre-humanas que o isentavam dos sofrimentos que o restante de Israel experimentava. Tinha sede e fome igual a eles, contudo, nós nunca o vemos reclamar como os outros. A ele foi oferecido um "escape" desse sofrimento e a oportunidade de ir para a terra dos seus sonhos, mas recusou.

Um método que Deus usará para nos testar é fazer-nos uma

oferta que espera que recusemos. A oferta, inicialmente, pode prometer um grande sucesso, mas, a que preço? Pode até mesmo parecer que o nosso ministério se expandirá e irá além. Mas no profundo do nosso coração, sabemos que escolher aquela

determinada coisa, seria contra o desejo máximo de Deus.

Somente aqueles que tremem da Palavra de Deus escolheriam aquilo que parece menos benéfico.

Em 2 Reis, capítulo 2, Elias falou três vezes para Eliseu permanecer onde estava. Cada ordem era outro teste. Teria sido mais fácil para Eliseu ficar, mas insistiu: Tão certo como vive o

Senhor e vive a tua alma, não te deixarei (2Rs 2:2). Ele sabia que a recompensa celestial era mais importante do que o seu conforto temporário!

SEMELHANTE POR FORA, DIFERENTE POR DENTRO Exteriormente ou fisicamente, não podemos observar

diferença entre Moisés e os filhos de Israel. Eles eram todos descendentes de Abraão. Todos haviam deixado o Egito sob a intervenção do poder sobrenatural de Deus. Todos estavam na posição de herdeiros das promessas de Deus. Todos professavam conhecer e servir a Jeová. A diferença estava oculta nos recantos internos dos seus corações. Moisés temia a Deus; então, tinha

percepção do coração de Deus e dos seus caminhos. Mas pelo fato de os filhos de Israel não temeram a Deus, ficaram cegos e a sua compreensão foi obscurecida.

Hoje não é diferente. O cristianismo se tornou quase um clube. Você se lembra bem do que é um clube desde que era criança. Você se associou a um clube por causa da necessidade de

pertencer. Na segurança de um clube, você estava unido aos outros sócios por causa de um interesse ou causa comum. É bom se sentir parte de algo maior que você. O clube estava por trás de você e lhe dava um senso de segurança.

Há muitos que professam ser cristãos, mas não temem a Deus mais do que aqueles que nunca puseram os pés na igreja.

Como sócios protegidos do clube do cristianismo, por que eles

deveriam ter medo? Aliás, até os demônios tremem mais que algumas pessoas que estão nas igrejas. Tiago advertiu aqueles que professavam a salvação, mas que não tinham temor de Deus: Crês tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios crêem e tremem! (Tg 2:19)

Essas pessoas vêm às nossas igrejas, trabalham nas equipes de ministério e pregam nos púlpitos. Vêm de todas as posições sociais, desde os guetos até a vida excêntrica de Hollywood. Confessam salvação e amam as promessas de Deus, mas são míopes e não temem a Deus como os filhos de Israel.

Judas, irmão do Senhor, previu esse dia e advertiu que as

pessoas iriam frequentar nossas igrejas e professar a salvação pela graça de Deus, por causa da sociedade no clube do cristianismo. Eles iriam frequentar as reuniões dos crentes e

participar sem temor, o tempo todo servindo apenas a eles

mesmos (Jd 12). Em Mateus 7:21-23, Jesus disse que haveria aqueles que ex-

pulsariam demônios e fariam outras maravilhas em seu nome, chamando-o de Senhor e Salvador, porém, seriam negligentes na sua vida de obediência à vontade de Deus. Jesus descreveu essa condição como "joio que cresce no meio do trigo". Você não

consegue dizer facilmente qual a diferença entre o trigo e o joio. Da mesma maneira que Israel, o fogo da presença gloriosa de Deus vai expor, finalmente, o conteúdo de cada coração. Essa será

a condição para a igreja entrar na época da colheita (Mt 13:26). Malaquias profetizou que nos últimos dias Deus enviaria

uma voz profética, como Ele fez com Samuel, Moisés e João

Batista, para preparar o seu povo para a sua glória. Porém, não seria apenas um, mas muitos mensageiros proféticos. Esses mensageiros surgiriam com tal unidade de propósito que falariam como um só homem, clamando aos que estão sendo enganados para se voltarem ao Senhor de todo o coração.

Assim, a ordem divina será restaurada no coração do povo

de Deus. Esses profetas não são mensageiros de julgamento, mas de misericórdia. Através deles, o Senhor chama os seus para

escaparem do juízo. Diz Malaquias: Eis que eu envio o meu mensageiro que preparará o caminho

diante de mim; de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós

buscais [...] Mas quem pode suportar o dia da sua vinda? E quem pode subsistir quando ele aparecer? Porque Ele é como o fogo do ourives e como a potassa dos lavandeiros (Ml 3:1,2).

Malaquias não está descrevendo o arrebatamento da igreja.

Ele diz que o Senhor virá ao seu templo, e não para o seu templo.

Oséias disse que após dois mil anos o Senhor viria a nós, o seu templo, como a última chuva. Isso fala da glória de Deus manifesta. Malaquias pergunta, então: Mas quem pode suportar o dia da sua vinda? E quem subsistir quando ele aparecer? Os dois profetas confirmam que esse evento não é o arrebatamento da

igreja. Malaquias responde a sua própria pergunta, apresentando

dois resultados da presença gloriosa de Deus. Primeiro, ela vai refinar e purificar os que o temem (Ml 3:16-17). Segundo, vai julgar os corações daqueles que dizem que o servem, mas na

realidade não o temem (vv. 3:5 e 4:1). Depois dessa purificação,

ele nos diz: Então vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso,

entre o que serve a Deus e o que não o serve (Ml 3:18).

Antes que a glória se manifeste, você não pode distinguir

uma pessoa que serve a Deus de outra que meramente oferece um culto de lábios ao Senhor. A hipocrisia não pode se esconder da luz da glória de Deus. A mentalidade de clube finalmente vai

acabar. Isso nos ajuda a compreender melhor a firme advertência de Jesus para os crentes do Novo Testamento:

Digo-vos, pois, amigos meus: Não temais os que matam o

corpo, e, depois disso nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: Temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis

temer (Lc 12:4, 5). O temor de Deus nos impede de seguir o caminho destrutivo

do engano. Moisés disse que o temor de Deus no coração do seu povo é a força para viver livre do pecado (Êxodo 20:20). Salomão

escreveu: Pelo temor do Senhor os homens evitam o mal (Pv 16:6). Jesus advertiu os crentes com um propósito específico e precedeu a sua exortação sobre o temor Deus com uma advertência sobre a

armadilha enganosa da hipocrisia:

Nada há encoberto que não venha a ser revelado; e oculto que não venha a ser conhecido (Lc 12:2).

Quando nós encobrimos ou escondemos o pecado para pro-

teger nossa reputação, colocamos um véu sobre os nossos corações. Pensamos equivocadamente que esse véu nos faz

parecer puros quando, na verdade, não estamos puros. Isto finalmente conduz à hipocrisia. Assim, não apenas enganamos os

outros, mas também a nós mesmos (2Tm 3:13). Como os filhos de Israel, estamos cegos e não podemos ver.

O temor de Deus é a nossa única proteção contra a hipocrisia. Não vamos esconder o pecado em nossos corações

porque vamos temer a Deus mais do que as opiniões dos homens mortais. Vamos nos importar mais com o que Deus pensa de nós do que com o que os homens pensam. Vamos nos importar mais com os desejos de Deus do que com o nosso conforto temporário. Vamos considerar a sua Palavra mais valiosa do que a dos homens. Vamos voltar os nossos corações para o Senhor! E Paulo

diz: Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe

é retirado (2Co 3:16).

O temor do Senhor nos impede de

comprometer a verdade de Deus para perseguir a satisfação pessoal.

Possivelmente faltando página 178

Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe

é retirado (2Co 3:16).

Que promessa poderosa! Quando nos convertemos ao

Senhor, todo véu que nos impede de contemplar a glória de Deus é removido!

Antes de prosseguir, quero enfatizar a implicação e significado deste texto bíblico. Precisamos qualificar esta declaração, porque muitas vezes o pleno impacto do que Paulo está dizendo pode se perder na nuvem da nossa atua! mentalidade

de clube de cristianismo. Jesus propôs uma pergunta surpreendente, que muitas

vezes pulamos e evitamos hoje. Ele perguntou: Porque me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando? (Lc 6:46) A palavra grega para Senhor é kurios. Ela significa "supremo em

autoridade". Ela também tem uma conotação de propriedade. O Senhor é o criador, governador e proprietário do universo.

Como Autoridade Suprema, Ele colocou o homem com autoridade delegada no jardim. O homem entregou para Satanás seu domínio delegado sobre a terra (Lc 4:6). Na cruz, Jesus redimiu o que havia

sido perdido. Agora temos uma escolha: podemos entregar o domínio completo de nossas vidas a Jesus, ou reter e permanecer presos, sob o domínio de um mundo perdido e agonizante. Não há uma terceira opção, nenhum meio termo, nenhum caminho

intermediário. Quando não tememos a Deus e não o honramos como

Senhor, retemos uma parte do controle de nossas vidas. Podemos confessar a Jesus como Senhor, mas nossa irreverência é evidenciada pelo fruto de nossas vidas. Se tememos a Deus, nós vamos nos render completamente à autoridade dele como Rei e Senhor. Isto permite que o Senhor assuma aposse total e irrestrita sobre nossa vida. Nos tornamos os seus servos.

Paulo, Timóteo, Tiago, Pedro e Judas se referiram a si mes-mos, em suas epístolas, como servos (Rm 1:1; Cl 4:2; Tg 1:1; 2Pe

1:1 e Jd 1). Um servo entrega-se voluntariamente ao serviço como pagamento de uma dívida. Não é escravidão, porque um escravo não tem escolha nessa questão. A servidão é voluntária. Servimos por amor, confiança e temor reverente de Deus. Nós lhe damos de boa-vontade o domínio total e incondicional sobre nossas vidas.

É por isso que Paulo pôde enfrentar corajosamente as cadeias, as tribulações e os sofrimentos que o esperavam em cada cidade. Ele pôde dizer com determinação: E agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém (At 20:22). O Senhor obrigou

Paulo? Absolutamente, não! Paulo compreendeu que ao cumprir a

vontade de Deus, poderia sofrer. Mas Paulo havia escolhido fazer a vontade de Deus acima do seu próprio conforto. Havia entregue livremente o domínio total e incondicional da sua vida a Jesus.

Paulo se referiu aos sofrimentos extremos que iria encontrar

com estas palavras: Porém, em nada considero a vida preciosa

para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus (At 20:24). Estava comprometido, não importava o custo. Somente o nosso amor por Deus, associado a um santo temor por Ele, satisfaz nossa resposta ao seu senhorio.

Esse é o compromisso requerido de todos os que seguem a Jesus (Lc 14:25-33).

Quando Jesus perguntou: Por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando? Ele estava dizendo na

verdade: "Não se engane em me chamar de 'Senhor' enquanto

continua vivendo a sua vida como se você mesmo fosse o seu dono".

O VÉU DO ENGANO A vida do rei Saul exemplifica este conceito. Deus lhe enviou

uma ordem através do profeta Samuel. Saul foi instruído a reunir

o seu exército para atacar Amaleque e destruir completamente tudo que respirasse: todos os homens, mulheres, crianças e animais.

Saul não rejeitou as instruções de Samuel dizendo:

"Absolutamente não!" E saiu pisando duro em direção oposta. Isso seria desobediência óbvia. Em vez disso, Saul deu ouvidos, reuniu

o seu exército e atacou Amaleque. Nesse ataque, dezenas de milhares de homens, mulheres e crianças foram mortos. Saul poupou apenas o rei dos amalequitas. Talvez ele quisesse outro rei como um troféu para servi-lo em seu palácio.

Além disso, provavelmente milhares de animais foram mortos também. Saul poupou apenas algumas das melhores

ovelhas, cordeiros e bois. Ele pensou que as pessoas poderiam sacrificar esses animais ao Senhor, mesmo que fosse "bíblico".

Para alguém que não tivesse ouvido as palavras do profeta, Saul poderia passar por um rei religioso. "Olhe, ele sacrifica apenas o melhor para o Senhor!"

Depois dessa campanha, Deus falou com Samuel:

Arrependo-me de haver constituído rei a Saul; porquanto deixou de me seguir, e não executou as minhas palavras (1 Sm 15:11).

No dia seguinte, Samuel foi confrontar Saul. Quando viu Samuel chegando, ele, entusiasmado, o recebeu com a saudação: Bendito sejas tu do Senhor; executei as palavras do Senhor (ISm

15:13).

Espere um momento! Não era essa a impressão de Deus definitivamente! Nós acabamos de ler a opinião de Deus. O que aconteceu aqui? Como poderia haver opiniões tão diferentes sobre o mesmo incidente? Saul realmente acreditava que havia

obedecido a Deus. Como poderia haver tal discrepância? Tiago

explica isto: Tornai-vos, pois, praticantes da palavra, e não somente

ouvintes, enganando-vos a vós mesmos (Tg 1:22). Quando nós ouvimos a Palavra de Deus e não a praticamos,

enganamos os nossos próprios corações! Assim, uma pessoa pode

realmente acreditar que é obediente a Deus quando, na verdade, está agindo em desobediência. Esta é uma revelação tão assustadora quanto séria! O engano encobre o coração e obstrui a verdade. Quanto mais uma pessoa desobedece, mais espesso e

mais resistente o véu se torna, sendo cada vez mais difícil de remover.

Permita-me reiterar alguns pontos importantes. Primeiro,

Saul não saiu pisando duro nem se recusou a fazer como lhe foi falado. Ele atendeu. Segundo, matou dezenas de milhares de pessoas e poupou apenas um. Matou todos os milhares de animais, menos alguns. Ele fez talvez 99% do que lhe foi ordenado fazer. Porém, Deus chamou a sua obediência quase completa de rebelião! (v. 23).

Hoje nós diríamos: "Está tudo certo; foi um bom esforço." Nós podemos até defender Saul, destacando: "Afinal de contas, ele

fez quase tudo. Vamos lhe dar o crédito pelo que fez certo! Por que destacar apenas uma coisa que não fez? Olhe tudo que ele fez! Não seja tão duro com o pobre Saul!"

Aos olhos de Deus, a obediência parcial ou seletiva é igual à

rebelião contra a sua autoridade. É a evidência da falta do temor de Deus!

Uma vez, estava no Canadá preparando-me para ministrar. Nós estávamos no meio do louvor e adoração, quando o Espírito do Senhor fez esta pergunta: "Você sabe o que é um espírito religioso?"

Embora eu tenha escrito e pregado sobre espíritos religiosos e como eles operam, soube imediatamente que minha informação devia ser, na melhor das hipóteses, limitada. Tenho aprendido que sempre que Deus faz uma pergunta Ele não está procurando informação. Eu respondi: "Não, Senhor, por favor me diga".

Ele respondeu rapidamente: "Uma pessoa com um espírito

religioso é alguém que usa a minha Palavra para executar a sua própria vontade!" Em outras palavras, é quando tomamos o que o Senhor disse e acrescentamos os nossos próprios desejos.

Eu tive muito temor da sabedoria dada pelo Espírito de

Deus. Apliquei isto à situação de Saul. Eu pude ver como Saul fez o que lhe foi ordenado, porém, acrescentou os seus próprios

desejos. O coração de Deus não era o seu alvo. Saul havia visto uma oportunidade de se beneficiar e fortalecer sua posição sobre o

seu povo e ele a agarrou. Isso é senhorio? Isso é tremer da Palavra

de Deus? O temor do Senhor nos impede de comprometer a verdade de Deus para perseguir a satisfação pessoal. Então, nós vamos obedecer a Palavra de Deus, não importa o custo.

EM QUAL ESPELHO VOCÊ ESTÁ SE CONTEMPLANDO? Ouça novamente as palavras de Tiago:

Tornai-vos, pois, praticantes da palavra, e não somente

ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla num espelho o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla e se retira, e para logo se esquece de como era a sua

aparência (Tg 1:22-24). Tiago usa este exemplo natural para ilustrar o que realmente

acontece no espírito quando nós não somos submissos ao senhorio de Jesus. Quando não trememos da sua Palavra com obediência incondicional, é como olharmos a nós mesmos em um

espelho, depois nos afastarmos como se não houvéssemos olhado, e voltar, porque esquecemos como era a nossa aparência.

Podemos ver enquanto estamos olhando no espelho, mas assim que nos afastamos, esquecemos o que vimos, como se fôssemos cegos.

Isto explica porque as pessoas podem ler, ouvir e até mesmo

pregar a Palavra de Deus, porém, viver como aqueles que não a conhecem. Há pouca mudança em suas vidas. Virtualmente não acontece nenhuma transformação. O salmista descreve a condição daqueles que frequentam a casa de Deus, ouvem a sua Palavra e ainda permanecem sem transformação. Ele diz: Porque não há

neles mudança nenhuma e não temem a Deus (Sl 55:19).

Eles confessam que são salvos, porém, permanecem sem a transformação pelo poder de Deus. São profanos, ingratos, desafeiçoados, desobedientes e irreconciliáveis e também exibem outros traços de caráter que não os torna diferentes de alguém que nunca ouviu a Palavra de Deus. Provavelmente não fumam,

não bebem, não juram como os pagãos das ruas, mas, por dentro, seus motivos são iguais aos das pessoas egoístas. Paulo descreveu a condição deles como sendo pessoas que aprendem sempre, mas jamais chegam a aplicar o conhecimento da verdade. Eles seriam enganados (2 Tm 3:1-7,13).

No deserto, os filhos de Israel sofreram dessa miopia de

coração encoberto por um véu. O véu foi chamado de engano. Ouviram a Palavra de Deus e viram o seu grande poder, entretanto, permaneceram exatamente os mesmos. A falta do

santo temor escureceu os seus olhos espirituais.

Sem o verdadeiro arrependimento, o véu se tornou cada vez mais espesso até ao ponto da cegueira. Seus corações ficaram cegos para o tipo de pessoas que haviam se tornado. Enquanto eles celebravam a libertação do Egito (o mundo), perderam contato com os propósitos de Deus e se afastaram, embora encurvados, quando a presença gloriosa de Deus foi revelada. O mesmo pode

acontecer conosco se não prestarmos atenção às advertências de Deus.

Paulo nos diz o que vai acontecer quando nós nos

submetermos ao senhorio de Jesus, temendo a sua presença e tremendo da sua Palavra.

Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é retirado [...] E todos nós com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito (2Co 3:16, 18).

Como Tiago, Paulo usou a analogia de olhar num espelho. Porém, não é uma imagem natural que contemplamos, mas a

própria glória de Deus, que é revelada na face de Jesus Cristo (2Co 4:6). Esta imagem é revelada em nossos corações quando não somente ouvimos a Palavra de Deus, mas também somos obedientes em praticá-la. Tiago confirma isto:

Mas aquele que considera atentamente na lei perfeita, lei da

liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante (que obedece), esse será bem-aventurado no que realizar (Tg 1:25). (Parênteses acrescido pelo autor).

A lei perfeita da liberdade é Jesus. Ele é a Palavra viva e revelada de Deus. João nos diz: Pois há três que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um (1 Jo 5:7).

Quando nós buscamos a Jesus diligentemente, permanecemos atentos à sua Palavra sob a liderança do Espírito Santo e obedecemos ao que é revelado, nossos olhos permanecem abertos e sem o véu. Então, nós podemos perceber a glória de Deus!

Lembre-se de que o desejo de Deus é que nós possamos con-

templar a sua glória! Ele lamentou quando Israel não pôde permanecer na sua presença gloriosa, devido à falta de temor piedoso. Apenas aqueles que tiverem seus corações desvendados podem contempla-lo!

Quando contemplamos a glória de Deus no espelho da sua

Palavra revelada, somos transformados à sua imagem pelo Espírito de Deus! Glória a Deus! Agora você pode entender a advertência do escritor de Hebreus:

Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais

firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos

desviemos (Hb 2:1). Há um chamado para todo crente - ser conformado à

gloriosa imagem de Jesus Cristo (Fp 3:14 e Rm 8:29). Mas se nós não formos diligentes em obedecer a Palavra de Deus, vamos inconscientemente nos desviar do curso que estabeleceu diante de

nós. Você já imaginou tentar dirigir com os olhos vendados? Você poderia até dar partida, mas, num instante, seu carro se desviaria do caminho! Você não pode ver para onde está indo, se tiver os olhos vendados. A obediência a Deus mantém seus olhos bem abertos!

A LUZ QUE GUIA TODO O NOSSO SER

Somos transformados naquilo que contemplamos. Se há um

véu sobre os nossos olhos espirituais, então nossa imagem do Senhor é distorcida. Em nossas mentes, a imagem dele toma a forma de homem corruptível, em vez do Deus incorruptível que Ele realmente é. Então nós vemos os caminhos de Deus através da luz

escura da cultura em que nós vivemos. É por isto que Israel experimentou milagres e manifestações poderosas, todavia, rapidamente passavam a se comportar como as nações que não conheciam ao Senhor. Jesus disse:

Seus olhos são a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem

bons, todo o teu corpo será luminoso. Se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão! (Mt 6:22, 23)

A lâmpada que dá direção ao nosso corpo (nosso ser) são os

olhos. Esta imagem da lâmpada fala não apenas da visão física, mas também dos olhos do coração (Ef 1:18). Nosso ser inteiro segue a percepção e a direção dos olhos. Se nossos olhos contemplam a Palavra viva de Deus (Hb 6:5), todo o nosso ser se enche da luz da natureza de Deus (1 Jo 1:5). Somos

continuamente transformados na luz desta verdade; estamos

seguros e não nos desviaremos do curso. Jesus continuou a dizer que aquele cujos olhos atentam

para o mal teria seu ser inteiro inundado pela natureza das trevas.

Isto descreve o coração escuro de um incrédulo.

Mas vamos olhar de perto sua última declaração: Portanto, caso a luz (que é sua percepção de Jesus) que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão! (Mt 6:23) Essa declaração não é feita para os incrédulos, mas para as pessoas que conhecem a Palavra de Deus. A luz está em nós. Jesus está dizendo que se a

nossa percepção está escura ou encoberta devido a falta de santo temor, estas trevas serão realmente maiores do que as trevas que envolvem aqueles que nunca viram ou ouviram a verdade. (Jd 12,13eLc 12:47,48), (Parênteses acrescentado pelo autor).

Recorde as palavras de Deus a respeito daqueles que afirmavam conhecê-lo mas não tinham temor para com Ele. De

que te serve repetires os meus preceitos e teres nos lábios a minha aliança, uma vez que aborreces a disciplina, e rejeitas as minhas palavras? (Sl 50:16, 17) Estes são os que confessam a sua crença na Palavra de Deus e até mesmo pregam sobre ela, mas a luz que está neles são grandes trevas. Com os olhos encobertos, vêem

Deus como vêem a si mesmos, em vez de vê-lo como realmente é. Deus diz: Tens feito estas cousas e eu me calei; pensavas que eu era teu igual (Sl 50:21).

DESENVOLVAM A SUA SALVAÇÃO

Pedro nos encoraja a ver que Deus nos tem dado ... as suas preciosas e mui grandes promessas para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo (2Pe 1:2-4). "Co-participantes da

natureza divina!" Que promessa! Ele explica que o cumprimento dessa promessa seria

condicional e progressivo, pois ele diz: Temos assim tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração (2Pe 1:19). A condição:

atender às mui grandes e preciosas promessas. A progressão: à medida que nós trememos e obedecemos, então a luz da glória de Deus vai brilhar. Ela começa como a força do amanhecer e continua de glória em glória até brilhar por completo, como o sol. Provérbios 4:18 nos diz: Mas a vereda do justo é como a luz da

aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. No dia perfeito nós brilharemos como o sol, para sempre (Mt 13:43). Nós não vamos refletir a glória de Deus -nós vamos emiti-la! Aleluia!

Quando contemplamos a glória do Senhor no espelho da sua

Palavra revelada, nós estamos "sendo transformados (mudados)

na mesma imagem do Senhor, de glória em glória". Isto descreve o processo que a Bíblia chama de "desenvolver" a nossa salvação. Paulo dá instruções específicas sobre isto aos Filipenses.

Enquanto você lê suas instruções, pondere sobre o fato de que se

estas mesmas instruções tivessem sido atendidas por Israel, teriam sido poupados do destino indesejável de perecer no deserto.

Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só

na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é

quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade (Fp 2:12, 13).

Eu sei que esta carta é de Paulo para os Filipenses, mas ela representa uma carta do Senhor para nós. Toda a Escritura é dada pela inspiração do Espírito Santo, e não há interpretação

particular. Devemos ler este versículo como se Deus estivesse falando pessoalmente conosco. Antes de continuar, leia Filipenses 2:12-13 novamente, sob esta visão.

Estes versículos ilustram como o temor de Deus nos dá forças para obedecê-lo, não apenas na sua presença, mas também na Sua ausência. As Escrituras descrevem dois aspectos

diferentes da presença de Deus. Primeiro, há onipresença. Em termos simples, Deus está em todos os lugares. Davi descreveu

isso desta maneira: Para onde me ausentarei do teu Espírito ? Para onde fugirei da tua face ? Se subo ao céu lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo (inferno), lá estás também (SI

139:7-8). (Parênteses acrescido pelo autor). Esta é a presença que Ele promete: nunca nos deixará ou j amais nos abandonará (Hb 13:5).

Segundo, há a presença tangível de Deus, ou manifesta, isto é, quando a presença dele se torna real para nós neste mundo

natural. Nós geralmente sentimos seu amor durante os cultos,

sentimos seu calor quando o adoramos e sentimos seu poder quando oramos. E fácil obedecer a Deus nos momentos em que nossas orações acabaram de ser respondidas, suas promessas se cumpriram e a alegria é abundante. Mas uma pessoa que teme a Deus é aquela que vai obedecer até mesmo em tempos difíceis,

quando não há a presença tangível de Deus para encorajá-la.

O RESOLUTO TEMOR DE DEUS Vamos considerar José, o bisneto de Abraão. Em sonho,

Deus mostrou a José que ele seria um grande líder, governando

até mesmo sobre seus irmãos! Mas o que aconteceu logo depois

que ele recebeu essa promessa? Um dia, os irmãos, sobre quem José estava destinado a governar, ficaram com inveja dele e o lançaram numa cova. Muitos hoje poderiam se perguntar,

chocados: "Como Deus pôde permitir isso? Esse sonho era uma

grande gozação?" Depois do choque inicial, ficariam ofendidos com Deus. A ofensa deles é outra manifestação da falta de santo temor! Contudo, não encontramos nenhum registro de murmuração de José.

Os mesmos irmãos de José o venderam como um escravo para uma nação estrangeira. Ele serviu na casa de Potifar, um

adorador de ídolos, por mais de dez anos. Dez anos - pense nisto! A cada dia o sonho que recebera de Deus deve ter parecido mais distante e fútil. A maioria de nós teria ido além de questionar a

Deus, e depois de dez anos, nós já teríamos desistido! Mesmo assim, não encontramos evidência de murmuração em José. Ele não abandonou a sua esperança, não esqueceu seu sonho nem se

rendeu ao desânimo. Ele temia a Deus. Por outro lado, os filhos de Israel se entregavam à

reclamação e à murmuração. A paciência de José suportou dez anos de escravidão, enquanto a paciência dos israelitas acabou depois de alguns meses. Hoje, muitos reclamam quando nossas orações não são respondidas dentro de algumas semanas. Como

somos diferentes de José, você não acha? José estava isolado e sozinho em uma terra pagã, longe de

tudo que conhecia e amava. Ele não tinha comunhão com crentes. Não havia nenhum irmão em quem pudesse confiar. Nesse estado de solidão, a esposa do seu senhor tentou seduzi-lo. Vestida com roupas de seda e perfumada com os melhores óleos do Egito, a

esposa de Potifar diariamente insistia com José para que se deitasse com ela.

Eu gosto muito da maneira como José demonstrou seu temor a Deus. Embora tivesse experimentado o sofrimento e a decepção, não se rendeu à esposa de Potifar. Se tivesse perdido seu piedoso temor e estivesse ofendido com Deus, não teria força

para resistir à tentação. Rejeitou a esposa de Potifar: Como, pois, cometeria eu tamanha maldade, e pecaria contra Deus? (Gn 39:9)

A obediência de José a Deus o lançou no calabouço do Faraó. A essa altura, quantos ainda escolheriam confiar em Deus e obedecê-lo? Muitos cairiam vítimas nas garras mortais da

amargura (Hb 12:15). José permaneceu na prisão por mais de dois anos. Contudo, nós ainda não encontramos nenhuma evidência de murmuração ou amargura. Até mesmo na escuridão da prisão e no confinamento das cadeias, José continuou temendo a Deus! Nenhum desapontamento desviou o seu coração de Deus.

O que é mais poderoso, é que em todo o seu sofrimento, José

ainda ministrou aos seus companheiros de prisão. Durante a sua aflição, ele os confortou, interpretando seus sonhos e falando-lhes sobre Jeová.

A MURMURAÇÃO IMPEDE A TRANSFORMAÇÃO

Os descendentes de José eram muito diferentes. Obedeciam quando seus desejos eram satisfeitos e quando Deus manifestava seu grande poder a favor deles. Sempre que se sentiam desencorajados ou abandonados, rapidamente se deixavam levar

pela desobediência. O primeiro sintoma de afastamento sempre aparece em forma de murmuração.

Aqueles que se ofendem com Deus não estão sendo apenas

tolos, como também estão se opondo diretamente a Ele. Pelo contrário, estão resistindo à sua Palavra ou à sua liderança. Os filhos de Israel se queixaram dos seus líderes, mas Moisés

respondeu-lhes: As vossas murmurações não são contra nós, e sim contra o Senhor (Êx l6:8).

A murmuração é uma assassina. Ela produzirá um curto circuito na vida de Deus em você, mais rápido do que qualquer outra coisa! A murmuração, indiretamente, diz ao Senhor: "Eu

não gosto do que Tu estás fazendo em minha vida e se eu fosse o Senhor, faria de maneira diferente". A murmuração não é nada mais do que uma manifestação de insubordinação contra a

autoridade de Deus. Ela é extremamente irreverente! Deus odeia a murmuração! José temia a Deus e ele nunca murmurou. É por isto que o Senhor nos admoesta:

...Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque é

Deus quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Fazei tudo sem murmurações nem contendas (Fp 2:12-14).

Deus nos adverte severamente a não permitirmos que a

reclamação lance raízes nos nossos corações. Nós não ficamos desamparados por seu intenso ataque. O temor do Senhor é a força dentro de nós que impede a presença deste sentimento em nosso coração. Provérbios confirma isto:

O temor do Senhor é fonte de vida para evitar os laços de morte (Pv 14:27).

José viveu em um deserto espiritual por mais de doze anos.

Parece que nada estava indo bem. Não havia nada para fortalecê-

lo ou encorajá-lo. Mas havia uma fonte no profundo do íntimo de José - fonte de onde provinha a força de que ele necessitava para obedecer a Deus em tempos difíceis e áridos. Esta fonte era o temor de Deus!

Ele pôde evitar as armadilhas do ódio, da ofensa, do ciúme,

do ressentimento, do desgosto e do adultério por meio das águas vivas daquela fonte. Enquanto outros teriam caído nas armadilhas de morte, José pôde se voltar e ministrar a outros - até mesmo nas horas mais sombrias.

José era sábio em seu comportamento porque ele temia a Deus. O temor do Senhor é a instrução da sabedoria (Pv 15:33).

Aqueles que temem a Deus são sábios. Daniel nos mostra: Os que forem sábios, pois, resplandecerão, como o fulgor do

firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça, como as estrelas, sempre e eternamente (Dn 12:3).

José passou no último teste do coração dando de si mesmo e

declarando a fidelidade de Deus na hora mais sombria. Não passou muito tempo para que a sabedoria de José o levasse a brilhar esplendidamente no Egito. A sua virtude não podia ser escondida, mas foi revelada a toda uma nação pagã.

E interessante observar o comportamento de José, enquanto estava preso e sua reação aos companheiros, que o conduziu à sua promoção. Em Gênesis 40, nós lemos que o copeiro-chefe e o

padeiro-chefe do Faraó estavam entre os prisioneiros. Ambos tiveram sonhos que foram interpretados por José. Para o copeiro, José anunciou o significado do sonho:

Então, lhe disse José: Esta é a sua interpretação: os três

ramos são três dias; dentro de ainda três dias o Faraó te reabilitará e te reintegrará no Teu cargo, e tu lhe darás o copo na própria mão dele, segundo o costume antigo, quando lhe eras copeiro (Gn 40:12,

13).

Mas, para o padeiro a interpretação não era tão boa. Então, lhe disse José: A interpretação é esta: os três cestos

são três dias; dentro de ainda três dias, Faraó te tirará fora a cabeça e te pendurará num madeiro, e as aves te comerão as carnes (Gênesis 40:18,19).

Se houvesse qualquer vestígio de murmuração no coração de José ele não teria ministrado ao copeiro ou ao padeiro. Se ele não tivesse ministrado a eles, poderia ter permanecido na prisão até sua morte.

Em seus momentos finais, José ainda estaria murmurando a

respeito do que parecia ser infidelidade de Deus quando, na realidade, a promessa de Deus teria sido abortada pela sua falta de temor piedoso. Mas Deus foi fiel para libertar José das cadeias da prisão. No tempo certo, foi convocado pelo Faraó para

interpretar um sonho, pela recomendação de ninguém mais senão

o copeiro-chefe. E uma nação inteira foi livre da fome porque um homem, José, temia ao Senhor.

Na segunda metade do século vinte, a igreja tem demonstrado falta do temor a Deus. Portanto, nós somos vistos como um opróbrio, ao invés de estrelas brilhantes, diante da nossa nação necessitada. Os nossos pecados são frequentemente

difundidos pela mídia, perdemos o respeito que os crentes deveriam receber. Não temos demonstrado as qualidades de fidelidade e temor a Deus encontradas em José. Que Deus nos

ajude com a sua graça! RESPLANDECENDO A SUA GLÓRIA

Jó foi outro homem que sofreu grandemente. Ele também foi penosamente provado. Tentou compreender tudo que estava sofrendo, mas caiu em desespero. Seus amigos vieram lhe dar conselhos, mas suas palavras não ajudaram em nada e somente acrescentaram confusão a Jó. Ele procurou pela sabedoria, mas ela se esquivou dele. Deus ficou calado enquanto Jó e seus amigos

compartilhavam suas tentativas fúteis para compreender os caminhos de Deus, que esperou até que todas as opiniões deles

exaurissem. Ele enviou um sábio pregador chamado Eliú. Mas, depois disso:

Depois disto, o Senhor, do meio de um redemoinho, respondeu

a Jó: Quem é este que escurece os meus desígnios com palavras sem conhecimento? Cinge, pois, os teus lombos como homem, pois eu te perguntarei, e tu me farás saber. Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra? Dize-mo, se tens entendimento (Jó 38:1-4).

Deus continuou a falar até que Jó foi subjugado pela tremenda sabedoria, compreensão e força de Deus. Jó foi dominado pelo santo temor e clamou:

Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser

frustrado. Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento

encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia; cousas maravilhosas demais para mim, cousas que eu não conhecia. Escuta-me, pois, havia dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso me abomino, e me arrependo no pó e na cinza (Jó 42:2-6)

Jó temeu a Deus. Viu Deus e foi transformado. A sua dor

física e a sua perda não haviam diminuído, mas adquiriu um

sentido maior do santo temor. Esse temor trouxe a sabedoria de que Jó necessitava. Assim como José havia ministrado em meio a sua dor e sofrimento, Jó se voltou para os outros e ministrou.

Mudou o Senhor a sorte de Jó, quando este orava pelos seus

amigos; e deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra [...] Então

morreu Jó, velho e farto de dias (Jó 42:10-17). Jó brilhou com sabedoria e força maior do que tivera antes.

Muitas pessoas hoje continuam a receber revelação através da dor e da sabedoria. Nós podemos ver por que Deus nos adverte fortemente:

Fazei tudo sem murmurações nem contendas. (Fp 2:14) O que nos dá a capacidade de caminharmos livres destas

atitudes negativas? O temor de Deus. Quando nós tememos a

Deus, nossos corações são descobertos. Quando contemplamos a glória de Deus, somos transformados pela imagem que contemplamos.

Para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus

inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual

resplandeceis como luzeiros no mundo; preservando a palavra da vida... (Fp 2:15, 16)

A Bíblia Ampliada diz assim: (Nota do Tradutor: referência

extraída da tradução revista e atualizada)

Para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo (estrelas ou farol que brilham intensamente) (Fp 2:15, 16) (Parênteses acrescido pelo autor).

Glória a Deus eternamente! Nós, que tememos a Deus, somos continuamente conformados à sua imagem, até resplandecermos como luzeiros brilhantes em um mundo escuro. Isto descreve a tremenda glória que sua igreja fiel vai emitir nestes últimos dias.

No capítulo anterior, discutimos sobre como esta

transformação vai aumentar, até que a glória de Deus se

manifeste em nós tão fortemente que os pecadores serão atraídos a Cristo pela nossa luz. Revendo o que Isaías disse, nós encontramos:

Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do

Senhor nasce sobre ti. Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos; mas sobre ti aparece resplendente o Senhor, e a sua glória se vê sobre ti. As nações se encaminham para a tua luz, e os reis, para o resplendor que te nasceu (Is 60:1-3).

Deus manifestará a sua glória nesta Terra. Eleja disse como fará isto: ...E eu tornarei mais gloriosa a casa da minha glória (Is 60:7). A casa da sua glória é o seu povo, o seu templo, aqueles dentre nós que o temem e o amam. Zacarias previu a glória do

Senhor manifestando-se sobre o seu povo e disse:

Assim diz o Senhor dos Exércitos: Naquele dia sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla da veste de um judeu (um crente), e lhe dirão: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco (Zc 8:23). (Parênteses acrescido pelo autor).

Zacarias não usou a terminologia que usamos hoje. Assim,

não podia dizer que os homens segurariam no braço de cada cristão. Viu os nossos dias e os descreveu em seus próprios

termos. O que é muito empolgante é que estamos nos aproximando rapidamente desses dias! Aleluia!

Temer a Deus é Crer em Deus. Crer em

Deus é obedecê-lo.

CAPÍTULO 12

AMIZADE COM DEUS

A intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança (Sl 25:14).

Agora, vamos discutir o que eu acredito ser o aspecto mais

emocionante de andar no temor de Deus. Este é o desejo do coração de todo verdadeiro crente. É a única coisa que sempre trará satisfação duradoura. É o motivo da criação de Deus e o seu propósito na redenção, o próprio centro do coração de Deus e um

tesouro reservado para aqueles que o temem. Como introdução, vamos retomar a sabedoria de Salomão:

O temor do Senhor é o princípio do saber (Pv 1:7).

Saber o quê? Salomão está se referindo ao saber científico?

Não; muitos cientistas exaltam o homem e não têm temor de Deus. Este versículo se refere às realizações sociais ou políticas? Não; porque os caminhos do mundo são loucura para Deus. É o conhecimento das Escrituras? Não, porque embora os fariseus fossem peritos na lei, estavam desagradando a Deus. Nossa

resposta é encontrada em Provérbios 2:5: Então entenderás o temor do Senhor, e acharás o conhecimento de Deus. Deixe-me repetir isto para você em termos mais simples: você vai conhecer a Deus intimamente. O salmista confirma isto dizendo:

A intimidade do Senhor é para os que o temem (Sl 25:14). O temor do Senhor é o princípio, ou o ponto de partida, de

um relacionamento íntimo com Deus. A intimidade é um relacionamento de mão dupla. Por exemplo, eu sei sobre o

presidente dos Estados Unidos. Eu posso listar várias informações sobre as realizações dele e sua postura política, mas não o conheço realmente. Não tenho um relacionamento pessoal com ele. Aqueles que são parentes chegados do presidente e os seus amigos íntimos o conhecem. Se nós estivéssemos na mesma sala,

reconheceria rapidamente o presidente, mas ele não me conheceria. Embora seja um cidadão americano e conheça o

presidente, não poderia falar com ele como se ele fosse meu amigo. Isto seria inapropriado e até mesmo desrespeitoso. Ainda

estaria sob sua jurisdição e autoridade como presidente e sob a

sua proteção como comandante-em-chefe, mas a autoridade dele sobre mim não me concederia automaticamente uma relação de intimidade com ele.

Outro exemplo: um de nós sente grande atração por uma celebridade do esporte ou de Hollywood. Os nomes são comuns em todos os lares americanos. A mídia tem descoberto a vida

pessoal deles através de numerosas entrevistas de televisão, jornais e artigos de revista. Ouço os fãs falarem como se essas celebridades fossem seus amigos íntimos. Tenho visto pessoas se

envolverem emocionalmente nos problemas conjugais dos seus ídolos e tenho visto as pessoas lamentarem como se eles fossem parte da família quando morrem seus heróis de algum esporte ou

do cinema. Se esses fãs se encontrassem com seu herói célebre na rua,

não receberiam nem mesmo um aceno de cabeça em cumprimento. Se forem corajosos o suficiente para parar essa celebridade, poderiam descobrir que a verdadeira pessoa é bastante diferente da imagem que ele ou ela representam. O

relacionamento entre celebridades e seus fãs é um relacionamento de mão única.

Eu tenho lamentado este mesmo comportamento na igreja. Escuto os crentes falarem sobre Deus como se Ele fosse apenas um amigo, alguém com que costumam passar tempo. Contam casualmente como Deus lhes tem mostrado isso ou aquilo. Dizem

o quanto desejam a presença e têm fome da unção de Deus. Muitas vezes, os novos crentes ou ainda não-estáveis em seu relacionamento com o Senhor se sentem desconfortáveis e espiritualmente deficientes perto desses amigos íntimos de Deus.

Normalmente, dentro de pouco tempo você vai ouvir esses indivíduos se contradizerem. Eles dirão algo que revela claramente

que o seu relacionamento com Deus não é diferente daquele entre um fã e seu ídolo. Demonstram estar comentando um relacionamento que simplesmente não existe.

O Senhor disse que nós não podemos sequer começar a conhecê-lo intimamente, a menos que o temamos. Em outras palavras, um relacionamento íntimo e a amizade com Deus sequer

tem início se o temor de Deus não estiver firmemente plantado nos nossos corações.

Nós podemos assistir aos cultos, ir à frente em resposta a to-dos os apelos do púlpito, ler a Bíblia diariamente e frequentar

todas as reuniões de oração. Podemos pregar sermões maravilhosos e motivadores, trabalhar duro no ministério durante

anos e até mesmo receber o respeito e a admiração dos colegas. Mas se não temermos a Deus, estaremos apenas escalando os

degraus da escada religiosa. Qual é a diferença entre estes rituais

religiosos e sofrer da síndrome de celebridade? Conheço pessoas que podem falar mais sobre a vida pessoal

do seu ídolo do que falam sobre a sua própria vida. Eles estão cheios de opinião, novidades, fatos e detalhes. Tal conhecimento sobre alguém não garante intimidade com eles. Esses seguidores de celebridades são como pessoas que observam a vida dos outros

pela janela. Eles vêem o quê, onde e quando, mas eles não sabem o por quê.

AMIGO DE DEUS Deus chamou dois homens de seus amigos nas Escrituras.

Isso não quer dizer que não teve outros, mas que Deus

reconheceu especificamente esses dois e intencionalmente registrou essa amizade. Eu acredito que fez isso para nosso benefício e para que pudéssemos receber discernimento sobre o que Deus procura em um amigo.

O primeiro é Abraão. Abraão foi chamado de amigo de Deus (2Cr 20:7). Quando Abraão tinha setenta e cinco anos, Deus

estabeleceu uma aliança com ele. Dentro dos parâmetros dessa aliança, prometeu dar a Abraão o desejo do seu coração: um filho.

Antes do nascimento desse filho, Abraão cometeu vários erros, alguns muito graves.

Porém, apesar de tudo, Abraão creu, obedeceu, e tinha plena convicção de que Deus iria cumprir tudo o que havia prometido.

Quando Abraão tinha noventa e nove anos de idade, sua es-posa ficou grávida e o seu filho prometido, Isaque, nasceu! Você pode imaginar a alegria de Abraão e Sara depois de esperar tantos anos? Pode imaginar o amor que eles tinham por esse filho prometido?

APROVAÇÃO O tempo passou e o relacionamento entre pai e filho os

tornou muito íntimos. A vida desse menino significava mais para Abraão do que a sua própria vida. Sua grande riqueza não era nada em comparação à alegria desse filho. Nada significava mais para Abraão do que o filho precioso dado por Deus.

Depois dessas coisas, pôs Deus Abraão à prova e lhe disse:

Abraão! Este lhe respondeu: Eis-me aqui! Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei (Gn 22:1, 2).

Você pode imaginar o choque de Abraão ao ouvir estas

palavras? Ele nunca havia imaginado que Deus lhe pediria uma

coisa tão difícil. Ficou atordoado. Pai e filho eram tão íntimos! Depois de todos aqueles anos de espera por aquele jovem inestimável, Deus havia pedido mais do que a própria vida de Abraão. Deus pediu o seu coração. Não fazia sentido.

Mas Abraão sabia que Deus não comete erros. Não havia como negar o que Deus já havia falado claramente. Havia apenas

duas opções para um homem da aliança: obedecer ou quebrar a aliança. Quebrar a aliança com Deus nem mesmo foi considerado por esse homem de fé, tão imerso ele estava em seu temor

piedoso. Sabemos que isso foi uma prova, mas Abraão não sabia. Nós

nunca sabemos que Deus está nos testando até que estejamos do

outro lado. É possível errar em um teste na universidade, mas ninguém pode errar nos exames que Deus aplica. Se nós não estudarmos nem fizermos a lição de casa purificando os nossos corações e limpando as nossas mãos, não poderemos passar nos testes de Deus, não importa quão inteligente sejamos!

Se os descendentes de Abraão tivessem conhecido o resulta-

do do que Deus estava fazendo no deserto ao pé do Monte Sinai, eles teriam reagido de forma diferente. Abraão tinha algo diferente

no seu coração, algo que os seus descendentes não tinham. Certa vez, Deus me pediu que abandonasse algo que eu pen-

sava que Ele me havia dado. Isso significava mais para mim do que qualquer outra coisa. Eu o havia desejado durante anos. Era

um convite para trabalhar com um evangelista muito famoso, uma pessoa a quem eu amava afetuosamente.

Ele e sua esposa ofereceram cargos de assistentes para mim e minha esposa na sua equipe. Eu não apenas amava esse homem, mas também via isso como uma oportunidade de Deus realizar um sonho profundamente implantado no meu coração: eu

poderia pregar o evangelho para as nações do mundo. Esperava plenamente que Deus dissesse sim a esta oferta

maravilhosa, mas Ele deixou claro que eu devia recusar o convite. Passei dias lamentando por ter perdido esta oportunidade. Eu sabia que havia obedecido a Deus, porém, eu não entendia porque Ele me havia pedido para fazer uma coisa tão difícil. Depois de

semanas de confusão, finalmente clamei: "Deus, por que Tu me fizeste colocar isto no altar?"

Ele respondeu depressa ao meu clamor: "Para ver se você estava servindo a mim ou ao seu sonho".

Somente, então, entendi que eu havia sido provado. No meio de toda esta situação, não havia percebido o que Ele estava

fazendo. As únicas coisas que me impediram de seguir o meu próprio caminho foram o meu amor e o temor a Deus.

O TEMOR DE ABRAÃO A DEUS FOI CONFIRMADO Eu gosto muito da maneira como Abraão reagiu à ordem

mais difícil de Deus: Levantou-se, pois, Abraão de madrugada (Gn 22:3). Ele não falou sobre isso com Sara. Não houve nenhuma hesitação. Havia decidido obedecer a Deus. Havia apenas duas

coisas que significavam mais para Abraão do que o seu Isaque prometido: o seu amor e o seu temor a Deus. Ele amava e temia a Deus, acima de tudo.

Deus disse a Abraão que fizesse uma jornada de três dias.

Isso lhe deu tempo para ponderar sobre a ordem que recebera. Se houvesse qualquer hesitação no seu coração, esse período de tempo teria demonstrado isto. Quando chegaram ao lugar de

adoração designado, Abraão construiu um altar, amarrou o seu filho, deitou-o sobre o altar e pegou o seu cutelo. Daí ele levantou o cutelo sobre a garganta de Isaque.

Nesse momento, Deus falou através de um anjo, detendo-o no meio do seu ato de obediência: Não estendas a mão sobre o

rapaz, e nada lhe faças; pois agora sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único filho (Gn 22:12).

Abraão provou seu temor ao considerar os desejos de Deus

como mais importantes do que os seus próprios desejos. Deus sabia que se Abraão passasse nessa prova, passaria em todas.

Tendo Abraão erguido os olhos, viu atrás de si um carneiro

preso pelos chifres entre os arbustos; tomou Abraão o carneiro e o ofereceu em holocausto em lugar de seu filho. E pôs Abraão por nome àquele lugar - o Senhor proverá... (Gn 22:13,14).

Ao final dessa prova, Deus revelou um novo aspecto da sua própria pessoa a Abraão. Ele se revelou como o Jeová-Jireh. Essa

revelação do caráter de Deus significa "Jeová Provê". Ninguém, desde Adão, o havia conhecido dessa maneira. Deus revelou seu coração a esse homem humilde que se havia tornado seu amigo. O Senhor estava revelando a Abraão as coisas que para os outros

homens ainda eram "segredos" do seu coração e caráter. Mas é importante compreender que Deus não se revelou

como "Jeová Provê" senão depois que Abraão havia passado na prova do santo temor. Muitos clamam a Deus querendo conhecer seu caráter e os diversos atributos da natureza de Deus, entretanto, eles nunca O obedeceram nas situações difíceis. Eles

podem cantar: "Jeová-Jireh, meu provedor, sua graça é suficiente para mim...", mas é apenas uma canção até que Ele seja revelado através da obediência como tal. A menos que nós passemos na prova de obediência a Deus, tais declarações procedem da nossa

cabeça, e não do nosso coração. É quando nos aventuramos no

deserto terrível e árido da obediência que Deus se revela como Jeová-Jireh e amigo (Is 35:1,2).

Não foi por obras que o nosso pai, Abraão, foi justificado,

quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque? Vês que a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras

que a fé se consumou, e se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus (Tg 2:21-23).

Observe que Abraão foi justificado por suas obras, que

correspondiam a sua fé. A prova do seu santo temor e fé foi sua

obediência. Temer a Deus é crer em Deus. Crer em Deus é obedecê-lo. Tiago afirma que a obediência de Abraão, alimentada por seu santo temor a Deus, resultou em amizade com Deus. Deus deixa isto bem claro:

A intimidade o Senhor é para os que o temem, aos quais ele

dará a conhecer a sua aliança (Sl 25:14).

Isto não poderia ser mais claro! Leia novamente este versículo do Salmo 25 e guarde-o em seu coração. Por que há tanta pregação superficial nos nossos púlpitos? Por que os

cristãos não têm a profundidade dos nossos antepassados? Isto é resultado de uma doença crescente na igreja. É um vírus chamado "ausência de temor do Senhor!"

Deus disse que Ele revela os seus segredos àqueles que o te-mem. Com quem você compartilha os segredos do seu coração? Com os conhecidos ou com os seus amigos íntimos? Com os

amigos íntimos, é claro. Os segredos não estariam seguros com

meros conhecidos. Bem, Deus faz a mesma coisa. Ele só compartilha o seu coração com aqueles que o temem.

O HOMEM QUE CONHECIA OS CAMINHOS DE DEUS Moisés foi outro homem a quem Deus chamou de amigo. Ele

era um homem que conhecia os caminhos de Deus. Em Êxodo 33:11 Deus diz: Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo.

O rosto de Moisés foi desvendado porque temia a Deus. Portanto, foi capaz de falar com Deus intimamente. O resultado

foi:

Manifestou os seus caminhos a Moisés e os seus feitos aos filhos de Israel (Sl 103:7).

Israel não temia a Deus, por isso lhe foi negada a intimidade

com Ele. Os caminhos e os segredos da sua aliança não foram revelados aos israelitas. Eles conheciam a Deus de um modo bem semelhante ao que conheço o presidente dos Estados Unidos. Eu conheço o presidente através das suas realizações, providências e atos. Os israelitas não eram conhecedores do porquê da aliança de Deus. Eles não entendiam os motivos de Deus, as suas intenções

e os desejos do seu coração. Israel percebeu apenas o caráter de Deus como foi exibido ao

mundo natural. Muitas vezes, confundiam os métodos de Deus de

"tirar" ou "reter" quando não conseguiam exatamente o que queriam. É impossível conhecer a Deus observando apenas o que Ele faz no mundo natural. É como conhecer uma celebridade

apenas através das notícias da mídia. Deus é Espírito, seus caminhos estão ocultos da sabedoria deste mundo (Jo 4:24; I Co 2:6-8). Deus se revela apenas àqueles que o temem. Os filhos de Israel não entenderam a sabedoria ou o conhecimento por trás de tudo o que Deus estava fazendo. Portanto, estavam constantemente fora do passo de Deus.

O TEMOR DO SENHOR É CONHECER OS CAMINHOS

DE DEUS Moisés, muito frequentemente, sabia porque Deus fazia as

coisas como Ele fazia. A Bíblia descreve esse discernimento como entendimento. De fato, Moisés sempre sabia o que Deus estava

para fazer antes que Ele o fizesse, porque Deus o revelava com antecedência. A Bíblia chama isto de sabedoria. O salmista nos fala:

O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; revelam

prudência todos os que a praticam (Sl 111:10).

Temer a Deus é obedecê-lo, mesmo quando isto parecer não

lhe trazer nenhuma vantagem. Quando nós o tememos, Ele nos chama de amigos e revela o motivo, as intenções e os desejos do seu coração. Nós passamos a conhecê-lo não pelos seus atos, mas pelos seus caminhos. Leia atentamente as palavras de Jesus para

os seus discípulos durante a última ceia, depois que Judas se retirou:

Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando. Já não

vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu

Pai vos tenho dado a conhecer. (Jo 15:14,15)

Tenho ouvido este trecho ser citado como uma promessa de

amizade com o Senhor. Porém, há uma condição bem definida estabelecida para este tipo de amizade. A condição é: ...se fazeis o que eu vos mando (Jo 15:14).

Nas palavras do salmista, esse tipo de amizade com Deus é reservada para aqueles que o temem, para os que obedecem a sua

Palavra incondicionalmente. O Senhor disse: Já não vos chamo servos. Seus discípulos

haviam demonstrado a sua fidelidade como servos durante três anos e meio. Eles permaneceram com Jesus quando outros

discípulos o haviam abandonado (Jo 6:66). Houve uma época em

que Jesus os tratou apenas como servos. Foi um período de prova, como aconteceu com Abraão e Moisés. Um novo exame havia começado e agora as palavras de Jesus eram proféticas. O exame iria confirmar a firme obediência dos discípulos na sala da ceia. A ordem divina seria estabelecida. A sala da ceia iria revelar o conteúdo de cada coração humano.

Jesus disse: Porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer (meus amigos, os que temem a Deus). Os amigos de Deus vão receber o dom do discernimento,

porque Deus compartilha os seus planos com os amigos.

(Parênteses acrescido pelo autor). DEUS COMPARTILHA SEUS PLANOS COM SEUS AMIGOS Deus compartilha os motivos e intenções do seu coração

com os seus amigos. Ele discute os seus planos e até confia nos seus amigos.

Disse o Senhor: Ocultarei a Abraão o que eu estou para fazer?

(Gn 18:17)

O Senhor falou isto para os anjos, seus servos, que estavam

com Ele na presença de Abraão. Deus então se voltou para

Abraão: Disse mais o Senhor: Com efeito, o clamor de Sodoma e

Gomorra tem-se multiplicado, e o seu pecado se tem agravado muito. Descerei e verei se de fato, o que têm praticado corresponde a esse clamor que é vindo até mim; e, se assim não é, sabê-lo-ei (Gn

18:20,21).

Então, o Senhor revelou a Abraão o julgamento iminente que

pairava sobre as cidades de Sodoma e Gomorra. Abraão intercedeu e clamou pelas vidas dos justos.

E, aproximando-se a ele, disse: Destruirás o justo com o ímpio? Se houver, porventura, cinquenta justos na cidade, destruirás ainda assim e não pouparás o lugar por amor dos cinquenta justos que nela se encontram? Longe de ti o fazeres tal cousa, matares o justo com o ímpio, como se o justo fosse igual ao ímpio; longe de ti. Não fará justiça o Juiz de toda a terra? Então,

disse o Senhor: Se eu achar em Sodoma cinquenta justos dentro da cidade, pouparei a cidade toda por amor deles (Gn 18:23-26).

Abraão havia pedido que as vidas dos outros fossem poupadas da mão do julgamento de Deus. Apenas um amigo conversa desse modo com um rei ou juiz que tem o poder de

executar o julgamento. Vindo de um servo ou súdito, tal petição seria desrespeitosa, mas na verdade, Abraão entrou em um processo de negociação com Deus. Abraão continuou falando com Deus de cinquenta até dez, e Deus começou a procurar as dez pessoas justas em Sodoma e Gomorra. O relatório sobre a maldade do povo mostrou-se claramente verdadeiro, porque nem

mesmo dez pessoas justas foram encontradas em nenhuma daquelas cidade. O Senhor encontrou apenas Ló, o sobrinho de

Abraão, e a família dele. Deus apresentou ao seu amigo Abraão o que Ele planejava

fazer. Ele confiou em Abraão porque Abraão temia a Deus. O temor de Abraão o havia elevado ao nível da confiança de Deus.

CONTAMINADO PELO MUNDO Ló pode ter sido considerado justo, mas também era munda-

no. Ele não tinha mais discernimento do julgamento iminente do que os moradores daquelas cidades, que eram ímpios. Embora fosse justo, Ló foi apanhado de surpresa, ignorando o que estava

para acontecer. Ló representa os cristãos carnais e mundanos, que não têm o ardente e santo temor de Deus. O relacionamento deles com o Senhor também não é muito diferente daquele entre fãs fanáticos e celebridades.

Isso pode ser visto pelo lugar onde Ló escolheu para morar (entre os habitantes de Sodoma e Gomorra), o tipo de esposa que

escolheu e os filhos que veio a gerar através de incesto, os moabitas e os amonitas. Ló escolheu o que lhe pareceu melhor inicialmente, mas no fim, a sua escolha se demonstrou insensata.

Abraão, pelo contrário, escolheu uma vida separada. Ele

buscava uma cidade cujo construtor e edificador era o próprio Deus. Ló escolheu a companhia dos descrentes, ao invés de uma

vida separada. Os caminhos dos ímpios reduziram aos poucos a sua justiça. Eventualmente, essa convivência com os ímpios

produziu fruto na vida de Ló e nas vidas dos seus descendentes.

Os padrões de Ló não eram ditados por Deus; eram ditados pela sociedade ao seu redor. Ló vivia afligido pelo procedimento libertino daqueles insubordinados (porque este justo, pelo que via e ouvia quando habitava entre eles, atormentava sua alma justa, cada dia, por causa das obras iníquas daqueles) (2Pe 2:7, 8).

O dia do julgamento teria vindo sobre Ló como um ladrão à noite, não fosse a misericórdia de Deus e sua amizade com Abraão. Deus enviou seus anjos mensageiros, da mesma maneira que Ele vai enviar seus profetas mensageiros para advertir os

crentes carnais das igrejas que continuam inconscientes do julgamento iminente.

Na urgência e fúria do julgamento iminente, a esposa de Ló escolheu olhar para trás. Ela havia sido advertida para não olhar para trás quando o Senhor enviasse a destruição sobre as cidades que estavam cheias de maldade. Mas a esposa de Ló havia sido tão influencia da pelo mundo que, o seu impulso foi mais forte do que o temor do Senhor. É por isso que Jesus adverte os crentes do

Novo Testamento para que se lembrem da esposa de Ló (Lc 17:32). Abraão temia a Deus. Ele era amigo de Deus. Ló tinha tudo,

menos uma pequena medida de temor. Ele teve temor do Senhor

apenas o suficiente para fugir do julgamento imediato, mas o julgamento atingiu aqueles que o seguiam.

Mais tarde, Ló demonstrou não conhecer o coração de Deus,

nem os seus caminhos. Tiago se dirige aos crentes dizendo seriamente:

Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga

de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus (Tg 4:4).

Você não pode amar o mundo e ser amigo de Deus ao mesmo tempo. Tiago descreve a condição de um crente que ainda busca um relacionamento com o mundo como o de um adúltero e inimigo de Deus. Salomão nos diz:

O que ama a pureza de coração e é grácil no falar terá por amigo o rei (Pv 22:11).

Somente os puros de coração são amigos de Deus. Nós deve-

mos perguntar a nós mesmos: "O que purifica meu coração? O

amor a Deus?" O amor a Deus desperta o desejo de purificação, mas sozinho não purifica o coração. Nós podemos dizer que amamos a Deus com grande afeição, porém, ainda podemos amar o mundo. Esta é a cilada que prende milhões de pessoas que estão

nas igrejas. Que força nos mantém puros diante deste Rei

tremendo? Paulo respondeu em termos claros e concisos: Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de

toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus (2Co 7:1).

A verdadeira santidade ou pureza de coração é aperfeiçoada

ou amadurecida no temor de Deus! ...Epelo temor do Senhor os homens evitam o mal (Pv 16:6).

Mas leia novamente o início desse versículo: Tendo, pois, ó

amados, tais promessas... Quais promessas? Elas estão nos versículos anteriores. Vamos ler:

...Porque nós somos o santuário do Deus vivente, como ele

próprio disse: Habitarei e andarei entre eles, serei o seu Deus, e

eles serão o meu povo. Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em cousas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz. o Senhor Todo-Poderoso (2Co 6:16-18).

É exatamente assim que Deus descreveu o seu desejo de habitar entre os filhos de Israel na sua glória no deserto. Ele disse: E saberão que eu sou o Senhor, seu Deus, que os tirou da terra do Egito, para habitar no meio deles (Ex 29:46). E novamente: Andarei entre vós e serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo (Lv 26:12).

Há um paralelo: Ele é o mesmo Deus santo. Ele não vai habitar num templo contaminado ou profano.

Vamos analisar o significado completo destas verdades para nós hoje. Deus estabelece as condições ou exigências para nossa aliança com Ele para que possamos morar na presença da sua

glória. Nós devemos romper com o sistema do mundo e viver

separados do mundo. Esta é uma obra em que cooperam o temor de Deus e a sua graça. É por isso que Paulo começa esse capítulo insistindo com a igreja de Corinto - não recebais em vão a graça de Deus (2Co 6:1).

Em outra carta, Paulo esclarece melhor o assunto e nos

exorta fortemente a buscar a santidade, porque se não a buscarmos jamais veremos a Deus.

Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém

verá o Senhor, atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus (Rb 12:14, 15).

Observe mais uma vez o que Paulo fala sobre receber a graça

de Deus em vão! Nós podemos nos separar da graça! Ele continua

a descrever o que mantém a graça ativa e produtiva em nossas vidas:...retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor (v. 28). O temor de Deus nos impede de receber a sua graça em vão. O temor de Deus nos impede de desejar ter um relacionamento com o mundo. É a graça

de Deus, associada ao temor de Deus, que produz santidade ou pureza de coração. Deus promete que se nos purificarmos da sujeira do mundo, Ele vai habitar em nós na sua glória. Aleluia!

O santo temor dá a Deus o lugar de glória, honra, reverência, ações de graça, louvor

e de proeminência que Ele merece.

Possivelmente faltando página 216

De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus, e

guarda os seus mandamentos; porque isto ê o dever de todo homem

(Ec 12:13).

Temos discutido muito sobre o temor do Senhor. Porém, ja-

mais poderíamos esgotar o assunto. O temor do Senhor é um assunto que não pode ser completamente desvendado, não importa quantos livros sejam escritos. É uma revelação contínua. O mesmo é verdade em relação ao amor de Deus. O Livro de Provérbios 23:17 diz: Antes, no temor do Senhor perseverarás (com

paixão) todo dia. Toda paixão que tivermos, nunca será demais com o fogo desse amor (Parênteses acrescido pelo autor).

É impossível detalhar completamente o temor do Senhor em termos finitos, assim também é difícil defini-lo. Ele abrange um

amplo espectro, como a força do amor de Deus. A definição que ofereço será parcial e meramente um começo, pois é impossível

descreverem palavras a transformação interior do coração. Nós vamos crescer no conhecimento revelado de Deus por toda a eternidade. Proporcionalmente, a revelação do amor de Deus e o nosso santo temor para com Ele se expandirão.

O temor do homem se opõe ao temor de Deus. O temor do

homem arma ciladas (Pv 29:25). Nós temos discutido esse "temor profano" na medida em que

ela se relaciona à compreensão do temor de Deus. Muitas vezes, nós entendemos o que algo significa aprendendo primeiro o que

ele não significa. Partindo desta visão, vou definir o temor do homem.

Temer o homem é estar em estado de alarme, ansiedade, es-panto, pavor, desconfiança ou se encolher diante de homens mortais. Aqueles que são apanhados por esse tipo de temor, viverão correndo e se esconderão do mal ou da reprovação,

constantemente evitando a rejeição e o confronto. Eles ficam tão ocupados defendendo a si mesmos, que logo se tornam ineficazes

no seu serviço a Deus. Amedrontados com o que homem pode fazer, negam a Deus o que Ele merece.

O temor do Senhor inclui, mas não se limita, ao respeito e à reverência a Deus, porque a Palavra nos diz para tremer da sua presença. O santo temor dá a Deus o lugar de glória, honra,

reverência, ações de graça, louvor e de proeminência que Ele merece. (Observe que é o que Ele merece, não o que nós achamos que Ele merece).

Deus mantém esta posição proeminente nos nossos corações e nas nossas vidas quando consideramos os seus desejos acima

dos nossos próprios desejos, odiando o que Ele odeia e amando o

que ama, tremendo na sua presença e diante da sua Palavra. Leia isto e medite: você servirá a quem você teme. Se você

teme a Deus, você o servirá. Se você teme ao homem, você servirá

ao homem. Você tem de escolher.

Agora você pode entender porque Salomão, depois de uma vida inteira de sucesso e também de sofrimento, podia dizer:

De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda

os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem (Ec

12:13). Salomão buscou a sabedoria durante a sua vida inteira. Ele

a obteve, e ela o conduziu a um grande sucesso. Porém, passou

por um período de tormento e aflição nos anos posteriores. O temor de Deus no seu coração havia acabado. Ele já não obedecia aos mandamentos de Deus. Salomão se casou com mulheres

estrangeiras e serviu aos seus deuses. No fim da sua vida, ele olhou para trás, e depois de muita

meditação, escreveu o Livro de Eclesiastes. Nesse livro, Salomão examina a vida apartada do temor de Deus. Sua resposta à cada pergunta examinada era: "Vaidade!"

Bem no final do livro, conclui que tudo o que importa na

vida resume-se em temer a Deus e guardar os seus mandamentos!

AS BÊNÇÃOS DO TEMOR DE DEUS... Eu o encorajo a ler sua Bíblia, e com o uso de uma

concordância, localizar cada texto bíblico que se relaciona ao temor de Deus. Registre-os para uma referência futura. Em minha

pesquisa, eu compilei mais de cinquenta páginas datilografadas. Encontrei algumas promessas bem definidas para aqueles que temem ao Senhor. Permita-me compartilhar apenas algumas delas.

O TEMOR DE DEUS...

♦ Coloca nosso coração na posição de receber respostas: Ele, Jesus, nos dias de sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa de sua piedade (Hb5:7).

♦ Assegura a plenitude da grande bondade de Deus: Como é

grande a tua bondade, que reservaste aos que te temem, da qual usas, perante os filhos dos homens (SI 31:19).

♦ Promete a proteção dos anjos: O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os

livra (Sl 34:7).

♦ Assegura a atenção contínua de Deus: Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, sobre

os que esperam na sua misericórdia (Salmos 33:18). ♦ Proporciona a provisão de Deus:

Temei o Senhor, vós os seus santos, pois nada falta aos que o

temem (SI 34:9). ♦ Contém grande misericórdia: Pois quanto o céu se alteia da terra, assim é grande a sua

misericórdia para com os que o temem (SI 103:11). ♦ Provê a certeza de ai i mento:

Dá sustento aos que o temem; lembrar-se-á sempre da sua aliança (SI 111:5).

♦ Promete proteção: Confiam no Senhor os que temem o Senhor: ele é o seu

amparo c o seu escudo (SI 115:11).

♦ Satisfaz nossos desejos e nos livra do mal: Ele acode a vontade dos que o temem; atende-lhes o clamor e

os salva (SI 145:19). ♦ Provê sabedoria, entendimento e administração do tempo:

O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conheci mento do

Santo é prudência. Porque por mim se multiplicam os teus dias, e anos de vida se te acrescentarão

(Pv 9:10-11). ♦ É nossa confiança e proteção em face da morte: No temor do Senhor, tem o homem forte amparo, e isso é

refúgio para os seus filhos. O temor do Senhor é fonte de vida para

evitar os laços de morte (Pv 14:26, 27). ♦ Provê a paz da mente: Melhor é um pouco, havendo o temor do Senhor, do que

grande tesouro onde há inquietação (Pv 15:16). ♦ Resulta em completa satisfação:

O temor do Senhor conduz à vida; aquele que o tem ficará satisfeito, e mal nenhum o visitará (Pv 19:23).

♦ Conduz às riquezas, honra e vida: O galardão da humildade e o temor do Senhor são riquezas, e

honra, e vida (Pv 22:4).

♦ Mantém-nos no caminho: Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de

lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim (Jr 32:40).

♦ Produz a segurança da família:

E, porque as parteiras temeram a Deus, ele lhes constituiu família (Ex 1:21).

♦ Provê clareza e direção: Ao homem que teme ao Senhor, ele o instruirá no caminho que

deve escolher (SI 25:12).

♦ Resulta em contentamento com o trabalho e em vidas ple nas e compensadoras:

Bem aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus

caminhos! Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás e tudo te

irá bem. Tua esposa, no interior de tua casa, será como a videira frutífera; teus filhos, como rebentos da oliveira à roda da tua mesa. Eis como será abençoado o homem que teme ao Senhor! (Sl 128:1-4)

♦ Produz liderança bem sucedida: Procura dentre o povo

homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza; põe-nos sobre eles por chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta, e chefes de dez (Êx 18:21).

Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Aquele que domina com justiça sobre os homens, que domina no

temor de Deus (2 Sm 23:3). Estas são apenas algumas das promessas de Deus para

aqueles que o temem. Há muitas outras. Eu o encorajo a procurar essas promessas em seu tempo de leitura e estudo da Palavra de Deus.

EPÍLOGO

O temor de Deus deveria arder vivamente nos nossos

corações, não importa há quanto tempo somos salvos. De fato, é o

elemento chave para receber a salvação. Paulo proclama:... Vós

outros os que temeis a Deus, a nós nos foi enviada a palavra desta salvação (At 13:26).

Sem o santo temor, nós não vamos reconhecer nossa necessidade de salvação.

Não importa em que situação você esteja espiritualmente, eu

o encorajo a orar comigo. Se você ainda não se submeteu ao senhorio de Jesus, agora é o momento de entregar sua vida para Ele. Você ouviu a Palavra, e a fé brotou em seu coração. Se o Espírito Santo trouxe convicção profunda, e você está pronto para

abandonar o mundo e o pecado e se entregar completamente a Jesus, agora é o momento. É tempo de tomar a decisão de

submeter a sua vida completamente ao senhorio de Jesus. É tempo para confirmar isto através da oração.

Pai Celestial, em nome de Jesus, eu me humilho e me coloco diante de ti para buscar a tua misericórdia e a tua graça. Eu ouvi a tua Palavra e desejo amar, temer e saber que tu agora ardes em meu coração. Eu peço perdão pela vida irreverente que tenho

vivido antes de vir a ti. Eu me arrependo de todo desrespeito e hipocrisia que tenho tolerado em minha vida.

Eu o invoco, Jesus, como meu Salvador e Senhor. Tu és o

meu mestre. Eu entrego minha vida a ti, completamente. Encha-me com o teu amor e santo temor. Eu desejo te conhecer intimamente, em uma dimensão mais profunda do que todos ou

tudo o mais que eu conheço. Eu reconheço a minha necessidade e dependência do teu Espírito Santo e peço que tu me enchas agora.

Senhor, tua Palavra promete que quando eu me volto para Ti com todo o meu coração, o Espírito Santo revela tua verdadeira imagem e caráter para mim, e eu serei transformado de glória e glória. Como Moisés, eu peço para ver a tua face. No teu

esconderijo, eu serei transformado.

Senhor Jesus, eu te agradeço pela misericórdia e graça abundantes que tu tens estendido a mim. Por tudo que tu já tens feito e por tudo que tu estás para fazer, eu te dou glória, honra e louvor, agora e para todo o sempre. Amém.

Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém (Jd 24-25).

CONTRACAPA

"Temei o Senhor, vós os seus santos, pois nada falta aos que o temem. " Sl 34:9 Esta é a mensagem que você tem em suas mãos hoje - O Temor do Senhor. Nestas páginas nós vamos procurar, com ajuda do Espírito Santo, não somente o significado do Temor do Senhor, mas o que é caminhar nos tesouros de Sua verdade. Nós vamos aprender sobre o julgamento que recai sobre nós quando há a falta do santo temor, como também sobre os benefícios gloriosos encontrados no temor de Deus.