078 competencia federal doc

7
1 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL EM MATÉRIA CRIMINAL Professor Ana Cristina MATERIAL DE APOIO COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL OU DA JUSTIÇA ESTADUAL? EMENTAS - STJ Crime contra a Caixa Econômica : JUSTIÇA FEDERAL (HC 132135 Relator Min. Jorge Mussi, T5 Quinta Turma, STJ, DJ 03/05/2011, DJe 17/05/2011) HABEAS CORPUS. CONCUSSÃO. CRIME PRATICADO CONTRA SUPOSTOS AUTORES DE FURTO DE QUE FOI VÍTIMA A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. ALEGADA INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. APONTADA AUSÊNCIA DE OFENSA A BENS, SERVIÇOS OU INTERESSES DA UNIÃO, SUAS AUTARQUIAS OU EMPRESAS PÚBLICAS. CONEXÃO PROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 122 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. COAÇÃO ILEGAL NÃO DEMONSTRADA. 1. Nos termos do inciso III do artigo 76 do Código de Processo Penal, a competência será determinada pela conexão "quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração". 2. Na hipótese de conexão probatória ou instrumental entre delitos estaduais e federais, todos devem ser processados e julgados perante a Justiça Federal, nos termos da Súmula 122 deste Sodalício. 3. Constatado que o paciente foi acusado de integrar quadrilha voltada à prática de fraudes via internet, cuja principal vítima seria a Caixa Econômica Federal, sendo que, nos termos da denúncia, sua atuação se daria "à margem da 'organização', extorquindo os crackers e cartãozeiros para tomar-lhes o dinheiro obtido licitamente", evidente a conexão probatória ou instrumental entre os delitos da competência estadual e federal. 5. Ainda que não houvesse conexão probatória entre o crime de concussão atribuído ao paciente e o furto supostamente cometido pelos demais corréus contra a autarquia federal, a sua absolvição pelo delito de quadrilha não seria suficiente para se afastar a competência da Justiça Federal, diante do princípio da perpetuatio jurisdictionis, previsto no caput do artigo 81 do Código de Processo Penal. Precedentes. PRISÃO PREVENTIVA. REVOGAÇÃO. INDEFERIMENTO. JUSTA CAUSA PARA A SEGREGAÇÃO CAUTELAR. ALEGADA AUSÊNCIA. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA CONDENATÓRIA. MANUTENÇÃO DA CUSTÓDIA. NOVOS FUNDAMENTOS. PERDA DO OBJETO. MANDAMUS JULGADO PREJUDICADO NESSE PONTO. 1. Tendo o remédio constitucional sido dirigido contra a decisão que indeferiu pedido de revogação de prisão preventiva e, verificando-se a superveniente prolação de sentença condenatória, na qual a custódia foi mantida por outros motivos, esvazia-se o objeto da impetração nesse ponto, uma vez que o encarceramento é agora decorrente de novo título judicial e tem novos fundamentos. 2. Ademais, não tendo os argumentos deste novo título embasador da prisão sido objeto de apreciação pela Corte impetrada, torna-se impossível conhecer do writ, sob pena de indevida supressão de instância. 3. Writ julgado parcialmente prejudicado e, no restante, denegada a ordem. Crime contra casa lotérica : JUSTIÇA ESTADUAL PROCESSO PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. ROUBO CONTRA CASA LOTÉRICA. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO PERMISSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. AUSÊNCIA DE LESÃO A BENS, SERVIÇOS OU INTERESSE DA UNIÃO OU ENTIDADES FEDERAIS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL PARA PROCESSAR E JULGAR A AÇÃO PENAL.1. O delito de roubo cometido contra casa lotérica, pessoa jurídica de direito privado permissionária de serviço público, atingido apenas o seu patrimônio, não tem o condão de atrair a competência da Justiça Federal para o processo e

Upload: everaldo-moreira-filho

Post on 21-Oct-2015

19 views

Category:

Documents


5 download

TRANSCRIPT

1

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL EM MATÉRIA CRIMINAL Professor Ana Cristina

MATERIAL DE APOIO

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL OU DA JUSTIÇA ESTADUAL?

EMENTAS - STJ

Crime contra a Caixa Econômica : JUSTIÇA FEDERAL

(HC 132135 – Relator Min. Jorge Mussi, T5 Quinta Turma, STJ, DJ 03/05/2011, DJe 17/05/2011)

HABEAS CORPUS. CONCUSSÃO. CRIME PRATICADO CONTRA SUPOSTOS AUTORES DE FURTO DE QUE FOI VÍTIMA A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. ALEGADA INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. APONTADA AUSÊNCIA DE OFENSA A BENS, SERVIÇOS OU INTERESSES DA UNIÃO, SUAS AUTARQUIAS OU EMPRESAS PÚBLICAS. CONEXÃO PROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 122 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. COAÇÃO ILEGAL NÃO DEMONSTRADA. 1. Nos termos do inciso III do artigo 76 do Código de Processo Penal, a competência será determinada pela conexão "quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração". 2. Na hipótese de conexão probatória ou instrumental entre delitos estaduais e federais, todos devem ser processados e julgados perante a Justiça Federal, nos termos da Súmula 122 deste Sodalício. 3. Constatado que o paciente foi acusado de integrar quadrilha voltada à prática de fraudes via internet, cuja principal vítima seria a Caixa Econômica Federal, sendo que, nos termos da denúncia, sua atuação se daria "à margem da 'organização', extorquindo os crackers e cartãozeiros para tomar-lhes o dinheiro obtido licitamente", evidente a conexão probatória ou instrumental entre os delitos da competência estadual e federal. 5. Ainda que não houvesse conexão probatória entre o crime de concussão atribuído ao paciente e o furto supostamente cometido pelos demais corréus contra a autarquia federal, a sua absolvição pelo delito de quadrilha não seria suficiente para se afastar a competência da Justiça Federal, diante do princípio da perpetuatio jurisdictionis, previsto no caput do artigo 81 do Código de Processo Penal. Precedentes. PRISÃO PREVENTIVA. REVOGAÇÃO. INDEFERIMENTO. JUSTA CAUSA PARA A SEGREGAÇÃO CAUTELAR. ALEGADA AUSÊNCIA. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA CONDENATÓRIA. MANUTENÇÃO DA CUSTÓDIA. NOVOS FUNDAMENTOS. PERDA DO OBJETO. MANDAMUS JULGADO PREJUDICADO NESSE PONTO. 1. Tendo o remédio constitucional sido dirigido contra a decisão que indeferiu pedido de revogação de prisão preventiva e, verificando-se a superveniente prolação de sentença condenatória, na qual a custódia foi mantida por outros motivos, esvazia-se o objeto da impetração nesse ponto, uma vez que o encarceramento é agora decorrente de novo título judicial e tem novos fundamentos. 2. Ademais, não tendo os argumentos deste novo título embasador da prisão sido objeto de apreciação pela Corte impetrada, torna-se impossível conhecer do writ, sob pena de indevida supressão de instância. 3. Writ julgado parcialmente prejudicado e, no restante, denegada a ordem.

Crime contra casa lotérica : JUSTIÇA ESTADUAL

PROCESSO PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. ROUBO CONTRA CASA LOTÉRICA.

PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO PERMISSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. AUSÊNCIA DE

LESÃO A BENS, SERVIÇOS OU INTERESSE DA UNIÃO OU ENTIDADES FEDERAIS. COMPETÊNCIA

DA JUSTIÇA ESTADUAL PARA PROCESSAR E JULGAR A AÇÃO PENAL.1. O delito de roubo cometido

contra casa lotérica, pessoa jurídica de direito privado permissionária de serviço público, atingido apenas o

seu patrimônio, não tem o condão de atrair a competência da Justiça Federal para o processo e

2

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL EM MATÉRIA CRIMINAL Professor Ana Cristina

MATERIAL DE APOIO

julgamento da respectiva ação penal, por não lesar bens, serviços ou interesse da União.2. Conflito

conhecido para declarar a competência da Justiça Estadual

(40771 SP 2003/0204765-5, Relator: Ministro PAULO GALLOTTI, Data de Julgamento: 26/04/2005, S3 -

TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJ 09.05.2005 p. 293)

Crime contra a loteria esportiva : JUSTIÇA FEDERAL

(CC 38647 SP– Conflito de Competência 2003/0041394-6, Relator: Min. Paulo Gallotti, OJ S3 – Terceira

Seção STJ, DJ 23/06/2004, Data Publicação 06/09/2004)

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. INQUÉRITO POLICIAL. DIVULGAÇÃO DE LOTERIA NÃO AUTORIZADA NO BRASIL. DELITO PREVISTO NO ART. 17, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI Nº 5.250/67. SERVIÇO PÚBLICO DA UNIÃO EXECUTADO PELA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. ART. 109, INCISO IV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. PRESCRIÇÃO DA AÇÃO PENAL. CONFLITO PREJUDICADO. 1. Em tese, quem divulga loteria estrangeira em território nacional comete o crime previsto no artigo 17, parágrafo único, da Lei nº 5.250, de 1967. 2. Sendo a exploração de loterias serviço público federal executado pela Caixa Econômica Federal, na letra dos artigos 1º e 2º do Decreto-lei nº 204/67, é da competência da Justiça Federal, a teor do contido no artigo 109, inciso IV, da Constituição Federal, processar e julgar o crime de divulgação de loteria não autorizada. 3. Nos termos do artigo 41 da Lei de Imprensa, a prescrição da ação penal dos crimes por ela definidos ocorre em dois anos após a data da publicação. 4. No caso, sendo a publicação que contém o anúncio de loteria estrangeira datada de dezembro de 2001, e inexistindo qualquer causa interruptiva, pois em trâmite ainda o inquérito policial, é de se declarar a extinção da punibilidade pela prescrição. 5. Conflito de competência prejudicado.

Crime contra o SUS : JUSTIÇA FEDERAL

(CC 95134 / MG , Conflito de Competência 2008/0073183-9, Relator Min. Haroldo Rodrigues, Órgão

Julgador: S3 – Terceira Seção, STJ, DJ: 14/03/2011, DJe: 01/04/2011)

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE ESTELIONATO PRATICADO CONTRA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. É competente a Justiça Federal para processar e julgar crime cometido em detrimento do Sistema Único de Saúde - SUS, a teor do disposto no artigo 109, inciso IV, da Constituição Federal. 2. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal da 2ª Vara de Uberlândia/MG, o suscitado.

Crime a bordo de aeronave e navio : JUSTIÇA FEDERAL

(HC 40913/SP, Relator: Min. Arnaldo Esteves Lima, Órgão Julgador: T5 – Quinta Turma, DJ 19/05/2005,

Data Publicação DJ 15/08/2005.)

3

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL EM MATÉRIA CRIMINAL Professor Ana Cristina

MATERIAL DE APOIO

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. COMPETÊNCIA JURISDICIONAL. CRIME DE ROUBO "QUALIFICADO" E FORMAÇÃO DE QUADRILHA. CRIME PRATICADO A BORDO DE AERONAVE. ART. 109, IX, DA CF. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. ORDEM DENEGADA. 1. "Aos juízes federais compete processar e julgar os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar" (art. 109, IX, da CF). 2. O fato de encontrar-se a aeronave em terra não afeta a circunstância de a prática criminosa ter-se verificado no seu interior. 3. É indiferente a qualidade das pessoas lesadas, constituindo razão suficiente e autônoma para a fixação da competência federal, a implementação da hipótese prevista no inciso IX, do art. 109, do Texto Maior. 4. Ordem denegada.

Crime contra direitos indígenas : JUSTIÇA FEDERAL

(HC 77280/RS – Habeas Corpus 2007/0035078-4, Relator: Min: Arnaldo Esteves Lima, Órgão Julgador: T5

– Quinta Turma STJ, DJ: 11/12/2008, DJe 09/03/2009)

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA INDÍGENA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 140/STJ. PRISÃO PREVENTIVA. MODUS OPERANDI. REITERAÇÃO CRIMINOSA. SEGREGAÇÃO CAUTELAR JUSTIFICADA NA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. ART. 312 DO CPP. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. PRECEDENTES DO STJ. ORDEM DENEGADA. 1. Nos termos do art. 109, XI, da Constituição Federal, a competência para processar e julgar a "disputa sobre direitos indígenas" é da Justiça Federal. 2. A referida competência não se deve restringir às hipóteses de "disputa de terras". Incide, também, aos direitos previstos no art. 231 da Constituição Federal, uma vez que os delitos praticados assumiram proporções de transindividualidade, atingindo diretamente a organização social da comunidade indígena Reserva do Guarita/RS, bem como os seus costumes e cultura. Inaplicabilidade do verbete sumular 140/STJ. 3. A prisão preventiva é medida excepcional e deve ser decretada apenas quando devidamente amparada em fatos concretos que demonstrem a presença dos requisitos legais, em observância ao princípio constitucional da presunção de inocência, sob pena de antecipar reprimenda a ser cumprida no caso de eventual condenação. 4. Estando o decreto preventivo satisfatoriamente justificado, em razão do modus operandi e da reiterada prática delituosa dos pacientes, resta evidente a necessidade de proteção da ordem pública, a teor do disposto no art. 312 do CPP. Precedentes do STJ. 5. Eventuais condições pessoais favoráveis não garantem o direito subjetivo à revogação da custódia cautelar quando a prisão preventiva é decretada com observância do disposto no art. 312 do CPP. 6. Ordem denegada.

Crime praticado por índio ou contra índio : JUSTIÇA ESTADUAL

(CC 43328/ MS, Relator: Min. OG Fernandes, Órgão Julgador: S3 Ternceira Seção, STJ, DJ: 08/10/2008,

DJe 21/10/2008)

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PENAL. CRIME PRATICADO POR ÍNDIO. AUSÊNCIA DE DISPUTA SOBRE DIREITOS INDÍGENAS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. Em se tratando de conduta sem conotação especial, inapta a revelar o interesse da coletividade indígena, não se vislumbra ofensa a interesse da União, pelo que aplicável na espécie o Enunciado

4

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL EM MATÉRIA CRIMINAL Professor Ana Cristina

MATERIAL DE APOIO

Sumular 140 desta Corte que dispõe, verbis: "Compete a Justiça Comum Estadual processar e Julgar Crime em que o indígena figure como autor ou vítima." 2. Conflito conhecido para determinar a competência do suscitado, Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal

de Dourados - MS.

Crime contra empresa brasileira de Correio não franqueada : JUSTIÇA

FEDERAL

(CC 112424, Relator: Min. Gilson Dipp, S3, Terceira Seção STJ, DJ, 09/11/2011, DJe 17/11/2011)

PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ROUBO PERPETRADO CONTRA AGÊNCIA DA EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS NÃO FRANQUEADA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. CONEXÃO APENAS COM O DELITO DE FALSA COMUNICAÇÃO DE CRIME. AUSÊNCIA DE CONEXÃO QUANTO AOS DEMAIS DELITOS. DESMEMBRAMENTO. COMPETÊNCIA DE AMBOS OS JUÍZOS. RATIFICAÇÃO DE ATOS PRATICADOS PELO JUÍZO INCOMPETENTE. POSSIBILIDADE. CONFLITO CONHECIDO. I. Hipótese em que o Ministério Público do Estado do Paraná ofereceu denúncia em face de 15 pessoas, supostas integrantes de organização criminosa denominada "Quadrilha do Xandi", pela prática de diversos delitos, dando azo à instauração de 4 ações penais distintas, que restaram distribuídas ao Juízo de Direito da Vara Criminal de Cianorte/PR. II. Ações penais que corriam separadamente, tendo sido reunidas na Ação Penal n.º 5000375-55.2010.404.7003, diante do reconhecimento da conexão, ocasião em que o Juízo de Direito da Vara Criminal de Cianorte/PR declinou de sua competência em favor do Juízo Federal da Vara Criminal e Juizado Especial Criminal de Maringá - SJ/PR, tendo em vista o roubo perpetrado contra a Agência dos Correios de Madaguaçu/PR, empresa pública federal, que atrairia a competência da Justiça Federal também com relação aos crimes a ele conexos, nos termos da Súmula 122/STJ. III. Delito de roubo que foi perpetrado contra agência não franqueada da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, mas contra posto de atendimento da própria EBCT, que tem natureza jurídica de empresa pública, atraindo a competência da Justiça Federal, nos termos do art. 109, IV, da CF. IV. Não verificada a conexão entre o delito de roubo à Agência dos Correios de Mandaguaçu/PR com o crime de quadrilha ou com qualquer dos delitos imputados à "Quadrilha do Xandi", salvo com o de falsa comunicação de crime ou contravenção (art. 340 do Código Penal), asações penais devem ser desmembradas de forma que seja firmada a competência da Justiça Federal para o julgamento do crime de roubo contra a EBCT e o previsto no art. 340 do Código Penal a ele conexo, mantendo-se a competência da Justiça Estadual para a apuração dos demais crimes narrados nas denúncias. V. Reconhecida a incompetência absoluta da Justiça Estadual para processar e julgar os delitos de roubo e de falsa comunicação de crime ou contravenção, cumpre examinar se a ação penal deve ser anulada na íntegra, ou se podem ser mantidos os atos decisórios não meritórios praticados. VI. Embora o tema seja alvo de controvérsias, prevalece nesta Corte atualmente o entendimento de que, constatada a incompetência absoluta, os autos devem ser remetidos ao Juízo competente, que pode ratificar ou não os atos já praticados, nos termos do artigo 567 do Código de Processo Penal, e 113, § 2º, do Código de Processo Civil. VII. Declarada a competência da Justiça Federal para o julgamento do crime de roubo contra a EBCT e o previsto no art. 340 do Código Penal a ele conexo, mantendo-se a competência da Justiça Estadual para a apuração dos demais crimes narrados nas denúncias. VIII. Conflito de competência conhecido, nos termos do voto do Relator.

Crime praticado contra carteiro da Empresa Brasileira de Correio e

Telégrafos: JUSTIÇA FEDERAL

5

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL EM MATÉRIA CRIMINAL Professor Ana Cristina

MATERIAL DE APOIO

(CC 114196, Relator: Min. Jorge Mussi, S3 Terceira Seção STJ, DJ 27/04/2011, DJe 06/05/2011)

CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. ROUBO. SUJEITO PASSIVO. CARTEIRO DA EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS. PROCESSO E JULGAMENTO. JUSTIÇA FEDERAL. 1. O crime de roubo praticado contra carteiro da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, no exercício de suas funções, atrai, de acordo com o art. 109, IV, da Constituição da República, a competência da Justiça Federal para o processo e julgamento da ação penal. 2. Conflito conhecido para declarar a competência da Justiça Federal, o suscitante, anulando-se os atos praticados na Justiça Estadual.

Crime contra agência franqueada de Correio : JUSTIÇA ESTADUAL

(CC 46791, Relator: Min. Gilson Dipp, S3 – Terceira Seção, DJ 24/11/2004, Data publicação: DJ

06/12/2004)

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ROUBOS COMETIDOS, INCLUSIVE, CONTRA AGÊNCIA FRANQUEADA DA EBCT. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO À EBCT. PREVISÃO EM CLÁUSULA CONTRATUAL. INEXISTÊNCIA DE CONEXÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. I. Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento de possível roubo de bens de agência franqueada da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, tendo em vista que, nos termos do respectivo contrato de franquia, a franqueada responsabiliza-se por eventuais perdas, danos, roubos, furtos ou destruição de bens cedidos pela franqueadora, não se configurando, portanto, real prejuízo à Empresa Pública. II. Não evidenciado o cometimento de crime contra os bens da EBCT, não há que se falar em conexão de crimes de competência da Justiça Federal e da Justiça Estadual, a justificar o deslocamento da competência para a Justiça Federal. III. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da 4ª Vara Criminal de Maceió/AL, o Suscitante.

Crime lavagem de dinheiro : CRIME PRECEDENTE

(STJ - CC 96678 / MG – Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura - Terceira Seção – J. 11/02/2009 - DJe

20/02/2009)

PROCESSO PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. TRÁFICO DE DROGAS. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. RECEPTAÇÃO. LAVAGEM DE CAPITAIS. DELITO ANTECEDENTE. COMPETÊNCIA ESTADUAL. IDÊNTICA COMPETÊNCIA PARA O BRANQUEAMENTO. 1. A competência para a apreciação das infrações penais de lavagem de capitais somente será da Justiça Federal quando praticadas contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas; ou quando o crime antecedente for de competência da Justiça Federal. In casu, não se apura afetação de qualquer interesse da União e o crime antecedente - tráfico de drogas - no caso é da competência estadual. 2. Conflito conhecido para julgar competente o JUÍZO DE DIREITO DA 2ª VARA DE INHAPIM - MG, o suscitado.

Crime de tráfico de drogas interestadual : JUSTIÇA ESTADUAL

(CC 116156, Min. Laurita Vaz, S3 – Terceira Seção STJ, DJ, 26/10/2011, DJe 11/11/2011)

6

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL EM MATÉRIA CRIMINAL Professor Ana Cristina

MATERIAL DE APOIO

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS PROBATÓRIOS APTOS A INDICAR A INTERNACIONALIDADE DO DELITO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL. 1. A origem estrangeira da droga é apenas uma probabilidade, não sendo possível comprovar a transnacionalidade do delito de modo a atrair a competência da Justiça Federal. 2. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 3.ª Vara Criminal de Marília/SP.

(HC 199190/AC, Relator: Min. Jorge Mussi, T5 Quinta Turma, STJ, DJ 16/06/2011, DJe 29/06/2011)

HABEAS CORPUS. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. TRANSNACIONALIDADE NÃO DEMONSTRADA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. Não há provas nos autos de que os entorpecentes tenham sido trazidos do exterior, muito embora haja fortes suspeitas de que eram provenientes do Peru e da Bolívia, países tidos por tradicionais "produtores" de tais substâncias; tampouco vislumbra-se qualquer elemento apto a confirmar a eventual transnacionalidade da organização criminosa. 2 "A mera natureza presumidamente estrangeira da droga apreendida não basta à configuração da transnacionalidade" 3. Não havendo qualquer elemento caracterizador da ocorrência de tráfico de drogas transnacional, fica afastada a aplicação do artigo 70 da Lei nº 11.343/2006, razão pela qual o feito deve tramitar perante a Justiça Estadual. DENÚNCIA. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES E LAVAGEM DE BENS E VALORES. AUSÊNCIA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DAS CONDUTAS DO ACUSADO. REQUISITOS DO ART. 41 DO CPP PREENCHIDOS. ESTABELECIMENTO DE LIAME ENTRE A ATUAÇÃO DO PACIENTE E OS CRIMES EM TESE COMETIDOS. POSSIBILIDADE DO EXERCÍCIO DA AMPLA DEFESA. CONSTRANGIMENTO NÃO EVIDENCIADO. INÉPCIA NÃO EVIDENCIADA. 1. Não pode ser acoimada de inepta a denúncia formulada em obediência aos requisitos traçados no art. 41 do Código de Processo Penal, descrevendo perfeitamente os fatos típicos imputados, crimes em tese, com todas as suas circunstâncias, atribuindo-os ao paciente, terminando por classificá-los, ao indicar os ilícitos supostamente infringidos. 2. Se a vestibular acusatória narra em que consistiu a ação criminosa do réu nos delitos em que lhe incursionou, permitindo o exercício da ampla defesa, é inviável acolher-se a pretensão de invalidade da peça vestibular. 3. A denúncia, nos crimes de autoria coletiva, embora não possa ser de todo genérica, é válida quando, apesar de não descrever, minuciosamente, as atuações individuais dos acusados, demonstra um liame entre o agir do paciente e a suposta prática delituosa, estabelecendo a plausibilidade da imputação e possibilitando o exercício da ampla defesa, caso em que se entende preenchidos os requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal (Precedentes). TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. MÍNIMO RESPALDO INDICIÁRIO E PROBATÓRIO. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. VIA INADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE COAÇÃO ILEGAL A SER SANADA NA OPORTUNIDADE. 1. O exame da alegada ausência de fundamentos mínimos para a deflagração da ação penal demanda aprofundada discussão probatória, enquanto que para o trancamento da ação penal é necessário que exsurja, à primeira vista, sem exigência de dilação do contexto de provas, a ausência de justa causa para a sua deflagração e/ou continuidade. 2. Em sede de habeas corpus, somente deve ser obstado o feito se restar demonstrada, de forma indubitável, a ocorrência de circunstância extintiva da punibilidade, a ausência de indícios de autoria ou de prova da materialidade do delito, e ainda, a atipicidade da conduta, o que não se configura na hipótese. 3. Ordem denegada.

7

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL EM MATÉRIA CRIMINAL Professor Ana Cristina

MATERIAL DE APOIO

Crime contra o INSS : JUSTIÇA FEDERAL

(CC 32676/RJ, Relator: Min. Vicente Leal, S3 – Terceira Seção STJ, DJ 09/10/2002, Data Publicação:

28/10/2002)

CONSTITUCIONAL. PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE ESTELIONATO. LESÃO A AUTARQUIA FEDERAL. - Compete à Justiça Federal processar e julgar infrações penais susceptíveis de causar lesão direta a bens, serviços ou interesses da União, suas entidades autárquicas e empresas públicas, ex vi, do que dispõe o art. 109, IV da Constituição Federal. - Conflito conhecido. Competência do Juízo Federal da 1ª Vara de Niterói - SJ/RJ, o suscitado.

(CC 55225/SP, Relator: Min. Hamilton Carvalhido, S3 – Terceira Seção, STJ, DJ 28/06/2006, Data

Publicação 21/08/2006)

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ESTELIONATO. PREJUÍZO A AUTARQUIA FEDERAL (INSS). COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM FEDERAL. 1. É de se afirmar a competência da Justiça Comum Federal para o processo e julgamento de crime de estelionato, em se evidenciando dos autos a existência de prejuízo suportado pela autarquia previdenciária, uma vez pago benefício previdenciário indevidamente. 2. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal da 8ª Vara Criminal da Seção Judiciária do Estado de São Paulo, suscitado.