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Jarbas Soares Júnior, ex-procurador Geral de Justiça de Minas, toma posse dia 10 no Conselho Nacional do Ministério Público, em Brasília, em ato de nomeação da presidente Dilma Rousseff. Semelhante ao CNJ do Ju-diciário, o CNMP é formado por nove conselheiros e presidido pelo procu-rador-geral da República, Roberto Gurgel.

O tempO-p.8 07/08/2011RAQUeL FARIA

Novo posto

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Greve prejudica estudantes

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Moradores de Esmeraldas, na re-gião metropolitana de Belo Horizonte, se uniram para arrecadar dinheiro para reconstruir uma ponte no povoado da Volta, no bairro Santa Cecília, que foi destruída pelas chuvas. Só que a popu-lação continua impedida de transitar na região, porque o material de construção comprado com a “vaquinha” que arre-cadou R$ 11 mil está estragando por falta de uso.

O vereador e primeiro secretário da Câmara Municipal de Esmeraldas, Glacialdo Ferreira (PT), afirma que a obra está parada. “A prefeitura se com-

prometeu em fornecer a mão de obra, mas nada foi feito ainda. O material pereceu e os moradores ficaram sem resposta”, disse Ferreira.

Por meio de nota, a Prefeitura de Esmeraldas confirmou a existência da parceria com a população. “A comu-nidade doou o material e a prefeitura (entrou) com a parte do projeto de en-genharia e execução”, diz a nota oficial do órgão.

Segundo a prefeitura, 90% da obra está concluída e a expectativa é que a ponte no povoado da Volta “já esteja li-berada no próximo dia 15 de agosto”.

Polêmica. Essa não é a primei-ra polêmica em torno da execução de obras em Esmeraldas. Por esse motivo, no mês passado, o prefeito Flávio Le-roy (PPS) foi afastado do Executivo de-pois que o Ministério Público Estadual (MPE) ajuizou ação civil na Justiça.

Segundo a ação, Leroy teria des-viado recursos destinados a reformas de escolas municipais, que não foram cumpridas. Por meio de liminar da Jus-tiça, o prefeito foi autorizado a retornar ao Executivo. (CG)

O tempO-p.6 06/08/2011esmeRALdAs

Moradores fazem “vaquinha” para reconstruir ponte

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Estado tem R$ 10 para cada servidor público mineiroEsse é o valor que cada funcionário público receberia se o Governo decidisse reajustar por igual todas as categorias

EMMANUEL PINHEIROSe o Governo estadual fosse reajustar o valor dos ven-

cimentos dos 600 mil servidores ativos e inativos, teria di-nheiro para dar apenas R$ 10 de aumento a cada um. Essa é hoje a realidade da administração. E a perspectiva não é das melhores. A arrecadação deve aumentar, mas não mais do que a folha salarial.

De acordo com o relatório de gestão fiscal publicado pela Secretaria Estadual da Fazenda relativo ao primeiro quadrimestre de 2011, o Estado já destinou 46,53% da Re-ceita Corrente Líquida para as despesas com pessoal. Isto equivale a R$ 16.181.001.847,32 despendidos com a folha no período que vai de maio do ano passado a abril deste ano.

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) impõe aos ad-ministradores públicos limites para os gastos, a fim de disci-plinar o destino dos recursos. Diz que os governos estaduais

podem usar no pagamento do funcionalismo até 46,55% da receita.

É o chamado limite prudencial. Já o denominado limite máximo é de 49%. Mas todas as vezes que o prudencial é atingido, são feitas recomendações e concedido um prazo de até oito meses para que as despesas com pessoal caiam para o teto de 46,55%.

Pela LRF, o Estado está hoje a R$ 5,9 milhões de atingir o limite prudencial. Daí a razão para se afirmar que sobra apenas R$10 para o reajuste no valor dos vencimentos.

A informação foi confirmada pela secretária estadual de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena.

Quem espera pelo crescimento da arrecadação do Es-tado, com vistas à concessão de reajustes para o funciona-lismo, pode ficar frustrado. “Não tem jeito (de conceder au-mento além do anunciado). O que vem acontecendo é que a nossa despesa com pessoal, a evolução com a folha de pa-

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gamento, tem crescido mais do que a receita”, constatou a secretária.

A afirmação de Vilhena significa que entra dinheiro, mas que os pagamentos também aumentam, resultando uma sobra menor. “Entre 2011 e 2010, nossa folha está crescendo 17,25%, enquanto a previsão que temos de au-mento de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercado-rias e Serviços) é de 9,03%.

Isso já vem desde 2009 por conta dos aumentos con-cedidos que vêm fazendo com que nossas despesas com pessoal, proporcionalmente, cresçam mais do que nossa receita”, afirmou Vilhena. O ICMS é o principal imposto do Governo, correspondendo a mais da metade da arreca-dação.

Desde o início do ano, uma série de movimentos gre-vistas sacudiram o Estado. Servidores da Educação, da Se-gurança Pública e da Saúde protagonizaram manifestações. De uma forma ou de outra, todos queriam a mesma coisa: aumentar os vencimentos.

A justificativa do Estado é única: não tem dinheiro para atender as demandas. Depois de várias rodadas de negociações, atualmente, só os professores continuam em greve. No entanto, a categoria responde por cerca de 65% do funcionalismo.

Para o líder da oposição na Assembleia, deputado Ro-gério Correia (PT), a administração poderia remanejar re-cursos para atender ao funcionalismo. “O Governo tem que rever as contas. Ele também está renegociando o pagamen-to da dívida e pode remanejar recursos”, afirmou.

Correia diz que a situação poderia ser diferente se o Estado não tivesse criado, no início do ano, 1.314 cargos comissionados. Vilhena contesta, minimizando os impac-tos dessa medida.

Fundo seria alternativaO deputado estadual Rogério Correia (PT) quer que o

Governo federal faça uma intervenção em Minas, caso a administração estadual se recuse a atender a demanda dos professores estaduais referente ao piso da Educação.

Segundo ele, em último caso, o Estado pode declarar que não tem recursos para cumprir o piso básico.

“Se o Governo comprovadamente mostrar que não tem recursos, existe um fundo nacional de reserva para o pagamento”, afirmou. O deputado diz que a gestão tuca-na teria que solicitar a intervenção. Para que a medida se concretize, o Estado teria que admitir que as receitas não permitem pagamento extra, sob o risco de desrespeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Os professores estaduais estão há dois meses em gre-ve. A principal reivindicação é para que o Governo pague o piso básico sem os chamados penduricalhos. A crise em Minas se instalou depois que, no ano passado, a Assem-bleia aprovou um projeto que incorpora ao salário base os abonos pagos aos professores.

A incorporação foi uma reivindicação da categoria

para que tivesse reflexo no décimo terceiro salário e nas fé-rias. No entanto, além dos abonos, foram incluídos também no piso adicionais e gratificações, como quinquênios e biê-nios. A medida gerou protesto dos trabalhadores em Educa-ção. Eles alegam que as gratificações são direito adquirido. Com isso, o salário base da Educação chega a R$ 1.122 por 24 horas, conforme alega o Governo. O piso nacional é de R$ 1.187 para uma jornada de 40 horas semanais.

Em diversas manifestações, a Secretaria de Educação justifica que o Estado paga, proporcionalmente, mais do que o piso nacional. Mas os professores alegam que o valor não é constitucional, pois inclui justamente as gratificações. Em abril, o Supremo Tribunal Federal (STF), ao considerar constitucional a lei federal que instituiu o piso, entendeu que ele deve ser composto apenas pelo vencimento básico, sem os benefícios adicionais.

Sobra é da segurançaA pequena sobra no Orçamento do Estado, somada à

diferença entre a arrecadação e o pagamento da folha dos servidores, será utilizada para a concessão de reajustes sa-lariais aos policiais civis, militares, agentes penitenciários e bombeiros, informa a secretária de Planejamento, Renata Vilhena. Além disso, os demais servidores, com exceção dos da Educação, receberão aumento de cerca de 5%, em projeto de lei que será encaminhado à Assembleia Legis-lativa.

Hoje, o Governo tem R$ 5,9 milhões para conceder de reajuste sem ultrapassar o limite prudencial com despesas de pessoal, imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal. A medida que atinge a área da Segurança Pública entrará em vigor a partir de outubro deste ano. Ela precisa da apro-vação dos deputados estaduais. O projeto de lei está em tramitação na Assembleia Legislativa.

Segundo o parecer da Comissão de Fiscalização Finan-ceira e Orçamentária do Assembleia, o Estado informou que o impacto financeiro será de R$ 199,3 milhões, este ano, e que ainda não tinha sido alcançado o limite prudencial de gastos com pessoal. Isso significa que a administração terá que obter uma arrecadação extra de cerca de R$ 66 milhões por mês a partir de outubro.

A secretária de Planejamento garante que o Governo terá condições de cumprir o prometido. “Dentro da mar-gem que temos para este ano foi concedido o aumento em outubro para os policiais, assim como concedemos na data base, em projeto que será encaminhado à Assembleia Le-gislativa, 5% para as demais categorias”, afirmou Vilhena.

Os professores da rede estadual ficaram de fora das medidas. Segundo a secretária, os benefícios não foram estendidos à categoria pois ela já foi contemplada com re-ajuste aprovado no ano passado, mas que passou a vigo-rar em janeiro deste ano. A categoria refuta o argumento e mantém as reivindicações levadas ao Governo.

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estAdO de mInAs-p.15 06/08/2011meRcAdO ImOBILIÁRIO

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No primeiro semestre deste ano, foi feita uma ligação a cada 12 minutos em Minas Gerais referente à violência contra a mulher. O Estado é o terceiro que mais registrou, em números absolutos, ligações sobre a violência contra a mulher nesse período (23.430), atrás de São Paulo (32.044), em segundo lugar, e da Bahia (44.499), em primeiro.

Apesar de o foco do Ligue 180 ser o relato de denúncias de violência contra mulher, ele também registra reclamações quanto aos serviços prestados pelo Estado, por exemplo, nas delegacias e postos especializados de atendimento à mu-lher.

De acordo com o balanço do Centro Risoleta Neves de Atendimento (Cerna), em Belo Horizonte, mais de 700 vítimas procuraram atendimento psicossocial e jurídico no serviço no primeiro semestre deste ano.

O centro é vinculado à Coordenadoria Especial de Po-líticas Públicas para Mulheres (Cepam), da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese). Além de pres-tar atendimento, o Cerna encaminha as vítimas de violência física, sexual, psicológica, moral, patrimonial e homofóbica para a Rede Estadual de Atendimento.

Para Eliana Piola, coordenadora Especial de Políticas Públicas para Mulheres em Minas, a situação no Estado vem melhorando. “A lei está mais evidenciada, e os serviços es-tão sendo executados com mais qualidade. O atendimento contra a violência vem aumentando e se qualificando tam-bém, porque o serviço vem sendo aprimorado por meio da

capacitação da rede”, justificou.Mas a coordenadora reconheceu que ainda há proble-

mas. “Temos apenas duas varas responsáveis para julgar os casos previstos na Lei Maria da Penha e os acompanhamen-tos”, disse. “Essas varas têm a responsabilidade de conhecer esses casos, o que nos prejudica na contabilização desses da-dos. É preciso trabalhar com a institucionalização de delega-cias, pois falta capacitação de policial, agentes etc. A escuta desses agentes precisa ser mais humanizada”, alertou.

“O Estado tem investido na melhoria de delegacias, de pessoal, estrutura para os atendimentos e compreensão da violência com a mulher. Estamos tendo um atendimento per-manente e acompanhamento dessas mulheres”.

nO pAÍs

Disque 180 registra 130 relatos por dia

Brasília. Amanhã a Lei Maria da Penha completa cinco anos de criação. A Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) registrou, desde sua criação em abril de 2006 até ju-nho deste ano, 237.271 relatos de violência – 130 por dia –, divulgou ontem a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM). Nesses cinco anos, foram 1.952.001 atendimentos, sendo que 434.734 registros se referiam a informações sobre a Lei Maria da Penha – 22,3% .

O relatório divulgado ontem mostra que, nos 237.271 casos registrados em cinco anos, 141.838 correspondem à

O tempO-p.13 06/08/2011BALAnÇO

A cada 12 minutos, uma queixa de violência contra a mulherAmanhã faz cinco anos que a Lei Maria da Penha foi criada no país

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violência física; 62.326, à violência psicológica; 23.456 à violência moral; 3.780, à violência patrimonial; 4.686, à vio-lência sexual; 1021, ao cárcere privado; e 164, ao tráfico de mulheres. Ainda foram registradas 4.060 ligações relatando ameaças e 18.320 casos de lesão corporal leve.

De janeiro a junho deste ano, a central registrou mais de 293 mil chamadas – 15% menor do que o registrado no mes-

mo período de 2010 (343 mil casos). No primeiro semestre deste ano, o Ligue 180 registrou 30 mil relatos de violência, menos da metade do ano passado (62 mil).

Do total de 2011, 18.906 foram de violência física; 7.205, de violência psicológica; 3.310, de violência moral; 513, de violência patrimonial; 589, de violência sexual; 153, de cárcere privado; e 26, de tráfico de mulheres.

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No primeiro dia em que o teste do bafômetro passou a ser obrigatório nas blitze da Lei Seca em Belo Horizonte, 11 motoristas foram flagrados dirigindo sob o efeito de bebida alcoólica. Des-ses, cinco foram autuados pelo crime de dirigir embriagado porque estavam com teor alcoólico acima de 0,33%.

Ao todo, na madrugada de ontem, 102 veículos foram parados em opera-ções em quatro bairros da capital. No-venta e oito testes do bafômetro foram realizados, sendo que quatro motoris-tas se negaram a soprar o equipamento. Mesmo assim, eles receberam multa de R$ 957, 70 e tiveram a carteira de habilitação recolhida. Outros dois mo-toristas foram flagrados dirigindo sem a CNH.

No bairro Buritis, na região Oes-te, uma enfermeira que dirigia um Fiat Siena soprou o bafômetro e ficou com-provado 0,36% de álcool por litro de ar.

Ela foi punida com a multa e terá sete pontos computados na carteira. O do-cumento ficará recolhido por pelo me-nos três dias. A motorista vai responder a processo por embriaguez ao volante.

As blitze na capital começaram no último dia 14 dentro do projeto “Sou pela Vida”, da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). Nos três primei-ros fins de semana, 1.999 veículos fo-ram abordados, sendo que 1.087 testes foram feitos, com 154 motoristas autu-ados por infração de trânsito e outros 49 motoristas com teor alcoólico acima de 0,49 miligramas de álcool expelido por litro de ar.Betim

Égua. Em Betim, o motociclista Charles Rodrigues Rocha, 19, atrope-lou e matou uma égua da PM ao ser flagrado na contramão. Rocha foi libe-rado após prestar depoimento.

Rapaz embriagado é flagrado na contramão após calourada

Flagrado com quase 0,80% de ál-cool por litro de ar expelido, o estudan-te Gustavo Soares Caixeta, 19, voltava de uma calourada no bairro Cruzeiro, no bairro Cruzeiro, na região Centro Sul da capital, quando foi parado por policiais. O rapaz, com sinais claros de embriaguez, dirigia um Audi na contra-mão.

Os moradores da região disseram que vários motoristas deixaram a festa completamente embriagados, e com o som dos carros alto.

“Os policiais me disseram que não podiam fazer nada para acabar com a confusão”, reclamou a atendente Luci-lene Bernardo de Souza, 33. Na manhã de ontem, a reportagem de O TEMPO esteve na rua Cobre e flagrou dezenas de garrafas de cerveja e vodca espalha-das pelo chão. (RV)

O tempO-p.25 07/08/2011BAFÔmetRO

Tolerância zero nas blitze da Lei Seca pega 11 motoristasNo bairro Buritis, enfermeira bêbada não passou pelo teste do bafômetro

Solange Azevedo e Wilson Aquino “Eu usava droga com a minha mãe. Mas, mesmo assim,

amo ela”, diz o carioca A., 17 anos. “Queria que ela viesse me ver. Aposto que ia querer se curar também.” Depois do desaba-fo, esse adolescente, de corpo franzino e face marcada pelo so-frimento, caiu no choro. Morador da favela de Manguinhos, um dos maiores pontos de venda de crack da capital fluminense, ele costumava passar dias perambulando por outras comunidades e acabava dormindo na rua. Foi assim até ser pego por uma equipe da prefeitura e levado para um abrigo público. A. é um dos 84 menores de idade recolhidos entre 30 de maio – quando uma espécie de “choque de ordem” começou a vigorar na cida-de – e a quinta-feira 4. Chamada tecnicamente de “acolhimento compulsório”, essa medida foi determinada pela Justiça, que atendeu a um pedido da promotora Ana Cristina Huth Macedo, do Ministério Público do Estado. Ana Cristina acredita que tirar os dependentes de crack das ruas, mesmo contra a vontade, é a única maneira de tentar salvar a vida deles.

A política carioca é polêmica e tem pautado discussões de grupos que lidam com o público infantojuvenil nas últimas se-manas: juristas, médicos, defensores dos direitos humanos. “O administrador público que não fizer nada para proteger crianças e adolescentes que estão nessa situação deve ser considerado

negligente”, alega a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. “Visitei um dos abrigos e vi crianças destruídas pelo crack, com as mãos e os pés queimados, em crise de abstinência.” Maria do Rosário constatou que o programa tem problemas – como a condução imediata dos recolhidos para a delegacia, mesmo sem flagrante delito, a contratação de profissionais que não são ligados ao Sistema Único de Saúde, a falta de planos individuais de aten-dimento e, também, de avaliações periódicas para analisar as condições de reintegração familiar dos abrigados. Apesar disso, se forem feitos os devidos ajustes, a ministra afirma que a ini-ciativa pode se tornar um exemplo positivo. “O crack também é uma forma de prisão”, diz Maria do Rosário. “Essas crianças precisam recuperar o direito de viver.”

Depois da implantação do recolhimento compulsório no Rio, a Prefeitura de São Paulo começou a estudar a adoção de um programa semelhante na capital paulista e deputados fede-rais passaram a debater o assunto em Brasília. “Mas não adian-ta só tirar da rua no período agudo da doença”, afirma o depu-tado Osmar Terra (PMDB-RS). “O ideal é que haja uma boa rede de suporte à saúde, que as crianças possam voltar para a escola e, se possível, para a família. Caso contrário, sou a favor de que elas fiquem abrigadas até completarem 18 anos.” Terra

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O que fazer com as crianças do crack?A polêmica internação forçada de menores de idade dependentes da droga que está em vigor

no Rio de Janeiro pode se expandir em São Paulo e se espalhar pelo País

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cOnt...RevIstA IstO é –p.62 A 64 10/08/2011é autor de um projeto de lei que prevê a internação forçada de crianças e adultos dependentes de drogas. O deputado con-ta que, em 2007, quando era secretário de Saúde do Rio Grande do Sul, 80% dos internados em hospitais psiquiátricos do Estado por serem dependentes químicos eram viciados em crack e metade dos as-sassinatos ocorridos em terras gaúchas tinham relação com essa droga.

O crack – uma mistura de pasta bá-sica de coca com substâncias diversas, como bicarbonato de sódio, amônia e água – chegou ao Brasil na década de 90. De lá para cá, o consumo explodiu. De acordo com o Ministério da Saúde, 600 mil brasileiros são viciados na droga. Es-pecialistas menos conservadores calcu-lam que o número chegue a um milhão. O deputado Terra vai mais longe: “A Confederação Nacional dos Municípios está fazendo um levantamento e estima que 1% da população brasileira seja de-pendente da droga. São quase dois mi-lhões de pessoas.” O crack produz efeitos mais avassaladores do que a cocaína. Por ser uma droga barata, se espalhou com rapidez pelo País. “Comecei com ma-conha, aos 11 anos. Quando cheguei no crack, não consegui mais parar”, relata L., 17 anos, internada compulsoriamente no Rio de Janeiro. A adolescente, grávi-da de oito meses, conta que se prostituía e apanhou muito na rua. Exibe as duas mãos furadas à bala. “Foram os trafican-tes”, lembra. “Me castigaram porque eu roubava na área deles.”

Dramas como esse são comuns em várias partes do Brasil. Para o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, coordenador-geral do Programa de Orientação e Aten-dimento a Dependentes da Universidade

Federal de São Paulo, no entanto, o que se propõe no Rio é uma “medida heroi-ca”. Ele garante que, na maior parte dos casos, não é a droga que empurra os usu-ários para as ruas. É o contrário. É a con-dição degradante de viver em situação de rua, vulnerável, que faz muitos cidadãos se tornarem dependentes. Embora as au-toridades cariocas tenham vendido o pro-jeto que está em curso como um resgate dos viciados em crack, não são apenas os que têm esse perfil que estão sendo recolhidos. Uma porção das crianças e adolescentes foi entregue aos Conselhos Tutelares ou encaminhada para abrigos comuns. “É evidente que se trata de uma política higienista que simplifica o pro-blema”, afirma Luís Fernando Vidal, da Associação Juízes para a Democracia. “Precisamos negar o nosso lado perver-so, sequestrar e tirar das nossas vistas aquelas pessoas que nos chocam.”

A juíza Ivone Ferreira Caetano, au-tora da sentença que determina o acolhi-mento compulsório, reclama das críticas. “Alguém, por acaso, se manifesta quan-do um pai que pode pagar uma clínica particular resolve internar seu filho con-tra a vontade?”, pergunta. “Eu nunca vi. Quando o pai não quer ou não pode, o poder público tem que fazer esse papel.” Rodrigo Bethlen, secretário da Assistên-cia Social do município e que comanda o programa, faz coro. “Eu, sinceramen-te, acho que essa gente nunca viu uma cracolândia”, diz. “Quero saber que di-reitos humanos são defendidos nesses lugares.” A Prefeitura do Rio de Janeiro, segundo a ministra Maria do Rosário, não está cometendo ilegalidades, já que o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê a adoção de medidas como forma

de proteção aos menores de idade. “Não fazer é política de desassistência”, afirma o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, da Uni-dade de Pesquisas em Álcool e Drogas. “Um terço dos usuários de crack que têm família morre. Imagine os que não têm! A internação tira a pessoa da situação de risco. Mas, também, se não houver estra-tégias posteriores para que ela se reabili-te socialmente, não adianta. E isso ainda não existe no Brasil.”

Favoráveis ou não à internação compulsória, num ponto os médicos con-cordam: a internação, tanto a voluntária quanto a forçada, é apenas uma das for-mas de tratamento. “O importante é des-cobrir, caso a caso, o que funciona para cada paciente. Para alguns, o acompa-nhamento ambulatorial é o mais adequa-do. Para outros, o melhor é passar algum tempo num hospital ou numa comunida-de terapêutica”, afirma o psiquiatra Pe-dro Daniel Katz, diretor técnico do Ser-viço de Atenção Integral ao Dependente, único hospital público da cidade de São Paulo voltado exclusivamente a viciados em drogas. Nos últimos dois anos, 70 menores de 18 anos em situação de rua foram internados contra a própria von-tade na capital paulista. “A dependência química é uma doença multifatorial e as recaídas são comuns. O sucesso do trata-mento depende do tempo de acompanha-mento e da reintegração social do pacien-te”, relata Katz. “Estudos mostram que, nos Estados Unidos, quando esse acom-panhamento é feito durante dois anos ou mais, o índice de sucesso pode chegar a 65%. O foco apenas na internação, isola-damente, não funciona. É jogar o proble-ma para debaixo do tapete.”

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Daniela Garcia* - Do Hoje em Dia - 8/08/2011 - 04:09 Uma criança nasce na favela, fruto de gravidez não pla-

nejada. Os pais são adolescentes. Abandonam os estudos, alugam um barracão e, juntos, ganham o equivalente a meio salário mínimo. Para manter a casa, se submetem a longas jornadas de trabalho e passam poucas horas com o filho.

Esse cenário de vulnerabilidade se repete com milhões de pequenos brasileiros e põe em xeque os seis primeiros anos da vida deles, uma fase considerada essencial para o desenvolvimento, na avaliação de médicos, educadores e psicólogos. No país, cerca de 10 milhões de meninos e me-ninas até seis anos de idade estão abaixo da linha de po-breza, segundo dados do Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância (Ciespi). Vivem em famílias com renda per capita inferior a R$ 6,80 por dia, conforme valores

de 2009. Para especialistas, a chamada “primeira infância” é um

período fundamental para o aprendizado. Mas tem sido com-prometida pela miséria no Brasil. Por isso, o Ciespi enviou um relatório com esses números para o governo federal. No Plano Nacional pela Primeira Infância estão traçadas diretri-zes gerais que o país deverá colocar em prática até 2023 para que crianças de até 6 anos de idade possam se desenvolver normalmente.

A Secretaria de Defesa Social de Minas (Sedese) não informa se mantém projetos para menores nessas condições. O banco de dados do Ciespi não tem um levantamento es-pecífico sobre crianças de até 6 anos em cada estado, mas estima que 438.728 mineiros de até 15 anos vivem abaixo da linha da pobreza.

Uma doméstica de 42 anos, mãe de uma jovem de 24, dependente quí-mica, internada mais de 70 vezes, pede na Justiça a interdição da filha. Sônia Cristina Moreira disse que não conse-gue encontrar uma outra solução. Na madrugada de ontem, Carolina Morei-ra Alves Pereira fugiu de casa, no bair-ro Boa Vista, na região Leste de Belo Horizonte, após roubar o celular do pa-drasto para comprar drogas.

A doméstica conta que o vício da filha começou por influência de amigos quando a jovem tinha apenas 14 anos. “Primeiro ela experimentou maconha com amigos, depois disso passou para a cocaína e terminou no crack”.

Quando Carolina estava com 17 anos, a mãe já não tinha mais controle sobre a filha, que passou a cometer fur-tos para manter o vício. “Nestes últimos anos, já a internamos mais de 70 vezes e ela se recusa a fazer o tratamento”.

Sônia, que tem outras duas filhas, disse que a jovem foi encaminhada a hospitais psiquiátricos e clínicas de tra-tamento para dependentes químicos. O máximo de tempo que ela ficou inter-nada foram seis meses, segundo a dona de casa.

Agora, um advogado está pre-parando a documentação para pedir a internação imediata da jovem. “Estou aguardando o processo da Justiça para interdição da minha filha. Já estou pre-parando a documentação para que ela seja internada imediatamente. Se não fizer isso, não tenho mais o que fazer”.

O presidente da ONG Defesa So-cial, Robert William, que oferece assis-tência a parentes de dependentes quími-cos, disse que o processo de interdição está na Vara de Justiça de Família de Belo Horizonte há dois anos. William explica que a ONG tenta uma interna-ção involuntária em São Paulo, mas a dificuldade é o preço do tratamento: R$ 14 mil.

O processoInterdição. Com o pedido de inter-

dição da Justiça, os pais abrem mão da guarda do filho. Nesse caso específico, a doméstica Sônia Cristina Moreira pretende assumir a responsabilidade por todos os atos legais da filha, como abrir conta em banco e assinar docu-mentos.

Trâmites. A mãe diz não conseguir encontrar uma solução para controlar o

vício da filha. O recurso está em julga-mento na 5ª Vara Cível da Família há dois anos e até ontem não havia sido julgado.

Estado só interna os que aceitam tratamento

A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que o Estado oferece internações para dependentes químicos que aceitam o tratamento. É necessário ligar para o telefone (155) ou seguir pessoalmente ao SOS Drogas (rua Rio de Janeiro, 471, centro da ca-pital).

Em casos de internação involun-tária, a Seds explica que, assim que a Justiça determina a internação do usuá-rio, o dependente é encaminhado a uma instituição para tratamento.

Minas tem 3.000 vagas de interna-ções em 31 instituições, mas estima-se que seria necessário o dobro de vagas. Na última terça-feira, no lançamento do programa “Aliança pela Vida”, 36 dependentes químicos foram acolhidos na Cracolândia, na Lagoinha. Quatorze aceitaram ser encaminhados a centros de reabilitação. (JA)

O tempO-p.26 06/08/2011jUstIÇA

Mãe pede interdição da filha viciada em crackProcesso está na Justiça há dois anos; tratamento fora de MG custa R$ 14 mil

hOje em dIA-p.1 08/08/2011minas

Miséria condena desenvolvimento de 10 milhões de criançasPesquisa mostra que pobreza ameaça desenvolvimento físico e

psíquico de 10 milhões de brasileiros de até 6 anos

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cOnt...hOje em dIA-p.1 08/08/2011“É injusto e inaceitável que crianças dessa idade não

recebam os estímulos necessários para que se desenvolvam tanto nas suas estruturas física e psíquica quanto nas habi-lidades sociais”, analisa a professora da Pontifícia Univer-sidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e diretora do Ciespi, Irene Rizzini. Ela alerta que as experiências vividas nessa fase da vida influenciam, para sempre, a pessoa e sua relação com quem a rodeia.

O problema não está apenas no orçamento apertado. Condições precárias de segurança e de alimentação, falta de saneamento básico e até o estresse vivido pelos pais devido ao dinheiro curto podem afetar todos os aspectos do desen-volvimento dos filhos.

É o que acontece com a família de Maraline Mendes da Costa, de 26 anos, moradora da Vila Madre Gertrudes, na Região Oeste de Belo Horizonte. Mãe de duas crianças com 4 e 7 anos, ela afirma que a insegurança e o medo a acompa-nham por todo o dia.

Ao sair para trabalhar, de manhã, a faxineira fica teme-rosa por deixar a filha mais velha, Júlia, sozinha em casa. À tarde, enfrenta a ansiedade de buscar alternativas para au-mentar a renda mensal de apenas R$ 320. À noite, diz que por vezes não consegue dormir, com medo dos usuários de crack que ocupam uma casa abandonada ao lado do barracão dela.

Mas o momento de maior aflição para a família é o perí-odo chuvoso. A casa de Maraline fica em uma área de risco, bem em frente ao Córrego Ferrugem. “Quando o rio começa a encher, pego as crianças, vou para a BR-040 e espero até a chuva passar”, conta. “Me sinto completamente incapaz por não poder dar um lugar melhor para meus filhos”.

Mesmo que os pais tentem poupar a prole, esse clima de insegurança acaba por afetar as crianças, avalia Irene. “A família é a primeira referência. Se os adultos ficam angus-tiados porque não têm dinheiro ou por conta do tiroteio no morro, é certo que as crianças vão sofrer com esse cotidiano de medo”.

Fase requer atenção especialNos seis primeiros anos de vida, as crianças são mais

frágeis e precisam de uma proteção especial da família, ex-plica Irene Rizzini, professora da PUC Rio e diretora do Ciespi. “É um tempo de vulnerabilidade pelo qual todos nós passamos. Uma etapa que demanda um ambiente seguro, acolhedor e propício ao desenvolvimento das nossas poten-cialidades”, diz.

Por isso, Irene defende que pais e gestores públicos as-sumam de fato o compromisso de proporcionar esse ambien-te de estímulos na primeira infância. A professora afirma que o caminho para terminar com a desigualdade no país depen-de de como estão vivendo os menores nessa faixa etária. “A família pode ser pobre e dar o maior carinho para o filho. Mas não tem água limpinha para ele tomar banho. Como dá para crescer em um ambiente assim?”, questiona.

A diretora do Ciespi espera que a entrega do Plano Na-

cional da Primeira Infância à Presidência da República e a outras autoridades as leve a dedicar políticas mais eficazes a esses meninos e meninas. Nas próximas etapas do plano estão previstos o aperfeiçoamento das soluções pelo Poder Executivo e o encaminhamento das propostas ao Congres-so.

Desnutrição, a maior ameaçaNa fase inicial da vida há dois momentos principais de

desenvolvimento da criança, explica a Presidente do Comitê de Neurologia Infantil da Sociedade Mineira de Pediatria, Marli Marra de Andrade. Primeiro acontecem as transfor-mações neuromotoras e da linguagem. Já na maturação, se desenvolvem os aspectos psicológico e emocional.

Para a médica, a desnutrição é o reflexo mais cruel da pobreza. “Nos primeiros anos, o cérebro ainda está sendo formado e a criança precisa de uma alimentação adequada. A falta disso pode atrapalhar a anatomia cerebral e a for-mação de milhares de células”. A situação pode se agravar se a mãe, durante a gravidez, não se alimentou direito ou usou álcool e drogas. “O bebê pode sofrer um retardo ou um transtorno mental”.

Situação é pior entre negros e pardos

A maioria das crianças com idade até 6 anos é negra ou parda, segundo dados do Ciespi. Elas representam 60% do total de brasileiros nessa faixa etária. Menores de pele escura também enfrentam índices mais elevados de pobre-za (55%) em comparação com crianças brancas (32%). “A diferença deixa claro que investimentos públicos voltados para o desenvolvimento infantil devem priorizar negros e pardos”, afirma Irene Rizzini.

A pesquisa destaca ainda a questão da falta de sanea-mento básico. No Brasil, 46% da população infantil urbana vive sob essas condições e 95% da rural reside em domi-cílios onde o abastecimento de água e a coleta de esgoto não existem ou são precários – o que acarreta vários danos à saúde.

Dramas que a dona de casa Lucélia de Fátima Rosa Sil-va, de 23 anos, conhece bem. Mãe de quatro filhos com idade entre 6 meses e 9 anos, sobrevive com os R$ 150 que recebe do programa Bolsa Família, do Governo federal. O marido é servente de pedreiro mas, dependente químico, quase não coloca dinheiro em casa.

Eles moram em um barraco de dois cômodos às mar-gens da linha férrea, na Vila Tiradentes, em Montes Claros. O telhado de amianto está quebrado e Lucélia não sabe o que fazer para cobrir o buraco antes das chuvas. A casa não tem piso de alvenaria e o banheiro está estragado. Sem cama, o filho mais velho dorme no chão, forrado apenas com um lençol.

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cOnt...hOje em dIA-p.1 08/08/2011A família passa por todo tipo de privação. Carne bovina,

só há aos sábados. Nos outros dias, o cardápio tem arroz, fei-jão, verduras e macarrão, doados pelo Serviço Voluntário de Ação Social de Minas Gerais (Servas). O leite das crianças também é recebido por meio de um programa assistencial.

Sem estudo, a mulher que não consegue calcular sequer quanto ganha – “São três notas de R$ 50, o total eu não sei” – cursou apenas a 1ª série do Ensino Fundamental. Alega não poder voltar à sala de aula pois precisa cuidar dos filhos, e faz questão de ser protetora. Nem cogita a hipótese de per-der a guarda das crianças.

Escola é aliada no resgate da infância

Sala de aula serve de refúgio para que crianças pobres e sem ambiente para aprendizado em casa se

desenvolvamDaniela Garcia - Do Hoje em Dia - 8/08/2011 - 10:41 Como falta um ambiente propício para o aprendizado

dentro de casa, a escola tem sido um refúgio para que as crianças de até seis anos de idade se desenvolvam. É o que afirmam os especialistas e o que constatam, no cotidiano, os profissionais da Escola Municipal Professor Christovam Colombo dos Santos, no Bairro Estoril, na Região Oeste de Belo Horizonte.

A instituição de Educação Infantil oferece 360 vagas, em dois turnos, para crianças de três a cinco anos. Cerca de 70% delas são direcionadas para famílias abaixo da linha da pobreza, segundo a vice-diretora, Anadete de Sá Silveira.

As dificuldades de aprendizado e de convivência dos estudantes pobres são nítidas quando comparadas às dos ou-tros alunos da escola, analisa a coordenadora pedagógica, Mônica Rios Martins. “A criança chega aqui como se fosse uma folha em branco. Não sabe diferenciar amarelo de ver-de”, cita.

Essa realidade é resultado da pouca interação que ocor-re entre os pais e os filhos, segundo a professora da Pontifí-cia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) Ire-ne Rizzini. “Todos os objetos em uma casa representam um novo mundo a ser explorado pelo menor. O adulto deve estar por perto para ensinar a função de cada um deles”, diz.

Ciente das condições precárias de vida da maioria dos alunos, Mônica costuma recomendar aos pais orientar os fi-lhos com elementos do dia a dia. “Se for pegar um ônibus, pergunte à criança: ele é vermelho ou azul?”, ensina a pe-dagoga.

O uso de poucas palavras também é comum entre os alunos da instituição, segundo a coordenadora pedagógica. Há três anos, quando entrou na escola, Bruna Alves, de 6 anos, não gostava nem de conversar e tinha dificuldades de socialização. Mas, agora, topa até posar para fotos. “E a lin-guagem dela já melhorou muito”, afirma a vice-diretora.

Na opinião das educadoras do colégio, os alunos ma-nifestam esses bloqueios com a fala porque a família não

costuma estimular o diálogo. “As mães não conversam com os filhos”, lamenta Anadete. Para reverter o quadro, a escola distribui, no começo de cada semestre, um caderno com ati-vidades para que pais e filhos executem juntos, a cada sema-na. “Mas, ao invés de fazer da maneira como a gente sugere, as mães preenchem de uma vez só o que deveria ser feito ao longo de seis meses”, conta.

Alunos entre 3 e 6 anos que reagem com agressividade às ordens das professoras também fazem parte da rotina da escola, segundo a vice-diretora. Na tentativa de contornar a situação, apenas de janeiro a junho foram realizados mais de cem encontros com pais para discutir a conduta violenta des-ses menores. “A reação dessas crianças, geralmente, reflete o que elas veem em casa”, afirma Anadete.

Outra possível causa para esse comportamento é o cli-ma de ansiedade vivido em casa, segundo a presidente do Comitê de Neurologia Infantil da Sociedade Mineira de Pe-diatria, Marli Marra de Andrade. “O distúrbio de conduta, a rebeldia, a depressão e o nervosismo podem ser gerados pelo ambiente de instabilidade em que esses meninos estão inseridos”, diz.

A médica explica que, caso o contexto de pobreza não mude na vida dessas crianças, são altas as chances de que elas se tornem adolescentes fragilizados nos âmbitos inte-lectual e emocional. “Mais suscetíveis, portanto, à depressão e ao uso de drogas”, avalia Marli.

Atitudes no tempo certoMarcos na vida do bebê como engatinhar, falar as pri-

meiras palavras ou realizar atividades como tomar banho sozinho podem demorar a acontecer por falta de estímulos vindos da família, assegura a neurologista Marli Marra de Andrade. Para crianças que nascem na época certa, aos nove meses de gestação, são esperadas determinadas atitudes até os 6 anos. Outras ações, quando não acontecem, represen-tam um motivo para procurar ajuda médica.

Marli explica que entre os seis e os nove meses, por exemplo, o bebê já deve conseguir se sentar sem apoio. En-tre os oito e os 12 meses, é hora de engatinhar pela casa. Também espera-se que, com até 1 ano e dois meses, ele con-siga andar sem ajuda.

Apesar de ter 1 ano e quatro meses de idade, Vitória ainda não deu os primeiros passos, conta a mãe Andréia Go-mes de Souza, de 28 anos. Enquanto ela dava entrevista, a menina não saiu de seu colo. O bebê tem dois irmãos, de 5 e 10 anos. Todos moram na Vila Madre Gertrudes, na Região Oeste de BH.

Pronunciar apenas as palavras “papá” e “mamã” é outro indício de que o desenvolvimento da garotinha pode estar comprometido. Nessa idade, espera-se que a criança use en-tre três e cinco palavras.

Para um desenvolvimento normal, a médica sugere que os pais comecem a falar com o filho quando ele ainda esti-ver na fase de colo. “Podem também cantar músicas e usar brinquedos, como chocalhos”, ensina Marli.

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Com o passar do tempo, os adultos devem manter o di-álogo com as crianças. Aos 5 anos, devem ser corrigidas ao pronunciar alguma palavra errado. A neurologista também indica o uso de brinquedos pedagógicos coloridos, que esti-mulam o aprimoramento intelectual dos pequenos.

A recusa da criança de até 6 anos em se divertir é uma atitude que deve ser levada a sério pelos pais. Para Marli, é

um sinal de que algo está atrapalhando o desenvolvimento. Júlia, de 7 anos, costuma dizer que não gosta de brincar. No tempo livre, ela prefere ajudar a mãe, Maraline Mendes da Costa, de 26 anos, a arrumar a casa. “Ela nunca foi muito de brincar”, explica Maraline, enquanto a filha, tímida, confir-ma, acenando com a cabeça.

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O GloboO ministro Marco Aurélio Mello, do

Supremo Tribunal Federal (STF), defen-deu ontem o aumento de 33 para 66 no nú-mero de integrantes do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A proposta ajudaria o tri-bunal a combater as montanhas de proces-sos que abriga. Em compensação, oneraria as finanças públicas.

No ano passado, o STJ gastou quase R$ 704 milhões com a folha de pagamen-to. A proposta foi feita no mesmo dia em que o presidente do STF, ministro Cezar Peluso, enviou ao Palácio do Planalto pro-posta de orçamento para o Supremo em

2012 no valor de R$ 614 milhões.Marco Aurélio entregou ofício com

sua ideia a Peluso. Os ministros do STF deverão votar a proposta, que, se aprova-da, será encaminhada ao Congresso como projeto de lei. Última instância de apelação para processos que não tratam da Consti-tuição, o STJ distribuiu aos ministros no ano passado mais de 228 mil processos. Ao fim do ano, quase 193 mil ações aguar-davam o primeiro julgamento.

— É um verdadeiro caos. A situação no STJ é muito pior que no Supremo — disse Marco Aurélio.

Brasília – A nova licença médica do ministro Joaquim Barbosa e a apo-sentadoria da ministra Ellen Gracie de-verão congelar a pauta de julgamentos do plenário do Supremo Tribunal Fe-deral (STF) neste mês. Dificilmente o presidente da Corte, Cezar Peluso, co-locará em votação este mês processos polêmicos, de grande repercussão e que estavam previstos para agora, como a interrupção de gestações de fetos com anencefalia e a ocupação de terras por cerca de 3 mil comunidades formadas por remanescentes de quilombos.

Barbosa, que já acumula a marca de 120 dias de afastamento por proble-mas de saúde nos últimos dois anos, está de licença médica desde o dia 1º para se recuperar de uma cirurgia no

quadril. A licença começou um dia de-pois do fim das férias de julho dos mi-nistros e, de acordo com informações da assessoria de Barbosa, ele deverá voltar ao Supremo no dia 31. Quanto a Ellen Gracie, apesar de não haver uma confirmação oficial, ela deverá se apo-sentar nos próximos dias.

Com essas baixas, a composição temporária do STF será de nove minis-tros, em vez de 11. A situação repete o quadro vivido no mesmo período há um ano. Em agosto de 2010, Barbosa também tirou licença médica e o então ministro Eros Grau se aposentou.

Em conversas reservadas, integran-tes do tribunal reclamam que ficarão sobrecarregados neste período em que a Corte estará com menos dois com-

ponentes. E advogados com processos no gabinete de Barbosa já começam a se movimentar para tentar garantir que seus processos “andem” neste mês.

No dia 4, por exemplo, o advoga-do José Eduardo Alckmin, que defende Cássio Cunha Lima, pediu formalmen-te ao STF que redistribua para outro ministro um pedido de liminar que, se concedido, garantirá a posse do políti-co no Senado Federal. Cunha Lima foi barrado na eleição do ano passado por causa da Lei da Ficha Limpa. No en-tanto, depois o Supremo concluiu que a lei não poderia ter impedido a candida-tura de políticos em 2010.

estAdO de mInAs-p.4 08/08/2011jUstIÇA

Supremo com a pauta congelada

O gLOBO-p.12 05/08/2011política

Marco Aurélio defende dobrar tamanho do STJ Proposta elevaria número de ministros de 33 para 66 e oneraria as finanças públicas

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O caso do desaparecimento de Eliza Samudio, a ex-namo-rada do goleiro Bruno Fernandes de Souza - preso há pouco mais de um ano na Penitenciária Nelson Hungria, em Conta-gem -, voltará a ser tratado pela Justiça mineira nesta semana. Dessa vez para julgar recursos das defesas dos acusados e tam-bém da acusação.

Os advogados de Bruno e de mais três réus querem livrá-los do júri popular. Por outro lado, o Ministério Público Esta-dual (MPE) quer incluir no julgamento mais quatro acusados de participar no desaparecimento e morte de Eliza Samudio, conforme apontou a investigação policial. O recurso é do pro-motor Gustavo Fantini.

A decisão caberá ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais e está marcada para sair na próxima quarta-feira. No fim do ano passado, a juíza Marixa Rodrigues, do Tribunal do Júri de Con-tagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, decidiu que quatro dos nove réus no processo vão a julgamento popular, ainda sem data para acontecer.

Além do ex-goleiro do Flamengo, a juíza decidiu que Luiz Henrique Romão, o Macarrão, amigo e braço-direito de Bruno, Sérgio Rosa Sales, que é primo do goleiro, e Marcos Apare-cido dos Santos, o Bola, ex-policial apontado como executor do homicídio, devem ir a júri popular. Além deles, um menor, também primo do jogador cumpre medida socioeducativa sob acusação de ter participado do crime.

Os outros suspeitos, entre eles a ex-mulher de Bruno, Dayanne de Souza, e Fernanda Gomes Castro, com quem o jogador estaria se relacionando na época do sumiço de Eliza, respondem ao processo em liberdade. Elenilson Vitor da Silva, caseiro do sítio de Bruno em Esmeraldas, na região metropoli-tana, e Wemerson Souza, o Coxinha, amigo do goleiro também estão soltos.

Na decisão de 2010, a juíza determinou que apenas o réu Flávio Caetano de Araújo, ex-motorista do jogador, fosse reti-rado do rol de acusados pelo crime.

O tempO-p.14 08/08/2011Eliza Samudio.No mesmo dia, TJ analisa recurso do Ministério Público para incluir mais suspeitos no júri

Pedido para livrar Bruno de júri será julgado na 4ªExpectativa. Semana será decisiva para jogador e outros três réus

O gLOBO-p.19 07/08/2011

Quadrilha negociava carvão ilegal em 6 estados

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cOnt...O gLOBO-p.19 07/08/2011

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Landercy HemersonPublicação: 08/08/2011 04:00 Uma operação conjunta de agentes da Divisão de Orien-

tação e Proteção à Criança e ao Adolescente (Dopcad) e co-missários do Juizado da Infância e da Juventude, realizada ontem à tarde, colocou fim a uma festa em que adolescentes de 14 anos faziam uso de bebidas alcoólicas. Cerca de 60 jovens foram apreendidos. O evento ocorria num imóvel na Rua Etelvina Andrade Pereira, 2, no Bairro Maria Helena, Região de Venda Nova. A casa pertence a um vereador de Ribeirão das Neves, na Grande BH, que teria alugado o es-paço para a promoção.

Há pouco mais de um mês, numa ação semelhante na Região Centro-Sul, 109 menores foram detidos durante uma festa inspirada no filme “American Pie”, em que jovens per-dem a virgindade e fazem uso abusivo de álcool. No local, os agentes flagraram adolescentes com bebidas alcóolicas, além de uma garota fazendo striptease. A fotógrafa Cristiane Ferreira é investigada pela polícia, suspeita de promover o evento.

O inspetor Carlos Almeida, da Dopcad, que comandou a operação policial de ontem, disse que esse tipo de festa atraindo adolescentes tem aumentado na capital. Além da bebida liberada, os organizadores usam o apelo sexual, com nomes e cartazes insinuantes. No Maria Helena, o evento ganhou o nome de “Senta firme” e tinha como alvo fãs do funk.

“Recebemos uma denúncia anônima, no meio da sema-na passada, informando que seria realizada a festa, que vinha atraindo adolescentes da Região de Venda Nova. Iniciamos

as apurações e constatamos que estavam sendo vendidos in-gressos a R$ 30 o masculino e R$ 5 o feminino, com bebida liberada”, contou o inspetor.

Policiais disfarçados compraram ingressos e se infiltra-ram no evento, que começou às 11h. Depois de constatar o consumo de bebida alcóolica liberada a menores, uma equi-pe de 28 agentes da Dopcad e seis comissários fizeram um cerco no local. Com um adulto, foi apreendido um papelote de cocaína em sua bolsa. Pelo menos cinco buchas de maco-nha foram encontradas jogadas no chão.

INTIMAÇÃO O homem flagrado com a porção de co-caína foi preso pela posse de entorpecente e levado para o plantão da Delegacia Regional de Venda Nova. A maioria dos adolescentes foi encaminhada ao Juizado da Infância e Juventude. Alguns foram entregues aos seus pais no local, mediante assinatura de termo de compromisso. De acordo com o inspetor Almeida, o dono do imóvel e o promotor da festa foram identificados e devem ser intimados durante as apurações policiais.

AtropeladoUm homem de 84 anos, não identificado, morreu atro-

pelado ontem à noite no km 25 da MG-030, no trecho entre Nova Lima e Rio Acima, na Grande BH. O motorista do carro, um Monza vermelho, parou para socorrer o idoso, mas ele já estava morto. Diante da ameaça de moradores do local, o condutor abandonou o veículo e fugiu a pé, temendo ser linchado. Policiais militares rodoviários isolaram o local, e o trânsito ficou lento no trecho.

estAdO de mInAs-p.2 08/08/2011FLAgRAnte

Farra interrompida Cerca de 60 jovens e adolescentes são detidos em festa no Bairro Maria Helena, Região de Venda Nova

Com 40 anos, o prédio onde funciona a 1° Delegacia Regional de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, está em péssimas condições por falta de manutenção. A situação é tão complicada que os presos precisam usar o banheiro de um bar em frente ao local, pois o da delegacia foi desativado.

De acordo com um poli-cial que pediu para não ter o nome divulgado, quem traba-lha no prédio também enfren-ta problemas devido à falta de infraestrutura. “Os móveis são velhos e sempre o prédio apre-senta problemas”, reclama.

Outro problema grave, de acordo com o policial, é que os

menores de idade, mulheres e homens conduzidos à unidade precisam aguardar o desenrolar das ocorrências em um mesmo espaço, sem divisórias.

Procurada ontem pela re-portagem, a Polícia Civil não se pronunciou sobre a situação da delegacia.

O tempO-p.26 06/08/2011UBeRLÂndIA

Presos são obrigados a usar banheiro de bar

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estAdO de mInAs-p.22 06/08/2011

O risco do internauta cometer cri-mes ou mesmo ser vítima de criminosos virtuais fez o advogado Rony Vainzof elaborar uma espécie de cartilha com os dez mandamentos das redes sociais. “O crescimento no número de crimes cibernéticos no Brasil tem sido de 20% a 30% por ano”, informou o advogado sócio do Opice Blum Advogados Asso-ciados.

Rony explica que a pessoa deve pensar muitas vezes antes de colocar qualquer coisa na internet. “Porque ela está se manifestando em um meio que todo mundo tem acesso. A internet não dá direito a arrependimento”, diz. Ou-tro mandamento do advogado é uma coisa que pouca gente faz: ler atenta-mente os termos de uso de contratos das redes sociais antes de assiná-los digitalmente.

O advogado Rony Vainzof consi-dera que a conduta inadequada na in-ternet é estimulada porque quando a pessoa está atrás do computador, não tem o contato com a vítima e tem a sen-sação de anonimato. As más condutas mais comuns na rede são relacionadas

a crimes contra a honra: ciberbulling, ofensas sem propósito, fraudes bancá-rias no internet banking e concorrência desleal. “Até droga, maquiada com no-mes diferentes e palavras distintas, são vendidas na internet”, informou Rony Vainzof.

Os casos de cyberbullying tam-bém tem provocado muitos estragos. “Nos últimos anos já vimos casos gra-víssimos de jovens se suicidando em razão de gravíssimos casos de cyber-bullying”, disse. Outros problemas, citados pelo advogado, são trabalhado-res que expõe segredos industriais aos concorrentes “por irresponsabilidade ou intencionalmente”.

As penalidades para os crimes na internet ainda são muito baixas. De acordo com Vainzof, elas não passam de dois anos. “Quando o legislador criou essas leis não sabia que ia existir um potencial tão grande quanto à inter-net”, afirmou.

Para o advogado, a educação di-gital é necessária. “O computador tem que ter também um antivírus atualiza-do e as pessoas não devem navegar em

sites que oferecem coisas gratuitamen-te”, aconselha. Dois casos que ainda não possuem legislação específica no Brasil, e por isso mesmo não têm pe-nalidades previstas, são a disseminação de código malicioso (vírus) e invasão de domicílio eletrônico.

AmeAÇABrasil é alvo importante

de criminososO vice-presidente da F-Secure para

América Latina, Ascold Szymanskyj, disse que o Brasil é um dos principais alvos de cibercriminosos, mas também um grande polo gerador de ameaças cibernéticas. “Já monitoramos qua-se 600 tipos diferentes de vírus para smartphones. A partir do momento em que um vírus como esse é identificado, estudamos seu código e desenvolve-mos vacinas para distribuir aos nossos clientes”, explicou o executivo. Szy-manskyj disse que uma das razões para essa vulnerabilidade é, sem dúvida, o crescente acesso à internet por parte da população. (HL)

O tempO-p.12 06/08/2011 Redes

Educação digital evita que a pessoa cometa crimes sem quererBrasil já tem cerca de 600 tipos de vírus identificados para smartphones

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cOnt...O tempO-p.12 06/08/2011

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FOLhA de sp-p.A9 07/08/2011

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FELIPE SELIGMANDE BRASÍLIA A sucessão da ministra do STF

(Supremo Tribunal Federal) Ellen Gra-cie mal começou e da disputa surgem os nomes de sete mulheres.

A Folha ouviu de ministros do Su-premo, juristas e petistas próximos ao Planalto suas apostas sobre quem será a terceira integrante do sexo feminino a ocupar uma cadeira no tribunal.

O lobby em favor das mulheres vem de todos os lados. A ministra do STM (Superior Tribunal Militar), Ma-ria Elizabeth Rocha, tem apoio do mi-nistro Dias Toffoli, seu amigo, e de José Dirceu, réu no processo do mensalão.

Indicada à corte militar pelo ex-presidente Lula, trabalhou na subchefia de assuntos jurídicos da Casa Civil de 2003 a 2007.

No STM, julgou o pedido da Folha para ter acesso ao processo de Dilma quando foi presa durante a ditadura

(1964-85). Apesar de ter votado favo-ravelmente ao jornal, foi responsável por interromper o julgamento, que só voltou a ocorrer após a eleição.

A juíza do Tribunal Penal Inter-nacional Sylvia Steiner está na disputa porque seu mandato na corte, com sede em Haia (Holanda), termina em 2012, e o cargo é uma das opções visadas por Ellen depois de deixar o Supremo.

Juíza federal, é benquista pelo pre-sidente do STF, ministro Cezar Peluso, e por Ricardo Lewandowski.

Se dependesse do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), porém, a vaga iria para Flávia Piovesan, sua co-lega na Procuradoria do Estado e na PUC-SP. Foi pela atuação na área de direitos humanos que se aproximou de uma parte do PT que a apoia.

Outra opção para Dilma é a desem-bargadora Neuza Maria Alves da Silva. Negra e baiana, é pouco conhecida na política da capital, mas tem o apoio do

governador Jaques Wagner (PT).Do STJ (Superior Tribunal de Jus-

tiça), onde os ministros são, em regra, candidatos naturais para o Supremo, aparecem dois nomes: Fátima Nancy Andrighi e Maria Thereza Rocha Mou-ra.

A primeira, conhecida por uma atuação dura, é vista como azarona. Já a segunda, especialista em processo pe-nal, chegou ao posto atual com a ajuda de Márcio Thomaz Bastos (ex-ministro da Justiça) e tem mais chance de em-placar que sua colega.

Outro nome é Eunice Carvalhido, bastante conhecida no mundo jurídico brasiliense. É casada com o ministro aposentado do STJ, Hamilton Carva-lhido. Foi indicada por Lula ao cargo atual.

DE BRASÍLIA O número de servidores do governo federal expulsos

por envolvimento em irregularidades bateu recorde no mês de junho. Foram 98 funcionários, segundo a CGU (Contro-ladoria-Geral da União), órgão que monitora esse tipo de ação.

O número é o maior da série histórica mensal, que co-meçou em 2003.

O primeiro semestre deste ano também registrou re-corde para o período, com 328 expulsões. Desde janeiro de 2003, 3.297 agentes públicos foram expulsos.

Entre os servidores expulsos por envolvimento com corrupção, a maioria, 1.751 saiu por usar o cargo para ob-ter vantagens (32,2% do total). Outros 1.056 funcionários foram acusados de improbidade administrativa e 304, de re-ceber propina.

FOLhA de sp-p.A7 08/08/2011Dilma tem à disposição candidatas de diversos perfis e padrinhos

para ocupar cadeira deixada por Ellen Gracie

Sete mulheres disputam vaga no SupremoApoio de petistas torna Maria Elizabeth Rocha, ministra do

Superior Tribunal Militar, uma das favoritas para posto

FOLhA de sp-p.A10 06/08/2011

Expulsão de servidores por desvios bate recordeGoverno afastou 98 funcionários em junho

estAdO de sp-p.d6 07/08/2011DIRETO DA FONTE – SONIA RACY

Sujou, limpou!Fabricantes de pilhas, pneus, entre

outros produtos de grande impacto am-biental, terão de se adaptar. Resolução

de Bruno Covas, publicada no Diário Oficial do Estado, determina que eles apresentem plano de reaproveitamento

e destinação correta de seu lixo. O prazo: 60 dias. Depois, adver-

tência, multa e interdição.

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estAdO de mInAs-p.1 cAdeRnO eU AcRedItO 08/08/2011

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- O Estado de S.PauloAo julgar um recurso impetrado pelo Sin-

dicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Belo Horizonte, o Supremo Tribu-nal Federal (STF) decidiu - por 9 votos contra 1 - que o Poder Judiciário não tem competência legal para mudar as Tabelas do Imposto de Ren-da, a pretexto de ajustar o poder aquisitivo dos salários dos trabalhadores aos índices de infla-ção.

O processo estava em tramitação há oito anos e a decisão tranquilizou as autoridades fiscais, que há muito tempo estão mobilizadas para evitar as tentativas de reindexação da eco-nomia por vias judiciais.

Um dos fatores responsáveis pelo sucesso do Plano Real foi a desindexação da economia, com o fim da aplicação automática da correção monetária sobre os salários. Até então, os valo-res de referência para indexação dos tributos e para as deduções e as alíquotas do Imposto de Renda eram calculados pela Ufir.

No final de 1995, a Lei n.º 9.250 determi-nou a conversão dos valores antes expressos em Ufir para reais - e, a partir daí, as autoridades econômicas deixaram de corrigir anualmente as Tabelas do Imposto de Renda, alegando que, com o restabelecimento da estabilidade mone-tária, não havia mais justificativa para a mudan-ça.

Mas, apesar da estabilidade do real, os ín-dices de inflação registrados nos anos seguin-tes - mesmo sendo baixos - acabaram levando os contribuintes que antes se inseriam na faixa de isenção do Imposto de Renda a serem tri-butados. Já os trabalhadores de nível médio passaram a ser enquadrados nas alíquotas mais elevadas por causa dos reajustes concedidos na data-base de cada categoria.

Alegando que a inflação corrói o poder de compra dos salários e que a manutenção das Tabelas do Imposto de Renda provocava um significativo aumento da carga tributária, os sindicatos se mobilizaram para tentar obter a correção dos salários nas negociações dos dis-sídios coletivos.

Como as empresas - com o apoio do go-verno - não concederam a reposição automática

da inflação, para evitar a reindexação da econo-mia, as lideranças trabalhistas bateram nas por-tas da Justiça Federal, questionando a decisão da Receita Federal de não atualizar as Tabelas do Imposto de Renda.

Muitos juízes federais de primeira e de se-gunda instâncias acolheram os recursos, con-cedendo liminares ou determinando mudanças nos valores das Tabelas do Imposto de Renda.

Para alguns setores da magistratura, a não atualização das tabelas foi um expediente utili-zado pela Receita Federal para aumentar a arre-cadação do Imposto de Renda sem depender da aprovação de uma lei específica pelo Congres-so, como determina a Constituição. Esse argu-mento foi retomado pelo ministro Marco Auré-lio de Mello - o único a votar a favor dos sindi-catos trabalhistas, no julgamento do Supremo. “Quem não era contribuinte, pelo congelamen-to, passou a ser. Com o congelamento das faixas de enquadramento do contribuinte, justamente os menos afortunados, que tiveram reajuste de salário, passaram a ser apenados com a incidên-cia do Imposto de Renda”, disse ele.

Em sua defesa, os procuradores da União afirmaram que a competência para atualizar as Tabelas do Imposto de Renda com base na in-flação é da Receita Federal, o órgão responsável pela política fiscal. Eles também lembraram que as decisões proferidas pelas instâncias inferiores do Poder Judiciário em matéria tributária, aco-lhendo as demandas dos sindicatos trabalhistas, foram muito além do plano técnico-jurídico.

Ao determinar mudanças nas Tabelas do Imposto de Renda, em vez de se prender aos aspectos formais do litígio, os juízes exorbita-ram, interferindo no mérito da política fiscal e disseminando com isso incerteza jurídica entre os contribuintes.

O argumento foi acatado pelo STF, cujos ministros - com exceção de Marco Aurélio de Mello - afirmaram que magistrado não faz po-lítica fiscal. Com essa decisão, a Corte cumpriu sua função constitucional, restabelecendo a cer-teza jurídica e lembrando aos juízes os limites de sua atuação.

estAdO de sp-p.A3 07/08/2011

Juiz não faz política fiscal

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Mais uma vez, em 11 de agosto – Dia do advogado –, a Ordem dos Advogados do Bra-sil (OAB) renderá homenagem aos que colaram grau em direi-to pelas Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), em 1961, cinquentená-rio de formatura.

É ato de ótima procedência e de real significação, porque festeja a luta travada em meio século de atividade profissio-nal daqueles que buscam a paz social, perseguem o império da ordem na vida das pessoas e cuidam da observância da nor-ma jurídica, maneira fecunda de efetivar a harmonia entre os homens.

A criação da solenidade, essencialmente humana, anda de concerto com os objetivos maiores da Ordem dos Advo-gados, que pugna pela proteção dos direitos fundamentais da pessoa humana e a efetividade da justiça social.

A advocacia, mirada na sua funda dignidade, age na conformidade da lei natural, do respeito à ordem, na defesa do direito agredido, de tal arte que a vida humana encontre o har-monioso convício.

“Se o homem é normal-mente obrigado às coisas ne-cessárias à realização de seu destino, é porque ele tem, por via de consequência, o direito

de realizar o seu destino. Se ele tem esse direito, tem direito às causas que são para isso neces-sárias”, na precisa lição de Ma-ritain.

“Cabe, sem dúvida, ao ad-vogado, essa missão transcen-dental, realizando a ingente ta-refa de promoção do progresso nacional, procurando adaptar essa realidade social às normas legais adequadas”, no dizer de Ruy de Azevedo Sodré.

Além de entoar afinado hino em louvor das carreiras ju-rídicas, a OAB enseja maviosa recordação da festa de forma-tura, da conquista do grau, da consumação dos ideais, da luta desenvolvida nos 50 anos de conclusão do curso de direito.

Ontem, rapazes alegres e esperançosos; hoje, cinquen-tões profissionais.

É festa da alma, é festa da vitória.

Antigos batalhadores do direito e antiguidade é a ante-cedência da história.

Todos, reunidos na OAB, transformaram a alegria de on-tem na alegria de hoje.

É de ponderar-se que não se envelhece de todo porque sempre restará um pouco de mocidade.

A recordação é astro que ilumina o presente.

O tempo gasta o erro e pula a verdade, mesmo porque o tempo é grande mestre da vida.

Cinquenta anos de exercí-

cio do direito, 50 anos de luta pela estabilidade social.

Os formandos de 1961 da UFMG e da PUC partiram para a batalha, muitos venceram.

Grande parte pontificou no exercício da advocacia, da judi-catura, do Ministério Publico, da atividade policial, do ma-gistério superior do direito, do Parlamento, da administração pública, da assessoria jurídica (pública e privada), da defensó-ria pública, da arte de elaborar obra de direito, alguns em mais de uma área.

Real e importante que se tenha, continuamente integrado e apostolado na supremacia do direito.

Muitos realizaram o di-reito nos diversos segmentos, sempre enaltecendo a defesa intransigente do império da lei.

A noite da homenagem carrega forte recordação, licen-ciando a percepção de que hon-rou o juramento feito no ato da colação de grau.

É momento de voltar ao passado, porque os fatos ocor-ridos constituem luz para o pre-sente e indicam o melhor cami-nho para o futuro.

No conspícuo dizer de Bot-tel, “o passado é o segundo co-ração que bate dentro de nós”.

Parabéns, OAB por mais essa importante demonstração de apreço aos operadores do direito.

estAdO de mInAs-p.3 08/08/2011dIReItO e jUstIÇA

Cinquentenário de formatura Lúcio Urbano Silva Martins - Desembargador aposentado,

ex-presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG)

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JOAQUIM FALCÃO A indicação da presidenta provavelmen-

te vai considerar a pressão da base governista por um voto pró-absolvição no julgamento do mensalão

Um mito cerca a escolha de um ministro do Supremo Tribunal Federal no Brasil: o can-didato tem que ser politicamente neutro. Nunca foi. Ou raramente o foi. O Supremo é órgão po-lítico. Esse é o único momento que a democra-cia eleitoral interfere no Judiciário.

O candidato pode comungar a visão de Brasil, de sociedade, de mundo e a ideologia da Presidência. Não deve, porém, ser um can-didato cujo passado, abertamente militante, comprometa o equilíbrio necessário para a sua independência. Mas a indispensável plurali-dade do Supremo é assegurada pelo correr da história.

Sucedem-se presidentes, alternam-se vi-sões, o conhecimento avança, diversifica-se a corte.

O que não se deve confundir é a legítima sintonia política de visões de Brasil com com-promisso partidário do voto no curto prazo. A Constituição veta atuação político-partidária, direta ou indireta, dos juízes. Aqui começa o problema. A linha é tênue.

A pressão da base política será para a pre-sidenta indicar alguém que vote com o gover-no nas ações em julgamento no Supremo. Por exemplo, que votasse contra a Ficha Limpa, a favor de Battisti, do Tesouro Nacional e, agora, inocentando réus do mensalão.

O voto do futuro ministro no mensalão é mistério decisivo. Não se trata de exigir com-promisso formal ou de se inquirir como o mi-nistro votará. Trata-se de escolher um candida-to cuja vida profissional indique sua tendência. Trata-se de avaliação de risco decisório.

Alguns estudiosos acreditam que a taxa de fidelidade política de um ministro é estrategi-camente seletiva e varia no tempo. O voto im-porta para os interesses decisivos ou acessórios do governo? O ministro está no início de seu

mandato?No inicio do mandato, o ministro tenderia

a votar com o governo nas ações decisivas.A plena independência é construída ape-

nas à medida que os anos passam. A taxa de fidelidade é diluível no tempo. E sempre have-rá sentimentos de traições e de autonomias a conflitar o presidente e seu indicado.

O impacto da personalidade do candida-to no desempenho da corte, desta vez, conta. A presidenta provavelmente indicará uma mu-lher. E com a serenidade, pessoal e profissio-nal, de Ellen Gracie.

A obsessão midiática de alguns ministros incomoda politicamente o governo.

Estimular uma cultura judicial midiática não parece conveniente.

As decisões e o falar do Supremo são pre-ciosos, porque raros. O Brasil precisa mais da solidariedade institucional dos ministros do que de individualismos não jurídicos.

O Supremo tem claro problema de articu-lação e convivência entre os ministros. A nova ministra da Suprema Corte americana, Elena Kagan, por exemplo, foi aprovada por sua ca-pacidade de articular produtivamente dissensos e consensos. Aqui, o lugar está vago.

A indicação da presidenta provavelmente vai considerar a sintonia política do candidato com sua visão de Brasil, a pressão da base go-vernista por um voto pró-absolvição no mensa-lão, o desestímulo ao individualismo político midiático e a capacidade do candidato articular e influenciar, a longo prazo, os destinos do pró-prio Supremo. E, se possível, liderar intelectu-almente.

JOAQUIM FALCÃO, mestre em direito

pela Universidade Harvard (EUA) e doutor em educação pela Universidade de Genebra (Suíça), é professor de direito constitucional e diretor da Escola de Direito da FGV-RJ. Foi membro do Conselho Nacional de Justiça.

FOLhA de sp-p.A3 07/08/2011tendÊncIAs/deBAtes

A escolha do ministro do Supremo

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A primeira presidente nos quase 200 anos de STF é exem-plo-síntese de como se compôs a cidadania no país

NÃO COMETEREI exa-gero se disser que a ministra Ellen Gracie Northfleet, a pri-meira presidente nos quase 200 anos de existência do STF (Supremo Tribunal Federal) é exemplo-síntese de como se compôs a cidadania nacional no século 20. O nome revela origens anglo-saxônicas, mas ela nasceu no Rio de Janeiro. Faço o resumo mais compacto dos fatos de sua vida: graduou-se em direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1970) e passou a ter residência permanente no Distrito Federal depois de ter sido nomeada para o STF, cuja presidência ocupou no biênio 2006-2008.

Ellen Gracie compõe a sú-mula da população no Brasil de hoje, da gente brasileira, vinda de todas as partes. Aqui ab-sorvemos ideias e influências, cores e costumes de cada lati-tude ao norte e ao sul da linha equatorial, em todos os graus de longitude.

A absorção de quem chega de países distantes ou próximos é progressiva. Vai desde a aco-lhida por vezes agressiva até a transformação do estranho em

conhecido, de conhecido em amigo, compadre, torcedor do mesmo clube ou de outro. Pa-rente, às vezes. Os vindos da Europa aportaram pré-adap-tados, pois difícil é ter um do velho mundo que chegue aqui sem muitos que o tenham pre-cedido com informações sobre nossas vidas, nossos hábitos, defeitos e qualidades.

Caminhamos para formar o brasileiro multiabsorvido e multiabsorvedor, por todas e de todas as origens. Dos mais numerosos (portugueses, es-panhóis, italianos), facilmente encaixados na nova realidade, aos também numerosos japo-neses, que enfrentaram difi-culdades de adaptação, entre muitos outros. Recordo minha tia-avó Antonieta, japonesa de nascimento, que se uniu a um tio de meu pai nos anos 1920 do século passado. É a lem-brança mais familiar da absor-ção diversificada e completa dos que vieram de longe.

Nesse perfil, os imigran-tes vindos da Europa, mais no Brasil do que em qualquer outro país, ajustaram-se aos costumes transformados. A origem heterogênea, com mui-tas diferenças nos múltiplos padrões de medida, é marcada ao mesmo tempo pela igualda-de da abertura para todos. É o

que se encontra nos três pri-meiros artigos da Constituição, no pluralismo político, na livre iniciativa, sem preconceitos de origem, sexo e cor ou qualquer forma de discriminação, garan-tidos ao brasileiro e ao estran-geiro residente no Brasil (art. 5º).

Ellen Gracie caminha para a aposentadoria antes do impe-rativo da idade constitucional. Sua carreira no Judiciário, no Executivo e, antes, sua ativi-dade na iniciativa privada são vistas agora, no momento em que se prepara para deixar a vida profissional na Justiça, na qual atingiu a chefia, o ponto máximo de um dos Poderes da República, é, ao mesmo tempo, retrato do que este país possi-bilita a quem vem de longe por si mesmo ou por seus anteces-sores.

A oportunidade tem o mesmo traço que marca o país: a diversidade das raças e ten-dências, as quais, em lenta transformação, vão nos unin-do a todos na formação do que se poderá considerar um novo povo. Heterogêneo, complica-do, com traços contrastantes da irresponsabilidade e da capa-cidade severa para o trabalho mais qualificado. Um povo, tipicamente povo e brasileiro, enfim. Criativo. Único.

FOLhA de sp-p.c2 06/08/2011WALTER CENEVIVA

Ellen Gracie

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